Geomec - Descrição de Testemunho

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2018 – GEOMECHANICAL

“Description of drilling holes”

TSX: LMC | www.leagold.com


DESCRIÇÃO GEOTECNICA DOS TESTEMUNHOS

OBJETIVO:

DESCREVER DE FORMA PRECISA E OBJETIVA TODAS AS INFORMAÇÕES TÉCNICAS


DA AMOSTRA OU TESTEMUNHO EM RELAÇÃO COM O PROJETO.

Hermando Brito
Geomecânico
MRDM
Classificação Textural do USDA (Departamento de Agricultura dos EUA)

Os solos naturais são uma mistura de partículas de várias granulometrias, partículas de


Vários tamanhos de grãos. No sistema de classificação textural, os solos são nomeados
a partir dos componentes principais. Ex: Argila siltosa.

Tamanho das areias: 2,0 a 0,05 mm de diâmetro;


Tamanho dos siltes: 0,05 a 0,002 mm de diâmetro;
Tamanho das argilas: > 0,002 mm de diâmetro;

Considerando um solo composto de silte, argila, areia


e pedregulho (em maior %) temos os possíveis solos:
- A- Lemo argilo pedregulhoso;
- B- Argilo silto-pedregulhosa;
- C- Argila;
- D- Argila pedregulhosa.

Está classificação é pouco utilizada pela geotecnia.


Classificação do Solo

Atualmente, os engenheiros geotécnicos usam dois sistemas de classificação mais elaborados,


considerando a distribuição granulométrica e os limites de Atteberg:

- AASHTO (Associação Americana de Rodovias Estaduais e Autoridades de Transporte);

- Sistema Unificado de Classificação de Solos (SUCS);

AASHTO: Desenvolvido em 1929 como sistema de classificação da Administração de Vias


Públicas.
Neste sistema os solos são classificados em 7 grandes em função da granulometria determinada
em peneira n°200 e porcentagem retidas na peneira.
Classificação AASHTO
Sistema Unificado de Classificação de Solos

O sistema foi desenvolvido por Casagrande em 1942 para ser utilizado em trabalhos
de construção de campo de aviação pelo corpo de Engenheiros do Exército dos EUA.
Revisado em 1952 e atualmente é amplamente usado pelos engenheiros (norma
D-2487 da ASTM).
Esse sistema classifica os solos em duas grandes categorias:
- Solos de granulação grossa – areias e pedregulhos, quando o material que passam
pela peneira n°200 é menor que 50%.
- Solos granulometria fina – cuja material que passa na peneira n°200 é maior ou igual a
50%.
Sistema Unificado de Classificação de Solos
DESCRIÇÃO GEOTECNICA DOS TESTEMUNHOS

METODOLOGIA

A metodologia para caracterização geotécnica adotada neste PRO abrange


dois domínios, Mecânica dos Solos e Mecânica das Rochas, e consiste de dez
passos, descritos a seguir:

 Mecânica dos Solos:

Do 1º ao 6º passo, sendo que o enquadramento neste domínio se dará quando, no 6º Passo,


o grau de alteração for W4,W5 ou W6 e o grau de resistência for R0 ou R1;
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 Mecânica das Rochas:

Envolve todos os dez passos, sendo que o enquadramento neste domínio se


dará quando, no 6º Passo, o grau de alteração for W1, W2 ou W3 e o grau de
resistência for R2, R3, R4, R5 ou R6. A particularidade deste domínio é que no
8º Passo, de acordo com as classes de ângulos que a superfície das
escontinuidades fizerem com o eixo da sondagem (0-30°, 31-50°, 51-70° e 71-
90°), devem ser descritos os Itens 8.1.1 a 8.1.6 para cada faixa identificada de
orientação das descontinuidades.
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1º Passo: Preenchimento do Collar de Descrição


Devem-se preencher os campos a seguir:

 Projeto: nome ou sigla padronizada do projeto;

 Local: nome ou sigla padronizada;

 Sondagem Nº.: código do furo;

 Coordenadas: N (norte), E(Leste), e Z(cota);

 Nivel D’água;
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 Inclinação: +90 a -90°, onde 00° é uma linha horizontal, -90° aponta
para baixo, e +90° aponta para cima;

 Profundidade: distância máxima atingida pelo furo, em metros,


contada a partir da superfície do terreno;

 Data: data da descrição geotécnica do testemunho;

Nome: nome do geólogo ou responsável pela descrição geotécnica.


