Imperios Do Divino Na Amazonia
Imperios Do Divino Na Amazonia
Imperios Do Divino Na Amazonia
Gandra
O IMPÉRIO DO DIVINO
na Amazónia
7
O Império do Divino Espírito Santo
63
Impérios do Divino – Cronologia
115
O Império do Divino na Amazónia
119
Amapá
191
Amazonas
205
Maranhão
319
Mato Grosso
337
Pará
363
Rondónia
389
Tocantins
419
Contributo para uma Bibliografia dos
Impérios do Divino Espírito Santo
Continente – Açores – Madeira – Brasil - USA
459
Índice de verbetes
3
Acrónimos e siglas
4
“A religiosidade portuguesa, do mesmo modo que a galega […] há que ir
buscá-la sob as formas regulares e canónicas da religião oficial.
Sob ela palpita e vive ainda um certo naturalismo que tem muito de pagão e
não pouco de panteísta”
MIGUEL DE UNAMUNO
(Por tierras de Portugal y España)
O IMPÉRIO
DO DIVINO ESPÍRITO SANTO
I
9
os Discípulos, consoante a narrativa dos Actos dos Apóstolos (II, 1-4).
Depois da Ascensão aqueles regressaram ao Cenáculo e ali esperaram
em oração, durante 9 dias, a realização da promessa de Jesus. No
décimo dia, seriam 9 horas da manhã:
10
A iconografia portuguesa deste episódio da História Sagrada
esteve, invariavelmente, ao serviço da causa do Império do Divino
Espírito Santo, motivo por que se trata de um tema muito comum,
nomeadamente em capelas e altares da invocação do Paracleto.
O culto do Divino Espírito Santo sob a forma de Império é
expressão própria e exclusiva do mundo lusíada (nos Açores e no
Brasil 2 conserva ainda a fidelidade às origens) não tendo qualquer
similitude com as devoções homónimas que existem por todo o
restante orbe católico.
Isso mesmo concluíria Jaime Cortesão, uma vez na posse dos
resultados de um inquérito realizado por sua iniciativa em Espanha,
onde se não acha o mínimo vestígio da devoção do Império, nem
sequer no território aragonês, de onde era natural a Rainha Santa
Isabel, sua mais que improvável “inventora”, como creio ter já
demonstrado em outra ocasião 3.
Incapazes de penetrar a semântica genuína dos Impérios do
Divino, a devoção mais autenticamente pneumatológica da cultura
lusíada, autores houve que os advogaram susceptíveis de:
1, p. 58: “imperfeita imitação das festas e sacrifícios que os romanos anualmente faziam
a Ceres, filha de Saturno e Cibele, deuses da agricultura [...]”. Salete da Ponte reata esta
opinião no artigo A Simbólica de Festividades no Ciclo dos Tempos, in Boletim Cultural
Da Câmara Municipal de Tomar, n. 21 (Out. 1997), p. 13-26.
5 Cf. Luís Ribeiro, Os Festejos do Espírito Santo, in Almanaque dos Açores – 1934,
11
- concitar a “protecção divina contra pragas e malinas”,
mediante actos devocionais e práticas caritativas 8;
Natal muçulmano em Tripoli (Líbia), onde tabuleiros idênticos aos de Tomar são
ofertados como ex-votos (Domenica del Corriere, n. 20, 17 Jul. 1966)
12
- ter origem judaica 11.
- ser expediente, destinado a apaziguar o vulcanismo,
recorrendo a procissões e orações 12;
***
11 Cf. Correio da Manhã (11 Jun. 1991). Com mais razão se poderia dizer de origem
muçulmana a Festa dos Tabuleiros de Tomar, atendendo à similitude formal dos ex-
votos reproduzidos na foto publicada supra!
12 Tese perfilhada por César das Neves e pelo sociológo Caetano Valadão Serpa, que
deixa sem explicação o enraizamento dos Impérios na Madeira e no Brasil, por exemplo,
onde, consabidamente, inexiste vulcanismo! No Congresso do Espírito Santo de
Alenquer (2016), Fernanda Enes subscreveu a mesma paralaxe, estribada na falsa
assunção de que o Império do Divino foi uma criação açoriana. Com efeito, o culto do
Divino Espírito Santo teve origem em Portugal continental (muitíssimo antes da
“descoberta” do arquipélago açoriano), de onde havia de se difundir para todo o mundo
lusíada. Ora, sendo a liturgia do Império do Divino fundada num símbolo teológico-
filosófico (joaquimita) e, salvo ligeiras variações tópicas, constante e universal, que
particularidades do rito se baseiam no medo-pânico originado no vulcanismo?
13 Sobre este tópico, ver Fernando Pessoa, Prefácio a Quinto Império de Augusto
13
Assim, se a lei mosaica fora específica da Idade do Pai e a lei
evangélica da do Filho, a futura lei do Evangelho Eterno sê-lo-ia da do
Espírito Santo 14.
14
Encontro de Abraão com Melquisedeque, rei de Salém
Tábua do pintor Gregório Lopes, pertencente ao retábulo da capela-mor da igreja de São
João Baptista de Tomar. Melquisedeque oferece o pão e o vinho da comunhão ao
patriarca Abraão, tal qual Jesus fará aos discípulos na Última Ceia. Em segundo plano,
semi-encobertos pela figura enigmática de Melquisedeque, o Nesi Shalom (Príncipe da
Paz) dos essénios, descobrem-se as figuras que encarnam as três grandes confissões do
Livro: um judeu, um muçulmano e um cristão. Assim propagandeada, a missão
ecuménica, mais apropriadamente o Evangelho Português, que a Ordem de Cristo
herdou do Templo torna-se indiscutível.
15
O esgotamento da segunda Idade ou do Filho prenunciaria o
início do Tempo do Divino Paracleto, era da confraternização
universal de cujo advento os portugueses se fizeram arautos,
disseminando pelas novas latitudes tais expectativas milenaristas,
porém nem sempre da forma mais ortodoxa e conforme aos dogmas
romanos.
Esse o móbil da perseguição de que os festejos passaram a ser
alvo a partir do século XVI, nunca o carácter pagão então invocado
pela hierarquia eclesiástica e mais tarde pela etno-antropologia (hoje
pela sociologia) arregimentada para mascarar os autênticos motivos.
Se necessário fosse angariar testemunhos para ilustrar o
carácter heterodoxo da piedade popular subjacente aos festejos em
louvor do Paracleto, bastaria evocar:
15 Orto do Esposo, , fl. 34v-35r. Cf. edição crítica de B. Maler, Rio de Janeiro, 1965.
16
***
17
cristão-islâmico o modelo paradigmático da Cidade Santa, o pólo
teofânico, por excelência (i. e., da revelação divina) 16.
Creio ter sido o franciscano Frei Manuel da Esperança 17 quem
primeiro enfatizou por escrito o que já então seria uma assunção
geralmente admitida:
16 De facto, a cidade portuguesa que replica Jerusalém nos mais ínfimos pormenores é
Tomar, concebida pelo grão-mestre Gualdim Pais para sede espiritual da nona Província
da Ordem do Templo. Cf. Manuel J. Gandra, O Projecto Templário e o Evangelho
Português, Mafra, 2014, cap. VIII, p. 239-277.
17 História Seráfica da Ordem dos Frades Menores de São Francisco da Província de
1328) de Santa Isabel ser omissa no que concerne ao Império do Divino, inúmeros
autores haviam de adoptar o ponto de vista de tais eruditos. Um dos mais eminentes e
nado em Tomar foi Leitão Gaspar da Fonseca. Cf. Padre José Pereira Baião, Portugal
18
Brás de Araújo de Valadares 19:
19
chamasse Sexta-feira das carnes em cada um ano, com que se
desenfadassem [...] e que as matassem [...] e que em tal guisa os
esfolassem e esportelassem que com aquela noite e Sábado [...] fosse
aquela carne toda cozida, para se pôr em um paiol, a par do outro paiol
do pão que é ordenado para o dito voto [i. e., bodo], o qual pão e carne
se há-de comer ao Sábado véspera por clérigos e frades, quando [...]
com a procissão da Candeia, que é ordenado vir ao Sábado a Santa
Maria de Triana a qual havia de ser grande que estivesse um homem
digno um cabo dela no mosteiro de São Francisco da dita vila e viesse
ao longo pelas ruas da dita vila e saísse pela Porta do Carvalho e viesse
o outro cabo dentro [d]a igreja de Santa Maria de Triana ao altar.
Onde estivesse acesa assim em São Francisco como em Santa Maria
onde ao altar mor é ordenado estar um homem nu com seus pasmos
[i. e., panos] e com sua candeia nos braços em maneira de bandeira
assim como vem na procissão e por no dito altar donde há-de haver
continuadamente todo ano as missas e todas as horas, a qual candeia
acabada de apanhar fosse na jornada acesa [...]. Santo Espírito com
todas as cruzes da igreja e mosteiro a benzer todo o dito pão e carne,
para se dar ao dia seguinte no dito voto [i. e, bodo] e marcaram as
vésperas do dito Senhor Santo Espírito como entram outras coisas mui
boas para a dita festa, como lhe melhor parecer as quais são postas e
escritas no dito compromisso e acordaram e ordenaram que quando aí
não houvesse imperadores prometidos por sua devoção, que então
elegessem outros da dita vila e termo, dos mais abastados e
pertencentes que os fossem e isto seja feito com conselho dos mais dos
ditos confrades por a dita festa se não desfazer, e cumprimento de seu
efeito e os outros irmãos os ajudarão e contribuirão cada um aquilo
que honestamente puderem segundo sua faculdade” 20.
20
“Ela [Dona Isabel] e el Rei Dom Dinis, seu marido, foram os
autores da festa que se chama do Espírito Santo, cuja solenidade foi
tão célebre por todo o reino, e mais nos maiores e mais populosos
lugares dele, como ouvimos contar aos antigos. A que hoje dura em
Alenquer tinha a mesma celebridade pelo reino, isto é eleger-se e
constituir-se Imperador, que na primeira oitava do Espírito Santo,
com majestade real, assistisse aos ofícios divinos, andasse na
procissão, condecorasse com sua presença as mesas, honrasse as
festas e invenções com que o povo procurava alegrar-se. Aqui em
Alenquer se celebra ainda esta acção que chamam do Império, com
grande aparato, levam três coroas e uma delas que foi da Rainha Santa
Isabel. Servem pessoas nobres e de qualidade ao Imperador que está
em trono debaixo de docel, onde se assenta depois de haver oferecido
junto do altar uma daquelas coroas na mão do sacerdote que diz a
missa. E mandaram estes senhores Reis que assistindo o Príncipe
herdeiro do Reino nesta ocasião em Alenquer, ele fosse o que levasse a
coroa da igreja do Espírito Santo à do mosteiro de São Francisco, onde
se dá princípio à festa cuja parte principal é que no sábado, véspera de
Pentecostes se cerca com uma coroa, ou rolo de cera benta, tudo o que
há na vila, começando do mosteiro de São Francisco, até à igreja do
Espírito Santo, assistindo toda ela em procissão, no que viram já por
vezes milagrosos efeitos, porque fazendo esta cerimónia em tempo de
grande peste, foi Deus servido acabar-se o mal, e tornasse a
serenidade” 22.
do que seria nomeado governador do reino, enquanto D. João IV não chegou de Vila
Viçosa. Testemunhou o auto de juramento do monarca, celebrado a 15 de Dezembro,
tendo sido o primeiro a ratificar o juramento dos Três Estados ao soberano e a seu filho,
D. Teodósio (28 de Janeiro de 1641).
22 História Eclesiástica da igreja de Lisboa, Lisboa, 1642, parte 2, cap. 27, p. 122r-122v.
23 Religioso e cronista franciscano. Desempenhou diversos cargos na sua Ordem, a
21
marido, para celebrar a festa do Espírito Santo foram os inventores
primeiros. E porque a seu exemplo o mesmo império se usa em muitas
partes [...]” 24.
22
e erigiram uma confraria em louvor do Espírito Santo a que fizeram
liberais devoções” 28.
23
principalmente estas que são misteriosas, não podemos deixar de
entender que aquela candeia põe a Santa Rainha todos os anos ao
Espírito Santo, para que Deus, havendo um só pastor e um só
rebanho, estabeleça, em cumprimento da sua promessa, na coroa
portuguesa, o império universal do mundo” 29.
Retórica e Filosofia, foi Reitor dos Colégios do Faial, Santarém e ainda do noviciado de
Lisboa. Confessor de D. Pedro II, desempenhou também o cargo de deputado da Junta
dos Três Estados. Autor de Alma Instruída na Doutrina e Vida Cristã, em cujo segundo
volume (Lisboa, 1690, t. 2, p. 911-916) dedica umas quantas páginas aos festejos do
Império, mencionando, expressamente (p. 914), a instituição deles pela Rainha Santa
Isabel
31 Alma Instruída na Doutrina e Vida Cristã, v. 2, Lisboa, 1690, p. 914.
32 ANTT: Chancelaria D. Afonso V, liv. 1, fl. III.
33 Luciano Ribeiro, Alenquer – Subsídios para a sua História, Lisboa, 1936, p. 133.
24
a reedificação da respectiva igreja, tendo contígua a albergaria, no
exacto local onde se erguiam as casas do seu Paço.
Atente-se no teor de um dos mais antigos textos hagiográficos,
relatando a Lenda da Rainha D. Isabel chamada a Sancta molher
d’el-Rei Dom Denis a qual fundou a Casa do Spirito Sancto da vila
d’Alenquer, atribuído a Damião de Góis (1502-1574), historiador,
humanista e confrade da Confraria do Espírito Santo de Alenquer,
com a qual mantinha relações muito estreitas, porquanto os
mordomos e o capelão dela testemunhariam a seu favor no processo
contra si instaurado pelo Santo Ofício (1571) 34. Nele, Damião de Góis
é categórico, ao creditar à consorte de D. Dinis apenas e só a fundação
da igreja e hospital (“Casa e Hospital”) do Espírito Santo:
34Cf. Raul Rego, O Processo de Damião de Góis na Inquisição, Lisboa, 1971, p. 184.
Enquanto seu tio, Bastião de Macedo (cerca de 1570), foi provedor da Confraria do
Espírito Santo de Alenquer, Damião de Góis ofereceu à igreja da instituição diverso
património, arrolado na Lembrança de algumas coisas que mandei e dei a igrejas deste
Reino desde o ano de mil quinhentos e vinte e seis a esta parte (documento autógrafo,
datado de 16 de Fevereiro de 1572, integrado no processo inquisitorial): órgãos de som;
duas sobrepelizes de pano de linho; três balandraus de pano vermelho para serviço de
missa de três homens; uma mesa grande de mármore para se partir a carne dos touros
que se distribuía no bodo de Domingo de Pentecostes; uns bordos de madeira de fora,
para fazer bancos para se pôr o pão do dito bodo; uns bordos para se fazer uma charola
para o órgão da igreja, etc.
25
achou milagrosamente demarcados do tamanho e grandor que a [fl.
7v] igreja é e começados a cavar. […]. Item mais se acha que fazendo-
se aa dita obra que passava uma moça com um molho de rosas na mão
por a par do dito lugar onde a Rainha estava com suas donzelas vendo
como trabalhavam e que uma das ditas donzelas pediu as rosas À
moça e as deu à Rainha. A qual Senhora partindo-se da obra deu a
cada um dos oficiais uma das ditas rosas as quais eles puseram a par
de seus fatos, e à tarde querendo-se ir para casa tomando cada um a
rosa que lhe fora dada se lhe converteram em dobras, do que
espantados o foram logo dizer à Rainha […]” 35.
***
35 BN: IL. 223, fl. 2r-2v e 7r-7v. Cf. Teresa Andrade e Sousa, Lenda da Rainha D. Isabel:
códice iluminado da B. N., in Revista da Biblioteca Nacional, s. 2, v. 2 (1), (1987), p. 43
e 46.
36 Cf. Padre Jacinto Monteiro, Os Franciscanos e o Culto do Espírito Santo nos Açores:
26
de D. Isabel, redigida no séc. XIV, ocorrendo apenas num retábulo de
pintura, quatrocentista, do Museu Nacional d’Art de Catalunya 37 e
muito brevemente, na Crónica da Ordem dos Frades Menores 38 de
Frei Marcos de Lisboa, naquilo que constitui um dos mais remotos
registos hagiográficos impressos do episódio.
O que a maioria daqueles que se referem ao miraculoso evento
desconhece é que são dois (e não apenas um!) os Milagres das Rosas
creditados a Santa Isabel:
27
abrir os alicerces e chegando ao sítio destinado, os achou abertos, e
desenhados, vendo a Santa Rainha tão impensado sucesso, não sem
consideração de que era superior prodígio, perguntou aos juízes, se os
tinham mandado abrir naquela forma, ou deles tinham alguma
notícia, e os juízes lhe responderam, que nem eles nem outra pessoa
alguma havia dado princípio a aquela obra, antes passando por aquele
sítio no princípio da noite antecedente, não tinha aquela parte
diferença alguma do outro campo, ouvindo a Santa Rainha este
desengano, reconheceu o favor, e pondo-se outra vez em oração, deu,
com muitas lágrimas de ternura, graças a Deus da maravilha... Ainda
que parecia, que não necessitava de mais firmeza a fábrica, a que Deus
tinha feito a milagrosa planta, como os alicerces da igreja estavam só
delineados à flor da terra, mandou a Santa Rainha, que na forma da
delineação, se pusessem de maior altura, e depois de assistir na obra
por algum espaço do dia, despedindo-se dos oficiais, lhes disse, que
trabalhassem com cuidado, porque lhes havia de pagar o jornal com
vantagens, chegando ao Paço deu conta a El-Rei do sucesso, de que ele
recebeu grande gosto [...].
Tanto que a Santa Rainha acabou de jantar como aquela obra
era santa, veio assistir a ela a tarde toda, e passando por aquele sítio,
ao declinar do dia, uma moça com um molho de rosas nas mãos, disse
a Santa Rainha a uma Dama sua, que lhas pedisse da sua parte,
obedeceu a Dama ao preceito, a moça ao rogo, e passando as rosas da
segunda mão às da Santa Rainha, ficaram elas da melhor sorte, e com
o melhor preço [...].
Chegado o tempo da Santa Rainha se voltar para o Paço, deu a
cada um dos oficiais, e trabalhadores sua rosa, dizendo-lhes que com
elas lhes pagava o dia, e rindo-se eles, cuidando que era graça, as
aceitaram com grande cortesia, admirando tanta urbanidade em
majestade tão venerada, e para continuar o trabalho, guardou cada um
a sua em lugar distinto, posto o Sol, depois de se ausentar a Santa
Rainha, tomando cada qual os vestidos, para se recolherem a suas
casas, e querendo levar as flores, para testemunhas de que a Santa
Rainha lhes fizera aquelas mercês, quando as buscaram, acharam
dobras, e duvidando que fossem verdadeiras tão lucrosas
transformações; para se tirarem de dúvidas determinaram ir buscar a
Santa Rainha, a qual acharam ainda pela rua, e lhe disseram, que sua
Alteza lhes mandara pôr dobras em lugar de rosas, que eles não
tinham merecido tão liberal paga, e estavam certos da satisfação;
28
ouvindo a Santa Rainha o sucesso daquela mudança, conheceu que era
prodígio do Céu, porque com outros semelhantes, tinha a divina
grandeza, honrado a sua humildade, e pondo os olhos na terra e
coração no Céu, deu muitas graças ao Senhor [...].
Quando os oficiais deram conta à Santa Rainha, do sucesso que
os tinha em dúvida, lhe não deu ela alguma resposta, e chamando um
deles à parte, lhe perguntou outra vez pelo acontecimento, e ele lhe
tornou a referir a verdade, e tanto que se certificou do milagre, os
chamou a todos, e lhes impôs o segredo, dizendo-lhes que se
aproveitassem do dinheiro [...]” 39.
Santa Isabel e o Milagre das Rosas em Alenquer (c. 1670-1680), óleo sobre tela
(80 x 120 mm) do pintor Bento Coelho (matriz de Salvaterra de Magos)
29
Milagre das Rosas de Alenquer (1692) António Gomes e Domingos Nunes
Painel do terceiro retábulo lateral do lado da Epístola da igreja de Santa Clara-a-Nova
30
Milagre das Rosas de Alenquer (óleo sobre tela)
Painel central do retábulo do coro alto da igreja de Santa Clara-a-Nova
31
Não obstante o segundo Milagre das Rosas 40 ser aquele que se
acha directamente relacionado com o culto o Império do Espírito
Santo (até porque outrora o Pentecostes era denominado Páscoa das
Rosas…!), havia de ser suplantado pela primeira versão, actualmente
dramatizada em inúmeras festividades do Império na América do
Norte e, por contágio, nas de algumas das ilhas açorianas.
***
Benavente, nem da feitura de seus estatutos. Se a data de uma verba, segundo a qual, D.
32
“[…]. Assim que nós sobreditos, desejando de cumprir estas
coisas instituímos das próprias fazendas em o ano uma vez um convite
[i. e., um bodo] aos pobres por dia do Espírito Santo, digo, pobres em
Cristo, o qual Cristo é apascentado em os pobres, aos quais todos os
confrades cautelosamente terão e a nenhum ofenderão e com
diligência em vestiduras farpadas e bem aparelhadas, as quais cada
um dos confrades acerca de si terão para ministrar, tirando os clérigos,
as quais coisas, procuradas [e juntas], os clérigos com sobrepelizes e
os leigos com as vestiduras farpadas [roupas rôtas = pobreza
evangélica] 45 devem de discorrer pelas igrejas cantando com
Plagia mandava cantar anualmente uma missa por uma herdade que legara à Confraria
do Espírito Santo da mesma vila, é do mês de Agosto de 1272, da era de César, que
corresponde a 1234 da era cristã, sabido é que nesta data já existia em Benavente a dita
confraria sem que se saiba desde quando”.
45 A Pobreza Evangélica foi o tema crucial da disputa entre espirituais e conventuais. De
acordo com S. Boaventura, a pobreza mais não é que a forma de imperfeição exterior
que a perfeição exclusiva de Cristo assumira; por esse motivo devia a sua relativa
perfeição à graça de Jesus mais do que ao seu valor intrínseco. Na prática ambos os
grupos concordavam que a pobreza constituía um antídoto contra a cupidez, fonte de
todo o mal. Porém, os espirituais consideravam que só o usus pauper, i. e., a prática
efectiva da pobreza absoluta, constituía sinal de pobreza evangélica, não passando tudo
o resto de transgressão a esse ideal. A adesão ou recusa do usus pauper tornar-se-ia
sinónimo de lealdade ou oposição ao exemplo de renúncia ao mundo por parte de S.
Francisco, reverenciado corno um quase émulo de Cristo e indigitado guia da renovação
espiritual e fundador da nova era a que tal santificação conduziria. A veemência das
posições dos fraticelli introduziria um tom apocalíptico no debate, uma vez que
entendiam a aspiração aos bens e conhecimentos mundanos, como marca do Anticristo.
Por seu turno, Pedro Juan Olivi, único espiritual que advogara a obediência aos
superiores da Ordem e da hierarquia da Igreja, encarava a pobreza evangélica corno um
estado de perfeição interior, directamente proporcional à caridade como fonte de todo o
bem. Assim, quanto maior a renúncia ao mundo, tanto maior a caridade subjacente a
essa renúncia. Donde a fortuna dos beguinos ou begardos, até em Portugal. Álvaro Pais
trataria o problema da pobreza teórica de Cristo e dos franciscanos no De Planctu
Ecclesiae (v. 2, art. 55-57, fl. 173a), apropriando-se frequentemente, ad litteram e sem
indicar a fonte, do Tractatus de paupertate Christi et Apostolorum do franciscano Frei
Bonagracia de Bérgamo (Cf. Archivum Franciscanum Historicum, v. 22, 1929, p. 315-
316 e 322; Alejandro Amaro, Fr. Álvaro Pelagio, su vida, sus obras, su posición
respecto de la cuéstion de la pobreza teórica, en la Orden Franciscana, bajo Juan
XXII, 1316-1334, in Archivo lberoamericano, Madrid, 1916). Sobre a Pobreza
Evangélica, ver Tratado de Confissom (1489 [Lisboa, 1973, p. 98-99 e 231]): "[...]. É
esse mesmo o estado das religiões. Porque estes nunca são fartos nem contentes por
muito que hajam, case têm um cálice queriam outro e se têm dois queriam quatro, e se
quatro oito, e assim subir de um em outro, e das vestimentas isso mesmo, e das cruzes e
dos outros ornamentos que fossem tantos e tão nobres que em toda a terra não fossem
achados outros tais. E assim dos hábitos e das câmaras muito bem pintadas e das coisas
33
pandeiros e compãs [trombetas?] bem soantes [juntamente assim
como o diz David] louvando ao Senhor, e distribuindo aquelas esmolas
aquele dia e com muito prazer e alegria, porque em verdade ao tal
dador ama Deus. Mais instituímos que se algum confrade adoecer, os
confrades o visitarão por cada sua noite, procurando de o visitar e
assim os mordomos com suas próprias pessoas de vigiar até serem
certos de sua saúde.
E se morrer mui honradamente, com candeias acesas o corpo
leve à igreja e o guarde até ser sepultado, e quando aquele corpo
sepultarem todos os confrades com cada um sua candeia acesa na mão
farão celebrar uma missa pela sua alma e de todos os fiéis de Deus
cantada e oferecerão cada um seu dinheiro, e depois que haja sido
sepultado os mordomos tomem as candeias e os dinheiros e deem a
uma parte [que for do seu agrado] ao capelão que disser a missa e ao
altar, e a outra ponham em o seu tesouro para comprar as coisas
necessárias. E aos 30 dias farão cantar [por sua alma] outra missa
como a de cima com suas candeias [acesas] nas mãos e dinheiros para
oferecer. E se algum confrade for caminho e adoecer todos os
confrades mandem por ele, e isto até jornada de um dia, e se morrer o
mesmo farão. Os confrades sempre terão em seu tesouro incenso,
pano de linho, candeias, vestidos e todo o necessário [pranchas de
cortiça para envolver o corpo do defunto] para enterrar os mortos. Se
algum confrade ao seu confrade algumas injúrias disser ou lhe chamar
necessárias desta vida fossem a tão nobres que não pudessem ser achadas outras tais. E
isso mesmo os mosteiros mui pintados e mui grandes. Assim como Deus morasse nas
altezas grandes dos mosteiros ou nas pinturas das paredes e não morasse nas almas
limpas dos pecados, porque tanto fazemos por estas coisas, ca já não avondaria para
servir Deus nas igrejas feitas simplesmente; assim como são as outras que são simples;
assim como mandava São Francisco a seus freires que houvessem casas de pedra e de
lodo em que morassem. E que não andassem depos las pinturas da parede mais que
andassem em pos o espírito e tão grandes são os haveres que despendem em fazer estas
obras dos mosteiros que bem avondariam em comer e beber e em vestir a todos os
pobres da terra e por azo de fazerem aquestas coisas com grande cobiça nunca lhes
minguam obras e é azo de pedirem esmolas e ainda que as areias do mar fossem ouro
não abastaria tanta é a sua cobiça para cumprir estas coisas. [...]. E por isto a cobiça em
todos os estados do mundo é senhora e rainha esta é aquela pela qual são feitas e
obradas todas as malícias do mundo. Esta obrou e fez cisma na igreja de Deus e a
mantém [...]". Cf. E. Randolph Daniel, Spirituality and Poverty: Angelo de Clareno and
Ubertino da Casale, in Medievalia et Humanística, nova série, n. 4 (1973), p. 89-93; M.
D. Lambert, Franciscan Poverty, the Doctrine of the Absolute Poverty of Christ and the
Apostles in the Franciscan Order (1200-1323), Londres, 1961.
34
tredo [imbecil, sodomita ou esterco] ou alguma coisa falsa disser, este
entre no capítulo e seja açoitado com três açoites em camisa, e então
jure sobre esta carta [aliás: sobre esta cruz e carta] que por ira disse
aquilo e não por feito que lhe vise, e pague meia libra de cera para a
confraria. E se o ferir com mão cerrada ou aberta entre no capítulo e
seja açoitado com seis açoites e dê à confraria uma libra de cera. E se
algum confrade a outro confrade ferir com espada, lança, cutelo seja
deitado da confraternidade. Se algum confrade sem sua culpa em
alguma pobreza vier ou em algum cativeiro cair ou todas as coisas lhe
arderem, todos os confrades do débito de caridade seus [aliás: seis]
dinheiros lhe contribuam. Se alguma viúva ou pobre [aliás: viúva
pobre] entre nós estiver ao qual lhe haja caído sua casa ou que a sua
vinha não possa corrigir por pobreza todos os confrades trabalhem
nela e a sua casa lhe ergam. E nenhum confrade ao outro confrade
presuma trazer em Juízo nem em outro lugar ainda que seja contra
parente ou estranho, porque quanto aí perder tudo lhe há-de pagar e
também pagará meia libra de cera à confraria. Se algum dos nossos
confrades com algum homem razões houver ou contenda que não seja
dos da confraria, todos os confrades sejam por parte do nosso
confrade. E se algum confrade com outro confrade algumas razões ou
contenda tiver ou houver, venha diante dos nossos juízes e eles os
concertem. Se algum confrade recusar ao juízo dos nossos juízes e o
não quiser receber seja deitado da confraria [...].
Assim que todos os irmãos, assim como é escrito acima,
vestidos devemos honradamente levar os pobres defuntos à[s]
igreja[s], assim como qualquer confrade nosso, e estar com candeias
acesas até que seja sepultado e pela alma dele oferecer cada um seu
dinheiro dos quais aos nossos mordomos queiram que sejam aquelas
coisas que se aí despenderem restauradas, incenso, panos e outras
coisas [aliás: e pela alma dele [defunto pobre] cada um entregar aos
nossos mordomos seus dinheiros, com os quais se possam repor o
incenso, panos e outras coisas que aí se despenderem]. Determinamos
mais que em aqueles tempos em que soem fazer prantos sobre os
mortos, a saber, quando o corpo da casa é levado à igreja e depois que
é sepultado os confrades cantem e saltem [aliás: salmodiem?] porque
por isto o pranto das mulheres seja minguado e também o pranto dos
homens” 46.
35
Em 1623, ainda era organizada nos seguintes moldes a
festividade do Império, promovida pela confraria do Espírito Santo de
Benavente:
Urzela não foi Sancha Fernandes, mas Maria Pires. Aquela foi a doadora dos
ornamentos.
36
charamela tangendo com muito prazer; e os Irmãos do ano irão de
uma e outra parte afastando a gente.
Da casa da Misericórdia aonde entrarão com esta oferta dando
uma volta ao derredor da casa e se tornarão a sair com a cruz da casa e
da Igreja em procissão com grande prazer e alegria, caminhando para
a Igreja matriz, aonde se há-de dizer e sempre costumou dizer a missa
a qual será de canto de órgão e solene; e a oferta se oferecerá o dito
trigo, indo cada moça com o seu tabuleiro à cabeça e na mão esquerda
a sua vela acesa, e assim irá ao sacerdote e beijando se volverá para a
sacristia, e nesta mesma ordem irão as do vinho e os dos carneiros.
Acabada a missa por a qual se dá de esmolas aos padres, além
da oferta de trigo, vinho e carneiros, trezentos reis se irão os três
padres revestidos assim como estiverem à missa com as ditas cruzes e
dez irmãos com suas tochas, assim como estiverem à missa e irão ao
adro desta vila e dirão um responso ao pé da torre aonde está a campã
e logo dirão outro ao canto da Igreja da parte leste; e logo dirão outro
que é o último à porta da Igreja aonde está outra campã; e acabados se
tangerão as charamelas e os foliões com muito prazer e alegria porque
assim achamos ser costume antigo, e por tradição se dizer sempre que
a instituidora desta festa, Maria Anes, era grande bailadeira e que
assim mandou que tal dia se bailasse sobre sua cova” 48.
48 Cf. Lembranças dos costumes desta Sancta Caza da Misericórdia, n. 13ºa 17º,
tomadas em Mesa de 11 de Junho de 1623 (Livro de Registo das Provisões e Sentenças
de Sua Majestade, etc., 1622-1779, fl. 48-51),no tempo do provedor Belchior Leitão
Correia. No tombo da matriz (fl. 119v-122), sob o título Capela de Maria Anes, da
maneira que se há-de fazer a festa, acha-se uma cópia da descrição da festividade do
Império, feita em 1708 por Frei António Antunes Machado, beneficiado na matriz e
então escrivão da Misericórdia. Foi tal a popularidade de Maria Anes que o Auto do
Império de Benavente ficou conhecido pela “festa de Maria Anes”, designação que ainda
conservava em 1731. Cf. Livro de Registo das Provisões…, fl. 72-73.
37
que terá contribuído para radicar a tradição segundo a qual sob a sua
égide e a de Dom Dinis se haviam originado.
Não será excessivo recordar que também Mário Martins põe
“sérias dúvidas” à invenção “da solenidade do Império”, pela Rainha
Santa e por Dom Dinis 49, opinião igualmente partilhada pelo
investigador gaulês Daniel-Francis Laurentiaux 50.
Em suma, de duas coisas distintas muitos exegetas têm feito
uma insustentável: sendo indiscutível que D. Isabel protegeu e dotou
generosamente a Irmandade do Espírito Santo de Alenquer, carece já
de qualquer fundamento documental coevo plausível (porquanto a
ideia é posterior à canonização da rainha, em 1625!), a sua creditação
enquanto introdutora da devoção do Império em Portugal!
De tão concitado por supostas autoridades na matéria
(avalizadas em fontes, cuja letra atraiçoaram), passou a condicionar,
hodiernamente, a forma como umas quantas comunidades,
maioritariamente da diáspora portuguesa nos Estados Unidos da
América do Norte, bem como algumas insulares açorianas,
contaminadas por aquelas, ritualizam os festejos do Divino.
38
II
APOCALIPSE, XXI, 16
39
Império do Penedo (Sintra), O Imperador distribuindo alimento
(Açores, 1907), Folia da Fajãzinha (Flores, Açores)
40
Libertação do preso no Império da Baía (séc. XIX)
53Ver Manuel J. Gandra, Colectânea das principais censuras e leis contra os Impérios
do Divino Espírito Santo, in Newsletter do Centro Ernesto Soares de Iconografia e
Simbólica, n. 16 (6 a 8 Jun. 2003).
41
Faria e Sousa corrobora-o, pelo menos, no que concerne à
expansão marítima, quando admite:
“[…] las [naves] llevo Dios, a quien ellos obedecen, i no a otro poder, o
ingenio alguno, i que no ay duda que soplo en aquellas velas el viento
del Espirito Santo, como lo pondera nuestro grande Juan de Barros en
el capitulo segundo del libro quarto de la Década primera. I quien
duda, que esse entendio nuestro gran Poeta quando introduxo […] a
Venus por su protectora, siendo ella una Diosa que conforme a las
misteriosas fabulas es assistida, i aun engendrada de palomas […]” 54.
42
Começa agora o trinchante a sua árdua e honrosa tarefa da
distribuição das Flores do Espírito Santo [pedaço de pão ou rosca]
com que vai entretendo o povo em volta do Teatro. [...] Logo que o
Trinchante começa a distribuição, aglomera-se o povo em volta do
Teatro, especialmente a rapaziada que grita de mão no ar: Senhor
Trinchante um bocadinho de pão de mesa. [...]. E assim continua até
ao fim do dia. Todo o movimento do Império está no Teatro e na
copeira” 56.
56Cf. Festas do Espírito Santo na Ilha de Santa Maria, in Arquivo dos Açores, v. 14
(1921).
43
Prato de bodo (Biscoitos, Terceira, Açores) e Cangirão para vinho (Império do
Outeiro, Angra do Heroísmo, Terceira)
44
Bodos em S. Miguel (1907) e Angra do Heroísmo (Terceira, Açores), nos
inícios do século XX
45
Arneiro (Alenquer) e São Martinho do Campo (Santo Tirso): capelas do
Espírito Santo com seus alpendres
46
(elevado, portanto, relativamente ao piso circundante) 58, assumia a
função consignada nos Açores ao Teatro. O carácter de galilé que
assumia nesses casos estaria, evidentemente, relacionado com o
significado desta: antecâmara da Terra Santa (Galileia), espaço de
transição entre o mundo profano e a ordem sagrada.
58Diversas ocorrências podem ser apontadas nas regiões de Torres Vedras e Mação,
bem com na Beira Baixa.
47
Arramada da Horta (Açores)
48
Os Impérios, em alvenaria, têm sido invariavelmente
interpretados como os sucedâneos de tais estruturas rudimentares e
efémeras 59, que, apesar de tudo, persistem, geralmente diante dos
próprios Impérios ou nas traseiras das igrejas, como ainda se observa
na ilha de Santa Maria.
Para os adeptos de taxonomias, direi que são três os grupos de
Teatros característicos do arquipélago dos Açores:
49
Altar do Divino da Casa do Espírito Santo da Fajãzinha (Flores, Açores)
2. Teatros marienses
50
Teatro do Divino foi construído encostado a uma das paredes laterais
da matriz de São Mateus.
51
Eis um relato do que ocorre durante o Pentecostes numa
Copeira de Santa Maria:
3. Impérios-capela ou Impérios-tabernáculo
52
Pentecostes, mesmo em espaços privados, como era o caso dos
conventos 60.
Por exemplo, as freiras do Mosteiro de São João, na cidade da
Horta (Faial), festejavam o Espírito Santo, com grande solenidade,
desde a Páscoa até ao Pentecostes.
Segundo testemunho de Gabriel d’Almeida,
53
de São Miguel, de Santa Maria e da Graciosa, onde o Império das Sete
Marias, no lugar das Fontes (Santa Cruz), constitui o último
testemunho do género, patrocinado, há cerca de 40 anos, por uma
Irmandade de mulheres, a Irmandade das Sete Marias.
Trata-se de uma estrutura cúbica, de mais ou menos quatro
metros quadrados de área, por dois metros e meio de altura, toda em
madeira, e pintado de azul. Tem no interior um altar rudimentar, onde
é depositada a coroa da Irmandade, depois da coroação. Este pequeno
Teatro possui apenas uma porta na frente, e duas janelas de cada um
dos lados. É montado no centro da localidade, onde também se
desenrola o programa festivo.
Em suma: o estrado elevado dos Teatros efémeros poderá ter-
se transformado numa estrutura, quase invariavelmente, de forma
cúbica, coberta de colmo ou madeira (à semelhança da maioria dos
imóveis destinados à habitação, então denominados Casas palhaças) e
totalmente aberta nos espaços entre as pilastras, primitivamente de
madeira e, mais tarde, em alvenaria, que suportava esta espécie de
alpendrada.
A telha, material mais nobre, passaria a ser adoptada enquanto
cobertura, continuando o Teatro, no entanto, aberto lateralmente.
É convicção de alguns autores que só durante a 1ª metade do
século XIX, na sequência do terramoto de 1841 (que afectou
principalmente a Praia da Vitória e a freguesia do Ramo Grande, na
Terceira), os Impérios terão começado a ser concebidos como volumes
fechados, procedendo-se ao encerramento dos espaços entre as
pilastras, primeiro com tabuado, depois com portas e janelas
envidraçadas, mercê da vulgarização do vidro (introduzido nas ilhas
pelos ingleses).
O modelo resultante das sucessivas alterações na estrutura
destes Teatros mais antigos, terá inspirado, posteriormente (finais do
século XIX, primeiras décadas do XX), os construtores de novos
Teatros (actualmente, cerca de 70, só na ilha Terceira), integralmente
edificados em alvenaria, praticamente réplicas uns dos outros,
dispondo de portas e janelas que os encerram completamente. Tais
Teatros, em alguns casos descaracterizados, em consequência de
haverem sido acrescidos de escada de acesso em alvenaria, no decurso
da reconstrução que se seguiu ao sismo de 1980, assemelham-se
nitidamente às capelas e ermidas sob a tutela da igreja, inclusivamente
no frontão de feição mais ou menos erudita.
54
Alguns exemplos de Impérios sem acesso permanente: Rossio e Corpo Santo
(Angra do Heroísmo), Fonte do Bastardo, Caminho da Cidade - Porto Judeu,
Porto Judeu de Baixo (Praia da Vitória), Parada (Ponta Nova)
55
José (numa missiva remetida ao Papa Leão XIII, em 1898), de
transformar os Teatros em capelas públicas.
56
particularmente, aquele que é considerado o mais antigo Império-
capela em alvenaria da ilha Terceira, eventualmente paradigma dos
restantes congéneres: o Império do Outeiro, em Angra do Heroísmo, o
qual tem inscrita no frontispício a data de 1670 62.
O que mais notabiliza essa construção é a sua configuração
cúbica, com três vãos na fachada principal (e, por vezes, nas laterais),
que, evidentemente, remete para a Jerusalém Celeste descrita no
Apocalipse, atribuído ao Evangelista João, um dos textos mais
glosados pelos joaquimitas.
Um cubo com três portas ou janelas em cada uma das faces (na
razão das doze tribos, dos doze signos do Zodíaco, dos doze Apóstolos,
etc.) que baixa do Novo Céu para a Terra Prometida vindoura, a qual
tocará, assinalando concomitantemente o advento do milénio.
Para preludiar esta futura, autêntica e tão apregoada Nova
Ordem Mundial, os devotos do Império do Divino erguem réplicas da
Nova Jerusalém, inacessíveis como a Cidade Santa, excepto durante a
festa de Pentecostes, quando surgem as escadas ou degraus em
madeira que a elas permitem aceder.
A Casola ou Quadro, também denominado Quadrado de varas
e Quadro santo 63, é outra das figuras da Jerusalém Celeste assimilada
pelo Auto do Império.
Trata-se de um recinto formado por quatro varas transportadas
de maneira a constituírem uma espécie de armação paralela ao chão, e
a cerca de meio metro deste, no interior da qual segue o Imperador e,
em determinadas localidades, as personagens que integram o cortejo
designado Abertura da mesa, isto é, a Corte Imperial.
57
Casola ou Quadro Santo: Velas (S. Jorge, Açores) e Parati (Rio de Janeiro)
58
O Quadro é suportado exteriormente em cada um dos ângulos
pelos quatro ajudantes grados, sintomaticamente, apelidados de
(quatro) Apóstolos, ou Evangelistas, na ilha das Flores (Açores) 64.
“E veio um dos sete anjos que tinham as sete taças cheias das
últimas sete pragas e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei a
esposa, a mulher do Cordeiro.
E levou-me, em espírito, a um grande e alto monte, e mostrou-
me a grande cidade, a santa Jerusalém, que de Deus descia do céu.
59
E tinha a glória de Deus; e a sua luz era semelhante a uma pedra
preciosíssima, como a pedra de jaspe, como o cristal resplandecente.
E tinha um grande e alto muro, com doze portas, e nas portas
doze anjos, e nomes escritos sobre elas que são os nomes das doze
tribos de Israel.
Da banda do levante tinha três portas, da banda do Norte três
portas, da banda do Sul três portas, da banda do poente três portas.
E o muro da cidade tinha doze fundamentos, e neles os nomes
dos doze apóstolos do Cordeiro.
E aquele que falava comigo tinha uma cana de ouro para medir
a cidade, e as suas portas e o seu muro.
E a cidade estava situada em quadrado; e o seu comprimento
era tanto como a sua largura. E mediu a cidade com a cana, até doze
mil estádios; e o seu comprimento, largura e altura eram iguais.
E mediu o seu muro, de cento e quarenta e quatro côvados,
conforme à medida de homem, que é a dum anjo.
E a fábrica do seu muro era de jaspe, e a cidade de ouro puro,
semelhante a vidro puro.
E os fundamentos do muro da cidade estavam adornados de
toda a pedra preciosa. O primeiro fundamento era jaspe; o segundo
safira; o terceiro calcedónia; o quarto esmeralda.
O quinto sardónica; o sexto sárdio; o sétimo crisólito; o oitavo
berilo; o nono topázio; o décimo crisópraso; o undécimo jacinto; o
duodécimo ametista.
E as doze portas eram doze pérolas: cada uma das portas era
uma pérola; e a praça da cidade de ouro puro, como vidro
transparente.
E nela não vi templo, porque o templo é o Senhor Deus Todo-
Poderoso e o Cordeiro.
E a cidade não necessita de sol nem de lua, para que nela
resplandeçam, porque a glória de Deus a tem alumiado e o Cordeiro é
a sua lâmpada.
E as nações andarão à sua luz; e os reis da terra trarão para ela a
sua glória e honra.
E as suas portas não se fecharão de dia, porque ali não haverá
noite.
E a ela trarão a glória e honra das nações.
60
E não entrará nela coisa alguma que contamine e cometa
abominação e mentira; mas só os que estão inscritos no livro da Vida
do Cordeiro”.
61
mundo espiritual e correlato dos Impérios-Tabernáculo açorianos,
inacessíveis como a Jerusalém Celeste, excepto durante a festa.
Sintomaticamente, o Mastro do Divino é denominado Pau de
Jerusalém, ou Torre de Jerusalém, no Maranhão.
62
IMPÉRIOS DO DIVINO
CRONOLOGIA
1202
Consoante o seu testamento, a rainha D. Mafalda funda, em Marco de
Canaveses, uma albergaria para nove passageiros pobres, dedicada ao
Divino, tal como a capela anexa.
1222
A Infanta D. Sancha (filha de Sancho I) funda uma albergaria dedicada
ao Espírito Santo no Paço Real de Alenquer.
1234
A Irmandade do Espírito Santo de Benavente existe neste ano, sem
que se saiba a quando remonta. Possui Compromisso redigido em
latim, no qual se apela aos confrades para que honrem a Pobreza
Evangélica, pelo menos no dia de Pentecostes, trajando “vestiduras
farpadas” (rôtas) durante os festejos em louvor do Divino, no âmbito
dos quais haviam de visitar igrejas, organizados em folia, “cantando
com pandeiros e campãs, bem soantes”, enquanto distribuíam
esmolas.
1237
A Irmandade do Espírito Santo de Benavente é detentora de bens
doados.
Séc. XIII – meados
Compromisso da Irmandade do Espírito Santo de Benavente.
1258
Capela do Espírito Santo na Quinta de Antemil (Santiago de Piães,
Cinfães, Viseu) é citada nas Inquirições de Afonso III.
1269
Hospital de Merceeiros do Espírito Santo de Santarém, contemplada
com uma vinha no testamento de Maria Mendes.
1271
Nasce Santa Isabel († 1336).
1274
Irmandade do Espírito Santo de Portalegre.
1279 (antes)
Hospital do Espírito Santo anexo ao convento da mesma invocação,
em Gouveia (Guarda).
65
1279
A rainha D. Beatriz de Gusmão (viúva de D. Afonso III) toma “em sua
guarda e defesa” a albergaria do Espírito Santo de Alenquer, por carta
de 18 de Setembro, na qual a recomenda a seu filho, D. Dinis.
1280
Hospital do Espírito Santo de Alfange (Santarém) citado no
testamento de D. Lúcia (18 de Maio).
O Hospital do Espírito Santo, denominado “Espírito Santo Pão e
Água”, sito próximo do Rossio da Porta de Manços, em Santarém, é
instituído pelo abastado mercador D. Estêvão Cibrães.
1280
Baseado numa escritura que assevera ter existido na Câmara de
Alenquer, A. Rodrigues de Azevedo aponta este como o ano do início
das festas do Divino naquela vila.
1282
Compromisso da Confraria do Espírito Santo do Vimieiro, em Arcos
de Valdevez (21 Março).
Albergaria e Hospital anexos à igreja do Espírito Santo do Vimieiro
(Arraiolos), documentados por tombo existente na Misericórdia local.
1290
Ano alegado para o início da festa do Império no Paço de Sintra.
1295
Confraria do Espírito Santo em Miragaia (Porto).
Séc. XIII
Compromisso da Confraria do Espírito Santo de Ribeira de Vide
(Gafanhoeira, Arraiolos).
1306
Confraria e Hospital do Espírito Santo, em Leiria.
1315
Hospital do Espírito Santo, o Novo, de Santarém.
1316
Irmandade do Espírito Santo de Bragança entra na posse da igreja de
Santa Maria Madalena, adoptando-a para sua igreja e o adro para
cemitério.
A albergaria do Espírito Santo de Montemor-o-Novo (Évora) é
fundada a 14 de Novembro.
1320
Igreja do Espírito Santo de Vimieiro (Arraiolos).
66
1320-1321
Capelania do Espírito Santo na igreja de Santiago de Trancoso
(Guarda), instituída pelo Bispo D. Egas.
1321
Confraria do Espírito Santo de Santarém.
D. Isabel de Aragão patrocina o primeiro compromisso (O Principio e
fundamento da Casa do Spritto Santo), da confraria do Espírito Santo
de Alenquer (Brás Araújo de Valadares) [Luciano Ribeiro, Alenquer –
Subsídios para a sua História, Lisboa, 1936, p. 133], bem como a
reedificação da respectiva igreja, tendo contíguas as casas da
albergaria e da mercearia.
1322
Ano da instituição do Império de Alenquer, segundo D. Fernando
Correia de Lacerda (1680).
1323
Jaime Cortesão, adoptando sugestão de Frei Manuel da Esperança
(1656) e tendo à vista documentos do Arquivo alenquerence, afirma
ter sido o convento de São Francisco de Alenquer o palco da primeira
realização do Império naquela vila.
1339
Sentença sobre o pagamento de certa quantia que o Hospital do
Espírito Santo de Alfama deve de 4 aniversários.
1342
Hospital do Espírito Santo anexo à ermida homónima da Azambuja
(Santarém).
1354
Albergaria do Espírito Santo de Montemor-o-Novo é unida à de Santo
André de Montemor-o-Velho.
1359
D. Dinis concede ao Hospital do Espírito Santo de Santarém que
possa escolher anualmente de entre os confrades, mordomos e
procuradores, um juiz que ouça os preitos e demandas da comunidade
(1 Setembro) [Chancelaria D. Dinis, liv. 3, fl. 141v].
1372
Hospital e albergaria do Espírito Santo são instaladas em casas
próprias, edificadas pelo alcaide de Arronches, Dom Rui Gonçalves.
1380
Documento sobre o Hospital do Espírito Santo de Évora, citado em
outro do ano de 1437.
67
1381
Albergaria de Santo Ildefonso (Porto), também denominada do
Espírito Santo.
1386
Carta de doação de D. João I a Martim Vasques da Cunha de todo o
direito que Catarina Dias, filha de Diogo Soares, tinha no Hospital do
Espírito Santo na freguesia de São Bartolomeu de Lisboa, na
sequência da sua fuga e de sua mãe, Urraca Fernandes, para Castela
(20 Setembro).
1390
É instituída a Irmandade do Espírito Santo dos Pescadores do Alto de
Lisboa, com sede num altar da igreja de São Miguel de Alfama.
1395
Hospital do Espírito Santo da Pedreira dos mercadores de Lisboa
existe neste ano, sem que se saiba a quando remonta a sua instituição.
Séc. XIV
Renovação do Compromisso da confraria do Espírito Santo de Ribeira
de Vide (Gafanhoeira, Arraiolos).
68
1410
Data do Compromisso velho da Irmandade do Espírito Santo dos
Pescadores do Alto de Lisboa.
1412
Ano da mais antiga referência documentada ao Hospital do Espírito
Santo de Sintra (22 Fevereiro).
1424
Pergaminhos relativos à albergaria do Espírito Santo de Évora.
1425
Albergaria do Espírito Santo de Tavira.
1432
Carta de mercê de D. João I outorgada ao Hospital do Espírito Santo
de Lisboa, pela qual se determina o sustento de doze pobres e se
ordena que não pousem no dito Hospital, nem em casas suas, nem
tomem nenhum dos seus bens (11 Janeiro).
1433
Documento respeitante ao Hospital do Espírito Santo de Évora.
1434
Carta de confirmação de um instrumento público pelo qual os
pescadores de Lisboa acordaram entre si não pescar aos domingos
nem nos dias santos, excepto para oferecer o pescado a pobres ou aos
Hospitais do Espírito Santo ou do Corpo de Deus, de que eram
confrades (18 Setembro).
1437
Documento com referência ao Hospital do Espírito Santo de Évora,
citando outro da era de 1418 (ano de 1380).
1439
Ordem do Corregedor (?) aos alcaides do Santo Espírito de Évora.
1443
Hospital do Espírito Santo de Miragaia (Porto), fundado por Catarina
Afonso.
Referência a uma “Pombinha com que fazem o jogo do Santo
Espírito”, em Montemor-o-Novo.
1445
Documento sobre hospital do Espírito Santo de Évora.
1448
Documento sobre hospital do Espírito Santo de Évora.
69
1450
Afonso V avaliza autorização concedida por D. Duarte aos mordomos
do Império de Alenquer para recolherem na mata da Ota toda a
madeira necessária para o bodo (5 Agosto).
1454
Carta de mercê de D. Afonso V dada aos mancebos solteiros da vila de
Portalegre, pela qual ordena que os Imperadores e Oficiais da festa de
Santo Espírito da dita vila possam constranger quaisquer mancebos
solteiros da dita vila e termo que não quiserem aceitar os ofícios e
cargos da dita festa, dando-lhes autorização para aplicarem penas
pecuniárias a todos aqueles que se recusarem a exercê-los, as quais
devem reverter a favor da Confraria da dita festa (19 Novembro).
Regimento do Hospital do Espírito Santo de Santarém (2 Setembro).
1457?
D. Afonso V faz concessão de privilégios aos mercadores da cidade de
Lisboa, administradores das confrarias do Espírito Santo e de São
Francisco, para que o juiz da Alfândega ouça e determine os preitos e
demandas que pertencerem às ditas duas confrarias.
1459
Carta de mercê de D. Afonso V outorgada aos mancebos solteiros da
vila de Marvão, pela qual ordena que os Imperadores e Oficiais da
festa de Santo Espírito dessa vila possam constranger quaisquer
mancebos solteiros da vila e seu termo que não quiserem aceitar os
ofícios e cargos da dita festa, dando-lhes autorização para aplicarem
penas pecuniárias a todos aqueles que se recusarem a exercê-los, as
quais devem reverter a favor da Confraria da dita festa (19 Novembro).
1462
Afonso V ratifica a carta de D. Beatriz, de 1279, pela qual a soberana
colocava sob a sua protecção o Hospital do Espírito Santo de
Alenquer.
1465
A Carta de mercê concedida aos mancebos solteiros de Portalegre
(1454) e de Marvão (1459) é tornada extensiva aos da Amieira (11
Janeiro) e aos do Crato (16 Julho).
1468
Carta de ofício de escrivão da Câmara, dos órfãos, da gafaria,
almotaçaria, contador de todos os feitos, inquiridor e distribuidor
perante os tabeliães, escrivão da gafaria, provedor e escrivão da casa e
Albergaria de Santo Espírito de Óbidos, outorgada por D. Afonso V a
70
Álvaro Pires, seu escudeiro, em substituição de João Lopes, que
falecera (4 Agosto).
1470
Hospital do Espírito Santo do Chafariz dos Cavalos (Lisboa).
Carta de mercê de D. Afonso V outorgada a Gil Cochifel, escudeiro, e a
Catarina Eanes, sua mulher, moradores em Ermigeira, termo de
Torres Vedras, os quais haviam instituído e administrado um Hospital
da invocação do Espírito Santo no Machial dos Cavaleiros, junto de
Alcabrichel, termo da dita vila, no qual ordenaram estar certas camas
e um altar para nele se dizer missa e acolherem os pobres (9 Janeiro).
1471
Afonso V funda o Hospital do Espírito Santo de Loulé.
Carta de mercê dada por D. Afonso V à condessa D. Isabel, pela qual
privilegia todos os caseiros, foreiros e lavradores da albergaria que foi
de Lopo Soares e do Hospital do Santo Espírito da cidade de Lisboa e
da Quinta de Benafaras, termo de Almada, escusando-os de servir por
mar e por terra, por si ou por outrém, de acompanhar presos e
dinheiros, defendendo que não sejam tomados os seus bens e animais
(26 Outubro).
1472
Afonso V concede autorização aos oficiais e Imperadores do Sardoal
para “apremar” os mancebos solteiros para a festa do Espírito Santo e
aos meirinhos e seus oficiais para andar armados enquanto ela durar.
71
Os habitantes de Tavira solicitam a nomeação do franciscano Frei
Martinho de Tavira para capelão do Hospital aí fundado para recolher
feridos e doentes vindos das Guerras de África, bem assim como
indulgência plenária para estes.
1478
Arrendamento de vinhas da aposentaria de Montemor-o-Novo e seu
termo para fazer face às despesas da Festa do Divino, confirmado por
Afonso V (5 Junho), o monarca que mais protegeu as confrarias e os
hospitais sob invocação do Paracleto.
1480
D. Afonso V outorga duas Cartas de mercê aos confrades do Hospital
do Espírito Santo de Tavira (3 Janeiro): 1. Pela qual lhes concede
licença para terem até cem mil réis de renda para seu sustento e obras;
2. Pela qual concede aos dois oficiais do dito Hospital encarregues de
cobrar as dívidas e as rendas os mesmos privilégios, liberdades e
poderes de que gozavam os almoxarifes do Reino.
