Introduçao Ao Direito
Introduçao Ao Direito
Introduçao Ao Direito
2005/2006
1 – A PROBLEMÁTICA DA ORDEM SOCIAL
4 – A COMUNIDADE INTERNACIONAL
5 – AS FONTES DO DIREITO
São os modos e processos de formação e revelação das normas jurídicas. São a lei, a
jurisprudência, a doutrina e o costume.
Fontes imediatas do Direito – têm força vinculativa própria e são os verdadeiros
modos de produção do Direito. Apenas a lei é considerada fonte imediata.
Fontes mediatas do Direito – não possuem força vinculativa própria, mas
desempenham um importante papel no processo de formação e revelação das normas
jurídicas.
Resultados da interpretação:
- Interpretação declarativa – o sentido fixado pelo intérprete coincide com o significado
literal da norma. Diz-se que a letra coincide com o espírito da lei.
- Interpretação extensiva – a letra da lei fica aquém do seu espírito, o legislador disse
menos do que pretendia – minus dixit quam voluit. É necessário alargar o texto legal.
- Interpretação restritiva – a letra vai além do espírito da lei, tendo o intérprete de
restringir o texto legal.
Integração da Lei
Existe uma lacuna jurídica (caso omisso) quando uma determinada situação,
merecedora de tutela jurídica, não se encontra prevista na lei. Torna-se, assim,
necessário proceder à chamada integração das lacunas – a procura de uma solução
jurídica para os casos omissos.
Poder-se-ão recorrer a duas técnicas principais:
Analogia – sempre que se possível, recorre-se à aplicação no caso omisso da norma
reguladora de qualquer caso análogo. Não poderá ser aplicada em determinados casos,
do Direito Penal, Fiscal, etc.
Artigo 10º, nº 3 do Código Civil – na falta de um caso análogo, este artigo do CC
enuncia que a situação deverá ser resolvida com base na norma que o próprio intérprete
criaria, caso tivesse de legislar dentro do espírito do sistema.
5.2 – O Costume
Fonte mediata de Direito, que se forma espontaneamente em qualquer sociedade. É
também conhecido por Direito Consuetudinário. Para se verificar a existência de
costume, haverão duas condições:
- corpus – prática constante, ou uso.
- animus – convicção da sua obrigatoriedade.
Poderemos, assim, definir costume como um prática constante social, acrescida da
convicção da sua obrigatoriedade.
5.3 – A Jurisprudência
É a orientação geral seguida pelos tribunais no julgamento dos casos concretos da vida
social, assim como as decisões por estes tomadas nos litígios que lhes são submetidos.
Estas decisões chamar-se-ão sentenças, se proferidas por um tribunal singular, ou
acórdãos (tribunal colectivo). Nalguns casos, como nos países da common law (EUA,
Reino Unido, etc.), estas decisões poderão ter carácter vinculativo fora dos casos a que
se reportam, podendo assim a Jurisprudência ser considerada fonte imediata de Direito.
O mesmo não se aplica, no entanto, a Portugal, onde as decisões dos juízes não valem
fora dos casos específicos a que se reportam. Apesar de não ser fonte imediata,
desempenha uma importante função na formação de uma consciência jurídica geral.
5.4 – A Doutrina
Compreende as opiniões e pareceres de jurisconsultos e outros especialistas. Consiste
em artigos, monografias, etc. Será uma fonte mediata, dado que contribui de forma
extremamente relevante para a formação do Direito, para a sua actualização e
aperfeiçoamento.
6 – O PROBLEMA DA INCONSTITUCIONALIDADE
Por acção – é positiva e directa. Traduz-se numa acção do poder político contrária às
normas constitucionais. Poderá ser material (quando se refere a uma acção que violou
claramente uma norma), formal (quando um acto não está revestido de todas as
necessárias formalidades) ou orgânica (quando um acto é emanado de um órgão do
poder político sem competência para tal).
Por omissão – é negativa e indirecta. Resulta da inacção do poder político, quando
incumbido de levar a cabo determinadas tarefas pela CRP.
Fiscalização da Constitucionalidade
Poderá ser levada a cabo por órgãos políticos ou jurisdicionais. Pode ser:
- Preventiva – prevêem as entidades que podem requerer ao TC antes da promulgação,
ratificação ou assinatura de qualquer diploma.
- Concreta (sob a forma de recursos dirigidos ao TC por tribunais)
- Abstracta – prevêem as entidades que podem requerer ao TC relativamente a normas
já em vigor.
Tribunal Constitucional – único órgão do Estado com poderes para declarar a
inconstitucionalidade.
Efeitos jurídicos da inconstitucionalidade:
- Inexistência jurídica – vício grave que implica a não produção de quaisquer efeitos
jurídicos (falta de promulgação, por ex.)
- Invalidade – verifica-se quando é desrespeitada uma regra sobre a produção judicial,
podendo revestir a lei de nulidade (lei não produz quaisquer efeitos) ou anulabilidade
(Lei produz efeitos, apenas deixando de o fazer quando for declarada inconstitucional)
- Ineficácia jurídica – os órgãos com competência para aplicar as normas jurídicas não
as aplicam aos casos concretos que vão surgindo.
7 – A RELAÇÃO JURÍDICA
Poderá ser definida de duas formas:
Num sentido amplo – qualquer relação da vida social tutelada e regulada pelo Direito.
