O Tesouro de Artur
O Tesouro de Artur
O Tesouro de Artur
Ilustrações: Li Mendes
Texto: Francisca Ferreira
Ilustrações: Li Mendes
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Não demorou nada e o Olho d’Água Encantado
borbulhou e lhe respondeu:
— Garoto, quem teria coragem de fazer isso
com a vovó Ana, uma de nossas mais antigas e
respeitadas moradoras? Huuuummmm... Então você
é neto dela, é? Sinto no seu coração de menino
muita coragem e amor. Não posso deixar de ajudar
você. Pessoas assim são cada vez mais raras...
Artur não sabia falar a língua das águas,
mas conseguiu entender tudo e até ficar muito
orgulhoso das palavras do Olho d’Água, um olho
que parecia tudo ver, até o coração das pessoas.
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— Siga, menino, a trilha das palmeiras. Há uma
escadaria de pedra construída pelos índios, os
guardiões dessa floresta. No alto, encontrará diversos
pássaros, aves e pequenos animais. O cão-cão, o
alarme das aves, vai lançar seu canto, pois não o
conhece. Os animais ficarão atentos, mas você chegará
sem tirar nem deixar nada no lugar. Nas mãos levará
uma muda que ajudarei você a preparar aqui. Desse
jeito, nem se preocupe, encontrará o bem-te-vi e ele
lhe dirá o que quer saber.
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— Seu bem-te-vi, preciso encontrar o seu macaco.
Ele está com um potinho de barro de minha avó
Ana. Roubou dela o danado. E esse é o meu tesouro.
— Hahaha — gargalhou o bem-te-vi. — Na
verdade, Artur, o macaco fez isso para atrair você
para cá. Não sei que potinho é esse, mas a mata,
a floresta, os animais que aqui vivem também
são tesouros que o homem está destruindo. Você
foi convidado para ensinar às outras crianças da
importância desse tesouro, que é a vida. Se não fizer
isso, no futuro, seus filhos não nos conhecerão.
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E a plaquinha continuou:
— E você poderia me dizer qual é a outra
palavra que se encontra dentro do seu nome?
Artur ficou pensando, pensando, olhou para
a avó e respondeu:
—Dentro do meu nome, eu posso encontrar
a palavra AR... O mesmo ar que nós respiramos.
Outra plaquinha pulou de dentro do potinho
e muito dinâmica perguntou:
—O que é, o que é, que está escrito aqui?
E Artur novamente leu:
—A palavra é CANA, de onde se tira o mel que
faz o caldo, que faz a rapadura, que faz o alfenim
e muitas outras coisas gostosas. E dentro dessa
palavra tem outra linda, que é o nome da pessoa
que mais eu amo: minha avó ANA.
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Saltou outra plaquinha:
— O que é, o que é, que está escrito aqui?
Artur gritou:
— TESOURO! O meu tesouro! E dentro do meu
tesouro tem a palavra OURO.
Outra plaquinha saliente saiu de seu potinho:
—Hummmm... JABUTICABA!
— E dentro da jabuticaba? Mas não vale dizer
caroço! Advertiu a plaquinha mágica.
— O meu amigo JABUTI, que devagar vai longe...
Saía outra plaquinha mágica, muito esperta,
brilhando aos olhos do menino:
—TABAJARA! TABAJARA! É o nome da tribo
dos meus antepassados, os guardiões da floresta,
que moravam em ocas lá em cima da serra. E
dentro da palavra, podemos encontrar TABA, que
é um conjunto de várias ocas.
Nesse momento, foi impossível não olhar pela
janela e se lembrar do juramento que fez ao seu
bem-te-vi: não esquecer o que aprendeu e passar
a outras crianças.
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A avó percebeu o olhar do menino e o
acalentou.
Então, do potinho saiu mais uma palavra, mais
brilhante do que todas:
— VIDA! E dentro dela eu posso dizer o que
eu VI lá em cima e que é muito bonito. Preciso
mostrar a todos, vovó.
Daquele dia em diante, Artur passava o dia
escrevendo, registrando tudo que via e ouvia naquele
lugar encantador. Os amigos também traziam novas
palavras e, dentro dessas palavras, encontravam
outras palavras e a descoberta era infinita.
Li Mendes
Sou Li Mendes. Sou artista plástica, atriz, figurinista,
ilustradora e designer. Nasci em 10 de julho de 1982, na
cidade Fortaleza, onde moro até hoje. Além deste livro, já
fiz ilustrações para alguns projetos, Mariposas são feitas
de cobre, Matilde viu o Maracatu e também a Emoção do
Camaleão. Adoro trabalhar com atividades artísticas e lúdicas
para crianças. Contribuir para a formação e o aprendizado de
pequenos leitores encanta-me e faz dessa feliz missão uma
forma de compartilhar com as crianças a energia criadora
e transformadora da imaginação, desenvolvendo o senso
criativo de cada uma delas. Ler imagens é brincar com o
imaginário e criar possibilidades.
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