1484
Carta de mercê de D. João II dada aos mancebos solteiros de
Portalegre, pela qual confirma outra carta de D. Afonso V relacionada
com a Festa do Divino (4 Fevereiro).
Carta Régia de D. João II autoriza os Impérios no Paço de Sintra
(Santarém, 27 Maio).
1486
Carta de D. João II confirmando o privilégio concedido por Afonso V
ao Hospital do Espírito Santo de Tavira (14 Janeiro).
Carta de mercê de D. João II dada aos mancebos solteiros da vila da
Amieira, pela qual confirma uma carta de D. Afonso V relacionada
com a Festa do Divino (8 Maio).
Carta de mercê de D. João II dada aos mancebos solteiros da vila de
Alter do Chão, pela qual ordena que os Imperadores e Oficiais da Festa
de Santo Espírito da dita vila possam constranger quaisquer mancebos
solteiros da dita vila e termo que não quiserem aceitar os ofícios e
cargos da dita festa, dando-lhes autorização para aplicarem penas
pecuniárias a todos aqueles que se recusarem a exercê-los, as quais
devem reverter a favor da confraria da dita festa (15 Junho).
1489
Procissão da Candeia, do Rolo, ou do Pavio, em Guimarães.
72
1490
Carta de mercê de D. João II aos Pobres que estão no Oratório junto
do Hospital de Santo Espírito da cidade de Évora, colocando-os sob
sua guarda e protecção (1 Março).
1491
Carta de doação outorgada por D. João II aos moradores da cidade de
Silves, pela qual lhes concede uma casa que foi alfândega para aí
fazerem uma igreja e Hospital de Santo Espírito (24 Janeiro).
Entre este ano e o de 1495 Dona Leonor promove a organização do
Tombo do Hospital do Espírito Santo de Sintra.
1492
Os confrades da Confraria do Espírito Santo de Angra do Heroísmo
decidem construir um novo Hospital (15 Março).
73
1494
Sentença encontrada entre os papéis da Colegiada de São Martinho de
Sintra, alude ao farto bodo organizado pela confraria do Divino de São
Mamede de Janas, pelo Pentecostes.
Carta de D. João II dirigida aos juízes, almotacés e carniceiros de
Tavira, pela qual ordena que seja vendida ao mordomo do Hospital de
Santo Espírito dessa vila a carne necessária ao sustento dos enfermos
e que não lhes fosse levantado qualquer embargo pelos almotacés da
dita vila de Tavira (8 Dezembro).
1497
D. Manuel confirma uma Carta Régia de D. João II (1484), pela qual o
Princípe Perfeito autorizou a realização de Impérios no Paço de Sintra
(Estremoz, 3 Fevereiro).
74
1499
Tombo do Hospital do Espírito Santo de Benavente.
1500
As Constituições do Bispado da Guarda proíbem a entrada nas igrejas
aos Imperadores, Reis e Rainhas “que se costumam fazer em algumas
festas”.
1501
Por alvará de 13 Setembro são entregues ao Hospital do Espírito Santo
de Setúbal os hospitais de Maria Pipa, Catarina Domingues e João
Palmeiro, além dos rendimentos de seis diferentes capelas.
1504
Compromisso e Tombo do Santo Espírito de Santarém (18 Set.)
[ANTT: Núcleo Antigo, 274].
1505
D. Manuel faz construir o novo Hospital do Espírito Santo de Évora,
criado em resultado da fusão dos pequenos hospitais da cidade.
1512
As Ordenações Manuelinas (livro V, título 33, § 6º) interditam todo o
género de bodos de comer e beber que se realizam em louvor de alguns
Santos, “não tolhendo porém os vodos do Santo Espírito, que se fazem
na festa de Pentecostes porque somente concedemos que estes se
façam e outros nenhuns não”.
1514
Carta (9 Out.) de D. Manuel remetida ao Ouvidor de Castelo Branco
ordena a anexação do Hospital do Espírito Santo à Misericórdia.
1517
A Confraria do Divino de Alenquer dispõe de novo Compromisso.
1518
Alvará de 6 de Janeiro espolia a Irmandade do Espírito Santo de
Montemor-o-Novo do seu Hospital, integrando-o na Misericórdia
local.
1520
Carta de D. Manuel remetida ao Ouvidor de Torres Vedras ordena a
anexação do Hospital do Espírito Santo à Misericórdia.
1523
D. João III tenta acabar com as cerimónias da coroação [?].
75
1525
A igreja da Misericórdia de Vila do Conde é edificada defronte da
capela do Espírito Santo.
O Duque de Bragança obtém autorização para anexar o Hospital do
Espírito Santo local à Misericórdia de Vila Viçosa.
76
Pentecostes pintado por Fernão Gomes (Grândola)
77
1535
D. João III entrega aos cónegos regulares de S. João Evangelista a
administração do Hospital do Espírito Santo de Évora.
Registo de Carta da Irmandade do Espírito Santo de Santarém para
que as crianças que vão na procissão vistam sedas (16 Mar.)
[Chancelaria D. João III, liv. 10, fl. 42v]
1543
A confraria medieval do Espírito Santo dos Padres de Caminha
reforma os respectivos Estatutos, os quais são aprovados em 4 Agosto.
1544
Coroa do Império da Asseiceira (Tomar).
Compromisso da Irmandade do Espírito Santo do Lumiar.
1545
D. João III manda anexar o Hospital do Espírito Santo de Sintra à
respectiva Misericórdia (10 Março).
1559
As Constituições Sinodais do Bispado de Angra (Lisboa, Impressão
Régia, 1560), promulgadas por D. Frei Jorge de Santiago na sequência
do Sínodo reunido neste ano, interditam que os Imperadores preguem
no púlpito ou em qualquer lugar em evidência na igreja no dia do seu
“coroamento” e determinam que se não façam imperadores e
imperatrizes senão pela Festa do Espírito Santo, proibindo igualmente
as danças dos foliões no interior dos templos, bem como as cantorias
durante as coroações. Tal estabelece o Título 17º, constituição XI (fl.
59v): “Somos informados que em muitos lugares do nosso Bispado se
fazem em muitos domingos e festas do ano «Imperadores», e com cor
de que vão tomar a Coroa de Espírito Santo, gastam em comidas e
festas o que não têm e, em algumas partes fazem diversos
“Imperadores”, e o que pior é, com diversas superstições se
encomendam ao Espírito Santo. No qual, querendo nós prover como
seja mais serviço de nosso Senhor, pela presente defendemos que em
nosso Bispado não se façam festas de imperadores senão na Festa do
Espírito Santo, que até agora, por sua devoção se costumou fazer, ou,
quando vão nas procissões de Corpus-Christi, Visitação ou do Anjo,
contanto que no mesmo lugar ou procissão não haja dois, nem
Imperador e Imperatriz, juntamente, senão um só. E que, quando
entrarem nas igrejas com o Imperador ou Imperatriz, entrem
honestamente sem ruído de vozes e sem tangeres, nas quais igrejas
não estarão mais tempo que aos ofícios divinos, ou fazer oração e
78
passar. E qualquer que o contrário fizer, pela 1.ª vez pagará um arrátel
de cera para o Sacramento e pela 2.ª a pena dobrada e pela 3.ª pagará
um cruzado para a dita cera e para o nosso meirinho ou quem o
acusar. E se algum dos sobreditos for tão atrevido que nas ditas igrejas
se suba ao púlpito ou a outro semelhante lugar para pregar, fazer ou
dizer coisa alguma, o condenamos em 500 réis pela 1ª vez, e pela 2ª
em 1000 réis, a metade para a fábrica da mesma igreja e a outra para o
meirinho ou quem o acusar.”
1560
Capela do Espírito Santo de São Martinho do Campo (Santo Tirso).
1561
Os padres Gonçalo Rodrigues e Francisco de Pina descrevem o Auto
do Império, a bordo de naus que rumam à Índia. Gonçalo Rodrigues
conta como ele mesmo coroou o Imperador, a conselho do Capitão,
que providenciara um trono com docel de seda azul.
1562
Os passageiros embarcados numa nau com destino à Índia deliberam,
com o consentimento do Capitão, celebrar o Império a bordo, com
coroação de Imperador e Imperatriz, à qual se opõe o Padre Tonda,
que só acede a celebrar a missa e a pregar o sermão (carta de António
Fernandes, de 15 Setembro).
Alvará de D. Sebastião, datado de 16 de Abril, autoriza a realização de
bodo no domingo de Pentecostes, na localidade da Madalena (Tomar),
à semelhança do que acontece em outros lugares do Reino.
1564
Provisões relativas à posse da administração do Hospital do Espírito
Santo pela Misericórdia de Évora.
1566
Confirmação do Compromisso da Confraria do Espírito Santo da
Casa da Suplicação (25 Set.).
1567
O Hospital do Espírito Santo fica submetido à administração da Santa
Casa da Misericórdia de Évora.
1568
As Constituições do Arcebispado de Goa (X, p. 669-670) permitem a
coroação do Imperador, excluindo a da Imperatriz, condenando ainda
alguns dos abusos que se haviam introduzido nas festividades do
Império.
79
1571
Provisão para concluir a obra do Espírito Santo de Fronteira
[Chancelaria D. Sebastião, liv. III, fl. 281v]
1578
A toponímia de Azurara (Vila do Conde) regista, neste ano, a “Fonte
grande abaixo [da ermida] do Espírito Santo”.
Trindade vertical
Xilogravura utilizada pelo impressor Manuel de Lira no Cathecismo ou Doutrina
Christa e Praticas espirituais (Lisboa 1585) de Frei Bartolomeu Mártires
e na Institutio sive fundatio Ordinis Sanctissimae Trinitatis - Constitutiones fratrum
Ordinis SS Trinitatis (Lisboa, 1595)
1592
D. Filipe I interdita os bodos do Espírito Santo nos Açores.
1598
É instituída a Confraria do Espírito Santo de Cambeses.
80
1600
O bispo D. Jerónimo Teixeira (1600-1612) interdita aos foliões bailar
na capela-mor das igrejas açorianas, como eles têm o hábito de fazer
nos seus Coroamentos.
1603
A 15 de Outubro é confirmado o Compromisso da Confraria do
Espírito Santo de Fronteira [Arq. Cabido Sé Évora, liv. LX, fl. 260].
1606
Compromisso novo da Irmandade dos Pescadores do Alto de Alfama.
81
Pentecostes (Estêvão Gonçalves Neto)
82
1608
Alvará de 25 de Dezembro, derrogando implicitamente proibições
anteriores no Brasil, determina que se "não podem esmolar sem
licença, e nunca com imagens nas mãos pelo pouco respeito com que
as tratam", e esclarece, sobre "as circunstâncias que se devem
primeiro averiguar e as restrições com que depois se hão-de conceder
tais licenças".
1610
O Visitador oficial do Bispado, Manuel Gonçalves Pacheco, em visita a
Altares (Terceira) interdita aos foliões a entrada na Igreja para aí
cantarem as canções profanas, e aos membros das confrarias de
oferecerem os jantares, nos dias de festa, à sua própria conta.
1617
O Hospital do Espírito Santo de Vila do Conde é substituído por outro,
edificado com os legados de Diogo Pereira.
1622
As Constituições do Arcebispado de Évora (decalcadas das
originalmente ordenadas por D. João de Melo, em 1565), estipulam a
“maneira em que entrarão os Imperadores e Reis e jogos que se fazem”
(título XV, cap. XII).
Treslado do Tombo do Hospital do Espírito Santo de Benavente.
1623
De acordo com o Catálogo dos Bispos do Porto, há em Légua, lugar da
freguesia de Várzea de Ovelha (Marco de Canaveses, Porto), uma
ermida dedicada ao Divino (antiga de Valadares).
1625
Bento XIV canoniza D. Isabel, sendo a sua hagiografia omissa no que
concerne às Festas do Divino.
1627
Novo treslado do Tombo do Hospital do Espírito Santo de Benavente.
1633
Reforma dos Estatutos da Confraria do Espírito Santo de Paredes de
Coura.
1636
Dom Frei António da Ressurreição, 13.º bispo de Angra, em visita ao
Faial, interdita os jantares das Funções do Espírito Santo depois do
anoitecer.
83
1642
D. Rodrigo da Cunha (História Eclesiástica da Igreja de Lisboa, cap.
27, p.122r-122v) reinvindica para Santa Isabel e D. Dinis a
responsabilidade da instituição das Festas do Império.
1645
O Reitor do Bispado de Angra, cónego João Diniz Pereira, escreve no
Livro de Visitas (isto é, das Visitações [BPADAH: Fundos paroquiais,
1º Livro de Visitas de São Roque dos Altares, cap. 4, fl. 38v]) que “é
costume nesta freguesia [Altares, Terceira] virem os ministros e
eclesiásticos às casas dos Imperadores a dar-lhes o ceptro e tirar-lhe[s]
a coroa da cabeça e assistirem à mesa no dia do Espírito Santo, sendo
indecência grande do hábito eclesiástico; e assim mando que daqui
por diante, somente os coroem dentro da igreja e os foliões que
acompanharem as procissões ou imperadores não entrarão com
música e tambor dentro na igreja; e os ditos ministros eclesiásticos
não assistirão à mesa dos imperadores nem irão a suas casas a dar-
lhes o ceptro nem a tirar-lhes a coroa sob pena de excomunhão”.
1648
Uma Carta Real, datada de 14 de Janeiro, censura o “mau exemplo
naquela vivência [Impérios]” aos eclesiásticos. Compromisso da
Irmandade de Santa Bárbara (Açores).
1651
Em 17 de Junho realiza-se em Angra a mais solene das procissões do
Corpus Christi de que há memória. O cortejo organiza-se em duas
partes, uma religiosa e outra profana, dirigidas “superiormente pelo
juiz de fora, que alçando vara, tinha então o majestático poder de fazer
andar as danças, as quais, à parte a solenidade e imponência do acto,
constituíram a maior atracção das massas populares, organizadas, ao
abrigo duma lei de 1515 que autorizava a usança de folias, não só no
interior dos templos como também nas procissões”.
1655
São admitidos alguns leigos na Confraria do Espírito Santo dos
Clérigos de Santa Maria de Tebosa.
1656
Frei Manuel da Esperança (História Seráfica, primeira parte) regista
algumas particularidades do Auto do Império em Alenquer, cuja
instituição credita a D. Isabel de Aragão.
84
1651
São admitidos alguns leigos na confraria do Espírito Santo dos
Clérigos de Santa Maria de Tebosa (7 Junho).
1665
O provisor do bispado de Angra do Heroísmo, Cónego João Dinis
Pereira, determina que “somente as coroas entrem na igreja e os
foliões que acompanham as pessoas ou Imperadores não estarão com
a música e tambor na igreja; e os ditos ministros eclesiásticos não
assistirão à mesa dos Imperadores nem irão à sua casa a dar-lhes o
ceptro nem tirar-lhes a coroa, sob pena de excomunhão”.
1666
O Prior da Terrugem (Sintra), Pedro Birrano, coloca ladrilho novo na
capela do Espírito Santo, a qual encontrara completamente arruinada.
1670
Império-Tabernáculo do Outeiro (Angra do Heroísmo, Terceira).
1672
Frei Francisco Brandão (Monarquia Lusitana, sexta parte, p. 185)
credita a Santa Isabel a instituição dos festejos do Divino em Alenquer
e Sintra.
1674
Compromisso da Irmandade de Nossa Senhora dos Remédios do lugar
da Praia, com referência à realização do Império do Divino.
1678
O bispo de Angra, Dom Frei Lourenço de Castro, proíbe a coroação de
Imperadores antes de concluída a missa e a sua entrada na igreja com
a cabeça coberta.
1680
O bispo do Porto, D. Fernando Correia de Lacerda, estabelece, pela
primeira vez, de forma explícita, o nexo entre os festejos do Divino e a
tradição do Quinto Império (História da Vida, Morte, Milagres,
Canonisação e transladação de Santa Izabel, sexta Rainha de
Portugal, Lisboa).
1690
O Padre jesuíta Manuel Fernandes (Alma Instruída na Doutrina e
Vida Cristã, v. 2, p. 914) credita a Santa Isabel a introdução da
devoção do Império.
1697
Durante a visita pastoral de Dom António Vieira Leitão, 17.º bispo de
Angra, são interditados os “Impérios de mulheres que se fazem sob
85
pretexto de festejarem o Espírito Santo mas não servem mais que para
se ofender, com eles, o mesmo Senhor, pelos “enfeitos” indecorosos e
profanos de que as ditas mulheres usam em tais actos e pelo concurso
de homens que a eles vão com práticas indecentes e outras
enormidades de que resulta geral escândalo”. Os contraventores
sujeitam-se a excomunhão maior ipso facto, incorrenda, e à multa de
50 cruzados. O mesmo Visitador, em visita à Paróquia do Espírito
Santo da Vila Nova, proíbe a abertura da Igreja da Misericórdia no dia
do Espírito Santo, para evitar que se coma e beba na mesma.
1699
Numa visita à matriz de Vila Franca do Campo, o Dr. Bernardo Estácio
determina que haja somente um Império do Espírito Santo em cada
freguesia, para o qual devem concorrer todos com as suas pensões e
esmolas, ordenando ainda que os mordomas redijam um livro de
receita e despesa, controlado pelo Ouvidor, para que as esmolas sejam
dadas fielmente aos pobres.
86
1701
É, temporariamente, suspenso o bodo do Espírito Santo em Portel.
1706
Repete-se a proibição decretada em 1697 (Altares), sob pena de
excomunhão, de realizar bailes por ocasião das coroações, agora em
Santo António.
1707
O Bispo de Angra Dom António Vieira Leitão, que já interditara (no
ano de 1669) as danças nas procissões do Santíssimo, estende a
proibição a todo o género de bailes, nas matrizes da Ribeira Grande e
de São Sebastião (S. Miguel).
1708
Compromisso da Irmandade da Vila do Porto (Santa Maria), com
referência à realização do Império do Divino.
1711
Uma das mais remotas fontes a recensear os Teatros do Divino nos
Açores (no caso vertente, na ilha de São Miguel), é uma carta de
Visitação do Padre Francisco Barbosa da Silva, à igreja de Nossa
Senhora da Piedade de Ponta Garça, a 17 de Abril deste ano, na qual
impõe a existência de um único Império por freguesia: “Constou-me
que havendo nesta freguesia um império que se faz em dia do Espírito
Santo, com seu louvor, no Teatro que está junto ao adro desta igreja
paroquial, alguns irmãos se desuniram e levantaram outro na ermida
de Nossa Senhora da Vida da mesma freguesia, o qual se faz com
menos decência e respeito, da pouca irmandade e muita pobreza,
contra o que dispõe o concílio tridentino [...]”. No mesmo ano, numa
visita à matriz de Ponta Delgada, o mesmo sacerdote estabelece
algumas correcções ao culto litúrgico do Espírito Santo.
1712
O Dr. Bernardo Estácio, em visita à Ilha do Corvo, aplica ali, sob pena
de excomunhão, a proibição decretada, em 1697 (Altares) e em 1706
(Santo António) de realizar bailes por ocasião das coroações.
1714
Dom António Vieira Leitão decide que segundo as Constituições do
Bispado de Angra, não haveria em cada comunidade, mais que um só
Império do Espírito Santo.
1715
Realiza-se em Vila do Conde a procissão do Espírito Santo.
87
1728
Carta Régia de 14 de Junho torna prerrogativa dos capitães-generais
do Brasil (S. Paulo) a concessão de licença para o peditório em Folia
(cf. 1825).
O Livro 1 dos registos Pastorais da Diocese de Coimbra regista a
pastoral do vigário capitular, proibindo danças de homens e de
“mulheres na procissão e acompanhamento […] ao suposto
Imperador”, nas festas do Espírito Santo de Eiras.
1729
Reportando-se às festividades do Império, uma pastoral do vigário
capitular do Bispado de Coimbra, Dom José Freire de Faria, datada de
27 de Junho, censura as procissões dos bodos, nas quais se cometia o
“abuso de serem levados […] tabuleiros [de várias espécies de pão] à
cabeça de mulheres em fileira, pelo meio da procissão, profanamente
vestidas e decotadas, para as quais iam olhando os homens, com
evidente ruína das suas almas, por se terem visto entre uns e outros
acções indecentíssimas nas mesmas procissões, admitindo-se em
algumas, e em ajuntamentos que no fim delas se faziam, danças e
festejos e bailes mulheris, pedras escandalosas em que tropeçavam
muitas almas e se precipitavam muitas consciências, seguindo-se
graves ofensas a Deus”. Para atalhar tais práticas o vigário proíbe
doravante, sob pena de multa e de excomunhão, ipso facto
incorrenda, que se consintam mulheres com ofertas ou sem elas pelo
meio das procissões, bem como os bailes e danças pelas capelas e
adros.
1738
É extinta a Confraria do Espírito Santo que tinha sede no convento de
Santo Elói (Porto).
1741
Dom Frei Valério do Sacramento (1738-1755), numa carta pastoral de
11 de Novembro, mantém a proibição de danças e ajuntamentos de
homens e mulheres nos Impérios.
1743
Numa visita pastoral do mesmo prelado, a S. Pedro Nordestinho,
proíbe sejam coroados Imperadores durante o cânon da missa, dando-
se-lhes o Evangelho a beijar.
1744
Dom Frei Valério do Sacramento, vigésimo Bispo dos Açores, proíbe
as folias e bailes do Espírito Santo.
88
1745
Os Impérios de Mulheres são novamente condenados por Dom Frei
Valério do Sacramento, na sua Pastoral de 2 de Fevereiro. Determina
ainda o prelado que, segundo as Constituições do Bispado, não exista
em cada freguesia mais do que um Império, motivo por que o
visitador, Padre Francisco Barbosa da Silva, proíbe que se continue a
fazer o Império da Senhora da Vida, em Ponta da Garça (São Miguel),
que se havia separado do que se fazia junto ao adro da igreja
paroquial, o qual seria o único autorizado naquela freguesia. O mesmo
bispo determina que o Império da Misericórdia, em Vila Franca, se
faça no dia de Pentecostes e que o de Santo André se realize na 1ª
oitava da festa, “para que os padres aproveitassem das esmolas que se
tiravam para o dito ministério”.
1747
Numa pastoral deste ano, D. Fr. Valério do Sacramento (1738-1755)
repete a proibição que decretara no ano de 1743, em S. Pedro
Nordestinho, acrescentando a proibição de que o sacerdote dê a paz
aos Imperadores durante o canon da missa. Em 9 de Junho de 1747, o
89
visitador Pedro de Medeiros aplica, na Igreja de Ponta Garça, e depois
na Paróquia do Faial da Terra (2 de Julho do mesmo ano), as mesmas
proibições, nomeadamente a entrada na Igreja dos imperadores na
igreja com chapéu na cabeça e os festejos e bailes em honra do
Espírito Santo.
1749
Numa pastoral de 25 de Novembro, o mesmo Pedro de Medeiros
proíbe os párocos de participarem nos banquetes que se fazem nos
Impérios. Os escravos são imperadores ou confrades nos Impérios,
que se realizam na Ilha do Faial, ou na Confraria de Nossa Senhora da
Natividade em Angra, como testemunham o franciscano Thomaz da
Soledade e o cronista J. Joaquim Pinheiro.
90
1753
O Padre Alberto Pereira Rei publica Breve Notícia das Festas do
Imperador e Bodo do Divino Espírito Santo (Lisboa).
Os açorianos residentes em Lisboa obtêm autorização de D. José I e do
Cardeal Patriarca para a celebração do Império da Lapa (convento de
Nossa Senhora da Esperança).
91
1755
Alvará de criação da Junta de Homens de Negócio na confraria do
Espírito Santo da Pedreira (30 Setembro).
1758
As Memórias Paroquiais reportam inúmeras capelas, hospitais e
festividades em louvor do Divino, em todo o Reino.
1759
A Câmara Municipal da Horta delibera edificar a sua Casa do Império
(5 Janeiro).
1761
Em consequência de numerosos tremores de terra, que ocorrem entre
14 e 21 de Abril, na Terceira (Açores), são promovidas inúmeras
procissões e orações com as coroas do Divino. Matias Silveira, de
Biscoitos, edifica uma capela dedicada ao Espírito Santo perto de sua
residência, e “desde logo se considerou segura toda a freguesia,
cessando a lava”.
Primeira notícia documentada às festividades do Império no Brasil no
tombo (fl. 5) da matriz de Santo António de Guaratinguetá (São
Paulo), inaugurada em 1630.
1765
José Carvalho de Andrade, Governador interino do Brasil, remete ao
Marquês de Pombal carta [AHU: Baía, inv. Castro e Almeida, n. 6911]
na qual o informa sobre os excessos praticados por um grupo de
açorianos que se haviam constituído em Irmandade do Espírito
Santo, em S. Salvador da Baía, e as providências que tomara para os
evitar.
A maioria dos autores adianta que a primeira manifestação
documentada do culto do Império em terras de Vera Cruz terá
ocorrido justamente neste ano, em Salvador (Baía), na festa da matriz
de Santo António de Além do Carmo. No entanto, já em 1761, se acha
no tombo (fl. 5) da matriz de Guaratinguetá (São Paulo) notícia de tais
festividades.
1766
O Governador Civil da Madeira, João António de Sá Pereira, intervém
contra os desmandos e abusos decorrentes das festividades do Espírito
Santo, restringindo drasticamente as folganças centradas nos
Impérios existentes “em cada rua da Cidade [do Funchal]” [AHU:
Breve e Verdadeira demonstração dos princípios e progressos do
92
Governo de João António de Sá Pereira fez na ilha da Madeira, caixa
XVII (Madeira e Porto Santo), n. 4846].
1768
“Por ser informado que nos chamados impérios que se fazem nesta
cidade [do Funchal], e em quase todas as freguesias desta ilha [da
Madeira], acontecem distúrbios, e demasias de que resultam
escândalos públicos, e prejuízos consideráveis à saúde dos pobres e à
consciência das pessoas que administram as esmolas, que os devotos
voluntariamente dão para serem distribuídas pelos imperadores mais
irmãos na festa de Pentecostes; e suposto que estes vodos de comer e
beber são permitidos pela saudável lei do Reino é alheio do espírito da
mesma os efeitos prejudiciais que causam os bem sabidos e notórios
excessos; e para evitar estes danos na certa consideração que o fundo
dos bens administrado, nasce das esmolas voluntárias. Ordenou que
nos chamados impérios houvesse a festividade do culto divino com
aquela devida reverência, e submissão devida ao Divino Espírito
Santo, e que as oblações e esmolas que dão os devotos, e arrecadam os
administradores que são tiradas, digo que são feitas ao arbítrio do
imperador, e mais oficiais não possam ser de outra qualidade mais do
que vaca, pão, arroz, e vinho quando proibido outro algum género de
oblação, que se costuma praticar nesta ilha e porque seja de galinhas,
capões, frangos, patos, doce, manteiga rama e presuntos e outras das
que ficam permitidas por este capítulo, serão reduzidas a dinheiro,
pondo-se em leilão público as ditas oblações e o seu produto poderão
aplicar em esmolas, dinheiro ou vestuário para vestir os pobres de um
e outro sexo, segundo lhe ditar a sua piedade, e lhe fica também
proibido todo o fausto profano, e iluminação que costumam fazer
nesta festividade excepto as que pertencem ao culto divino” [Arquivo
Regional da Madeira: Câmara Municipal do Funchal, Livro das
Correições, nº168, fls. 68v-69].
1770
É instituída uma Irmandade do Divino Espírito Santo com sede na
igreja matriz de Santo António Além do Carmo, na cidade do Salvador
(Baía).
1772
A Mesa da Consciência e D. José I aprovam o Compromisso da
Irmandade do Divino Espírito Santo erecta na igreja matriz de Santo
António Além do Carmo (Salvador, Baía).
93
Divino Espírito Santo (desenho à pena do Compromisso do Divino Espírito Santo
de São Salvador da Baía, 1770)
1787
Compromisso da Real Irmandade do Divino Espírito Santo – Império
dos Meninos, sedeada na igreja de Santa Isabel (Lisboa).
1795
Data aposta na fachada de um Império da ilha Terceira.
94
1802
O Príncipe Regente concede alvará à Corporação Marítima da Casa
do Espírito Santo de Sesimbra, isentando o peixe que for salgado,
escalado, seco ou empilhado, de pagar direito algum de entrada em
Lisboa, depois de liquidados os 20% da Dízima Nova e Velha (30
Outubro).
1816
O Bispo de Faro, Dom Francisco Gomes do Avelar († 1816), proíbe o
bodo do Divino com o seguinte decreto: "[...] somos informados de
que nesta vila se costuma praticar o chamado vodo do Espírito Santo,
resultando muitas vezes desordens dos excessos de comidas e bebidas,
o que sem dúvida é relíquia da gentilidade. É impossível que tais
desordens sejam agradáveis a Deus, princípio de toda a Santidade. E
para desterrarmos semelhantes abusos, somente permitimos que se
faça a festa com toda a solenidade e vésperas, sermão e missa cantada
e proibimos absolutamente se faça o referido vodo. E se houver
alguém que tente contravir esta proibição, o pároco nos dará parte
para procedermos como for justiça".
1821
Pelo menos até este ano, a coroação do Imperador do Divino Espírito
Santo decorre na Sala dos Infantes (depois dos Cisnes) do Paço Real
de Sintra (Acta da Câmara Municipal, 12 Março).
1825
Em sessão de 10 de Outubro, o Conselho do Governo de S. Paulo
(Brasil) determina que jamais, em qualquer circunstância, o
Presidente da Província possa deferir os pedidos de licença para o
peditório em Folia. O intimado cumpriria cabalmente tal ditame até
ao final da sua administração, no ano de 1827.
1840
É instituída uma Confraria Eclesiástica do Divino Espírito Santo na
matriz de Penafiel (cf. Estatutos, Porto, 1840).
1841
O Bispo de Angra, Dom Frei Estêvão de Santa Maria, na Pastoral de 9
de Maio, adverte os fiéis para que “se abstenham daqueles
divertimentos que, em si e nas suas circunstâncias, envolvam crimes e
pecados, como são os que se cometem nos dias da coroação do
Espírito Santo, debaixo do falso pretexto de mais festejo e devoção”.
95
Santíssima Trindade (Amiais de Baixo, Abrã)
1843
A Pastoral de 10 de Fevereiro do Bispo açoriano Dom Frei Estêvão de
Santa Maria condena e anatemiza de novo os abusos por ocasião das
devoções do Santo Espírito: “muitos devotos do Espírito Santo põem a
par das virtudes cristãs a embriaguez, a lascívia, o ódio, a vingança, os
desacatos feitos ao Divino na coroa e pombinha que o representam
[…]”. Ordena que os Coroamentos não tenham lugar para além do
Domingo da Trindade, e mais interdita os bailes nas casas onde se
encontre a Coroa do Santo Espírito.
1847
O bispo D. Macedo Costa, no âmbito da cruzada civilizadora (leia-se
europeizadora), que liderava com vista à evangelização da Amazónia,
96
logra, senão extinguir, pelo menos banir do espaço sagrado da Sé-
catedral de Belém, a Festa do Divino Espírito Santo, até então
festividade oficial da Igreja Católica no Estado do Pará (cf. Tabella
Demonstrativa dos Dias Feriados para Negócios Forenses, in Jornal
Treze de Maio, 23.06.1845).
1868
O Bispo do Pará, D. Macedo Costa, proíbe a entrada dos símbolos do
Divino nas igrejas daquele Estado do Brasil.
1871
Uma Postura Municipal de Mogi das Cruzes (São Paulo), datada de 21
de Dezembro, interdita “os toques e cantos e folia (com viola, tambor,
triângulo e pandeiro, ou somente a viola) para pedir esmolas para o
Divino Espírito Santo” (cf. Isaac Grindberg, História de Mogi das
Cruzes).
1876
Por Provisão do 15 de Maio o Bispo de Angra, Dom João Maria
Pereira do Amaral e Pimentel, anuncia a sua visita às Flores e ao
Corvo. Pretende com ela acalmar os espíritos muito exaltados pelas
dissenções na Fajãzinha, entre as Comissões de Festas do Santo
Espírito e o seu Pároco. Os ânimos estão a tal ponto extremados que
um destacamento militar chega a ser enviado para assegurar a ordem
pública. A 5 de Setembro é publicada uma circular interditando a
saída de imagens de santos para acompanhar os Coroamentos, ou
para participar nos bodos do Espírito Santo, recomendando-se aos
padres que “não se intrometam daqui por diante nos negócios
temporais dessas associações, nem se encarreguem ou tomem parte na
administração dos seus fundos e rendimentos”.
1878
Estatutos da confraria do Divino da capela do Espírito Santo do
Monte, em Nogueira, bispado de Braga (25 Abril).
1881
A 28 de Março, o Bispo Dom João Maria Pereira do Amaral e Pimentel
manda publicar uma Circular estatuindo que: “1º Ninguém se acha
habilitado para benzer coroas que não sejam de prata; 2º Declaramos
profanadas e indignas do culto dado ao mesmo Espírito Santo, todas
as coroas que não forem daquele metal; 3º Proibimos novamente que
se exponha a coroa do Espírito Santo e se façam festas ao mesmo fora
do tempo que decorre da Dominga da Páscoa à da Santíssima
Trindade, sem licença nossa ou do muito reverendo Ouvidor, ouvido o
97
respectivo pároco, a qual não será concedida senão por justos e
ponderosos motivos; 4º Por ocasião de estar a coroa em casas
particulares não se praticarão ali outros actos que não sejam de oração
e de piedade; 5º Logo que outra coisa conste ao respectivo pároco,
mandará tirar de tal casa a coroa, de que se tenha abusado, e não
prestará honras religiosas a tais festas; 6º As coroas decentes,
destinadas ao culto público, serão conservadas nas igrejas e em casas
particulares só com licença do respectivo pároco, não sendo lícito
expô-las ao culto público e iluminá-las, a não ser no tempo Pascal
declarado, ou com a necessária licença; 7º Todos os votos feitos em
contravenção destes preceitos serão comutados em esmolas para a
Caixa da Bula, por qualquer confessor aprovado; 8º É inteiramente
proibido coroar mulheres, ainda que menores, ou de qualquer modo
que seja”. Nova Circular do mesmo prelado, datada de 2 de Maio,
condena o abuso das mascaradas, realizadas por ocasião e a pretexto
das Festas do Espírito Santo, e ordena aos párocos que comuniquem
aos fiéis esta repreensão e neguem orações e honras eclesiásticas e
religiosas aos Impérios e associações que, a título de festejar o Espírito
Santo, cometam tais excessos.
1885
No Arquivo Público do Estado do Maranhão estão recenseados mais
de sete dezenas de pedidos de licenças para a realização da Festa do
Divino Espírito Santo no período compreendido entre este ano e o de
1930.
1889
Dom Francisco de Lacerda (1889-1891), autoriza aos párocos da Ilha
Terceira a transferência das festas do Divino Espírito Santo para o
sábado e domingo seguintes à Trindade, ainda em consequência do
terramoto de 1841.
1890
O Presidente da Câmara Municipal de Mogi das Cruzes (São
Paulo), José Honório Silveira da Motta, publica Portaria
proibindo os carros de bois de “cantarem suas rodas nas ruas da
cidade”, medida contra a qual a população se insurgiria.
1892
Em 28 de Março, o Bispo do Funchal, Dom Manuel Agostinho Barreto
publica a seguinte Pastoral: “A nossos estimados Cooperadores a paz
de Jesus Cristo. Tendo-nos informado alguns reverendos párocos de
nossa diocese que em suas freguesias se cometem abusos por ocasião
98
dos peditórios e festas do Espírito Santo havendo ainda a
circunstância agravante da falta de uniformidade nos costumes a tal
respeito seguidos, dando tudo isto em resultado prejuízo à religião e
dificuldades aos mesmos párocos, determinamos estabelecer o
seguinte: 1º Os peditórios para a festa do Espírito Santo, como para
outra qualquer, só podem ser feitos na respectiva paróquia, salvo
especial licença nossa e da competente autoridade civil, como desde
muito está estabelecido; 2º Quer nas quatro domingas depois da
Páscoa, quer em outra época do ano que se façam tais peditórios, não
podem ser levadas imagens, a não ser o pendão do Espírito Santo,
cessando por tanto o costume de levar-se coroa e ceptro; 3º Se os
esmoleres quiserem ser acompanhados por músicos e cantores, serão
estes previamente examinados pelo seu pároco, para evitar-se
profanos e trovas populares inconvenientes ou desonestas; 4º Se a
estes, ou mesmo aos esmoleres, se houver de dar alguma
remuneração, sairá esta do bolso do festeiro e nunca das esmolas
colhidas, que se devem aplicar exclusivamente aos pobres e à
solenidade religiosa; 5º O reverendo pároco fiscalizará sempre as
esmolas para dirigir sua aplicação e evitar-se assim o desvio para
banquetes ou interesse particular, pois que tudo isto constitui um
roubo feito a Deus e aos pobres; 6º E para melhor superintender em
tudo, muito convirá que o respectivo pároco ou seu coadjutor, se o
tiver, ou ainda um qualquer clérigo acompanhe os esmoleres;
convindo também munir-se de livro próprio onde se lance a receita e
despesa á semelhança do que se faz com a Fabrica. Em tudo isto
haverá uma garantia de moralidade, justiça e decência que nem
sempre se tem guardado; 7º A escola ou nomeação do festeiro ou
imperador será sempre presidida e aprovada pelo respectivo pároco,
desterrando-se de vez a escolha de pessoa falta de probidade e
religião; 8º Se da parte dos fregueses ou dos festeiros se manifestar
resistência a estas determinações, nos darão noticia os reverendos
párocos, para se proceder como melhor for, quer proibindo a festa,
quer recorrendo á autoridade civil para ser mantida a ordem e
disciplina necessárias [...]”. Nas Conferências Eclesiásticas
promovidas por Dom Francisco José Ribeiro, ao serem discutidos os
abusos ocorridos nos Impérios, um pároco informa que, na ilha de São
Miguel, encontrara uma ordem da Autoridade Administrativa, em
virtude da qual, sabendo-se que em alguma casa havia baile ou falta de
respeito para com a Coroa, o Regedor, acompanhado pelo Pároco, ia a
99
casa do Imperador, retirando a coroa do altar [da casa], levando-a
para a igreja paroquial. Nas reuniões deste ano conclui-se pela
“necessidade do exacto cumprimento das determinações dos Exmos.
Prelados relativas aos abusos praticados por ocasião das Festas do
Espírito Santo e a conveniência de se reprimirem novos abusos que se
têm introduzido nestas festas”.
1894
As Conferências Eclesiásticas acentuam o carácter religioso da
coroação dos Imperadores, aprovando as seguintes interdições: que a
Coroa do Santo Espírito, levada por homens ou jovens rapazes, vá
mendigar nas ruas, praças públicas e tabernas; que nas casas que
recebam a Coroa, se pratiquem jogos, danças e outros divertimentos
profanos; que os Impérios sejam dirigidos por crianças ou as coroas
expostas ao culto sejam de lata; que os Coroamentos tenham lugar em
casas particulares; que as mudanças se façam à noite, à luz de tochas e
com as mulheres em cabelo; que o padre tome parte na administração
dos Impérios; que se levem alimentos para os Impérios,
transformando-os em salas de banquete, já que são lugares de
caridade e de religião. É recomendado: que as Confrarias do Santo
Espírito tenham Estatutos aprovados; que a pessoa que vai ser
«coroada» se confesse e comungue no mesmo dia; que qualquer fiel
do sexo masculino poderá ser «coroado», mas se do sexo feminino, só
até aos 10 anos de idade. Finalmente, são elencadas as cerimónias e
orações admitidas durante as celebrações efectuadas na igreja.
Reconstrução por Manuel Cardoso Gaspar do Império de Vila Nova, o
qual, segundo a tradição, remontaria a meados do séc. XVIII.
1898
O 30º Bispo de Angra de Heroísmo, Dom Francisco José, envia ao
Papa Leão XIII um Relatório sobre as Festividades do Espírito Santo,
no qual critica o culto popular do Divino, sob a forma de Império, e
refere estar a ponderar “transformar os Teatros em ermidas ou
capelas públicas, que constituídas em sede das respectivas
Irmandades serviriam igualmente para nelas serem depositadas e
expostas ao público as respectivas coroas”.
1900
Em 24 de Abril, o Bispo do Funchal, Dom Manuel Agostinho Barreto
publica a seguinte Pastoral: “[...] Frequentes são as solenidades
religiosas celebradas entre nós no decurso de cada ano, agora
100
especialmente n’esta quadra da primavera e do estio: as do Divino
Espírito Santo e do Santíssimo Corpo de Cristo, precedidas das que
consagramos à Mãe de Deus. Acaso poderá ficar tranquila e satisfeita a
consciência dos fieis, sobre tudo dos que tomam parte directa e activa
n’essas festividades, se não se aproximam do confessionário e da mesa
santa? Se tal sucede, devemos confessar que está aí um triste
documento de falsa piedade e de ignorância do genuíno Cristão! Quem
se atreve a supor que a Divindade possa comprazer-se nestas ruidosas
manifestações exteriores, mais profanas que sagradas, nas quais o
coração toma parte mínima, quase por completo alheio ao verdadeiro
sentimento sobrenatural? Erro deplorável, que já foi severamente
repreendido pelo Senhor naquelas palavras fulminantes dirigidas ao
povo de Israel: Populus isle labiis suis honorat me; cor autem corum
longe est a me. É mesmo lícito duvidar que tais festeiros cheguem a
implorar o Senhor com uma prece, e tantas vezes o desonram com
repreensíveis excessos. Hão-de fazer-se as novenas do Espírito Santo
na semana anterior à sua festa, como desde há anos está determinado
também pelo Papa. Pois não será oportuno ensejo de se aproximarem
dos sacramentos, aqueles, ao menos, que se ocupam dos necessários
preparativos da festa? Vem pouco depois a solene comemoração do
augustíssimo mistério do Corpus Christi. Impossível será oferecer ao
mesmo amoroso Jesus mais veemente e sincera prova de amor e fé do
que unir-se a Ele nesse adorável sacramento. Mas quem sabe se alguns
destes ainda nem ao menos terão dado obediência à Santa Igreja, no
cumprimento do preceito quaresmal. Atendam seriamente a isto os
nossos zelosos Cooperadores. É forçoso afugentar dos actos solenes da
nossa Religião os indignos, quais são os que levam vida escandalosa e
desonesta, ou mostram nenhuma fé nos sacramentos, dos quais vivem
afastados. Outrossim chamamos vossa atenção para os abusos,
predominantes nalgumas paróquias, de se reuniram os confrades ou
irmãos nas dependências da igreja para aí comerem e beberem, antes
ou depois da festa. É um feio e lastimoso abuso que tem lançado
raízes, mas que é de toda a necessidade extirpar de vez, pois que, além
da indecência, dá lugar a vergonhosas consequências. Relembrem
nossas admoestações, exaradas na Pastoral da última Quaresma, sobre
a intemperança, particularmente de bebidas alcoólicas; vicio medonho
que está fazendo avultado numero de vítimas no presente, com
espantoso alastramento, no futuro, visto que se transmite fatalmente
ás novas gerações. A avidez do torpe lucro leva muitos a estabelecerem
101
vendas de bebidas espirituosas nas imediações da igreja. Há tais
exploradores que levam a sua audácia ao ponto de se instalarem no
próprio adro. Necessário é afugentar do templo esses vendilhões,
recorrendo, se tanto for preciso, à competente autoridade policial, pois
que assim o exige o respeito que é devido à Religião e aos actos do
culto. O largo dispêndio que se faz em ornatos e manifestações, quase
de todo profanas, bem podia reverter em auxílio dos indigentes e
enfermos da paróquia, como tantas vezes temos ponderado. Que bela
obra de caridade se faria matando a fome, cobrindo a nudez e dando
remédios aos míseros que de tudo isto carecem por falta de recursos!
E deveram, nos espíritos cristãos, estar gravadas em caracteres
brilhantes aquelas palavras do Evangelho que o supremo Juiz há de
proferir no dia tremendo do último juízo: Afastai-vos de mim,
malditos; pois tive fome e não me destes de comer, tive sede e não me
destes de beber, estava nu e não me cobristes, enfermo e não me
visitastes. É deveras lamentável que nos belos dias de festa, quando
todos os moradores da freguesia transbordam de prazer, estejam a
essa mesma hora alguns lutando com a penúria, a doença e o
abandono, pois que era tão fácil cercear uma parte módica do grande
dispêndio em fogos, iluminações e músicas, comidas e bebidas em
excesso, para acudir aos necessitados. Vejam os reverendos párocos se
tornam estas verdades bem frisantes, de modo a levar alguma luz aos
espíritos obcecados de seus paroquianos. Neste momento se trata de
criar uma obra modesta de caridade, muitíssimo necessária nesta
terra: um hospício para albergar os desventurados que caíram nas
trevas medonhas da loucura. Se há doença que nos cause profunda
lástima e pungente compaixão é esta da perda do juízo. Apagando-se
no homem a luz da razão, perdeu ele a semelhança com Deus,
deixando de ser a sua imagem, para ficar rebaixado a uma esfera
inferior à dos irracionais. É impossível contemplar com indiferença
este doloroso quadro, um dos mais lancinantes para o coração
humano. E parece que o mal vai alastrando cada vez mais, impondo-se
por isso mesmo o impreterível dever de acudirmos a uma obra tão
necessária e meritória. Podem e devem abrir-se todos os corações à
compaixão, para assim se envidarem os convenientes esforços para tal
realização. Às quantias avultadas dos favorecidos da fortuna (e
devemos confessar que se tem aberto em generosas dadivas muitas
pessoas) importa unir-se o diminuto óbolo dos que menos possuem;
sendo certo que o Senhor dá a recompensa na medida da boa vontade
102
e do sacrifício. Conviria muito que todos os festeiros, já neste ano,
pusessem de parte alguma quantia para acudir a esta obra sublime de
caridade. Umas luzes de menos na igreja e no adro, uns sons menos
estrídulos de granadas e de instrumentos músicos, nada ou pouco
tirariam ao brilho da festa, e poderiam ser fonte de luz e doce
harmonia de alguma para os desventurados recolhidos no projectado
manicómio, tão necessário como urgente. E sem duvida esse
procedimento dos festeiros atrairá as bênçãos do céu, contribuindo
para aliviar as dores da terra. Queiram os nossos estimados
Cooperadores envidar todos os louváveis esforços para se obter algum
resultado favorável e honroso. Na Câmara Eclesiástica, ou pela
benemérita comissão, constituída para tal fim, se receberão todos os
donativos. Permita Deus dar força às nossas palavras, favorecer os
nossos desejos e abençoar todo o nosso rebanho”.
1910
Durante o episcopado de Dom José Correia Cardoso Monteiro (1904-
1910) o culto popular passa a integrar a legislação administrativa
diocesana. Surgem as taxas às coroações, ou entradas na igreja, ou às
mudanças das Pombinhas.
1911
Algumas das críticas expostas no Relatório remetido, em 1898, ao
Papa Leão XIII, conjugadas com outras directivas do governo do
bispado de Dom Francisco José, emitidas sob a forma de Notas,
Circulares ou Avisos, consubstanciam uma pretensa reforma dos
Estatutos das Irmandades do Espírito Santo.
1913
Intentando laicizar as Irmandades, o Governo da República pretende
transformá-las em associações cultuais ao abrigo da Lei de Separação
da igreja e do Estado. Durante o episcopado de Dom António Augusto
de Castro Meireles (1923-1928) é aligeirada a proibição de coroações
fora do Tempo Pascal, por meio de uma licença sujeita a taxa,
proíbem-se as coroações em casas particulares e das mesmas durante
parte da tarde, se não autorizadas.
1917
Entra em vigor legislação que determina a organização e
funcionamento estatutário do culto religioso e de suas Irmandades
(ver 1983).
103
1923
O Vigário Capitular, Doutor J. dos Reis Fischer, estatui uma tabela de
emolumentos paroquiais, em conformidade com a qual “as coroações
fora do tempo pascal só poderão realizar-se com licença do Ordinário,
concedida em Alvará da Câmara Eclesiástica, sujeito à taxa de Esc.
120$00 para Obras Pias”.
1924
Dom Helvécio Gomes de Oliveira, Bispo de Mariana (Brasil), proíbe o
Império do Divino na sua diocese, pretextando os artigos nº 15 e 16
das resoluções da Conferência Episcopal da Província de Mariana,
realizada em Juiz de Fora, em Abril de 1923: “Proibimos em absoluto
os bailes em benefício de Instituições Católicas, bom como outras
festas beneficentes com jogos de azar ou divertimentos de moralidade
duvidosa; Proibimos igualmente as festas religiosas com jogos a
dinheiro, nas praças ou em quaisquer lugares franqueados ao povo,
determinando aos Rever. Vigários que recorram às autoridades, e no
caso de nada conseguirem suspendam imediatamente os actos do
culto, seja na sede da Paróquia seja em capelas.”
1925
Provisão de 16 de Abril, do Bispo de Angra, Dom António C. Meireles,
torna a coroação indissociável da missa (sob pena de multa de Esc.
60$00 para Obras Pias), reiterando a proibição dos balhos nas
residências dos Imperadores. Concomitantemente, é promulgada uma
lei proibitiva da utilização de instrumentos de sopro (flauta, oboé,
clarinete, fagote, trompete, trombone e tuba) no interior das igrejas,
com a alegação de serem considerados profanos tais instrumentos.
1928
Por decreto de 15 de Maio, o Bispo da Guarda, Dom José Alves
Matoso, proíbe que as Folias do Espírito Santo, “sendo uma coisa
inteiramente profana […] se intrometam nos actos religiosos”,
determinando a interdição ipso facto: “não só dos templos religiosos
(igrejas e capelas) onde a folia entrar, mas também, neste caso, os
membros da mesma folia e todas as pessoas que derem causa do
mencionado interdito”; dos membros da folia, “se esta se incorporar
em qualquer procissão e em tal caso não poderá esta realizar-se nos
anos seguintes”, enquanto não expressamente autorizada, incorrendo
na mesma pena “os fiéis que cooperarem na participação da folia em
procissão ou actos religiosos”; dos párocos ou quaisquer outros
sacerdotes que leiam na igreja ou capela os nomes das pessoas “que
104
hão-de constituir a folia” (Boletim da Diocese da Guarda, v. 13, n. 12,
Mai. 1928, p. 180).
1934
O Bispo de Guarajá-Mirim (Rondónia, Brasil) revitaliza a Festa do
Divino na sua diocese.
Reforma do Compromisso da Irmandade do Divino Espírito Santo
sedeada na igreja matriz de Santo António Além do Carmo, em
Salvador da Baía (Brasil).
1940
A Concordata, assinada entre o Estado Português e a Santa Sé,
permite que associações, ou corporações canonicamente erectas
tenham personalidade jurídica civil.
105
106
1957
Animado pelas palavras de Pio XII, quando de uma visita ad Sacra
Limina Apostolorum, ocorrida neste ano, Dom Manuel Afonso de
Carvalho dita que se "conserve o que há de bom e faça desaparecer o
que não convém" nos Impérios. Determina também “restituir à pureza
primitiva esta tão santa devoção”, para o que manda dotar as
Irmandades de personalidade jurídica, segundo modelo a enviar a
cada freguesia. Dispõe ainda que: só haja uma Irmandade em cada
paróquia, dirigida por uma única mesa; que a constituição dos
impérios futuros careça de prévia licença episcopal; proibição dos
divertimentos profanos por ocasião das festas, assim como os cortejos
com meninas de idade inferior a 12 anos e não decentemente vestidas;
que as coroações apenas ocorrerão durante o tempo pascal.
1959
Por Provisão Episcopal, de 10 de Novembro, o Bispo de Angra do
Heroísmo, Dom Manuel Afonso de Carvalho, proíbe a Sociedade
Filarmónica de Santo António, da paróquia de Porto Judeu (Terceira),
de prestar “serviços em quaisquer festividades ou actos religiosos, bem
como coroações do Divino Espírito Santo ou diversões promovidas por
ocasião ou a pretexto de festas religiosas, na ilha Terceira ou noutra
ilha dos Açores” (Boletim Eclesiástico dos Açores).
Após ter realizado a segunda visita pastoral a todas as ilhas o mesmo
prelado publica no dia 19 de Novembro, uma nota na qual refere que
“não há certamente terra nos Açores, lugar por mais recôndito ou
afastado onde se não tenha ouvido falar, fiel por mais rude que não
conheça o Divino Espírito Santo”, sublinhando que “forma exterior
para manifestar essa caridade acesa nos corações [...] nem sempre e
em todos os lugares estará conforme à doutrina da Santa lgreja”.
A Nota Episcopal, O Culto do Divino Espírito Santo nos Açores,
emanada a 19 de Novembro, na sequência de uma visita pastoral que o
bispo de Angra efectuara a todas as ilhas do arquipélago, visa a
Evangelização da devoção ao Paracleto, bem como a regularização e
regulamentação canónicas coercivas dos Estatutos das Irmandades do
Espírito Santo. Tal intuito disciplinador suscita um coro generalizado
de protestos, tendo originado ameaças, conflito e até excomunhões, as
quais provocam sequelas nunca completamente sanadas.
1961
No dia 3 de Abril D. Manuel Afonso de Carvalho publica um
regulamento das Festas Religiosas, no qual, “com o intuito de que não
107
se introduza no culto público ou particular qualquer prática
supersticiosa, estranha à fé, discordante da tradição eclesiástica ou
que tenha espírito ganancioso”, determina: as festas somente podem
ser organizadas pelos párocos, reitores ou superiores ou por
associações e corporações aprovadas pela autoridade. Podem ser
ajudados por pessoas idóneas de acordo com as normas eclesiais. As
festas devem ser celebradas segundo as leis disciplinares e litúrgicas e
segundo o calendário próprio. Proíbe a organização de festas, danças,
bailados e descantes profanos nessas festas. Estabelece prescrições
acerca das iluminações e instalações sonoras. Proíbe a organização de
festas profanas sob "pretexto ou capa da religião", não autorizando as
filarmónicas a prestarem serviços para estas festas ou para aquelas
que não forem autorizados pelo pároco ou reitor da Igreja, sob pena de
ficarem proibidas de tomar parte em outras festividades.
A 6 de Junho o bispo de Angra, Dom Manuel Afonso de Carvalho,
declara “extintas todas as irmandades, confrarias ou Impérios que não
têm ao presente estatutos canonicamente aprovados”, i. e., todas
aquelas não constantes da lista seguinte: concelho de Angra do
Heroísmo: Altares (contestou), Doze Ribeiras, Feteira, Porto Judeu,
Raminho, Ribeirinha, Santa Bárbara, S. Bartolomeu, S. Sebastião,
Serreta, Terra Chã; concelho de Praia da Vitória: Agualva, Biscoitos,
Cabo da Praia, Casa da Ribeira, Fonte do Bastardo, Fontinhas, Lajes,
Porto Martins, Praia da Vitória, Quatro Ribeiras, S. Brás, Santa Luzia
(contestou), Vila Nova; concelho de Santa Cruz da Graciosa:
Guadalupe, Luz, Ribeirinha, Santa Cruz da Graciosa, S. Mateus da
Praia, Vitória; concelho da Calheta (S. Jorge): Biscoitos, Caldeira do
Santo Cristo, Fajã dos Vimes, Norte Pequeno, Ribeira Seca, Santo
Antão do Tojo, Topo; concelho de Velas (S. Jorge): Beira, Norte
Grande, Ribeira da Areia, Rosais, Santo Amaro, Santo António,
Urzelina, Velas.
Decorre, entretanto, um processo judicial no Tribunal Eclesiástico
envolvendo as irmandades, lideradas por Adalberto Pinheiro de
Bettencourt. Os recursos seguem até à Sagrada Congregação para o
Concílio, cuja resposta do cardeal Ciriaci determina: “os recursos não
são admitidos; o bispo procurará tornar ciente disto os concorrentes,
que deverão obedecer plenamente às terminações do Ordinário do
lugar, emitidas para restaurar no espírito católico as festas do Espírito
Santo”.
108
1978
Exposição O Culto do Espírito Santo e a Festa dos Tabuleiros (15-23
Julho), na Biblioteca Municipal de Tomar, comissariada por Manuel J.
Gandra.
1980
Exposição O Culto do Espírito Santo, em Santarém, comissariada por
Manuel J. Gandra.
109
1983
Em resultado da renovação conciliar do Vaticano II começa a vigorar
novo Código de Direito Canónico que cataloga as Confrarias como
associações de fiéis, públicas e privadas (ver 1917).
1984
II Colóquio Internacional de Simbologia (Angra do Heroísmo, 13 a 19
Junho) subordinado ao título Os Impérios do Espírito Santo e a
Simbólica do Império.
1989
Congresso sobre o Culto do Espírito Santo, promovido pela Casa dos
Açores, na Biblioteca Nacional (Lisboa, 19 e 20 Maio).
1990
Exposição O Império do Divino Espírito Santo, no Centro de Estudos
Históricos e Etnográficos Professor Raúl de Almeida (Mafra, 3 Junho
a 16 Setembro), comissariada por Manuel J. Gandra.
