Apostila Conteudosbasicos Geologia Pedologia 2020
Apostila Conteudosbasicos Geologia Pedologia 2020
Apostila Conteudosbasicos Geologia Pedologia 2020
CONTEÚDOS BÁSICOS DE
GEOLOGIA E PEDOLOGIA
CONTEÚDOS BÁSICOS DE
GEOLOGIA E PEDOLOGIA
PARA AS DISCIPLINAS DE SOL SOL 215 e SOL 220
A VIDA E A TERRA
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO
Aula de campo: Serra de São Geraldo 2
2. A TERRA: ESPAÇO E TEMPO 5
Características do Globo Terrestre 6
Tempo Geológico 9
Tectônica de Placas 13
Processos Geológicos 16
O Ciclo das Rochas 18
3. MINERAIS 20
Propriedades físicas dos minerais 20
Classificação química dos minerais 22
Minerais petrográficos 24
4. ROCHAS ÍGNEAS 28
O magma 28
Plutonismo 29
Vulcanismo 31
Classificação e identificação de rochas ígneas 33
5. ROCHAS SEDIMENTARES 38
Ciclo sedimentar 38
Classificação e identificação de rochas sedimentares 39
6. ROCHAS METAMÓRFICAS 42
Metamorfismo 42
Perturbações das rochas 43
Classificação e identificação de rochas metamórficas 45
7. INTEMPERISMO 47
Tipos e processos de intemperismo 47
Atributos das rochas e intemperismo 51
Aula de campo: arredores de Viçosa 54
8. MINERAIS SECUNDÁRIOS 58
Minerais Argilosos Silicatados 58
Óxidos de Fe e Al 61
Cargas elétricas 64
9. FORMAÇÃO DO SOLO 68
Fatores de formação do solo 68
Processos gerais de formação do solo 70
Processos específicos de formação do solo 71
10. PAISAGEM DE VIÇOSA 75
Aula de campo: Arredores de Viçosa 75
11. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE MAPAS GEOLÓGICOS 80
Estratigrafia 80
Classificação estratigráfica 82
Mapas geológicos 84
Interpretação de mapas geológicos 86
12. ASPECTOS GERAIS DA GEOLOGIA DO BRASIL 88
13. BIBLIOGRAFIA BÁSICA 90
2 Geologia e Pedologia
1. INTRODUÇÃO
Objetivo
Apresentar o grande laboratório desta disciplina - a natureza. Observar
algumas relações entre o ambiente e o homem, vinculando-as às rochas e
minerais: transformações, evolução da paisagem, implicações na riqueza em
nutrientes, hidrologia, instabilidade à erosão natural ou provocada.
Metodologia
Esta é a primeira aula do semestre e acontece no campo, o nosso principal
laboratório. Então o primeiro contato do aluno com a disciplina é o campo. Nesta
aula cabe ao aluno fazer todas as observações, questionamentos e anotações
individualmente ou em grupo, sem a interferência do professor. Ao final da aula, o
professor coordena o debate e interpretação das observações. Com isso, espera-se
aguçar a capacidade de observação e o espírito crítico dos alunos, ao mesmo tempo
em que se tem a oportunidade de resgatar o conhecimento que o aluno possui,
assim como sua capacidade de desenvolver idéias e construir conceitos.
Geologia e Pedologia 3
Conceitos básicos
Esta disciplina é, para a maioria da turma, o primeiro contato científico com
o solo, já que de resto a nossa vida está intimamente relacionada a ele, pois é dele
que retiramos os nossos alimentos, sobre ele que construímos as nossas casas e
desenvolvemos as nossas atividades.
O solo consiste de um corpo complexo cuja origem e desenvolvimento são
determinados pelos chamados fatores de formação do solo. Um destes é o
material de origem; este é geralmente um material sólido, compacto de origem
mineral, que vai se transformando até resultar no solo que é solto. Estes materiais
sólidos são as rochas, que de modo geral, imprimem diversas características ao
solo, mesmo em solos já muito envelhecidos (intemperizados).
Uma rocha é definida como uma associação natural de minerais que se
formam sob condições físico-químicas específicas e obedecem a determinadas leis
de associação, constituindo parte essencial da crosta terrestre.
Roteiro
Viçosa (do “campus” até a rodoviária): nível não mais inundável (terraço).
Estrada Viçosa-Juiz de Fora: toda a estrada está praticamente ao longo de
cortes profundos até próximo ao aeroporto. Depois segue ao longo de cortes nas
elevações, aterros e terraços até Coimbra (cuja parte central está em um terraço).
O limite entre a Bacia do Rio Doce (foz em Regência-ES) e a Bacia do Rio
Paraíba do Sul (foz em Campos - RJ) é quase imperceptível e está próximo à
escarpa da Serra de São Geraldo.
Serra de São Geraldo: apresenta afloramentos de rochas, quedas d´água,
erosão, uso agrícola, etc.
Observações
A região de Viçosa (Planalto de Viçosa no vale do Rio Doce) apresenta um
relevo acidentado e fundos de vale em dois níveis: um não mais inundável (por
exemplo, “campus” da UFV; centro de Viçosa) e outro mais próximo ao rio,
periodicamente inundável, em épocas de enchentes (por exemplo, Rua Dona
Gertrudes).
As pedras (rochas) usadas em construções nesta região apresentam em
geral faixas claras e faixas escuras. As faixas claras são formadas por minerais
claros (quartzo e feldspato) e as escuras por minerais escuros (biotita e anfibólio).
As rochas, por desagregação e decomposição, se transformam dando origem ao
solo. Este é constituído de horizontes (camadas) denominados de A, B e C. O
horizonte A consiste dos primeiros centímetros do solo, tem cor escurecida, sendo
mais rico em matéria orgânica. O horizonte B, com espessura de poucos metros,
tem cor amarelada, conferida pela presença do mineral goethita (FeOOH), e é em
geral mais resistente à erosão. O horizonte C é muito profundo, tem cor rósea
quando seco e avermelhada quando úmido, devido à presença do mineral hematita
(Fe2O3), sendo muito suscetível à erosão. Em alguns locais este horizonte está
muito próximo à superfície.
Os afloramentos de rochas são raros, mas em alguns locais observam-se
seixos e cascalhos brancos (mineral quartzo, SiO2) dispostos em linhas,
apresentando-se por vezes arredondados, como os materiais que ocorrem no fundo
4 Geologia e Pedologia
dos rios. Algumas rochas, no entanto, afloram como ocorre na escarpa da Serra de
São Geraldo, de onde se desce para outro nível topográfico geral - o de Ubá/Rio
Branco. Na escarpa há muitos afloramentos de rochas, solos com horizonte B
vermelho e horizonte C pálido, intenso uso agrícola mesmo nas áreas acidentadas,
e presença de quedas d´água.
A paisagem que se vislumbra da escarpa da serra é bastante característica e
comum na região sudeste do Brasil e é conhecida como “Mar de Morros”.
1. Para onde vai a água de chuva que cai em Viçosa? E na escarpa da Serra de São
Geraldo? Observando-se a paisagem na Serra de São Geraldo, qual a bacia
hidrográfica que está se expandindo mais?
2. Imagine planos unindo todos os topos dos morros no Planalto de Viçosa e na
área Ubá/Rio Branco. Quantos andares (planos) teríamos? Qual destes andares está
mais próximo do mar?
3. Como se explica a presença de cascalhos quartzosos arredondados em locais
afastados do rio atual?
4. Será que o planalto de Viçosa já foi mais plano?
5. A forma dos morros é necessariamente determinada pela estrutura da rocha
subjacente?
6. Em que condição você esperaria ter mais água superficial (maior número de
fontes d´água, córregos e rios):
a) horizontes A + B + C profundos e relevo plano?
b) Horizontes A + B + C profundos e relevo acidentado?
c) Horizontes A + B + C pouco profundos e relevo plano?
d) Horizontes A + B + C pouco profundos e relevo acidentado?
7. Qual é o caso do Planalto de Viçosa? Isto é bom ou ruim para os pequenos
agricultores?
8. Por que os agricultores tendem a plantar em terrenos acidentados,
principalmente quando se tem rocha fresca a pequena profundidade?
Composição química
A densidade média do nosso planeta é de 5.53 g cm-3, sendo que as rochas
que ocorrem com maior freqüência, próximo à sua superfície apresentam
densidades em torno de 2.7 g cm-3, o que indica que a sua densidade varia em
profundidade. Isso mostra que a composição química do globo terrestre não é
homogênea, concentrando-se os elementos mais pesados no seu interior. Os
elementos mais abundantes no globo terrestre são (% em peso): Fe - 36.9; 0 -
29.3; Si - 14.9; Mg - 6.7; Al - 3.0; Ca - 3.0; Ni - 2.9.
Estrutura
A distribuição heterogênea de elementos no planeta (evidenciada pela
variação da densidade) mostra que o globo terrestre não é homogêneo física e
quimicamente. As informações hoje existentes sobre o seu zoneamento interno
foram obtidas através da sismologia e da meteorítica, estudo de meteoritos
(meteoritos são corpos celestes que atingem a Terra esporadicamente).
A sismologia consiste no estudo de terremotos, particularmente do estudo
das ondas elásticas produzidas por um terremoto, que se propagam na Terra em
Geologia e Pedologia 7
As camadas do globo terrestre são denominadas crosta, manto e núcleo (Figura 2.1):
Núcleo: é a porção mais interna do globo terrestre, sendo composto por uma
parte interna sólida e uma parte externa líquida. A sua densidade inferida é de 10.7
g cm-3, sendo composto de Fe (90.5%), Ni (8.5%) e Co (0.6%).
Manto: é a mais espessa das zonas internas do planeta, sendo
provavelmente constituído de silicatos magnesianos ou sulfetos e óxidos. A sua
densidade média é de 4.5 g cm-3. O manto está separado do núcleo pela
descontinuidade de Wiechert-Gutemberg e da crosta pela descontinuidade de
Mohorovicic.
