R Reformador - 2007 - 07 - Cópia PDF
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Expediente Sumário
4 Editorial
A infância e a juventude
11 Entrevista: Aloísio Ghiggino
Origens e ações do Movimento Espírita do Rio de Janeiro
Fundada em 21 de janeiro de 1883
Fundador: Augusto Elias da Silva 17 Presença de Chico Xavier
Carta paterna – Neio Lúcio
Revista de Espiritismo Cristão 21 Esflorando o Evangelho
Ano 125 / Julho, 2007 / N o 2.140
Coisas terrestres e celestiais – Emmanuel
ISSN 1413-1749
Propriedade e orientação da
32 A FEB e o Esperanto
FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA A FEB no Centenário do Movimento Esperantista
Diretor: NESTOR JOÃO MASOTTI
Diretor-substituto e Editor: ALTIVO FERREIRA Brasileiro – Affonso Soares
Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES, ANTONIO
CESAR PERRI DE CARVALHO, EVANDRO 33 Voz humana / Homa Vo/o – Augusto dos Anjos
NOLETO BEZERRA E LAURO DE OLIVEIRA SÃO THIAGO
Secretário: PAULO DE TARSO DOS REIS LYRA 42 Seara Espírita
Gerente: ILCIO BIANCHI
Gerente de Produção: GILBERTO ANDRADE
Equipe de Diagramação: SARAÍ AYRES TORRES, AGADYR
TORRES E CLAUDIO CARVALHO
5 Amar a Deus e ao próximo – Juvanir Borges de Souza
Equipe de Revisão: MÔNICA DOS SANTOS E WAGNA 8 Reações inconscientes – Joanna de Ângelis
CARVALHO
10 Jesus voltou – Mário Frigéri
REFORMADOR: Registro de publicação
o
n 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polí- 14 Por que te deténs? – A importância da
cia Federal do Ministério da Justiça), evangelização espírita infanto-juvenil (Capa) –
CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503
Clara Lila Gonzalez de Araújo
Direção e Redação:
Av. L-2 Norte • Q. 603 • Conj. F (SGAN) 18 Onde começa a humanidade – Richard Simonetti
70830-030 • Brasília (DF) 20 Usurário – Silva Ramos
Tel.: (61) 2101-6150
FAX: (61) 3322-0523 22 Os atributos do Espírito segundo
Departamento Editorial e Gráfico:
Rua Souza Valente, 17 • 20941-040 O Livro dos Espíritos – Suely Caldas Schubert
Rio de Janeiro (RJ) • Brasil 26 Em dia com o Espiritismo – A educação em um
Tel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298
E-mail: redacao.reformador@febrasil.org.br mundo de transição – Marta Antunes Moura
Home page: http://www.febnet.org.br 29 Homenagem aos 150 anos do Espiritismo –
E-mail: feb@febrasil.org.br e
Uma análise matemática do Método do Controle
webmaster@febnet.org.br
PARA O BRASIL
Universal do Ensino dos Espíritos –
Assinatura anual R$ 39,00 Alexandre Fontes da Fonseca
Número avulso R$ 5,00
34 Cristianismo Redivivo – História da Era Apostólica
PARA O EXTERIOR
Assinatura anual US$ 35,00 (Século I) – Parte II – Haroldo Dutra Dias
Assinatura de Reformador: 37 Seminário sobre “Perispírito e Mediunidade”
Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274
E-mail: na FEB-Rio
assinaturas.reformador@febrasil.org.br o
38 5 Congresso Espírita Mundial
Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA
39 Biblioteca no Centro Espírita – Eurípedes Kühl
Capa: AGADYR TORRES 41 O Livro – Olavo Bilac
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Editorial
A infância e a juventude
T
ecendo considerações sobre a importância da educação moral em nossas
vidas, Allan Kardec comenta em O Livro dos Espíritos (Questão 685a, Nota,
Ed. FEB):“[...] Considerando-se a aluvião de indivíduos que todos os dias são
lançados na torrente da população, sem princípios, sem freio e entregues a seus próprios
instintos, serão de espantar as conseqüências desastrosas que daí decorrem?[...]”.
A questão levantada por Kardec toca fundo nos graves problemas que a
Humanidade hoje enfrenta: violência, miséria, ignorância, uso de drogas e outros
procedimentos que geram a insegurança individual e social.
A instrução puramente intelectual, o ensino da ciência materialista, as simples
noções de Matemática e Economia, que compõem a base dos programas escolares,
não são suficientes para dar ao ser humano um real sentido à própria existência. É
necessário o conhecimento da realidade espiritual, a qual dá ao ser humano obje-
tivos que vão além dos limites da existência física, acompanhado do conhecimento
das Leis Morais que regem a vida, emanadas do Criador.
Essas Leis Morais – apresentadas pela Doutrina Espírita com extrema clareza, e
que orientam o ser humano para a prática do amor fraternal, do trabalho constru-
tivo, do progresso moral, do respeito à Natureza –, proporcionam um lógico senti-
do à vida, formando homens de bem que cumprem a lei de justiça, de amor e de
caridade na sua maior pureza, e vivem em paz com a própria consciência.
É com este objetivo que as instituições espíritas, voltadas à difusão do Espiri-
tismo e à construção de um mundo melhor, vêm promovendo e realizando o ensino
do Evangelho de Jesus à luz da Doutrina Espírita para a criança e o jovem, ofere-
cendo aos Espíritos recém-reencarnados os esclarecimentos e as orientações indis-
pensáveis à edificação de hábitos bons, que lhes permitam conhecer e alcançar o
objetivo espiritual da sua existência: o progresso moral e intelectual.
Conforme ainda destaca Allan Kardec na questão citada, faz-se necessária a edu-
cação moral, que consiste na arte de formar caracteres, que incute hábitos, “[...]
porquanto a educação é o conjunto de hábitos adquiridos. [...] A desordem e a
imprevidência são duas chagas que só uma educação bem entendida pode curar. Esse
o ponto de partida, o elemento real do bem-estar, o penhor da segurança de todos”.
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Amar a Deus
e ao próximo
J U VA N I R B O R G E S DE SOUZA
T
anto no Velho Testamento Basta que meditemos sobre o em outros mundos, nosso desti-
(Deuteronômio, 6:4-5; e infinito do Universo, sobre os bi- no é a evolução, o progresso,
Levítico, 19:18), quanto lhões de mundos existentes, mas através do esforço, do trabalho,
nos Evangelhos (Mateus, 22:36- desconhecidos por nós, para en- com a aquisição de novos conhe-
-40; Marcos, 12:28-31; e Lucas, tendermos que não temos condi- cimentos e o aperfeiçoamento
10:25-29, 37) o amor a Deus so- ções da percepção do que trans- do Amor e de seus derivados.
bre todas as coisas e o amor ao cende os limites de nossa inteli- Precisamos todos conscienti-
próximo como a si mesmo são gência. zar-nos da necessidade de desen-
mandamentos supremos que No nosso próprio mundo, on- volver o senso moral, que se ini-
precisam estar no coração de to- de o homem vive há milhares de cia com a humildade de reco-
dos que desejam entender e pra- anos, somente nos últimos sécu- nhecer que somos seres imper-
ticar as leis divinas. los foi possível conhecer a forma feitos, mas que todos estamos
Nos ensinos de Jesus e do da Terra e seus movimentos em subordinados às leis divinas que
Consolador por Ele enviado es- torno do Sol. Antes do século nos levarão à perfeição, sob as
ses mandamentos estão no ápice XVI, as hipóteses sobre nosso regras nelas estabelecidas, entre
dos entendimentos e dos senti- mundo, aceitas pelos seus habi- as quais sobressai o nosso pró-
mentos, para que as criaturas tantes, eram errôneas e absurdas. prio esforço na direção correta.
possam evoluir e alcançar a feli- Torna-se necessário que cada Para isso, não há limites de
cidade, já que eles constituem a um de nós compreenda que a in- tempo, já que a vida é eterna, re-
síntese de todas as leis divinas. teligência humana, por mais sá- petidas as experiências enquan-
Não importa que, no estágio bio se considere o homem, é to necessárias, em vidas sucessi-
em que nos encontramos, não sempre limitada, que o nosso vas em mundos materiais, como
possamos ver a Deus, o Criador mundo é inferior e atrasado, o nosso.
de todas as coisas, a Inteligência apropriado às condições de seus Assim, embora não possamos
Suprema, nem compreender sua habitantes, mas, como toda a ainda compreender a natureza
natureza íntima. criação de Deus, subordinado à de Deus, podemos ter idéia de
Nossa inferioridade para a lei divina do progresso e da evo- algumas de suas perfeições, atra-
percepção de muitas coisas supe- lução, como nos revela a Doutri- vés do pensamento bem orienta-
riores não nos permite a com- na Consoladora. do e da observação de muitas de
preensão da essência do Criador Somos seres destinados à vida suas obras, no nosso mundo e
e de toda a sua criação. eterna e, no decorrer dela, aqui e em parte do Universo.
Quando já temos certeza de ligência e, ao mesmo tempo, am- manidade por séculos e milênios
que Deus é eterno, infinito, imu- pliar seus sentimentos derivados incontáveis.
tável, imaterial, onipotente, úni- do amor, combatendo, desse mo- Ainda nos dias atuais subsis-
co, soberanamente justo e bom, do, a ignorância e aproximando- tem crenças que identificam Deus
como nos revela a Doutrina dos -se da onisciência, que é o obje- ora como sendo o Universo, ora
Espíritos, precisamos lembrar que tivo do Espírito eterno. como a Natureza, confundindo o
esses atributos do Criador são os Antes dos ensinos do Cristo, do Criador com tudo o que existe.
que já podemos compreender, Consolador por Ele enviado, e da Filósofos panteístas chegaram
mas que há coisas que estão aci- revelação vinda através de Moisés, a formas particularistas para a
ma do nosso entendimento e que a Humanidade acreditou em fór- explicação do que sua imagina-
Deus deve possuir perfeições ou- mulas imaginárias para explicar a ção sugeria, como o fez o filóso-
tras que transcendem nossa ca- vida e seus desdobramentos. fo alemão Krause (1781-1832),
pacidade intelectual. A multiplicidade dos deuses, criando o panenteísmo.
