36 36 PB
36 36 PB
36 36 PB
13
33
HISTÓRIA DA
HISTORIOGRAFIA
International Journal of Theory and History of Historiography
EXPEDIENTE
EDITOR CHEFE
Temístocles Cezar (UFRGS . Porto Alegre . RS . Brasil)
EDITORES EXECUTIVOS
Ana Carolina Barbosa Pereira (UFBA . Salvador . BA . Brasil)
Ewa Domanska (AMU . Poznan . Polônia)
João Rodolfo Munhoz Ohara (UFRJ . Rio de Janeiro . RJ . Brasil)
Luisa Rauter Pereira (UFOP . Mariana . MG . Brasil)
Mateus Henrique Faria Pereira (UFOP . Mariana . MG . Brasil)
Omar Acha (UBA . Buenos Aires . Argentina)
CONSELHO EDITORIAL
Alejandro Eujanian (UNR . Rosário . Argentina)
Arthur Alfaix Assis (UnB . Brasília . DF . Brasil)
Arthur Lima de Àvila (UFRGS . Porto Alegre . RS. Brasil)
Claudia Beltrão (UNIRIO . Rio de Janeiro . RJ . Brasil)
Durval Muniz de Albuquerque (UFRN . Natal . RN . Brasil)
Fabio Wasserman (UBA . Buenos Aires . Argentina)
Fábio Franzini (UNIFESP . Guarulhos . SP . Brasil)
Fernando Nicolazzi (UFRGS . Porto Alegre . RS . Brasil)
Flávia Florentino Varella (UFSC . Florianópolis . SC . Brasil)
Helena Mollo (UFOP . Mariana . MG . Brasil)
Julio Bentivoglio (UFES . Vitória . ES . Brasil)
Lucia Maria Paschoal Guimarães (UERJ . Rio de Janeiro . RJ . Brasil)
Pedro Meira Monteiro (Princeton University . Princeton . Estados Unidos)
Pedro Spinola Pereira Caldas (UNIRIO . Rio de Janeiro . RJ . Brasil)
Raquel Glezer (USP . São Paulo . SP . Brasil)
Rebeca Gontijo (UFRRJ . Seropédica . RJ . Brasil)
Ricardo Salles (UNIRIO . Rio de Janeiro . RJ . Brasil)
Rodrigo Turin (UNIRIO . Rio de Janeiro . RJ . Brasil)
Sérgio da Mata (UFOP . Mariana . MG . Brasil)
Tiago C. P. dos Reis Miranda (Universidade de Évora . Évora . Portugal)
Valdei Lopes de Araujo (UFOP . Mariana . MG . Brasil)
CONSELHO CONSULTIVO
Astor Diehl (UPF . Passo Fundo . RS . Brasil)
Carlos Fico (UFRJ . Rio de Janeiro . RJ . Brasil)
Carlos Oiti (UFG . Goiás . GO . Brasil)
Cássio Fernandes (UNIFESP . Guarulhos . SP . Brasil)
Chris Lorenz (VU University Amsterdam . Amsterdã . Holanda)
Denis Bernardes - in memoriam (UFPE . Recife . PE . Brasil)
Edgar De Decca - in memoriam (UNICAMP . Campinas . SP . Brasil)
Eliana Dutra (UFMG . Belo Horizonte . MG . Brasil)
Estevão de Rezende Martins (UnB . Brasília . DF . Brasil)
Ewa Domanska (Adam Mickiewicz University . Poznañ . Polônia)
Fernando Catroga (Universidade de Coimbra . Coimbra . Portugal)
Francisco Murari Pires (USP . São Paulo . SP . Brasil)
François Hartog (EHESS . Paris . França)
Frederico de Castro Neves (UFC . Fortaleza . CE . Brasil)
Guillermo Zermeño Padilla (Colegio del México . Cidade do México . México)
Hans Ulrich Gumbrecht (Stanford University . Stanford . Estados Unidos)
Hayden White - in memoriam(Stanford University . Stanford . Estados Unidos)
Iris Kantor (USP . São Paulo . SP . Brasil)
José Carlos Reis (UFMG . Belo Horizonte . MG . Brasil)
Jörn Rüsen (KI/ UWH . Witten . Alemanha)
Jurandir Malerba (PUC-RS . Porto Alegre . RS . Brasil)
Keila Grinberg (UNIRIO . Rio de Janeiro . RJ . Brasil)
Luiz Costa Lima (PUC-Rio . Rio de Janeiro . RJ . Brasil)
Manoel Salgado Guimarães - in memoriam (UFRJ . Rio de Janeiro . RJ . Brasil)
Marco Morel (UERJ . Rio de Janeiro . RJ . Brasil)
Marlon Salomon (UFG . Goiânia . GO . Brasil)
Pascal Payen (Université de Toulouse II - Le Mirail . Toulouse . França)
Sanjay Seth (University of London . Londres . Reino Unido)
Sérgio Campos Matos (Universidade de Lisboa . Lisboa . Portugal)
Silvia Petersen (UFRGS . Porto Alegre . RS . Brasil)
EDITOR ASSISTENTE
Marcos Eduardo de Sousa (UFOP . Mariana . MG . Brasil)
EDITORES COLABORADORES
Francisca Dávila de Oliveira (UFOP . Mariana . MG . Brasil)
Mayra de Souza Marques (UFOP . Mariana . MG . Brasil)
Renan Siqueira Moraes (UFOP . Mariana . MG . Brasil)
Tiago da Costa Guterres (UFRGS . Porto Alegre . RS . Brasil)
SECRETARIA
Aguinaldo Medeiros Boldrini (UFOP . Mariana . MG . Brasil)
DIAGRAMAÇÃO
Marcos Eduardo de Sousa (UFOP . Mariana . MG . Brasil)
REALIZAÇÃO
Sociedade Brasileira de Teoria e História da Historiografia (SBTHH)
APOIO
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG)
Programa de Pós-graduação em História - UFRGS
CONTATO
Rua do Seminário, s/n - Centro Mariana - MG
35420-000| Brasil
http://www.historiadahistoriografia.com.br
historiadahistoriografia@hotmail.com
Telefone: (31) 3557-9400
MISSÃO
A História da Historiografia é um periódico interinstitucional
patrocinado pelos Programas de Pós-graduação em História da
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e da Universidade Federal do
Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), coordenada pela Sociedade Brasileira
de Teoria e História da Historiografia (SBTHH). Sua publicação se insere
no âmbito de grupos e núcleos de pesquisa de Universidades brasileiras e
estrangeiras das áreas de teoria da História e história da historiografia. A
revista tem como missão a divulgação do conhecimento das áreas de teoria
da História, história da historiografia e outras afins no intuito de fomentar
o intercâmbio de ideias e resultados de pesquisas entre investigadores
dessas áreas correlatas, através da publicação de artigos inéditos que,
após o processo de avaliação editorial, sejam considerados relevantes às
discussões de tais campos. Além de pesquisas originais, incentiva-se a
produção de artigos de debate historiográfico que resenhem criticamente
publicações recentes pertinentes aos temas relacionados com as áreas de
conhecimento que configuram o escopo da publicação. A linha editorial da
HH, desta forma, almeja a constituição de um espaço de livre acesso para
o debate acadêmico por meio de publicações relacionadas à área.
FICHA CATALOGRÁFICA
História da Historiografia. Ouro Preto - International Journal of
Theory and History of Historiography / Edufop, 2020, volume 13,
número 33, Maio-Ago., 2020, 476 p.
EDITORIAL EDITORIAL
Conhecimento e comunicação histórica: novos
desafios na crise atual
Luisa Rauter Pereira 13
DOSSIÊ DOSSIER
Decolonizar a historiografia medieval: Introdução
à ‘História da Historiografia Medieval - Novas
Abordagens’
Khodadad Rezakhani, Luciano José Vianna,
Otávio Luiz Vieira Pinto & Rodrigo Bragio Bonaldo 19
É possível uma história da historiografia medieval?
Rodrigo Prates de Andrade 39
Performances do passado: drama social e conceito
de história nos últimos anos de Alfonso X de Castela
(1272-1284)
Rodrigo Bragio Bonaldo 59
Long Middle Ages or appropriations of the medieval?
A reflection on how to decolonize the Middle Ages
through the theory of Medievalism
Maria Eugenia Bertarelli & Clínio de Oliveira
Amaral 97
Jacopo Gaetano Stefaneschi: um cardeal-historiador
entre os séculos XIII e XIV
Igor Salomão Teixeira 131
ARTIGOS ARTICLES
Historia del tiempo presente: la triple frontera entre
pasado, presente y futuro. Un análisis desde la historia
oral y los marcos normativos
Diego S. Crescentino & Gonzalo Vitón 273
Un grano de arena en la inmensidad del mar: lo que
puede aportar la historia a la elaboración de pasados
traumáticos
Florencia Levín 309
La historia universal de Cesare Cantú en América
Latina
Hernán G. H. Taboada 341
Tirano, louco e incendiário: BolsoNero. Análise da
constituição da assimilação entre o Presidente da
República do Brasil e o Imperador Romano como
allelopoiesis
Fabio Faversani 375
13 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p.13-17 - DOI: https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1670
Editorial
14 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p.13-17 - DOI: https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1670
Editorial
15 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p.13-17 - DOI: https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1670
Editorial
16 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p.13-17 - DOI: https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1670
Editorial
17 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p.13-17 - DOI: https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1670
DOSSIÊ
DOSSIER
HISTÓRIA DA Ouro Preto / MG - Brasil
HISTORIOGRAFIA
19 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 19-37 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1671
Khodadad Rezakhani, Luciano José Vianna, Otávio Luiz Vieira Pinto & Rodrigo Bragio Bonaldo
20 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 19-37 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1671
Decolonizar a historiografia medieval
21 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 19-37 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1671
Khodadad Rezakhani, Luciano José Vianna, Otávio Luiz Vieira Pinto & Rodrigo Bragio Bonaldo
22 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 19-37 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1671
Decolonizar a historiografia medieval
23 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 19-37 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1671
Khodadad Rezakhani, Luciano José Vianna, Otávio Luiz Vieira Pinto & Rodrigo Bragio Bonaldo
24 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 19-37 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1671
Decolonizar a historiografia medieval
25 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 19-37 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1671
Khodadad Rezakhani, Luciano José Vianna, Otávio Luiz Vieira Pinto & Rodrigo Bragio Bonaldo
26 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 19-37 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1671
Decolonizar a historiografia medieval
27 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 19-37 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1671
Khodadad Rezakhani, Luciano José Vianna, Otávio Luiz Vieira Pinto & Rodrigo Bragio Bonaldo
28 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 19-37 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1671
Decolonizar a historiografia medieval
29 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 19-37 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1671
Khodadad Rezakhani, Luciano José Vianna, Otávio Luiz Vieira Pinto & Rodrigo Bragio Bonaldo
30 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 19-37 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1671
Decolonizar a historiografia medieval
31 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 19-37 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1671
Khodadad Rezakhani, Luciano José Vianna, Otávio Luiz Vieira Pinto & Rodrigo Bragio Bonaldo
REFERÊNCIAS
32 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 19-37 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1671
Decolonizar a historiografia medieval
33 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 19-37 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1671
Khodadad Rezakhani, Luciano José Vianna, Otávio Luiz Vieira Pinto & Rodrigo Bragio Bonaldo
34 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 19-37 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1671
Decolonizar a historiografia medieval
35 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 19-37 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1671
Khodadad Rezakhani, Luciano José Vianna, Otávio Luiz Vieira Pinto & Rodrigo Bragio Bonaldo
36 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 19-37 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1671
Decolonizar a historiografia medieval
AGRADECIMENTOS E INFORMAÇÕES
Khodadad Rezakhani
k.rezakhani@fu-berlin.de
Freie Universität Berlin
Berlin
Germany
37 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 19-37 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1671
HISTÓRIA DA
HISTÓRIA DA Ouro Preto / MG - Brasil
HISTORIOGRAFIA
RESUMO
Neste artigo, ao tomar como ponto de partida uma possível
dubiedade da historiografia medieval, nos propomos a ABSTRACT
refletir sobre as limitações de uma episteme temporal
Starting from a possible dubiousness of medieval historiography,
e espacialmente centrada na Europa e na modernidade,
this article reflects on the limitations of a temporal and spatial
além de traçar alguns caminhos possíveis à compreensão
episteme centered on Europe and modernity; furthermore,
dos modos de historicização medievais. Essas reflexões
we trace some possible ways to understand medieval modes
possuem como princípio um debate alavancado pela
of historicization. These discussions are based on a debate
historiografia francesa da segunda metade do século XX
leveraged by the French historiography of the second half of the
acerca da existência de uma fratura entre modernos e
20th century about the existence of a divide between moderns
pré-modernos, que impediria uma percepção acurada
and pre-moderns that would prevent an accurate perception of
das experiências humanas do passado a partir de um
the human experiences of the past from a vocabulary guided
vocabulário guiado pela modernidade. Nessa perspectiva,
by modernity. In this perspective, the very modern concept
o próprio conceito moderno de história, fruto dos séculos
of history – fruit of the 18th and 19th centuries – would be
XVIII e XIX, seria incapaz de apreender modos de produzir
unable to grasp ways of producing and representing the past
e representar o passado anteriores a sua concepção. A fim
prior to its conception. To answer these questions, we look
de responder tais questionamentos, procuramos traçar
to trace other possibilities for understanding the concepts of
outras possibilidades de compreensão dos conceitos de
history and historiography by bringing together the medieval
história e historiografia através de uma aproximação
studies, the history of historiography, and anthropology. The
entre os estudos medievais, a história da historiografia
considerations established here seek to reaffirm the current
e a antropologia. As considerações estabelecidas aqui
demands of disciplinary history, while also suggesting an
buscam reafirmar demandas atuais da história disciplinar,
opening of the history of historiography as a means of
ao mesmo tempo que aventam uma abertura da história
embracing the multiple pre-modern and non-Western modes
da historiografia como um meio de abarcar os múltiplos
of historicization.
modos de historicização pré-modernos e não ocidentais.