Num sentido restrito – relação da vida social disciplinada pelo Direito, mediante a
atribuição a um sujeito de um direito subjectivo e a imposição a outro de um dever
jurídico ou sujeição.
Direito Subjectivo – conferido ao sujeito activo da relação jurídica. É um poder ou
faculdade, atribuídos ao titular de um direito objectivo, de exigir ou pretender
determinado comportamento activo (acção) ou passivo (omissão) do titular de um dever
jurídico ou de uma sujeição . Ou ainda de, por livre vontade, só per si ou integrado num
acto da autoridade pública, produzir efeitos jurídicos inevitáveis na esfera jurídica alheia
(no caso de um Direito subjectivo potestativo). O Direito subjectivo, normalmente,
implicará a liberdade de actuação. Caso o titular de um direito subjectivo seja forçado a
levar a cabo determinadas acções, estamos perante poderes-deveres.
Dever jurídico – necessidade de realizar o comportamento a que tem direito o titular
activo da relação jurídica. É detido pelo titular passivo da relação.
Os direitos potestativos poderão ser constitutivos, modificativos ou extintivos,
consoante se referem à constituição, modificação ou extinção de uma sujeição.
8.1 – O Sujeito
São as entidades susceptíveis de serem titulares de relações jurídicas. Poderão ser
pessoas singulares ou colectivas, consoante se trate de indivíduos ou organizações. Ao
conceito de sujeito da relação jurídica encontra-se a já abordada definição de
personalidade jurídica (capacidade para se ser titular de relações jurídicas, isto é, de
direitos ou obrigações). Este será, no entanto, um conceito qualitativo, exprimindo uma
qualidade detida por essa pessoa. É completado por um outro conceito, já de carácter
quantitativo – a capacidade jurídica.
Capacidade jurídica ou de gozo – aptidão para ser titular de um círculo maior ou
menor de relações jurídicas. Esta definição, apesar de se referir à capacidade de gozo
dos sujeitos, não se refere à sua capacidade ou incapacidade de exercer os direitos que
gozam.
Capacidade de exercício – capacidade de agir, medida de direitos e vinculações que a
pessoa pode exercer ou cumprir por si, pessoal e livremente.
Estes conceitos diferem entre si por via da incapacidade de exercício – a incapacidade
de se exercer uma série de direitos dos quais uma pessoal é titular.
Incapacidades de exercício
Menoridade – detida pelos menores de 18 anos, não emancipados. É suprida por via da
representação legal (pai ou tutor), sendo quaisquer negócios jurídicos realizados
anuláveis por esse representante legal.
Interdição – é a mais grave incapacidade de exercício. Resulta de grave deficiência
psíquica ou física, incapacitando-a de administrar o seu património de forma clara e
racional. É extremamente semelhante à menoridade, sendo suprida por representação
8.2 – O Objecto
É tudo aquilo sobre o qual recaem os poderes do titular activo da relação jurídica. Será,
normalmente, o objecto do direito subjectivo por ele detido.
Objecto imediato – quando os poderes do titular activo incidem directamente sobre o
bem (ex: tenho direito aos meus livros).
Objecto mediato – quando os poderes do titular activo incidem directamente sobre o
bem (ex: tenho direito à entrega do livro que emprestei).
Os objectos poderão ser:
Pessoas – no caso dos poderes-devers, como é o caso da paternidade.
Prestações – dizem respeito á conduta a que o devedor está obrigado. Um exemplo são
os direitos de crédito. Quase todos os objectos mediatos envolvem, também, prestações.
Coisas corpóreas – coisas físicas, que podem ser apreendidas pelos sentidos.
Coisas incorpóreas – concebidos apenas pelo espírito, são essencialmente bens
intelectuais como direitos de autor, etc.
9 – NOÇÃO DE ILICITUDE
A ilicitude consiste na violação de uma norma e do dever jurídico que ela impõe. A sua
natureza poderá ser:
Civil – actos ilícitos civis violam normas de Direito Privado, atingindo interesses
particulares e dando lugar a sanções civis. Desencadeia a responsabilidade civil, à qual
está subjacente a ideia da reparação patrimonial de um dano privado.
Criminal – violam normas do Direito Penal, atingindo valores inerentes à vida em
sociedade, originando sanções criminais. Violam os interesses da colectividade,
desencadeando responsabilidade penal ou criminal.
Ilícito disciplinar – quando um funcionário ou agente integrado em certa organização
viola regras que disciplinam o funcionamento dessa organização. Desencadeia a
responsabilidade disciplinar e incorre na aplicação de sanções disciplinares.
Ilícito de mera ordenação social – consistirá no desrespeito de regras que visam
proteger valores colectivos de segunda importância. Ao contrário dos ilícitos criminais,
que assentam na prática de crimes, os ilícitos de mera ordenação social basear-se-ão na
prática de contra-ordenações, sendo sancionadas por coimas (sempre forma pecuniária).
Ilícito intencional/meramente culposo – como já vimos na análise dos diferentes
factos jurídicos ilícitos, dever-se-ão distinguir os ilícitos intencionais, onde houve
realmente intenção de fazer mal e prejudicar (delitos), daqueles onde não houve dolo
(meramente culposos – quase-delitos).