Amar a Deus e ao próximo é o regendo os fatos e os aconteci- Para o panteísmo, de forma
imperativo para que o homem mentos que não tinham explica- geral, o princípio inteligente in-
possa elevar e desen- ção, ao lado das ocorrências depende da matéria e é extraído
volver sua inte- da vida comum, do todo universal e a ele volta ao
prevaleceram nas morrer o ser.
crenças da Hu- Cada corrente panteísta admi-
te a individualidade do ser até
que chegue à perfeição, quando
então é absorvido pelo todo uni-
versal.
As conseqüências do panteís-
mo são as mesmas do materialis-
mo, ambas refutadas com clareza
e total procedência pela Doutri-
na Espírita.
Já o materialismo, essa grande
chaga que leva à pseudo-sabedo-
ria, tantos os ignorantes quanto
os homens cultos, a acreditarem
somente no que percebem seus
sentidos físicos, faz de cada ma-
terialista um descrente de toda a
realidade espiritual.
Por isso não aceitam a existên-
cia de Deus, nem a do próprio
Espírito que todos somos, atri-
buindo a vida de todos os seres,
na complexidade dos reinos da
natureza, a simples combinação
da matéria.
É o materialismo profunda-
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mente contraditório porque, ne- giões, as filosofias e o niilismo morar sua inteligência, com a di-
gando a existência do principal procuram há milênios. É o outro latação de seus conhecimentos.
elemento do Universo – o espírito Consolador, permitido por Deus, Nesse amor supremo ao Cria-
– não consegue preencher o vazio a pedido do Governador deste dor, dilata-se e absorve-se a fra-
do abismo que se apresenta dian- orbe, que o enviou no tempo ternidade a todos os semelhantes,
te da negação de sua existência. certo, para que a Humanidade já que os Espíritos bons e os infe-
Nos seres orgânicos, o mate- conheça uma nova fase de pro- riores provêm do mesmo princí-
rialista só vê a ação da matéria. gresso, na senda do bem. pio e tendem para o mesmo fim,
No corpo humano, só percebe o embora cursando caminhos dife-
funcionamento dos órgãos, sus- rentes, de conformidade com os
tentando a vida. O pensamento, Amar a Deus é o reconheci- esforços, a dedicação e o aprovei-
os sentimentos, a inteligência mento e a homenagem espontâ- tamento das oportunidades, di-
são, para ele, efeitos das combi- nea que a criatura presta ao seu versas em cada individualidade.
nações da matéria. Criador e à causa da vida. Diante O amor ao Criador inspira a
Esse quadro inqualificável, in- da onipotência, da bondade e da criatura à submissão, ao respeito
compreensível para qualquer es- justiça infinitas que recebe per- e à gratidão, porque sabe ela que
piritualista, já que todas as reli- manentemente do Poder Supre- se dirige a uma luz que ilumina o
giões ensinam que a alma, ou Es- mo, para sua própria ascensão, o Universo infinito por Ele criado,
pírito, é uma realidade hoje de- amor ao Criador deve superar a por ação de sua vontade, que se
monstrada experimental e cien- tudo e a todas as coisas, como es- manifesta nas pequenas como
tificamente, faz do materialista tá expresso no primeiro manda- nas grandes coisas.
um ser sofredor e contraditório, mento. O Deus que nos mostra a Re-
que só as reencarnações conse- Amar a Deus significa tam- velação Espírita é o Criador in-
guem corrigir, retificando con- bém a máxima gratidão, o res- criado, a Inteligência Suprema.
vicções enganosas e profunda- peito e a submissão ao Pai, como Precisamos ter a humildade de
mente prejudiciais. referia Jesus, porquanto é o amor reconhecer que estamos longe de
Dentre as missões do Espiri- o laço ligando o Criador e a cria- entender todo o poder de Deus,
tismo consta a de esclarecer os tura para sempre. sua natureza íntima e a extensão e
enganos em que incorrem os Para cumprir esse dever natu- variedade infinitas de sua criação.
materialistas e os panteístas, mas ral deve a criatura procurar com- “Amar ao próximo como a si
também a de retificar os desvios preendê-lo, preparando seus sen- mesmo” está ligado ao primeiro
das religiões, com suas interpre- timentos mais elevados, eximindo- mandamento do Amor a Deus e
tações inexatas, transformadas -se de todas as máculas e imper- é conseqüência dele.
em crenças pela tradição. feições com todo o esforço que Jesus ensinou que “toda a lei e
A realidade da vida do Espíri- lhe seja possível. os profetas se contêm nesses dois
to, seja no corpo físico, seja no O amor a Deus deve, assim, mandamentos”.
além-túmulo, após a morte do constituir-se em permanente in- Todas as leis morais, ou natu-
corpo, permite-nos tomar co- centivo na marcha ascensional do rais, que O Livro dos Espíritos
nhecimento de todas as peripé- Espírito, compreendendo o pro- contém e explica, na sua Parte
cias pelas quais ele passa nas gresso moral e intelectual para Terceira, são desdobramentos
Esferas espirituais e materiais. depurar-se continuamente. naturais das leis supremas do
A Doutrina Espírita é, assim, o O amor a Deus induz o ho- “Amar a Deus sobre todas as coi-
caminho para o encontro com a mem ao trabalho digno, ao esfor- sas” e do “Amar ao próximo co-
realidade e a verdade, que as reli- ço permanente para elevar e apri- mo a si mesmo”.
Reações
inconscientes
N
ão são poucos aqueles terando as estruturas universais, cesso de crescimento interior e
que se interessam pela desde que disso resultem benefí- desenvolvimento intelecto-mo-
Doutrina Espírita e bus- cios pessoais imediatos. ral, recorrem aos médiuns bus-
cam informar-se a respeito dos A sua lógica encontra-se cen- cando soluções apressadas, ane-
seus incomparáveis conceitos li- trada no maravilhoso, no extraor- lando que o problema seja pos-
bertadores da ignorância e da dinário, em cujo comportamento tergado, mesmo que mais tarde
superstição. incluem as manifestações espiri- retornando com maior comple-
Nada obstante, desacostuma- tuais, recusando-se, mesmo que xidade.
dos ao raciocínio lógico em tor- inconscientemente, a aceitar o fe- Acomodam-se aos interesses
no das questões superiores da nômeno como de natureza orgâ- egoísticos e podem tornar-se coo-
Vida, defrontam-se com inco- nica, em perfeita sintonia com a peradores de boa vontade nas
muns dificuldades para entender paranormalidade que caracteriza instituições espíritas, mas o seu
os postulados claros e profundos o médium. grande problema diz respeito à
do Espiritismo. Em uma ingenuidade inco- auto-iluminação que adiam, cir-
Anteriormente informados, de mum, preferem transferir aos culando em torno das conveniên-
maneira errônea, a respeito do médiuns a carga dos seus proble- cias imediatas, sem maior alcance
que seriam as propostas da Codi- mas, a uns endeusando e a ou- para a própria imortalidade.
ficação, mais centradas nas mani- tros desconsiderando conforme Distraem-se com as referên-
festações de natureza mediúnica, os resultados obtidos ao seu la- cias doutrinárias, preservando as
sem qualquer contribuição filo- do, distantes do bom senso e do habilidades e condutas anterio-
sófica e suporte científico, não esforço pessoal. res sem o esforço pela renovação
conseguem raciocinar fora desses Ouvem as orientações doutri- moral ou pela interiorização dos
chavões mentais a que se mantêm nárias, às vezes, lêem-nas mal, conhecimentos espíritas.
apegados, enfrentando dificulda- certamente porque preferem ou- Lamentavelmente, não adqui-
des para romper o círculo dos vir somente as comunicações es- rem convicção em torno dos pa-
equívocos mentais. pirituais que os fascinam, não radigmas doutrinários, que lhes
Quando convidados à reflexão dispondo de qualquer alicerce parecem difíceis de assimilação,
e ao discernimento divagam, aban- racional para os enfrentamentos em face da preguiça mental, sem-
donando a lógica para fixar-se em naturais do processo evolutivo. pre solicitando esclarecimentos e
torno do poder que atribuem aos Toda vez que se encontram parasitariamente dependendo do
Espíritos, que tudo saberiam, a diante de um desafio perfeita- esforço e da dedicação daqueles
todos problemas resolveriam, al- mente normal, em face do pro- aos quais se afeiçoam.