PALAVRAS-CHAVE
História da historiografia; História Medieval;
Antropologia
KEYWORDS
History of historiography; Medieval history;
Anthropology
39 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 39-58 - DOI https://doi.org 10.15848/hh.v13i33.1542/
Rodrigo Prates de Andrade
40 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 39-58 - DOI https://doi.org 10.15848/hh.v13i33.1542/
É possível uma história da historiografia medieval?
41 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 39-58 - DOI https://doi.org 10.15848/hh.v13i33.1542/
Rodrigo Prates de Andrade
42 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 39-58 - DOI https://doi.org 10.15848/hh.v13i33.1542/
É possível uma história da historiografia medieval?
43 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 39-58 - DOI https://doi.org 10.15848/hh.v13i33.1542/
Rodrigo Prates de Andrade
44 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 39-58 - DOI https://doi.org 10.15848/hh.v13i33.1542/
É possível uma história da historiografia medieval?
45 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 39-58 - DOI https://doi.org 10.15848/hh.v13i33.1542/
Rodrigo Prates de Andrade
Um paradigma euro-moderno
O medievalista Alain Guerreau, ao se aprofundar no que
denominou uma “fratura” que distanciava modernos e pré-
modernos, acabou por delinear a impossibilidade da existência
de historiadores antes do século XVIII. Impor essa categoria a
personagens como Plutarco, Eusébio de Cesareia, e até mesmo
Voltaire, incorreria em um erro. Não existia nestes autores, o
46 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 39-58 - DOI https://doi.org 10.15848/hh.v13i33.1542/
É possível uma história da historiografia medieval?
47 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 39-58 - DOI https://doi.org 10.15848/hh.v13i33.1542/
Rodrigo Prates de Andrade
48 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 39-58 - DOI https://doi.org 10.15848/hh.v13i33.1542/
É possível uma história da historiografia medieval?
Outras tradições
Ao seguirmos o modelo de uma história da historiografia
que se instaura como um meio de analisar os modos de
historicidade das sociedades humanas, incorremos na aporia
de um saber incapaz de compreender a experiência do
tempo em contextos pré-modernos ou não ocidentais. Seria
necessário à execução de tal tarefa entender como outros
grupos de costumes distintos dos nossos experimentavam o
tempo de outra maneira: “outras épocas, outros costumes”.
A frase célebre do antropólogo Marshall Sahlins nos remete à
possibilidade de outras formas de conceber a história. Em suas
palavras, ordens culturais distintas possuem lógicas singulares
de ação e de consciência histórica (SAHLINS 1990, p. 62). A
historicidade moderna, apreendida como um fluxo do passado
ao futuro mediado pelo presente, seria, portanto, apenas
um dos modos de figurar o tempo. Outras ordens culturais
possuiriam modos distintos de concebê-lo.
49 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 39-58 - DOI https://doi.org 10.15848/hh.v13i33.1542/
Rodrigo Prates de Andrade
50 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 39-58 - DOI https://doi.org 10.15848/hh.v13i33.1542/
É possível uma história da historiografia medieval?
51 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 39-58 - DOI https://doi.org 10.15848/hh.v13i33.1542/
Rodrigo Prates de Andrade
52 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 39-58 - DOI https://doi.org 10.15848/hh.v13i33.1542/
É possível uma história da historiografia medieval?
53 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 39-58 - DOI https://doi.org 10.15848/hh.v13i33.1542/
Rodrigo Prates de Andrade
54 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 39-58 - DOI https://doi.org 10.15848/hh.v13i33.1542/
É possível uma história da historiografia medieval?
REFERÊNCIAS
55 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 39-58 - DOI https://doi.org 10.15848/hh.v13i33.1542/
Rodrigo Prates de Andrade
56 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 39-58 - DOI https://doi.org 10.15848/hh.v13i33.1542/
É possível uma história da historiografia medieval?
57 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 39-58 - DOI https://doi.org 10.15848/hh.v13i33.1542/
Rodrigo Prates de Andrade
AGRADECIMENTOS E INFORMAÇÕES
58 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 39-58 - DOI https://doi.org 10.15848/hh.v13i33.1542/
HISTÓRIA DA Ouro Preto / MG - Brasil
HISTORIOGRAFIA
RESUMO
Este artigo interpreta o conceito de história em Alfonso
X de Castela (séc. XIII) desde o ponto de vista das ABSTRACT
expectativas relativas às apresentações de suas
This article investigates the concept of history in the
estorias nas cortes. Para tanto, aproxima a Estoria de
works of Alfonso X of Castile (13th century) through
España e a General Estoria da prática trovadoresca e
the performative display (retraer) of his stories at the
do universo conceitual jurídico que a regulamenta na
courts. Such performances bring Estoria de España and
Segunda Partida. No nível teórico, a análise mobiliza
General Estoria closer to troubadour practices, as well as
um diálogo entre a história dos conceitos e os estudos
to the legal universe that regulate them in the Segunda
de performance. O debate converge com respeito à
Partida. At a theoretical level, this analysis enables a
centralidade das práticas corporais para a agência dos
dialogue between Conceptual History and Performance
conceitos na vida material, o que indica: 1) a emergência
Studies; such debate converges with the centrality of
politicamente orientada do presente no passado, via
bodily practices for the agency of concepts in material
paralelos, e do passado no presente, via performance;
life, which indicates: 1) the political emergence of the
e 2) a tensão entre história e poesia na composição de
present in the past (via parallels) and of the past in
um discurso que se quer verdadeiro. Por fim, defende-
the present (via performances); 2) a tension between
se a importância da mobilização dos múltiplos sentidos
history and poetry in the composition of a true discourse.
do conceito de retraer para a compreensão da conexão
Finally, I stress the historically saturated nature of the
entre a crise do reinado e a modificação semântica do
concept of retraer, along with the mobilization of its
conceito de história alfonsino.
meanings to understand the connections between social
crisis and semantic change on Alfonso X’s concept of
History.
PALAVRAS-CHAVE
História dos Conceitos; Estudos de Performance;
Historiografia Medieval
KEYWORDS
Conceptual History; Performance Studies; Medieval
Historiography
59 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 59-95 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1543
Rodrigo Bragio Bonaldo
60 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 59-95 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1543
Performances do passado
61 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 59-95 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1543
Rodrigo Bragio Bonaldo
62 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 59-95 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1543
Performances do passado
63 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 59-95 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1543
Rodrigo Bragio Bonaldo
64 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 59-95 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1543
Performances do passado
65 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 59-95 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1543
Rodrigo Bragio Bonaldo
Metáforas radicais
Outros tempos, outras culturas do passado: modalidades
de comunicação com os mortos e de codificação da experiência
do tempo desfilam na história e pululam no globo.3 Se a
temporalização do tempo na modernidade é uma marca
de sua aceleração, a Idade Média se identificaria não pela
resignação frente à distância imanente entre passado e futuro,
mas pelas engenhosas elaborações derivadas de expectativas
transcendentes pela experiência da vida dos mortos no
presente. A cultura medieval aproximava-se, em outras
palavras, de uma “cultura de presença”. Uma cultura que
produzia na sagração eucarística a metonímia da presença do
66 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 59-95 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1543
Performances do passado
67 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 59-95 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1543
Rodrigo Bragio Bonaldo
68 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 59-95 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1543
Performances do passado
69 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 59-95 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1543
Rodrigo Bragio Bonaldo
70 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 59-95 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1543
Performances do passado
71 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 59-95 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1543
Rodrigo Bragio Bonaldo
72 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 59-95 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1543
Performances do passado
73 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 59-95 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1543
Rodrigo Bragio Bonaldo
74 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 59-95 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1543
Performances do passado
75 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 59-95 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1543
Rodrigo Bragio Bonaldo
76 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 59-95 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1543
Performances do passado
77 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 59-95 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1543
Rodrigo Bragio Bonaldo
78 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 59-95 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1543
Performances do passado
79 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 59-95 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1543
Rodrigo Bragio Bonaldo
80 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 59-95 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1543
Performances do passado
81 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 59-95 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1543
Rodrigo Bragio Bonaldo
82 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 59-95 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1543
Performances do passado
83 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 59-95 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1543
Rodrigo Bragio Bonaldo
84 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 59-95 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1543
Performances do passado
85 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 59-95 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1543
Rodrigo Bragio Bonaldo
86 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 59-95 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1543
Performances do passado
Considerações finais
Nos últimos anos de sua vida, Alfonso X dirige a “versão
crítica” com o “objetivo de ‘reescrever’ a história da Espanha e,
sobretudo, provavelmente, com o fim, malogrado, de escrever
a sua própria” (FERNÁNDEZ-ORDÓÑEZ 2000, p. 80). Seria a
história, então, na Castela do século XIII, um “conceito-chave”,
um conceito que combinava “muitas experiências e expectativas
de forma a se tornar indispensável para qualquer formulação
das questões mais urgentes” de seu tempo? (IFVERSEN 2011,
p. 74) A história dos conceitos sugere que a história se torna
chave, um “conceito básico”, ao ser posta “em movimento”
(KOSELLECK 2006, p. 41) com a emergência do Sattelzeit
(1750-1850). Afinal, além de cumprir papel pertinente em
situações de mudança e contestação social, um conceito-chave
ainda precisa preencher pelo menos outros dois requisitos: 1)
transitar entre campos semânticos diferentes, sem perda de
relevância; 2) demonstrar capacidade em capturar significados
que “delineiam horizontes de expectativas” (IFVERSEN 2011,
p. 85-86).
87 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 59-95 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1543
Rodrigo Bragio Bonaldo
88 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 59-95 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1543
Performances do passado
REFERÊNCIAS
89 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 59-95 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1543
Performances do passado
90 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 59-95 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1543
Performances do passado
91 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 59-95 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1543
Performances do passado
92 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 59-95 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1543
Performances do passado
93 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 59-95 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1543
Performances do passado
94 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 59-95 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1543
Performances do passado
AGRADECIMENTOS E INFORMAÇÕES
95 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 59-95 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1543
HISTÓRIA DA
HISTÓRIA DA Ouro Preto / MG - Brasil
HISTORIOGRAFIA
ABSTRACT
We present an overview of the studies on the Middle Ages
that exceeds the traditional chronological milestones of RESUMO
the period. Initially, we present the historiography on
Apresentamos uma reflexão acerca dos estudos sobre
the Long Middle Ages, a construct that postulates the
a Idade Média que se estende para além dos marcos
idea of a medieval world found in the present and thus,
cronológicos tradicionais do período. Nesse sentido,
beyond the 15th century and the European continent. In
analisamos, inicialmente, a historiografia sobre a longa
contrast, we seek to present the theory of Medievalism
Idade Média na perspectiva de um mundo medieval que
which emphasizes the relationship between the
se perpetua e se expande para além do século XV e do
contemporary world and the discursive appropriations
continente europeu. Em contraponto a essa perspectiva,
of the medieval period. This theory is not quite familiar
buscamos expor a teoria do medievalismo, enfatizando a
in the Brazilian academic context, but it offers great
relação entre o mundo contemporâneo e as apropriações
possibilities to approach the Middle Ages from a more
discursivas sobre o período medieval. Tal teoria, ainda
autonomous perspective, rather than the European
pouco debatida no meio acadêmico brasileiro, oferece
historiography, on which, historically, medieval studies
possibilidades para uma abordagem das apropriações sobre
have been grounded.
a Idade Média em uma perspectiva de maior autonomia em
relação à historiografia europeia, a qual historicamente os
estudos sobre o medievo estiveram vinculados.
KEYWORDS
Medievalism; Long Middle Ages; Historiography
PALAVRAS-CHAVE
Medievalismo; Longa idade média; Historiografia
97 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 97-130 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1555
Maria Eugenia Bertarelli & Clínio de Oliveira Amaral
Introduction
We have noticed that a white, patriarchal and Christian
past, whose political and religious boundaries are non-existent,
has been particularly acclaimed currently in Brazil, leading us
to believe that the European concept of Middle Ages seems to
be in vogue. Such appropriation of the Middle Ages in Brazil can
be understood as the unfolding of a worldwide phenomenon
related to certain political groups, with special repercussions in
the United States and Western Europe.
98 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 97-130 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1555
Long Middle Ages or appropriations of the medieval?
99 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 97-130 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1555
Maria Eugenia Bertarelli & Clínio de Oliveira Amaral
100 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 97-130 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1555
Long Middle Ages or appropriations of the medieval?
101 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 97-130 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1555
Maria Eugenia Bertarelli & Clínio de Oliveira Amaral
102 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 97-130 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1555
Long Middle Ages or appropriations of the medieval?
103 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 97-130 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1555
Maria Eugenia Bertarelli & Clínio de Oliveira Amaral
104 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 97-130 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1555
Long Middle Ages or appropriations of the medieval?
105 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 97-130 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1555
Maria Eugenia Bertarelli & Clínio de Oliveira Amaral
For Guerreau, the medieval world has lost its meaning since
the 19th century; but until then, one could understand Western
European society from the medieval structures of ecclesia and
dominium. In fact, he believes the colonies in America were
organized based on these structures.
106 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 97-130 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1555
Long Middle Ages or appropriations of the medieval?
