O Estilo Emocional Do Seu Cérebro - Resumo

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O Estilo Emocional do Cérebro


Como o Funcionamento Cerebral Afeta a Sua Maneira de Pensar,
Sentir e Viver
Richard J. Davidson e Sharon BegleyPlume, 2012 
O neurologista Richard Davidson e a escritora Sharon Begley explicam como
funciona a fascinante teoria do estilo emocional, desenvolvida por Davidson ao
longo de 35 anos de meticulosa investigação. Eles reduzem os perfis psicológicos
em seis dimensões que compõem o perfil emocional de cada indivíduo. Os
autores baseiam essas dimensões em comportamentos neurológicos, ou padrões
específicos do cérebro que podem ser alterados através do treinamento mental.
Por exemplo, se você não aguenta mais ser pessimista, o treinamento mental
pode ajudá-lo a alterar deliberadamente a sua atitude, deixando-a mais próxima
do limite positivo do espectro. Vários testes ajudam você a descobrir o seu estilo
emocional e decidir o que fazer com ele. A getAbstract recomenda este livro
interessante a quem deseja entender os fatores que afetam a estrutura e a
personalidade emocional.

Ideias Fundamentais

 As seis emoções básicas dos seres humanos estão relacionadas a padrões


cerebrais específicos e associadas diretamente aos movimentos faciais.
 O seu estilo emocional tem seis dimensões: Resiliência, Atitude, Intuição Social,
Autopercepção, Sensibilidade ao Contexto e Atenção.
 Os neurologistas são capazes de associar estas seis dimensões a padrões
específicos do cérebro, os quais são únicos e singulares em cada pessoa.
 Os estímulos internos e externos podem afetar os padrões da atividade cerebral.
 As emoções negativas produzem atividade na região frontal direita do cérebro,
enquanto que as emoções positivas aumentam a atividade na região frontal esquerda.
 As pessoas ativam ou desativam traços genéticos de acordo com o ambiente
externo.
 A ansiedade, o estresse, a depressão e outras emoções negativas causam danos
físicos; novas pesquisas incidem sobre os benefícios físicos das emoções positivas.
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 Estudos confirmam uma conexão entre cérebro e corpo com base no estilo
emocional.
 A descoberta da base neurológica para a emoção abre caminho para novas
alternativas terapêuticas.
 Você pode utilizar a meditação para treinar o seu cérebro, tornando-o mais
positivo e focado, alterando assim o seu estilo emocional sem a necessidade de
medicamentos.

Resumo

A Base Cerebral para a Emoção

O estilo emocional de cada pessoa é único, como são as impressões digitais. O


seu estilo determina como você reage diante das circunstâncias da vida.
Desenvolver áreas de especialização através da repetição, como tocar piano ou
dirigir um taxi pelas ruas de uma cidade, aumenta a atividade e os padrões nas
áreas correspondentes do cérebro. Este aumento ocorre também quando você
pratica as suas habilidades virtualmente, porque o cérebro responde
aos inputs tanto do mundo externo como do interno. É possível pensar
virtualmente e alterar o seu estilo emocional através de esforços intencionais.

“O estilo emocional é governado por circuitos específicos e identificáveis do cérebro e


podem ser medidos através de métodos objetivos de laboratório.”
Os cientistas agora reconhecem que as emoções constituem um elemento
importante da mente. Seis emoções básicas, “felicidade, tristeza, raiva, medo,
nojo e surpresa”, geram todas as mesmas expressões faciais correspondentes em
todo o mundo. As emoções negativas se correlacionam com o aumento da
atividade na área frontal direita do cérebro, enquanto as emoções positivas com
a atividade na área frontal esquerda.

As Seis Dimensões

O estilo emocional tem seis dimensões. O comportamento individual é


constituído dentro dessas dimensões, formando o estilo único e singular de cada
pessoa. Os neurologistas são capazes de associar as dimensões a um circuito
neural específico no cérebro. Cada dimensão se manifesta em diferentes graus,
de um extremo (ou polo) a outro.

