Psicopatologia Na Infância e Na Adolescência
Psicopatologia Na Infância e Na Adolescência
Psicopatologia Na Infância e Na Adolescência
Desenvolvimento Infantil 14
Desenvolvimento afetivo 15
Desenvolvimento cognitivo 15
Desenvolvimento físico 16
Desenvolvimento social 16
Transtornos de ansiedade 28
Transtornos Menores 41
Distúrbios do sono 43
Transtornos do neurodesenvolvimento 57
Tipos de TDAH 90
Quadros clássicos 96
Tratamento 139
Referências 145
Psicopatologia: Definições e conceitos
1. Processos somáticos;
Sims (2001) distingue ainda que a Psicopatologia descritiva consiste por duas
partes distintas: a observação do comportamento e a avaliação empática da
experiência subjetiva. A observação acurada é extremamente importante e um
exercício muito mais útil do que simplesmente contar os sintomas; às vezes o uso
servil de listas de sintomas, para a verificação de sua presença ou ausência, tem
impedido a observação clinica genuína.
A objetividade é crucial, além da necessidade de observar mais do que
apenas o comportamento. A outra parte da Psicopatologia descritiva avalia a
experiência subjetiva através da empatia como termo psiquiátrico, que significa
literalmente "sentir-se como".
A Psicopatologia refere-se tanto ao estudo dos estados mentais patológicos,
quanto às manifestações comportamentais, ou experiências que possam indicar um
estado mental patológico (ou psicologicamente anormal). Percebe-se, entretanto,
que a sua principal preocupação está direcionada com a doença da mente.
Revela-se por isso, um tema vasto a partir do momento em que se defronta com
questões subjetivas, como por exemplo: o que é considerado doença? Qual a
definição exata de um comportamento atípico? O que é um estado mental
patológico? Além disso, a Psicopatologia está diretamente ligada com diferentes
áreas do conhecimento, sobretudo, com a Psicologia, Psicanálise, Neurologia e
Psiquiatria.
Dessa forma, devido aos muitos discursos que ela abrange demonstra uma
grande dificuldade de coesão teórica.
Bases da psiquiatria infantil
Desenvolvimento afetivo
Desenvolvimento cognitivo
Desenvolvimento físico
Desenvolvimento social
Sensório-motor: 0 a 2 anos
Pré-operatório: 2 a 7 anos
Esse é o período onde ocorrem representações da realidade dos próprios
pensamentos. Nessa fase, algumas vezes a criança não tem a real percepção dos
acontecimentos, mas sim a sua própria interpretação. Ao observar um copo fino e
alto e um copo baixo e largo que comportam a mesma quantidade, por exemplo, a
criança acredita que o copo alto comporte uma quantidade maior. Durante esse
período também é possível notar uma fase bastante acentuada do egocentrismo e a
necessidade de dar vida às coisas. É a fase dos “porquês” e da exploração da
imaginação, ou seja, do dito faz de conta
Transtornos de ansiedade
Tratamento
A abordagem psicoterápica pode ser das mais diversas modalidades, não se
tendo estudos comprovando a relativa eficácia entre elas até o momento. A terapia
cognitivo-comportamental consiste basicamente em provocar uma mudança na
maneira alterada de perceber e raciocinar sobre o ambiente e especificamente
sobre o que causa a ansiedade (terapia cognitiva) e mudanças no comportamento
ansioso (terapia comportamental).
Esse método pode ter eficácia duradoura sobre os transtornos ansiosos em
geral. Os pais participam ativamente dessa terapia com crianças, ao contrário do
que é feito com adultos com o mesmo transtorno. No caso clínico citado como
exemplo, seria feito um acordo com a criança e seus pais de que as perguntas
exageradas não receberiam resposta, com reasseguramento à criança da
necessidade disto para diminuir seu sofrimento.