Crosta: é a zona mais externa do globo, apresentando uma espessura média
de 35 km. A sua densidade média é 2.76 g cm-3 e sua composição química básica é
(% em peso): O - 45.2; Si - 27.2; Al - 8.0; Fe - 5.8; Ca - 5.1; Mg - 2.8; Na - 2.3;
K - 1.7.
Figura 2.1. Zoneamento interno do Globo Terrestre (SBPC, 2000. Ciência Hoje na Escola, vol.
10: Geologia)
Figura 2.2. Corte esquemático da crosta, mostrando a diferença de espessura entre crosta
oceânica e continental (Leinz et alii,1975. Geologia Física, Geologia Histórica, pág. 5).
Geologia e Pedologia 9
Temperatura
A temperatura da Terra aumenta com a profundidade. Denomina-se Grau
Geotérmico, a profundidade em metros, necessária para aumentar a temperatura
em 1o C. O Grau Geotérmico é variável de região para região, sendo que o valor de
30 m é tomado como valor médio mundial.
TEMPO GEOLÓGICO
constante para toda a Terra. Quando este oceano se retirou da superfície terrestre
deixou todas as rochas em sua atual configuração, assim como as grandes feições
dos continentes atuais.
O uniformitarismo só volta a ser considerado no século XIX, com o
lançamento do livro “Principles of Geology” por Charles Lyell. Lyell reescreve e
complementa as idéias de Hutton com as suas próprias observações. Lyell
estabelece uma série de princípios baseados em observações diretas da natureza,
onde os processos geológicos do passado podem ser interpretados e compreendidos
com base naqueles que estão ocorrendo no presente. A apropriação deste novo
paradigma promoveu uma revolução científica, marcada com o nascimento da
geologia como ciência.
Estabelecida então a magnitude do tempo geológico restava definí-la
quantitativamente. Para isso, era necessário se determinar um processo irreversível
governado pelo tempo, e que tivesse taxa conhecida. Foram feitas várias
tentativas, baseadas em taxas de decomposição de rochas e correspondente
aumento da salinidade dos mares, taxas de acumulação de camadas sedimentares
com o tempo, etc.. Obviamente as estimativas do tempo geológico assim obtidas
variavam muito e não ofereciam qualquer referência confiável.
Nesse meio tempo, a partir da aceitação generalizada de um tempo
geológico extremamente longo, senão infinito, Charles Darwin estabeleceu a Teoria
da Evolução. A Teoria da Evolução tem como base o príncipio da seleção natural:
um processo de seleção que atua em um tempo muito longo de modo a promover
mudanças no sentido de maior aperfeiçoamento e complexidade dos organismos. A
Teoria da Evolução significou uma revolução sem precedentes no pensamento
científico e filosófico humano. Em um primeiro momento provocou debates
apaixonados entre defensores e opositores, levando a um interesse ainda maior na
real magnitude do tempo geológico.
A aplicação de métodos físicos e matemáticos ao cálculo da idade da Terra
teve grande aceitação ao final do século XIX, uma vez que tais métodos requeriam
poucas premissas e pareciam irrefutáveis. Enorme controvérsia foi causada pelas
estimativas de perda de calor da Terra e da idade do Sol estabelecidas por Lord
Kelvin, que resultavam em idades inferiores a 100 milhões de anos, insuficientes
portanto para a evolução orgânica postulada por Darwin.
A descoberta da radioatividade no final do século XIX e início do século XX
modificou a trajetória dos cálculos da idade da Terra, mostrando inclusive que as
premissas nas quais Kelvin se baseara estavam erradas. A energia dissipada em
forma de calor pelas substâncias radioativas explica a persistência do calor da Terra
e também do Sol. É também compatível com a evolução de Darwin e modifica o
uniformitarismo de Hutton e Lyell estabelecendo uma idade limite para o início da
história da Terra e dos processos geológicos. Métodos de datação radiométrica
foram logo estabelecidos e possibilitaram o estabelecimento do tempo geológico
como sendo de 4,6 bilhões de anos.
Geologia e Pedologia 11
Datação absoluta
Milhões de
Era Período Principais Eventos
anos atrás
Cenozóica Quaternário (Q) Idade do homem
----2,5---- Surgimento dos primatas e carnívoros. Elevação das
Terciário (Terc) grandes cadeias de montanhas
Mesozóica Cretáceo (K) ----65---- Extinção dos dinossauros
Jurássico (J) ----136---- Aparecimento das aves
Triássico (TR) ----190---- Aparecimento dos mamíferos primitivos
Paleozóica Permiano (P) ----215---- Extinção em massa de invertebrados marinhos
Carbonífero (C) ----280---- Idade dos anfíbios. Primeiros répteis
Devoniano ----345---- Idade dos peixes. Aparecimento dos anfíbios
Siluriano (S) ----395---- Primeiras plantas vasculares
Ordoviciano (O) ----430---- Primeiros peixes primitivos
Cambriano (Cb) ----500---- Idade dos invertebrados marinhos
Proterozóica1 ----570----
Arqueana1
4,6 b.a
1
As eras Proterozóica e Arqueana são comumente referidas como Pré-Cambriano.
LEITURA COMPLEMENTAR: “Evolução dos Conceitos”, pág. 2-35, em: Tempo Geológico,
D. L. Eicher, Série de Textos Básicos de Geociências, Ed. Edgard Blucher, São Paulo, 1969,
173p. (Textos Complementares, texto n. 2)
TECTÔNICA DE PLACAS
Figura 2.3. Distribuição dos continentes há 250 milhões de anos atrás, segundo A.
Wegener.
Figura 2.4. Principais placas tectônicas que formam a crosta terrestre (SBPC, 2000. Ciência
Hoje na Escola, vol. 10: Geologia, pág. 20).
Geologia e Pedologia 15
Figura 2.5 Bloco diagrama ilustrativo do movimento e dos tipos de contatos entre as placas
tectônicas, mostrando as principais feições geológicas associadas. (Pipkin, B. W. and Trent, D.
D., 1997, Geology and the environment, pág. 59).
PROCESSOS GEOLÓGICOS
“Ah! Não são as tremendas catástrofes do mundo, não são as inundações que
arrastam as aldeias, os terremotos que subvertem as cidades, o que me comove.
O que me sensibiliza o coração é a força destrutiva encerrada no interior da
Terra, força que nada constrói sem destruir o que está próximo, e que por
fim em si própria efetua uma formidável destruição. E assim cambaleio
angustiado! Céu e Terra e suas forças ao redor de mim...”
(adaptado de Goethe, 1774)
O intemperismo e a fotossíntese são dois processos fundamentais para a vida no planeta, pois sem o
intemperismo não haveria a destruição das rochas e a formação dos solos, originando assim os minerais
secundários que estão associados com a CTC (Capacidade de Troca Catiônica); e sem a fotossíntese não
haveria fixação de energia solar, vital ao ciclo da vida na Terra.
Geologia e Pedologia 17
Figura 2.6. Diagrama temperatura x pressão. Fonte: adaptado de Decifrando a Terra, 2000.
Figura 2.7. O Ciclo das Rochas: a figura mostra as interações materiais e energéticas e nos
processos geológicos que formam e destroem as rochas da litosfera (Pipkin, B. W. and Trent, D.
D., 1997, Geology and the environment, pág. 35).
“Isto sabemos: a terra não pertence ao homem; o homem pertence a terra. Isto sabemos: todas as
coisas estão ligadas como o sangue que une uma família. Há uma ligação em tudo. O que ocorre com a
Terra recairá sobre os filhos da Terra. O homem não tramou o tecido da vida; ele é simplesmente um de
seus fios. Tudo que fizer ao tecido, fará a si mesmo.”
(Carta do Cacique Seathl ao Presidente dos EUA, 1855)
3. MINERAIS
Dureza (D): é a resistência que a superfície lisa do mineral oferece ao risco feito
com uma ponta aguda. O sulco poderá ser profundo e bem nítido se o mineral tiver
baixa dureza. Caso a dureza seja pouco inferior a da ponta aguda, o sulco será fino
e pouco profundo. Se for superior, não haverá sulco.
A dureza é uma propriedade física muito útil na identificação de minerais. A
determinação da dureza é feita qualitativamente através de instrumentos simples
como um canivete ou usando-se a Escala de Mohs. A Escala de Mohs é uma coleção
de dez minerais de referência, comuns, que constituem uma escala numérica
arbitrária para a comparação da dureza relativa entre os minerais. Os minerais que
compõem a escala de Mohs e suas respectivas durezas são:
Dureza:
Talco 1
Gipsita 2
Calcita 3
Fluorita 4
Apatita 5
Ortoclásio (K feldspato) 6
Quartzo 7
Topázio, Berilo, Turmalina 8
Coríndon (rubi, safira) 9
Diamante 10 (a D real é 42.4)
(Tia Georgina Caso Fores A Oliveira Queira Trazer Coisas Diversas)
Geologia e Pedologia 21
Cor e Brilho: Estas duas propriedades estão relacionadas à absorção e/ou reflexão
da luz pelos minerais. A cor resulta da absorção seletiva de comprimentos de onda
da luz branca pelos minerais. Normalmente a cor é variável para uma mesma
espécie mineral, sendo, entretanto uniforme e diagnóstica para alguns minerais
(pex. sodalita: azul). A cor variável, em alguns casos, dá origem a variedades do
mineral, tais como as variedades azul (safira) e vermelha (rubi) do coríndon.
O brilho está relacionado com a quantidade de luz que o mineral reflete. O
brilho é determinado de forma descritiva, caracterizando-se dois grupos principais:
os minerais que apresentam brilho de metal (brilho metálico), e aqueles que não o
apresentam (brilho não metálico). Neste segundo grupo, que engloba a maior parte
dos minerais, o brilho é descrito por analogia a substâncias comuns: vítreo (do
vidro), adamantino (do diamante), resinoso, sedoso, gorduroso ou graxo, nacarado
(da pérola), ceroso, terroso, etc.
