Ditadura PDF
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Londrina
2013
Capa
Projeto Ilustração – CECA/UEL – Curso Design
Coord.: Cristiane Affonso de Almeida Zerbetto
Vice-Coord.: Rosane Fonseca de Freitas Martins
Aluno: Dennis Henrique Vicário Olivio
Produção Gráfica
Maria de Lourdes Monteiro
Inclui bibliografia.
Disponível em : http://www.uel.br/editora/portal/pages/
livros-digitais-gratuítos.php
ISBN 978-85-7216-695-9
CDU 321.64(81)
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Sumário
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
INTRODUÇÃO .............................................................................................. 1
Fontes – Material empírico e critério de seleção .................................... 13
vi
vii
Introdução
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
10
11
12
FONTES
MATERIAL EMPÍRICO E CRITÉRIO DE SELEÇÃO
13
14
15
Notas
1
Farei acompanhar pelos termos hipotético, suposto, supositício e
pretenso todas as referências do grupo de poder do regime militar à
democracia.
2
Alguns cientistas sociais afirmam que ao conviver com formas
ditatoriais e ritos democráticos o regime militar adquiriu uma natureza
híbrida. Havia, segundo Kinzo, uma “dificuldade de se fechar todos
os canais de representação, pois isto significaria marginalizar os
próprios civis que haviam apoiado o golpe militar.”
KINZO, M. D. G. Oposição e autoritarismo. São Paulo: Vértice, Idesp,
1988. p. 18.
Em Autoritarismo e democratização, Fernando Henrique Cardoso
afirmava: “De toda forma, esta peculiar articulação entre o sistema
16
3
“Um teólogo, depois de ouvir o sermão de outro teólogo, comentou:
`a teologia daquele homem é minha demonologia. O que ele descreve
como Deus corresponde à minha idéia de demônio”.
FREYRE, G. Sociologia: introdução ao estudo dos seus princípios. V.1. Rio
de Janeiro: J. Olympio, 1945. p. 11.
No que consiste ao suposto ideário de democracia do regime militar
pode-se dizer que ocorre o equivalente à passagem citada por Freyre
em seu livro Sociologia. Ou seja, o que o movimento de 1964 e seus
desdobramentos descreviam como democracia correspondem, nas
ciências sociais, pelo menos em sua maioria, à ditadura.
Enfim, este trabalho não pretende, de maneira alguma, identificar a
ditadura militar com qualquer perspectiva de democracia, tendo em
vista que isto é impossível. Assim sendo, não se lançou mão aqui da
noção de democracia autoritária uma vez que não se considera possível
haver um regime político ao mesmo tempo democrático e autoritário:
o primeiro é a negação do segundo e vice-versa. Não se verificou,
então, proximidade alguma entre o pretenso ideário de democracia
do regime militar e quaisquer concepções de democracia que se
desenvolveram no transcorrer dos três últimos séculos nas ciências
sociais. Nesses termos, faz-se necessário ressaltar que o mesmo era
uma forma de ditadura absolutamente evidente que se empenhava
numa árdua busca de adesão pautado na invenção de um sistema de
idéias e valores sobre uma suposta democracia completamente
desconexo daqueles propósitos firmados historicamente.
4
Os militares utilizavam o termo psicossocial para designar a sua
estratégia de atuação sobre a mentalidade de todos os indivíduos,
visando alcançar o maior grau possível de internalização dos valores
que deveriam ser, segundo eles, norteadores de todas as ações nas
diversas esferas da vida social.
17
6
O termo psicossocial era fartamente empregado pelos condutores e
ideólogos do regime militar. Optou-se pela sua manutenção tendo em
vista que ele possui um sentido enormemente significativo para esta
análise à medida que expressava a intenção da ditadura de sedimentar
um corpo de valores que possibilitasse a ordenação no campo subjetivo
da ordem social pretendida pelo movimento de 1964.
7
De modo geral, o esclarecimento de algumas das perspectivas
fundamentais sobre a democracia desenvolvidas no âmbito das
ciências sociais é o norte do processo de distinção daquele pretenso
ideário desenvolvido pela ditadura no intuito de construir sua
legitimidade. Acredita-se, todavia, que a teoria da democracia, como
indica Sartori, tem percorrido um caminho inusitado e pleno de
percalços. Vide: SARTORI, G. A teoria da democracia revisitada. São
Paulo: Àtica, 1994.
A partir do século XVIII, assistiu-se a um amplo empenho de diversos
pensadores, tendo em vista as condições sociais emergentes naquele
momento, para se estabelecer os elementos básicos da democracia no
mundo moderno. Rousseau, Montesquieu, Jefferson, Madison, dentre
outros, destacaram-se, cada um a seu modo, na busca de elementos
definidores de uma ordem democrática.
Em termos gerais, somente a título de contextualização da discussão
18
19
20
10
TOCQUEVILLE, A. de. A democracia na América. Belo Horizonte: São
Paulo: Itatiaia, Edusp, 1977.
Esta questão foi trabalhada de maneira detalhada por:
SARTORI, op. cit, p. 16 et seq.
11
Destaque-se que no século XX floresceu uma vasta literatura sobre a
equalização e a não-equalização entre capitalismo e democracia. É
21
22
12
A afirmação de que o regime militar buscava se legitimar através de
uma determinada idéia de democracia não significa, de modo algum,
que ele era hegemônico. Seria um erro confundir legitimidade com
hegemonia, o que já foi fartamente discutido nas ciências sociais.
“Ditadura sem hegemonia, porém, não significa que o Estado (...) possa
prescindir de um mínimo de consenso; de outro modo, ele teria de
utilizar sempre e apenas a coerção, o que, a longo prazo, tornaria
impossível o seu funcionamento.” Neste caso, o grupo de poder da
ditadura, como afirma Coutinho, tem a função de domínio e não a de
direção.
COUTINHO, C.N. As categorias de Gramsci e a realidade brasileira.
In Presença, São Paulo: n. 7, p. 160, 1987.
Oliveiros Ferreira pode ser citado como um dos teóricos brasileiros
que defendeu contundentemente a idéia de que o golpe militar era
hegemônico à medida que as Forças Armadas teriam sido o único
grupo com capacidade de exercer a função de partido. Vide:
FERREIRA, O. O fim do poder civil. São Paulo: Convívio, 1966.
13
Weber é, sem dúvida, o teórico por excelência da crença na
legitimidade. “...Nem o costume ou a situação de interesses, nem os
motivos puramente afetivos ou racionais referentes a valores da
vinculação poderiam constituir fundamentos confiáveis de uma
dominação. Normalmente, juntam-se a esses fatores outro elemento:
a crença na legitimidade. Conforme ensina a experiência, nenhuma
dominação contenta-se voluntariamente com motivos puramente
23
14
“O sentido da palavra legitimidade não é estático, e sim dinâmico; é
uma unidade aberta, cuja concretização é considerada possível num
futuro indefinido, e a realidade concreta nada mais é do que um esboço
desse futuro”.
LEVI, L. Legitimidade. Dicionário de política. Brasília: UNB, Linha
Gráfica Editora, 1991. V.2, p. 678.
15
Carlos N. Coutinho afirma que o “regime militar-tecnocrático
conseguiu conquistar, em alguns momentos, um significativo grau
de consenso entre amplos setores das camadas médias. Obteve
consenso na medida em que assimilou e deu respostas a algumas
demandas dos grupos sociais derrotados em 1964.”
COUTINHO, op. cit, p. 149.
16
“Encarando o Estado sob o enfoque sociológico e não jurídico,
constatamos que o processo de legitimação não tem como ponto de
referência o Estado no seu conjunto, e sim nos seus diversos aspectos:
a comunidade política, o regime, o governo e, não sendo o Estado
independente, o Estado hegemônico a quem o mesmo se acha
subordinado. Conseqüentemente, a legitimação do Estado é o
resultado de um conjunto de variáveis que se situam em níveis
crescentes, cada uma delas cooperando, de maneira relativamente
independente, para a sua determinação.”
LEVI, op. cit, p. 675.
17
Há, nas ciências sociais, uma bibliografia considerável sobre a questão
da legitimidade. Ver, principalmente:
BOBBIO, N. et al. L’idée de legitimité. Paris: Presses Universitaires de
France, 1967.
COTTA, S. Élements d’une phénoménologie de la légitimité. Paris: PUF,
1967.
D’ENTRÉNES, A. Légalité et legitimité. Paris: PUF, 1967.
SCHMITT, C. Legalidad e legimidad. Madri: Aguillar, 1971.
STERNBERGER, D. Typologie de la légitimité. Paris: PUF, 1967.
18
FAORO, R. Os fundamentos da legitimidade. Assembléia Constituinte:
a legitimidade recuperada. São Paulo:Brasiliense, 1983. p. 44.
24
20
FERNANDES, F. Resposta às intervenções: um ensaio de interpretação
crítica. Encontros com a CivilizaçãoBrasileira. Rio de Janeiro: n. 4,
Civilização Brasileira, p. 202-3, 1978.
21
Na década de 1930, Sérgio Buarque de Holanda, assinalava que a
democracia enquanto ideal e/ou enquanto prática política tinha sido
até então, no Brasil, um lamentável mal entendido.
HOLANDA, S. B. de. Raízes do Brasil. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1987.
p. 119.
22
MANNHEIM, K. Liberdade, poder e planificação democrática. São Paulo:
Mestre Jou, 1972. p. 277.
23
Diversas perspectivas teóricas nas ciências sociais têm se debatido
em torno da teorização sobre os grupos sociais. Ver:
MERTON, R. Social theory and social structure. Glencoe, Illinois, Free
Press, 1957.
MANNHEIM, K. Sociologia dos grupos. In Sociologia sistemática. São
Paulo: Pioneira, 1971.
GURVITCH, G. Agrupamentos particulares e classes sociais. In Tratado
de sociologia. V.1, São Paulo: Martins Fontes, 1977. p. 259-282.
24
Dahrendorf em Homo sociologicus faz uma discussão sobre as diversas
teorias “em que o ponto de intersecção entre a sociedade e os
indivíduos se dá nos grupos sociais.”
DAHRENDORF, R. Homo sociologicus. Rio de Janeiro: Tempo social,
1991. p. 35 passim.
25
GURVITCH, op. cit, p. 261-2.
26
OLSON, M. The logic of collective action: public goods and theory of
groups. Cambridge Mass, Havard University press, 1965.
DAHL, R. Dilemmas of pluralist democracy. Londres: Yale University
Press, 1982.
Segundo Dahl, nem indivíduos, nem grupos são politicamente iguais.
Ver: Id, Um prefácio à teoria democrática. Rio de Janeiro: Zahar, 1989. p.
142.
27
FERNANDES, F. Fundamentos empíricos da explicação sociológica. São
Paulo: Nacional, 1972. p. 113 “ (...) As categorias devem dar origem a
25
28
As confederações e as federações industriais são exemplos de grupos
de pressão.
29
As confederações e federações industriais, os sindicatos seriam
exemplos de grupos de pressão. Essas organizações são classificadas,
inclusive, pelo seu desinteresse em atuar diretamente no poder
político, mas articulam-se sempre no sentido de influenciá-lo. No
esquema de Trumam, os partidos não seriam grupos de pressão, pois
estes visariam a articulação dos interesses enquanto os partidos teriam
por objetivo agregá-los.
TRUMAN, D. The governamental process: politic interests and public
opinion. New York: Knof, 1951.
30
Há uma extensa bibliografia sobre os grupos de interesse e pressão.
Ver, principalmente:
MAYNAUD, J. Les groupes de pression,. Paris: Presses Universitaires
de France, 1965.
SCHMITTER, P. Interest conflict and political change in Brazil. Stanford:
Stanford University Press, 1971.
31
Para Foracchi, Mannheim tinha sofrido uma influência muito forte
de Marx, principalmente pelo destaque que ele deu “às possibilidades
humanas de alteração da estrutura econômico-social.”
FORACCHI, op. cit, p. 40.
32
MANNHEIM, K. Diagnóstico de nosso tempo. Rio de Janeiro: Zahar, 1973.
33
Sobre a análise dos elementos subjetivos da vida social a partir das
condições objetivas em Mannheim, ver: FORACCHI, M. M. Sociologia
do conhecimento e planejamento. Mannheim – Sociologia. São Paulo:
Ática, 1982. p. 9 -46.
26
35
MANNHEIM, K. Sociologia sistemática. São Paulo: Pioneira, 1971. p.
149 et seq.
36
Ibid, p. 154.
37
Mannheim afirmava que o Estado é um grupo que inclui todos os
demais. Ou seja, é um grupo inclusivo que supõe “uma organização
de poder que adquire o maior controle dos grupos existentes dentro
de um território e que esteja apto para regulamentar as inter-relações
entre todos os outros grupos de luta, competição ou cooperação.” Ibid,
p. 163.
38
GRAMSCI, A. Concepção dialética da história. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1986. p. 47. Id, Notas críticas sobre uma tentativa de ‘ensaio
popular’ de sociologia. In op. cit, p. 141 et seq.
39
A investigação de Gramsci sobre o catolicismo, a arte, a cultura e a
democracia revelava a sua tentativa de elaborar uma análise dentro
desta perspectiva. A concepção de mundo absorvida pelos vários
ambientes sociais e culturais só podiam ser captadas, para Gramsci,
no âmbito objetivo e subjetivo. Nunca em um só isoladamente.
40
Ibid, p. 69.
41
As referências completas destes livros encontram-se sob formas de
nota de rodapé e também na bibliografia.
27
Capítulo I
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
41
42
43
44
45
46
47
48
49
50
51
52
53
54
Notas
1
ARENDT, H. Crises da república. São Paulo: Perspectiva, 1973. Ver também:
Id, Entre o passado e o futuro. São Paulo: Perspectiva, 1972.
Id, Sobre a violência. Cap. 2. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1994.
55
3
Ibid, p. 32.
4
BOBBIO, N. Sur le principe de legitimité. Paris: PUF, 1967.
5
Sobre essa discussão ver, dentre outros:
FAORO, op. cit, p. 33 et. seq.
FARIA, J. E. Poder e legitimidade. São Paulo: Perspectiva, 1978. p. 95 et
seq.
6
Os textos utilizados por José Eduardo Faria para esta crítica foram:
DEUTSCH, K. Nature de la legitimité et usage des symboles nationaux de
legitimité comme technique auxiliare du controle des armements. Paris: PUF,
1967.
Id, Los nervios del gobierno – modelos de comunicación y controles políticos.
Buenos Aires: Paidós, 1970.
EASTON, D. Uma teoria de análise política. Rio de Janeiro: Zahar, 1968.
Id, Modalidades de análise política. Rio de Janeiro: Zahar, 1970.
7
FARIA, op. cit, p. 97-8.
8
Ibid.
9
Grifo meu.
10
FAORO, op. cit, p. 18-9.
11
Ibid, p. 20-1.
12
Os documentos, trabalhados no próximo capítulo, que apresentam
com maior ênfase estes dados, são:
CASTELLO BRANCO. H. de A. Discurso no Congresso. Arquivo de
Castelo Branco. CPDOC-FGV, Rio de Janeiro. 11 abr. 1964.
MAGALHÃES PINTO apud ESTE 1º de abril foi pra valer. Visão, São
Paulo: n. 14, p. 14, 10 abr. 1964.
MOURÃO FILHO apud ESTE 1º de abril foi pra valer. Visão, São Paulo:
n. 14, p. 14, 10 abr. 1964.
MANIFESTO ação democrática. Segurança e desenvolvimento. Revista
da Adesg. Rio de Janeiro: n. 144, p. 127/36, 1971.
56
14
FARIA, J. E. Poder e legitimidade. São Paulo: Perspectiva, 1978. p. 83.
15
Dentre inúmeros documentos sobre isto, ver os depoimentos do
Marechal M. Poppe de Figueiredo que assumiu o comando do III
Exército após o golpe de 1964.
FIGUEIREDO, M. P. de. A revolução de 1964. Um depoimento para a
história pátria. Rio de Janeiro: Apec, 1970.
16
Segundo Faoro, a legitimidade “se funda em valores, historicamente
realizáveis e socialmente atuantes. (...) No mundo moderno, não há
outra legitimidade possível e universalmente consagrada senão a
legitimidade democrática, que, embora suponha o consentimento dos
cidadãos, não se esgota em tal apoio. Não há senão duas medidas na
política contemporânea: a que se fecha no círculo do poder e se arrima
na força, configurando todas as formas de autocracia, e a que decorre
da democracia e se ancora na legitimidade.”
FAORO, op. cit, p. 53.
17
JOUVENEL, B. de. As origens do Estado moderno. Rio de Janeiro: Zahar
editores, 1978. p. 349.
“(...) o que mais importa são as idéias sobre a legitimidade dos
dirigentes. Segundo a idéia democrática, os dirigentes são legitimados
por sua harmonia com a opinião pública, que não pode ser perfeita,
mas não deve ficar abaixo de certo nível. Se há um divórcio muito
pronunciado, os dirigentes tornam-se ilegítimos. (...) As coisas se
passarão de outra forma se o princípio da legitimação não for
democrático, mas de outra natureza. Ele será teocrático se a
legitimidade provier de uma doutrina predeterminada. Nesse caso,
os dirigentes terão uma missão de conversão e de obtenção de
fidelidade. Será a ortodoxia que confere a legitimidade, e o emprego
da força pelos dirigentes não se torna condenável num sistema desse
tipo, a não ser que cometam um desvio em relação à ortodoxia. (...) Por
fim, temos a legitimação exclusivamente pela força. Ela possuí um
caráter bárbaro. É alarmante que essa forma de legitimidade venha
ganhando prestígio em nossos dias.”
Ibid.
18
Maurice Duverger, em As modernas tecnodemocracias, faz uma análise
do poder político na Europa, fundamentalmente, entre 1870 e 1945
demonstrando as novas fórmulas de legitimidade buscadas pelas
denominadas, por ele, novas oligarquias. Trata-se de uma obra de
57
19
GURVITCH, G. Problemas de sociologia geral. In Tratado de sociologia.
Lisboa: Martins Fontes, 1977. p. 236.
20
“(...) de fato, as relações sociais são expressas por diversos grupos de
homens que se pressupõem uns aos outros, cuja unidade é dialética e
não formal.”
GRAMSCI, A. Concepção dialética da história. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1986. p. 47.
21
GRAMSCI, op. cit, p. 47 passim.
22
GURVITCH, op. cit, p. 230.
23
Ibid, p. 238.
24
Raymundo Faoro não considera possível falar em legitimidade no
regime militar. Para ele é fundamental pensar a questão da ideologia
para desmascarar a mistificação da legitimidade. “Os próprios
ditadores, pobres de autoridade, insones com a equação de poder,
que deve ser diariamente articulada para justificá-los, se socorrem da
legitimidade fictícia, em homenagem que o vício presta à verdade,
como ocorre sempre que a hipocrisia entra em cena.”
Ibid, p. 44
25
COUTO E SILVA, G. Sístoles e diástoles na vida dos Estados. In
Conjuntura política nacional e outros escritos. Rio de Janeiro: J. Olympio,
1981. p. 5-21.
26
CASTELLO BRANCO apud DEFINIÇÕES de 31 de março puseram
pingos nos ii. Visão, São Paulo: n. 14, p. 9, 09 abr. 1965.
27
COUTO E SILVA, G. Geopolítica do Brasil. Rio de Janeiro, J. Olympio,
1981. p. 207.
Este texto foi escrito antes do movimento militar de 1964, ou seja,
mais precisamente entre 1959 e 1960.
28
A revista A defesa nacional que divulgava artigos, palestras e conferências
58
29
O gal Golbery do Couto e Silva insistia, desde a década de 1950, em
que a solução do problema vital da segurança nacional estava,
indubitavelmente, ligada à criação de estratégias psicossociais que
facilitassem aos Estados-nações chegarem aos seus objetivos nacionais.
Ver:
COUTO E SILVA, G. Geopolítica do Brasil. Rio de Janeiro: J. Olympio,
1981. p. 7-15
30
CARNEIRO LEÃO, A. O poder Nacional: seus fundamentos
psicossociais; instrumentos de ação. Palestra proferida em 27 mar. 1953.
In Revista da Escola Superior de Guerra. Rio de Janeiro: ano I, V.1, p. 74-
90, dez. 1983. Antônio Carneiro Leão era sociólogo e educador, dentre
suas obras, estão: O Brasil e a educação popular, À margem da história da
república, A sociedade rural, seus problemas e sua educação, Fundamentos
de sociologia, dentre outras.
31
COUTO E SILVA, G. Geopolítica do Brasil. Rio de Janeiro, J. Olympio,
1981.
32
Ibid, p. 25. Essas posições do Gal. Golbery do Couto e Silva foram
também apresentadas em: Id, Planejamento estratégico. Rio de Janeiro:
Biblioteca do Exército, 1955.
33
No esquema divulgado pela ESG nos anos imediatamente anteriores
e posteriores ao movimento militar de 1964, as estratégias econômicas,
políticas, militares e psicossociais faziam parte das diretrizes
governamentais, as quais tinham que estar sempre subordinadas à
política de segurança nacional.
59
35
COUTO E SILVA, op. cit, p. 21.
36
COUTO E SILVA, op. cit, p. 13.
37
Em um texto do início da década de 1980, Golbery do Couto e Silva
afirmava que “na realidade, a vida do Estado é multiforme,
estendendo-se lhe a ação promotora, controladora e inibitória ou
coercitiva a campos vários e múltiplos setores, todos interdependentes
de fato e que mal se enquadram em qualquer das costumeiras
demarcações não mais que didáticas – campo político, econômico,
psicossocial e militar, por exemplo.”
COUTO E SILVA, G. Conjuntura política nacional. O poder executivo.
Rio de Janeiro: J. Olympio, 1981. p. 15.
38
Com este objetivo o escritor Clodomir Vianna Moog foi convidado a
proferir uma palestra na ESG em 1959 sobre a integração psicossocial
do povo brasileiro a partir de seu livro Bandeirantes e pioneiros. Segundo
ele, as características psicossociais do povo brasileiro eram “a
cordialidade, o desejo de comprazer, a ociosidade, a resistência à
especialização, a falta de continuidade no esforço, a volubilidade, a
ausência de firmeza nas decisões.” Ele tomava, também, o cuidado
de definir na ESG o que se devia entender por psicossocial. Ou seja,
“formas mais ou menos constantes de reação coletiva capazes de
condicionar as expressões emocionais e culturais mais comuns de um
grupo social.”
MOOG. C. V. Integração psicossocial do povo brasileiro. In Revista da
Escola Superior de Guerra. Rio de Janeiro: n. 3, v. 2, p. 57-73, ago. 1984.
39
PAULA COUTO, A. J. (Gal). Ação democrática. Um exemplo de ação
psicológica. Segurança e desenvolvimento: Revista da Adesg. Rio de
Janeiro: n. 144, p. 127-136, 1971.
40
O plano de ação psicológica visava abranger, principalmente, os
universitários, os professores de maneira geral, e “as senhoras já
organizadas em entidades desde antes da revolução.”
Ibid, p. 133.
41
CARNEIRO LEÃO, op, cit, p. 86.
60
43
Vide sobre isto a coincidência entre os pronunciamentos dos generais-
presidentes e as posições da Escola Superior de Guerra.
CASTELLO BRANCO, H. A. Discursos. Brasília: Secretaria de
Imprensa, 1965. p. 34-5.
Id, Discurso no Congresso. 11 abr. 1964. Arquivo de Castello Branco.
CPDOC-FGV. Rio de Janeiro.
Id, Mensagem ao Congresso Nacional. Brasília: Deptº. de Imprensa
Nacional, 1965.
COSTA E SILVA apud O CAMINHO da institucionalização. Visão, São
Paulo: n. 19, p. 21, 05 nov. 1965.
Id apud AS NOVAS perspectivas. Visão, São Paulo: n. 1, p. 19, 17 jan.
1969.
MÉDICI, E.G. A verdadeira paz. Brasília: Departamento de Imprensa
Nacional, 1971.
Id, Discurso proferido em 30 de out. 1969 apud BRASIL 70. Visão, São
Paulo: n. 3, p. 102, 14 fev. 1970.
ASSOCIAÇÃO dos diplomados da ESG. Almanaque. Rio de Janeiro:
ESG, 1984.
ESCOLA Superior de Guerra. Complementos da doutrina. Rio de Janeiro:
Escola Superior de Guerra, 1981.
44
ESCOLA Superior de Guerra. Doutrina básica. Rio de Janeiro: Escola
Superior de Guerra, 1979.
45
Sobre o papel dos símbolos nacionais na missão das Forças Armadas
para o desenvolvimento da nação brasileira como uma nação cristã e
democrática, ver:
ALVARENGA, A. C. G. (Cel). Doutrina militar brasileira. Revista da Escola
Superior de Guerra. Rio de Janeiro, n. 2, v. 2, p. 61-77, abr. 1984.
46
GERTH, H. e MILLS, W. C. El orden militar. Caráter y estrutura social.
