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CADERNO DO ESTUDANTE
E N S I N O M é d io
VOLUME 2
Nos Cadernos do Programa Educação de Jovens e Adultos (EJA) – Mundo do Trabalho/CEEJA são
indicados sites para o aprofundamento de conhecimentos, como fonte de consulta dos conteúdos
apresentados e como referências bibliográficas. Todos esses endereços eletrônicos foram
verificados. No entanto, como a internet é um meio dinâmico e sujeito a mudanças, a Secretaria
de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação não garante que os sites indicados
permaneçam acessíveis ou inalterados após a data de consulta impressa neste material.
* Constituem “direitos autorais protegidos” todas e quaisquer obras de terceiros reproduzidas neste material que
não estejam em domínio público nos termos do artigo 41 da Lei de Direitos Autorais.
1. Arte – Estudo e ensino. 2. Educação de Jovens e Adultos (EJA) – Ensino Médio. 3. Modalidade
Semipresencial. I. Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação. II.
Secretaria da Educação. III. Título.
CDD: 372.5
FICHA CATALOGRÁFICA
Tatiane Silva Massucato Arias – CRB-8 / 7262
Geraldo Alckmin
Governador
Cláudio Valverde
Secretário-Adjunto
Maurício Juvenal
Chefe de Gabinete
Secretaria da Educação
Herman Voorwald
Secretário
José Lucas Cordeiro Arte: Roseli Ventrella e Terezinha Guerra; Biologia: José Manoel
Martins, Marcos Egelstein, Maria Graciete Carramate Lopes
Coordenação Técnica
e Vinicius Signorelli; Filosofia: Juliana Litvin de Almeida e
Impressos: Dilma Fabri Marão Pichoneri
Tiago Abreu Nogueira; Física: Gustavo Isaac Killner; Geografia:
Vídeos: Cristiane Ballerini
Roberto Giansanti e Silas Martins Junqueira; História: Denise
Equipe Técnica e Pedagógica Mendes e Márcia Juliana Santos; Inglês: Eduardo Portela;
Ana Paula Alves de Lavos, Carlos Ricardo Bifi, Elen Cristina Língua Portuguesa: Kátia Lomba Brakling; Matemática: Antonio
S. K. Vaz Döppenschmitt, Emily Hozokawa Dias, Fabiana José Lopes; Química: Olímpio Salgado; Sociologia: Dilma Fabri
de Cássia Rodrigues, Fernando Manzieri Heder, Herbert Marão Pichoneri e Selma Borghi Venco
Mauro de Mesquita Spínola Leitão, Cláudia Letícia Vendrame Santos, David dos Santos
Presidente da Diretoria Executiva Silva, Eloiza Mendes Lopes, Érika Domingues do Nascimento,
Fernanda Brito Bincoletto, Flávia Beraldo Ferrare, Jean Kleber
José Joaquim do Amaral Ferreira
Silva, Leonardo Gonçalves, Lorena Vita Ferreira, Lucas Puntel
Vice-Presidente da Diretoria Executiva
Carrasco, Luiza Thebas, Mainã Greeb Vicente, Marcus Ecclissi,
Gestão de Tecnologias em Educação Maria Inez de Souza, Mariana Padoan, Natália Kessuani Bego
Maurício, Olivia Frade Zambone, Paula Felix Palma, Pedro
Direção da Área
Carvalho, Polyanna Costa, Priscila Risso, Raquel Benchimol
Guilherme Ary Plonski
Rosenthal, Tatiana F. Souza, Tatiana Pavanelli Valsi, Thaís Nori
Coordenação Executiva do Projeto Cornetta, Thamires Carolline Balog de Mattos e Vanessa Bianco
Angela Sprenger e Beatriz Scavazza Felix de Oliveira
Gestão Editorial Luiz Roberto Vital Pinto, Maria Regina Xavier de Brito, Natália
Nos Cadernos e vídeos que fazem parte do seu material de estudo, você perce-
berá a nossa preocupação em estabelecer um diálogo com o mundo do trabalho
e respeitar as especificidades da modalidade de ensino semipresencial praticada
nos CEEJAs.
Bons estudos!
Secretaria da Educação
Secretaria de Desenvolvimento
Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação
apresentação
SUMÁRIO
Na Unidade 1, você estudará alguns dos elementos básicos que compõem a lin-
guagem teatral, aprendendo a identificá-los. Vai também ler, refletir e manifestar
sua opinião a respeito de um trecho de uma obra da dramaturgia nacional e será
desafiado a criar uma cena dramática.
Bons estudos!
Em cena, o teatro
Unidade 1
ARTE
Temas
1. Elementos básicos do teatro
2. Ação, tempo e espaço
Introdução
Nesta Unidade, você estudará alguns elementos básicos que compõem a lin-
guagem teatral e aprenderá a identificá-los.
Mas de que forma o teatro conta histórias? Quem escreve e como escreve essas
histórias? E você, como escreveria uma história para o teatro?
10 UNIDADE 1
Ao criar uma peça, o autor pode iniciar pela escrita do texto. Para isso, deve
considerar algumas indicações que, embora não sejam necessariamente fixas
(pois mudam de acordo com a época ou o estilo do dramaturgo), o ajudarão a
escrever sua história de forma mais organizada. São elas: onde, quem, o quê
e quando.
• Onde
• Quem
São os personagens que darão vida à história: uma estudante egoísta que só
pensa em se dar bem; um velho viúvo, triste e abandonado, que sofre pela ausên-
cia de seus filhos e netos; um milionário alcoólatra; uma professora apaixonada.
• O quê
• Quando
££Século XVII
££Dois empresários e a secretária
a) Onde?
££Outono de 1957
b) Quem?
££Três alienígenas
c) O quê? ££Briga por uma herança
d) Quando? ££Namoro escondido dos pais
££No zoológico
££Na sala de aula
2 Identifique, no texto a seguir, os elementos onde, quem, quando e o quê.
Já era final da tarde quando Pedro, enfim, criou coragem e dirigiu-se ao escritó-
rio do chefe da empresa onde trabalhava e, reunindo todas as suas forças, pediu um
aumento.
Argumentou, implorou. Porém, seu chefe foi implacável: negou o pedido e termi-
nou o assunto dizendo que, se Pedro não estivesse contente, que procurasse outro
emprego.
• Onde?
• Quem?
• Quando?
• O quê?
12 UNIDADE 1
Você também pode notar a expressão corporal dos atores no palco. Utilizando o
corpo, a voz, eles darão vida aos personagens da história. Para isso, são necessários
muitos ensaios, afinal, é preciso interpretar o modo de falar, de andar, de comer,
de gesticular, de se relacionar do personagem, saber como ele vê e sente a vida. Se
é triste, alegre, invejoso, generoso, malvado; se está doente, prestes a romper um
noivado, ou sustenta toda a família; se está feliz por ter encontrado o trabalho que
desejava, realizado por ter terminado os estudos... Como representar isso tudo?
UNIDADE 1 13
© Robbie Jack/Corbis/Latinstock
Atores com expressão facial e maquiagem marcantes. Peça Teatro de sangue (Theatre of blood). Teatro Nacional, Londres, Inglaterra, 2005.
O ator nem sempre precisa falar, seu corpo mostra suas intenções, seus medos.
No entanto, quando fala, precisa saber utilizar a voz como recurso expressivo. Por
exemplo, a voz de quem está muito bravo é igual à voz
de alguém que pede um favor? Como seria a entona-
ção de um jovem apaixonado falando com sua namo-
Muitos atores fazem pes-
rada? E a de alguém assustado? E a de um bêbado? quisa de campo para a
Enfim, são inúmeras as possibilidades do uso da voz composição de um perso-
nagem.
na construção dos personagens.