1991
Exposição O Império do Divino Espírito Santo (4 Julho a 15
Setembro, na Sala das Cortes do Convento de Cristo, em Tomar,
comissariada por Manuel J. Gandra.
1997
Exposição O Culto do Espírito Santo em Portugal (21 Setembro) e
Colóquio O Culto do Espírito Santo na Rota das Descobertas (23
Setembro) no âmbito das Festas do Império de São Carlos (Terceira),
comissariada por Manuel J. Gandra.
D. António de Sousa Braga, bispo de Angra do Heroísmo, propõe-se
“renovar a Diocese nas suas comunidades e em especial os sectores da
família e da juventude numa abertura ao Espírito Santo e em
fidelidade ao Concílio Vaticano II”. A atenção especial da Igreja
Açoriana ao Espírito Santo consubstancia-se na realização de acções
de catequese sobre o tema: duas semanas bíblicas e duas jornadas
jubilares teológico-pastorais diocesanas sobre o Espírito Santo, além
de acções de esclarecimento sobre a devoção popular do Espírito
Santo e os caminhos da missão a abrir nas ilhas dos Açores.
1998
Colóquio no âmbito das Grandes Festas do Divino Espírito Santo da
Nova Inglaterra (21 Agosto), em Fall River (Massachusetts, USA).
II Congresso do Espírito Santo (Covilhã-Fundão, 12-14 Junho).
Na Nota Pastoral O Império do Espírito Santo, de 15 de Março, o
bispo de Angra, Dom António de Sousa Braga, realça o valor da
110
religiosidade popular e dos valores da irmandade e partilha presentes
no culto do Divino Espírito Santo.
1999
I Congresso Internacional das Festas do Divino Espírito Santo (19 a
23 Maio), no Auditório da Reitoria da Universidade Federal de Santa
Catarina (Florianópolis, Brasil).
A Festa dos Tabuleiros é integrada no projecto Europeu Les Fêtes du
Soleil, do programa comunitário Euromed Héritage, de apoio a
festividades dos países mediterrânicos (Europa, Próximo Oriente e
Norte de África).
Forum das Festas ligadas ao Espírito Santo, na Biblioteca Municipal
de Tomar.
111
2000
Na preparação para o Jubileu de 2000, Dom António de Sousa Braga
reporta-se diversas vezes ao Espírito Santo e ao culto açoriano,
realçando a importância de “não destruir, não menosprezar ou
censurar as atitudes do bom povo, mas orientá-lo e formá-lo nos
princípios da verdadeira doutrina”. Reconhece que este culto é um
forte baluarte contra o secularismo, visto radicar na comunidade
cristã, fundada na fundamental igualdade de todos os baptizados e não
se esgotar na Instituição.
2001
O Directório para o culto divino e da Disciplina dos Sacramentos, de
17 de Dezembro, reconhece as confrarias e atribui-lhes personalidade
jurídica pública, reservando, contudo, para a autoridade eclesiástica
competente a erecção de associações de fiéis que “se proponham […] o
incremento do culto público” (canon 301 § 1).
Resolução do Governo Regional dos Açores no sentido de encetar os
procedimentos necessários com vista à classificação das Festas do
Divino como Património da Humanidade.
2002
A UNESCO recusa inscrever as Festas do Divino Espírito Santo dos
Açores como Património Imaterial da Humanidade.
Victor Manuel da Silva Alves, jornalista da RTP-Açores, denuncia no
Ciclo de Cultura Açoriana (Setembro), as reiteradas e persistentes
tentativas por parte da Igreja no intuito de proceder à evangelização
de certos ritos tradicionais do Império, alertando também para os
obstáculos criados pela legislação comunitária à continuidade das
mesmas práticas.
A Escola de Samba Os Académicos do Grande Rio dedica o enredo do
Carnaval 2002 ao Império do Divino.
2003
Forum A Festa dos Tabuleiros e o Culto do Espírito Santo (6-8
Junho), no Anfiteatro do Instituto Politécnico de Tomar.
2004
Em Nome do Espírito Santo: História de um Culto, Exposição e
Colóquio promovidos pela Torre do Tombo.
O Império da Serra – Reflexão sobre as Festividades em Louvor do
Divino Espírito Santo (2 Outubro), na sede da Tuna Euterpe União
Penedense (Penedo, Sintra).
112
2005
Congresso Internacional O Divino Espírito Santo – A História e a
Festa (Santarém, 26 – 28 Maio).
2006
A Escola de Samba Império Serrano desfila no Carnaval carioca com o
Enredo O Império do Divino do carnavalesco Paulo Menezes e texto
de Marcos Roza.
2007
Matilde Sousa Franco, deputada da Assembleia da República e
membro da Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades
Portuguesas é mandatada para emitir Parecer sobre a Proposta de
Resolução para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial,
adoptada na 3ª Sessão da Conferência Geral da UNESCO, realizada
em Paris, a 17 de Outubro de 2003 (Proposta de Resolução 63/X do
Governo, de 23 de Agosto de 2007). O Parecer é entregue a 3 de
Dezembro.
2008
Na Sessão Plenária n. 39 (24 de Janeiro de 2008), a Assembleia da
República aprova por unanimidade (PS, PSD, PCP, CDS-PP, BE, PEV)
a Proposta de Resolução 63/X, bem assim como o Parecer emitido
pela deputada Matilde Sousa Franco, o qual propõe a Candidatura do
Fado e das Festas do Divino Espírito Santo a Património Imaterial da
Humanidade (Diário Assembleia da República e Diário da República,
s. 1, n. 60, 26 Mar. 2008, p. 1685-1704).
2009
Colóquio Espírito Santo: Criação de Imagens e Expansão da Festa,
nos Paços do Concelho de Alenquer (30 Maio).
2010
A 13 de Maio, as festas do Divino Espírito Santo de Pirenópolis (Goiás,
Brasil) são inscritas pela UNESCO como Património Imaterial da
Humanidade.
2012
Colóquio Festa dos Tabuleiros em honra do Divino Espírito Santo -
“Vivência e Sobrevivência” (17 Março), na Biblioteca Municipal de
Tomar.
V Congresso Internacional sobre as Festas do Divino Espírito Santo
(Angra do Heroísmo).
113
Um grupo de investigadores açorianos prepara a candidatura das
Festas do Divino Espírito Santo a Património Imateral da
Humanidade.
Os participantes do 1º Seminário sobre o Imaginário Luso-Afro-
Brasileiro, realizado em Brasília (10-12 Setembro) aprovam a seguinte
resolução: “Considerando o forte cunho identitário e difusão quase
planetária da devoção do Império do Divino Espírito Santo, originado
durante o século XIII em Portugal, propõe-se a criação de um grupo
de trabalho com a incumbência de promover todas as acções tendentes
à apresentação à UNESCO de uma candidatura visando a classificação
do Culto do Império do Espírito Santo como Património Imaterial da
Humanidade”.
2016
Congresso Internacional do Espírito Santo – Génese, evolução e
actualidade da Utopia da Fraternidade Universal, realiza-se em
Coimbra (16 e 17 de Junho), Lisboa (14 e 15 de Setembro) e Alenquer
(16, 17 e 18 de Setembro).
114
O IMPÉRIO DO DIVINO
NA AMAZÓNIA
Os espanhóis Francisco de Orellana (1539-1542) e Pedro
Ursua (1561) foram os primeiros a descer o rio Amazonas.
A colonização portuguesa iniciou-se no sentido oposto,
com a edificação de um fortim por Pedro Teixeira, em 1637, no
delta do rio.
Doravante, legiões de missionários e sertanistas em
busca de fama, de riqueza e de aventura haviam de percorrer a
bacia do grande rio, bem como as dos seus afluentes. No ano de
1669, surgia, anexa ao fortim de S. José do Rio Negro, a
primitiva Manaus, a partir de 1791, capital da então capitania,
transferida de Mauiá, antigo aldeamento carmelita, entretanto
baptizado Barcelos.
A cidade de Macapá (Amapá), implantada sob a
protecção da fortaleza homónima, cuja construção foi encetada
em 1764, tornar-se-ia, tal como as áreas adjacentes, destino de
163 famílias de colonos maioritariamente oriundos dos Açores e
da praça marroquina de Mazagão, a partir de 1770.
Todavia, grande parte do contingente açoriano
destinado a Macapá, atormentado por febres malignas, preferiu
subir o rio Amazonas e radicar-se na já então vila de Barcelos,
capital da Capitania de São José do Rio Negro, hoje o Estado do
Amazonas.
Assim, começou a colonização sistemática da Amazónia
e, como haverá ensejo de constatar, a procedência dos colonos
tornar-se-à a chave-mestra para o entendimento das
características peculiares assumidas pela devoção paraclética
em toda a região.
Com a independência do Brasil (1822), o Amazonas seria
transformado em comarca do Pará. Para lograr o estatuto de
província autónoma, envolver-se-ia numa guerra civil, que teve
o seu epílogo 1850, quando as suas pretensões foram
definitivamente reconhecidas pelo parlamento brasileiro.
117
Na actualidade, a bacia amazónica abarca nove Estados
Brasileiros, os quais constituem a denominada Amazónia Legal,
correspondendo, globalmente, a uma superfície de 5217423
quilómetros quadrados, i. e., 61% do território do Brasil.
Amapá, Amazonas e Roraima ocupam o Coração da
Amazónia, Acre, Maranhão (a Oeste do meridiano 44º O), Mato
Grosso, Pará, Rondónia e Tocantins delimitam-na enquanto sua
periferia.
Apenas nos Estados de Acre e do Roraima o culto do
Divino não tem expressão, apresentando-se com enorme
vitalidade nos demais, como o presente roteiro visa
documentar.
*
* *
118
AMAPÁ
119
militares com os ingleses e os holandeses, estabelecidos em posições
fortificadas e feitorias a partir das quais exploravam as drogas nativas.
Em 1631, Jácome Raimundo de Noronha e Pedro da Costa Favela
conquistaram o forte de Cumau (actual Macapá). Entre 1646 e 1648,
lograram destruir as fortificações holandesas próximas do Cabo Norte
e da margem esquerda do Amazonas.
Por seu turno, também os franceses cobiçaram a região, sendo,
repelidos pelo governador do Maranhão, António de Albuquerque
Coelho de Carvalho.
O Tratado de Utrecht, assinado em 1713, havia de estabelecer o
rio Oiapoque como fronteira entre a Guiana Francesa e o Brasil.
Todavia o diferendo, por vezes, recorrendo à força das armas, sobre a
jurisdição deste imenso território arrastar-se-ia até 1 de Dezembro de
1900, data em que o Brasil entrou definitivamente na posse dele.
Os festejos em louvor do Paracleto assumem no Amapá duas
facetas impares, ambas sincréticas, sem embargo, as duas expressão
genuína da enraízada devoção ao Divino no seu âmbito territorial.
Consubstanciam-se elas na Festa Grande dos Karipuna, comunidade
ameríndia concentrada ao longo do rio Curipi (afluente do Uaçá), e no
Ciclo do Marabaixo, cuja vitalidade é notória na sede estadual,
Macapá, especialmente nos bairros do Laguinho, e da Favela, e nas
cidades de Curiaú, Igarapé do Lago, ao invés de Mazagão Velho, onde
se extingiu por completo.
Durante o evento são consumidas iguarias típicas, como, entre
outras: o beijo-de-moça, o beijus, o quindim, a rosquinha, o mingau de
banana e o de farinha de tapioca, a par da degustação da gengibirra,
bebida oficial do Marabaixo.
Bibliografia
ASSUNÇÃO, Paulo de, Mazagão: cidades em dois continentes, in Usjt –
arq.urb., n. 2 (2º semestre 2009), p. 22-55; MORAIS FILHO, Melo, Festas e Tradições
populares do Brasil, S. Paulo, 1979 [ed. princeps: 1893]; OLIVEIRA, Maria do Socorro
dos Santos, Religiosidade popular em comunidades estuarinas amazónicas: um estudo
preliminar do Marabaixo no Amapá, in Scripta Nova, n. 45 (49) (1 Ago. 1999); REIS,
Arthur C. F., Os Açorianos na empresa do Brasil, in Ocidente, v. 59, n. 271 (Nov. 1960),
p. 259-270; TASSINARI, Antonella Maria Imperatriz, Contribuição à História e à
Etnografia do Baixo Oiapoque: a composição das famílias e a estruturação das redes
de troca [tese de Doutoramento apresentada ao Departamento de Antropologia Social
da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo],
São Paulo, 1998
120
Açaizal
Uma das quatro mais importantes aldeias, sitas nas margens do rio
Curipi (Área Indígena do Uaçá, Amapá), onde habita parte
considerável da população indígena que, actualmente, se define como
*Karipuna.
Bairro da Favela
*Favela, *Santa Rita.
Bairro do Laguinho
*Laguinho.
Bandeirista
Designação do condutor da bandeira do Divino em *Mazagão Velho
(Amapá), competindo-lhe “puxar o grupo de festeiros”. Função que,
nas Beiras (Portugal), se designa pelo termo *alabardar.
Batuque
Na bacia amazónica, o termo designa práticas religiosas afro-
brasílicas. Apesar das características singulares da música tradicional
das comunidades de origem africana do Amapá, é nos batuques
amapaenses que mais se evidenciam as especificidades dessa herança,
de notória índole bantu. Convém, no entanto, não enquadrar as
heranças musicais afro-amapaenses numa perspectiva exclusivamente
africana, porquanto são óbvios os paralelismos tanto com o Norte e o
Nordeste do Brasil, como, igualmente, com as Guianas holandesa e
francesa. Resta apurar se a componente africana das manifestações
amapaenses em apreço aportou directamente à bacia do Amazonas, ou
se procedeu de outros estados, como o Pará e o Maranhão,
eventualmente, até de Pernambuco e mesmo da Baía. O batuque de
Amapá, especialmente o de *Curiaú, diverge em bastos aspectos dos
batuques meridionais, em virtude da presença de grandes pandeiros,
tocados em grupos de três ou quatro, acompanhando dois tambores
cilíndricos, construídos a partir de troncos de árvore, tombados no
121
chão e montados pelos seus percussionistas. Tal é também a
configuração adoptada pelos conjuntos de três tambores no batuque
do *Igarapé do Lago, localidade onde um dos instrumentos é
percutido na sua parte posterior por um segundo tocador munido de
duas baquetas. Acresce ainda a circunstância de a nomenclatura dos
instrumentos variar consoante a comunidade. Por exemplo, em
Igarapé do Lago, o tambor maior é denominado cupiúba, enquanto
macaco e macaquinho são os nomes dos demais. O batuque de
Igarapé do Lago ainda se destaca pelo raspador (tipo reco-reco), e pela
taboca, grande chocalho também designado xeque-xeque. No batuque
de Curiáu os dois tambores cilíndricos são denominados marcador e
dobrador, ou, ainda, marcador e repinique. Os gritos e os saltos
constituem características distintivas da coreografia do batuque.
Batuque de Curiaú
Beijo de moça
Iguaria típica da festa do Divino no Amapá.
122
Beijus
Iguaria típica muito consumida durante os festejos em honra do
Divino no Amapá (*Amazonas, *Tucupi).
Bodjê
Patois para Bon Dieu. Nome do Divino entre os índios *Karipuna,
concentrados ao longo do rio Curipi, no Norte do Estado de Amapá.
Caixa
Tambor confeccionado por um "mestre". Tocar um destes
instrumentos num ritmo intenso e ininterruptamente durante mais de
dez horas, não só evidencia um dom artístico, como, sobretudo,
consubstancia um gesto de fé e louvor. Nas comunidades de *Mazagão
e nos bairros da *Favela e do *Laguinho (*Macapá) e respectivas
imediações, predominam os tambores do tipo bombo (ou caixa
grande), carregados pelos músicos e percutidos com duas baquetas. Os
percussionistas, geralmente dois, desempenham, concomitantemente,
o papel de dançarinos e de puxadores de *ladrão, uma vez que a
comunidade dança em grupo, acompanhando o movimento circular,
anti-horário, dos percussionistas e responde em coro aos versos
123
puxados por um deles. No *Ciclo do Marabaixo, tocar caixa era,
outrora, função exclusivamente masculina. *Batuque.
Cânticos Karipuna
Os *Karipuna entoam cânticos, ou “cantos” para assinalar cada etapa
dos festejos do Divino, a saber: De oferecimento da Ladainha; De
encerramento da Ladainha; Para fazer a Ladainha “pegar”; De
Alvorada (ou Galo Preto); De Ave-Maria (do Bom dia); Para buscar
o Mastro; De rodear o Mastro; De saída do Santo; Da entrada da
Meia-Lua; De oferecimento da Mesa; De rodear o Mastro; De
entrada; De entregar a Bandeira; etc.
Os cânticos Para rodear o Mastro e De oferecimento da Mesa (dos
Inocentes) e, enfim, todos aqueles que se reportam à imagem do
Divino finalizam com o verso "que é um retrato" e são realizados na
sua presença, sendo a imagem em apreço colocada nos quatro cantos
do mastro ou da mesa, rodeando, literalmente, o objecto, como para o
proteger, e ao espaço que ocupa, de influências nefastas. Esse costume
não é exclusivo desta comunidade, porquanto é mencionado por
Moraes Filho (1893) como ocorrendo nas Festas do Divino da
província do Rio de Janeiro, no século XIX.
Casa da Festa
O *Ciclo do Marabaixo dura aproximadamente sessenta dias e centra-
se na casa de um devoto, por esse motivo denominada Casa da Festa.
Mas nem sempre foi assim.
Até cerca de 1950, antes das campanhas anti-Marabaixo promovidas
pelo padre Júlio Lombaerd, a festa decorria na praça diante da matriz
e catedral de São José de Macapá. Foi em consequência de haver sido
banida desse local que seria acolhida em casa de Julião Ramos, um
dos “zeladores da tradição”. Após a sua morte, em 1958, a Sociedade
do Marabaixo, composta por mordomos e novenários desapareceu e
quase tudo se perdeu: “Hoje raramente alguém (do sexo masculino)
arrisca-se jogar uns passos da carioca, num salão, sob o ritmo do
dobrado ou galinha choca, como era chamada antes” (cf. Fernando
Canto, A água benta e o Diabo, Macapá, 1998, 2ª ed., p. 30).
Na actualidade, em *Macapá, o espaço destinado aos afazeres
profanos e ao *Marabaixo é um grande pátio construído na casa do
festeiro, com bancos a toda a volta, que se estende desde a porta
principal até ao exacto eixo da rua.. É aí que se dança nos dias de festa,
124
bem como nos dias destinados aos bailes populares. No derradeiro dia
de cada ciclo anual, o devoto que pegar nas bandeiras quando da
“derrubada dos dois mastros”, compromete-se perante a comunidade
a disponibilizar a própria casa para sede do Marabaixo seguinte.
Hodiernamente, nos bairros do *Laguinho e da *Favela existe um
rodízio praticamente fixo, combinado entre os devotos no que respeita
aos festeiros das festas vindouras, bem como quanto à organização e
distribuição das tarefas a desempenhar antes, durante e depois do
Marabaixo, invariavelmente a cargo dos organizadores mais
experientes e do festeiro em funções. *Folia do Marabaixo.
Catuaba
Bebida obtida a partir dos frutos da planta homónima (Erythroxylum
catuaba), considerada um tónico do sistema nervoso central, à qual
são creditadas propriedades vasodilatadoras e afrodisíacas.
Ciclo do Marabaixo
Evento anual, com a duração aproximada de sessenta dias: inicia-se
no Sábado de Aleluia (que antecede o domingo de Páscoa) e culmina
125
no dia 10 de Junho, atingindo o seu auge durante o Pentecostes.
Centra-se na casa de um devoto, por esse motivo denominada *Casa
da Festa. No último dia da festa de cada ciclo anual, o devoto que
pegar nas bandeiras quando da “derrubada dos dois mastros”,
compromete-se perante a comunidade a disponibilizar a própria casa
para sede do Marabaixo seguinte. *Festa do Marabaixo.
Colheita da murta
A murta é uma ramagem verde, colhida, enquanto entoam cânticos,
pelas mulheres devotas do bairro do *Laguinho, as quais se deslocam,
propositadamente para esse efeito, às matas dos arredores da cidade
de *Macapá (Amapá), na *Quarta-feira da murta. A murta destina-se a
revestir os dois mastros, do Divino (*Quinta-feira da Hora) e da
Santíssima Trindade (*Segunda-feira do Mastro).
Cortação do mastro
No bairro do *Laguinho, em Macapá (Amapá), o corte do mastro
ocorre no *Sábado do mastro (5º após o domingo de Páscoa). Nos
126
arredores da cidade é cortada uma árvore (uma macumbeira ou um
ananaseiro), logo transportada para perto da *Casa da Festa, para ser
erguida diante dela, no dia seguinte (*Domingo do Mastro).
Cortejo da murta
Em entrevista que concedeu em 2004, Raimundo Lino Ramos, Mestre de
Marabaixo conhecido como Mestre Pavão, declarou que a murta [da
127
Trindade] simboliza a pomba do Divino Espírito Santo, uma vez que
“quando Jesus mandou a pomba à terra, antes, mandou o urubu. O
urubu veio, deu com a carniça e ficou. Ele mandou a pomba, a pomba
veio ver se tinha terra. Tinha terra e tinha mata. Então a pomba levou
um ramo de flor no bico. Essa flor é o significado da murta” (cf. Sheila
Mendes Accioly / Sandro Guimarães de Salles, Marabaixo:
Identidade social e Etnicidade na Música Negra do Amapá).
Cozidão
Caldo de carne, ou ensopado típico do *Marabaixo do bairro do
*Laguinho (*Macapá), confeccionado com carne desfiada, diversos
vegetais e frutas. Depois de dançarem o Marabaixo nas residências
que visitam em *Mazagão, os foliões são recebidos com caldo de carne
e *gengibirra.
Curiaú
Localidade de assinalável beleza bucólica, distante de *Macapá
(Amapá) cerca de uma dezena de quilómetros. Habitada pelos
128
descendentes dos escravos africanos que, a partir de 1764,
participaram na edificação da Fortaleza de São José, na foz do rio
Amazonas, diante da cidade de Macapá e, posteriormente, se
tornaram foragidos, protagonizando um *quilombo. *Tucunaré
assado, camarão no bafo, *gengibirra, banho no lago, *Marabaixo e
*batuque, são algumas das tradições remanescentes do quilombo de
Curiaú.
Marabaixo, em Curiaú
129
Aqui, o *Ciclo do Marabaixo, em homenagem ao Divino Espírito
Santo, ocorre, anualmente, depois da Quaresma (desde Sábado de
Aleluia) e dura dois meses (até ao Pentecostes). Os devotos dançam
durante horas, em círculo, ao ritmo de tambores. A energia de que
necessitam é-lhes dispensada pela *gengibirra, bebida típica
preparada a partir de gengibre ralado, cachaça e açúcar. O clímax da
festa coincide com o *Encontro dos Tambores, quando cada grupo de
dançadores exibe o respectivo mastro enfeitado com flores e a
Bandeira do Espírito Santo no topo.
Derrubada do mastro
O derrube dos dois mastros erguidos nos bairros da *Favela e do
*Laguinho, em *Macapá (Amapá) durante os festejos do Divino
ocorre, pontualmente, às 6 da tarde do derradeiro dia do ciclo anual
do *Marabaixo, denominado *Domingo do Senhor (9º domingo após
a Páscoa, imediatamente a seguir à quinta-feira em que se celebra o
Corpo de Deus). Trata-se de uma tarefa exclusivamente masculina. A
dança é interrompida durante a operação, sendo retomada
imediatamente após o termo dela.
Domingo da Trindade
Missa pela manhã na igreja do bairro do *Laguinho, em *Macapá
(Amapá). À tarde faz-se a *Quebra da Murta. Os participantes saem
pelas ruas dançando, cantando e soltando foguetes, desta feita na
companhia da bandeira da Santíssima Trindade. À noite, é rezada a
última ladainha em louvor da Santíssima Trindade. Segue-se um baile,
que só termina na *Segunda-feira do Mastro.
Domingo de Páscoa
Também dito de Aleluia. Primeiro *Marabaixo do ano no bairro do
*Laguinho, em *Macapá (Amapá). Começa com missa na igreja de São
Benedito. Dança-se o Marabaixo pela manhã e à tarde, em casa do
festeiro (*Casa da Festa).
130
Domingo do mastro
Quinto domingo após o de Páscoa. É erguido o primeiro *Mastro. No
domingo de Pentecostes, antigamente o derradeiro do *Ciclo do
Marabaixo, o festeiro fazia erguer um segundo Mastro, enfeitado. Nos
bairros da *Favela e do *Laguinho, em *Macapá, tal ainda ocorre, mas
na 8ª segunda-feira após o domingo de Páscoa (segunda-feira da
Santíssima Trindade, aqui designada *Segunda-feira do Mastro).
131
Domingo do Senhor
Nono domingo após o de Páscoa (imediatamente a seguir à quinta-
feira em que se celebra o Corpo de Deus). É o derradeiro dia do ciclo
anual do *Marabaixo, no bairro do *Laguinho (*Macapá). Os
participantes dançam até às 6 da tarde, hora exacta da *Derrubada do
Mastro (de ambos os mastros, do Divino e da Santíssima Trindade),
tarefa exclusivamente masculina. O festeiro vindouro posiciona-se
próximo das bandeiras que se acham no topo dos mastros para recebê-
las. A dança recomeça, encaminhando-se para casa do devoto
guardião do testemunho, prosseguindo pela noite fora, até de
madrugada, junto à *Casa da Festa do ano seguinte.
Encontro de tambores
Clímax do *Ciclo do Marabaixo, em *Curiaú, durante o qual cada
grupo de devotos exibe o respectivo mastro, enfeitado com flores e
encimado por uma bandeira do Espírito Santo. Em 1995 (com
132
reedições nos anos de 1996 e de 1998), a comunidade de Curiaú,
organizou um grande evento cultural, que denominou Encontro dos
Tambores, reunindo as principais manifestações negras amapaenses.
A iniciativa deu origem a uma primeira colectânea de registos sonoros
do *Batuque, do *Marabaixo, do *Sairé e *Zimba do Amapá.
Espírito Santo
Aldeia central dos *Karipuna, para a qual converge toda a
comunidade quando se trata de festejar o Divino. Nas demais aldeias
dos Karipuna, existe a função do "responsável pelo culto e pela
capela", geralmente preparado para o efeito pelo CIMI (Conselho
Indigenista Missionário). Nesta aldeia faz-se uma distinção entre
aqueles que se responsabilizam pela capela durante o tempo comum e
aqueles encarregados dela durante os festejos do Divino. No segundo
caso, fala-se de uma preparação realizada com os "antigos", no começo
do século XX.
Favela
Bairro de *Macapá, actualmente denominado de *Santa Rita,
por influência da Igreja Católica. A *Santíssima Trindade dos Inocentes
(*Marabaixo das crianças) constitui a devoção principal desta
133
comunidade, durante os meses de Março/Abril. O evento, organizado
pela Associação Folclórica Marabaixo da Favela, inclui o *Almoço
dos Inocentes, espécie de *bodo oferecido às crianças.
Festa do Marabaixo
Denominação da Festa do Divino, em *Curiaú. Sinónimo de *Ciclo do
Marabaixo. Ocorre, anualmente, desde Sábado de Aleluia (anterior ao
domingo de Páscoa) e dura cerca de dois meses (até ao Pentecostes).
Os devotos dançam em círculo ao ritmo de tambores. O clímax dos
festejos é atingido durante o *Encontro de tambores, ocasião em que
cada grupo de dançarinos exibe o respectivo *mastro enfeitado com
flores e uma bandeira do Divino no topo. Durante os festejos, há
generosa distribuição de bebidas, principalmente *mucura e
*gengibirra.
134
Marabaixo em Curiaú
Festa do Sairé
Também denominada *Zimba. Há quem advogue tratar-se de uma
reminiscência dos fastos das cortes europeias (propondo sairé
enquanto corruptela do francês soiré). Segundo alguns relatos
estendia-se, outrora, a toda a região amazónica, desde o Estado do
Amazonas até o do Amapá, embora com semântica e calendário
variáveis, consoante o local onde ocorria. Podia até ser organizada
para comemorar o Natal. Em *Alter do Chão (Pará) chegou a efectuar-
se com o fito de obter protecção para as colheitas. Actualmente,
apenas subsiste em Alter do Chão, onde é reatada anualmente,
durante o mês de Setembro (até 1997, no de Julho).
Festa Grande
A Festa do Divino é considerada pelos *Karipuna como a sua festa
maior, La Ghã Fet, como a designam, em patois. Os festejos mais
135
importantes duram duas semanas (o ciclo inicia-se antes de quarta-
feira de Ascensão, terminando após o domingo de Pentecostes) e
congregam na aldeia do *Espírito Santo todos quantos ainda se
revêem nas tradições da "comunidade do Curipi”. As restantes aldeias
despovoam-se então, pois quase todas as famílias do Curipi se dirigem
para o lugar central desta devoção. Também aqueles que se
consideram Karipuna mas residem fora do Curipi, quer em aldeias do
Uaçá ou do Oiapoque, quer nas cidades vizinhas de Oiapoque e Saint
Georges, têm a aldeia do Espírito Santo como destino obrigatório
nesta efeméride. De tempos em tempos, os radicados em cidades mais
remotas, tais como Caiena, Macapá ou Belém do Pará, retornam para
festejar e pagar alguma promessa ao Divino. As Festas do Divino
realizadas no Rio Curipi não assumem a forma de Império, vigente
nas demais regiões do Brasil (Moraes Filho, 1893). A *Mesa dos
Inocentes é o momento da festa Karipuna com mais paralelismo com
o rito do Império, correspondendo, salvaguardadas as devidas
distâncias, ao bodo do Espírito Santo. A Antonella Tassinari é devida a
mais minuciosa descrição do rito do Divino entre os Karipuna, razão
porque transcrevo da sua tese de doutoramento o capítulo que se lhe
reporta:
136
não é o caso da maioria das famílias do Curipi. Estas, fazem
inicialmente o cálculo das compras a serem realizadas para a festa
levando em conta o número total de festeiros. Isso não quer dizer que
os festeiros consideram que "dividem" as despesas. Cada família
festeira se vê na obrigação de "fazer a festa" acontecer, e esforça-se
para oferecer o mais que puder, independente do que será fornecido
pelos demais festeiros. O cálculo das despesas necessárias é feito a
partir de uma avaliação geral das contingências, sendo o número de
festeiros uma delas.
137
utensílios mais caros e difíceis de serem comprados: pratos, talheres,
copos, jarros e, principalmente, grandes panelões e bacias para
preparar as refeições.
Todos os festeiros foram unânimes em dizer que é muito
trabalhoso "fazer a festa". Excepções são aquelas pessoas de certa
liderança, geralmente com algumas cabeças de gado, ou que recebem
salários fixos da FUNAI [Fundação Nacional do Índio], da Prefeitura
ou do Exército, os quais são festeiros quase todos os anos. Fora estes,
os demais Karipuna trabalham o ano inteiro tendo em vista o
momento da festa. Nos variados meses em que estive em campo:
Junho, Julho, Novembro, Dezembro, sempre havia alguma família que
me mostrava seus estoques para a festa do Divino, ou que saía da
aldeia para trabalhar uma ou duas semanas em sua roça, produzindo
farinha para comercializar e comprar despesas para a Festa Grande.
A lista de despesas varia, assim, segundo as posses e o número
total de festeiros. Em geral, cada família compra café, leite em pó ou
condensado, caixas de bolacha, potes de margarina, balas, arroz,
feijão, macarrão, óleo de cozinhar e temperos em geral, caixas de
vinho e de cachaça. Os festeiros que vêm das cidades têm mais
facilidades para adquirir estes produtos, mas precisam comprar nas
aldeias farinha de mandioca e de tapioca, e solicitar o serviço de
alguém para fazer caxiri [bebida de baixo teor alcoólico, espécie de
cerveja, resultante da fermentação da mandioca, preparada pelas
mulheres]. Também quanto à carne, as pessoas com mais recursos
geralmente doam um boi inteiro ou um búfalo, enquanto os demais
compram munição para espingarda, a qual distribuem aos caçadores
nos dias anteriores à festa. Apesar do status envolvido na doação de
um boi inteiro, sua carne é muito menos apreciada do que a carne de
caça, principalmente de macaco. Podemos dizer que os festeiros da
cidade, aqueles com mais recursos financeiros, têm mais capacidade
de inovar em sua lista de despesas: uma festeira residente em
Oiapoque fez grande sucesso entre as crianças na festa de 1990,
quando inventou de servir refrigerante. Aqueles que vêm "do lado
francês" não raro trazem bebidas caras como champanhe Moet
Chandon ou whisky escocês, que distribuem de forma mais reservada
àqueles convidados que consideram "especiais": seus parentes
próximos, professores, funcionários da FUNAI, e pessoas "de fora",
como eu mesma. Mas, por outro lado, os festeiros residentes nas
aldeias são responsáveis por produtos valorizados por serem
138
considerados "tradicionais", e que dependem da cooperação e do saber
de um número maior de pessoas, como caxiri, carne de caça, peixe
fresco e farinha. Uma festeira vinda de Maripa, na Guiana Francesa,
ofereceu um grande jacaré para a festa de 1991, o qual disse ter
"lantemado com dinheiro".
Os festeiros trabalham, assim, entre uma margem de inovação e
tradicionalismo, a primeira trazendo status ao festeiro, e o segundo
trazendo seriedade à festa. Nesse último caso encontram-se todos os
items destinados à capela e aos assuntos sagrados, que não podem
faltar ou sofrer inovações, pois oferecem a legitimidade sagrada da
festa. Assim, cabe aos festeiros comprar grande quantidade de velas,
rojões, bandeirolas, papel e fitas para enfeitar o altar da capela, o
mastro, e as bandeiras para louvar o Divino.
O compromisso assumido pelos festeiros, portanto, e acima de
tudo, é permitir que a festa se realize, dimensão que afecta a
comunidade inteira em sua relação com o sagrado. As famílias
assumem essa tarefa quase sempre no intuito de pagar uma promessa
feita ao Divino. Dentre os processos de cura usados pelos Karipuna as
promessas são sempre um recurso para a cura de doenças crónicas e
persistentes. Mas também há casos de promessas para a construção de
casas, para a abertura de roças, e outros aspectos que garantem o bom
encaminhamento da vida. Afora aquelas excepções representadas
pelas famílias mais afortunadas que se comprazem em realizar as
festas quase que anualmente, sem a obrigação das promessas, vimos
que a grande maioria dos festeiros trabalha um ano inteiro com
grande dificuldade. A isso justificam nos termos de uma obrigação ao
Divino Espírito Santo, o pagamento de uma promessa, mas também
não se pode deixar de notar o status que goza o festeiro, justamente
por propiciar a festa à comunidade toda.
É importante ressaltar que, muito além das promessas de cada
um, a festa do Divino resume as reverências de toda a comunidade
para louvar aquele que chamam de Santo, em português, e Bodjê em
patois (do francês Bon Dieu). A não realização da festa encerraria uma
grande falta em relação ao sagrado, falta que diz respeito à
comunidade Karipuna como um todo, e não apenas a alguns festeiros.
A impressão que tive é que não havia na festa uma pessoa que não
tivesse sua promessa a pagar naquela ocasião, promessas
materializadas nos inúmeros pacotinhos de velas, rojões e fitas
coloridas levados por todos ao altar. A festa representa o momento
139
legítimo de oferecer ao Santo a retribuição das graças alcançadas, e
por isso ela não pode deixar de ocorrer. Mais do que a retribuição
individual de cada promessa, a festa aponta para a solidariedade
voltada a uma fé colectiva, para os laços que as famílias estabelecem
entre si, sem os quais não é possível festejar e agradecer ao Santo, e
através dos quais a "sociedade Karipuna" se revela.
Sendo assim, não são apenas os festeiros que se comprometem
a "fazer a festa". Estes parecem apenas concentrar em si uma tarefa
que é da comunidade inteira, e que por isso lhes traz grande status. A
ajuda financeira oferecida pelos festeiros, por outro lado, não exclui a
cooperação geral de todos os participantes no que diz respeito aos
serviços necessários para a festa. Realizados sob a forma de mutirões,
os trabalhos mobilizam as famílias o tempo inteiro: caça, pesca,
limpeza da aldeia, preparação dos alimentos na cozinha, lavagem final
das panelas. Cabe aos festeiros fornecer e servir alimento e bebida e às
outras famílias cabe prepará-los.
Evidentemente, contratempos podem se entrepor aos projectos
dos festeiros, como o caso de um falecimento ou de uma doença em
família, alterando bruscamente todo o cálculo que lhes permitiria
"passar a festa. Nesses casos, é comum que a família peça a ajuda de
outros parentes próximos ou, em último caso, que protele o
pagamento de sua promessa para o ano seguinte. Essa última solução
sempre causa uma certa decepção e incompreensão por parte das
outras famílias, como diz o próprio termo referente a isto: "fulano
fracassou". "Fracassar", assim, é visto como uma forma de quebrar a
promessa, ato grave, que consideram poder ser punido com desgraças.
Mas, à parte as dificuldades das famílias, se um número razoável de
festeiros não dá sinais de que a festa está em condições de se realizar,
esse é um assunto que requer a ajuda da comunidade como um todo.
Como dizem: "o importante é sair a Festa!".
Essa ajuda colectiva, quando necessária, é realizada pela prática
da "esmola" ou xahite. Como esta actividade demanda a manipulação
de objectos rituais e sagrados, só é realizada pela iniciativa daquele
que tenha autoridade para tal. Durante minha pesquisa, essa
prerrogativa estava nas mãos do Senhor Tangahá, reconhecido por
todos como especialista dos conhecimentos relativos à Festa do
Divino". É preciso saber as rezas e canções próprias da Festa, que são
justamente a via de acesso ao Santo. Sem estas entoações, as
promessas não seriam aceitas ou as orações escutadas. Como disse o
140
Senhor Tangahá: "se não for para fazer as rezas, é melhor nem fazer a
festa".
Nas actividades voltadas ao Divino, o Senhor Tangahá comanda
e traz legitimidade a um pequeno grupo de homens maduros,
conhecidos como "foliões", "mestres-sala" ou ainda "mestres-capela".
Durante os festejos, os "mestres-sala ou capela" fazem uma vigília na
capela, tomando conta para que não falte nada ao Santo: fitas, rojões,
velas acesas, evitando também que estas caiam e peguem fogo. Os
"foliões" são aqueles que acompanham os cantos do Divino, segurando
as bandeiras vermelhas. Quem dirige os cantos é o "mestre-tambor"
ou "mestre-caixa".
141
farinha, tapioca, banana, frutas. Há uma sequência estabelecida para o
trajecto: no inicio de Abril o barco sai da aldeia Espírito Santo e desce
o Curipi até sua desembocadura no rio Uaçá, no chamado Encruzo,
onde passam a primeira noite. Dizem que durante todo o trajecto é
necessário encontrar uma pousada para o Santo, pois sua imagem não
pode dormir no barco. No dia seguinte começam a subir o rio até
chegar na aldeia Açaizal, onde pousam por mais uma noite. No
terceiro dia procuram subir o Curipi até a última localidade rio acima.
A partir do quarto dia começa a descida do rio: aldeia Manga, onde
ficam ao menos dois dias, Bastião, Paxiubal, Tauahu, Zacarias abaixo,
Santa Isabel, onde também passam dois dias. Depois o barco entra no
igarapé Taminã e visita as pequenas localidades das suas margens.
Finalmente, depois de aproximadamente 20 dias, a imagem retorna à
aldeia Espírito Santo, onde passeia da ponta Maiandê à ponta do
bambu. Este último dia termina com uma festa, tendo como ponto
máximo a entoação da Ladainha.
A Ladainha rezada pelos Karipuna merece alguns parágrafos de
atenção. O Senhor Tangahá, actualmente, é o único que a conhece por
inteiro e sempre que falam em Ladainha, mencionam seu nome.
Percebi que o grupo de "mestres-capela", que são interessados no
assunto, são capazes de acompanhar a Ladainha quase por completo,
embora sem muita segurança. Ao contrário do que todos
costumeiramente falam: que a Ladainha irá embora com o Senhor
Tangahá, imagino que algum desses homens estará pronto para
substituí-lo quando for o caso. A noção de um saber exclusivo a uma
única pessoa é apenas uma das ideias de mistério que permeiam essa
oração.
Numa atitude semelhante à que ocorre com as cantigas dos
pajés, os Karipuna afirmam que apenas o Senhor Tangahá entende o
significado completo da Ladainha, embora a grande maioria saiba
acompanhá-la, principalmente no refrão "ora pro nobis", e conheça
exactamente os momento de ajoelhar, soltar rojões e fazer sinal da
cruz (durante a frase "consolatis aflitorum"). A principal fonte do
"mistério" gira em torno das línguas usadas na oração, sobre a qual
dizem ter trechos em latim, patois, português e até inglês. Pelo que
pude verificar, a Ladainha Karipuna é composta por um aglomerado
de orações, sendo a segunda delas a Ladainha de Nossa Senhora, que
na tradição católica é uma parte da oração do Rosário de Nossa
Senhora (Bosco, 1942). Essa parte é rezada rigorosamente igual ao
142
texto original em latim, conforme pude comparar, havendo
pouquíssimas modificações em pronúncias de palavras ("filho" no
lugar de fili, "estrela" em vez de stella) ou de trechos, como no caso da
estrofe "meu glorioso São Benedito" onde seria" Virgo gloriosa et
benedicta".
As raras modificações no trecho em latim são notáveis, levando
em conta, em primeiro lugar, o tamanho da oração: inicia-se com a
prece Kyrie, seguido de quatro estrofes de entoação à Santíssima
Trindade acompanhadas pelo refrão "miserere nobis", tendo depois a
evocação de quarenta e dois títulos de Nossa Senhora acompanhados
pelo refrão "ora pro nobis", e encerrada com o "Agnus Dei" e uma
oração à Virgem. Em segundo lugar, é notável também considerar que
o Senhor Tangahá não aprendeu a Ladainha com antigos missionários,
mas com seus próprios avós e com o antigo capitão Teodoro, nas
ocasiões em que, ainda moço, acompanhava a "esmola" como
canotier. Segundo Tangahá, depois do falecimento do Capitão e antes
que ele mesmo começasse a rezar a Ladainha, houve mais duas
pessoas incumbidas dessa tarefa: o pajé Gomes Forte e Alexandre
Marcolino dos Santos, filho de Firmino que o substituiu na liderança
da aldeia Karipuna. Isso mostra, inclusive, que a prerrogativa de
entoar a ladainha não é privilégio de nenhuma família e não encontra
qualquer contradição com as actividades e conhecimentos dos pajés.
Além da parte em latim, a Ladainha Karipuna comporta várias
outras orações e canções, das quais não pude encontrar referências,
com excepção da "Salve Rainha", mas sendo todas elas entoadas em
português. O "mistério" apontado acima associado às línguas da
oração revela a maneira como os Karipuna se comportam frente à
estas canções de carácter sagrado: todos têm um conhecimento
genérico a seu respeito, sabendo inclusive como se comportar
ritualmente durante sua entoação, mas atribuem um significado mais
profundo à oração, cujo conhecimento pleno é restrito a apenas uma
única pessoa. A afirmação de que a Ladainha se perderá junto com
esta pessoa também merece atenção, pois revela a atribuição de um
peso de legitimidade ao conhecimento "dos antigos" e ao passado,
representado no momento por alguém considerado "depositário"
dessa tradição. Porém, não duvido que, assim como o Senhor Tangahá
é hoje respeitado por ter aprendido a Ladainha directamente do
Capitão Teodoro, algum dos actuais foliões também poderá ser
futuramente respeitado por ter aprendido a Ladainha de Tangahá".
143
A oração da Ladainha está presente em momentos festivos
relacionados a Deus e aos Santos, e em momentos de luto, em ambos
os casos requerendo sempre uma postura de atenção e respeito. Há
uma pequena parte da oração, logo depois do "Salve Rainha" que varia
segundo a ocasião, indicando à quem ela é oferecida: "Ladainha que
rezemos, ao Divino Espírito Santo oferecemos" (ou "para a alma de
finado fulano" ou "para Santa Isabel, por exemplo). Essa Ladainha é
rezada para o Espírito Santo também no final da "esmola". Acabada a
festa da xahite, os foliões vão à cidade vender os donativos e comprar
despesas para a Festa Grande. É dada preferência aos produtos de uso
da capela: velas, rojões, bandeiras, fitas. Apenas se sobrar dinheiro
compram outras despesas: cartuchos para caça, temperos, alimentos.
Com o dinheiro da esmola, não compram bebida alcoólica,
justificando que "o Santo não bebe", a não ser umas poucas garrafas
de vinho para fazer suco para as crianças.
A essas alturas, já estamos há algumas semanas da Festa
Grande. Nessa época, o povo da aldeia Espírito Santo se mobiliza para
deixar a vila bonita: fazem as reformas necessárias nas construções da
festa e a limpeza do terreno nas redondezas. A aldeia toda centraliza
suas atenções naquele espaço íngreme que abrange a capela,
praticamente no topo da elevação onde se localiza a aldeia, o terreno
na sua frente onde será fincado o mastro do Divino e, ladeira abaixo, a
Casa da Festa e a cozinha. Cabe ao cacique verificar se estas casas
precisam de reformas, ou mesmo idealizar melhorias nas construções,
recrutando o trabalho comunitário para tanto […]. Na festa de 1991,
por exemplo, o pessoal passou a semana anterior à Ascensão fazendo
um piso de cimento e um cercado de madeira na cozinha, sob a
supervisão do cacique Avelino.
Os espaços da Festa Grande estão ligados à figura do Capitão
Teodoro Fortes, principalmente a Casa da Festa e a cozinha contígua
(também chamada de kahbe - onde são preparadas e servidas as
refeições) que serviam como residência do Capitão. Habitando num
assoalho elevado, este deixava a parte de baixo, de terra batida, para as
danças. Com a morte de Teodoro Fortes, a casa foi reformada por seu
filho e pelo cacique de Santa Isabel, o Senhor Côco, que construíram
um assoalho baixo para as danças e os bancos laterais. Mais tarde, o
cacique Avelino conseguiu auxílio da Prefeitura de Oiapoque para
colocar uma cobertura de zinco na casa, e supervisionou uma reforma
144
para ampliá-la. Pode-se notar que as reformas nunca se esgotam, e
que acabam associando os espaços às figuras dos líderes.
Para a arrumação da aldeia para a festa, o último passo é a
limpeza do terreno, realizada no sábado anterior à primeira festa, e
que por si só já inicia a animação, mobilizando uma série de
preparativos. É o dia do Maiuhi Xapel ou "Convidado da Capela".
Como nos mutirões de plantar, as tarefas são divididas por sexo e o
anfitrião, representado aqui pelos festeiros da Ascensão, distribuem
comida e bebida aos convidados. Com dois ou três dias de
antecedência, estes festeiros distribuem munição aos caçadores, numa
reunião realizada à noite, na Casa da Festa, anunciada por rojões.
Todo homem adulto que tiver vontade de caçar para o Maiuhi Xapel,
dirige-se à reunião, na qual os festeiros dividem e oferecem bebida,
geralmente cachaça ou vinho. Lá planejam os assuntos de caçada: as
turmas, os caminhos a percorrer, a previsão de retorno. Os cartuchos
não usados são devolvidos e divididos entre os festeiros.
Desde essa data até o dia do Maiuhi, a aldeia fica na expectativa
do sucesso dos caçadores. Quando bem sucedidos, vêm chegando do
rio com gritos característicos, que são respondidos na aldeia pelos
rojões dos festeiros. Guariba, tracajá, mutum, jacaré, queixada,
geralmente são trazidas em suas canoas, preparadas e salgadas,
motivando muito assunto e honras aos caçadores. Animais de maior
porte, como anta, paca, veado, por serem mais raros, despertam
interesse ainda maior, trazendo bons presságios e lembranças de
outras festas em que também foram caçados.
O sábado do Maiuhi Xapel amanhece com o som dos rojões dos
festeiros. É o que chamam de "fazer a alvorada", anunciando o começo
dos dias festivos. Por volta das 8 horas tocam o sino da capela e a Casa
da Festa começa a ficar cheia. Algumas mulheres se revezam na
cozinha, preparando a refeição ou coando caxiri. Os homens também
trabalham na limpeza de peixes e da caça mais fresca. Os festeiros
preocupam-se em servir bebida a todos. Aos poucos, grupos de
homens e mulheres começam o serviço de limpeza do terreno,
organizando pequenas equipas. A tarefa masculina é o roçado das
plantas mais altas, limpando a área em tomo da capela e abrindo
passagens até a cozinha e a casa da festa. Cabe às mulheres fazer a
capina do mato, deixando os caminhos bem limpos. Como nos
convidados de plantar, as equipes trabalham em fileiras, que
caminham conjuntamente ao executar a tarefa, cobrindo uma área
145
predeterminada. As equipes se revezam na limpeza do terreno e no
preparo da refeição. Os festeiros estão sempre a circular pelos
convidados, segurando uma garrafa e um copo, oferecendo-lhes um
pouco de bebida: as festeiras servem só as mulheres e os festeiros os
homens.
Depois de algum tempo, os festeiros preparam a mesa da
refeição, dispondo pratos, copos, colheres, tijelas com os ensopados e
com a farinha, jarros de suco ou água. As bebidas alcoólicas nunca são
deixadas na mesa, onde os convidados se servem, conforme terminam
o serviço. Algumas famílias preferem levar as refeições para casa, em
suas panelas. Com o fim do serviço termina a agitação. Nesse dia não
há música nem ladainha. É apenas a preparação da Festa Grande.
Na semana da festa da Ascensão, os festeiros mais uma vez
entregam munição aos caçadores na segunda ou terça-feira, desta vez
mobilizando um número ainda maior de pessoas que devem prover
todas as refeições dos três dias de festa. Na terça-feira, há mais um
mutirão preparatório: é o dia da "torração do café". Neste dia também
há uma refeição servida pelos festeiros, ainda que em menor
quantidade. A agitação também é um pouco menor, restringindo-se ao
espaço do kahbe, onde as mulheres torram e moem os grãos de café. O
café não é mais plantado na região, e o fato de ser comprado bem
podia dispensar essa actividade, mas os festeiros preferem comprá-lo
em grão alegando que "o costume da Festa do Divino é assim". Essa é
a véspera do começo da festa, quando também vêm chegando os
festeiros provenientes das outras aldeias, com suas caças,
mantimentos e bebidas. Chegada que é sempre anunciada por rojões,
que estouram no Rio Curipi, e são respondidos pelos outros festeiros
na aldeia.
Os rojões voltam a estourar no amanhecer da quarta-feira, para
"fazer a alvorada". Os festeiros começam a organizar suas coisas no
kahbe enquanto os barcos e canoas das outras aldeias não param de
chegar e, aos poucos, a vila do Espírito Santo vai acomodando todos os
participantes e tomando as feições dos dias de festa. Por volta do
meio-dia o grupo de "mestres-sala" toca o sino da capela, chamando os
festeiros. A estas alturas, a capela já se encontra enfeitada,
principalmente as imagens de santos, o altar e as bandeiras do Divino,
com fitas e ramos floridos. Nesse momento, há duas actividades: a
entrega das fitas (que definem as posições assumidas durante a Festa)
146
e a entoação da canção do Meio-Dia, que inicia o conjunto das
entoações ao Divino.
Os festeiros sobem a rampa íngreme até a capela e recebem dos
foliões as fitas coloridas que são colocadas no peito e que os
identificam: cores diferentes para festeiros, festeiras, e mestres-capela.
Com as fitas atadas no peito, os festeiros podem voltar às suas
actividades na cozinha, pois a entoação da Canção do Meio-Dia é
assunto apenas dos foliões para com o Divino. No começo, quando eu
assisti essas cerimónias pela primeira vez, fiquei espantada em ver a
capela vazia após tocarem o sino duas, três vezes, indicando o
momento das entoações. Apenas algumas crianças, os jovens que
soltavam os rojões, e os próprios foliões é que presenciavam estes
momentos tão solenemente executados em frente ao altar. Então
percebi que as canções não interessavam em absoluto aos demais
participantes da festa e, apesar de serem abertas ao público, só
chamavam a atenção do pessoal de fora: crioulos da Guiana, pessoas
da FUNAI. Muitos achavam graça em ver meu empenho, subindo e
descendo a rampa com o gravador, toda vez que tocavam o sino da
capela. Este, aliás, servia para chamar os próprios foliões que deviam
executar o canto. Mais uma vez, vê-se que as canções sagradas são
assuntos de poucos, e que ao conjunto da população interessa apenas
a certeza de estarem sendo bem executadas.
O canto do meio-dia é realizado dentro da capela, com as luzes e
as velas acesas, e com os dois foliões e o mestre-caixa em frente ao
altar. O Senhor Tangahá, ao centro, toca tambor e comanda a
entoação. Tem, em cada lado, um folião segurando as grandes
bandeiras vermelhas do Divino, apoiadas em seus ombros de maneira
que se cruzem próximas ao chão, e acompanham os cantos, às vezes
fazendo uma segunda voz. Este conjunto, formado pelo "mestre
tambor" e os dois foliões com as bandeiras, irão acompanhar a
imagem do Divino por toda a parte, entoando as canções dentro e fora
da capela.
147
Na parte de baixo da aldeia, no kahbe, os festeiros preparam
uma mesa da mesma maneira que o almoço do Maiuhi Chapel, ainda
que com muito mais fartura. E assim estamos no "bom da festa": a
agitação da cozinha, onde todos se encontram, música tocando na
Casa da Festa, e os festeiros passeando com garrafa e copo para
oferecer bebida.
Uma equipa de foliões sai da aldeia em busca de um tronco para
fazer o mastro do Divino. Retirado de alguma mata próxima, o tronco
é trazido de barco e deixado no campo alagado, junto à entrada
principal, até o dia seguinte. Essa entrada (o "porto") continua a
receber barcos e canoas com participantes, que se acomodam na
aldeia e podem fazer um lanche na cozinha, onde os festeiros servem
café, leite, biscoitos, manteiga e tapioca durante a tarde.
O sino da capela toca novamente às seis horas da tarde, para a
Ave-Maria e o Canto da Boa Noite, realizados da maneira descrita
acima, em duas vozes, mas com uma melodia diferente. Em certos
momentos os foliões gritam: "petá, petá!" (do termo francês petard),
avisando os rapazes detrás da capela que é o momento de soltar
rojões.
148
acomodam-se na Casa da Festa, os últimos apenas para olhar o
movimento e ninar as crianças nas redes, enquanto os que têm saúde e
disposição dançam até amanhecer.
No começo do baile, o movimento é observado atentamente
pelos caciques de todas as aldeias, pois os festeiros ainda preocupam-
se em servir comida e bebida na cozinha. Quando terminam de servir
o jantar, os caciques "entregam o salão para os festeiros", num ato
formalizado, tornando-os responsáveis pelo movimento do baile. A
música é interrompida pelos caciques que solicitam a atenção de todos
e discursam, um a um, no centro do salão. Os discursos, em geral,
chamam todos à diversão, mas enfatizam as regras de boa conduta:
beber com moderação, respeitar as mulheres, usar roupas adequadas
(calça comprida para homens e saia para as mulheres), evitar brigas.
Depois dos caciques, os festeiros também fazem seus discursos,
geralmente versando sobre a alegria e satisfação de realizar a festa, e
igualmente enfatizando as regras de boa conduta. Após a "entrega do
salão", cabe aos festeiros, e não mais aos caciques, chamar a atenção
dos participantes que não se comportam bem no baile, evitando
confusões.
As músicas preferidas para o baile são do estilo "lambada" e
"brega", além do "cacicó" da Guiana. Alguns Karipuna têm aparelhos
de som com grandes caixas acústicas, além de discos e fitas, os quais
emprestam para o baile, responsabilizando-se pelo som da festa. Em
1991, o aparelho de som funcionava graças ao motor de luz da aldeia,
que também permitia a iluminação das casas e o funcionamento da
geladeira da casa dos professores, onde os festeiros gelavam água,
cerveja e refrigerantes. Antes dessas possibilidades vindas com o
motor de luz, a música da festa vinha de um aparelho de som a pilhas,
que por sua vez veio substituir a música ao vivo de um conjunto local,
formado pelas próprias famílias, que tocavam viola, rabeca, o "tchá-
tchá" (descrito como uma espécie de pandeiro) e o "rabo de onça" (um
tipo de cuíca quadrada, feito com couro de cobra). Ainda hoje, há
pessoas nas aldeias que sabem fabricar e tocar esses instrumentos,
usados para animar as procissões, juntamente com violões,
cavaquinho e violino.
