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Recomendação SQS 314 Bloco B

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20/10/2020 SEI/GDF - 48141493 - Recomendação

GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL

SECRETARIA DE ESTADO DE DESENVOLVIMENTO URBANO E HABITAÇÃO DO DISTRITO FEDERAL

Grupo Técnico Execu vo de um Acordo de Cooperação Técnica

Recomendação n.º 2/2020 - SEDUH/GAB/ACT-IPHAN-GDF Brasília-DF, 30 de setembro de 2020.

Acordo de Cooperação Técnica IPHAN-DF/SEDUH/SECEC/DF LEGAL n° 01/2020


Grupo Técnico Execu vo - GTE
Assunto: Preservação dos azulejos originais do Bloco B da SQS 314
Interessado: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Cria va do DF

APRESENTAÇÃO

A presente análise decorre do pedido de atuação junto ao condomínio do Bloco B da SQS 314, em função de
reforma que prevê a re rada de azulejos originais da edificação, encaminhada à Subsecretaria do Patrimônio Cultural – SUPAC, da
Secretaria de Estado de Cultura e Economia Cria va – SECEC, em 03/07/2020.
Foi argumentado que os azulejos situados nos pilo s dos blocos SQS 314, construída na década de 1970,
caracterizam-se pela sua concepção em conjunto com outros edi cios da mesma Superquadra, sendo que o uso da cor nas
fachadas, em harmonia com os azulejos são marcas de seu trabalho. O arquiteto responsável pelo projeto, Eduardo Negri,
integrou a equipe de Oscar Niemeyer nos primeiros anos de construção de Brasília. Nesse sen do, a interessada afirmou que os
edi cios residenciais mais an gos e, por isso, representa vos da história de Brasília, estão em risco, em função de reformas sem
critérios que não consideram e respeitam a historicidade e qualidade tanto das edificações, quanto da cidade.
Citando a publicação “Superquadra de Brasília - preservando um lugar para viver” (Iphan-DF, 2015), o documento
reitera a importância das superquadras brasilienses para a história do urbanismo mundial, destacando as orientações de
preservação dos elementos cons tu vos das fachadas.
Diante do exposto, foi solicitado que a SUPAC orientasse o condomínio quanto à necessidade de preservar suas
caracterís cas constru vas originais, com apresentação de critérios que devem ser observados em função de valores históricos e
arquitetônicos, considerando não haver uma norma específica para controle de intervenções, nesse sen do.
Em anexo à solicitação, também foi encaminhado um documento do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do DF –
CAU-DF informando que, “no desempenho de seu papel ins tucional (...) exerce ações informa vas sobre questões de interesse
público e é promotora de discussão e proporção de temas relacionados à Arquitetura e Urbanismo no âmbito de polí cas públicas
em geral, programas ou inicia vas de interesse social e cole vo”. Nesse sen do, o CAU-DF informa que “foi criada a Comissão
Temporária de Patrimônio, com o intuito de valorizar, mediante reconhecimento público, profissionais e empresas que tenham
contribuído significa vamente para o desenvolvimento da Arquitetura e Urbanismo, além de fomentar meios capazes de
promover a profissão de Arquitetura e Urbanismo junto à sociedade”.
O documento prossegue esclarecendo quanto à elegibilidade do Bloco K da SQS 314, que possui a mesma pologia
do Bloco B, para receber o selo/placa de “Qualidade de Arquitetura Moderna”, em função do respeito ao legado histórico da
Arquitetura Moderna e manutenção de suas caracterís cas fundamentais, mesmo diante de reformas e adequações necessárias
às necessidades contemporâneas.
Os elementos considerados para a qualificação em questão referem-se, basicamente, à preservação dos
reves mentos originais das fachadas e dos pilo s, assim como o cuidado com a área circundante e a preocupação com
acessibilidade.
Diante da atuação da SECEC no Grupo de Trabalho Execu vo decorrente do Acordo de Cooperação Técnica entre
IPHAN-DF e GDF, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação – SEDUH, SECEC e Secretaria de Estado de
Proteção da Ordem Urbanís ca – DF Legal, a demanda foi apresentada para pronunciamento do grupo, por meio da presente
recomendação.