107 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 97-130 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1555
Maria Eugenia Bertarelli & Clínio de Oliveira Amaral
108 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 97-130 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1555
Long Middle Ages or appropriations of the medieval?
109 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 97-130 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1555
Maria Eugenia Bertarelli & Clínio de Oliveira Amaral
110 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 97-130 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1555
Long Middle Ages or appropriations of the medieval?
111 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 97-130 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1555
Maria Eugenia Bertarelli & Clínio de Oliveira Amaral
112 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 97-130 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1555
Long Middle Ages or appropriations of the medieval?
113 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 97-130 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1555
Maria Eugenia Bertarelli & Clínio de Oliveira Amaral
114 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 97-130 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1555
Long Middle Ages or appropriations of the medieval?
115 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 97-130 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1555
Maria Eugenia Bertarelli & Clínio de Oliveira Amaral
laymen and, above all, it was about the way in which these
discoveries/reconstructions were (and are) used, recreated,
even politically, to create a discourse of self-defining identity
(GENTRY, MÜLLER 1991).
In the 21st century, many issues and even the struggles faced
by Workman and Verduin in the past are already “resolved”:
the tensions between “pastism” and “presentism” views,
between memory and subjectivity, deconstruction of authority
conceptions, authenticity and the relationship with institutions
that disseminate them, historiography itself included. Based on
Emery and Utz, we can say that Workman provided the core idea
of Medievalism as a theory used currently, i.e., the processes
of recreation, reinvention and reenactment of medieval culture
in post-medieval periods. Some questions regarding Workman
and Verduin’s legacy are still left to be answered.
116 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 97-130 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1555
Long Middle Ages or appropriations of the medieval?
117 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 97-130 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1555
Maria Eugenia Bertarelli & Clínio de Oliveira Amaral
118 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 97-130 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1555
Long Middle Ages or appropriations of the medieval?
119 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 97-130 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1555
Maria Eugenia Bertarelli & Clínio de Oliveira Amaral
120 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 97-130 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1555
Long Middle Ages or appropriations of the medieval?
121 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 97-130 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1555
Maria Eugenia Bertarelli & Clínio de Oliveira Amaral
122 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 97-130 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1555
Long Middle Ages or appropriations of the medieval?
123 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 97-130 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1555
Maria Eugenia Bertarelli & Clínio de Oliveira Amaral
124 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 97-130 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1555
Long Middle Ages or appropriations of the medieval?
REFERENCE
125 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 97-130 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1555
Maria Eugenia Bertarelli & Clínio de Oliveira Amaral
126 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 97-130 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1555
Long Middle Ages or appropriations of the medieval?
127 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 97-130 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1555
Maria Eugenia Bertarelli & Clínio de Oliveira Amaral
PACHÁ, Paulo. Why the brazilian far right loves the european
middle ages. Pacific Standard. 2019. Available at: https://
psmag.com/ideas/why-the-brazilian-far-right-is-obsessed-
with-the-crusades. Accessed: Oct 12, 2019.
WECKMANN, Luis. La herencia medieval del Brasil. Cidade
do México: Fondo de Cultura Econômica, 1993.
128 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 97-130 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1555
Long Middle Ages or appropriations of the medieval?
129 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 97-130 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1555
Maria Eugenia Bertarelli & Clínio de Oliveira Amaral
130 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 97-130 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1555
HISTÓRIA DA Ouro Preto / MG - Brasil
HISTORIOGRAFIA
RESUMO
O tema deste artigo é a produção textual de Jacopo
Gaetano Stefaneschi. A documentação consiste em dois ABSTRACT
textos: De centesimo seu Iubileo anno liber - sobre o
This article discusses the textual production of Jacopo
primeiro Jubileu da Igreja, convocado por Bonifácio VIII,
Gaetano Stefaneschi. The documentation consists of two
para 1300 - e o Liber Cerimoniarum Curiae Romane -
texts: De centesimo seu Iubileo anno liber – about the
texto que descreve cerimônias regidas por pontífices
first Jubilee of the Church, requested by Pope Boniface
e que compreende o período em que Stefaneschi foi
VIII, for 1300; and Liber Cerimoniarum Curiae Romane
cardeal, de 1295 até sua morte em 1343. A hipótese
– a text that describes ceremonies conducted by pontiffs
que guia esta investigação é que analisar a produção de
and that encompasses the period during which Stefaneschi
narrativas elaboradas por cardeais amplia a compreensão
was a cardinal (from 1295 until his death in 1343). The
da história da corte pontifícia. A metodologia consiste
hypothesis that guides this investigation is that the analyzes
em identificar, neste estudo de caso, expressões e
about the production of narratives elaborated by cardinals
referências que remetem a acontecimentos precisos e
expands the understanding of the history of the pontifical
datáveis e, a partir disso, responder à questão: Pensar
court. The methodology consists in identifying expressions
a escrita da história na idade média oferece respostas
and references that point to precise and datable events
diferentes das encontradas na historiografia sobre
and, from that, answer the question: does the writing of
a atuação dos cardeais? Os conceitos centrais para
history in the middle ages offers different answers than
análise são cerimonial, familia cardinalis e corte papal.
those found in historiography about the performance of
As conclusões apontam para o aprofundamento e
cardinals? The central concepts for analysis are ceremonial,
diversificação, a partir do método, das discussões sobre
familia cardinalis and papal court. The conclusions point to
a escrita da história na Idade Média.
the deepening and diversification of discussions about the
writing of history in the Middle Ages.
PALAVRAS-CHAVE
História Medieval; Escrita da História; Historiador
KEYWORDS
Medieval History; Writing History; Historian
131 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 131-162 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1552
Igor Salomão Teixeira
Introdução
Jacopo Gaetano Stefansechi (ca.1270-1343) era filho
de Pedro Stefaneschi, um senador romano, e Perna Orsini,
membros de duas importantes famílias da elite romana, e
sobrinho-neto de Nicolau III, papa entre 1277-1286. Ascendeu
na carreira eclesiástica a partir do pontificado de Nicolau IV,
entre 1288-1292, ao ser nomeado Subdiácono. Foi ordenado
Cardeal por Bonifácio VIII em 1295. Esteve junto aos papas de
Avignon, inclusive, participando dos conclaves que elegeram
Clemente V, João XXII e Bento XII (HÖLS 1965; ROMANO 1844
e 1854). Sua produção textual é vasta e diversificada, o que
inclui o Opus Metricum, espécie de hagiografia em verso sobre
Celestino V, o De centesimo seu Iubileo anno liber, sobre o Jubileu
da Igreja de 1300, o Liber cerimoniarum Curiae Romanae, no
qual, aparentemente, descreve cerimônias nas quais os papas
estavam presentes - de ordenação de cardeais a coroação de
reis ou cerimônias de canonização. Também escreveu textos
hagiográficos sobre São Jorge e sobre um milagre atribuído a
Maria em Avignon.
132 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 131-162 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1552
Jacopo Gaetano Stefaneschi
133 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 131-162 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1552
Igor Salomão Teixeira
134 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 131-162 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1552
Jacopo Gaetano Stefaneschi
135 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 131-162 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1552
Igor Salomão Teixeira
136 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 131-162 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1552
Jacopo Gaetano Stefaneschi
137 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 131-162 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1552
Igor Salomão Teixeira
138 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 131-162 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1552
Jacopo Gaetano Stefaneschi
139 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 131-162 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1552
Igor Salomão Teixeira
140 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 131-162 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1552
Jacopo Gaetano Stefaneschi
141 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 131-162 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1552
Igor Salomão Teixeira
142 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 131-162 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1552
Jacopo Gaetano Stefaneschi
143 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 131-162 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1552
Igor Salomão Teixeira
144 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 131-162 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1552
Jacopo Gaetano Stefaneschi
145 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 131-162 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1552
Igor Salomão Teixeira
146 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 131-162 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1552
Jacopo Gaetano Stefaneschi
147 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 131-162 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1552
Igor Salomão Teixeira
148 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 131-162 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1552
Jacopo Gaetano Stefaneschi
149 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 131-162 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1552
Igor Salomão Teixeira
150 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 131-162 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1552
Jacopo Gaetano Stefaneschi
151 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 131-162 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1552
Igor Salomão Teixeira
152 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 131-162 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1552
Jacopo Gaetano Stefaneschi
Primeiras conclusões
O projeto no qual essas reflexões estão sendo desenvolvidas
produz, neste artigo, seus primeiros resultados. Por isso o
subtítulo adotado para encerrar o texto. A partir dos elementos
apresentados respondemos à pergunta motivadora desta
análise: Pensar a escrita da história na idade média oferece
respostas diferentes das encontradas na historiografia sobre a
atuação dos cardeais? As análises permitem afirmar que sim.
153 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 131-162 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1552
Igor Salomão Teixeira
154 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 131-162 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1552
Jacopo Gaetano Stefaneschi
MANUSCRITOS
DOCUMENTAÇÃO IMPRESSA
155 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 131-162 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1552
Igor Salomão Teixeira
REFERÊNCIAS
156 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 131-162 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1552
Jacopo Gaetano Stefaneschi
157 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 131-162 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1552
Igor Salomão Teixeira
158 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 131-162 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1552
Jacopo Gaetano Stefaneschi
159 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 131-162 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1552
Igor Salomão Teixeira
160 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 131-162 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1552
Igor Salomão Teixeira
161 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 131-162 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1552
Jacopo Gaetano Stefaneschi
AGRADECIMENTOS E INFORMAÇÕES
Bolsista de produtividade/CNPq.
162 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 131-162 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1552
HISTÓRIA DA Ouro Preto / MG - Brasil
HISTORIOGRAFIA
RESUMO
Michel de Certeau classifica a linguagem mística
como “fábula”, isto é, como algo que precisa ser dito ABSTRACT
e que constitui uma forma especial de enunciação
Mystic language is classified by Michel de Certeau as
da experiência histórica; como enunciação, a mística
“fable”, that is, as something that must be said and that
constitui uma “prática de escrita” que pretende redefinir
constitutes a special form of enunciation of historical
os limites do dizível, do real e do verdadeiro; durante
experience; as enunciation, mysticism constitutes
a Idade Média, a escrita mística feminina inseriu
a “writing practice” that seeks to redefine the limits
as mulheres no campo da historiografia, até então
what is sayable, real, and true. During the Middle
marcadamente masculina, pela qual fabricaram uma
Ages, female mystical writing inserted women in the
linguagem específica de enunciação da vida interior
field of historiography, which used to be completely
que se apresenta sob a forma de narrativas biográficas.
composed of males. Through mystical works, they
Neste texto, serão estudadas Li Vida de la Benaurada
fabricated a specific language of enunciation of
Sancta Doucelina e Il Memoriale di Angela da Foligno
the inner life, one that presents itself in the form of
produzidas por mulheres da Baixa Idade Média desde
biographical narratives. This paper examines Li Vida
a perspectiva da narrativa de memória para entender
de la Benaurada Sancta Doucelina and Il Memoriale di
se e como a linguagem mística engendra novas formas
Angela da Foligno, documents produced by women of
de narrar a história e se essas formas indicam novos
the Late Middle Ages, from the perspective of narrative
caminhos para entendermos as noções de objetividade,
memory to understand if and how mystical language
subjetividade e alteridade na história e na historiografia
creates new ways of narrating history and whether
ocidental.
these forms indicate new ways of understanding the
notions of objectivity, subjectivity and otherness in
Western History and Historiography.
PALAVRAS-CHAVE
Mística; Mulheres; Historiografia Medieval
KEYWORDS
Mysticism; Women; Medieval Historiograph
163 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 163-195 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1519
André Luis Pereira Miatello
Introdução
164 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 163-195 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1519
A literatura mística feminina e a escrita da História na Baixa Idade Média ocidental
165 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 163-195 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1519
André Luis Pereira Miatello
166 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 163-195 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1519
A literatura mística feminina e a escrita da História na Baixa Idade Média ocidental
167 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 163-195 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1519
André Luis Pereira Miatello
168 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 163-195 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1519
A literatura mística feminina e a escrita da História na Baixa Idade Média ocidental
169 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 163-195 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1519
André Luis Pereira Miatello
170 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 163-195 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1519
A literatura mística feminina e a escrita da História na Baixa Idade Média ocidental
171 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 163-195 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1519
André Luis Pereira Miatello
172 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 163-195 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1519
A literatura mística feminina e a escrita da História na Baixa Idade Média ocidental
173 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 163-195 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1519
André Luis Pereira Miatello
por volta de 1247, afirma que “ela nunca entrou numa ordem
religiosa, mas viveu sempre, casta e religiosamente, no
século” (SCALIA 2007, p. 1532). A ênfase no aspecto ‘secular’
do engajamento religioso de Doucelina denota a sua condição
leiga e de todas as suas companheiras e, a propósito, reforça
o empenho de estar entre as pessoas e de trabalhar em favor
da cidade.
174 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 163-195 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1519
A literatura mística feminina e a escrita da História na Baixa Idade Média ocidental
175 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 163-195 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1519
André Luis Pereira Miatello
176 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 163-195 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1519
A literatura mística feminina e a escrita da História na Baixa Idade Média ocidental
177 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 163-195 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1519
André Luis Pereira Miatello
178 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 163-195 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1519
A literatura mística feminina e a escrita da História na Baixa Idade Média ocidental
179 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 163-195 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1519
André Luis Pereira Miatello
180 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 163-195 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1519
A literatura mística feminina e a escrita da História na Baixa Idade Média ocidental
181 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 163-195 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1519
André Luis Pereira Miatello
182 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 163-195 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1519
A literatura mística feminina e a escrita da História na Baixa Idade Média ocidental
uma vez, após ter transcrito exatamente aquilo que pude captar
de sua boca, ao reler para ela aquilo que havia escrito a fim
de que ela pudesse completar alguma informação, ela me disse
admirada que não se reconhecia [naquilo que eu anotara]. Numa
outra ocasião, quando eu relia para ela a fim de que me dissesse
se estava bem escrito, respondeu-me que eu me expressava de
modo árido e sem sabor algum; e espantava-se com isso (SANTI
2016, p. 60).
