Um Pouco Da Tradição e História Do Asé Muritiba
Um Pouco Da Tradição e História Do Asé Muritiba
Um Pouco Da Tradição e História Do Asé Muritiba
EXU
Odun-dun............. Folha-da-costa
Teté.................. Bredo sem espinhos
Orim-rim........... Alfavaquinha
Pepé........... Malmequer bravo
Labre ...................Tiririca
Kanan...............Kanan
Folha de bobó ................ Kan-kan Cansanção de porco
Inã ........................ Cansanção branco de leite
Aberê .............. Picão-da-praia, carrapicho-de-agulha
OGUN
Mariwô................ Folha de palmeira de dendê
Ìróko .......................Folha-de-loko
Pepé..................... Malmequer bravo
Teterégún .................Canela-de-macaco
Monam .........................Parietária
Aferê ..........................Mutamba
Piperégún Nativo
Obô............................Rama de leite
Eregê.....................Erva-tostão, graminha
Ibin ....................Folha-de-bicho
Afoman ...................Erva-de-passarinho
Omun ...................Bredo
Orin-rin.............. Alfavaquinha
Odun-dun.............. Folha-da-costa (saião)
Teté ..................Bredo sem espinhos
Já....................... Capeba
Anó-peipa............ Cipó-chu mbo
ODÉ
Teté ........................ Bredo sem espinhos
Orin-rin ................. Alfavaquinha
Odun-dun ................ Folha-da-costa
Jacomijé ........................... Jarrinha
Irekê-omin.................. Dandá do brejo
Piperégún................. Nativo
Junçá ..................... Espada de Ògún
Ìróko.................... Folha de loko
Mariwô ........................ Folha de dendezêiro
Irum-perlêmin .................. Capim cabeludo
Akoko Fitiba .....................Cana
Fita Monam................... Parietária
OSANYIN
Teté Bredo............ sem espinhos
Orin-rin .................... Alfavaquinha
Odun-dun .................... Folha-da-costa
Jacomijé ................... Jarrinha
Irekê-omin .................. Dandá do brejo
Piperégún ................... Nativo
Junçá .......................Espada de Ògún
Ìróko ...................... Folha de loko
Mariwô................... Folha de dendezêiro
Irum-perlêmin ............ Capim cabeludo
Akoko Fitiba ................ Cana-
Fita Monam .................. Parietária
OBALUAIYE
Monam...................... Parietária brotozinho
Bala .................. Taioba
Jamim .................. Cajá
Aferé ........................... Mutamba
Obó............................... Rama de leite
Exibatá ......................... Ovo redondo de monãn
Jakomijé ....................... Jarrinha
Afoxian .................... Erva de passarinho
Já ................... Capeba Turin - Folha de neve branca
Pekulé .................. Mariazinha
Tolu-tolu .............. Papinho de peru
ÒSUNMARÉ
Ìróko .......................... Folha de Ìróko
Monan ............... Parietária, brotozinho
Bala ...................... Taioba
Jamin ................... Cajá
Aberê-ejó.............. Pente de Òsúmarè
Aferê .............. Mutamba
Obô ............... Rama de leite
Exibatá.......... Golfo redondo do monam
Jacomijé ..................... Jarrinha
Tinim ....................... Folha da neve branca, cana-de-brejo
Peculé ................... Mariazinha
Tolu-tolu .................... Papinho-de-peru
SANGO
Teté ......................... Bredo sem espinhos
Orin-rin ........................ Alfavaquinha
Odum-dum ........... Folha da costa
Jacomijé .............. Jarrinha
Bamba................... Folha de mibamba
Alapá .................... Folha de capitão
Pepê ..................... Folha de loko
Oicô ............................... Folha de caruru
Xerê-obá ............................ Chocalho de xangô
Oxé-obá ............................. Birreiro
Monan ......................... Parietária
Aferé.............................Mutamba
Obô ....................... Rama de Leite
Odidí ............................ Bico-de-papagaio
Obaya ........... Beti-cheiroso - macho ou fêmea
OYA
Teté.................... Bredo sem espinho
Orim-rim ............................Alfavaquinha
Odum-dum ................... Folha-da-costa
Jacomijé ..................... Jarrinha
Afomam ................. Erva-de-passarinho
Abauba ............Folha de imbaúba
Tepola ......................... Pega pinto
Eregê............................ Erva-tostão
Já ....................................... Capeba
Obayá ........................... Beti-cheiroso
Piperégún ...................Nativo
Ìróko ......................... Folha de loko
Pepé ........................ Malmequer
Teterégún .............. Canela-de-macaco
Junça ................... Espada de Ògún
Adimum-ade-run ..................... Folha de fogo