Por exemplo, um ator que
No que se refere ao local onde a história será con- vai interpretar um vende-
dor de frutas pode ir até
tada, o cenário não é apenas um pano de fundo para uma feira e observar um
preencher ou enfeitar o espaço, ele faz parte da peça e vendedor real, analisando
seus movimentos e suas
ajuda o público na identificação da época – se a trama falas, para aplicá-los no
é atual ou aconteceu no século XVI, por exemplo – e desenvolvimento de seu
personagem, a fim de que
do local – um bar, um cemitério, uma sala de aula, um
seja convincente.
escritório, uma residência, um parque.
14 UNIDADE 1
Cenário de uma casa simples da peça Um bonde chamado desejo. Nova Iorque, EUA, 2012.
A ocupação do espaço cênico pelos atores e atrizes, isto é, como eles se dis-
tribuem e se movimentam pelo palco, também é muito importante no momento
da produção e execução de uma peça teatral. Por exemplo: podem ficar de costas
para a plateia (desde que haja um motivo para tal); podem ficar apenas em um
único canto do cenário; podem ter cenas concomitantes (cenas acontecendo ao
mesmo tempo); podem ter diferentes entradas e saídas em cena.
Outro ponto a observar é a utilização dos planos de representação:
• Plano
baixo – É apresentado quando o ator fica mais próximo ao chão. Quando,
por exemplo, ele se deita ou rola no chão, utiliza o plano baixo.
• Plano médio – O ator está no plano médio quando se ajoelha ou se senta.
• Plano alto – Usa-se o plano alto quando o ator está em pé ou estica o braço para
trocar uma lâmpada, por exemplo.
UNIDADE 1 15
© Christian Fürst/dpa/Corbis/Latinstock
Iluminação destaca ator em cena da peça Spam — 50 dias. Hamburgo, Alemanha, 2014.
Assim como o cenário compõe uma peça e cria o ambiente, localizando tempo e
espaço, a sonoplastia também contribui nessa construção. A escolha das músicas,
dos sons, dos ruídos que farão parte da cena é fundamental.
Músicas de época; barulho da chuva, do vento, do mar; sons de portas ran-
gendo; galopes de cavalo ao longe... Toda a parte sonora selecionada para inte-
grar uma peça ajuda na construção de uma trama, independente do seu gênero.
O conjunto de todos esses elementos contribui para que o público “acredite”
no que se passa no palco, se envolva com a história, se emocione, ria, chore,
sinta-se indignado, chocado, feliz; enfim, para que pense a vida de outros pon-
tos de vista, somado, modificado pelo que foi oferecido por meio da peça a
que assistiu.
16 UNIDADE 1
© Sonja Pacho/Corbis/Latinstock
Estudante no palco.
Imagem 2
© Ryan Pyle/Corbis/Latinstock
Imagem 3
© Robbie Jack/Corbis/Latinstock
Peça Édipo Rei, de Sófocles. Londres, Inglaterra, 1996.
Imagem 4 Imagem 5
© Kurov Alexander/Itar-tass/Corbis/Latinstock
© Robbie Jack/Corbis/Latinstock
Peça Rei Lear, de William Shakespeare. Peça Go and Stop Progress. Teatro Taganka, Moscou, Rússia, 2004.
Stratford-upon-Avon, Inglaterra, 1991.
18 UNIDADE 1
Agora, responda:
As peças Dois perdidos numa noite suja, Navalha na carne e Abajur lilás, todas
de Plínio Marcos, sofreram muito com a censura. Abajur lilás, que retratava per-
sonagens marginalizados sofrendo opressão e tortura, foi proibida durante o
ensaio geral, pois, segundo a censura, seria uma peça contra a moral e os bons
costumes da época.
Chico Buarque de Holanda (1944-) também teve problemas com a censura. Sua
peça Roda viva, por exemplo, sofreu, durante a apresentação, o ataque de um grupo
paramilitar, que depredou o prédio do Teatro Galpão, em São Paulo. Seus atores
– entre eles Marília Pêra (1943-) – foram agredidos, os cenários foram destruídos,
e a peça retirada de cartaz. Isso tudo porque apresentava, de maneira crítica,
uma sociedade de consumo manipulada, o que era considerado uma afronta ao
regime militar.
Dois grandes diretores de teatro, José Celso Martinez Corrêa (1937-), do Teatro
Oficina, e Augusto Boal (1931-2009), do Teatro de Arena, foram exilados na época
da ditadura.
Você acha que obras de arte e manifestações artísticas podem ser instrumentos
de denúncia? O que pensa sobre a censura em produções artísticas? Todo artista
deve ter total liberdade de expressão? Por quê? Você acredita que nos dias de hoje
ainda exista alguma forma de censura?
20 UNIDADE 1
COUTINHO, A. Notas de teoria literária. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1973 (adaptado). Atualmente, a obra é publicada pela Editora Vozes.
HORA DA CHECAGEM
1 Na imagem 1, o palco está todo iluminado, proporcionando destaque para a interpretação do ator.
Na imagem 2, a luz concentra-se nos atores que estão em uma sala, evidenciando uma conversa
entre alguns personagens.
Na imagem 3, o foco de luz está posicionado no lado esquerdo da cena, destacando alguns perso-
nagens, suas expressões faciais e a dramaticidade da cena.
Na imagem 4, as luzes iluminam o solo, destacando a cor da palha e os dois personagens agachados.
2 Imagem 1: plano alto, pois o ator está em pé com o braço esticado para cima.
Imagem 2: plano alto, com atores em pé, e plano médio, com atores sentados.
Imagem 3: plano alto, com atores em pé, ao fundo, e plano médio, com um ator ajoelhado.
Imagem 4: plano alto, com um ator em pé, atrás, e plano médio, com dois atores ajoelhados.
Imagem 5: plano alto, com um ator em pé, e plano baixo, com atores deitados.
3 O figurino da imagem 1 apresenta um homem com uma calça jeans e tecido nas pernas,
simulando uma bota, camisa larga, chapéu e uma espada. O figurino sugere que se trata de uma
história de guerreiros e heróis. O ator parece estar fazendo um pronunciamento. Nota-se também
que não há cenário, tratando-se, possivelmente, de um ensaio.
Na imagem 2, o cenário composto por sofás, tapetes e cortinas pode representar a casa de uma
família de classe média. O figurino dos atores sugere que a história se passa em décadas passa-
das, em que homens usavam ternos, mesmo dentro de casa, e mulheres, saias até os joelhos e
roupas mais fechadas.
A imagem 4 aparentemente representa homens ilustres, dado o figurino formal, com o uso de
ternos. No entanto, a cena sugere uma situação de dificuldade, talvez um acidente, pelo desgaste
das roupas, em um cenário de ambiente rural.
HORA DA CHECAGEM
Desafio
Alternativa correta: c. Um texto cênico pode originar-se dos mais variados gêneros textuais. O texto
produzido especialmente para o teatro é dramático.
22 UNIDADE 1
Alternativa b: o cenógrafo cria o cenário relacionando-o com o tema da peça; isso é fundamental.
HORA DA CHECAGEM
Com os chamados processos colaborativos, diretor, atores, iluminador, enfim todos os participan-
tes da peça contribuem com ideias e sugestões.
Neste tema, você vai estudar o que é um texto dramático. Também será desa-
fiado a escrever a cena de uma peça criada por você, pensando em todos os ele-
mentos essenciais ao teatro.
Você sabe o que é um texto dramático? Já leu algum? Qual era o autor? Sabe
como é organizado e escrito? Já tentou escrever?
Oswald de Andrade
Tarsila do Amaral. Retrato de Oswald de Andrade , 1922. Óleo sobre tela, 51 cm × 42 cm.
Coleção particular, São Paulo (SP).