183 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 163-195 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1519
André Luis Pereira Miatello
184 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 163-195 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1519
A literatura mística feminina e a escrita da História na Baixa Idade Média ocidental
185 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 163-195 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1519
André Luis Pereira Miatello
186 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 163-195 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1519
A literatura mística feminina e a escrita da História na Baixa Idade Média ocidental
187 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 163-195 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1519
André Luis Pereira Miatello
Numa outra ocasião, ela disse ter visto Cristo na hóstia como
se fosse um menino. “E parecia que ele fosse grande e muito
poderoso, como alguém que possui o domínio [universal]. E
parecia que tinha nas mãos alguma coisa como um símbolo de
poder e assentava-se num trono; porém, não consigo descrever
o que ele segurava nas mãos. E eu vi essas coisas com meus
olhos corporais e foi com os olhos corporais que tive a visão da
hóstia. (...) E foi tão grande a alegria [dessa visão] que creio
que nem a eternidade me fará esquecê-la. E tanta foi a certeza
[obtida], que não me restou nenhuma dúvida de coisa alguma.
Por isso, não convém que tu escrevas sobre esse assunto (SANTI
2016, p. 80).
188 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 163-195 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1519
A literatura mística feminina e a escrita da História na Baixa Idade Média ocidental
189 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 163-195 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1519
André Luis Pereira Miatello
Conclusão
Ao encerrar este estudo, confesso não ter tido a pretensão
de fazer crer que toda a escrita da história operada por
mulheres, no período medieval, resumia-se às biografias e
autobiografias, ainda que esse gênero literário tenha sido muito
praticado por mulheres e tenha constituído importante palco
de afirmação feminina (FLAVIN 2011, p. 90-91). Ao lado de
crônicas e histórias régias, dinásticas e conventuais, também
praticada por mulheres, as biografias e autobiografias de
místicas compõem um todo maior de expressão historiográfica
que precisa urgentemente ser mais bem investigado, para que
se aprofunde a nossa compreensão do fazer historiográfico no
período medieval.
190 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 163-195 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1519
A literatura mística feminina e a escrita da História na Baixa Idade Média ocidental
191 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 163-195 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1519
André Luis Pereira Miatello
REFERÊNCIAS
192 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 163-195 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1519
A literatura mística feminina e a escrita da História na Baixa Idade Média ocidental
LEES, Jay T. David Rex Fidelis? Otto the Great, the Gesta
Ottonis, and the Primordia Coenobii Gandeshemensis. In:
BROWN, Ph., WAILES, St. (org.) A companion to Hrotsvit
of Gandersheim (fl. 960). Contextual and Interpretive
Approaches. Leiden/Boston, 2013. p. 201-234.
193 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 163-195 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1519
André Luis Pereira Miatello
194 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 163-195 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1519
A literatura mística feminina e a escrita da História na Baixa Idade Média ocidental
AGRADECIMENTOS E INFORMAÇÕES
195 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 163-195 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1519
HISTÓRIA DA
HISTÓRIA DA Ouro Preto / MG - Brasil
HISTORIOGRAFIA
Dominique Santos
https://orcid.org/0000-0002-0265-2921
ABSTRACT
Despite modern writers noticing the importance of
Premodern historiographical phenomena for a deeper RESUMO
comprehension of both Theory of History and History of
Apesar de alguns escritores modernos terem notado
Historiography, the Irish contribution to the subject is
a importância dos fenômenos historiográficos pré-
often left aside. Topics such as the Seanchas Tradition
modernos para uma maior compreensão tanto da
and Medieval Irish Classicism are not well integrated
Teoria da História quanto da História da Historiografia,
into such historiographical narrative. The Seanchaidh,
a contribuição irlandesa para o tema nem sempre
the Irish Artifex of the Past, for example, is broadly
é apontada. Tópicos como a tradição Seanchas e o
mentioned as not a historian, but a chronicler, antiquary,
Classicismo Medieval irlandês não estão integrados a
genealogist, hagiographer or pedigree systematizer. This
esse tipo de narrativa historiográfica. O Seanchaidh,
article addresses these issues and, more specifically, we
o Artifex irlandês do passado, por exemplo, é
focus on two Irish narratives produced in 7th century
frequentemente mencionado como não sendo um
by Muirchú and Tírechán. Since they belong to the
historiador, mas, ao invés disso, um cronista, antiquário,
world of orality and bilingual literacy of Early Christian
genealogista, hagiógrafo ou sistematizador de pedigrees.
Ireland, perhaps their works could be understood
Neste artigo, tais questões são endereçadas e, de
as bounded by the Seanchas Tradition and Medieval
forma mais específica, nos focamos em duas narrativas
Irish Classicism, hence, both could be considered
irlandesas do século VII produzidas por Muirchú e
as great examples of the producers of History and
Tírechán. Uma vez que os autores pertencem ao mundo
Historiography at the time.
da oralidade e do letramento bilíngue da Early Christian
Ireland, talvez suas obras possam ser compreendidas
como vinculadas à tradição Seanchas e ao Classicismo
Medieval irlandês, podendo, então, serem consideradas
como grandes exemplos das produções de História e
Historiografia daquele tempo.
KEYWORDS
Historiography; Medieval; Ireland
PALAVRAS-CHAVE
Writing of History; Event; Historical Time.
197 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 197-227 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1548
Dominique Santos
Introduction
On several occasions, Medieval historiography has received
a similar treatment to that reserved for Ancient historiography,
that is, its diverse experiences are brought together and
classified under generalizing concepts. If Roman historiography
has been synthesized as ‘Historia Magistra Vitae’ and the Greek
as one that produced a temporal narrative based on ‘cycles’,
for example, the Middle Ages would have had a historiography,
above all, ecclesiastical (SANTOS 2015, p. 7-18). In such
explanations, one commonly finds syntheses that bring
together names like Herodotus, Thucydides, and Polybius for
the Greek context; Tacitus and Dion Cassius for the Roman
one; while Augustine, Eusebius, and Gregory of Tours would be
the medieval representatives. After that, the books of Theory of
History and History of Historiography mention Vico, an author
from the 17th and 18th centuries. This is mainly because a
large portion of scholars who teach the theoretical subjects of
History courses have focused on themes linked to more recent
temporalities, mainly from the 19th century to the present.
Furthermore, they consider that what happened before Ranke,
Droysen or Gervinus, would not be professional historiography;
that is, premodern historiographies are evaluated with modern
eyes, including the Medieval ones (DELIYANNIS 2003, p. 1-16;
MOMIGLIANO 2004; MARINCOLA 2007).
198 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 197-227 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1548
History and Historiography in Early Christian Ireland
199 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 197-227 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1548
Dominique Santos
200 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 197-227 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1548
History and Historiography in Early Christian Ireland
201 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 197-227 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1548
Dominique Santos
202 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 197-227 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1548
History and Historiography in Early Christian Ireland
203 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 197-227 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1548
Dominique Santos
204 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 197-227 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1548
History and Historiography in Early Christian Ireland
205 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 197-227 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1548
Dominique Santos
206 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 197-227 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1548
History and Historiography in Early Christian Ireland
207 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 197-227 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1548
Dominique Santos
208 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 197-227 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1548
History and Historiography in Early Christian Ireland
209 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 197-227 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1548
Dominique Santos
210 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 197-227 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1548
History and Historiography in Early Christian Ireland
211 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 197-227 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1548
Dominique Santos
212 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 197-227 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1548
History and Historiography in Early Christian Ireland
213 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 197-227 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1548
Dominique Santos
214 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 197-227 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1548
History and Historiography in Early Christian Ireland
215 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 197-227 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1548
Dominique Santos
216 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 197-227 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1548
History and Historiography in Early Christian Ireland
217 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 197-227 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1548
Dominique Santos
Final considerations
From the Greek-Latin-Hebrew triangulation, without
disregarding the development of writing in the Irish language
since the last years of the 6th century (especially the duo
formed between Latin and Irish, a characteristic that was
already present in the bilingual and bilateral Ogham Stones
from Wales, Cornwall and the Isle of Man) writers with different
skills produced many narratives in Early Christian Ireland,
mainly in the 7th century, like Muirchú and Tírechán. The
great historiography manuals, even those that offer some
space for premodern historiographies, have ignored this
Irish contribution (DELIYANNIS 2003, p. 1-16; MOMIGLIANO
2004; MARINCOLA 2007). Even among the patriciologists and
historians of Medieval Ireland, Muirchú and Tírechán were
classified as ‘fiction producers’, as it was believed that they
would not collaborate in the investigation and construction
218 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 197-227 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1548
History and Historiography in Early Christian Ireland
219 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 197-227 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1548
Dominique Santos
220 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 197-227 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1548
History and Historiography in Early Christian Ireland
REFERENCE
221 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 197-227 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1548
Dominique Santos
222 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 197-227 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1548
History and Historiography in Early Christian Ireland
223 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 197-227 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1548
Dominique Santos
224 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 197-227 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1548
History and Historiography in Early Christian Ireland
225 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 197-227 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1548
Dominique Santos
226 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 197-227 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1548
History and Historiography in Early Christian Ireland
Dominique Santos
dvcsantos@furb.br
Universidade de Blumenau
Blumenau
Santa Catarina
Brasil
227 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 197-227 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1548
HISTÓRIA DA
HISTÓRIA DA Ouro Preto / MG - Brasil
HISTORIOGRAFIA
ABSTRACT
This article suggests that the Carolingian effort
in resetting the calendar of history at the time of RESUMO
Charlemagne’s coronation to the year 6000 from the
Este artigo sugere que o esforço carolíngio em redefinir
Creation and 801 from the Incarnation of Christ must
o calendário no momento da coroação de Carlos Magno
be considered as only one of the period in the cycle of
para o ano 6000 da Criação e 801 da Encarnação de
the processes of realigning, resetting and redeploying
Cristo deve ser considerado como apenas um dos
the calendar since the times of Augustine. During this
períodos no ciclo dos processos de realinhamento,
period, the calculations necessary for the construction of
redefinição e reimplantar o calendário desde os tempos
the calendars and timelines lead to concerns regarding
de Agostinho. A primeira vez em que estudiosos como
the end of history and the “end of times”. The first time
Jerônimo e Agostinho tiveram que abordar o final do
scholars like Jerome and Augustine had to address the
calendário da história sagrada universal foi durante
ending of the calendar of the universal sacred history
os séculos IV e V. O período carolíngio testemunhou a
that the Christians inherited from the Old Testament
segunda “época do acerto de contas”, quando a data de
was during the 4th and 5th centuries. The Carolingian
Eusébio para a Encarnação do Anno Mundi 5199 levou
period witnessed the second “time of reckoning” when
os estudiosos a reconsiderar o significado da regra
Eusebius’ date for the Incarnation of the Anno Mundi
carolíngia por volta do ano 801, ou seja, o Anno Mundi
5199 prompted scholars to reconsider the meaning of
6000.
the Carolingian rule around the year 801, that is, the
Anno Mundi 6000.
KEYWORDS
Eschatology; Carolingian historiography; Carolingian
culture
PALAVRAS-CHAVE
Historiografia carolíngia, escatologia, cultura carolíngia
229 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 229-270 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1546
Dmitri Starostin
Introduction
The investigation of the Carolingian historical worldview has
attracted scholars’ attention since they were shown to emphasize
history’s important position in the process of constructing
modes of communication between the rulers, the magnates and
the ruled (MCKITTERICK 2004, p. 104; REIMITZ 2012). It has
been argued that the knowledge of the past becomes critically
important for the self-representation of the educated elite who
was intentionally charged or unintentionally urged to write
about the Carolingians and to envision their place in European
affairs. The chronicles (like that of the Continuator of Fredegar,
for example) were organized and reorganized to address the
political aspirations of Pippin and Charlemagne (MCKITTERICK
2000, p. 165). History became part of the narratives of power
that were deployed to construct and maintain the Frankish
kingdom’s political identities (COLLINS 1994; MCKITTERICK
2000; BARNWELL 2005; GANZ 2005; INNES 2000). This article
approaches the problem of history as a way of communicating
the message of power from one standpoint: the close connection
between Christian exegesis, the science of constructing a
universal calendar of sacred history, and the concept of history
as it was expressed in traditional narrative stories. In this the
article further analyzes the Carolingian historical worldview
as one based on the concepts of the universal Christian
history with a strong foundation in the biblical exegesis. The
connection between the timescale of universal Christian history
and the ways of constructing self-identification within it will
be examined as part of thinking of the past in terms of the
balance between linearity and cycles, which were, as it will be
argued, the underlying mode of thinking and the algorithm of
constructing concepts and narratives of history.