No baile, as mulheres e moças sentam-se nos bancos em torno
da pista de dança juntamente com os homens que, em geral, procuram
ficar perto da parede da entrada, enquanto os rapazes solteiros se
aglomeram junto da porta principal. São os homens que devem tirar
149
as mulheres para dançar, aproximando-se com um aceno, e não é
educado da parte delas recusar-lhes o convite. "Merci, madame",
agradecem, quando finda a música. Os pares de dança variam muito, e
não se deve dançar mais de três ou quatro vezes com a mesma mulher,
se não forem casados, a não ser que haja essa intenção. Nesse caso,
espera-se que o rapaz procure a família da moça durante a festa, para
combinar a união, ou será obrigado a tal pelo cacique.
As famílias me disseram que todos os anos, por ocasião desses
bailes, algumas pessoas são acometidas de "ataques", que atribuem a
"bichos" ou almas. De fato, foi o que ocorreu com um rapaz durante o
baile de 1991, que foi imediatamente socorrido por sopradores e
benzedeiras que diagnosticaram o ataque da alma do marido de Elza,
recém-falecido. Interpreto que o baile na Casa da Festa, ao contrário
das danças do Turé, ou do espaço sagrado da capela, ocorre num
espaço "aberto" e, portanto, sujeito ao trânsito de espíritos maléficos
ou perigosos. Quando ocorre um "ataque", a pessoa é levada para fora
do salão e socorrida pelos "especialistas", e o baile continua sem muita
interrupção.
A música para de tocar com os sinos da meia-noite, que
chamam todos à capela para a oração da Ladainha. Ao contrário do
que ocorre com os outros cantos, desta vez a capela fica lotada, pois
todos querem acompanhar a ladainha e beijar o Santo. O Senhor
Tangahá com os dois foliões, entoam inicialmente o canto de
Oferecimento da Ladainha:
150
As rezas já estão rezada
a ladainha do Divino Espírito Santo.
Já estão cumpridas as oração
com a luz acesa,
com as duas formosas bandeiras,
entre as duas formosas bandeiras,
tendo a pombinha branca avoando,
que é um retrato.
151
traduzidas pelos pajés como descrições de cenas que reproduzem
danças Turés do Fundo.
O baile continua animado por toda a madrugada, e os festeiros
circulam pela festa oferecendo bebida, enquanto os "mestres-sala"
permanecem em vigília na capela, organizando-se para entoar o Canto
da Alvorada (ou Galo Preto) por ocasião do aparecimento da estrela
dalva. Aqui uma nova equivalência temática com as canções do Turé,
que também marcam esse momento:
Arvorada desarvorada.
Vou buscar a estrela dalva
que vem trazendo o raio do dia.
O galo preto
bateu as asas
e ele cantou,
é o sinal do amanhecer.
152
prepará-lo para ser levantado. Utilizam-se de cipós para amarrar
ramos e frutos: bananas, ananás, abóboras, flores e, ao alto, uma
bandeira branca. Na festa de 1991, utilizaram uma bandeira com a
imagem do Divino desenhada por Genésio Karipuna. Ao meio-dia o
sino toca novamente e os foliões e festeiros dirigem-se à capela para
entoar a canção do meio-dia. Na casa da festa a música continua, e na
cozinha já é servido o almoço.
Com a tarde avançada começa a movimentação para a
cerimónia de levantar o mastro. Alguns barcos chegam de Santa
Isabel, aldeia vizinha, só para apreciar esse momento. O sino toca e os
foliões dirigem-se à capela, chamando as crianças para acompanhá-
los. As mulheres ficam observando a cena na casa da festa e na
cozinha, na parte baixa da aldeia. Saem da capela, numa pequena
procissão, as crianças segurando velas acesas, seguidas dos foliões
com as bandeiras e o andor do Divino, protegido por um guarda-
chuva. A procissão pára duas vezes, junto ao buraco onde será fincado
o mastro e junto à bandeira branca, para cantar o Canto de rodear o
mastro, e depois retornam a capela":
153
disposição de sair para caçar ou pescar. Dizem que por isso é costume
servir feijão, "que dá força mas não dá trabalho".
Nesse último dia ocorre o lavê sodjê, a lavagem das panelas.
Terminada a última refeição, a aldeia já bem esvaziada, a notícia
de que os festeiros vão fazer a lavagem das panelas corre pelas casas,
despertando o interesse até das mulheres que já não se importavam
mais com o movimento da festa. Todas levam o material dos festeiros
para a entrada principal da aldeia, onde começam a lavar as panelas
nas águas transbordadas do Curipi, fazendo muita algazarra.
Empurram-se umas às outras na água, gritando e lavando-se junto
com as panelas, depois dirigem-se à Casa da Festa, ensopadas, para
dançar. As festeiras não param de servir bebidas para quem vem
ajudar: dizem que "o lavê sodjê é para acabar tudo o que sobrou" (de
bebida), e nesse sentido se pode fazer uma associação desse momento
com a "dança do urubu" dos Turés. Mas, até acabarem os provimentos
dos festeiros a música continua tocando, geralmente até o começo da
noite.
No dia seguinte, sábado, ninguém sai para a roça: é dia de se
refazer da festa, lavar roupa, limpar as casinhas sanitárias, e preparar-
se para a semana seguinte, quando se comemora a Festa Grande
propriamente dita, no dia de Pentecostes. Pela manhã, os festeiros
promovem uma limpeza da Casa da Festa e da cozinha, oferecendo
bebida aos outros homens que se dispõem a ajudar.
No domingo, como em toda semana, há um culto pela manhã,
celebrado pela equipe de "catequistas" preparada pelo CIMI [Conselho
Indigenista Missionário]. Na aldeia Espírito Santo, o cacique Avelino
geralmente utiliza o espaço do culto para fazer seus discursos e ouvir a
opinião da comunidade, especialmente das mulheres, que falam no
culto com mais desembaraço que nas reuniões políticas e assembleias.
Nesta semana, o assunto girou em tomo da festa da Ascensão, tanto
para agradecer à Deus os sucessos, quanto para repreender os abusos
cometidos por certas pessoas. Junto das palavras do cacique, os
participantes e principalmente as mulheres, começaram a colocar suas
opiniões, queixando-se ou defendendo-se. É interessante reparar
como o espaço do culto católico, que começou a ser celebrado com
frequência nas aldeias há menos de 20 anos, tornou-se um momento
de discussão a respeito dos problemas das comunidades, onde as
mulheres têm participado com menos constrangimento do que em
154
reuniões propriamente políticas, quando os homens dominam o
ambiente.
No final da tarde, é realizada uma reunião do Conselho da
aldeia, na Casa da Festa. O Conselho é formado pelo cacique e por
homens maduros, chefes das famílias que habitam a aldeia e as
pequenas comunidades a ela ligadas. Como a Festa Grande diz
respeito a todos os Karipuna, reúnem-se nesta ocasião também os
caciques das outras aldeias do Curipi. Ali os homens discursam
colocando suas opiniões a respeito dos problemas ocorridos na festa.
Nessa ocasião, decidem quem deverá receber os "castigos", e qual será
seu teor, geralmente a limpeza do mato de uma parte da aldeia, ou
outra tarefa julgada útil para toda a comunidade. As faltas castigadas
são comummente atribuídas ao excesso de bebida que gera brigas,
namoros ilícitos e problemas semelhantes. No caso de namoro entre
pessoas solteiras, não há castigo, mas a obrigação de casamento.
Questões relativas ao sagrado são resolvidas em outra ocasião.
Apesar de todo o rigor e vigilância dos caciques, os mais velhos
ainda reclamam da falta de respeito dos mais jovens. Dizem que nas
festas antigas o castigo era mais duro, e por isso as pessoas evitavam
abusos: se houvesse briga, a pessoa era amarrada no kubahi, tronco de
madeira com buracos para os pés, onde o castigado ficava preso pelas
pernas. Segundo dizem, rapazes com menos de 18 ou 20 anos não
podiam dançar nem tomar bebida alcoólica, o que vinham a fazer
somente depois de casados.
Muitos lembram da primeira vez em que o pai lhes ofereceu um
copo de vinho, durante uma festa, ás vezes já estando casados. Da
forma como o fato é narrado, parece representar o reconhecimento do
novo status de adulto.
Como se pode ver, os Karipuna demonstram rigidez no que diz
respeito a um código moral de conduta. A existência dos castigos nas
festas de santos e nos Turés, assim como a constante presença de
figuras de autoridade nestas ocasiões, evidenciam essa característica.
É o caso dos gendarmes que supervisionam o comportamento dos
participantes dos Turés e lhes aplicam o castigo laman, assim como a
presença dos caciques nos bailes, antes de "entregar o salão aos
festeiros". A mesma autoridade e prerrogativa de aplicar castigos era
atribuída aos funcionários do SPI [Serviço de Protecção dos Índios] e
professores das escolas. Considero que essa característica de rigidez
155
moral foi reforçada por estes órgãos, mas suponho que tenha
fundamentos nas próprias histórias vivenciadas pelas famílias.
Por ocasião da Festa Grande (Pentecostes), um novo grupo de
festeiros começa a chegar nas aldeias, organizando suas compras,
entregando munição para caçadas, promovendo outra torração de
café. Mas a participação dos festeiros da Ascensão ainda é requerida
para a organização da procissão da Meia-Lua e da derrubada do
mastro.
Passados nove dias da Ascensão, no sábado véspera do
Pentecostes, os festeiros "fazem a alvorada" com rojões. Novamente, a
vila do Espírito Santo começa a ficar cheia e animada, com os rojões
anunciando a chegada dos barcos das aldeias. Os cantos são feitos
como na festa anterior, acrescidos dos cantos que acompanham as
procissões e outras actividades próprias dessa data e que mobilizam
um número ainda maior de participantes em relação à festa anterior.
A véspera do Pentecostes é o dia da procissão da Meia-Lua, na
qual vários barcos e canoas dirigem-se até à pequena ilha do
cemitério. Neste dia, em 1991, a aldeia ficou bastante cheia, tendo
inclusive chegado um barco da aldeia de Kumarumã, com alguns
Karipuna que lá residiam. Um número grande de pessoas sobe até à
capela para entregar aos mestres-sala pacotes de velas, rojões e fitas,
como pagamento de suas promessas. À tarde, os badalos do sino,
anunciando o início da Meia-Lua, também chamam um bom número
de pessoas até a capela. A procissão desce a rampa da aldeia tendo as
crianças à frente, seguidas das mulheres, todas com velas acesas, e
logo atrás os homens, alguns carregando as bandeiras, outros o andor
do Divino, bastante enfeitado com fitas e flores. Por último, o conjunto
musical dos foliões: cavaquinho, violões, viola, e o violino do Senhor
Tangahá. Tocam diversas músicas relativas à igreja para "acompanhar
o Santo" durante o trajecto, algumas aprendidas com o CIMI, outras
mais antigas: "qualquer uma religiosa serve". Porém, há certos
momentos em que as músicas de acompanhamento param e dão lugar
aos cantos próprios da Meia-Lua. Logo na saída da aldeia fazem o
Canto da saída do Santo:
156
Eu pedi um seu galhinho, um seu galhinho.
Ela me disse que não, ela me disse que não.
Eu tomei a pedir-lhe, e a pedir-lhe.
Ela me deu o seu cordão, ela me deu o seu cordão.
Que dava catorze volta, catorze volta,
arredor do coração, arredor do coração.
157
Já chegamos de fazer a procissão
com o Divino Espírito Santo.
Com a luz acesa
com as duas formosas bandeiras,
entre as duas formosas bandeiras,
tendo a pombinha branca avoando,
que é um retrato.
158
servir as crianças, e ofereciam vinho com água no lugar do suco ou
refrigerante.
Com o término do almoço das crianças, os foliões fazem o Canto
de oferecimento da mesa e então retomam com o Divino para a
capela. Enquanto o baile recomeça na casa da festa:
159
do cacique. Este, usava exemplos de festas fartas, ocasiões em que
famílias trabalharam com afinco, como num caso em que apenas um
casal jovem conseguiu fazer a festa para todos, procurando
constranger as famílias que tinham
alguns rapazes solteiros residentes em Kumarumã mas
considerados Karipuna, o que preocupou ainda mais o cacique,
receoso de que não assumissem devidamente as responsabilidades do
cargo. Receio que é comum no caso de pessoas jovens, solteiras ou que
não residem na aldeia.
Os novos festeiros recebem da mão dos antigos as fitas que
usaram no peito para distinguir-se durante a festa. Em seguida,
carregam o mastro até a saída da aldeia, juntamente com a bandeira
branca, e de barco vão jogá-lo no rio Curipi. Ninguém acompanha os
novos festeiros, a não ser o mestre-tambor e os foliões que seguram as
bandeiras vermelhas, os quais, como no momento de buscar o mastro,
ficam no porto da aldeia entoando o canto de levar o mastro embora:
160
actos: há os festeiros que "pegam a bandeira" e aqueles que
"respondem".
Ao oferecer a bandeira, o cacique faz um discurso, exortando as
pessoas a terem coragem de arcar com a tarefa de festeiro. O que
ocorreu em 1991 foi que um número muito pequeno de pessoas "pegou
a bandeira" logo de início, tendo sido a maioria incitada pelo discurso
do cacique. Este, usava exemplos de festas fartas, ocasiões em que
famílias trabalharam com afinco, como num caso em que apenas um
casal jovem conseguiu fazer a festa para todos, procurando
constranger as famílias que tinham medo de "fracassar". Com o
discurso de Avelino, "pegaram a bandeira" alguns rapazes solteiros
residentes em Kumarumã mas considerados Karipuna, o que
preocupou ainda mais o cacique, receoso de que não assumissem
devidamente as responsabilidades do cargo. Receio que é comum no
caso de pessoas jovens, solteiras ou que não residem na aldeia.
Os novos festeiros recebem das mão dos antigos as fitas que
usaram no peito para distinguir-se durante a festa. Em seguida,
carregam o mastro até a saída da aldeia, juntamente com a bandeira
branca, e de barco vão jogá-lo no rio Curipi. Ninguém acompanha os
novos festeiros, a não ser o mestre-tambor e os foliões que seguram as
bandeiras vermelhas, os quais, como no momento de buscar o mastro,
ficam no porto da aldeia entoando o canto de levar o mastro embora:
161
branca. Então, colocam-se diante do altar na posição característica e
fazem o Canto de entregar a bandeira:
162
163
Findos os festejos, resta cuidar da limpeza da casa da festa e dos
castigos. Além daqueles aplicados pelo cacique e seu Conselho, há
também o castigo referente aos assuntos sagrados. Na segunda ou
terça-feira, os mestres-sala tocam o sino e reúnem-se na capela para
entregar as fitas à igreja e também para fazer a penitãs. Nessa ocasião,
atribuem castigos aos foliões ou ao mestre-caixa, se estes não
compareceram à capela nos momentos das entoações, ou aos festeiros
que não participaram da Ladainha, da entrega das fitas, ou que
perderam as fitas. Dizem que estas faltas ofendem ao Divino, por isso
devem ser castigadas dentro da capela, "debaixo das bandeiras", como
diz o nome em patois: penitãs ãba paviõ. A pessoa deve se ajoelhar, às
vezes no milho, e rezar sete pai-nossos e sete ave-marias. As mesmas
orações são feitas para a entrega das fitas que ocorre, conforme
descreveram-me, sem muita cerimónia. São apenas levadas até a
igreja pelos mestres-sala, e a pessoa que quotidianamente cuida da
capela, mantendo-a limpa, fica responsável por guardá-las. Com isso,
a Festa Grande passa a ser assunto do ano seguinte, a não ser para o
grupo de festeiros...”
Folia
Não significa boémia, mas a alegria contangiante da festa do Divino.
Nas Beiras (Portugal), constituia-se para celebrar a alegria em torno
de três símbolos, ou insígnias: a Alabarda, ou Bandeira grande, o
Ceptro, ou vara, e a Coroa com a pombinha no topo. Os foliões
entoavam loas, ou quadras (abcb) em louvor do Divino, ritmadas pela
toada de um tambor.
Folia do Curipi
Quadra do refrão entoado pelos foliões: “Ó que dias tão alegres, tão
alegres / E a descer, o amor divino, e a descer, o amor divino / Alegrai
a todo mundo, a todo mundo / E a descer, o amor divino, e a descer, o
amor divino".
Folia do Marabaixo
Outrora, os foliões do Divino entravam a dançar na igreja de São José
de *Macapá, enquanto alguns rapazes subiam à torre para tocar o
sino, festivamente.
164
Foliãs do Divino Espírito Santo
Associação de mulheres de *Mazagão Velho que promove o Império
do Divino na localidade.
Gengibirra
Bebida tradicional da *Festa do Marabaixo, em *Curiaú (Amapá),
como dos demais rituais de origem afro-brasílica que ocorrem nesta
área do estuário amazónico. Consiste numa infusão preparada com
cachaça, açúcar e gengibre ralado que é servida gratuitamente e possui
eficaz efeito reparador sobre a garganta daqueles que cantam e
dançam, ininterruptamente, durante muitas horas. Antigamente, o
devoto-anfitrião providenciava a gengibirra e a alimentação
distribuída durante os festejos, por intermédio da associação de
festeiros. A esta, actualmente destituída do seu papel estritamente
religioso, passou a competir solicitar subsídios ao governo para arcar
com os custos da festa que os devotos deixaram de poder pagar.
Apesar de muitas mulheres e homens continuarem a preferir
gengibirra, a cerveja já invadiu o *Marabaixo.
Igarapé do Lago
Localidade do Estado de Amapá que festeja o Divino durante o mês de
Fevereiro. A festividade foi introduzida durante a década de 1950 por
José Valente dos Santos e esposa, Sebastiana Gemaque dos Santos.
165
Reproduzo parte da nota histórica e fotos disponibilizadas no sítio da
Associação Cultural Divino Espírito Santo de Igarapé do Lago
(ACDESIL) [divinoespiritosantoap.blogspot.com], fundada em 4 de
Setembro de 2006:
“Os festeiros […] e a população local reuniam-se no barraco e davam
início ao ritual e ao som de tambores ritmados e constantes, cantando
estrofes que louvavam o Divino Espírito Santo, penetravam na mata
em busca de um tronco para servir de mastro e galhos de murta,
caminhando por quase todo o povoado sempre cantado e dançando.
Durante o percurso, os festeiros arrecadavam dos agricultores locais
doações, frutas para agradecer boa produção e a excelente colheita
realizada no ano. Ao chegar à frente da Igreja, no mastro era colocada
a bandeira do Divino Espírito Santo e enfeitado com as murtas e as
frutas, depois ele era plantado por oito dias.
166
vila se fazia a missa, a procissão, o corte do Mastro e as brincadeiras
como: corrida de argolinha, corrida de cavalo, jogo de futebol, enfia
agulha, ovo na colher, cabo-de-guerra, corrida no saco, concurso de
dança e distribuição de bombom para a criançada. Em seguida a
comunidade dirigia-se ao barraco de dança, onde durante a noite
inteira à luz de candeeiro e lamparinas animada pelos tocadores de
clarinetes e flautas aconteciam as danças Folclóricas (Batuque e
Marabaixo), nas quais homens e mulheres cantavam melodias criadas
por seus antepassados. A festividade se encerrava com a festa
dançante no barraco nesta noite ocorria o leilão com os artigos (porco,
galinha, pato, boi, cacho de frutas e outras) “doados pela população
como maneira de pagamento de promessas”. Com o passar dos anos e
com a morte de seu organizador Zé Valente, como era conhecido nas
redondezas, a festividade sofreu interrupções por questões financeiras
e perda de alguns foliões. Preocupados com a preservação da Cultura
local alguns membros da Família Gemaque, resolveram assumir e
retomar as festividades com o compromisso de continuar e preservar
as homenagens ao Divino Espírito Santo, tendo à frente Sebastiana
Gemaque, Ana Paz Gemaque e José Gemaque Barreto, que por muitos
anos promoveram o evento com todo o seu ritual […]”. *Batuque,
*Marabaixo.
167
Imperatriz
No Auto do Império, o Imperador e a Imperatriz, encarnam o Messias
cuja vinda e missão soteriológica se acham consignadas nos três
momentos-chave da liturgia primordial das festividades: coroação,
vodo, ou bodo, gratuito e libertação salutífera (da enfermidade ou da
prisão).
No Estado de Amapá, só em *Mazagão Velho o Império do Divino
inclui a coroação de uma Imperatriz, entronizada na igreja de Nossa
Senhora da Assunção.
Império
O Império do Divino é o edifício, ou aposento, onde é exposta à visita e
veneração, num altar armado com flores e luzes, uma coroa imperial,
emblema do Divino, a qual preside a todos os actos litúrgicos e de
devoção que ocorrem enquanto duram os festejos.
Em *Mazagão Velho, existe um trono para a *Imperatriz nesse
edifício, ou aposento.
168
Karipuna
A maior parte da população indígena que, actualmente, se define como
Karipuna, cerca de 1700 indivíduos (Censo de 2002), habita na Área
Indígena do Uaçá (demarcada em 1979), nas margens do rio Curipi,
principalmente no seu baixo e médio curso, em quatro aldeias
principais: *Manga, *Espírito Santo, *Santa Isabel e *Açaizal, além de
outras localidades, dispersas ao longo do aludido rio. Esta etnia festeja
o Divino (*Festa Grande), a quem chama *Santo, em português, e
Bodjê, em patois (do francês Bon Dieu).
Bibliografia
TASSINARI, Antonella Maria Imperatriz, Contribuição à História e à
Etnografia do Baixo Oiapoque: a composição das famílias Karipuna e s estruturação
das redes de trocas (tese de Doutoramento apresentada ao Departamento de
Antropologia Social da Universidade de S. Paulo), 1998; idem, No bom da festa: o
processo e construção cultural das famílias Karipuna do Amapá, S. Paulo, 2003
Ladainhas
No bairro do *Laguinho, em Macapá, duram 18 noites consecutivas (2
novenas: uma em louvor do Divino, outra da Santíssima Trindade). Os
devotos reúnem-se em casa do festeiro (*Casa da Festa) para rezar a
ladainha, a qual é conduzida pelo homem mais idoso da comunidade
numa linguagem incompreensível, que afirmam ser latim. A novena
do Divino Espírito Santo decorre entre a 6ª quinta-feira (*Quinta-feira
da Hora) e o 7º sábado após o domingo de Páscoa. Já a novena da
Santíssima Trindade decorre entre o 7º sábado e o 8º domingo após o
domingo de Páscoa (*Domingo da Trindade). *Cânticos Karipuna,
*Festa Grande.
169
Dobrado do Divino Espírito Santo
A pomba do divino já voou, já foi embora
chegou na quarta-feira, chegou no dia da hora
na quarta-feira, na quarta – feira
chegou no dia da hora
no dia da hora quando a missa entrou
no dia da hora
quando a missa entrou
Jesus Cristo lá no céu se alegrou [...].
Rosa branca
Rosa branca açucena lê, lê
Case com a moça morena lê, lê
Amanhã é dia santo o lê, lê dia de corpo deus ô lê, lê
Quem tem roupa vai a missa quem não tem faz como eu
Rosa branca açucena lê, lê
Case com a moça morena lê, lê.
Laguinho
Bairro de *Macapá (Amapá). Festeja o Divino e a Santíssima Trindade
durante os meses de Março/Abril. Na actualidade, tornou-se o
derradeiro bastião do *Marabaixo tradicional na capital do Amapá,
enquadrado pela Associação Folclórica Raimundo Ladislau e pelo
Grupo Folclórico Pavão. *Ciclo do Marabaixo.
170
Sábado do Divino Espírito Santo: 9 dias após a *Quinta-feira da
Hora;
Domingo do Divino Espírito Santo
Sábado da Trindade: anterior ao domingo da Santíssima Trindade
Domingo da Trindade: *Quebra da Murta;
Segunda-feira do Mastro: *Levantação do mastro da Santíssima
Trindade, ao lado do mastro do Divino;
171
Domingo do Senhor: 9º domingo após o domingo de Páscoa
(imediatamente a seguir à quinta-feira do Corpo de Deus) e derradeiro
dia do ciclo anual do Marabaixo (Derrubada de ambos os mastros, do
Divino e da Santíssima Trindade).
Levantação do mastro
*Quinta-feira da Hora, *Segunda-feira do Mastro.
Macapá
Capital do Estado de Amapá.
Hodiernamente, a festa, denominada *Marabaixeta (Marabaixo fora
de época), está disseminada pela cidade, decorrendo aos domingos,
durante o mês de Abril. Assume, porém, a sua maior expressão em
dois bairros: do *Laguinho em louvor ao Divino Espírito Santo e da
Santíssima Trindade e da *Favela (Santa Rita), onde a Santíssima
Trindade constitui o cerne dos festejos.
No bairro da Favela, a devoção consubstancia-se na oferenda às
crianças de uma refeição, denominada *Almoço dos Inocentes.
172
Tradicionalmente, o Divino era festejado desde o domingo de Páscoa
até o domingo do Senhor (Espírito Santo = Pentecostes). Ao som de
duas caixas, os devotos dançam em torno das tocadoras, cantando as
mulheres como solistas, secundadas pelo coro geral. Na *Quarta-Feira
de Murta e no *Domingo da Trindade, dança-se até de madrugada. A
indumentária masculina consta de camisa bordada, calças brancas,
chapéus de palha enfeitados com flores e fitas, enquanto a feminina é
constituída por camisas de renda e saias de chita estampada. *Casa da
Festa.
Manga
Uma das quatro mais importantes aldeias, sitas nas margens do rio
Curipi (Área Indígena do Uaçá), onde habita parte considerável da
população indígena que, actualmente, se define como *Karipuna.
Marabaixeta
*Marabaixo fora de época, isto é, a festividade em louvor do Divino
que, hodiernamente, decorre aos domingos durante o mês de Abril,
173
em *Macapá (Amapá). Isto porque, outrora, o Espírito Santo era
festejado desde o domingo de Páscoa até ao Pentecostes.
Marabaixo
Dança multissecular, típica da festa do Divino no Estado de Amapá.
Crê-se de origem afro-brasílica, concebida por escravos originários da
região do Mali, conduzidos para *Macapá enquanto mão-de-obra
destinada à construção da Fortaleza de São José, no século XVIII.
Marabaixo de Curiaú
174
Nessa óptica, Fernando Canto advoga que “o termo Marabaixo é
provavelmente uma variação de marabuto ou marabut, do árabe
morabit – sacerdote do malês” (A Água benta e o diabo, Macapá,
1998, p. 19). Há quem sustente que a coreografia reproduz os passos
dos escravos negros agrilhoados nos tornozelos. No contexto afro-
brasílico é muito raro, talvez até exclusivo do Marabaixo amapaense,
a circunstância de o músico actuar simultaneamente como
percussionista, cantor e dançarino. Distinto do *batuque, o
Marabaixo parece ter integrado características ameríndias
amazónicas, detectáveis na forma como o grupo dança em torno dos
percussionistas.
O Marabaixo é dançado em roda e consoante a cadência do ritmo dos
tambores cilíndricos de madeira cavada (em Curiaú) ou das caixas (em
Macapá). As mulheres formam um círculo em torno dos tocadores. Já
os homens mantêm-se no exterior dessa roda realizando alguns passos
de capoeira. Isto porque não é moralmente aceitável a dança conjunta
de homens e mulheres. Segundo consta, “os homens se comportam
dessa maneira desde há muito, pois segundo os mais velhos a dança
do Marabaixo é coisa para mulher como sinal de respeito tanto para
com os santos como para com as próprias dançadeiras”. As mulheres
com filhos pequenos costumam dançar com a criança ao colo ou pela
mão.
O Marabaixo de *Mazagão distingue-se do de *Macapá (cujo ciclo
ocorre de Abril a Junho) por se tratar de uma festa itinerante. Os
“brincantes”, concentram-se no Centro Comunitário Mucito Aires de
onde saem, visitando várias residências da vila. Os habitantes de
*Curiaú (Amapá), mantêm viva a tradição, da qual são os herdeiros
directos (*quilombo), reunindo-se após a Quaresma (*Sábado de
Aleluia), para os festejos que duram dois meses (até ao Pentecostes).
Em outras comunidades, o calendário tornou-se mais flexível.
Em *Macapá, o Marabaixo é hoje praticado por duas agremiações: a
Associação Folclórica Raimundo Ladislau, no Bairro do Laguinho, e
pela Associação Folclórica Berço do Marabaixo da Favela.
*Marabaixo de rua.
Bibliografia
OLIVEIRA, Maria do Socorro dos Santos, Religiosidade Popular em
comunidades estuarinas Amazónicas: um estudo preliminar do Marabaixo no Amapá,
in Scripta Nova, n. 45 (49) (1 Ago. 1999) [www.ub.es/geocrit/sn-45-49.htm]
175
Marabaixo das Crianças
*Favela, *Santíssima Trindade dos Inocentes.
Marabaixo de rua
Em Macapá (Amapá), realiza-se no *Domingo do Mastro, na *Quarta-
feira da Murta e no *Domingo da Trindade. A memória popular reteve
os nomes de Ladislau, morador em Curuçá, e de Mestre Julião Ramos,
como animadores do Marabaixo de rua, no adro da igreja matriz.
176
Mestre Julião Ramos († 1958)
Mastro
Levantar o mastro marca o início efectivo da festa. Por volta de 1950,
em consequência da festa ter sido banida do adro da matriz e catedral
de São José de Macapá, os mastros deixaram de ser fincados aí,
passando a ser colocados diante da casa dos festeiros (*Casa da Festa).
Hoje, mantém-se tal costume: cada um dos dois mastros (de
macumbeira ou de ananazeiro) é erguido em frente da *Casa da festa,
o primeiro no *Domingo do Mastro (5º após a Páscoa) e o segundo na
6ª quinta-feira após o domingo de Páscoa (3 dias antes do domingo de
Pentecostes), excepto nos bairros da *Favela e do *Laguinho, onde tal
ocorre na segunda-feira a seguir ao domingo da Santíssima Trindade
(*Segunda-feira do Mastro). Ambos são revestidos com *murta,
elevando bem alto a Bandeira do Divino fincada no topo. No último
dia da festa (9º domingo após o domingo de Páscoa), os dois mastros
são derrubados às 18 horas exactas, ao som das caixas,
177
consubstanciando um dos ritos mais importantes de todo o ciclo.
Entre os *Karipuna, a *Derrubada do mastro ocorre no final da tarde
do domingo de Pentecostes. As crianças dirigem-se em procissão
desde a capela até junto do mastro. Um rapaz sobe o mastro, retirando
a bandeira do Divino que se acha no topo. Em seguida, usando um
machado enfeitado com fitas coloridas, cada festeiro desfere um golpe
nele com a intenção de o derrubar.
Em *Mazagão, o corte do mastro precede a transferência da Coroa
para a Imperatriz da festa seguinte.
Mazagão Velho
Nome actual da Nova Mazagão, fundada por habitantes da cidade
marroquina de Mazagão, compelidos pelo Marquês de Pombal, contra
a sua vontade, a abandonar aquela praça-forte e transferidos para uma
urbe edificada de raiz nas margens do rio Mutuacá, na Amazónia. Os
178
navios que transportaram para o Brasil as 469 famílias deslocadas
(cerca de dois milhares de indivíduos), bem assim como as imagens
dos santos e demais símbolos identitários vinculados à cidade
magrebina, saíram de Lisboa no dia 15 de Setembro de 1769. A vila
nova de Mazagão foi criada oficialmente no dia 23 de Janeiro de 1770,
ainda precariamente organizada e constituída por edifícios modestos.
O plano urbanístico da nova cidade havia de ser delineado pelo
engenheiro genovez Domingos Sambucetti, o qual, subdividiu a
quadrícula desenhada sobre a topografia escolhida, e orientada aos
pontos cardeais, num determinado número de quadras (quarteirões)
com 640 palmos (140,5 metros) de lado, dispostos em regular
simetria. O povoado seria ulteriormente habitado pelos *quilombolas,
descendentes dos escravos africanos trazidos para a região para
construir a fortaleza de São José (*Macapá).
179
Após a sua coroação, circunstância excepcional no Estado de Amapá, a
*Imperatriz desloca-se em cortejo, na companhia da *trinchante, no
180
interior do um *quadro de varas, caso também inusitado, achando-se
sempre rodeada pelas demais empregadas do Divino.
Assiste-se, hoje, em Mazagão Velho, ao resgate do *Marabaixo que se
extinguira por completo.
Minguau
O minguau de banana e o de farinha de tapioca são iguarias típicas da
festa do Divino no Estado de Amapá.
Missa
Alguns devotos macapaenses costumam participar nas missas
realizadas na igreja do bairro do *Laguinho em três oportunidades
previstas no programa do ciclo do *Marabaixo: domingo de Páscoa,
domingo do Divino Espírito Santo e domingo da Santíssima Trindade.
Nas noites de cada sábado que antecede as missas, dois devotos,
transportam as imagens expostas no *oratório para a igreja, as quais,
concluída cada missa, são devolvidas à procedência. No sábado que
antecede o Pentecostes a imagem do Divino pernoita na igreja de S.
Benedito na companhia dos demais santos.
Mucura
Bebida tradicional, nos festejos do Divino, em Macapá (Amapá),
confeccionada com cachaça, ovo batido, rodelas de limão e açúcar.
Quase completamente suplantada pela *gengibirra.
Murta da Trindade
Designação do *Domingo do Divino Espírito Santo, ou Pentecostes, no
bairro do *Laguinho (Macapá).
Novena
Por volta de 1950, as ladainhas e folias foram reduzidas às novenas.
Na actualidade, os devotos do bairro do*Laguinho, em *Macapá
(Amapá), reúnem-se, durante 18 noites consecutivas, em casa do
181
festeiro para rezar 2 novenas: uma em louvor ao Divino, outra à
Santíssima Trindade, ambas conduzidas pelo homem mais idoso da
comunidade numa linguagem incompreensível, que afirmam ser
latim. A novena do Divino Espírito Santo decorre entre a 6ª quinta-
feira (*Quinta-feira da Hora) e o 7º sábado após o domingo de Páscoa.
Já a novena da Santíssima Trindade decorre entre o 7º sábado e o 8º
domingo após o domingo de Páscoa (*Domingo da Trindade). *Folia
do Marabaixo.
Oratório
Salão interior da *Casa da Festa junto da qual decorre o *Marabaixo,
no bairro do *Laguinho, em *Macapá. Aí é montado um oratório onde
são expostas as coroas do Divino Espírito Santo e da Santíssima
Trindade, juntamente com velas acesas e imagens de outros santos
que compõem o ambiente sagrado. Não pode faltar uma Bíblia, aberta
numa página diferente todos os dias, para suscitar a reflexão dos
devotos que eventualmente se detenham para orar.
182
A Imperatriz e a trinchante no interior do quadro de varas
(Mazagão Velho)
183
Procissão
As procissões percorrem, muito rapidamente, as ruas do bairro do
*Laguinho (*Macapá, Amapá), acompanhadas pelo *Marabaixo, em
duas ocasiões: no *Domingo do Mastro quando saem à rua os ramos
de *murta; no derradeiro dia da festa, para levar as bandeiras dos
santos (Divino e Santíssima Trindade) para a *Casa da Festa, sede do
ciclo do ano vindouro. Tais ritos anunciam simbolicamente o início e o
encerramento, respectivamente, da festa em louvor do Divino Espírito
Santo e da Santíssima Trindade em *Macapá. *Procissão da Meia-Lua.
Procissão da Meia-Lua
Na véspera do Pentecostes, os *Karipuna realizam a Procissão da
Meia-Lua. Tudo decorre então de modo semelhante à festa da
Ascensão. Ao lado do mastro derrubado manifestam-se os que
desejam tornar-se festeiros no ano seguinte. Após terem dado
“destino ao mastro e à bandeira branca, […] a festa continua
normalmente com baile na casa das festas. […].”
Quadro de varas
O quadro ou quadrado de varas, recinto formado por 4 varas
transportadas de maneira a constituírem uma espécie de armação
paralela ao chão, distante dele cerca de meio metro, é suportado
exteriormente em cada um dos ângulos por quatro ajudantes.
No interior do quadro seguem as personagens que integram o reinado:
no caso de *Mazagão Velho (Amapá), a *Imperatriz e a *trinchante. O
quadro de varas figura a Jerusalém Celeste. O mesmo que casola
(Açores), e quadro Santo no movimento do Contestado (Santa
Catarina), era no interior de um quadrado, que ocupava o centro do
acampamento e constituía o pólo da vida ritual da comunidade, que
esta se reunia diariamente.
Quarta-Feira de murta
Na tarde da 1ª quarta-feira, depois do *Domingo do Mastro (6ª
quarta-feira após a Páscoa), os devotos do bairro do *Laguinho, em
*Macapá (Amapá), dirigem-se, sempre na companhia da bandeira do
Espírito Santo, dançando e cantando aos arredores da cidade para
“tirar a murta” (*Colheita da Murta), destinada a revestir o mastro no
dia seguinte (*Quinta-feira da Hora). Regressam pelo mesmo
percurso, empunhando as ramagens e desfraldando as bandeiras do
184
Espírito Santo e da Santíssima Trindade pelos lugares por onde
passam.
Quebra da murta
*Domingo da Trindade.
Quilombo
Do quimbundo, kilombo. Local de refúgio de escravos foragidos
(quilombolas), na sua maioria afro-descendentes (pretos e mestiços),
mas também oriundos das Guianas. Regra geral, situava-se em matas
ou regiões montanhosas de difícil acesso e distantes dos centros
urbanos. Os quilombos transformaram-se em aldeias, praticando uma
economia de subsistência e, por vezes, o comércio. A maioria de tais
núcleos de fugitivos teve existência efémera, pois uma vez descobertos,
eram alvo da repressão por parte dos senhores de terras e de escravos,
os quais, com tal atitude, visavam, concomitantemente, capturar a
mão-de-obra desgarrada e punir exemplarmente aqueles que
fomentavam o procedimento.
185
Fortaleza de São José de Macapá (séc. XVIII) [AHU-Lisboa]
186
quilombos chegaram aos nossos dias, graças ao isolamento em que
persistiram. Os actuais habitantes de *Curiaú (Amapá), são
maioritariamente descendentes de quilombolas, mão-de-obra escrava,
foragida do estaleiro da fortaleza de Macapá, cuja edificação foi
encetada no ano de 1764.
Quindim
Iguaria típica do Nordeste do Brasil, indispensável na festa do Divino
no Estado de Amapá. É confeccionada com gema de ovo, açúcar e coco
ralado, ora em formas grandes, ora em formas individuais, que lhe
conferem aparência de pudim. Não obstante, a designação ser de raiz
africana (da língua dengo: encanto), trata-se de um doce de origem
portuguesa. Diz-se que namorado ou noivo, a quem uma jovem dê a
provar quindim, acompanhá-la-á ao altar.
Quinta-feira da Hora
Quinta-feira de Ascensão, 6ª quinta-feira após a Páscoa. A designação
“da Hora” advém da circunstância de se crer que, nesse dia, entre o
187
meio-dia e a 1 hora, a natureza está em repouso absoluto, antecipando
um novo ciclo germinativo.
Pela manhã, depois de terem revestido o mastro do Divino com os
ramos de *murta e colocado a bandeira do Divino no topo, os devotos
do bairro do *Laguinho, em *Macapá (Amapá), procedem à
*Levantação do mastro e respectiva fixação. Dançam o *Marabaixo
até tarde. A partir da Ascensão, e durante 18 noites consecutivas, são
rezadas ladainhas em homenagem ao Divino e à Santíssima Trindade
no *oratório erguido em casa do festeiro (*Casa da Festa), ornado com
fitas, velas e as coroas de prata do Espírito Santo. Após cada ladainha,
decorre uma festa para os participantes e convidados.
Rosquilha de carimã
Outrora, iguaria típica da festa do Divino no Estado de Amapá.
Carimã, também chamada puba e "mandioca mole", é uma massa
fermentada obtida a partir da mandioca.
Sábado da Trindade
Festa dançante para devotos e convidados, na *Casa da Festa, no
bairro do *Laguinho, em *Macapá (Amapá).
Sábado de Aleluia
Sábado que antecede o domingo de Páscoa. O primeiro dia efectivo do
*Ciclo do Marabaixo, em algumas comunidades concluído no
domingo de Pentecostes. Antigamente, os devotos começavam a
colecta dos óbulos para o Divino no sábado de Aleluia.
Sábado do mastro
No 5º sábado após o domingo de Páscoa, os habitantes do bairro do
*Laguinho, em *Macapá, procedem à *Cortação do mastro, nos
arredores da cidade. A árvore cortada (uma macumbeira, ou um
ananazeiro) é conduzida para as proximidades da casa do festeiro,
para ser erguida diante dela, antigamente, no *Domingo do mastro,
hoje na *Segunda-feira do mastro.
188
Santa Isabel
Uma das quatro mais importantes aldeias, sitas nas margens do rio
Curipi (Área Indígena do Uaçá, Amapá), onde habita parte
considerável da população indígena que, actualmente, se define como
*Karipuna.
Santa Rita
*Favela.
Santana
Município da região de Igarapé do Lago. Festeja o Divino com
*batuque.
Santo
Nome do Divino entre os índios *Karipuna.
Segunda-feira do Mastro
Às 18 horas, os participantes do *Marabaixo, no bairro do *Laguinho,
em Macapá, cavam um buraco diante da casa do festeiro, revestem de
murta o segundo mastro, designado da Santíssima Trindade, e
procedem à respectiva “levantação” e fixação, ao lado do mastro do
Divino. Depois de erguido o mastro, inicia-se a dança do Marabaixo
até à meia-noite. Os festejos serão retomados apenas no *Domingo do
Senhor (na semana seguinte).
Trinchante
Acompanhante inseparável da *Imperatriz no Império de *Mazagão
Velho. Na hierarquia do Auto do Império, encarna a dignidade,
imediatamente a seguir ao *Imperador. Compete-lhe superintender
sobre o restante pessoal do Império e, na ilha de Santa Maria (Açores),
presidir à distribuição dos bens alimentares.
189
Tucunaré assado
Com tucanaré (Cichla spp., do tupi: tucun + aré = amigo da árvore),
peixe ósseo, (medindo entre 30 cm e 1 metro), cuja característica mais
notável é apresentar um ocelo redondo no pedúnculo caudal, é
preparada uma iguaria típica dos festejos do Divino em Curiaú.
Zimba
*Festa do Sairé.
190
AMAZONAS
191
orações católicas, prosseguindo com danças e cantos religiosos
ameríndios.
No decurso da festividade “[o Divino Espírito Santo] é levado
em uma montaria repleta de gente, sob batuques de tambores, e a que
se vão agregando outras canoas saídas de furos, igarapés 67, parana-
mirins, por onde ela vai passando, para assim lhe darem as honras de
capitânia da flotilha em marcha”.
Bibliografia
BETTENCOURT, Gastão de, A Amazónia no Fabulário e na Arte, Lisboa, 1946;
FIGUEIREDO, Aldrin Moura de, A Cidade dos Encantados: pajelanças, feitiçarias e
religiões afro-brasileiras na Amazónia – a constituição de um campo de estudo (1870-
1950), Campinas, 1996 (Dissertação de Mestrado em História); GALVÃO, Eduardo, A
vida religiosa do caboclo da Amazónia, in Boletim do Museu Nacional, n. 15 (1953);
ROCQUE, Carlos, Grande Enciclopédia da Amazónia, Belém (Amazónia), 1967-1968
67Canal fluvial coberto por túnel de vegetação (mangueiras), outrora percorrido por
embarcações índias, denominadas igaras.
192
Almoço dos Inocentes
Espécie de bodo oferecido às crianças pela professora Maria José, em
*Itacoatiara.
Mesa do Almoço dos Inocentes oferecido pela professora Maria José (Itacoatiara)
Alvarães
Município do Estado de Amazonas cuja matriz é dedicada ao Espírito
Santo. O “Divino é a principal festa da cidade”.
Os festejos duram dez dias e constam de *Levantação do Mastro,
seguido de um *tacacá, novena e, logo após, o arraial, com fogo-de-
artifício.
194
O dia grande da festa começa com *alvorada, depois da qual é servido
o café da manhã acompanhado por *pé-de-moleque e biscoitos.
*Barquinhas do Divino.
Alvorada
Canção entoada pelos foliões, ou festeiros do Divino, de madrugada,
para despertar e convocar a comunidade para a festa. *Alvarães.
Bairro da Colónia
Bairro de *Itacoatiara. Promove festejos em honra do Divino.
Barquinhas do Divino
Pedaços de madeira com cotos de velas acesas, envoltos em papel
colorido, postos a flutuar nas águas do lago de Alvarães, os quais
geram um deslumbrante efeito cénico.
Bingão do Divino
Jogo do bingo, comum a muitas festividades do Divino no Brasil.
Regra geral, ocorre no domingo de Pentecostes, encerrando a festa. O
195
lucro apurado é destinado à conclusão de alguma igreja, ou de
qualquer outra obra de vulto útil à comunidade. Os jogadores
adquirem os cartões (cartelas) nas casas de lotaria ou aos vendedores
ambulantes. Na maioria dos casos, são sorteados automóveis, motas,
etc.
Com este expediente tem a hierarquia católica logrado esvaziar a festa
do seu ideário primevo, baseado na partilha e não na competição.
Canoa de entrada
As comunidades rurais do Município de *Maués (Amazonas)
participam nos festejos em honra do Divino, chegando de todos os rios
da cidade nas suas embarcações, as quais são denominadas “canoa de
entrada”.
Círio fluvial
O tradicional Círio fluvial, pelas 18.00 horas, seguido da procissão e
missa campal, marca o início da Festa do Divino Espírito Santo em
*Maués (Amazonas). O Círio fluvial conta com a participação de
diversas embarcações, as quais rivalizam numa competição visando
premiar o barco, que, respeitando o tema da festa, se apresente melhor
adornado.
196
Recinto onde se realizam os festejos em honra do Divino,
e seu estandarte em Coari
197
Coari
Município onde se realizam festejos em honra do Divino, durante a 2ª
quinzena de Abril.
Costo do Juçara
Localidade do Município de *Coari (Amazonas).
A Missão Redentorista do Amazonas promove aqui a festa do Divino.
Festa dançante
Evento que encerra os festejos em honra do Divino na localidade de
*Itacoatiara.
198
Itacoatiara
A matriz, sita na Rua Álvaro França, é dedicada ao Divino Espírito
Santo.
Realizam-se dois Impérios: o do *Bairro da Colónia e o da *Rua
General Carneiro, este promovido pela família Reis, desde a década de
1940.
Itapiranga
Localidade que participa nos festejos do Divino promovidos pela
paróquia de *Urucará.
199
Jambu
Planta rasteira, inseparável do tucupi na preparação de diversos
pratos tradicionais da cozinha amazónica, tais como o *tacacá e o pato.
As suas folhas, quando mastigadas, produzem ligeiro tremor nos
lábios, razão para que alguns creditem propriedades afrodisíacas a
este vegetal. Antes de utilizar o jambu convém fervê-lo brandamente
em água com pouco sal.
Lago Janauacá
Distante de Manaus 110 quilómetros.
Numa das suas crónicas, Otávio Tavares (citado pelo tenente-coronel
Lima Figueiredo, in Cidades e Sertões) descreve a festa do Divino
Espírito Santo que aqui se realiza: “Numa canoa engalanada com
folhas de palmeira e totalmente iluminada com lanternas e papéis
coloridos, são colocadas as insígnias do Divino. Noite escura,
acompanhando aquela canoa, mil outras de todos os feitios, desde a
ubá fragilíssima, até a igarité de fundo chato, e menos perigosa,
coalham o lago, dando a impressão de que há boiando pequeninas
ilhas floridas. Terminada a procissão são colocados dispositivos cheios
de azeite, protegidos com papel de seda de todas as cores e acesas as
grisetas [lamparinas] o lago toma um aspecto grandioso, oferecendo-
nos uma orgia de cores como se houvesse tombado sobre ele um arco-
íris aceso e partido aos pedaços, cujos fragmentos ficassem a boiar,
dentro da moldura tenebrosa das selvas [...]”.
Levantação do Mastro
Em *Alvarães, à semelhança do que acontece em inúmeros outros
locais, a levantação do Mastro marca o início efectivo das festividades
do Divino. A bandeira do Espírito Santo é colocada no topo, sendo o
mastro adornado com várias frutas típicas da região.
Manaus
Matriz dedicada ao Espírito Santo. Não alcancei qualquer notícia
sobre a realização de festividades em louvor do Divino.
Maués
Festa do Divino durante o mês de Maio. Uma das principais atracções
é o leilão pecuário. *Canoa de entrada, *Passeata do Divino.
200
Parintins
Cidade localizada na margem direita do rio Amazonas, numa região
cuja exploração remonta apenas a 1796. O primeiro nome da então
freguesia (1833), foi Nossa Senhora do Carmo de Tupinambarana,
tendo sido alterado, em 1880, para o actual, em homenagem aos povos
indígenas parintintins que habitavam a região.
Não obstante, o mais importante evento festivo do município ser a
festa dos Bois Bumbás – Caprichoso e Garantido (Abril a Junho), com
evidentes contornos sebásticos sincréticos, o Festival Folclórico de
Parintins, que decorre na derradeira semana do mês de Junho,
constitui-se como um dos mais populares do Brasil, amiúde
consignando referências ao culto do Divino.
Passeata do Divino
Os devotos do Divino de *Maués percorrem diversos bairros e ruas da
cidade com a coroa do Espírito Santo. Carros, motos e bicicletas,
201
acompanham-na em todo o trajecto. No final da “passeata”, o pároco
abençoa a multidão presente.
Pato
Prato tradicional da cozinha amazónica. *Jambu.
Pé-de-moleque
Nogado (do francês, nogat). Doce obtido mediante a mistura de
amendoins torrados e moídos com açúcar no ponto prévio à
cristalização. Uma vez, nesse ponto, a mistura é distendida sobre uma
superfície lisa e fria de pedra. Depois de arrefecer o doce adquire a
consistência macia que é característica do processo tradicional por
incorporar o óleo do próprio amendoim macerado. Alguns grãos
inteiros são acrescentados à mistura.
202
Rua General Carneiro
Artéria da cidade de *Itacoatiara que promove festejos em louvor do
Espírito Santo.
Silves
Localidade que participa nos festejos do Divino promovidos pela
paróquia de *Urucará (Amazonas).
Tacacá
Iguaria típica do Amazonas, servida ao entardecer, dentro de cuias e
degustada com um único pauzinho. Espécie de sopa, de facto, um
caldo, apimentado a gosto, que mistura o *tucupi, a goma da tapioca
cozida, camarão seco e *jambu. O tacacá é vendido na rua, ou em
barracas, pelas famosas tacacazeiras, as quais, à semelhança das
baianas do acarajé, envergam vestuário típico.
Também muito apreciado no *Pará, sobretudo em *Belém.
203
Tucupi
Sumo amarelo, extraído da raiz da mandioca-brava, a qual é cozida
longamente antes de consumida, pois crua é venenosa. A raiz ralada,
quando espremida no tipiti (instrumento longo fabricado com taquara
entrançada) produz o sumo em apreço e uma massa da qual, depois de
sujeita ao fogo, se obtém a farinha grossa do beiju. *Tacacá.
Urucará
Município que celebra o Divino com festejos promovidos pela
paróquia local, os quais decorrem durante o mês de Maio na Praça de
Santana, neles participando as comunidades de *Itacoatiara,
*Itapiranga e *São Sebastião de Uatumã. *Silves.
204
MARANHÃO
205
de resto, se depreende do Catálogo de documentos manuscritos
avulsos referentes à capitania do Maranhão, existentes em Lisboa, no
antigo Arquivo Histórico Ultramarino [AHU], onde constam petições
do então governador do Maranhão, Albuquerque Coelho de Carvalho,
ao Rei Afonso VI, para que “se enviem, àquele estado, casais das ilhas
dos Açores e Madeira e alguns presos”.
Seja como for, no Maranhão, a Festa do Divino assumiu
carácter sincrético, ocorrendo em grande número de terreiros de
cultos afro-brasileiros, Tambor de Mina e Candomblé
(excepcionalmente nos de Umbanda).
O Paracleto é festejado no Maranhão com muito luxo, muita
fartura e muito zelo para que nada “dê para o torto”, pois crê-se que
qualquer falha pode atrair grandes desgraças.
As Festas do Divino dos Terreiros de Mina são,
invariavelmente, realizadas durante o seu festejo grande, quando as
casas de culto prestam homenagem às respectivas entidades
espirituais principais (como Vá Missal Nanã, sincretizada com
Santana - no terreiro de mãe Elzita; Dom Luís Rei de França, no
Terreiro de Yemanjá, do falecido Jorge Itaci), ou constituem um acto
de devoção e respeito para com uma entidade espiritual, como ocorre
com a Casa das Minas, onde é cultuado Nochê Sepazim, vodum da
família real do Daomé, consabida devota do Espírito Santo.
No passado, o domingo da Ressurreição, ou de Páscoa, era a
data oficial de início da festa; actualmente, alguns festejos principiam
apenas dias antes da missa dos Impérios.
A data de realização da festa pode variar, mas a sua abertura
geralmente coincide com o domingo de Pentecostes, mesmo que a
festa não decorra nessa época.
No Maranhão o Ciclo Ritual da Festa do Espírito Santo tem
longa duração, compreendendo uma sucessão de etapas, consoante
uma ordem pré-definida, a saber:
Etapas preparatórias
Reuniões e Encontros, que começam vários meses antes da
Festa propriamente dita, mobilizando muita gente. É o período de
organização dos festeiros, atribuições de tarefas, construção de
calendário de cada etapa, formas de captação de recursos e numerosos
outros detalhes.
206
Abertura da Tribuna
Tarde de Domingo, antes da data maior da Festa, ocasião em
que são armados os tronos do Império e dos mordomos;
Derrube do mastro
Etapa ritual que assinala o termo das comemorações. Costuma
ocorrer no final do segundo dia, no âmbito de uma actividade
ritualística desenvolvida por vários homens, com muita perícia e
disposição. Trata-se de um momento da comemoração, antecedido ou
seguido de uma ladainha solene.
207
ceptro, coroa etc. Momento de agradecimento e renovação de pro-
messas... É uma cerimónia longa em que as crianças do Império que
são rendidas no posto são destituídas das insígnias reais, transferindo-
as para aquelas que ocuparão o cargo na Festa do ano seguinte.
Encerramento da Tribuna
Cerimónia que encerra a componente solene da Festa,
assinalada por cânticos e toques de caixa. O rito de Encerramento
começa com a caixeira-régia cantando o Bendito do Hortelã, um longo
cântico, narrando a vida de Cristo, do nascimento à morte e referindo-
se ao futuro advento do Divino.
Tempo de guardar as caixas e as bandeiras e de recolher a santa
coroa e a pomba do Divino. No termo do ritual todas as caixeiras
pousam as caixas no chão.
Termo da Festa
Três distintos rituais sinalizam a despedida de um Império que
se construiu e reinou no imaginário dos participantes.
208
Oficinas, Exposições, Projecção de Vídeos, Mesas-Redondas (Roda de
Conversa) e lançamento de Cd de Caixeiras de São Luís.
Em 2011, o Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho
recenseou 150 festas do Divino Espírito Santo no Maranhão, 66 na
capital e 84 no interior do Estado.
Bibliografia
CARVALHO, Luciana (ed.), Divino Toque do Maranhão, Rio de Janeiro, 2005;
CARVALHO, Maria Michol P. de, O Divino de Alcântara e S. Luís - Mesa Redonda
(Seminário do Festival de Danças Folclóricas), Joinville, SC, 2004; idem, Divino
Maranhão 2006, in Boletim da Comissão Maranhense de Folclore, v. 34 (Jun. 2006),
p. 3; idem, Na tribuna foliões e caixeiras: vivências e experiência na Festa do Divino
(Encontro Internacional – O Divino, Ontem, Hoje e Amanhã, dos Açores a Maranhão,
S. Luís, 2007; FERRETTI, Sérgio, Festa do Divino no Maranhão, in Carvalho, Luciana
(ed.), Divino Toque do Maranhão, Rio de Janeiro, 2005, p. 23-3; idem, Sincretismo e
Religião na Festa do Divino (Comunicação apresentada ao Encontro Internacional
sobre o Divino), S. Luís, 2007; FERRETTI, Mundicarmo, Turismo e religiosidade
popular: tradição e mudança na Festa do Espírito Santo do Maranhão, in Boletim da
Comissão Maranhense de Folclore, v. 36 (Dez. 2006); GONÇALVES, Jandir / LEAL,
João, Festas do Divino Espírito Santo no Maranhão: uma aproximação de conjunto, in
Boletim da Comissão Maranhense de Folclore, v. 60 (Jun. 2016); GONÇALVES, Jandir
/ OLIVEIRA, Lenir, Os Foliões da Divindade no Cemitério dos Caldeirões, in Boletim
da Comissão Maranhense de Folclore, v. 12 (Dez. 1998); LEAL, João, Festas do Divino
em São Luís: um retrato de grupo, in Boletim da Comissão Maranhense de Folclore, v.
