Revista Udziwi 32 1
Revista Udziwi 32 1
ISSN: 2518-2242
EQUIPA EDITORIAL
Direcção
Director – Benedito Mauricio Sapane, Universidade Pedagógica, Moçambique
Director-Adjunto - - Sansão Timbane, Universidade Pedagógica, Moçambique
Comissão Editorial
Amélia Lemos, Universidade Pedagógica, Moçambique
Daniel Dinis da Costa, Universidade Pedagógica, Moçambique
Stela Mithá Duarte, Universidade Pedagógica, Moçambique
Juliano Neto de Bastos, Universidade Pedagógica, Moçambique
Suzete Lourenço Buque, Universidade Pedagógica, Moçambique
Benvindo Maloa, Universidade Pedagógica, Moçambique
Conselho Editorial
Adelino Chissale, Universidade S. Tomás de Moçambique
Azevedo Nhantumbo, Universidade Eduardo Mondlane, Moçambique
Begoña Vitoriano Villanueva, Universidade Complutense de Madrid
Bendita Donaciano Lopes, Universidade Pedagógica, Moçambique
Camilo Ussene, Universidade Pedagógica, Moçambique
Carla Maciel, Universidade Pedagógica, Moçambique
Crisalita Djeco Funes, Universidade Pedagógica, Moçambique
Cristina Tembe, Universidade Eduardo Mondlane, Moçambique
Daniel Agostinho, Universidade Pedagógica, Moçambique
Elizabeth Macedo, Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Félix Mulhanga, Universidade Pedagógica, Moçambique
Francisco Maria Januário, Universidade Eduardo Mondlane, Moçambique
Gil Gabriel Mavanga, Universidade Pedagógica, Moçambique
Isaac Paxe, Instituto Superior de Ciências de Educação (ISCED) - Luanda, Angola
Jefferson Mainardes, Universidade Estadual de Ponta Grossa, Paraná, Brasil
Jó António Capece, Universidade Pedagógica, Moçambique
José Manuel Flores, Universidade Pedagógica, Moçambique
Laurinda Sousa Ferreira Leite, Universidade do Minho, Portugal
Manuel Guro, Universidade Eduardo Mondlane, Moçambique
Maria Cristina Villanova Biazus, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil
Marielda Ferreira Pryjma, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Brasil
Nevensha Sing, Universidade de Johannesburg, África do Sul
Oséias Santos de Oliveira, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Brasil
Jorge Ferrão, Universidade Pedagógica, Moçambique
Equipa Téncica
Cláudia Jovo (Coordenadora), Universidade Pedagógica
Germano Diogo – Universidade Pedagógica
Armando Machaieie – Universidade Pedagógica
SUMÁRIO
NOTA EDITORIAL...........................................................................................................4
NOTA EDITORIAL
O segundo artigo, de Geraldo Deixa e Sidónio Calisto, intitulado “Um olhar sobre a
Presença da História da Matemática nos livros didácticos e programas de ensino de
Matemática de Moçambique” tem como objectivo compreender as perspectivas
históricas presentes nos Livros Didácticos e Programas de Ensino de Matemática do
Ensino Secundário Geral (ESG). Para a efectivação desta pesquisa foi feita uma
pesquisa documental com enfoque qualitativo. Os autores concluíram que a História da
Matemática é descrita na forma de factos históricos e essa apresentação pode
confundir o aluno da história geral. Se o aluno não gosta da história geral, naturalmente
não irá gostar da história da Matemática. E, constataram ainda que os PEM não
deixam claro como é que os factos históricos da Matemática podem ser usados em
sala de aulas. A falta de clareza pode levar ao professor a ignorar o uso da HM em sala
de aulas.
O quarto artigo, de Vieira Mateus Morais, intitulado “Modelo de aula prática do campo
de Geografia: o estudo da Bacia Hidrográfica no ensino Secundário no Lubango -
Angola” visa propor um modelo metodológico que consiste num plano de aula prática
de campo no estudo do tema: “Bacia hidrográfica” na disciplina de Geografia, no
Ensino Secundário. Para a efectivação deste trabalho recorreu-se a observação
directa, ao questionário e a experiência profissional do pesquisador na docência. O
autor verificou que há fraca realização da aula prática de campo assim como não existe
um desenho metodológico para o estudo do tema “Bacia hidrográfica” no ensino da
Geografia na Escola do Ensino Secundário do Lubango.
buscava saber das razões do uso deste estilo, num contexto de ensino de línguas em
que se exige o cumprimento do estilo formal. Para esta investigação, aventaram-se
duas hipóteses segundo as quais o ambiente social os tinha habituado a usar o calão e
ou que as estratégias de ensino da oralidade usadas não fossem suficientemente
eficientes para garantir que os alunos se comunicassem usando o estilo formal em sala
de aulas. Assim, para se responder a estas perguntas hipotéticas, realizou-se o estudo
qualitativo, baseado na análise e interpretação de conteúdos, e no privilégio da
perspectiva monográfica, foi descrita a prática linguística informal dos alunos, tendo-se
concluído que esta se deve ao modo como os professores abordam as suas aulas,
bem como à forma como reagem diante dos erros cometidos pelos seus alunos.
O décimo terceiro artigo, de Manuel Guro, Juliano Neto de Bastos e Stela Mithá Duarte
intitulado “Tensões Curriculares entre o Ensino Básico e a Formação de Professores
Primários em Moçambique (1975-2016) ” tem como objectivo analisar as tensões
curriculares entre o EB e a formação de professores para o Ensino Primário em
Moçambique no período pós-colonial (1975-2016). Adoptou-se como metodologia a
pesquisa bibliográfica, a análise documental e a experiência informada dos autores. O
estudo constata que desde a introdução do novo currículo do EB, as instituições de
formação de professores vêm actuando à margem das inovações curriculares do EB,
ou seja, formam-se professores que não estão devidamente preparados para lidar com
a sua futura função. Conclui-se que existem tensões entre o currículo do EB e o da
formação de professores para esse nível de ensino. Sugere-se que as mudanças
curriculares do EB sejam antecedidas pela adequada reforma curricular de formação
de professores.
O décimo quarto artigo, de Dani Bruno José Duvane, intitulado “Avaliação Educacional
no contexto do Neoliberalismo: Breves Considerações teórico-metodológicas” têm
como propósito demonstrar as influências do neoliberalismo na avaliação educacional,
com maior enfoque na educação moçambicana. Em termos metodológicos, recorreu-se
a uma pesquisa bibliográfica que consistiu na leitura e análise de livros, artigos, entre
9
outros que debruçam-se sobre a temática em alusão. O autor concluiu que a avaliação,
quando utilizada como um instrumento de regulação pelo sistema neoliberal, não traz
ganhos e nem torna a sociedade igualitária e justa, mas somente a controla a partir dos
interesses desse sistema, criando desigualdades sociais, por meio da valorização da
competitividade, onde os alunos, principalmente aqueles que não tiveram
oportunidades, tem que fazer por merecer, pois para os neoliberais, todos são livres e
tem acesso as mesmas chances.
ABSTRACT
The present article aims to analyze the changes that have occurred in the structure of the
National Education System since 1975-2016, which will have influenced the structure of the
study plan of the Mathematics Discipline of the 5th class. As for the methodology, we used
bibliographical and documentary research. It was concluded that the 5th class, from 1975 to
1982, was part of the General Secondary School, preparatory level; in 1983, when Law 4/83
came into force, which creates the National Education System (SNE) and defines its structure of
the National System of Education in which the 5th grade moves from the Secondary level to the
Primary level of the 1st Degree, where it fits today. The contents of the Mathematics discipline
throughout the period and according to the thematic plans between the period 1977-1982,
presented 5 units, 1983-2004, 7 units, 2004 to 2016, 17 units and 2016 onwards, 11 units. The
following units were deleted: Elementary notions on sets, Divisibility and Operations in Q0 + and
introduced the following: Quantities and Measurements, Space and Form, from 1977 to 2016. In
terms of contents, contents related to Units: divisional and divisional of a decimal number by a
decimal number, comparison, addition and subtraction of Fractions with different denominators,
Multiplication and Division of fractions in the Thematic Units.
Key words: School discipline, content, teaching programs.
1
Docente da Faculdade de Ciências da Educação e Psicologia.
2
Docente da Faculdade de Ciências da Educação e Psicologia.
