Aconselhamento Psicológico e Psicoterapia
Aconselhamento Psicológico e Psicoterapia
Aconselhamento Psicológico e Psicoterapia
e distanciamentos1
RESUMO
ABSTRACT
Defining counseling and psychotherapy conceptually and empirically is still open to debate in
scientific literature. Thus, this theoretical study aims to comprehend the similarities and
differences amongst these fi elds of study. The differences are related to: (a) counseling
requires shorter time of intervention. (b) Psychotherapy tends to have more complex cases
with higher intensity and more depth; (c) Counseling faces more specific and circumstantial
situations; (d) in counseling, interventions focus on actions rather than on reflections and are
based on prevention rather than on treatment; (e) counseling is more focused on solving
problems. Similarities refer to the core of the helping process, to the psychologist's attitudes
and to the need of developing therapeutic resources in order to establish an effective
relationship, reaching established goals. Furthermore, the need of developing more research
concerning psychological counseling in Brazil is highlighted considering its scarcity
compared to the scientific production in Psychotherapies.
Desse modo, o objetivo deste estudo teórico é delimitar, a partir de estudos da área do
aconselhamento psicológico, aproximações e distanciamentos deste campo do saber
psicológico com a psicoterapia. A meta é permitir a clara identificação de práticas por
estudantes e profissionais da área da Psicologia, visando ao aperfeiçoamento de técnicas e
saberes de ambos os campos.
Este estudo está dividido em três partes. Na primeira delas, traremos as definições existentes
sobre o campo do aconselhamento psicológico, buscando uma leitura mais generalista da
área. Posteriormente, abordaremos os distanciamentos entre aconselhamento e psicoterapia,
seguidos das aproximações entre essas áreas e suas respectivas técnicas a partir de teóricos
que discutem essa questão. Uma ressalva faz-se necessária, a fim de compreender o modo
como o presente estudo foi delineado: apesar de esses autores construírem as suas
observações norteados por determinados referenciais teóricos, entre os quais se destaca a
abordagem centrada na pessoa, o presente estudo não pretende se filiar estritamente a uma
abordagem específica de aconselhamento, primando pelo diálogo entre os posicionamentos
existentes na literatura científica. Não se trata, no entanto, de esgotar tais posicionamentos,
mas de recuperar as considerações disponíveis tradicionalmente na área e possibilitar a
abertura para que aproximações e distanciamentos entre aconselhamento psicológico e
psicoterapia sejam revisitados com vistas a um encaminhamento mais conclusivo. Por último,
uma síntese desses conhecimentos será realizada na seção de considerações finais.
Em uma perspectiva fenomenológica, trata-se de uma relação entre duas pessoas na qual a
"presença de um aconselhador torna-se existencialmente terapêutica [. . . ] para os
aconselhandos" (Forghieri, 2007a, p. 1), motivo pelo qual o aconselhamento psicológico é
também referido como aconselhamento terapêutico nessa abordagem. Essa relação
interpessoal requer "a presença genuína do aconselhador, manifestada por ele mediante
diferentes atuações" (Forghieri, 2007a, p. 1), como fornecimento de informações, exame e
reflexão sobre situações conflitantes vivenciadas pelo cliente, o reconhecimento e a
exploração de recursos e capacidades pessoais do aconselhando. O foco no indivíduo e a
presença genuína do conselheiro é também um dos elementos centrais no aconselhamento
proposto por Rogers (1942) na abordagem centrada na pessoa. Para esse autor, o objetivo do
aconselhamento é facilitar o crescimento do indivíduo, ao invés de resolver problemas
específicos, ou seja, o conselheiro seria um facilitador desse crescimento e da busca por
maior autonomia e liberdade por parte daquele que busca ajuda.
Ser realmente o que se é, eis o padrão da vida que lhe parece ser o mais elevado, quando é
livre para seguir a direção que quiser. Não se trata simplesmente de uma opção intelectual,
mas parece ser a melhor descrição do comportamento hesitante, provisório e através do qual
procede à exploração daquilo que quer ser (Rogers, 1973, p. 155).
