Unidade IV - O Estudo e A Pregação PDF
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O ESTUDO E A PREGAÇÃO
Sumário:
1 Introdução
2 A Importância da Oração
3 O Papel da Pesquisa
4 Como Estudar?
4.1 Delimite corretamente o seu texto de interesse.
4.2 Observe com cuidado todas as informações do texto de interesse
4.3 Interprete corretamente cada parte do texto a ser pregado
4.4 Compare a passagem de estudo com outras afins ou com histórias correlatas
4.5 Aplique, contextualizando as lições bíblicas para os dias de Hoje
5 Resumo
6 Apêndice
1 Introdução
Nesta Unidade reforçaremos a ideia da complementariedade que deve existir
entre nossa vida devocional, de oração e meditação, com nossa necessidade de buscar
auxílio em comentaristas. Como todo e qualquer extremo é danoso ao ser humano,
aqui também será. Ou seja, se adotarmos uma postura excludente entre oração e
estudo, certamente só sairemos perdendo. Não há como entender aquilo que Deus
requer de nós apenas com a oração. Da mesma forma, não importa quão grande seja a
tua biblioteca ou o teu acesso ao universo das pesquisas, se Deus não estiver no
processo, nossa jornada será meramente mecânica e sem vida.
Após alguns parágrafos de conscientização, trabalharemos o DOICA, acróstico
formado pelas palavras Delimitação, Observação, Interpretação, Comparação e
Aplicação. A nomenclatura até pode ser nossa, mas a ideia e a necessidade de se
seguir este trilho rumo ao aprendizado, aprendi quando fiz o curso Seja um Obreiro
Aprovado, escrito por Barrat (1986).
2 A Importância da Oração
Espero que já tenha ficado claro, mas não nos custa repetir e enfatizar: além
das técnicas quanto à estrutura ou dos comentaristas tão importantes para nos ajudar
a entender determinados textos bíblicos, qualquer pregador não deve abrir mão,
nunca, de uma vida de oração. Deus é um ser revelacional que se relaciona e quer nos
ajudar a entender sua mensagem. Por mais dúbio que, hoje, possa parecer
determinado texto, não se deixe enganar: não era propósito de nosso Senhor escrever
algo para nos confundir. Muitas vezes era muito claro e entendível para a época em
que foi escrito e como por muitos séculos, deixamos, como igreja, de meditar na
Palavra, acabamos perdendo alguns detalhes preciosos que nos ajudariam a entender
melhor determinado assunto. Por isto a grande importância de voltarmos a ter uma
comunhão genuína e diária com Deus, a fim de entendermos melhor aquilo que Ele
nos disse.
Todavia, junto com uma vida de oração, aqui se encaixa uma grande lição da
hermenêutica: devemos ter humildade ao nos debruçarmos sobre algum texto de
difícil acesso. Infelizmente já presenciei alguns rompantes de fúria e ira contra a Bíblia,
porque segundo a ótica de tais leitores continham contradições ou erros grotescos.
Devemos entender que a Bíblia, conforme originalmente escrita, é a Palavra de Deus.