DESCRIÇÃO GEOTECNICA DOS TESTEMUNHOS
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2º Passo: Registro Fotográfico dos Testemunhos


Todas as caixas de testemunhos devem ser fotografadas antes das
descrições geotécnicas e geológicas. A fotografia deverá ser feita ortogonalmente em relação
a cada caixa de testemunhos, de forma a mostrá-los integralmente e sem distorções, como
na Figura 3.

Figura 3: Registro fotográfico ortogonal de uma caixa de testemunhos.


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3º Passo: Definição dos Intervalos Geotécnicos

Neste passo as caixas dos testemunhos são dispostas no balcão de descrição para
que sejam visualizadas as diferentes passagens de materiais que constituem os
intervalos geotécnicos.

Para definir tais intervalos consideram-se os seguintes critérios geotécnicos:

 Caracterização táctil-visual dos materiais testemunhados (solo, saprolito, rocha);


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 Identificação litológica do material do intervalo a ser descrito;

 Identificação preliminar dos parâmetros de caracterização geotécnica,


considerando:

• Cor: Identificação da cor do material.

• Grau de alteração (W): os intervalos podem ser separados com a


identificação de materiais com o mesmo grau de alteração;

• Grau de resistência (R): considera intervalos com o mesmo grau de


resistência;
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Densidade de descontinuidades e zonas quebradiças ou cataclasadas:


intervalos que apresentem diferença na freqüência de ocorrência das
descontinuidades, ou seja, quantidade de descontinuidades por metro.

4º Passo: Recuperação Percentual no Intervalo Geotécnico

Mede-se a metragem de testemunhos recuperados no intervalo geotécnico em


análise para correlação com a metragem total do avanço da manobra de
sondagem associada ao intervalo em questão.
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5º Passo: Caracterização da Matriz

Determinam-se as características da matriz das frações solo, saprolito e rocha


dos testemunhos.

Determinam-se a Granulometria principal (matriz), secundária e quando possível


terciária.

• A obtenção da tabela granulométrica.

• Quando possível a classificação do solo (saprolito, residual, culuvio,..)


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DESCRIÇÃO GEOTECNICA DOS TESTEMUNHOS

5.1. Grau de Resistência (R)

A resistência de um solo ou de uma rocha está associada à integridade física e


química de tais materiais, que pode ser alterada pelos processos citados na Etapa
6.2.

A Tabela 1 foi definida pela Sociedade Internacional de Mecânica das Rochas


(International Society for Rock Mechanics – ISRM, 1981) e apresenta os graus de
resistência da rocha sã até o solo residual, bem como as respectivas
características de tais materiais observáveis em campo e as estimativas dos
valores associados de sua resistência à compressão uniaxial/simples.
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5.2. Grau de Alteração (W)

A alteração compreende a desintegração física e química da rocha devido a sua


exposição na proximidade da superfície terrestre aos agentes atmosféricos e aos
processos de intemperismo.

A Tabela 2 apresenta os graus de alteração da rocha sã até o solo residual,


conforme definição da ISRM (1981).

Este sistema de caracterização do grau de alteração pode ser aplicado tanto em


afloramentos quanto em testemunhos de sondagens.
DESCRIÇÃO GEOTECNICA DOS TESTEMUNHOS
DESCRIÇÃO GEOTECNICA DOS TESTEMUNHOS

A Tabela 3 apresenta Caracterização Geotécnica 8 fotografias de caixas de


testemunhos de sondagem rotativa que exemplificam os graus de alteração
definidos na Tabela 2.
GRAU DE FRATURAMENTO
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COMPACIDADE E CONSISTÊNCIA EM SOLOS ARENOSOS E ARGILOSOS