ANÁLISE

1. Referências Conceituais e Legais


A principal referência conceitual e legal da qual se origina a compreensão de patrimônio cultural e, por tanto, de
bens materiais e imateriais, ou da associação de ambos em lugares específicos, pode ser delimitada pela Cons tuição Federal, em
seu Art. 216:

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Cons tuem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados
individualmente ou em conjunto, portadores de referência à iden dade, à ação, à memória dos diferentes
grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
I–as formas de expressão;
II–os modos de criar, fazer e viver;
III–as criações cien ficas, ar s cas e tecnológicas;
IV–as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços des nados às manifestações ar s co-
culturais;
V–os conjuntos urbanos e sí os de valor histórico, paisagís co, ar s co, arqueológico, paleontológico,
ecológico e cien fico.
Em seguida, o § 1º do mesmo ar go define, sem esgotar o assunto, estratégias e instrumentos de reconhecimento
desses bens, assim como a corresponsabilidade, entre os entes e agentes envolvidos, nessa função:
§ 1o O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural
brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras
formas de acautelamento e preservação.
Verifica-se que a iden ficação de bens materiais, imateriais e outras referências culturais, por meio de algum po
de chancela ins tucional, decorre da prévia existência de valores intrínsecos a eles, reconhecidos por segmentos da sociedade,
seja pela comunidade envolvida, seja por organizações de classe, en dades de pesquisa, entre outros.
Nesse sen do, existe o entendimento de que o patrimônio cultural, latu sensu representa o conjunto de elementos
de referência reconhecidos por segmentos da sociedade, ou por ela como um todo.
Já a noção de patrimônio cultural, strictu sensu, é formado pelo conjunto de bens e referências que passaram pelo
processo administra vo de iden ficação e reconhecimento, chancelado por um ato norma vo.
O tombamento, especificamente, cons tui-se em instrumento jurídico que existe em função de valores
previamente atribuídos ao bem e que, por isso, exige do poder público e da sociedade o cumprimento de diretrizes e
procedimentos de preservação.
Nesse caso, a aplicação de referenciais legais, teóricos e categorias analí cas possibilita fundamentar processos de
iden ficação, reconhecimento e ressignificação de valores atribuídos a edificações, lugares ou mesmo objetos.

1.1. Iden ficação de valores


Existem metodologias e possibilidades de aplicação de instrumentos alterna vos de reconhecimento de
referências culturais, a exemplo dos Inventários Par cipa vos, a respeito da noção de patrimônio lato sensu, em função de
valores que conectam a sociedade e aspectos da vida co diana ao território que ela ocupa, aos grupos que a cons tuem e aos
períodos que a formaram no tempo (IPHAN, 2016).
Em sen do strictu, a proteção decorrente do tombamento incide na materialidade do bem, especialmente com
base em conceitos como integridade e auten cidade, tratados nas Cartas de Patrimoniais – especialmente na Carta de Veneza
(1964), Carta de Nara (1994), Carta de Brasília (1995), Declaração de San Antonio (1996) e Carta de Riga (2000) – o que resulta na
diretriz de preservação dos reves mentos originais das construções.
No caso de elementos constru vos, a noção de auten cidade pode ser entendida como:
(...) medida do grau com que os atributos do patrimônio cultural, forma e design, materiais e substância,
uso e função, tradições e técnicas, locação e assentamento, espírito e sen mento, e outros fatores
(UNESCO, 2005), testemunham com credibilidade a sua significância. (ZANCHETI et al, 2008, 1)
Dessa forma, “o entendimento da auten cidade pauta-se no fato dos bens culturais serem produtos da cria vidade
humana e deles emanar uma verdade, a qual está relacionada ao seu processo de construção e transformação no espaço e
tempo”, sendo, portanto, que:
A condição de ser autên co é requisito fundamental para atribuição de interesse patrimonial ao bem
cultural.
A percepção dessas dimensões da auten cidade, todavia, está inteiramente vinculada à capacidade
expressiva da cidade, ou seja, a medida em que seus atributos sicos têm de expressar sua verdade e
genuinidade. (ZANCHETI et al, 2008, 1)
Na busca da definição de critérios de reconhecimento, a Carta de Burra (2013) traz a noção de “significância
cultural” com base em valores:
(...) esté co, histórico, cien fico, social e espiritual de um bem para as gerações passadas, presentes ou
futuras.
A significação cultural se corporifica no sí o propriamente dito, no seu tecido, entorno, uso, associações,
significados, registros, sí os relacionados e objetos relacionados,
Os sí os podem ter um conjunto de valores para diferentes indivíduos ou grupos (Austrália – ICOMOS
1999).
A análise sobre a atribuição de valores, com base na Carta de Burra, especifica que:

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Os valores seriam atributos derivados diretamente das qualidades obje vas dos edi cios. A iden ficação
dos valores seria, portanto, um trabalho dos indivíduos cultos como, por exemplo, os historiadores da
arte e os arquitetos especialistas na conservação patrimonial, que têm o conhecimento necessário para
interpretar corretamente os valores por meio das análises das qualidades arquitetônicas da edificação.
Essa é a visão que está por trás da Carta de Burra. (ZANCHETI e HIDAKA, 2014, 5)
Quanto à determinação da significância, esta “é realizada por meio de uma análise do edi cio, um entendimento
da história e do contexto e a iden ficação dos valores para as comunidades” envolvidas, sendo que “o valor é uma categoria
analí ca central para a determinação da significância”, a par r da qual se baseia a declaração, com base no “uso de um sistema
de valores que possa representar a importância cultural atribuída por uma comunidade para seus edi cios”. (ZANCHETI e HIDAKA,
2014, 6)
Ainda sob a análise de critérios de iden ficação e avaliação que fundamentam a declaração de significância,
destaca-se a proposta de classificação, em função de critérios rela vos a:
(a) origem e autoria: edi cios de origem específicas, construídos sob condições especiais, para comemorar fatos
ou eventos e desenhados por arquitetos representa vos de sua época;
(b) representa vidade: edi cios que reúnem caracterís cas exemplares, ou marcantes, de uma categoria, ou
família, de edificações, passível de subdivisão em várias categorias, como autor, po arquitetônico, de uma época, de uma técnica
constru va, entre outras;
(c) raridade: edi cios únicos em uma categoria, por exis rem poucos exemplares remanescentes de uma época, de
um po constru vo, de um proje sta ou por serem exemplares pouco usuais – o critério de raridade pode vir associado do
critério de representa vidade;
(d) condição de completude ou integridade: edi cios íntegros, completos quanto à sua forma, materiais
constru vos, obras de arte integradas, entorno, e outras caracterís cas significa vas;
(e) potencial interpreta vo: critério rela vo à capacidade de expressar e permi r a interpretação de temas
históricos, experiências sociais de grupos, pos de usos e a vidades e emprego de técnicas e materiais constru vos, que
cumprem a função de elos necessários para a narra va histórica da cultura, da sociedade, de pessoas, de grupo, apesar de não
possuírem valores patrimoniais significa vos – possuem potencial educa vo decorrente de valores cogni vos.