11
INTRODUÇÃO
A Matemática foi inventada pelo homem para resolver as necessidades sociais desde
os primórdios da humanidade, (NETO, 1995:7). E, ainda sublinha que ela surge como
ciência na idade do ferro, com a sistematização feita pelos gregos, compreendendo
duas áreas (aritmética e Geometria), (Ib:12-13). Está patente que a Matemática desde
sempre esteve presente na vida humana, daí a necessidade de todo o ser humano ter
acesso a este conhecimento por via da educação formal a partir das classes iniciais,
onde se enquadra 5ª classe.
DISCIPLINA ESCOLAR
Desta forma, a disciplina escolar entendida como um conjunto de aulas composto por
conteúdos específicos visa dar respostas as necessidades dos alunos aos quais os
alunos assistem e sobre os quais eles serão examinados, podendo ser aprovados ou
não, sendo um campo de saber específico e refere se aos diversos âmbitos de
produção de conhecimento.
13
CONTEÚDOS
PROGRAMAS DE ENSINO
Para o professor preparar as suas lições precisa de manuais didácticos, assim como,
do programa de ensino. Assim, programa de ensino, é “um instrumento auxiliar
pedagógico do professor onde consulta as orientações metodológicas das suas
actividades” (INDE/MINED, 2008:68)
Por sua vez, Piletti (2004:62), diz que programa do ensino é a especificação de
planificação do currículo. Consistindo em traduzir em termos mais concretos e
operacionais o que o professor fará na sala de aula, para conduzir os alunos a alcançar
os objectivos educacionais propostos.
Em 1983, foi criada a primeira lei do Sistema Nacional da Educação (SNE), aprovada
em 23/03/1983 pela Assembleia Popular em Maputo. Ela expõe resumidamente os
objectivos políticos e pedagógicos, os princípios e a Estrutura do Sistema da
Educação.
A nova estrutura definida pela lei 4/83, a 5ª classe passou a enquadrar-se no Ensino
Primário que se subdividia em: Ensino do Primeiro Grau (EP1), comportando a 1ª,
2ª,3ª, 4ª e 5ª classes e Ensino Primário do segundo Grau (EP2) englobando a 6ª e 7ª
classes, (Idem:87).
Analisando a distribuição das aulas por cada unidade temática e o número das aulas
na distribuição de aulas por período, constata-se uma diferença de 17 aulas. Ao longo
16
de atitude face aos programas que usavam-no como livro de recitas obrigatórias e não
um meio auxiliar.
A partir da tabela, pode-se perceber que o mesmo Sistema trata alunos com
diferenciação no que concerne às cargas horárias mas, o processo de avaliação
(exames finais) não toma em consideraçãoeste aspecto.
19
3
Programa de Ensino Básico, 2º ciclo.
20
até 1000.
Ordena os N IN em situações concretas e
os
A nossa intenção neste tópico em efectuar uma comparação dos programas de ensino
da disciplina da Matemática da 5ª classe tendo em conta o nível a que a classe se
enquadra, a faixa etária dos alunos, carga horária, conteúdos retirados.
Segundo a lei 4/83, no artigo 4, número 1, diz que o Ensino Primário é frequentado em
princípios por crianças dos 7-14 anos e compreende 2 Graus (1º Grau da 1ª a 5ª
classes e 2º Grau, 6ª e 7ª classes). A tabela abaixo ilustra o período, o nível e a faixa
etária dos alunos que frequentaram e frequentam a 5ª classe nos diferentes períodos.
21
Fracções
os
N IN> 10
6
“X” e” ” de N
os
Grandezas e Medidas
Multiplicação e IN > 10
6
os 6
Divisão N IN> 10
Espaço e Forma
Tabelas e Gráficos
os
N Decimais
Percentagem
Revisão
os
N IN e operações
Espaço e Forma
os
N IN e operações
Grandezas e Medidas
De 11
os
N IN e operações
2016 Grandezas e Medidas
em Fracções
diante
os
N Decimais
Percentagem
Tabelas e Gráficos
Revisão
Fonte: MINED
23
Com base na informação ilustrada na tabela acima, pode se verificar que ao longo
do período em análise, na disciplina de Matemática da 5ª classe, foram retirados os
conteúdos relacionados com as unidades NoçõesElementares sobre conjuntos,
Divisibilidade e Operações em Q0+. Estes conteúdos eram leccionados na 5ª classe,
no período entre 1977 a 1982 e neste período a 5ª classe enquadrava- se no nível
secundário preparatório.
Ainda no nível dos conteúdos há que referir que houve mudança na termologia
usada no período de 1975- 2004, pois os problemas retratavam o contexto do
regime socialista. Mas a entrada da nova Constituição da República, em 1990,
houve necessidade de rever a termologia usada na formulação dos problemas para
ajustar ao novo contexto socio – política e económico em que o país vive.
Quanto aos objectivos, importa referenciar que não houve alteração que mereça
referência ao longo do período de 1975 a 2016 a não ser a de não definir os
objectivos tendo em conta as unidades temáticas mas, sim os de classe. De 2016
em diante, os programas apresentam competências gerais e as evidências de
desempenhodo EP1e não por disciplina. Contudo o plano temático da disciplina de
Matemática apresenta os objectivos específicos por conteúdo.
24
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste tópico, pretendemos indicar algumas ideias que na nossa óptica merecem ser
retidas e que permitem analisar o percurso histórico da 5ª classe e da disciplina de
Matemática ao longo do período de 1975-2016, das leituras feitas foi possível
perceber que: (i) em 1977, ocorreram reformas no sector da educação com vista a
mudar cenário que vinha do sistema colonial, tendo como base a experiência
oriunda das zonas libertadas; (ii) a 5ª classe, no período de 1975 a 1982
enquadrava-se no ensino Secundário Geral, nível preparatório; (iii) em 1983, entrou
em vigor a primeira lei, a lei 4/83, que cria o SNE e define sua nova estrutura em
que a 5ª classe passa do nível Secundário para o nível Primário do 1º Grau, onde se
enquadra até hoje, no mesmo ano, foi introduzido na 1ª classe o currículo definido
pela lei ora criada; (iv) as mudanças ocorridas nos finais da década 1990 que
culminaram com a entrada da nova Constituição da República, levou que a lei, 4/83
fosse revista, dando origem a lei 6/92 que visava levar a educação a responder os
novos desafios impostos pelas mudanças; (v) os conteúdos da disciplina de
Matemática ao longo do período e de acordo com os planos temáticos no período
de 1977-1982, apresentava 5 unidades, 1983-2004, 7 unidades, 2004-2016, 17
unidades e 2016 em diante, 11 unidades; (vi) as unidades suprimidas foram Noções
elementares sobre conjuntos, divisibilidade e operações em Q0+ e as de Grandezas
e Medidas, Espaço e Forma, no período compreendido entre 1977-2004, os seus
conteúdos estavam distribuídos em unidades temáticas Geometria e Medidas.
25
Quanto aos objectivos, importa referenciar que não houve alteração que mereça
referência ao longo do período de 1975-2016 a não ser de definir os objectivos
tendo em conta as unidades temáticas mas, sim os de classe, de 2016 em diante,
os programas apresentam competências e as evidências do desempenho do EP1e
não por disciplina, contudo, o plano temático apresenta os objectivos específicos por
conteúdo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABSTRACT
This article aims to identify historical aspects and to understand the historical perspectives
present in the Didactic Books and Teaching Programs of Mathematics of General Secondary
Education (ESG). For the accomplishment of this research was done documentary research
with qualitative focus covering didactic books and Mathematics Teaching Programs. From
the results obtained, we conclude that there are historical aspects in these documents. For
the most part, the historical facts appear associated with the accounts of the life and works
of some mathematicians of antiquity. In analyzing these facts we perceive that there is
insecurity in the authors regarding the use of these in the classroom. This is manifested by
the absence of recommendations on how the History of Mathematics can be used by both
teachers and students in their reading of these documents.
Keywords: Mathematics Education, Didactic Books, History of Mathematics.