Nesse método, parte-se do pressuposto que quanto mais atenção se der a
esse comportamento alterado (respostas tranquilizadoras ou agressivas na tentativa
de controlar a ansiedade da criança) maior a chance de reforçá-lo e ampliá-lo; ao
contrário, mantendo-se a calma e retirando-se a atenção do comportamento
ansioso, ele tende a se extinguir.
O TAG tem recebido pouca atenção dos pesquisadores em
psicofarmacologia pediátrica. Em estudos abertos, observou-se melhora significativa
dos sintomas, tanto com o uso de fluoxetina, como de buspirona. Pouco se sabe a
respeito de benzodiazepínicos para TAG na infância; alguns autores recomendam o
seu uso quando não há resposta a tratamentos psicoterápicos.
Fobias específicas
Fobias específicas são definidas pela presença de medo excessivo e
persistente relacionado a um determinado objeto ou situação, que não seja situação
de exposição pública ou medo de ter um ataque de pânico.
Diante do estímulo fóbico, a criança procura correr para perto de um dos pais
ou de alguém que a faça se sentir protegida e pode apresentar reações de choro,
desespero, imobilidade, agitação psicomotora ou até mesmo um ataque de pânico.
Os medos mais comuns na infância são de pequenos animais, injeções, escuridão,
altura e ruídos intensos.
As fobias específicas são diferenciadas dos medos normais da infância por
constituírem uma reação excessiva e desadaptativa, que foge do controle do
indivíduo, leva a reações de fuga, é persistente e causa comprometimento no
funcionamento da criança.
Tratamento
Para fobias específicas, o tratamento mais utilizado tem sido a terapia
comportamental, de acordo com a prática clínica. Apesar de amplamente utilizada,
há muito poucas publicações sobre sua eficácia através de estudos controlados,
com amostras de tamanho razoável, com procedimento diagnóstico padronizado e
seguimento sistemático da evolução.
Resumidamente, as técnicas utilizadas requerem exposição da criança ao
estímulo fóbico de maneira a produzir a extinção da reação exagerada de medo. A
técnica que tem sido mais empregada é a de dessensibilização progressiva
(programa de exposição gradual ao estímulo) de acordo com uma lista hierárquica
das situações ou objetos temidos.
Tratamentos baseados na exposição, com frequência se acompanham da
combinação com outras técnicas cognitivo-comportamentais ("modelagem" ¾
técnica com demonstração prática pelo terapeuta e imitação pelo paciente durante a
sessão; manejo de contingências ¾ identificação e modificação de situações
relacionadas ao estímulo fóbico, que não o próprio estímulo; procedimentos de
autocontrole e relaxamento).
O tratamento farmacológico das fobias específicas não tem sido utilizado na
prática clínica e são poucos os estudos sobre o uso de medicações nesses
transtornos.
Fobia social
Da mesma forma que se observa em adultos, o medo persistente e intenso
de situações onde a pessoa julga estar exposta à avaliação de outros, ou se
comportar de maneira humilhante ou vergonhosa, caracteriza o diagnóstico de fobia
social em crianças e adolescentes. Em jovens, a ansiedade pode ser expressa por
choro, "acessos de raiva" ou afastamento de situações sociais nas quais haja
pessoas não familiares.
Crianças com fobia social relatam desconforto em inúmeras situações: falar
em sala de aula, comer na cantina próximo a outras crianças, ir a festas, escrever
na frente de outros colegas, usar banheiros públicos, dirigir a palavra a figuras de
autoridade como professores e treinadores, além de conversas/brincadeiras com
outras crianças.
Nessas situações, comumente há a presença de sintomas físicos como:
palpitações, tremores, calafrios e calores súbitos, sudorese e náusea. A depressão
é uma comorbidade frequente em crianças e adolescentes com fobia social.
Tratamento
Uma série de procedimentos cognitivo-comportamentais têm sido descritos
para o tratamento de medo de situações sociais ou de isolamento social em
crianças.