2. Iden ficação e caracterização do objeto em análise

2.1. Dimensões de preservação existentes


Para análise da questão, incialmente é necessário ressaltar que o Conjunto Urbanís co de Brasília (CUB) possui
proteção em três instâncias, como decorrência do projeto do Plano Piloto de Lucio Costa, para a Nova Capital pelo Distrito
Federal (Decreto nº 10.829/1987) e pela Unesco em 1987, e pelo IPHAN em 1990 (Portaria nº 314/1992, complementada e
detalhada pela Portaria nº 166/2016).
O reconhecimento internacional, com base no Valor Universal de Excepcionalidade, destaca os requisitos de
Brasília referentes à “(i) representar uma obra-prima do gênio cria vo humano”; e “(iv) ser um exemplo excepcional de um po
de edi cio ou de conjunto arquitetônico ou tecnológico, ou de paisagem que ilustre uma ou várias etapas significa vas da história
da humanidade”.
Além da proteção do CUB, existe a proteção distrital específica para a preservação do conjunto da Unidade de
Vizinhança formada pelas Superquadras Sul 107, 108, 307 e 308 (Decreto nº 30.303/2009), em função de sua representa vidade
quanto à maior fidelidade à proposta inicial para a escala residencial, nos termos da Lei nº 47/1989, que decorre do Decreto-Lei
nº 25/1937, em nível federal.
À época do tombamento dessa Unidade de Vizinhança, verificou-se a necessidade de proteção do conjunto que
representa a concre zação dos princípios propostos para a escala residencial, em função da dinâmica, ocupação, adaptações e
crescimento da cidade. Tal proteção inclui os aspectos que configuram tanto a caracterização, tanto em âmbito urbanís co e
paisagís co, quanto arquitetônico.

2.2. Caracterização do objeto


A despeito da SQS 314 não possuir tombamento específico, seus edi cios residenciais foram iden ficados em
levantamentos oficiais e trabalhos acadêmicos, de modo a iden ficar sua relevância simbólica para a história da cidade.

2.2.1. Plano de Preservação do Conjunto Urbanís co de Brasília


Em função da elaboração da proposta para o Plano de Preservação do Conjunto Urbanís co de Brasília (PPCUB), foi
realizado um levantamento de edi cios construídos entre 1958 e 1980, detentores de “maior valor” para os componentes de
salvaguarda correspondentes às categorias de “forma urbana”, “paisagem urbana” e “histórico”, conforme a Planilha de
Parâmetros Urbanís cos de Preservação TP2 – UP2, do qual fazem parte todos os edi cios da SQS 314.

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Imagem da TP2 – UP2, Anexo do PPCUB.

2.2.2. Publicação “A invenção da Superquadra” (IPHAN, 2007)


O Bloco B da SQS 314 foi também iden ficado no levantamento realizado para a publicação do livro “A invenção da
Superquadra”, publicada pelo IPHAN em 2007, que compila “informações gráficas e históricas (...) sobre o urbanismo e
arquitetura dos edi cios que cons tuem grande parte do patrimônio cultural de Brasília” (IPHAN, 2007).
A publicação afirma que:
(...) exibe-se nesse livro arquitetura pouco conhecida – e por isso reconhecida – dos edi cios residenciais da Capital
da República, assim como se apresentam informações sobre a qualidade e variedade de arquitetos brasileiros do período
modernista que aqui es veram construindo esta cidade excepcional. (...) Tais elementos, presentes nesses edi cios, ainda são,
hoje, o testemunho de uma época de vanguarda da nossa arquitetura. (IPHAN, 2007)
Trata-se de “um trabalho quase arqueológico, ao resgatar a autoria de várias quadras e blocos projetados por
alguns arquitetos conhecidos” e desconhecidos, para valorização da “qualidade arquitetônica dos prédios residenciais –
principalmente os situados na Asa Sul”, ressaltando que Brasília “ainda possui hoje um saldo de arquitetura residencial construída
entre os sessenta e os oitenta de excepcional qualidade” (IPHAN, 2007).
O edi cio em questão, cujo mesmo projeto se observa na SQS 314 blocos D, E, F, G, I, J, K, e SQS 102 bloco K, foi
categorizado como Bloco Tipo “BC-2” – entre 71 pos de edi cios mul familiares classificados – projetado pelo arquiteto
Eduardo Villemor Amaral Negri – entre 32 arquitetos/engenheiros iden ficados.
A construção foi realizada pela empresa Encol Engenharia e Comércio Ltda, juntamente com os blocos I, D e B da
mesma quadra, cujo agente promotor e proprietário foi o Banco do Brasil.