Obe-cemi-oia............... Espada de Oyámésèèsán ro
Monan ......................... Parietária
Bala............................ Taioba
Jamim............................. Cajá
Aferé .............................. Mutamba
Gunoco .................... Língua-de-galinha
Obô .............................. Rama de leite
OSUN
Teté ..........................................Bredo sem espinhos
Orim-rim................................. Alfavaquinha
Odum-dum ........................... Folha da costa
Efim ........................................ Malva Branca
Omim ................................... Beldroega
Já ......................................... Capeba
Ìróko....................................... Folha de loko
Pepe .................................. Malmequer branco
Teterégún ........................ Canela de macaco
Monan ................................ Parietária
Jamin........................................ Cajá
Tolu-tolu.......................... Papinho de peru
Aferé...................................... Mutamba
Eim-dum-dum ..................... Folha da fortuna
Obô ........................................ Rama de leite
Omin-ojú .............................. Golfo branco
Ilerin ...................................... Folha de vintém
YEMANJA
Teté........................................ Bredo sem espinhos
Orim-rim................................. Alfavaquinha
Odum-dum .......................... Folha da costa
Efim ........................................ Malva Branca
Omim .................................... Beldroega
Já ............................................. Capeba
Ìróko................................ Folha de loko
Pepe .................................... Malmequer branco
Teterégún ............................ Canela de macaco
Monan ................................. Parietária
Jamin ....................................... Cajá
Tolu-tolu ............................ Papinho de peru
Aferé ................................... Mutamba
Eim-dum-dum................... Folha da fortuna
Obô .......................................... Rama de leite
Omin-ojú ................................ Golfo branco
Ilerin............................... Folha de vintém
OSALA
Teté.................... Bredo sem espinhos
Orim-rim ..................... Alfavaquinha
Odum-dum ................... Folha-da-costa
Ibim ........................ Folha de bicho
Efim ........................... Malva Branca
Ilerim .............................. Folha de vintém
Omim ............................... Beldroega
Omim-ojú ........................... Golfo branco
Jacomijé........................... Jarrinha
Tinin ........................ Folha de neve branca, cana-do-brejo
Pachorô ................... Folha da costa branca
Monam ........................ Parietária
Jamim ........................ Cajá
Ori-dum-dum ................... Folha da fortuna
Aferê .......................... Mutamba
Obô .............................. Rama de leite
Omim-ibá-ojú......................Folha de leite
ORIXÁS CULTUADOS
ESÙ
Exú é o 1º nascido da existência e, como tal, o símbolo do elemento procriado. Mensageiro dos
orixás, elemento de ligação entre as divindades e os homens, há um tempo mais próximo do
mundo terreno e mais perto do elevadíssimo espaço celeste por onde transita Òrúnmìlà, é um
orixá, é sempre a primeira divindade a receber as oferendas, justamente para que atue como um
aliado e não como um rival que perturbe os procedimentos místicos desenvolvidos durante os
rituais. Coerente com seu lugar mítico privilegiado é ele que abre esse "corpus mito poético”.
Princípio dinâmico e princípio da existência individualizada, Exú não podem ser isolados ou
classificados em nenhuma das categorias. Ele é como o axé (que ele representa e transporta),
participa forçosamente de tudo. Segundo Ifá cada um tem seu próprio exú e seu próprio Olorún
em eu corpo.
O nome de exú é conhecido, invocado e cultuado junto ao orixá. E é Ifá quem revela e permite-
nos sabê-lo. O Òkòtó representa o crescimento. Agbárá - poder que permite a cada um se
mobilizar e desenvolver suas funções e seus destinos. Por isso recebe o título de Elegbára
(senhor do poder). Quem delegou esse poder a exú foi Olorún ao entregar-lhe o àdó-iràn, a
cabaça que contém a força que se propaga. Esta cabaça está presente em seus "assentos", é
uma cabaça de pescoço grande, e basta exú apontá-la a algo para transmitir seu axé. Exú
Elegbára é o companheiro de Ogun.
Exú Yangi é o Exú ancestre, o Exú Agbá. Oxé-tuwá, representante direto de exú, simboliza um de
seus aspectos mais importantes, o de ser encarregado e transportador das oferendas, Òjise-ebo.