1. Resiliência – Esta mede a sua capacidade de se recuperar das adversidades,


uma capacidade que varia de pessoa para pessoa. As adversidades diferem em
força: podem ir desde uma multa de estacionamento à morte de um ente
querido. O tempo necessário para se recuperar de um incidente adverso difere
conforme o indivíduo e a gravidade do evento. Os de “recuperação lenta”
passam o dia “ruminando”, sem perceberem que ainda estão chateados com
uma discussão que tiveram pela manhã.
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2. Atitude – As pessoas otimistas, extrovertidas e positivas, que têm uma


personalidade “ensolarada”, parecem sempre felizes, não importa o que esteja
acontecendo em suas vidas. Elas procuram manter uma posição positiva no
setor da atitude, ao passo que uma pessoa melancólica que não consegue
conservar um sentimento de felicidade por muito tempo se mantém mais
próxima ao polo da atitude negativa.

3. Intuição social – Você já está de saída quando um amigo aparece e começa a


contar uma história interminável, alheio ao fato de que você está com pressa. O
seu amigo, incapaz de ler os seus sinais não-verbais, encontra-se no polo
“confuso” da dimensão “intuição social” enquanto as pessoas socialmente
intuitivas conseguem ler a linguagem corporal em um piscar de olhos e
saberiam distinguir se você deseja ou não estender a conversa.

4. Autopercepção – Algumas pessoas não estão conscientes dos seus próprios


sentimentos. Elas podem levar dias para perceberem que estão com raiva ou
frustradas e têm agido de acordo com essas emoções. Tais pessoas têm baixa
autopercepção. As pessoas com elevada autopercepção possuem uma maior
empatia, porque conseguem sentir as dores das outras pessoas. É por isso que a
enfermagem, o serviço social e outras áreas que exigem grande empatia
potencializam o esgotamento emocional.

5. Sensibilidade ao contexto – Muitos sabem qual comportamento é mais


apropriado em situações diferentes, mas alguns parecem ignorar os contextos
sociais.

6. Atenção – Você se distrai facilmente ou consegue se concentrar nas tarefas,


mesmo que a sua vida pessoal esteja uma bagunça?

“Uma das descobertas mais significativas e consistentes na medicina comportamental


é a relação entre as emoções positivas e a saúde.”
Uma vez que as emoções são baseadas na atividade do cérebro, pode ser mais
útil abordá-las segundo as seis dimensões do que categorizá-las de acordo com
os tipos de personalidade tradicionais. Por exemplo, a intuição social se origina
especificamente em uma área de pouca atividade do cérebro, o giro fusiforme,
onde também ocorre o reconhecimento facial.

A Evolução do Estilo Emocional

Estudos com gêmeos mostram que alguns traços emocionais têm uma base
sólida na genética. A timidez, a sociabilidade e a impulsividade têm bases
genéticas e correspondem a sua posição nos setores de intuição social e atenção.
Antes da década de 1990, os cientistas pensavam que os traços genéticos eram
fixos, da mesma forma que características físicas como a cor dos olhos, e não
mudariam durante a vida. Por exemplo, se você nascesse tímido, seria sempre
tímido. Mas descobertas mais recentes sobre a genética mostram que as pessoas
ativam ou desativam os traços genéticos de acordo com seus ambientes
externos. Estudos longitudinais com crianças de três a nove anos mostram que a
inibição comportamental, a base genética da timidez, não é programada em
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uma pessoa. O cérebro pode mudar. O temperamento aos três anos não dita o
temperamento nos anos posteriores.

O Estilo Emocional e a Saúde

Os estilos emocionais têm consequências fisiológicas. A medicina


comportamental estuda a forma como as emoções humanas afetam a saúde
física. Pessoas socialmente isoladas têm níveis mais altos de hormônios do
estresse e são mais suscetíveis à gripe. No entanto, forçar alguém que esteja
confortável com o isolamento social a se tornar sociável causaria mais estresse.
Esta conexão funciona nos dois sentidos: o corpo também influencia o cérebro.
As correlações entre os padrões específicos do cérebro e os efeitos fisiológicos
não foram ainda bem estudados. Uma melhor compreensão da relação corpo-
mente e o seu papel nas doenças abre portas para novos tratamentos.