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Imagem da SQS 314 com localização do Bloco B em destaque (IPHAN, 2007).

Caracterís cas pológicas:


- Número de unidades: 36;
- Prumadas: 3;
- Elevador por prumada: 2;
- Número de pavimentos: 6 pavimentos, pilo s e garagem subterrânea;
- Programa da unidade: sala, 3 quartos, circulação, 2 banheiros, sendo um deles priva vo, cozinha, área de serviço,
quarto e banheiro de empregada;
- Área da unidade: 156,81 m² (12) e 155,45 m² (24);
- Área total do bloco: 8.623,00 m²;
- Dimensões da projeção: 84,35 x 11,65 m;
- Início/término: 05/04/1974;
- Observação: o projeto po BC-2 cons tui uma adaptação do projeto po A-13 elaborado pelo mesmo autor, para
a Caixa Econômica Federal.

2.2.3. Verificação in loco


Em vistoria realizada em 09/07/2020 foi registrada a contextualização atual dos reves mentos e ambiência de
elementos considerados na presente análise:

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Vista parcial da fachada frontal.

Vista parcial da fachada posterior.

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Vista das prumadas do pilo s.

Imagem do projeto de reforma.

2.3. Diretrizes e aplicáveis

2.3.1. Publicação “Superquadra de Brasília - preservando um lugar para viver” (IPHAN, 2015)
Quanto à necessidade de preservação de aspectos arquitetônicos em função de sua concepção enquanto conjunto,
assim como em função de sua historicidade e caracterís cas esté cas, está o entendimento expresso na publicação in tulada
“Superquadra de Brasília - preservando um lugar para viver”:
As fachadas dos blocos pertencentes às quadras do período inicial de implantação da cidade cons tuem exemplos
expressivos e únicos dos princípios de arquitetura moderna.

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Ao se fazer intervenções, reformas e modernizações, deve-se ter o cuidado de alterar o mínimo possível as
caracterís cas originais do edi cio, principalmente quando se tratar de fachadas, reves mentos, painéis decora vos de azulejos,
po e desenho de esquadrias e cobogós. São orientações que vão na linha de preservação das caracterís cas da arquitetura
própria da cidade, para que ela não se desvalorize nem desapareça. (IPHAN, 2015: 76)
Ainda como recomendação, visando preservar e manter a qualidade visual e de conjunto dos edi cios das
Superquadras, “Recomenda-se também buscar soluções padronizadas, por exemplo para os aparelhos de ar condicionado, que
devem se integrar harmonicamente à arquitetura do edi cio” (IPHAN, 2015:78)