Polimorfismo e isomorfismo
Minerais polimorfos são aqueles que têm essencialmente a mesma
composição química, mas estruturas cristalinas diferentes, o que se reflete nas suas
propriedades físicas distintas. Por exemplo, grafita e diamante são polimorfos de
carbono (C).
Minerais isomorfos são aqueles que possuem estrutura cristalina
semelhante, mas composição química diferente ou variável dentro de determinados
limites. O isomorfismo tem como causa principal a substituição isomórfica, ou seja,
a substituição de átomos ou íons na estrutura cristalina do mineral. É um fenômeno
que ocorre em muitos minerais, principalmente naqueles que formam as séries
isomórficas ou séries de soluções sólidas como a série das olivinas, dos
Geologia e Pedologia 23
(SiO3)2- (SiO3)2-
(Si4O11)6- (Si2O5)2-
Figura 3.1. Representação esquemática das estruturas das classes de silicatos. (Klein, C. and
Hurlbut, C. S., 1993, Manual of Mineralogy, pág. 442-443).
24 Geologia e Pedologia
MINERAIS PETROGRÁFICOS
Quadro 3.2: Propriedades físicas dos minerais petrográficos mais comuns, da calcita e da
hematita.
Observações:
- Toda rocha apresenta uma associação de minerais diagnóstica. A presença
de quartzo em uma rocha indica que os minerais escuros que o acompanham são
provavelmente hornblenda e/ou biotita.
- A distinção entre hornblenda (anfibólio) e biotita é feita pela
principalmente pela forma (a biotita se apresenta em lâminas que podem ser
facilmente destacadas com a ponta de um canivete) e pela dureza (a biotita é
riscada pelo canivete e a hornblenda não).
Você achou interessante este assunto? Você se interessa por minerais? Quer
saber mais? Faça então uma visita ao Museu Alexis Dorofeef, Museu de Minerais,
Rochas e Solos, situado na Vila Gianeti, casa nº 31. Lá você encontrará um roteiro
de observação dos mostruários, monitores para tirar dúvidas, e muito mais!
Geologia e Pedologia 27
MINERAL ???
Escuro Claro
HEMATITA
PIROXÊNIO MUSCOVITA CALCITA FELDSPATO QUARTZO
BIOTITA ANFIBÓLIO
Figura 3.2. Chave simplificada de identificação dos minerais petrográficos mais comuns, da calcita e da hematita, em rochas.
28 Geologia e Pedologia
4. ROCHAS ÍGNEAS
O MAGMA
Cristalização do magma
O magma ao se resfriar, possibilita a cristalização de diferentes minerais,
cujo conjunto constitui a rocha ígnea. Inicialmente cristalizam-se grande parte dos
silicatos, obedecendo a uma seqüência determinada pela temperatura e composição
do magma, conhecida como Série de Bowen (Figura 4.1). Bowen mostrou que os
silicatos comuns das rochas ígneas se cristalizam segundo uma ordem, em duas
séries distintas: uma série de reação contínua e uma série de reação descontínua.
Na primeira, os minerais mudam ininterruptamente de composição, reagindo
Geologia e Pedologia 29
Piroxênios
(Mg,Fe)2Si2O6 e CaSi2O6
Anfibólios
Ca2Na(Mg,Fe)(Si,Al)4O11(OH)2 Plagioclásios sódicos
NaAlSi3O8
Biotita
K(Mg,Fe)3(AlSi3O10)(OH)2
Feldspato potássico
KAlSi3O8
Muscovita
KAl2(AlSi3O10)(OH)2
Quartzo
SiO2
Figura 4.1. Ordem de cristalização dos minerais silicatados no magma (Série de Bowen).
PLUTONISMO
Figura 4.2. Principais tipos de corpos plutônicos e vulcânicos (Briggs, D. et alii, 1997.
Fundamentals of the Physical Environment, 2nd ed., pág. 94).
comprimento muito variável ocorrendo desde “microdiques” até diques com vários
metros de largura e quilômetros de extensão. Os diques podem formar conjuntos
(sistemas) nos quais se dispõem em direções paralelas ou cruzadas, ou podem ser
radiais, orientando-se radialmente a partir de uma região central. Os diques podem
também se formar em conseqüência de esforços de tensão provocados pela
ascensão de um corpo magmático, chamados então de anelares, ou ainda de
fendas produzidas ao redor de um foco vulcânico, quando do abatimento (colapso)
do edifício vulcânico.
Os diques são muito comuns no Brasil, ocorrendo em vários tipos de rochas
e com composição variável. Nas bacias sedimentares Paleozóicas são comuns
diques de diabásio, e em regiões de Minas Gerais e no nordeste do Brasil, ocorrem
diques de pegmatitos mineralizados em pedras semi-preciosas e outros minerais de
interesse econômico (wolframita, tantalita etc). Também em Viçosa ocorrem diques
de diabásio, que serão vistos na aula prática próxima à ponte do bairro Silvestre.
Batólitos são corpos magmáticos de grandes dimensões (área de
afloramento superior a 100 km2) que não têm, aparentemente, delimitação em
profundidade (Figura 4.2).
VULCANISMO
Atividades vulcânicas
Segundo a sua natureza e modo de ocorrência, as atividades vulcânicas
podem ser explosivas (extravasamento violento do magma, comum em magmas
viscosos, ácidos) ou efusivas (extravasamento calmo, sem explosões). A seqüência
das atividades vulcânicas pode ser assim descrita:
- Instalação de um foco vulcânico: tremores de terra, formação de fendas,
exalação de gases e vapores, seguindo-se a abertura e limpeza da chaminé
vulcânica;
- Ejeção e derramamento de lava: derramamento de lava propriamente dito,
podendo ser explosivo durante todo o período vulcânico ou apenas no início;
- Exalações gasosas: fumarolas, solfataras e mofetas, recebendo tais
denominações em função da temperatura em que ocorrem.
Vulcanismo no Brasil
Atualmente não existem vulcões ativos no Brasil; contudo isto já ocorreu
intensamente em épocas geológicas passadas. Restaram, porém, poucos
testemunhos dessas atividades vulcânicas, já que os produtos vulcânicos são
facilmente erodidos.
Há cerca de 130 milhões de anos o Brasil foi palco de uma das maiores
atividades vulcânicas que se conhece. Foram atingidos todo o Sul do Brasil e parte
dos estados de Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, além do Maranhão e Amazonas.
O magmatismo mais intenso foi no Sul do Brasil, Argentina e Uruguai, na área da
Bacia do Paraná, onde o vulcanismo do tipo fissura, de caráter básico cobriu cerca
de 1.200.000 km2. Este vulcanismo constituiu-se de sucessivos derrames de lava
basáltica e intrusões de diabásio em forma de diques e soleiras. Em alguns locais
estes derrames ultrapassam a espessura de 1000 m, tendo sido observadas
seqüências de até 32 derrames individuais.
Os solos desenvolvidos sobre estas rochas são em grande parte Latossolos
Roxos, que apresentam boas qualidades físicas e químicas. São solos porosos, de
boa drenagem, que permitem bom desenvolvimento radicular. Possuem entretanto
pouca coerência entre as partículas, tornando-os muito suscetíveis a erosão quando
mal manejados.
Geologia e Pedologia 33
Granulometria
Em função do tamanho dos grãos minerais nelas presentes, as rochas ígneas
podem ser divididas em:
- Faneríticas ou grosseiras cujos minerais são facilmente perceptíveis a olho nu.
Ex: granito, gabro.
- Médias, cujos minerais são moderadamente visíveis a olho nu. Ex: microgranito,
diabásio.
- Afaníticas, ou finas nas quais é impossível a distinção dos minerais, a olho nu.
Ex: basalto, riolito.
34 Geologia e Pedologia
Teor de SiO2
É um critério químico relacionado com a quantidade de sílica total na rocha. Por
este critério as rochas ígneas são classificadas em:
- Ácidas: SiO2 > 65%. Tais rochas sempre contêm uma proporção expressiva do
mineral quartzo, de forma que ele pode ser facilmente identificado na rocha. Ex:
granito.
- Intermediárias: 54% < SiO2 < 65%. São rochas ricas em silicatos, havendo
porém pouco ou nenhum quartzo. Ex: sienito.
- Básicas: 45% < SiO2 < 54%; e Ultrabásicas: SiO2 < 45%. São rochas que não
contém quartzo. Ex: basalto (básica); peridotito (ultrabásica).
Composição Mineralógica
É o critério fundamental para a denominação da rocha. Os minerais mais
importantes para a classificação são: feldspatos potássicos, plagioclásios
(feldspatos cálcico-sódicos), quartzo, biotita, anfibólios (hornblenda, por exemplo),
piroxênios, olivinas e os feldspatóides. Feldspatóides são minerais, semelhantes aos
feldspatos, mas com menos sílica em sua composição, pois os mesmos se formam
quando não há, no magma, sílica suficiente para formar feldspatos (Ex. nefelina).
A identificação e denominação da rocha são feitas através da avaliação das
proporções médias dos minerais petrográficos contidos na rocha. Isto é
normalmente feito com o auxílio de esquemas (quadros, tabelas) de composição
mineralógica das principais rochas ígneas (Figura 4.3). Tais esquemas têm a
Geologia e Pedologia 35
“Há entre as pedras e as almas afinidades tão raras. Como vou dizer?
Elas tem cheiro de gente. Queira ou não queira se sente.
Tem esse poder.
Pedra e homem comovem. Sobem e descem. E somem. Ninguém sabe bem.”