Buenos Aires: Paidos, 1971. p. 223.
47
ARRUDA, A. A doutrina da Escola Superior de Guerra. In A defesa
nacional. Revista de assuntos militares e de problemas brasileiros. Rio
de Janeiro: n. 680, p. 128 et seq, nov. dez. 1978.
61
48
Id, Complementos da doutrina. Rio de Janeiro: Escola Superior de Guerra,
1981.
Id, Fundamentos da doutrina. Rio de Janeiro: Escola Superior de Guerra,
1981.
49
ARRUDA, A. A doutrina da Escola Superior de Guerra. In A defesa
nacional, Revista de assuntos militares e de problemas brasileiros. Rio
de Janeiro: n. 680, p. 127-148, nov.dez. 1978.
Antônio Arruda era chefe na ESG da divisão de assuntos psicossociais
e da divisão de assuntos políticos.
50
Sobre o papel da Escola Superior de Guerra no regime militar, ver,
principalmente:
STEPAN, A. Os militares: da abertura à nova república. Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 1986.
DREIFUSS, R. 1964: a conquista do Estado. Petrópolis: Vozes, 1981.
51
ARRUDA, op. cit, p. 132.
52
Id, A doutrina da Escola superior de guerra II. In A Defesa Nacional,
Rio de Janeiro: n. 681, p. 65-73, nov. dez. 1978.
PEREIRA, F. O governo é ainda obra de cultura. In Política: Revista da
Fundação Milton Campos. Brasília: n. 1, p. 3, jul. set. 1976. Francelino
Pereira – Presidente da Arena.
53
“Desenvolvimento nacional, é, portanto, o processo de aperfeiçoamento
e de fortalecimento do poder nacional para a consecução e manutenção
dos objetivos nacionais”.
ESCOLA Superior de Guerra. Manual básico da Escola Superior de Guerra
de 1977/78. In ARRUDA, op. cit, p. 137.
54
Conforme documentos publicados na revista Segurança e desenvolvimento
as pressuposições da ESG sobre o papel da estratégia psicossocial na
manutenção da segurança nacional era formulada a partir do modelo
do National war College dos E.U.A.
55
ESCOLA Superior de Guerra. Manual básico da ESG. Rio de Janeiro:
Escola Superior de Guerra, 1983.
62
57
CASTELLO BRANCO, op. cit, p. 18.
58
Ibid.
59
Ibid, p. 20-1.
60
CORREA, Antônio J. (Gal). Escola Superior de guerra: laboratório de idéias.
In A defesa nacional. Rio de Janeiro: n. 667, p. 3-21, maio/jun. 1976.
61
Ibid, p. 10. A revista A defesa Nacional tinha como redator-chefe e diretor
o militar Geraldo Lasbat Cavagnari Filho que atualmente faz parte
do NEE (Núcleo de Estudos Estratégicos) da Unicamp.
62
Ibid, p. 12-13. “Forçoso é reconhecer o papel dos vinte anos da ESG no
amadurecimento de uma consciência dos novos tempos, que não se
perdesse na apreciação exclusiva de determinado aspecto da
problemática nacional, mas que tivesse maior amplitude na integração
dos quatro campos do poder”.
MÉDICI apud CORREA, op. cit, p. 12.
63
FIGUEIREDO, J. B. Mensagem ao Congresso Nacional. Brasília:
Departamento de Imprensa Nacional, 1981. p. 189.
63
65
A denominada “linha dura” assumia de modo explícito que suas
intenções de permanência no poder não eram efêmeras. Um de seus
representantes afirmava: “Nós íamos consertar este país. Na marra.
(...) Durasse o que durasse. Quarenta anos, cinqüenta anos, cem anos.”
ETCHEGOYEN, C. Depoimento. In SOARES, G. A. D; D’ARAÚJO,
M. C. e CASTRO, C. (Orgs). Visões do Golpe: a memória militar sobre
1964. Rio de Janeiro, Relume Dumará, 1994. p. 185.
66
A ESG era definida por seus doutrinadores como um laboratório de
idéias sobre a segurança nacional.
67
PAULA COUTO, A. J. de. Ação democrática: um exemplo de ação
psicológica. Segurança e desenvolvimento: Revista da Adesg. Rio de
Janeiro: n. 144, p. 133, 1971.
68
Ibid.
69
Ibid, p. 136
64
Capítulo II
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
65
66
67
68
69
70
71
72
73
74
75
76
77
78
79
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81
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84
85
86
87
88
89
90
91
92
93
94
95
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99
100
101
102
103
104
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108
109
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112
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117
118
119
120
121
122
123
124
125
2
O primeiro capítulo do livro Estado e oposição no Brasil (1964-1984), de
Maria Helena Moreira Alves, é uma análise sobre as origens e
desenvolvimento da doutrina de Segurança Nacional no Brasil.
MOREIRA ALVES, M. H. Estado e oposição no Brasil ( 1964-1984 ).
Petrópolis, Vozes, 1984. p. 33-51.
3
Sobre esta questão ver, principalmente:
STEPAN, A. The military in politics: changing in patterns in Brazil.
Princeton, Princeton University Press, 1971.
4
Há uma bibliografia significativa sobre esse processo. Ver,
principalmente:
DREIFUSS, R. A. 1964: a conquista do Estado. Petrópolis, Vozes, 1987.
OLIVEIRA, E. R. de et. al. As Forças Armadas no Brasil. Rio de Janeiro:
Espaço e Tempo, 1987.
FIGUEIREDO, E. L. Os militares e a democracia. Rio de Janeiro: Graal,
1987.
5
MORAES, J. Q. de. O argumento da força. In As Forças Armadas no
Brasil. Rio de Janeiro: Espaço e Tempo, 1987. p. 34.
6
Sobre o papel dos E.U.A. no processo de articulação do golpe militar
de 1964, ver:
SODRÉ, N. W. O golpe militar no Brasil. In O governo militar secreto.
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1987. p. 67-80.
7
SKIDMORE, T. Brasil: de Castelo a Tancredo. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1988. p. 22.
Segundo Stepan “desde o princípio a ESG era anticomunista e estava
empenhada na guerra fria. Mesmo antes que a ênfase na guerra fria
mudasse, nos Estados Unidos, da guerra atômica para a
revolucionária, a ESG tornou-se o centro do pensamento ideológico
relativo à estratégia contra-revolucionária no Brasil. Já que o
comunismo era um inimigo, os Estados Unidos, sendo o principal
país anticomunista, era um aliado natural”.
STEPAN, A. Os militares na política. Rio de Janeiro: Artenova, 1975. p.
132.
126
9
DREIFUSS, op. cit, p. 162 e 210.
10
Ibid.
11
COUTO E SILVA, G. Conjuntura política nacional: Conferência na ESG.
Rio de Janeiro: J. Olympio, 1981.
12
“Que a ‘democracia’ tenha diversos significados é algo com que
podemos conviver. Mas se a ‘democracia’ pode significar
absolutamente qualquer coisa, aí já é demais.”
SARTORI, op. cit, p. 22.
13
CASTELLO BRANCO, H. de A. (Gal). Discurso no Congresso. 11 Abr.
1964. Arquivo de Castelo Branco. CPDOC -FGV, Rio de Janeiro, 1964.
14
“Os defensores de qualquer tipo de regime afirmam tratar-se de uma
democracia, e têm medo de serem obrigados a parar de usar a palavra
se esta for vinculada a um significado, qualquer que seja”.
ORWELL apud SARTORI, G. A teoria da democracia revisitada. São Paulo:
Ática, 1994. p. 18.
15
Para a teoria elitista clássica do início do século, a democracia era
sempre um governo de elite (e não de participação) que emprega a
astúcia e/ou a força. A primeira teria, no entanto, que prevalecer sobre
a segunda.
PARETO, V. Transformazione della democrazia. Milão, Corbacccio, 1921.
16
A ligação entre a ditadura militar e a realização de uma suposta
verdadeira democracia era feita não apenas pelos condutores do golpe
de 1964. Nelson Werneck Sodré, por exemplo, afirmava, logo após a
127
17
ARBLASTER, A. A democracia. Lisboa: Estampa, 1988. p. 84.
Vilfredo Pareto desenvolveu uma discussão sobre os regimes pluto-
democráticos, os quais possuem uma elite governante suficientemente
astuciosa e sutil que se mantém no poder pela propaganda no sentido
de convencer o povo de que seu poder é legítimo.
PARETO, V. Transformazione della democrazia. Milão, Corbaccio, 1920.
18
MOSCA, G. The ruling class. New York: Mcgraw-Hill, 1939.
PARETO, V. Transformazione della democracia. Milão, Corbaccio, 1920.
Id, Manual de economia política. V.1 e 2, São Paulo: Nova cultural, 1988.
Coleção Os economistas.
MICHELS, R. La sociologia del partito politico nella democrazia moderna.
Milão, Corbaccio, 1912.
Destaque-se que A. Hirschman escreveu uma excelente crítica a estas
análises. Vide:
HIRSCHMAN, A. O. A retórica da intransigência. São Paulo: Cia das
Letras, 1992.
19
MAGALHÃES PINTO, J. apud Este lº de Abril foi pra valer. Visão,
São Paulo: n. 14, p. 14, 10 Abr. 1964.
20
FIGUEIREDO, E. de L. Os militares e a democracia. Rio de Janeiro: Graal,
1980. p. 70.
21
Sobre esta questão especificamente, ver:
MONTESQUIEU, C. O espírito das leis. São Paulo: Abril, 1973. p. 69-
85. (Coleção Os pensadores).
BOBBIO, N. A teoria das formas de governo. Brasília: UNB, 1980. p. 120
passim.
22
MOURÃO FILHO apud ESTE 1º de abril foi pra valer. Visão, São Paulo:
n. 14, p. 14, 10 abr. 1964. Manifesto lançado pelo Gal. supra citado.
128
24
ROUSSEAU, J. J. O contrato social. São Paulo: Cultrix, 1978.
Id, Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os
homens. São Paulo: Cultrix, 1978.
25
JEFFERSON, T. Escritos políticos. São Paulo: Abril, 1979. p. 01-40.
Coleção Os pensadores.
HAMILTON, A. Os federalistas. São Paulo: Abril, 1979. Coleção Os
pensadores.
MADISON, J. Os federalistas. São Paulo: Abril, 1979. p. 87-181. Coleção
Os pensadores.
DAHL, R. Um prefácio à teoria democrática. Rio de Janeiro: Zahar, 1989.
p. 16 et seq.
BOBBIO, N. Liberalismo e democracia. São Paulo: Brasiliense, 1988. p.
33 et. seq.
ARBLASTER, op. cit, p. 66 et. seq.
26
CASTELLO BRANCO, H. de A. Mensagem ao Congresso Nacional.
Departamento de Imprensa Nacional, Brasília: DF, 1965.
27
Na segunda década do século XX, Alberto Torres destacava a
necessidade de uma organização nacional a partir da convicção de
que convinha ao Brasil um governo autoritário e/ou elitista. No
entanto, ele não defendia o autoritarismo em nome de uma suposta
democracia. Para ele, a democracia política era apenas “obra da
burguesia do dinheiro e das letras, ela realizou a ascensão desse novo
poder, consagrando expressamente, para todos, os direitos de que estes
careciam e que reclamavam; direitos que, assim outorgados à massa
proletária e miserável, nada lhes conferindo que fosse realmente
prático, não as elevaram, também, ao nível do seu oficioso patrono e
porta voz”.
TORRES, A. S. Martins de. A organização nacional. São Paulo: Nacional,
1978. p. 229.
Alberto Torres caracterizava criticamente o regime político daquele
momento de democrático, no qual prevalecia a insuficiência e a
desordem, o que era o bastante, segundo ele, para convencer a todos
da necessidade de um governo fortíssimo.
129
33
Id, Nordeste. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1967.
Id, Interpretação do Brasil. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1947
Id, Ordem e progresso. T. 1, cap. 1 e 2, Rio de Janeiro: 1959
130
35
As análises de Sérgio Buarque de Holanda que propunham uma
desmistificação do passado eram opostas às discussões de Freyre. Para
aquele o conhecimento do passado deveria ser utilizado para derrotar
os elementos autoritários e excludentes da vida política e social
brasileira e jamais para justificar a sua permanência. A modernização
política brasileira era, para ele, absolutamente difícil numa sociedade
que tinha se firmado sobre as bases da exclusão. A democracia só
vingaria entre nós se fosse derrotada a mentalidade senhorial que
impregnava os valores, os costumes, as atitudes e as instituições sociais
e políticas. Diferentemente de Gilberto Freyre, S .B. de Holanda
considerava o nosso passado oligárquico responsável pela extrema
dificuldade encontrada para democratizar o país. A defesa de uma
revolução vertical em Raízes do Brasil tinha o objetivo de demonstrar
que as bases da democracia tinham que ser criadas não a partir de
nosso passado oligárquico, mas a partir dele. Vide:
HOLANDA, S. B. de. Raízes do Brasil. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1987.
Id, A democracia é difícil. Veja, São Paulo: n. 386, p. 4, 28 jan. 1976.
36
No início do século XX diversos teóricos brasileiros, tais como: Alberto
Torres, Azevedo Amaral e Oliveira Vianna culpavam o liberalismo de
perverter a democracia brasileira. Raymundo Faoro em Existe um
pensamento político brasileiro? oferece os elementos seguros para a
compreensão do enorme equívoco daqueles pensadores quanto a
aquela afirmação. “A ausência do Iiberalismo, que expressava uma
dinâmica dentro da realidade social e econômica, estagnou o
movimento político.(...) O liberalismo, ao se desenvolver
autenticamente, poderia, ao sair da crisálida da consciência possível,
ampliar o campo democrático, que lhe é conexo, mas pode ser-lhe
antagônico. (...) Chegar-se-ia a um ponto em que o que fosse
democrático pressuporia o espaço dos direitos e garantias liberais,
ampliáveis socialmente. A democracia numa fase mais recente, partiria
de um patamar democrático, de base liberal, como valor permanente
e não meramente instrumental.”
FAORO, R. Existe um pensamento político brasileiro? São Paulo: Ática,
1994. p. 84-5.
131
38
Sobre os atos institucionais nº 01 e nº 02 como forma de criar as bases
do Estado de segurança nacional, ver: MOREIRA ALVES, op. cit, p.
52-95.
39
SOB o signo da autoridade. Visão, São Paulo: n. 16, p. 26-28, 24 abr.
1964.
REFORMA do sistema eleitoral está na mira. Visão, São Paulo: n. 17,
p. 11-12, 01 maio 1964.
BATALHA da propaganda está sendo perdida. Visão, São Paulo: n.
20, p. 11-13, 22 maio 1964.
40
Eliézer Rizzo de Oliveira faz parte do amplo debate sobre a questão
da hegemonia e da legitimidade no governo militar. Para ele, a ESG
se debateu para desenvolver um projeto de hegemonia política; no
entanto, “a teoria da ação política da ESG era destituída” de
legitimidade nos moldes colocados por Weber.
OLIVEIRA, E. R. A doutrina de segurança nacional: pensamento
político e projeto estratégico. Militares: pensamento e ação política.
Papirus, Campinas: 1987. p. 75 et seq.
132
42
Em termos genéricos, “na linguagem política, entende-se por
legalidade um atributo e um requisito do poder, daí dizer-se que um
poder é legal ou age legalmente ou tem o timbre da legalidade quando
é exercido no âmbito ou de conformidade com as leis estabelecidas
ou pelo menos aceitas. Embora nem sempre se faça distinção, no uso
comum e muitas vezes até no uso técnico, entre legalidade e
legitimidade, costuma-se falar em legalidade quando se trata do
exercício do poder e em legitimidade quando se trata de sua qualidade
legal: o poder legítimo é um poder cuja titulação se encontra alicerçada
juridicamente; o poder legal é um poder que está sendo exercido
conforme as leis.”
BOBBIO, N. Legalidade. In Dicionário de política. Brasília: UNB, Linha
Gráfica Editora, 1991. V.2, p. 674. A questão da legitimidade é tratada
neste trabalho em termos específicos e não genéricos, ou seja, no
sentido de que “todo poder busca alcançar consenso, de maneira que
seja reconhecido como legítimo, transformando a obediência em
adesão. A crença na legitimidade é, pois, o elemento integrador na
relação de poder que se verifica no âmbito do Estado”. Ibid, p. 675.
43
CAMPOS e BULHÕES apud AS REFORMAS e o planejador. Visão,
São Paulo: n. 17, p. 12, 1 maio 1964.
44
Vide discussão na imprensa sobre a lei que regulamentava o direito
constitucional de greve.
AÇÕES executivas e legislativas. Visão, São Paulo: n. 22, p. 15-16, 05
Jun. 1964.
45
PRIMEIRAS reações à reforma partidária. Visão, São Paulo: n. 12, p.
13, 18 set. 1964.
46
Conforme depoimentos em: QUESTÕES políticas voltam ao debate.
Visão, São Paulo: n. 14, p. 13-14, 2 out. 1964.
47
MAGALHÃES PINTO apud QUESTÕES políticas voltam ao debate.
Visão, São Paulo: n. 14, p. 13, 02 out. 1964.
48
CASTELLO BRANCO apud DEFINIÇÕES de 31 de março puseram
pingos nos ii. Visão, São Paulo: n. 14, p. 9, 09 abr. 1965.
133
50
Ibid.
51
Sobre a democracia liberal, ver:
DUVERGER, M. As modernas tecno-democracias. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1975. p. 56 et.seq.
SARTORI, G. Teoria democrática. Lisboa: Fundo de cultura, 1965. p.
367 passim.
HOBSBAWN, E. As forças da democracia (1848-1875). A era do capital.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982. p. 117.
52
Sobre a atuação dos empresários, tanto na preparação do golpe de 64
quanto no período posterior, ver: DREIFUSS, R. 1964: a conquista do
Estado. Petrópolis, Vozes, 1981.
53
CASTELLO BRANCO, H de A. Confiança no Brasil. Visão, São Paulo:
n. 17, p. 26, 22 out. 1965. Entrevista.
54
BULHÕES, O. G. Para tornar o fisco mais justo. Visão, São Paulo: n. 7,
p. 44-45, 13 ago. 1965. Entrevista.
CAMPOS e BULHÕES apud SETE dias na base do movimento. Visão,
São Paulo: n. 17, p. 12, 30 abr. 1965.
CAMPOS, R. Confiança no Brasil. Visão, São Paulo: n. 17, p. 26, 22
out. 1965. Entrevista.
55
Vide manifestações do governador de São Paulo: Adhemar de Barros,
para tentar sensibilizar industriais paulistas e outros descontentes.
SETE dias na base do movimento. Visão, São Paulo: n. 17, p. 11, 30 abr.
1965.
56
As principais entidades das classes produtoras apoiaram a
promulgação do AI-2.
57
Alguns dias antes da promulgação do AI-2, o governo não
vislumbrava a possibilidade de conseguir os 205 votos necessários
para aprovar no Congresso uma Emenda Constitucional que ampliava
a intervenção federal nos Estados.
58
A denominada “crise de posse” dos eleitos Negrão Lima, na
Guanabara, e Israel Pinheiro, em Minas Gerais, em 1965, desencadeou
uma enorme crise no governo Castello Branco que culminou com a
promulgação do AI-2. Negrão de Lima afirmava: “o povo, que não é
ingênuo, recusa-se a aceitar a imputação de subversivo atirada a um
134
63
COSTA E SILVA apud O CAMINHO da institucionalização. Visão, São
Paulo: n. 19, p. 21, 05 nov. 1965.
64
TERMÔMETRO de Brasília. Visão, São Paulo: n. 18, p. 21, 29 out. 1965.
65
“O movimento (operário) não conseguiu resistir às investidas que se
seguiram ao golpe de Estado e, passados alguns meses, bastou que o
novo regime tratasse de pôr em funcionamento a legislação herdada
dos períodos anteriores para que a classe operária se encontrasse
lançada no mais profundo imobilismo (sem esquecer, certamente, a
violência da repressão que se abateu sobre o movimento operário, a
limitação da lei de greve e o fim da estabilidade no emprego).”
MOISÉS, J. A. Problemas atuais do movimento operário. In Brasil: do
“milagre” à “abertura”. São Paulo: Cortez, 1982. p. 57.
66
O Ato Institucional n. 03, de 05 de fevereiro de 1966, estabelecia o
calendário eleitoral, que as eleições de Governador deveriam preceder
as de Presidente da República e, ainda, fixava que as eleições de
senadores e deputados federais e estaduais seriam realizadas em
último turno. Outro ponto deste Ato era a escolha dos governadores
de onze estados pelas assembléias legislativas.
67
Em 1966, os denominados lacerdistas afirmavam que a reformulação
partidária objetivava manter um arremedo de democracia, na qual
uma oligarquia se beneficiava e o povo era excluído. Vide depoimentos
publicados em:
135
68
Destaque-se que além dos atos institucionais existiam ainda os atos
constitucionais. Entre outubro de 1965 e janeiro de 1966, foram
promulgados 07 atos constitucionais. O n. 03 referia-se ao processo
de cassações, suspensão de direitos políticos e perdas de garantias
constitucionais e legais.
69
MAGALHÃES apud COSTA tem tudo para ser o sucessor. Visão, São
Paulo: n. 15, p. 14-15, 15 abr. 1966.
70
Em 1966 assistia-se ao acirramento da crise entre os militares no poder.
A pressão da denominada linha dura tornava-se cada vez mais
ostensiva.
71
COSTA E SILVA apud CANDIDATO traça os seus rumos. Visão, São
Paulo: n. 02, p. 11, 08 jul. 1966. Entrevista.
72
Não é possível fazer no âmbito deste trabalho uma discussão teórica
sobre a questão da liberdade. Ver:
ARON, R. Essai sur les libertés. Paris: Calman-Lévy, 1965.
BAY, C. The structure of freedom. Stanford: Stanford University, 1958.
73
Felix E. Oppenheim afirma que “numa democracia, as liberdades e as
não-liberdades são colocadas de maneira mais igual, por exemplo,
entre os vários escalões do governo, entre o governo e os governantes,
entre a maioria e a minoria. Igual liberdade, não mais liberdade, esta
é a essência da democracia”.
OPPENHEIM, F. Dimensioni della libertá. Milão, Feltrinelli, 1964.
74
COUTO E SILVA, G. Planejamento estratégico. Brasília: UNB, 1981. p. 501.
75
Costa e Silva começou “reagrupando a oposição política a Castello: a
parte do pessedismo marginalizada, o empresariado nacional
contrariado pela política econômica de Campos, a `linha dura’ que
também queria `humanizar’ a política econômica e se aliava aos setores
estatistas contra o favorecimento das empresas estrangeiras realizado
no Governo anterior”.
CARDOSO, F. H. Autoritarismo e democratização. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1975. p. 200/1.
136
77
Vários membros do governo Costa e Silva pertenciam à “linha dura”:
Augusto Rademaker (marinha), Márcio de Souza Melo (aeronáutica),
Jayme Portella (gabinete militar), Gama Filho (justiça), Afonso
Albuquerque Lima (interior), Costa Cavalcanti (minas e energia) e
Ivo Arzua (agricultura).
78
Era crescente a crise política no Congresso. A instituição do
bipartidarismo não resolveu as dissensões. Estas não tinham a ver
somente com atuação do MBD, mas da própria ARENA. O processo
de descastelização da ARENA no Governo Costa e Silva revelava as
dificuldades de ajustar o próprio partido, na sua totalidade, aos
ditames do novo regime.
79
COSTA E SILVA apud A LONGA espera não corre risco. Visão, São
Paulo: n. 16, p. 14/16, 14 out. 1966.
80
“Assim, a nosso ver, se aparentemente são os militares que têm mais o
Estado autoritário, pela própria violência (Lei de Segurança Nacional),
os tecnocratas (e aí se imbricam com os militares tecnocratas) são os que
organizam esse poder mais como `consenso’. Os militares compuseram
mais a `legitimidade’ do Estado pela chamada legalidade, leis, atos
institucionais que imprimiram pela força determinadas mudanças,
justificadas como defesa contra `subversão’, contra o `caos’ econômico
e político. Os tecnocratas compuseram a `legitimidade’ pela efetivação
da `administração racional’, pelo índice de crescimento da economia,
pelo nível de desenvolvimento econômico”.
COVRE, M. de L .M. A fala dos homens. São Paulo: Brasiliense, 1983. p. 246.
81
Pode-se citar os seguintes tecnocratas civis que desempenharam um
papel fundamental no interior do grupo de poder: Octávio G. de
Bulhões, Roberto Campos, Mário Henrique Simonsem, Antônio
Delfim Netto, João Paulo dos Reis Velloso, dentre outros.
137
83
Em 1966 já se esboça uma crítica dos representantes do grande capital
à forma de intervenção do Estado na economia. Conforme seus
depoimentos no debate sobre o papel desempenhado pela iniciativa
privada numa economia de duplo setor, do tipo da economia brasileira,
que foram publicados em:
PRAGMATISMO é a palavra de ordem. Visão, São Paulo: n. 08, p. 36/
7, 19 ago. 1966.
