Karen Horney
Karen Horney
Karen Horney
Psicanálise interpessoal
Danielson e seu irmão mais velho, Bernet (que mais tarde se tornou advogado), eram
submetidos a uma disciplina rígida por seu tirânico pai luterano quando ele estava em
casa, depois de suas longas viagens marítimas desde o cabo Horn até a costa do Pacífico
da América do Sul e Central. (p.179)
Em 1906 ela entrou na Universidade de Freiburg, onde estudou medicina numa classe
de 58 mulheres e 2292 homens. (p.179)
Casou-se com um dos seus assíduos companheiros, Oskar Horney, em 1909. (179)
Karen Horney foi paciente do famoso analista freudiano Karl Abraham (179)
Horney estava padecendo de depressão, fadiga e insatisfação com seu casamento, o que
ela expressou tendo um caso com um amigo de seu marido. (179)
A exigência de combinar uma formação médica com uma vida familiar sem muito
incentivo por parte do marido também exigia trabalho. (179)
Além das sessões de análise ela manteve nessa época um diário pessoal, como fizera
nos anos anteriores. (179)
Depois de se formar em psiquiatria, em 1915, ousou proferir conferências sobre a
controversa teoria freudiana e defendê-la contra os críticos, entre os quais – interessante
notar – estavam Adler e Jung. (180)
Freud a acusou de uma análise inadequada, dizendo que ela não aceitava sua própria
inveja do pênis. (180)
Horney tenha aceitado um convite para se tornar diretora associada de um novo Instituto
de Psicanálise em Chicago, sob a direção de Franz Alexander, em 1932. (180)
Em 1941 a Sociedade Psicanalítica de Nova Iorque votou pela sua remoção do cargo de
professora e supervisora clínica e rebaixou-a para a posição de instrutora. (180)
Horney e seus discípulos logo formaram uma nova organização, a Associação para o
Avanço da Psicanálise, e fundaram o American Journal of Psychoanalysis. (180)
Durante a Lei Seca, pelo menos uma vez ele “batizou”um ponche, prescrevendo para si
mesma álcool “medicinal”. Gostava de se relacionar com os homens e teve vários casos.
(181)
Psicanálise interpessoal
(...) Nos casos ideais l, o bebê sente que é amado é protegido pelos pais e, portando, está
seguro. Em circunstâncias menos ideias sente-se intensamente vulnerável. (183)
(...) “o sentimento que uma criança tem de estar isolada e desamparada num mondo
potencialmente hostil”. (184)
A negligência e a rejeição dos pais provocaram raiva na criança, condição essa que
Horney denominou hostilidade básica. (184)
(...) três opções disponíveis: acentuar a dependência e aproximar-se dos pais, acentuar a
hostilidade e voltar-se contra eles ou desistir da relação e afastar-se. (184)
(...) Essa escolha torna-se a orientação interpessoal característica de cada pessoa. (185)
(...) uma pessoa saudável deveria ser capaz de aproximar-se dos outros, voltar-se contra
eles ou afastar-se deles, escolhendo de modo flexível a estratégia que mais bem se
comporte em uma circunstância particular. (185)
(...) É bastante improvável, por exemplo, que a criança pequena que nunca pôde se
expressar qualquer crítica aos pais seja capaz de competir plenamente com os outros na
vida adulta. (185)
(...) os neuróticos que enfatizam o aproximar-se das pessoas estão adotando a solução de
auto-anulação para o conflito neurótico, procuarando amor e minimizando qualquer
necessidade aparentemente egoísta que pudesse interferir no fato de ser amado. (...)
enfatizam o voltar-se contra as pessoas estão adotando a solução expansiva para o
conflito neurótico, procurando dominar mesmo que isso impedisse relacionamentos
mais próximos com os outros. (...) enfatizam o afastar-se das pessoas adotando a
solução de resignação, buscando a liberdade mesmo à custa dos relacionamentos e da
auto-realização. (185)
Para ser amada, a pessoa fará de tudo para ser benquista pelos outros. (186)
(...) exige pouco dos outros (...) fazendo-se de “coitadinho”, o que ressalta o sentimento
de desamparo. (...) auto-estima baixa. (...) A repressão da hostilidade pode resultar em
sintomas físicos como dores de cabeça e problemas estomacais.
(...)enfatizar o domínio de tarefas e o poder sobre os outros. (...) tipos agressivos (...)
“Se tenho poder, ninguém pode me machucar” (...) dominando os outros. (...) buscando
por meio de vitórias competitivas. O prestígio protege da humilhação; os outros é que
são humilhados, enquanto o indivíduo agressivo procura reconhecimento e admiração.
(...) Horney notava que os homens tendem mais que as mulheres a adotar essa
estratégia, o que é compatível com a dificuldade, sentida por muitas mulheres, de galgar
postos de trabalho nas empresas.
Uma terceira estratégia para resolver os conflitos da infância é condensada pela raposa
da fábula do Esopo que não conseguia alcançar as uvas penduradas acima de sua
cabeça. (...) a raposa acabou desistindo e, para não ficar frustrada, disse para si mesma
que as uvas deveriam estar verdes. (...) “se virar” sem os outros , tendo desistido de
resolver o problema da ansiedade básica por meio do amor e do poder. (...) “Se eu
recuar, nada poderá me machucar”. (187)
Para resolver os conflitos relacionados com a ansiedade básica, o indivíduo adota vários
mecanismos de defesa. (190)
Uma pessoa que oculta a hostilidade irá, por um lado, enfatizar o desamparo e voltar-se
de forma dependente para os outros.