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O Espiritismo é doutrina de ções recebidas, mantendo-se pro- de que lhes premie com futilida-
grave responsabilidade para to- positalmente distantes da ilumi- des e enganos, formando grupos
dos que se lhe acercam em busca nação íntima. de insensatos que sempre bus-
do seu conhecimento. Não se Freqüentam, vez que outra, al- cam novidades.
compadece com a ignorância, que guma instituição espírita, mas não O Espiritismo, porém, é uma
mantém os seus profitentes no se fixam em lugar algum, transi- ciência que estuda a origem, a na-
desconhecimento dos próprios tando com leviandade em torno tureza, o destino dos Espíritos e as
deveres. Pelo contrário, trabalha- dos médiuns e não do Espiritis- relações que existem entre o mun-
-lhes a reforma de natureza mo- mo, entretecendo considerações do corporal e o mundo espiritual,
ral, convidando sempre ao cres- a respeito do que desconhecem, conforme o definiu Allan Kardec,
cimento interior e ao autodesco- como se houvessem aprofunda- e não uma ocorrência chã, sem
brimento, a fim de tornar-se ca- do reflexões. estruturas de segurança.
da dia novo melhor do que na Gostariam que o Espiritismo Observando os fenômenos, ex-
véspera. tivesse um lado místico, maravi- plica-lhes o mecanismo, a com-
lhoso, sobrenatural, para os aten- plexidade e apresenta a finalida-
der, limando suas arestas mo- de básica de demonstrar a
Graças às facilidades da comu- rais, facilitando os seus imortalidade da alma e
nicação virtual, alguns desses empreendimentos, a sua comunicabili-
companheiros de jornada utili- auxiliando suas dade, do que resul-
zam-se da Internet para o inter- ambições... tam efeitos mo-
câmbio com outras pessoas, igual- O mágico rais e a gran-
mente procurando, por seu in- fascina-os, des- de filosofia
termédio, aprender o Espiritismo que explica
através de e-mails, nos quais as O estudo das
obras básicas que
suas dúvidas são apresentadas,
constituem
normalmente, aos médiuns dos a Codificação
quais tomam conhecimento da é o melhor
sua existência, não se convencen- caminho para o
do com as respostas que rece- conhecimento
bem. Ato contínuo, apresentam do Espiritismo
as mesmas questões a diversas
outras pessoas, a fim de compa-
rar as respostas que, no entanto,
já se encontram exaradas nas
Obras fundamentais que consti-
tuem a Codificação do Espiritis-
mo, que é uma fonte inexaurível
de conhecimentos capazes de
felicitar todas as mentes e todos
os corações.
Com essa conduta, geram con-
flitos de opiniões, sustentam po-
lêmicas vazias de conteúdos ele-
vados, desconfiam das informa-
a justiça divina, as razões dos so- dependência emocional da tua dando carinho e adubo adequa-
frimentos humanos e a finalida- pessoa. do para que nele seja semeado o
de superior da própria existência Não interessados pela vincula- conhecimento espírita e que te
na Terra. ção com o pensamento doutri- cumpre fazê-lo.
Revivescendo os ensinamentos nário, podem tornar-se parasitas
de Jesus, convoca os seus adeptos espirituais, exaurindo-te as ener- Joanna de Ângelis
ao estudo e ao aprimoramento gias que poderão ser aplicadas de
moral, de forma que se lhe ope- maneira melhor em favor dos (Página psicografada pelo médium Di-
rem transformações contínuas objetivos relevantes da tua cami- valdo Pereira Franco, no dia 12 de mar-
no processo de ascensão espiri- nhada espiritual. ço de 2007, na residência do engenhei-
tual, de maneira a libertar-se das Há muito solo humano a ser ro Vítor Mora Féria, em Loulé, Algarve,
paixões grosseiras para alcançar cultivado, que se encontra aguar- Portugal.)
a faixa da intuição onde se ope-
ram as comunicações transcen-
dentes da Vida.
Chegou, à Terra, no momento
próprio, quando a amplitude do
conhecimento pode explicar os
Jesus voltou
fenômenos que opera e que, ao Não vos deixarei órfãos; eu voltarei para vós.
tempo de Jesus, não poderiam Jesus. (João, 14:18.)
ser compreendidos.
Graças às ciências contempo- Mário Frigéri
râneas, os seus fundamentos têm
sido confirmados de modo a sus- As mesas giram pelo mundo afora,
tentar as propostas filosóficas Dançam, estalam, fazem rir a França.
otimistas e clarificadoras de to-
Kardec, entanto, observando a “dança”,
dos os enigmas que envolvem o
Intui princípios que o mundo ignora.
ser humano e sua existência,
constituindo-se um manancial
de consolo e de esperança. Ele é um sábio cuja mente avança
De estudo a estudo, e do fenômeno, agora,
Pesquisa o mundo invisível, que aflora
Não apliques o teu tempo pre- Pleno de vida e ciência e esperança.
cioso com esses transeuntes dos
fenômenos mediúnicos que não
firmam propósitos de auto-apri- E o velho Druida evoca a Eternidade
moramento, de iluminação inte- – Laboratório em que penetra a fundo,
rior, de esforços em favor da re- Tendo por guia O Espírito Verdade.
novação moral.
Encaminha-os ao estudo sé- Do Além responde o Infinito profundo:
rio da Doutrina e orienta-os ao Eis que Jesus retorna à Humanidade
esforço pessoal em favor de si
– É o Espiritismo iluminando o Mundo!
mesmos, libertando-se das suas
armadilhas e libertando-os da
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reformador julho 2007 - a.qxp 17/7/2007 09:40 Page 11
Entrevista A LO Í S I O G H I G G I N O
Reformador: Qual foi a origem do a histórica fundação do pri- 1873. Tendo recebido, na ocasião,
do Espiritismo no Estado do Rio de meiro Centro Espírita, Socieda- mensagens de Ismael, o qual se
Janeiro? de de Estudos Espiríticos – Grupo revelou o diretor espiritual do
Aloísio: Para responder a esta Confúcio –, instituição espírita Brasil, o Grupo tinha como lema
questão, vamos considerar o Esta- que surgiu na cidade do Rio de “Sem a Caridade não há salvação,
do do Rio de Janeiro em sua con- Janeiro ao final do Brasil Império. sem a Caridade não há verdadeiro
figuração geopolítica atual, ape- Considerado o primeiro Centro Espiritista”. Esse Grupo foi res-
nas lembrando que, à época da Espírita da então Capital do Im- ponsável pelas primeiras tradu-
implantação do Espiritismo em pério, foi fundado a 2 de agosto de ções para a língua portuguesa das
nosso Estado, tínhamos a cidade obras básicas da Codificação Kar-
do Rio de Janeiro como a Capital dequiana, o que demonstra sua
do Império, depois transformada importância, não apenas para o
em Distrito Federal, posterior- Estado, mas também para o Es-
mente em Estado da Guanabara e, piritismo no Brasil, proporcio-
finalmente, surgindo o Estado do nando a necessária divulgação da
Rio de Janeiro propriamente dito. Doutrina. Em seu lugar surgiram
Essas sucessivas mudanças testa- a Sociedade de Estudos Espíri-
ram, em todos os campos, inclu- tas “Deus, Cristo e Carida-
sive no Movimento Espírita es- de”, em 23 de março de
tadual, a capacidade de adap- 1876, e o Grupo Espírita
tação às situações novas e o Fraternidade, em 2 de
convite à superação de iné- março de 1880. Du-
ditos desafios. rante esse período
Com essa compreen- do final do Impé-
são, podemos tratar do rio e início da Re-
assunto com a visão pública, que se
que, hoje, temos do instalava, vários
Movimento Espírita foram os gru-
no Estado, levantan- pos que se or-
ganizaram, constituindo razoável Distrito Federal, surgiu o Estado les que nos precederam na luta
quantidade de centros espíritas, da Guanabara. Em 15 de março pela união dos espíritas. O CEERJ
que funcionavam de forma indivi- de 1975, os dois Estados fundi- nasceu como continuador dos
dualizada. ram-se, tomando a única deno- trabalhos realizados pela centená-
minação de Estado do Rio de Ja- ria FEERJ e pela USEERJ. O resul-
Reformador: Qual o número de neiro. Tal medida ocasionou, pa- tado alcançado foi conseqüência
centros e entidades assistenciais no ra o Movimento Espírita, a reali- da ação conjunta na busca de me-
Estado do Rio de Janeiro? dade da presença de duas fede- ta comum e, em sua implementa-
Aloísio: Considerando que a ati- rativas. Essa situação necessitou ção, determinou a total reestrutu-
vidade assistencial é proposta da mais de trinta anos para ultrapas- ração do Movimento Espírita
totalidade dos centros espíritas e sar os obstáculos surgidos, em estadual, que contou com a com-
que as atribuições do Conselho Es- uma incessante busca da união e preensão e vontade de todos.
pírita do Estado do Rio de Janeiro da unificação estadual. É impor- Ainda sobre essas colocações
(CEERJ) são voltadas para as ins- tante ressaltar que essas citadas sobre a Unificação no Rio de Ja-
tituições espíritas em geral, alcan- dificuldades referiam-se à conci- neiro, dentro das orientações e
çamos um número próximo de liação de duas importantes histó- deliberações do Conselho Fede-
800 em nosso Estado (estimativa rias, sem divergência de metas ou rativo Nacional da FEB, ressalta-
mínima). É importante mencio- de orientações doutrinárias. -se o trabalho contínuo que vem
nar que, deste total, relacionamos Em 26 de março de 2006, nas sendo desenvolvido em todo o
650 instituições que são oficial- instalações da FEB, na Av. Passos, Estado por atividades voltadas à
mente associadas ao CEERJ, sen- 30, realizou-se uma Assembléia capacitação de dirigentes e de tra-
do que, das demais, cerca de 50% Geral, onde estiveram presentes balhadores espíritas. Essas ativi-
participam direta ou indireta- cerca de 450 representantes de dades, programadas e desenvolvi-
mente do Movimento Espírita instituições espíritas de todo o Es- das nas várias regiões do Estado,
organizado, sem contudo estarem tado, finalizando um processo de de acordo com demanda local
formalmente adesas a ele. Nos úl- União entre a União das Socieda- diferenciada, são vistas como im-
timos dois a três anos, vem cres- des Espíritas do Estado do Rio de portante fator de unificação, por
cendo o número de instituições Janeiro (USEERJ) e a Federação proporem, de modo uniforme, a
que buscam se integrar oficial- Espírita do Estado do Rio de Ja- tão procurada unidade no de-
mente ao CEERJ. neiro (FEERJ). Dessa união sur- sempenho de nossas atividades
giu o Conselho Espírita do Estado espíritas.