__________________
1
Doutor em Ensino de Ciências e Educação Matemática pela Universidade Estadual, Brasil e
Docente da UP- Quelimane
2
Licenciado em Ensino da Matemática pela Universidade Pedagógica –Quelimane e Docente da
Escola Secundária Geral 25 de Junho Lua-lua, Mopeia
28
INTRODUÇÃO
A Matemática está interligada a sua História, por isso, ela não pode ser deixada de
lado sempre que se discute assuntos práticos de Matemática. A História da
Matemática precisa ser inserida nos assuntos apresentados em livros didácticos e
em sala de aulas, de maneira simples e atractiva para servir como fonte de
29
Percebemos que não se pode falar da Matemática sem examinar a sua história. Por
considerar que ela permite ao professor e aluno conhecer os traços mais antigos da
Matemática de várias civilizações do mundo.
sua história, deste modo, esta pesquisa busca responder a seguinte questão de
investigação: que aspectos históricos os Programas de Ensino e Livros Didácticos
de Matemática do 1º e 2º ciclo do Ensino Secundário Geral abordam e em que
perspectiva histórica se enquadra?
A presença desta nos livros e Programas de Ensino pode ser feita de diferentes
maneiras, por exemplo, por meio de inserção de notas históricas, recomendações
para o seu uso, mostrando claramente como estas notas históricas podem ser
utilizadas em sala de aulas ou pelos alunos durante as suas leituras dos livros
didácticos em casa, podendo entrar nos livros via gravuras que retratem os feitos
dos Matemáticos e ainda podem ser inseridas questões que reflectem a história da
Matemática.
Para a recolha de dados foram utilizados diversos documentos tais como: artigos
publicados, 5 (cinco) Programas de Ensino de Matemática (PEM) e 10 (dez) livros
didácticos da Matemática (LD), da 8ª a 12ª classe. Os livros foram designados por
L1, L2, L3, L4, L5, L6, L7, L8, L9 e L10. E os Programas de Ensino da Matemática
foram designados por PEM 8, PEM 9, PEM 10, PEM 11 e PEM 12, denotando
respectivamente, Programa de Ensino da 8ª, 9ª, 10ª, 11ª e 12ª classe.
32
Para a análise dos dados obtidos, foi feita um exame de abordagens dos autores de
livros didácticos de Matemática e os Programas de Ensino da Matemática sobre o
uso da História da Matemática, e algumas recomendações apresentadas nesses
programas. Os dados obtidos desta análise foram expostos em quadros e
posteriormente comentados. Desta realização fizemos a descrição dos conteúdos
obtidos com vista à conclusão do estudo. A seguir apresentamos o quadro resumo
da identificação dos LD analisados.
Perspectivas Caracterização
[…] Um rei da Índia solicitou aos seus súbditos que lhe inventasse um novo
jogo, a fim de diminuir. O realizador do melhor jogo teria direito a pedir
qualquer desejo. Um dos seus súbditos, chamado cisa, inventou o jogo de
xadrez. O rei ficou maravilhado com o jogo e viu-se obrigado a cumprir a
sua promessa. Chamou o inventor do jogo e disse que poderia pedir o que
desejasse. O astuto pediu como recompensa um tabuleiro de xadrez cheio
de graus de trigo sendo que primeira casa deve ter um grau a segunda
deve ter dois, a terceira deve ter quatro, a quarta deve ter oito, e assim
sucessivamente dobrando o número de grau na casa seguinte ate encher
todas as casas (64 casas) do tabuleiro com número de graus
correspondentes. O rei considerou o pedido fácil de ser atendido e ordenou
que providenciasse o pagamento. Tal foi sua surpresa quando os
tesoureiros do rei lhe apresentaram a suposta conta, comprovando que
todo o trigo da índia não era suficiente, aliás, todo trigo cultivado no mundo,
durante dezenas de anos não seria suficiente (INDE, 2010:30).
PEM11 […] Logaritmo foi introduzido pelo matemático escocês John Nepier (1550-
1617) e a aperfeiçoado pelo inglês Henry Briggs (1561-1630). A descoberta
dos logaritmos deveu-se sobretudo a grande necessidade de simplificar os
cálculos excessivamente trabalhosos para época, principalmente na área
da astronomia entre outras, através dos logaritmos, pode-se transformar as
operações de multiplicação em soma e divisão e subtracção, entre outras
transformações possíveis (INDE, 2010:27).
[…] N- vem da palavra “natural”, Z-tem origem na palavra alemã “Zahlen” que significa
número e Q- vem da palavra “quociente” pois qualquer número racional se pode
representar como um quociente de dois números inteiros. As letras N, Z e Q
acrescentou-se um traço para que ao escrevermos por exemplo, N, se perceba logo
que nos estamos a referir a um conjunto de números e não a letra N
é apontado como um dos sete sábios da Grécia antiga, a saber, Thales, Pitágoras,
entre outros
L8 Aborda o diagrama de VENN salientando que este foi introduzido em 1881, pelo
matemático John Venn, nascido em Hull, Inglaterra e desenvolveu a sua teoria de
probabilidade. É destacado ainda neste livro o francês François Vieté referindo que o
mesmo foi um dos pioneiros, contribuindo bastante sobre a teoria das equações, tendo
designado a quantidade das variáveis, sugerindo o uso das vogais para representar a
quantidade desconhecida, as incógnitas e consoantes para representar números
supostamente conhecidos – os parâmetros, ficando reconhecido como o pai da
álgebra, por ter sido o primeiro a usar símbolos no mundo da Matemática.
Faz menção a equação biquadrática referindo que […] Cardano, ilustre matemático do
sec. XVI, acolheu Ludovico Farrai como cervo em sua casa vindo este a tornar se o
mais famoso dos seus discípulos e colaboradores. Era habitual, na época os
matemáticos proporem desafios uns aos outros, certo dia, ‘Zuanne de Tonin da Coi
4 2
propôs ao Cardano uma questão que envolvia a equação x +6x -60x+36=0. Após
inúmeras tentativas sem êxitos, decidiu passar a questão a Ferrar. Este foi o pretexto
para que este brilhante jovem encontrasse um método geral para a resolução da
equação do quarto grau.
Descreve igualmente uma lenda de um rei que queria que um dos seus subordinados
inventasse um jogo de xadrez nos seguintes termos […] Um rei pediu aos seus
súbditos que lhe inventasse um jogo para entretenimento. Um deles propôs lhe o
xadrez que muito o maravilhou. Como recompensa, seu súbdito limitou-se a pedir um
tabuleiro com grãos de trigo para serem colocados da seguinte forma: 1 grão na
primeira, 2 grãos na segunda casa, 4 na terceira, 8 na quarta e assim por diante até a
X
sexagésima quarta casa (termos da sequencia y=2 ). No entanto o crescimento
64
exponencial desta sucessão totalizou 2 -1 grãos (na ordem dos quintiliões), pelo que
o rei constatou que não havia trigo suficiente no mundo para satisfazer o seu pedido e
a sua contagem demoraria 1170 milhões de séculos (p.94).
40
Neste livro foi possível notar igualmente aspectos históricos relacionados com a
trigonometria (relações existente entre lados e ângulos de triângulos e ainda aponta a
origem da estatística atribuída a Godfred Achenwall no século XVIII.
L9 Neste livro consta uma nota histórica sobre vectores salientando que […] os vectores
são usados nos tempos de Aristóteles ate aos nossos dias. Aristóteles usou os
vectores para descobrir os efeitos da força. A noção de vectores pode ter a tua origem
nos seguimentos orientados usados por Chasles (1792-1880) e que permitiam
substituir fórmulas relacionadas com comprimentos, ir outras usadas medidas
algébricas de segmentos orientados. Os segmentos orientados foram considerados,
tanto no plano como no espaço sub a designação de vectores ligados, sobre os quais
se define uma relação de equivalência, obtendo assim classes de segmentos
orientados com a mesma direcção […].
Refere ainda outro aspecto histórico indicando que […] O principal objectivo da álgebra
elementar é a resolução de equações polinomiais, a álgebra moderna também é
chamada superior desenvolveu-se em grande parte a partir dos estudos feitos por
EVARIST GALOIS sobre a teoria dos grupos. Em Alexandria, Diofanto conhecido
como o pai da álgebra desenvolveu um processo engenhoso que consistia em
encontrar respostas para as equações indeterminadas do tipo
AX 2 BX C Y 2 e AX 3 BX 2 CX D Y 2 e entre outros.
Realça também a trigonometria referindo os geómetras gregos como o Hipócrates de
Chios. Os geómetras gregos começaram a estudar as relações entre arcos ou ângulos
ao centro de uma circunferência e as respectivas cordas e produziram mesmo uma
tabela de corda (140 a. C), o primeiro passado das tábuas trigonométricas entre
outros.