24 UNIDADE 1
O rei da vela
Oswald de Andrade
ATO I
Porta enorme de ferro à direita correndo sobre rodas horizontalmente e deixando ver no
interior as grades de uma jaula. O Prontuário, peça de gavetas, com os seguintes rótulos:
MALANDROS – IMPONTUAIS – PRONTOS – PROTESTADOS. Na outra divisão: PENHORAS
– LIQUIDAÇÕES – SUICÍDIOS – TANGAS.
Pela ampla janela entra o barulho da manhã na cidade e sai o das máquinas de escrever
da antessala.
ABELARDO I (Sentado em conversa com O Cliente. Aperta um botão, ouve-se um forte baru-
lho de campainha.) – Vamos ver...
ABELARDO II – Profissão?
O CLIENTE – Eu era proprietário quando vim aqui pela primeira vez. Depois fui dois
anos funcionário da Estrada de Ferro Sorocabana. O empréstimo, o primeiro,
creio que foi para o parto. Quando nasceu a menina...
ABELARDO I (Examina). – Veja! Isto não é comercial, seu Pitanga! O senhor fez o pri-
meiro empréstimo em fins de 29. Liquidou em maio de 1931. Fez outro em junho
de 31, estamos em 1933. Reformou sempre. Há dois meses suspendeu o serviço
de juros... Não é comercial...
ABELARDO I – O senhor sabe, o sistema da casa é reformar. Mas não podemos traba-
lhar com quem não paga juros... Vivemos disso. O senhor cometeu a maior falta
contra a segurança do nosso negócio e o sistema da casa...
26 UNIDADE 1
O CLIENTE – Por isso mesmo é que eu quero liquidar. Entrar num acordo. A fim de
não ser penhorado. Que diabo! O senhor tem auxiliado tanta gente. É o amigo de
todo mundo... Por que comigo não há de fazer um acordo?
O CLIENTE – Mas eu me acho numa situação triste. Não posso pagar tudo, seu Abelardo.
Talvez consiga um adiantamento para liquidar...
O CLIENTE – Mas eu fui pontual dois anos e meio. Paguei enquanto pude! A minha
dívida era de um conto de réis. Só de juros eu lhe trouxe aqui nesta sala mais de
dois contos e quinhentos. E até agora não me utilizei da lei contra a usura...
ABELARDO I (Interrompendo-o brutal). – Ah! meu amigo. Utilize-se dessa coisa imoral
e iníqua. Se fala de lei de usura, estamos com as negociações rotas... Saia daqui!
O CLIENTE – Eu não vou me aproveitar, seu Abelardo. Quero lhe pagar. Mas quero
também lhe propor um acordo. A minha situação é triste... Não tenho culpa de
ter sido dispensado. Empreguei-me outra vez. Despediram-me por economia.
Não ponho minha filhinha na escola porque não posso comprar sapatos para
ela. Não hei de morrer de fome também. Às vezes não temos o que comer em
casa. Minha mulher agora caiu doente. No entanto, sou um homem habilitado.
Tenho procurado inutilmente emprego por toda a parte. Só tenho recebido nãos
enormes. Do tamanho do céu! Agora, aprendi escrituração, estou fazendo umas
escritas. Uns biscates. Hei de arribar... Quero ver se adiantam para lhe pagar.
ABELARDO I – Me diga uma coisa, seu Pitanga. Fui eu que fui procurá-lo para assinar
UNIDADE 1 27
este papagaio? Foi o meu automóvel que parou diante do seu casebre para pedir
que aceitasse o meu dinheiro? Com que direito o senhor me propõe uma redução
no capital que lhe emprestei?
ABELARDO I – Para defender o meu dinheiro. Será executado hoje mesmo. (Toca a
campainha.) Abelardo! Dê ordens para executá-lo! Rua! Vamos. Fuzile-o. É o sistema
da casa.
ANDRADE, Oswald de. O rei da vela. São Paulo: Globo, 2003, p. 37-42.
Glossário
Arribar Papagaio
Conseguir; ter sucesso. Gíria da época para um título, uma nota pro-
missória.
Conto de réis
Pastinha
Expressão utilizada para indicar um milhão de
réis. Réis é o plural da moeda chamada Real, Produto para deixar os cabelos em forma de
que vigorou do início da Colonização do Brasil, onda sobre a testa.
no começo do século XVI, até 1942. Pronto
Dossiê Alguém que não tem dinheiro.
Conjunto de documentos que se referem a Reformar
algum processo, assunto ou pessoa.
Renovar.
Escritório de usura
Rotas
Escritório de agiota.
Negociações encerradas.
Impontual
Secretária Luís XV
Pessoa que não é pontual, que não observa e
Mesa com muitos ornamentos. Tem esse nome
não cumpre prazos e horários.
porque esse estilo foi criado na França, no rei-
Iníqua nado de Luís XV, no século XVIII.
Algo que é injusto. Tanga
Monóculo Falência, miséria, penúria.
b) O que acontece?
HORA DA CHECAGEM
b) Um homem, O Cliente, que pediu dinheiro emprestado ao agiota (Aberlado I), suplica por uma
nova forma de pagamento, que é veementemente negada.
d) Sim. “Pela ampla janela entra o barulho da manhã na cidade e sai o das máquinas de escrever da
antessala”; “Aperta um botão, ouve-se o barulho forte de campainha”.
e) Exemplos:
A respeito do Cliente: (Embaraçado, o chapéu na mão, uma gravata de corda no pescoço magro.)
A respeito de Abelardo I: (Sentado em conversa com O Cliente. Aperta um botão, ouve-se um forte barulho
de campainha.)
2 O trabalho é autoral, mas verifique se você seguiu o que foi solicitado. Você deve ter expli-
cado, antes de iniciar os diálogos, onde e quando acontece a cena e quem são os personagens.
Por exemplo:
A cena acontece no quarto de um adolescente, Renato, durante a madrugada, na época atual. Estão presen-
tes, além de Renato, seus pais, Ana e João, e sua irmã, Sílvia.
Há uma cama desarrumada, pares de tênis pelo chão, várias revistas e cartazes de times de futebol espalha-
dos pelo quarto, uma televisão que apresenta um show de rock, um skate.
Ana e João estão de pijama, Sílvia de camisola e Renato de jeans, camiseta e tênis. Na parede do quarto há
uma janela entreaberta que deixa ver a luz da lua.
RENATO – Todos os meus amigos chegam em casa nesse horário, vocês é que implicam
comigo!
SÍLVIA – Renato, acordei com esse barulho alto da TV, dá pra abaixar o som?
JOÃO – Espera um pouco, parece que estou vendo as chaves do meu carro sobre a sua
cama. Não vai me dizer que você saiu dirigindo escondido!
ANA – Você é menor de idade, não tem habilitação, que perigo! [...]
Leve seu texto ao professor do CEEJA para leitura, comentários e esclarecimentos de possíveis dúvidas.
Música erudita e popular
Unidade 2
arte
Temas
1 Música erudita: períodos clássico e romântico
2 Música popular: baião e samba
TemIntrodução
A música erudita surgiu no século IX e tem sido executada até os dias de hoje.
Embora existam vários períodos na história em que esse tipo de música está pre-
sente, neste tema o propósito é apresentar informações e conhecimentos sobre
dois períodos específicos: o classicismo e o romantismo.
Para conhecer estes e outros períodos da história da música, leia História da música em qua-
drinhos (Bernard Deyriès, Denys Lemery e Michael Sadler, 2010). Nesse livro você encontra,
de forma divertida, diversas informações sobre momentos e personagens importantes da
música, desde os sons produzidos em tempos remotos, como na idade da pedra, até músicas
do período contemporâneo, como a música eletroacústica, que você conhecerá no Volume 3.
