#Aula 01 - Ética

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ÉTICA

ÉTICA E EXERCÍCIO PROFISSIONAL

Prof.: Rafael Araújo Guillou


e-mail: rafael.guillou@ifalpalmeira.edu.br
INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO

VISÃO ANTROPOCÊNTRICA:
• Tudo que o homem faz é, finalmente, para si mesmo;
• Todo trabalho de engenharia objetiva o HOMEM;
• Lei 5.194/66: Art. 1º - “As profissões de engenheiro, arquiteto e
engenheiro agrônomo são caracterizadas pelas realizações de
interesse social e humano que importem na realização dos
seguintes empreendimentos...”
Social => Gênero
Humano => Indivíduo
INTRODUÇÃO

VISÃO ANTROPOCÊNTRICA:

A razão de ser do homem é o próprio homem!!

• O homem filosofa para entender a si mesmo;

• O homem desenvolve tecnologia para seu uso prático;

• O homem faz arte para a delícia do seu próprio espírito...


O INDIVÍDUO
O INDIVÍDUO

• Um ser discreto, indivisível, detentor de todas as qualidades e


atributos pertinentes ao gênero:
QUALIDADES:
• É um ser vivo:
• Apenas um ser vivo (animado) é capaz de agir;
• É atuante:
• Interage com o seu meio, influencia e é influenciado pelo seu entorno;
• É capaz de produzir:
• Capacidade de transformar a si mesmo e o seu entorno.
O INDIVÍDUO

• Um ser discreto, indivisível, detentor de todas as qualidades e


atributos pertinentes ao gênero:
ATRIBUTOS:
• Possui igualdade com os demais indivíduos:
• No seu estado natural todos os homens são “iguais”;
• Possui liberdade de ação:
• No seu estado natural é livre para agir e seu único limite de ação é a sua
capacidade

Por que o homem agiria?


O INDIVÍDUO

TEORIA DA AÇÃO:

Por que o homem age?

• Necessidade:
• O indivíduo só age quando encontra em si uma certa deficiência de algo
que pode encontrar no meio;
• Ex.: Se precisa de comida, aprende e sai à caça.
• Vontade:
• de fazer (ação comissiva) ou não fazer (ação omissiva);
• Ex.: Estou com fome, mas não quero comer.
O INDIVÍDUO

TEORIA DA AÇÃO:
• As duas vertentes não se anulam, se somam;
• A mente de um indivíduo pode se dividir em duas parcelas:
• Emocional, natural e orgânica => Necessidade
• Racional, lógica e sentimental => Vontade
O INDIVÍDUO

TEORIA DA AÇÃO:
• O resultado seria então:

INTERESSE!

• O homem só age CONDICIONALMENTE.


RELAÇÃO SOCIAL
RELAÇÃO SOCIAL

• Quando dois indivíduos agem livremente de acordo com seus


interesses, naturalmente em alguma situação, seus interesses
não serão o mesmo para um determinado objeto. Surge então:

Conflito de interesse
RELAÇÃO SOCIAL
• Para a solução deste conflito existem as seguintes opções:
GUERRA: Ação de um indivíduo contra o outro com a intenção de
demover-lhe o ânimo sobre aquele objeto.
PERSUASÃO: Um indivíduo tentará dominar a vontade e submeter a
necessidade do outro, desviando-o do objeto de interesse.
COMPOSIÇÃO: Ambos os indivíduos estabelecem o compromisso de
beneficiar-se solidariamente do objeto de interesse.

Para a composição manter-se harmônica e desenvolver-se, é


necessário um PACTO.
RELAÇÃO SOCIAL

• Quando a composição é realizado por um grupo de indivíduos,


chamaremos de PACTO SOCIAL.

• Daí advém o conceito de SOCIEDADE:


• Conjunto de indivíduos que se inter-relacionam compactuadamente
visando o interesse comum.
ORGANIZAÇÃO E CONTROLE
SOCIAL
ORGANIZAÇÃO E CONTROLE
SOCIAL
• A ação do homem, em uma sociedade, passa a ser percebida
pelos demais membros.
• Sobre esta ação, haverá um Juízo de Valor.