Afaníticas
vulcânicas Olivina
Traquito Riolito Dacito Andesito Basalto basalto
Faneríticas
plutônicas Sienito Granito Granodiorito Diorito Gabro Peridotito Dunito
100
(ricos em Ca)
quartzo
80
feldspatos plagioclásios
minerais por volume
Percentagem dos
60
feldspatos alcalinos (K)
(ricos em Na)
40
olivina
piroxênios
20 anfibólios
biotita
muscovita
0
Aumenta o teor relativo de Fe, Mg e Ca e a cor das rochas escurece
5. ROCHAS SEDIMENTARES
CICLO SEDIMENTAR
Intemperismo
O intemperismo consiste da transformação das rochas em materiais mais
estáveis em condições físico-químicas diferentes daquelas em que elas se
originaram. A natureza e efetividade dos processos de intemperismo dependem
principalmente de três grupos de variáveis: condições climáticas, propriedades dos
materiais e variáveis locais (vegetação, vida animal, lençol freático, etc). O
intemperismo pode ser causado por processos físicos (desgaste e/ou desintegração)
e/ou químicos (decomposição), onde muitos desses processos são causados por
fatores biológicos, sendo comumente caracterizados como intemperismo biológico.
Transporte
A segunda etapa do ciclo sedimentar é a remoção, ou seja, a ação de
processos naturais que promovem o transporte dos produtos do intemperismo. O
transporte pode se dar por solução, suspensão e tração. Os solutos são
transportados em solução, enquanto fragmentos finos são transportados em
suspensão, e fragmentos grosseiros são transportados por tração.
Denomina-se erosão quando a remoção desses produtos se dá pela
superfície do solo e lixiviação quando a remoção se dá em solução, no interior do
solo. Os principais agentes transportadores são a gravidade, gelo, água e vento.
Estes agentes têm importante papel na separação de sedimentos, avaliado pelos
parâmetros de competência e poder de seleção. A competência é relativa ao
tamanho e quantidade de fragmentos que o agente pode transportar, enquanto o
poder de seleção consiste na capacidade de separação de fragmentos por tamanho.
Meios mais viscosos como a gravidade e o gelo têm maior competência, enquanto
Geologia e Pedologia 39
meios menos viscosos, como o vento e a água corrente têm maior poder de
seleção.
Deposição e consolidação
A deposição dos sedimentos ocorre tanto pela diminuição da energia do
agente transportador como pela reação química e conseqüente precipitação de
substâncias dissolvidas. A deposição dos sedimentos ocorre em locais favoráveis,
geralmente depressões, como oceanos e lagos, ou planícies de inundação, desertos
e pântanos.
A consolidação (litificação ou diagênese) consiste dos processos físicos
(compactação) e/ou químicos (cimentação) que promovem o endurecimento dos
sedimentos depositados, dando origem às rochas sedimentares.
7. O mesmo grão mineral que esteja hoje em uma determinada rocha pode ter
pertencido a outras rochas sedimentares?
8. Comparando-se um argilito, um arenito e um conglomerado o que pode ser dito
sobre a competência e o poder de seleção do agente transportador? E sobre a
energia do ambiente de deposição?
9. Qual arenito teria os grãos de quartzo de tamanho mais uniforme: o originado de
areias de depósitos eólicos ou o de depósitos fluviais? Considerando-se solos
formados a partir dos dois arenitos acima, qual solo teria maior retenção de água?
10. Que mineral você espera ser bastante comum nos arenitos e conglomerados?
Por quê? Entre um conglomerado e uma brecha, qual você espera ser mais rico em
minerais facilmente intemperizáveis?
11. Por que os fósseis (restos ou vestígios de antigos organismos presentes nas
rochas) são encontrados essencialmente nas rochas sedimentares?
12. Sabendo-se que algumas rochas sedimentares apresentam os seus fragmentos
cimentados entre si por algum material (cimento) que percolou e precipitou nos
vazios existentes e que existem cimentos de diversas natureza (silicoso, fosfático,
carbonático, ferruginoso etc) você esperaria diferenças na resistência a alteração
(intemperismo) destas rochas? De que tipo? E no solo, você esperaria alguma
diferença em termos de fertilidade?
42 Geologia e Pedologia
6. ROCHAS METAMÓRFICAS
METAMORFISMO
Dobras
São encurvamentos, ondulações produzidas nas rochas, quando estas
apresentam uma certa plasticidade, que impede a sua ruptura. Uma rocha pouco
plástica também pode se dobrar quando o esforço aplicado sobre ela é lento e
gradual, isto é, atua de modo contínuo, aos poucos, durante muito tempo (tempo
geológico).
Denomina-se sinclinal a dobra com a concavidade voltada para cima e
anticlinal a dobra com a concavidade voltada para baixo (Figura 6.1).
44 Geologia e Pedologia
Falhas
São fraturas, nas quais houve deslocamento relativo entre os blocos
rochosos, sendo que este deslocamento se dá ao longo do plano de fratura (Figura
6.2a). De acordo com o tipo de deslocamento entre os blocos rochosos, as falhas
podem ser de gravidade, de empurrão ou de deslocamento horizontal.
Sistemas de falhas são conjuntos de falhas associadas que se dispõem
paralela ou obliquamente entre si gerando conformações rebaixadas, denominadas
fossas tectônicas ou grabens, e conformações elevadas denominadas muralhas ou
horsts (Figura 6.2b). É um tipo de estrutura muito propícia para a acumulação de
petróleo, como é o caso da jazida de petróleo do Recôncavo Baiano, próximo à
cidade de Salvador (BA).
Figura 6.2. (a) Representação esquemática de uma falha; (b) sistema de falhas.
Geologia e Pedologia 45
7. INTEMPERISMO
Intemperismo físico
Constitui o conjunto de processos que resultam na desagregação física das
rochas. Nesses casos altera-se apenas a unidade física da rocha e não a sua
composição química. De acordo com os fatores atuantes, o intemperismo físico
pode ser subdividido em termal e mecânico.
Intemperismo químico
O principal agente de intemperismo químico é a água, que infiltra e percola
as rochas, sendo o seu efeito mais intenso na medida em que ela se acidifica
devido à dissolução de CO2 da atmosfera e à presença de ácidos orgânicos. A água
da chuva dissolve o CO2 da atmosfera, onde uma parte do CO2 se combina com a
água formando ácido carbônico, que é fácilmente dissociado:
Hidrólise (quebra pela água): é uma reação química entre íons H+, provenientes
da ionização da água, e cátions do mineral. O íon H+ entra nas estruturas minerais,
deslocando principalmente os cátions alcalinos (K + e Na+) e alcalino-terrosos (Ca2+
e Mg2+), que são liberados para a solução. A estrutura do mineral na interface
sólido/solução de alteração acaba sendo rompida, liberando Si e Al na fase líquida.
Esses elementos podem recombinar-se, resultando na neoformação de minerais
secundários. A hidrólise ocorre sempre na faixa de pH de 5 a 9. Se há maior ou
menor percolação de água, os componentes solúveis são eliminados completa ou
parcialmente, resultando, respectivamente, na hidrólise total ou parcial.
No caso dos feldspatos potássicos, temos:
Intemperismo biológico
São chamados de intemperismo biológico, os processos de intemperismo de
rochas causados por fatores biológicos. O papel dos organismos é determinado pela
sua capacidade de assimilar vários elementos da rocha em processo de alteração e,
de produzir em seu metabolismo agentes químicos, como por exemplo os ácidos
orgânicos. Tais processos podem ser tanto de natureza física como química.
São processos de natureza física causados por organismos, entre outros, a
pressão de crescimento de raízes, no caso destas estarem ocupando fendas de
rochas. Assim também animais escavadores têm papel importante ao facilitarem a
remoção de materiais alterados. Entretanto os processos de natureza química são
muito mais importantes, destacando-se processos no quais vegetais superiores
promovem a dissolução química das rochas através de substâncias ácidas
produzidas pelas suas raízes, e assimilam elementos tais como K, Na, Ca, Al, Fe,
etc, existentes nos minerais das rochas. Os primeiros estágios da decomposição
biológica de rochas são associados com microrganismos (fungos e bactérias) que
"preparam" a rocha para o ataque químico seguinte promovido por líquens, algas e
musgos, sendo os últimos estágios associados com vegetais superiores.
Esfoliação esferoidal
As rochas tendem a se desagregar segundo suas isotermas (linhas de igual
aquecimento), ou “isolinhas” de fraqueza. Assim se a rocha tiver inicialmente uma
forma poliédrica qualquer (situação comum, devido ao fraturamento generalizado
de grande parte das rochas), ela tende a se intemperizar primeiro nos vértices,
seguidos das arestas, e então no restante das faces, assumindo assim uma forma
arredondada. Esse sólido arredondado por sua vez, tende a se descamar em cascas
concêntricas tal como se verifica numa cebola. Esta feição recebe o nome de
esfoliação esferoidal. A esfoliação esferoidal é comumente observada em rochas
de estrutura maciça e granulação uniforme.
As rochas constituem o material de origem, um dos fatores de formação do
solo. A influência do material de origem nos solos é muito importante. Assim, solos
jovens mostram, entre outros atributos, minerais primários provenientes da rocha
de origem, guardando de forma inequívoca as características desta. Mesmo em
solos muito intemperizados ("velhos"), persistem heranças da rocha de origem,
como demonstrado pelos LATOSSOLOS VERMELHOS Perférricos desenvolvidos
sobre rochas ígneas básicas.