L10 Faz referências a algumas notas históricas, concretamente, a vida e obra dos
seguintes matemáticos: Isaac Newton, Godfried Leibniz, Joseph Louis Lagrange,
Bernardo Bolzano, Pierre Laplace. Por exemplo, refere que, Isaac Newton (1642-
1727), nasceu no dia de natal de 19642 em Woolsthorpe no condado de Lincolin em
Inglaterra. Em 1965 apareceu um manuscrito de Newton enunciando a fórmula do
desenvolvimento de binómio de expoente qualquer e lançando os primeiros
fundamentos do seu método dos fluentes e fluxões (método equivalente ao cálculo que
Leibniz, seu contemporâneo, desenvolve, embora por outra via) para o cálculo da
derivada e funções. A grande obra de Newton philosophiae naturalis principio
mathematical.
Fonte: Dados da pesquisa
41
Da análise dos dados do quadro anterior percebemos que a HM entra nos livros
didácticos via perspectiva evolucionista linear e a Estrutural-Construtiva Operatória.
A primeira, justifica-se pela presença de referências biográficas dos Matemáticos e
tendência dos autores de livros didácticos em procurar seguir uma sequência de
apresentação desses factos históricos (L1, L5, L6, L7, L8, L9 e L10). A segunda
perspectiva, a Estrutural-Construtiva Operatória entra nestes livros na medida em
que alguns exemplos indicados como os de teorema de Thales e Lenda do Rei
induzem-nos ao entendimento de que estes factos podem levar ao aluno à
imaginação (L8).
A ausência de maior clareza sobre o uso dos factos históricos apontados nestes
livros pode criar barreiras ao uso da HM em sala de aulas e ao entendimento dos
alunos que utilizam esses livros para preparar as suas matérias. É neste sentido
que Miguel e Miorim (2004) alerta que o uso da História da Matemática por parte do
professor torna-se problemático. Os Livros L2, L3 e L4 não apresentam aspectos
históricos dos conteúdos abordados nestes documentos. Esta tendência pode
denunciar a ausência de reconhecimento da importância da HM para esse nível de
escolaridade ou ainda pelas exigências das editoras escolares em minimizar o
número de páginas e, mais pela ausência de recomendações no Programa de
Ensino desta classe (8ª classe).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
história geral. Se o aluno não gosta da história geral, naturalmente não ira gostar da
história da Matemática.
Constatamos ainda que os PEM não deixam claro como é que os factos históricos
da Matemática podem ser usados em sala de aulas. A falta de clareza pode levar ao
professor a ignorar o uso da HM em sala de aulas. Nesta pesquisa, admitimos que
são valiosas as contribuições dos autores desses livros pelos esforços em trazer
aspectos históricos nos livros escolares. Esse esforço pode ser notado na medida
em que os livros escritos até 1998 não evidenciavam aspectos sobre o uso da
História da Matemática.A partir do ano 2000 para cá observa-se um maior
envolvimento de autores de LD na inserção de aspectos históricos em seus livros.
Essa tendência pode ser explicada pela introdução da disciplina de Matemática na
Historia no Curso de Licenciatura em Ensino da Matemática na Universidade
Pedagógica. O estudo desta disciplina despertou atenção da importância do uso da
Historia da Matemática para a compreensão da própria Matemática.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas,
2008.
RESUMO
A fotografia como meio didáctico em Geografia representa uma experiência que teve início
em 2015, com estudantes de Licenciatura em Ensino de Geografia (LEG) do Departamento
de Geografia da Universidade Pedagógica em Maputo. Este curso, entre outras disciplinas
curriculares, inclui a Didática de Geografia II, que, no seu plano de estudos prevê uma
discussão acerca dos meios didácticos a serem utilizados no processo de ensino e
aprendizagem da Geografia. Neste sentido, foi proposto aos estudantes, uma actividade
sobre a utilização da fotografia na aula de Geografia. O trabalho tinha como principal
objectivo analisar a fotografia como meio didáctico de Geografia. A partir deste objectivo
definimos três objectivos específicos: a) fornecer uma possibilidade de elaboração de meios
didácticos a partir do meio familiar dos estudantes; b) incentivar a observação do meio
próximo através de fotografias tiradas pelos próprios estudantes; c) estimular a criatividade
dos estudantes. Para o alcance destes objectivos foram analisados programas de ensino de
Geografia do Ensino Secundário Geral (ESG), livros escolares de Geografia, bibliografia de
referência sobre fotografia de, Joly (2007), Kossoy (2012), Barthes (2013) e Costa (2013),
que orientaram a aprendizagem dos estudantes e a organização das actividades. Esta
experiência foi crucial para a aprendizagem pelo facto de ter permitido a elaboração de
material didáctico a partir do meio próximo, incentivando, deste modo, a observação directa
e estimulando a criatividade dos estudantes.
Palavras-chave: Fotografia. Imagem. Meio didáctico. Geografia
ABSTRACT
§
Professora na Unversidade de Rovuma, Mocambique. Doutorada em Didáctica de Geografia pela
Universidade Paris VII-Denis Diderot, França.
45
NTRODUÇÃO
ou a ler a fotografia, não existindo por isso, uma relação desta com o texto que a
acompanha.
Neste sentido o trabalho tinha como principal objectivo analisar a fotografia como
meio didáctico de Geografia. A partir deste objectivo definimos três objectivos
específicos: a) fornecer uma possibilidade de elaboração de meios didácticos a
partir do meio familiar dos estudantes; b) incentivar a observação do meio próximo
através de fotografias tiradas pelos próprios estudantes; c) estimular a criatividade
dos estudantes.
A CONSTRUÇÃO DA EXPERIÊNCIA
A preocupação com a prática dos estudantes em formação e consequentemente
com a qualidade da Educação no país é uma das grandes preocupações da
Universidade Pedagógica (UP) desde a sua génese em 1985, como Instituto
Superior Pedagógico (ISP).
Em 2009, foi efectuada uma reforma curricular que tinha como factores
motivacionais, entre outros, o quadro nacional de qualificações do Ensino Superior,
o plano quinquenal do governo, o plano de redução da pobreza absoluta, as
transformações curriculares do ensino básico e secundário e o plano estratégico de
47
Este papel da imagem bem vincado por Schoumaker, levou-nos a, em conjunto com
os estudantes, reflectir sobre a fotografia como material didáctico de Geografia.
Depois de uma análise relativa ao material didáctico, sua importância e
classificação, dirigiu-se a atenção para análise da fotografia. O estudo sobre a
fotografia foi feito a partir de Joly (2007), Kossoy (2012), Barthes (2013) e Costa
(2013), que orientaram a aprendizagem dos estudantes e a organização das
actividades. Os estudantes foram orientados para que, a partir do meio circundante
e através dos seus telemóveis, fizessem fotografias que poderiam ser utilizadas nas
aulas tendo como referência os programas de ensino de Geografia do primeiro ciclo
do ESG. Foi explicado ainda que as mesmas deveriam ser enviadas por email,
contendo alguns elementos básicos, nomeadamente, o título, a classe, os objetivos
e o autor.
FOTOGRAFIA E IMAGEM
Um dos princípios orientadores do Plano Curricular do Ensino Secundário Geral
(PCESG) é o Ensino centrado no aluno, no qual este é colocado,
49
A preocupação com os meios didácticos que são utilizados nas aulas de Geografia
sempre constituiu objecto das nossas reflexões, sobretudo num país em que esses
meios são escassos e em que as sugestões metodológicas dos programas de
ensino de Geografia exigem a utilização de fotografias pelo professor.
fotografia, pelo cinema e pelas imagens digitais, integra o conjunto das imagens
técnicas, produzido a partir da utilização de equipamentos.