Reformador: Como se desenvolve do Rio de Janeiro (CEERJ) como
agora a Unificação no Estado do Rio única Federativa Estadual. Reformador: Como ocorre a difu-
de Janeiro? Esse evento, fruto de trabalho são do Espiritismo no Estado do Rio
Aloísio: O processo de Unificação de muitos companheiros desde os de Janeiro?
no Rio de Janeiro é um tema que idos de 1975, é por todos nós, flu- Aloísio: Nosso Estado pode ser con-
traz grande alegria para os espí- minenses, considerado como um siderado como privilegiado nessa
ritas de nosso Estado, pois apre- grande momento da jornada de proposta de difusão do Espiritis-
senta o resultado de sonhadas Unificação no Rio de Janeiro, mo, por contar com a presença de
conquistas, que, por sua impor- marcado pela maciça participação vários meios que trabalham nesse
tância para todos nós, merece ser dos espíritas e pelas inequívocas sentido. Com o risco de deixar-
conhecida. Nosso Estado foi pal- demonstrações da vontade de, mos de citar alguns dos grandes
co das transformações geopolíti- juntos, podermos manter e pros- colaboradores nesta tarefa de di-
cas do país. No lugar do antigo seguir no trabalho de todos aque- fusão, não podemos, por justiça,
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Capa
A
passagem citada, de Atos, Um momento de extrema gran- morecer, à causa da evangeliza-
22:12-16, leva-nos a refle- deza para Saulo que passa a ou- ção em nome de Jesus e da Dou-
tir sobre o título do pre- vir, do emissário e piedoso ami- trina dos Espíritos, e as condi-
sente artigo na pergunta feita por go, as notícias sobre Jesus, fazen- ções que amealhamos para con-
Ananias a Saulo, após impor suas do-o conhecer seus ensinamen- cretização de tarefa tão nobre.
mãos nos olhos do beligerante tos e convidando-o a seguir, sem Os conhecimentos exigidos na
combatente do Cristianismo, res- demora, ao encontro de uma no- atividade a realizar são necessá-
tituindo-lhe a visão.1 va vida! rios e precisamos estudá-los com
Paulo se tornou um arauto da profundidade para que não nos
Boa Nova e, por sua fé, testemu- descuidemos, invalidando os es-
nhou os mais acerbos confrontos, le- forços que porventura venhamos
gando ao mundo os ilustres exem- a despender na prática evangeli-
plos de perseverança e caridade! zadora. Da mesma forma, não
Ao analisarmos esses períodos podemos deixar de nos preparar
históricos, das lutas travadas para adequadamente para lidar, de
divulgação e implantação da men- forma fraterna e caridosa, com as
sagem do Cristo à Humanida- crianças e jovens que acolhemos,
de, guardadas as devidas ajudando-os na busca de seu pro-
proporções, perce- gresso maior, aplicando a nós
bemos a distân- próprios os ensinamentos que
cia que existe transmitimos, para nossa efetiva
entre as expec- preparação como tarefeiros no
tativas que pos- posto de serviço em que nos si-
suímos de bem tuamos.
servir, sem es- Mas, por que nos detemos? Por
que não conseguimos compreen-
der a extensão e importância do
trabalho a executar, especialmen-
te nos dias em que vivemos cru-
cial indiferença moral, intensifi-
cando a ansiedade, a solidão e o
medo daqueles que não desperta-
ram para as luzes do Evangelho?
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Carta paterna
M
eu filho, não tinhas razão em favor da cólera. despender pequenas fortunas com amigos ociosos,
Vi, perfeitamente, quando o velhinho se em noitadas alegres, nas quais te mergulhas em fan-
aproximou para servir-te. tasioso contentamento.
Trazia um coração amoroso e atento que não sou- Interrogas, ingrato: – que fizeste do dinheiro que
beste compreender. te dei?
Deste uma ordem que o pobrezinho não ouviu Esqueces que o servidor de fronte enrugada não
tão bem, quanto desejavas. Repetiste-a e, porque no- dispôs de tempo e recurso para calcular, com exati-
vamente te perguntasse qualquer coisa, proferiste dão, os processos de ganhar além do necessário e não
palavras feias, que lhe feriram as fibras mais íntimas. conseguiu ensejo de ilustrar o raciocínio com o refi-
Como foste injusto!... namento que caracteriza o teu.
Quando nasceste, o antigo servidor já vencera Ah! meu filho, quando a impaciência te visita o
muitos invernos e servira a muita gente. espírito, recorda que o monstro da ira indesejável te
Enfraqueceram-se-lhe os ouvidos, ante as impe- bate à porta do coração. E quando a ele te entregas,
riosas determinações alheias. imprevidente, tuas conquistas mais elevadas tremem
Nunca refletiste na neblina que lhe enevoa o olhar? nos alicerces. Chego a desconhecer-te, porque a fúria
Adquiriu-a trabalhando à noite, enquanto dormias, dos elementos interiores te alteram a individualida-
despreocupado. de aos meus olhos e eu não sei se passas à condição
Sabes porque traz ele as pernas trêmulas? Devo- de criança ou de demônio!...
rou muitas léguas a pé, solucionando problemas dos Se não podes conter, ainda, os movimentos im-
outros. pulsivos de sentimentos perturbadores, chegado o
Irritas-te, quando se demora a movimentar-se a instante do testemunho, cala-te e espera.
teu mando. Contudo, exiges o automóvel para a via- A cólera nada edifica e nada restaura... Apenas
gem de dois quilômetros. semeia desconfiança e temor, ao redor de teus passos.
Em muitas ocasiões, queixas-te contra ele. É rela- Não ameaces com a voz, nem te insurjas contra
xado aos teus olhos, tem as mãos descuidadas e a ninguém.
roupa não muito limpa. Entretanto, nunca imagi- É provável que guardes alguma reclamação contra
naste que o apagado servidor jamais encontrou mim, teu pai, porque eu também sou ainda humano.
oportunidades iguais às que recebeste. Além disto, No entanto, filho, acima de nós ambos permanece o
não lhe ofereces o ensinamento amigo e nem tempo Pai Supremo, e que seria de ti e de mim, se Deus, um
para cogitar das próprias necessidades espirituais. dia, se encolerizasse contra nós?
Reclamas longos dias para examinar pequenina
questão, referente ao teu bem-estar; todavia, não lhe
Pelo Espírito Neio Lúcio
consagras nem mesmo uma hora por semana, aju-
dando-o a refletir...
Respondes, enfadado, quando o velho compa- Fonte: XAVIER, Francisco C. Luz no lar. Diversos Espíritos. 10. ed.
nheiro te pede alguns níqueis, mas não vacilas em Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 25, p. 64-66.
Onde começa a
humanidade
RICHARD SIMONETTI
P
obre raça humana, cujo Dir-te-ão que, lá, o maior é aquele em manifestação assinada por
egoísmo corrompeu todas que haja sido o mais humilde entre Adolfo, bispo de Argel, recebida
as sendas, toma novamen- os pequenos deste mundo; que em Marmande, pequena cidade
te coragem, apesar de tudo. Em sua aquele que mais amou os seus ir- francesa, em 1862.
misericórdia infinita, Deus te envia mãos será também o mais amado Destaque para a enfática con-
poderoso remédio para os teus ma- no céu; que os poderosos da Terra, denação do egoísmo, que corrom-
les, um inesperado socorro à tua se abusaram da sua autoridade, peu todas as sendas.
miséria. Abre os olhos à luz: aqui ver-se-ão reduzidos a obedecer aos De fato, no fundo de todas as
estão as almas dos que já não vi- seus servos [...]. dissensões, de todos os confli-
vem na Terra e que te vêm chamar tos entre os homens, está a ten-
ao cumprimento dos deveres reais. Estas incisivas afirmações es- dência de cada qual cuidar de si
Eles te dirão, com a autoridade tão no capítulo VII, item mesmo.
da experiência, quanto as vai- 12 de O Evangelho O resto, que se dane!
dades e as grandezas da vossa segundo o Espiritismo, Ontem, como hoje e sempre, a
passageira existência são mes- desonestidade, o vício, a agressi-
A ambição é exemplo
quinhas a par da eternidade. de egoísmo contra a vidade, a violência, a corrupção,
sociedade a mentira, são filhos do egoísmo.
O indivíduo toma determinada
iniciativa, sem considerar os pre-
juízos que causa ao semelhante e
a si mesmo.
O assaltante que entra numa
casa e apavora os moradores, não
raro cometendo assassinato...
O seqüestrador que exige mui-
to dinheiro para libertar sua ator-
mentada vítima...
O político que exercita com
tranqüilidade a corrupção, cau-
sando grandes prejuízos aos co-
fres públicos...
O marido que se envolve em
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tremamente grato por sua [...] tudo o que vós quereis que
disposição em levar adiante os homens vos façam, fazei-o
a sofrida gestação, que lhe assim também a eles. [...]
terá garantido um retorno à
Espiritualidade em melho- A propósito, leitor amigo, me-
res condições. rece nossa reflexão uma obser-
vação de Henri-Fréderic Amiel
(1821-1881), poeta e filósofo suí-
Em qualquer situação, o ço, contemporâneo de Kardec:
pensar no outro é a melhor
inspiração, ajudando-nos a O interesse individual é a
cumprir o que Deus espera de continuação de nossa animali-
nós, perfeitamente expresso dade.
na inesquecível recomenda- A humanidade começa no
ção de Jesus (Mateus, 7:12): altruísmo.
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Coisas terrestres
e celestiais
“Se vos tenho falado de coisas terrestres, e não me credes,
como crereis se vos falar das celestiais?”
JESUS – (JOÃO, 3:12.)