O tratamento cognitivo da ansiedade social foca inicialmente na modificação
de pensamentos mal adaptados que parecem contribuir para o comportamento de
evitação social. Auto diálogos negativos são comuns em crianças com ansiedade
social (ex. "todo mundo vai olhar para mim"; "e se eu fizer alguma coisa errada?"). O
tratamento comportamental baseia-se na exposição gradual à situação temida (ex.
"uma criança incapaz de comer na cantina da escola por se sentir mal e ter medo de
vomitar perto de outras crianças, tem como tarefa de exposição a permanência
diária na cantina por períodos cada vez maiores, inicialmente sem comer e
gradualmente comprando algum lanche e comendo próximo a seus colegas").
Os procedimentos dessa intervenção em crianças e adolescentes segue os
mesmos princípios do tratamento de adultos, com exceção da graduação da
exposição aos estímulos temidos, a qual deve ser planejada com um maior número
de etapas. Até o momento, não há estudos de tratamento não medicamentoso
controlados em crianças diagnosticadas com fobia social.
Relatos iniciais indicam que o benzodiazepínico alprazolam pode ser útil na
redução de evitação de situações sociais em crianças com fobia social.
Tratamento
Existe alguma evidência sobre a eficácia da abordagem cognitivo
comportamental e da psicoterapia dinâmica breve no TEPT em crianças e
adolescentes, porém com poucos estudos a respeito, em geral relatos de caso.
Transtorno obsessivo-compulsivo
Estudos de gêmeos
O método de estudo de gêmeos consiste em comparar o número de pares de
gêmeos monozigóticos (MZ) nos quais os dois indivíduos são afetados pela mesma
doença com o número de pares de gêmeos dizigóticos (DZ) em que os dois
indivíduos são afetados.
O material genético dos gêmeos MZ é idêntico. Portanto diferenças entre os
indivíduos são devidas a mutações genéticas ou a diferentes influências ambientais
ou de desenvolvimento. Gêmeos DZ têm a mesma proximidade genética
apresentada por irmãos nascidos em épocas diferentes.
As diferenças entre esses indivíduos são atribuídas tanto a fatores genéticos
quanto a fatores ambientais. Numa revisão da literatura realizada por Rasmussen e
Tsuang, foi encontrada uma concordância de 63% de TOC em 51 pares de gêmeos
MZ. A taxa de concordância de TOC entre gêmeos DZ é de aproximadamente 22%.
Em um estudo onde se ampliou o diagnóstico englobando-se TOC e
pacientes com sintomas obsessivos e compulsivos que não preenchiam critérios
diagnósticos para TOC, foi observada uma taxa de concordância de 87% para
gêmeos MZ contra 47% para gêmeos DZ.
Estudos de famílias
Transtornos Menores
Alterações de sono
Distúrbios do sono
Insônia
Enurese noturna
Parassonias
Narcolepsia
Sono e epilepsia
O gene FMR1 codifica a proteína FMRP, que se liga ao RNAm, e sua ação
reguladora da transcrição-tradução é importante na maturação e função das
sinapses. Em indivíduos normais, as repetições CGG possuem de 6 a 54 unidades,
enquanto aqueles com a síndrome exibem uma expansão acima de 200 unidades,
constituindo a mutação plena.
Um número de repetições CGG maior do que 200 resulta em hipermetilação
do segmento, silenciando a transcrição do gene FMR1 - portanto, a proteína FMRP
está ausente. Os indivíduos com 55 a 200 repetições são considerados portadores
da pré-mutação, a qual é instável e tende a expandir-se durante a primeira divisão
meiótica feminina.
Camundongos que tiveram o gene FMR1 nocauteado apresentaram
macroorquidia e déficits do aprendizado e da memória, simulando o fenótipo
humano. Estudos patológicos em pacientes com a síndrome do X-frágil e em
camundongos modificados geneticamente observaram espinhas dendríticas
anormais, fortalecendo o conceito de que a disgenesia das espinhas dendríticas
está associada ao RM.