O intemperismo atuando continuamente sobre os solos tende a
homogeneizá-los com o tempo. Desse modo rochas diferentes podem originar solos
semelhantes, assim como podem originar solos diferentes, mesmo em seu estágio
mais avançado de intemperismo. A trajetória dessa tendência à homogeneização
depende dos fatores de formação do solo, podendo a homogeneização nunca ser
atingida. Por exemplo:
Gnaisse
LVA (LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO)(1)
Granito
Basalto LV (LATOSSOLO VERMELHO Perférrico) (2)
dos tipos comuns de rochas, adaptado para a pedologia. Estes autores propõem
grupos de rochas que guardam uma relação de causa e efeito mais direta entre os
atributos da rocha de origem e as características e comportamento do solo
resultante. Os grupos propostos são os seguintes:
G1 - Rochas graníticas (granitos, granodioritos, gnaisses claros)
G2 - Rochas máficas (basaltos, diabásios, gabros)
G3 - Rochas pelíticas e metapelíticas (argilitos, folhelhos, siltitos, ardósias,
filitos, micaxistos)
G4 - Rochas psamíticas e metapsamíticas (arenitos, quartzitos)
G5 - Rochas calcárias (calcários, mármores, dolomitos, margas)
G6 - Rochas ferruginosas (itabiritos, concreções ferruginosas)
G7 - Depósitos aluviais
G8 - Gnaisses (biotita-gnaisses, biotita-xistos)
G9 - Rochas psefíticas (conglomerados, brechas)
G10 - Depósitos orgânicos
- granito ou gabro?
- gnaisse leucocrático ou gnaisse mesocrático?
6. Entre as seguintes rochas: granito, sienito, gabro, arenito, argilito, qual originará
um solo:
- mais arenoso?
- mais rico em K?
- mais rico em Mg?
- com maior deficiência em P?
- mais argiloso?
7. Qual solo será em geral mais arenoso, o originado de uma rocha pelítica ou o de
uma rocha psamítica?
8. As rochas pelíticas intemperizam-se facilmente? Por quê?
9. Rochas de difícil intemperismo tendem a produzir solos rasos ou profundos?
10. As rochas pelíticas tendem a produzir solos mais pobres em nutrientes. Por
quê?
11. As rochas máficas produzem em geral solos fertéis. Por quê? O que se entende
por um solo fértil? São solos rasos ou profundos? Por quê?
12. As rochas ferruginosas produzem em geral solos pobres. Por quê? De que é
composto o Itabirito?
13. O quê você espera de um solo derivado do quartzito, no que se refere a
fertilidade e profundidade? Por quê?
Introdução
Geologicamente, Viçosa se situa no Complexo Cristalino Brasileiro,
constituído de rochas muito antigas, tendo sido palco de vários eventos geológicos
significativos, tais como o metamorfismo regional de alto grau e a injeção
(intrusão) de rochas básicas (diabásios). O metamorfismo de alto grau gerou
rochas granito-gnáissicas e migmatíticas, que são as rochas encaixantes do
diabásio injetado.
As rochas do complexo cristalino foram formadas na era pré-Cambriana
(vide capítulo 3). Estas rochas encontram-se profundamente intemperizadas, já que
estiveram expostas por um tempo muito longo. Mesmo tendo ocorrido intensa
erosão, o manto de material intemperizado existente em toda a região é ainda
muito espesso. Grande parte desse manto é formado pelas rochas decompostas,
das quais são preservadas algumas características físicas, destacando-se a
estrutura bandada dos gnaisses. A esse manto de material intemperizado, dá-se o
nome de saprolito (sapro = podre; lito = pedra).
O saprolito do gnaisse possui a estrutura da rocha original preservada,
sendo caracterizado pela presença de bandeamentos nos quais se pode notar
camadas avermelhadas e/ou amareladas claras. Nas camadas avermelhadas e
amareladas encontram-se caulinita e óxidos de ferro, hidratados ou não. Estes
minerais se formaram pela decomposição dos minerais máficos (biotita e anfibólios)
previamente existentes nas bandas escuras do gnaisse. Nas camadas claras do
saprolito encontram-se quartzo e caulinita provenientes das camadas claras do
antigo gnaisse. O quartzo é um mineral detrítico (primário, resistente ao
Geologia e Pedologia 55
Objetivos
Esta aula tem como objetivo geral a observação dos saprolitos e solos dos
arredores de Viçosa. Saprolitos como os aqui existentes são ideais para se estudar
o nascimento (gênese) de um solo, no caso, a partir de duas rochas diferentes. São
materiais ricos em informações básicas de importante significado pedológico,
principalmente no que se refere à gênese do solo. Objetivos específicos consistem
em observar as relações entre solo (manto de intemperismo) e a rocha, interpretar
as inter-relações existentes, e refletir sobre os processos transformadores já
ocorridos e em curso.
Roteiro e observações
Seguindo a estrada Viçosa-Ponte Nova, em vários locais pode ser observado
o manto de intemperismo que se desenvolve sobre o gnaisse, no qual é bem
visualizada a estrutura da rocha. Os cortes das estradas nas elevações mostram os
horizontes A, B e C desenvolvidos predominantemente sobre gnaisses. Como já
observado na primeira aula prática, o horizonte A é formado pelos primeiros
centímetros e tem cor escurecida, sendo, portanto, mais rico em matéria orgânica.
O horizonte B tem espessura variável, em geral poucos metros, tem cor amarela
(goethita) e é bastante resistente à erosão. O horizonte C é muito profundo, em
geral tem cor rósea (hematita + caulinita) sendo facilmente erodível. Em alguns
locais este horizonte está muito próximo à superfície. Procure observar a ocorrência
destas diferenças de espessuras dos horizontes B e C ao longo do percurso.
56 Geologia e Pedologia
1. Como se chama o conjunto de rochas sobre o qual Viçosa está situada? Qual a
idade destas rochas?
2. Por que tais rochas são do tipo granito-gnáissica e migmatítica?
3.Qual é, a mineralogia da rocha encaixante? E dos diques? Qual dos dois tipos de
rocha deu maior contribuição, em termos de ocorrência, aos solos da região? Que
diferença você observou entre as cores dos horizontes C e B dos solos formados
sobre gnaisses e diabásios?
4. Que textura se pode esperar nos solos formados sobre um e outro material de
origem? Por quê?
5. No saprolito do diabásio notam-se estruturas que fazem lembrar uma cebola,
conhecidas como “cebolinhas”. Como você explica a sua origem?
6. Observe os níveis claros e escuros (avermelhados ou amarelados) do saprolito
de gnaisse: os níveis de alteração mais escuros provêm da alteração de que
minerais? E os níveis claros? Qual é a mineralogia dos materiais dos níveis claros e
escuros do saprolito?
7. Como você explica a diferença de susceptibilidade à erosão entre os níveis
alterados claros e escuros? Qual dos dois aparenta ser mais comum nos horizontes
C da região de Viçosa?
8. Como se explica que haja tanta diferença de espessura do solum (horizonte A +
horizonte B), em pequenas distâncias?
9. Por que o horizonte C é em geral mais erodível do que o B? Que importância isto
tem na locação das estradas e nas construções urbanas?
10. O manto de intemperismo (horizontes A, B e C) no Planalto de Viçosa foi
formado principalmente a partir de qual rocha?
11. Que nutrientes são liberados no intemperismo desta rocha? Por que será que
estes elementos se encontram em baixíssimas quantidades até mesmo em
horizontes C muito profundos? Quais os minerais silicatados você esperaria
Geologia e Pedologia 57
1
Mineral Fe2O3 M
(%) (milimoles)
Augita (piroxênio) 8.21 7.08
Hornblenda (anfibólio) 20.19 0.94
Olivina 8.64 7.48
Biotita 18.68 8.26
Nontronita (argilom. 2:1) 13.10 0.61
Glauconita 23.57 1.22
Goethita 88.69 1.42
Hematita 96.67 1.58
Magnetita 74.36 29.60
1
M = soma de Mn, Cr, V, Ni, Co, Cu e Zn
18. Se você fosse comprar terras em um lugar onde só houvesse cerrado e todos
os solos fossem vermelhos e distróficos (pobres em Ca, Mg, etc), mas um deles
fosse originado de rochas máficas, qual você compraria? Por quê? Como identificar
o solo mais rico em elementos traços?
58 Geologia e Pedologia
8. MINERAIS SECUNDÁRIOS
Grupo da Caulinita
São chamados de minerais 1:1 porque são formados pelo empilhamento de
uma lâmina de tetraedros de Si e uma lâmina de octaedros de Al, uma no topo da
outra. A ligação entre essas duas lâminas é uma ligação iônica entre o oxigênio
apical da lâmina de tetraedros e o Al da lâmina octaédrica.
ÓXIDOS DE Fe e Al
Óxidos de Ferro
Através do intemperismo de minerais primários, principalmente os
ferromagnesianos, há a liberação do Fe através de uma reação hidrolítica e
oxidativa:
pesados (Cd, Cr, Cu, Ni, Pb, Zn, etc) o que os torna importantes em estudos de
proteção ao meio ambiente. Alguns óxidos de Fe podem ter estruturalmente
elementos com Cu, Zn, V, Cr, Co, Ni, etc. Alguns desses elementos são nutrientes
essenciais às plantas e podem ser lentameqnte liberados na solução dos solos.
Assim, uma vez que os solos tropicais têm uma tendência ao acúmulo
residual de óxidos, os minerais argilosos oxídicos influenciam sobremaneira as
propriedades dos solos brasileiros.
Hematita (–Fe2O3)
Nos solos a hematita dá a cor característica vermelha e tem um poder
pigmentante bastante grande e mesmo a baixas concentrações, ela consegue
imprimir a sua cor característica. Posições mais elevadas na paisagem, solos
derivados de rochas ricas em minerais ferromagnesianos, regiões mais quentes,
são algumas situações que favorecem esse óxido de Fe.
Goethita (–FeOOH)
Goethita é a mais freqüente forma de óxido de ferro nos solos brasileiros.
Ela ocorre em quase todos os tipos de solos e condições climáticas e é responsável
pelas cores amarelas e bruno-amareladas tão espalhadas em solos brasileiros.
Juntamente com a hematita ela se faz presente em quase todos os solos das
regiões tropicais e sub tropicais, mostrando que as duas tem uma estabilidade
termodinâmica semelhante.