84
As posições de Bulhões quanto à política gradualista de combate à
inflação está em:
BULHÕES apud BULHÕES, doutor em crises, continua tranqüilo.
Visão, São Paulo: n. 10, p. 22/5, 2 set. 1966.
85
Existiam divergências no interior da classe empresarial quanto à
avaliação da política econômica do governo. Alguns representantes
do capital destacavam os benefícios e as vantagens. José Luiz de
Almeida Bello da ABDID (Associação Brasileira de Desenvolvimento
da Indústria de Base)pode ser tomado como um exemplo.
ALMEIDA BELLO apud PLANO decenal tem toque de pioneiro. Visão,
São Paulo: n. 12, p. 24/6, 16 Set. 1966.
86
NIGRIS apud EMPRESÁRIOS coincidem. Visão, São Paulo: n. 17, p.
25, 21 out. 1966.
87
OSÓRIO e CAMPOS apud AS CARTAS estão na mesa. Visão, São
Paulo: n. 17, p. 25/6, 21 out. 1966.
88
Os depoimentos dos deputados José Bonifácio (Arena) e Paulo
Macarini (MDB) e do Senador Josaphá Marinho (MDB) estão em:
MARINHO, BONIFÁCIO e MACARINI apud O PANORAMA visto
do Congresso. Visão, São Paulo: n. 11, p. 12-13, 21 Set. 1967.
STENZEL e MACARINI apud PARA mudar, só se MDB subir. Visão,
São Paulo: n. 19, p. 15-16, 16 nov. 1967.
89
O Deputado Paulo Macarini afirmava que “as atuais emendas
representam um esforço do MBD para aprimorar o regime, restaurar
a democracia, dar ao poder civil a supremacia que lhe é peculiar, e,
por fim, criar condições de emancipação econômica e desenvolvimento
com liberdade.”
MACARNI apud PARA mudar, só se o MDB subir. Visão, São Paulo:
n. 19, p. 15, 16 nov. 1967.
138
91
O ministro da Casa Militar, Gal. Jayme Portella, oferece dados sobre
esse processo em:
PORTELLA, J. A revolução e o governo Costa e Silva. Rio de Janeiro:
Guavira, 1979.
92
CARDOSO, Irene de A. R. Memória de 68: terror e interdição do
passado. Tempo social. Revista de Sociologia da USP, São Paulo: 2(2),
p. l06, 2. sem. 1990.
93
Sobre a consolidação da ditadura militar no período de 1968-1974, ver:
SADER, E. Um rumor de botas. São Paulo: Polis, 1982. p. 159 et seq.
94
A imprensa da época afirmava que esse consentimento era de caráter
negativo, uma vez que ele resultava da falta de alternativa política
não-autoritária. Vide revistas Visão e Veja do ano de 1968.
95
Acredita-se que o sistema era mais que um poder paralelo. Ou seja,
ele assumia dimensões maiores que isso à medida que se colocava
não paralelamente ou fora do Estado. Ele atuava dentro deste último,
pressionando constantemente todas as instâncias de poder.
96
CARDOSO, F. H. Autoritarismo e democratização. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1975. p. 218.
97
“No início de novembro de 1968, foi levado ao presidente Costa e
Silva um documento em nome das `classes produtoras’ conclamando
o governo a reafirmar os `princípios revolucionários’. Menos de um
mês depois, veio o AI-5.”
UM ESTRANHO manifesto. Isto é, São Paulo: n. 73, p. 84, 17 maio 1978.
98
PASSARINHO apud A GREVE é ilegal. Veja, São Paulo: n. 04, p. 21, 02
out. 1968.
99
Das reuniões do CSN participavam o Presidente Costa e Silva, o vice
Pedro Aleixo, os ministros Magalhães Pinto, Mário Andreazza, Jarbas
Passarinho, Delfim Netto, Leonel Miranda e Albuquerque Lima e o
grupo ministerial da segurança nacional composto pelos ministros
militares, pelo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, pelo chefe
da Casa Militar, do SNI e pelo Ministro da Justiça, dentre outros.
139
101
Há vários textos sobre as greves neste período. Ver, principalmente:
SOUZA MARTINS, H. H. T. de. O Estado e a burocratização do sindicato
no Brasil. São Paulo: Hucitec, 1979.
WEFFORT, F. Participação e conflito industrial: Contagem e Osasco-
1968. Cadernos Cebrap, São Paulo: n. 5, 1972.
102
O Ministro do Trabalho afirmava: “o Governo está forrado de moral
para partir para a reação contra a ação agressiva que recebe das
minorias radicais”.
PASSARINHO apud O MINISTRO do afrouxo. Veja, São Paulo: n.
05, p. 27, 09 out. 1968.
103
Havia uma enorme possibilidade de crescimento do número de
greves nos últimos meses de 1968. Além dos bancários, que tentavam
entrar em greve em vários estados, outra categoria também estava
disposta a deflagrar greve: os metalúrgicos de Minas Gerais, São Paulo
e Guanabara. Em outubro de 1968, ocorreu a concretização de alguns
movimentos grevistas: metalúrgicos de Minas Gerais, bancários e
metalúrgicos cariocas, bancários do Paraná (estes 3 últimos
conseguiram 30% na justiça depois de um dia de greve) e a greve dos
bancários de Fortaleza que foi duramente reprimida.
104
“Dois membros do `establishment’ paulista, dois civis, catedráticos
da USP, tiveram um papel crucial na implementação do texto mais
celerado da história brasileira: o ex-reitor Gama e Silva, ministro de
Justiça, que açulou a crise e urdiu o conteúdo do Ato Institucional, e
Delfim Netto, ministro da Fazenda. Foi o Sr. Delfim Netto que trouxe
a um Costa e Silva ainda hesitante a garantia de que o AI-5 não
encontraria oposição entre o empresariado (...). O então ministro da
Fazenda fez juízo certo.”
ALENCASTRO, loc. cit.
140
106
MOREIRA DE SOUZA apud A PAUSA dentro da crise. Veja, São
Paulo: n. 9, p. 21, 06 nov. 1968. Grifo meu.
107
ALBUQUERQUE LIMA apud OS MILITARES. Veja, São Paulo: n.
10, p. 12, 13 nov. 1968. O referido general era Ministro do Interior.
108
Os principais dispositivos do AI-5 davam poderes absolutos para o
poder executivo. O Presidente poderia:
1- Decretar o recesso do Congresso Nacional, Assembléias Legislativas
e Câmaras de vereadores.
2- Decretar a intervenção nos Estados e Municípios.
3- Suspender direitos políticos de quaisquer cidadãos.
Também ficariam suspensas as garantias constitucionais e de habeas-
corpus. E ainda excluía qualquer apreciação judicial de todos os atos
praticados de acordo com o referido Ato.
109
Há inúmeros trabalhos sobre este período, dentre eles, ver:
CARDOSO, I. A. R. op. cit, p. 101-112.
CHAUÍ, M. Um regime que tortura. I Seminário do Grupo Tortura Nunca
mais. Depoimentos e Debates. Petrópolis: Vozes, 1987. p. 28-37.
FON. A. C. Tortura – a história da repressão política no Brasil. São Paulo:
Global, 1979.
110
CARDOSO, F. H. op. cit, p. 201.
111
Desde os primeiros momentos do movimento de 1964 encontrava-se a
idéia de democracia relacionada à construção do futuro. Os discursos
do Presidente Castello Branco são os mais reveladores deste sentido.
141
113
O AI-5 favorecia a tomada de decisões pelo governo na área
econômica sem necessidade de negociação no Congresso, por
exemplo. A execução da medida que liderava recursos para o capital
de giro das empresas (Decreto-lei nº 62) e a continuidade de incentivos
fiscais ao mercado de capitais, etc., passaram a ser decididas no âmbito
do governo e dos respectivos interessados. O estreitamento do
processo decisório, com o passar do tempo, criou grandes impasses
no interior do próprio grupo de poder.
114
COSTA E SILVA apud REVOLUÇÃO, ano zero. Veja, São Paulo: n.
15, p. 16, 18 dez. 1968.
115
COSTA E SILVA, A. da. Símbolos que a iniciativa privada precisa
multiplicar. Problemas brasileiros. Revista do Sesc e da Federação do
Comércio de São Paulo. São Paulo: n. 56, p. 1-2, nov. 1967.
116
Ibid.
117
Ibid, p. 2.
118
Sérgio Buarque de Holanda demonstrou em vários trabalhos os
elementos básicos deste processo nos diversos momentos da história
política brasileira. Ver, principalmente:
HOLANDA, S. B. de. Raízes do Brasil. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1987.
O vigor do poder privado no país foi destacado por diversas obras
de interpretação do Brasil. Ver:
AZEVEDO, F. Canaviais e engenhos na vida política do Brasil. São Paulo:
Melhoramentos, 1958.
DUARTE, N. A ordem privada e a organização política nacional. São Paulo:
Nacional, 1939.
LEAL, V. N. Coronelismo, enxada e voto. São Paulo: Alfa-ômega, 1986.
FAORO, R. Os donos do poder. Rio de Janeiro: Globo, 1989.
119
O’ DONNELL, G. Transições, continuidades e alguns paradoxos. In
A democracia no Brasil. São Paulo: Vértice, 1988. p. 64.
120
HOLANDA, S. B. de. O poder pessoal. In História geral da civilização
brasileira. T. 2, v.5, São Paulo: Difel, 1972. p. 72-8.
142
122
Estas questões que serão trabalhadas no próximo capítulo foram
amplamente discutidas em:
PASSARINHO apud O MINISTRO do afrouxo. Veja, São Paulo: n.
05, p. 27, 09 out. 1968.
Id apud A GREVE é ilegal. Veja, São Paulo: n. 04, p. 21, 02 out. 1968.
Ministro do Trabalho.
COSTA E SILVA apud AS NOVAS perspectivas. Visão, São Paulo: n.
1, p. 19, 17 jan. 1969.
143
124
PAULA COUTO, A. J. de. Ação democrática (um exemplo de ação
psicológica). Segurança e desenvolvimento. Rio de Janeiro: ESG, n. 144,
p. 129, 1971.
125
Ibid, p. 131.
126
Ibid, p. 130.
127
COSTA E SILVA apud DEMOCRACIA partidária. Visão, São Paulo:
n. 12, p. 23, 20 jun. 1969.
128
PAULA COUTO, op. cit, p. 127 et. seq.
129
Ibid, p. 130.
130
Ibid, p. 130 et. seq.
131
Ibid, p. 132. O boletim nº 189, de 30 de setembro de 1964 do III Exército
convocava um grupo de trabalho para organizar um Plano de Ação
Psicológica nestes termos.
132
Vide: AÇÃO democrática. Um exemplo de ação psicológica. Segurança
e desenvolvimento. Revista da Adesg. Rio de Janeiro, n. 144, p. 133-6,
1971.
133
Estes dados estão em:
COSTA E SILVA apud DEMOCRACIA partidária. Visão, São Paulo:
n. 12, p. 23, 20 jun. 1969.
GAMA E SILVA apud DEMOCRACIA partidária. Visão, São Paulo:
n. 12, p. 23, 20 jun. 1969. Ministro da Justiça.
134
MÉDICI apud A MARCHA da sucessão. Visão, São Paulo: n. 8, p. 20,
10 out. 1969.
Id apud MÉDICI governo de participação. Visão, São Paulo: n. 9, p.
21, 24 out. 1969.
135
Id, A verdadeira paz. Brasília: Departamento de Imprensa Nacional,
1971.
144
137
Vide depoimento de:
CAMPOS, op. cit, p. 66.
138
Os dados para esta análise foram retirados de:
CAMPOS apud COQUETEL de reformas. Veja, São Paulo: n. 118, p.
19, 09 dez 1970. Roberto Campos foi ministro no governo C. Branco.
SARNEY, J. A velha ordem acabou. Veja, São Paulo: n. 125, p. 4, 27
jan. 1971. Líder da Arena.
PINTO apud A PRESSÃO das palavras. Visão, São Paulo: n. 2, p. 17,
31 jan. 1971. Magalhães Pinto empresário e um dos líderes civis mais
importantes do movimento de 1964.
139
Sobre isto, ver pronunciamento de Mário H. Simonsen, empresário e
por várias vezes ministro durante a ditadura.
SIMONSEN apud UM EVENTO na vida nacional. Visão, São Paulo:
n. 11, p. 21, 06 dez. 1971.
140
BUZAID apud A DEMOCRACIA de voto e veto. Visão, São Paulo: n.
12, p. 17, 19 jun. 1972. Ministro da Justiça no governo Médici.
MÉDICI apud METEOROLOGIA do poder. Veja, São Paulo: n. 201,
p. 22, 12 jun. 1972.
Id apud O ESTADO tutelar. Visão, São Paulo: n. 2, p. 17, 17 jul. 1972.
141
PRADO JÚNIOR, C. Evolução política brasileira: Colônia e império. São
Paulo: Brasiliense, 1987.
FAORO, R. Os donos do poder. Rio de Janeiro: Globo, 1989.
HOLANDA, S. B. de Raízes do Brasil. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1987.
Id, História geral da civilização brasileira. São Paulo: T. 1, v. 2; t. 2, v. 2; t.
2, v. 5. Difel, 1960, 1964, 1972.
142
COSTA E SILVA apud AS NOVAS perspectivas. Visão, São Paulo: n.
1, p. 19, 17 Jan. 1969.
145
144
Ibid, p. 337.
145
Schumpeter argumenta que é necessário restringir “o tipo de
competição pelo voto livre. A justificativa para isso é o fato de a
democracia parecer implicar um método reconhecido pelo qual se
pode conduzir a luta competitiva, e de o método democrático eleitoral
ser praticamente o único disponível a comunidades de qualquer
tamanho.”
Ibid, p. 338
Em termos de acesso para se competir pela liderança política, ele
afirma que a liberdade de todos concorrerem para se chegar a esta
última é o mesmo que dizer que qualquer pessoa é livre para instalar
uma fábrica têxtil.
146
“O princípio da democracia significa, então, meramente que as rédeas
do governo devem ser dadas àqueles que têm mais apoio do que
quaisquer dos indivíduos ou grupos em competição. E isso, por sua
vez, parece garantir a permanência do sistema da maioria dentro da
lógica do método democrático, embora ainda possamos condená-lo
em bases que se situam fora dessa lógica.”
Ibid, p. 340
147
GAMA E SILVA apud DEMOCRACIA partidária. Visão, São Paulo:
n. 12, p. 26, 20 jun. 1969. Ministro da Justiça.
148
STENZEL apud UM LAMENTO político. Visão, São Paulo: n. 6, p.
22, 28 mar. 1969. Clóvis Stenzel era deputado da Arena-RS, ligado à
linha dura.
149
Para o Deputado Ulisses Guimarães do MDB-SP “a democracia (era)
a técnica política dos freios e contrapesos dos poderes que exercitam
146
150
STENZEL, op. cit, p. 22.
151
Ibid.
152
Ibid.
153
Ver depoimentos publicados em:
O CAMINHO do partido dominante. Visão, São Paulo: n. 11, p. 21/
22, 6 jun. 1969.
154
COSTA E SILVA apud DEMOCRACIA partidária. Visão, São Paulo:
n. 12, p. 23, 20 jun. 1969.
155
GAMA E SILVA apud DEMOCRACIA partidária. Visão, São Paulo:
n. 12, p. 26, 20 jun. 1969.
156
O Presidente Costa e Silva afirmava: “o mundo precisa saber que o nosso
Governo não é um Governo militarista. Somos um Governo civilista”.
COSTA E SILVA apud ACORDO transparente. Veja, São Paulo: n. 42,
p. 17, 25 Jun. 1969.
157
Os depoimentos de Gama e Silva, Pedro Aleixo, Carlos Medeiros,
Miguel Reale e Rondon Pacheco sobre esta democracia aristotélica
elitista está em:
ESTADO de direito com uma nova elite de poder? Visão, São Paulo:
n. 4, p. 53/6, 15 ago. 1969.
Os três últimos eram assessores do vice-presidente Pedro Aleixo que
coordenava a reforma constitucional.
158
O Ato Institucional n. 11 convocava eleições municipais em vários
estados, ou seja, em 870 municípios.
159
O Ato Institucional nº 12, de agosto de 1969, estabelecia que os
ministros militares (Augusto Rademaker, Lyra Tavares e Márcio de
Souza e Melo) passavam a acumular as funções do presidente da
República por ocasião da doença do Presidente Costa e Silva. O
referido Ato reafirmava o AI-5 e os atos constitucionais em vigência.
147
161
Ibid.
162
MEDICE apud A MARCHA de uma sucessão. Visão, São Paulo: n. 8,
p. 20, 10 out. 1969.
163
PASSARINHO,J. Eu não me escolheria para vice-presidente. Veja, São
Paulo: n. 58, p. 3/5, 15 out. 1969.
164
LIMA apud MEDICE e o governo de participação. Visão, São Paulo:
n. 9, p. 21, 24 out. 1969.
165
MEDICE apud MEDICE e o governo de participação. Visão, São Paulo:
n. 9, p. 22, 24 Out. 1969.
Id, apud As primeiras opções do presidente. Visão, São Paulo: n. 10,
p. 19, 07 nov. 1969. Neste último depoimento, Médici afirmava que
deixaria o seu mandato com a democracia definitivamente instaurada.
166
DOWNS, A. Teoría económica de la democracia. Madrid: Aguilar, 1961.
RIKER, W. H. The theory of political coalitions. New Haven, Conn, Yale
University Press, 1962.
Id, e ORDESHOOK, P. C. A theory of the calculus of voting. American
Political Science Review, n. 62, p. 25 -42, 1968.
167
Brian Barry faz uma ampla discussão sobre estas teorias de Olson,
Downs e Riker. Ver:
BARRY, B. Los sociólogos, los economistas y la democracia. Buenos Aires:
Amorrortu, 1970.
168
ALMOND, G. e VERBA, S. The civic culture: political attitudes and
democracy in five nations. Princeton: University Press, 1963.
ECKSTEIN, H. Division and cohesion in democracy. Princeton University
Press, 1966.
LIPSET, S. M. O homem político. Rio de Janeiro: Zahar, 1967.
BERELSON, B. R; LAZARSFELD, P. F; MACPHEE, W .N. Voting.
University of Chicago Press, 1954.
DAHL, R. Um prefácio à teoria democrática. Rio de Janeiro: Zahar, 1989.
Id, Modern political analysis. New Jersey, Prentice Hall, 1963.
SARTORI, G. Teoria democrática. Lisboa: Fundo de cultura, 1965.
148
170
COUTO E SILVA, G. Conjuntura política nacional, o poder executivo &
geopolítica do Brasil. Rio de Janeiro, J. Olympio, 1981.
ESCOLA Superior de Guerra. Manual básico da Escola Superior de
Guerra. Estado-Maior das Forças Armadas - Escola Superior de
Guerra, Departamento de Estudos, 1976. Seção III, p. 355-371.
171
Olson afirma que nem todos os interesses compartilhados existentes
numa sociedade conseguem se constituir como grupos de pressão.
OLSON, M. The logic of collective action: public goods and the theory of
groups. Havard University Press, 1965.
172
Conforme depoimentos de alguns militares em:
OS LIMITES da oposição. Visão, São Paulo: n. 11, p. 21/22, 21 nov. 1969.
173
VELLOSO apud DE UM ANTIGO debate, uma nova fórmula. Visão,
São Paulo: n. 11, p. 24, 21 nov. 1969.
174
MÉDICI, E. G. A verdadeira paz. Brasília: Departamento de Imprensa
Nacional, 1971. p. 166.
175
CAMPOS apud O Estado de S.Paulo. São Paulo: p. 05, 17 maio 1970.
176
VELLOSO apud A RESPOSTA do ministro. Veja, São Paulo: n. 72, p.
20, 21 jan. 1970.
177
Sobre o “milagre econômico” há uma extensa bibliografia, ver,
principalmente:
SINGER, P. As contradições do “milagre”. In KRISCHKE,P. Brasil: do
“milagre” à “abertura”. São Paulo: Cortez, 1982.
MENDONÇA, S. R. de. Estado e economia no Brasil. Rio de Janeiro:
Graal, 1986.
149
178
“Creio, em última análise, que a nação brasileira, no pleno exercício
de sua soberania, é capaz de autodeterminar-se politicamente,
imprimindo ao regime democrático, dentro do qual deseja construir
a sua grandeza, os traços que melhor consultam aos interesses do
povo.”
MÉDICI, E. G. A verdadeira Paz. Brasília: Departamento de Imprensa
Nacional, 1971. p. 166.
179
De março de 1964 a janeiro de 1970, o regime militar já tinha editado
95 atos (17 institucionais e 78 constitucionais).
180
Vide depoimentos do Ministro do Planejamento, João Paulo dos Reis
Velloso, publicados na imprensa da época. VELLOSO apud
VELLOSO e seus “grandes impactos”. Veja, São Paulo: n. 71, p. 18/
19, 14 Jan. 1970.
181
CAMPOS apud CONFRONTO revela dilemas políticos. Visão, São
Paulo: n. 3, p. 56 passim, 14 fev. 1970.
182
CAMPOS, op. cit, p. 66.
183
NEVES apud CONFRONTO revela dilemas políticos. Visão, São
Paulo: n. 3, p. 65, 14 fev. 1970.
184
SÁ apud CONFRONTO revela dilemas políticos. Visão, São Paulo: n.
3, p. 73, 14 fev. 1970.
Mem de Sá era Senador da Arena e Ex-Ministro da Justiça de Castello
Branco.
185
A Revista Visão promovia debates nos primeiros anos da década de
70 visando reiterar as perspectivas de uma democracia fincada nestes
pressupostos.Ver:
UMA DÉCADA decisiva à consolidação da democracia no Brasil.
Visão, São Paulo: n. 3, p. 37/52, 14 fev. 1970.
186
MEDICI, E. G. Discurso proferido em 30 Out. 1969. Publicado em:
Brasil 70 – Política e debate. Visão, São Paulo: n. 3, p. 102, 14 fev. 1970.
150
188
Sobre a teoria democrática contemporânea, Ver:
PATEMAN, C. Participação e teoria democrática. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1992.
SARTORI, G. A teoria da democracia revisitada. São Paulo: Àtica, 1994.
189
Tem-se consciência de que há várias perspectivas acerca da questão
da relação entre os indivíduos e as instituições nas inúmeras teorias
da democracia. A teoria participativa, nas suas várias vertentes, não
está sendo utilizada como parâmetro de comparação com os
pressupostos de democracia do regime militar, pois há dificuldade
de se estabelecer proximidades daqueles, mesmo com a teoria elitista.
Sobre a teoria participativa, ver:
BLUMBERG, P. Industrial democracy: the sociology of participation.
Londres: Constable, 1968.
MACPHERSON, C. B. A democracia liberal. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.
PATEMAN, C. Participação e teoria democrática. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1992.
190
ALMOND e VERBA, loc. cit. A participação tem, para Almond e
Verba, um efeito cumulativo, que favorece sempre os indivíduos
melhores colocados na escala social. A cultura política que advém
dessa participação e que garante a estabilidade democrática está,
assim, concentrada nas mãos desses grupos sociais.
191
ECKSTEIN, loc. cit.
PATEMAN, op. cit, p. 22 passim.
192
Inspirado em Schumpeter, Lipset define a democracia da seguinte
forma: “A democracia, numa sociedade complexa, pode-se definir
como um sistema político que fornece oportunidades constitucionais
regulares para a mudança dos funcionários governantes, e um
mecanismo social que permite a uma parte – a maior possível – da
população influir nas principais decisões mediante a sua escolha entre
os contendores para cargos políticos”.
LIPSET, S .M. O homem político. Rio de Janeiro: Zahar, 1967. p. 46.
151
152
202
“Trata-se, então, de ajudar a construir, no Brasil, a sociedade
desenvolvida, democrática, independente e livre, assegurando, assim,
a viabilidade econômica, social e política do país.”
MÉDICI, E. G. Nova consciência de Brasil. Brasília: Departamento de
Imprensa Nacional, 1970. p. 60.
203
“As instituições democráticas não foram assaltadas pelos militares,
mas, de fato, foram sustentadas pelos mesmos, na hora em que os
próprios homens que ocupavam o Poder nacional iniciaram a
destruição dos mais altos valores da nacionalidade. Essa é a verdade
revolucionária que precisa ser compreendida, e de que não aceito e
nem aceitarei contestação”.
Ibid, p. 28.
204
A execução de determinados projetos (política econômica, integração
social e a transamazônica) era mostrada como condutora da
democracia como um fim. No campo político as medidas eram
apresentadas como um meio para se alcançar alguns objetivos que
levariam à democracia.
MÉDICI, E. G. A verdadeira Paz. Brasília: Departamento de Imprensa
Nacional, 1971. p. 176.