A inativação de um dos dois alelos de cada gene do cromossomo X que
ocorre no início do período embrionário nas meninas gera duas populações
celulares. Este mecanismo genético é responsável pela ampla variabilidade do
fenótipo das doenças recessivas ligadas ao X nas meninas heterozigóticas, uma vez
que a inativação do alelo mutante se dá em proporções aleatórias. No caso da
síndrome do X-frágil, as meninas portadoras da mutação tendem a apresentar
manifestações clínicas mais leves.
Síndrome de Down
Infecções congênitas
Síndromes neurocutâneas
Más-formações cerebrais
Desnutrição protéico-calórica
Diagnóstico
Quadro clínico
Critérios diagnósticos
Tipos de TDAH
Comorbidade
Tratamento
Quadros clássicos
Depressão
Causas da depressão:
● Histórico familiar;
● Transtornos psiquiátricos correlatos;
● Estresse crônico;
● Ansiedade crônica;
● Disfunções hormonais;
● Dependência de álcool e drogas ilícitas;
● Traumas psicológicos;
● Doenças cardiovasculares, endocrinológicas, neurológicas, neoplasias entre
outras;
● Conflitos conjugais;
● Mudança brusca de condições financeiras e desemprego.
Sintomas da depressão
Diagnóstico
Prevenção
Características Clínicas
Epidemiologia
Estudos genéticos
Estudos bioquímicos
Tipos de Esquizofrenia
Subtipos de esquizofrenia
Pode ser difícil saber como lidar com mudanças comportamentais vagas. O
professor ou outro profissional da escola pode alertar para mudanças no
comportamento da criança.
Procurar aconselhamento médico se a criança:
● Tiver atrasos de desenvolvimento em comparação com outros irmãos ou
colegas;
● Parar de realizar atividades diárias, como tomar banho ou vestir-se;
● Não quiser mais se socializar;
● Estiver apresentando um baixo desempenho acadêmico;
● Apresentar estranhos rituais alimentares;
● Demonstrar excessiva suspeita dos outros;
● Mostrar uma falta de emoção ou mostra emoções inadequadas para a
situação;
● Apresentar ideias e medos estranhos;
● Confundir sonhos ou programas da televisão para a realidade;
● Apresentar ideias, comportamento ou fala estranhos;
● Tiver comportamento violento ou agressivo ou agitação.
Fatores de Risco
Tratamento e Terapia
Embora não exista cura para a esquizofrenia, muitas pessoas com essa
doença podem levar uma vida produtiva e satisfatória com o tratamento adequado.
A recuperação é possível através de uma variedade de serviços, incluindo
programas de medicação e reabilitação. A reabilitação pode ajudar uma pessoa a
recuperar a confiança e as habilidades necessárias para viver uma vida produtiva e
independente na sociedade.
O portador de esquizofrenia é incapaz de avaliar seu próprio comportamento.
Neste caso, pessoas próximas ao paciente são quem identificam os sintomas e
procuram ajuda médica. Com acompanhamento de um psicólogo, psiquiatra e
medicamentos é possível que as frequência das crises diminuem e o paciente
consiga viver de maneira mãos tranquilas.
O acompanhamento de um especialista é indispensável. Como as causas
ainda são desconhecidas, os tratamentos se concentram na eliminação dos
sintomas da doença. Os tratamentos incluem: O tratamento das psicoses está
voltado para duas vertentes: farmacológica e socioeducativa. A base do tratamento
farmacológico restringe-se aos neurolépticos ou antipsicóticos.
A eficácia dessas drogas sobre as psicoses tem sido demonstrada em vários
trabalhos. Infelizmente, os estudos dessas drogas na infância são em número
infinitamente menor que em adultos. Por uma série de razões, as pesquisas com os
neurolépticos iniciam-se na população adulta, e somente após alguns anos essas
drogas são autorizadas para uso na infância.