N
o intercâmbio com o mundo espiritual, é freqüente a reclamação de certos
estudiosos, relativamente à ausência de informações das entidades comuni-
cantes, no que se refere às particularidades alusivas às atividades em que se
movimentam.
Por que não se fazem mais explícitos os desencarnados quanto ao novo gênero
de vida a que foram chamados? como serão suas cidades, suas casas, seus processos
de relações comuns? através de que meios se organizam hierarquicamente? terão
governos nos moldes terrestres?
Indagam outros, relativamente às razões pelas quais os cientistas libertos do
plano físico não voltam aos antigos centros de pesquisas e realizações, vulgarizan-
do métodos de cura para as chamadas moléstias incuráveis ou revelando invenções
novas que acelerem o progresso mundial.
São esses os argumentos apressados da preguiça humana.
Se os Espíritos comunicantes têm tratado quase que somente do material exis-
tente em torno das próprias criaturas terrenas, num curso metódico de introdução
a tarefas mais altas e ainda não puderam ser integralmente ouvidos, que viria a
acontecer se olvidassem compromissos graves, dando-se ao gosto de comentários
prematuros?
É necessário compreenda o homem que Deus concede os auxílios; entretanto,
cada Espírito é obrigado a talhar a própria glória.
A grande tarefa do mundo espiritual, em seu mecanismo de relações com os
homens encarnados, não é a de trazer conhecimentos sensacionais e extemporâ-
neos, mas a de ensinar os homens a ler os sinais divinos que a vida terrestre contém
em si mesma, iluminando-lhes a marcha para a espiritualidade superior.
Fonte: XAVIER, Francisco C. Caminho, verdade e vida. Edição Especial. Rio de Janeiro: FEB, 2005.
Cap. 136, p. 287-288.
Os atributos do
Espírito segundo
O Livro dos Espíritos
“No Universo, tudo evolve e tende para um estado superior. Tudo se transforma
e se aperfeiçoa. Do seio dos abismos a vida eleva-se, a princípio confusa,
indecisa, animando formas inumeráveis cada vez mais perfeitas,
depois desabrocha no ser humano, adquire então consciência, razão, vontade, e
constitui a alma ou Espírito.” – Léon Denis 1
S U E LY C A L DA S S C H U B E RT
A
saga evolutiva do ser hu- inconsciência, na ignorância e no conquistas quando, citando as Es-
mano, analisada à luz do mal, tem o seu ápice na luz, na sa- crituras, declarou: “Vós sois deu-
Espiritismo, é grandiosa e bedoria e na felicidade”.2 ses”. (João, 10:34.)
fascinante, desvendando os sagra- André Luiz, no prefácio do li- Emmanuel, comentando esse
dos arcanos do Espírito e, ao mes- vro Evolução em Dois Mundos, in- versículo do Cristo, ressalta:
mo tempo, dando-nos uma idéia, titulado “Nota ao Leitor”, faz um “– Em todo homem repousa a
ainda que limitada à nossa condi- convite irrecusável àqueles que partícula da divindade do Cria-
ção espiritual, dos magnificentes têm ânsia de saber:
mecanismos da justiça divina a “[...] Estudemos a rota
reger todo o Universo. de nossa multimilenária ro-
De início, é oportuno citarmos magem no tempo para sen-
o que dizem alguns autores acerca tirmos o calor da flama de
da evolução do Espírito. nosso próprio espírito a pal-
O eminente escritor Dr. Gusta- pitar imorredouro na Eterni-
ve Geley, em seu livro Del Incons- dade e, acendendo o lume da
ciente al Consciente, demonstra a esperança, perceberemos, jun-
trajetória evolutiva do ser e es- tos, em exaltação de alegria, que
clarece que o passo decisivo do in- Deus, o Pai de Infinita Bondade,
consciente para o consciente não nos traçou a divina destinação
pode deixar de ser sofrido; que o para além das estrelas”.3
caos, as lutas, os sofrimentos são Não nos esqueçamos que bem
conseqüência da ignorância pri- antes dos autores citados, há dois
mitiva e do esforço para superá- milênios, o Mestre dos mestres
-la. E conclui, de forma primorosa, abriu para todas as criaturas um
que “se tem, todavia, a sua base na horizonte promissor de infinitas
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dor, com a qual pode a criatura curem alcançar esses valores, de- “Assim, o ser humano estrean-
terrestre participar dos poderes senvolvendo para o bem e para a do em sua caminhada, não a ini-
sagrados da Criação. luz a sua natureza divina”.4 ciou destituído de condições, de
O Espírito encarnado ainda Mas para que o Espírito realize qualidades, de potencialidades.
não ponderou devidamente o com êxito a sua trajetória evoluti- Ao contrário, embora com a inex-
conjunto de possibilidades divi- va, caminhando do inconsciente periência de um nascituro em ter-
nas guardadas em suas mãos, para o consciente, das trevas da mos evolutivos, trazia em si os
dons sagrados tantas vezes con- ignorância para a luz do saber, do atributos imprescindíveis para
vertidos em elementos de ruína e “abismo para as estrelas”, foi dota- vencer as adversidades inerentes a
destruição. do por Deus de vários atributos um planeta primitivo”.5
Entretanto, os poucos que sa- que lhe garantissem a possibilida- Entretanto, o desejo de saber um
bem crescer na sua divindade, pe- de de alcançar a meta final, a pouco mais nos leva a pensar no
la exemplificação e pelo ensina- perfeição. momento da criação do Espírito, o
mento, são cognominados na Ter- Em O Livro dos Espíritos estão que, segundo Kardec, ainda não
ra santos e heróis, por afirmarem relacionados esses atributos, que nos é permitido conhecer em razão
a sua condição espiritual, sendo nada mais são do que as potencia- da nossa pouca evolução. Em A Gê-
justo que todas as criaturas pro- lidades latentes em cada criatura. nese, cap. VI, item 19, porém, en-
No meu livro Os Poderes da Men- contramos trecho mais elucidativo
te, menciono: a esse respeito. Entretanto, o Espíri-
to Galileu ao ditá-lo, através de Ca-
O homem utiliza sua
inteligência, para o bem da mille Flammarion, faz antes uma
Humanidade, buscando a advertência, como se vê a seguir:
cura de novas doenças “Aos que desejem religiosamen-
te conhecer e se mostrem humil-
des perante Deus, direi, rogando-
-lhes, todavia, que nenhum siste-
ma prematuro baseiem nas mi-
nhas palavras, o seguinte: O Espí-
rito não chega a receber a ilumi-
nação divina, que lhe dá, simulta-
neamente com o livre-arbítrio e a
consciência, a noção de seus altos
destinos, sem haver passado pela
série divinamente fatal dos seres
inferiores, entre os quais se
elabora lentamente a obra
da sua individualiza-
ção. Unicamente a da-
tar do dia em que o
Senhor lhe imprime
na fronte o seu tipo
augusto, o Espírito to-
ma lugar no seio das
humanidades”.6
Interessante combinar esse tex- (600), livre-arbítrio (122, 843), çoamento das próprias condições
to com a questão 621 (para mim percepções (249-a, 257).7 em que vive.
uma das mais importantes de to- Modernamente poder-se-ia acres- Sabemos que essa procura é um
da a Codificação), bastante co- centar a mente, englobando a in- anseio a ser alcançado a cada pas-
nhecida e citada: teligência, a capacidade de racio- so. As conquistas das ciências, da
“Onde está escrita a lei de Deus? cinar e de produzir pensamentos, tecnologia, das artes e das próprias
Na consciência”.7 a memória, enquanto que no atri- leis humanas aí estão atestando
A partir do momento glorioso buto consciência estariam com- que o ser humano tem usado posi-
de sua individualização, o Espírito preendidos a consciência de si tivamente, no âmbito das necessi-
está apto a iniciar a sua escalada mesmo, o senso moral (754) e o dades físicas, os seus atributos, es-
evolutiva, trazendo nos recessos de justiça (873). Além de todo es- ses recursos fantásticos de que ca-
da consciência a lei divina e os se conjunto de atributos, o Espí- da um é dotado. As limitações e
atributos imprescindíveis para rito é perfectível, isto é, traz em si, deficiências que um número gran-
sua marcha ascensional. inerente, a perfectibilidade (776). de de pessoas apresenta são, como
Relacionamos a seguir esses Deus deu ao homem o desejo é de nosso conhecimento, fatores
atributos registrando o número incessante do melhor,8 ou seja, o educativos imprescindíveis ao Es-
correspondente entre parênteses, impulso evolutivo, que o propele pírito em seu processo evolutivo e
compreendendo que pode haver a buscar constantemente os meios não têm duração permanente.
várias perguntas referentes a um para uma qualidade de vida sem- O progresso, sendo uma das
mesmo atributo; em alguns desses pre mais aprimorada. Do homem leis naturais, conforme a Doutri-
citamos mais de uma: primitivo ao homem moderno na Espírita revela, compreende,
Inteligência (24), pensamento observamos o mesmo esforço, a para ser completo, as conquistas
(89-a), consciência de si mesmo mesma necessidade de aperfei- intelectuais e as de ordem moral.