32 UNIDADE 2
Além de apresentações
desse tipo, ao ar livre ou em
Se puder, assista a uma apresentação de música
salas de concerto, muitas músi-
erudita ao vivo, em uma sala de concertos, ou, se tiver
cas são conhecidas por terem acesso à internet, procure ouvir algumas músicas,
sido utilizadas em filmes, nove- como:
las, desenhos animados e pro- • As bodas de Fígaro (1786), de Wolfgang Amadeus Mozart.
pagandas. • 5a sinfonia (1804-1808), de Ludwig van Beethoven.
Ópera
Se possível, assista ao filme O grande ditador (direção de Charlie Composição dramá-
tica em que as falas
Chaplin, 1940). A trilha sonora de uma das cenas é a 5a dança
dos personagens são
húngara, de Johannes Brahms (1833-1897). Além disso, um tre-
cantadas, com ou sem
cho da ópera Lohengrin, de Richard Wagner (1813-1883), também diálogo entre os can-
embala a cena na qual o artista brinca com um globo terrestre. tores, acompanha-
Essa cena ficou bastante conhecida quando fez parte da aber- das por instrumentos
tura da telenovela O dono do mundo, de Gilberto Braga, em 1991. musicais (geralmente
orquestra).
© Lu Wortig/Interfoto/Latinstock
The Great Dictator © Roy Export S.A.S.
Cena do filme O grande ditador. Personagem de Charlie Chaplin brinca com um globo terrestre.
Für Elise (Para Elisa) é talvez a mais conhecida composição de Beethoven e apa-
rece em desenhos animados e filmes. Também costuma ser uma das várias opções
para toques de celulares.
UNIDADE 2 35
Com base no texto Música vocal e instrumental e o seu registro, analise as afirma-
tivas a seguir e assinale a alternativa correta.
Os períodos na música
O que são períodos musicais? São marcos, datas, épocas? Será possível deter-
minar exatamente quando um período musical teve início e fim?
Período clássico
Adolph Menzel. O concerto de flauta de Sanssouci, 1852. Óleo sobre tela, 142 cm × 205 cm. Galeria Nacional, Berlim, Alemanha.
38 UNIDADE 2
Franz Hanfstaengl a partir de Julius Schmid. O quarteto de Haydn, 1907. Gravura, 30,6 cm × 34 cm. Museu de Viena, Viena, Áustria.
Foto: © Akg-Images/Latinstock
músicas mais conhecidas e está presente em inúmeros comer-
ciais e desenhos animados.
Joseph Karl Stieler. Beethoven com o manuscrito da Missa Solene, 1820. Óleo sobre
tela, 72 cm × 58,5 cm. Museu Casa de Beethoven, Bonn, Alemanha.
Atividade 2 Correspondência
a) Música clássica
£ £Instrumento com teclas
b) Acontecimento do período
£ £Característica da música do
período clássico
c) Piano
£ £Música erudita
d) Perfeição da forma e da harmonia
£ £Mozart e Beethoven
e) Compositores
££ Revolução Francesa
40 UNIDADE 2
a) £ £ O período clássico se fez presente entre o século XVIII e início do século XX.
Período romântico
Grandes nomes da música fizeram parte desse período. Dentre eles, as figuras
mais conhecidas foram e ainda são Chopin e Tchaikovsky. Chopin criou obras essen-
cialmente para piano e compôs peças influenciadas pelo folclore polonês: mazur-
cas e polonaises. Tchaikovsky compôs, dentre outras, a Sinfonia no 6 e o Concerto para
piano no 1, obras que fazem parte do repertório de orquestras de todo o mundo.
Images/Keystone
sua importante influência na música dura até os dias de hoje.
Entre as composições de destaque estão: Grande valsa brilhante
(1833), Balada em Sol menor (1835-1836) e Noturno em Mi-bemol
Crédito
Bridgeman
maior, Op. 9, No 2 (1830-1832).
Noturno
Composição musical para piano de caráter
melancólico, geralmente inspirado na noite.
O romantismo no Brasil
Maestro e compositor, nasceu em Campinas, São Paulo, em 1836. Estudou música com o
pai e ficou conhecido na cidade de São Paulo por compor o Hino acadêmico e a modinha
Quem sabe?. Ganhou estima do imperador d. Pedro II e, com isso, obteve uma bolsa para
estudar música na Europa, onde teve suas obras reconhecidas e admiradas. Faleceu em
Belém, Pará, em 1896.
HORA DA CHECAGEM
A afirmativa IV também está incorreta, pois a música vocal pode ser executada a capela, isto é, sem
instrumentos.
Atividade 2 — Correspondência
b) V
c) F O quarteto de cordas executa apenas composições criadas para quatro instrumentos de cordas.
d) V
HORA DA CHECAGEM
A segunda, pois a ópera O guarani, de Antônio Carlos Gomes, foi uma das composições de destaque
do romantismo no Brasil. A adaptação da obra de mesmo nome, de José de Alencar, ressaltava a
figura do índio como herói nacional.
A última, porque Chopin e Tchaikovsky são grandes nomes da música do período romântico.
44
Neste tema, você vai estudar dois gêneros de música popular que fazem parte
da cultura brasileira – o baião e o samba –, conhecendo algumas de suas composi-
ções e compositores de destaque.
O sucesso do baião
Segundo alguns estudiosos, o baião está presente no sertão nordestino
desde o século XIX. Entretanto, foi na década de 1940 que se tornou popular,
ganhando espaço Brasil afora graças a Luiz Gonzaga, considerado “o rei do
baião”, e Humberto Teixeira.
Uma das origens desse gênero musical é o lundu, música dos batuques pro-
duzidos pelos escravos trazidos da África para o Brasil no período colonial, como
foi visto no Volume 1.
• Asa branca (1947) e Baião de dois (1977), de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira;
Triângulo.
Luiz Gonzaga
Quando, em 1939, foi morar no Rio de Janeiro, sua primeira sanfona estava na bagagem.
Após várias tentativas de reconhecimento em programas de calouro, obteve sucesso no
programa de Ary Barroso com a composição Vira e mexe. A cultura e os costumes nor-
destinos passaram a fazer parte de suas músicas como tema principal. Com isso, aliado
a seu talento e carisma, os sucessos foram se repetindo.
Na década de 1980, ganhou ainda mais prestígio e gravou com Raimundo Fagner,
Dominguinhos, Elba Ramalho, Milton Nascimento, entre outros. Pai de Gonzaguinha
(também cantor e instrumentista), formou uma parceria com ele e juntos realizaram
muitos shows por todo o País. Em 1984, conhecido por Gonzagão, recebeu seu primeiro
disco de ouro e apresentou-se na Europa por duas vezes. Compositor de mais de 500
canções, deixou 56 discos gravados. Faleceu no Recife, Pernambuco, em 1989.
Fonte: UOL Educação. Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/biografias/luiz-gonzaga.jhtm>. Acesso em: 29 set. 2014.
46 UNIDADE 2
Asa branca
Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira
Agora, responda:
Qual a relação entre o assunto expresso pelos versos e a temática que caracteriza
o baião?
I. No Brasil, a cultura africana trazida pelos negros da África deixou influências que
se fazem presentes na cultura popular brasileira, como o baião, que tem origem
no lundu, música de batuques que era tocada pelos escravos do período colonial.
II. Asa branca foi composta por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira.
UNIDADE 2 47
III. A vida sacrificada pela seca, fome e falta de trabalho é uma das temáticas do
baião.
Baião
Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira
Eu vou mostrar pra vocês
Como se dança o baião
E quem quiser aprender
É favor prestar atenção
Morena chega pra cá
Bem junto ao meu coração
Agora é só me seguir
Pois eu vou dançar o baião
[...]