Exú por ser resultado da interação de um par, é o portador mítico do sêmen e do útero ancestral e
como princípio de vida individualizada ele sintetiza os dois, é por isso que freqüentemente, e, são
representadas pela forma de um par, uma figura masculina e uma feminina, unida por fileiras de
búzios.
Exú está profundamente ligado à atividade sexual. Representados por um falo (pênis), ou suas
representações simbólicas como: os penteados de forma fálica, sua arma, o ogó - bastão em
forma de pênis -, sua lança; já as cabacinhas representam seus testículos.
Exú também está representado com objetos à sua boca; dedo, cachimbo e principalmente flauta,
que vem representar a atividade sexual, como absorção e expulsão, ingestão e restituição, com a
flauta Exú chama seus descendentes. Portanto símbolo por excelência da fecundidade. Exú
jamais toma a forma de procriador.
Exú é cultuado tanto como lésè-égún, como lésè-orixá, e apenas por seu intermédio é possível
cultuar os orixás e as Iyá-mi (mãe ancestre).
Não é apenas Òjise-ebo, mas principalmente Òjisé, o mensageiro, fazendo a comunicação entre
tudo que é oposto.
Com efeito, a relação entre Exú e Ifá, é indiscutível, e Exú está representado em um dos principais
emblemas característicos do culto a Ifá, o òpón, onde Exú tem sua representação em forma de
rosto, de triângulos e losangos.
É no seu papel de princípio dinâmico, de princípio de vida individual e de Òjisé ou elemento de
comunicação, que Exú Bará está indissoluvelmente ligado à evolução e ao destino de cada
indivíduo. Como tal ele também é senhor dos caminhos Exú Olònà, e ele pode abri-los ou fechá-
los.
Exú fica à esquerda dos caminhos. O elemento procriado é a prova do poder das Iyá-mi, é o
pássaro, o Elèye.
Exú foi o primeiro a usar ekódide (pena de uma espécie de papagaio) na cabeça, e foi isto que o
tornou decano de todos os orixás. Alguém que coloca ekódide na cabeça sem necessidade
provoca a cólera de Exú.
Enganosamente ou mal-intencionados, os primeiros missionários que chegaram à África,
compararam-no ao diabo, por algumas de suas formas, artimanhas e poderes atribuídos. Ele tem
as qualidades dos seus defeitos, pois é dinâmico e jovial, havendo mesmo pessoas na África que
usam orgulhosamente nomes como Èxúbíyìí (concebido por exú), ou Èxùtósìn (Exú merece ser
adorado).
Como personagem histórica, Exú teria sido um dos companheiros de Odùduà, quando da sua
chegada a Ifé, e chamava-se Exú Obasin. Tornou-se mais tarde, um dos assistentes de Orúnmilá,
que preside a adivinhação pelo sistema de Ifá. Segundo Epega, Exú, tornou-se rei de Kêto sob o
nome de Exú Alákétu.
É Exú que supervisiona as atividades do rei em cada cidade: o de Oyó é chamado Exú Akesan.
Como orixá, diz-se que veio ao mundo com um porrete, chamado, ogó, que teria a propriedade de
transportá-lo, a centenas de quilômetros e de atrair, por um poder magnético, objetos situados a
distâncias igualmente grandes.
OGUM
Está ligado ao mistério das árvores, consequentemente à Oxalá. Seu "assento" está ao pé de um
Igí-uyeuè (cajazeira) no Brasil, onde um adàn, akòko ou Àràbà na Nigéria e no Daomé, e rodeado
por uma cerca de peregun. Podendo também ficar ao pé do Igí-òpé cujo tronco simboliza a
matéria individualizada dos funfun (orixás do branco, particularmente Oxalá), que as folhas
brotadas sobre os ramos ou troncos, simbolizam descendentes e que o màrìwò é a representação
mais simbólica de Ogún.
Ogún data de tempos proto-históricos, é pré-histórico, violento e pioneiro; suas armas são primeiro
de pedra, depois o ferro. Sua primogenitora converte-o em quase irmão gêmeo de Exú.
Deus da guerra, imagem arquetípica do soldado, Ogún é também o deus do ferro, da metalurgia.