230 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 229-270 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1546
Historiography at the Crossroads
I have been careful not to omit any facts that could come to my
knowledge, but at the same time not to offend by a prolix style
those minds that despise everything modern, if one can possibly
avoid offending by a new work men who seem to despise also
the masterpieces of antiquity, the works of most learned and
luminous writers. Very many of them, l have no doubt, are men
devoted to a life of literary leisure, who feel that the affairs of
the present generation ought not to be passed by, and who do
not consider everything done today as unworthy of mention
and deserving to be given over to silence and oblivion, but are
nevertheless seduced by lust of immortality to celebrate the
231 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 229-270 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1546
Dmitri Starostin
232 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 229-270 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1546
Historiography at the Crossroads
233 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 229-270 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1546
Dmitri Starostin
234 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 229-270 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1546
Historiography at the Crossroads
235 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 229-270 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1546
Dmitri Starostin
236 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 229-270 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1546
Historiography at the Crossroads
237 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 229-270 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1546
Dmitri Starostin
238 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 229-270 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1546
Historiography at the Crossroads
239 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 229-270 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1546
Dmitri Starostin
organization and character. But this was only one aspect of the
calendars that had some relation to the system of categories
that the believers operated in the interpretation of the sacred
texts. The interest in theology by Irish calendar scholars,
of one of the critical persons in the field of time reckoning,
Bede, and of the Carolingian scholars, needs to be examined
against their own background as a specialists in practical time
reckoning. One needs to be aware that due to restrictions on
the article’s length the subject of the Irish monks’ contribution
to the field and to the thinking of Bede is only acknowledged,
but not developed in detail (CORNING 2016; MAC CARRON
2015, 2014). If we limit the discussion here to Bede as the tip
of the iceberg of Insular scholarship on the matter of calendars,
we will be able to assess and appreciate the ways in which the
answers to eschatological concerns given by Augustine were
reworked, rethought, incorporated into the educated lexicon
and adapted to the cultural context of early medieval Europe.
240 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 229-270 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1546
Historiography at the Crossroads
241 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 229-270 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1546
Dmitri Starostin
242 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 229-270 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1546
Historiography at the Crossroads
243 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 229-270 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1546
Dmitri Starostin
244 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 229-270 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1546
Historiography at the Crossroads
245 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 229-270 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1546
Dmitri Starostin
246 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 229-270 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1546
Historiography at the Crossroads
247 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 229-270 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1546
Dmitri Starostin
248 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 229-270 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1546
Historiography at the Crossroads
249 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 229-270 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1546
Dmitri Starostin
250 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 229-270 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1546
Historiography at the Crossroads
251 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 229-270 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1546
Dmitri Starostin
252 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 229-270 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1546
Historiography at the Crossroads
Conclusion
The Carolingian efforts in reimagining the calendar of
universal history history and making it part of the educated
communication in regards to the current events and recent
history at the time of the coronation of Charlemagne at the
year 5999 since the Creation and 800 since the Incarnation of
Christ were successful. They were the result of the significant
adaptation of the framework created by Augustine and made
available by Irish scholars, Bede and his students not so
much to the conditions of Europe as opposed to those of the
Mediterranean, but to the situation in the universal calendar
when the count of years started to reach the maximum number
imagined by the scholars of the Ancient world. Carolingian
attempts at constructing the calendar of the historical epoch
themselves originated in the tradition of eschatological thinking
exemplified in the works of Augustine, practiced by the Irish
and continental European scholars in re-calculating the Easter
calendar, and in the works of historians, like Gregory of Tours
and then Einhard to connect the history since the Creation to
the historical narrative of the recent kings’ achievements. The
knowledge of how to work with and manipulate critical dates
from the sacred history and from the Easter calculations was
made meaningful in two periods of time, in the 520s and the
ca. 800, determined partly by the effects of the precession of
the Moon on the calendar, when the “final reckoning” became
a pressing need. One thing was novel in the development
of the ways to represent the long-term cycles of universal
history in the everyday ritual exchange of information among
scholars in the Carolingian age. Unlike Bede, whose writings
reminded more of textbooks, Carolingian scholars used the
stories related to measuring and imagining biblical chronology
in their exchanges, the primary aim of which was to confirm
their status and the status of the king within the group of
educated and knowledgeable people that measured up in
knowledge and their historical significance to the figures of the
Old Testament. This was not only mathematical knowledge but
also knowledge in terms of the “exegesis of numbers”. Studies
253 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 229-270 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1546
Dmitri Starostin
254 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 229-270 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1546
Historiography at the Crossroads
REFERENCE
ALCUIN. Vita Vedasti. In: MIGNE, J.-P. (ed.). PL. [S.l.: s.n.],
1844. V. 101.
255 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 229-270 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1546
Dmitri Starostin
BORST, Arno. Karl der Grosse und die Zeit. In: RÖTTGEN,
Herwarth (ed.). Beiträge zur Zeit. Stuttgart: [s.n.],
1992.V. 42. p. 9–21.
256 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 229-270 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1546
Historiography at the Crossroads
257 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 229-270 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1546
Dmitri Starostin
258 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 229-270 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1546
Historiography at the Crossroads
259 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 229-270 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1546
Historiography at the Crossroads
260 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 229-270 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1546
Historiography at the Crossroads
261 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 229-270 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1546
Historiography at the Crossroads
262 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 229-270 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1546
Historiography at the Crossroads
263 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 229-270 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1546
Historiography at the Crossroads
264 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 229-270 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1546
Historiography at the Crossroads
265 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 229-270 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1546
Historiography at the Crossroads
266 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 229-270 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1546
Historiography at the Crossroads
267 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 229-270 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1546
Historiography at the Crossroads
268 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 229-270 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1546
Historiography at the Crossroads
269 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 229-270 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1546
Historiography at the Crossroads
Dmitri Starostin
d.starostin@spbu.ru
starostin.dmitry@gmail.com
University of Saint-Petersburg
Saint-Petersburg
Russian Federation
270 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 229-270 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1546
HISTÓRIA DA
HISTÓRIA DA Ouro Preto / MG - Brasil
HISTORIOGRAFIA
Gonzalo Vitón
https://orcid.org/0000-0002-5723-2641
RESUMEN
Este artículo tiene como objetivo reflexionar en torno
a las posibilidades que ofrece la historia del tiempo ABSTRACT
presente como perspectiva historiográfica para
This article contemplates the possibilities offered by
conducir estudios críticos inmersos en la realidad que
the history of the present time as a historiographic
pretendemos analizar. A partir de numerosas fuentes
perspective to conduct critical studies immersed in the
secundarias y de nuestra experiencia investigadora,
reality one intends to analyze. From numerous secondary
sistematizamos las definiciones existentes en torno
sources and our research experience, we systematize
a la historia del tiempo presente abordando su
the existing definitions around this concept by
ontología, cuestionando su perspectiva epistemológica
addressing its ontology, questioning its epistemological
y dialogando con sus desafíos metodológicos. Tras ello,
perspective, and dialoguing with its methodological
nos enfocamos en el análisis de dos de sus fuentes,
challenges. Moreover, we analyze two of its sources,
escasamente integradas entre sí: las fuentes orales y
sparsely integrated among themselves in the debate
los marcos normativos. Partimos de la hipótesis de que
of this historiographical perspective: oral sources and
su integración a través de un diálogo interdisciplinar
normative frameworks. Our approach starts from the
posibilita superar las limitaciones propias de la historia
premise that an interdisciplinary dialogue between
del tiempo presente. Concluimos que, efectivamente,
these allows researchers to overcome the limitations of
esta perspectiva tiene esa posibilidad siempre y cuando
the history of the present time. We conclude that this
se haga un tratamiento riguroso de las fuentes y no deje
perspective is promising if researchers can rigorously
de considerarse la larga duración del tiempo histórico.
treat their sources, and if the long durée of historical
time is considered.
PALABRAS CLAVE
Historia del Tiempo Presente; Fuentes históricas;
Historiografía
KEYWORDS
History of the Present Time; Historical Sources;
Historiography
273 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 273-308 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1529
Diego S. Crescentino & Gonzalo Vitón
Introducción
Institucionalizada progresivamente desde la segunda mitad
del siglo XX1, la historia del tiempo presente nació para dar
respuestas a la necesidad —surgida fundamentalmente a partir
de la conmoción que supuso la Segunda Guerra Mundial— de
desentrañar las relaciones entre el pasado y el presente. Este
debate se dio a la luz de una producción historiográfica sensible
a la memoria y a los testimonios orales a fin de definir así el rol
1 Institut für Zeit-
de las historiadoras2 en la sociedad por medio de la comprensión geschichte (1947);
del presente. Autores como Aróstegui (2004, p. 144) la definen Institut d’histoire
du temps présent
como la transcripción de la historia vivida, entendida como (1978); Institute of
historización de la experiencia. Y es que tanto la historiadora Contemporary British
History (1986); déca-
como cualquier cientista social son prisioneras de su propio da de los 90 en Ibe-
tiempo (GUIRAULT 1998, p. 15). Para Rapoport (2014, p. 5), el roamérica con Cues-
ta, Fazio, Mudrovcic,
presente está condicionado por nuestra circunstancia e impone Aróstegui y el Labo-
con su urgencia la resolución de los problemas que vivimos y ratório de Estudos do
Tempo Presente.
las preguntas que nos hacemos: somos a la vez observadores
y actores. 2 A lo largo de este
documento nos he-
mos decantado por el
La historia del tiempo presente comprende, así, un “análisis uso del sustantivo en
histórico de la realidad social vigente, que comporta una relación femenino “historiado-
ra” para desafiar la
de coetaneidad entre la historia vivida y la escritura de esa hegemonía del mas-
misma historia, entre los actores y testigos de la historia y los culino como género
neutro.
propios historiadores” (CUESTA 1993, p. 11). Busca, además,
debatir las fortalezas y debilidades existentes en el análisis 3 Esto no implica una
objetividad axiomá-
de procesos históricos en los cuales el locus de enunciación tica, con la cual no
de la historiadora se encuentra inmerso en la realidad que creemos que cuente
ninguna perspectiva
pretende estudiar. Se trata, en otras palabras, de profundizar historiográfica desa-
el diálogo ante el debate epistemológico y llegar, así, a la raíz fía.
274 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 273-308 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1529
Historia del tiempo presente
275 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 273-308 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1529
Diego S. Crescentino & Gonzalo Vitón
276 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 273-308 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1529
Historia del tiempo presente
277 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 273-308 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1529
Diego S. Crescentino & Gonzalo Vitón
278 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 273-308 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1529
Historia del tiempo presente
279 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 273-308 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1529
Diego S. Crescentino & Gonzalo Vitón
280 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 273-308 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1529
Historia del tiempo presente
Desafíos ontológicos
La historia del tiempo presente enfrenta dos grandes
desafíos ontológicos8 en su formalización como propuesta
superadora de las lecturas positivistas. Estamos hablando, por
un lado, del análisis de procesos inacabados y, por el otro, del
desafío que supone pasar de una cronología estática a una
comprensión dinámica y móvil de los límites temporales.
281 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 273-308 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1529
Diego S. Crescentino & Gonzalo Vitón
282 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 273-308 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1529
Historia del tiempo presente
283 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 273-308 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1529
Diego S. Crescentino & Gonzalo Vitón
Desafíos epistemológicos
Aun cuando la complejidad de afrontar los desafíos
previamente definidos requiere un esfuerzo analítico
importante, el abordaje de la historia del tiempo presente
conduce a una serie de desafíos epistemológicos que tienen
relación directa con la posibilidad de la historiadora de abordar
como objeto de estudio su propia experiencia. Son, en concreto,
las siguientes cuestiones: la tradicional necesidad de mantener
una distancia temporal con el objeto de estudio, la consiguiente
inteligibilidad de los procesos históricos recientes y la exigencia
de mantener una independencia científica en el quehacer
historiográfico.
284 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 273-308 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1529
Historia del tiempo presente
285 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 273-308 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1529
Diego S. Crescentino & Gonzalo Vitón
Desafíos metodológicos
Como afirmamos previamente, uno de los desafíos implícitos
a la actividad historiadora es la necesaria reflexión en torno
a las herramientas de las cuales puede valerse la disciplina
histórica. Ello se deriva del uso de fuentes —como las orales—,
de un enfoque comparativo y pluridisciplinario, de la voluntad
de reintroducir la larga duración en el tiempo presente y del
deseo por descubrir las complejas relaciones que se establecen
entre las rupturas y las continuidades (SAUVAGE 1998, p. 64).