O processo de aconselhamento possui determinadas etapas nas quais algumas tarefas estão
presentes e contribuem para uma intervenção bem-sucedida. A partir da leitura de teóricos
como Corey (1983), Patterson e Eisenberg (1988), Santos (1982) e Tyler (1953), Pupo e
Ayres (2013) condensaram desse modo as etapas do aconselhamento, que podem variar
segundo algumas abordagens: (a) identificar e analisar problemas específicos; (b) ampliar a
compreensão da pessoa acerca do problema; (c) avaliar os recursos pessoais existentes e que
podem ser desenvolvidos para resolver o problema; (d) definição do potencial de mudança
dessas condições e atitudes pessoais; (e) utilização de ações específicas e que podem
contribuir para o processo de mudança e/ou transformação referente ao problema relatado.
Desse modo, também considerando as diferenças existentes entre as abordagens teóricas,
Pupo e Ayres (2013, p. 1091) sumarizam, a partir da literatura científica, que o
aconselhamento é uma
Tecnologia de ajuda, de cuidado, e como uma prática instrumental que oferece auxílio
estruturado e personalizado para o manejo de situações difíceis e de crise que exigem
ajustamentos e adaptações, para a solução de problemas específicos e para a tomada de
decisões.
Para Corey (1983, p. 22), o aconselhamento é o processo por meio do qual "se dá
oportunidade aos clientes de explorarem preocupações pessoais; esta exploração conduz a
uma ampliação da capacidade de tomar consciência e das possibilidades de escolha". Esse
processo é de curta duração, com foco na resolução dos problemas, e ajuda a pessoa a
remover os obstáculos ao seu crescimento, auxiliando os indivíduos a reconhecerem e
empregarem seus recursos e suas potencialidades. A psicoterapia, pelo contrário, estaria mais
relacionada a mudanças na estrutura da personalidade, envolvendo uma auto compreensão
mais intensa.
No clássico livro de Santos (1982), encontramos um dos primeiros esforços na literatura
científica nacional no sentido de delimitar as diferenças entre esses dois processos. Segundo o
autor, que inclui, entre os processos, a orientação, os verbos orientar e aconselhar distanciam-
se do que vem a ser a psicoterapia. Esta é entendida como o tratamento de perturbações da
personalidade ou da conduta por meio de métodos e técnicas psicológicas, ou seja, é indicada
em casos nos quais a orientação e o aconselhamento não seriam suficientes para conduzir os
processos de mudanças e de crescimento necessários. O aconselhamento seria indicado
quando não houvesse o diagnóstico de algum transtorno psicológico ou em situações que
envolvessem o atendimento mais pontual, com o fornecimento de informações e de
acompanhamento para a tomada de uma decisão importante. Essas considerações são
apoiadas por autores como Williamson (1950), Tyler (1953) e Bond (1995), grandes
expoentes dos estudos sobre aconselhamento no contexto norte-americano.
Essas diferenças, no entanto, são diluídas a partir do momento em que Rogers (2005 [1942])
passa a se dedicar à questão. O critério para pensarmos essa "profundidade" supostamente
pertencente à psicoterapia, tal como apregoado por Santos (1982) ao compará-la ao
aconselhamento, pode ser questionado à luz das considerações rogerianas, por exemplo:
Houve uma tendência para empregar a expressão "consulta psicológica" mais para
entrevistas acidentais e superficiais e reservar o termo "psicoterapia" para os contatos mais
intensivos e prolongados, orientados para uma reorganização mais profunda da
personalidade. Embora possa haver algum fundamento para esta distinção, é evidente que
uma consulta psicológica intensa e com êxito é impossível de se distinguir de uma
psicoterapia intensa e com êxito (Rogers, 2005 [1942], p. 6).
Corey (1983) destaca que são vários os objetivos que perpassam os processos de ajuda
psicológica, por exemplo, reestruturação da personalidade, descoberta de um sentido de vida,
cura de um transtorno psicológico, ajustamento, redução da ansiedade, aprendizagem de
comportamentos mais adaptativos ou atingimento da autorrealização. Esses objetivos
conduzem a intervenções diferenciadas e devem ser estabelecidos, a priori, na interação
cliente e psicólogo, podendo ser modificados ao longo do processo. Assim, a partir das
considerações desse autor, podemos destacar que um caso inicialmente atendido em
aconselhamento pode ser encaminhado a uma psicoterapia caso seja necessária uma
intervenção considerada mais intensa ou, então, mais a longo prazo.