Do ferreiro ao cirurgião, todos os que utilizam instrumentos de ferro (e o aço por consequencia)
em seu trabalho: agricultores, caçadores, açougueiro, barbeiros, marceneiros, carpinteiros,
escultores e outros que se juntaram ao grupo desde o início do século, mecânicos e motoristas;
rendem homenagem à Ogún. Nesse sentido ele é o arquétipo da conquista da civilização humana,
consolidada na idade do ferro.
Orixá de personalidade violenta, obstinada, constante, viril, disciplinada, quando não rígida.
Historicamente, teria sido o filho mais velho de Odùduà, o fundador de Ifé, usando o título de
Oniré (Rei de Irê), por se apossar da cidade de Irê, matando seu rei; usava uma iadema, chamada
àkòró, e isso lhe valeu ser saudado, até hoje, sob os nomes de Ogún oniré e Ogún Aláàkòró,
inclusive no Brasil, trazidos pelos descendentes dos yorubás.
Ogún é único, mas, em Irê, diz-se que ele é composto de sete partes. Ogún méjeje lóòde Iré, frase
que faz alusão às sete aldeias, hoje desaparecidas, que existiriam em volta de Irê.
O número sete é associado à Ogún e ele; e representado nos lugares que lhe são consagrados,
por instrumentos de ferro, em número de sete, catorze ou vinte e um, pendurados numa haste
horizontal, também de ferro: lança, espada, enxada, torquês, facão, ponta de flecha e enxó,
símbolos de suas atividades.
Uma história de Ifá, explica como o número 7 foi relacionado a Ogún e o número 9 a Oyá.
"Oyá era a companheira de Ogún antes de se tornar a mulher de Xangô. Ela ajudava o deus dos
ferreiros no seu trabalho; carregava docilmente seus instrumentos, da casa à oficina, e aí ela
manejava o fole para ativar o fogo da forja. Um dia, Ogún ofereceu à Oyá uma vara de ferro,
semelhante a uma de sua propriedade, e que tinha o dom de dividir em sete partes os homens e
em nove as mulheres que por ela fossem tocados no decorrer de uma briga.
Xangô gostava de vir sentar-se à forja a fim de apreciar Ogún bater o ferro e, frequentemente,
lançava olhares a Oyá; esta, por seu lado, também o olhava furtivamente. Xangô era muito
elegante, seus cabelos eram trançados e usava brincos, colares e pulseiras. Sua imponência e
seu poder impressionaram Oyá. Aconteceu, então, o que era de esperar: um belo dia, ela fugiu
com ele. Ogún lançou-se à sua perseguição, encontrou os fugitivos e brandiu sua vara mágica.
Oyá fez o mesmo e eles se tocaram ao mesmo tempo. E, assim, Ogún foi dividido em sete partes
e Oyá, em nove, recebendo ele o nome de Ogún Mejé e ela o de Iansã, cuja origem vem de
Iyámésan - 'a mãe (transformada em) nove'."
Sua cor é o azul escuro, é o primeiro a ser saudado depois que exu é "despachado" (ritual que
antecede os Xirés - ocasião festiva, que as casas de candomblé, cantam para todos os orixás -
que este tipo de exú, na sua forma negativa de maldoso, funcionando também como uma espécie
de guardião do ritual, contra outros tipos de espíritos "não iluminados", não perturbe e não deixe,
perturbarem o culto). É sempre Ogún que desfila na frente, "abrindo caminho" para os outros
orixás (mais uma vez, a indicação da sua função de abrir caminhos), quando eles entram no Ilê
nos dias de festa, manifestados e vestidos com suas roupas simbólicas.
OSSÒSSI
Odé é o caçador, senhor das florestas e de todos os seres que a habitam.
Orixá da fartura e da riqueza.
Irmão de Ògún com quem aprendeu a caçar, Ògún ensinou Odé a se defender e a defender e
cuidar da sua gente.
Ògún fez de Odé o provedor, Ògún é o grande guerreiro, Ode é o grande caçador!
Odé tem o título Alaketu, Rei Senhor de Ketu, e Oníìlé, o Dono da Terra.
Na África cabia ao caçador descobrir o local ideal para instalar uma aldeia, tornando-se assim o
primeiro ocupante do lugar, com autoridade sobre os futuros habitantes.
É também chamado de Olúaiyé ou Oní Aráaiyé, Senhor da Humanidade, que garante a fartura
para seus descendentes.
Todas as casas que pertencem à nação Ketu têm Odé como protetor e patrono.
Na história da humanidade Odé representa as formas mais arcaicas de sobrevivência humana, a
própria busca incessante do homem por mecanismos que lhe possibilitem se sobressair no
espaço da natureza e impor sua marca no mundo desconhecido.