Conduta: é uma ação humana produtora de resultados


apreciáveis socialmente.

• A sociedade estabelece padrões de condutas para os


indivíduos, sob pena de gerar conflitos de interesse com todo o
grupo;
ORGANIZAÇÃO E CONTROLE
SOCIAL
PACTO:

“Quando duas ou mais pessoas concordam sobre


determinada coisa, celebram um acerto de ações sobre ela.
Delimitam seus interesses sobre a coisa, o modo de agir em
sua direção e os frutos que cada um colherá em decorrência
do ajustado. Além disto, estabelecem a maneira de conduta
a que cada um se submeterá obrigatoriamente no curso do
processo.”

• Ex.: acordo, trato, contrato, leis, etc...


• No pacto, as definições devem ser claras, aceitáveis e possível
de cumprimento.
ORGANIZAÇÃO E CONTROLE
SOCIAL
NORMAS:

“Mandamento que estipula a conduta desejada do


indivíduo em sociedade”

• Já que o homem é livre, é necessário um mecanismo de


controle de conduta;
• A norma é o agente externo à inter-relação dos elementos que
modela a conduta de cada indivíduo:
• Permite o que pode e Proíbe o que não pode fazer
ORGANIZAÇÃO E CONTROLE
SOCIAL
• As normas podem ser de duas ordens:
NORMA ÉTICA - “É o mandamento controlador de
condutas individuais produzido pelos usos e costumes da
sociedade.”
NORMA JURÍDICA - “É o mandamento controlador de
condutas individuais produzido pelo interesse do
soberano.”
ORGANIZAÇÃO E CONTROLE
SOCIAL
• EXEMPLO:
NORMA ÉTICA - “A Sociedade, baseada em seus
princípios, de respeito à vida de cada indivíduo, diz: Não
Matarás!”
NORMA JURÍDICA - “O Estado, por meio de seus
legisladores, determina implicitamente que o homicídio não
é aceitável, aplicando sanções à prática. Art. 121 do
Código Penal: Matar alguém. Pena - seis a vinte anos de
reclusão.”
ORGANIZAÇÃO E CONTROLE
SOCIAL
• Resumindo:
Eticamente, fazemos o que nossa consciência obriga ou
permite. O controlador é a moral, os nossos princípios
adquiridos dos usos e costumes de nossa sociedade. A
conduta indesejada é autocensurada por estes princípios e
repudiada pela sociedade.

Juridicamente, fazemos o que está disciplinado em lei. O


controlador é o Estado através da lei. A conduta indesejada
é punida pelo Estado conforme a própria lei.
OBRIGAÇÕES E
RESPONSABILIDADES
OBRIGAÇÕES E
RESPONSABILIDADES
• Quando estabelecida uma composição, regida por um pacto
(normalizado ética ou juridicamente), surge como consequência
uma ou mais OBRIGAÇÕES.

OBRIGAÇÃO - “ Relação pela qual alguém deve dar, fazer


ou se abster de fazer algo para outrem.”
• No plano Ético:
• A obrigação é exigível pelo ditame moral, por dever de consciência.
• Diz-se que o dever de dar, fazer ou não fazer não é tutelado, mas sim esperado.
• No plano Jurídico:
• Obrigação é exigível por força de lei, desde que seu objeto seja lícito e possível.
• Este dever é tutelado pelo poder judiciário, instrumento do Estado para dizer o
direito (jurisdição).
OBRIGAÇÕES E
RESPONSABILIDADES
• Exemplo 1:
• “A” solicita um pequeno auxílio financeiro para “B”. “B”,
tendo algumas moedas de sobra além das suas necessidades,
concorda em dar algumas para “A”. Se B não cumprir?

“A” não terá como exigir, apenas esperar que as demais


pessoas censurem o comportamento de “B”.
OBRIGAÇÕES E
RESPONSABILIDADES
• Exemplo 2:
• “C” contrata “D” para matar “E”. “D” não cumpre o acordo
com “C” por dever de consciência, mas embolsa a primeira
parcela do pagamento pelo serviço. “C” recusa-se a pagar o
restante e exige devolução da parcela inicial. E aí?