Ela não tem erro. Mas, nossas versões, por melhor que tenham sido as intenções de
cada tradutor, podem conter aspectos que não condizem realmente com aquilo que
Deus havia revelado. Por isto, se porventura acharmos algo paradoxal, que aparente
alguma contradição, devemos no mínimo entender que temos a obrigação de nos
dedicarmos ainda mais ao seu estudo. Por exemplo, quando criança, estava na EBD, na
sala dos adultos, não lembro por que razão, quando alguém perguntou ao professor “o
porquê de Jesus ter amaldiçoado a figueira, se Marcos disse que não era época de
figos” e lembro-me de sua resposta, tão evasiva e sem sentido: “Jesus é soberano! Ele
faz o que bem entender”. Sempre concordei sobre a majestosa Soberania de nosso
Salvador, mas não aceitei o fato dele ser comparado a um menino mimado que
simplesmente quer algo e azar daquele que não lhe der. Resultado: passei a orar e a
buscar. Dez anos mais tarde, pela graça de nosso Senhor, encontrei um livro que me
explicou que o fato da figueira estar com folhas, era indicativo de ter figo,
independente da época do ano. Ou seja, Jesus não a amaldiçoou simplesmente porque
era um soberbo, arrogante, mas porque viu nela uma figura de linguagem que ilustra
muito bem nossas vidas: devemos produzir frutos de arrependimento e não apenas
aparentar tê-los. Devemos ter uma vida frutífera no reino e não uma vida de
religiosidade frívola e sem sentido. Enfim, a oração e a humildade são vitais para nos
ajudar a entender a mensagem de Deus para as nossas vidas. É claro que às vezes
podemos levar anos ou décadas para compreender determinado texto. Presenciei a
declaração de um pastor amigo meu antes de uma de suas pregações: “Irmãos, disse
ele, tenho 25 anos de ministério e nunca havia pregado sobre esta porção porque
nunca havia entendido. Esta semana, acho que entendi e por isto tenho paz para
pregar sobre ela”1.
Policie-se sempre, porque diante de tanta correria, acabamos deixando de nos
apegar ao mais importante: uma vida de intimidade e dependência com Deus. Às
1 Além de pastor e missionário, ele também tem sido professor de seminários teológicos e sua
humildade e honestidade em se abrir com a igreja foi vista muito positivamente. Preferi contar
esta história porque é comum nos escondermos numa falsa máscara de onipotência, como se
fosse pecado um pastor ou professor da EBD ou de Seminários ter que dizer: “não sei” ou
“ainda não compreendo este texto”. Sejamos humildes em reconhecer que os desígnios de
Deus são tão incrivelmente grandes que nem “toda” a eternidade será suficiente para nós o
conhecermos por completo, quanto mais aqui, diante de um mundo de limitações.
vezes, corremos o risco de cairmos naquele ditado popular: “nos envolvemos tanto
com as coisas de Deus que esquecemos do Deus das coisas”. Não deixe isto acontecer
com teu ministério. Priorize e valorize sua devocional diária; pois além de nos manter
saudavelmente alimentados, é a partir dela que nos vem a maioria de nossas ideias de
sermões. Sigamos o exemplo dos apóstolos, que quando instigados a dar atenção aos
órfãos e viúvas, optaram em criar um corpo de diáconos que pudessem cuidar da
beneficência, para focarem sua atenção na oração e na Palavra (Cf At 6.1-5).
3 O Papel da Pesquisa
Não tem sido tão raro encontrar alunos ou até mesmo membros de igrejas que
relutam contra a pesquisa. Ela, por si só, não é bênção nem maldição. Dependerá do
uso que nós a dermos. O problema, e neste ponto eu concordo com eles, é que o
conhecimento pode nos levar a ser orgulhosos e a preocupação com questiúnculas
podem nos afastar dos irmãos e de Deus. Mas isto depende de nossa inclinação.
Porque até mesmo a falta de pesquisa e a atitude de dependência total ao Espírito,
volta e meia tem levado alguns a se acharem mais santos e mais dignos que outros, o
que também é pecado.
Temos que entender nosso lugar no processo: somos instrumentos, pelos quais
Deus poderá transmitir sua mensagem àqueles que ainda não o conhecem ou à sua
igreja. Desta forma, também, não precisamos ter medo, nem preguiça da pesquisa.
Temos que “arregaçar as mangas” e nos debruçar na leitura de livros de pessoas, que
às vezes gastaram a vida toda estudando e explicando determinados assuntos. É claro
que não podemos beber de todas as fontes e aceitar tudo o que todo mundo diz. Pois,
como humanos, somos falhos e propensos a erros. Mas, desde que o mundo existe, o
ser humano tem aprendido a usufruir do conhecimento adquirido por seus
antepassados ou por aqueles que tem uma jornada com maior experiência. Por que
seria diferente com o estudo da Bíblia?