A coleta e a caça são formas primitivas de busca de alimento, são os domínios de Odé, Orixá que
representa aquilo que há de mais antigo na existência humana:
A luta pela sobrevivência. Odé é o Orixá da fartura e da alimentação,
Aquele que aprende a dominar os perigos da mata e vai a busca da caça para alimentar a tribo.
Mais do que isso, Odé representa o do mínio da cultura sobre a natureza.
Astúcia, inteligência e cautela são os atributos de Odé, pois como revela sua história, esse
caçador possui uma única flecha, por tanto, não pode errar a presa, e jamais erra.
Odé é o melhor naquilo que faz, está permanentemente em busca da perfeição.
Odé mantém estreita ligação com Ossaiyn, com quem aprendeu o segredo das folhas e os
mistérios da floresta, tornou-se um grande feiticeiro e senhor de todas as folhas, mas teve que se
sujeitar ao encantamento de Ossaiyn.
Os símbolos de Odé são o arco e flecha (ofá), o erukeré (insígnia de dignidade dos reis da África,
lembrando que é o Rei de Ketu.
O erukeré possui atributos mágicos; com ele o caçador comanda os espíritos da floresta.
Os chifres (iuo), símbolos de virilidade e procriação, em especial os de boi, também lhes são
atribuídos e não podem faltar em seu assentamento (igbà)).
Odé é rígido, se magoa com pequenas coisas, se contraria facilmente, é um Orixá tão honesto
que chega a ser constrangedor, não admite falhas no cumprimento de suas obrigações, jamais
perdoa.
OSANYIN
Ossaiyn é um Orixá da cultura Iorubana ao qual foi confiado a sabedoria, a magia e o segredo das
folhas.
Ossaiyn é originário de IRAWO (cidade perto da atual fronteira Nigéria/ Benin).
Ossaiyn é uma semente jogada por ORUNMILA quando da vinda dos Orixá para a Terra.
Desta semente de muito Àsé, brotou um ser estranho de uma só perna como tronco das árvores.
Um homem mais sábio que qualquer um que já existiu.
O homem que domina a magia das plantas, folhas e frutos, sementes e raízes, OSANYIN.
Ossaiyn vive nas florestas ao lado de um amigo chamado ARONI, um anão de um único braço,
uma única perna e só um olho no meio da testa.
Ossaiyn deve ser cultuado no lado de fora dos Ilê Orixá, de preferência em um local com árvores
e plantas.
Sua representação simbólica é um ferro com sete hastes, onde no alto da haste central, deve-se
ter um pássaro, sinônimo de poder, magia e segredo.
Ossaiyn é profundamente ligado com Exú e junto acompanham ORUNMILA.
No princípio da vida Ossaiyn brigava muito com ORUNMILA, muito ita Ifá relatam estas brigas e
alguns nos contam que, Ossaiyn só tem uma perna, devido a disputas de poder com Exú
Ossaiyn é um orixá inteligente e muito hábil.
Diz um ita Ifá que ao ser comprado por ORUNMILA para trabalhar em suas lavouras, não acatou
as ordens de seu novo dono para derrubar e cortar algumas espécies de plantas que, para
ORUNMILA até então eram ervas daninhas.
Ossaiyn ensinou a ORUNMILA que, aquelas plantas, eram úteis para remédios e pós.
Desde aí, Ossaiyn senta-se ao lado de ORUNMILA nas consultas a Ifá.
Como já foi dito vários são os Itan Ifá que trazem histórias de Ossaiyn, cito agora uma
apresentada no livro de Dr. José Flávio Pessoas de Barros (O Segredo das Folhas) que também
foi traduzida por Pierre Verger em 1950; “Os pais de OSANYIN o haviam parido e deixado nu.
Quando ele cresceu foi para a floresta e muito aborrecido fez um trabalho contra seu pai, a fim de
que ele não pudesse respirar bem e ficasse sufocado.
Feito isso, partiu em passeio pelo mundo. Todos tentavam curar o pai e como não conseguiram
foram procurar OSANYIN, o filho, que assim disse: Meu pai é dono de uma roupa, uma calça e um
gorro que deve me dar.
O pai, arquejante, consentiu em dar as coisas. OSANYIN ao saber foi arrancar o EBÒ que havia
colocado.