Nos últimos anos, tem surgido um número importante de neurolépticos
(atípicos) com eficácia comprovada e menores efeitos adversos, porém sua
utilização no tratamento das psicoses infantis ainda é restrita. O haloperidol, uma
droga já utilizada há vários anos, continua sendo uma boa escolha para o
tratamento das psicoses infantis (dose de 0,02 a 0,12 mg/kg/dia)9 . Apesar de terem
efeitos colaterais, como sintomas extrapiramidais e acatisia, estes são facilmente
controlados, e são drogas extremamente seguras.
Outra boa opção seria a risperidona, que apresenta um risco de discinesia
tardia bem inferior ao haloperidol. A olanzapina também tem sido utilizada no
tratamento das psicoses infantis, com boa resposta.
● Clorpromazina (Thorazine)
● Haloperidol (Haldol)
● Mesoridazina (Serentil)
● Perfenazina (Trilafon)
● Flufenazina (Proxlixina)
● Tioridazina (Mellaril)
● Thiothixene (Navane)
● Trifluoperazina (Stelazine)
Os antipsicóticos atípicos (“de nova geração”) tratam os sintomas positivos e
negativos da esquizofrenia, frequentemente com menos efeitos colaterais. Alguns
antipsicóticos atípicos são:
Objetivos da psicoterapia:
Encontram-se resumidos a seguir os objetivos comuns, levantados por vários
autores, que podem ser atingidos na psicoterapia de um paciente com diagnóstico
de esquizofrenia:
O papel do terapeuta
Psicofarmacoterapia
Bupropiona
É um antidepressivo atípico com mecanismo de ação parcialmente inibitório
na recaptação da noradrenalina e da dopamina. Embora não recomendada para
menores de 18 anos, ela está sendo usada para tratamento do transtorno de déficit
de atenção/hiperatividade (TDAH) em crianças. A dosagem preconizada é de 3
mg/kg/dia a 6 mg/kg/dia em duas tomadas. Seus efeitos colaterais mais frequentes
são: boca seca, náusea, cefaléia, insônia, constipação e tremor. Também pode
ocorrer acatisia, tontura, taquicardia e rush cutâneo. A bupropiona pode exacerbar
tiques e provocar convulsões em doses maiores, principalmente acima de 300-450
mg/dia.
Indicações gerais
Lamentavelmente, os antipsicóticos têm sido empregados de modo abusivo
em crianças com quadros psicóticos, autismo e/ou retardo mental, muitas vezes
sem se levar em conta os efeitos neurotóxicos potenciais nesses pacientes. Como
esses quadros são condições crônicas e de difícil manejo, o clínico tende a fazer
uso frequente dessas drogas, mantendo-as por tempo prolongado, sem controle
adequado dos sintomas-alvo.
A orientação adequada sugere proceder uma reavaliação do quadro a cada
seis meses, observar a existência ou não de movimentos anormais e a necessidade
da reintrodução da medicação. Em crianças, deve-se dar preferência aos
antipsicóticos de alta potência, como haloperidol ou trifluoperazina, em função do
embotamento cognitivo causado pelo maior efeito sedativo daqueles de baixa
potência. Nos TID, o uso dos antipsicóticos de alta potência como o haloperidol, o
pimozide e a trifluoperazina vem sendo feito há anos. Sintomas de hiperatividade,
agressividade e esterotipias podem ser reduzidos.
A tioridazina está indicada nos casos com maior risco de convulsões e de
comportamento hiperativo. Campbell preconiza o uso de haloperidol em baixas
doses por períodos maiores de seis meses visando, principalmente, o controle da
hiperatividade e da agressividade. Nos autistas hipoativos, pode-se usar a
trifluoperazina em doses baixas. Estudos com a risperidona, tendo em vista sua
ação serotoninérgica, têm se mostrado promissores. A esquizofrenia de início
precoce (EIP), ou seja, desencadeada antes dos 12 anos, é rara, porém na
adolescência sua ocorrência é relatada como mais frequente.