Segundo Schmidt (2012, p. 13), pode-se delimitar as diferenças entre esses dois processos de
ajuda. Para a autora, o aconselhamento psicológico pode ser compreendido como uma área
do conhecimento bastante ampla e que envolve uma prática "educativa, preventiva, de apoio
situacional, centralizada nos aspectos saudáveis, nas potencialidades e nas dimensões
conscientes e 'mais superficiais' da clientela, requerendo tempos abreviados". Já a
psicoterapia trataria de "problemas emocionais e patologias, de caráter remediativo ou
reconstrutivo, focalizando o inconsciente e as dimensões 'mais profundas' do indivíduo,
demandando tempos prolongados" (Schmidt, 2012, p. 13).
A diferença básica, de acordo com Schmidt (2012), poderia ser sumarizada em três
elementos: (a) no tempo requerido em cada um dos processos; (b) no grau de aprofundamento
proporcionado por cada técnica; (c) no tipo de problema trazido pelo cliente, se mais
situacional ou de caráter mais permanente, ligado a alguma patologia ou desconforto
emocional. Esse posicionamento é corroborado por Scheeffer (1980) e Corsini (1995)
notadamente no que se refere ao atendimento de patologias no caso das psicoterapias.
Segundo Santos (1982), Rogers não se preocupou em estabelecer uma definição sobre o
aconselhamento nem clarificar as suas diferenças com a psicoterapia. No entanto, depreende-
se que o aconselhamento se trata de uma assistência psicológica
O aconselhamento psicológico possui uma farta literatura que o apresenta como um campo de
atuação que utiliza técnicas generalistas, ou seja, não alinhadas a abordagens psicológicas
específicas, no estabelecimento de uma relação de ajuda considerada efetiva (Patterson e
Eisenberg, 1988). Esses autores postularam princípios para que uma ajuda fosse efetiva:
(a) compreensão, que envolve a capacidade de compreender o problema que faz com que o
cliente busque ajuda profissional, em um exercício de profunda investigação acerca dessa
motivação e reflexão para compreensão da problemática apresentada;
(b) mudança no cliente como foco de toda a intervenção, ou seja, quaisquer que sejam os
objetivos trazidos pelo cliente, a assunção dos processos de mudança são indicadores de que
a relação de ajuda está sendo efetiva;
(c) a qualidade da relação estabelecida entre profissional e cliente, com foco no bem-estar
daquele que busca ajuda e na possibilidade de que o conselheiro manifeste suas impressões,
desejos e interpretações do modo mais autêntico possível, a fim de priorizar um
relacionamento claro e transparente com seu cliente;
(d) processo sequencial, que se refere à necessidade de que haja um começo, um meio e um
fim da intervenção, o que pode durar um ou mais encontros; estabelecer essa sequência e
cuidar para que ela seja respeitada é tarefa do conselheiro; autorrevelação e autoconfrontação
como recursos que devem ser utilizados pelo cliente com a ajuda do olhar do conselheiro, ou
seja, a ajuda só será efetiva se o cliente puder, em algum momento, deparar-se com o seu
problema e estabelecer, juntamente com o profissional, metas e ações para promover essas
mudanças;
(e) intensa experiência de trabalho, que significa que o aconselhamento, mesmo sendo breve,
deve ser intenso e envolver um árduo trabalho tanto do profissional como do cliente no
sentido de se atingir os objetivos delineados no início do processo;
(f) conduta ética, que fundamenta toda e qualquer intervenção profissional com seres
humanos. No caso dos psicólogos, deve-se considerar o código de ética profissional, que trata
de diversos elementos da intervenção psicológica, como estabelecimento do contrato de
trabalho, sigilo, confidencialidade e segurança dos dados fornecidos nos atendimentos.