Óxidos de Alumínio
Os óxidos de Al são também importantes minerais secundários nos solos
brasileiros. Eles podem estar presentes em solos jovens como produto do
intemperismo intenso e rápido de minerais primários em rochas aluminosas ou o
mais usual é que os óxidos de Al predominem em solos que já perderam, por
lixiviação, quase todos os seus constituintes. Nessa segunda forma aos óxidos de Al
estariam entre os últimos minerais na escala do intemperismo e, por isso mesmo,
presentes nos solos mais antigos da crosta terrestre. Apesar de existirem vários
óxidos de Al, apenas um deles é importante nos solos, que é o mineral chamado
gibbsita. É constituído de alumínio e de hidroxilas, tem como fórmula Al(OH)3 e sua
estrutura é mostrada a seguir.
64 Geologia e Pedologia
CARGAS ELÉTRICAS
Cargas permanentes
São aquelas originárias da substituição isomórfica dentro da estrutura dos
argilominerais e são preferencialmente negativas. Elas aparecem pela substituição
de certos cátions dentro da estrutura por outros de valência menor, causando um
déficit de carga positiva e consequentemente uma sobra de carga negativa na
estrutura. Essas cargas negativas se manifestam na superfície do mineral.
Exemplo: a entrada de um cátion Al 3+ na camada de tetraedros no lugar de um Si 4+
causa um déficit de 1 (uma) carga positiva na estrutura e por conseguinte existirá
um superávit de 1 (uma) carga negativa que se manifestará na superfície do
mineral. De modo semelhante tem-se o Al3+ sendo substituído por um Mg2+ no
octaedro, gerando uma carga negativa. Esse tipo de carga é extremamente
importante nos argilominerais silicatados 2:1 e de importância relativamente menor
nos argilominerais silicatados 1:1.
Cargas dependentes
São aquelas originárias da presença de bordas quebradas nos argilominerais
que causam o aparecimento de cargas elétricas que podem ser negativas ou
positivas. Os argilominerais apresentam bordas laterais e nessas bordas existem
grupamenttos tipo Al-OH ou Si-OH em função da sua estrutura formada pela
repetição de lâminas de tetraedros de Si e octaedros de Al. Esses grupamentos são
passíveis de sofrerem protonação ou desprotonação conforme o pH do meio,
originando assim cargas positivas ou negativas, conforme esquema a seguir:
Geologia e Pedologia 65
Quadro 8.1: Tipo de minerais de argila e características dos solos formados sob diferentes
climas.
9. FORMAÇÃO DO SOLO
Material de Origem
O material de origem de um solo pode ser uma rocha ou um sedimento
inconsolidado, aluvial (depósito de rio), ou coluvial (depósito de material no sopé
das elevações). A influência do material de origem nos solos é discutida com
detalhe nos tópicos anteriores desse capítulo.
Tempo
A rigor, o início da formação de um solo ocorre quando uma rocha sã
começa a ser alterada, ou um evento de sedimentação se encerra, e a partir daí
começam a ocorrer os processos de formação do solo. Mas como existe a erosão
atuando em sentido contrário à pedogênese, é difícil precisar o início exato da
formação do solo. Embora a sucessão de eventos modeladores da superfície do
planeta, estudados pela geomorfologia, nos dê uma idéia de seqüência temporal
dos materiais de solos dispostos na paisagem, não é comum se pesquisar a idade
de um Latossolo ou de um Cambissolo, até porque provavelmente esses solos já
passaram por várias fases de pedogênese, considerando a dinâmica da superfície
do planeta.
O uso do termo tempo/idade em pedologia normalmente está relacionado à
maturidade, ao grau de desenvolvimento de um solo, e não ao tempo cronológico.
Assim, quando se diz que um solo é jovem, isto significa que a pedogênese foi
Geologia e Pedologia 69
pouco intensa (condições de relevo plano, clima frio ou seco), ou que a taxa de
erosão foi maior que a taxa de pedogênese (relevo acidentado), formando um solo
pouco espesso, podendo apresentar minerais ainda passíveis de intemperização. Ao
contrário, a referência a um solo velho, indica tratar-se de um solo espesso, baixa
concentração de nutrientes, com minerais profundamente intemperizados e
acúmulo de óxidos.
Organismos
Compreendem os vegetais, animais, bactérias, fungos, liquens, os quais têm
influencias dinâmicas nos processos de formação do solo. Estes organismos
exercem ações físicas e químicas sobre o material de origem e continuam a atuar
no perfil do solo. Estas ações podem ser classificadas como conservadoras e
transformadoras. Ações conservadoras são, por exemplo, a interceptação da chuva
pela parte aérea dos vegetais, o sombreamento da superfície (diminuindo a
amplitude térmica), assim como a retenção de solo pelas raízes das plantas. Entre
as ações transformadoras se destacam a ação dos organismos no intemperismo
físico e químico das rochas, a mobilização de sólidos (minerais e orgânicos) por
animais, e a reciclagem de nutrientes e incorporação de matéria orgânica pelos
vegetais.
70 Geologia e Pedologia
Topografia (relevo)
A topografia regula a velocidade do escoamento superficial das águas
pluviais (o que também depende da cobertura vegetal) e, portanto, controla a
quantidade de água que se infiltra nos perfis, de cuja eficiência depende o fluxo
vertical de solutos e colóides, assim como o fluxo lateral de partículas sólidas pela
erosão. Dessa forma o intemperismo se acentua quanto mais a água se infiltrar
pelo perfil do solo, levando os produtos mais solúveis do intemperismo. Por outro
lado, se as partículas sólidas da superfície do solo forem arrastadas pelo
escorrimento lateral (erosão), o equilíbrio pedogênese/erosão se deslocará no
sentido de manter o solo com menor espessura, ou seja, mais próximo do material
de origem.
Além do controle do fluxo de água, o relevo também exerce um importante
papel no controle da intensidade de insolação das encostas. Dessa forma, no
hemisfério sul, a face de uma encosta que estiver voltada para o norte recebe
maior quantidade de energia incidente também durante o inverno, produzindo
maior aquecimento, e resultando em um intemperismo maior do que na face
voltada para o sul.
Adição
Compreende qualquer contribuição externa ao perfil do solo. Entre estas,
consideram-se a adição de matéria orgânica (restos orgânicos de animais e
vegetais), poeiras e cinzas trazidas pelo vento, materiais depositados tanto por
enchentes como por movimentos de massa nas encostas, gases que entram por
difusão nos poros do solo (CO2, O2, N2), adubos, corretivos, agrotóxicos, adição de
solutos pela chuva, etc.
Remoção ou perda
Compreende as perdas de gases, líquidos ou sólidos sofridas por uma
determinada porção de solo, podendo ser em superfície ou em profundidade. As
primeiras compreendem a exportação de nutrientes pelas colheitas, perdas de
compostos voláteis por queimadas, perdas por erosão hídrica ou eólica, etc. As
perdas em profundidade compreendem lixiviação de solutos pelo lençol freático,
principalmente os cátions solúveis (Na+, K+, Ca++, Mg+), perdas laterais de soluções
com íons reduzidos (Fe++, Mn++) e sílica tanto dos minerais primários quanto dos
minerais secundários silicatados que, progressivamente passam de minerais
silicatados do grupo 2:1 para 1:1 e também de minerais do grupo 1:1 para 0:1
(óxidos de alumínio).
Geologia e Pedologia 71
Translocação
É caracterizada pelo movimento de materiais de um ponto para o outro
dentro do perfil do solo. São processos de translocação, entre outros, o movimento
de argilas e/ou solutos de um horizonte para o outro no perfil, o preenchimento de
espaços deixados por raízes decompostas, cupins, minhocas, formigas, etc., o
movimento de materiais promovido pela atividade agrícola, e o preenchimento de
vazios provocados pela contração de solos ricos em argilas expansivas, como a
montmorilonita).
Transformação
São processos que consistem na transformação física, química ou biológica
dos constituintes do solo, envolvendo síntese e decomposição. Tranformações
físicas incluem quebras de minerais e rochas, umedecimento e secagem do solo
com quebra de agregados, compressão provocada pelo crescimento de raízes, etc.
Transformações químicas consistem dos processos de intemperismo químico já
conhecidos, assim como a neoformação de minerais da fração argila do solo.
Transformações intensas ocorrem também quando o solo é transportado e
acumulado em ambiente saturado por água durante período expressivo. Nesses
casos os teores de oxigênio no solo reduzem, pois os organismos vivos aeróbicos
consomem todo o O2 e a partir daí passam a atuar os anaeróbicos. O ambiente se
torna redutor e os compostos de Fe+++ e Mn passam a formas reduzidas de Fe ++ e
Mn++ que são solúveis e podem ser lixiviados.
Latossolização
É o processo específico de formação dos latossolos, no qual sobressaem os
processos gerais de remoção e transformação. Nesse processo, os fatores ativos de
formação do solo (clima e organismos) apresentam uma ação intensa por um longo
tempo, em uma condição de relevo que propicia a remoção de sais solúveis e a
transformação acentuada de minerais, em busca de uma condição de equilíbrio,
resultando no acúmulo de minerais mais estáveis como argilominerais 1:1
(caulinita) e óxidos de Fe e Al.
No processo de latossolização, com a perda de sais básicos (mais solúveis),
o solo vai se tornando mais ácido. As argilas mais intemperizadas, cuja carga
depende do pH, vão progressivamente acumulando cargas positivas, até que a
quantidade das cargas positivas se aproxime da quantidade de cargas negativas.
Quando isso ocorre há uma neutralização de cargas, as positivas atraem as
negativas e vice-versa. As cargas positivas preferencialmente localizadas nas
bordas das argilas laminares se ligam às cargas negativas preferencialmente
72 Geologia e Pedologia
localizadas nas faces. Esta orientação face x borda cria uma disposição com
porosidade, assim como em um castelo de cartas, cujos espaços vazios é muito
maior do que se as cartas estiverem todas reunidas. Em solos muito
intemperizados, além das argilas laminares silicatas, ocorrem as argilas oxidicas de
Fe e Al, que possuem carga dependente de pH e predominantemente positivas. As
argilas oxídicas se aproximam das argilas silicatadas e precipitam dentro e no
entorno dos flocos formados, promovendo o fenômeno da cimentação dos flocos.