Quando busco um comentarista posso cortar caminho. Ou seja, em vez de eu
gastar dias comparando versículos e procurando-os apenas em uma concordância para
chegar a uma conclusão, uma simples leitura de um bom comentário, em alguns
minutos, pode me levar ao mesmo resultado. O ideal, como em qualquer outra
pesquisa, é a gente se debruçar, primeiramente só no texto bíblico. De preferência,
sem ver as notas de rodapé. Nem usar qualquer tipo de Bíblia de estudo. Foque na
passagem bíblica, leia várias vezes, faça pergunta para o texto, leia em outras versões,
tire algumas conclusões (prévias e passíveis de reajustes, mas faça o teu estudo
preliminar. Para aí sim buscar os comentaristas que lhe possam dar suporte,
confirmando, ampliando ou corrigindo seus pensamentos iniciais.
Vou dizer mais uma vez: evite, ao máximo as Bíblias de Estudos. Elas só serão
permitidas em casos de emergência e sob cautela. Porque por mais bem intencionados
que tenham sido o autor dos comentários e seus editores, não há como chegar à
profundidade exigida de alguns textos com apenas duas linhas de comentário. E,
também, muitas delas foram idealizadas a partir de um público alvo. Outra coisa muito
importante e espero que você não se escandalize: as notas de rodapé, encontradas em
qualquer versão bíblica, não são canônicas, ou seja, foram inseridas recentemente, e
são susceptíveis a erros e desencontros. O texto bíblico é inspirado, mas a divisão de
capítulos, a separação em versículos, as referências cruzadas e as notas de Rodapé são
auxílios extras que às vezes podem ser úteis, mas não são inspirados.
Semelhantemente, muito cuidado com aquilo que você encontra na internet.
Lá há muita coisa boa e de profundidade, mas de igual modo muita palha e mentiras
com cara de verdades. Procure adotar a filosofia dos Bereanos (Cf. At 17.11), sempre
procure analisar o conteúdo aprendido e veja se é condizente com a Bíblia como um
todo. Sempre procure se perguntar qual impacto uma informação nova poderia trazer
para o povo de Deus.
4 Como Estudar?
Diante de tamanha responsabilidade, devemos tomar alguns cuidados com
relação à nossa forma e eficiência ao estudar. Sim, antes de prepararmos um esboço, é
necessário estudarmos o texto que pretendemos pregar. É preciso conhecê-lo,
Delimitando seu tamanho, Observando suas palavras, Interpretando seus conceitos,
Comparando com outras ocasiões, e propondo Aplicações adequadas para os dias de
hoje. O que chamamos anteriormente de processo DOICA.
2 As palavras entre aspas, no início de cada ítem são citações diretas e as sem aspas são
acréscimos nosso, com o intuito de exemplificar cada detalhe. Os versos bíblicos entre aspas
são citações da Tradução na Linguagem de Hoje, 1988, ou da Tradução de João Ferreira de
Almeida. Assim ocorrerá também com os identificadores finais e os que aparecerem ao longo
do texto, citados logo em sequência.
interage com José e Maria, enquanto que nos versos 36-38 é a profetisa Ana que entra
em cena.