Os estudos duplo-cegos apontam uma boa resposta a drogas mais incisivas
em doses baixas, como o haloperidol. A melhor reposta refere-se ao controle de
alucinações, delírios persecutórios e ideias de referência. Tendo em vista que a
desorganização do pensamento é um dos sintomas que menos responde aos
antipsicóticos convencionais, a clozapina tem sido utilizada para EIP. Os
antipsicóticos têm sido utilizados nos quadros depressivos com sintomas psicóticos
em adolescentes que não respondem ao uso isolado de antidepressivos.
Os neurolépticos de baixa potência (ex. clorpromazina), assim como os
incisivos, são indicados em doses muito baixas. É importante lembrar a freqüente
diminuição dos níveis séricos de nortriptilina, quando associada a clorpromazina
nesses pacientes.
Nos transtornos bipolares em crianças e adolescentes, existem poucos
estudos mostrando a eficácia de antipsicóticos. Existem relatos do uso de
risperidona e clozapina em pacientes com quadros maníacos refratários e o uso de
haloperidol por períodos curtos associado aos estabilizadores de humor. Quando a
agressividade está presente em crianças e adolescentes com transtornos
disruptivos e de conduta, o uso de doses baixas de haloperidol (0,025-0,2
mg/kg/dia) e tioridazina (2,5 mg/kg/dia) está bem estabelecido.
Este grupo parece ser especialmente susceptível a sedação e sintomas
extrapiramidais, tanto quanto os pacientes com retardo mental. Para evitar a piora
do déficit cognitivo nesse último grupo, o sintoma-alvo deve ser bem definido e os
antipsicóticos usados criteriosamente.
Nesses pacientes, os sintomas que respondem melhor são comportamento
agressivo, impulsividade e estereotipias. Quando necessária uma medicação de
baixa potência, optar pela tioridazina em relação à clorpromazina, pois esses
pacientes têm maior risco de convulsões. Na ST são utilizadas doses baixas de
haloperidol ou pimozide, visando o controle dos tiques vocais e motores. Esses
pacientes são muito sensíveis a efeitos colaterais, o que pode prejudicar a
continuidade do tratamento. O pimozide parece não causar prejuízos cognitivos
facilitando a adesão do paciente.
O potencial cardiotóxico do pimozide em doses altas (maiores que 0,3
mg/kg/dia) deve ser lembrado. A risperidona vem sendo usada como coadjuvante
no tratamento de pacientes com TOC associado ou não à ST que não respondem
bem aos esquemas tradicionais. A relação entre controle dos sintomas e possíveis
efeitos colaterais deve ser levada em consideração nas indicações dos
antipsicóticos no TDAH.
A tioridazina e a clorpromazina são consideradas efetivas, mas os prejuízos
cognitivos e os efeitos colaterais limitam seu uso aos casos refratários. É
fundamental que o profissional esteja atento aos prejuízos cognitivos provocados
pelos neurolépticos pois as crianças, geralmente, respondem com alterações no
comportamento (irritabilidade, crises de raiva).30 Em crianças com hiperatividade,
são descritas alterações comportamentais associadas a doses altas de
neurolépticos.
Os ansiolíticos/hipnóticos do grupo dos benzodiazepínicos são prescritos
com grande frequência em adultos por serem eficazes em quadros de ansiedade e
bons indutores do sono. Na infância, os distúrbios de sono e as manifestações de
ansiedade são frequentes e, geralmente, a resolução desses quadros depende
muito mais de intervenções no ambiente do que do emprego de drogas psicoativas.
A indicação de benzodiazepínicos nessas situações fica reservada ao uso a
curto prazo, enquanto outras modalidades de assistência e medidas de suporte
ambiental estão sendo tomadas. Deve ser levada em conta a relação risco-benefício
no uso dessas drogas, pois alterações cognitivas e sedação podem ocorrer
ocasionando prejuízos no aprendizado escolar. Conforme o efeito que se deseja
obter, os benzodiazepínicos são escolhidos segundo sua alta ou baixa potência e
tempo de ação breve ou mais longa.