“As pessoas diferem radicalmente na forma como sintonizam às sugestões sociais


não-verbais.”
A ciência tem investigado extensivamente os efeitos da raiva, ansiedade,
estresse e depressão, mas só recentemente pesquisas têm incidido sobre as
emoções positivas, explorando, por exemplo, como a alegria e a excitação
afetam a saúde.

Os pesquisadores têm acumulado rapidamente evidências de correlações fortes


entre as emoções positivas e a saúde física. Entre essas correlações, os estudos
revelam menor incidência de derrames, menores taxas de retorno de pacientes
cardíacos aos hospitais e maior sucesso com a fertilização assistida. Outro
estudo mostra que as pessoas com altos níveis de emoções positivas são mais
capazes de repelir resfriados.

“Algumas pessoas têm dificuldade em ‘sentir’ os seus sentimentos.”


Os marcadores biológicos indicam uma variedade de características físicas que
definem os estados saudáveis e não saudáveis; igualmente, alguns marcadores
indicam estilos emocionais saudáveis e não saudáveis. No entanto, o estilo
emocional de cada pessoa é único e nenhum estilo em particular é superior a
outro. Por exemplo, as grandes conquistas tecnológicas se devem,
provavelmente, grande parte às pessoas que se sentem mais confortáveis com
máquinas do que com pessoas. Da mesma forma que os números que indicam
um nível de colesterol saudável vêm mudando com o progresso do
conhecimento científico, assim também acontece com a compreensão do estilo
emocional. Você não precisa medir a função pulmonar para descobrir que não
está saudável, se lhe falta fôlego para subir algumas escadas. Se o seu estilo
emocional impede você de sentir felicidade ou alcançar seus objetivos, é hora de
tentar mudá-lo. Em alguns casos de distúrbios emocionais, a ativação
comportamental apresenta uma taxa de recidiva menor do que o tratamento
com medicação.
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Os Extremos dos Estilos Emocionais

A psiquiatria divide tradicionalmente os transtornos de personalidade e doenças


mentais em categorias, listando 365 doenças diferentes. Para obter uma melhor
abordagem ao aplicar as seis dimensões do estilo emocional para descrever os
comportamentos, utilize toda a amplitude de cada dimensão, cobrindo desde os
extremos positivos até os negativos.

“Elas têm dificuldade em avaliar as situações de forma realista e o seu excesso de


otimismo faz com que tomem decisões insensatas.”
Estudos com pacientes deprimidos revelam a presença de diferentes variedades
de depressão e cada uma delas pode responder melhor a um tratamento
diferente e especializado. Por exemplo, um grupo de pessoas deprimidas pode
apresentar evidências de recuperação lenta diante da adversidade, na dimensão
da resiliência. Isso significa que uma vez abatidas, elas sentem grande
dificuldade em mudar para um clima mais positivo. Outras podem se sentir bem
após um evento positivo, mas não conseguem sustentar essas emoções
otimistas. Os cientistas tentam conectar esses transtornos às bases neurológicas
para que possam conceber terapias, como o treinamento cognitivo, alterando
assim tais padrões. Em alguns destes casos, a ativação comportamental pode ser
uma terapia eficaz e não farmacológica. Alguns pacientes são ensinados a
identificar e buscar tarefas prazerosas e inventar desafios positivos para
derrotar os pensamentos negativos. Se você pensar, “Eu sou um fracassado”,
contra-ataque essa mensagem negativa com, por exemplo, “Eu concluí a minha
formação profissional” e outros exemplos das suas realizações tangíveis.

A Neuroplasticidade

Ao contrário do que se acreditou por décadas, estudos recentes mostram que o


cérebro é bastante plástico. O comportamento neuronal não é imutável, mas
pode ser alterado com o tempo. “O circuito da preocupação”, composto pelo
córtex órbito-frontal e pelo corpo estriado do cérebro, é ativado nas pessoas com
transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). O uso da técnica budista da
consciência plena, em que uma pessoa permanece ciente de todos os estímulos
dos seus sentidos e mente, mas sem reagir a eles, pode ajudar os pacientes com
TOC a controlarem a doença. Um paciente em um estado de preocupação
obsessiva pode dizer a si próprio: “Isso é apenas o meu circuito de
preocupação”. Desta forma, as pessoas podem alterar seus estilos emocionais
através do treinamento mental.