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COMPACIDADE E CONSISTÊNCIA EM SOLOS ARENOSOS E ARGILOSOS
Provavel Tensão admissivel (KN/m²)
DESCRICÃO (COMPACIDADE) Nspt
L=0,75m* L=1,50m* L=3,0m*

Muito Compacto > 50 > 600 > 500 > 450

Compacto 30 - 50 300 - 600 250 - 500 200 - 450

Med. Comp 10 30 100 - 300 50 - 250 50 - 200

Pouco Comp. 5 10 50 - 100 < 50 < 50

Fofo <5 a estudar

* menor dimensão da fundação

Fonte: Militisky e Schnaid (1995)

Provavel Tensão admissivel (KN/m²)


DESCRICÃO (CONSISTÊNCIA) Nspt
L=0,75m* L=1,50m* L=3,0m*

DURA > 30 > 500 450 400

Muito rija 15 - 30 250 - 500 200 - 450 150 - 400

Rija 8 15 125 - 250 100 - 200 75 - 150

Média 4 8 75 -125 50 - 100 25 - 75

Mole 2 4 25 - 75 < 50 -

Muito mole <2 a estudar

* menor dimensão da fundação

Método SPT-Estatíco de tensão admissivel para solos residuais brasileiros.

Fonte: Milititsky e Schnaid(1995).

OBS: Importante usar um autor de referência.


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6º Passo: Determinação do RQD


O RQD (Rock Quality Designation ou Índice de Qualidade da Rocha) foi
criado em 1964 por D. U. Deere para avaliar quantitativamente a qualidade
geotécnica das rochas. O RQD se baseia indiretamente na quantidade de
fraturas e na perda de resistência observáveis no material testemunhado.

RQD = Comprimento total dos segmentos > 10 cm com sonoridade x 100%


--------------------------------------------------------------
Comprimento total do intervalo perfurado
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A Figura 4 exemplifica o procedimento para determinação do RQD.


Esta figura busca evidenciar que a medição do comprimento dos segmentos
deve ser feita considerando o eixo central do testemunho.
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O RQD já foi usado como um indicador da qualidade de maciços rochosos, conforme a


Tabela 4 proposta por Deere & Deere (1988), porém esse índice não considera a
orientação, a resistência, a extensão e o preenchimento das descontinuidades.
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6.2. Verificação da Sonoridade nos Fragmentos > 10 cm

A sonoridade é determinada qualitativamente com golpes do martelo de geólogo. Os


fragmentos de testemunhos que atendem ao requisito de comprimento maior que 10
cm deverão ser desconsiderados na determinação do RQD sempre que a rocha
apresentar baixa qualidade originada por processos de alteração, isto é, os fragmentos
não são duros e não apresentam sonoridade (Deere & Deere, 1988).

Deere & Deere (1988) recomendam ainda considerar no cálculo do RQD


somente as porções dos testemunhos que apresentem grau de alteração W1, W2 eW3.
Assim, os segmentos de testemunhos com graus W4, W5 e W6 devem ser
descontados do cálculo do RQD.
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7º Passo: Caracterização das Descontinuidades


A maioria dos maciços rochosos apresenta descontinuidades geológicas que
influenciam diretamente seu comportamento geomecânico. Portanto, é essencial que as
estruturas geológicas dos maciços rochosos e a natureza destas sejam
cuidadosamente estudadas. Neste passo são descritas as metodologias de
caracterização das estruturas desde o ponto de vista geotécnico.
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7.1. Orientação

Num determinado intervalo de sondagem, as fraturas abertas de origem geológica e


demais descontinuidades naturais são categorizadas segundo seu ângulo com o
eixo de perfuração.
Devem ser desconsideradas as descontinuidades cuja origem não for natural, como
por exemplo, aquelas geradas por quebra mecânica devido à própria sondagem,
quebras nos pontos de manobras para encaixe nas caixas de testemunhos, assim
como descontinuidades associadas a segmentos de testemunho com marcas de
quebra por martelo e descontinuidades muito dentadas.
DESCRIÇÃO GEOTECNICA DOS TESTEMUNHOS
DESCRIÇÃO GEOTECNICA DOS TESTEMUNHOS