286 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 273-308 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1529
Historia del tiempo presente
287 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 273-308 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1529
Diego S. Crescentino & Gonzalo Vitón
288 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 273-308 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1529
Historia del tiempo presente
289 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 273-308 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1529
Diego S. Crescentino & Gonzalo Vitón
290 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 273-308 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1529
Historia del tiempo presente
291 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 273-308 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1529
Diego S. Crescentino & Gonzalo Vitón
292 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 273-308 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1529
Historia del tiempo presente
293 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 273-308 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1529
Diego S. Crescentino & Gonzalo Vitón
294 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 273-308 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1529
Historia del tiempo presente
295 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 273-308 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1529
Diego S. Crescentino & Gonzalo Vitón
296 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 273-308 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1529
Historia del tiempo presente
297 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 273-308 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1529
Diego S. Crescentino & Gonzalo Vitón
298 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 273-308 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1529
Historia del tiempo presente
299 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 273-308 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1529
Diego S. Crescentino & Gonzalo Vitón
300 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 273-308 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1529
Historia del tiempo presente
REFERENCIAS
301 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 273-308 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1529
Diego S. Crescentino & Gonzalo Vitón
302 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 273-308 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1529
Historia del tiempo presente
303 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 273-308 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1529
Diego S. Crescentino & Gonzalo Vitón
304 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 273-308 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1529
Historia del tiempo presente
305 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 273-308 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1529
Diego S. Crescentino & Gonzalo Vitón
306 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 273-308 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1529
Historia del tiempo presente
307 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 273-308 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1529
Diego S. Crescentino & Gonzalo Vitón
AGRADECIMIENTOS E INFORMACIÓN
Diego Sebastian Crescentino
diego.crescentino@uam.es
Universidad Autónoma de Madrid
Madrid
España
Gonzalo Vitón
gonzalo.viton.garcia@gmail.com
Universidad Autónoma de Madrid
Madrid
España
308 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago, ano 2020, p. 273-308 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1529
HISTÓRIA DA Ouro Preto / MG - Brasil
HISTORIOGRAFIA
Florencia Levín
https://orcid.org/0000-0002-1216-4710
RESUMEN
A partir de una preocupación por los efectos duraderos
de experiencias atroces ocurridas en pasados recientes, ABSTRACT
como la del terrorismo de estado en la Argentina, y por
Concerned with the lasting effects of atrocious
el problema de la transmisión intergeneracional de la
experiences in recent past –such as that of state terrorism
historia, el propósito de este trabajo consiste en proponer
in Argentina– and the problem of intergenerational
una conceptualización al mismo tiempo ontológica y
transmission of history, this work aims to conceptualize
epistemológica del problema del trauma. Tomando
trauma at both ontological and epistemological levels.
como punto de partida una polémica propiamente
Taking an Argentinean controversy as the starting point,
argentina, intentaré abordar de modo transversal
I will try to cross-sectionally address the epistemological
los problemas epistemológicos que se presentan en
problems that arise from the historization of traumatic
la historización de pasados traumáticos en un nivel
pasts at metadiscursive and methodological levels.
metadiscursivo y al mismo tiempo metodológico. A
From the idea that the problem does not come from
partir de la intuición de que el problema no resulta de
an ontological anomaly of the historical experience but
una anomalía ontológica de la experiencia histórica
from an epistemological limitation of the discipline, I
sino de una limitación epistemológica de la disciplina,
will propose an inquiry that seeks, at the same time,
propondré una indagación con vistas a conceptualizar
to historicize and conceptualize traumatic experiences.
y al mismo tiempo ubicar históricamente lo traumático.
My operative hypothesis is that trauma is not the
Propondré como hipótesis operativa que el trauma
antithesis of history but its remains. The redefinition of
constituye un resto de la historia y no su antítesis. Esta
the dilemma in terms of aporia will allow us to address
conceptualización me permitirá redefinir el dilema en
the implicit epistemological problems involved.
términos de aporía, lo que constituye una clave para
resolver los problemas epistemológicos implícitos
involucrados.
PALABRAS CLAVE
historia reciente; trauma; epistemología de la historia
KEYWORDS
recent history; trauma; epistemology of history
309 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 309-339 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1578
Florencia Levín
310 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 309-339 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1578
Un grano de arena en la inmensidad del mar
311 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 309-339 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1578
Florencia Levín
312 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 309-339 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1578
Un grano de arena en la inmensidad del mar
313 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 309-339 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1578
Florencia Levín
314 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 309-339 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1578
Un grano de arena en la inmensidad del mar
315 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 309-339 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1578
Florencia Levín
316 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 309-339 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1578
Un grano de arena en la inmensidad del mar
317 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 309-339 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1578
Florencia Levín
318 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 309-339 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1578
Un grano de arena en la inmensidad del mar
319 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 309-339 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1578
Florencia Levín
320 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 309-339 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1578
Un grano de arena en la inmensidad del mar
movimiento, asignarle al término el valor indiciario de una/s 38 Tal como hace, por
experiencia/s perdida/s, proveniente/s de ese más allá cuya ejemplo, la línea de
investigación de Do-
existencia atestigua. De ese modo, construimos al mismo minick LaCapra.
tiempo un objeto de estudio y una clave de lectura, lo que nos
39 Un valor que con-
permite trazar las coordenadas de una indagación semántica sidero hermenéutico
y hermenéutica del trauma cuyos resultados son, al mismo y no “científico”, en
los términos que re-
tiempo, sus condiciones de posibilidad. clamaba Blas de San-
tos.
Avanzamos en esa dirección considerando, con Reinhart
40 Retomo del autor
Koselleck, que los conceptos permiten integrar experiencias la consideración de
nuevas y almacenar el pasado en el lenguaje (2004, 28). que la instancia del yo
se sitúa en una línea
Ahora bien, se considera que el orden semántico expresa de ficción que sólo
sólo fallidamente la dimensión de la experiencia, en tanto tal asintóticamente toca-
rá el devenir [históri-
siempre perdida (JAMESON 1995).40 Específicamente en el caso co] del sujeto (1995,
de lo traumático, se considera que, por su peculiar ontología, p. 20).
321 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 309-339 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1578
Florencia Levín
322 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 309-339 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1578
Un grano de arena en la inmensidad del mar
323 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 309-339 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1578
Florencia Levín
324 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 309-339 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1578
Un grano de arena en la inmensidad del mar
325 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 309-339 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1578
Florencia Levín
326 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 309-339 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1578
Un grano de arena en la inmensidad del mar
Producir el presente
Llegados a este punto, retorna la preocupación de Blas
de Santos por el carácter enajenante de la historización de
pasados traumáticos y por la in-utilidad de la historia reciente.
A lo largo del recorrido realizado hemos visto que existe
una suerte de inercia transversal a la controversia sobre la
representación de acontecimentos límite sustentada en el
presupuesto de que el trauma constituye la antítesis de la
historia. Hemos explorado la hipótesis de que no se trata de su
antítesis sino de su resto, lo que nos ha permitido conceptualizar
el trauma como una experiencia de disolución de la experiencia
de la historia y, asimismo, redefinir el dilema entre trauma e
historia en términos de aporía: la aporía del conocimiento de lo
que todavía no es mientras sigue siendo...
327 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 309-339 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1578
Florencia Levín
328 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 309-339 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1578
Un grano de arena en la inmensidad del mar
54 El padre de Lu-
cas, músico, ingresó
como miembro de la
orquesta de Gendar-
mería Nacional en los
primeros años de la
transición democráti-
ca.
329 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 309-339 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1578
Florencia Levín
REFERENCIAS
330 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 309-339 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1578
Un grano de arena en la inmensidad del mar
331 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 309-339 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1578
Florencia Levín
332 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 309-339 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1578
Un grano de arena en la inmensidad del mar
333 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 309-339 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1578
Florencia Levín
334 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 309-339 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1578
Un grano de arena en la inmensidad del mar
335 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 309-339 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1578
Florencia Levín
336 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 309-339 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1578
Un grano de arena en la inmensidad del mar
PALTI, Elías. Panel inaugural del ciclo Historia para qué. In:
CERNADAS, Jorge; LVOVICH, Daniel (comps.). Historia,
¿Para qué? Buenos Aires: Ediciones UNGS, 2010. p. 38-
45.
337 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 309-339 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1578
Florencia Levín
338 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 309-339 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1578
Un grano de arena en la inmensidad del mar
AGRADECIMIENTOS E INFORMACIÓN
Florencia Levín
florencia.levin@gmail.com
Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas
Universidad Nacional de General Sarmiento
Ciudad Autónoma de Buenos Aires
Argentina
339 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 309-339 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1578
HISTÓRIA DA
HISTÓRIA DA Ouro Preto / MG - Brasil
HISTORIOGRAFIA
Hernán G. H. Taboada
https://orcid.org/0000-0002-5769-693X
RESUMEN
El historiador italiano Cesare Cantú (1804-1895) gozó
de gran prestigio en América Latina desde mediados ABSTRACT
del siglo XIX hasta las primeras décadas del XX. Ello
Italian historian Cesare Cantú (1804-1895) was held
es particularmente cierto de su Historia universal (obra
in great regard in Latin America from the middle 19th
que empezó a publicar desde 1838), un trabajo basado
century until the first decades of the 20th. This was
en el esquema cristiano de la historia que carece de
particularly true for his Universal history (that began
gran originalidad, pero que, en contrapartida, es rico
appearing from 1838), devoid of originality but full of
en información. En este artículo se explora su amplia
information and based on the Christian interpretation of
presencia en las bibliotecas particulares, el carácter de
history. This article explores its widespread presence in
modelo que revistió, su función como fuente principal
personal libraries, its model character, its function as a
de información y de opiniones y algunos de los juicios
chief source of historical facts and opinions, and some of
que mereció de parte de historiadores, escritores o
the opinions given by historians, writers or politicians,
políticos, sobre todo católicos, pero no en su totalidad.
mostly – but not only – Catholic. The work’s popularity
Desde los años finales del siglo XIX, la popularidad de
began to fade by the final years of the 19th century,
Cantú empezó a decaer, en parte debido al aumento
in part due to the growth of historical information and
de la información histórica y sofisticación historiográfica
historiographical sophistication among Latin Americans
de la intelectualidad latinoamericana. Se presentan
intellectuals. Some examples of this loss of prestige are
también algunos ejemplos de esa pérdida de prestigio.
also presented.
PALABRAS CLAVE
Historiografía del siglo XIX; História universal;
Catolicismo
KEYWORDS
19th century historiography; Universal history;
Catholicism
341 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 341-374 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1534
Hernán G. H. Taboada
Introducción
En mis recorridos por librerías de ocasión en Buenos Aires,
hace ya muchos años, todavía alcanzaba a ver colecciones o
tomos sueltos, algunos ya deteriorados, de la Historia universal
de Cesare Cantú, en su traducción al castellano. Nunca se me
ocurrió hojearlos y sólo lo he hecho últimamente tras percatarme
de que el historiador lombardo gozó de gran fama y prestigio en
España y en América Latina durante muchas décadas. Fueron,
en efecto, muchas, porque él vivió entre 1804 y 1895 y aquella
obra era, por ende, ya veterana cuando se hizo popular. Y, más,
no fue la única con que logró prestigio entre nosotros, como
resultado de la circulación de sus ideas, como fui comprobando
al encontrarme con citas, referencias, elogios y paráfrasis de la
obra de Cantú en páginas de los autores latinoamericanos más
heterogéneos en cuanto a época, lugar y tendencia. Tal cuantía
me llevó a pensar que no sería mala idea rastrear las etapas
de la marcha triunfal por nuestros países de aquel monumental
repertorio decimonónico desde sus inicios de fama y prestigio
hasta su crepúsculo y posterior olvido en el siglo xx, cuando los
saldos de una bodega o la venta de una biblioteca lo arrojaban
a esperar desde los estantes de alguna librería la llegada de un
incauto cliente.
342 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 341-374 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1534
La historia universal de Cesare Cantú en América Latina
343 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 341-374 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1534
Hernán G. H. Taboada
344 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 341-374 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1534
La historia universal de Cesare Cantú en América Latina
345 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 341-374 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1534
Hernán G. H. Taboada
346 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 341-374 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1534
La historia universal de Cesare Cantú en América Latina
347 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 341-374 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1534
Hernán G. H. Taboada
348 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 341-374 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1534
La historia universal de Cesare Cantú en América Latina
Un público latinoamericano
Se habrá visto que, entre los seguidores, plagiarios o
panegiristas citados, abundan los católicos: Federico González
era sacerdote y Eyzaguirre también; católicos moderados eran
Acosta de Samper, Montalvo y Sánchez y furibundos, Groot
y Caro. El italiano ofrecía en efecto un panorama acorde con
sus creencias: el mundo tenía cuatro mil años de edad, su
historia iniciaba con la Creación, sobre Jesucristo exponía
una versión que podía utilizarse contra la de Ernest Renan (y
una réplica colombiana contra éste se basó en Cantú, junto
a otras autoridades), así como también ofrecía argumentos
contra páginas irrespetuosas de Edward Gibbon y se explayaba
sobre vidas de santos que debieron de ser populares.
La Inquisición había sido para él un “verdadero progreso” y
defendía a la Iglesia católica en asuntos como la Reforma o el
juicio a Galileo.
349 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 341-374 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1534
Hernán G. H. Taboada
350 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 341-374 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1534
La historia universal de Cesare Cantú en América Latina
351 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 341-374 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1534
Hernán G. H. Taboada
352 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 341-374 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1534
La historia universal de Cesare Cantú en América Latina
353 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 341-374 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1534
Hernán G. H. Taboada
354 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 341-374 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1534
La historia universal de Cesare Cantú en América Latina
355 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 341-374 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1534
Hernán G. H. Taboada
356 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 341-374 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1534
La historia universal de Cesare Cantú en América Latina
357 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 341-374 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1534
Hernán G. H. Taboada
El ocaso
El prestigio de Cantú entre los estudiosos europeos nunca
había alcanzado altos niveles y no sobrevivió a su siglo, como
puede verse en los panoramas de historia de la historiografía
8 Gubernatis (1943)
que comenzaron a aparecer. Por italiano, por escribir [es el tomo xi de su
tempranamente y quizás porque cojeaba de la misma pata, Historia de la litera-
tura, 1883-1885], p.
el conde, cantor, poeta y sanscritista Angelo de Gubernatis 215-216: “se apresta
lo incluyó con elogio en la sección sobre historiografía de a redactar su Historia
universal, nueva por
su amplia Historia de la literatura universal (1882-1885),8 su concepto y ejecu-
también traducida al castellano y también frecuentada entre ción, y amplia al par
que rápida, en cuyas
nosotros aunque no tanto como la de Cantú. Compilada páginas, si bien se
bajo el fascismo, la Enciclopedia Italiana lo alaba ya con han advertido muchos
errores, tres genera-
reservas,9 pero el muy meticuloso suizo Eduard Fueter ciones de italianos y
(Historia de la historiografía moderna, 1913) ni lo nombra; el muchos extranjeros
han sacado preciosas
inglés Gooch algo dice, pero es esto: “no era un gran erudito enseñanzas”.
ni un artista. Era prolijo y superficial, y demuestra poca
9 “Ingiusto non rico-
penetración histórica; pero poseía un talento nada común noscergli, ed erroneo
para la popularización” (GOOCH [1913] 1942, p. 438-439). sarebbe negare ad
ogni suo libro un va-
Otro recuento, el de su coterráneo Benedetto Croce, fue más lore anche scientifico,
feroz, lanzándole, entre otros denuestos: todo repite, mejor oppure letterario”, “di
gran lunga superiore
dicho eructa veloz y afanosamente, en nada se detiene, de a quello dei volgari
todo charla, confuso e incoherente, reaccionario disfrazado compilatori” “vi è as-
sai d’imprecisione, di
de liberal, y ni siquiera eso, un vanidoso, un enojón, autor tendenze personali, di
de un cambalache.10 No lo quería, evidentemente, pero no se malizie, volontarie o
involontarie che fos-
muestra injusto. sero, contro i vivi a
proposito dei morti, e
Siguieron pasando las décadas. El estadounidense contro i morti a pro-
posito dei vivi”; méri-
Harry Elmer Barnes incluía su obra en una apretada lista tos aunque “non è un
de historias universales, nombrándolo entre quienes pensatore profondo
ne uno storico accu-
popularizaron la historia de Italia; también divulgador de rato” De esta forma,
poco mérito lo consideraban Thompson y Holm (“Scholars Mazzoni (1930), ma-
tiza los juicios.
may look for the little accuracy and less originality in a
work of such compass, but it was widely known and long (CONT.)