“D” não cumpriu o acordo/contrato, mas “C” não pode


esperar ser ressarcido, pois o objeto do compromisso é
ilícito.
“C” também não pode esperar que a sociedade censure
“D”, pois o objeto do compromisso é mais antiético que a
conduta de “D”.
OBRIGAÇÕES E
RESPONSABILIDADES
• Exemplo 3:
• “F” contrata a “G” para construir sua casa em 6 meses,
segundo projeto aprovado pela prefeitura. No sétimo mês a
casa não está concluída, o alvará está vencido e “F”
continua a pagar aluguel. O que acontece?

“F” tem o direito de solicitar tutela jurídica, já que “G” não


cumpriu com suas obrigações do acordo, podendo exigir a
finalização do serviço e/ou reparação dos eventuais danos.
OBRIGAÇÕES E
RESPONSABILIDADES
As OBRIGAÇÕES tem três elementos:
• Elemento Subjetivo: As pessoas envolvidas na obrigação.
• Devedor: Sujeito que tem o dever da obrigação;
• Credor: Sujeito que em o direito de receber a prestação.
• Elemento Objetivo: O objeto ou a prestação que materializa a
obrigação.
• Vínculo: A razão de ser da obrigação, o Pacto. Dois aspectos:
• Dever: ação voluntária de pagamento da prestação de uma obrigação;
• Responsabilidade: é a condição do sujeito que em descumprimento de
dever expõe-se à reparação coercitiva.
OBRIGAÇÕES E
RESPONSABILIDADES
• Além das obrigações advindas do contrato entre duas partes,
outra fonte geradora de obrigações é o ATO ILÍCITO.

ATO ILÍCITO - “conduta contrária à norma que viola


direito ou produz dano a terceiro.”

• A lei, exclui da licitude toda a ação que possa causar dano à


pessoa ou à sociedade e seus bens materiais ou imateriais.
• O autor do ato ilícito também é responsável pela obrigação,
tanto quanto o inadimplente de um dever.
OBRIGAÇÕES E
RESPONSABILIDADES
• O indivíduo que dá causa ao descumprimento de um dever ou
a ato ilícito se reveste de CULPA.

CULPA - “elemento subjetivo do ato ilícito pelo qual o


agente é responsabilizado pelo dano causado a outrem.”

• É culpado aquele que, por ação ou omissão, por vontade,


imperícia, negligência ou imprudência realiza conduta que
causa dano.
• A culpa, em direito penal, quando assumida por vontade do
agente em produzir o resultado do ato ilícito, chama-se
DOLO.
DOLO - “vontade consciente de produzir resultado ilícito.”
OBRIGAÇÕES E
RESPONSABILIDADES
OBRIGAÇÕES E
RESPONSABILIDADES
• EXEMPLO: Um mestre de obras, imprudentemente descalça
uma laje ainda não curada. Ela vem a ruir, atingindo um passante.
Quem é o culpado? Quem deve ser responsabilizado?
O mestre:
• Responsável direto pelos danos materiais e pessoais e criminal;
• Culpado por imprudência – Não tem dolo;

O Engenheiro:
• O profissional tem a chamada culpa “in elegendo”, por haver
encarregado o serviço a um mestre de obras incapaz de tomar
procedimentos técnicos adequados e “in vigilando” por não os ter
supervisionado;
• Culpado por negligência – Não tem dolo;
OBRIGAÇÕES E
RESPONSABILIDADES
• Qualquer profissional qualificado e habilitado para o exercício de
profissão regulamentada é detentor de uma gama de
conhecimentos técnicos, artísticos e científicos.
• Na sua prática profissional está implícita a obrigação de bem usá-
los. É um dever seu a aplicação das melhores soluções técnicas
para a consecução de seus serviços e obras.
• O descuido da conduta técnica com qualquer procedimento de seu
domínio intelectual gera descumprimento de dever e o torna
responsável técnico pelas consequências.