Retomada do baião
Eu só quero um xodó
Dominguinhos e Anastácia
Que falta eu sinto de um bem
Que falta me faz um xodó
Mas como eu não tenho ninguém
Eu levo a vida assim tão só
Eu só quero um amor
Que acabe o meu sofrer
Um xodó pra mim
Do meu jeito assim
Que alegre o meu viver
Samba
Uma boa forma de ler para estudar é grifar, ou seja, sublinhar um texto
enquanto você o lê. Uma dica é grifar palavras-chave ou frases curtas que expres-
sem a ideia principal do texto que você está estudando.
Você pode grifar um texto por muitos motivos. Mas, se sua intenção for estu-
dar, pode seguir algumas dicas:
• Antesde começar a grifar o texto, leia-o todo, ao menos uma vez. Se considerar
o texto difícil, não desista e leia-o novamente. Conhecendo o texto fica mais fácil
saber como ele está organizado, se há repetições ou não, se você consegue identi-
ficar exemplos. Isso é importante, pois não é preciso grifar ideias que se repetem,
mesmo que estejam escritas com outras palavras.
• Evite grifar trechos muito longos ou parágrafos inteiros; grife somente o essencial.
Agora, grife o texto Samba. Primeiro, leia o texto todo, sem grifar nada. Depois,
em cada parágrafo, vá grifando as principais informações que o ajudem a entender
como surgiu esse gênero musical brasileiro. Por exemplo, no primeiro parágrafo,
você pode grifar os seguintes trechos:
Bom estudo!
UNIDADE 2 51
A modernização do samba
a) O samba é um movimento que nasceu nos anos 1960 em uma mistura de rit-
mos nacionais e internacionais e teve entre seus representantes Caetano Veloso,
Gilberto Gil e Tom Zé.
b) O primeiro samba gravado em disco de vinil foi Pelo telefone, composto e inter-
pretado pelo sambista brasileiro Donga.
Modificações no samba
Nesse contexto, em vários momentos a repressão aos negros, com suas rodas de
samba, foi tão grande que leis foram criadas autorizando a polícia a reprimir grupos
que participassem dessas manifestações. No entanto, ao som de palmas e tambores,
o samba era praticado nas senzalas, nas vilas e até nas cidades durante festas como
a do Senhor do Bonfim, em Salvador, Bahia, e a do Divino, no Rio de Janeiro.
HORA DA CHECAGEM
2 Alternativa correta: c. Estão corretas as três primeiras afirmativas, pois o baião tem origem
no lundu, música de batuques tocada pelos escravos do período colonial; Asa branca é de Luiz
Gonzaga e Humberto Teixeira; e o baião tem como temática a vida sacrificada pela seca, fome e
falta de trabalho. A última alternativa está incorreta, pois os instrumentos característicos do baião
são a zabumba, a sanfona e o triângulo.
A alternativa a está incorreta, pois se refere ao movimento tropicalista, que surgiu no Brasil nos
anos 1960.
Artes visuais
Unidade 3
ARTE
Temas
1. Arte moderna
2. Modernismo no Brasil
Introdução
Esta Unidade tem como objetivo o estudo da arte moderna no Ocidente e como
o modernismo aconteceu em nosso País. É muito importante que você conheça
esse período da História da Arte, porque, além de revolucionar o conceito de arte
e, consequentemente, a produção artística existente até então, a partir daí será
também mais fácil compreender a arte contemporânea, nome que se dá à arte
produzida atualmente.
Para isso, você vai conhecer alguns dos principais movimentos artísticos do
modernismo na Europa, assim como artistas, suas obras e contextos de produção.
Refletirá também sobre as questões que levaram à realização da Semana de Arte
Moderna em 1922, na cidade de São Paulo, e conhecerá alguns de seus principais
representantes.
Neste tema, você verá como surgiram os movimentos artísticos que fazem
parte da chamada arte moderna ocidental, que surgiu no final do século XIX e foi
um grande marco na história das artes visuais pelas rupturas que propôs, espe-
cialmente na pintura e na escultura. Verá também alguns de seus representantes,
suas obras e os contextos em que elas foram produzidas.
Embora a palavra moderno esteja ligada ao significado de vanguarda, que, por sua vez, propõe
algo à frente de seu tempo, o modernismo na arte acabou por volta dos anos 1960. As artes
visuais produzidas atualmente recebem o nome de arte contemporânea, que você estudará no
Volume 3.
O modernismo na Europa
A história da arte moderna começou na Europa, no final do século XIX, e foi até
um pouco além da década de 1960. Na época, algumas cidades europeias, principal-
mente Paris, na França, viviam grandes transformações, em razão, especialmente,
da industrialização, do aparecimento de novas tecnologias, da invenção da fotogra-
fia e do cinema, do aumento da população urbana e do crescimento das cidades.
Cubismo
Pablo Picasso. Mulher chorando, 1937. Óleo sobre tela, 60,8 cm × 50 cm. Tate Gallery, Londres, Inglaterra.
58 UNIDADE 3
Diego Velázquez. Retrato da infanta Maria Margarita, 1653. Óleo sobre tela, 70 cm × 57 cm. Museu do Louvre,
Paris, França.
UNIDADE 3 59
Pablo Picasso. As meninas (infanta Maria Margarita), 1957. Óleo sobre tela, 100 cm × 81 cm. Museu Picasso, Barcelona, Espanha.
60 UNIDADE 3
Pablo Picasso. As moças de Avignon, 1907. Óleo sobre tela, 243,9 cm × 233,7 cm. Museu de Arte Moderna (MoMA), Nova Iorque, EUA.
Pablo Picasso. Guernica, 1937. Óleo sobre tela, 349,3 cm × 776,6 cm. Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Madri, Espanha.
62 UNIDADE 3
Pablo Picasso
Agora, veja na obra do artista cubista Georges Braque como a figura e o fundo
se confundem.
Georges Braque. Violino e jarra, 1910. Óleo sobre tela, 117 cm × 73,5 cm. Kunstmuseum Basel, Basel, Suíça.
64 UNIDADE 3
Henri Matisse
Nasceu em 1869, na França. Formou-se em Direito, Para saber mais sobre a vida
mas dedicou-se à pintura, à escultura e às artes e a obra de Henri Matisse,
gráficas. Além das características já marcantes acesse o site: <http://www.
do fauvismo, outra marca do artista é a presença henri-matisse.net> (acesso
de contornos em suas obras. Quando já não podia em: 29 set. 2014). Você se
mais utilizar as tintas, por problemas de saúde, surpreenderá com seus
passou a trabalhar com colagens: utilizava recortes desenhos, pinturas e colagens,
de papel e os colava sobre o suporte. Faleceu em extremamente inovadores
1954, em Nice, na França. para a época em que viveu.
66 UNIDADE 3
Foto: © Album/Akg-Images/Latinstock
© Succession H. Matisse/AUTVIS, 2015
Henri Matisse. A música, 1939. Óleo sobre tela, 115,2 cm × 115,2 cm. Albright-Knox Art Gallery, Buffalo, EUA.
UNIDADE 3 67
André Derain
Nascido em 1880, em Chatou, na França, foi pintor, gravurista, ilustrador, cenógrafo e escul-
tor. Trabalhou com Matisse, empregando características do fauvismo, mas se afastou desse
movimento quando entrou em contato com o cubismo.
Durante a 1a Guerra Mundial, serviu ao exército francês e, depois disso, começou a trabalhar
em um estilo mais tradicional, com características relacionadas às obras dos artistas Camille
Corot (1796-1875) e Pierre Auguste Renoir (1841-1919).
André Derain. Collioure: o porto de pesca, 1905. Óleo sobre tela, 81,5 cm × 100 cm. Coleção particular.
Expressionismo
O movimento expressionista valorizou a utilização subjetiva das cores. As obras
exploram a deformação da imagem, a fuga do real, em pinceladas vigorosas com
várias camadas de tinta, resultando em uma pintura às vezes dramática, trágica
e/ou pessimista, mas sempre com a intenção de mostrar as emoções humanas.