(a) congruência ou autenticidade: o psicólogo deve estar aberto às experiências do seu cliente,
dispondo de sentimentos que ocorrem com ele mesmo, não negando a si mesmo. A
congruência ou autenticidade significa que o profissional tem que ser, no encontro com o
cliente, o mais próximo possível do que é em todas as suas relações, ou seja, que deve
permitir-se "ser o que se é" (Rogers, 1973), estando integralmente a serviço daquele processo
de ajuda e sendo coerente com o seu modo de ser, pensar, agir e se relacionar.
Assim como afirma Santos (1982), quando o mundo do cliente se torna claro para o
psicólogo, ele pode mover-se nele com mais liberdade, pensando a respeito de sua
experiência e extraindo conhecimentos acerca desse posicionamento. Posteriormente, Santos,
em uma aproximação de uma postura chamada por ele de neo-rogeriana, não plenamente
desenvolvida em sua obra, aponta que a atitude mais efetiva em um processo de
aconselhamento seria a empatia, sendo a condição terapêutica mais importante. Essa postura
neo-rogeriana destacada por Santos refere-se ao fato de que muitas considerações de Rogers
sofreram pesadas críticas, abrindo espaço para a exploração de um novo conceito, o da
autoafirmação, que seria um elemento básico na explicação da motivação humana.
A partir das considerações de Scheeffer (1980), o foco, nesse sentido, recairia sobre a
necessidade de um adequado diagnóstico, o que se opõe radicalmente ao pensamento
rogeriano, a fim de oferecer encaminhamento correto a cada caso. Isso não impediria, por
exemplo, que um caso inicialmente atendido em aconselhamento pudesse ser encaminhado a
uma psicoterapia devido a observações ao longo do processo, o que reforça a necessidade de
o psicólogo estar atento às necessidades de cada cliente. Investir na formação de psicólogos
habilitados tanto para o aconselhamento como para a psicoterapia é uma das propostas
apresentadas por Corey (1983). No Brasil, não existe, na formação do bacharel em
Psicologia, uma atenção específica ao aconselhamento. Em muitos currículos de
universidades brasileiras, não existe nem mesmo uma disciplina de aconselhamento
psicológico, obrigatória ou eletiva. Mesmo assim, encontram-se relatos de experiências de
estágio que fazem uso do aconselhamento, como no estágio supervisionado básico,
obrigatório para a formação do psicólogo (Conselho Nacional de Educação, 2004, 2011;
Silva, 2006).
Ainda que o aconselhamento psicológico não seja uma disciplina presente em todos os
currículos, muitos dos seus saberes são veiculados e experienciados pelos estudantes de
Psicologia a partir do plantão psicológico, modalidade fortemente presente em nosso contexto
universitário de oferta de extensão à comunidade (Mahfoud, 2013). Assim, não podemos
afirmar que o aconselhamento não está presente nesses currículos, mas existem diferentes
possibilidades de abertura para que os conhecimentos advindos do aconselhamento
psicológico perpassem a formação do psicólogo no contexto nacional.
Cabe a esse profissional ter clareza acerca das técnicas empregadas e refletir constantemente
sobre a evolução do cliente, seus desafios, suas transferências, suas contratransferências (por
exemplo, na abordagem psicodinâmica) e sua capacidade de estar com o outro de modo
autêntico e genuíno (por exemplo, na abordagem centrada na pessoa). Essa necessidade
estaria presente também no aconselhamento, ainda que a discussão pudesse ser reduzida ao
tempo de duração do processo de ajuda, às demandas trazidas pelo cliente ou mesmo em
relação aos possíveis encaminhamentos de cada caso.
Em uma meta-análise conduzida por Ahn e Wampold (2001), foram analisados os resultados
de intervenções utilizando aconselhamento psicológico e psicoterapia em diferentes
abordagens. Os resultados apontaram não haver diferenças significativas entre as
intervenções no que se refere à efetividade do processo terapêutico. Isso pode evidenciar que
mais do que buscar a diferenciação ou a aproximação entre essas modalidades, deve-se
compreender a qualidade da ajuda oferecida em termos das atitudes básicas do psicólogo e se
ele conhece os mecanismos pelos quais pode ofertar essa ajuda.