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O progresso intelectual ante- dez ou demorar-se por consegui- cialidades que eram próprias do
cede as conquistas de natureza -la depende da sua vontade, do Espírito Allan Kardec, que o fize-
moral, o que explica a disparidade seu livre-arbítrio. [...] ram ser escolhido por Jesus para
que impera na Terra. O despertar Desse modo, torna-se respon- concretizar no plano terreno o
da consciência para os valores sável pelo seu destino, que está a Consolador por Ele prometido.
eternos é mais demorado, pois o construir, modificar, por meio das Que dentre as homenagens e
ser humano está condicionado à decisões e atitudes que se permita. comemorações que fizermos, a
busca incessante do melhor com Lentamente, em razão da pró- maior seja a nossa vivência dos
vistas apenas à parte material. pria consciência, descobre os te- princípios luminosos da Terceira
Entretanto, as conquistas intelec- souros preciosos que lhe estão à Revelação.
tuais favorecem, gradativamente, disposição e dos quais pode uti- Ave, Allan Kardec! Os que va-
as de ordem moral, visto que, sa- lizar-se com infinitos benefícios”.9 mos viver para sempre abençoa-
tisfeitas as necessidades do corpo, No momento da comemoração mos o teu nome e te agradece-
surgem os apelos íntimos por algo do Sesquicentenário de O Livro mos!
transcendente que o satisfaça ple- dos Espíritos é oportuno ressaltar-
namente, atendendo assim ao Es- mos a grandiosa tarefa realizada Referências:
1
pírito imortal. pelo Codificador. DENIS, Léon. Depois da morte. 25. ed.
As leis divinas, ínsitas na cons- O trabalho de Allan Kardec não Rio de Janeiro: FEB, 2005. “Resumo”,
ciência de cada filho de Deus, tor- foi somente o de codificar os ensi- item III.
2
nam compreensíveis o bem e o nos dos Espíritos; é preciso ressal- GELEY, Gustave. Del inconsciente al
mal. “[...] O desenvolvimento do tar a sua condição de co-autor da consciente. Buenos Aires: Editorial
livre-arbítrio acompanha o da in- Doutrina Espírita. A elaboração “Constancia”, 1947.
3
teligência e aumenta a responsa- dessa obra expressa o pensamento XAVIER, Francisco C. Evolução em dois
bilidade dos atos”,7 registra Kar- de Kardec e da falange do Espírito mundos. Pelo Espírito André Luiz. 25. ed.
dec (780-a). de Verdade. Sabemos que os Espí- Rio de Janeiro: FEB, 2007. “Nota ao Lei-
Joanna de Ângelis, elucidando ritos Superiores têm uma sintonia tor”.
4
acerca do despertar da consciên- e interação tão perfeitas que po- ______. O consolador. 27. ed. Rio de
cia, ensina: dem falar uns pelos outros. Janeiro: FEB, 2007. Questão 302.
5
“O despertar da consciência fa- Assim, quando inicia as pesqui- SCHUBERT, Suely C. Os poderes da men-
culta a responsabilidade a respeito sas com rigor e método científico, te. Santo André (SP): EBM, 2004.
6
dos atos, face ao desabrochar dos partindo dos fatos para elaborar a KARDEC, Allan. A gênese. 51. ed. Rio de
códigos divinos que jazem em teoria, o Prof. Rivail caminha ao Janeiro: FEB, 2007. Cap. VI, item 19.
7
germe no ser. encontro de seu rico acervo de vi- ______. O livro dos espíritos. 90. ed.
Criado simples e ignorante, o vências pretéritas edificantes do Rio de Janeiro: FEB, 2007.
8
espírito tem como fatalidade a qual extrai igualmente as suas ______. O evangelho segundo o
perfeição que lhe está desti- concepções, tanto de nature- espiritismo. 24. ed. de bolso. Rio
nada. Alcançá-la com rapi- za filosófica, quanto de uma de Janeiro: FEB, 2007.
religiosidade fundamenta- Cap. XXV, item 2.
O pensamento é o 9
da na razão. FRANCO, Divaldo P.
atributo
característico O tempo, esse ouri- Momentos de consciên-
do Espírito ves paciente e perseve- cia. Pelo Espírito
rante, aformoseou os Joanna de Ânge-
atributos, ou, em ou- lis. Salvador (BA):
tras palavras, as poten- LEAL, 1991.
M A RTA A N T U N E S M O U R A
O
s Espíritos esclarecidos gem cristã. Nos grupos mediúni- Para tanto, deve definir um plano
alertam continuamente a cos tornaram-se comuns os rela- de educação moral, nele perseve-
respeito da fase de transi- tos de Espíritos, inclusive de espí- rando conforme orienta o Espiri-
ção que ora vivemos no Planeta. ritas desencarnados, sobre sofri- tismo: “[...] Não nos referimos,
Mensagens recebidas por diferen- mentos, desenganos e dificulda- porém, à educação moral pelos li-
tes médiuns trazem incisivas exor- des enfrentados no Além, motiva- vros e sim à que
tações sobre a necessidade de prio- dos por atos, comportamentos e
rizarmos a nossa melhoria moral, atitudes irrefletidos que, durante
tendo como referência a mensa- a reencarnação, foram considera-
dos banais ou de menor gravida-
de. Ponderando sobre o assunto,
verificamos que o espírita possui
todas as condições para chegar vi-
torioso ao plano espiritual, desde
que se submeta ao processo edu-
cativo de combate às imperfeições
e do desenvolvimento de virtudes.
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Homenagem aos
150 anos do Espiritismo
Uma análise matemática do Método do Controle Universal
do Ensino dos Espíritos
ALEXANDRE FONTES DA FONSECA
afinidade com o Espírito comuni- não é condição para ocorrência do tos é o que falta para completar os
cante; discordância da idéia do Es- outro) é o produto das probabilida- 100%, ou seja, 1 - 1/4 = 3/4 ou 75%.
pírito, etc. (Vide cap. XIX do LM.) des isoladas de cada uma das ocor- Se usarmos três médiuns de in-
Suponhamos que temos, à nos- rências. Como estamos analisando fluência de 50%, e obtivermos um
sa disposição, um médium de 50% um caso em que houve um consen- consenso nas mensagens, teremos
de influência e formulamos uma so nas mensagens dos Espíritos, en- o produto das três probabilidades
questão aos Espíritos. A mensagem tão, os únicos eventos independen- individuais de cada médium, ou
que recebermos desse médium terá tes entre si são a influência indivi- seja, 1/2 x 1/2 x 1/2 = 1/8 = 12,5%,
50% de idéias próprias e 50% de dual de cada médium sobre a men- para que essa idéia seja dos mé-
idéias do Espírito. Suponhamos sagem que recebeu. Se escolhemos diuns, e 1 - 1/8 = 3/8 ou 87,5%
que temos, agora, DOIS médiuns médiuns diferentes, de diferentes da idéia ser dos Espíritos.
de 50% de influência e que formu- localidades, garantimos que não Essa análise pode ser generali-
lamos a MESMA questão para os há nenhuma ligação entre eles e, zada para os casos de médiuns que
Espíritos responderem por inter- conseqüentemente, a influência de possuem outros valores de proba-
médio dos DOIS médiuns, sem um médium sobre a sua comunica- bilidades de influência. Se repre-
que um saiba do outro (médiuns ção será totalmente independente da sentarmos por PM a probabilida-
diferentes, de lugares diferentes). influência do outro. Assim, pode- de individual de cada médium in-
Suponhamos que, mesmo haven- mos dizer que a probabilidade da fluenciar uma mensagem, e por
do diferenças no estilo e na forma idéia em comum ser o resultado de PE a probabilidade da idéia em co-
das duas mensagens, identificamos uma coincidência nas influências mum, obtida por todos os mé-
uma idéia em comum. Essa idéia dos médiuns é o produto das pro- diuns, ser dos Espíritos, então, apli-
em comum é o que chamamos de babilidades isoladas de influência cando-se a Teoria da Probabilida-
consenso. Qual a chance da idéia de cada médium. Assim, em nosso de, obtemos a seguinte expressão:
em comum ser dos Espíritos e não exemplo, onde cada médium é de PE = 1 - (PM)N, (1) onde N é o
o resultado de uma coincidência 50% de influência, a probabilidade número de médiuns utilizados.
na influência de cada um dos da idéia em comum ser dos médiuns Entretanto, como não sabemos
médiuns? é o produto 1/2 x 1/2 = 1/4 ou 25% o valor preciso de PM de cada mé-
Para responder essa questão uti- (50% é igual a 50 dividido por 100 dium, que utilidade teria a análise
lizaremos a Teoria da Probabilida- que é igual à fração 1/2). Portanto, acima? Conforme veremos a se-
de.5 Ela diz que a probabilidade de a probabilidade da idéia em comum guir, ela permite estimar o grau de
ocorrência de dois eventos inde- não ser influência dos médiuns e, confiança no ensino dos Espíritos
pendentes entre si (isto é, onde um conseqüentemente, ser dos Espíri- no processo de codificação.
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A FEB e o Esperanto
A FEB no Centenário do
Movimento Esperantista Brasileiro
A F F O N S O S OA R E S
R
ealiza-se no Rio de Janeiro, de 8 a 13 do cor- Mello e Souza, Daltro Santos, Carlos Domingues,
rente mês, o 42o Congresso Brasileiro de Es- Jozefo Joels, Porto Carreiro Neto e Ismael Gomes
peranto, em que se comemoram os 100 anos Braga.
de existência da Liga Brasileira de Esperanto. O 42o Congresso Brasileiro de Esperanto tem
Nascida do esforço pioneiro dos membros do como tema justamente os 100 anos de existência
Brazila Klubo de Esperanto do Movimento conduzido
(Clube de Esperanto do Bra- pela Liga e suas estratégias
sil), criado em 29 de junho com vistas ao futuro. De sua
de 1906, a fundação da Liga rica programação constam,
resultou de decisão do 1o entre outras atividades, pa-
Congresso Brasileiro de Es- lestras sobre Meditação,
peranto, ocorrido no Rio de Religião, Lingüística, Vege-
Janeiro em julho de 1907, tarianismo, Música, Litera-
tendo, como primeiros dire- tura, Informática, Espiritis-
tores, Everardo Backeuser mo, Biologia, Ecumenismo,
(presidente), Reynaldo Geyer Psicologia e o Sesquicente-
(secretário) e Manuel Paiva nário do Espiritismo.