Id apud O TRINÔMIO da reabertura. Veja, São Paulo: n. 106, p. 17/
18, 16 set. 1970.
205
Vide depoimentos em: UM ANO de Médici. Veja, São Paulo: n. 113,
p. 14/18, 04 nov. 1970.
206
O Senador do MDB, Oscar Passos, em uma entrevista, fazia uma
análise das possibilidades e dificuldades do estabelecimento da
democracia tendo em vista as eleições de 1970, as quais culminaram
em uma derrota da oposição.
PASSOS, O. O MDB não deve acabar. Veja, São Paulo: n. 116, p. 3/5,
25 nov. 1970. Entrevista.
207
CAMPOS, M. O essencial é votar. Veja, São Paulo: n. 114, p. 3, 11 nov.
1970. Entrevista.
208
MARIZ apud O COQUETEL da reforma. Veja, São Paulo: n. 118, p.
17, 09 dez. 1970.
153
210
CAMPOS apud O COQUETEL de reformas. Veja, São Paulo: n. 118,
p. 19, 09 dez. 1970. No plano político não eram, no entanto, visíveis
estas reconciliações. Pedroso Horta, do MDB, denunciava o
constrangimento de um regime que admitia a existência de um
partido de oposição, mas que não permitia que esse partido fizesse
qualquer manifestação política.
HORTA, O. P. A arena não é um partido. É coro de dizer amém. Veja,
São Paulo: n. 123, p. 3-5, 13 jan. 1971.
211
SARNEY, J. A velha ordem acabou. Veja, São Paulo: n. 125, p. 4, 27
jan. 1971. Entrevista.
212
PINTO apud A PRESSÃO das palavras. Visão, São Paulo: n. 02, p. 17,
31 jan. 1971.
213
LINS, E. Institucionalizar o AI-5. Veja, São Paulo: n. 155, p. 4, 25 ago.
1971. Entrevista.
“Legitimação e institucionalização não são a mesma coisa. Há
exemplos de regimes autoritários que se institucionalizaram, mas que
não pretenderam se legitimar através de mecanismos democráticos.
Por sua vez, a institucionalização – a elaboração e implementação de
processos e instituições coerentes que permitam ao regime autoritário
funcionar sem crises contínuas – não é condição necessária para que
um regime dure. No Brasil, o regime não estava institucionalizado e,
não obstante, foi durando. No início da década de 70, após vários
anos de poder militar, começou-se a falar seriamente em
institucionalizar o regime. Em verdade, algumas destas iniciativas
partiram de políticos interessados em diminuir a arbitrariedade do
sistema. No pensamento deles, um regime com regras autoritárias
seria preferível a um completamente arbitrário.”
SOARES, G. A .D; D’ARAÚJO, M. C; CASTRO, C.(orgs). A volta aos
quartéis: a memória militar sobre a abertura. Rio de Janeiro: Relume
Dumará, 1995. p. 25.
214
SOUTO MALAN apud LINS, op. cit, p. 5.
215
FERNANDES, H .R. Vicissitudes da democracia reinventada. Folha
de S.Paulo, São Paulo: 13 set. 1984. C.1, p. 3.
154
217
O Presidente da Câmara, Ernesto Pereira Lopes, nomeado pelo
Presidente Médici, insistia em que o regime militar estava empenhado
na normalização democrática, mas o AI-5 deveria permanecer
intocado. Este era, inclusive, o caminho escolhido para solidificar
uma democracia que deveria garantir liberdades compatíveis com
os ideais do movimento de março de 1964. Atingir a plenitude
democrática significava, para ele, fortalecer o legislativo para que
este apoiasse incondicionalmente as medidas do executivo para que
pudéssemos alcançar o desenvolvimento que traria “fatalmente essa
democracia” que o regime estava buscando.
LOPES, E. P. O AI-5 deve ficar onde está. Veja, São Paulo: n. 170, p. 3/
5, 08 dez. 1971.
218
Felinto Müller, um dos mais importantes políticos da Arena, nos
tempos de Médici, afirmava que a revogação do AI-5 era algo
secundário. O fundamental era criar confiança interna. Assim o ato
morreria de inanição. Argumentava ainda que não tinha havido uma
só punição no governo Médici por motivos políticos. (Afirmações
desta natureza escamoteavam a ampla perseguição e repressão
política daquele momento).
MULLER apud O SENADOR da república. Veja, São Paulo: n. 186, p.
30, 29 mar. 1972.
219
SIMONSEN apud UM EVENTO na vida nacional. Visão, São Paulo:
n. 11, p. 21, 06 dez. 1971.
220
VELLOSO apud O RECADO dos ministros. Visão, São Paulo: n. 2, p.
17, 31 jan. 1972.
221
CAVALCANTI apud O RECADO dos ministros. Visão, São Paulo: n.
2, p. 17, 31 jan. 1972. Costa Cavalcanti era ministro do interior.
222
Ressalte-se que as discussões em torno da democracia davam-se no
interior do grupo de poder e da oposição consentida. A oposição não
reconhecida pelo regime estava, nesse momento, sofrendo a mais
violenta repressão política. Destaque-se que esta última estava
155
223
MEDICE apud METEOROLOGIA do poder. Veja, São Paulo: n. 201,
p. 22, 12 jul. 1972.
224
Id apud O ESTADO tutelar. Visão, São Paulo: n. 02, p. 17, 17 jul. 1972.
225
Ibid, p. 18
156
Capítulo III
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
157
158
159
160
161
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186
187
188
189
190
191
192
193
2
Há uma enorme bibliografia sobre a distensão política; ver, dentre outros:
LAMOUNIER, B. e FARIA, E. O futuro da abertura: um debate. São Paulo:
Cortez, 1981.
Id, Apontamentos sobre a questão democrática. In Como renascem as
democracias. São Paulo: Brasiliense, 1985.
SKIDMORE, T. Brasil: de Castello a Tancredo. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1989.
TRINDADE, H. Brasil em Perspectiva: dilemas da abertura política. Porto
Alegre: Sulina, 1982.
CARDOSO, F. H. Autoritarismo e democratização. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1975.
Id, A construção da democracia. São Paulo: Siciliano, 1993.
KUSINSKI, B. Abertura, a história de uma crise. São Paulo: Brasil
Debates, 1982.
O’DONNELL, G.(org) Transições do regime autoritário. São Paulo:
Vértice, 1988.
Id e SCHIMITTER, P. Transições do regime autoritário. São Paulo: Vértice,
1988.
STEPAN, A. (org) Democratizando o Brasil. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1988.
194
4
Sobre estes movimentos há uma extensa bibliografia. Ver,
principalmente:
GOHN, M. G. A força da periferia. Petrópolis: Vozes, 1985.
STEPAN, A. (org) Democratizando o Brasil. Parte III. Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 1988.
CARDOSO, R. Movimentos sociais urbanos: balanço crítico. In SORJ,
B. e ALMEIDA, M. H. T. de. (orgs) Sociedade e política no Brasil pós-64.
São Paulo: Brasiliense, 1983.
GARCIA, M. A. São Bernardo: a (auto) construção de um movimento
operário. Desvios, São Paulo: n. 01, 1982.
HUMPHREY, J. Operários da indústria automobilística no Brasil:
novas tendências no movimento trabalhista. Estudos Cebrap, São Paulo:
n. 23, 1979.
5
Na atualidade há críticas sobre a superestimação dos movimentos
sociais como vanguarda da democratização do Estado. Ver:
CUNHA, F. S. Movimentos sociais urbanos e a redemocratização.
Novos Estudos, São Paulo: Cebrap, n. 35, p. 133-143, mar. 1993. Não é
possível, no âmbito deste trabalho, fazer uma análise das diversas
abordagens, percepções, etc., sobre os movimentos sociais. Sobre elas,
ver: PAOLI, op. cit, p. 110 et seq.; COSTA, S. Esfera pública,
redescoberta da sociedade civil e movimentos sociais no Brasil: uma
abordagem tentativa. Novos Estudos, São Paulo: Cebrap, n. 38, p. 38-
52, mar. 1994.
6
As ciências sociais se debateram em torno destas questões; vide, dentre
outros:
PÉCAUT, D. Os intelectuais e a política no Brasil. São Paulo: Ática, 1990.
MOISÉS, J. A. e ALBUQUERQUE, J. A. G. Dilemas da consolidação da
democracia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989.
CARDOSO, F. H. Democracia para mudar. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1978.
COUTINHO, C. N. A democracia como valor universal. Rio de Janeiro:
Salamandra, 1980.
7
EMPRESÁRIOS debatem reivindicações. Indústria e desenvolvimento.
São Paulo: 7(9): 34-5, set. 1974.
Com relação à crescente estatização, a Associação de Dirigentes de
195
8
Vide posição dos representantes do grande capital sobre a necessidade
de serem ouvidos pelo governo e de manutenção do AI-5, em: PND
indústria faz sugestão ao governo. Indústria e desenvolvimento. São
Paulo: 7(12): 36, dez. 1974.
9
LINS apud GEISEL, candidato e presidente. Visão, São Paulo: n. 1, p.
20, 09 jul. 1973. Ulisses Guimarães afirmava: “Acreditamos ser
impossível conciliar o regime democrático com instrumentos
autocráticos. O AI-5 anula a constituição, mesmo essa (...) que temos
aqui. Portanto, não há o que melhorar nele. Ter um governo
semidemocrático? Híbrido? Espúrio?”
GUIMARÃES, U. Eu sou o anticandidato. Veja, São Paulo: n. 262, p.
4-5, 12 set. 1973.
10
COUTO E SILVA, G. (Gal) Conjuntura política nacional – o poder
executivo. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1981.
ALBUQUERQUE LIMA (Gal) apud QUARENTA minutos na Arena.
Veja, São Paulo: n. 259, p. 20, 22 ago. 1973. Documento enviado para o
Gal. Geisel.
11
CHAVES apud O ESTADO de direito em festa. Visão, São Paulo: n.
09, p. 21, 10 set. 1973.
12
Id, O político da revolução. Veja, São Paulo: n. 265, p. 3-5, 03 de out.
1973. Entrevista.
196
14
FERNANDES, F. Que tipo de república? São Paulo: Brasiliense, 1986.
Id, A revolução burguesa no Brasil. Rio de Janeiro: Zahar, 1975. p. 212 et
seq.
15
PÉCAUT, D. Os intelectuais e a política no Brasil. São Paulo: Àtica, 1990.
p. 193.
16
A diferença entre liberalização e democratização foi amplamente
discutida nas ciências sociais. Luciano Martins criticava a utilização
da expressão transição democrática “como forma de designar o
processo que se inicia a partir da liquidação de um regime autoritário.
A impropriedade dessa expressão advém do fato de a preposição que
liga seus dois termos introduzir, como algo dado, um complemento
terminativo (democracia) que cabe ainda verificar”.
MARTINS, L. Ação política e governabilidade na transição brasileira.
In MOISÉS,J. A. e ALBUQUERQUE, J. A. G. (orgs). Dilemas da
consolidação da democracia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989. p. 225.
Ver, ainda: STEPAN, A. Os militares: da abertura à nova república. Rio
de Janeiro: Paz e Terra, 1986.
17
CARDOSO apud Jornal Opinião, São Paulo: 26 ago. 1974.
18
GEISEL apud GEISEL entre os políticos. Veja, São Paulo: n. 263, p. 23,
19 set. 1973.
19
Castello Branco afirmava que o objetivo do movimento de 64 era:
“Restaurar a legalidade, revigorar a democracia, restabelecer a paz e
promover o progresso e a justiça social.” Costa e Silva destacava que
“o exercício da democracia é um dos postulados do meu governo”.
Médici dizia que ao término de seu governo esperava “deixar
definitivamente instaurada a democracia em nosso país.”
CASTELLO BRANCO, COSTA E SILVA, MÉDICI apud A HORA dos
políticos. Visão, São Paulo: n. 8, p. 27, 24 set. 1973.
197
22
“Assim, como ignorar que foi porque a partir de 1964 o Brasil paralisou
seu desenvolvimento político – em realidade, retrocedeu nesse plano
enquanto sua sociedade crescia e se fazia mais complexa”.
FURTADO, C. Brasil – A construção interrompida. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1992. p. 75.
23
Vide diversos depoimentos de representantes empresariais em:
O FRÁGIL poder dos empresários. Visão, São Paulo: n. 11, p. 51/58,
12 nov. 1973.
24
Médici afirmava em dezembro de 1973: “Vejo quase de volta à
normalidade, um Brasil diferente: sua imagem no exterior quase volta
à normalidade”. MÉDICI apud Quatro anos sem prontidão. Veja, São
Paulo: n. 275, p. 19, 12 dez 1973.
25
SADER, E. e SANDRONI, P. Lutas operárias e táticas da burguesia.
Cadernos Puc, São Paulo: n. 7, Educ/Cortez, Maio 1981. p. 18.
198
27
Sobre a economia brasileira pós-1973, ver:
OLIVEIRA, F. de. A economia da dependência imperfeita. Cap.03 e 04.
Rio de Janeiro: Graal, 1980.
MANTEGA, G e MORAES, M. Acumulação monopolista e crises no Brasil.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
MENDONÇA, S. R. Estado e economia no Brasil. Rio de Janeiro: Graal,
1986.
SUAREZ, M. A, Petroquímica e tecnoburocracia: capítulos do
desenvolvimento capitalista no Brasil. São Paulo, Hucitec, 1986.
28
BARDELLA, COSTA SANTOS, GERDAU JOHANNPETER,
VELINHO, GEYER, AZEREDO SANTOS apud AS EXPECTATIVAS
dos empresários. Visão, São Paulo: n. 6, p. 39/49, 25 mar. 1974. Cláudio
Bardella – Industrial do setor de bens de capital; Manoel da Costa
Santos – Presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e
Eletrônica; Jorge Gerdau Johannpeter, industrial do setor de siderurgias;
Paulo Velinho – Presidente da Federação das indústrias do Estado do
Rio Grande do Sul; Jorge Franke Geyer – Presidente da Confederação
Nacional dos Clubes de Diretores Lojistas; Theóphilo de Azeredo Santos
– Presidente do Sindicato de Bancos do Estado da Guanabara.
29
AS EXPECTATIVAS dos empresários. Visão, São Paulo: n. 06, p. 39, 25
mar. 1974.
30
Sobre a luta estabelecida pelas várias frações do capital a partir de
1973, ver:
MANTEGA, G. e MORAES, M. Acumulação monopolista e crises no
Brasil. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979. O papel dos grupos
empresariais locais enquanto força autônoma na sociedade, bem como
sua atuação política foram trabalhadas por: DINIZ, E e BOSCHI, R.R.
Empresariado nacional e Estado no Brasil. Rio de Janeiro: Forense-
Universitária, 1978. p. 108
199
32
REIS VELLOSO, J .P. Como manter o crescimento acelerado. Tendência,
São Paulo: n. 14, p. 28/29, nov. 1974. Ministro do Planejamento.
33
Vide depoimentos de membros do governo em:SÁ apud UMA
DECLARAÇÃO de intenções. Visão, São Paulo: n. 6, p. 19-21, 23 set.
1974.
PND: a opção foi boa, faltam alternativas. Visão, São Paulo: n. 04, p.
65-70, 07 out. 1974.
34
Destaque-se que alguns representantes do capital industrial
defendiam ferrenhamente o regime autoritário em 1977. Robert
Schoueri, do Sindicato de Fiação e Tecelagem do estado de São Paulo:
diretor do CIESP e membro da diretoria da FIESP, afirmava: “Neste
momento ( em que) tanto se fala e pouco se realiza, num momento
em que de fato temos de preservar essa Revolução e que vem sendo,
desde há muitos anos, medida também pelas forças da produção, e
pela nossa casa.”
SCHOUERI, R. Permanência presidencial. Relatório das diretorias, exercício
de 1977. São Paulo: FIESP-CIESP, 1978. p. 35.
35
“Não há Estado que não se defenda. O problema é como ele se
defende. Aqui, o Estado se defende praticando o arbítrio. O regime é
democrático ou não na medida em que coíbe o arbítrio do Estado. A
ninguém maduro pode ocorrer que o Estado não se defenda, mas a
ninguém decente pode ocorrer que o Estado seqüestre”.
CARDOSO, F. H. O incerto caminho até a democracia. Visão, São
Paulo: n. 06, p. 13, 24 mar. 1975.
36
DE NIGRIS, T. Permanência presidencial. Relatório das diretorias: 1977.
São Paulo: FIESP/CIESP, 1978. p. 49-50.
37
“O que as eleições de 1974 mostraram é a existência de uma opinião
200
38
PORTELLA apud QUATRO anos de governo sem uma crise. Veja,
São Paulo: n. 279, p. 23, 09 jan. 1974.
39
Sobre as eleições de 1974, vide:
CARDOSO, F. H. e LAMOUNIER, B. (orgs) Os partidos e as eleições no
Brasil. Rio de Janeiro: São Paulo: Paz e Terra, Cebrap, 1978.
LAMOUNIER, B. Authoritarian Brazil revisitado: o impacto das
eleições na política brasileira – 1974/1982. Dados, Rio de Janeiro: v.29,
n. 3, p. 283-318, 1986.
Id, (org) Voto de desconfiança: eleições e mudança política no Brasil 1970/
1979. Petropólis, Vozes, 1980.
40
Sobre as punições através dos Atos institucionais no período de 1964
a 1974, ver:
KLEIN, L. e FIGUEIREDO, M. Legitimidade e coação no Brasil após-1964.
Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1978.
41
“De certo modo há uma ambigüidade no regime atual. Uma
ambigüidade que se transferiu de Castello Branco para Costa e Silva,
deste para Garrastazzu Médici e para Ernesto Geisel, que é a de um
regime puramente autoritário com uma pretensão liberal-democrática.
Ele inclui como promessa permanente o restabelecimento da
democracia, mas não dá espaço para a política, não dá espaço para
uma classe política liberal.”
WEFFORT, F. Por um novo pacto social. Veja, São Paulo: n. 460, p. 4,
29 jun. 1977. Entrevista.
42
QUATRO anos de governo sem crise. Veja, São Paulo: n. 279, p. 24, 09
jan. 1974.
43
Geisel afirmava que não governaria acima do sistema militar, mas
sim como expressão máxima da vontade revolucionária.
201
47
Há inúmeros trabalhos sobre esse processo; ver, principalmente:
O’DONNEL, G. e SCHMITTER, P. Transições do regime autoritário. Rio
de Janeiro: Vértice, 1988. p. 27.
Id, Id e WHITEHEAD, L. (orgs) Transições do regime autoritário. Rio de
Janeiro: Vértice, 1988.
Id, Id e Id, (orgs) Transições do regime autoritário:comparações e
perspectivas. Rio de Janeiro: Vértice, 1988.
48
Chefe do Estado Maior das Forças Armadas.
49
MALAN apud OS SINAIS de desengajamento. Visão, São Paulo: n.
02, p. 17, 22 jun. 1974.
50
“Hoje em dia, quase todos concordam que a política de distensão
teve origem nos próprios meios militares, visando primeiramente,
senão de modo exclusivo, controlar uma facção minoritária da
`linha dura’ dentro das Forças Armadas. De início integrada por
conservadores intransigentes do ponto de vista ideológico, a
202
51
MALAN, loc. cit.
52
GEISEL apud O PROCESSO da abertura: as intenções e os limites.
Visão, São Paulo: n. 06, p. 19/20, 09 set. 1974.
53
Observe-se que os movimentos populares se desenvolveram,
basicamente, a partir de 1974. O Movimento do Custo de Vida, cuja
organização foi pioneira, era ainda muito incipiente antes do final de
1974. A partir de 1975 assistiu-se ao seu florescimento.
EVERS, op. cit, p. 73/98.
54
GEISEL apud O PROCESSO da abertura: as intenções e os limites.
Visão, São Paulo: n. 06, p. 20, 09 set. 1974.
55
Ibid.
56
“Palavras jamais significam a mesma coisa quando usadas por
diferentes grupos, (...) leves variações de sentido nos fornecem as
melhores pistas para as diferentes tendências de pensamento (...).”
MANNHEIM, K. Conservative thought. In Essays on sociology and social
psychology. Londres: Routledge and Kegan Paul Ltd, 1959. p. 74-119.
57
GEISEL apud UM DISCURSO para ser lido. Veja, São Paulo: n. 313, p.
20, 4 set. 1974.
58
Ibid, p. 20
59
O governo repreendia, naquele momento, as próprias discussões
203
61
Conforme depoimentos de componentes do grupo de poder em:
O FRÁGIL coração do Congresso. Visão, São Paulo: n. 08, p. 18/28, 04
nov. 1974.
OS RESULTADOS antes das eleições. Visão, São Paulo: n. 10, p. 20/1,
18 nov. 1974.
62
Nos anos 70, as análises acerca do comportamento eleitoral de Bolivar
Lamounier, dos partidos e da representação política de F.H.Cardoso,
dentre outros, traziam para o centro das discussões as questões
atinentes ao processo de mudança que lentamente emergia na
sociedade brasileira no período denominado de distensão política. O
artigo Comportamento eleitoral em São Paulo: passado e presente, de 1974,
escrito por Bolivar Lamounier, trazia elementos significativos para o
debate sobre o processo político brasileiro naquele momento. Assistia-
se, através de artigos desta natureza, a sedimentação de uma concepção
que ressaltava o espaço institucional como fundamentalmente
importante no processo de transição para a democracia. “É evidente
que o governo Geisel introduziu importantes alterações no processo
político brasileiro. Embora o processo de distensão, além de gradual,
esteja sujeito a idas e vindas, pelo menos se deu início a uma etapa
em que o desenvolvimento das instituições políticas deixa de ser tabu
e passa a figurar entre as prioridades”.
LAMOUNIER, B. Comportamento eleitoral em São Paulo: passado e
presente. In Os partidos e as eleições no Brasil. Rio de Janeiro: São Paulo:
Paz e Terra, Cebrap, 1978. p. 43.
63
Após as eleições de 1974, “embora permanecendo como minoria no
Congresso, o MDB possuía 44% da representação na Câmara dos
Deputados e 30% no Senado”.
KINZO, M. D. G. Oposição e autoritarismo: gênese e trajetória do MBD.
São Paulo: Vértice, Idesp, 1988. p. 162.
204
69
Após as eleições de 1974, iniciaram-se as pressões de familiares de
desaparecidos políticos para que o MDB abrisse uma CPI para apurar
as responsabilidades. O regime reagiu imediatamente dizendo que
estas eram contrapressões que ameaçavam a distensão lenta, gradual
e segura. As posições do MDB, do governo e da Arena estão em:
OS CAMINHOS para o avanço da distensão política. Visão, São Paulo:
n. 4, p. 16/7, 24 fev. 1975.
70
É sumamente importante destacar que em 1975 a distensão convivia
com as organizações de torturas (DOI-CODI, por exemplo) que ainda
faziam inúmeros mortos e desaparecidos. As mortes de Vladimir
Herzog (jornalista) e de Manuel Fiel Filho (operário) trouxeram à tona
as impossibilidades de uma distensão que não garantia sequer os
direitos humanos básicos. Sobre o caso Herzog, ver:
JORDÃO, F. Dossiê Herzog. São Paulo: Global, 1980.
ALMEIDA FILHO, H. A sangue quente: a morte do jornalista Vladimir
Herzog. São Paulo: Alfa-ômega, 1978.
MARKUN, P. Velado retrato da morte de um homem e de uma época. São
Paulo: Brasiliense, 1985.
Sobre o caso de Manoel Fiel Filho, ver: LUPPI, C. A. Manoel Fiel Filho:
quem vai pagar por este crime? São Paulo: Escrita, 1980.
71
GEISEL apud A COERÊNCIA das palavras e a permanência dos atos.
Visão, São Paulo: n. 01, p. 15, 13 jan. 1975.
72
Id, Discursos. Brasília: Assessoria de Imprensa da Presidência da
República, 1976. V.2, p. 139.
205
74
GOMES, S. Gato e Fabiano. Folha de S.Paulo, São Paulo: 23 maio 1982.
C.1, p. 6.
75
SKIDMORE, T. Brasil: de Castello a Tancredo. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1988. p. 343 et seq.
76
José Mindlin era um dos poucos empresários que defendiam a
abertura política de forma mais ampla; para ele não havia sentido ter
medo da distensão que se iniciava. “É inaceitável o argumento de
que a abertura política prejudica os negócios. Não me seduz em
absoluto a idéia de negócios que somente sejam viáveis não havendo
distensão. Muito pior que a situação econômica é a social, amplamente
necessitada e suscetível de melhora, não só na distribuição de renda
como em relação a todos os fatores básicos da vida:saúde, educação,
habitação, etc..”
MINDLIN apud AS REAÇÕES dos empresários. Veja, São Paulo: n.
359, p. 81/2, 23 jul. 1975.
77
ALCÂNTARA MACHADO e ALVES DA COSTA apud AS REAÇÕES
dos empresários. Veja, São Paulo: n. 359, p. 81, 23 jul. 1975.