b) “Aviso de deslocamento ou partida” – por exemplo: “Então cantaram
canções de Louvor e foram para o monte das Oliveiras” (Mt 26.30);
c) “Informações temporais” – por exemplo: “E Abraão ficou morando muito
tempo na Filistia” (Gn 22.34);
d) “Ação descritas por verbos como: sair, expulsar, despachar” – por exemplo:
“Quando Esaú acabou de comer e beber, levantou-se e foi embora” (Gn 25. 33);
e) “Ações terminais como morrer, sepultar, glorificar a deus etc” – por
exemplo: “E Tera morreu em Harã...” (Gn 11.32);
f) “Ruptura do diálogo”;
g) “Comentário feito pelo narrador” – por exemplo: “Foi assim que ele
desprezou os seus direitos de filho mais velho” (Gn 25.34)
h) “Apresentação resumida do que acabara de ser dito” – por exemplo: Mt
7.28s
Elementos encontrados ao longo da passagem, que podem nos ajudar a
confirmar a unidade da perícope que pretendemos estudar, citados a partir de Gusso
(2005, p. 212):
a) “Ação”; Isto é, o tipo de ação usada para descrever o relato;
b) “Palavras relacionadas com o campo semântico”. Isto é bem interessante, e
como pregadores, devemos tomar cuidado, porque em muitos casos, no texto bíblico,
palavras sinônimas são ditas para enfatizar a mesma coisa, e às vezes somos tentados
a vislumbrar diferenças entre elas. – por exemplo: quando o salmista diz “Do Senhor é
a terra e a sua plenitude. O mundo e tudo o que nele habita”. Não está querendo fazer
distinção entre a terra como planeta representando os elementos físicos e o mundo
como representante das pessoas. Não. Tão somente ele está enfatizando e dizendo a
mesma coisa: absolutamente tudo pertence ao nosso Deus.
c) “Intercalação, ou episódio dentro do episódio” – um bom exemplo disso é o
caso de Lucas 9.1-17, onde são colecionadas várias historias curtas, aparentemente,
distintas entre si, mas que comporão a mensagem central, maior.
d) “Palavra ou frase que aparece no início e no fim, servindo como um
enquadramento da passagem”.
e) “Palavras, ideias ou frases utilizadas em padrão quiástico” – um tipo de
poesia hebraica onde a ideia A é seguida da ideia B que é seguida da ideia B’ (pois usa
a mesma tonalidade da ideia B) e termina com a ideia A’ (que também tem
similaridade com a ideia A).3
4.4 Compare a passagem de estudo com outras afins ou com histórias correlatas
Ao concluir o processo de pesquisa interpretativa, passe a Comparar com
outras passagens bíblicas, histórias reais ou algo fictício, mas que seja relevante no
processo ilustrativo. Este passo é basicamente o momento em que você deverá gastar
energia procurando uma boa ilustração (bíblica ou não) para dar uma maior clareza
àquilo que está ensinando. Mesmo se uma determinada lição aparentemente for bem
clara e específica: por exemplo, o fato de sermos chamados a beber da água da vida.
Assisti uma pregação onde o pregador levou para o púlpito um jarro d’água e de vez
em quando, quando precisava enfatizar seu título, tomava um bom gole. Algo simples,
mas impactante e elucidativo.Numa outra prédica, o pregador falava sobre as lições
que Neemias nos deixou sobre estarmos unidos e, num determinado ponto, que
trabalhava sobre o efeito da união, projetou no multimídia, a cena do filme do
Gladiador, quando estão no centro da arena e ele diz a seus colegas mais ou menos
assim: “não importa o que saia daqueles portões, se estivermos juntos, teremos muito
mais chance de vencer”.5 Temos que tomar cuidado para usar coisas conhecíveis e de
fácil assimilação; pois não podemos gastar 5 minutos explicando os detalhes de uma
ilustração, para ela poder fazer sentido, senão seria uma “nova pregação” ou uma mini
palestra no meio do sermão.
5O filme referido é “Gladiador” com o ator Russel Crowe, lançado em 2000 sob a direção de
Ridley Scott e produção de David Franzoni, Branko Lustig e Douglas Wick.
Outra lição para os dias de hoje seria: “devemos pensar antes de sair dizendo qualquer
coisa”, precisamos avaliar se o que formos dizer, mesmo que seja verdade, pode ser
dita naquele momento, daquela forma e sob a presença de testemunhas. Falar
palavrão continua no bojo aplicativo, mas observe que não é só isto. Mentira ou
fofoca, também poderiam ser mencionados aqui. Ou seja, o que Paulo nos adverte é
que pelo fato de sermos filhos de Deus, devemos nos preocupar em abençoar os
outros, inclusive com nossas palavras e jamais o contrário.