Araújo (tesoureiro). A FEB participará concre-
Enfrentando com valor e tamente desse Jubileu, pro-
perseverança todos os áspe- movendo, no dia 10 de julho
ros obstáculos que sempre às 17 horas, juntamente com
se levantam contra os ideais a Sociedade Editora Espírita
de progresso, a Liga tem F. V. Lorenz, um encontro dos
cumprido o objetivo princi- participantes – espíritas e
pal de coordenar o Movi- não espíritas – no Salão de
mento do Esperanto no Bra- Cartaz de divulgação do 42º Congresso Conferências de sua Sede
Brasileiro de Esperanto
sil, dedicando-se, sem quais- Histórica, na Av. Passos no 30,
quer desvios, ao ensino, divulgação e uso do es- cujo ponto alto será a preleção do presidente Nestor
peranto por meio de cursos, edição de livros, pro- João Masotti sobre o tema “Evangelho, Espiritismo,
paganda na imprensa, no rádio, televisão e In- Esperanto – FEB e Lorenz de mãos dadas”.
ternet. Comporão a Mesa de trabalhos o diretor Affonso
Nela serviram, entre tantos eminentes valores Soares, o Cel. César Reis, presidente da Capemi, o Cel.
do esperantismo, as ilustres figuras de J. B. de Danilo Villela, presidente do Lar Fabiano de Cristo, e
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Cristianismo Redivivo
História da Era Apostólica
(Século I) – Parte II
“Do Jesus revolucionário e violento ao Jesus mago e folgazão, do fanático
apocalíptico ao mestre de sabedoria ou filósofo cínico e indiferente à escatologia,
qualquer situação que se possa conceber, qualquer teoria extrema que se possa
imaginar já foram há muito propostas, com as posições antagônicas anulando-se
mutuamente e com os erros do passado sendo repetidos por novos escritores
afoitos. Num certo sentido, existem tantos ‘livros sobre Jesus’ que dariam para
três vidas, e um budista pecador poderia muito bem ser condenado a passar as
próximas três encarnações lendo-os todos.” 1
P
rosseguindo em nossa jor- com as revelações da Espirituali- mento de que as obras mediúni-
nada pelas estradas do Cris- dade Superior. cas, igualmente, reclamam exame
tianismo do primeiro sécu- Duas razões justificam esse acurado, para que não se adote
lo, torna-se necessário esclarecer o procedimento. De um lado, a postura mística incompatível com
estado atual da pesquisa acadêmi- constatação de que foram propos- a fé raciocinada.
ca, fazendo um balanço dos seus tas, ao longo do tempo, as maiores Corroborando nossas asserti-
avanços e retrocessos nos últimos extravagâncias com relação à pes- vas, a advertência de Emmanuel é
três séculos, antes de relacioná-la quisa da vida de Jesus, “com os providencial.
erros do passado sendo repetidos Além do túmulo, o Espírito
por novos escritores afoi- desencarnado não encontra
tos”, na feliz expres- os milagres da sabedoria, e as
são de John Meier, novas realidades do plano
exigindo do leitor alta imortalista transcendem aos
dose de senso crítico, quadros do conhecimento con-
antes de defender essa temporâneo, conservando-se nu-
ou aquela idéia. De ou- ma esfera quase inacessível às
tro lado, o reconheci- cogitações humanas, escapan-
do, pois, às nossas possibili-
1
dades de exposição, em face
MEIER, John P. Um judeu
da ausência de comparações
marginal: repensando o Jesus
histórico. 3. ed. Rio de Janei- analógicas, único meio de
ro: Imago, 1993. p. 13. impressão na tábua de valores
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que vivera nas margens do Tibe- zada, sobretudo em razão do rom- ra transformar esse personagem
ríades, com a pompa do Império? pimento total com as suas origens. em objeto de pesquisa histórica,
Como harmonizar os aspectos es- No período compreendido en- nem coragem para enfrentar as
sencialmente judaicos da Boa No- tre o ano 400-1700 d.C., o profeta fogueiras da Inquisição.
va, resultado de mais de dois mil galileu, simples e austero, bondo- Num mundo de escassos perga-
anos de história do povo hebreu, so e justo, considerado pelos seus minhos e reduzidos leitores, de he-
com a cultura greco-romana? contemporâneos como o Messias gemonia da tradição oral, de con-
Por fim, como estabelecer o mo- de Israel, foi transformado em fusão entre Religião e Estado, não
noteísmo onde vigorava o culto aos uma das pessoas da Trindade, ao seria de se admirar que a aborda-
deuses tutelares da família, da agri- mesmo tempo Filho e Pai, feito da gem objetiva, imparcial, criteriosa
cultura, da raça? A Igreja Romana mesma substância do Criador. Um da vida de Jesus fosse uma utopia.
foi a resposta, historicamente bem- verdadeiro Deus, à moda dos deu- Essa primeira fase, cuja dura-
-sucedida, para essas indagações. ses gregos Zeus, Apolo, Hermes. ção atingiu a marca dos dezes-
A institucionalização das igre- Esse “endeusamento” da figura sete séculos, pode muito bem ser
jas, o estabelecimento do papado, a do Cristo estancou a busca pelas compreendida como a etapa da
pompa emprestada ao culto, a pro- suas origens, sua cultura, seus en- abordagem puramente religiosa
liferação de imagens e rituais apla- sinos. Nessa época, vigorava a e teológica. Não havia Ciência, tal
cou a sede greco-romana dos cida- mais absoluta confusão entre o como é hoje compreendida, ra-
dãos do Império, convertidos ao “Jesus histórico” e o “Jesus da fé”. zão pela qual crença e precon-
movimento do Profeta de Nazaré, Adorado como o Deus encarna- ceito, opinião e certeza, freqüen-
não obstante sua doutrina tenha do, nenhum estudioso tinha ta- temente, se misturam, exigindo
sido completamente descaracteri- manha autonomia intelectual pa- prudência.
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Seminário sobre
“Perispírito e Mediunidade”
na FEB-RIO
Dando continuidade à feliz e pro-
dutiva parceria entre a Federação
Espírita Brasileira (FEB) e o Con-
selho Espírita do Estado do Rio de
Janeiro (CEERJ), aconteceu o semi-
nário “Perispírito e Mediunidade”,
no dia 19 de maio, na Sede Histórica
da FEB, no Rio de Janeiro.
O seminário, das 9 às 16 horas,
foi apresentado por Zalmino Zim-
mermann, presidente da Associa-
ção Brasileira dos Magistrados Es- Aspecto parcial do público na Sede Seccional da FEB no Rio de Janeiro
píritas (Abrame); além dele, com-
puseram a mesa-diretora Juvanir relativos a Perispírito: definição, tas – tornando patente a impor-
Borges de Souza, ex-presidente da estrutura, provas de sua existência, tância do evento e a boa receptivi-
FEB, que conduziu o evento, e suas propriedades, suas funções, en- dade por parte dos espíritas do
Aloísio Ghiggino, diretor de Unifi- tre outros. A seguir, foi enfocada a Estado do Rio de Janeiro.
cação do CEERJ. Mediunidade em seus diversos as- Numerosas perguntas foram
Durante o trabalho, importantes pectos: conceito, tipos, o transe e endereçadas ao expositor, com seu
pontos doutrinários foram tratados, seus diversos níveis, sonambulismo, foco principal sobre a natureza do
a educação mediúnica, o processo perispírito e sua ação, e também
mediúnico nos vários tipos de co- acerca de conceitos e atitudes du-
municação, a obsessão e a desobses- rante a tarefa mediúnica, o que trou-
são. Tudo entremeado de relatos de xe a possibilidade de muitos escla-
fatos ocorridos, que enriqueceram a recimentos.
exposição e motivaram sobremanei- Cada vez mais se verifica o valor
ra o público presente. desses seminários, que estão sendo
Esse interesse ficou demonstra- realizados mensalmente pela FEB,
do pelo grande número de pes- em parceria com o CEERJ, diante
soas que lotaram o auditório da confraternização entre os espí-
da FEB – cerca de quinhen- ritas locais, e dos esclarecimentos
seguros que ali são recolhidos, diri-
Zalmino
mindo possíveis dúvidas e cada vez
Zimmermann
expõe seu tema
mais clareando o caminho para a
vivência da Doutrina Espírita.
o
5 Congresso
Espírita Mundial
A comemoração mundial pelos www.consejoespirita.com/portal, oficial do Congresso (Gematours),
150 anos de publicação de O Livro e também pagar a inscrição por fará as reservas de hotéis, pois
dos Espíritos – o Sesquicentenário meio de transferência bancária ou Cartagena é a cidade onde se rea-
da Doutrina Espírita – será o 5o cartão de crédito. liza a maioria dos congressos na
Congresso Espírita Mundial, pro- No Brasil: o interessado poderá Colômbia. Por meio da agência
movido pelo Conselho Espírita fazer sua inscrição enviando via de viagens é possível conseguir-se
Internacional e realizado pela tarifa especial para os congres-
Confederação Espírita Colom- sistas e vagas mais seguras e
biana, com o apoio da Federa- confirmadas. A Avianca é a
ção Espírita da Costa Atlântica. companhia aérea oficial para o
O evento ocorrerá em Cartagena Congresso, oferecendo descon-
de Índias (Colômbia), de 10 a 13 to especial através do código
de outubro de 2007 e terá como GN001. No entanto, há liberda-
tema central “Doutrina Espírita: de de escolher qualquer outro
150 Anos de Luz e Paz”. O Con- meio de transporte. A pessoa
gresso realiza-se no Centro de encarregada em Gematours pa-
Convenções de Cartagena de Ín- ra essa coordenação é: Ivonne
dias, junto ao Centro Histórico Carleo (ivonnecarleo@gema-
da tradicional cidade, costumei- tours.com – telefone: (57-5)
ramente sede dos mais impor- 660-2499 / 660-1625; celular:
tantes eventos nacionais e inter- (57) 315 733 3681; FAX: (57-5)
nacionais da Colômbia. 660-1624/ 660 2501).