206
79
O jornalista Fernando Pedreira, em 23 de abril de 1972, publicou um
artigo em O Estado de S. Paulo sobre a democracia de bom
comportamento.
80
GONDIN apud AS REAÇÕES dos empresários. Veja, São Paulo: n.
359, p. 82, 23 jul. 1975. Domício Gondin era Senador da Arena e
empresário.
81
CHITTI apud AS REAÇÕES dos empresários. Veja, São Paulo: n. 359,
23 jul. 1975.
82
Cláudio Bardella, presidente da Associação Brasileira das Indústrias
de Base afirmava que era preciso “reconhecer as falhas da iniciativa
privada. Ela não tem força política porque não tem poder de
aglutinação.”
BARDELLA apud A RESPONSABILIDADE do setor privado. Visão,
São Paulo: n. 10, p. 58, 26 maio 1975.
83
Cresciam os questionamentos da empresa privada sobre a atuação
das empresas estatais, bem como de sua tecnoburocracia. Vide
depoimentos em: AS FORÇAS ocultas da estatização. Visão, São Paulo:
n. 10, p. 52/62, 26 maio 1975.
84
MEDEIROS apud AS REAÇÕES dos empresários. Veja, São Paulo: n.
359, p. 82, 23 jul. 1975. Luís Américo Medeiros era presidente do
Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem de São Paulo.
85
VIDIGAL FILHO apud AS REAÇÕES dos empresários. Veja, São
Paulo: n. 359, p. 82, 23 jul. 1975. Vidigal Filho era presidente do
Sindicato Nacional da Indústria de Peças para Automóveis e Similares.
86
OLIVEIRA apud DEBATE: 30 anos depois. Folha S.Paulo, São Paulo:
27 mar. 1994. C.B, p. 6. Especial.
87
GEISEL apud A COERÊNCIA das palavras e a permanência dos atos.
Visão, São Paulo: n. 1, p. 16, 13 jan. 1975.
88
Naquele ano o presidente da Câmara, Célio Borja, aceitou
207
89
Thales Ramalho, secretário geral do MDB, afirmava: “Se o presidente
Geisel estiver realmente empenhado em conduzir o país para a
legalidade democrática, como parece estar, e houver tentativa golpista
para impedi-lo, da esquerda ou da direita, ninguém tenha dúvida de
que o MDB estará ao seu lado.”
RAMALHO apud A ESPERANÇA dos políticos e o plano do palácio.
Visão, São Paulo: n,5, p. 15, 10 mar. 1975
90
Magalhães Pinto, da Arena, afirmava que o presidente Geisel vinha
“crescendo cada vez mais no meio político, pela firmeza e pela
austeridade de suas atitudes”.
MAGALHÃES PINTO apud A ESPERANÇA dos políticos e o plano
do palácio. Visão, São Paulo: n. 5, p. 15, 10 mar. 1975.
91
GEISEL apud O CONGRESSO cautelosamente corajoso. Visão, São
Paulo: n. 6, p. 8, 24 mar. 1975.
92
Em 1975, o governo e a Arena defendiam o estabelecimento de uma
nova Constituição pelo executivo, mantendo, porém, o AI-5 intacto.
93
GUIMARÃES,U. O Congresso cautelosamente corajoso. Visão, São
Paulo: n. 6, p. 9, 24 mar. 1975. Ulisses Guimarães afirmava, nesta
entrevista, que a democracia era uma técnica de controle.
94
MAGALHÃES PINTO, op. cit, p. 10.
95
Ibid, p. 10.
96
“Há de fato, um processo inicial de afrouxamento que não pode ser
explicado sem se levar em conta a história do grupo que foi para o
poder. Mas essa história não é aval suficiente para garantir o avanço
do processo, é uma caução fraca para a gente poder imaginar o que
208
99
PASSARINHO apud A DISTENSÃO mais lenta e nem tão segura.
Visão, São Paulo: n. 8, p. 16, 28 abr. 1975
100
Há inúmeros pronunciamentos dos empresários do setor da indústria
de base sobre a condução da política econômica e do processo de
distensão, naquele período. Ver, principalmente:
VILLARES, BARDELLA, KOK, COSTA SANTOS apud EM JOGO, o
futuro da indústria de base. Visão, São Paulo, n. 12, p. 51/60, 23 jun.
1975. Eimar Kok era presidente do Sindicato da Indústria de Máquinas
do Estado de São Paulo. Manuel da Costa Santos era presidente da
ABIEE, Carlos Villares era vice-presidente da ABDID e Claúdio
Bardella presidente.
101
Os empresários da indústria de base,(a qual é formada pelos seguintes
setores: indústria de bens de capital, siderurgia e metalurgia, química
e bens intermediários não-metálicos) em documento enviado para o
Ministério do Planejamento, em meados de 1975, deixavam evidente
suas apreensões quanto à política econômica em curso, e se diziam
interessados em assumir um papel mais ativo nas decisões que
correspondiam aos seus interesses diretos. As dissensões no interior
do grupo de poder eram crescentes. A tecnoburocracia era tida como
aquela que distorcia as medidas da cúpula governamental. “Não
obstante, paralela e paradoxalmente, somos freqüentemente
surpreendidos por medidas, atos e fatos que contrariam frontalmente
aquela política da cúpula governamental”.
VILLARES, apud EM JOGO, o futuro da indústria de base. Visão,
São Paulo: n. 12, p. 52, 23 jun. 1975.
209
210
113
GEISEL apud CHAMADA geral ao combate. Veja, São Paulo: n. 418,
p. 100, 08 set. 1976.
114
O consenso e a conciliação eram bem aceitos pela oposição (MDB).
Vide as posições de Tancredo Neves e Franco Montoro, dentre outros.
MONTORO apud DISTENSÃO, diálogo, democracia. Veja, São Paulo:
n. 394, p. 21, 24 mar. 1976.
115
FALCÃO apud DISTENSÃO, diálogo, democracia. Veja, São Paulo:
n. 394, p. 21, 24 mar. 1976.
116
“(...) de 1976 e 1977 em diante os trabalhadores iniciaram a passagem
da luta meramente defensiva para a luta ofensiva. (...) Essa alteração
211
122
Há depoimentos neste sentido em:
OS NOVOS tempos na política. Veja, São Paulo: n. 396, p. 20/27, 07
abr. 1976.
123
PORTELLA, P. Vivemos uma etapa decisiva. Veja, São Paulo: n. 402,
p. 4, 19 maio 1976. Entrevista.
124
Ibid, p. 6.
125
Modernizava-se, no interior dos defensores do regime militar, (como
por exemplo, alguns intelectuais e militares) a idéia do controle forte
sobre a sociedade. Em 1976, diante das reivindicações pela eliminação
do AI-5, cresciam as sugestões ao governo no sentido de criar um
conselho de segurança e/ou emergência, “composto por
personalidades nacionais, capaz de dar ao presidente, em caso de
necessidade, os poderes de emergência”.
GUDIN apud O VELHO mestre. Veja, São Paulo: n. 411, p. 101, 21 jul.
1976. E.Gudin era economista.
MACEDO SOARES(Alm) apud ARRISCAMO-NOS a criar uma
nação de amorfos. Veja, São Paulo: n. 410, p. 22, 14 Jul. 1976.
212
127
Os indicadores econômicos, em 1976, apontavam para o agravamento
da crise econômica que se intensificaria nos anos subseqüentes. A
balança comercial era enormemente deficitária, a dívida externa
crescia de forma considerável, havia dificuldade de consolidar uma
das metas do II PND que era o fortalecimento do setor de bens de
capital, a inflação aumentava significativamente, o custo de vida se
acelerava, etc..
128
Em agosto de 1976 ocorreram 06 cassações de membros da Arena
pelo AI-5 sob a acusação de corrupção. O deputado Ney Lopes de
Souza pode ser citado como exemplo. As cassações eram utilizadas,
pelo próprio partido, para mostrar a Arena como confiável e viável
nas próximas eleições.
129
Ulisses Guimarães insistia em que os problemas para o processo de
distensão cresceriam se os movimentos reivindicatórios dos setores
que se organizavam no interior da sociedade civil não obtivessem a
devida atenção. Eles tinham que ser identificados e, se as
reivindicações fossem justas, era preciso estabelecer um diálogo com
os mesmos. Somente assim se estaria caminhando no sentido da
democracia, segundo o líder da oposição.
GUIMARÃES, U. O sentido das eleições. Veja, São Paulo: n. 415, p.
26, 18 ago. 1976.
130
Nas eleições de 1976 foram escolhidos os prefeitos de 3.789
municípios. Nos demais (capitais, áreas de segurança nacional, etc.)
só ocorreram eleições para a câmara de vereadores. Os prefeitos foram
nomeados pelo regime militar.
131
PEREIRA, op. cit, p. 26.
132
GEISEL apud NAS URNAS começa o debate. Veja, São Paulo: n. 428,
p. 20, 17 nov. 1976.
133
Sobre as eleições de 1976, ver:
REIS, F. W. (org) Os partidos e o regime. São Paulo: Símbolo, 1978.
LAMOUNIER, B. (org) Voto de desconfiança: eleições e mudança política
no Brasil-1970-1979. Petropólis: Vozes, 1980.
134
As ações terroristas se intensificaram no mês de agosto de 1976 com
as bombas na ABI e na OAB.
213
136
CAMPOS apud PEREIRA, F. O governo é ainda obra de cultura.
Política: Revista da Fundação Milton Campos. Brasília: n. 1, jul/set.
1976. Francelino Pereira era presidente da Arena.
137
Milton Campos se referia à educação como uma técnica de ação
pública. Ibid, p. 3.
138
MACIEL, M. A universidade e o aperfeiçoamento democrático. In
Política: Revista da Fundação Milton Campos. Brasília: n. 4, p. 12,
abr. jun. 1977.
139
Ibid.
140
Ibid, p. 13.
141
Um dos colaboradores da Revista Política, a qual era publicada pela
Fundação MIlton Campos, afirmava: “De uma vida tão simples, a
humanidade evoluiu para uma vida complexa e instável, na qual
não será possível ao homem assimilar o acervo de valores posto em
circulação pelos avançados meios de comunicação e pela mobilidade
social”.
GUEDES DA SILVA, A. Fatores que impedem a realização da
democracia. In Política: Revista da Fundação Milton Campos. Brasília:
n. 11, p. 11, jan. mar. 1979.
142
Sobre esta questão, ver:
CUNHA, R. V. da. O homem brasileiro. In A defesa nacional: Revista
de Assuntos militares e Estudos brasileiros. Rio de Janeiro: n. 675, p.
155-174, jan.fev. 1978. Chefe das divisões de Assuntos políticos e
psicossociais da ESG.
143
Ibid, p. 157.
214
145
CUNHA, op. cit, p. 157 et seq.
PAULA COUTO, op. cit, p. 127 et seq.
CORREA, op. cit, p. 3 et seq.
146
CUNHA, op. cit, p. 174.
215
Capítulo IV
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
217
218
219
220
221
222
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237
238
239
240
Notas
1
A discussão sobre a democracia substantiva foi muito bem elaborada
por Mannheim a partir da perspectiva de uma transformação criadora
como um “processo social contínuo de mútua assimilação e adaptação,
visando elaborar uma política comum por meio da discussão, e que
mantenha acima de tudo o amor à liberdade.”
MANNHEIM, K. Liberdade, poder e planificação democrática. São Paulo:
Mestre Jou, 1972. p. 136.
“Democracia não é apenas a forma de organizar o Estado e sua relação
institucional com a sociedade. Democracia é um processo que vai à
raiz das relações sociais. Ela não se esgota, portanto, no plano formal.
241
2
“A democracia, corretamente entendida, implica uma teoria do poder
visando à definição das formas de distribuição e de controle do poder
coletivo, de modo a alcançar o máximo de segurança, eficiência e
liberdade”.
MANNHEIM, op. cit, p. 67.
3
GEISEL apud VOTOS austeros de ano novo. Veja, São Paulo: n. 435,
p. 52, 05 jan. 1977.
4
Despontavam, no ano de 1977, as discussões no interior das Forças
Armadas e, também, de setores civis sobre a sucessão presidencial. O
Presidente recomendava comedimento e fim das especulações sobre
este assunto que, naquele momento, era “de competência da área
militar”. Afirmava, ainda, que “das Forças Armadas não parti(riam)
nem ambições nem reações que venham comprometer o sempre
delicado processo de sucessão presidencial”.
GEISEL, E. Pronunciamento aos oficiais-generais das três armas.
Brasília: 22 dez. 1976 apud A FALA presidencial.
Visão, São Paulo: n. 1, p. 14/5, 10 jan. 1977.
5
Ibid.
6
“É sempre difícil refazer as instituições democráticas quando as
aspirações da sociedade não são percebidas. E não há como captá-las
sem que as instituições públicas apresentem razoáveis condições de
funcionamento. (...) Mas é justamente nesse momento que vale a pena
uma lembrança: o que salvou o capitalismo foi a democracia e nunca
o contrário. O exercício da vida política armou, bem ou mal, uma
forma mais ampla e constante de participação nos frutos do trabalho
comum, pelo aperfeiçoamento da distribuição das rendas”.
GOMES, S. Tempo de mudar. Porto Alegre: Globo, 1977.
7
“Um sistema aberto absorve melhor as tensões do que um sistema
fechado”.
LAFER apud UM DESAFIO para os negócios. Veja, São Paulo: n. 435,
p. 57, 05 jan. 1977.
242
9
A tecnoburocracia cuidava de separar com a precisão possível, os
problemas econômicos e os políticos. Vide: UEKI (Ministro das Minas
e Energia), BULHÕES (Membro do Conselho Monetário Nacional),
DELFIM NETTO (Ex-Ministro da Fazenda), VON DOELLINGER
(Secretaria de Planejamento), SUZIGAN (Secretaria de Planejamento)
apud UM DESAFIO para os negócios. Veja, São Paulo: n. 435, p. 57/
65, 05 jan. 1977
10
“A hora é de união”.
MOREIRA DE SOUZA apud POR um lugar no jogo político. Veja,
São Paulo: n. 439, p. 73, 09 fev. 1977. José Luiz Moreira de Souza era
presidente da ADECIF.
11
Os pronunciamentos do presidente da FIESP, Theobaldo de Nigris,
eram exemplo de uma postura antidemocrática em nome da
democracia.
DE NIGRIS, T. Manifestações e pronunciamentos da presidência.
Relatório das diretorias – 1977. São Paulo, FIESP -CIESP, 1978. p. 66-91.
12
Eli Diniz e Renato Boschi desenvolveram, no final da década de 1970,
uma pesquisa sobre a atuação política dos empresários naquele
momento. Para eles, não havia uma posição ordenada e bem definida
a favor da democratização.
DINIZ, E. e BOSCHI, R. R. Empresário nacional: ideologia e atuação
política nos anos 70. In Empresariado nacional e Estado no Brasil. Rio de
Janeiro: Forense-Universitária, 1978. p. 153-199.
13
Todavia, afirmações como estas não resolviam os impasses no interior
do grupo de poder. Os ministros João Paulo dos Reis Velloso e Mário
Henrique Simonsen demonstravam um certo desapontamento com
as posições assumidas pelos empresários, uma vez que o governo,
segundo eles, estaria, a partir de 1974, preocupado em fortalecer a
empresa nacional.
VELLOSO apud POR um lugar no jogo político. Veja, São Paulo: n.
439, p. 73, 09 fev. 1977.
SIMONSEN apud ATRITOS, atritos – capital à parte. Isto é, São Paulo:
n. 12, p. 8, 16 mar. 1977.
243
16
Alguns empresários, no entanto, mostravam-se apreensivos com os
rumos tomados pelo processo econômico e político. Laerte Setúbal,
diretor da Duratex, dizia: “Atualmente, o empresariado, os políticos
estão aturdidos, pois não sabem o que o governo pretende”.
SETUBAL apud POR um lugar no jogo político. Veja, São Paulo: n.
439, p. 73, 09 fev. 1977.
17
VILLARES apud QUEBRANDO uma tradição. Veja, São Paulo: n. 441,
p. 30, 16 fev. 1977.
18
MINDLIN e BARDELLA apud POR um lugar no jogo político. Veja,
São Paulo: n. 493, p. 73, 09 fev. 1977.
VILLARES apud NO LIMIAR do capitalismo moderno. Isto é, São
Paulo: n. 13, p. 30, 23 mar. 1977.
KOK apud NO LIMIAR do capitalismo moderno. Isto é, São Paulo: n.
13, p. 30, 23 mar. 1977. Presidente do Sindicato da Indústria de
Máquinas de São Paulo e da Abimaq.
19
No final da década de 1970 “ampliam-se as mobilizações de cunho
nitidamente social: as greves operárias do ABC e da capital (São Paulo),
o Movimento do Custo de Vida, as greves de professores, dos
motoristas de ônibus e de táxis, dos lixeiros, dos médicos, dos
jornalistas, dos funcionários públicos e, até mesmo, as greves brancas
da polícia mostram a amplitude da insatisfação com os salários e as
condições de vida; protestos públicos de moradores da periferia e de
favelados exprimem os reclamos dos trabalhadores no que se refere
ao uso do solo urbano e à política discriminatória dos serviços públicos;
o movimento por creches congrega clubes de mães, associações
femininas e movimentos feministas revelando um grau de articulação
das mulheres em torno dos problemas que as atingem. Ao lado das
mobilizações organizadas, ocorrem formas de protesto explosivo: as
depredações e motins no centro da cidade, por ocasião da frustrada
greve dos bancários, e na periferia, em momentos de elevação dos
preços de transportes coletivos ou de colapso do seu já precário
atendimento, revelam o potencial de revolta de uma população
reprimida anos a fio.”
244
20
O Poder executivo enviou para o Congresso um projeto de reforma
do Judiciário que não foi aprovado. Através de pressão parlamentar,
o MDB tentou avanços no sentido do restabelecimento de algumas
prerrogativas básicas do estado de direito, tais como: garantias dos
magistrados e o habeas-corpus.
21
Marcos Sá Correa, jornalista, afirmava que o regime teria inventado
uma nova fórmula de democracia, e esta não possuía mais um caráter
evolutivo. “Ela estaciona numa fase em que a normalidade
praticamente não existe, suprimem-se as garantias políticas do
indivíduo, mas com a promessa de garantir-lhe uma certa dose de
inviolabilidade física. Esta parece ser a verdadeira noção de
democracia com que o país terá de viver”.
CORREA, M. S. O presidente e o seu estilo. Isto é, São Paulo: n. 16, p.
07, 13 abr. 1977.
22
Geisel afirmava que os poderes excepcionais seriam utilizados
“transitoriamente não só para fazer a reforma do Judiciário como
também, dentro dos limites necessários, para as demais reformas de
natureza política”.
GEISEL apud REFORMAS por decreto. Veja, São Paulo: n. 484, p. 28,
06 abr. 1977.
23
O Congresso foi colocado em recesso por tempo indeterminado. O
regime elaborava as novas regras para manter em suas mãos o controle
da distensão política. Dentre as novas medidas estavam: o mandato
presidencial passava a ter duração de seis anos (exceto do presidente
Geisel), a eleição dos governadores dos estados seriam sempre indireta,
um terço dos representantes seria eleito por via indireta, pelo colégio
que elegeria os governadores, fixava-se o limite máximo de 420
representantes para a Câmara Federal, as propostas de emenda na
Constituição poderiam ser feitas pelo presidente da república e/ou
por um terço dos membros de cada casa do Congresso, as limitações
impostas às propagandas eleitorais pela Lei Falcão se estendiam para
as demais eleições, os prefeitos e vereadores que seriam eleitos em
1980 deveriam exercer mandato-tampão de 2 anos, reforma do
judiciário de acordo com o projeto do executivo, passava a ser possível
a criação e o aumento da taxa de impostos a qualquer momento, etc..
245
24
KINZO, M. D. G. Oposição e autoritarismo: gênese e trajetória do MDB –
1966/1979. São Paulo: Rio de Janeiro, IDESP, Vértice, 1988. p. 184.
25
SETÚBAL apud EXISTEM dois Brasis? Talvez mais. Isto é, São Paulo:
n. 15, p. 53, 06 abr. 1977.
26
VIDIGAL FILHO apud EXISTEM dois Brasis? Talvez mais. Isto é, São
Paulo: n. 15, p. 53, 06 abr. 1977.
27
Petrônio Portella, Senador da Arena, dizia que as motivações para o
pacote de abril foram múltiplas. “Há no país uma revolução, e o
mundo político às vezes tenta ignorá-la. (...) É com a visão pragmática
de nossa realidade que nós, homens públicos, podemos construir
algumas coisas, entre elas a democracia. (...) Entendo que o problema
da eleição indireta fundamenta-se em princípios e em atenção aos
dados da conjuntura. Ela é também uma eleição democrática,
dependendo evidentemente de como ela se processa. Uma eleição
direta traria inelutavelmente alguns inconvenientes políticos graves
que poderiam levar a desfechos não desejados. (...) O governo não
rompeu seus compromissos éticos, existem compromissos éticos muito
fortes do governo com o poder político, sobretudo com o regime
democrático”.
PORTELLA, P. Entrevista. Isto é, São Paulo: n. 17, p. 10, 20 abr. 1977.
28
Em meados de 1977, Alencar Furtado foi cassado após ter feito um
pronunciamento na televisão que o regime considerou ofensivo ao
movimento militar e às Forças Armadas. O presidente Geisel
aproveitava o momento para alertar sobre a relatividade da
democracia no país. “As instituições políticas variam em função da
natureza do país, das características que ele tem. É evidente que todos
desejamos viver no regime democrático, mas esse regime democrático
tem que se adaptar às peculiaridades do país.”
GEISEL, E. Discursos. Brasília: Departamento de Imprensa Nacional,
1979. p. 13.
29
Com relação ao pacote da abril, Paulo Brossard, Senador do MDB,
que havia apoiado o golpe militar, afirmava: “A revolução não existe
mais. O que existe é o arbítrio, puro e simples. (...) O governo abusou
246
247
33
Paulo Villares, presidente do grupo Villares, era considerado, naquele
momento, um dos empresários que valorizavam a questão da
normalização democrática, no entanto, quando indagado: “O que é
mais importante para o capitalismo? Que se implante no país um
regime de amplas liberdades democráticas ou um regime em que a
segurança figure em primeiro lugar?” A resposta foi a seguinte: “Essa
pergunta não pode ter uma resposta direta, pois precisamos levar em
consideração a situação em que se encontra o país.”
VILLARES, P .D. Problemas de comunicação. Veja, São Paulo: n. 462,
p. 6, 13 jul. 1977. Entrevista.
34
A revista Visão, em junho de 1977, realizou uma pesquisa sobre “o
que é democracia” com 71 deputados e senadores, dos quais apenas
54 responderam. O objetivo da pesquisa era mostrar que os políticos
defendiam a democracia somente em termos políticos e não
econômicos. No entanto, acabou por revelar a enorme confusão em
torno da definição de democracia. Francelino Pereira, deputado da
Arena, dizia: “Essa pergunta tem sido feita há centenas de anos.
Qualquer definição de democracia é sempre repetitiva; na verdade,
ela deve constituir-se e traduzir-se num regime que favoreça o povo e
as instituições”. Tancredo Neves, deputado do MDB, afirmava: “É
muito difícil definir democracia, tantas são as fórmulas que se
apresentam para caracterizá-la. O mais fácil é dizer o que a democracia
não é.” Freitas Nobre, deputado do MDB, respondeu que não era “fácil
definir democracia.(...) A primeira condição é não adjetivá-la, para que
ela seja mais ou menos pura”. Teotônio Vilela, senador da Arena,
afirmava: “O que é democracia? Bem, eu pergunto: o que é a luz elétrica?
É algo que serve para nos iluminar, desde que esteja ligada, não é isso?
Pois é, a democracia a gente também precisa ligar.”
PEREIRA, NEVES, NOBRE e VILELA apud O QUE é democracia?
Visão, São Paulo: n. 12, p. 18, 20 jun. 1977.
35
“O sentido básico da crise política (vigente), é justamente a tentativa
da burguesia de recuperar esse poder perdido, ou parcialmente
perdido. Ela volta, então, a pensar em uma democracia como uma
arma contra a tecnoburocracia.”
248
249
42
FERREIRA FILHO apud UMA CARTA de aniversário. Veja, São Paulo:
n. 467, p. 19, 17 ago. 1977.
43
LIBERAL apud UMA CARTA de aniversário. Veja, São Paulo: n. 467,
p. 19, 17 ago. 1977. Carlos Almeida Liberal era presidente da Bolsa de
Valores do Rio de Janeiro.
44
Pulsava um desejo no interior da sociedade civil, no final da década
de 1970, de entender, de participar do debate sobre o que significava
democracia. A revista Isto é fez uma pesquisa entre as pessoas
enfileiradas no ponto de ônibus num fim de tarde em São Paulo: no
Parque D.Pedro II. A pergunta era: Você sabe o que é democracia?