Desde então passou a estar vestido, deixando de usar folhas para cobrir-se. OSANYIN fez, então
um trabalho para sua mãe ter dor de barriga e saiu pelo mundo.
Tentaram curá-la em vão, aí, lembraram-se de OSANYIN e foram procurá-lo.
Ele disse: Minha mãe tem um pano listrado, de preto, branco e vermelho...A mãe enviou o pano
para o filho e ficou curada.
OSANYIN teve um filho e pensou: O que eu fiz aos meus pais, meu filho fará a mim.
Pegou o filho, queimou-o e fez um pó preto.
Depois de três a quatro anos, o rei da Cidade ficou doente e ninguém conseguia curá-lo.
OSANYIN foi chamado e deu-lhe o pó preto para tomar.
O rei ficou bom e ordenou que OSANYIN ficasse sempre ao seu lado e que recebesse a metade
das oferendas que lhe fossem dedicadas”.
OSANYIN é, portanto, o supremo conhecedor e detentor dos poderes das folhas.
Com isso, havia por parte dos outros Orixá, um certo ciúme.
Foi quando Oyá, usando um de seus poderes (o vento), espalhou as folhas que estavam na
cabaça de OSANYIN e, cada um dos outros Orixá apanhou as que mais lhe agradavam.
Mesmo assim, o segredo de cada uma ainda ficou com OSANYIN. Depois de OSANYIN ter
aceitado viver ao lado de ORUNMILA e, com isso ajudá-lo na cura das pessoas ensinando-o quais
as folhas necessárias para os Ebós indicados por Ifá.
OBALÚAIYÉ
Omolu, é Terra, isso resume perfeitamente o perfil desse Orixá, o mais temido entre todos, o
terrível Orixá da varíola e de todas as doenças contagiosas.
Ele está ligado ao interior da Terra (ninú ilê) e isso denota uma intima relação com o fogo, já que
esse elemento, como comprovam os vulcões em erupção, domina as camadas profundas do
planeta.
Toda a reflexão em torno de Omolu, ocorreu colocando-o como um Orixá ligado à terra, o que é
corretíssimo, mas não deixa de ser um erro desconsiderar a sua relação com o fogo do interior da
Terra, com as lavas vulcânicas, com os gases, etc.
O que pode ser mais devastador que o fogo?
Só as epidemias, as febres, as convulsões lançadas por Omolu!
Ele é o fogo que varre, que arrasta para a morte como as lavas de um vulcão.
Orixá cercado de mistérios. O capuz de palha da costa (azé) cobre seu rosto para que os seres
humanos não o olhem de frente (já que olhar diretamente para o sol pode prejudicar a visão).
O azé guarda mistérios terríveis para simples mortais, rela a existência de algo que deve ficar em
segredo, revela a existência de interditos que inspiram cuidado e medo, algo que só os iniciados
no mistério podem saber.
Desvendar o azé a temível máscara de Omolu, seria o mesmo que desvendar os mistérios da
morte, pois Omolu venceu a morte.
Embaixo da palha-da-costa, ele guarda os segredos da morte e do renascimento, que só podem
ser compartilhados entre os iniciados.
A relação de Omolu com a morte se dá pelo fato de ele ser a terra, que proporciona mecanismos
indispensáveis para a manutenção da vida.
O homem nasce, cresce, desenvolve-se, torna-se forte diante do mundo, mas continua frágil
diante de Omolu, que pode devorá-lo a qualquer momento, pois Omolu é a terra, que vai consumir
o corpo do homem por ocasião de sua morte.
Por isso é que se diz que Omolu mata e come gente.
É o Orixá das doenças epidêmicas, ou seja, das doenças que atingem não só apenas esse ou
aquele individuo, mas vários; doenças que assolam os povos, que castigam toda a tribo; doenças
sociais.
Todavia, Omolu também possui o poder da cura.
O xaxará (sàsàrà), que é a maior insígnia de Omolu, revela o seu poder de causar e curar as
doenças coletivas.
É composto por um feixe de inúmeros palitos de dendezeiro, que simbolizam multiplicidade, e
enfeitado de pequenas cabaças, nas quais Omolu guarda as curas de todas as doenças.
Omolu é o dono dos búzios, patrono do oráculo de 16 búzios (merindilogun).
Omolu é filho de Nana e é originário da região Mahi, no antigo Daomé, não perdoa falhas no
cumprimento de seus preceitos.
Dizem que Omolu é o médico dos pobres.
Ele é muito solitário e se esconde na imensidão das matas.