358 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 341-374 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1534
La historia universal de Cesare Cantú en América Latina
359 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 341-374 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1534
Hernán G. H. Taboada
360 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 341-374 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1534
La historia universal de Cesare Cantú en América Latina
361 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 341-374 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1534
Hernán G. H. Taboada
14 Varias páginas,
en efecto, sobre la
Consideraciones finales escatología de diver-
sos pueblos (BOR-
GES; BIOY CASARES
El recuento de casos particulares podría ampliarse.
[1955] 1999, p. 112
Bastaría incluir las muchas notas a pie de página; buscando y ss).
más, ejemplificaciones históricas que tienen su fuente en
Cantú. Faltarían, para mayor seguridad, más datos duros
para demostrar su influencia: junto a la cantidad de ediciones
que se mencionó, también los tirajes, la enumeración de
bibliotecas públicas que lo incluían, su inclusión en planes
de estudio. Creo sin embargo que es hora de recapitular: se
trataba de mostrar la influencia de un autor hoy poco conocido
y nunca demasiado estimado por la academia. Se pudieron
extraer algunas conclusiones, hasta aquí desmigajadas y en
los párrafos siguientes resumidas.
362 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 341-374 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1534
La historia universal de Cesare Cantú en América Latina
363 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 341-374 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1534
Hernán G. H. Taboada
REFERENCIAS
364 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 341-374 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1534
La historia universal de Cesare Cantú en América Latina
365 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 341-374 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1534
Hernán G. H. Taboada
366 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 341-374 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1534
La historia universal de Cesare Cantú en América Latina
367 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 341-374 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1534
Hernán G. H. Taboada
368 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 341-374 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1534
La historia universal de Cesare Cantú en América Latina
369 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 341-374 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1534
Hernán G. H. Taboada
370 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 341-374 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1534
La historia universal de Cesare Cantú en América Latina
371 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 341-374 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1534
Hernán G. H. Taboada
372 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 341-374 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1534
La historia universal de Cesare Cantú en América Latina
373 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 341-374 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1534
Hernán G. H. Taboada
AGRADECIMIENTOS E INFORMACIÓN
Hernán G. H. Taboada
haroldo@unam.mx
Universidad Nacional Autónoma de México
Centro de Investigaciones sobre América Latina y el Caribe
Ciudad de México
México
374 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 341-374 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1534
HISTÓRIA DA Ouro Preto / MG - Brasil
HISTORIOGRAFIA
Fabio Faversani
https://orcid.org/0000-0002-3464-1020
RESUMO
O imperador Nero foi se constituindo, ao longo de séculos
e com o uso de múltiplas linguagens produzidas por ABSTRACT
diversas culturas, num símbolo bastante universalizado
Over the centuries and with the use of multiple languages
de tirania. Associado, sobretudo, com a loucura e a
produced by various cultures, Emperor Nero became
destruição, serviu para a crítica dos mais diversos
quite the universal symbol of tyranny. Mainly associated
governantes que o seguiram e cometeram crimes que
with madness and destruction, remembering Nero has
pudessem, de algum modo, ser ligados àqueles que
served to criticize various rulers who lived after him
foram atribuídos a Nero. Tais aproximações, muito
and committed crimes that could somehow be linked to
variadas ao longo do tempo e espaço, permitiram a
those attributed to Nero. Such approaches varied a lot
constituição de um amplo e multifacetado repertório de
over time and space and allowed the constitution of a
Neros produzidos na política, na literatura, no cinema,
broad and multifaceted repertoire of Neros produced in
na música etc. Esse repertório gerou uma tradição
politics, literature, cinema, music, etc. This repertoire
composta da associação do Nero “original” com os
fostered a tradition composed of the association of the
diversos personagens e contextos dos “novos” Neros.
“original” Nero with the various characters and contexts
Essa tradição permitiu ao mesmo tempo uma nova
of the “new” Neros. This tradition allowed both a new
interpretação do passado e uma leitura original do
interpretation of the past and an original reading of the
presente. Nesse sentido, há uma construção recíproca
present. Thus, there is a reciprocal and simultaneous
e simultânea do(s) passado(s) e do presente, gerando
construction of the past(s) and the present, generating
o processo de allelopoiesis, produzindo Neros que
an allelopoiesis process, producing Neros that do not
não pertencem exclusivamente ao(s) passados ou ao
belong exclusively to the past or the present, but
presente, mas mesclam e confundem inextricavelmente
inextricably merge and confuse these temporalities.
essas temporalidades em diferentes sínteses que se
This process originated different syntheses that
comunicam através de uma tradição com a forma de
communicate ideas through a tradition in the form of
repertório a ser reapropriado e modificado. Esse artigo
repertoire to be appropriated and modified multiple
tem por foco o caso do Presidente da República do
times. This article focuses on the case of the President
Brasil, Jair Bolsonaro, apelidado de BolsoNero.
of the Republic of Brazil, Jair Bolsonaro, nicknamed
BolsoNero.
PALAVRAS-CHAVE
Nero; Bolsonaro; usos da história
KEYWORDS
Nero; Bolsonaro; uses of history
375 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 375-395 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1573
Fabio Faversani
Introdução
A ligação entre Nero e Bolsonaro que analisaremos nesse
artigo não se fez de forma direta e pressupõe a vinculação
entre esse Imperador Romano e uma tradição multissecular
e transcultural que começa a se constituir após sua morte,
especialmente com os imperadores Flávios. Um bom marco
inicial é a tragédia togata Octavia, muito provavelmente escrita
já no início do governo de Vespasiano (69-79).1 Um momento
importante na construção da imagem de Nero como tirano 1 Miriam Griffin afir-
ma que a peça es-
exemplar se estabelece com a biografia escrita por Suetônio tabelece Nero como
no início do século II d. C., assim como os livros neronianos “the proverbial tyrant,
robbed of any perso-
(XIII a XVI) nos Anais, de Tácito, escritos mais ou menos pela nal characteristics, a
mesma época, que será complementada pela contribuição de mere incarnation of
the will to evil, una-
Dião Cássio, cerca de um século depois, mas transmitida por ffected by advice or
epitomadores dos livros neronianos (XLI-LXIII) dos séculos XI influence.” (GRIFFIN
1984, p. 100). Para
e XII.2 Desde a morte de Nero e ao longo de gerações, foi uma apresentação da
se reforçando uma imagem desse imperador como tirano, que obra e texto com co-
mentários e notas, cf.
exerceu o poder de forma desmedida, a ponto de matar sua FERRI 2003.
própria mãe ou colocar fogo em Roma. As tradições judaicas e
2 Champlin afirma,
cristãs também tiveram um peso fundamental na construção com razão, que “Cer-
de uma tradição negativa para a imagem de Nero. Foi sob Nero ca de vinte e cinco
autores antigos, não
que teve início a guerra que levaria à destruição do Templo cristãos, tem algo de
e à diáspora. Já no século I, os Oráculos Sibilinos retratam valor a dizer sobre
Nero, mas o grosso
Nero como o imperador que deixou Roma e se uniu aos Partos, da imagem que temos
prevendo que ele voltaria dali à frente de dezenas de milhares vem de apenas três
deles: os historiado-
de homens para destruir Roma e o mundo (4, 119-124; 4, res Tácito e Dião Cás-
138-139; 5, 137-152; 5, 362-385). Na tradição judaica, logo sio e o biógrafo Sue-
tônio”. (CHAMPLIN
após a destruição do Templo e o saque de Jerusalém por Tito, 2003, p. 37).
Nero é associado com um apocalipse militar, mesmo que ele
nunca tenha se ligado em vida às atividades militares. Ele
era, inclusive, criticado por não se importar com o comando
dos exércitos. Isso não importa muito para as tradições
que foram sendo criadas na composição de diferentes
contextos com referência a Nero. Ele não era um comandante
militar, mas fazia monstruosidades. Monstruosidades
são cometidas frequentemente com força militar. Então,
ele se torna um comandante militar sem nunca ter sido.
376 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 375-395 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1573
Tirano, louco e incendiário
377 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 375-395 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1573
Fabio Faversani
378 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 375-395 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1573
Tirano, louco e incendiário
379 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 375-395 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1573
Fabio Faversani
380 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 375-395 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1573
Tirano, louco e incendiário
381 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 375-395 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1573
Fabio Faversani
382 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 375-395 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1573
Tirano, louco e incendiário
383 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 375-395 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1573
Fabio Faversani
384 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 375-395 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1573
Tirano, louco e incendiário
22 Cf. https://politica.
estadao.com.br/noti-
cias/geral,familia-bol-
sonaro-critica-a-de-
mocracia-do-brasil-
-desde-1990-relem-
bre,70003004404.
Acesso em: 22 dez.
2019.
23 https://reinal-
doazevedo.blo-
gosfera.uol.com.
br/2019/08/17/bol-
sonero-e-sao-ser-
gius-morus-unidos-
-na-destruicao-de-
-orgaos-de-estado/.
Acesso em: 22 dez.
2019.
385 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 375-395 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1573
Fabio Faversani
BolsoNero Amazônico
Contudo, a destruição mais marcante – e que gerou uma
forte associação entre Nero e Bolsonaro – foram os incêndios
na Amazônia. Incapacidade para governar, perseguição (bem
representada pelos ataques ao INPE - Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais, especialmente ao seu presidente)25, postura
fortemente autoritária frente à imprensa (acusada de criar o
problema)26, portando-se como um louco ao fazer declarações
386 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 375-395 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1573
Tirano, louco e incendiário
387 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 375-395 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1573
Fabio Faversani
388 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 375-395 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1573
Tirano, louco e incendiário
30 https://trends.
Após o ápice do uso do termo BolsoNero com os incêndios
google.com/trends/
da Amazônia, temos um retorno ao uso esporádico. O termo explore?geo=BR&-
q=bolsonero. Acesso
passa a ser mais usado com a entrevista de Lula a Der Spiegel,
em: 22 dez. 2019.
como se pode notar nesse gráfico do Google Trends30. O pico de
interesse, contudo, vem na época em que fica claro pelos dados
do INPE que os incêndios na Amazônia atingem patamares
muito elevados com várias retomadas menores a seguir:
389 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 375-395 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1573
Fabio Faversani
390 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 375-395 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1573
Tirano, louco e incendiário
391 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 375-395 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1573
Fabio Faversani
REFERÊNCIAS
(CONT.)
ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. In: COUTINHO,
Afrânio (org.) Obra completa de Machado de Assis. Mencionamos aqui,
para efeito de exem-
V. 1. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2004. plificação dessa asso-
ciação ainda existindo
“BolsoNero - Brazil’s president fiddles as a pandemic looms”. em tempos atuais, o
livro que será lança-
The economist. London. 26th March 2020. Disponível em: do no ano que vem,
https://www.economist.com/the-americas/2020/03/26/ mas já em pré-venda,
cujo título é American
brazils-president-fiddles-as-a-pandemic-looms. Acesso Nero: The History of
em: 28 mar. 2020. the Destruction of the
Rule of Law, and Why
Trump Is the Worst
CHAMPLIN, Edward. Nero. Cambridge: Harvard University Offender. Cf.: https://
Press, 2003. www.amazon.com/
American-Nero-Mat-
ters-Donald-Trump/
DIAS, Mamede Q. Imperador ou tirano: Comunicação dp/1948836017,
acesso em 19 dez.
e formas sociopolíticas sob(re) o Principado de Domiciano 2020. Os exemplos
(81-96). Tese (Doutorado em História). Mariana: Programa não se limitam a am-
bientes políticos co-
de Pós-Graduação em História, Universidade Federal de
nectados de forma
Ouro Preto, 2019. reiterada com o “le-
gado” do Império Ro-
mano. Esse ó caso,
FERRI, Rolando. Octauia. A play attributed to Seneca. até certo ponto sur-
Cambridge: Cambridge University Press, 2003. preendente, da as-
sociação que foi feita
por um desertor do
FREUDENBURG, Kirk. “Donald Trump and Rome’s regime Norte-Corea-
Mad Emperors”. Common dreams, 29 de abril de no entre Kim Jong Un
e... Nero! O fato des-
2018. Disponível em: https://www.commondreams. se “Nero” ter matado
org/views/2018/04/29/donald-trump-and-romes-mad- seu meio-irmão, en-
tre outros familiares,
emperors. Acesso em: 22 dez. 2019. e ter destruído obras
de outros por ciúmes
de seu sucesso ou
GRIFFIN, Miriam T. “Nero from zero to hero”. In: BUCKLEY,
desconfiar da fideli-
Emma; DINTER, Martin T. A companion to the Neronian dade de todos que o
age. London: Blackwell, 2013. cercam e até mesmo
se sentir culturalmen-
te deslocado são lem-
GRIFFIN, Miriam T. Nero: The end of a dynasty. London: brados para dizer que
Kim Jong Un seria um
Routledge, 1984. Nero do século XXI.