53 (Dez. 2012); LIMA, Carlos de, O Divino Espírito Santo, in Boletim da Comissão
Maranhense de Folclore, v. 22 (Jun. 2002) e v. 23 (Ago. 2002); LIMA-PEREIRA,
Rosuel, Mythogenèse, Syncrétisme et Pérennité du Sébastianisme dans l’Identité
Brésilienne du XXe et du début du XXIe siècle (L’Etat du Maranhão et ses
manfestations socioreligieuses), Univ. Michel de Montaigne, Bordéus 3, 2012 [tese de
doutoramento]; PEREIRA, Keyla Cristina Santana, A Festa do Divino Espírito Santo –
Teatro das Memórias Populares, UFM, 2008; ROCHA, Maria de Fátima Sopas, A Festa
do Divino Espírito Santo no Maranhão: uma proposta de glossário, Fortaleza, 2008;
idem, A Coroa do Rei / A Coroa do Divino: variação lexical nos Cânticos e
Depoimentos sobre a Festa do Divino Espírito Santo, in RAMOS, M. C. / BEZERRA, J.
R. M. / ROCHA, M. F. S. (org.), O Português falado no Maranhão: múltiplos olhares, S.
Luís, 2010, p. 120-131; SANTOS WENDEL / SANTOS, Julian / DIAS, Denise, Vô cantar
Avoradinha do Divino Espírito Santo: um estudo Lexicológico da Festa do Divino no
Maranhão, in RAMOS, M. C. / BEZERRA, J. R. M. / ROCHA, M. F. S. (org.), O
Português falado no Maranhão: múltiplos olhares, S. Luís, 2010, p. 132-143; VIEIRA
FILHO, Domingos, A Festa do Divino Espírito Santo, in Revista da Academia
Maranhense de Letras, v. 9 (Mai. 1954) e in Boletim da Comissão Maranhense de
Folclore, v. 31 (Jun. 2005), p. 26-31
209
210
Abatá
Também denominado *batá. Tambor horizontal em madeira ou zinco,
encourado em ambas as extremidades, possuindo amarração de metal
ou corda, afinado por torniquete, assenta horizontalmente sobre
cavaletes. É tocado com as mãos. Estes tambores de culto, muito
comuns na África ocidental, em Cuba e no Haiti, são relativamente
raros nos cultos afro-brasileiros, excepto no Maranhão, onde
constituem uma marca distintiva da religiosidade afro-maranhense.
São percutidos na *Casa de Nagô e nos demais terreiros de *São Luís
(*Maranhão), durante as festas em honra do Divino. Como sugerido
pela própria homofonia batá /Badé, todos os tambores nagô são
dedicados ao orixá Xangô, ou ao seu equivalente Badé, o que não é
impeditivo da sua consagração a outras entidades.
Abatás sendo percutidos por abatazeiros da Casa Nagô (foto Gustavo Pacheco)
211
menor chama-se abatá-queque. Todos os instrumentos utilizados
ritualísticamente são objecto de ritos ou procedimentos cerimoniais,
denominados preparos (banho de ervas, conhecido como amassi, e
defumação), antes de poderem ser utilizados. Os abatás são
acompanhados por um *ferro tocado por homem ou mulher, conforme
a casa, e por *cabaças de diferentes dimensões, a maior geralmente
tocada por um homem e as demais por homem ou mulher, consoante
a casa. *Abatazeiro, *aguidavi.
Abatazeiro
Tocador de *abatá, também denominado batazeiro (conhecido por
huntó na Mina jêje), geralmente parentes (filhos, maridos, sobrinhos,
netos, etc.) das dançantes, ou de outros membros do Terreiro. Alguns
abatazeiros passam por uma iniciação, geralmente distinta da
iniciação da filha-de-santo (vodunsi). Os tocadores têm de respeitar
(de facto, nem todos os terreiros os observam) determinados
interditos sexuais, como abster-se de relações sexuais nos dias
anteriores aos toques e, no caso das mulheres, enquanto menstruadas.
Diz-se que quebrar tais regras estrictas acarreta consequências, que
podem degenerar em brigas entre os participantes, ou produzir
estragos nos instrumentos. Com excepção da *Casa das Minas
(*Maranhão), onde os homens estão inibidos de tocar o gã (*ferro) e
as *cabaças, o género não é impeditivo do toque dos instrumentos,
apesar de, na prática, os abatás serem geralmente percutidos por
homens. Os tocadores são indispensáveis para a realização das
cerimónias, motivo por que a maioria dos terreiros possui seus
abatazeiros privativos, geralmente familiares ou amigos. Outros
terreiros, porém, contam com a participação de abatazeiros
contratados informalmente, os quais podem receber bebida, cigarros
ou pequenas quantias pelo serviço realizado. Em muitos terreiros os
abatazeiros são homenageados uma vez ao ano, no decurso da festa de
pagamento, também conhecida como mocambo, durante a qual as
entidades espirituais os presenteiam com pequenas oferendas,
geralmente uma peça de roupa. Frequentemente, os abatazeiros
realizam serviços rituais nos terreiros, tais como sacrificar animais ou
"despachar" os pertences de pessoas recém-falecidas (tambor de
choro, sirrum ou zelim).
212
Abertura da Tribuna
Um dos momentos ritualmente mais relevantes do culto do Divino, no
*Maranhão e também de enorme responsabilidade, pois determina e
anuncia o modo como a festa decorrerá, como sublinha Dona Luzia: “o
momento de abrir a tribuna é realmente o que mais me emociona, me
faz chorar, porque é muita responsabilidade você chamar Deus para a
terra, e nesse momento é isso que nós caixeiras fazemos [...] quer
dizer, nós simples mulheres mortais, louvando ao Espírito Santo e ele
vindo nos atendendo” (Pacheco, Gouveia, Abreu, 2005, p. 20).
213
sempre no lugar mais alto o imperador e a imperatriz, quando a
houver, já que em algumas festas, como a de Alcântara (e na, outrora,
realizada no *Paço do Lumiar), alternam imperadores e imperatrizes.
Antigamente, a Abertura da Tribuna, realizava-se no domingo da
Ressurreição (*domingo de Páscoa), actualmente ocorre dez ou quinze
dias antes da *missa dos impérios. Alguns terreiros mantêm a
Abertura da Tribuna na data convencional, mas, na prática, os festejos
só começam muito depois. Durante a Abertura da Tribuna alternam-se
os versos da caixeira e do dono, ou dona, da festa, passando o
comando do ritual para a responsabilidade da caixeira-régia (ou mor,
conforme a casa que promove a festa), quando é entoado o cântico
*Espírito Santo Dobrado, destinado a invocar o Divino, convidando
“àquele que tá em cima”, a aproximar-se da comunidade: “desce o
alto, desce o alto”. Depois, cada caixeira pode cantar uma quadra:
Vinde meu Espírito Santo / Que por vós estou chamando / A tribuna
está aberta / E por vós está esperando; As portas do céu se abriram /
O pombo branco avoou / Sentou pra ser festejado / Na festa do
imperador. Sem embargo de muitos versos da festa serem
improvisados, os da Abertura da Tribuna, mercê da sua importância,
são, em geral, conhecidos e transmitidos de geração em geração,
obedecendo a uma ordem definida: 1. invocação ao Divino; 2. cântico
para São Pedro, guardião das chaves do céu e também da chave da
*Tribuna.
Abóbada de aço
À saída da missa da coroação o *Imperador de *Periá (*Maranhão)
passa sob duas espadas cruzadas, formando a denominada abóbada de
aço, expressão maçónica que designa as espadas cruzadas por duas
alas de mações, sob as quais passam os altos dignitários da
corporação, em sinal de honra. O costume estendeu-se às instituições
castrenses que o adoptam em ocasiões festivas para homenagear os
seus membros. *Sampaio Bruno dedica à questão capítulo do seu
Plano de um Livro a Fazer: Os Cavaleiros do Amor ou a Religião do
Amor (Lisboa, 1996).
214
sinopse se segue: “Em Alcântara acontece a cerimónia popular do
"Divino Espírito Santo". De origem portuguesa, esta festa chegou no
Maranhão no século XVI. Começa com a escolha de um menino para
ser o Imperador do Divino ou de uma menina para ser a Imperatriz.
Depois, é escolhida toda uma corte: um mordomo régio ou mordoma
régia, cinco mordomos baixos ou seis mordomas baixas. No dia 24 de
agosto, a mando do Imperador sai da cidade um cortejo de pessoas
encarregadas de recolher esmolas para a festa, constituído de
caixeiras, bandeireiras, um bandeireiro, cidadãos de confiança,
carregadores de galinhas, perus, patos, cofos de farinha, porcos e etc.
E o menino "Vicente" que recolhe as esmolas. Os responsáveis
marcham atrás revezando-se no transporte da coroa de prata,
guardada numa caixa redonda, de folha-de-flandres pintada. A festa é
constituída de vários momentos, que acontecem dentro e no átrio da
igreja, além de romarias visitando as casas dos eleitos para a corte do
Imperador. Tudo acontece entre cantos, danças, atos solenes e muita
comida, doces e bebidas. A "Festa do Divino" é um auto completo
[...]”.
Académicos do Salgueiro
Escola de Samba carioca que adoptou a lenda do encantamento de D.
Sebastião nas praias de Lençóis, no Maranhão, como enredo no
Carnaval de 1974.
215
Em candelabros palmeirais,
No reino encantado.
Na praia dos Lençóis,
Areia assombração,
O touro negro coroado
É Dom Sebastião.
É meia-noite, Nhá Jança vem,
Desce do além na carruagem
Do fogo vivo, luz da nobreza,
Agogô
Outro nome para o instrumento denominado *ferro, constituído por
uma campainha. Também designação das campainhas no
*Candomblé.
Agué
Outra designação para o instrumento denominado *cabaça, revestido
de contas multicolores.
Aguidavi
Denominação das baguetas utilizadas pelo *huntó para percutir cada
um dos três tambores de madeira (*tambor de Mina), instrumentos de
culto exclusivos da *Casa das Minas (*São Luís, Maranhão), cujo
toque, acompanhado pelo de quatro ou cinco *cabaças pequenas
(geralmente, a cargo de mulheres), é característico das festas do
Divino nesta região brasileira. *Abatá.
216
Aia
Designação de cada uma das duas adolescentes que integram o séquito
da *Imperatriz, em *Alcântara.
Alcântara
Município constituído por mais de duas centenas e meia de povoados
rurais, a maioria dos quais herdeiros de quilombos e de comunidades
Tupinambás (Tapuitapera).
217
for, em meados do séc. XIX a festa do Divino Espírito Santo estava
firmemente enraizada em Alcântara, especialmente entre a população
mais modesta. O Divino é festejado aqui de forma sincrética (*tambor
de mina). Por exemplo, a pomba do Espírito Santo é identificada com
o *orixá *Oxalá, circunstância mais ou menos oclusa e secreta, só
discretamente revelada. A festa, cujo ciclo dura 365 dias, inicia-se no
dia imediato ao derradeiro das festividades anuais – o domingo de
Pentecostes -, cabendo ao pároco a *Leitura do Pelouro, documento
que consigna a relação dos treze indivíduos escolhidos para festeiros
no ano seguinte: *Imperador (que alterna com a *Imperatriz ano sim,
ano não), *Mordomo régio (*Mordoma, em ano de Imperatriz), cinco
Mordomos baixos e seis Mordomas baixas. A cor tradicional do
Imperador é o vermelho (mas também traja de branco), o verde a do
Mordomo régio, enquanto o azul-claro, ou o rosa, são adoptados pelos
demais Mordomos. Na 2ª feira após o domingo de Pentecostes
concretiza-se a entrega do posto aos novos festeiros, com salvas de
foguetes e acompanhamento das caixeiras. No mês de Agosto, em
cerimónia realizada na igreja, o Imperador recebe a *coroa de prata de
prata maciça encimada pela pombinha e os Mordomos uma pomba,
em tamanho natural, de gesso ou madeira. Na madrugada do dia 24 de
Agosto, a pedido dos festeiros, a folia do Divino sai da cidade em
cortejo, percorrendo todo o município de Alcântara, para recolher
todo o género de oferendas e donativos (*tirar jóia), actividade que se
dá por concluída em Novembro. Tal folia é constituída por três
caixeiras (lavadeiras, geralmente idosas, tocadoras de caixa), três
bandeiras (meninas entre os 10 e os 14 anos, que conduzem pequenas
bandeiras, brancas e vermelhas, com a coroa do Divino bordada), um
bandeireiro (conduz uma grande bandeira vermelha), dois cidadãos de
confiança (também denominados “responsáveis”, os quais se revesam
no transporte da coroa de prata ou da pomba de cerâmica, guardada
numa lata redonda de folha de flandres pintada) e três carregadores.
As esmolas em dinheiro são colectadas por um menino que,
independentemente, do seu nome, é chamado o *Vicente. A recepção
da folia é festiva e calorosa, repartindo o povo “carinhosamente, a
miséria”. Segundo Carlos de Lima, é “como se realmente o Divino
Espírito baixasse àquele meio”. Ouvem-se as seguintes quadras,
cantadas à porta das casas dos visitados:
218
Mas não é de pricisão,
Pede prá exprimentá
Quem tem um bom coração.
219
Cerca das 4 da manhã de Quinta-feira de Ascensão, e durante uma
meia-hora, as caixeiras e as bandeirinhas cantam uma *alvorada junto
ao mastro, após a qual se recolhem:
Alvorada nova,
Nova alvorada,
De manhã bem cedo
Sobre a madrugada.
220
branco, “com alamares ou botões dourados” que se faz acompanhar de
dois vassalos (no caso da Imperatriz, duas aias e um vassalo); o
Mordomo Régio é representado pelo *Mordomo Régio do Trono, que
se distingue pelo chapéu de dois bicos, orlado de arminho, e assim por
diante, até ao último Mordomo baixo. Recupero, doravante, as
passagens cruciais do testemunho minucioso de Carlos de Lima:
221
um punhado de folhas de vinagreira para o arroz de cuxá, dois limões,
uma talhada de jerimum, uma garrafa de cachaça, um sabonete de
cheiro. À tardinha, o Mestre Sala do Mordomo Régio, à frente de seu
grupo, vai pedir licença ao Imperador para visitá-lo o seu amo,
naquela noite. O pedido, conduzido por uma criança, em envelope
aberto, numa bandeja, diz:
222
partem para a casa do Mordomo régio, que é o seu dia. Guloseimas,
danças, bebidas, o pobre Mordomo obrigado a duas festas no mesmo
dia! Mas a empresa requer real valor. Demorados por umas duas
horas, fica em sua casa o Mordomo régio e seguem os demais a visitar
cada Mordomo, até o último. Note-se que todos os dias da semana
agora iniciada são dias de festa, isto é, na segunda, na terça, na quarta,
na quinta e na Sexta-feira os Mordomos continuam a visitar o
Imperador, das dez da noite às duas da manhã. E tome baile e
comedorias e pagode. A bebida não é muita, mas é forte e são
frequentes os que se deixam levar, com o doce sabor dos licores, a
resultados desastrosos. Na Sexta-feira, à tarde, percorre as ruas um
boi brabo, os chifres enfeitados de flores e ramagens, sustido por
longas cordas e rapazes fortes, acompanhado das caixeiras e que se
destina, segundo parece, tão sómente, a assustar os transeuntes. [...]
na manhã seguinte será abatido. À tarde desse Sábado, nova passeata.
Todos os Mordomos, precedidos do Imperador, distribuem esmolas
aos pobres da cidade: a carne do boi sacrificado, lenha, dinheiro, pão,
géneros diversos, tudo acondicionado em pacotes, caixas, todos
ornamentados sob motivos diversos, sejam barcos ou cestas, ou flores,
etc. De noite o Imperador retribui as visitas. São outras doze festas.
[...]. Amanhece finalmente. Domingo de Pentecostes. O grande dia!
Todos de vermelho. Até as pombinhas obrigadas à regra, engraçadas,
de jaquetas rubras, aninhadas em suas bandejas. Missa, às dez horas.
Dir-se-ia igual às outras. Mas, não! Hoje há mais velas, o coro canta
mais forte, mais belo [...]. A música enche a nave, deleita os fiéis [...].
Mas quebra-se o encanto; terminou a missa, o padre dá a bênção.
Recompõe-se a comitiva e ruma, outra vez, para o «Palácio» do
Imperador. O almoço é farto [...]. Vinho à vontade [...]. A música
tocando, os pares agarrados no arrasta-pé, namorados pelos canto, o
licor entre os circunstante. [...]. Gente, tá na hora da procissão! [...].
Todos para a igreja. O sacristão organiza o préstito. Bem na frente o
menino com a bandeira grande, duas vezes o tamanho dele [...].
Depois o andor, de seda brilhante, em forma de nicho, abrigando a
“Santa Coroa” polida e repolida fulgindo os últimos raios do sol
exangue, carregada aos ombros de quatro moças mais ou menos
iguais. Atrás, o Imperador coroado, de farda de tropical azul-marinho,
condecorações e berloques de ouro, pesados correntões antigos,
botões dourados, ceptro e dragonas e luvas, o manto vermelho,
bordado a fio de ouro e pedrarias, arrastando nas pedras irregulares
223
do calçamento. Ladeando-o dois vassalos do Reino, também
fantasiados de roupas cinzentas ou azuis, faixas atravessadas ao peito,
espada à cinta, empertigados, cônscios de sua «realeza». Segue-os o
Mordomo régio, igualmente de azul, gravatinha borboleta, ostentando
um manto mais curto, mas orlado, também de arminho. Agora, os
Mordomos baixos, com seus séquitos, paletós um tanto fora de moda,
gravatas pretas, luvas brancas. As caixeiras, todas de vermelho, torços
enfeitados de jasmim, alecrim e manjerona. Os vestidos [...] de tafetá
lustroso ou seda de caimento, cordões de ouro de quatro voltas, coisa
antiga, herança de velhas mucamas, boas e queridas. Afinal, a
orquestra e o povo. Gente carregando grandes pedras ou potes na
cabeça, pagando promessas. Hinos dobrados. A reza do terço, o
vozeiro. [...]. É a hora dos pedidos, das esperanças de casamento, de
melhoria da sorte. O divino Espírito Santo vai passando,
misericordioso, dispensando bênçãos, concedendo venturas. Pelas seis
da tarde, recolhe-se a procissão. Ninguém fica no largo. Na igreja, o
povo se comprime, o murmúrio é constante e vai crescendo até obrigar
a intervenção do padre: “Silêncio, irmãos, Estamos na casa de Deus!”
Todos estão ansiosos pela revelação dos nomes dos festeiros do
próximo ano escrito no pelouro. No dia seguinte o Imperador irá de
casa em casa, vestindo nas funções os escolhidos. [...]”.
Bibliografia
FERREIRA, José de Ribamar, Alcântara e o Império do Divino: Pedras e tronos
decadentes, 1998 [monografia de conclusão do Curso de História na UFMA]; LIMA,
Carlos de, Festa do Divino Espírito Santo em Alcântara (Maranhão), S. Luís do
Maranhão, 1972 e Brasília, 1988; NUNES, Izaurina, A reconstituição de um Império na
cidade de Alcântara, in Boletim da Comissão Maranhense de Folclore, v. 13 (Jun.
1999); SANTOS, Pedro Braga dos, Alcântara: a sociologia da festa do Divino, São Luís,
1980; idem, A festa do Divino Espírito Santo, em Alcântara (Maranhão), in Revista de
Antropologia, v. 33 (S. Paulo, 1990), p. 191-197; SANTOS, Roza Maria, A Festa do
Divino de São Luís e Alcântara – danças de reverência, in Boletim da Comissão
Maranhense de Folclore, v. 36 (Dez. 2006); VIEIRA FILHO, Domingos, A Festa do
Divino Espírito Santo, 1954
Videografia
SANTOS, Murilo, O Divino de Alcântara – Maranhão (argumento de Carlos
Aparecido Fernandes), 1996
Aldeias Altas
Município onde se realiza a Festa do Divino.
224
Almoço de Pentecostes
Espécie de bodo que se realiza em *Alcântara (*Maranhão), após a
missa do Espírito Santo, no qual o *Imperador recebe os seus convivas
com muita pompa, ofertando-lhes um lauto almoço e farta mesa de
doces. Na *Casa Nagô, dependendo da hora de retorno da missa, pode
haver um lanche, antes do almoço. As casas dos festeiros, em *São
Luís e em Alcântara, são caprichosamente decoradas com as cores
adequadas a cada uma das funções do ritual e "recebem abajures e
correntes de papel de seda e crepom, dosséis de listras e acolchoados,
salpicados de estrelas de malacacheta e luzes coloridas" (Lima, 1988,
p. 29). À chegada à casa da festa, as caixeiras retomam os toques com
o *Espírito Santo Dobrado, para solicitar ao dono da casa que receba o
Império:
Bandeireiro, bandeireiro
Cumpra a sua obrigação
Chame todos os impérios
Reúna seu batalhão.
225
caixeiras, quando o Império, despidas as roupas rituais, descansa, ou
se diverte no quintal, é servido o almoço aos demais presentes. A mesa
é farta e variada: tortas de camarão e carne, frango desfiado, carne de
boi e porco, vatapá, macarrão, arroz, farofa, salada e refrigerantes. Em
geral o almoço é acompanhado por música animada, sendo
consumidas bebidas alcoólicas, vendidas ou oferecidas. Vieira Filho
acrescenta que "finda a louvação é servida aos presentes que
confraternizaram com os impérios farta mesa de “doces de espécie,
pastilhas e licor de jenipapo". Por seu turno, Carlos de Lima enumera
os doces: “[...] pudim, pão-de-ló, queijadinha, broa, bolo de tapioca,
mãe-benta e pastilhas, onde a imaginação dos artistas coloca
chinelinhas, garças, coelhos, corações e cestas de cartolina, feitas a
caprichos, pintalgadas de orvalho brilhante e pó de ouro e os célebres
‘doces de espécie’, especialidade de Alcântara […]. São formas de
massa de trigo, ovos e manteiga que recebem o saboroso recheio de
inigualável doce-de-coco". Cada membro do império fica responsável
por uma mesa da festa, competindo entre si pela mesa mais bonita.
Ferretti sublinha que “uma festa do Divino considerada boa costuma
ter, no mínimo, seis mesas de doces, cada uma com duas ou três
dúzias de enfeites ou lembranças que são distribuídas aos amigos e
colaboradores”. Tais mesas mantêm-se expostas durante dois ou três
dias. Este banquete, cuja fartura “é [consoante o testemunho de uma
festeira de Alcântara, na década de 1990] a mistura do material com o
espiritual”, constitui o ponto alto da festa, após o qual todos seguem
para a igreja onde vão assistir à leitura do *Pelouro.
Bibliografia
GOUVEIA, Cláudia Rejane Martins, O Reinado de Vó Missã: estudo da Festa do
Divino em um Terreiro de Mina em S. Luís, Maranhão, 1997; idem, As esposas do
Divino - Poder e prestígio feminino nas festas do Divino em Terreiros de Tambor de
Mina em São Luís do Maranhão, Recife, 2001 [dissertação de mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da UFPE]; LIMA, Carlos de, Festa
do Divino Espírito Santo em Alcântara (Maranhão), S. Luís do Maranhão, 1972 e
Brasília, 1988; VIEIRA FILHO, Domingos, A Festa do Divino Espírito Santo, in Revista
da Academia Maranhense de Letras, v. 9 (Mai. 1954) e in Boletim da Comissão
Maranhense de Folclore, v. 31 (Jun. 2005), p. 26-31
226
Almofadão
Almofada grande pertencente às *Posses Reais, conjunto de objectos
que simbolizam o poder do *Imperador. Referido na seguinte quadra:
Meu Divino Espírito Santo / Vossa tribuna vai fechar / Entregue o
almofadão / Tapete e vela e castiçal.
Altar
Nos *Açores, o mesmo que *trono do Divino, no Brasil, sinónimo de
*Império. Autêntica capela votiva, cujo arranjo faz parte das
atribuições das mulheres, o altar é armado no mais espaçoso quarto da
casa do *Imperador ou do *mordomo (geralmente num dos cantos do
denominado quarto do Espírito Santo), forrado com lençóis e rendas
(actualmente é também utilizado papel crepe). O trono assume forma
piramidal, possuindo vários degraus (geralmente três) e reservando-se
o superior para a coroa do Espírito Santo. Em cada um dos inferiores
dispõem-se, lateralmente, jarras com flores, castiçais e, por vezes,
imagens de santos (actualmente, também servem de ornamento bolas
de Natal, fitas de árvore de Natal, etc.). O ceptro é enterrado num
pequeno recipiente contendo grãos de trigo, colocado na base da
pirâmide. O docel (sustentado por armação circular em vime, da qual
pendem cortinas brancas rendadas), semeia-se com estrelas de papel,
para simular o céu. É em torno do altar que se realiza durante a noite,
a alumiação ou iluminação (*saudação do altar). Jaime de Figueiredo
reproduz quadras entoadas na ilha de *Santa Maria, diante do altar
(cf. Impérios Marienses):
227
No seu valor e grandeza.
Alvorada
Canção entoada pelos foliões do Espírito Santo para despertar e
convocar a comunidade. No *Penedo, incluia lançamento de foguetes e
morteiros. Durante os festejos do Império do Divino cantam e dançam
à porta dos mordomos da festa ao som de pífaro e bombo, para
finalmente entrarem e comerem, antes de acompanharem até à igreja
as fogaças oferecidas pelos seus anfitriões. Opinam alguns autores que
será uma relíquia de “loas lançadas diante de imagens de santos”. Em
*Mação, chamavam-lhe teatros, sendo cantadas num terraço alto,
existente diante e ao nível da porta principal da igreja do Espírito
Santo, para o qual se subia por escadaria de pedra (demolida em
1880), onde se costumava distribuir o *bodo e se faziam as
representações dos autos. *Caratão, *Carvoeiro, *Santos. Nas *Flores e
no *Corvo é o mesmo que *folia. No município brasileiro de *Cunha,
na semana imediatamente anterior à festa do Divino, a folia sai
diariamente pelas quatro horas da madrugada para “cantar alvorada”:
“O Divino Espírito Santo / cum gosto e alegria, / está fazeno o seu
alvorada / logo no rompê do dia”. À noite, após a novena rezada, cerca
das 21 horas, volta a sair pela cidade, cantando durante
aproximadamente duas horas. Foram registados por Guerreiro Gascon
alguns dos versos conhecidos da Alvorada de *Marmelete (Monchique,
Faro):
228
Levanti-me esta manhana,
Manhanita do Natal,
Fui colhê'la hortelana,
Que 'stava no mê quintal;
Levanti-me esta manhana,
Manhanita de flores,
Fui colhê'la hortelana,
Ô quintal dos mês amores.
Alevanta-te, Zabéla,
Que manhanita é;
Levanta-te Zabéla,
Desse tê doce dormir,
Que manhanita é;
Quer sol relumbrir,
Alevanta-te, Zabéla,
Desse tê doce folgar,
Que manhanita é,
Quer o sol relumbrar.
Alevanta-te, graçála,
Pois el-rê vae à la caça;
Alevanta-te, graçála,
Pois el-rê bêra do rio,
Pois el-rê vae à caça;
De falcões levava cinco.
Levanta-te, graçála,
Pois el-rê bêra do alto,
Pois el-rê vae à la caça:
De falcões levava quatro.
Selá-m'este cavalo,
P’ra mé senhor el-rê:
Quem no levará?
Selá-m'este cavalo
Ponde-le frêo,
P’ra mê senhor el-rê,
Que vae a passêo:
Quem no levará?
Selá-me este cavalo,
Ponde-l’a sela,
229
P’ra mê senhor el-rê,
Que vae à guerra:
Quem no levará?
Nas Flores e no Corvo canta-se a seguinte Alvorada na ida do gado da
Casa do Espírito Santo para o matadouro:
Alvorada dobrada
Depois de todas as caixeiras terem dito os seus versos, a *Caixeira-
régia repete-os (dobra-os). *Alvoradinha.
Alvoradinha
Cântico idêntico ao de *Alvorada, porém, em ritmo mais acelerado:
Vou cantar as Alvoradas / Não sei que Alvorada eu canto / Vou
cantar Alvoradinha / Do Divino Espírito Santo.
Bibliografia
BETTENCOURT, Gastão de, Flagrantes do Folclore do Brasil, Coimbra, 1954,
p. 78; CHAVES, Francisco Afonso, Espírito Santo nas Flores e Corvo, in Festas
Populares Açoreanas, Lisboa, 1889, p. 141-146 [reproduzido in Archivo dos Açores, v.
13 (1904), p. 11-35 (Recolhe alvoradas açorianas)]; SOUZA, José Geraldo de, A Alvorada
do Divino em São Luís do Paraitinga, in Folclore, n. 10 (São Paulo, 1985), p. 16-19
230
Amarração ao mastro
Ocorre quando alguém escolhido (indivíduos cujo comportamento é
censurável, ou até alguns Mordomos) é levado até junto do mastro ali
permanecendo, cercado de caixeiras, até pagar a *prenda.
Anajatuba
Município onde se realiza a Festa do Divino (Projecto Divino
Maranhão 2005).
Arvoredo
Nome do *mastro do Divino, antes de ser baptizado e receber o nome
de *oliveira, na *Casa de Nagô.
Bacabeira
Município onde se realiza a Festa do Divino.
Bacurituba
Município onde se realiza a Festa do Divino (Projecto Divino
Maranhão 2005).
Baixão
Melodia de apoio, entoada com voz mais grave, correspondente à terça
paralela inferior e em ritmo compassado: Ai, meu Divino Espírito
Santo / Ai, me dê voz, me dê baixão /Ai é pra eu cantar pra nós / Ai
de gosto e satisfação.
Bambaê
Em *São Luís, o *Carimbó das Caixeiras apresenta algumas
semelhanças com outras manifestações congéneres, assim
denominadas.
231
Bandeira
A bandeira do Divino Espírito Santo, também conhecida por Bandeira
Real, é uma das principais insígnias do Império, regra geral, de cor
vermelha e ostentando uma pomba branca bordada. Imprescindível
nos cortejos e na *Tribuna. Protagonista das três seguintes quadras:
Lá vai o pombo voando/ Oi por cima da laranjeira /Foi voando e foi
dizendo / Oi viva o Mastro e a bandeira; Eu sou bandeira vermelha /
bandeira de todo o ano / Eu sou bandeira vermelha / Bandeira do
Espírito Santo; Ó Bandeireiro Bandeireiro / Que é da Bandeira Reak
/ Ai convidai os seus Impérios / Pra levar pro Tribunal.
Bandeireira
Jovem adolescente porta-bandeira, a quem compete fazer-se
acompanhar de pequenas bandeiras brancas ou vermelhas enquanto
dura a recolha da *esmola, em Alcântara (*Maranhão, Brasil). *Folia
do Divino.
Bandeireiro
Porta-bandeira a quem compete arvorar a *bandeira do Divino. O
mesmo que *bandeleiro. *Terreiro das Portas Verdes (*S. Luís).
Bandeirinha
As bandeirinhas são as meninas que acompanham e secundam as
caixeiras, entoando cânticos durante o cortejo em que o *Imperador
ou a *Imperatriz percorrem as ruas da cidade de *Alcântara, visitando
as casas dos festeiros com a *corte imperial. A bandeirinha faz-se
acompanhar de uma bandeira pequena. Reporta-lhe a seguinte
quadra: Estas nossas bandeirinhas / Agora eu vou falar / Carregou
suas bandeira / Vou ficar no seu lugar. *Caixeira.
Bandeleiro
Porta-bandeira. O mesmo que *bandeireiro. Refere-se-lhe a seguinte
quadra: Bandeleiro, bandeleiro / Arreúna vossa gente / A bandeira
encarnada / É a primeira da frente.
232
véspera da Ascensão), não dispensando o uso de toalha, vela, água-
benta e padrinhos.
Baptismo do mastro
Cerimónia que consiste em aspergir água-benta sobre o mastro,
usando ramos de murta como aspergillum (aspersor). Compete aos
padrinhos realizar a bênção, na quarta-feira, véspera da Ascensão,
antes do *levantamento do mastro.
Baquetas
*Gambitos, *vaquetas, *vanquetas.
Barracão
No *Tambor de Mina existem três espaços principais: o *terreiro, o
barracão e o *peji. É no barracão que se realizam os toques ou festas
para as entidades, consoante o calendário de cada terreiro. Em regra, é
o maior espaço da casa, depois do quintal. As suas paredes são
adornadas com quadros, instrumentos musicais e as ferramentas das
entidades. Por seu turno, o tecto é enfeitado com bandeirolas, cujas
cores variam em função da entidade senhora do terreiro, ou que está a
ser homenageada na festa. Alguns barracões possuem um altar com
imagens de santos católicos aos quais se acendem velas coloridas.
Barulho do Divino
Outra designação para a *Folia do Divino que, meses antes da festa,
percorre as ruas e o interior de *Alcântara com o propósito de angariar
donativos. "É crença arraigada de que aquele que nega uma esmola ao
barulho sofre duros castigos" (Vieira Filho, 1954, p. 4) Num artigo de
Inácio Raposo, intitulado Os barulhos do Espírito Santo (in Diário de
São Luís, 15.1.1950), conta o articulista que um barulho viu negado o
seu pedido de esmolas por um fazendeiro rico, mas avarento, o qual
ordenou aos seus escravos a expulsão do grupo a golpes de pau.
Doravante, morreu gado, secaram as plantações de cana e mandioca,
bem como as cacimbas e rachou a terra. Desesperado e arrependido, o
fazendeiro mandou chamar o grupo, fez os donativos, tendo cessado
imediatamente a praga”.
Batá
*Abatá.
233
Batalhão
Designação aplicada a todos quantos participam na festa: Bandeireiro,
Bandeireiro / Cumpra com sua obrigação / Chame todos os Impérios
/ Reúna seu batalhão. *Estado-maior.
Bendito do hortelã
Denominação do cântico específico para o encerramento, ou
*fechamento da Tribuna, o qual narra a vida de Jesus até à descida do
Paracleto: Deus o salve o hortelã / Salvador da boa fé / Se por cá não
viu passar / Bom Jesus de Nazaré.
Bequimão
Município onde se realiza a Festa do Divino (Projecto Divino
Maranhão 2005).
Bodo
Termo usado no Maranhão para designar a distribuição de donativos e
alimentos aos pobres. Em *Alcântara, o bodo é constituído por pão e
carne dos bovinos sacrificados numa cerimónia conhecida como a
*subida do boi, após um cortejo no qual o animal de cada um dos
festeiros é enfeitado com fitas de papel crepom e passeado pela cidade.
Mas, em algumas Casas de festa de *São Luís, as esmolas podem ser
um cabaz com grande variedade de alimentos, dispensando o sacrifício
de animais. Uma boa festa é aquela que, consensualmente, ofereça,
pelo menos, seis mesas de manjares finos e doces, bem assim como
lembrancinhas a todos os presentes. A fartura de comida é um dos
elementos simbólicos da festa e a tradição proclama que “quem come
na Festa do Divino terá sempre comida em casa". *Almoço de
Pentecostes.
Buscamento do mastro
Evento a um tempo festivo e processional que consiste na escolha e
transporte do *mastro da festa. Ocorre na véspera de *quinta-feira de
Ascensão. Durante a busca não faltam bebidas alcoólicas e brincadei-
ras de conotação erótica. Pintado com as cores da Festa, é identificado
por seu nome: Manuel da Vera Cruz, Oliveira ou João. As caixeiras, o
Império, os padrinhos e outros encarregados vão buscar o Mastro em
cortejo e baptizam-no ainda antes de ser erguido, dando voltas em seu
redor, segurando nas mãos velas e toalha, e entoando rezas e cânticos.
234
O seu buscamento e levantamento ocorrem, regra geral, no mesmo
dia. A propósito do buscamento as caixeiras cantam: Senhora dona da
festa / Foi agora que eu cheguei / Pra buscar o vosso mastro / Onde
se encontra não sei. Em *Alcântara, o tronco é desembarcado no porto
de Jacaré, de onde será transportado com muita festa até ao centro da
cidade, para aí ser fincado (*levantamento do mastro).
Buscamento do roubo
*Roubo do Império, *Terreiro das Portas Verdes.
Cabaça
Cabaça utilizada como instrumento musical, revestida de contas
multicolores, Também denominada *agué. É o 3º instrumento
utilizado no *Tambor de Mina. Ao invés do que ocorre com o *abatá e
com o *ferro, as cabaças não são consideradas instrumentos de
especialista, isto é, praticamente qualquer pessoa as pode tocar
(excepto na *Casa das Minas, onde são privativas das mulheres). Com
efeito, na maioria dos terreiros de *Tambor de Mina veem-se cabaças
penduradas nas paredes, disponíveis para quem queira tocá-las.
Alguns terreiros possuem uma cabaça maior do que as demais (e
consequentemente mais barulhenta), reservada para os especialistas.
Cacuriá
Coreografia típica maranhense, indissociável das Festas do Divino,
criada, em 1972, a partir do *Carimbó das Caixeiras, por “Seu Lauro”,
após ter assistido a uma dança intitulada Carimbó achulado, no lugar
de Baiacu (interior de *Guimarães). Dança de roda (“o cordão”),
emparelhada, de forte sensualidade, dançada ao som de Caixas do
Divino (na actualidade também acompanhada por banjo, violão,
clarinete e flauta) na terça-feira imediata à *derrubada do mastro
(termo dos festejos). Ocasião em que as *Caixeiras do Divino se
transfiguram, dando lugar à parte profana da festa, o seu merecido
*lava-pratos, depois da fatigante tarefa que lhes coube, enquanto
regentes do ritual da festa.A indumentária do cacuriá é idêntica à do
*Tambor de crioula: blusa branca de renda, saia estampada, para as
235
mulheres e camisa branca, também rendada, justa ao corpo e calças
estampadas à pescador, para os homens.
A componente vocal do cacuriá, cujo ritmo é uma variante do
*carimbó maranhense, é constituída por versos improvisados
respondidos por um coro de brincantes. A 1ª Dama do cacuriá,
afamada percussionista a quem anda creditada a criação do ritmo,
bem assim como a responsabilidade da introdução dos novos
instrumentos, é *Dona Teté.
236
Caixa
Instrumento musical de percussão, da família dos membranofones,
tocado com baquetas (*gambitos, *vaquetas, *vanquetas) pelas
Caixeiras: Senhora [nome da caixeira] / A caixa estou lhe entregando
/ Porque eu sei que tu és / Caixeira do Espírito Santo. Estes tambores
cilíndricos com um diâmetro médio de 30 a 35 cm e 40 a 45 cm de
altura, ostentam, por vezes, uma Coroa ou uma Pomba, outras são
pintadas com cores vivas ou com várias cores em listas, triângulos ou
losangos. Nas festividades do Divino encontram-se caixas maiores e
com outras proporções, todas, porém, costumam ser baptizadas e ter
nome próprio. *Baptismo da caixa.
Caixeira
Também denominada “esposa do Divino”. Mulher negra, geralmente
idosa (sempre maior de 40 anos), algumas vezes filha-de-santo,
tocadora de *caixa (tambor), por devoção ao Divino (não aufere
qualquer remuneração). As caixeiras organizam-se hierarquicamente,
em função dos anos de caixa e do grau de conhecimento do complexo
ritual da festa do Espírito Santo, porquanto só o perfeito
237
conhecimento do ritual é susceptível de permitir louvar o Divino com
veemência. Cada grupo de Caixeiras tem à cabeça uma *Caixeira-
Régia. Recorda Sérgio F. Ferretti que “os tambores rituais são
instrumentos interditados às mulheres na tradição afro-brasileira,
mas na especificidade dos festejos do Divino no Maranhão, [as
caixeiras] são reconhecidas […] como as suas sacerdotisas […]”. Com
efeito, tocar caixa no Maranhão está profundamente associado ao que
socialmente se considera feminino, sendo função da competência
exclusiva de mulheres (é consensual que os homens que tocam caixa
são homossexuais). São as caixeiras (grupos de três, ou múltiplos de
três) quem organiza e comanda as homenagens durante o cortejo em
que o *Imperador ou a *Imperatriz percorrem as ruas da cidade de
*Alcântara, entoando cânticos enquanto visitam as casas dos festeiros,
na companhia da *corte imperial. As funções do Divino só as deixam
livres três meses ao ano, sendo os demais utilizados para viajar a pé
pelo interior do município, “tirando jóia” para a Santa Coroa. É
comum que Caixeiras antigas e famosas não possuam seu próprio
instrumento e toquem os pertencentes à casa onde se realiza a Festa.
Outras constroem-no com o auxílio de filhos, amigos ou amigas e,
mais raramente, adquirem-no. Em qualquer dos casos, criam uma
relação de identidade com o seu instrumento que costuma ser
baptizado e ter nome próprio. *Bandeirinha, *Caixeiro.
Caixeira do Divino
Ou, simplesmente, *caixeira. Também denominada “esposa do
Divino”. Autêntica “sacerdotisa do Divino”, protagonista e oficiante do
cerimonial dos festejos em honra do Espírito Santo na cidade de
*Alcântara. No entender das caixeiras, sê-lo é um “dom de Deus”, uma
missão espiritual. As caixeiras são tratadas com muita deferência
pelos donos da festa. Em alguns terreiros elas são pagas pelos pais e
mães-de-santo para conduzirem os festejos, sendo-lhes ofertado
tecido para a confecção da indumentária do dia da missa, etc.
Terminada a festa, grande parte dos bens remanescentes (bolos,
mantimentos, lembrancinhas, etc.) é reservada para elas. D. Maria
Celeste Santos, da *Casa das Minas, uma das decanas ainda activas,
que desempenha a função desde 1935, afirmou numa entrevista que
concedeu no ano 2000: “É nosso dever p’ro Espírito Santo trazer mais
devotas. […] um dia a gente vai embora e quem vai continuar a festa?
Ela não pode parar e quem vai continuar são as mais novas e por isso
238
nós temos obrigação de ensinar com cuidado porque senão a festa
acaba”.
239
Com o propósito de difundir a arte de tocar caixa, o Centro de Cultura
Popular Domingos Vieira Filho e a Comissão Maranhense de
Folclore, acedendo a uma solicitação da já suprareferida D. Maria
Celeste dos Santos, promoveram a 1ª Oficina de Caixeiras do Divino
Espírito Santo (31 Julho – 11 Agosto 2001), que contou com a
participação de 22 alunas.
Bibliografia
BARBOSA, Marise Glória, Umas mulheres que dão couro: as Caixeiras do
Divino do Maranhão, S. Paulo, 2006 (inclui CD); BARROS, António Evaldo, O
Maranhão e o maranhense no “Bim Bum Bum” das Caixas do Divino, in Boletim da
Comissão Maranhense de Folclore, v. 31 (Jun. 2005); CARVALHO, Michol, I Encontro
das Caixeiras da região do Munim, in Boletim da Comissão Maranhense de Folclore, v.
19 (Jun. 2001); GOUVEIA, Cláudia, As esposas do Divino- Poder e prestígio feminino
nas festas do Divino em Terreiros de Tambor de Mina em São Luís do Maranhão,
Recife, 2001 [dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Antropologia Social da UFPE]; idem, Personalidades de um rito festivo: as Caixeiras do
Divino Espírito Santo, in Boletim da Comissão Maranhense de Folclore, v. 17 (Ago.
2000)
Caixeira-ajudante
Coadjuvante da *caixeira-régia e, na ausência desta, da *caixeira-mor.
Ajuda nas salvas, reforça os cânticos, etc.
Caixeira-mor
Adjunta da *caixeira-régia, a qual pode substituir na ausência dela:
Salvação que tu ganhaste / Mas não foi para ti só / Pra repartir com
as caixeiras / Primeiro a Caixeira-mor.
Caixeira-régia
A tocadora de *caixa mais importante do grupo. Aquela que melhor
conhece todo o ritual da festa do Divino. Conduz todas as demais com
o aval dos donos da casa, tendo plenos poderes sobre tudo quanto
ocorra no âmbito do Império: Divino veio do céu / Voando sobre a
floresta / Senhora Caixeira-Régia / Estou-lhe entregando a festa.
Caixeiro
Não obstante a função de tocador de caixa seja considerada
especificamente feminina, em casos particulares os homens podem
assumi-la. È justamente o que acontece na *Casa Fanti-Ashanti e no
Terreiro de Mina Yemanjá, de Jorge Itacy.
240
Na região dos cocais (municípios de Aldeias Altas, Buriti Bravo,
*Caxias, Chapadinha, Codó, Coelho Neto, Colinas e Matões) os
caixeiros, ou foliões do Divino, participam nos velórios, cerimónias
fúnebres, enterros, alvorada de cemitério, saudação ao cruzeiro do
cemitério e Finados.
Cajapió
Município onde se realiza a Festa do Divino.
Cajari
Município onde se realiza a Festa do Divino (Projecto Divino
Maranhão 2005).
Caldeirões
*Caxias.
Cantanhede
Município onde se realiza a Festa do Divino, também conhecida aqui
por *festa da Izidória, ou, simplesmente, *Zidória. Isidória Lopes (†
20.9.1995), de seu nome, era descendente de escravos do português
António Lopes da Cunha, tendo sido *caixeira, “mestra da cultura” e
de natureza, geralmente, bem-humorada. Diz-se que tinha o condão
de arrancar o povo de suas casas para acompanhar pelas ruas da
cidade o *pau da Zidória, “na verdade o mastro da festa do Divino,
que arrastava uma multidão antes de ser erguido”.
Não resisto a transcrever uma longa passagem de um texto evocativo
da contribuição de Isidória Lopes para o património cultural de
Cantanhede:
“O mais inusitado de tudo, era quando, a procissão de homens,
mulheres e crianças chegava à porta de quem não se negava em doar a
jóia (esmola ao Divino). Aos gritos de uma frase emblemática “O pau
entra ou não entra?” – “Entra!”, os homens que conduziam o mastro
molhavam a cabeça da peça de madeira, que media entre 7 e 10
metros, com cachaça e o pau da Izidória penetrava de casa à dentro. O
êxtase da brincadeira vinha quando a casa que tinha um enorme
corredor abria as portas aos apelos, pois o mastro entrava todo e em
recompensa a esmola era gorda. Para os que não aceitavam a entrada
do pau e fechavam as portas, a cabeça do mastro era colocada na beira
da calçada aos gritos de um protesto simbólico. Os carregadores do
241
mastro aproveitavam o não do dono da casa para o descanso e em
seguida a procissão de brincantes batia em retirada em busca de outro
morador.
242
sério problema de saúde, fez uma promessa ao Divino: caso ela ficasse
curada, iria promover o seu festejo, enquanto gozasse de saúde. A
mesma foi atendida e António Carlindo passou a direcção do festejo a
esta brava mulher”.
Capote
Manto de veludo debruado, pertencente às *Posses do Império:
Mulata bonita
Se tu vai pro Maranhão
Me leva que eu também vou
Maranhão é um jardim
Eu dentro sou uma flor
Ê mulata bonita (ai ai);
243
Carimbó de Velhas
O mesmo que * Carimbó das Caixeiras e *Carimbó de Velho.
Carimbó de Velho
*Carimbó das Caixeiras, *Carimbó de Velhas.
Casa da Festa
*Cortejo.
244
maçonaria de negros", lembrando a questão dos segredos e mistérios
vigente nesse verdadeiro templo de culto religioso. O antropólogo
sublinha tal assunção: "A preservação dos segredos é uma das razões
da continuidade quase bissecular desse terreiro em São Luís, quando
no Brasil existem tão poucas instituições conhecidas que funcionam
regularmente há mais de cento e sessenta anos e que podemos contar,
talvez, nos dedos da mão" (Ferretti, 2008, p. 16). Segundo registos
documentais e orais, o culto do Divino Espírito Santo remontará nesta
casa a finais do século XIX. Precisa Sérgio Ferretti que: “Na Casa das
Minas, os instrumentos de acompanhamento dos toques, como o ferro
e as cabaças, são tocados por mulheres e os tambores por homens,
sendo esta a única função masculina. [...] algumas mulheres dançantes
também tocam os tambores na ausência dos tocadores. Trata-se
portanto de um culto eminentemente feminino e muito tradicional”.
Na Casa das Minas, a Festa do Divino Espírito Santo é realizada em
louvor da Princesa Nochê Sepazim, filha de Toi Dadarô, o vodum mais
velho da família real de Davice, chefe de um dos seus ramos. Esta
princesa sugeriu, mediante um pedido, que se realizasse na Casa o
Festejo ao Divino Espírito Santo. Nos rituais do Terreiro a Princesa
Nochê Sepazim era incorporada por Mãe Hosana, a terceira vodunsi a
chefiar a Casa, até 1914, quando foi rendida por Mãe Andresa.
Actualmente, na Casa das Minas, a Festa do Divino tem como
responsável a vodunsi Maria Celeste Santos, do Toi Averequête, que
organiza a festa neste terreiro desde 1969. Dona Celeste participa do
Divino enquanto *bandeirinha desde os oito anos de idade, sendo,
hoje, sua *Caixeira-régia. Dona Celeste costuma colaborar na
realização de várias Festas do Divino, constituindo-se mesmo como
uma espécie de referência em S. Luís e seus arredores. Quando residiu
no Rio de Janeiro, entre as décadas de 1950 e 1960, participou na
organização da devoção ao Divino em terras cariocas. Como profunda
conhecedora do ritual da Festa, afirma convictamente: "O que se faz
no começo tem que ser feito no encerramento", comparando o ritual
cao da Missa Católica que não permite erro, ou omissão. Seguindo a
tradição, os preparativos começam com um ano de antecedência.
Dona Celeste incumbe-se, pessoalmente, de vários providências, a
nível interno e externo, tais como: Contactos com pais ou responsáveis
das figuras imperiais, padrinhos, madrinhas, caixeiras, rezadeira,
tocadores /músicos e outros que se fazem necessários; escolha da cor
das roupas do an0; confecção de lembrancinhas para as mesas de
245
doces; escolha de enfeites para a decoração da Sala da Tribuna e de
outros ambientes da Casa, inclusive o teto e o quintal; confecção de
convites e cartas, bem como sua remessa a pessoas amigas,
autoridades, responsáveis por Instituições, com solicitação de recursos
financeiros, géneros alimentícios, materiais para pintura, etc.
246
O Império do Divino gera mudanças no visual interno e externo da
Casa das Minas, tal como sucede em vários outros Terreiros, sede de
Festas do Divino. É tempo de pintar a fachada e as diversas
dependências da Casa, trocar os enfeites de papel ou plástico do salão
de danças, onde será armada a Tribuna, como uma extensão do altar
religioso da Casa. Rendão, e tecidos finos revestem a sala do altar, que
passa a dispor de cadeiras enfeitadas, à semelhança de tronos, onde se
sentam as crianças e adolescentes integrantes do Império, além de
bancos destinados às caixeiras. No tecto são dependurados enfeites. O
quintal, onde se acha o Mastro, também recebe uma decoração
especial, com bandeirinhas e mais luminárias.
247
assumir o cargo de Mordomo(a)-Baixo(a), passando para
Mordomo(a)-Régio(a), ascendendo, então, a Imperador e Imperatriz.
Esta Corte do Império é um arremedo da Corte do Imperador do
Brasil, como se depreende dos versos das caixeiras, cantados na volta
da Missa Solene:
Casa de Nagô
Fundada na primeira metade do século XIX. Juntamente com a *Casa
das Minas, as mais antigas casas de Tambor de Mina, de culto afro-
religioso do Maranhão. Sita na Rua Cândido Ribeiro, 799, no centro da
cidade de *São Luís. *Abatá.
“Maio de 2008:
Na manhã do Domingo de Pentecostes (11 de Maio) aconteceu um
facto maravilhoso do ponto de vista religioso: os cortejos da Casa das
Minas e da Casa de Nagô encontraram-se na esquina da Rua de
Santana com a Rua São Pantaleão. O cortejo de Nagô vinha da Igreja
de Santo Antonio e o das Minas da Igreja de Santana. Momento
singular. As bandeiras do Divino das duas Casas seguiram cruzadas
como duas espadas, simbolizando a união, o companheirismo, o
respeito e a irmandade entre as Casas; as caixeiras entoaram cânticos
248
de saudação. O revezamento de canto de caixeiras das duas Casas com
os toques da banda de musica da Polícia Militar, com músicas
católicas, seguiu-se pela Rua São Pantaleão até à esquina com a Rua
Santiago, quando o cortejo da Casa de Nagô desceu a rua até a Casa na
Rua das Crioulas”.
Segundo Dona Celeste (Casa das Minas), havia mais de duas décadas
que não ocorria um encontro assim, o que para ela constituía um
muito bom presságio. No encontro dos Impérios as duas bandeiras
cruzaram-se e as caixeiras cantaram:
Bibliografia
BARBOSA, Sílvia Helena Bezerra, A casa de Nagô. Estudo sobre um terreiro de
Mina em São Luís, 1997 [monografia de conclusão do curso de Ciências Sociais na
UFMA]
Casa do Divino
Casa-Museu em *Alcântara, destinada à realização da festa do Divino
e a mostras e exposições temáticas permanentes.
Casa Fanti-Ashanti
Fundada em 1958 por Pai Euclides, um dos pais-de-santo mais
famosos e respeitados de *São Luís do Maranhão. É o único terreiro de
Candomblé da região, circunstância que influencia os ritos e
celebrações que ocorrem na Casa, de forma determinante. Festeja o
Divino no primeiro Domingo do mês de Julho, ocasião em que as
caixeiras que participam em diversas festividades regionais se acham
disponíveis. O terreiro de Pai Euclides tem sido procurado, desde o
início da década de 1970, por pesquisadores das religiões afro-
brasileiras, o que explica as frequentes referências a ele consignadas
nas teses de mestrado e de doutoramento de Roberto Motta, Jorge
Carvalho, Sérgio Ferretti, Rosário Carvalho, Mundicarmo Ferretti e de
Maria Amália Barreto. No período compreendido entre 1984 e 1987, a
Casa foi também objecto de uma pesquisa financiada pela FUNARTE,
249
em convénio com a Universidade Federal do Maranhão, sob
coordenação de Sérgio Ferretti. Em 1984, 1985 e 1987, Pai Euclides
publicou em São Luís três livros sobre Mina e Candomblé na Casa de
Fanti-Ashanti, o primeiro prefaciado por Rosário Carvalho, o segundo
por Sérgio Ferretti e o terceiro por Roberto Motta e Sérgio Ferretti.
Cito, doravante Sérgio Ferretti: “Embora a Casa Fanti-Ashanti não
seja um dos terreiros de Mina mais antigos de São Luís, é um dos mais
conhecidos. A casa, sediada no bairro do Cruzeiro do Anil, foi fundada
em 1954 por Euclides Menezes Ferreira, incorporado por seu caboclo
Tabajara (filho do Rei da Turquia), com o apoio de um grupo de
pessoas que o acompanhavam em suas atividades de curador (pajé), já
exercidas a muitos anos. A decisão da fundação do terreiro foi tomada
no dia primeiro de Janeiro, após a realização de uma 'obrigação' para a
Mãe Maria (Oxum), entidade recebida por Pai Euclides, realizada na
casa de sua tia e mãe de criação, que era guia (mãe-pequena) de um
terreiro de São Luís. Mas, o terreiro só começou a funcionar como casa
de Mina em 1958, após a inauguração do barracão construído para a
realização dos rituais, no sítio do Igapara, as margens do rio Bacanga.
Entre 1954 e 1958 foi realizado, pelo grupo, apenas "toques" anuais de
canjerê para entidades espirituais da "mata", (caboclos), além de
reuniões preparatórias e sessões de chamada das entidades ligadas ao
curandeirismo. O terreiro, denominado na época de sua fundação
Tenda de São Jorge Jardim de Ueira, funcionou durante seis anos no
sítio. Em 1964, após demolição do seu barracão pelo caboclo Tabajara,
incorporado em Pai Euclides (seu chefe e fundador), transferiu-se para
o Cruzeiro do Anil, bairro de São Luís, na época ainda pouco
urbanizado. Sua nova sede, construída em terreno escolhido por
aquele chefe espiritual e comprado com dinheiro recebido por Mãe
Maria de seus filhos e devotos, sofreu várias reformas para adaptar-se
às mudanças ocorridas no terreiro nesses mais de trinta anos. No
Cruzeiro do Anil, o terreiro tornou-se mais conhecido como Fanti-
Ashanti, nome de "nação" africana descrita por Arthur Ramos (A.
Ramos, s. d. vol. 3, cap. 5), em um dos capítulos de As culturas
negras, cuja cópia foi encontrada na casa, em 1975, pela pesquisadora
Maria Amália Barreto (1977). O nome Fanti-Ashanti, que apareceu em
1974 no estatuto da casa publicado no Diário Oficial, após o nome
original (Tenda de São Jorge), deve-se, segundo Pai Euclides, à sua
origem e ligação com o extinto terreiro do Egipto (Ilê Nyame), terreiro
este que por ter sido fundado por uma africana de Cumassi (Basília
250
Sofia - Massinocô Alapong), foi classificado como Fanti, nação de que
trata Arthur Ramos, pouco conhecida no Brasil. Pai Euclides foi
preparado na Mina por Maria Pia dos Santos Lago (Iraê-Arau-
Vonuko), no extinto terreiro do Egipto, para uma entidade espiritual
ali denominada To-Alaby, também conhecida por Rei dos Mestres
(qualidade de Oxalá). Por indicação de sua mãe-de-santo teve depois
sua principal entidade cabocla (Juracema), confirmada na Mina por
Anastácia Lúcia dos Santos (Akiciobenã Obadelou), fundadora do
terreiro da Turquia (Fé em Deus ou Nifé Olurun). Em 1954, quando
Pai Euclides começou a preparar-se para abrir casa de Mina, já era
bastante conhecido e procurado em São Luís como curador, actividade
actualmente por ele pouco exercida, mas não abandonada, para a qual
foi preparado "no fundo" (na encantaria), segundo ele mesmo
informa, daí porque não foi "encruzado" por outro pajé.