O expressionismo foi mais forte na Alemanha, especial-
mente após o término da 1a Guerra Mundial. Muitas vezes, a
arte expressionista serviu para denunciar problemas políti- Vale a pena ver o
cos e sociais. filme Modigliani, a
paixão pela vida (dire-
Seus principais artistas foram Edvard Munch (1863-1944), ção de Mick Daves,
Emil Nolde (1867-1956), Ernst Ludwig Kirchner (1880-1938), 2004), que mostra o
mundo das artes da
August Macke (1887-1914), George Grosz (1893-1959), Paul
época de Amedeo
Klee (1879-1940), Amedeo Modigliani (1884-1920), Egon Schiele Modigliani.
(1890-1918), entre outros.
UNIDADE 3 69
© Album/Akg-Images/Latinstock
Edvard Munch. O grito, 1893. Óleo, têmpera e pastel sobre cartão, 91 cm × 74 cm. Galeria Nacional, Oslo, Noruega.
Ernst Ludwig Kirchner. Marcella, 1909–1910. Óleo sobre tela, 71,5 cm × 61 cm. Museu de Arte Moderna,
Estocolmo, Suécia.
Essa pintura tem como tema a prostituição, trabalhado pelo artista também em
outras obras. Kirchner apresenta uma jovem frágil, contraída, abatida, de maneira
a “deformar a forma” com traços que não imitam a realidade, mas que dão à obra
certa dramaticidade. Além disso, ele utiliza cores com significados mais emocio-
nais que reais, como o verde e os tons de azul que contornam seu rosto definhado
e os traços escuros que preenchem seus olhos fortemente maquiados.
UNIDADE 3 71
Surrealismo
O surrealismo foi um movimento artístico que surgiu por volta de 1920, logo
após o fim da 1 a Guerra Mundial, e tinha como foco o mundo dos sonhos, dos
pesadelos, da imaginação, da fantasia. Privilegiava a representação de imagens
do inconsciente, da loucura, das profundezas inexploradas da mente. Era con-
tra a lógica, a razão, a representação da realidade. Os artistas surrealistas mais
importantes foram: Salvador Dalí (1904-1989), René Magritte (1898-1967), Max Ernst
(1891-1976), Juan Miró (1893-1983), entre outros.
72 UNIDADE 3
Foto: © Album/Akg-Images/Latinstock
© Fundació Gala-Salvador Dalí/AUTVIS, 2015
Salvador Dalí. A persistência da memória , 1931. Óleo sobre tela, 24,1 cm × 33 cm. Museu de Arte Moderna
(MoMA), Nova Iorque, EUA.
Foto: © Giraudon/Bridgeman Images/Keystone
© AUTVIS, 2015
René Magritte. Golconda, 1953. Óleo sobre tela, 80,7 cm × 100,6 cm. Coleção Menil, Houston, EUA.
UNIDADE 3 73
Joan Miró. O afago de um pássaro (La carícia de un pájaro), 1967. Bronze pintado, 311 cm × 111 cm × 38 cm. Coleção
Fundação Joan Miró, Barcelona, Espanha.
74 UNIDADE 3
James Ensor. As máscaras e a morte, 1897. Óleo sobre tela, 79 cm × 100 cm. Museu de Arte
Moderna e Contemporânea, Liège, Bélgica.
UNIDADE 3 75
Imagem 2
Pablo Picasso. Retrato de Ambroise Vollard, 1910. Óleo sobre tela, 93 cm × 65 cm. Pushkin Museum of Fine Art,
Moscou, Rússia.
76 UNIDADE 3
Imagem 3
Henri Matisse. Ícaro, 1947. Ilustração para o livro Jazz, 41,9 cm × 26 cm. The Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque, EUA.
UNIDADE 3 77
Imagem 4
1 Ao observar as quatro obras, qual delas chama mais sua atenção? Que
sentimento essa pintura desperta em você?
No site da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro, há uma linha do tempo inte-
rativa, em que os movimentos artísticos mais importantes da História da Arte estão represen-
tados. O primeiro movimento do período moderno é o impressionismo, que se inicia em 1874.
O último movimento é o neoconcretismo, que se desenvolve por volta dos anos 1952. Vale a
pena explorar o recurso, clicando nas imagens das obras. Você ainda pode fazer outras pesqui-
sas, mais direcionadas, usando o nome dos artistas que chamaram sua atenção: <http://www.
ensinoarterede-eav.org.br/matApoio/linhaDoTempo/> (acesso em: 12 nov. 2014).
HORA DA CHECAGEM
2 O expressionismo utiliza as cores e as formas não para representar a realidade tal como ela é,
mas para atribuir a ela significados emocionais, para expressar os sentimentos humanos.
3 O uso das cores no fauvismo é livre, sem precisar ter correspondência com a realidade. As cores
são alegres, vivas.
4 Na obra de Pablo Picasso algumas das características que podem ter sido apontadas são: decom-
posição do objeto/figura e do espaço em formas geométricas, sobreposição de múltiplas visões,
com diferentes ângulos, como se estivessem todos em um mesmo plano.
5 Na obra de Matisse é possível que você tenha apontado, como características do fauvismo, o uso
de cores vibrantes, o emprego de grandes campos coloridos de forma viva, como o azul utilizado sem
80 UNIDADE 3
mistura de outras cores. Ao observar a obra, uma possível interpretação é apontar que Ícaro está em
queda, pois está sem as asas, que já derreteram.
HORA DA CHECAGEM
6 Na obra Aparição de rosto e fruteira numa praia você pode ter apontado algumas figuras que, jun-
tas, têm outro sentido. Por exemplo, a testa do rosto que se forma parece uma fruteira, cujas frutas
são também os pelos do cachorro; a coleira sugere uma ponte. Você identificou mais alguma coisa?
Ao observar a obra de Dalí, você pode ter percebido que ele não tem como objetivo a representação
da realidade, e sim a criação de uma obra onírica, que remete ao sonho, ao imaginário (uma das
características do surrealismo).
81
Neste tema, você vai estudar o modernismo no Brasil, seus principais represen-
tantes, suas obras e, especialmente, a Semana de Arte Moderna de 1922, que ocor-
reu em São Paulo e foi de grande importância para a ruptura com a arte acadêmica
e a busca de uma nova identidade artística nacional.
© Acervo Iconographia/Reminiscências
sobre São Paulo e o Brasil do iní-
cio do século XX?
Acadêmicos ou modernos?
O Brasil do início do século XX era ainda uma república jovem – a proclamação
da República aconteceu em 1889 – e o centro econômico do País estava no Estado de
São Paulo, com suas diversas fazendas de café, produto de exportação. Havia uma
grande imigração europeia e japonesa e o processo de industrialização se acelerava,
reflexo de um fenômeno global, especialmente após o término da 1a Guerra Mundial.
Anita Malfatti. A estudante, 1915-1916. Óleo sobre tela, 76 cm × 61 cm. Museu de Arte de Almeida Júnior. Saudade, 1899. Óleo sobre tela,
São Paulo (Masp), São Paulo (SP). 197 cm × 101 cm. Pinacoteca do Estado de São Paulo,
São Paulo (SP).
UNIDADE 3 83
Anita Malfatti. Torso/Ritmo, 1915-1916. Carvão e pastel sobre papel, 61 cm × 46,6 cm.
Victor Meirelles. Moema, 1866. Óleo sobre tela, 129 cm × 190 cm. Museu de Arte de São Paulo (Masp),
São Paulo (SP).
84 UNIDADE 3
Victor Brecheret. Monumento às Bandeiras, 1954. Granito, 12 m × 50 m × 15 m. Parque Ibirapuera, São Paulo (SP).