Além dos óxidos, a matéria orgânica também reúne e cimenta as partículas
floculadas. A ocorrência dos dois fenômenos, floculação e cimentação, cria o
agregado. Ou seja, a agregação é resultante da aproximação entre partículas por
atração elétrica e consolidada pela cimentação de óxidos e matéria orgânica. Os
agregados formados em solos intemperizados possuem tamanho pequeno e forma
granular. Esta estrutura permite que os latossolos apresentem uma alta
permeabilidade e arejamento, do ponto de vista da porosidade muito semelhantes
a solos arenosos, mesmo que contenham elevados teores de argila.
Os latossolos ocupam extensos chapadões planos onde a água em
abundância se infiltrou profundamente, causando intensa lixiviação e acentuado
intemperismo. Estas condições podem não mais existir atualmente, fazendo com
que se encontrem latossolos associados a relevo acidentado em condições
climáticas que favorecem menos a latossolização. Sendo estes solos muito
intemperizados, as evidências do material de origem são mais difusas do que em
solos jovens. O material intemperizado foi intensamente revolvido pelos organismos
vivos (formigas, cupins, raízes mortas etc) e transportados a grandes distancias na
paisagem por ação dos agentes erosivos (vento, chuvas, cursos d´água etc.). Esses
agentes promovem mistura de substratos de diferentes origens.
Podzolização
Este processo específico é caracterizado pela translocação de argila e de
compostos organo-minerais dentro do perfil. Mesmo que a translocação seja um
processo de destaque, os processos de adição, perda e transformação também
ocorrem. Dois grandes grupos de solos apresentam a podzolização: os
Espodossolos (antigos Podzóis) e os Argissolos (antigos podzólicos)1. Além destes
temos os Luvissolos (antigos Bruno não cálcicos) e Planossolos.
Nos Espodossolos é notável a translocação de complexos de matéria
orgânica e óxidos de ferro e/ou alumínio de um horizonte eluvial (E) para um
horizonte espódico (Bhs) onde estes complexos se precipitam. Estes solos são
formados a partir de material arenoso e sob condições que facilitam o acúmulo
superficial de matéria orgânica e a acidólise (baixas temperaturas ou hidromorfismo
acentuado).
Os solos Argissolos apresentam translocação de argila dos horizontes mais
superficiais para um horizonte mais profundo (horizonte de acumulação de argila
translocada, Horizonte B Textural – Bt). São bem mais argilosos do que os podzóis
e são formados em condições de alternância de ciclos de umedecimento e de
secagem (clima com estações seca e úmida definidas, ou posição na paisagem que
permita tal alternância, tal como sopé de encostas). O movimento descendente da
1
Antigos nomes referem-se aos termos utilizados em versões anteriores do Sistema Brasileiro de
Classificação de Solos.
Geologia e Pedologia 73
Hidromorfismo
Neste processo específico de formação de solos, alguns horizontes do solo
estão sujeitos à submersão contínua ou durante a maior parte do tempo. Os
processos gerais de formação do solo que mais se destacam são a transformação
de minerais passíveis de redução, e a adição de matéria orgânica, que se acumula
devido à menor taxa de decomposição.
A menor quantidade de oxigênio do solo, causada pelo excesso de água,
permite a proliferação de organismos anaeróbicos que, neste ambiente de baixo
potencial de oxi-redução, reduzem o Fe3+ dissolvido na solução do solo, usando-o
como receptor de elétrons no processo de oxidação dos compostos de carbono.
Essa forma solúvel do Fe está em equilíbrio químico com os óxidos de ferro
(Fe(OH)3 Fe3+ + 3OH-) e, uma vez consumida na solução, desloca a reação para
dissolução das formas minerais cristalizadas (hematita e goethita). Assim, as
argilas oxídicas ferruginosas vão sendo consumidas e o solo vai perdendo as cores
vivas (vermelha e amarela) dessas argilas. A cor esbranquiçada e acinzentada dos
solos hidromórficos reflete a redução do ferro férrico presente nos óxidos. Estes
solos são freqüentemente escurecidos pela pigmentação da matéria orgânica que
se acumula, uma vez que os organismos anaeróbicos são menos eficientes na
mineralização da matéria orgânica, do que os aeróbicos. Os solos onde o
hidromorfismo é marcante são denominados Organossolos, Gleissolos e Planossolos
Hidromórficos.
Os Neossolos Flúvicos, formados pela deposição de sedimentos ao longo das
margens dos rios, e por isso denominados sedimentos aluviais antigos, estão muito
freqüentemente associados na paisagem a esses solos hidromórficos. Entretanto,
eles não são considerados solos hidromórficos por terem melhor drenagem ao longo
do perfil (geralmente arenoso), e apresentarem horizonte A sobre uma sucessão de
camadas de sedimentos que não têm relação pedogenética entre si.
74 Geologia e Pedologia
Objetivos
Observar os compartimentos de paisagem atual e refletir sobre os processos
históricos responsáveis pela gênese das mesmas.
Roteiro e observações
O "campus" está num local relativamente plano. Este é um terraço fluvial
e foi depositado por um rio (talvez com maior volume de água que o atual). Abaixo
do terraço está o ribeirão correndo no leito menor (leito atual); na época das
enchentes ele ocupa também o leito maior.
Das partes altas da paisagem pode-se observar que a paisagem geral
apresenta dois compartimentos principais: o fundo e as elevações. O primeiro é
formado pelo terraço e leito maior. As elevações apresentam em geral concordância
de topos, e pedoformas de dois tipos principais: de curvatura convexa e perfil
convexo (convexo-convexa) e de curvatura côncava e perfil côncavo (côncavo-
côncava).
A concordância dos topos das elevações e a ocorrência de alguns topos
planos, relativamente extensos, sugerem a existência pretérita de um chapadão. O
profundo manto de intemperismo e a virtual ausência de afloramentos de rochas
reforçam esta idéia. A área foi, e está sendo, dissecada pelo entalhamento da
drenagem, vindo da parte costeira. As quedas d'água, ao longo do Rio Doce e seus
afluentes, indicam que o processo de entalhamento ainda continua.
A profundidade dos depósitos de terraço sugere que esta região foi
recortada por "canyons". Estes foram posteriormente colmatados (preenchidos)
pelo material dos terraços. Os morros em "meia laranja" que se formaram, estão
sendo agora dissecados, através do processo de ravinamento. As ravinas, em
analogia a um sistema hidrográfico, são formadas de bacias de recepção, canaleta
de condução e cone de dejeção. A concentração de água, para início do processo de
ravinamento, dá-se através da queda de uma árvore, escavações de animais, etc. A
junção e/ou ampliação das ravinas forma as grotas que têm freqüentemente a
forma de anfiteatros, afunilados no início do cone de dejeção. O fundo das grotas
tem solos melhores, talvez mais por ter sido formado de um material menos pré-
intemperizado do que por enriquecimento do material vindo de montante. As
bordas das ravinas, com a sua ampliação, tendem a apresentar aspecto bastante
íngreme. Estas áreas, pela instabilidade que oferecem, deveriam ser mantidas com
vegetação natural, como por exemplo, áreas de preservação permanente.
As elevações convexo-convexas com grande raio de curvatura, e
praticamente sem ravinas representam bem a pedoforma geral dos Latossolos.
O manto de intemperismo apresenta tipicamente uma variação de espessura
entre o solum (horizontes A e B), e o horizonte C. O horizonte B, em geral pouco
espesso, tem coloração amarelada, é homogêneo, e passa bruscamente para o
horizonte C, muito espesso, de coloração rósea, e heterogêneo. O horizonte C,
facilmente erodível, é siltoso (ou areno–siltoso) e ainda preserva a estrutura do
76 Geologia e Pedologia
21. A presença de blocos arrendondados nos topos das elevações indica que a
região anterior ao chapadão era plana ou acidentada?
22. Escreva uma redação (ou poesia, carta, etc) sobre a paisagem de Viçosa
usando as seguintes palavras: chapadão; aplainamento; cascalho arredondado;
clima úmido; clima seco; leito maior; leito menor; terraço; canyon; hematita;
caulinita; feldspato; colmatagem.
LEITURA COMPLEMENTAR
- Corrêa, G. F., 1984. Modelo de evolução e mineralogia da fração argila de solos do planalto
de Viçosa-MG. Viçosa, UFV, 87p. (Tese M.S.).
- Cardoso, I.M., e Fernandes, R. B. A., 1997. Paisagem de Viçosa. Jard, Viçosa, 20p. Cartilha
do Museu Alexis Dorofeef.
Geologia e Pedologia 79
O Chapadão de Outrora1
Dri Fernandes
1
poesia feita pelo estudante como parte da avaliação da disciplina.