Um método simples para medir a orientação de uma descontinuidade faz uso de


um transferidor, cujo centro é colocado sobre o ponto médio da largura do
testemunho, posicionando os ângulos 0° e 180° paral elamente ao eixo de maior
alongamento do testemunho, como ilustra a Figura 7. O ângulo a ser medido
encontra-se entre o ponto 0° do transferidor e a pr ojeção do plano da estrutura,
apresentando valor máximo de 90°.
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7.1.1. Quantidade

Anota-se a quantidade de cada tipo de descontinuidade para cada faixa de orientação


definida na Etapa 8.1.

7.1.2. Coeficiente de Rugosidade da Descontinuidade (JRC )

O JRC (Joint Roughness Coefficient ou Coeficiente de Rugosidade da


Descontinuidade) é um parâmetro fundamental no cálculo da resistência ao
cisalhamento de descontinuidades rugosas proposto por N. R. Barton em 1972.
O JRC pode ser determinado por comparação visual com os perfis de
rugosidade padrão apresentados na Figura 8. Na planilha associada a este PRO e na
base de dados Acquire são considerados os valores médios das faixas de JRC.
Exemplificando, JRC = 0-2 equivale a JRC = 1.
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7.2. Número de Famílias (Jn)

A Tabela 9 apresenta os critérios para caracterização das famílias de descontinuidades


segundo sua regularidade. O número de famílias de
descontinuidades, a exemplo do Jr e do Ja é um dos parâmetros do sistema de
classificação de maciços rochosos Q. O Jn pode ser obtido não só a partir da descrição
de testemunhos, mas também por meio do mapeamento estrutural de campo.
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Responsabilidade para com as


informações:

- Todos os boletins devem conter o nome do


profissional responsável pela descrição;

- As informações passadas serão utilizadas


para dimensionar e projetar obras e
estruturas geotécnicas.

- As informações descritas no log (perfil de


sondagem)
são passíveis de processo penal.

- Cabe ao profissional responsável pela


descrição fornecer as informações com a
maior precisão possível.
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LIMITES DE ATTERBERG

História:

Foi definido por Atterberg em 1908 para a utilização em cerâmica .


Posteriormente, Arthur Casagrande que utiliza um aparelho de sua própria autoria,
apresentou uma padronização para a forma de se proceder nos ensaios, retirando a
influência do operador nos resultados e propondo a utilização destes limites na Mecânica
de Solos.

Aplicações:

Avaliações de solo para uso em fundações; Construções de estradas; Estruturas para


armazenamento e retenção de água; Classificação de Solos.
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LL é o teor de umidade que separa o estado de consistência líquido do plástico e para o


qual o solo apresenta uma pequena resistência ao cisalhamento.

LL é o teor em água acima do qual o solo adquire o comportamento de um líquido.

É determinado por umidade através do aparelho de Casagrande.


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LP é o teor de umidade abaixo do qual o solo passa do estado plástico para o estado
semi-sólido, ou seja ele perde a capacidade de ser moldado e passa a ficar quebradiço.

Consiste em se determinar a umidade do solo quando uma amostra começa a fraturar ao


ser moldada com a mão sobre uma placa de vidro, na forma de um cilindro com cerca de
10 cm de comprimento e 3 mm de diâmetro.
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Cálculos

Para o cálculo do teor de umidade (w) usa-se a seguinte relação: w (%) =


(Peso de água/Peso do solo seco)x100.

Resultados

- Limite de Liquidez: Com os pares de valores (número de golpes, teor de umidade)


constrói-se um gráfico relacionando teores de umidade, em escala aritmética (nas
ordenadas) com o número de golpes em escala logarítmica (nas abscissas).

- O teor de umidade correspondente a 25 golpes, obtido por interpolação


linear é o (wL).
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- Limite de Plasticidade: A média dos valores de umidade encontrados é o (wP).


Obs: Os valores de umidade não devem diferir da média em mais de 5%
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