Nestes, a fotografia, como nos referimos mais acima, embora abundante, encontra-
se em segundo lugar, em relação à linguagem verbal, isto é, o leitor (aluno), não é
convidado a observar ou a ler a fotografia, não existindo por isso, uma relação desta
com o texto que a acompanha. Esta posição marginal da fotografia é explicada por
Kossoy (2012) como sendo o resultado de dois factores fundamentais, sendo o
primeiro o de ordem cultural e o segundo de ordem expressiva. Este autor ao
analisar a secundarização da fotografia em relação à linguagem textual, afirma que:
Estas duas razões são apoiadas por Costa (2013) que acrescenta que, “a tendência
da educação formal em excluir a linguagem visual deve-se à construção da Nação,
referindo que a escola, neste processo, jogou um importante papel na disseminação
da língua nacional”. A preocupação com a língua nacional imprimiria uma atenção
especial à aprendizagem da leitura e da escrita tendo a fotografia função de quebrar
a monotonia do texto e por isso seu papel ilustrativo. Neste caso, a leitura e a
interpretação da mesma tornar-se-iam prescindíveis. Esta autora adianta ainda que,
a linguagem visual, por ser tida como pouco precisa, ambígua, ou excessivamente
particular, parece pouco ligada à racionalidade. Os princípios universalistas da ciência
dão a impressão de estarem mais adaptados à precisão da escrita. Costa apud Mary kato
(1990) retomando esta ideia afirma que,
Contudo, Kossoy (2012), chama atenção para repensar-se nas potencialidades das
imagens como documentos insubstituíveis, a serem explorados e cujo conteúdo não
deve jamais ser entendido como mera ilustração ao texto. Para Costa (Ibid: 38), a
imagem na actualidade, está cada vez mais presente daí ser imprescindível a
educação pela e para a imagem em busca de um entendimento mais afectivo do
mundo e de uma comunicação mais abrangente e inclusiva. Joly (2007: 24)
debruçando-se sobre a onipresença da imagem refere que ela está presente “em
todos os domínios científicos: da astronomia à medicina, das Matemáticas à
meteorologia, da geodinâmica à física e à astrofísica, da informática à biologia, da
mecânica ao nuclear, etc.”
Autor: Jeremias Nhantumbo, Bairro do jardim, 2015 Autor: Jeremias Nhantumbo, Av. 10 de Novembro, 2015
55
Figura 10, 11: Transporte marítimo ou fluvial Figura 12: Transporte rodoviário
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COSTA, Cristina. Educação, imagem e mídias. 2ª edição, São Paulo, Cortez editora,
2013.
JOLY, Martine. Introdução à análise das imagens. Lisboa, Edições 70, 2007.
KOSSOY, Boris. Fotografia e História. 4ª edição, Ateliê editorial, São Paulo, 2012.
DOCUMENTOS
RESUMO
O presente estudo propõe um modelo metodológico que consiste num plano de aula prática
de campo no estudo do tema: “Bacia hidrográfica” na disciplina de Geografia, no Ensino
Secundário. Para a efectivação do trabalho recorreu-se a observação directa, ao
questionário e a experiência profissional do pesquisador na docência. Da pesquisa
realizada verificou-se que há fraca realização da aula prática de campo assim como não
existe um desenho metodológico para o estudo do tema “Bacia hidrográfica” no ensino da
Geografia na Escola do Ensino Secundário do Lubango. Esta situação deve-se a não
valorização do saber local, pois essa bacia encontra-se a quatro quilómetros da escola, e ao
défice de conhecimento metodológico por parte dos professores. Sugere-se a realização de
cursos de capacitação aos professores de Geografia em metodologia de actividades
práticas de campo como forma de contribuir para a melhoria do processo de ensino-
aprendizagem da Geografia.
ABSTRAT
The present study proposes a methodological model that consists of a practical field lesson
plan in the study of the theme: Hydrographic basin in the discipline of Geography, in
secondary education. to perform the work was used direct observation, the questionnaire
and the professional experience of the researcher in teaching. of the research carried out, it
was verified that there is a poor performance of the field practice class, as well as, there is
no methodological design for the study of the theme "Basin" in the teaching of geography in
Lubango secondary school. this situation is due to the lack of appreciation of local
knowledge, since this basin is located four kilometers from the school, and to the lack of
methodological knowledge on the part of the Geography teachers.
**
Doutorando em Geografia pela Universidade Pedagógica de Maputo - Moçambique Professor de
Geografia no Instituto Superior de Ciências da Educação (ISCED), Luanda, Angola. Email:
moraisvieira11@gmail.com
60
INTRODUÇÃO
A Geografia é uma ciência que estuda o meio geográfico, ela tem muitos anos de
existência como ciência e para o ensino e aprendizagem, a natureza é um dos
locais apropriados para a construção do conhecimento.
No ensino desta ciência geográfica, o campo pode ser utilizado para a realização de
actividades práticas, assim sendo, o professor, com base na orientação
metodológica preparada vai direccionar a aprendizagem cumprindo com o papel de
61
Para abordar sobre a importância das aulas práticas de campo pode-se colocar as
seguintes questões:
62
Neste trabalho realizou-se uma pesquisa acção que consistiu num estudo de caso
onde o pesquisador orienta uma metodologia para a realização da prática de campo
sobre Hidrografia na área da Tundavala. A Hidrografia é a ciência que estuda as
águas na terra, dela faz parte o conjunto de rios, lagos, lagoas, mares, oceanos,
águas subterrâneas e glaciares. Segundo UNEB (2011), o conceito de Hidrografia
abrange,
PLANIFICAÇÃO
EXECUÇÃO
EXPECTATIVAS DE APRENDIZAGEM
O trabalho de erosão que as águas das chuvas e dos rios fazem nas paisagens,
resulta da combinação entre a força da acção morfo escultora da água (que se dá
em função do clima) e da resistência e organização da morfo estrutura do relevo
(que se dá em função dos diferentes tipos de rochas). A combinação entre morfo
escultura e morfo estrutura do relevo resulta em diferentes padrões de rede hídrica.
O padrão de drenagem mostrado é a) dendrítico; b) radial; c) rectangular e d) treliça.
Este modelo, no entanto, não leva em consideração a interferência biogeográfica da
vegetação.
A fonte de todo o trabalho em cor preta; não deverão conter enfeites, bordas. A
formatação gráfica para computador será a seguinte: Papel A4 com impressão no
formato A4; Margens: Superior 3 cm, Inferior: 2 cm; esquerda: 3 cm; direita: 2 cm;
numeração: canto inferior direito sem numeração na primeira página. Texto; fonte:
arial ou times new roman (normal e justificado) tamanho: 12; títulos: fonte: arial ou
times new roman (negrito e justificado); tamanho: (14); espaçamento entre linhas:
duplo (2.0); iniciar cada capítulo em nova página; relatórios manuscritos deverão ser
escritos em folha de almaço.
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO
Os trabalhos serão avaliados em todo o seu contexto obedecendo às normalizações
aqui pré-estabelecidas e para cada observação feita no relatório será descontado
0,5 (meio) ponto.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para dar reposta ao problema levantado foi elaborado uma proposta metodológica
de um plano de aula para a aula prática de campo para aprofundar os
conhecimentos teóricos sobre bacia hidrográfica tendo em conta as potencialidades
geográficas que apresenta a Bacia Hidrográfica de Tundavala. Esta proposta foi
apreciada por professores de especialidade Geografia, que reconhecerem a sua
pertinência.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RESUMO
Este artigo apresenta a relevância do jogo didáctico na aprendizagem da leitura e escrita
nos anos primeiros anos de escolaridade no contexto (social e escolar) moçambicano. O
mesmo é decorrente de um trabalho de dissertação, cujos objectivos passavam por: i)
descrever a potencialidade do jogo didáctico no desenvolvimento da consciência fonológica;
ii) verificar o impacto da ludicidade do jogo didáctico na aprendizagem inicial da leitura e da
escrita e iii) verificar a aplicabilidade de jogos didácticos incorporados em aulas de
aprendizagem da leitura e da escrita. Optamos por um percurso metodológico misto de
abordagem quanti (quali) tativa recorrendo, por um lado, à aplicação do questionário na
busca de inferências (i) mensuráveis, e por outro, o procedimento qualitativo-experimental
decorrente da intervenção pedagógica e a consequente análise de conteúdo de grelhas de
autossupervisão, autorreflexão. O fraco desempenho em leitura e escrita foi evidenciado
pelo pré-teste. Os resultados da pesquisa apontam que no pós-teste, a média do
desempenho aumentou de 45,6% para 61,7% (grupo experimental) e de 51,5% para 62,9%
(grupo de controlo). A análise feita aos testes (pré-teste e pós-teste) evidencia o incremento
superior (de 16,1 pontos percentuais) do desempenho dos alunos do grupo experimental
comparado ao grupo de controlo que alcançou (apenas) o incremento de 11,4 pontos
percentuais.