2.3.2. Reconhecimento alterna vo aplicável – “Selo CAU/DF – Arquitetura de Brasília”


Diante da necessidade de reconhecer e preservar edificações representa vas da história da construção de Brasília
que não possuam proteção pelo tombamento individual ou em conjunto, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do DF – CAU-
DF, em conformidade com sua atribuição de “zelar pela dignidade, independência e valorização cultural e técnico-cien fica do
exercício da Arquitetura e Urbanismo”, em 2020, criou a Comissão Temporária de Patrimônio, visando “à proposição de um
conjunto de ações para valorização daquelas arquiteturas tradicionais de Brasília não reconhecidas como patrimônio cultural
pelos órgãos competentes (Documento de lançamento do Selo CAU/DF. Disponível em: h ps://caudf.gov.br/wp-
content/uploads/2020/08/Selo-CAU-DF-de-Arquitetura-de-Bras%C3%ADlia-2.pdf).
Dessa forma, com o apoio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Habitação (SEDUH), da Secretaria
de Turismo (SETUR), da Administração Regional de Brasília (RA-I), do Ins tuto de Arquitetos do Brasil – Departamento Distrito
Federal (IAB-DF) e da Associação das Empresas de Arquitetura e Urbanismo de Brasília (AEArq), em 17/08/2020 é lançado o “Selo
CAU/DF – Arquitetura de Brasília”, para edificações que atendam os critérios de avaliação para serem cer ficadas.
O documento de apresentação do Selo, prossegue:
É de entendimento da Comissão que os edi cios construídos em Brasília nas suas primeiras décadas, fora do eixo
monumental, – blocos residenciais, casas, edi cios comerciais, edi cios de escritórios e edi cios ins tucionais – foram tão
essenciais para a formação da imagem da cidade quanto seus monumentos. Enquanto os monumentos funcionaram como
marcos de claro apelo simbólico, isolados ou não de seu contexto, a arquitetura não monumental, por outro lado, possui
significa va relevância como conjunto e quan dade de edificações construídas.
Contudo, essas edificações do co diano não encontraram, ao longo dos anos, o reconhecimento histórico que os
destacados palácios, igrejas e edi cios públicos da mesma época, mais preservados em suas caracterís cas originais. Ao
contrário, observa-se com o tempo a execução de sucessivas reformas visando, para além da manutenção dos acabamentos ou
da subs tuição de elementos deteriorados, a intencional alteração das caracterís cas originais dos edi cios.
Tal inicia va, busca contribuir, obje vamente, para:
- valorizar a arquitetura não monumental da cidade;
- exaltar os autores pouco conhecidos pelo público geral e dar notoriedade às suas obras, que expressam valores
arquitetônicos e históricos da cidade;
- divulgar as boas prá cas de conservação e manutenção predial;
- sensibilizar a sociedade de que as reformas prediais podem ser compa veis com a preservação da linguagem
arquitetônica do movimento moderno.
Sendo os critérios básicos para avaliação dos edi cios, nessa primeira edição do Selo:
- respeito à arquitetura original;
- manutenção adequada das fachadas;
- respeito às linhas gerais de composição do edi cio;
- manutenção dos pos de reves mento e cores originais, sempre que possível;
- manutenção de elementos originais, se não for possível, critério na recons tuição/subs tuição;
- manutenção dos pilo s livres, sem cercamento;
- ausência de ocupações excessivas dos pilo s;
- se houver intervenções, que respeitem a auten cidade do edi cio.

CONCLUSÃO

Diante do exposto, verifica-se que o Bloco B da SQS 314 possui inques onável valor histórico, arquitetônico e
esté co, dentro da construção e caracterização modernista de Brasília, assim como critérios complementares, iden ficados como
(a) autoria, (b) representa vidade, (c) raridade, (d) integridade e (e) potencial interpreta vo (conforme classificações decorrentes
da metodologia de Declaração de Significância).
Para tanto, considerando a necessidade de preservação dos edi cios e aspectos remanescentes e representa vos
das várias etapas de construção de Brasília, marcadas pelo Movimento Moderno na arquitetura e urbanismo, assim como por

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especificidades próprias, como referencial de sua história e diversidade de contribuições es lís cas, ideológicas e espaciais, o
Grupo se posiciona favoravelmente à conservação das caracterís cas que conferem auten cidade ao imóvel, assim como às
inicia vas alterna vas de iden ficação, reconhecimento e promoção desses atributos e valores.
O Grupo também recomenda ao condomínio em questão a preservação de suas caracterís cas pológicas e
esté cas, como parte integrante do conjunto de edi cios que ainda guardam tais atributos.
Nesse sen do, os elementos constru vos, especialmente os materiais de reves mentos externos, destacam-se
como caracterís cas principais das edificações reconhecidas por seus valores intrínsecos, sejam tombados ou não.