Dentre as muitas respostas de grande significado estavam:
“Democracia vem do verbo demonstrar. É a demonstração da vontade
popular”; “É viver junto, ter liberdade”; “É poder fazer perguntas”;
“É quando o povo participa do governo”, “É a coisa perfeita onde
tudo se faz direitinho”; “É o homem livre”; “É uma vida mais elevada,
todos têm direito de reclamar”; “Democracia é não ser cativo”.
DEMOCRACIA é o homem livre. O estado de direito, na opinião de
quem está na fila do ônibus. Isto é, São Paulo: n. 35, p. 9, 24 ago. 1977.
45
PIZARRO apud UMA CARTA de aniversário. Veja, São Paulo: n. 467,
p. 20, 17 ago. 1977. Francisco Pizarro era presidente do Sindicato dos
trabalhadores da Construção Civil em Belo Horizonte.
46
RAMOS apud UMA CARTA de aniversário. Veja, São Paulo: n. 467, p.
20, 17 ago. 1977.
47
LULA DA SILVA apud UMA CARTA de aniversário. Veja, São Paulo:
n. 467, p. 20, 17 ago. 1977
48
Em entrevista, naquele momento, o Gal.Monteiro justificava o
endurecimento do regime, as prisões pelo DOI-CODI, a eficiência
incontestável deste órgão e negava a existência de torturas durante
os governos militares.
MONTEIRO, D. G. Geisel queria o diálogo. Veja, São Paulo: n. 549, p.
3/6, 14 mar. 1979. Entrevista.
250
251
252
65
VIDIGAL FILHO, L. E. B. O sim, o não e o talvez. Veja, São Paulo: n.
479, p. 131, 09 nov. 1977.
GOMES DE ALMEIDA, C. M. Nosso regime é aberto. Veja, São Paulo:
n. 479, p. 131, 09.nov. 1977.
66
No final de 1977, a democracia ganhava inúmeras denominações,
dentre elas: democracia plena, democracia possível, democracia
relativa (Geisel), democracia percentual (Eurico Rezende), democracia
viável (Petrônio Portella), democracia salvaguarda (José Bonifácio –
deputado da Arena), democracia à espanhola, etc.
67
Em julho de 1977, o Instituto Gallup fez uma pesquisa em São Paulo
e no Rio de Janeiro sobre como deveria ser o regime brasileiro. Onde
50% (São Paulo) e 42% (Rio de Janeiro) responderam que deveria ser
mais democrático. Observe-se que a amostra continha indivíduos dos
diversos níveis de instrução. Esta tabela foi publicada em:
LAMOUNIER, B. Ao menos, a nação sabe o que não quer. Isto é, São
Paulo: n. 49, p. 10, 30 nov. 1977.
253
69
GEISEL apud O COMEÇO do fim do Ato nº 05. Isto é, São Paulo: n.
50, p. 5, 07 dez. 1977.
70
PINTO apud O DESAFIO do senador e a cautela do empresário. Isto
é, São Paulo: n. 52, p. 4, 21 dez. 1977.
71
Naquele momento havia uma discussão entre os componentes do
grupo de poder, principalmente, os representantes do capital sobre
qual seria o ideal de democracia para o país. As noções de democracia
de base e/ou democracia de elite passam a figurar no debate político
daqueles setores com grande freqüência. Henry Maksoud insistia na
viabilidade da democracia de elite, na qual a livre empresa tivesse
preponderância sobre o Estado. Era preciso, segundo ele, ficar claro
que a empresa privada era um dos pré-requisitos da vida democrática
e a garantia de seu funcionamento. Sob esse aspecto ratificava ele os
objetivos democráticos de 64.
MAKSOUD, H. Posição correta da pirâmide democrática. Visão, São
Paulo: n. 13, p. 11, 26 dez. 1977.
Id, Fronteiras ideológicas do mundo ocidental. Visão, São Paulo: n.
09, p. 11, 31 out. 1977.
72
Ganhavam fôlego, em 1978, as pressuposições em torno da
necessidade de adequar a democracia à nossa realidade. O presidente
Geisel defendia essa tese dizendo que “as aberturas políticas (...)
(tinham) que ser feitas com as devidas cautelas”. O ex-ministro Delfim
Netto dizia-se afinado com os ideais de uma liberdade e de uma
democracia que fossem ajustadas à realidade brasileira, portanto, a
anistia ampla era impossível, as greves não podiam contestar o regime
militar, pois isto era subversão e as eleições indiretas eram tão eficazes
quanto as diretas.
GEISEL, E. Discursos. Brasília: Departamento de Imprensa Nacional,
1978. p. 89.
DELFIM NETTO, A. É preciso fazer política. Veja, São Paulo: n. 489, p.
3-6, 18 jan. 1978.
73
COUTO E SILVA apud MAESTRO da distensão. Isto é, São Paulo: n.
61, p. 4-8, 22 fev. 1978.
PORTELLA apud EU formulo, tu falas, eles esperam. Isto é, São Paulo:
n. 61, p. 8-11, 22 fev. 1978.
254
75
CARDOSO, Irene, de A. R. Memória de 68: terror e interdição do
passado. Tempo Social. Revista de Sociologia da USP, São Paulo, n. 2
(2), p. 103, 1990.
76
DEMOCRACIA, mas como? Debate. Isto é, São Paulo: n. 65, p. 40-48,
22 mar. 1978.
Deste debate participaram os seguintes empresários: Einar Kok
(presidente da ABIMAQ), Laerte Setúbal (diretor da FIESP), Vidigal
Filho (presidente do Sindipeças), Ayrton Girão (presidente da
ABRASCA), Paulo Francini (presidente da Associação Brasileira de
Refrigeração) e Claúdio Bardella (ex-presidente ABDID).
77
A DEMOCRACIA dos empresários. Folha de S.Paulo, São Paulo: 12 a
20 dez. 1978. Caderno de Economia.
Deste debate participaram Severo Gomes, José Mindlin, Dilson Funaro
(presidente da Trol e Vice-presidente da FIESP), Laerte Setúbal, Renato
Ticoulat Filho (presidente da Sociedade Rural Brasileira), Claúdio
Bardella e Henry Maksoud (presidente da Hidroservice e do grupo
visão).
78
KOK apud DEMOCRACIA, mas como? Isto é, São Paulo: n. 65, p. 40,
22 mar. 1978.
79
VIDIGAL FILHO apud DEMOCRACIA, mas como? Isto é, São Paulo:
n. 65, p. 40, 22 mar. 1978.
80
Vidigal Filho insistia em que o processo de democratização tinha “de
ser vagaroso, e gradual, um liberalismo total e repentino vira baderna”.
VIDIGAL FILHO, op. cit, p. 42.
81
Ibid, p. 41. “Temos de procurar um modelo democrático, empresário
tem de falar com operário. Quanto à expressão democracia relativa,
ela realmente é relativa para cada um de nós, cada um tem conceito
diferente de democracia. Eu acho que não podemos confundir
democracia com sufrágio universal”.
Ibid, p. 42.
255
83
“Nós somos homens empenhados em realizar uma vocação que se
chama democracia.”
GIRÃO apud DEMOCRACIA, mas como. Isto é, São Paulo: n. 65, p.
45, 22 mar. 1978.
84
O economista Carlos Lessa afirmava que as reformas políticas só
seriam substantivas se houvesse a “entrada de novos grupos sociais
dentro do processo”. A abertura política somente se concretizaria se
as diversas organizações intermediárias da sociedade ganhassem
autonomia.
LESSA, C. O II PND, a abertura e o futuro. Isto é, São Paulo: n. 66, p.
90/1, 29 mar. 1978.
85
FIGUEIREDO, J. B. (Gal.) A revolução não vai acabar. Folha de S.Paulo,
São Paulo: 05 abr. 1978. Entrevista.
86
O Senador Paulo Brossard, líder do MDB, dizia que, para os militares,
era pecado mortal falar sobre o fim do regime.
BROSSARD, P. A abertura é já ou nunca. Veja, São Paulo: n. 503, p. 4,
26 abr. 1978.
87
“Os partidos podem e devem discordar do governo, mas nunca se
colocar contra a revolução”.
FIGUEIREDO, loc. cit.
88
O processo de escolha dos candidatos da Arena aos governos estaduais
foi conduzido pelo presidente Geisel e pelo seu sucessor, o que criou
uma série de dissentimentos no interior da Arena. A escolha de Laudo
Natel, por exemplo, para o governo de São Paulo: levou componentes
da Arena a questionarem os objetivos de redemocratização do governo
Figueiredo.
EM BUSCA do voto real. Veja, São Paulo: n. 504, p. 20/6, 3 maio 1978.
89
Para o futuro presidente da República, o povo não estava preparado
para votar e a opinião pública não existia, era a imprensa que a formava
e a desmantelava a seu bel prazer.
FIGUEIREDO, loc. cit.
90
“Se o governo perder as eleições de novembro, marcharemos para o
imprevisível”.
256
257
96
Manifesto dos empresários. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 10 maio
1978.
97
Em dezembro de 1978, a FIESP elaborou um documento orientando
os seus associados para não negociarem com os grevistas, ou seja,
eles deviam partir para a retaliação. Vide artigo do Prof. Paulo Sérgio
Pinheiro em: PINHEIRO, P. S. Empresários contra grevistas. Isto é,
São Paulo: n. 105, p. 28/9, 27 dez. 1982.
98
SÓ a democracia absorve tensões sociais. Manifesto de oito
empresários de São Paulo. Folha S. Paulo, São Paulo: 27 jun. 1978.
Caderno de Economia, p. 20.
99
DOCUMENTO dos oito. Veja, São Paulo: n. 513, p. 80, 05 jul. 1978.
Assinaram este manifesto os seguintes empresários: A. Ermírio de
Moraes, C. Bardella, J. G. Johannpeter, J. Mindlin, L. Setúbal Filho, P.
Vellinho, P. Villares e Severo Gomes.
100
MACPHERSON, C. B. A democracia liberal. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.
PATEMAN, C. Participação e teoria democrática. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1992.
ARBLASTER, A. A democracia. Lisboa: Estampa, 1988.
BOBBIO, N. Liberalismo e democracia. São Paulo: Brasiliense, 1988.
101
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo afirmava
sobre o “Documento dos oito”: “Aparentemente é muito difícil
discordar de um documento que fala em democracia, barateamento
dos gêneros agrícolas pelo aumento da produtividade, transporte e
saúde para os trabalhadores, e assim por diante”.
LULA DA SILVA apud O DOCUMENTO dos oito. Veja, São Paulo: n.
513, p. 80, 05 jul. 1978.
102
O Manifesto dizia: “A efetivação de uma política industrial nos moldes
que estamos preconizando supõe uma participação ativa do
empresariado em sua elaboração. Os órgãos encarregados de sua
formulação deverão abrigar representação dos industriais”.
O DOCUMENTO dos oito. Veja, São Paulo: n. 513, p. 81, 05 jun. 1978.
258
259
260
116
MENDES apud AS INCERTEZAS dos menores. Isto é, São Paulo: n.
77, p. 73, 14 jun. 1978.
117
Estas posições foram publicadas na grande imprensa naquele
momento. Ver:
AS INCERTEZAS dos menores. Isto é, São Paulo: n. 77, p. 72-74, 14
jun. 1978.
EMPRESÁRIOS e a abertura. Isto é, São Paulo: n. 105, p. 24-28, 27 dez. 1978.
118
Este bilhete foi publicado em: EMPRESÁRIOS e a abertura. Isto é, São
Paulo: n. 105, p. 24, 27 dez. 1978.
O pequeno empresário Eduardo di Pietro (presidente da ABRAPEMI
– Presidente da Associação Brasileira das Pequenas e Médias
Empresas) afirmava que a abertura desejada era aquela em que o
governo abrisse o crédito.
PIETRO apud EMPRESÁRIO e a abertura. Isto é, São Paulo: n. 105, p.
24, 27 dez. 1978.
“Pode-se ter um regime político fechado e economicamente aberto.
Democracia? Democracia empresarial.”
MAGALHÃES apud EMPRESÁRIOS e a abertura. Isto é, São Paulo:
n. 105, p. 25, 27 dez. 1978.
119
“Ninguém pode ser contra a abertura. É uma questão de foro íntimo. Mas
ela pode ser prejudicada por um excesso de liberdade ou igualdade”.
RAMALHO apud EMPRESÁRIOS e a abertura. Isto é, São Paulo: n.
105, p. 26, 27 dez. 1978. Francisco Ramalho era presidente da
Associação Brasileira de Produtos de Limpeza – ABIPLA.
120
Em agosto de 1978, vários dirigentes de sindicatos dos trabalhadores
se reuniram em Santos-SP e no Rio de Janeiro: para elaborar um
documento reivindicando democracia na prática. Direito de greve,
autonomia sindical, revogação da Lei Falcão, fim dos senadores
biônicos, eleição direta, justa distribuição de renda, etc., eram algumas
de suas demandas.
121
Sobre isto, ver: STEPAN, op. cit, p. 41 et.seq.
261
123
No final de 1978, as manifestações pela anistia cresciam e inúmeros
casos de mortes e desaparecimentos tornaram-se públicos, o que
contribuía enormemente para o debate político.
124
As lideranças sindicais dos trabalhadores levaram um documento que
foi lido no Congresso pelo Senador Petrônio Portella, da Arena, que
sugeriu a sua não-aceitação pelo poder Legislativo. Lula da Silva dizia
que o ministro do trabalho havia criado um verdadeiro clima de guerra
com as suas idas a Brasilia. Sobre isto, ver entrevista de:
BITTAR, GOMES SAMPAIO, LULA DA SILVA, GONÇALVES,
PEANHO, SICOTI, MORAES, PINHEIRO, SANTOS SOUZA apud
PREPARAR as bases: esta é a única saída. Isto é, São Paulo: n. 91, p. 9/
12, 20 set. 1978.
Os dois primeiros eram líderes de sindicatos dos trabalhadores no
setor de petróleo, os quatro seguintes no setor de metalurgia, Moraes,
dos jornalistas-SP, Pinheiro do Sindiquímica-RJ e Santos Souza do
setor de panificação-SP.
125
O movimento do custo de vida ganhou notoriedade após ter enviado
ao governo um documento com 1 milhão de assinaturas contra a carestia.
126
O 3º Congresso dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, no
final de 1978, aprovava a formação de uma Central Única dos
Trabalhadores. O governo reagia violentamente, através do ministro
do trabalho, Arnaldo Pietro, atestando que ela não seria criada porque
era contra a lei. Vide entrevista:
PIETRO, A. O decretão é contra ou a favor de quê. Veja, São Paulo: n.
528, p. 132/3, 18 out. 1978.
127
Na luta dos trabalhadores para implantação das comissões de fábricas
ficava evidente o embate entre eles e os setores empresariais neste
sentido. Vide depoimentos das duas lideranças em:
O DIÁLOGO interrompido. Veja, São Paulo: n. 530, p. 87/8, 1 nov. 1978.
262
129
OLIVEIRA, F. de. Em cima do muro. Folha de S. Paulo, São Paulo: 13
dez. 1978. Caderno Economia, p. 19.
130
WERNEK VIANA, L. A negociação da abertura. Folha de S. Paulo, São
Paulo: 14 dez. 1978. Caderno Economia, p. 27.
131
MINDLIN, J. Estamos prontos para correr os riscos. Folha de S.Paulo,
São Paulo: 13 dez. 1978. p. 20.
132
MANNHEIM, K. Liberdade, poder e planificação democrática. São Paulo:
Mestre Jou, 1972. p. 263.
133
Setúbal, Funaro e Bardella afirmavam que as multinacionais não
estavam interessadas na democratização. O regime fechado era mais
interessante a elas. No entanto, Bardella dizia que elas iriam se adaptar
ao regime democrático.
SETUBAL, loc. cit.
FUNARO, loc. cit.
BARDELLA, C. Devemos exercitar a democracia. Folha de S.Paulo,
São Paulo: 17 dez. 1978. Caderno Economia, p. 49.
134
TICOULAT FILHO, R. É preciso reconciliar Estado e Nação. Folha de
S.Paulo, São Paulo: 16 dez. 1978. Caderno de Economia, p. 19.
135
O relatório das diretorias da FIESP e do CIESP, de 1979, fornece
elementos significativos das análises, das posturas e das expectativas
dos empresários paulistas com relação aos denominados problemas
nacionais .
FIESP/CIESP. Relatório das diretorias: exercício de 1979. São Paulo: Fiesp-
Ciesp, 1980. 421 p.
136
As posições de membros do governo e de representantes do grande
capital nacional iam neste sentido. Ver: RISCHBIETER, DELFIM
NETTO, apud ABERTURA, a chave do governo para derrotar a
inflação. Veja, São Paulo, n. 552, p. 84-85, 04 abr. 1979. O primeiro era
ministro da Fazenda e o segundo, da Agricultura.
DINIZ, MINDLIN e BORNHAUSEN apud ABERTURA, a chave do
governo para derrotar a inflação. Veja, São Paulo, n. 552, p. 86-87, 04
abr. 1979. O 1º era presidente do Grupo Pão de açúcar, o 2º, da Metal
Leve e o 3º, da Febraban.
263
144
Era detectável, mesmo entre aqueles empresários que vinham
defendendo uma democratização que incluísse todos os setores
sociais, uma postura em que prevalecia a necessidade de que os
trabalhadores recuassem nas suas reivindicações e os patrões nas suas
264
145
“A nossa impressão é que, quando eles (os empresários) falavam em
democracia, falavam apenas da boca para fora. Se pudessem, todos
eles jogariam os trabalhadores para fora do mundo, mandariam
prendê-los, fazer qualquer coisa com eles. Ninguém queria dar
aumento, ninguém queria negociar”. Lula da Silva sobre os
denominados empresários democratas nas greves de 1978.
LULA DA SILVA, L. I. O avanço sindical. Isto é, São Paulo: n. 113, p.
72, 21 fev. 1979.
146
WEFFORT, F. Chega de autoritarismo. Isto é, São Paulo: n. 113, p. 121,
21 fev. 1979.
147
Nas mensagens do Presidente Geisel ao Congresso, em 1979,
detectava-se uma ausência total de elementos que se referissem à área
política. Elas se referiam à política-econômico-financeira, área social,
política externa, justiça e Forças Armadas.
GEISEL, E. Mensagem ao Congresso Nacional. Brasília: Departamento
de Imprensa Nacional, 1980.
148
RISCHBIETER, C. O debate é essencial. Veja, São Paulo: n. 548, p. 78/
9, 07 mar. 1979. Entrevista.
149
Segundo dados do Ministério do Trabalho, houve 107 greves nos
primeiros 53 dias do governo Figueiredo.Há uma extensa bibliografia
sobre as greves neste período. Ver, principalmente:
SADER e SANDRONI, op. cit, p. 13/43.
ANTUNES, op. cit, p. 39/97.
SADER, E. Quando novos personagens entraram em cena. Rio de Janeiro,
Paz e Terra, 1988. p. 225.
150
Said Farhat, ministro da Comunicação no governo Figueiredo,
afirmava que após os 56 meses deste governo o país estaria o mais
próximo possível da democracia. Completava, portanto, que “o
conceito de democracia varia(va) de segmento para segmento do
espectro político. Eu não conheço nem um regime que não se diga
democrático. (...) Consideramos democracia a representação política,
a legitimidade dessa representação, o funcionamento dos poderes do
265
151
O líder sindical, Lula da Silva, afirmava em discurso para 130 mil
pessoas no Estádio de Vila Euclides, em comemoração ao Dia do
Trabalho que “somente a união em prol das suas causas (iria) fazer
com que a classe num todo (conseguisse) sua emancipação política e
sua liberdade de ação”.
LULA DA SILVA apud DO PACAEMBU à Vila Euclides. Isto é, São
Paulo: n. 124, 09 maio 1979.
152
FIGUEIREDO apud EXCESSO de democracia? Isto é, São Paulo: n.
124, p. 99, 09 Maio 1979.
No final de 1978 o Gal Figueiredo afirmava: “Hei de democratizar
este país. É para abrir mesmo. E quem não quiser que abra, eu prendo
e arrebento”.
Id apud E AGORA?, só democracia. São Paulo: Visão, n. 9, p. 16, 30
out. 1978.
Outros de seus pronunciamentos podem ser encontrados em:
Id apud PRIMEIRO confronto. Veja, São Paulo: n. 523, 27-29, 13 set.
1978.
Id apud A VERDADE de cada um. Veja, São Paulo: n. 524, p. 32-6, 20
set. 1978.
Id apud AS PROMESSAS. Veja, São Paulo: n. 529, p. 138-140, 25 out. 1978.
153
O ministro da Aeronáutica, Délio Jardim de Mattos, afirmava que as
greves prejudicavam a sociedade como um todo e não a abertura.
MATTOS, D. J. de. Céu de brigadeiro. Veja, São Paulo: n. 559, p. 4, 23
maio 1979.
154
No último bimestre de 1979, o governo convocou lideranças (tais
como: Lula da Silva – metalúrgicos de São Bernardo e Diadema, Olívio
Dutra – bancários de Porto Alegre e Arnaldo Gonçalves – metalúrgicos
de Santos e Cubatão) dos trabalhadores das regiões mais
industrializadas para propor um pacto de combate à inflação. Delfim
Netto propunha reajustes salariais compatíveis com os preços
acrescidos de aumentos de aproximadamente 5%, em troca de uma
trégua nas greves por dois anos. Vide:
DUTRA, GONÇALVES, LULA DA SILVA, PAZZIANOTTO, DELFIM
NETTO apud OS SINDICATOS aceitam um pacto com o governo?
Exame, São Paulo: n. 190, p. 19-23, 05 dez. 1979.
266
156
Walter Barelli, diretor do Dieese, afirmava que o projeto de política
salarial do governo, por exemplo, queria “colocar as forças sociais
numa forma”.
BARELLI, W. Um avanço. Será? Isto é, São Paulo: n. 127, p. 81, 17 out.
1979.
157
OLIVEIRA, F. de. O elo perdido. São Paulo: Brasiliense, 1987. p. 126.
158
O Senador do MDB, Paulo Brossard, afirmava que os atuais partidos
só iriam acabar porque o governo temia as eleições, quando não podia
mais recorrer ao AI-5. “Estamos sendo assassinados”, dizia ele,
referindo-se à extinção dos partidos vigentes.
BROSSARD, P. O último grito do MDB. Veja, São Paulo: n. 581, p. 3-6,
24 out. 1979.
159
COUTO E SILVA, G. Conjuntura política nacional – o Poder executivo e
Geopolítica do Brasil. Rio de Janeiro, J. Olympio, 1981. p. 32.
160
A reforma partidária estabelecia que: a)- Estariam extintos os partidos
que não se enquadrassem na nova lei. b)- Os partidos teriam que se
chamar partidos. c)- Os militantes não poderiam ter como base credos
religiosos ou sentimento de raça e principalmente classe. d)- Os
partidos que possuíssem 10% na Câmara e no Senado poderiam
funcionar imediatamente.
161
“Ser comunista, pode ser. O que não pode é organizar um partido
comunista, porque isso a constituição proíbe”.
FIGUEIREDO, J .B. Entrevista. Veja, São Paulo: n. 569, p. 20, 01 ago.
1979.
162
Por ocasião da formação do Partido dos Trabalhadores (PT), seus
organizadores faziam uma ampla discussão sobre qual democracia
se estaria buscando. Predominava a idéia acerca da democracia
socialista. Jacó Bittar, presidente do Sindicato de Paulínia, dizia: “O
PT deve ter uma proposta socialista, ou seja, lutar por uma sociedade
em que haja iguais oportunidades para todos. Creio que se o PT
267
268
Capítulo V
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
269
270
271
272
273
274
275
276
277
278
2
ABI-ACKEL, I. A democracia é que resolve os conflitos. Exame, São
Paulo: n. 195, p. 19, 27 fev. 1980.
3
Extintos os dois partidos existentes, surgem: o PDS, o PMDB, o PP, o
PTB que congregavam os integrantes da Arena, do MDB, do antigo
PSD e do PTB, respectivamente. Em seguida foram criados também
o PDT e o PT.
4
MATTOS, D. J. de. Foi por causa do Figueiredo. Isto é, São Paulo: n.
164, p. 16, 13 fev. 1980. Ministro da Aeronáutica.
PIRES e VENTURINI apud UM GESTO simbólico pela abertura. Isto
é, São Paulo: n. 164, p. 16, 13 fev. 1980. Valter Pires era ministro do
Exército e Danilo Venturi, do Gabinete Militar.
5
A proposta de democracia do governo Figueiredo tinha o Ministério
da Justiça como um órgão básico. Após a morte de Petrônio Portella,
o Gal.Golbery do Couto e Silva influiu severamente na escolha de
Abi-Ackel para a sucessão daquele.
6
Assim como os demais governos militares, o governo Figueiredo
insistia em que sua preocupação central era o bem-estar de todos os
brasileiros.