Didaticamente, no DOICA, seguimos a seguinte sequência: Delimitação,
Observação, Interpretação, Comparação e Aplicação. Mas, se você está na fase de
delimitação da perícope e nem iniciou de fato o processo, mas acabou lembrando uma
pergunta que parece ser interessante, anote-a em um cantinho, para depois refletir
melhor sobre a mesma e verificar sua real possibilidade de utilização em alguma parte
de seu sermão. Ou mesmo, se já começou a ter alguns insights sobre como aplicar aos
dias de hoje, deixe registrado em algum lugar e quando tiver maior conhecimento dos
estudos, decidirá se tal aplicação ou insigh caberá plenamente ou apenas em parte, ou
ainda se foi mera empolgação do momento. Só seja honesto ao seguinte: não importa
o quão bonito ou extraordinário foi a palavra ou a situação visualizada, se ela não
estiver em sintonia com aquele texto bíblico estudado, deixe-a de lado, para ser
utilizada em outra situação.
No quadro a seguir temos um resumo da explicação que temos dado sobre o
DOICA. Para o seu dia-a-dia não precisa seguir o esquema em formato de tabela.
Procure usar as informações ao longo de uma página ou mais, você deve escolher o
que melhor se encaixa ao teu perfil. O importante é lembrar seu princípio e adotar
suas regras de estudo:
6 Por ser um Salmo, deveria ser analisado por inteiro. Mas, para servir como exemplo prático
elucidativo, ficaremos apenas com os dois primeiros versículos. v.1 Como o Cervo brama pelas
correntes das águas, assim suspira a minh’alma por Ti, oh meu Deus.
v.2 A min’alma tem sede de Deus, do Deus vivo. Quando poderei entrar na presença de Deus?
água, no
b- O cervo Cervo = Corça = Suspirar = deserto. Por que
brama pelas veado ansiar, desejar continuamos a
correntes achar que
das águas Bramar = gritar, Citar Jesus como podemos viver
clamar a água viva (em sozinhos, sem
c- A alma do João) Deus?
salmista Corrente das
suspira por águas = água
Deus corrente, água
limpa 7
7 Aqui, o pregador se pergunta pelo significado e descobre quais são suas possíveis
explicações. Na hora da exposição, este passo acaba virando explicação. Como aqui estamos
na fase da pesquisa, usamos apenas a ideia de Interpretação: a necessidade de se buscar o
sentido de algo do texto.
c- Faz uma de dúvida, mas de pergunta sobre
pergunta desejo, no quem poderá Será que não
sobre estar sentido de que subir ao monte está na hora de
com Deus não vê a hora de santo de Deus você se
usufruir a perguntar, até
presença gloriosa quando ficará
de nosso Senhor longe da
presença de
Deus? Até
quando lutarás
sozinho?
Até aqui nós vimos como estudar e extrair os ensinamentos do texto bíblico.
Mas ainda não terminamos. Não basta apenas saber corretamente o que o texto
bíblico está dizendo, agora será necessário gastarmos energia pensando em como
transmitir isto para os nossos ouvintes. Sim saber o que levar ao púlpito, quando falar
e como apresentar é tão fundamental quanto todos os cuidados iniciais com os
estudos. O que será visto em nossa próxima Unidade. Até lá e bons estudos.
5 Resumo
Como vimos, não há como debruçar-me na ministração da Palavra de Deus,
sem que antes Ele tenha falado conosco. E isto só é possível por meio de uma vida
séria de oração, estudo e meditação. Temos que aprender a mesclar e a dosar estas
duas ferramentas que temos à disposição: oração e estudo. São complementos e de
maneira alguma se excluem mutuamente. Quando isto acontece, não importa se o
motivo parecer nobre, quando separamos os dois, nossa pregação tende a ser
superficial e nosso povo padecerá.