REFERÊNCIAS

FERREIRA, Marcílio Mendes e GOROVITZ, Matheus. A invenção da Superquadra: o conceito de Unidade de Vizinhança em Brasília.
Brasília: IPHAN, 2007.
IPHAN. Educação Patrimonial: inventários par cipa vos. Brasília: IPHAN, 2016.
IPHAN. Superquadra de Brasília - preservando um lugar para viver. Brasília: IPHAN, 2015.
ZANCHETI, Silvio Mendes e HIDAKA, Lúcia Tone Ferreira. A declaração de significância de exemplares da arquitetura moderna.
Olinda: CECI, 2014 - Texto para Discussão V. 57.
ZANCHETI, Silvio Mendes et al. Da auten cidade nas cartas patrimoniais ao reconhecimento das suas dimensões na cidade.
Olinda: CECI, 2008 - Texto para Discussão V. 28.

Documento assinado eletronicamente por BEATRIZ COROA DO COUTO - Matr.0156948-1,


Membro do Grupo Técnico Execu vo, em 13/10/2020, às 14:26, conforme art. 6º do Decreto n°
36.756, de 16 de setembro de 2015, publicado no Diário Oficial do Distrito Federal nº 180,
quinta-feira, 17 de setembro de 2015.

Documento assinado eletronicamente por FERNANDA FIGUEIREDO GUIMARAES -


Matr.1430664-6, Membro do Grupo Técnico Execu vo, em 13/10/2020, às 16:50, conforme
art. 6º do Decreto n° 36.756, de 16 de setembro de 2015, publicado no Diário Oficial do Distrito
Federal nº 180, quinta-feira, 17 de setembro de 2015.

Documento assinado eletronicamente por FRANCISCO DAS CHAGAS LEITÃO - Matr.0035395-7,


Membro do Grupo Técnico Execu vo, em 15/10/2020, às 11:03, conforme art. 6º do Decreto n°
36.756, de 16 de setembro de 2015, publicado no Diário Oficial do Distrito Federal nº 180,
quinta-feira, 17 de setembro de 2015.

Documento assinado eletronicamente por DANIELA ZAMBAM RODOLFO - Matr.0238604-6,


Membro do Grupo Técnico Execu vo-Suplente, em 15/10/2020, às 11:07, conforme art. 6º do
Decreto n° 36.756, de 16 de setembro de 2015, publicado no Diário Oficial do Distrito Federal nº
180, quinta-feira, 17 de setembro de 2015.

Documento assinado eletronicamente por Laura Ribeiro de Toledo Camargo, Usuário Externo,
em 16/10/2020, às 16:32, conforme art. 6º do Decreto n° 36.756, de 16 de setembro de 2015,
publicado no Diário Oficial do Distrito Federal nº 180, quinta-feira, 17 de setembro de 2015.

Documento assinado eletronicamente por Beatriz de Oliveira Alcantara Gomes, Usuário


Externo, em 16/10/2020, às 16:41, conforme art. 6º do Decreto n° 36.756, de 16 de setembro
de 2015, publicado no Diário Oficial do Distrito Federal nº 180, quinta-feira, 17 de setembro de
2015.

Documento assinado eletronicamente por CRISTIANO WILSON PIMENTA PORTILHO -


Matr.0126960-7, Membro do Grupo Técnico Execu vo-Suplente, em 16/10/2020, às 18:19,

https://sei.df.gov.br/sei/controlador.php?acao=documento_imprimir_web&acao_origem=arvore_visualizar&id_documento=55531189&infra_siste… 9/10
20/10/2020 SEI/GDF - 48141493 - Recomendação
conforme art. 6º do Decreto n° 36.756, de 16 de setembro de 2015, publicado no Diário Oficial
do Distrito Federal nº 180, quinta-feira, 17 de setembro de 2015.

A auten cidade do documento pode ser conferida no site:


h p://sei.df.gov.br/sei/controlador_externo.php?
acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=0
verificador= 48141493 código CRC= ED0BA8F3.

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