O Treinamento Mental

Pesquisadores utilizaram a ressonância magnética funcional (RMf) para formar


imagens dos cérebros de pessoas que se encontravam em vários estados
meditativos, a fim de descobrir como as técnicas mentais budistas apoiam as
emoções positivas e uma sensação de bem-estar. Este projeto intrigou o Dalai
Lama, o líder espiritual do budismo tibetano. Ele ajudou os pesquisadores a
localizarem monges que haviam meditado por mais de 10.000 horas. Os testes
com os monges encontraram evidências neurológicas que dão suporte aos
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ensinamentos budistas tradicionais de que a meditação promove o foco, atitude


positiva, compaixão e sensação de bem-estar.

“Os pacientes aprendem a reconhecer o seu hábito de criar catástrofes, de


transformar reveses do cotidiano em calamidades e com essas habilidades cognitivas
podem sentir tristeza e experimentar decepção sem caírem no abismo da depressão.”
Outras abordagens terapêuticas investigadas incluem a redução do estresse com
base na consciência, a qual aumenta a atividade do córtex pré-frontal esquerdo,
um marcador da emoção positiva. Os cientistas estão investigando os benefícios
da meditação da compaixão, a qual também constrói uma atitude mais positiva
e enfatiza a empatia. Nesta prática, você foca a sua atenção em uma pessoa
amada e deseja que ela se livre do sofrimento.

“O cuidado e a diligência refreiam esses hábitos mentais, aproveitando a plasticidade


do cérebro para criar novas conexões, fortalecer as antigas e enfraquecer outras.”
Talvez a sua atitude seja positiva demais e você seja incapaz de resistir às
tentações atuais, porque acredita que as coisas sempre acabem bem. Para
sustentar uma atitude positiva por um longo período de tempo, ao mesmo
tempo em que resiste à atração das gratificações instantâneas, construa
conexões neurais que sustentem a sua capacidade de planejar com
antecedência. Quando tentado por um ganho de curto prazo (comer uma fatia
de torta, por exemplo) visualize com detalhes o seu objetivo de longo prazo, que
é perder peso. Imagine uma recompensa diferente, como a compra de um par
menor de calças jeans. E não se esqueça da recompensa, quando for a hora.

“Os sistemas de atenção do cérebro podem ser treinados.”


Alterar o seu ambiente também ajuda na resiliência. Se você for lento em se
recuperar, aprenda a se afastar do local de um revés, como sair da sala onde
você acabou de ter uma briga. Para manter ou construir a sua empatia, vá a
lugares onde acontecem coisas boas.

Para aprimorar a sua intuição social, observe as pessoas em atitude de


meditação. Veja se as mensagens estampadas nos rostos das pessoas
correspondem ao que dizem de verdade ou ao que os seus tons de voz e
linguagem corporal deixam transparecer. É possível ativar a “terapia do bem-
estar” deslocando a sua atitude para o lado positivo. Três vezes por dia, anote
um dos seus traços pessoais positivos e observe uma característica positiva de
alguém que você conheça. Diga “muito obrigado” regularmente. Observe e
elogie as realizações das outras pessoas. Integre essas práticas na sua rotina
para manter aquilo que você já conquistou. Avalie a sua atitude semanalmente e
celebre os seus progressos.

Sobre os autores
Richard J. Davidson ensina psicologia e psiquiatria na Universidade de
Wisconsin-Madison e fundou o Center for Investigating Healthy Minds. Ele
dirige o W.M. Keck Laboratory for Functional Brain Imaging and
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Behavior. Sharon Begley é correspondente sênior da Reuters nas áreas de


ciências e saúde e é autora do livro Treine a Mente, Mude o Cérebro.

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