No ano de 1980, já com vinte e dois anos como zelador de santo, Pai
Euclides teve seus santos confirmados no nagô (no Xangô de Recife),
na casa de Manoel Papai (Faran Ogun-Té), por ele, Maria das Dores
251
da Silva (Talaby Dein), Severino Ramos da Silva (Odé Akeran) e
DjaniraAlves (Omin-Bakunde). Após aquela confirmação a Casa Fanti-
Ashanti passou a orientar-se principalmente pelo Candomblé da
Bahia. já há muito admirado por Pai Euclides e adotado por um de
seus pais-de-santo pernambucanos: Raminho de Oxossi (Severino
Ramos), "Jeje-mahi cruzado com keto" (como explicou mais tarde).
Embora a "passagem" de Pai Euclides para o Candomblé tenha
provocado mudanças nas entidades espirituais de sua casa (uma vez
que passou a cultuar principalmente orixás), não afastou dela os
voduns sem correspondência directa com aqueles e nem as entidades
caboclas, que ali estiveram sempre abaixo dos voduns, apesar do
terreiro ter sido fundado pelo caboclo Tabajara. Depois da
confirmação de Pai Euclides no nagô a Casa Fanti-Ashanti passou
também a receber mais boiadeiros (na qualidade de representantes
dos orixás dos filhos Iniciados no Candomblé), homenageados no
Samba Angola (Candomblé de Caboclo), realizado para eles várias
vezes no ano. Na Casa Fanti-Ashanti, as entidades espirituais de grau
hierárquico mais alto são: Oxaguiã e Oxum (entidades principais do
pai-de-santo), e Xangô (terceiro orixá de Pai Euclides e "dono da
cabeça" de Cabeka, mãe-pequena da casa). Os caboclos de maior
prestígio na casa são recebidos por Pai Euclides: Tabajara (chefe do
terreiro), Juracema, guia de Pai Euclides (a primeira entidade
espiritual a ser por ele recebida), Jaguarema e Balanço (irmão e filho
de Tabajara). O Samba Angola é comandado por uma entidade
também recebida pelo pai-de-santo, o boiadeiro angolano conhecido
por Gentilheiro do Sol (antes nele incorporado na pajelança). A Cura,
apresentada actualmente na casa apenas uma vez por ano, por ocasião
da realização, por Pai Euclides, do ritual denominado Brinquedo de
Cura, é comandada pelas entidades espirituais conhecidas por:
Caboclo Maroto (Adamour Serra), Caboclo Guerreiro e Corre-Beirada
(António Luís), seu mestre, contra-mestre e farrista (encarregado de
divertir a assistência). Corre-Beirada (ou Corre-Beira), comanda
também na casa a festa do Espírito-Santo, realizada anualmente junto
com a festa de Oxalá, e os folguedos que ocorrem em torno dela no
mês de julho : Tambor de Crioula, Bumbaboi, Bambaê de Caixa e
outros. Apesar de originária do catolicismo europeu, em São Luís, a
festa do Espírito-Santo é realizada principalmente por terreiros de
Mina, no dia de Pentecostes ou por ocasião de sua festa grande. Na
Casa Fanti-Ashanti são realizados várias vezes por ano toques de
252
Candomblé para os orixás; toques de Mina para Voduns a caboclos; e
Sambas Angola, para boiadeiros e caboclos. Realizam-se também
anualmente alguns rituais públicos ligados à Mina entre eles: o
Arrambam ou Bancada (para entidades femininas infantis), e o
Canjerê ou Tambor de Borá (para entidades das matas), quando
ocorre uma procissão com a imagem de São Miguel, "patrono dos
índios e vencedor do demónio ". É promovido ainda anualmente na
casa o Baião, para as princesas da Cura e oças encantadas que vêm à
casa no ritual da bancada (Mina), e algumas vezes nos toques de Mina
(como Jarina e Elineuza, esta filha de Tabajara). A casa realiza
também em diferentes épocas do ano e durante toques de Mina,
Candomblé e Brinquedo de Cura, rituais públicos ligados à iniciação
de seus filhos; oferendas especiais a orixás (como a panela de
Iemanjá, a cesta de Oxum e o arroz de Oxalá); e o Mocambo (festa
tradicional dos terreiros de São Luís onde ocorre o pagamento dos
tocadores e auxiliares da Mina). Antes dos toques de Mina, Canjerê e
do Baião, ocorrem frequentemente na casa rezas e ladainhas católicas
"das entidades espirituais" que estão sendo homenageadas (São
Joaquim, na festa de Dadarô: Santa Luzia, no Baião: São Miguel, no
Canjerê). A casa realiza ainda muitos rituais privados e alguns rituais
públicos não festivos como Tambor de Choro ou Axexê (ritual
fúnebre). Como geralmente ocorre nos terreiros de Mina tradicionais
não são realizadas na Casa Fanti-Ashanti sessões de trabalho. As
consultas e tratamentos ali realizados são feitos de forma reservada,
em horários previamente combinados, e apenas o jogo de búzios "tem
preço". Com a introdução do Candomblé foram suspensas quase que
inteiramente as chamadas de entidades espirituais da Mina, para
atendimento de casos particulares, e os tratamentos da Cura
(pajelança), que conforme Pai Euclides trazem a ele menor
compensação económica. Até 1980 (quando Pai Euclides teve suas
entidades africanas confirmadas no nagô), a Casa Fanti-Ashanti
possuía na Mina seis filhos com iniciação completa. No período 1981-
1988 a casa iniciou vinte e quatro iaôs no Candomblé (oito dos quais
de Belém), e quatro vodunsis na Mina (duas das quais residentes fora
de São Luís). A Casa Fanti-Ashanti mantém boas relações com os
terreiros de São Luís, quer com as centenárias Casa das Minas e Casa
de Nagô, quer com casas mais novas, razão porque Pai Euclides
oficiou os rituais fúnebres de importantes mães-de-santo como
Mundica Tainha e Margarida Motta e passou a zelar pelo terreiro
253
desta última e pelo da Turquia, de Mãe Anastácia, também falecida
(ambos com vários filhos em Belém)”.
Bibliografia
CARVALHO, Maria Michol P. de, O Divino maranhense no espaço sagrado das
casas de culto afro, in Boletim da Comissão Maranhense de Folclore, v. 46 (Jun. 2010),
p. 9-12 e v. 47 (Ago. 2010), p. 9-12; FERRETTI, Sérgio, A Festa do Divino Espírito Santo
nas Casas de culto afro do Maranhão, in Boletim da Comissão Maranhense de
Folclore, v. 55 (Dez. 2013), p. 3-6
Discografia
Caixeiras da Casa Fanti-Ashanti tocam e cantam para o Divino, S. Paulo, Itaú
Cultural / Associação Cultural Cachuera, 2002
Caxias
Município onde se realiza a Festa do Divino (Projecto Divino
Maranhão 2005). Uma das várias festas em louvor do Divino Espírito
Santo que se realizam na cidade é organizada por D. Liodina Souza de
Oliveira que diz ter recebido a "Divindade" [Divino] de seus sogros,
cunhado e marido. No período compreendido entre 16 e 25 de
Setembro, a casa de D. Liodina, sita no bairro Alto Siriema (Travessa
do Cajueiro, 1072), acha-se permanentemente enfeitada com
bandeirinhas. Montado na sala principal, tem um altar confeccionado
com talo de babaçu e papel de seda, em cujo eixo se observa uma salva
com imagem de gesso do Divino Espírito Santo, oriundo, há muitos
anos, do Juazeiro do Ceará. Completam o altar latas de óleo com flores
de papel de seda, uma imagem de gesso de São Jorge, quadros com
imagens de Santa Bárbara, Santa Luzia e São Francisco. O festejo
consta de uma novena antecedida e sucedida pelo toque das caixas e
cânticos dos foliões, culminando com um leilão. D. Liodina tem dois
auxiliares, ou "foliões", que são os caixeiros, um bandeireiro e quantas
rezadeiras compareçam.
No Dia de Finados, ao anoitecer, dois grupos que festejam a
"Divindade" [Divino] na cidade, e são requisitados pela população
para cantar aos seus mortos, diante das sepulturas, encontram-se no
cemitério do Matadouro, no bairro da Siriema, que fica
completamente iluminado pelas velas dos inúmeros participantes no
rito fúnebre. Com suas caixas, os auxiliares, acompanhados pelo
bandeireiro e rezadeiras, fazem rimas tristes de improviso com o
nome do morto homenageado:
254
Ô Divino Espírito Santo
Ô vê a sua bandeira
Ô vê a sua bandeira
Ô pela casa eu vou entrando
Ô pela casa eu vou entrando
Vou festejar Seu Divino
Vou festejar Seu Divino
Ô mais se a morte fosse moça
Ô mais se a morte fosse moça
Eu me casava com ela
Eu me casava com ela.
255
Mas ô João Pedro como é penoso
Uma dor no coração
eu não poder lhe dar a vida
mas tá debaixo do chão.
256
Ô adeus cemitério…
nas horas de Deus amém
agora eu vou cantar
mais ainda hoje não cantei
oferecer a cantoria
que eu não ofereci.
Eu ofereço a cantoria
mais ao Divino também
eu dou adeus pros irmãos mortos
até o ano que vem.
257
aonde mora Deus Divino
e a Santíssima Trindade
A patroa dê licença
em cantar no seu altar
que cantar sem pedir licença
é falta de educação.
Companheiro é pedir
no meio deste salão
pedindo a vossa licença
licença pra saber da sua certeza
de dá licença ou não.
Bibliografia
GONÇALVES, Jandir, Os Foliões da Divindade e rezadeiras na Cidade de
Caxias, in Boletim da Comissão Maranhense de Folclore, v. 2 (Ago. 1994);
GONÇALVES, Jandir / OLIVEIRA, Lenir, Os Foliões da Divindade no Cemitério dos
Caldeirões, in Boletim da Comissão Maranhense de Folclore, v. 12 (Dez. 1998)
Cedral
Município onde se realiza a Festa do Divino (Projecto Divino
Maranhão 2005).
Ceptro
Também denominado *Ceptro Real. Bastão de prata pertencente às
*Posses do Império. Referem-se-lhe as seguintes quadras: Arreda,
povo arreda / Deixa os Impérios passar / Passa o ceptro passa a
coroa / Passa o Império Real; Entrega Imperador / este lindo ceptro
Real /Que usou na sua mão / Divino celestial.
Ceptro Real
*Ceptro.
258
Ciganagem
Recolha de oferendas em dinheiro, ou espécie, realizadas durante a
festa por adolescentes e crianças, sempre sob a supervisão das
Caixeiras.
Codó
Município onde se realiza a Festa do Divino (Projecto Divino
Maranhão 2005).
Conceição do Salazar
Saindo de Guabiraba com o marido, após o falecimento de seus
sogros, D. Liodina festejou a "Divindade" [Divino] nos Municípios de
*Coroatá e de Conceição do Salazar, onde viveu antes de se radicar em
*Caxias. *Seriema.
Coroa
Também Coroa de Espírito Santo, Coroa do Divino, Coroa do Divino
Espírito Santo, Coroa Divina, Croa Divina, Coroa Verdadeira, Divina
Coroa, Divina Santa Coroa, * Santa Coroa, *Santa Coroa Divina, etc.
Insígnia em metal, pertencente às *Posses do Império, destinada a ser
colocada na cabeça do *Imperador (*Coroar). Quando transportada
sobre uma salva ou exposta no *altar da *Tribuna é uma representação
simbólica do Divino Espírito Santo, sendo denominada *Santa Croa:
259
Ai a Coroa do Divino Espírito Santo
Ai é bonita é formosa
ai mais bonita ela fica
Ai quando se enfeita de rosa.
260
Coroar
O *Imperador, ou a *Imperatriz, são cerimonialmente coroados
durante a missa de Domingo de Espírito Santo pelo sacerdote
oficiante: Domingo de Esprito Santo / Teve um grande paladar /
Logo no entrar da missa / Quando o padre vai croar.
Coroatá
Saindo de Guabiraba com o marido, após o falecimento de seus
sogros, D. Liodina festejou a "Divindade" [Divino] nos Municípios de
Coroatá e de *Conceição do Salazar, onde viveu antes de se radicar em
*Caxias. *Seriema.
Corte
Designação da *Tribuna uma vez instalado nela todo o *Império.
Corte imperial
Conjunto dos componentes do *Império.
Cortejo
Deslocação processional do *Império, após o termo da missa de
Pentecostes, da igreja até à casa da Festa. Evento, acompanhado por
bandas de música e foguetes, geralmente, muito participado pelo povo
anónimo. Pode dar-se o encontro dos cortejos de duas casas (Casa das
Minas e Casa de Nagô), ocorrendo então a cerimónia de cruzamento
das bandeiras. Cruzam-se e descruzam-se as bandeiras, separando-se
os cortejos que seguem até às respectivas casas. Na chegada a casa, as
caixeiras retomam os toques com o *Espírito Santo Dobrado, para
solicitar à dona da casa que receba o Império:
261
distribuídas esmolas a doze pobres: "como se fossem os doze
apóstolos”. Diz D. Celeste: “[...]. Aqui em casa, antes de entrar com a
missa para a visita do mastro, eu distribuo uma cesta básica para os
pobres, eu mando fazer umas sacolas onde coloco a pombinha e o
dizer "Viva o Espírito Santo." (Gouveia, 2001, p. 56).
Criuva
Município onde se realiza a Festa do Divino.
Dama
Dignidade do *Império. O mesmo que *aia. Adolescente do sexo
feminino, correspondente ao *Vassalo, do sexo masculino.
Derrubada do mastro
Também derrubamento do mastro. Antes do início da derrubada
decorre, em algumas casas a cerimónia do *serra-o-pau ou *serra-
toco, quando as caixeiras e alguns convidados simulam cortar o
mastro dando, cada um, três golpes leves de machado no tronco. Só
então começa o processo do derrube, cerimónia que exige força e
destreza, para evitar a queda brusca do mastro. Usando cordas e
tesouras para sustentá-lo, os homens cavam o buraco onde estava
fincado o mastro e, lenta e progressivamente, deixem que ele se
incline, enquanto as mulheres acompanham a cerimónia tocando
Nossa Senhora da Guia e lamentando a derrubada:
262
Se eu pudesse, Oliveira.
Tu não ias para o chão
Mas tu vais ficar guardado
Dentro do meu coração.
Derrubamento do mastro
*Derrubada do mastro, *Queda do mastro.
Divino de oliveira
Designação do *mastaréu, ou bandeira, fincada no topo do *mastro
(*Oliveira):
Doce de espécie
Doce típico das festas do Divino Espírito Santo de *Alcântara. Assume
a forma de animais e plantas, sendo confeccionado com massa de trigo
e doce de coco.
Domingo de Pentecostes
Domingo do Espírito Santo. Dia grande da festa do Divino (iniciada no
sábado de Aleluia).
263
Domingo do Meio
Domingo entre a quinta-feira de Ascensão e o domingo de
Pentecostes. Em *Alcântara, o *Imperador visita o *Mordomo-Régio e
os mordomos-baixos. Depois, comparecem todos à missa das dez, com
grande séquito.
Dona Teté
Primeira Dama do *cacuriá, afamada percussionista a quem anda
creditada a criação do ritmo, bem assim como a responsabilidade da
introdução dos novos instrumentos na dita coreografia maranhense.
264
Embaixador
Outro nome do *Tirador, folião que canta a solo versos repetidos em
coro pêlos demais integrantes da *Folia.
Entrega do posto
Ocorre quando o *Império entrega as insígnias que caracterizam a
hierarquia das suas funções. *Entrega das Posses Reais, *Passamento
das Posses, *Repasse das Posses Reais.
Escoteiro
Aquele que tira jóia (*tirar jóia) sem acompanhamento das caixeiras
(sem a caixa).
Esmola
Pedido de contribuição em dinheiro ou espécie (*Tirar jóia) para a
realização da festa do Divino:
Espada
Arma simbólica, pertencente às *Posses Reais do *Império:
265
Espírito Santo compassado
Variante do cântico *Espírito Santo dobrado, em ritmo mais lento.
Estado-maior
O mesmo que *Batalhão:
Estado-maior
Saia para fora
É o saque da bandeira
Estado vamos embora.
Fechamento da Tribuna
Assinala o encerramento solene da festa do Divino. Cânticos
interpretados na ocasião:
O Divino se despede
Nesta hora de alegria
Se despede e vai deixando
Esta rica companhia.
266
Ferro
Instrumento composto por uma ou duas campânulas de metal,
percutidas por um pedaço de metal ou de madeira de forma a marcar
um padrão rítmico recorrente (ostinato), o qual determina o ritmo
dos tambores. Denominado o "maestro da orquestra", por Pai
Euclides, e tradicionalmente associado ao orixá Ogum, deus do ferro e
da metalurgia. Na *Casa das Minas, chama-se-lhe *gã e *ogã, sendo
instrumento privativo das mulheres (*gantó).
Festa da Zidória
*Cantanhede.
Festeiro
Responsável pela realização da festa do Divino:
Fita
Faixa de pano pertencente às *Posses Reais:
Folia do Divino
Grupo andarilho de devotos do Divino que, sob a sua bandeira e
fazendo-se acompanhar por instrumentos musicais, cantam versos
precatórios em louvor do Espírito Santo, angariando donativos para a
festa e publicitando-a, entre os domingos de Páscoa e o de
Pentecostes. Independentemente das designações particulares que
possam assumir os seus integrantes, são, invariavelmente, quatro ou
cinco, pelo menos, todos com competências específicas: o Folião
responsável pelo grupo, vários músicos-cantores (sanfona, violão,
cavaquinho, pandeiro, triângulo, xique-xique, caixa, etc.), o *Tirador
ou *Embaixador, que canta a solo (versos repetidos em coro pelos
267
demais) e o *Porta-bandeira ou *Bandeireiro que também recebe e
colecta os donativos. No Maranhão, a folia é exclusivamente composta
por mulheres, as *Caixeiras do Divino, caso inusitado no Brasil, à
excepção da folia do bairro do Tejuco, em São João del-Rei (Minas
Gerais). *Tirar jóia.
Folioa
Título adoptado pelas *Caixeiras do Divino para se autodesignarem:
Gã
Campanula de ferro percutida com um pedaço de metal. O *ferro na
*Casa das Minas. É tocado com um *aguidavi, sendo instrumento
privativo das mulheres (*gantó).
Gambitos
*Vaquetas, *vanquetas.
Gantó
Tocadora de *gã.
Goiabal
Bairro de *São Luís de Maranhão, onde a festa do Divino é organizada
por Dona Nilza. A Festa do Espírito Santo patrocinada por Dona Nilza
homenageia os arcanjos Miguel, Rafael e Gabriel e também São
Benedito e Nossa Senhora de Fátima. Este Império veste de branco ou
de azul, em anos alternados. No primeiro dia, realiza-se a *Abertura
da Tribuna, o *Levantamento do mastro e um *Tambor de crioula que
começa por volta de 22 horas. Nesta festa, o Imperador visita a
Imperatriz e o *Mordomo-régio visita a *Mordoma-régia,
acompanhado de muitos foguetes, pois, segundo Dona Nilza: "O
Espírito Santo gosta de ser festejado com muita zoada". A festa
termina na segunda-feira, com o *roubo do Império, o derrube
(“derrubamento”) do mastro e o encerramento (“fechamento”) da
tribuna. O roubo consiste em esconder peças de roupa, coroa e outros
268
pertences dos participantes pela dona da festa, que os distribui por
diferentes locais. Compete às caixeiras e às crianças procurar os
pertences roubados com muito movimento de danças, bebidas e
brincadeiras, no decurso das quais recebem jóia (doces, bebidas, etc.).
No dia seguinte é o grande dia das caixeiras e de todos quantos
participam da organização da festa, conhecida como *carimbó das
caixeiras.
Bibliografia
SILVA, Josimar Mendes, Festa do Divino Espírito Santo do Goiabal: uma
abordagem histórica, 1997 [monografia de conclusão do curso de História na UFMA]
Guabiraba
Município onde os sogros de D. Liodina (*Caxias) celebravam a
“Divindade” (Divino), de quem ela herdou a devoção (*Coroatá,
*Conceição do Salvador).
Guimarães
Município onde se realiza a Festa do Divino.
Hino da missa
Designação de um dos toques do vasto repertório musical do Divino:
*Espírito Santo dobrado, *Alvorada, *Alvoradinha, *Santana, *Nossa
Senhora da Guia. *Viva o Hino.
Humberto de Campos
Município onde se realiza a Festa do Divino (Projecto Divino
Maranhão 2005).
Icatu
Município onde se realiza a Festa do Divino (Projecto Divino
Maranhão 2005).
Imperador
Principal protagonista masculino do *Império do Divino, figura do
Messias e responsável pelas despesas da festa. *Alcântara, *Imperador
269
do Trono, *Imperador-festeiro, *Periá. Reportam-se-lhe as seguintes
quadras:
Imperador do Trono
Criança ou jovem, integrante do séquito do *Imperador (geralmente
seu filho, neto, ou parente), que comparece a todos os eventos em sua
representação e pode até ocupar o seu lugar na *Tribuna. O menino
farda de branco, “com alamares ou botões dourados” e faz-se
acompanhar por dois vassalos (no caso da *Imperatriz, duas aias e um
vassalo).
Imperador-festeiro
Regra geral, um adulto, designado enquanto responsável máximo da
festa do Divino. Pode ser representado pelo *Imperador do Trono.
Imperatriz
Principal protagonista feminina do *Império do Divino (*Alcântara),
figura do Paracleto e responsável pelas despesas da festa:
Império
Designação do conjunto de indivíduos (*mordomo e *mordoma) que
constituem a corte do *Imperador, ou da *Imperatriz (corte imperial):
270
Imperatrizes de Guimarães e de Alcântara
271
Deixa Império passar
ele vai pra sua ermida
Pra fazer pelo sinal.
Império Real
*Império.
Isidória Lopes
*Cantanhede, *festa de Izidória, *pau de Zidória, *Zidória.
Itapecuri-Mirim
Município onde se realiza a Festa do Divino (Projecto Divino
Maranhão 2005).
Jóia
*Esmola. *Tirar jóia, *tirar-jóias.
Juiz
Adulto, homem ou mulher, encarregado de todas as funções
protagonizadas pelo *Imperador, ou *Imperatriz, quando este cargo é
assumido por crianças.
Também designa a função honorífica e permanente consignada aos
Imperadores de festas anteriores, os quais, dessa forma, “continuam
na festa como festeiros”.
272
Ladainha
Em *Alcântara, depois do jantar, enquanto os convidados jantam,
todo o Império ocupa os respectivos assentos na *Tribuna para a
recitação da ladainha:
Lava-pratos
Denominação do dia que sucede ao do termo da festa. *Enterro dos
ossos.
Leitura do Pelouro
Derradeiro ritual da festa do Divino, concretizado na igreja, após a
procissão do Divino Espírito Santo. Com a leitura do *Pelouro,
consignando a relação das pessoas indigitadas para promover a festa
do ano seguinte, inicia-se um novo ciclo festeiro.
Levantamento do mastro
Na *Casa de Nagô, no momento do Levantamento do mastro, os
assistentes, são brindados com bolinhos de tapioca e bombons,
lançados do alto da casa ou de árvores.
O levantamento do mastro é um momento de grande expectativa,
tensão e euforia. Para o efeito, são preparadas três ou mais tesouras
(dois grandes pedaços de madeira em forma de cruz, amarrados ao
meio com cordas de armar rede), que ajudam a distribuir o peso do
mastro. Para erguê-lo, são amarradas nele quatro grandes cordas,
puxadas conjugadamente por vários homens. Durante o processo,
muitos rezam e pedem para que tudo decorra sem incidentes. Quando
o mastro se encontra totalmente erguido, são disparados foguetes,
ouvem-se aplausos e os mais emotivos chegam a chorar. O cântico
273
específico que acompanha o Levantamento do mastro denomina-se
Nossa Senhora da Guia:
Licor
Licores de sabores variados são característicos das festas do Divino em
*Alcântara.
Mastarel
O mesmo que *mastaréu. Reporta-se-lhe a seguinte quadra:
274
Pra servir de mastarel
Na festa do Imperador.
Mastaréu
Pequeno mastro giratório, fincado no topo do *mastro do Divino e
encimado por uma bandeira pintada com a pomba e a coroa do
Divino:
Mastro bento
Reporta-se-lhe a seguinte quadra:
Mastro do Divino
O mesmo que *Mastro Bento, *Cantanhede, *Mastro de oliveira,
*Oliveira, *Pau de Izidória, *Torre de Jerusalém. Um dos elementos
simbólicos de maior relevância nos Impérios, uma vez que assinala a
hierofania que demarca o espaço sagrado do Divino. Tronco árvore,
liso e direito, de seis a oito, ou mais, metros de comprimento, ornado
275
ou pintado (branco e azul, ou branco e vermelho), erguido em praça
pública (*Levantamento do mastro), mas mais habitualmente, diante
da casa que organiza a festa, assinalando o local da sua realização: Lá
vai o pombo voando / Oi por cima da laranjeira / Foi voando e foi
dizendo / Oi via o Mastro e a Bandeira. O de *Alcântara é
desembarcado, na véspera da Ascensão, em Porto do Jacaré
(*Alcântara), sendo imediatamente ornamentado com ramos de
murta. Este tronco é conduzido aos ombros de uma vintena de
devotos, sendo cavalgado por todas as crianças presentes entre os 8 e
os 10 anos. A multidão percorre muitas ruas, detendo-se à porta dos
Mordomos, antes de alcançar o local onde o mastro será fincado e
enfeitado com cachos de bananas e cocos, espetando-se-lhe no topo
uma bandeira com a coroa pintada (*Mastaréu, *mastarel).
276
qui a natureza botou (arei, are-e-e-ei-a)
Para mim selvi de mastro (arei, are-e-e-ei-a)
Para o nosso Imperadô (arei, are-e-e-ei-a).
Te batizo Oliveira
Com toda a tua formosura
Não te dou os santos óleos
Porque não és criatura.
Mastro de oliveira
Reporta-se-lhe a seguinte quadra:
Matança
O mesmo que *matutagem.
Matinha
Município onde se realiza a Festa do Divino (Projecto Divino
Maranhão 2005).
277
Matutagem
O mesmo que *matança. Morte e esquartejamento cerimonial do boi
que será servido como alimento durante a festa. O ritmo e a sequência
do ritual é marcado pelos toques e cânticos das *Caixeiras do Divino.
Cântico para orientar a matutagem:
Mesa do Império
*Santana. Eis uma quadra de D. Jacy, alusiva à Mesa do Império:
Mestre-sala
Adulto que zela pelo cumprimento das orientações das Caixeiras do
Divino:
Mestre-sala-mor
Em *Alcântara, a eleição dos integrantes do *Império é realizada (ora
mediante as promessas dos próprios, ora por escolha ou acordo) e
comunicada à comunidade pelo *Mestre-sala, localmente denominado
Mestre-sala-mor.
278
Miranda do Norte
Município onde se realiza a Festa do Divino.
Mirinzal
Município onde se realiza a Festa do Divino (Projecto Divino
Maranhão 2005).
Missa do Fogo
Realiza-se no sábado de Aleluia, em *Alcântara. Assinala o início do
período durante o qual os festeiros esmolam (recolhem donativos
destinados aos festejos). Ao conduzirem o Espírito Santo, sob a forma
de uma *pomba até ao altar, antes da missa, os festeiros confirmam o
seu compromisso com o Divino.
Missa solene
Climax da Festa que se realiza no dia imperial, por excelência, o
domingo de Pentecostes, ou em outra data definida pelo(a) festeiro(a).
Decorre numa Igreja onde o Império, as caixeiras, devotos e pessoas
amigas participam da Missa que assume um tom solene. As crianças,
pela primeira vez, usam as roupas do Império do ano, sendo
279
investidas no poder de realeza. A Missa solene culmina no cortejo do
Império até à Casa da Festa, evento acompanhado pelo toque das
caixeiras, algumas vezes alternado com banda de música e muito
foguetório. A chegada à Casa da Festa é marcada por emoção: o
Império saúda o *mastro e a Corte assume a *Tribuna, sob o toque a
um tempo alegre e pomposo das caixeiras. Cada membro do Império
oferece aos participantes na Festa uma mesa regiamente preparada
com bolo confeitado e lembranças das cores da sua roupa, numa
disputa, por vezes ostensiva, com os demais em termos de beleza e
fartura.
Mordoma
Integrante do séquito Imperial no *Império de *Alcântara e a primeira
em ordem de importância, depois da *Imperatriz. Em ano de
Imperatriz, desempenha a função que compete ao *Mordomo, em ano
de *Imperador,. *Mordoma-Régia.
Mordoma-baixa
São seis as intervenientes no *Império de *Alcântara (*Maranhão),
assim denominadas.
Mordomo
Integrante do séquito Imperial no *Império de *Alcântara e o primeiro
em ordem de importância, depois do *Imperador (*Mordomo-Régio).
Em ano de Imperatriz, desempenha a função que compete ao
*Mordomo, em ano de *Imperador:
Mordomo-baixo
São cinco os intervenientes no *Império de *Alcântara (*Maranhão),
assim designados.
Mordomo-baixo do Trono
Comparece a todos os eventos em representação do *Mordomo-baixo.
280
Mordomo-celeste
Cada casa que organiza a festa do Divino adopta variantes
hierárquicas: *mordomo(a) de linha, *mordomo(a)-celeste,
*mordomo(a)-Real, etc. Tal circunstância há-de determinar a
hierarquia a percorrer pelas crianças até atingirem o estatuto de
*Imperador, ou *Imperatriz. Isto porque, na *Casa das Minas, a
preparação das crianças para integrarem o *Império dura cinco anos:
Começa por ser *Terceira-mor, passa no ano seguinte a *Segunda–
mor e no 3º ano, a *Primeira-mor.
Mordomo-mor
Segundo(a) mordomo(a) em importância depois do *Mordomo-Régio.
Reporta-se-lhe a seguinte quadra:
Mordomo-Real
*Mordomo-celeste.
Mordomo Régio
O mais importante integrante da *Corte Imperial, após o *Imperador.
Em *Alcântara (Maranhão) assessora o Imperador. Em ano de
Imperatriz, o cargo é desempenhado por uma *Mordoma.
281
Que chegou de Portugal.
Ogã
Tocadora de *ferro. O mesmo que *gã.
Oliveira
Uma das denominações do *mastro do Divino, em algumas casas de
culto:
Levantamos oliveira
Com grande satisfação
Divino subiu ao céu
alegrando o coração.
Te baptizo, Oliveira
Com toda a tua formosura
Não te dou os santos óleos
porque não és criatura.
Orixá
Em *Alcântara, a pomba do Espírito Santo é identificada com o orixá
*Oxalá.
Oxalá
*Orixá com o qual a pomba do Espírito Santo é identificada em
*Alcântara.
Paço do Lumiar
Município onde se realiza a Festa do Divino (Projecto Divino
Maranhão 2005).
Padrinhos do mastro
Compete-lhes obter o *mastro do Divino e responsabilizar-se pela sua
ornamentação:
282
Vinde os padrinhos do Mastro
agora eu quero falar
Para receber seu afilhado
Para o ano baptizar.
Palmeirandia
Município onde se realiza a Festa do Divino (Projecto Divino
Maranhão 2005).
283
A cerimónia termina com o canto da caixeira para os demais festeiros,
incluindo os *Padrinhos do mastro e da Tribuna, anunciando a última
etapa da festa, o *Fechamento da Tribuna.
Passarinho
Nome dado ao indivíduo preso, durante o ritual da *prisão, até ao
pagamento da prenda ou *jóia:
Passarinho tu tá preso
No galho do limoeiro
Se tu quiser que te solte
Puxa pelo teu dinheiro.
Pau de Izidória
O *Mastro do Divino em *Cantanhede. *Isidória Lopes.
Pé quebrado
Verso errado, ou que não rima:
Peji
Um dos três espaços simbólicos do *Tambor de Mina (os dois outros
são o *Terreiro e o *Barracão), apenas acessível ao chefe da casa, ou ao
filho mais conhecedor (em regra, o mais velho) dos preceitos rituais.
Também denominado *Quarto dos segredos. No peji acham-se
guardados elementos rituais secretos, como os relativos às entidades
da casa, suas ferramentas, oferendas e pedras sagradas.
Pelouro
Também *Piloro. Rol dos nomes dos festeiros escolhidos ou sorteados
para a festa seguinte. Essa relação é divulgada pelo Padre, durante a
missa, no derradeiro dia da festa. *Leitura do Pelouro.
284
Penalva
Município onde se realiza a Festa do Divino (Projecto Divino
Maranhão 2005).
Periá
Povoado do município de *Humberto Campos. A Festa do Divino tem
a duração de três dias, sendo organizada por uma comissão da igreja
católica, constituída por membros da família Espíndola e por outros
promesseiros, ou festeiros. Até 1976, decorria durante a Lua Cheia de
Novembro, porém, com o advento da luz eléctrica seria transferida
para derradeira semana do mesmo mês, ou para a primeira de
Dezembro. A Festa do Divino de Periá movimenta toda a população da
região envolvendo os municípios de *Primeira Cruz e de Humberto de
Campos, bem assim como a de outras localidades vizinhas. São da
terra as Caixeiras que participam e, a maioria delas, netas e bisnetas
de D. Bela. A coroa é enviada para Humberto de Campos para ser
enfeitada, regressando a Periá numa 6ª feira e sendo recebida com
foguetes e toque das Caixeiras. No mesmo dia é levantado o *Mastro
do Divino, defronte da igreja. No sábado, realiza-se a missa da
coroação do *Imperador, o qual, à saída dela é saudado por dois
espadeiros que cruzam as suas espadas, formando uma *abóbada de
aço, sob a qual ele passa. Consta que tais espadas, que possuem uma
coroa gravada no cabo, foram um presente da Princesa Isabel (?). À
noite, há, novamente, missa, finda a qual o Imperador segue para a
casa do trono na companhia das Caixeiras, do mestre-sala e do povo,
que sai em procissão para tirar a licença de visita. Durante as visitas
são servidos muitos doces e bebidas. No domingo, após a missa das 9
horas, é realizado um leilão no largo da Igreja, revertendo o produto
dele em benefício da paróquia. Pela tarde, organiza-se uma reunião
para passar o trono para o próximo Império e, à noite, ocorre o
*Derrubamento do mastro com distribuição de doces, bebidas e
lembranças. Na segunda-feira, o *Lava-pratos, inclui festa que dura o
dia inteiro.
Piloro
*Pelouro.
Pindaré-Mirim
Município onde se realiza a Festa do Divino.
285
Pinheiro
Município onde se realiza a Festa do Divino (Projecto Divino
Maranhão 2005). Crê-se, não obstante não existam nem registos nem
relatos a esse respeito, que as festas em louvor do Divino Espírito
Santo chegaram a Pinheiro no século XIX por influência de uma Folia
do Divino que regularmente visitava o município para recolher
donativos. Sabe-se que na década de 1920, D. Madalena Peixoto,
moradora na Rua do Cemitério já realizava a festa na sua residência,
com significativa afluência da população local. Porém, só em 1924,
conforme relato da Sra. Inez Loureiro, uma grande festa foi instituída
regularmente por iniciativa de D. Petronila Durans ou D. Pituca, tendo
D. Francisquinha Castro e D. Amélia Ubaldo sido escolhidas para
Mordomas-régias. Cada uma delas dispunha de uma aia, sendo que a
de D. Amélia foi a menina Severa Pessoa, enquanto Geny Jinkings foi
a aia de D. Francisquinha. D. Pituca caprichou na decoraçãoda Sala do
Trono destinado à Imperatriz, cuja escolha recaiu na menina Flora
Durans. Da mesma forma, as Mordomas prepararam salas e Tronos
para as respectivas aias. Uma novena nocturna precedia o dia da
Festa. Após as rezas e a dança das caixeiras e bandeiras, eram servidos
chocolate, b0los e doces variados, decorrendo também as brincadeiras
de pau de sebo e da prisão, no mastro, com pagamento de prendas. No
domingo de Pentecostes, após a missa solene, na matriz, todos
participavam no grande almoço, confeccionado com as doações
recolhidas durante o período que antecedia a festa. A Imperatriz
costumava levar, em cortejo, o almoço aos presos, na cadeia pública,
na Praça da matriz. Durante a década de 1940 e início da de 1950, a
festa do Divino continuou a ser realizada segundo a mesma tradição,
por D. Galiana e D. Rufina que residiam à antiga Faveira. Mais
recentemente, a responsabilidade ficou com D. Iponina Cruz assumiu
a responsabilidade, tentando conservar a tradição.
Bibliografia
ALVIM, Aymore de Castro, A Festa do Divino em Pinheiro, in Boletim da
Comissão Maranhense de Folclore, v. 50 (Ago. 2011), p. 13
Pomba
Em *Alcântara, os mordomos recebem pombas, em tamanho natural,
de gesso, ou de madeira. Barbosa (2005, p. 37) regista a interpretação
do dogma da Trindade feita por uma caixeira, asseverando que “seu
286
encantado é o pombo que voa, ou pombo roxo, que forma uma
Trindade com o pombo branco e o pombo pedrês”.
Pombo
Também Pombo branco e pombinho. Figura simbólica do Espírito
Santo:
Porta-bandeira
*Bandeireira.
Porto Franco
Município onde se realiza a Festa do Divino.
Posses Reais
Conjunto de objectos, indumentária e paramentos que simbolizam o
poder Imperial, tais como *coroa, *ceptro, *bandeira, *fita, *espada,
*almofadão. O *Passamento das Posses, ou *Repasse das Posses Reais,
é um evento solene e muito emotivo.
Prenda
Quantia em dinheiro paga pelo *passarinho para ser libertado da
*prisão.
287
Preso
*Prenda, *prisão.
Primeira-mor
Na *Casa das Minas a preparação das crianças até estarem aptas a
integrar o *Império dura cinco anos. Começam por ser *Terceira-mor,
passam a *Segunda-mor, para no terceiro ano serem Primeira-mor.
Prisão
O mesmo que *amarração ao mastro. Costume praticamente extinto,
ainda observado em *Alcântara. Durante a tarde do domingo de
Pentecostes é decretada a “prisão” de uns quantos Mordomos da festa
de Alcântara. À ordem do Imperador, este dirige-se, com o seu
séquito, a casa de alguns deles, para “prendê-los”. Cada preso
incorpora-se no cortejo, ao som das cantigas das Caixeiras e gritos do
povo. Por fim, são conduzidos até junto do *Mastro do Divino, onde,
para se “libertarem”, têm de pagar uma *prenda ao Espírito Santo.
Além dos mordomos escolhidos, também são susceptíveis de ser
punidos com prisão todos os infractores de determinadas regras de
comportamento na *Tribuna (fumar, cruzar braços e pernas, usar
vestido acima do joelho, etc.). Numa entrevista, D. Fausta descreveu
os procedimentos associados a uma prisão: “[…] A gente vinha com a
bandeira vermelha, cobria aquela pessoa e as caixeiras rufavam as
caixas, ou então se prendia com a fita vermelha, O imperador vinha
com a imperatriz e amarrava aquela pessoa com uma fita vermelha,
então aquelas pessoas que estavam sendo presas recebiam um monte
de versos improvisados pelas caixeiras e essa pessoa presa, que eles
chamavam de passarinho, teria que dar uma prenda” (cf. Pacheco,
Gouveia, Abreu, 2005, p. 40). Vieira Filho descreve esse momento da
festa, enquadrando-o no âmbito da louvação ao mastro (1974, p. 58).
Quadra alusiva:
Passarinho tu tá preso
Te livra dessa prisão
Se tu não tiver dinheiro
Manda chamar teus irmão.
Procissão
*Cortejo.
288
Promessa
Regra geral, a festa do Divino é ocasião para pagamento de promessas,
e doação de dinheiro, géneros e tempo. De facto, muito tempo é
necessário à preparação do evento (decoração das casas e ruas,
confecção de licores e doces, etc.). Segundo Abraão Teixeira, *Isidória
Lopes (*Cantanhede) afectada por um sério problema de saúde, terá
feito promessa ao Divino de promover os festejos em sua honra caso
ficasse curada, e enquanto gozasse de saúde. *Festa da Izidória,
*Zidória.
Queda do mastro
*Derrubada do mastro, *derrubamento do mastro.
Quinta-feira de Ascensão
Início oficial dos festejos do Divino, em *Alcântara. Principia com uma
*Alvorada, às 6 horas da madrugada e uma missa pela manhã,
assinalada pela coroação do *Imperador do Trono (criança que
representa o *Imperador-festeiro) que sai em *cortejo pela cidade. À
tarde, ocorre a *Prisão dos Mordomos. Nas duas semanas seguintes os
festeiros não têm descanso. Serão rezadas missas e ladainhas todas as
noites na igreja da cidade. No *Sábado do Meio iniciam-se as *Visitas
dos Impérios, durante as quais o *Mordomo-Régio se desloca a casa
do *Imperador, o qual retribui o obséquio no *Domingo do Meio.
Reis
Denominação do *Imperador em algumas casas de culto:
289
Repasse das Posses Reais
*Passamento das Posses.
Rosário
Município onde se realiza a Festa do Divino.
Roubar Alvorada
Costume extinto só excepcionalmente observado em *S. Luís. Consiste
na visita surpresa de outra festa, para cantar *Alvorada junto a um
*mastro do Divino. Pai Euclides (*Casa Fanti Ashanti) recordou a
propósito: “As caixeiras se arrumavam, pegavam a bandeira real e iam
procurar saber onde tinha outro mastro enterrado, aí elas iam
caladinhas, sem fazer o menor barulho, chegando lá rufavam as caixas
e cantavam - isso se chamava roubar a alvorada, então nesse dia era
uma festa. A dona da festa que estava sendo roubada ia tratar todos
aqueles visitantes, providenciava logo uma coisa, era cafezinho, doce,
290
licor [...] e vice-versa, essa festa que foi roubada ela ia roubar em outra
ou até nessa mesma que roubou” (cf. Pacheco, Gouveia, Abreu, 2005,
p. 40).
Roubo do Império
Consiste em simular um roubo, escondendo peças da indumentária,
*coroa e outros pertences do *Império, os quais, os donos da festa (D.
Nilza, de *Goiabal) distribuem por diferentes casas da vizinhança.
Compete às Caixeiras e às crianças ir em cortejo procurar e recuperar
os pertences roubados. A busca e recolha deles decorre no meio de de
danças e brincadeiras, no decurso das quais recebem *jóia (doces,
bebidas, etc.).
Sábado do Meio
Sábado entre quinta-feira de Ascensão e domingo de Pentecostes.
Início das *Visitas dos Impérios, deslocando-se o *Mordomo-Régio a
casa do *Imperador. *Domingo do Meio.
Salão
Designação adoptada em algumas casas de culto para o local onde é
erguida a *Tribuna, *Trono, ou *Tribunal:
Salva
A Salva ao Divino é um dos toques específicos das caixeiras, um
cântico de saudação ao Espírito Santo, associado, ou não, a
determinado momento ritual:
Salvar
Saudar o Divino, ou o *Império com cânticos e toque de caixas:
291
Silêncio, povo, silêncio
Quero salvar nosso pai
Que tá naquelas alturas
faz balanço mas não cai.
Santa Coroa
*Coroa (*Santa Coroa Divina). Quadra alusiva:
Santa Helena
Município onde se realiza a Festa do Divino (Projecto Divino
Maranhão 2005).
Santana
O mesmo que *Senhora Santana. Cântico entoado depois da
*Alvorada, em louvor de Santana, avó de Jesus, e no qual se faz alusão
ao seu parentesco:
292
São Bento
Município onde se realiza a Festa do Divino (Projecto Divino
Maranhão 2005).
293
São José de Ribamar
Cidade sede de um Município do Estado do *Maranhão. Cultua o
Divino durante o Pentecostes (Projecto Divino Maranhão 2005).
São Luís
Município do Estado do Maranhão. Não obstante a origem comum e a
proximidade de *Alcântara é possível assinalar traços distintos em
ambas as celebrações do Divino. Em São Luís, o culto é mais
evidentemente marcado pelo sincretismo religioso. A tradição
portuguesa foi profundamente influenciada pelas culturas ameríndia
e, principalmente, africana. A festa do Divino em São Luís integra um
panteão constituído pelo Espírito Santo, diversos outros santos
católicos e as divindades das casas de culto afro-maranhenses. De
facto, em S. Luís, o *Império do Divino é uma manifestação específica
dos terreiros de *Tambor de Mina organizada uma vez ao ano para
prestar homenagem à entidade mais importante do grupo, ou da Casa.
294
As festas realizadas em São Luís, na sua maior parte, promovidas por
terreiros, nem sempre tiveram o beneplácito da Igreja, nem sequer
permissão para entrar nas igrejas, havendo registo de episódios de
confrontos físicos. Actualmente, algumas paróquias já aceitam a
presença do Império e até que os cânticos sejam acompanhados pelo
toque das caixas no interior do templo, como afirma Pai Euclides, da
*Casa Fanti-Ashanti: “Hoje em dia já se faz tudo dentro da igreja, mas
isso é recente, até pouco tempo atrás tinha padre que não consentia o
império de terreiros nas igrejas. Se ficava do lado de fora, na praça,
quando a missa acabava a gente reunia os impérios e cantava para o
cortejo. Comigo aconteceu foi muito, mas teve vez que deu briga
mesmo, ia em cima e em baixo, e se você perguntar, muitos chefes de
casa vão dizer isso também. Agora, hoje tem alguns, como na igreja de
São João, de Santana, que permitem rufar as caixas dentro da igreja”.
Em S. Luís realizam-se, anualmente, cerca de 300 festas em honra do
Divino, 11 das quais no domingo de Pentecostes, de acordo com os
dados disponibilizados pelo Centro de Cultura Popular Domingos
Vieira Filho. Os demais eventos, muitos concomitantes, não ocorrem
na data tradicional, dispondo cada comunidade de um espaço próprio
para a sua realização. Uma das mais famosas festividades decorre na
*Casa de Fanti-Ashanti, fundada em 1958 pelo Pai Euclides, um dos
mais conhecidos e respeitados pais-de-santo de São Luís. É o único
terreiro de candomblé da região, o que influencia fortemente os ritos e
celebrações que acontecem na Casa. Aqui, a Festa do Divino é
celebrada no primeiro domingo de Julho, quando as tocadoras de
caixa ou caixeiras, que concorrem a várias festas na região, se
encontram disponíveis.
295
Um certo número dessas festas começa no Sábado de Aleluia (que
antecede o domingo de Páscoa) prolongando-se até à 2a feira depois de
Pentecostes (durando, portanto, mais de 50 dias). Muito embora os
principais eventos se concentrem numa ou duas semanas, algumas
actividades, como toque de caixa às 6 horas da tarde, decorrem
durante o tempo restante, aos sábados, etc. *Casa das Minas, *Casa de
Nagô, *Tambor de Mina.
296
mulatas sagicas e lestas, crioulos possantes, vária e profusa multidão
que conserva carinhosamente a tradição do Divino.
Em Alcântara, a outrora faustosa cidade de barões e doutores, a
festa do Divino é realizada com certa pompa, atraindo gente de S. Luís
e dos sítios vizinhos, que ali chega para se divertir no curso de três
longos dias. É o festejo máximo do logar, só igualado pelo de Nosso
Senhor do Livramento, na ilha defronte.
Alcântara, a bem dizer, encerra escasso interesse turístico,
apesar de ter sido considerada cidade-monumento. Afora uns
sobrados magníficos, de soberbo azulejo português, o que tem de bom
são uns ares saudáveis e uns camarões deliciosos. É uma cidade
abandonada, melancólica, vivendo do passado, cercada de ruínas
majestosas de um tempo de prosperidade e de glória. Tudo ali
ressumbra a coisas mortas e os próprios habitantes, apáticos, um ar de
tristeza colado aos rostos envelhecidos, parecem comparsas de um
drama terrível. Vivem da pesca ou do arrastamento do camarão e
muitos trabalham nas salinas, manchando a brancura do sal de
silhuetas negras e bronzeadas.
Mas, por ocasião da festa do Divino, Alcântara renasce, vibra,
relembra seus aureos tempos. Os romeiros demandam a cidade
fronteiriça em frágeis canoas escoteiras ou em pesadas lanchas,
desafiando a fúria do boqueirão e da cêrca, para injetar, por algumas
horas, sangue novo naquele burgo morto.
À semelhança do que acontece em S. Luís, muito antes da festa,
percorre as ruas de Alcântara o chamado "barulho" do Divino, bando
precatório para angariar donativos. Duas ou três pretas velhas
batendo "caixas", uma menina levando numa salva de prata a
pombinha do Divino, uma outra com uma bandeira imperial, eis a
comparsaria do "barulho". O devoto, ao dar o óbulo, beija
respeitosamente a pombinha ou coloca a salva sobre a cabeça para que
fique abençoado. As mães fazem o mesmo com os filhas pequenos a-
fim-de que tomem juíso. A respeito do "barulho" do Divino corre em
Alcântara esta lenda:
Certa vez saiu um "barulho" a tirar esmolas e alcançou uma
próspera fazenda, cujo dono era mais forreta do que Harpagon. O
"barulho", ao se aproximar, ruflando as "caixas" , foi logo dispersado a
páu por um magote de escravos. Houve pancada de cego e a muito
custo conseguiu o "barulho" escapar à fúria sangrenta dos pretos. O
castigo, porém, não tardou. Na fazenda coisas estranhas se
297
verificaram. Mal desconhecido acometia os bois, matando-os em
segundos. Galinhas, patos, perus, todas as aves do opulento terreiro,
estrebuchavam de papo p’ro ar e morriam misteriosamente. Nas
plantações o estrago não era menor. Pés de cana e de mandioca
crestavam de repente, como se estivessem sob a ação de atroz
soalheira. Cacimbas secavam, rachando a terra. O sumítico fazendeiro,
alarmado, a alma em fiapos, mandou positivos ao encalço do bando,
rogando aflitamente que voltasse para conjurar o mal. O "barulho"
atendeu e as pragas imediatamente cessaram. É crença arraigada de
que aquele que nega uma esmola ao "barulho" sofre duros castigos!
Em S. Luís, todos os anos, assistimos a diversas festas do
Divino. As mais famosas são a da Casa das Minas e de Nagô,
organizada pelas devotas do culto fetichista, e de D. Elsa Sousa, na
Vila Passos. Além dessas, arrolamos outras festas do Divino no Areal,
no candomblé de D. Inez, na Floresta, no João Paulo e no Anil.
A festa que vamos descrever foi realizada em 1948, na casa de
D. Elsa Sousa, na Vila Passos. Esse subúrbio de S. Luís abriga em suas
casinhas modestas uma multidão de operários, lavadeiras, pescadores,
artesãos, gente miuda e simples, honrada e laboriosa.
Em casa da festeira inicia-se a abertura das "tribunas" (tronos)
do "império".
Mordomos, caixeiras, impérios, aias, bandeirinhas, todos estão
presentes. Escolhido o local onde ficará assentado o trono, as caixas
rompem num batido sêco, alternado com louvores ao Divino:
298
Se Espírito Santo soubesse
Quando era vosso dia
Descia do céu a terra
Com prazer alegria.
299
Chega afinal o grande dia, o domingo do Espírito Santo. Missa
festiva é mandada celebrar pelo imperador. Em casa, ficam os que de
todo não podem sair, presos aos misteres da cozinha ou na varanda,
arrumando a mesa de doces.
Foguetes anunciam a proximidade do bando imperial, de volta
da missa. Há uma disputa de lugares às janelas. O cortejo surge na
volta da rua de terra batida. Agora ouvem-se palmas e vivas em honra
dos "impérios" que transpõem garbosos os portais da casa. Penetram
enfim na sala do santuário, onde estão os tronos. Desaba sôbre êles
um clamor de feira, que aos poucos se avoluma, faz coro com o
batecum das caixas. Domina todos os corações o insopitado desejo de
ver de perto os "impérios". O ar torna-se irrespirável. Mulatas
gordalhonas, metidas em amplos casacões suarentas e agitadas,
praguejam contra molecotes que passam agachados por entre suas
saias rendadas e tesas de goma. "Credo! Te esconjuro diabo! Era só o
que faltava". Por fim o zum-zum serena, quebra de força, morre
lentamente. Os logares, às janelas e portas, nos escarninhos da sala,
estão assegurados. Em meio ao momentâneo silêncio uma exclamação
de júbilo corta o ar. "Tá um amor a imperatriz! Benzate Deus!" As
caixeiras vibram as marretas e iniciam um baile de roda, exalçando as
virtudes dos "impérios". Destaca-se uma do círculo, dá dois passos
para a frente e dois para trás e canta:
300
Sintinela brada as armas
Sintinela alerta estou
Sou um soldado cativo
Meu general me mandou.
301
Viva a nossa imperatriz.
302
Nesse momento há a prisão de vários convidados. Consiste a
amarração ao mastro ou prisão, em colocar a vítima ao lado do mastro
e cercá-la de caixeiras. Se não pagar assume proporções de herói e é
louvado em seus atributos físicos e morais em quadrinhos
improvisadas na hora.
Finda a alvorada e recolhidas as multas dos presos os
convidados se preparam para o almoço que lembra um festim
medieval, tal a cópia de vitualhas que atulham a mesa. A bebida corre
silenciosa, sem perturbar ao ânimos. Vinho tinto, guaraná e
aguardente da terra, bebida em copos ou em cuais do Pará,
artisticamente trabalhadas.
À tardinha verifica-se o bailado das caixeiras. Diante dos
impérios bailam graciosamente, cantando e batendo nas caixas:
303
de súbito, há uma fervura de sangue, uma alegria ruidosa e
contagiante. O ar adensa-se com as respirações ansiosas, o cheiro forte
de corpos suados e vibrantes... Mas como diria Kipling, isto já é outra
história...
Bibliografia
FERRETTI, Sérgio, Festa do Divino em S. Luís, in Boletim da Comissão
Maranhense de Folclore, v. 7 (Jun. 1997); IMPARCIAL (O) (25 Jun. 1949); KEYLA,
Cristina Santana Pereira, A Festa do Divino Espírito Santo em S. Luís do Maranhão:
Teatralidade, Espectacularidade e Performance, Novas Edições Académicas, 2014;
LEAL, João, Festas do Divino em S. Luís: um retrato de grupo, in Boletim da Comissão
Maranhense de Folclore, v. 53 (Dez. 2012); PEREIRA, Nunes, A Casa das Minas, Rio de
Janeiro, 1948; RAPOSO, Inácio, Os barulhos do Espírito Santo, in Diário de S. Luís (15
Jan. 1950); SANTOS, Roza Maria, A Festa do Divino de São Luís e Alcântara – danças
de reverência, in Boletim da Comissão Maranhense de Folclore, v. 36 (Dez. 2006);
VIEIRA FILHO, Domingos, A Festa do Divino Espírito Santo, in Revista da Academia
Maranhense de Letras, v. 9 (Mai. 1954)
Discografia
PACHECO, Gustavo / GOUVEIA, Cláudia / ABREU, Maria Clara, Livro CD –
Caixeiras do Divino Espírito Santo de São Luís do Maranhão, Rio de Janeiro,
Associação Cultural Caburé, 2005
Senhora Santana
O mesmo que *Santana. A seguinte quadra reporta-se-lhe:
Senhora Santana
Preparai cueiro
Que já é nascido
Jesus verdadeiro.
Segunda-mor
Segunda participação de uma *mordoma na festa da *Casa das Minas.
*Primeira-mor, *Terceira-mor.
Séquito do Trono
Designação dos integrantes e acompanhantes do *Império durante os
cortejos (*Cortejo).
Seriema
*Caxias.
304
Serra o pau
Brincadeira que ocorre no encerramento da festa, que consiste em
simular a serração do *mastro do Divino. O mesmo que *Serra toco.
Na *Casa das Minas, a Serração do mastro decorre ao som de
aplausos. Antigamente, na Casa das Minas, o mastro era serrado em
pequenos pedaços depois distribuídos a todos os assistentes,
começando pelos membros do *Império. Actualmente, é serrado em
dois pedaços que servem de sustentação à cajazeira sagrada que existe
no pátio da casa.
Serra toco
*Serra o pau.
Subida do boi
Cortejo que ocorre em *Alcântara, no qual o animal de cada um dos
festeiros é enfeitado com fitas de papel crepom e passeado pelas ruas
da cidade, antes de ser sacrificado para se obter a carne destinada ao
*bodo. Em Alcântara, na tarde da sexta-feira que antecede o domingo
de Pentecostes, é costume ser solto nas ruas um boi bravio “[...] com
os chifre enfeitados de flores e ramagens, sustido por longas cordas e
rapazes fortes, acompanhado das caixeiras e que se destina, segundo
parece, tão-somente a assustar os transeuntes”. *Tourada à corda.