Também aprendemos que devemos tomar cuidado com aquilo que lemos. Nem
tudo o que lemos é totalmente válido ou verdadeiro. Infelizmente há muita coisa que
foi escrita pensando-se apenas em vender ou atrair seguidores nas redes sociais. Por
esta razão devemos sempre estar atentos para as informações obtidas. Além disso,
apresentamos um método próprio de estudo e meditação da Palavra. Nada
revolucionário nem tão pouco que venha a substituir outros que estão por aí. Nossa
intenção foi apresentar algo que possa capacitá-lo, no dia-a-dia, a preparar o seu
próprio esboço de sermão.
Por isto, quanto mais nos esforçarmos para usar e aprimorar os conceitos do
DOICA: Delimitação, Observação, Interpretação, Comparação e Aplicação, maior será
nossa profundidade no processo de aprendizagem, aumentando a chance de uma
meditação bem sucedida. De início pode parecer difícil, mas não desista. Certamente
logo você vai perceber as vantagens oriundas da utilização deste método.
6 Apêndice
Exemplo da utilização do DOICA, no texto de Mateus 15.19-30:
Texto: Leia Mateus 15.19-30 e veja qual seria o versículo inicial e final para
trabalharmos o texto da mulher canaanita. Depois, leia-o para extrair seu tema
principal.
Tema: Fé.
Aparentemente também teríamos a perseverança se destacando. Assim,
teríamos um “empate” entre fé e perseverança. Às vezes é possível encontrarmos dois
temas unidos num mesmo texto, mas não é este o caso. Portanto, como poderíamos
buscar um possível desempate?
Uma dica, seria reler o texto sob a perspectiva de um dos temas e, depois, sob
a ótica do outro para ver qual dos dois conseguiriam abarcar o máximo do texto
analisado. Outra dica é procurar no próprio texto, algo que possa dizer qual dos dois
temas seriam o mais importante. Neste caso leia o texto e responda: “O que foi que
Jesus elogiou naquela mulher? A fé ou a perseverança? Logo, o próprio texto nos diz
qual deles é o mais preeminente. O outro passa a ser possível, a partir do primeiro.
Na observação – DOICA eu percebo que:
v. 21-22 – uma mulher canaanita, da região de Tiro e Sidônia, com uma
filha endemoninhada buscou ajuda em Jesus.
v. 22b – a mulher chama Jesus de Senhor e de Filho de Davi
v. 23 – Jesus não lhe responde nada e ela mesmo assim persevera
v. 24-25 – mesmo sem uma resposta positiva, a mulher tem uma
postura de adoração diante de Jesus
v. 26-27 – A mulher não rebate a “acusação de ser como os
cachorrinhos” e diz que busca apenas as migalhas da mesa
v. 28 – Jesus elogiou a grande fé daquela mulher e curou sua filha
Observe que cada tópico tem a ver com a lição extraída de cada versículo,
apresentadas anteriormente.
Título: Uma Grande Fé Mt 15.21-28 – Pensando na Interpretação -
DOICA
1 É possível a qualquer um (v. 22a);
Aqui deveremos pesquisar e descrever8 o significado de ser estrangeiro
falar sobre o papel da mulher para aquela sociedade
ou ouvimos. Já ouvi, de pessoas bem estudadas, a seguinte frase: “Ainda bem que aquela
mulher canaanita se envolveu nos caminhos de Jesus, senão ele teria continuado pensando
que seu ministério era apenas para os judeus.” Muito cuidado. Pois num primeiro momento até
pode parecer isto, afinal, no texto parece que Jesus não estava muito interessado em atende-
la. Todavia, quando observamos o ministério todo de Jesus, que nunca se recusou a atender
uma pessoa se quer e, principalmente, sua grande habilidade como mestre, de sempre
aproveitar a situação para extrair o máximo de lições para seus seguidores, é muito mais fácil
entender e perceber que Jesus sabia sim de seu Ministério, mas ali, ao perceber a fé daquela
mulher, a provou para que ficasse de exemplo para todos nós. Afinal, uma estrangeira, teve
mais fé do que muitos do próprio povo de Deus.
Aqui poderemos explicar o erro da teologia da prosperidade.