Cf. SHIM 2017.
GUARINELLO, Norberto Luiz. História Antiga. Campinas:
Contexto, 2014.
392 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 375-395 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1573
Tirano, louco e incendiário
393 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 375-395 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1573
Fabio Faversani
394 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 375-395 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1573
Tirano, louco e incendiário
AGRADECIMENTOS E INFORMAÇÕES
Fabio Faversani
faversani@ufop.edu.br
Universidade Federal de Ouro Preto
Mariana
Minas Gerais
Brasil
395 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 375-395 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1573
HISTÓRIA DA
HISTÓRIA DA Ouro Preto / MG - Brasil
HISTORIOGRAFIA
Alexandre de Sá Avelar
https://orcid.org/0000-0002-1441-2087
RESUMO
Ao longo de todo o período imperial, o gênero biográfico
exerceu um expressivo papel na operação historiográfica ABSTRACT
do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB),
The biographical genre was crucial in the historiographical
cujos sócios viam nas narrativas dos indivíduos ilustres
operation of the Brazilian Historical and Geographical
não apenas guias exemplares para o presente e para o
Institute (IHGB) during Brazil’s imperial period. The
futuro, mas também uma modalidade de preservação
Institute’s members members saw in the narratives of
do que era considerado relevante no passado nacional.
illustrious individuals not only exemplary guides for their
Esses objetivos se alteraram sensivelmente com o
present and future, but also a way to preserve what was
advento do regime republicano? A queda da Monarquia
considered relevant in the national past. Did these goals
redefiniu o estatuto do gênero biográfico entre os sócios
change significantly with the advent of the republican
da velha instituição? O presente artigo, ao analisar
regime? Did the fall of the Monarchy redefine the status of
uma parte da produção biográfica do IHGB, nas duas
the biographical genre among the members of the old IHGB?
primeiras décadas republicanas, tem como principal
This article seeks to answer these two questions through the
objetivo responder a essas questões.
analysis of part of the biographical production of IHGB in the
first two republican decades.
PALAVRAS-CHAVE
Biografia; Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro;
História
KEYWORDS
Biography; Brazilian Historical and Geographic Institute;
History
397 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 397-429 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1585
Alexandre de Sá Avelar
398 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 397-429 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1585
Entre a tradição e a inovação
399 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 397-429 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1585
Alexandre de Sá Avelar
400 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 397-429 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1585
Entre a tradição e a inovação
401 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 397-429 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1585
Alexandre de Sá Avelar
402 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 397-429 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1585
Entre a tradição e a inovação
403 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 397-429 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1585
Alexandre de Sá Avelar
404 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 397-429 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1585
Entre a tradição e a inovação
405 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 397-429 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1585
Alexandre de Sá Avelar
406 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 397-429 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1585
Entre a tradição e a inovação
407 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 397-429 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1585
Alexandre de Sá Avelar
408 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 397-429 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1585
Entre a tradição e a inovação
O elogio dos homens bons que da sua vida nos deixaram honrosa
e veneranda memoria não é um simples obsequio; é um rigoroso
dever sempre cumprido com profundo e respeitoso affecto; uma
justa homenagem tributada em nome da patria ao verdadeiro
merito: é ainda uma licção sempre opportuna de doutrina e
de experiencia com que educamos o nosso espírito e poderoso
estímulo a que sejam seguidos os exemplos que nos foram dados
(D´AQUINO E CASTRO 1901, p. 327).
409 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 397-429 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1585
Alexandre de Sá Avelar
Por outro lado, essa herança não era assumida sem certo
esforço de adequação aos desafios do presente. Um deles residia
no crescente papel desempenhado pelo pan-americanismo,
desdobramento do próprio movimento republicano que sinalizou
uma maior aproximação em relação aos vizinhos continentais.
Gabriela Correa da Silva, em tese de doutorado, abordou as
formas pelas quais a biografia de Alexandre Gusmão (1658-
1753) foi reapropriada – e republicada – pelo Instituto como
forma de subsidiar as investidas políticas do Estado brasileiro
em relação à complexa questão pan-americana (SILVA 2019,
p. 229). A atuação do conhecido diplomata passou a ser objeto
de interesse entre os letrados do IHGB e alguns textos ilustram
significativamente esse movimento de ressignificação biográfica
em função de disputas do presente e da conformação de uma
ideologia pan-americana. Em 1902, é republicado o longo
artigo de José Feliciano Fernandes Pinheiro, o Visconde de São
Leopoldo, intitulado “Da vida e feitos de Alexandre Gusmão
e de Bartholomeu Lourenço de Gusmão”. O texto apareceu
inicialmente em 1841, quando o seu autor era presidente do
IHGB, e destaca, sobretudo, o papel que o conhecido diplomata
exerceu na delimitação das fronteiras territoriais, especialmente
a atuação na assinatura do Tratado de Madri, de 1735.
410 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 397-429 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1585
Entre a tradição e a inovação
411 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 397-429 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1585
Alexandre de Sá Avelar
412 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 397-429 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1585
Entre a tradição e a inovação
413 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 397-429 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1585
Alexandre de Sá Avelar
414 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 397-429 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1585
Entre a tradição e a inovação
415 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 397-429 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1585
Alexandre de Sá Avelar
416 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 397-429 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1585
Entre a tradição e a inovação
417 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 397-429 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1585
Alexandre de Sá Avelar
418 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 397-429 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1585
Entre a tradição e a inovação
419 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 397-429 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1585
Alexandre de Sá Avelar
420 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 397-429 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1585
Entre a tradição e a inovação
421 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 397-429 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1585
Alexandre de Sá Avelar
422 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 397-429 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1585
Entre a tradição e a inovação
423 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 397-429 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1585
Alexandre de Sá Avelar
Considerações finais
424 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 397-429 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1585
Entre a tradição e a inovação
425 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 397-429 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1585
Alexandre de Sá Avelar
REFERÊNCIAS
426 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 397-429 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1585
Entre a tradição e a inovação
427 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 397-429 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1585
Alexandre de Sá Avelar
428 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 397-429 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1585
Entre a tradição e a inovação
AGRADECIMENTOS E INFORMAÇÕES
Alexandre de Sá Avelar
alexandre.avelar@uol.com.br
Universidade Federal de Uberlândia
Uberlândia
Minas Gerais
Brasil
429 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 397-429 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1585
HISTÓRIA DA
HISTÓRIA DA Ouro Preto / MG - Brasil
HISTORIOGRAFIA
Breno Mendes
https://orcid.org/0000-0001-6408-4117
RESUMO
O problema do sentido na filosofia da história de Paul
Ricoeur é o tema central deste trabalho. A interpretação ABSTRACT
é desenvolvida a partir da hipótese segundo a qual
The problem of sense in Paul Ricoeur’s philosophy of
existiria uma dialética entre existência e linguagem
history is the focus of this research. The interpretation
na constituição de sentido. O caminho escolhido para
is developed from the hypothesis in which would exist
a investigação foi a leitura estratégica de obras que
a dialectic between existence and language in the
recobrem a primeira parte da trajetória filosófica do
constitution of sense and meaning. The strategy chosen
autor. Nesse sentido, focalizamos a leitura de Ricoeur
in the investigation was the reading of works that cover
sobre a filosofia da existência de Karl Jaspers e o seu
the first part of Ricoeur’s philosophical path. Thus, we
contraponto com o existencialismo de Sartre. Durante
focus on Ricoeur’s reading of Karl Jasper’s philosophy of
o decorrer da pesquisa, procuramos compreender os
existence and its opposition to Sartre’s existentialism.
contornos do entendimento de Ricoeur sobre a dialética
Throughout the research, our purpose is to understand
entre ontologia e epistemologia presente na filosofia da
Ricoeur’s comprehension of the dialectic between
história.
ontology and epistemology in philosophy of history.
PALAVRAS-CHAVE
Filosofia da História; Sentido; Paul Ricoeur
KEYWORDS
Philosophy of History, Sense, Paul Ricoeur
431 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 431-465 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1563
Breno Mendes
432 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 431-465 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1563
Filosofia da existência, existencialismo e o problema do sentido na filosofia da história de Paul Ricoeur
433 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 431-465 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1563
Breno Mendes
434 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 431-465 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1563
Filosofia da existência, existencialismo e o problema do sentido na filosofia da história de Paul Ricoeur
435 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 431-465 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1563
Breno Mendes
436 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 431-465 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1563
Filosofia da existência, existencialismo e o problema do sentido na filosofia da história de Paul Ricoeur
437 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 431-465 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1563
Breno Mendes
438 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 431-465 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1563
Filosofia da existência, existencialismo e o problema do sentido na filosofia da história de Paul Ricoeur
439 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 431-465 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1563
Breno Mendes
440 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 431-465 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1563
Filosofia da existência, existencialismo e o problema do sentido na filosofia da história de Paul Ricoeur
mesmo que, como ele mesmo diz, tenha feito isso com pontos
de partida e métodos filosóficos. Ademais, para nós, parece
que, ao longo de sua carreira, Ricoeur incorporou a proposição
de Jaspers – de inspiração kantiana, segundo a qual a filosofia
deve realizar uma reflexão sobre os limites do conhecimento.
É nesses termos que ele define sua filosofia da historiografia
em A memória, a história, o esquecimento (2000), embora o
jargão existencial tenha recebido o acréscimo do hermenêutico-
ontológico. Seu projeto, então, é enunciado como sendo
uma “filosofia crítica da história” que não se limita a uma
epistemologia da operação historiográfica:
441 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 431-465 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1563
Breno Mendes
442 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 431-465 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1563
Filosofia da existência, existencialismo e o problema do sentido na filosofia da história de Paul Ricoeur
443 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 431-465 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1563
Breno Mendes
444 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 431-465 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1563
Filosofia da existência, existencialismo e o problema do sentido na filosofia da história de Paul Ricoeur
445 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 431-465 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1563
Breno Mendes
446 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 431-465 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1563
Filosofia da existência, existencialismo e o problema do sentido na filosofia da história de Paul Ricoeur
447 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 431-465 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1563
Breno Mendes
448 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 431-465 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1563
Filosofia da existência, existencialismo e o problema do sentido na filosofia da história de Paul Ricoeur
449 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 431-465 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1563
Breno Mendes
450 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 431-465 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1563
Filosofia da existência, existencialismo e o problema do sentido na filosofia da história de Paul Ricoeur
451 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 431-465 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1563
Breno Mendes
452 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 431-465 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1563
Filosofia da existência, existencialismo e o problema do sentido na filosofia da história de Paul Ricoeur
453 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 431-465 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1563
Breno Mendes
454 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 431-465 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1563
Filosofia da existência, existencialismo e o problema do sentido na filosofia da história de Paul Ricoeur
455 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 431-465 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1563
Breno Mendes
456 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 431-465 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1563
Filosofia da existência, existencialismo e o problema do sentido na filosofia da história de Paul Ricoeur
457 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 431-465 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1563
Breno Mendes
458 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 431-465 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1563
Filosofia da existência, existencialismo e o problema do sentido na filosofia da história de Paul Ricoeur
REFERÊNCIAS
459 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 431-465 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1563
Breno Mendes
460 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 431-465 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1563
Filosofia da existência, existencialismo e o problema do sentido na filosofia da história de Paul Ricoeur
461 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 431-465 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1563
Breno Mendes
462 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 431-465 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1563
Filosofia da existência, existencialismo e o problema do sentido na filosofia da história de Paul Ricoeur
463 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 431-465 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1563
Breno Mendes
464 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 431-465 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1563
Filosofia da existência, existencialismo e o problema do sentido na filosofia da história de Paul Ricoeur
AGRADECIMENTOS E INFORMAÇÕES
Breno Mendes
mendes.breno@gmail.com
Universidade Federal de Goiás
Goiânia
Goiás
Brasil
465 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020, p. 431-465 - DOI https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1563
HISTÓRIA DA
467 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020 - ISSN 1983-9928
Normas de Publicação
468 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020 - ISSN 1983-9928
Normas de Publicação
469 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020 - ISSN 1983-9928
Normas de Publicação
470 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020 - ISSN 1983-9928
Normas de Publicação
4.1. Livro
Estrutura:
Exemplos:
471 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020 - ISSN 1983-9928
Normas de Publicação
Estrutura:
Exemplo:
Estrutura:
Exemplos:
472 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020 - ISSN 1983-9928
Normas de Publicação
4.4. Coletânea
Estrutura:
Exemplo:
Estrutura:
Exemplo:
Estrutura:
473 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020 - ISSN 1983-9928
Normas de Publicação
Exemplo:
Estrutura:
Exemplo:
Estrutura:
Exemplo:
474 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020 - ISSN 1983-9928
Normas de Publicação
Estrutura:
Exemplo:
Estrutura:
Exemplos:
475 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020 - ISSN 1983-9928
Normas de Publicação
476 Hist. Historiogr. v. 13, n. 33, maio-ago., ano 2020 - ISSN 1983-9928