O Congresso será somente Para os residentes no Brasil a
para jovens e adultos. Não have- agência RW Turismo foi desig-
rá programação para crianças. É nada como agência oficial de
muito importante que a inscri- Cartaz do Congresso que ocorrerá
viagens, cuja página eletrônica
ção e a reserva de hotel sejam em Cartagena de Índias, Colômbia é: www.rwturismo.com.br
feitas o mais breve possível a fim Mais informações podem ser
de garantir sua hospedagem. Não e-mail sua solicitação e pagamen- obtidas na página:
deixe para a última hora. to à Secretaria Geral do CEI (a/c www.consejoespirita.com
A inscrição pode ser realiza- Zildete Rodrigues), pelo e-mail: Pelo correio eletrônico:
da em qualquer lugar do mun- spiritist@spiritist.org 5cong reso@conse joespir i-
do por meio da página eletrônica: Somente a agência de viagens ta.com
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Biblioteca no
Centro Espírita
“A biblioteca espírita é viveiro de luz.”1
EURÍPEDES KÜHL
D
entre as várias finalidades Num e noutro caso, mostran- tar gratuitamente aos interessa-
do Centro Espírita (C. E.), do novos caminhos, sugerindo dos fontes documentais (livro,
duas pontificam: pronto- reformulação comportamental, prioritariamente), para consulta,
-socorro e escola, para Espíritos demonstrando o valor do apren- estudo e pesquisa.
encarnados e desencarnados. dizado e prática das lições de Naturalmente, no acervo lite-
No primeiro caso, balsamizan- Jesus. rário devem prevalecer “as cha-
do angústias, desfazendo aflições, É-nos lícito crer que, por re- madas obras básicas do Espiritis-
desatando nós morais – ofertan- verberação, tanto a estrutura mo (todos os livros de Allan Kar-
do amparo e ensinando a per- quanto o alcance desses labores dec e a Revista Espírita) e os con-
doar e a amar. se desdobram entre os dois pla- siderados clássicos, escritos no
No segundo, proporcionando nos: o espiritual e o material. final do século passado [XIX] e
doutrinariamente vários cursos, Mas, a par dessa abençoada princípio deste [XX], que conti-
seminários, encontros, palestras gama de atividades do C. E., ou- nuam sendo publicados pela edi-
e orientações cristãs. tra há que se constitui em incom- tora da FEB [...].”2
parável disponibilização de ferra- Indispensáveis, também, as
1 mentas evolutivas: a biblioteca!
VIEIRA, Waldo. Conduta espírita. Pelo
Espírito André Luiz. 30. ed. Rio de Janeiro: Com efeito, a biblioteca do e 2
SOBRINHO, Geraldo C. Biblioteca espíri-
FEB, 2006. Cap. 41, p. 139. no C. E. tem por destinação ofer- ta. Rio de Janeiro: FEB, 1996. Cap. 4, p. 17.
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obras mediúnicas (como as psi- mem” nas estantes das casas... Por tão, eis alguns detalhes que apre-
cografadas por Francisco C. Xa- que não doá-los ao C. E.? sento à biblioteca do C. E.:
vier, Divaldo P. Franco, Yvonne Outra fonte para angariar li- – afixar no quadro de aviso do
A. Pereira, além de outros mé- vros pode ser por troca, desde C. E. os horários de funciona-
diuns) e não mediúnicas – todas que haja exemplares em excesso. mento da biblioteca;
complementares, desde que em- Tive o prazer de organizar e – distribuir aos freqüentado-
basadas nas obras que trouxeram informatizar bibliotecas em vá- res do C. E. folhetos com divul-
a Doutrina dos Espíritos ao nos- rios centros espíritas. A valia que gação do acervo e as normas pa-
so planeta – a Codificação do me restou disso é incalculável, ra utilização, empréstimo e de-
Espiritismo. pois me senti privilegiado, por volução de livros;
Uma biblioteca espírita, para viver e conviver em meio a tan- – para encapar livros (se for o
se constituir, na ausência de re- tos livros, de muitos dos quais caso) usar apenas plástico trans-
cursos financeiros, poderá ini- jamais suspeitara a sublimidade parente, pois é fundamental que
ciar-se através das campanhas de do conteúdo. Reunindo minha re- o leitor veja a obra; poucas pes-
doação de livros junto aos fre- gular experiência em bibliotecas soas desconhecem que a capa do
qüentadores e os amigos e co- espíritas, resolvi elaborar um “Ma- livro é uma das etapas mais difí-
nhecidos destes. Muitos são os nual da Biblioteca”, o qual está na ceis da sua edição e por vezes
bons livros espíritas (e não só es- Internet, à disposição dos inte- demanda incontáveis sugestões
píritas) que depois de lidos “dor- ressados, no site da Editora PETIT: de especialistas, até que uma seja
www. petit.com.br Informo ain- aprovada...
da que também a Editora Aliança – não encapsular o livro no
(www.alianca.org.br) tem material plástico transparente pois isso im-
grátis para os C. E. interessados, pedirá que o leitor possa folheá-
para formação, ou para amplia- -lo; geralmente, é quando aberto
ção da biblioteca espírita. ao acaso e lido um único parágra-
Apenas como simples suges- fo que o livro “fisga” o leitor...
– com exceção das obras de es-
tudo, não há necessidade de mais
É fundamental que todos os de dois ou três exemplares de ca-
livros estejam catalogados
da título, pois do contrário pode-
e etiquetados
rá faltar espaço nas estantes;
– as chamadas obras raras,3 as
de estudo, CDs ou DVDs, cole-
ções em geral, não devem sair da
biblioteca ou do C. E. – ideal é
que sejam consultadas na pró-
pria biblioteca ou em outra de-
pendência do C. E.; assim, não
3
Obras raras: material bibliográfico de
valor inestimável, pela antigüidade, pri-
meira edições, esgotamento de edições,
exemplares autografados pelo autor, obras
de tiragem reduzida além de outros crité-
rios de raridade.
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deverá haver empréstimo domi- C. E. deverá optar por um, que autênticas bússolas para roteiros
ciliar desse material; pode ser logo na primeira pági- de renovação moral. E como se
– o C. E. deverá elaborar pro- na, na primeira e na última, ou está comemorando o Sesquicen-
grama de divulgação e comentá- sempre na página 20, ou na 30, tenário do livro espírita número
rios permanentes sobre o acervo etc.; carimbar, porém, sempre no um – O Livro dos Espíritos –,
literário disponível, com isso in- canto inferior direito da página meu pensamento volve a 18 de
centivando a leitura de boas escolhida; abril de 1857, data do seu lança-
obras; – havendo disponibilidade em mento, qual autêntica “Certidão
– o selecionador dos livros que espaço e pessoal, o C. E. poderá de Nascimento” do Espiritismo.
irão constituir o acervo deverá organizar biblioteca infantil, pa- Tamanha e tanta é a luz que ema-
ser pessoa de razoável conheci- ralela ou inserida na própria bi- na dessa obra, que dela reveren-
mento do Espiritismo; aliás, o blioteca geral; cio seu autor fundamental: o
ideal é que haja uma comissão – periodicamente (a cada seis Mestre Jesus, que incumbiu seus
para essa delicada tarefa... meses, por exemplo) os livros de- prepostos de repassarem a Allan
– deverá ser designado(a) vo- verão ser retirados das estantes e Kardec as respostas que ilumina-
luntário(a) para administrar o limpos com uma flanela umede- riam a dúvida humana, consubs-
registro (catalogação), o emprés- cida com álcool: eliminação de tanciada nas reflexões filosóficas
timo e a devolução de obras do poeira, ácaros, traça, etc. de todos os tempos: de onde
acervo literário; poderá ser um Encerro, louvando os livros vim, a que estou, para onde e
dos selecionadores; espíritas que, decisivamente, são como irei?
– o mercado editorial espírita
está muito dinâmico atualmente
e assim o responsável pela biblio-
teca deverá acompanhar os novos
O Livro
lançamentos e se possível conhe- Ei-lo! Facho de amor que, redivivo, assoma
cer o que a mídia espírita informa Desde a taba feroz em folhas de granito,
Da Índia misteriosa e dos louros do Egito
sobre eles; muitos são os periódi-
Ao fausto senhoril de Cartago e de Roma!
cos que trazem comentários indi-
viduais de livros espíritas; Vaso revelador retendo o excelso aroma
– é fundamental que todos os Do pensamento a erguer-se esplêndido e bendito,
livros estejam devidamente cata- O Livro é o coração do tempo no Infinito,
logados, registrados e etiqueta- Em que a idéia imortal se renova e retoma.
dos; hoje em dia a informática
Companheiro fiel da virtude e da História,
facilita bastante essa tarefa; Guia das gerações na vida transitória,
– os livros devem estar à vista É o nume apostolar que governa o destino;
e em ordem alfabética de título,
começando do alto da estante Com Hermes e Moisés, com Zoroastro e Buda,
para baixo, e sempre da esquerda Pensa, corrige, ensina, experimenta, estuda,
para a direita; E brilha com Jesus no Evangelho Divino.
– é aconselhável que cada
Olavo Bilac
exemplar seja carimbado, identi-
ficando-o como propriedade da Fonte: XAVIER, Francisco C. Parnaso de além-túmulo. 18. ed. Rio de Janeiro: FEB,
biblioteca do C. E.; vários são os 2006. p. 411. Edição Comemorativa – 70 anos.
critérios para carimbação; cada
Seara Espírita
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