80 Geologia e Pedologia
ESTRATIGRAFIA
Princípios da Estratigrafia
Os Princípios da Estratigrafia possibilitam o estabelecimento de uma
cronologia relativa da história da Terra. A cronologia absoluta da Terra (datação
absoluta) é feita principalmente com base nos métodos radiométricos (vide capítulo
3). Os princípios da estratigrafia são utilizados para a datação relativa das rochas
estratificadas. São eles:
Discordâncias
As seqüências estratigráficas (sedimentares) não são, no entanto,
completas. Existem nelas importantes interrupções causadas tanto por eventos de
erosão, como de não deposição. Estas descontinuidades representam intervalos
de tempo não registrados materialmente em uma seqüência, e são chamadas de
discordâncias. A discordância traduz um lapso de tempo durante o qual não
Geologia e Pedologia 81
houve sedimentação, podendo ter havido ou não, erosão. Significa também, que
pode ter ocorrido uma total mudança no ambiente quando a deposição recomeçou,
ambiente este que está registrado nos estratos acima da superfície de discordância
(uma vez que as rochas sedimentares são indicadoras paleoambientais). As
discordâncias podem ser de 4 tipos (Figura 11.1):
Correlação
A correlação consiste em encontrar elementos comuns em grupos de rochas
não contínuos lateralmente (compara seqüências estratigráficas em dois ou mais
locais distantes entre si). A correlação se baseia em uma série de critérios
litológicos e paleontológicos, a saber:
- Litologia: este critério se baseia no tipo de rocha, sendo aplicável só em
áreas limitadas, já que a maioria das rochas sedimentares cai dentro de poucos
tipos repetitivos e, em locais distantes podem surgir dúvidas;
- Estratigrafia: a superposição de camadas gera uma seqüência bem
definida que pode ser reconhecida em outros locais. As discordâncias ou superfícies
de erosão são feições que podem ser reconhecidas em diferentes locais, assim
como a presença de "camadas-guia";
- Paleontologia: este critério baseia-se no conteúdo fossilífero dos
estratos, sendo a correlação feita por biozonas, baseada na lei da Sucessão
Orgânica.
CLASSIFICAÇÃO ESTRATIGRÁFICA
Unidades Litoestratigráficas
Referem-se à corpos rochosos que apresentam um tipo predominante de
litologia. São produtos de um ambiente deposicional particular ou de uma
alternância de ambientes deposicionais relacionados entre si. São limitadas por
mudanças verticais na litologia ou por discordâncias, e podem ser estendidas
geograficamente até onde forem reconhecíveis. A sua hierarquia consiste de Grupo-
Formação-Membro-Camada. A Formação é a unidade litoestratigráfica
fundamental, sendo definida como uma unidade litológica homogênea, mapeável na
escala 1:20.000.
Ex.: Formação Botucatu (ou Arenito Botucatu)
Unidades Cronoestratigráficas
Correspondem a corpos rochosos formados durante intervalos bem
delimitados do tempo geológico. Em tese deveriam ter extensão mundial, pela
própria definição, o que só ocorre com as unidades de posição hierárquica superior.
Para estabelecer-se a posição hierárquica é necessário se conhecer a amplitude de
tempo envolvido, havendo correspondência entre unidades cronoestratigráficas e
geocronológicas.
Geologia e Pedologia 83
Unidades Geocronológicas
Referem-se às divisões do Tempo Geológico, sendo assim unidades
puramente temporais. As categorias hierárquicas de unidades geocronológicas são
Eon-Era-Período-Época-Idade-Crono, sendo o eon, a unidade de mais alta
hierarquia. São admitidos dois eons: Criptozóico (cripto= escondido, zóico= vida), e
Fanerozóico (faneros= aparente, zóico= vida). O eon Criptozóico compreende as
eras Arqueana e Proterozóica, as quais são comumente referidas como Pré-
cambriano, e o eon Fanerozóico abrange as eras Paleozóica (paleo= antigo),
Mesozóica (meso= intermediário), e Cenozóica (ceno= recente). Os períodos,
subdivisões das eras, e respectivas idades estão apresentados no Quadro 3.1
(capítulo 3, pág. 17).
Coluna Estratigráfica
Através da interpretação de mapas geológicos e da observação de inter-
relações espaciais e temporais entre unidades rochosas de uma determinada área
(unidades litológicas), torna-se possível reconstituir a evolução geológica desta
área. Empilhando-se sucessivamente as unidades litológicas da mais velha (base)
para a mais nova (topo), obtém-se uma coluna estratigráfica que registra a
diferente natureza das várias unidades e sua ordem de formação ou aparecimento
no tempo.
Na coluna estratigráfica hipotética ilustrada na Figura 11.2, pode-se
reconhecer a seguinte seqüência de eventos:
- Sobre rochas ígneas e metamórficas Proterozóicas depositou-se uma seqüência
sedimentar Paleozóica composta por conglomerado, arenito e argilito, formados
respectivamente nos períodos Ordoviciano, Devoniano e Permiano;
- Posteriormente sobre tal pacote sedimentar ocorreu um derrame de lava básica
(basalto), no período Jurássico da era Mesozóica. E no Cretáceo, formou-se o
arenito que está sobreposto ao basalto;
- No topo da coluna encontram-se sedimentos inconsolidados do período Terciário.
Jurássico Basalto
Devoniano Arenito
Ordoviciano Conglomerado
MAPAS GEOLÓGICOS
Escala
A escala é a relação existente entre o objeto real e o objeto representado. A
escala pode ser gráfica ou numérica. Uma escala de 1:500.000, equivale a dizer
que 1 cm no mapa corresponde a 5 km ou 5000 m (500.000 cm) no campo. Diz-se
que uma escala é pequena quando o seu divisor é grande. Quanto menor a escala,
menos detalhado será o mapa.
Legenda
A legenda contém a identificação e explicação do conjunto de convenções
utilizado no mapa, sendo fundamental para o entendimento e interpretação de um
mapa. Legendas de mapas geológicos são estruturadas segundo as unidades
estratigráficas adequadas a cada caso. Normalmente são utilizadas unidades
cronoestratigráficas, que são dispostas em ordem crescente de idade ou seja das
mais novas (Cenozóicas) para as mais velhas (Arqueanas ou Pré-cambrianas).
Subordinadamente às unidades cronoestratigráficas são representadas e
explicitadas as unidades litoestratigráficas. As convenções da legenda de um mapa
geológico consistem basicamente de símbolos, cores e abreviaturas.
Exemplo:
pЄ = Pré-cambriano (era, unidade cronoestratigráfica)
pЄbptm b = Grupo Bambuí (unidade litoestratigráfica)
p = Formação Paraopeba (unidade litoestratigráfica)
tm = Formação Três Marias (unidade litoestratigráfica)
1. O que é um mapa?
2. O que é representado por um mapa topográfico? E por um mapa geológico?
3. Como são confeccionados os mapas (ou cartas) topográficos? E os mapas
geológicos?
4. Qual a utilidade de um mapa geológico?
5. O que é a escala de um mapa? O que é uma escala grande e uma escala
pequena? As variações de escala atendem a que objetivos?
6. Qual a escala do "Mapa Geológico do Brasil". É uma escala grande ou pequena?
Qual a utilidade desse mapa?
7. O que é um perfil ou seção de um mapa? Qual a utilidade dos perfis geológicos?
8. Quais são os eventos geológicos evidenciados na Figura 11.3? Que evento está
representado por vvv ?
9. De que processos geológicos resultaram as unidades 6, 7 e 8 (Figura 11.4) e
qual a natureza das mesmas? Por quê?
10. Qual é a estrutura geológica que permite a elevação de um bloco rochoso
relativamente a outro? (Dica: esta estrutura está representada no bloco diagrama
da Figura 11.4, envolvendo as unidades 6, 7, 8).
11. Qual é o processo geológico responsável pelo nivelamento que colocou lado a
lado as unidades 8 e 6 (Figura 11.4), formadas em épocas diferentes?
12. Na drenagem que se instalou na área representada na Figura 11.4, o que
representa o material que bordeja os rios? Por que a largura desses depósitos é
variável? (relacione paisagem e energia de um rio, lembrando-se do que é a
competência de um agente transportador –vide capítulo 6)
13. Comente a frase: "O mapa geológico é a fotografia do instante geológico atual
fornecendo, no entanto, pistas (feições) que possibilitam reconstituição dos eventos
passados."
Recôncavo Bahiano, Sergipe, Potiguar, Santos, etc. Além destas existem também
bacias interiores de menor extensão como é o caso da Bacia do Araripe, conhecida
pelos seus ictiólitos (fósseis de peixes), localizada na Chapada de mesmo nome,
entre os estados do Ceará e Pernambuco.
LEITURA COMPLEMENTAR
- Texto “Botucatu, o grande deserto brasileiro”, Almeida, F. F. M. e Carneiro, C. Ciência Hoje,
v. 24 (143), outubro, 1998: 36-43. (Textos Complementares)
- Petri, S. e Fúlfaro, V. J., 1983. Geologia do Brasil. EDUSP, São Paulo, 631p.
90 Geologia e Pedologia
BIGARELLA, J.J.; BECKER, R.D. e SANTOS, G.F. dos, 1994. Estrutura e Origem
das Paisagens Tropicais e Subtropicais, v. I. Ed. UFSC, Florianópolis, SC.
LEINZ, V. e AMARAL, S. E., 1982. Geologia Geral. Cia Editora Nacional, São
Paulo,. 397p.
PIPKIN, B. W. and TRENT, D. D., 1997, Geology and the environment. John
Wiley and Sons, Inc., New York, 473p.
POPP, J. H., 1979. Geologia Geral. Livros Técnicos e Científicos Editora, São Paulo,
220p.
PRESS, F. and SIEVER, R., 1982. Earth. W. H. Freeman and Company, San
Francisco, 3rd ed., 613p.
RESENDE, M.; CURI, N.; REZENDE, S.B. e CORRÊA, G.F., 1997. Pedologia: Base
para distinção de Ambientes. NEPUT. Viçosa. 2a edição, 367p.
SKINNER, B. J., PORTER, S. C. and BOTKIN, D. B., 1999. The Blue Planet: An
introduction to Earth System Science. John Wiley and Sons, Inc., New York, 2nd
edition, 552p.
SUGUIO, K. Rochas sedimentares. Ed. Edgard Blucher Ltda, São Paulo, 1980.
500p.
CIO DA TERRA
“Debulhar o trigo
Recolher cada bago do trigo
forjar no trigo o milagre do pão
e se fartar de pão
Decepar a cana
recolher a garapa da cana
roubar da cana a doçura do mel
se lambuzar de mel
Afagar a terra
conhecer os desejos da terra
cio da terra, propícia estação
de fecundar o chão”