RESPONSABILIDADE TÉCNICA – “é a responsabilidade


decorrente da não prestação de dever de ofício ou profissão
técnica que cause lesão a direito ou dano a terceiro.”
FUNDAMENTOS DA ÉTICA
FUNDAMENTOS DA ÉTICA

• Duas disciplinas tratam das relações humanas: Ética e Direito;


• Nossa disciplina focará na parte da Ética;
• A ética está sempre em constante estudos e evoluções;
• Ética e Moral estão ligados, mas não se confundem:

ÉTICA - “parte da Filosofia que trata da conduta humana


em sociedade segundo postulados universais de bem e mal.”

MORAL - “parte da Filosofia que trata dos valores


espirituais do homem em seu grupo social.”
FUNDAMENTOS DA ÉTICA

Ética Moral
Origem Grécia Clássica Roma Antiga
Etimologia Ethé, éthos Mos, moris
Significado Primitivo Vivenda Moradia, Costume
Universalidade dentro do Valores espirituais no grupo
Âmbito
critério bem/mal social
Conceito Prático Atual Ciência da conduta Ciência dos valores
Objeto Prático Relação Social Orientação Pessoal
Resultado Produção de Norma Apropriação do Paradigma
FUNDAMENTOS DA ÉTICA

• Os princípios éticos são difíceis de serem alterados;


• A moral também, no entanto os paradigmas mudam conforme
a cultura local, e por tanto a moral passa a ter novas
referências.
Paradigma – “do grego, paradéigma – modelo, padrão,
termo de comparação. Ideia referencial de valor.”
• A Ética tem procurado investigar a conduta e estabelecer seus
padrões ideais de juízo segundo critérios de bem e mal.
• A Moral trata dos valores que regem a direção e o governo da
vida de cada um.
• Ambos teóricos. Como podem estabelecer diretrizes concretas
de comportamento para o homem?
FUNDAMENTOS DA ÉTICA

DEONTOLOGIA :

“Ciência que estuda os sistemas de moral, tratando do dever.”

• Com isto, destaca-se um campo da Filosofia que debruça sua


atenção sobre os deveres do homem, sobre a sua conduta
necessária.
• Valendo-se do propósito da Ética, estabelece a ideia de dever a
partir do estudo dos princípios, valores e sistemas morais.
• É de extrema importância para chegar ao sistema de normas
profissionais e aos deveres do profissional ante seu grupo
social específico e ante a sociedade como um todo.
FUNDAMENTOS DA ÉTICA
DEONTOLOGIA :
• Ligado intrinsecamente às ideias de Kant.
• O Imperativo Categórico:
• É o dever de toda pessoa agir conforme princípios dos quais considera que
seriam benéficos caso fossem seguidos por todos os seres humanos.
• O oposto do Imperativo Hipotético.
• É enunciado com três diferentes fórmulas:
• Lei Universal: "Aja como se a máxima de tua ação devesse tornar-se, através
da tua vontade, uma lei universal."
• Fim em si mesmo: "Aja de tal forma que uses a humanidade, tanto na tua
pessoa, como na pessoa de qualquer outro, sempre e ao mesmo tempo como fim
e nunca simplesmente como meio."
• Legislador Universal (ou da Autonomia): "Aja de tal maneira que tua vontade
possa encarar a si mesma, ao mesmo tempo, como um legislador universal
através de suas máximas."
FUNDAMENTOS DA ÉTICA

DICEOLOGIA :
“Ciência que estuda os sistemas de moral, tratando do
direito.”
• Não se opões à Deotonlogia => Se complementam;
• Direitos Individuais:
• Vida, Segurança, Propriedade, Igualdade, Etc...
• Direitos Sociais:
• “Constituição Cidadã” – Educação, Saúde, Moradia, Etc...
• Direitos Humanos:
• Liberdade, Igualdade, Fraternidade;
• ONU – Declaração Universal dos Direitos Humanos (1988).
• Direito Profissional!!!
FUNDAMENTOS DA ÉTICA

JUSTIÇA :
“Valor ético que visa o equilíbrio, a incolumidade, a
distribuição, a equidade.”
• Direito + Deveres => Justiça.
ÉTICA

ÉTICA E EXERCÍCIO PROFISSIONAL

Prof.: Rafael Araújo Guillou


e-mail: rafael.guillou@ifalpalmeira.edu.br

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