UNIDADE 3 87
2 Por que Anita Malfatti foi duramente criticada em sua exposição de 1917?
UNIDADE 3 89
O modernismo não foi bem-aceito no início por grande parte do público. E mui-
tos críticos de arte posicionaram-se contra todas as mudanças propostas e a nova
forma de expressão artística.
HORA DA CHECAGEM
2 Porque sua exposição apresentou obras influenciadas pelo expressionismo – que, como já foi
estudado, é um movimento da arte moderna que deforma a realidade em suas obras, com o obje-
tivo de retratar emoções humanas, o que foi inovador para a época no país.
3 A Semana de Arte Moderna teve como objetivo mostrar o rompimento da pintura, da escultura,
HORA DA CHECAGEM
5 A plateia ficou chocada ao ver as exposições das pinturas e esculturas, as apresentações musi-
cais e de poesia. Muitos vaiaram os artistas.
Dança, a arte do movimento
Unidade 4
ARTE
Temas
1. Do clássico para o moderno
2. A dança de rua
Introdução
Nesta Unidade, você estudará um pouco sobre a história da dança moderna e o
que a diferencia da dança clássica, além das funções básicas que o corpo humano
executa quando dança. Conhecerá o contexto e a história da produção de algumas
coreografias e suas narrativas, ou seja, as histórias que algumas danças contam
por meio de sequências de movimentos esteticamente planejados pelo coreógrafo.
Ainda nesta Unidade, será apresentada a modalidade de dança que faz parte
do movimento do hip hop, o breakdance. Você conhecerá um pouco da história e
algumas características que compõem essa dança.
A bela adormecida
Você conhece essa história? Ela ganhou popularidade quando foi transformada
em desenho animado pela Disney. No entanto, esse conto de fadas, publicado
pelos Irmãos Grimm em 1812, recebeu uma composição de Piotr Tchaikovsky e foi
coreografada pela primeira vez em 1890. Essa coreografia faz parte do repertório
clássico de bailarinos e ainda hoje é apresentada, como você pode observar na
imagem a seguir.
© Studio Bernardi/Ballet de Cegos Fernanda Bianchini
Associação de Balé de Cegos Fernanda Bianchini. A bela adormecida. Auditório Ibirapuera, São
Paulo (SP), 2012.
UNIDADE 4 93
O quebra-nozes
© Reginaldo Azevedo
[Art_EM2_U2_004]
A morte do cisne
© Bettmann/Corbis/Latinstock
Camille Saint-Saëns (1835-1921) compôs a peça O carnaval
dos animais em 1886. O cisne é o nome do 13o movimento,
único publicado durante a vida do compositor. Em 1905,
Mikhail Fokin (1880-1942) criou sua coreografia para a reno-
mada bailarina russa Anna Pavlova, intérprete dessa bela his-
tória de um cisne ferido que morre lentamente. A bailarina,
nessa dança, caminha no palco sobre as sapatilhas de ponta
em pequeninos passos e exprime sua dor e sofrimento. Ao
final, levanta os braços recusando-se a aceitar seu destino,
para, logo em seguida, resignada, fechar “as asas” e morrer.
Anna Pavlova em A morte do cisne.
Anna Pavlova
A obra de Camille Saint-Saëns é imensa. Esse compositor e pianista francês iniciou sua carreira
muito cedo e aos 25 anos já havia escrito três sinfonias. Uma de suas principais obras se chama
Carnaval dos animais e é formada por 14 músicas, cada uma com o nome de um animal. Na época, em
1886, Camille Saint-Saëns não consentiu sua publicação, por pensar que poderia arruinar seu nome
e comprometer sua reputação. A obra completa foi publicada somente após sua morte, com exceção
de O cisne, considerada a mais dramática dentre todas. Para escutar O cisne, realize uma busca na
internet. Você encontrará versões de diversas orquestras para essa obra-prima.
UNIDADE 4 95
Uma boa forma para estudar é fazer anotações, ou seja, escrever algumas frases
curtas ou palavras-chave enquanto lê um texto. Elas devem expressar a ideia principal
de cada parágrafo de acordo com seu objetivo de leitura. Você desenvolverá o hábito de
fazer anotações enquanto estuda e esse procedimento será de grande ajuda em todas
as disciplinas.
Lembre-se: estudar não é um dom, estudar se aprende. O primeiro passo é reali-
zar uma leitura atenta. Antes de começar a fazer anotações, leia o texto todo, depois
retome a leitura e vá escrevendo o que achar necessário.
Faça anotações do texto A dança conta histórias.
As dúvidas também devem ser anotadas, assim você não corre o risco de esquecer-
-se de perguntar quando houver oportunidade. Por isso, ao final de cada tema, você tem
um espaço para anotar suas dúvidas, que poderão ser esclarecidas quando for ao CEEJA.
Boas anotações!
A dança moderna
A primeira ruptura no balé ocorreu com a dança moderna, que abandonou as
cinco posições básicas de pés, braços e pernas, definidas pelo coreógrafo e dança-
rino francês Pierre Beauchamp (1636-1705) na metade do século XVII.
Além disso, a dança moderna libertou os pés dos dançarinos das sapatilhas de
ponta, tornou o movimento do tronco mais flexível e trouxe outras possibilidades
de ocupação do espaço durante a dança, podendo apresentar corpos deitados, sen-
tados ou ajoelhados, em contraposição à técnica clássica, na qual, geralmente, os
bailarinos executam os movimentos em pé.
Os corpetes e os espartilhos foram abolidos e substituídos por roupas leves e
soltas, com o objetivo de propiciar maior liberdade aos movimentos. Dentre as
mudanças mais importantes destacam-se: a busca da transformação dos movi-
mentos, a necessidade de criar com liberdade e a ousadia de colocar em prática
ideias inovadoras que contestavam o treino e a técnica exigidos pelo balé.
No Volume 1, Unidade 2, você estudou um pouco a história de Isadora Duncan
(1877-1927) e Martha Graham (1894-1991), duas das precursoras da dança moderna.
Outras personalidades importantes desse momento foram Ruth Saint-Denis
(1877-1968), Rudolf von Laban (1878-1958), Mary Wigman (1886-1973), Loie Fuller
(1862-1928) e Émile Jaques-Dalcroze (1865-1950).
96 UNIDADE 4
Imagem 2
© Leo Mason/Corbis/Latinstock
Dança moderna. Tanztheater Wuppertal Pina Bausch em apresentação realizada em Londres, Inglaterra.
UNIDADE 4 97
© Album/Laurent Lecat/Akg-Images/Latinstock
Imagem 2
Com base na observação das imagens 1 e 2 e na leitura dos textos deste tema,
responda às questões:
4 A sagração da primavera conta a história de uma jovem que deveria ser entregue
como sacrifício a uma divindade e, assim, garantir colheita farta para seu povo.
Observe a fotografia. Você considera que o coreógrafo representou esse momento
na imagem? Como?
© Album/Akg-Images/Latinstock
Laban entendia que a dança também deveria ser “escrita” como uma partitura
musical. Com seu método, as direções e os níveis de execução passaram a ser indica-
dos por meio de sinais para cada parte do corpo, não dependendo mais unicamente
da memória para lembrar os movimentos.
Ele propôs uma dança com base em estudos sobre os princípios da linguagem
corporal, como respirar, andar, virar, correr, saltar, agachar, entre outras ações
que fazem parte do cotidiano. Esses movimentos eram estudados e praticados
regularmente pelos bailarinos em quase todas as coreografias de dança. Laban
observou as posições do balé clássico e percebeu que as direções para cima, para
baixo e para os lados, com o corpo ereto, predominavam. Assim, auxiliado por
outros dançarinos modernos, concluiu que o corpo humano, em suas condições
normais, executa três funções básicas: torcer, dobrar e esticar.
