Fingimento Artístico - E
Fingimento Artístico - E
Fingimento Artístico - E
“Autopsicografia” pág. 32
O ato de fingir a dor sentida em imagens poéticas atinge grau de perfeição estética de tal
ordem “Finge tão completamente” que a dor fingida (a da escrita) se a figura mais real ao sujeito
poético do que a que sentiu (na realidade) e intelectualizou.
“Isto” pág. 33
Na composição poética “Isto” parece termos uma resposta a possíveis reações à teoria da
criação poética apresentada em “Autopsicografia”. As leituras dos dois primeiros versos confirmam
esta hipótese, o sujeito nulo indeterminado (“Dizem”, v.1) sugere que houve reações negativas, à
teoria poética apresentada. A essas críticas o sujeito poético responde incisivamente “Não” (v.2),
passando de seguida, a esclarecer o motivo por que “fingir” no seu enquadramento teórico não é
“mentir”.
O sujeito poético compara as suas emoções (os seus anseios, vivencias, insucessos), isto é, a
realidade que vive e experiencia num terraço, uma espécie de capa “sobre outra cousa ainda” (v.9),
sobre aquilo que considera ser perfeito e que, na verdade, o fascina referimo-nos à poesia – o
produto da intelectualização das suas emoções.
Há o cuidado por parte do sujeito poético em referir a necessidade de se distanciar da
realidade, isto é, liberta-se do que “ está ao pé” (v.12), pois está ciente que o processo de criação,
aquilo que é verdadeiramente “Belo” só se pode concretizar a partir do distanciamento.
A semelhança da composição poética anterior o sujeito poético faz referência ao leito, a este
reserva-lhe as emoções suscitadas pela leitura do poema, como se pode verificar no verso quinze.