FIGUEIREDO, J. B. Política social. Mensagem ao Congresso Nacional.
Brasília: Depto. de Imprensa Nacional, 1980. p. 95-124.
7
ARNEY, J. Somos social-democratas. Visão, São Paulo: n. 03, p. 14, 04
fev. 1980. Entrevista.
8
MANIFESTO do Partido Democrático Social. Visão, São Paulo: n. 04,
p. 15, 18 fev. 1980.
279
10
Golbery do Couto e Silva afirmava que as eleições deveriam ser
diretas, pois “a gente indica e depois os indicados transferem os
problemas para nós. (...) O governador tem que ir buscar votos, tem
que se comprometer a resolver sua parte nos problemas”.
COUTO E SILVA apud A ELEIÇÃO da abertura. Veja, São Paulo: n.
599, p. 17, 05 mar. 1980.
11
COUTO E SILVA apud O FABRICANTE de nuvens. Veja, São Paulo:
n. 602, p. 20- 6, 19 mar. 1980.
Id apud O QUE diz Golbery. Veja, São Paulo: n. 602, p. 27-31, 19 mar. 1980.
12
Há uma bibliografia significativa sobre estas greves; ver, dentre outros:
SADER, E e SANDRONI, P. Lutas operárias e táticas da burguesia. In
Cadernos Puc, São Paulo: n. 07, Educ, Cortez, maio. 1981.
ANTUNES, R. A rebeldia do trabalho. São Paulo: Ensaio, Unicamp, 1988.
MOISÉS, J. A. Qual é a estratégia do novo sindicalismo. In Alternativas
populares da democracia. Petropólis, São Paulo: Vozes, Cedec, 1982. p.
11-39.
13
MOISÉS, op. cit, p. 15. A análise feita neste trabalho não concorda
que a intransigência dos empresários se devia somente à orientação
dada pelo ministro Golbery do Couto e Silva. No decorrer dos demais
capítulos foram levantados inúmeros elementos que apontavam para
um processo de atuação, no que diz respeito à relação capital e
trabalho, enquanto grupo do qual participavam os militares, os
grandes empresários e os tecnoburocratas.
14
Segundo dados do Dieese de março de 1978, na indústria metalúrgica
de S.B. do Campo, 68,1% dos trabalhadores ganhavam até 5,2 salários
mínimos.
ECONOMIA. Exame, São Paulo: n. 199, p. 17, 23 abr. 1980.
280
18
No segundo semestre de 1980 iniciaram os atentados à bomba como
forma de inibir a abertura política. Em 26 de agosto de 1980 explodiu
uma bomba na OAB que matou a secretária, Lyda Monteiro da Silva,
e na Câmara Municipal do Rio de Janeiro que mutilou o jornalista
José Ribamar de Freitas.
19
MEDEIROS, COUTO E SILVA, DELFIM NETTO apud A SERVIÇO
da segurança. Veja, São Paulo: n. 610, p. 16-22, 14 maio 1980.
20
Por ocasião da greve de 1980, Lula da Silva, presidente do Sindicato
dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema, ficou preso durante 31
dias e o sindicato sob intervenção. “A gente tentou dialogar e eles
(governo e empresários) se trancaram por trás de cassetetes e bombas.
A gente quis negociar e eles nos enviaram helicópteros com
metralhadoras e ordens de prisão.”
LULA DA SILVA, L. I. Reflexões depois da cadeia. Isto é, São Paulo: n.
179, p. 23, 28 maio. 1980.
21
O jornal Voz da Unidade, órgão do PCB, afirmava que as
reivindicações não deviam estabelecer um confronto com o regime,
pois isto colocaria em risco “as liberdades democráticas já
conquistadas”.
WERNECK VIANNA apud A SERVIÇO da segurança. Veja, São Paulo:
n. 610, p. 20, 14 maio 1980.
22
COUTO E SILVA, G. Conferência na ESG. Veja, São Paulo: n. 627, p. 6,
10 set. 1980.
23
O Gal.Valter Pires, ministro do exército, afirmava que repelia as
“malévolas insinuações (...) que procuram agora lançar à execração
281
282
36
Por exigir punição aos responsáveis pela bomba no Riocentro, Nivaldo
Mello de Oliveira Dias, tenente-coronel, foi preso e mantido
incomunicável. Alguns deputados do PT (Ayrton Soares e Freitas
Diniz) e do PMDB (Francisco Pinto e Luiz Cechinel) elaboraram um
documento de apoio ao militar acima e conseguiram apenas 37
assinaturas no Congresso.
37
RAMALHO apud APOSTANDO em 1982. Isto é, São Paulo: n. 233, p.
16, 10 jun 1981. Thales Ramalho líder do PP.
38
“Temos agora uma seqüência de manifestações de militares buscando
tranqüilizar-nos quanto à abertura. (...) Em face de riscos tão grandes
o melhor a fazer é registrar os fatos e colocar as interpretações entre
parêntese.”
WEFFORT, F. Do lado escuro da lua. Isto é, São Paulo: n. 240, p. 22, 29
jul. 1981.
39
MATTOS, D. J. Não temos mais nada a temer. Isto é, São Paulo: n. 240,
p. 20-1, 29 jul. 1981. Entrevista.
40
No último semestre de 1981, os representantes do grande capital
comercial criaram a Ação Empresarial, uma espécie de “lobby”
visando influir no processo político em curso, e principalmente, nas
eleições de 1982. Defendiam o voto distrital como forma de romper
com o voto de protesto e/ou de reconhecimento. A Ação Empresarial
afirmava que possuía intenções de lançar candidatos de “estofo
283
42
“Há necessidade de líderes autênticos – como o senhor Lula poderia
ter sido. Francamente, achava-o um bom líder sindical mas, no fim,
acabou decepcionando – a mim, – pelo menos –, atraído que foi para
as atividades mais políticas que propriamente sindicais.”
COUTO E SILVA, G. Debate na ESG. Veja, São Paulo: n. 676, p. 26/7,
19 ago. 1981.
43
Numa pesquisa do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais Aberto
(IDMEC), realizada em agosto de 1981, 72,1% dos empresários
defendiam alguma forma de participação no processo político, ou
seja, participação mais ativa em geral (28,3%), através de entidades
de classes (17,5%), no processo de tomada de decisões do governo
(12,7%), através dos partidos políticos (7,2%) e como qualquer cidadão
(6,4%). No entanto, 72,9% dos representantes do grande capital diziam
preferir um executivo forte a um país economicamente fraco, embora
com muitas das franquias democráticas. Seus anseios de participação
eram, porém, remetidos a um momento posterior à medida que, para
a maioria, (57,7%), a democracia política somente seria possível com
altos níveis de desenvolvimento econômico e evitar a estatização era,
para 48,7%, mais prioritário do que conseguir a democracia política.Os
dados desta pesquisa, realizada em 1981, revelavam de forma ainda
mais contundente a identificação dos setores empresariais (72,9%)
com os pressupostos do regime militar em torno da importância
primordial de um executivo forte.
O QUE os empresários pensam da política. Exame, São Paulo: n. 233,
p. 34-5, 26 ago. 1981.
44
Os líderes do partido do governo (PDS), em nome da democracia,
afirmavam que lutariam para evitar a extinção dos pequenos partidos.
45
GEISEL, E. Um forte apoio. Veja, São Paulo: n. 691, p. 22, 2 dez. 1981.
Entrevista.
46
FIGUEIREDO apud JOGO bruto em Brasília. Visão, São Paulo: n. 52,
p. 12, 28 dez. 1981.
284
Capítulo VI
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
285
286
287
288
289
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291
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331
332
333
334
335
336
Notas
1
Não se fará no âmbito deste trabalho uma discussão sobre a literatura
existente nas ciências sociais sobre a abertura política. Há um
vastíssimo material sobre este processo. Ver, dentre outros:
CARDOSO, F. H. Os anos Figueiredo. Novos Estudos. São Paulo:
Cebrap, n. 1, mar. 1981.
KRISHKE, P. (org) Do “milagre” à “ abertura”. São Paulo: Cortez, 1981.
LAMOUNIER, B. e FARIA, E. O futuro da abertura: um debate. São Paulo:
Cortez, 1981.
Id, ROUQUIE, A e SCHVARZER, J. (orgs). Como renascem as
democracias. São Paulo: Brasiliense, 1985.
TRINDADE, H. Brasil em perspectiva: Dilemas da abertura política. Porto
Alegre: Sulina, 1982.
O’DONNEL, G. e SCHMITTER, P. C. Transições do regime autoritário.
São Paulo: Vértice, 1988.
KUSINSKI, B. Abertura: a história de uma crise. São Paulo: Brasil
Debates, 1982.
2
Sobre a crise econômica no início da década de 80; ver, dentre outros:
SINGER, P. Em dez anos, uma caminhada da euforia para o
pessimismo. Exame, São Paulo: p. 43, mar. 1980. Edição especial: Brasil
em Exame.
GOLDENSTEIN, L. Os percalços da política econômica recessiva
337
3
As dificuldades da estratégia militar durante o período da distensão
e da abertura foram expostas de maneira detalhada em livros,
depoimentos e entrevistas dos militares que participavam do grupo
de poder. Vide:
SOARES; D’ARAÚJO e CASTRO, loc. cit.
ABREU, H. (Gal). O outro lado do poder. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
1979.
STUMPF, A.G. e PEREIRA FILHO, M. A segunda guerra: a sucessão de
Geisel. São Paulo: Brasiliense, 1979.
GOES, W. de. e CAMARGO, A. O drama da sucessão e a crise do regime.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.
4
Sobre isto ver, principalmente:
CASTELLO BRANCO, H. de A. Discursos. Brasília: Secretaria da
Imprensa, 1965.
ARRUDA, A. A doutrina da Escola Superior de Guerra. In A defesa
nacional. Revista de Assuntos militares e Estudos de Problemas
Brasileiros. Rio de Janeiro: n. 680, p. 127-148, nov.dez. 1978.
ALVARENGA, A. C. G. (Cel). Doutrina militar brasileira. Revista da Escola
Superior de Guerra. Rio de Janeiro, n. 2, v.2, p. 61-77, abr. 1984.
CARNEIRO LEÃO, A. O poder nacional. Revista da Escola Superior de
Guerra. Rio de Janeiro: n. 1, v.1, p. 74-91, dez. 1983.
5
O Conceito de militares enquanto instituições foi bem definido em:
STEPAN, A. Distensão: conflitos intramilitares e o corte da sociedade
civil. In Os militares: da abertura à nova república. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1986. p. 41-55.
6
COUTO E SILVA, G. Conjuntura política nacional – o poder executivo.
Rio de Janeiro: J. Olympio, 1981. p. 34.
7
MOREIRA BURNIER, J. P. Depoimento. In SOARES, D’ARAÚJO e
CASTRO, op. cit, p. 209 -221. Este general foi um dos fundadores do
Centro de Informação da Aeronáutica.
338
9
ALVARENGA, A. C. G. Doutrina Militar Brasileira. Revista da Escola
Superior de Guerra. Rio de Janeiro, n. 2, v.2, p .67, abr. 1984.
10
Ibid, p. 67-8.
11
Ibid, p. 68.
12
COUTO E SILVA, G. O que diz Golbery. Veja, São Paulo: n. 602, p. 27,
19 mar. 1980.
13
Ibid, p. 28.
14
Em 1979, o gal. João Batista Figueiredo foi vaiado em Santa Catarina.
Os militares ficaram enfurecidos com aquele protesto. No final de
1983, o presidente foi vaiado por 1000 prefeitos que estavam em
Brasília para uma manifestação pedindo reforma tributária.
15
No caso da Revista O Cruzeiro, foi denunciado que o SNI destinava
uma verba para que ela fizesse propaganda favorável ao governo. O
Gal. Ivan de Souza Mendes, em depoimento publicado em A volta aos
quartéis, afirmava: “Agora, no meu modo de ver, o que se quis fazer
com O Cruzeiro foi o seguinte: toda a imprensa era contra o governo,
e era preciso reagir no seio da própria imprensa. Então, quiseram
criar uma revista que veiculasse a posição do governo, porque o
noticiário, sendo contra, em geral torcia muito os fatos. Queriam um
órgão jornalístico que fosse favorável, mas sobretudo, que noticiasse
as coisas que a imprensa normal não mencionava, porque só lhe
interessava ser contra o governo. “ No caso do SNI ele dizia que “havia
uma verba secreta, que não era grande coisa, mas que podia ser
expandida quando necessário. Acho, contudo, que esperavam que a
maior fonte de financiamento viesse das empresas preocupadas em
proteger seus interesses. Pode ser que os recursos não tenham sido
tão grandes como eles esperavam, e por isso o negócio não deu certo.”
MENDES, I. de S. Depoimento. In A volta aos quartéis: a memória militar
sobre a abertura. Rio de Janeiro, Relume Dumará, 1995. p. 159.
O sociólogo Marcos Otávio Bezerra reuniu informações fundamentais
para se compreender o escândalo envolvendo o SNI e a Revista O
Cruzeiro, ver:
339
16
Id apud O FABRICANTE de nuvens. Veja, São Paulo: n. 601, p. 20-6,
19 mar. 1980.
No que consiste as estratégias econômica, política e psicossocial o
Ministro da Justiça do governo Figueiredo insistia em que elas
deveriam atuar no sentido de impedir que todo e qualquer conflito
social viesse à tona.
ABI-ACKEL, I. A democracia é que resolve os conflitos. Exame, São
Paulo: n. 195, p. 19, 27 de fev. 1980.
17
COUTO E SILVA, G. Conferência secreta na ESG – Documento apud
A ABERTURA, por Golbery. Veja, São Paulo: n. 627, p. 4, 10 set. 1980.
18
Id apud COMEÇA a caça ao voto. Visão. São Paulo: n. 43, p. 16, 24
nov. 1980. G. do Couto e Silva deixou o governo Figueiredo em meados
de 1981.
19
Id apud DE CONSPIRADOR a mágico da abertura. Isto é, São Paulo:
n. 242, p. 20-3, 12 ago. 1981.
20
ARRUDA, A. A doutrina da Escola Superior de Guerra. A defesa
nacional. Revista de Assuntos Militares e de problemas brasileiros.
Rio de Janeiro: n. 680, p. 128-148, nov. / dez. 1978
21
A Emenda Constitucional de 1969, na seção V “da Segurança
Nacional” determinava que ao “conselho de Segurança Nacional
compete estabelecer os objetivos nacionais permanentes e as bases
para a política nacional”. Art.89 citado pelo Engenheiro Ricardo Lisboa
da Cunha em conferência na ADESG no Estado do Amazonas.
CUNHA, R. L. da. Objetivos nacionais. Segurança Nacional. Rio de
Janeiro: n. 193, Escola Superior de Guerra, 1983. p. 34-5.
22
PIRES apud LENDO nas entrelinhas. Isto é, São Paulo: n. 224, p. 12,
08 abr. 1981.
23
Ibid.
24
Numa conferência na ESG, o gal. G. do Couto e Silva afirmava que “a
abertura (era) a única opção para os militares.
340
25
Sobre os elementos objetivos e subjetivos da segurança nacional,
ver:ARRUDA, op. cit, p. 130.
26
Em nenhum momento está se supondo que a estratégia militar se
limitaria a este processo. Por isso se esclareceu anteriormente que ela
seria abordada, neste trabalho, sob este aspecto especificamente e não
se faria, então, um enfoque sobre o sistema logístico militar, o sistema
de serviço militar, o sistema de defesa territorial, de operações e
informações, etc.. Há, no entanto, um material significativo sobre isto,
ver:FIGUEIREDO, J. B. Forças Armadas. Mensagem ao Congresso
Nacional. Brasília: Imprensa Nacional, 1980. p. 155 -178.
Id, Tópicos especiais. Mensagem ao Congresso Nacional. Brasília:
Imprensa Nacional, 1981. p. 186-215.
Id, Política interna e segurança. Mensagem ao Congresso Nacional.
Brasília: Imprensa Nacional, 1982. p. 195-212.
Id, Política interna e segurança. Mensagem ao Congresso Nacional.
Brasília: Imprensa Nacional, 1983. p. 177-201.
Id, Política interna e segurança. Mensagem ao Congresso Nacional.
Brasília: Imprensa Nacional, 1984. p. 205-239.
27
A ESG era tida como o laboratório de idéias do movimento militar.
No período da abertura, ela se empenhava em discutir a questão do
desengajamento, mas se dizia incumbida, principalmente, de estudar
o papel dos militares na década de 1990. Vide, sobre isto, a discussão
do sociólogo Alexandre Barros, professor da ESG e autor da tese de
doutorado The brasilian military, defendida na Universidade de
Chicago.
BARROS apud A NOVA doutrina. Isto é, São Paulo: n. 327, p. 24, 30
mar. 1983.
28
ESCOLA superior de Guerra. Manual Básico. Rio de Janeiro: Escola
Superior de Guerra, 1979. p. 293-4.
29
MESQUITA, H. C. (Gal). Papel das elites. Segurança e desenvolvimento.
Rio de Janeiro: n. 192, ESG, 1982. p. 23-28. Superintendente da
Refinaria da Petrobrás – Duque de Caxias.
30
Ibid, p. 24.
341
32
FIGUEIREDO, J. B. Tópicos especiais. Mensagem ao Congresso Nacional.
Brasília: Imprensa nacional, 1981. p. 197.
33
Ibid, p. 197.
34
“A revolução não está produzindo nenhuma novidade com esta volta
aos quartéis. O Exército sempre foi democrático”, dizia o ministro da
Justiça no governo Geisel.
FALCÃO apud PELA porta da frente. Isto é, São Paulo: n. 327, p. 22,
30 mar. 1983.
35
FIGUEIREDO, J. B. Mensagem ao Congresso Nacional. Brasília: Imprensa
Nacional, 1980. p. 7.
36
Ibid.
37
Ibid, p. 8-16.
38
Ibid. p. 9. “A ênfase inicial foi a de atuar intensamente no sentido de
recuperar o controle da inflação, cujos níveis atuais – excessivamente
altos – contribuem para reduzir a eficiência do sistema produtivo e
agravar o peso do ônus social que representa, especialmente para as
classes trabalhadoras.”
Ibid.
39
Id, Mensagem ao Congresso Nacional. Brasília: Imprensa Nacional, 1982.
p. XI.
40
O I PND vigorou no período de 1972 a 1974 e o II entre 1975 e 1979.
Sobre estes planos ver:
IANNI, O. A ditadura do grande capital. Rio de Janeiro, Civilização
Brasileira, 1991. p. 5-21.
41
FIGUEIREDO, op. cit, p. XI. Sobre o III PND, ver, principalmente:
BASES para formulação do III PND apud PLANALTO divulga esboço
do novo PND. Folha de S. Paulo, São Paulo, 22 jun. 1979. C.2, p. 21.
42
FIGUEIREDO, J. B. Mensagem ao Congresso Nacional. Brasília: Imprensa
Nacional, 1980. p. 7.
342
44
Ibid, p. XXVI.
45
REZENDE, M. J. de. A transição como forma de dominação política: o Brasil
na era da abertura 1980 -1984. São Paulo: Dissertação de mestrado, PUC,
1991. p. 273.
“A partir de uma perspectiva equivocada, Delfim tentou ao longo do
final de 1979 e durante 1980, uma política expansionista com
resultados desastrosos. Em linhas gerais, reajustaram-se os preços das
estatais em um processo de inflação corretiva; efetuou-se uma
desvalorização do cruzeiro em 30% e prefixou-se a correção monetária
em 50% para 1980 no intuito de reverter as expectativas inflacionárias.
Com esta prática, a economia voltou realmente a crescer numa alta
taxa. Em 1980, o PIB elevou-se em quase 8%. Paralelamente, porém,
generalizou-se a especulação financeira de estoques com a inflação
superando a barreira dos 100% e com o endividamento externo ao
final do período atingindo seu ponto realmente crítico e
insustentável.”
SUAREZ, op. cit, p. 154.
46
Sobre o processo recessivo no início da década de 1980, Ver:
SINGER, loc. cit.
SUAREZ, op. cit. p. 155 et seq.
GOLDENSTEIN, loc. cit.
47
Em janeiro de 1984 a Painel de executivos da revista Exame publicou
uma pesquisa que mostrava que 68.4% dos empresários consideravam
o governo Figueiredo ruim e péssimo.
O PRESTÍGIO do governo no fundo do poço. Exame, São Paulo: n.
292, p. 16-27, 11 jan. 1984.
48
Ficou demonstrado nos capítulos anteriores quais eram as estratégias
do grupo de poder com relação às greves do início da década de 1980.
Prevalecia a intransigência absoluta. Sobre a problemática das greves
naquele momento, ver:
CORREIA, H. O ABC de 1980. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
1980.
ANTUNES, R. A rebeldia do trabalho. São Paulo: Ensaio, Unicamp,
1988.
IANNI, O. O ABC da classe operária. São Paulo: Hucitec, 1980.
343
50
Sobre estas posições, ver os depoimentos dos seguintes empresários:
FORTES, M. Com democracia será mais fácil concordar com o
comando da economia. Exame, São Paulo: s.n., p. 31, maio 1983.
Suplemento especial.
VIEIRA, L. O. Sem um novo projeto político a sociedade tenderá ao
imobilismo. Exame, São Paulo: s.n., p. 37, maio 1983. Suplemento
especial.
SIMEIRA JACOB, J. W. Uma constituição para dar ao país um projeto
político democrático. Exame, São Paulo, s.n., p. 25, maio 1983.
Suplemento complementar.
51
PENNA, J. C. Não há nenhum incêndio. Veja, São Paulo: n. 604, p. 03-
06, 02 abr. 1980. Entrevista.
52
“O aspecto democrático do governo (...) tem de ser prestigiado ao
máximo.”
SETÚBAL, loc. cit.
53
70,7% dos empresários consideravam adequada a fórmula de abertura
política proposta pelo regime. 29,3% afirmavam que a abertura devia
ser refreada. Vide:
CAI o prestígio do governo entre os empresários. Exame, São Paulo:
n. 204, p. 14-19, 02 jul. 1980.
Há inúmeros depoimentos dos empresários sobre a abertura, ver:
MINDLIN apud A ESTRATÉGIA da metal leve, a empresa do ano.
Exame, São Paulo: n. 210, p. 26, 24 set. 1980.
SETUBAL apud A FERA ganhou os 100%. Veja, São Paulo: n. 651, p.
81, 18 jun. 1980.
O empresário Olavo Setubal foi um dos fundadores do PP.
SETUBAL FILHO, L. Um esforço redobrado para exportar ainda mais.
Exame, São Paulo: n. 210, p. 19, 24 set. 1980.
54
Observe-se que o gal. Golbery do Couto e Silva enquadrava alguns
governos militares como autoritários, mas justificava as suas ações
como um modo de atestar que o regime jamais tinha sido ditatorial.
55
COUTO E SILVA. G. O desenho da abertura. Senhor, São Paulo: n.
340, p. 35, 22 set. 1987. Entrevista concedida em 1983.
344
57
Em 1972, 79% da população se dizia a favor da intervenção dos
militares na política. Vide: Arquivo de dados do projeto
democratização e cultura política realizado pelo CEDEC/USP/
DataFolha publicado em: MOISÉS, J. A. Os brasileiros e a democracia:
bases sócio políticas da legitimidade democrática. São Paulo: Ática,
1995. p. 117.
58
Este dado foi citado no depoimento do gal. E. dos Santos Pinheiro e
publicado em:
SOARES, D’ARAÚJO e CASTRO, op. cit, p. 249.
Em meados de 1984, o ex-presidente Médici se vangloriava de sua
forma de tratar a luta armada, o que teria, segundo ele, contribuído
para o seu alto índice de aceitação entre a população. “Aquela
guerrilha de Xambioá (Araguaia) acabou antes que a população
tomasse conhecimento de sua existência. (...) Ainda hoje, não há
dúvida de que era uma guerra, depois da qual foi possível devolver
a paz ao Brasil. Eu acabei com o terrorismo neste país. Se não
aceitássemos a guerra, se não agíssemos drasticamente, até hoje
teríamos o terrorismo. (...) Fiz um governo que enfrentou até greves
de militares, além de enfrentar a guerrilha. Eu tinha o AI-5, podia
tudo. (...) Tendo o AI-5, fiz o governo mais democrático da revolução.”
MÉDICI, E. G. Vejo tudo escuro. Veja, São Paulo: n. 816, p. 14-5, 16
maio 1984. Entrevista.
59
FIGUEIREDO apud UMA BANDEIRA de paz. Veja, São Paulo: n. 757,
p. 20-4, 09 mar. 1983.
60
Ibid.
61
Em setembro de 1983 houve 227 saques a supermercados no país.
Para o governo, este era um problema de segurança nacional, tanto
que havia uma discussão se estes deveriam ou não ser divulgados.