Laban também destacou que o movimento conta com quatro fatores: fluência
(o movimento pode ser executado de forma totalmente livre até extremamente
controlado), espaço (o movimento pode ser direto, com um único foco, ou flexível,
multifocado – havendo variações entre esses dois polos), peso (o movimento pode
ser executado de forma leve ou firme) e tempo (o movimento pode ser executado
de forma súbita/rápida ou lenta/sustentada).
• em diferentes direções: para todos os lados, para cima, para baixo, em diagonal;
Arte – Volume 2
Aprecie nesse vídeo recortes de exibições que apresentam as mudanças ocorridas nos movi-
mentos dos corpos e nos figurinos na passagem da dança clássica para a moderna, bem como
os principais expoentes desses dois gêneros.
Além disso, ouça as explicações do bailarino, coreógrafo, professor e ator J. C. Violla sobre as
mudanças que deram origem à dança moderna, e veja como ele apresenta alguns movimentos
relativos à teoria de Laban. Os símbolos espaciais usados como forma de descrição e registro
de movimento que fazem parte da labanotação são apresentados também pela coreógrafa e
pesquisadora Maria Mommensohn.
Imagem 1
Imagem 2
© Thierry Orban/Sygma/Corbis/Latinstock
Béjart Ballet Lausanne. A sagração da primavera. Paris, França, 2001.
1 Nas imagens, as ações dos corpos dos bailarinos são mais próximas do chão ou
são realizadas mais no nível médio ou alto?
3 Você já havia percebido que seu corpo dobra, estica e torce em determinadas
ações? Cite algumas delas.
UNIDADE 4 103
4 Nas imagens, quanto ao fator peso, que se refere à força e energia nos corpos
dos dançarinos, o que você observa? Os corpos parecem tensos? Há força e energia
empregadas pelos dançarinos? Justifique sua resposta.
2 Nos movimentos dos corpos, quais funções você pode observar que fazem parte
dos registros de Laban?
HORA DA CHECAGEM
4 Resposta pessoal. Você pode ter observado na imagem que uma bailarina estaria sendo entre-
gue como oferenda para sacrifício.
2 As três funções básicas que o corpo executa são: torcer, dobrar e esticar. Na imagem 1, você pode
ter observado as funções de dobrar – pernas das dançarinas que saltam e braços da que está próxima
ao chão – e de esticar – braços e troncos das dançarinas que saltam e uma das pernas da que está à
esquerda, assim como da que se encontra no nível baixo. Na imagem 2, você pode ter identificado as
três funções: de torcer, com os dançarinos em nível médio que torcem os troncos; de dobrar, com os
que dobram os joelhos; e de esticar, nos braços dos dançarinos que estão no nível alto.
UNIDADE 4 105
3 Resposta pessoal. Alguns movimentos que você pode ter citado são: esticar os braços para
alcançar algo que está muito alto; dobrar o corpo para pegar o sapato que está embaixo da cama;
torcer o corpo ao girar rapidamente para atender alguém que está chamando.
4 Na imagem 1, a tensão aparece no corpo das três dançarinas, que, com os membros rígidos,
demonstram também força e energia. Na imagem 2, a força e a energia aparecem nos dançarinos
que estão no nível alto; os que estão nos níveis médio e baixo encontram-se aparentemente com o
corpo mais relaxado.
HORA DA CHECAGEM
2 Você pode ter notado que as três funções básicas – torcer, dobrar e esticar – estão presentes nas
imagens, porém nem sempre ao mesmo tempo.
Na imagem da dança clássica, os corpos estão esticados. Na imagem da dança moderna, há corpos
nas três funções básicas, ou seja, esticados, dobrados e torcidos.
Na imagem dos dançarinos da Escola Laban, os corpos estão esticados, dobrados e torcidos.
106
Este tema abordará uma dança que faz parte do movimento hip-hop, o chamado
breakdance, por meio da qual você poderá verificar novas maneiras de se comuni-
car também por meio de movimentos.
Dançarinos de break.
UNIDADE 4 107
B-boys e b-girls
Meninos e meninas que se dedicam à prática do
breakdance. O termo surgiu no bairro do Bronx,
na cidade de Nova Iorque (EUA), e foi criado
Afrika Bambaataa.
pelo DJ Kool Herc.
Afrika Bambaataa
O DJ Afrika Bambaataa foi reconhecido como o primeiro a utilizar o termo hip-hop para se
referir à cultura que surgia e crescia na cidade de Nova Iorque.
Nascido no Bronx, bairro nova-iorquino, em 1957, seu nome verdadeiro é Kevin Donovan.
Quando jovem, fez parte de uma gangue chamada Espadas Negras (em inglês, Black Spades),
uma das mais temidas de Nova Iorque. Essa participação o levou a perceber que as lutas
tinham origem no desejo de conquista de espaços e domínio de regiões, além de fortes indí-
cios de discriminação social e racial. Decidiu então dedicar-se à pesquisa de diferentes tipos
de músicas para criar raps usando sons de cantores e compositores conhecidos, como James
Brown, o mestre da soul music, com quem gravou algumas músicas. Assim, ele utilizou a música
para denunciar essas injustiças sociais.
Como você viu no tema anterior, a teoria de Laban surgiu para a leitura dos
movimentos realizados na dança, o que permitiu o registro de coreografias.
• fluência: movimentos mais controlados – por mais rápido que sejam os movimen-
tos no break, o dançarino executa, bem definidamente, um movimento após o outro;
O break usa várias partes do corpo em seus movimentos (ombros, cabeça, joe-
lhos, pés), principalmente nos níveis baixo e médio.
Se você usa o espaço público, tem de fazer algo que mude profundamente o sen-
tido do espaço. [...]
ALEXANDRE Orion mostra a vida cotidiana em livro. O Estado de S. Paulo, 8 dez. 2006. Disponível em:
<http://www.estadao.com.br/arquivo/arteelazer/2006/not20061208p6289.htm>. Acesso em: 29 set. 2014.
© Alexandre Órion
Alexandre Orion. Ossário, 2006. Intervenção urbana. Túnel Max Feffer, São Paulo (SP).
110 UNIDADE 4
Você percebe, observando as imagens a seguir, que o break tem forte semelhança
com a dança da capoeira? Em apresentações de b-boys, pode-se notar a formação de
um grupo, no centro do qual acontece a dança, após cumprimento dos pares, como
na capoeira. Fazem parte do breakdance rodopios de cabeça realizados no nível do
solo, deslizamentos do corpo para frente e para trás e com o corpo arrastando-se no
chão, dentre outros movimentos bastante específicos, que exigem muito exercício e
treinamento para a disputa pelos melhores e mais expressivos gestos.
Imagem 1 Imagem 2
© Minkimo/Alamy/Latinstock
A capoeira, mistura de dança e luta, foi trazida para o Brasil pelos escravos e
era praticada como forma de defesa. Hoje é vista como uma manifestação da cul-
tura afro-brasileira e tornou-se Patrimônio Imaterial da Humanidade em 2014.
Fotografia do breakdance
HORA DA CHECAGEM
Na capoeira, um dos participantes salta no nível alto, dobra as pernas e torce o tronco. O movi-
mento é contínuo. As ações corporais valorizam a torção e uma das pernas demonstra a força do
movimento. Em ambas as danças há movimentos rápidos e todo o corpo é utilizado.
3 Observando as imagens, você pode ter percebido que tanto o break como a capoeira são com-
postos por movimentos rápidos. Para conhecer mais sobre essas danças, é interessante que você
pesquise vídeos disponíveis na internet.
4 Tanto no break como na capoeira, a fluência é contínua e controlada, os movimentos são diretos
(fator espaço), firmes (fator peso) e rápidos (fator tempo). Apesar de as fotos não permitirem a percep-
ção de todas essas características, você pode pesquisar vídeos na internet para visualizar esses fatores.