ABSTRACT
This article presents the relevance of the interactive game in the learning of reading and
writing in the first years of schooling in the Mozambican context (social and school). The
same is due to a dissertation, whose objectives were: i) to describe the potential of the
interactive game in the development of phonological awareness; ii) to check the impact of
playful playfulness on the initial learning of reading and writing and iii) to check the
applicability of interactive learning game in reading and writing classes. We opted for a
mixed quanti(quali)tative methodological approach using, on the one hand, applying the
questionnaire in search of (im)measurable inferences, and on the other, the qualitative-
experimental procedure resulting from the pedagogical intervention and the consequent
analysis of content of self-supervision grids, self-reflection. The poor performance in reading
and writing was evidenced by the pre-test. The results of the research indicate that in the
post-test, the mean performance increased from 45.6% to 61.7% (experimental group) and
from 51.5% to 62.9% (control group). (Pre-teste and post-teste) shows the superior increase
(of 16.1 percentage points) in the performance of stundents in the experimental group
compared to the control group, which reached an increase of 11.4 percentage points.
††
Mestre em Educação – Formação de Formadores.Email: (angeloniquice@gmail.com)
73
INTRODUÇÃO
‡‡
SACMEQ (Southern and Eastern Africa Consortium for Monitoring Educational Quality)
§§
INDE (Instituto Nacional de Desenvolvimento da Educação)
74
Em qualquer meio escolar, aprender a ler e escrever é uma tarefa complexa por
requerer múltiplas habilidades cognitivas com destaque para a habilidade
metalinguística (DEMONT, 1997 apudSALGADO E CAPELLINI, 2004). No caso
moçambicano, esta complexidade agrava-se pelo facto de se tratar de
aprendizagem numa língua segunda, aliás, apenas 57,8% da população sabe falar
português e apenas 11,9% das pessoas têm o português como língua materna (INE,
2007). Associa-se a esta dificuldade a ausência de infraestruturas escolares
adequadas, alto rácio aluno/professor, práticas pedagógicas desadequadas à
realidade social dos alunos, descoincidência acentuada entre a prática lectiva e o
texto curricular, défice de manuais escolares e outros materiais auxiliares.
com uma média de 24%, contra uma média de 48,6% nos outros cinco países
africanos, nomeadamente: Quénia, Uganda, Nigéria, Togo (BANCO MUNDIAL, 2015).
Numa análise feita por (MAGAIA, NAHARA E PASSOS, 2011) aos resultados do
SACMEQ II e III (2000 e 2007) respectivamente, sobre a monitoria da qualidade de
educação no sexto ano de escolaridade com uma média de 500 pontos nos diversos
países avaliados, concluiu-se que Moçambique registou decréscimo na pontuação
média do desempenho de leitura, pois em 2000 (SACMEQ II) teve uma média de
517 pontos e em 2007 (SACMEQ III) baixou para uma pontuação média de 476
pontos, correspondente a uma redução de 41 pontos.
***
MÁXIMO – ESTEVES, (2008:20)
76
A opção pelos jogos circunscreve-se pelo acto de levar ao espaço escolar (à sala de
aula), uma estratégia interactiva que de princípio, deve ser usada de forma natural e
associada aos conteúdos programáticos. Para BARETTA (2006:34) “os jogos são
recursos bastante relevantes para o ensino-aprendizagem tornando o processo
mais agradável e participativo”.
O jogo pode ser opção para auxiliar a consolidação e prática de saberes por parte
dos alunos. Durante o jogo, o professor obtém um conjunto de informações que
constituem auto-supervisão como objecto de reflexão, pois “poderá constituir ainda
um instrumento de avaliação, não só para o professor, como também para os
alunos” (GOMES, 2012:33). Este poderá ser usado como suporte metodológico da
avaliação formativa, que a função de regular de forma permanente a aprendizagem.
Esta (avaliação) informa o professor sobre o nível de realização dos objectivos e
impulsiona o aluno para que se empenhe cada vez mais nos estudos. O jogo
didáctico pode assumir formato de avaliação formativa permitindo ao professor um
feedback imediato do desempenho do aluno, para além de servir para hetero (auto)
avaliação (Gomes, 2012:34).
Notamos uma relação de impacto recíproco, uma vez que, a consciência fonológica
estimula o desenvolvimento de habilidades de leitura e escrita e por seu turno, as
habilidades (iniciais) de leitura e escrita contribuem para o desenvolvimento da
consciência fonológica, por isso que (SALGADO E CAPELLINI, 2004:181) reitera que a
80
ORIENTAÇÃO METODOLÓGICA
†††
Apoiando-se na triangulação do tipo embutido, articulando dados quantitativos (que apoiam) (e)
dados qualitativos ou vice-versa (CRESWELL E CLARK, 2007).
81
A nossa amostra foi constituída por 22 professores (grupo acessível) e 120 alunos
das duas turmas da 1ª classe. Dos professores previstos e contactados, obtivemos
o retorno de 22 questionários. A maioria dos participantes (71%) respondeu aos
questionários de forma positiva. Destes, três questionários são de homens e
dezanove são de mulheres.
82
Figura nº 1: alunos em grupos formando frases Figura nº 2: alunos em grupos identificando letras
usando “puzzle” de palavras em estudo
83
Quanto ao uso de jogos didácticos pelos professores inquiridos pode-se afirmar que
de forma geral que a avaliação é negativa, pois a maioria discordou (muito e
totalmente) com os quatro itens avaliativos.
A preocupação pelo cumprimento dos programas tem sido uma inquietação dos
professores, pois (18,2% concordaram, 31,8% concordaram muito e ainda 50%
concordaram totalmente) que a corrida pelo cumprimento dos programas constituía
dificuldade para o uso de jogos como opção metodológica.Embora o jogo seja uma
das alternativas às metodologias (tradicionais) passivas, para BARETTA (2006) existe
ainda cepticismo que relaciona o jogo à brincadeira. Nesta sequência incorporamos
no inquérito, tendo se constatado que 48,2% dos inquiridos concordaram, 31,8%
85
Grupo Grupo de
Componente avaliada Diferença
Experimental controlo
(Média)
(Média) (Média)
De forma global, os dados da tabela 1 mostram que a turma (grupo) de controlo tem
maior eficácia (maior desempenho) comparativamente à turma (grupo)
experimental. Podemos ver que, como desempenho total, o grupo de controlo
atingiu uma média de 51,5% posicionando-se com 5,9 pontos percentuais a mais do
grupo experimental que não passou dos 45,6%. Mesmo perante estes dados
mantivemos a escolha inicial (aleatória) do grupo experimental.
87
Grupo
Média 57,8% 51,9% 61,7% 74,6% 49,6% 81,3% 61,7%
experimental
Grupo de
Média 60,1% 57,9% 62,0% 73,0% 45,1% 83,6% 62,9%
controlo
Diferença Média -2,3% -6,0% -0,3% 1,6% 4,5% -2,3% -1,2%
Fonte: elaborado pelo autor
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo permitiu fazer triangulação de dados (de forma embutida) com traço de
complementaridade. Do inquérito feito aos professores, recolhemos dados, quer
sobre o papel dos jogos no desenvolvimento da consciência fonológica como
potenciador da aprendizagem da leitura e da escrita, quer da sensibilidade,
conhecimento e do uso dos jogos didácticos por parte dos professores. Apoiamo-
nos nestes dados (quantitativos) para articular (é de forma complementar) com a
informação (qualificativa) recolhida ao longo da execução da intervenção
pedagógica, permitindo, deste modo, dispor aos alunos o jogo didáctico colocando
estes a explorarem naturalmente na sua própria dinâmica, a linguagem e
espontaneidade do jogo. Desta intervenção, verificou-se o incremento (significativo)
da aprendizagem dos alunos, tal como mostram os resultados das avaliações (pré-
90
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
.INDE. Relatório da Monitoria 2009 “Leitura e Escrita Iniciais”. Maputo, MEC, 2010.
iii/policy-brief/mozambique_achievement_14_october_2011.pdf. Acedido a 02 de
Fevereiro de 2016
NETO, C.A.F. (2003). Jogos e Desenvolvimento da Criança. 12ª ed. Lisboa, Wook.