Vide depoimentos em:
MEDO nas ruas. Veja, São Paulo: n. 787, p. 40-2, 05 out. 1983. O Cel
Jarbas Passarinho (ministro do trabalho nos governos Costa e Silva e
da educação no governo Médici) considerava que estava havendo,
naquele momento, uma politização dos descontentamentos, o que
345
62
Houve em 1983 uma ampla discussão em torno desta questão, ver:
PRATINI DE MORAES apud A CRISE impõe um entendimento
político. Exame, São Paulo: n. 273, p. 16, 06 abr. 1983. Empresário e
ministro no governo Médici.
PEREZ QUEIRÓZ apud A CRISE impõe um entendimento político.
Exame, São Paulo: n. 273, p. 16, 06 abr. 1983. Era presidente da
Federação da Indústria do Estado de Pernambuco.
GOMES apud A CRISE impõe um entendimento político. Exame, São
Paulo: n. 273, p. 17, 06 abr. 1983. Severo Gomes era empresário e
ministro no governo Geisel.
63
Em 1983, eram inúmeros os problemas econômicos e políticos. Os
impasses a que o governo se referia vinham também da instabilidade
política provocada pelas dissensões no interior do próprio grupo
dominante quanto à forma de condução da política econômica, pois
esta, segundo os empresários, não conseguia vencer a
imprevisibilidade. A inflação não-domada e o crescimento econômico
travado que agravavam o quadro recessivo eram tidos como um dos
problemas geradores dos impasses. “A instabilidade política se
agravou quando o Congresso rejeitou o Decreto-Lei n. 2024 do
executivo ( primeira vez em 18 anos), cresceu o número de saques e
quebra-quebras, aumentaram os ataques vindos de prefeitos,
deputados, etc.. ao governo, expandia-se o número de organizações
de greves gerais.”
REZENDE, op. cit, p. 330-1.
64
JARDIM DE MATTOS apud MEIA volta, volver. Veja, São Paulo: n.
761, p. 20, 06 abr. 1983. Délio Jardim de Mattos era ministro da
Aeronáutica.
65
GEISEL apud FIGUEIREDO, J. B. Mensagem ao Congresso Nacional.
Brasília: Imprensa Nacional, 1980. p. 19. O gal. Milton Tavares de
346
66
Sobre o processo de continuidade entre o regime militar e a abertura
política, ver:
FIGUEIREDO apud NÃO desviaremos dos rumos. O Estado de S.
Paulo, São Paulo: 01 de abr. 1980. C.1, p. 4.
67
FIGUEIREDO apud FIGUEIREDO define o papel dos militares. Folha
de S. Paulo, São Paulo: 18 maio 1980. C.1, p. 5.
68
Id, Mensagem ao Congresso Nacional. Brasília: Imprensa Nacional, 1980.
p. 7.
69
Ibid, p. 20.
70
“Ficou estabelecido que muitos casos de condenação e de suspensão
de direitos políticos não eram beneficiados pela medida. Em outros,
armaram exigências administrativas, demissões sob outra justificação
de modo a que milhares de pessoas não se beneficiassem”.
SILVA, H. O poder militar. Porto Alegre: LP&M, 1984. p. 539. Sobre a
anistia, ver, principalmente:
MARTINS, R. R. Liberdade para os brasileiros. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1978.
PINHEIRO MACHADO, C. Os exilados: 5 mil brasileiros à espera da
anistia. São Paulo: Alfa-ômega, 1979.
SKIDMORE, T. Figueiredo: o crepúsculo do governo militar. Brasil:
de Castello a Tancredo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.
71
Extintos os dois partidos existentes, surgiram: o PDS, o PMDB, o PPB
e o PTB. Estes congregavam os integrantes da ARENA, do PMDB, do
antigo PSD e do PTB. Do PPB nasceu o PP. Com o pluripartidarismo
nasceram também o PT e O PDT. Com o estabelecimento do
pluripartidarismo assistia-se, na maioria dos partidos que emergiam,
o que afirmava Fernando de Azevedo na década de 1940: “A
organização e o funcionamento dos partidos, no Brasil, a resistência
que opuseram e continuam a opor às transformações de estrutura e à
347
72
Sobre isto, ver:
COUTO E SILVA, G. (Gal). Sístole e diástoles na vida dos Estados.
Conjuntura política nacional – o poder executivo. Rio de Janeiro: J.
Olympio, 1981. p. 5-21.
Id, O momento brasileiro. Conjuntura política nacional. O poder executivo.
Rio de Janeiro: J. Olympio, 1981. p. 22-9
FIGUEIREDO, loc. cit.
O livro A volta aos quartéis: a memória militar sobre a abertura traz diversos
depoimentos de militares que tiveram posições de mando e decisão
durante o período de 1964-1984, nos quais prevalecem as posições de
que havia uma enorme conexidade entre a política de abertura e o
regime militar como um todo. Há, também, posições minoritárias,
como a do general Santos Pinheiro, de que o grupo formulador da
abertura teria acabado com a revolução de 1964. Ou seja, esta teria
trazido no seu seio aqueles que iriam destruí-la; como exemplo, ele
citava o grupo ligado ao Gal. Golbery do Couto e Silva. Vide: SANTOS
PINHEIRO, E. Depoimento. In SOARES, D’ARAúJO, CASTRO, op.
cit, p. 224-251.
73
COELHO NETTO, J. L. (Gal) e BURNIER, J.P.M. (Gal) Depoimento.
In SOARES, D’ARAÚJO, CASTRO, 0 (Orgs) op. cit, p. 201-207.
74
PIRES GONÇALVES, L. (Gal). Depoimento. In Ibid, p. 181 et seq.
75
Alguns militares deixaram registradas as suas críticas àqueles militares
que se empenhavam em se destacar dos demais quanto às suas
pretensas concepções democráticas.
PIRES GONÇALVES, op. cit, p. 181 et seq.
BURNIER, op. cit, p. 217 et seq.
COELHO NETTO, op. cit, p. 201 et. seq.
76
COUTO E SILVA apud VENCIDA mais uma etapa. Visão, São Paulo:
n. 38, p. 20-1, 20 out. 1980.
77
“Se terroristas anistiados podem hoje, com a tranqüilidade de homens
livres, reescrever a história dos vencidos, é porque aos vencedores
348
78
COUTO E SILVA, G. Linhas mestras de uma estratégia para o poder
executivo. Conjuntura política nacional – o poder executivo. Rio de Janeiro:
J. Olympio, 1981. p. 33.
79
Ibid.
80
“O que o governo objetiva com o projeto é criar condições legais para
que a realidade flua normalmente sem obstáculos”.
PROJETO de extinção do bipartidarismo apud FIGUEIREDO, J. B. Mensagem
ao Congresso Nacional. Brasília: Imprensa Nacional, 1980. p. 20.
81
Couto e Silva, op. cit., p. 32.
82
Ibid, p. 34.
83
Em 13 de novembro de 1980, o Congresso Nacional aprovou a Emenda
Constitucional que extinguia os cargos de governadores e senadores
biônicos. Abria-se, assim, o processo sucessório nos Estados para 1982.
84
GEISEL apud FIGUEIREDO, J. B. Mensagem ao Congresso Nacional.
Brasília: Imprensa Nacional, 1980. p. 19.
85
FIGUEIREDO, J. B. Mensagem ao Congresso Nacional. Brasília: Imprensa
Nacional, 1981. p. XIV.
86
O gal. Figueiredo afirmava: “O poder executivo (...) está, como sempre
esteve, aberto à conciliação e à prática democrática da negociação,
especialmente no campo da elaboração legislativa”.
349
87
O senador do PDS, Nilo Coelho, dizia que estava “impressionado
com a receptividade dessa tese de conciliação. Basta ver o discurso
de estréia do líder do PMDB, Senador Marcos Freire, que defende a
necessidade do diálogo”.
COELHO, N. Diálogo viável. Visão, São Paulo: n. 12, p. 17, 23 mar.
1981. Entrevista.
88
FIGUEIREDO, J. B. Mensagem ao Congresso Nacional. Brasília: Imprensa
Nacional. Brasília: Imprensa Nacional, 1981. p. XIV.
89
Sobre isto ver a posição de:
KLEIN, O. Constituinte. Visão, São Paulo: n. 14, p. 20, 06 abr. 1981.
Odacir Klein era líder do PMDB na Câmara dos Deputados.
90
Ibid.
91
No final da década de 1970 e início da década de 1980 emergiram nas
ciências sociais uma ampla discussão sobre a questão do consenso.
Os dois textos mais importantes sobre isto foram:
CARDOSO, F. H. Democracia para mudar. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1978.
COUTINHO, C. N. A democracia como valor universal. Rio de Janeiro:
Salamandra, 1980.
Cardoso afirmava que a busca do consenso é algo típico dos regimes
autoritários e não das democracias. Ou seja, “a democracia é o
reconhecimento da legitimidade do conflito, a busca da negociação e
a procura de acordo, sempre provisório, em função da correlação de
forças.”
CARDOSO, op. cit, p. 22.
Esta afirmação gerou uma ampla polêmica entre os cientistas sociais.
Coutinho a discutiu criticamente. Para ele “a negação do valor do
consenso é conseqüência necessária da negação da hegemonia; (...)
para o pensamento liberal (assimilado pela social-democracia
contemporânea), democracia é sinônimo de pluralismo –
reconhecimento da legitimidade do conflito – enquanto a busca do
consenso (ou hegemonia) seria sinônimo de totalitarismo.”
COUTINHO, op. cit, p. 47.
350
93
Falando sobre o processo de dissensão e abertura, Weffort dizia: “Nós
todos acreditamos que caminhamos para a democracia por várias
razões. Uma delas, porém, é fundamental. É a razão da vontade: é
para lá mesmo que nós queremos caminhar.”
WEFFORT, F. Por que democracia? In Stepan, A. Democratizando o
Brasil. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988. p. 499.
Bolívar Lamounier afirmava: “É evidente que o presidente Geisel
introduziu importantes alterações no processo político brasileiro.
Embora o processo de distensão, além de gradual, esteja sujeito a
idas e vindas, pelo menos se deu início a uma etapa em que o
desenvolvimento das instituições políticas deixa de ser tabu e passa
a figurar entre as prioridades.”
LAMOUNIER, B. Comportamento eleitoral em São Paulo: passado e
presente. In Os partidos e as eleições no Brasil. Rio de Janeiro: São Paulo:
Paz e Terra, Cebrap, 1978. p. 43.
94
Obrigatoriedade de se votar nos candidatos de um mesmo partido.
95
No final de 1981, o governo decretava, através de um pacote eleitoral,
a vinculação de todos os votos nas eleições de 1982. Decretava também
que todos os partidos tinham que apresentar candidatos e proibiam-
se as coligações. O gal. Geisel declarava que só desta maneira poderia
haver continuidade na “marcha política do país (...) na direção da
abertura e da democracia.”
GEISEL, E. Um forte apoio. Veja, São Paulo: n. 691, p. 22, 02 dez. 1981.
Entrevista.
96
FIGUEIREDO apud A ABERTURA no funil. Veja, São Paulo: n. 653,
p. 21, 11 mar. 1981.
351
98
PASSARINHO, J. Revanche, não. Visão, São Paulo: n. 17, p. 13, 26 abr.
1982. Entrevista.
99
MACIEL, M. O poder será negociado. Isto é, São Paulo: n. 275, p. 76-
8, 31 de mar 1982. Marco Maciel era um dos mais importantes líderes
do PDS.
100
SAMPAIO apud DEFESA do pacote. Visão, São Paulo: n. 21, p. 16, 24
maio 1982. Cantídio Sampaio era líder do PDS na câmara.
101
Os representantes do grande capital na sua maioria estavam em
acordo de que o governo não deveria medir esforços para conduzir a
democratização da abertura dentro dos moldes previstos pelo regime
em vigor. Conforme pesquisa:
OS EMPRESÁRIOS e as eleições. Exame, São Paulo: n. 258, p. 18-6, 25
ago. 1982.
102
FIGUEIREDO, J. B. Mensagem ao Congresso Nacional. Brasília: Imprensa
Nacional, 1982. p. XXIV.
103
STENZEL apud UM LAMENTO político. Visão, São Paulo: n. 6, p. 22,
28 mar. 1969.
104
FIGUEIREDO, op. cit, p. XXIV.
105
FIGUEIREDO, loc. cit.
106
DAHL, R. Um prefácio à teoria democrática. Rio de Janeiro: Zahar, 1989.
Id, Um prefácio à democracia econômica. Rio de Janeiro: Zahar, 1990.
107
Os valores do processo democrático não estão, para Dahl, na soberania
da maioria. Mas sim na “probabilidade de que um grupo ativo e
legítimo possa se fazer efetivamente ouvido. Nem indivíduos, nem
grupos politicamente iguais. Portanto, as decisões de um governo
democrático não são expressões de exigências das maiorias. É sempre
o apaziguamento de pequenos grupos”.
DAHL, R. Um prefácio à teoria democrática. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.
p. 141.
352
109
FIGUEIREDO, loc. cit.
110
Ibid, p. XXV.
111
ORDEM do dia. Documento dos militares apud RECICLAGEM na
caserna. Veja, São Paulo: n. 743, p. 32, 01 dez. 1982.
112
PIRES apud RECICLAGEM na caserna. Veja, São Paulo: n. 743, p. 33,
01 dez. 1982.
113
FIGUEIREDO, J. B. Mensagem ao Congresso Nacional. Brasília: Imprensa
Nacional, 1983. p. XIX e XX.
114
Ibid, p. XVI.
115
PIRES apud UMA PAUSA na sucessão. Veja, São Paulo: n. 745, p. 36,
15 dez. 1982.
116
A PREFERÊNCIA do eleitorado no pleito presidencial apud UMA
PAUSA na sucessão. Veja, São Paulo: n. 745, p. 37, 15 dez. 1982. Nesta
pesquisa, 68% dos eleitores responderam que preferiam eleições
diretas para a presidência da República e 53% afirmaram que o
candidato deveria ser um civil.
117
COSTA, O. Depoimento. In SOARES, D’ARAÚJO, CASTRO, op. cit,
p. 116.
118
VIEIRA, G. Depoimento. In Ibid, p. 276 et seq. O general Glauber Vieira
foi chefe da Assessoria Especial da Presidência da República no
governo Geisel, dentre outros cargos.
119
OLIVEIRA apud PELA porta da frente. Isto é, São Paulo: n. 327, p. 26,
30 mar. 1983.
Sobre o papel das Forças Armadas na sociedade brasileira, ver,
principalmente:
MORAES, J. Q; COSTA, W. P; OLIVEIRA, E. R. A tutela militar. Rio de
Janeiro: Vértice, 1987.
STEPAN, A. Os militares: da abertura à nova república. Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 1986.
353
120
O gal. Octávio Costa afirmava que o gal. Octávio Madeiros (Chefe do
SNI no governo Figueiredo) era o candidato do regime para governar
o país entre 1985-1991. Vide: COSTA, op. cit, p. 122.
121
Sobre este processo, ver:STEPAN, A. Os militares: da abertura à nova
República. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986. p. 68.
122
Ibid, p. 71.
123
O processo de transição, para Irene de Arruda Ribeiro Cardoso,
concorria para o “esquecimento ou diluição na memória coletiva do
terror implantado pela ditadura militar.”
CARDOSO, op. cit, p. 103.
124
SADER, E. Uma transição intransitiva? In Um rumor de botas. São
Paulo: Pólis, 1982. p. 179 -180.
125
Ibid, p. 187.
126
Com a emergência dos movimentos populares, na década de 1970,
surgiram inúmeras reflexões sobre o despontar dos novos sujeitos na
cena política e a criação das condições para o desenvolvimento de
uma democracia diferente daquela que o grupo de poder do regime
militar vinha, até então, propondo. Eder Sader, em Quando os novos
personagens entraram em cena, fazia uma análise neste sentido. Para
ele, as mudanças políticas que ocorriam naquele momento não
poderiam ser pensadas como resultado de atuação de um partido ou
de uma elite dirigente. A igreja, o sindicato, os movimentos populares,
a fábrica, etc., seriam, também, agentes das mudanças em curso.
SADER, E. Quando os novos personagens entraram em cena. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1988.
127
Dentre outros, pode-se citar :
SINGER, P. As contradições do milagre. In KRISCHKE, P. Brasil do
“milagre” à “abertura”. São Paulo: Cortez, 1982. p. 5 -22.
OLIVEIRA, F. de. Expansão capitalista, política e Estado no Brasil. In A
economia da dependência imperfeita. Rio de Janeiro: Graal, 1977. p. 114 – 134.
354
129
Dentre outros, vide:STEPAN, A. Os militares: da abertura à nova
república. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986.
LAMOUNIER, B. O “Brasil autoritário” revisitado: o impacto das
eleições sobre a abertura. In STEPAN, A. (org). Democratizando o Brasil.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988. p. 83 -134.
130
O Brigadeiro Délio Jardim de Mattos, ministro da Aeronáutica,
afirmava que a saída estava no diálogo e este implicava “uma
capacidade de ouvir, ceder e compor. (...) O bem comum é mais
importante que todas as divergências e todos os passados.”
MATTOS apud MEIA volta, volver. Veja, São Paulo: n. 761, p. 20, 06
abr. 1983.
131
Sobre isto ver os depoimentos dos militares que faziam parte do grupo
de poder, em:
PIRES, FONSECA, MATTOS apud MEIA volta, volver. Veja, São Paulo:
n. 761, p. 20- 1, 06 abr. 1983. Walter Pires, Maximiliano da Fonseca e
Délio Jardim de Mattos eram ministros militares no governo
Figueiredo.
FIGUEIREDO apud UM PERFIL está no ar. Veja, São Paulo: n. 766, p.
36 – 9, 11 maio 1983.
PASSARINHO, J. O presidente é a segurança que resta. Folha de S.
Paulo, São Paulo: 1 out. 1983. C.1, p. 3
132
PASSARINHO, loc. cit. Jarbas Passarinho foi líder e presidente do
Senado no governo Figueiredo.
133
FIGUEIREDO, J. B. Mensagem ao Congresso Nacional. Brasília: Imprensa
Nacional, 1983. p. XX .
134
Esta discussão foi feita em minha dissertação de mestrado.
REZENDE, M. J. de. O processo sucessório de 1984: o realinhamento
das forças dominantes encravado no terreno da conciliação. In A
transição como forma de dominação política. São Paulo: PUC, 1991. p. 195
– 260.
135
SARNEY, J. Diálogo com determinação. Folha de S. Paulo, São Paulo:
05 Jan. 1984. C.1, p. 3.
355
137
Para Florestan Fernandes, nessas condições é que Tancredo Neves
“se converteu e foi convertido no sucessor e substituto do sistema.
De um lado, o homem-chave dos compromissos com os militares.
(...) De outro, o homem-ponte que iria cimentar o ‘novo curso’. (...) À
sua retaguarda estavam os campeões dessa peculiar transição pacífica
para a Nova República: os liberais egressos do governo ditatorial; os
liberais do PMDB, em sua maior parte ex-combatentes do PP; (...) (e)
a massa reacionária da burguesia”.
FERNANDES, F. O continuísmo mudancista. Folha de S. Paulo, São
Paulo: 23 abr. 1985. C. 1, p. 03.
138
NEVES apud MINUETO da sucessão. Visão, São Paulo: n. 22, p. 20,
30 mar. 1983.
139
REZENDE, op. cit, p. 211. Sobre esta questão, ver:SUAREZ, op. cit, p.
229 et seq.
140
FIORI, J. L. Transição terminada: crise superada? Novos Estudos Cebrap,
São Paulo: n. 28, p. 137-151, out. 1990.
141
CARDOSO apud As bases de um novo acordo político. Exame, São
Paulo: n. 279, p. 17, 29 jun. 1983.
142
SUAREZ, loc. cit.
143
Dante de Oliveira, autor da emenda das diretas que foi derrotada em
25 de abril de 1984, atestava que era necessário, por um lado, ampliar
o processo de negociação para atingir inclusive os militares e, por
outro, era preciso pressionar os parlamentares via participação
popular.
OLIVEIRA, D. Vamos aprovar a emenda. Veja, São Paulo: n. 811, p. 05
-08, 21 mar. 1984.
356
145
REZENDE, op. cit, p. 223.
146
FIGUEIREDO, J. B. Mensagem ao Congresso Nacional. Brasília: Imprensa
Nacional, 1980. p. 19.
147
COUTO E SILVA, G. Conjuntura política nacional. Rio de Janeiro: J.
Olympio, 1981. p. 22.
148
Id, O momento brasileiro. Conjuntura política nacional – o poder executivo.
Rio de Janeiro: J. Olympio, 1981. p. 22-9.
149
Ibid, p. 20.
150
Ibid, p. 21.
151
Ibid, p. 101.
152
Ibid, p. 95.
153
ALVARENGA, A. C. G. (Cel). Doutrina militar brasileira. Revista da
Escola Superior de Guerra. n. 2, v.2, p. 61-77, abr. 1984. Chefe da divisão
de Assuntos militares da Escola Superior de Guerra.
154
Ibid, p. 68-9.
155
Ibid, p. 69.
156
Ibid.
157
FIGUEIREDO, J. B. Mensagem ao Congresso Nacional. Brasília: Imprensa
Nacional, 1981. p. XV.
158
Ibid.
159
COUTO E SILVA, G. Sístoles e diástoles na vida dos Estados. In
Conjuntura política nacional – o poder executivo. Rio de Janeiro: J.
Olympio, 1981. p. 16 et seq.
357
160
COUTO E SILVA, G. O momento brasileiro. In. Conjuntura política
nacional – o poder executivo. Rio de Janeiro, J. Olympio, 1981. p. 25.
162
Vários destes artigos foram publicados em: COUTO E SILVA, op. cit.
p. 5-37.
163
No que concerne à manutenção e ampliação dos objetivos políticos
do regime militar, a Escola Superior de Guerra continuava empenhada
na divulgação através de conferências, cursos, revistas, etc. de
elementos que, segundo ela, visavam constituir a verdadeira
personalidade coletiva da nação. Aqueles objetivos faziam parte, dizia
a ESG, de um quadro de objetivos nacionais permanentes.
Vide:CUNHA, op. cit. p. 34- 9.
164
COUTO E SILVA, op. cit, p. 33.
165
FIGUEIREDO, J. B. Mensagem ao Congresso Nacional. Brasília: Imprensa
Nacional, 1982. p. XXV.
166
Ibid.
167
Id, Mensagem ao Congresso Nacional. Brasília: Imprensa Nacional, 1983.
p. XX.
358
Considerações Finais
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
359
360
361
362
363
364
365
366
367
368
369
370
371
372
2
HOLANDA, S. B. Raízes do Brasil. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1987.
Id, A democracia é difícil. Veja, São Paulo: n. 386, p. 3-6, 28 jan. 1976.
FAORO, R. Os donos do poder. Rio de Janeiro: Globo, 1987.
AZEVEDO, F. Canaviais e engenho na vida política do Brasil. São Paulo:
Melhoramentos, 1958.
3
LEVI, op. cit, p. 678.
4
SARTORI, G. A teoria da democracia revisitada. São Paulo: Ática, 1994.
5
AZEVEDO, op. cit, p. 76.
6
COSTA, O. Depoimento. In. SOARES; D’ARAÚJO; CASTRO, op. cit,
p. 116.
7
AZEVEDO, op. cit, p. 75 passim.
8
Fernando de Azevedo afirmava, em 1948, que o personalismo foi no
setor político a racionalização do comportamento paternal.
Ibid, p. 101 et. seq.
9
FAORO, op. cit, p. 581-659 passim.
10
HOLANDA, op. cit, p. 101 et seq.
11
COSTA E SILVA, A. Pronunciamento à nação por rádio e TV no dia
15 de março de 1969. In COSTA E SILVA apud O FUTURO da classe
política. Visão, São Paulo: n. 6, p. 19, 28 mar. 1969.
Ib, Discurso na vila militar em 24 de março de 1969. In COSTA E
SILVA apud DEMOCRACIA partidária e modelo brasileiro. Visão, São
Paulo: n. 12, p. 23, 20 jun. 1969.
12
MÉDICI, E. G. Discurso proferido na inauguração da nova sede do
ministério da Justiça apud O ESTADO tutelar.
Visão, São Paulo: n. 2, p. 18, 17 jul. 1972.
13
GEISEL, E. Discursos. Brasília: Depto. de Imprensa Nacional, 1979.
373
14
GEISEL apud UM RÉQUIEM para a distensão. Veja, São Paulo: n.
361, p. 18, 06 ago. 1975.
15
FIGUEIREDO apud A ANISTIA em julgamento. Veja, São Paulo: n
.495, p. 35, 01 mar. 1978.
Id apud O PESO da segurança. Veja, São Paulo: n. 523, p. 21, 13 set.
1978.
16
FIGUEIREDO, J. B. A revolução não vai acabar. Folha de S.Paulo, São
Paulo: 05 abr. 1978. Entrevista.
374
Bibliografia
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
375
376
377
378
379
380
381
382
383
384
Livros e artigos
385
386
Revistas e Jornais
387