Tambor de crioula
São diversas as manifestações culturais maranhenses que incluem o
Tambor de crioula. No *Império de *Alcântara realiza-se diante da
igreja de S. Benedito, contando “com a participação de diversas
coreiras, o revezamento de vários tocadores”, além de significativo
número de outros participantes (Álvaro Roberto Pires, Nuances
culturais: o fazer festeiro de S. Luís).
Tambor de Mina
A dança religiosa afro-brasileira mais difundida no Maranhão e na
Amazónia, e muito particularmente nas cidades de *S. Luís e de
*Belém. Não convém confundi-la com o *Tambor de crioula. Com
efeito, Tambor de Mina é o nome mais comum que foi atribuído no
Maranhão à religião dos escravos, oriundos de São Jorge da Mina,
(actual Gana) que recebeu distintas denominações consoante a região
do Brasil.
305
Estrutura básica dos principais ritmos do Tambor de Mina em notação simplificada. As
notas marcadas com X correspondem ao som da percussão com menor intensidade, ou
quando a vibração da pele do tambor é ligeiramente abafada. As notas cheias denotam o
som mais grave produzido quando a pele do tambor vibra livremente
306
mata, que se assemelha ao tambor grande usado no tambor de crioula.
Na Casa das Minas Jeje, entretanto, o toque é realizado por três
tambores semelhantes aos do tambor de crioula. Os instrumentos
usados no tambor de crioula assemelham-se aos da Casa das
Minas Jeje, a diferença é que os desta têm o fundo torneado. Os de
crioula são amarrados com cravelhas, tocados só com as mãos e hoje
muitos são confeccionados com cano plástico tipo PVC […]. A situação
cénica e a postura dos tocadores também é diferente, pois na Mina
eles permanecem sentados em um banco, enquanto no de crioula o
tocador do tambor grande fica de pé, com o tambor entre as pernas,
enlaçado à cintura, sustentado por corda e os outros dois ficam
agachados ao chão, sentados sobre os instrumentos, apoiados em
pedaço de madeira. No Tambor de Mina os toques são realizados no
interior do barracão de danças dos terreiros, em cerimónias abertas ao
público. Os grupos de culto possuem estrutura organizacional
complexa, com mãe ou pai-de-santo que os chefiam, com uma
hierarquia de liderança, com calendário específico de actividades, com
rituais de iniciação, cerimónias privadas, sacrifícios de animais, uso de
símbolos definidores do grupo e outros elementos típicos dos cultos
afro-brasileiros. Os grupos de tambor de crioula, como sociedades
recreativas, têm organização mais simples. Existe um número difícil
de ser precisado de grupos de culto de Tambor de Mina, sendo
estimado cerca de mil terreiros em São Luís e outro tanto no interior.
Quanto aos grupos de tambor de crioula, atualmente há cerca de duas
dezenas cadastrados na capital e número impreciso no interior. […]”.
*Casa de Minas, *Casa de Nagô.
Bibliografia
AGENDA DE CULTURA POPULAR, in Boletim da Comissão Maranhense de
Folclore, v. 34 (Jun. 2006), p. 17; FERRETTI, Sérgio F., La Fête du Divin chez le
Tambor de Mina: une étude des rites et symboles dans la religion et culture populaire
[on-line], comunicação apresentada na Sessão Temática Les Religions afro-américaines
aujourd’hui: permanences et transformations (Universidade de Leuven, 26-30 Jul.
1999); idem, Mário de Andrade e o tambor de crioula no Maranhão, in Revista Pós
Ciências Sociais (São Luís), v. 3, n. 5 (Jan.-Jul. 2006); GOUVEIA, Cláudia Rejane
Martins, O Reinado de Vó Missã: estudo da Festa do Divino em um Terreiro de Mina
em S. Luís, Maranhão, 1997; PEREIRA, Keyla Cristina Santana, Império do Divino:
uma análise Etnocenológica das personagens da festa do Divino Espírito Santo em S.
Luís, UFMA, 2011; SILVA, Anairan Jerónimo da, O Léxico do Tambor de Mina: uma
proposta de glossário da linguagem afro-religiosa de S. Luís, Fortaleza, 2009
[dissertação de Mestrado em Linguística apresentada ao Programa de Pós-Graduação
na Universidade Federal do Ceará]
307
Terceira-mor
Primeira participação de uma *mordoma na festa da *Casa das Minas.
*Primeira-mor, *Segunda-mor.
Terreiro
Um dos três espaços principais do *Tambor de Mina (os restantes são
o *Barracão e o *Peji). Tem, geralmente, o aspecto de uma casa
comum, compreendendo várias divisões, como quarto, cozinha e sala,
especificamente destinados a práticas rituais, podendo integrar
divisões privadas para residência do chefe e de sua família. Nos
terreiros de nação Nagô, Fanti-ashanti e Jeje, a decoração inclui
artefactos de origem africana (ferramentas de divindades, vasos, ou
quadros com entidades africanas, além de imagens de santos
católicos). Já os de feição mais sincrética (menos identificados com as
nações africanas), são quase exclusivamente decorados com
iconografia tipicamente católica (quadros e imagens de santos,
rosários, etc.), excluindo quaisquer artefactos de origem africana.
308
baptizado, escolhendo-se um casal para apadrinhá-lo. Só então o
mastro é erguido em um chão vazio, em área livre, em frente ao
terreiro. Durante a semana que antecede a festa há alvorada às 6 horas
da manhã e às 18 horas ao pé do mastro com toque de caixa. O sábado
é dia de preparar o altar (*Tribuna), decorar o Barracão, enfeitar o
terreiro todo para que no domingo tudo esteja pronto para receber os
Imperadores, Mordomos-régios e Mordomos-mores. O domingo
seguinte é o grande dia da festa. A partir das 8 horas, reúnem-se todos
à entrada do *Terreiro para ir assistir à missa, celebrada na igreja de
São João às 9 horas da manhã com a presença do *Bandeireiro,
*Império (imperadores e mordomos), os anjinhos, bandeirinhas,
filhos-de-santo, inúmeros convidados e as Caixeiras, que são
imprescindíveis no cortejo. Todos capricharam nos trajes,
confeccionados com tecidos finos, rendas, pedrarias, fios de ouro,
evidenciando o luxo peculiar a um Império. Ao entrar na igreja, a
Imperatriz leva o Divino que fica dentro da coroa e o Imperador o
ceptro. Por onde passam são ambos cortejados por todos os, ora, seus
súbditos. Ao retornarem da igreja, por volta das 12 horas, é rezada
uma ladainha. Após cujo termo, as Caixeiras e as Bandeirinhas
saúdam o Divino Espírito Santo e todo o Império. É então servido o
almoço a todos, desde os Imperadores até aos curiosos que por ali
passam na ocasião. Às 18 horas realiza-se a procissão pelas ruas do
bairro, com a presença de todo o Império acompanhado pelo toque
das caixas. Na segunda-feira, durante o dia, decorre o *buscamento do
roubo (*roubo do Império). As Caixeiras saem para recolher os
símbolos sagrados à guarda da Casa. A partir das 17 horas realiza-se o
*Carimbó das Caixeiras, que dançam de forma descontraída e
insinuante, cantam e bebem. Vão de casa em casa recebendo
"prendas", como cigarros, bebida e comida. Por volta das 20 horas é
derrubado o mastro (*oliveira) na presença dos Padrinhos, Império e
muitos espectadores. O momento da queda, causa grande euforia. Na
terça-feira, têm início cinco noites de Toque de Mina, na última das
quais decorre a "descida das senhoras", entidades espirituais
femininas que vêm ricamente vestidas, penteadas e usando bengalas,
para assistir à passagem dos objetos ou transmissão de cargos do
Império. Essas entidadessão, na sua maioria, filhas da Cabocla Roxa,
que sempre fez questão de assistir à abertura e transferência de cargos
do Império. Durante todo o ciclo da festa há muita fartura alimentar.
Um boi é comprado e abatido especialmente para o festejo, além de
309
porcos, galinhas, mesas de bolo (num total de sete) e lembrancinhas
que são distribuídas pelos participantes e público em geral. As cores
da festa são o branco, verde, azul e rosa, cores que identificam a
Cabocla Roxa, no Terreiro das Portas Verdes.
Bibliografia
PAVÃO, Jacira, Festa do Divino no Terreiro das Portas Verdes, in Boletim da
Comissão Maranhense de Folclore, v. 11 (Ago. 1998); idem, Perfil Popular: José João
das Portas Verdes, idem
Terreiro de Mina
Casa onde são realizados cultos afro-maranhenses. Em *São Luís,
quase todos os terreiros de Mina festejam o Divino Espírito Santo no
período de Maio a Janeiro. Também o Terreiro de Mina Yemanjá de
Jorge Ifacy.
Tesoureiro
Protagonista e responsável pela *derrubada do mastro:
Tesoureiro, tesoureiro
Ponha a tesoura na mão
Tem cuidado tesoureiro
não deixa cair no chão.
Tirador
*Embaixador, *Folia do Divino.
Tirar jóia
Também *tirar jóias. Costume quase extinto. Sinónimo de angariação
de oferendas (géneros) e donativos (dinheiro), iniciativa que, no
interior do município de *Alcântara, decorria desde o dia 24 de Agosto
até ao fim do mês de Novembro. As Caixeiras íam de porta em porta,
de lugar em lugar, acompanhadas por uma menina que levava a
*coroa, para pedir contribuições aos fiéis, em dinheiro ou em géneros.
Lima, descrevendo a Festa do Divino em Alcântara, regista esta *Folia
do Divino, constituída por 3 caixeiras, 3 bandeireiras, 1 bandeireiro, 2
cidadãos de confiança e carregadores para o transporte das ofertas de
géneros que incluíam galinhas, perús, patos, cofos de farinha, etc. “E
ainda o Vicente, assim chamado o menino que recolhia as esmolas em
310
dinheiro quer fosse Pedro, Paulo ou Simão” (Lima, 1988, p. 22-23). Os
pedidos, bem como os agradecimentos assumiam a forma de versos
entoados pelas caixeiras, como os seguintes:
Tirar jóias
*Tirar jóia.
Tirar licença
Pedido do *Mordomo-Régio ao *Imperador para visitar o *Império.
Tocador
*Abatazeiro. Segundo Ferretti, os tocadores “constituem uma das
dificuldades na manutenção do culto [do Tambor de Mina].
Geralmente são os parentes das dançantes, filhos, netos, ou esposo”.
Toque
Denominação atribuída às festas rituais do *Tambor de Mina,
dedicadas aos voduns, santos, ou caboclos, durante as quais são
realizadas danças e cantorias ao som dos abatás, *ferro e cabaças.
311
Toque de Mina
Os rituais realizados na *Casa das Minas obedecem a calendário
específico, sendo preparados com a antecedência de alguns dias. A sua
organização fica, em regra, a cargo das dançantes, as quais
administram também a componente financeira da festa. Decorrem no
*Barracão, expressamente preparado para o efeito. As dançantes
dispõem-se no centro do Barracão, os tocadores e seus instrumentos
(dois abatás, um *gã e duas, ou mais cabaças) junto a uma das
paredes, ficando as demais reservadas para os assentos dos
convidados. As músicas são “puxadas” pelo chefe, ou por uma
dançante que determina o ritmo dos instrumentos que entram sempre
pela ordem seguinte: gã, tambores e cabaças. As dançantes dançam
em roda (também em torno do seu próprio eixo), ou em filas,
dependendo da música. Quando entram em transe, ao ornamento das
filhas são adicionados panos bordados (alá, ou pano de xangô) em
volta do seu tronco, indicando a manifestação de uma entidade.
*Toque.
Toque de reza
Cântico entoado após rezar a ladainha:
Torre de Jerusalém
Designação do *mastro do Divino em alguns cânticos:
Eu de longe avistei
Torre de Jerusalém
Quem tem boa vista vê
O primor que a torre tem.
Tourada à corda
Na tarde da sexta-feira que antecede o domingo de Pentecostes, um
boi bravo, os chifres enfeitados de flores e ramagens, percorre as ruas,
de *Alcântara, sustido por longas cordas e rapazes fortes,
acompanhado pelas caixeiras. Será abatido na manhã de sábado.
312
Três mistérios
As três crianças trajadas de anjo, figurando as três Virtudes Teologais,
Fé, Esperança e Caridade:
Três pancadas
Designação de um toque de caixa ritualmente relevante, também
denominado *Espírito Santo dobrado.
Tribuna
Espécie de altar em torno do qual se concretizam os mais importantes
momentos do ritual do Império do Divino no Maranhão.
313
Situa-se num *Salão decorado, ao fundo do qual existe uma armação
em degraus com assentos destinados aos oficiais do *Império,
consoante a respectiva hierarquia:
314
Vem chegando Espírito Santo
Voando daquela altura
Entrando no tribunal
para abrir sua Tribuna.
Tribunal
Nome do *Salão da *Tribuna quando nele se acharem montados os
tronos do *Império:
Trono
*Tribuna, ou *Tribunal erguidos em algumas Casas de culto num salão
expressamente reservado para tal.
Vaquetas
Baquetas com as quais são percutidas as caixas. *Gambitos,
*vanquetas.
Vanquetas
*Gambitos, *vaquetas.
Vassalo
Integrante do séquito do *Império. Traja fato cinzento e usa umas
faixas verde-amarelas atravessadas sobre o peito.
Viana
Município onde se realiza a Festa do Divino (Projecto Divino
Maranhão 2005).
315
Vicente
Nome que, independentemente do seu próprio, se dá ao menino que
colecta as esmolas em dinheiro no *Império de *Alcântara
(Maranhão).
Vila Seca
Localidade do município de *Caxias do Sul. Festeja o Divino, com
Império.
Vimarense
Município onde se realiza a Festa do Divino (Projecto Divino
Maranhão 2005).
316
autorização para a Visita, que ocorre à noite. O cortejo vai a casa de
cada *Mordomo até chegar à residência do Imperador, sempre sob
fogos de artifício e com o concurso das Caixeiras, que tocam, cantam e
dançam à porta e no interior das casas visitadas. Durante as visitas,
tanto o Imperador, quanto os Mordomos, servem mesas de licores e
doces.
Viva o Hino
Cântico de agradecimento ao padre (ou ao Divino Espírito Santo?)
pela missa celebrada:
Vodum
Divindade de origem jeje-fon, cultuada no *Tambor de Mina. No
Candomblé, de origem Nagô, essas entidades são denominadas
*orixás. Um vodum é uma espécie de anjo da guarda, ou protector
espiritual.
Zidória
*Cantanhede, *festa de Izidória, *Isidória Lopes, *pau de Zidória.
317
318
MATO GROSSO
319
Aguarela
A Expedição Langsdorff ao Brasil (1825-1829), consigna três
aguarelas e desenhos de Hercules Florence, alusivos ao culto do
Divino no Mato Grosso (v. 3, Rio de Janeiro, 1988, p. 86, 115 e 133).
Bando do Divino
Grupo precatório, espécie de *Folia, que percorre a cidade de *Cuiabá,
com o objectivo de recolher os óbulos que os devotos queiram ofertar
ao Divino. *Saída da esmola.
Batuque
Dança popular característica do Império de *Cuiabá. Escreve o
viajante português Mourinho: “No batuque o velho remoça, e o rapaz
excede-se a si mesmo no delírio do prazer. A música só por si provoca
o desejo da folgança, tanto a sua toada é agradável e excitante. Esta
dança produz mais que sensações aprazíveis. Cada cavalheiro com
passos engraçados e trejeitos vai tirar uma dama, que, se aceita o
convite, começa com o seu par uma espécie de chula que termina,
depois de muitos requebros e meneios de corpo por uma forte
umbigada, que produz um estalo, quando os dançantes são agéis e
destros. Depois da umbigada continua a dama só, até que tire outro
cavalheiro e juntos executam os mesmos passos, e assim prossegue até
finalmente, o que nunca acontece sem saudades de todos. Tem caído
em desuso o batuque, porque a insipidez vai lavrando por todas as
veias da sociedade” (Notícia sobre a Província de Mato Grosso, p.
20).
Teófilo Braga afirma que o batuque foi dança popular em Portugal
durante o séc. XV, ainda se bailando nos Açores, afectando esse nome
“por causa do estribilho com que se fecham as cantigas: Batuque,
batuque, / Deixa batucar” (Cancioneiro Popular Portuguez, Lisboa,
1913, p. 492).
Cáceres
Município que celebra o Divino com *Cavalhada.
321
Cateretê
Dança de origem ameríndia, tal como a sua designação, derivada da
língua Tupi. Gastão Bettencourt di-la “entremeada de canto, com
ensinamentos de cunho religioso” (p. 75). O Cateretê acha-se muito
difundido no interior do Brasil, especialmente nos Estados de Minas
Gerais, São Paulo, Góias e, também, porém em menor escala, no
Nordeste. Em Góias e em Minas Gerais o Cateretê é conhecido por
*Catira e *Xiba, ocorrendo na Folia de Reis, na Festa do Divino, etc.
No Mato Grosso, o Cateretê é dançado durante os “pousos da folia”
dos grupos de foliões que percorrem todo o município de *Cuiabá a
cavalo. A coreografia da dança é mais ou menos fixa, poucas variações
se observando de uma região ou Estado para outros. Trata-se de uma
espécie de sapateado, ao som de palmas e violas, dançado tanto por
homens, como por mulheres (dez dançadores).
Catira
Ocorre durante os “pousos da folia” dos grupos de foliões que
percorrem todo o município de *Cuiabá a cavalo. Também conhecida
pelas designações de *cateretê e *xiba.
322
A catira inicia-se com 0 "cabeçalho" (saudação dos violeiros, dois,
regra geral), entoando a melodia da moda ao som de palmas e de
sapateado. De imediato, catireiros e violeiros iniciam a formação de
uma roda, continuando a sapatear e a bater palmas, até a roda ficar
completa. Concluída esta, cada um volta para 0 seu lugar, os violeiros
dando início à moda. Segue-se-lhe o “recortado”, caracterizado por
uma letra de acentuado cunho humorístico, com o qual a catira
finaliza sempre. No “recortado, dispostos em duas filas, frente a frente
como, de resto, durante a apresentação da moda, os catireiros e os
violeiros trocam de lugar a cada estrofe, até que os violeiros cheguem à
extremidade oposta da fila. É o sinal de que a dança terminou. Góias
constitui hoje um dos pólos de resgate e preservação da Catira.
Anualmente, durante o mês de Maio, realiza-se, na cidade de Anápolis,
0 Catirana, festival que reúne catireiros de São Paulo, Minas Gerais e
de vários municípios goianos, a saber: Mineiros, Jaraguá, Catalão,
Pirenópolis, Americano do Brasil, Anápolis, Silvania, Buriti Alegre,
Itauçu, Goianápolis e Trindade. Pertence a Americano do Brasil, um
dos mais importantes catireiros, 0 violeiro e cantador, José Onofre
Leite, 0 Marreco. Existe na Casa do Folclore da cidade mineira de
Uberada, um dos melhores acervos áudio e vídeo sobre a catira,
recolhido e catalogado por Gilberto Rezende de Andrade.
Cavalhada
De consabida origem portuguesa, a Cavalhada chegou a *Cuiabá em
20 de Julho de 1769, em comemoração da entrada de Luís Pinto de
Sousa Coutinho, capitão general e 3º governador da Capitania.
Duraram três tardes tais jogos equestres, provavelmente realizados no
Largo da Mandioca, tendo participado neles muitos nobres (Rubens
de Mendonça, Roteiro Histórico e Sentimental da Vila Real do Bom
Jesus de Cuiabá). Interrompida durante algumas décadas, a tradição
seria resgatada em 1991, ocorrendo anualmente, no mês de Junho, no
âmbito da Festa do Divino e na de São Benedito. Além do embate
entre os exércitos Mouro e Cristão (cada um constituído por 12
cavaleiros e respectivos pajens), a Cavalhada consigna ainda o *Baile
dos Cavaleiros, a *Festa da Iluminação (espetáculo pirotécnico), a
*Dança dos Mascarados, *siriri e *cururu, culminando num aparatoso
espectáculo musical. Cavaleiros e pajens com roupa e adereços
vistosos posicionam-se nos seus cavalos, enfeitados com plumas, fitas
e guizos. A liça desenrola-se ao ritmo do repique da "caixa",
323
começando com a entrada dos exércitos Mouro (vermelho), e Cristão
(azul), seguidos pela Princesa, e pelos mantenedores (comandantes
dos exércitos), depois pelo embaixador e pelas bandeiras do Divino
Espírito Santo e de São Benedito.
Os combates simulados iniciam-se com o assalto ao castelo, de onde é
raptada a Princesa (Helena de Tróia), sendo o castelo incendiado.
Dando um salto no tempo, passa-se do rapto de Helena para a luta
entre mouros e cristãos. A cavalhada termina quando o exército
mouro coloca bandeiras brancas no campo, pedindo tréguas, sendo os
cristãos declarados vencedores da contenda. *Poconé, *Porto
Esperidião e *Cáceres.
324
Império de Cuiabá
325
Cuiabá
Capital do Estado de Mato Grosso, onde subsistem o bailho açoriano e
uma dança popular conhecida sob o nome de *batuque, associada às
festas do Espírito Santo. O *Império de Cuiabá tem grande similitude
com o dos Açores, sobretudo com o das ilhas de baixo, (São Jorge,
Faial e Flores): em ambos os casos o imperador segue no interior do
*quadro de varas para a igreja, conforme narra o viajante Mourinho:
“Os festejos em louvor do Espírito Santo são os mais populares e
pomposos. O festeiro é eleito por sorte. Antes do dia da festa sai ele
acompanhado de música e de algumas pessoas, com as insígnias, que
se compõem de uma coroa de prata, ceptro e bandeira, a pedir
esmolas, que montam ordinariamente a dois contos de réis e até a
mais. No dia do Espírito Santo o imperador vai à igreja dentro de um
quadrado formado por quatro varas de madeira, cujas extremidades
são seguras por quatro homens escolhidos sempre entre pessoas de
mais distinção, levando numa salva a coroa e o ceptro, e precedido da
bandeira. Assiste à missa, que é pontifical, e à tarde acompanha pela
mesma forma a procissão. Na véspera há iluminação e fogos de
artíficio desde a porta da matriz até à casa do festeiro onde está
armado um riquíssimo altar. Depois de concluídos os actos religiosos,
há distribuição de carne verde e víveres aos pobres, assim como de
pequenos pães bentos a todo o povo. As autoridades recebem
presentes especiais, que se compõem de grandes roscas de trigo,
enfeitadas de flores e laços de fitas. Por fim seguem-se as corridas de
touros, comédias, bailes, cujas despesas correm por conta do
Imperador, e montam muitas vezes a quatro e cinco contos de réis. Há
da mesma maneira os festejos do Espírito Santo feitos pelos meninos,
os quais em nada discrepam dos que acabamos de descrever" (Notícia
sobre a Província de Mato Grosso, p. 21). Os primeiros registos da
celebração da festa nesta cidade datam do período da monarquia. “Em
1826 se tem notícia da realização da Festa do Divino dos Meninos, o
que se pressupõe que já era celebrado há muito tempo a festa para os
adultos”, informa o Padre Gaspar. Quando a cidade era pequena e
todos os residentes se conheciam, a festa começava com chá e bolos e
terminava com um baile, realizados em casa do governador. Na
actualidade, a Festa do Divino Espírito Santo de Cuiabá abre com uma
missa, na Catedral Metropolitana, e o tradicional Chá com Bolo,
oferecido pelos festeiros em funções na antiga residência dos
Governadores, (actual sede do Conselho Estadual de Cultura). O
326
Governador do Estado recebe a bandeira e a coroa do Divino,
distribuindo *pão bento aos devotos. O evento assinala também a
saída da esmola. Para o efeito, cerca de uma centena de fiéis revezam-
se diariamente de molde a formarem o Bando do Divino, grupo
precatório que percorre Cuiabá levando a bandeira do Espírito Santo
ao comércio e aos lares e angariando óbulos destinados à festa. Os
festejos constam ainda de procissões, uma novena, encerrando com
uma quermesse na Praça Alencastro no Centro de Cuiabá.
Curralinho
Folia referenciada por Auguste de Saint-Hilaire (Viagem às Nascentes
do Rio S. Francisco e pela Província de Goiás): “Nesse dia encontrei
na floresta uma tropa de homens a cavalo, conduzindo burros
carregados de provisões; um deles levava uma bandeira, outro um
violão e o terceiro um tambor. Tendo inquirido o que tudo isso
significava, soube que era uma folia, nome de que vou dar uma
explicação. Já tive ocasião de dizer alhures que a festa de Pentecostes
se celebra em todo o Brasil com muito entusiasmo e cerimónias
bizarras (cf. Viagem pela provincias do Rio de Janeiro e Minas
Gerais, v. 2, p. 236). [...]. Tira-se à sorte, no fim de cada festa, para
saber-se quem fará os principais gastos da do ano seguinte e o que é
eleito usa o nome de Imperador. Para poder celebrar a festividade com
maior pompa e tornar mais esplêndido o banquete, que é sua
consequência indispensável, o Imperador vai recolher ofertas em toda
a região, ou escolhe alguém que o substitua. Mas não anda nunca só
quando faz esse peditório: leva consigo músicos e cantores e quando o
grupo chega a uma habitação, faz o pedido entoando cânticos em que
sempre há de mistura loas ao Espírito Santo. Os cantores e músicos
são, ordinariamente, pagos pelo Imperador, mas, frequentemente,
também, são homens que cumprem um voto e, mesmo que recebam
retribuição, é sempre muito pequena, porque não há ninguém que não
julgue obra muito meritória servir assim ao Espírito Santo. Estes
peditórios duram, às vezes, vários meses, e é às tropas encarregadas de
fazê-lo que se dá o nome de folia. Como cada paróquia, cada sucursal,
está interessada em atrair muita gente, a festa não se celebra no
mesmo dia em todas elas: assim a folia, que encontrei no Mato Grosso,
pertencia à pequena capela de Curralinho, perto de Vila Boa, cuja festa
só se devia realizar a 12 do mês de Agosto” (idem, p. 179-180).
327
Cururu
Dança típica do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, mas originária
de São Paulo. Pode assumir a forma de simples cantoria, ou de
despique de versos e repentes entre dois violeiros. No Mato Grosso
ocorre principalmente nas festas do Divino Espírito Santo e de São
Benedito.
328
Espírito Santo e de São Benedito, sendo dançada exclusivamente por
homens, em pares de 8 a 14 dançadores. Os trajes masculinos
representam os galãs e os trajes femininos as damas. O marcante tem
a função de conduzir a dança, e os balizas de segurar o mastro com
fitas coloridas e a bandeira de São Benedito.
329
Diamantino
Município do Estado de Mato Grosso. Cidade histórica, outrora, muito
florescente, em virtude do garimpo de diamantes e ouro nos seus rios.
Hércules Florence (1804-1879), segundo desenhador da Expedição do
Barão de Langsdorff (1825-1829), retratou a “Árvore chamada
330
Jenipapeira e gente que pede esmola para a Festa do Espírito Santo”,
em “Diamantino da Província de Mato Grosso, Janeiro de 1828”
[Academia das Ciências da antiga URSS], consoante a legenda, na
margem inferior da aguarela.
Bibliografia
MOURA, Carlos Francisco, A Expedição Langsdorff em Mato Grosso (desenhos
e pinturas inéditos há mais de 150 anos), Mato Grosso, 1984, p. 56-59
Festa da Iluminação
Espectáculo pirotécnico nas Cavalhadas de *Cuiabá.
Império
*Quadro de varas.
Nova Xavantina
Festa do Divino, com *Folia.
331
Pão bento
Em *Cuiabá, ao ser-lhe entregue pelos festeiros a bandeira e a coroa
do Divino, o Governador do Estado de Mato Grosso oferece *pão
bento aos devotos. Segundo a tradição, o pão do Divino Espírito Santo,
se conservado em casa, traz abundância e fartura para a família e, em
caso de necessidade, a possibilidade de repetir o milagre da
multiplicação dos pães realizado por Jesus. Diz-se que também é
susceptível de gerar prosperidade e amizade no lar.
Poconé
Município pantaneiro do Estado de Mato Grosso. Festeja o Divino,
com *Cavalhada e *Dança dos mascarados.
Porto Esperidião
Município onde se festeja o Divino, com *Cavalhada.
332
Pouso Alto
Folia referenciada por Auguste de Saint-Hilaire (Viagem às Nascentes
do Rio S. Francisco e pela Província de Goiás):
“[...] passámos diante da habitação de Pousoal ou Pouso Alto [Mato
Grosso], de que falei, e perto da qual uma grande extensão de terreno
coberto de capim gordura indicava culturas muito antigas. Essa
habitação pertencia, sem dúvida, a um homem abastado, pois me
ofereceu água, que pedi à sua porta, em uma dessas canecas de prata
presas a uma corrente do mesmo metal, que são objectos de luxo no
interior do Brasil. Nesse dia encontrei na floresta uma tropa de
homens a cavalo, conduzindo burros carregados de provisões; um
deles levava uma bandeira, outro um violão e o terceiro um tambor.
[...]. [...] assim a folia, que encontrei no Mato Grosso, pertencia à
pequena capela de Curralinho, perto de Vila Boa, cuja festa só se devia
realizar a 12 do mês de Agosto”.
Quadrado de varas
Nos Açores, também denominado casola, quadro de varas, ou quadro
Santo. *Cuiabá.
Rocinha
*Folia referenciada por Auguste de Saint-Hilaire:
“Durante o dia que passei no Sítio da Rocinha, os meus empregados
aproveitaram para caçar [...]. Meu tocador Marcelino já tinha
percorrido toda essa região; fazia, então, parte de uma folia [cf. Cap.
XXIV – Começo da viagem da cidade de Goiás a S. Paulo – O Mato
Grosso, etc.], que esmolara durante oito meses para uma festa do
Espírito Santo. Contou-me que seus companheiros a ele tinham
passado um dia na aldeia de Santa Ana para mandar lavar a roupa
branca, que um soldado do posto os quisera prender, sob pretexto de
que eles eram ladrões, mas que esse se afogou dois dias depois. O
Divino Espírito Santo, acrescentou muito judiciosamente Marcelino, é
um santo que não perdoa” (Viagem às Nascentes do Rio S. Francisco
e pela Província de Goiás, p. 285).
Saída da esmola
Após o *chá com bolo, o *Bando do Divino sai da antiga residência dos
Governadores, (actual sede do Conselho Estadual de Cultura),
333
percorrendo a cidade de *Cuiabá com o objectivo de angariar
oferendas para o Divino.
Siriri
Dança folclórica da Região Centro-Oeste do Brasil (Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul e Goiás) que tem sido comparada com o fandango do
litoral brasileiro. A origem do termo siriri é incerta, mas creem alguns
encontrar-lhe eventuais afinidades com a palavra otiriri que designava
um entremez no Portugal setecentista. A sua coreografia evoca uma
brincadeira. Os homens dançam o siriri colocando os braços nas
costas, enquanto as mulheres agitam a saia. Acompanham-na a viola
de cocho, o cracacha (ganzá) e o mocho, ou tamboril.
334
335
Xiba
Designação da *dança da Catira, também conhecida por *Cateretê.
Tem origem ameríndia, sendo “entremeada de canto, com
ensinamentos de cunho religioso” (Gastão Bettencourt, p. 75).
336
PARÁ
337
Refere o mesmo autor que
338
Abaetetuba
Localidade do Pará. Festeja o Divino.
Alferes
Em *Alter do Chão, são dois, competindo-lhes transportar as
bandeiras do *juíz (vermelha) e da *juíza (branca), ambas ostentando
a Pomba do Espírito Santo bordada no centro.
339
Alter do Chão
Estância turística do município de Santarém, localizada na margem
direita do rio Tapajós (afluente do Amazonas). A aldeia primitiva dos
índios Borari, transformada em Missão de Nossa Senhora da
Purificação quando da chegada dos jesuítas, havia de ser elevada à
categoria de vila, com a designação actual, em 6 de Março de 1758. É
célebre pelo santuário de Nossa Senhora da Saúde. Anualmente,
durante o mês de Setembro (até 1997, no de Julho), reata-se aqui uma
tradição, actualmente exclusiva desta comunidade: a *Festa do Sairé,
a qual, segundo alguns relatos se estendia, outrora, a toda a região
amazónica, desde o Estado do Amazonas até o do Amapá, embora com
semântica e calendário variáveis, consoante o local onde ocorria. Podia
até ser realizada para comemorar o Natal. Em Alter do Chão chegou a
efectuar-se com o fito de obter protecção para as colheitas. O único
elemento, de facto, comum a todas as versões conhecidas era o *sairé,
espécie de arco festivo, constituído por uma armação de cipó em
semicírculo (medindo, mais ou menos, 1,40 m de diâmetro), sobre o
qual se apoiam dois semicírculos menores, encimados por uma cruz.
Enfeitado com fitas coloridas, flores e plumas, essa espécie de andor
340
figura a Arca de Noé e as três pessoas da Santíssima Trindade, tendo
emprestado o nome à festa em louvor do Divino, adaptada ao ritual do
culto fetichista dos indígenas da região amazónica. Em Alter do Chão,
do carácter sincrético tradicional da devoção praticamente só o Sairé
perdura, após as modificações introduzidas na festança, no ano de
1997. Os protagonistas dela passaram então a ser o *juiz e a *juíza, a
*saraipora (que carrega o sairé em todas as cerimónias), os oito
mordomos e as oito mordomas (que auxiliam o juiz e a juíza), e as
procuradeiras (a quem compete organizar e dirigir os festejos durante
os cinco dias que o evento dura). No primeiro dia, o sairé e a *coroa do
Divino são conduzidos processionalmente até um barracão construído
na praça da vila (diante da igreja de Nossa Senhora da Saúde), aí
permanecendo até ao quinto e derradeiro dia da festividade. As rezas e
cantos (ladainha e hinos em louvor do Espírito Santo, cantados, em
latim e em português, por um grupo de senhoras) são concluídos todas
as noites com a cerimónia do *Beija-santo.
Barracão do Sairé
Espécie de tenda onde, pelas 19 horas, após o termo da procissão
diária encabeçada pela *saraipora, em torno da praça onde se acham
341
os mastros, é cantada a ladainha em latim e, no encerramento das
festividades, ocorre o *Beija-santo.
Compete ao *Capitão coordenar todo o movimento no interior do
Barracão do Sairé, podendo até prender quem se comporte menos
respeitosamente.
Beija-santo
Em *Alter do Chão (Pará), denominação da cerimónia diária de
encerramento das festividades, no *Barracão do Sairé. Sentada numa
cadeira, a *juíza coloca a Coroa do Divino sobre uma estola branca que
lhe cobre o regaço, para, obedecendo à respectiva hierarquia, o *juíz,
os *mordomos, os *procuradores e demais funcionários e assistentes
reverenciarem e beijarem a insígnia do Espírito Santo. No final, para a
juíza poder também beijá-la, o juíz senta-se na mesma cadeira,
colocando a estola e depositando a coroa no colo.
Belém
Capital do Estado do Pará, considerada a cidade mais húmida do
Brasil. O município é uma espécie de Veneza equatorial, similar a um
arquipélago dominado por densa rede fluvial de igarapés. O Divino é
cultuado com *Império, a maior festa do calendário local. Nos tempos
coloniais era maioritariamente frequentada por mestiços, caboclos,
pardos e negros, livres ou escravos e “abalava Belém inteira, todos os
anos”. Enquanto durava, “bandos de homens e rapazes percorriam as
ruas de Belém, ao som dos tambores, pedindo esmolas para as
despesas do culto; o Largo da Sé engalanava-se; solene procissão,
vistosa pelo aparato dos devotos, levava a coroa à catedral, onde,
depois da missa cantada, a expunham, coberta de fitas e flores, aos
beijos dos crentes, que faziam tinir nas salvas de prata o cobre de suas
esmolas. Grande feira [...] atraía enorme massa de povo, que se dividia
pelo leilão, pelas barracas-restaurantes, pelos teatrinhos e
cosmoramas até madrugada, quando queimavam o fogo-de-vista [...].
Grande mastro, revestido de folhagem, era plantado naquele largo,
com a bandeira e a pomba simbólica no topo” (cf. Arthur Vianna,
1968, p. 242-243).
Em meados de oitocentos, tais festividades foram interditadas por D.
António Macedo Costa, no âmbito da cruzada civilizadora (leia-se
europeizadora), que presidiu ao processo de evangelização da
Amazónia, liderada por este bispo, o qual, desta forma logrou, senão
342
extinguir, pelo menos banir do espaço sagrado da Sé-catedral, a festa
do Divino Espírito Santo, até então uma festividade oficial da Igreja
Católica do Pará (cf. Tabella Demonstrativa dos Dias Feriados para
Negócios Forenses, in Jornal Treze de Maio, 23.06.1845).
Em consequência do ditame eclesial, um devoto do Divino, *Mestre
Martinho, criou, em 1848, a *Festa do Divino Espírito Santo das
Crianças, cujo objecto de devoção era “[...] uma pequena coroa de
mirity, encimada por um mundo e uma pombinha de cera, […]
depositada em altar modesto, por eles mesmos feito, onde reluzia, à
noite, às luzes de algumas velas”. O incremento registado pela festa
permitiu substituir a coroa de mirity por outra de folha-de-flandres e,
ulteriormente, adicionar-lhe uma pombinha e um mundo em prata,
ofertados por uma mulher parda, de nome Maria Teresa, que
adoecendo gravemente, os prometeu e a uma missa cantada na igreja
de Santana, em troca do restabelecimento da saúde. Ao invés da
pompa e circunstância da antiga festa, a de Mestre Martinho, que se
realizou ininterruptamente até à 2ª década do século XX, era popular,
quer no formato, quer no conteúdo, não obstante tentasse manter uma
estrutura semelhante à da celebração oficial extinta. A missa, realizada
inicialmente na igreja de Santana, seria transferida para a de Nossa
Senhora da Nazaré, no ano de 1865, quando Mestre Martinho se
mudou para o bairro do Umarizal, até que, em 1868 o bispo D.
Macedo Costa “proibiu a entrada de semelhantes símbolos nas
igrejas”. A festividade começava com a *derrubada do mastro, no
domingo anterior à quinta-feira da Ascensão. Nesta quinta-feira
realizava-se um almoço comunitário, precedido de um discurso de
Mestre Martinho. Após o almoço (*Tacacá), o *Mastro era coberto
com ramagens, sendo fixada nele a bandeira do Divino. Seguia-se uma
procissão: “Desfila o préstito que vai buscar o mastro; na frente um
devoto carrega a bandeira que tem que ser fixada na ponta do mastro:
é um caixilho de madeira pintado de azul, servindo de chassis a um
pano branco, girante em torno de uma haste de ferro; no pano a mão
pouco adestrada de um pintor inculto traçou a imagem do Senhor na
ascensão, braços abertos [...]. Segue a bandeira do Divino,
acompanhada pela inseparável caixa, depois os anjos, cobertos de
lantejoulas e galões dourados, com esquisitos capacetes de seda, as
faces e os beiços rubros de carmim [...]. Uma banda de música fecha a
coluna” (cf. Arthur Vianna).
343
O levantamento do mastro decorria ao som do rebentamento de
foguetes, música e gritos festivos. À noite havia ladainha, leilão de
oferendas e dança.
Bibliografia
FRADE, Cascia, Folias e Bandeiras do Brasil, in Brasil Festa Popular, Rio de
Janeiro, 1980, p. 95-99; MAUÉS, Heraldo, Padres, pajés, santos e festas: catolicismo
popular e controle eclesiástico, Belém, Cejup, 1990; RODRIGUES, Carmen Isabel,
Festividades Mestiças na Amazónia, in História Revista, v. 14, n. 1 (Goiânia, Jan.-Jun.
2009), p. 235-259; VIANNA, Arthur, Festas Populares do Pará, in Annaes da
Bibliotheca e Arquivo Público do Pará, t. III (1968), p. 242-250
Bodo
*Cecuiara.
344
Bragança
Cidade do Estado brasileiro do Pará (Brasil), antiga Sousa do Caeté.
Recebeu casais de colonos açorianos, em 1752, eventuais introdutores
das festividades em louvor do Divino.
Bujaru
Localidade do Estado do Pará. Festa do Divino.
345
cerimónia inaugural da festividade. Em Belém, “parte alegre o grupo,
levando consigo a bandeira do Divino, de damasco encarnado com a
pombinha branca ao centro e a caixa, cujo som caracteriza, anuncia e
acompanha todas as formalidades. Ao entrarem nas matas da
Pedreira, dispersam-se todos em pequenos grupos, em diversas
direcções. [Após derrubar e limpar a árvore] voltam tranquilamente
aos seus lares [...]” (cf. Arthur Viana, p. 246). *Mastro do Divino.
Çairé
Grafia alternativa de *Sairé.
Camelu
Coreografia do *Sairé.
Capitão
Em *Alter do Chão, compete-lhe coordenar o movimento do *barracão
do Sairé e o respectivo cerimonial, podendo até prender quem não se
comporte respeitosamente no seu interior. Compete-lhe, ainda, definir
a distribuição dos mordomos na procissão.
346
Carimbó
Dança de roda, considerada por alguns investigadores variação do
*batuque e a “mais extraordinária manifestação de criatividade
artística do povo paraense”. O Carimbó assume três modalidades,
consoante o local onde é dançado: 1. Praieiro: na Zona Atlântica do
Pará; 2. Pastoril: em Soure (Marajó); 3. Rural ou Agrícola: Região do
Baixo Amazonas. Hodiernamente é uma coreografia exclusiva do
Estado do Pará, com destaque para Salinas, Bragança e ilha do
Marajó. A designação aplica-se tanto à dança quanto à música que a
acompanha e deriva do nome dos dois tambores de dimensões
diferentes para obter timbres contrastados (o alto, agudo, e o baixo,
grave), percutidos por tocadores sentados sobre os troncos, utilizando
as mãos à guisa de baquetas. Tais carimbós são construídos a partir de
um tronco de árvore escavado internamente (carimbó, na língua
tupinambá: Curi = pau e Mbó = oco ou furado, significa pau que
produz som), um dos quais mede aproximadamente 1 metro de
comprimento por 0,30 cm de diâmetro.
O carimbó é dançado por pares descalços, principiando com duas filas
de homens e mulheres dispostos frente a frente. Ambos envergam
roupas muito coloridas: os homens, calças de cor azul clara,
arregaçadas até ao joelho, e camisas do mesmo tom, abertas e com as
pontas amarradas pelo umbigo, além de um lenço vermelho ao
pescoço; as mulheres, saias de cetim até ao chão, muito franzidas e
amplas, com estamparias vegetalistas, blusas de cor lisa, pulseiras e
colares de sementes grandes e o cabelo adornado com ramos de rosas
ou jasmim de Santo António. Quando se inicia a música, cuja estrutura
é extremamente variada, os homens caminham em direcção às
mulheres, diante das quais batem palmas como que convidando-as
para a dança. Os pares formam-se nessa ocasião, girando
continuamente em torno a si mesmos, constituindo,
concomitantemente, uma grande roda que gira no sentido oposto ao
dos ponteiros do relógio. Num dado momento os pares separam-se
dando início à denominada Dança de Solistas, a qual, marcada por
ritmo contagiante, se caracteriza pela intensa movimentação do corpo
masculino e das ancas femininas. Sendo indubitáveis certas
características de danças tipicamente portuguesas e africanas, há
quem advogue influência indígena (tupinambá) em certos passos da
coreografia, designadamente quando os dançarinos curvam o corpo
para a frente, puxando-o com um pé para diante. Para a famosa dança
347
do perú, ou "Perú de Atalaia", um casal de dançadores dirige-se para o
centro da roda, competindo ao homem apanhar, com a boca apenas,
um lenço que a companheira colocou no chão. Caso não consiga
realizar tal proeza a mulher atira-lhe a barra da saia ao rosto e, vaiado
pelos demais, ele é compelido a abandonar a dança.
348
Em alguns lugares do interior do Pará, o Carimbó, influência
incontornável na coreografia da lambada (popularizada pelo grupo
boliviano Los Kjarkas) e do zouk, é denominado *Curimbó. No
município de Marapanim (região do Salgado, no Nordeste do Pará)
realiza-se, anualmente, durante o mês de Novembro o Festival do
Carimbó de Marapanim – O Canto Mágico da Amazónia.
Cecuiara
Almoço de confraternização, similar ao *bodo do Divino organizado na
generalidade dos Impérios, no derradeiro dia da *Festa do Sairé, a
segunda-feira após o evento sacro-profano principal, em *Alter do
Chão. São servidos pratos típicos da cozinha mocoronga, com base nos
peixes da região, tais como tucunaré, tambaqui, jaraqui, pirarucu,
acari e curimatá, entre inúmeras outras espécies como apapá, traira,
tranquinha, charuto, aracu, pirapitinga, piranha, pacu, mapará,
surubim, etc.
349
na cidade. Dizem os devotos participantes que as duas coroas
representam o Pai e o Filho, respectivamente.
Cruzador tupi
*Festa do Sairé.
Curimbó
O mesmo que *Carimbó em alguns lugares do interior do Pará.
Desfeiteira
*Festa do Sairé.
350
351
Festa do Sairé
Considerada a “mais antiga manifestação da cultural popular
amazónica”. Anualmente, no mês de Setembro (até 1997, no de Julho),
reata-se em *Alter do Chão esta tradição, actualmente exclusiva desta
comunidade e interditada pelas autoridades eclesiásticas no período
compreendido entre 1943 e 1973. Segundo alguns relatos estendia-se,
outrora, a toda a região amazónica, desde o Estado do Amazonas até o
do Amapá, embora com semântica e calendário variáveis, consoante o
local onde ocorria. Podia até ser realizada para comemorar o Natal.
Em Alter do Chão chegou a efectuar-se com o fito de obter protecção
para as colheitas.
352
conduzido processionalmente, o qual simboliza, diz-se no Pará, a Arca
de Noé (Carlos Roque, Grande Enciclopédia da Amazónia) e as três
pessoas da Santíssima Trindade. A coreografia tradicional,
exclusivamente feminina e, invariavelmente, protagonizada por
mulheres idosas, admitiu nela meninas e meninos, recentemente.
A Festa do Sairé é cenário de grande variedade de manifestações etno-
musicais e coreográficas sincréticas, tais como o *Camelu, a
*Desfeiteira, o *Lundu, a *Valsa da ponta do lenço, o *Marambiré, a
*Quadrilha, o *Cruzador tupi, a *Macucauá, a *Cecuiara, entre
inúmeras outras.
Folião
*Rufador de caixa.
Igarapé-Miri
Cidade do Estado do Pará. Festa do Divino na igreja de Santana.
Imperador
*Juiz, em *Alter do Chão.
353
Imperatriz
*Juíza, em *Alter do Chão.
Joannes
Localidade dependente da Prelazia de Marajó. Tem o Divino por
orago.
Juiz
Sinónimo de *Imperador, em *Alter do Chão (Pará). Identificado por
uma bandeira vermelha ostentando, ao centro, a pomba do Espírito
Santo bordada. *Juízes.
Juíza
Sinónimo de *Imperatriz, em *Alter do Chão (Pará), identificada por
uma bandeira branca ostentando a pomba do Espírito Santo bordada
ao centro. *Juízes.
354
Juízes
Casal a quem cabe a organização da Festa do Divino. *Festa do Sairé.
Lundu
*Festa do Sairé.
Macacuá
*Festa do Sairé.
Marabaixo
Cf. Amapá.
Marambiré
*Festa do Sairé.
Mastro do Divino
A cerimónia inaugural da *Festa do Sairé, ocorre numa quinta-feira,
consistindo no hastear de dois mastros enfeitados com frutos,
preparados com a antecedência de uma semana (*busca dos mastros).
355
Um é hasteado por homens, outro por mulheres. Diariamente, ao
meio-dia, enquanto a festa decorre, tem lugar uma procissão em torno
dos mastros, encabeçada pela *saraipora. As festividades encerram
356
com a *varrição da festa, concomitantemente com o derrube dos
mastros, o *marabaixo, a *quebra-macaxeira e a *cecuiara. O derrube
dos mastros é disputadíssimo, porquanto, se crê que quem lograr
apoderar-se de algum dos frutos que os decoram será bafejado pela
sorte.
Mestre Martinho
Preto, devoto do Divino, residente na Rua de Santana, em Belém. No
ano de 1848, reagindo contra a interdição da devoção do Divino na Sé-
catedral, ele e seus primos criaram a *Festa do Divino Espírito Santo
das Crianças, a qual perdurou, realizando-se, ininterruptamente, até à
2ª década do século XX, tentando manter uma estrutura semelhante à
da celebração oficial até esta ser proibida. A missa, realizada
inicialmente na igreja de Santana, seria transferida para a de Nossa
Senhora da Nazaré, no ano de 1865, quando Mestre Martinho se
mudou para o bairro do Umarizal. Porém, também ali o bispo
interditou a entrada dos símbolos do Divino.
357
Moju
Sede de município do Estado do Pará cujo padroeiro é o Divino
Espírito Santo. Consta que o lugar adquiriu notoriedade após a visita
do Bispo do Pará, D. Frei Miguel de Bulhões, ao Vale do rio Moju (do
tupi, rio das cobras), em Julho de 1754. Tendo-se hospedado em casa
de António Dornelas de Sousa, este ofertou à igreja um terreno
considerável com a condição de o padroeiro ser o Divino. A freguesia
perdeu esse estatuto até 1839, ano em que havia de ser restabelecida.
Em 1856 seria elevada à categoria de município. *Círio do Divino
Espírito Santo.
358
Mordoma
Em *Alter do Chão, são nove as mordomas, competindo-lhes,
juntamente com os nove mordomos, realizar todas as tarefas
indispensáveis à concretização da festa: construção e decoração do
*barracão do Sairé, ornamentação da praça, limpeza, etc.
Mordomo
Em *Alter do Chão, são nove os mordomos, competindo-lhes,
juntamente com as nove mordomas, realizar todas as tarefas
indispensáveis à concretização da festa: construção e decoração do
*barracão do Sairé, ornamentação da praça, limpeza, etc.
Mordomos
*Mordoma, *mordomo.
Procuradeira
O mesmo que *Procuradora. Compete-lhe organizar e dirigir os
festejos durante os cinco dias que o evento dura.
Procurador
Substituto do *juíz, em *Alter do Chão. *Procuradores.
Procuradora
Substituta da *juíza, em Alter do Chão. *Procuradores.
Procuradores
Casal que substitui os juízes quando necessário, em *Alter do Chão.
Quadrilha
*Festa do Sairé.
Quebra-macaxeira
Folia tradicional de *Alter do Chão, tocada principalmente no
derradeiro dia da *Festa do Sairé, após o derrube dos dois mastros do
Divino.
Rufador de caixa
Indivíduo que acompanha a procissão, em *Alter do Chão, tocando e
cantando. Corresponde ao *Folião.
359
Sairé
Temo derivado de çai eré, i. e., “Salve, tu o dizes”, expressão usada
pelo índios como saudação.
360
destinada a promover a catequese dos indígenas. O desfile do Sairé é
aberto por um tapuio (índio) transportando uma bandeira branca,
pintada com a efígie do santo festejado. Logo após vem o Sairé,
propriamente dito, conduzido por três tapuias velhas. Do arco sai uma
fita segura na mão por uma jovem que segue atrás das anciãs. Ao lado
da jovem, segue outra, com um pequeno tambor, cujas baquetas são
adornadas por fitas multicolores. As mulheres do lugar, vestidas com
trajes festivos, encerram o cortejo. Os cânticos de índole religiosa,
monótonos e tristes, são liderados pelas três tapuias, em tupi-guarani,
e respondidos em coro pelas demais acompanhantes. Durante a
procissão, as anciãs ora inclinam o Sairé para diante, ora para trás,
enquanto a jovem que segura a fita se desloca de um lado para o outro,
consoante a cadência do canto e o ritmo do pequeno tambor. *Alter do
Chão, *Festa do Sairé, *Turuia.
Saraipora
Nome da mulher que transporta o *Sairé, à cabeça do cortejo, em
todas as cerimónias do Império (*Festa do Sairé) de *Alter do Chão.
Santarém
Município do Pará. Festeja o Divino.
361
Sargento
Funcionário da *Festa do Sairé, em *Alter do Chão. Colabora quando
necessário.
Turiua
Designação alternativa do *Sairé, segundo Barbosa Rodrigues (cf.
Poranduba Amazonense, citada por Luís da Câmara Cascudo).
Varrição da festa
Termo da *Festa do Sairé. Ocorre na segunda-feira após o evento
sacro-profano principal, derradeiro dia dos festejos. Consta do
derrube dos mastros à machadada, tarefa exclusivamente feminina, a
cargo da *Sairapora. *Quebra-macaxeira, *Cecuiara.
362
RONDÓNIA
363
Após o falecimento dos principais membros da Irmandade
local, D. Eduvirgem Leite Ribeiro, viúva de Argemiro Leite, regressou
à sua cidade natal, Vila Bela da Santíssima Trindade, levando consigo
a coroa de prata, símbolo maior da festividade no vale do Guaporé.
Confrontados com tal situação, Antão Gomes, Manoel Canuto,
António de Freitas, Norberto Quintão, Maximiliano de Brito,
Bernardino Nery da Trindade, Cândido de Moraes e Gonçalo Moraes,
devotos de Tarumã e de Rolim de Moura, consertaram posições no
sentido de solicitar a D. Eduvirgem Leite a devolução da coroa de
prata.
Anuiu ela a entregar a insígnia a Bernardino Nery, à data o
mais antigo irmão da Irmandade, residente em Tarumã. Em
consequência, os festejos de 1933 realizaram-se nessa localidade,
procedendo-se a um sorteio entre Tarumã e Rolim de Moura, para
decidir qual delas promoveria os festejos no ano seguinte. A sorte
favoreceu Rolim de Moura pelo que essa comunidade se preparou para
promover os festejos de 1934.
Entretanto, Bernardino Nery, Cândido de Moraes e outros
membros da Irmandade de Tarumã, não concordando que os festejos
fossem realizados exclusivamente em Rolim de Moura, decidiram
enviar um ofício ao Bispo da Diocese de Cuiabá, informando-o que as
festividades do Senhor Divino Espírito Santo do vale do Guaporé
vinham fracassando nos últimos anos e que seria melhor a coroa
retornar para sua igreja de origem.
Nessa conformidade, o Bispo de Cuiabá deu instruções ao
novo administrador apostólico da Prelazia de Guajará-Mirim,
Monsenhor Francisco Xavier Rey, para que promovesse a criação dos
Estatutos dos festejos do Senhor Divino Espírito Santo do vale do
Guaporé. Nomeada a comissão de redacção e esta concluída, os
Estatutos foram lidos, a 20 de Maio de 1934, na Capela de Nossa
Senhora do Carmo, tendo Monsenhor Francisco Xavier Rey decidido
que as festividades do Senhor Divino Espirito Santo seriam realizadas
em Rolim de Moura, enquanto não houvesse outra Capela ou Igreja no
vale do Guaporé.
Actualmente, em Rondónia, a comemoração do Divino no vale
do Guaporé ocorre, anualmente, sob a forma de rodízio entre as
comunidades ribeirinhas de Pedras Negras, Limoeiro, Costa Marques,
Pimenteiras, Rolim de Moura, Tarumã, Vilhena, Cerejeiras,
Corumbiara, Vilhena e Versalles (Bolívia). A escolha é feita no dia
364
seguinte ao do encerramento dos festejos, através de sorteio, e retorna,
de quatro em quatro anos, à mesma localidade.
365
As 11 comunidades do Guaporé reunidas
366
Alferes da bandeira
Encarregado da *Bandeira do Divino. Cargo elegível do Império no
Vale do Guaporé.
Alunos do Divino
*Foliões.
Alvorada do Divino
Também denominada *velório. Faz-se diariamente, durante a
permanência da *Coroa numa localidade.
Arca da Coroa
Arca que contém a *Coroa do Império do Vale do Guaporé. Compete
ao *Encarregado da Coroa recebê-la do *Imperador do ano transacto e
entregá-la ao Imperador em funções. *Bandeira do Divino, *Toalhas
de altar, *Livros de Actas.
Artilheiro
O mesmo que *ronqueiro.
Bandeira do Divino
Simbolizando a solidariedade de um grupo em função de uma causa,
compete ao *Encarregado da Coroa recebê-la do *Imperador do ano
transacto e entregá-la ao Imperador em funções. *Arca da Coroa,
*Toalhas de altar, *Livros de Actas.
Barco do Divino
*Batelão do Divino.
BÁRTOLO, Walter
Discípulo de *Dom Francisco Xavier Rey. Durante várias décadas,
romeiro e estrénuo promotor dos festejos do Divino. A sua acção tem-
se focado na imperiosa necessidade de que eles “sejam preservados e
consolidados como a grande tradição das comunidades guaporeanas,
levando sempre mais personalidades importantes para conhecerem o
grande festejo guaporeano”. Nas suas palavras: “A fé no Divino
367
Espírito Santo para o povo do Guaporé representa o médico, a
farmácia, o remédio, enfim, tudo que o povo guaporeano não tem ao
alcance da mão”.