NHAPULO, T.J.A. et. al.. Manual de Apoio à Avaliação Pedagógica. Maputo,
MINED, 2014.
Esta comunicação resulta de uma pesquisa feita sobre o uso do estilo informal (calão), com
o intuito de compreender as implicações deste no desenvolvimento da oralidade no Ensino-
Aprendizagem da Língua Portuguesa. O estudo foi motivado pela constatação de que
alunos da 12ª classe da Escola Secundária Joaquim Chissano, estabelecendo a
comunicação entre si, no recinto escolar ou dentro da sala de aulas de língua portuguesa
socorrem-se do estilo informal. Assim, a pesquisa buscava saber das razões do uso deste
estilo, num contexto de ensino de línguas em que se exige o cumprimento do estilo formal.
Para esta investigação, aventaram-se duas hipóteses segundo as quais o ambiente social
os tinha habituado a usar o calão e ou que as estratégias de ensino da oralidade usadas
não fossem suficientemente eficientes para garantir que os alunos se comunicassem
usando o estilo formal em sala de aulas. Assim, para se responder a estas perguntas
hipotéticas, realizou-se o estudo qualitativo, baseado na análise e interpretação de
conteúdos, e no privilégio da perspectiva monográfica, foi descrita a prática linguística
informal dos alunos, tendo-se concluído que esta se deve ao modo como os professores
abordam as suas aulas, bem como à forma como reagem diante dos erros cometidos pelos
seus alunos.
ABSTRACT
This communication results from a research done on the use of informal style (slang), in
order to understand the implications of this in the development of orality in Teaching-
Learning Portuguese Language. The study was motivated by the fact that students of the
12th class of Joaquim Chissano Secondary School, establishing communication among
themselves, in the school premises or inside the Portuguese-language classroom rely on the
informal style. Thus, the research sought to know the reasons for the use of this style, in a
context of language teaching in which the formal style is required. For this investigation, two
hypotheses were made that the social environment had accustomed them to slang and that
the orality teaching strategies used were not efficient enough to ensure that students
communicated using the formal style in the classroom classrooms. Thus, to answer these
hypothetical questions, the qualitative study was carried out, based on the analysis and
interpretation of contents, and the privilege of the monographic perspective, the informal
linguistic practice of the students was described, and it was concluded that this is due to the
teachers approach their classes, as well as how they react to mistakes made by their
students.
Keywords: Informal style. Orality. Communicative competence. Process of Teaching
and Learning
‡‡‡
Mestre em Educação/Ensino de Português e docente da Universidade Pedagógica – Moçambique
§§§
Licenciado em Ensino de Português com Habilitações em Ensino de Inglês.
94
INTRODUÇÃO
O presente artigo, surge no âmbito de uma pesquisa realizada aquando da
constatação, feita durante o estágio pedagógico realizado na Escola Secundária
Joaquim Chissano, de que os alunos usavam o calão para transmitirem as suas
ideias durante as aulas de Língua Portuguesa. Assim, a pesquisa visava
compreender as implicações do estilo informal (calão****) no desenvolvimento da
oralidade no Ensino-Aprendizagem da Língua Portuguesa, para a posterior
apresentação de estratégias para solucionar o problema ora identificado. Em torno
da pergunta de investigação que norteou a pesquisa, o que faz com que os alunos
da 12ª classe, da Escola Secundária Joaquim Chissano fracassem na produção de
um estilo (de linguagem) formal, foram aventadas e confirmadas duas hipóteses: o
contacto frequente que eles têm com o calão quando se encontram em situação de
convívio entre amigos, bem como o uso pelos professores de métodos não viáveis o
suficiente para desenvolverem, no aluno, a capacidade de produzir um estilo formal,
adequando a sua interacção verbal ao contexto situacional em que a comunicação
ocorre. As razões são: primeiro, os professores limitam-se a fazer a exposição dos
conteúdos sem se importarem em fazer com que o aluno se comunique em aulas.
Segundo, diante dos erros dos alunos, aqueles limitam-se a usar o método de
correcção explícita, este que, por sua vez, definha a liberdade de expressão dos
alunos, pois receiam que se lhe dirija uma crítica negativa e directa.
****
Tem uma relação de sinonímia com a gíria e é caracterizado por um vocabulário especial, que
surge como um signo de grupo geralmente secreto, de domínio exclusivo de uma comunidade social
restrita. Importa referenciar que quanto maior for o sentimento de união entre os membros, mais o
calão servirá como elemento de identificação, elemento ideal de comunicação e auto-afirmação
(PRETI, 1984) apud Santos (2007). O autor ora mencionado (PRETI, 2006:242) vai mais longe ao
afirmar que afirma que conhecer a história da gíria significa penetrar no mundo da marginalidade, na
vida dos grupos excluídos da sociedade pela sua própria condição de pobreza ou pelas suas
actividades peculiares (geralmente ilícitas), os quais buscam com a criação de um vocabulário
criptológico uma forma de defesa de suas comunidades restritas.
95
REFERENCIAL TEÓRICO
††††
Os fenómenos humanos e sociais nem sempre podem ser quantificáveis, pois se trata de um
universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um
espaço mais profundo das relações dos processos e dos fenómenos que não podem ser reduzidos à
operacionalização de variáveis (MINAYO (1998).
‡‡‡‡
Processo por intermédio do qual, partindo de dados particulares, suficientemente constatados,
infere-se uma verdade geral ou universal, não contida nas partes examinadas (MARCONI &
LAKATOS, 1992:47).
§§§§
Estudo de caso que consiste no estudo de determinados indivíduos, profissões, instituições,
grupos ou comunidades, com a finalidade de obter generalizações (ANDRADE, 2010:122). Assim
sendo, partindo do princípio de que o estudo de um caso em profundidade pode ser considerado
representativo de muitos outros ou mesmo de Todos os casos semelhantes, para o caso específico
da nossa pesquisa, consistiu em estudar as produções discursivas feitas pelos alunos da Escola
Secundária Joaquim Chissano, no contexto de sala de aulas.
96
O objectivo principal da aula de língua portuguesa será sempre o de fazer com que
o aluno consiga adequar a comunicação a diversas situações e integrar-se
conscientemente na vida social (GOMES et al, 1991:43). Para estes autores, a
concretização deste objectivo depende do envolvimento do aluno em situações
variadas de comunicação que inclui o uso de textos diversificados, sendo orais ou
escritos, literários ou não literários, bem como os textos produzidos em aula. Porém,
Gonçalves e Diniz (2004:92) advogam que as aulas de Português têm sido
desmotivadoras por estas terem sempre a mesma estrutura (leitura e interpretação
de um texto, explicação dos vocábulos difíceis e tratamento de um conteúdo
gramatical específico), facto que também se verifica no ensino dos domínios da
língua, por exemplo, a oralidade.
ORALIDADE NO ENSINO/APRENDIZAGEM DA LP
No contexto da sala de aulas, a oralidade não deve ser vista apenas como meio de
transmissão de conhecimentos, pois utilizar a oralidade somente para a transmissão
de conhecimentos é uma atitude tradicional e distorcida da realidade linguística.
Assim, percebe-se a razão da necessidade de tomar uma postura crítica mediante o
ensino/aprendizagem da oralidade no ensino secundário. Neste caso, assume-se
que os professores de língua portuguesa também deveriam avaliar até que ponto é
importante ensinar a oralidade através da realização de actividades como:
seminários, palestras, simulação de entrevistas, apresentação de trabalhos, tal
como propõem Gomes et al (1991:25), sempre definindo claramente as atribuições
quer do professor assim como do aluno em sala de aula.
97
*****
fonte: http://revistas.ufpr.br
98
†††††
Termo do calão usado para caracterizar algo difícil, melhor ou bom.
‡‡‡‡‡
Do inglês Busy “ocupado”, usado no calão como sinónimo de precisar ou ocupado.
§§§§§
Expressão usada no calão como equivalente à expressão da linguagem culta “não se preocupe
com isso”.
******
Usados no calão com equivalentes aos verbos da linguagem culta “ir estudar, treinar, gostar e
comer”, respectivamente.
99
e obscenos), leva a crer que os alunos usam aquela forma de linguagem “em todas
as suas comunicações”. Alguns destes termos são transportados, consciente ou
inconscientemente, para a sala de aulas.