Isso nos faz retornar a Rogers (2001) no que tange ao fato de que mais importante do que
diferenciar modalidades de ajuda é investir na formação de profissionais aptos a
desenvolverem ambas intervenções a depender do enquadre possível, da demanda
apresentada e das condições existentes para aquele atendimento. Isso quer dizer que o manejo
do cliente diante das condições existentes parece ser o mais importante, de modo que isso
recai sobre a figura do psicólogo e suas atitudes. A atitude de congruência e a postura
empática, dessa forma, parecem ser importantes apontamentos no sentido de oferecer um
clima de segurança e apoio à pessoa em sofrimento. O encaminhamento dessa demanda
(Barros e Holanda, 2007), posteriormente, pode assegurar que a pessoa receba o atendimento
adequado e que possa se desenvolver a partir das próximas intervenções, quer sejam em um
processo de aconselhamento psicológico, em uma psicoterapia ou em um serviço
especializado.
Considerações finais
As diferenças, portanto, podem ser sumarizadas quanto aos seguintes aspectos: (a) tempo da
intervenção, sendo o aconselhamento considerado mais breve, de curto prazo; (b)
aprofundamento do caso e intensidade do atendimento, o que decorre da primeira
característica, já que a psicoterapia permite uma investigação mais minuciosa e a longo
prazo; (c) demanda apresentada, sendo o aconselhamento mais voltado para situações
contextuais e mais pontuais, com foco no presente, que envolvem sofrimento emergencial e
necessidade de alívio de tensões e acolhimento; (d) as intervenções em aconselhamento
focam a ação, mais do que a reflexão, e são mais centradas na prevenção do que no
tratamento; (e) o aconselhamento é mais focado na resolução de problemas.
Devido à importância da obra de Rogers (1973) na construção dos saberes relacionados tanto
ao aconselhamento como à psicoterapia, há que se destacar que, para esse autor, o foco do
atendimento psicológico não está na resolução de problemas, mas no processo de permitir
que o cliente adquira maior autonomia e liberdade para buscar o seu crescimento pessoal e a
autorrealização. Quando destacamos o foco no problema, recuperamos outros autores
clássicos do aconselhamento que não se alinham estritamente à abordagem centrada na
pessoa (Corey, 1983; Scheeffer, 1980; Patterson e Eisenberg, 1988), mas que constituem
importantes referências para a área, inclusive no interesse em diferenciar aconselhamento e
psicoterapia, o que constitui um dos pilares do presente estudo teórico. As diferenças entre
esses autores foram assinaladas ao longo deste estudo, de modo que se torna premente, a
partir dessas considerações, desenvolver estratégias de apoio psicológico que possam se
nutrir desse exercício teórico, buscando formas de estar com outro de um modo renovado,
atento às potencialidades tanto do aconselhamento como da psicoterapia.
Bond (1995) destaca que o conselheiro deve facilitar o processo de mudança e ajudar o
aconselhando a mantê-la. As semelhanças referem-se ao escopo do processo de ajuda, das
atitudes do psicólogo e da necessidade de desenvolvimento de recursos terapêuticos para
estabelecimento de uma relação de ajuda que possa ser considerada efetiva e para atingir os
objetivos delineados no início do processo.
Atualmente, observa-se que muitos psicólogos são formados sem que a disciplina de
aconselhamento psicológico seja oferecida ou que suas práticas sejam desenvolvidas em
projetos de extensão, pesquisa ou em práticas de estágio. Isso ocasiona a dificuldade de
constituir um campo de pesquisa em aconselhamento psicológico no Brasil, como atestado
por Scorsolini-Comin e Santos (2013), em análise da produção científica na pós-graduação. O
entrelaçamento entre essas áreas e suas práticas é enfatizado na maioria das publicações
(Rogers, 1942; Santos, 1982; Scheeffer, 1980; Schmidt, 2012; Strang, 1949), de modo que,
no contexto brasileiro, deve ser mais investigada a atuação em aconselhamento psicológico,
quando comparamos a produção nacional a de outros países, como a dos Estados Unidos.