Batelão do Divino
Embarcação que transporta a *Bandeira e a *Coroa do Divino do
Império de *Pimenteiras (Rondónia). Outrora, movida a remos,
actualmente, impulsionada por motor emprestado por algum confrade
ou devoto, o qual é desligado à aproximação de uma localidade,
competindo aos remeiros conduzir o barco até ao respectivo porto. Os
festejos do Divino no Guaporé têm o seu início no exacto momento em
que o Barco do Divino aporta à localidade promotora da Festa no ano
transacto, e o *Encarregado da Coroa recebe do Imperador local, a
*Arca da Coroa, a *Bandeira do Divino, as *Toalhas de altar e os
*Livros de Actas. Tradicionalmente, o barco saía no sábado de Aleluia.
368
Hoje, isso acontece perto da Páscoa (apesar de não ser rígido o
calendário). Realizada a entrega, o Barco do Divino inicia uma
peregrinação ao longo do rio Guaporé, a qual dura quarenta dias (só
concluída no final da Festa, no domingo de Pentecostes), angariando
óbolos entre as comunidades ribeirinhas.
369
*tarol enquanto o batelão aporta. Terminadas as manobras de
acostagem ao cais, desembarcam o Encarregado da Coroa, o *Mestre e
os *foliões (entoando cânticos com acompanhamento de violão), o
*Encarregado da Bandeira e demais tripulantes, sendo recebidos pelo
*Imperador e/ou *Imperatriz local. Das mãos do Encarregado da
Coroa, a Imperatriz recebe o Ceptro de Prata e o Imperador a Coroa.
Os devotos ajoelham-se para beijar a Bandeira e 0 Ceptro e colocar,
por breves instantes, a Coroa nas suas cabeças. É a ocasião de
depositar esmolas na bandeja de prata que suporta a coroa. O cortejo
dirige-se para a igreja da localidade, não se detendo contudo ali,
seguindo imediatamente para o local onde se faz a *Alvorada do
Divino, ou *velório. *Promesseiro, *Remeiro.
Bolívia
Em virtude da adesão de devotos de Versalles (Bolívia) ao Estatuto da
Irmandade do Divino Espírito Santo do Vale do Guaporé, no ano de
1953, os primeiros festejos naquela localidade ocorreram em 5 de
370
Junho de 1954, na Capela de São José. As localidades bolivianas de
*Piso Firme e *Remanso também participam nas festividades,
enviando delegações a *Pimenteiras.
Cabixi
Cidade sita no Vale do Guaporé. Muitos romeiros desta localidade
acorrem a *Pimenteiras para participarem na festa do Divino.
Caixeiro
Tripulante do *Barco do Divino, tocador de *tarol.
Capitão do mastro
Cargo elegível do Império no Vale do Guaporé. Intervém apenas no
final dos festejos.
Carlinhos
Pouso da romaria do Divino.
Cerejeiras
Cidade sita no Vale do Guaporé. Muitos romeiros desta localidade
acorrem a *Pimenteiras para participarem na festa do Divino.
Comandante geral
Piloto do *Batelão do Divino. Zela pela disciplina a bordo.
Copeiro
Tripulante do *Batelão do Divino.
Coroa
Durante o dia, a Coroa e a Bandeira do Divino visitam os habitantes da
localidade nas suas residências, angariando os seus óbolos. São
oferecidas as mais variadas espécies de esmolas: dinheiro, bois,
cavalos, galinhas, patos, carneiros etc. Além da esmola, o dono oferece
comida e bebida a todos aqueles que integram o cortejo. Os animais
ofertados são abatidos para alimentarem a tripulação do barco e, no
final da festa, todos quantos estejam presentes. As esmolas em
dinheiro são entregues ao pároco para que sejam utilizadas em
benefício da igreja da localidade promotora da festa. É considerada
371
grande honraria receber a *Coroa do Divino e empunhar o *Ceptro da
Imperatriz. A Coroa só se retira quando o dono da casa autoriza.
Corumbiara
Cidade sita no Vale do Guaporé (Rondónia). Muitos romeiros desta
localidade acorrem a *Pimenteiras para participar na festa do Divino.
372
Costa Marques: Folia e Imperador
373
Costa Marques
Cidade sita no Vale do Guaporé (Rondónia). Envia uma delegação a
*Pimenteiras para participar nos festejos do Império. As primeiras
festividades em louvor do Senhor Divino aqui realizadas, ocorreram
na capela de São Sebastião, a 9 de Junho de 1957. *Rainha Santa
Isabel.
Cozinheiro
Tripulante do *Barco do Divino.
Encarregado da Coroa
Tripulante do *Barco do Divino. É escolhido pelo *Imperador.
Engomadeira
Cargo elegível do Império no Vale do Guaporé. São várias as
engomadeiras e intervêm apenas no final dos festejos.
Foliões
Também denominados *Alunos do Divino. Cantores dos 8 aos 14 anos.
Usam lenços brancos em volta da cabeça, atados sob o maxilar
inferior. *Mestre dos foliões.
374
Guajará-Mirim
Cidade sita no Vale do Guaporé. Muitos romeiros desta localidade
acorrem a *Pimenteiras para participarem na festa do Divino. A Festa
do Divino do ano 2000 em Pimenteiras foi celebrada uma semana
depois do Pentecostes. Tal adiamento deveu-se fundamentalmente à
circunstância de a peregrinação do *Batelão do Divino se ter estendido
à cidade de Guajará-Mirim, onde a *Coroa permaneceu durante vinte
e quatro horas, repetindo a experiência do Centenário de 1994. Após a
visita a Guajará-Mirim, no final do mês de Abril, o Batelão do Divino
cumpriu a sua peregrinação anual, entre a foz do Guaporé e
Pimenteiras, terminando o seu périplo na manhã do dia 13 de Junho.
375
Guaporé
Rio que faz fronteira entre o Estado de Rondónia e a *Bolívia. As
povoações ribeirinhas ao longo das suas margens promovem uma
Festa em louvor do Divino, cujas insígnias percorrem, em 45 dias (por
vezes, cerca de 50), três mil quilómetros, aproximadamente, desde a
foz deste rio até *Guajará-Mirim. *Bolívia, *Cabixi, *Cerejeiras,
*Corumbiara, *Costa Marques, *Lamego, *Porto Murtinho, *Vilhena.
Imperador
Cargo elegível do Império no Vale do Guaporé. Nas residências do
Imperador e da *Imperatriz, os devotos têm constantemente à
disposição comida e bebida, confirmando a tradição de fartura da
Festa do Divino do Guaporé.
Imperatriz
Cargo elegível do Império no Vale do Guaporé. Nas residências do
*Imperador e da Imperatriz, os devotos têm constantemente à
376
disposição comida e bebida, confirmando a tradição de fartura da
Festa do Divino do Guaporé.
Lamego
Pouso na Romaria do Divino, no Vale do Guaporé.
Limoeiro
A edificação da capela de São Miguel, em Limoeiro, no Rio São Miguel,
viabilizou a realização ali de festividades em louvor do Divino, nos
anos de 1945, 1947 e, novamente, a 20 de Maio de 1956.
377
Livros de Actas
Compete ao *Encarregado da Coroa recebê-los do *Imperador do ano
transacto e entregá-los ao Imperador em funções. *Arca da Coroa,
*Bandeira do Divino, *Toalhas de altar.
Mastro da bandeira
O mesmo que *Mastro do Divino. No domingo de Pentecostes,
derradeiro dia da festa, o Mastro da Bandeira é carregado por vários
homens e mulheres, até ao adro da igreja, onde é erguido. A bandeira
especada no topo do *Mastro do Divino é de madeira, pintada de
vermelho com a pomba no centro. Mantém-se no mastro até à manhã
do dia seguinte ao termo das festividades. A localidade que há-de
promover a festa no ano seguinte será escolhida, mediante sorteio,
colocando-se em uma urna os nomes daquelas que ficarem situadas na
direcção apontada pela bandeira.
Meia-lua
Três manobras em círculo realizadas pelo *Barco do Divino, antes de
acostar.
Mestre
Encarregado dos *foliões. Toca violão. Escolhido pelo *Imperador.
Mordomo
Cargo elegível do Império no Vale do Guaporé. São vários e intervêm
apenas no final dos festejos.
Pedras Negras
A primeira festa em honra do Divino ocorreu em 23 de Maio de 1937,
na capela de São Francisco. De 1937 a 1945 os festejos foram
realizados alternadamente em Pedras Negras e *Rolim de Moura. A
inauguração oficial da igreja de São Francisco, em Pedras Negras, em
17 de Julho de 1947, tornou possível o retorno da *coroa a esta
localidade. De 1948 a 1953, foi acordado um rodízio entre Pedras
Negras, Rolim de Moura e *Limoeiro.
Pimenteiras
Cidade situada no Vale do Guaporé (Rondónia). Celebra o Divino com
*Império desde 1894. O *Batelão do Divino faz a sua entrada triunfal
378
no porto, completando a peregrinação fluvial, que chega a durar 50
dias para percorrer o seu itinerário normal, entre Pimenteiras,
Guarajá-Mirim, a foz do rio Guaporé e regresso a Pimenteiras (3000
quilómetros, aproximadamente),. Esta peregrinação inicia-se uma vez
concluída a Semana Santa, navegando nos rios Guaporé, Mamoré,
São Miguel, Cautário, bem como no braço fluvial que conduz à cidade
boliviana de *Piso Firme. Acrescem ainda as enormes distâncias
percorridas em terra firme, durante as procissões pelas ruas e veredas
de todos os povoados ribeirinhos, assim como de cidades como
*Cabixi, *Corumbiara, *Costa Marques, *Cerejeiras, *Vilhena e
*Guajará-Mirim. A multidão aglomerada no porto da cidade de
Pimenteiras cumpre os ritos tradicionais. Alguns pagadores de
promessa (*promesseiro) recebem a comitiva da romaria entrando no
rio, chegando a permanecer durante muitas horas com água pelos
ombros.
379
das famílias guaporeanas dispersas hoje por todos os recantos do
Estado. É na Festa do Divino que acontece o reencontro dos Mendes,
dos Lopes, dos Ribeiro, dos Maciel, dos Brito, dos Vargas, dos Moraes,
dos Paes, dos Aranha, enfim, de todas as famílias que compõem a
comunidade guaporeana”.
Piso Firme
Localidade boliviana, paragem na Romaria do Divino, no Guaporé.
Em 2012, coube-lhe promover os festejos.
380
Piso Firme (Bolívia) organizou a festa do Divino em 2012
381
Porto Murtinho
382
Porto Murtinho
Paragem na Romaria do Divino no Guaporé.
Porto Velho
Localidade do Estado de Rondónia. De acordo com alguns residentes,
a Festa do Divino de Porto Velho remonta ao ano de 1899.
Promesseiro
Designação de alguém que fez uma promessa ao Divino. *Remeiro,
*segundo copeiro, *segundo cozinheiro.
Rainha do Guaporé
Epíteto da ex-Imperatriz Dalila Saldanha, renomada romeira de
muitos Impérios do Divino no Guaporé, falecida no ano 2000.
383
tradição erudita (sem qualquer confirmação documental), advogada
por autores eclesiásticos seiscentistas. A respeito do mesmo assunto
corre na cidade de *Costa Marques uma curiosa e inesperada narrativa
que merece ser registada, sobretudo mercê da sua originalidade: “[…]
conversando com o Sr. Manoel Coelho e vários outros integrantes da
Irmandade do Divino Espírito Santo [da cidade de Costa Marques],
como o Senhor Chico Território, ouvimos a seguinte versão: Conta-se
que o Rei D. Diniz e a Rainha Isabel tinham dois filhos, um querido da
Rainha e o outro do Rei. Achando-se alquebrado D. Diniz, reuniu com
seus conselheiros e a rainha decidindo a nomear como seu sucessor o
seu filho querido. A Rainha Isabel ao saber da história, reivindicou o
trono para o seu filho preferido e não foi atendida. Essa pendenga
praticamente dividiu o reino tendo a rainha inclusive se enclausurado
em convento onde ficou sabendo que seus dois filhos iriam participar
de uma luta e quem ganhasse seria o herdeiro do trono. No convento a
rainha fez uma promessa ao Divino Espírito Santo, invocando para
que Ele não deixasse a luta se realizar. No dia marcado para a luta, o
povo da aldeia se encontrou numa espécie de campo e os dois irmãos
(cada um postado em um extremo do campo) com lanças e armaduras
receberam o sinal do mediador, partiram em seus cavalos e ao
chegarem no centro do campo, em vez de se degladiarem, se
abraçaram tendo o filho preferido do Rei abdicado a coroa em favor de
seu irmão, querido da Rainha. A promessa de Isabel era de que, caso a
luta não acontecesse mandaria emissário com a Coroa do Divino para
todas terras possessões de Portugal” (in Jornal Diário da Amazônia,
Caderno B, 17 Jun. 2000).
384
Remanso
Localidade boliviana, ribeirinha do Rio Paraguá, um dos afluentes do
Guaporé. Aderiu à *Irmandade do Divino Espírito Santo do Vale do
Guaporé.
Remeiro
Termo aqui adoptado para designar o remador do *Barco Divino.
*Promesseiro ou sorteado no ano anterior. Usa um lenço branco
amarrado na fronte, como distintivo. Actualmente, a Irmandade do
Divino admite aumentar o número dos remeiros para 14 ou 16,
quando a embarcação o permite, para corresponder à grande procura
por parte dos promesseiros.
385
Rolim de Moura
Localidade do Estado de Rondónia. Participa na festa do Divino desde
1933. *Vale do Guaporé.
Ronqueira
Ao aproximar-se de cada povoação, 0 *Barco do Divino anuncia a sua
chegada disparando a ronqueira, artefacto em madeira, com um cano
de ferro por onde é introduzida a pólvora.
Ronqueiro
*Artilheiro.
Sagarama
Aldeia indígena do Guaporé. Paragem na Romaria do Divino.
Santo António
A primeira festa do Divino realizou-se nesta localidade do vale do
Guaporé (Rondónia) em 29 de Maio de 1955. Uma delegação participa
nas festividades em *Pimenteiras.
Secretária da Imperatriz
Cargo elegível do Império no Vale do Guaporé. Intervém apenas no
final dos festejos.
Segundo copeiro
Havendo muitos promesseiros para participar na viagem do *Barco do
Divino, eles são admitidos nas funções de Segundo copeiro e de
*Segundo cozinheiro.
Segundo cozinheiro
Havendo muitos promesseiros para participar na viagem no *Barco do
Divino, eles são admitidos nas funções de Segundo cozinheiro e de
*Segundo copeiro.
Sorteio
O sorteio do *Imperador e da *Imperatriz do Divino do *Alferes da
Bandeira, do *Capitão do Mastro, dos Mordomos (*Mordomo), das
Engomadeiras (*Engomadeira), da *Secretária da Imperatriz, bem
assim como da localidade promotora da Festa do Divino, realiza-se no
386
dia seguinte ao do termo das festividades. Findo o sorteio, o povo
come, bebe, e saúda os eleitos, cantando e dançando.
Surpresa
Uma delegação desta localidade do Vale do Guaporé participa nas
festividades em *Pimenteiras.
Tarol
Tambor. *Toque do tarol.
Tarumã
Localidade do Estado de Rondónia. Participa na festa do Divino desde
1933. *Vale do Guaporé.
Toalhas de altar
Compete ao *Encarregado da Coroa recebê-las do *Imperador do ano
transacto e entregá-las ao Imperador em funções. *Arca da Coroa,
*Bandeira do Divino, *Livros de Actas.
Toque do tarol
O *caixeiro, toca o *tarol enquanto o *Batelão do Divino realiza as
manobras de acostagem ao porto.
Velório
*Alvorada do Divino. Realiza-se diariamente, enquanto a coroa
permanece na povoação.
Versalles
A inscrição de *Versalles (*Bolívia), na Irmandade do Divino Espírito
Santo do vale do Guaporé, no ano de 1953, deu ensejo a esta
comunidade de promover, a 5 de Junho de 1954 os primeiros festejos
em honra do Paracleto, na capela de São José.
Vilhena
Cidade sita no Vale do Guaporé (Rondónia). Muitos romeiros desta
localidade acorrem a *Pimenteiras para participarem na festa do
Divino.
387
TOCANTINS
389
Ajudante de contramestre
Integrante de uma *Folia. *Contramestre.
Ajudante de mestre
Integrante de uma *Folia. *Mestre.
Alferes
Cargo correspondente ao de *Mestre numa *Folia. O sexagenário
Leôncio Ferreira Xavier (*Natividade) desempenha o cargo de Alferes,
conduzindo a bandeira do Divino do *Giro da Folia dos Gerais
(Natividade - *Chapada da Natividade – *Santa Rosa de Tocantins –
*Palmas) há mais de duas décadas.
Almas
Município do Sudeste do Estado de Tocantins. Império do Divino.
Almoço da nobreza
Denominação do *Bodo, em *Monte do Carmo (Tocantins).
Arraias
Festejos do Divino.
Arrieiro
Assistente dos foliões do *Monte do Carmo (*Tocantins), responsável
pelos mantimentos e esmolas. Tem a seu cargo a *buraca, uma espécie
de mala, com alças, destinada a transportar e armazenar os utensílios
da folia, enquanto dura o périplo desta pelo sertão, o qual pode
prolongar-se por mais de um mês.
Bendito
Designação de um cântico interpretado pela *Folia durante o *Giro da
folia, em Tocantins. Em Portugal, um cântico denominado Bendito e
Louvado, específico das festividades do Divino nas Beiras, é entoado
pelos mordomos (velhos e novos), após cada jantar ou boda,
notadamente na aldeia da Zebreira (Jaime Lopes Dias, Etnografia da
Beira, v. 1, p. 74-75). *Roda (de saudação).
391
Almas: Folia e Encontro das Folias do Rosário e do Divino
392
Buraca
Nome de uma espécie de mala, com alças, utilizada pelo *arrieiro da
*Folia do *Monte do Carmo (Tocantins) para armazenar e transportar
os pertences da Folia, enquanto dura o périplo desta pelo sertão, o
qual pode prolongar-se por mais de um mês.
Capim de Boi
A *Folia da Região de Capim de Boi conflui para Paranã no termo do
seu périplo de trinta dias pelas propriedades rurais do sertão
paranaense.
Capitão do Mastro
Cargo do Império de *Natividade e do *Reinado de *Paranã. *Rainha
do Mastro.
Carreata
Procissão. *Monte do Carmo.
Casa da festa
Correspondente ao *Império, i. e., teatro do *Imperador. Após a sua
coroação, à porta da igreja, e a missa solene de coroação, o Imperador
segue para a Casa da festa, acompanhado pelas bandeiras das folias e
por bandas filarmónicas. Uma vez aí chegado, manda servir café com
bolo, licor, etc., seguindo-se o baile, cuja coreografia assenta
essencialmente na *Dança da Sússia e na *dança do tambor.
Catira
O mesmo que *Sússia. *Dança da Sússia.
Chapada da Natividade
Festeja o Divino em Julho.
393
Chorado
Coreografia típica do sertão paranãense. Em Paranã (Tocantins), é
dançado quando do *Encontro de folias.
Conceição
O Divino é festejado neste município, com *Império. As celebrações
terminam, quarenta dias após o início do giro da folia, com uma missa,
durante a qual são empossados o *Imperador e a *Imperatriz que hão-
de presidir aos festejos do ano seguinte.
Contramestre
Integrante de uma *folia. *Ajudante de *contramentre.
Coroação
Imposição da *coroa ao *Imperador. Representa o auge da liturgia do
Divino, obedecendo a ritual meticuloso e fixo. Quando sancionada
pela igreja, é indissociável da missa, chamada da coroação, e realizada
segundo as normas diocesanas. Geralmente, ocorre no final da missa
394
de domingo de Pentecostes. Após a bênção da coroa, o celebrante
empunha-a, colocando-a na cabeça do Imperador. Por vezes é o
próprio Imperador quem a empunha e se coroa a si próprio. No litoral
catarinense (Brasil), quem pratica o gesto é o casal festeiro. Após a
coroação, o Imperador dirige-se para o Império ou Casa do Espírito
Santo onde é cumprimentado e objecto de adoração, antes de depor a
coroa e o ceptro sobre o altar. Acontece, por vezes, a esposa do festeiro
velho beijar a coroa antes de a entregar à esposa do festeiro novo (Doc.
Folclore Paulista, p. 60).
Coroação de crianças
*Paranã.
Dança da Sússia
Coreografia muito comum na Festa do Divino no Estado de Tocantins.
*Sússia.
Dança do tambor
*Monte do Carmo.
Dianópolis
Folia e Império do Divino no povoado da Missão.
395
Encarregado da esmola geral
Cargo do séquito imperial, em *Paranã.
Encontro de folias
Também conhecido como *Chegada das Folias. Ocorre quando as
cinco folias, que “giram” no sertão de Paranã angariando donativos, se
encontram à porta da igreja. No mesmo dia dançam-se a *Sússia e o
*Chorado, danças típicas da região.
Folia
Grupo precatório, constituído por indivíduos, integrando, ou não, uma
irmandade religiosa, o qual, em contínuas deslocações (*giro da folia),
que, algumas vezes, duram vários meses (de Janeiro a Julho no Estado
de Tocantins), mediante louvações, angaria espórtulas junto dos fiéis,
destinadas aos festejos. Diz-se ser esse perambular que garante o êxito
da festa. A Folia do Divino realiza a visita porta a porta, quer nos
núcleos urbanos, quer nas comunidades rurais, conduzida por uma
bandeira (cujo centro é ocupado pela pomba do Espírito Santo). Os
foliões, émulos dos apóstolos, organizam-se em grupos de doze ou
mais homens, de acordo com a seguinte hierarquia: *mestre (também
denominado *alferes), *ajudante de mestre, *contramestre, *ajudante
de contramestre, *procurador e *tamboreiro. Ao som de gaita, violão,
396
rabeca, tambor e, por vezes, triângulo, os foliões cantam quadrilhas
ora decoradas, ora improvisadas. Numa folia distinguem-se seis
momentos principais: chegada diante de uma casa; entrada na
residência; louvação; peditório; agradecimento e despedida. Em
*Monte do Carmo (Tocantins), a folia consiste numa procissão de
homens a cavalo, a quem compete levar ao sertão a mensagem da
Ressurreição e arrecadar donativos para o *Imperador distribuir.
Discografia
Registro fonográfico em Folias do Brasil - Dércio Marques e convidados (2000,
DMCD09)
397
bênçãos do Divino e angariando esmolas. Nesse périplo, que ocorre no
dia 16 de Julho (dia de Nossa Senhora do Carmo, padroeira de Monte
do Carmo), conduzem a grande bandeira da Misericórdia local.
Foliona
Mulher que integra a *Folia das mulheres, no *Monte do Carmo
(Tocantins), a quem compete visitar os lares da zona urbana,
cantando, distribuir as bênçãos do Divino e arrecadar esmolas.
Gameleira
A *Folia da Região da Gameleira, nas proximidades do Rio Palma,
conflui para Paranã no termo do seu périplo de trinta dias pelas
propriedades rurais do sertão paranaense.
Giro da folia
Designa as deslocações da *Folia, antecedendo o Império do Divino,
com o objectivo de angariar donativos para a festa. No Estado de
Tocantins o giro da Folia realiza-se de Janeiro a Julho, consoante as
características de cada localidade, representando, diz-se, as andanças
398
de Jesus Cristo e de seus doze apóstolos durante 40 dias, convocando
todos para a “festa da hóstia consagrada”.
Giro de Baixo
Um dos dois ramos, da folia de *Silvanópolis (Tocantins). Cada qual
com seu *Imperador e *Imperatriz.
Giro de Cima
Um dos dois ramos, da folia de *Silvanópolis (Tocantins). Cada qual
com seu *Imperador e *Imperatriz.
Imperador
Festeiro do Divino, em muitas regiões do Brasil, um menino,
adolescente, ou adulto jovem, cuja família assume os encargos e
despesas maiores da festa, geralmente a título de pagamento de uma
promessa. O seu mandato dura um ano, desde o dia em que é
sorteado, eleito, ou indigitado, até à entrega das insígnias imperiais ao
sucessor, competindo-lhe, nesse ínterim, coordenar (ou à família)
tudo quanto se reporte às festividades. Em *Monte do Carmo, diz-se
ser a representação do Imperador Dom Pedro I. *Chapada da
Natividade, *Conceição.
Imperatriz
Festeira do Divino. Em *Monte do Carmo, afirma-se ser a
representação da Imperatriz D. Leopoldina, esposa de Dom Pedro I.
*Chapada da Natividade, *Conceição.
Juiz da fogueira
Cargo do *Reinado, em *Paranã (Tocantins).
Leitura da sorte
Momento culminante das festividades do Divino, em Paranã
(Tocantins). Ocorre no domingo de Pentecostes, nela se determinando
quem hão-de ser o *Imperador, o *Capitão do mastro, o *Encarregado
da esmola-geral e demais séquito imperial na festa seguinte.
Licença
Designação de um cântico interpretado pela *Folia durante o *Giro da
folia.
399
Licor
Bebida servida aos devotos na residência do Imperador e na *Casa da
festa.
Mastro
Em *Natividade e em *Paranã, o *Capitão do Mastro e a *Rainha do
Mastro integram o *Reinado, o que testemunha a relevância desse
adereço nos Impérios locais.
Mestre
Principal integrante de uma *Folia. *Ajudante de mestre.
Monte do Carmo
Município do Estado de Tocantins. A história de Monte do Carmo
começa com a descoberta de minas de ouro na região, no ano de 1741,
pelo bandeirante Manuel de Sousa Ferreira fundador do Arraial de
Nossa Senhora do Carmo. A designação actual, remonta apenas a
1953. O Império do Divino em Monte do Carmo anda associado à festa
da padroeira da cidade, realizando-se, anualmente, no dia 16 de Julho.
400
Na realidade, a Festa do Carmo, como é conhecida em Tocantins,
Goiás e outros Estados limítrofes, é um conjunto de festividades numa
só temporada: Divino Espírito Santo, Nossa Senhora do Carmo e
Nossa Senhora do Rosário. O domingo de Páscoa marca o início dos
festejos, com a saída das folias do Divino, as quais percorrem a cavalo,
processionalmente, o sertão e algumas das cidades vizinhas, durante
30 dias. Os foliões pousam, diariamente, em fazendas diferentes, cujos
proprietários, além de disponibilizarem acomodações para
repousarem, lhes oferecem comida, bebida e festa, depois de os
ouvirem interpretar *Licença, *Bendito, *Roda e *Sússia. O encontro
das folias, na Igreja Nossa Senhora do Carmo, na presença de
inúmeros devotos, assinala o termo do *giro da folia, sendo celebrado
com cânticos e muita animação. Na mesma ocasião, as diferentes
folias prestam contas das esmolas arrecadadas ao *Imperador.
401
Ladainha de Nossa Senhora, celebração e leilões. Dia 8 de Julho o
*Imperador e a *Imperatriz, o *Rei e a *Rainha, entram na cidade,
acompanhados pelos respectivos familiares, trazendo todos os
mantimentos da festa em carros de bois, cavalos e burros. A chegada
do Imperador à cidade é saudada com muitos foguetes, sendo também
motivo para a realização de uma grande festa. Assinalando o termo da
novena, em 15 de Julho, são hasteados os mastros, dando-se início aos
preparativos dos festejos que ocorrerá nos dias 16, 17 e 18 de Julho.
Entretanto, os casais Imperiais e Reais, alojados na cidade em
residências distintas, trocam visitas, presenteando os devotos com
*café com bolo, *licor, *Sússia e *dança do tambor. Na manhã do dia
da padroeira (16 de Julho), é realizada a procissão (*carreata) da
imagem de Nossa Senhora do Carmo, a qual principia na Prefeitura
Municipal e termina na igreja. Aí é celebrada a missa da Padroeira,
dada posse ao Rei e à Rainha, ocorrendo também o derradeiro leilão
da festa. Segue-se a saída do *Par de Salva e da *Folia das mulheres
com a grande bandeira da Misericórdia, concluindo o giro na
residência do Imperador, cerca das 16 horas. À noite, o Imperador é
investido, à porta da Igreja, seguindo-se a missa solene da coroação.
Uma vez esta concluída, o Imperador dirige-se para a *Casa da festa
acompanhado pelas bandeiras das folias e por bandas de música. Uma
vez ali chegado, manda servir café com bolo, licor, *dança de sússia ou
dança de tambor, seguindo-se um baile. Na manhã de 17 de Julho, o
Imperador e familiares saem com o Rei e a Rainha da Casa da festa
para a igreja onde participam na missa do Divino Espírito Santo. Após
o termo desta, o Imperador apresenta agradecimentos à comunidade,
realizando-se o sorteio da nova Irmandade do Divino. Regressando à
Casa da festa, a comunidade e romeiros são aí presenteados com café
com bolo, licores da região, *valsa do Imperador e o *almoço da
nobreza. Pelas 15 horas inicia-se a festa do Rei e da Rainha em louvor
de Nossa Senhora do Rosário, constituindo a caçada o ponto alto das
celebrações. À noite, é dada posse ao Rei e à Rainha com celebração de
missa, logo após o que os festeiros vão com o “reinado” para a Casa da
festa onde é servido café com bolo, licores, dança do tambor,
seguindo-se um baile. No dia 18 de Julho, Rei e Rainha partem da
Casa da festa para a Igreja para participarem na missa de Nossa
Senhora do Rosário. Concluída a celebração eucarística, procede-se ao
sorteio dos festeiros para o ano seguinte, após o qual o Rei e a Rainha
402
regressam à Casa da festa, para o almoço da realeza, precedidos por
congos, taieiras e tambores.
Natividade
Município do Sudoeste do Estado de Tocantins e seu berço cultural. O
*Divino é cultuado com Império. Os festejos iniciam-se ao final da
tarde de domingo de Páscoa, com a partida das folias, durando 40
dias. Cada folia é constituída por um grupo de cavaleiros cantadores
que sai das principais cidades do interior do Tocantins, sob uma
bandeira do Espírito Santo, rumando a fazendas e povoados, para em
nome dela angariar, com cantorias, donativos e convidar para a festa
as comunidades visitadas. Estas garantem-lhes a alimentação e a
pousada. De volta à cidade, no quadragésimo dia, as folias encontram-
se na igreja. Depois das orações de agradecimento e da entrega dos
donativos recolhidos, o *encontro das folias continua no adro da igreja
com muita dança (*Taieira, *Sússia, *Cateretê e *Catira), música e
licores regionais, até de madrugada. Nos cortejos em que participa, o
*Imperador desloca-se no interior do *Quadro santo.
403
404
405
Noite das canoas
Madrugada durante a qual, os barcos que anualmente participam na
*Procissão fluvial e a Rua Rui Barbosa, em *Paranã, são enfeitados
pelos moradores.
Nova Olinda
Festejos do Divino, com *Folia.
Novena
Exercício de devoção repetido durante nove dias consecutivos, com
determinada intenção. Os noveneiros do Divino reúnem-se para orar
em nove noites consecutivas, na presença das bandeiras e da *Coroa
do Espírito Santo.
Pajem da salva
Cargo do *Reinado, em *Paranã.
Pajem do estoque
Cargo do *Reinado, em *Paranã.
406
Palmas
Capital do Estado de Tocantins. A partir de finais de Março e durante
todo o mês de Abril os foliões de *Monte do Carmo e de *Natividade
fazem o *giro da folia, realizando cantorias e danças, enquanto
angariam donativos para a festa. A *Folia de Monte do Carmo chega a
Palmas, a cavalo, geralmente na companhia do *Rei e da *Rainha da
407
festa de Nossa Senhora do Rosário, sendo recebida na Prefeitura
Municipal, bem assim como pelo Governador do Estado, no Palácio
Araguaia. Já a folia de *Natividade faz o giro acompanhada pelo
*Imperador, sendo recebida pelas mesmas entidades estaduais. Após a
apresentação dos cânticos e danças, é da praxe que os foliões sejam
brindados com um *café com bolo. Depois é-lhes oferecida esmola.
Em todas as oportunidades, os foliões rezam, cantam e dançam em
louvor do Divino Espírito Santo, agradecendo aos seus anfitriões as
esmolas recebidas.
Pandeiro
Instrumento utilizado pelos foliões nas suas cantorias,
designadamente: *Licença, *Bendito, *Roda, *Catira e *Sússia. De
forma circular, é fabricado com couro de bode, pedaços de madeira,
moedas ou tampas de garrafa a servir de soalhas.
408
Folia de Dianópolis, tocando pandeiro
Par da salva
Figurantes do Império de *Monte do Carmo, a quem compete
conduzir a coroa do *Imperador numa bandeja, enquanto colecta
esmolas porta a porta.
Par de estoques
Oficial da Guarda da Cavalaria, segurança do *Imperador, com farda
amarela e azul, no Império de *Monte do Carmo. Cargo sorteado,
extinto em 1920. Primitivamente, acompanhava o Imperador com
uma espada de prata e, ulteriormente, com um facão.
Paranã
Município, primitivamente denominado São João da Palma. As
festividades em honra do Divino decorrem simultaneamente com as
que celebram São João Baptista. No aro deste município do Sudeste de
Tocantins giram cinco folias (*Capim de Boi, *Gameleira, *Rio Palma,
*Rio Paranã, *Santa Cruz) cujo encontro (*Encontro de folias) ocorre
na matriz de Paranã, trinta dias após iniciado o périplo de cada uma
409
pelas comunidades rurais do extenso território abrangido (*Giro da
folia). Além das novenas, missas, leilões e quermesses, *Sússia,
Esmola geral e *Procissão Fluvial, realiza-se aqui a *Coroação de
crianças, representando o *Reinado (*Rei, *Rainha, *Capitão do
Mastro, *Pajem do Estoque, *Pajem da Salva e *Juiz da Fogueira), e
coroação e posse do Imperador do Divino e respectivo séquito. Na
manhã do domingo de Pentecostes realiza-se a coroação do
*Imperador, culminando os festejos na *Leitura da sorte, a qual
determina quem hão-de ser o Imperador, o *Capitão do mastro, o
*Encarregado da esmola geral e demais séquito imperial na festa
seguinte.
Peixe
Município do Estado de Tocantins, criado em 1895, a partir de
território do município de São João da Palma, hoje Paranã. A matriz é
dedicada ao Divino, aqui festejado com Império.
410
Pouso da folia
Local onde os foliões se detêm no decurso do *Giro da folia.
Procissão fluvial
Várias dezenas de embarcações participam na Procissão fluvial, em
louvor do Divino e de São João Baptista, evento, que teve a sua 1ª
edição no ano de 1980, com o objectivo de proteger os habitantes
ribeirinhos dos rios Palma e Paranã das grandes enchentes que,
amiúde, afligem a região. A procissão parte da igreja matriz de Paranã,
deslocando-se até ao rio Palma, de onde desce até à confluência com o
Paranã, daqui seguindo para montante, até ao Povoado do Espírito
Santo. Os barcos que participam na procissão e a Rua Rui Barbosa são
enfeitados pelos moradores, anualmente, na madrugada conhecida
como a *Noite das Canoas. Dada a partida às 9 horas da manhã do
sábado que antecede o Pentecostes, centenas de devotos e turistas
aglomeram-se ao longo das margens dos rios Palma e Paranã,
entoando cânticos e empunhando bandeiras do Divino. Em *Paranã, a
comunidade local recebe os andores, percorrendo a Rua Rui Barbosa,
411
festivamente engalanada com grandes arcos revestidos com tecidos,
balões, fitas e flores. Os moradores capricham na ornamentação das
fachadas das respectivas residências, evidenciando desse modo o
fervor da sua devoção. O trajecto é acompanhado por lançamento de
foguetes, música sacra e louvores ao Divino.
Procurador
Integrante de uma *Folia.
Quadro santo
*Natividade.
Rainha
Festeira de Nossa Senhora do Rosário, em *Monte do Carmo.
*Paranã, *reinado.
412
Rainha do Mastro
Cargo dos Impérios de *Natividade e de Paranã. *Capitão do Mastro.
Rei
Festeiro de Nossa Senhora do Rosário, em *Monte do Carmo. *Paranã,
*reinado.
Reinado
Em *Paranã, é a designação do conjunto dos cargos que
desempenham funções na *coroação de crianças: *Rei, *Rainha,
*Capitão do Mastro, *Pajem do Estoque, *Pajem da Salva e *Juiz da
Fogueira.
Residência do Imperador
Casa onde o *Imperador e a *Imperatriz se alojam com a respectiva
família durante os festejos do Império, em *Monte do Carmo. Aí são
anfitriões do *Rei e da *Rainha (festeiros de Nossa Senhora do
Carmo), bem como dos devotos que entendam visitá-los.
Rio Palma
A *Folia da região do *Rio Palma ruma a *Paranã no termo do seu
périplo de trinta dias pelo sertão paranaense.
Rio Paranã
A *Folia da região do Rio Paranã, ruma a *Paranã no termo do seu
périplo de trinta dias pelo sertão paranaense.
Roncador
Tambor utilizado no acompanhamento da *Sússia.
Santa Cruz
A *Folia da região de Santa Cruz ruma a *Paranã no termo do seu
périplo de trinta dias pelo sertão paranaense.
413
Santa Rosa do Tocantins
Município do Estado de Tocantins. Festeja o Divino, com Império.
São Silvério
Município do Sudeste do Estado de Tocantins. Festeja o Divino.
Silvanópolis
Município do Estado de Tocantins. As festividades do Divino são
bicéfalas, possuindo dois ramos, denominados *Giro de Cima e *Giro
de Baixo, cada qual com seu *Imperador e *Imperatriz. Estes partem
para o *Giro da folia no domingo de Páscoa. Ambas as folias, do Giro
de Cima e do Giro de Baixo, se deslocam a *Palmas, aquela via
*Taquaruçu, acompanhada pelo Imperador e pela Imperatriz. Do seu
repertório musical constam: *Roda de Saudação e *Bendito.
414
Folia de Silvanópolis
Sússia
Coreografia típica do Estado de Tocantins, dançada pelos foliões do
Divino de *Monte do Carmo. Fazem-se acompanhar por pandeiros,
415
por violas, pelo *Roncador (tambor) e por cantadores, em ritmo
frenético e repicado. O par baila em tom de desafio: a mulher em
passos miúdos, girando, as mãos na cintura, enquanto o homem se
acerca dela, sapateando e tentando dominá-la. *Catira, *dança da
Sússia.
Sússia
Taguatinga
Município do Estado de Tocantins. Festeja o Divino, elegendo
*Imperador, *Imperatriz e Capitães do Mastro. As novenas são, regra
geral, muito concorridas.
Taieira
*Natividade.
Tamboreiro
Integrante indispensável de uma *Folia.
416
Taquaruçu
Localidade visitada pelo *Giro de Cima (*Silvanópolis) durante a sua
deslocação a *Palmas, na companhia dos respectivos *Imperador e
*Imperatriz.
Tocantínia
Município do Estado de Tocantins. Festeja o Divino com Império.
417
Valsa do Imperador
Dança realizada na *Casa da festa de *Monte do Carmo, após a
coroação do *Imperador.
Xambiuá
Município do Estado de Tocantins. Festeja o Divino.
Xambiuá: Bodo
418
Contributo para uma bibliografia dos
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Breve noticia das Festas do Imperador, e vodo que em honra e louvor do Divino
Espirito Santo costumam fazer muitas cidades, villas ou lugares deste Reyno de
portugal, e Ilhas adjacentes, e do Principio também da sua Irmandade, Lisboa, 1753
[Opúsculo raríssimo do qual, além do da Biblioteca do Palácio Nacional de Mafra
(BVolante, 2-55-1-31), só se acha recenseado outro exemplar na Biblioteca da Academia
das Ciências de Lisboa (Livros Reservados: 18-12; cota antiga: Livraria Convento de
Jesus, 645/68). Foi reproduzido in Arquivo dos Açores (v. 3, 1881, p. 285-299 e,
novamente, v. 16) e pelo subscritor no catálogo da exposição O culto do Espírito Santo
(Tomar, 1980) e no âmbito do curso História Mítica de Portugal (Sintra, 1982).
Recentemente, mais duas edições saíram a público: uma prefaciada pelo subscritor e
editada pelo Centro Ernesto Soares de Iconografia e Simbólica (1997) e outra da
responsabilidade de Pinharanda Gomes (1998)]
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A Ilha Terceira Pittoresca - Festa Religiosa - A devoção do Espírito Santo - Os Impérios
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Vulcanismo e Religiosidade, in Subsídios para um Ensaio sobre a Açorianidade, Angra
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Notas Folclóricas, in A Pátria, s. 4, a. 11, n. 826 (Jul. 1941) [reproduzido in Atlântida, v.
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Notas sobre a Vida Rural na Ilha Terceira: A festa do Espírito Santo, in Revista
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popular das Flores nas “Pastorais do Mosteiro” do padre Nunes da Rocha, in Revista
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Mosteiro com referência, entre outros assuntos, às festas do Divino]
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a estruturação das redes de troca [tese de Doutoramento apresentada ao Departamento
de Antropologia Social da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da
Universidade de São Paulo], São Paulo, 1998
TEIXEIRA, José A.
Folclore Goiano, S. Paulo, 1941, p. 71-84
VIANNA, Arthur
Festas Populares do Pará, in Annaes da Bibliotheca e Arquivo Público do Pará, t. III
(1968), p. 242-250
VIEIRA FILHO, Domingos
A Festa do Divino Espírito Santo, in Revista da Academia Maranhense de Letras, v. 9
(Mai. 1954) e in Boletim da Comissão Maranhense de Folclore, v. 31 (Jun. 2005), p. 26-
31
WILLEMS, Emilio
Acculturative Aspects of the Feast of the Holy Ghost in Brazil, in American
Anthropologist, v. 51 (1949), p. 400-408
EUA
AAVV
Espirito Santo Church – Fall River, Massachusetts, Fall River, 1980
BRAGA, Heldo Teófilo / MEDEIROS, João Luís de (coord.)
Em Louvor do Divino: Grandes Festas em louvor do Divino Espírito Santo de Nova
Inglaterra, 1993, Providence, 1993
GAYTON, Anna
Descrição das Festas do Espírito Santo feitas pelos Portugueses da Califórnia em 1947,
in Insulana, v. 4, n. 4 (1948), p. 387-402
A “Festa da Serreta” em Gustine (Califórnia), in Insulana, v. 7, n. 3-4 (1951), p. 236-259
The Festa do Espírito Santo in Three Cultural Settings, in Actas do III Colóquio
Internacional de Estudos Luso-Brasileiros, v. 1, Lisboa, 1959
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GOULART, António P. (coord.)
The Holy Ghost Festas: a Historic Perspective of the Portuguese in California, San
Jose, 2002 e 2003
NOGUEIRA, D. Eurico Dias (Arcebispo de Braga)
Homília da Festa do Espírito Santo em Fall-River, USA, in Diário do Minho –
Suplemento Igreja Viva (Braga, 10 Set. 1992), p. I-II
SALVADOR, Mary Lin
Festas Açoreanas: Portuguese religious celebrations in California and the Azores,
Oakland, 1981
SAN PAYO, Urbino
Os Portugueses na Califórnia, Porto, 1985
458
ÍNDICES DE VERBETES
AMAPÁ
Açaizal Ladainhas
Almoço dos Inocentes Ladrão (de Marabaixo)
Bairro da Favela Laguinho
Bairro do Laguinho Levantação do Mastro
Batuque Macapá
Beijo de moça Manga
Beijus Marabaixeta
Bodjê Marabaixo
Caixa Marabaixo das Crianças
Cânticos Karipuna Marabaixo de rua
Casa da Festa Marabaixo do Senhor do quinto
Catuaba domingo
Ciclo do Marabaixo Mastro
Colheita da Murta Mazagão Velho
Cortação do Mastro Mesa dos Inocentes
Cortejo da murta Minguau
Cozidão Missa
Curiaú Mucura
Derrubada do Mastro Murta da Trindade
Domingo da Trindade Novena
Domingo de Páscoa Oratório
Domingo do Divino Espírito Santo Procissão
Domingo do Mastro Procissão da Meia-Lua
Domingo do Senhor Quadro de varas
Encontro de Tambores Quarta-feira de Murta
Espírito Santo Quebra da Murta
Favela Quilombo
Festa do Marabaixo Quindim
Festa do Sairé Quinta-feira da Hora
Festa Grande Rosquilha de carimã
Folia do Curipi Sábado da Trindade
Folia do Marabaixo Sábado de Aleluia
Foliãs do Divino Espírito Santo Sábado do Divino Espírito Santo
Gengibirra Sábado do Mastro
Igarapé do Lago Santa Isabel
Imperatriz Santa Rita
Império Santana
Karipuna
459
Santíssima Trindade dos Trinchante
Inocentes Tucunaré assado
Santo Zimba
Segunda-feira do Mastro
AMAZONAS
MARANHÃO
460
Batá Dama
Batalhão Dança das Caixeiras
Bendito do hortelã Derrubada do mastro
Bequimão Distribuição das esmolas
Bodo Divino de oliveira
Buscamento do mastro Doce de espécie
Buscamento do roubo Domingo de Pentecostes
Buscar a Coroa Domingo do Meio
Cabaça Dona Teté
Cacuriá Embaixador
Caixa Entrega do posto
Caixeira Enterro dos ossos
Caixeira do Divino Entrega das posses
Caixeira-ajudante Escoteiro
Caixeira-mor Esmola
Caixeira Régia Espada
Caixeiro Espírito Santo
Cajapió Espírito Santo compassado
Cajari Espírito Santo corrido
Caldeirões Espírito Santo dobrado
Cantanhede Espírito Santo do Paço
Capote Estado-maior
Carimbó das Caixeiras Fechamento da Tribuna
Carimbó das velhas Ferro
Carimbó do velho Festa da Izidória
Casa da Festa Festeiro
Casa das Minas Fita
Casa de Nagô Folia do Divino
Casa do Divino Folioa
Casa Fanti-Ashanti Gã
Caxias Gambitos
Cedral Gantó
Ceptro Goiabal
Ceptro Real Gres Académicos do Grande Rio
Ciganagem Guabiraba
Codó Guimarães
Conceição de Salazar Hino da missa
Coroa Humberto de Campos
Coroar Icatu
Coroatá Imperador
Corte Imperador do Trono
Corte Imperial Imperador-festeiro
Cortejo Imperatriz
Criúva Império
461
Império Real Padrinhos do mastro
Isidória Lopes Palmeirandia
Itapecuri-Mirim Passarinho
João da Vera Cruz Pau de Izidória
Jóia Pé quebrado
Juiz Peji
Ladainha Pelouro
Lava-pratos Penalva
Leitura do Pelouro Periá
Levantamento do mastro Pilouro
Licença para realizar a festa Pindaré-Mirim
Licor Pinheiro
Manuel da Vera Cruz Pomba
Mastarel Preso
Mastaréu Porta-bandeira
Mastro bento Porto Franco
Mastro do Divino Posses Reais
Mastro de oliveira Prenda
Matança Preso
Matinha Primeira-mor
Matutagem Prisão
Mesa do Império Procissão
Mestre-sala Promessa
Mestre-sala-mor Quatro dos segredos
Miranda do Norte Queda do mastro
Mirinzal Quinta-feira de Ascensão
Missa de Fogo Reis
Missa solene Repasse das Posses Reais
Mordoma Rosário
Mordoma-baixa Roubar Alvorada
Mordomo Roubo do Império
Mordomo-baixo Sábado do Meio
Mordomo baixo do Trono Salão
Mordomo celeste Salva
Mordomo-mor Salvar
Mordomo Real Sanat Coroa
Mordomo Régio Santa Coroa Divina
Mordomo Régio do Trono Santa Helena
Nossa Senhora da Guia Santana
Ogã São Bento
Oliveira São João Baptista
Orixá São José de Ribamar
Oxalá São Luís
Paço do Lumiar Senhora Santana
462
Segunda-mor Toque de Mina
Séquito do Trono Toque de reza
Seriema Torre de Jerusalém
Serra o pau Tourada à corda
Serra toco Três mistérios
Subida do boi Três pancadas
Tambor de crioula Tribuna
Tambor de Mina Tribunal
Terceira-mor Trono
Terreiro Vaquetas
Terreiro da Boa Fé, Esper. e Car. Vanquetas
Terreiro das Portas Verdes Vassalo
Terreiro de Mina Viana
Tesoureiro Vicente
Tirador Vila Seca
Tirar jóia Vimarense
Tirar jóias Visitas dos Impérios
Tirar licença Viva o Hino
Tocador Vodum
Toque Zidória
MATO GROSSO
Aguarela Diamantino
Baile dos Cavaleiros Festa da Iluminação
Bando do Divino Império
Batuque Nova Xavantina
Cáceres Pão bento
Cateretê Poconé
Catira Porto Esperidião
Cavalhada Pouso Alto
Chá com bolo Quadrado de varas
Cuiabá Rocinha
Curralinho Saída da esmola
Cururu Siriri
Dança da Roca Vila Bela da Santíssima Trindade
Dança dos Mascarados Xiba
PARÁ
463
Beija-santo Juíza
Belém Lundu
Bodo Macacuá
Bragança Marabaixo
Bujaru Marambiré
Busca dos mastros Mastro do Divino
Çairé Mestre Martinho
Camelu Moju
Capitão Mordoma
Carimbó Mordomo
Cecuiara Mordomos
Círio do Divino Espírito Santo Procuradeira
Curimbó Procurador
Festa do Divino Espírito Santo das Procuradora
Crianças Procuradores
Cruzador tupi Quebra-macaxeira
Derrube dos mastros Rufador de caixa
Desfeiteira Sairé
Festa do Sairé Santarém
Folião Saraipora
Igarapé-Miri Sargento
Imperador Tacauá
Imperatriz Turiua
Joannes Valsa da ponta do lenço
Juiz Varrição da festa
RONDÓNIA
464
Lamego Rey, D. Francisco Xavier
Limoeiro Rolim de Moura
Livro de Actas Ronqueira
Mastro da Bandeira Ronqueiro
Meia-lua Sagarama
Mestre Santo António
Mordomo Secretária da Imperatriz
Pedras Negras Segundo copeiro
Pimenteiras Segundo cozinheiro
Piso Firme Sorteio
Poto Murtinho Surpresa
Porto Velho Tarol
Promesseiro Tarumã
Rainha do Guaporé Toalhas de altar
Rainha Santa Isabel Toque do tarol
Remanso Versalles
Remeiro Vilhena
TOCANTINS
465
Pajem do estoque Rio Palma
Palmas Rio Paranã
Pandeiro Roda (de saudação)
Par da salva Roncador
Par de estoques Santa Cruz
Paranã Santa Rosa de Tocantins
Peixe São Silvério
Pouso da folia Silvanópolis
Procissão fluvial Sússia
Procurador Taguatinga
Quadro santo Taieira
Rainha Tamboreiro
Rainha do Mastro Taquaruçu
Rei Tocantínia
Reinado Valsa do Imperador
Residência do Imperador Xambioá
466
Manuel J. Gandra
467
É autor de vasta bibliografia, de que se destaca:
Bibliografia crítica das fontes e estudos respeitantes ao Hermetismo em Portugal (1993);
Apocalipse de Esdras nas letras e na arte portuguesas (1994); Icones Symbolicae – contributo para
o conhecimento da recepção e difusão da Cultura Simbólica em Portugal e sua presença na
Biblioteca do Palácio Nacional de Mafra (1996); Cheiros, Sabores e Comeres regionais de Mafra:
tradição e modernidade (1998); Joaquim de Fiore, Joaquimismo e Esperança Sebástica (1999); A
Cerâmica tradicional de Mafra (1999); Os Templários na Literatura (2000); Colecção Maçónica
Pisani Burnay (2000); A Cristofania de Ourique: mito e profecia (2002); O Monumento de Mafra
de A a Z – v. 1 (2002); Dicionário do Milénio Lusíada – v. 1 (2003); A Biblioteca do Palácio
Nacional de Mafra (2003); Cartas de Jogar e Tarot em Portugal (2004); Para um elenco das
edições impressas das Trovas do Bandarra, in Newsletter do Centro Ernesto Soares de Iconografia
e Simbólica, n. 17 (Mar. 2004); Para um elenco dos comentários impressos das Trovas do
Bandarra, in Newsletter do Centro Ernesto Soares de Iconografia e Simbólica, n. 18 (Mar. 2004);
Bandarra na Poética Portuguesa - séc. XVII a XX (2005); Disparates sentenciosos, do Mestiço de
Malaca (2005); Emblemas e Leitura da Imagem Simbólica no Palácio Nacional de Mafra (2005);
O Monumento de Mafra visto por estrangeiros - 1716-1908 (2005); O Projecto Templário e o
Evangelho Português (2006); O Monumento de Mafra de A a Z – v. 2 (2006); Trovas ou Disparates
do Pretinho do Japão (2007); Processo Inquisitorial de Gonçalo Anes Bandarra, sapateiro da Vila
de Trancoso, ano de 1541 (2007); A Jerusalém Celeste como paradigma dos Impérios ou Teatros do
Divino (2007); Do Desejado ao Encoberto: roteiro de uma exposição virtual (2007); Colectânea das
principais censuras e interditos visando os Impérios do Divino Espírito Santo (2007); O Anjo
Custódio de Portugal (2007); Cesare Ripa na Biblioteca do Palácio Nacional de Mafra e ecos da sua
Iconologia (Roma, 1603) nas Artes em Portugal (2007); Portugal Sobrenatural – v. 1 (2007); Da
Face Oculta do Rosto da Europa - 2ª ed. revista e ampliada (2009); Astrologia em Portugal:
dicionário histórico-filosófico (2010); Colecção Portuguesa I e II da Biblioteca do Congresso –
subsídios para a sua história (2012); Sebástica manuscrita na Biblioteca do Congresso (2012);
Templarismo manuscrito na Biblioteca do Congresso (2012); A Quinta da Regaleira - legado
Sebástico-Templarista de António Augusto Carvalho Monteiro (2012); Colecção Portuguesa I e II
da Biblioteca do Congresso – livros maçónicos (2012); O Império do Divino Espírito Santo em
Sintra e Cascais (2012); Iconografia e Iconologia: estudos, notas e fontes de cultura visionária
(2012); Livro das Profecias de Cristóbal Colón (2013); Amuletos da Tradição Luso-Afro-Brasileira
(2013); Florilégio de Tradições do Concelho de Mafra (2013); O Anjo da Saudade: da Hierarquia
Celeste e do Custódio de Portugal (2013); O Projecto Templário e o Evangelho Português (2013), 2ª
ed. revista e ampliada; Fernando Pessoa: Hermetismo, Iniciação, Heteronímia (2013); Mafra, do
ocaso da Monarquia, ao advento da República (2013); Itinerários da Monarquia Constitucional em
Mafra (2013); Hagiografia de D. Sebastião: de Desejado a Encoberto (2014); Cátaros para um
Languedoque Português (2014); António Augusto Carvalho Monteiro: imaginário e legado (2014);
Palácio Quintela: Iconologia do Programa Pictórico (2014); As Ilhas Míticas do Imaginário Luso:
fontes e iconografia (2014); Os Templários na Literatura de Língua Portuguesa (2014); A freguesia
da Carvoeira (Mafra), de-lés-a-lés (2014); Instituições militares no Monumento de Mafra (2014);
Estudos de Emblemática I. (2014); A Vila de Mafra, de-lés-a-lés: história e evolução urbana (2014);
Promontório Sagrado: Finisterra e Fim do Mundo (2015); Guia Templário de Portugal – v. 1
(2015); Fernando Pessoa: Hermetismo e Iniciação (2015); Festa dos Tabuleiros – Tomar (2015);
Guia Templário de Portugal: Almourol – Cardiga (2015); Guia Templário de Portugal – Literatura
Portuguesa (2015); 5 de Outubro de 1910 – O Embarque da Família Real na Ericeira (2015); Guia
Templário de Portugal: Tomar (2015); Emblemata – estudos 1 (2016); Arte da Memória e
Hermética na Biblioteca do Palácio Nacional de Mafra (2016); São Julião (Carvoeira, Mafra) e
Mateus Álvares, Falso D. Sebastião da Ericeira ( 2016); A Vila de Mafra de lés-a-lés: Quem é quem
(2016); Guia Templário de Portugal – Convento de Cristo (2016); Palácio Nacional de Mafra: Guia
(2016); Guia Templário de Portugal: a Demanda das Ilhas Míticas (2016); Dicionário do Milénio
Lusíada – v. 1 (2017); Noese e Técnica do Símbolo: indagações acerca do imaginário e da cultura
simbólica I e II (2017); Gliptografia Lusitânica: Marcas e Siglas Lapidares (2017); Poética
Sebástica: século XX (2017); Ordens Luso-Brasileiras e suas insignias (2017); Guia Templário de
Portugal – Demanda do Santo Graal (2017); etc.
468