Uma pessoa que oculta o desamparo irá enfatizar a hostilidade e voltar-se de forma
irada contra as outras pessoas.
Descrever tudo o que realmente somos num determinado momento, tanto os neuróticos
como as pessoas saudáveis – o eu de fato.
Alienação do eu real
Como resultado da ansiedade básica, a pessoa passa a acreditar, não raro
inconscientemente, que é inadequada.
A criança passa a ter uma auto-estima baixa, achando que seu eu real é desprezível.
Essa alienação produz a neurose.
“se eu impressionar as pessoas com minhas realizações e meu poder, elas não
conseguirão me ferir e até me admirarão”
A opção mais sadia é afastar-se do falso orgulho e aceitar a “banalidade” de seu próprio
eu real.
Externalização
Embora não promova o crescimento, essa estratégia reduz a ansiedade, ao menos
durante certo tempo.
Projeção
A externalização pode incluir ainda, além dos impulsos, nossos sentimentos não-
reconhecidos.
O desdém que sentem por si mesmos, pensando que os outros os desprezam (projeção
do impulso) ou desprezando os outros (deslocamento do objeto de desdém).
Obliterações
Em geral as pessoas não têm consciência de aspectos de seu comportamento que são
escandalosamente incompatíveis com sua auto-imagem idealizada.
Compartimentalização
Racionalização
Autocontrole excessivo
Impede as pessoas de serem esmagadas por uma série de emoções, como " entusiasmo,
excitação sexual, autopiedade e ódio"
As pessoas que utilizam esse mecanismo de defesa costumam evitar o álcool porque
este poderia desinibi-las. (194)
Certeza arbitrária
"Constitui uma tentativa de acalmar os conflitos de uma vez por todas declarando-se
arbitrária e dogmaticamente que se está sempre com a razão.
Esquivança
É oposto da certeza arbitrária. Essas pessoas não se comprometem com nenhuma
opinião ou ação porque "não estabeleceram uma imagem idealizada definida"
Cinismo
Aceitam conscientemente os valores da sociedade, mas não vivem de acordo com eles.
Os pais negligentes tem filhos com maiores dificuldades. Os pais autoritários, que
fornecem tanto orientação como aceitação, criam filhos mais bem ajustados.
Aceitava o determinismo biológico num grau maior do que algumas críticas feministas
desejariam.
Na sua época, uma mulher que sacrificasse sua própria carreira pela do marido era
considerada "normal", mesmo se a esposa fosse mais bem dotada.
Dizia que o conflito sexual estava se tornando menos importante como fonte de
ansiedade nos tempos em que escrevia do que alguns anos antes...
O conflito entre competitividade e amor mais importante.
Papéis de gênero
Embora seja a biologia que determina o sexo (masculino ou feminino), é a cultura que
define os traços e comportamentos aceitos para homens e mulheres.
Realização
O termo medo do sucesso foi usado originalmente por Karen Horney, para quem isso
pode provir de um conflito entre competição e necessidade de afeto. (199)
Uma mulher motivada pelo medo do sucesso pode achar que se tiver sucesso perderá os
amigos.
Dominação cultural
Horney achava que era a cultura, e não a anatomia, a força importante que estava por
trás da "inveja do pênis" postulada por Freud. As mulheres invejam mais o poder e o
privilégio que os seres humanos dotados de pênis tem do que o próprio pênis.
Afirmava que os homens sentem uma inveja do útero igualmente importante, em virtude
da qual se sentem inferiores entre a capacidade reprodutiva das mulheres.
O que as mulheres podem ter que poderia competir com a dominação e a realização dos
papéis sociais dos homens? Um primeiro candidato seria a maior capacidade de vínculo
interpessoal das mulheres.
Márcia Westkott argumenta que a valorização dos relacionamentos por parte das
mulheres adota muitas vezes a forma de um eu idealizado, capaz de prover com
desprendimento.
Terapia (201)
Reconhecia que as psicoterapias mais breves podem ter algum sucesso, mas não para as
neuroses.
Por vezes o foco no presente é mais apto para produzir mudanças, pois os pacientes
podem tentar evitar o confronto com seus conflitos neuróticos por meio de um interesse
exagerado pelas origens passadas e infantis destes.
É inevitável que a imagem idealizada do paciente seja contrariada; mas isso tem de ser
feito com cuidado e lentamente, pois constitui a base da personalidade, ferida mas não
destruída, que o paciente traz para a análise.
Horney acreditava que alguns progressos no sentido de uma saúde melhor podiam ser
conseguidos pelo trabalho da própria pessoa. Isso seria particularmente viável, segundo
ela, nos intervalos entre o fim de uma análise e o começo de outra.
Os ganhos secundários das tendências neuróticas podem ser satisfatórios demais para
ceder prontamente à análise.
Muitas das idéias de Horney constituem a base dos conceitos desenvolvidos mais tardes
pelos psicólogos humanistas.