Tal como foi antes referenciado, no contexto da sala de aulas exige-se que as
realizações linguísticas sejam as mais cuidadas possíveis, ou seja, quer os alunos,
quer os professores devem pautar por uma linguagem formal. Porém, durante a aula
experimental que se realizou (debate sobre a atribuição da polícia num Estado de
Direito e Democrático) com intenção de verificar o tipo de linguagem que os alunos
usam em aulas, constou-se que aqueles usam, em alguns casos, termos
pertencentes ao calão. Importa referenciar que esta forma de linguagem
corresponde a aquilo que Warddhaugh (2002:50), denomina de estilo informal.
††††††
Pisar com grama. Aguentar uma situação desagradável
100
ao calão, ou seja, à linguagem marginal que os alunos usam com maior frequência
fora do meio escolar.
PERCEPÇÃO DO PROFESSOR
No que diz respeito à oralidade em sala de aulas, realizou-se uma entrevista aos
professores, a fim de analisar os procedimentos que estes usam para o
desenvolvimento da oralidade nos alunos. Neste caso, quando questionados sobre
as actividades que têm orientado para o desenvolvimento da oralidade, afirmaram
que orientavam actividades como: debates, apresentações de seminários, palestras.
Com base nesta resposta e em conformidade com os dizeres de Gomes et al
(1991:25), segundo os quais aquelas são as estratégias através das quais o
professor de LP pode desenvolver/ensinar a oralidade aos alunos, constatou-se que
os professores estão cientes, primeiro, de que aquela habilidade linguística também
é passível de ser ensinada como qualquer outra, tal como afirmam Gonçalves e
Diniz (2004:95), “à semelhança do que acontece com as outras habilidades
linguísticas, a oralidade também se ensina, se aprende e se desenvolve”, segundo,
que aqueles aplicam as estratégias adequadas para o efeito. Porém, a frequência
com que aquelas actividades ocorrem em aulas, assim como a forma como as aulas
da LP são orientadas, na sua generalidade, não permitem que os alunos realizem o
output linguístico (realização oral), a fim de desenvolver a sua competência
comunicativa.
‡‡‡‡‡‡
É usado metaforicamente para designar o dinheiro por este também ter a função de “pôr a andar
a vida das pessoas ou tudo quanto o homem necessita. Ter o dinheiro nas mãos é sinónimo de ter
poder”. Este termo é definido pelos dicionários como uma peça de madeira que serve para bater (pôr
em movimento) uma bola em vários jogos (bilhar, golf, hóquei, etc.) (HOUAISS, 2009).
101
PERCEPÇÃO DO ALUNO
§§§§§§
fonte: www.portaldoconhecimento.gov.cv/bitstream
102
Neste caso, concordamos com Le Page (1980) ao afirmar que todo o acto de fala é
um acto de identidade, ou seja, as escolhas linguísticas são processos
inconscientes que o falante realiza e estão associados a múltiplas dimensões de
identidade social e aos múltiplos papeis que o usuário assume na comunidade de
fala. Em suma, pode-se dizer que as transposições linguísticas (do informal para o
formal), por parte dos alunos, constituem processos inconscientes de realização
linguística.
PERCEPÇÃO DO PROFESSOR
INTERVENÇÃO DO PROFESSOR
Pela consciência que se tem de que o uso do calão em sala de aulas é uma prática
não permitida nas escolas, bem como a de que o professor tem como tarefa
estimular a fala, apresentando-se como modelo, firme na sua correcção, mas
consciente de que vai ter de ajudar a distinguir o correcto do incorrecto, o obrigatório
do facultativo, o aceitável do inaceitável (GONÇALVES e DINIZ, 2004:95), procurou-
se saber como os professores lidam com essa nova realidade e que medidas
correctivas tomam para a minimização do referido fenómeno? Como resposta, eles
afirmaram que optam por uma correcção explícita, ou seja, logo após o aluno
cometer o erro, o professor diz que aquela forma de construção não é a correcta
passando, logo a seguir, a apresentar a forma como o aluno devia construir o seu
enunciado.
O que os autores pretendem transmitir é que, face aos erros dos alunos, o professor
deve fazer com que os alunos percebam que falharam, sem, necessariamente, ter
104
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As novas tendências linguísticas das camadas sociais mais jovens são um factor a
se ter em conta no contexto de ensino da Língua Portuguesa, visto que os alunos
transportam, para o contexto da sala de aulas, alguns itens lexicais pertencentes ao
calão.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALONSO, E. Cómo ser Profesor/a y Querer Seguir Siéndolo? Madrid: Edelsa, 1994.
Inês Rita*******
Benvindo Maloa†††††††
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo fazer uma análise Histórica das fases da Evolução
das Necessidades Educativas Especiais.Como metodologia recorreu-se a revisão da
Literatura de livros e artigos científicos que versam sobre o tema. E possível assinalar um
certo avança no ensino das crianças com NEE, ainda que a literatura aponta para a
existência de um considerável número de Professores que ainda não domina metodologia
de ensino para alunos com NEE. Sugere-se que os profissionais de psicologia, como
também os profissionais da educação, ampliem o conhecimento sobre o tema, bem como
promover uma reflexão sobre as práticas dos métodos e procedimentos que podem ser
utilizados na inclusão escolar de alunos com necessidades especiais.
ABSTRAT
The present work aims to make a historical analysis of the phases of the Evolution of Special
Educational Needs. As a methodology, we used the literature review of books and scientific
articles that deal with the subject. It is possible to point out a certain advance in the teaching
of children with SEN, although the literature points to the existence of a considerable number
of Teachers that still does not dominate teaching methodology for students with SEN. It is
suggested that psychology professionals, as well as educational professionals, expand their
knowledge about the subject, as well as promote a reflection on the practices of the methods
and procedures that can be used in the school inclusion of students with special needs.
*******
Mestre em Educação: Formação de Formadores
†††††††
Doutor em Psicologia Social e Organizacional, Docente da FACEP
108
INTRODUÇÃO
Contudo, não basta termos uma escola inclusiva se os seus propósitos não vão ao
encontro do grupo alvo, ou seja, todos os alunos, e em particular os que apresentam
NEE têm direito a educação. Segundo Schaffner e Buswell (1996), a escola
inclusiva deve tornar-se numa escola de qualidade para todos os alunos,
independentemente das suas características ou necessidades.
A Educação Especial surgiu nos meados do séc. XVII, esta época caracterizava-se
pela rejeição de indivíduos portadores de necessidades educativas especiais e
praticava-se infanticídio quando se detectava alguma anomalia nas crianças. E
aliavam à crença de que era resultado de causas sobrenaturais, possuídas pelo
demónio e espíritos (JIMENEZ, 1993:46).
longo do tempo e época. Ao longo de vários anos, nem sempre foi considerado o
direito à educação para a criança com NEE, ou mesmo o direito a um tratamento
igual às outras. Através de várias práticas e concepções da sociedade, crianças
com NEE foram sendo excluídas.
FASE DE TRANSIÇÃO
Esta é a segunda fase que surgiu na segunda metade do século XX, surgiram
movimentos de direitos civis que foram influenciados pelas grandes transformações
sociais de mentalidades que culminou com esperança, igualdade de oportunidades
educativas para crianças com NEE na escola regular. Os conceitos de igualdade,
liberdade e justiça expandiram – se as crianças, os pais passaram de uma situação
passiva para se empenharem na resolução de seus problemas concretos
(CORREIA, 1997:20).
FASE DE INTEGRAÇÃO
Esta fase foi aquela que deu início à integração da criança com deficiência em
turmas regulares. Quase na década de 70 em Portugal, surgiu um conjunto de
mudanças educativas, que faziam com que as escolas regulares passassem a
aceitar crianças com deficiência em classes comuns desde que estas conseguissem
adaptar-se ao ambiente da escola. Segundo Correia (1997:21) “nascia assim a
Educação integrada, entendida como o atendimento educativo específico, prestado
a crianças e adolescentes com NEE no meio familiar, no jardim-de-infância, na
escola regular ou noutros lugares onde a criança esteja inserida”.
dita normal, para fins académicos e sociais, ou seja, a colocação da criança no meio
menos restrito possível.
FASE DE INCLUSÃO
Esta é a última fase, que corresponde a fase actual, é aquela em que a escola tende
a adaptar-se para incluir alunos com NEE, uma fase em que se valorizam as
diferenças individuais, se fala de educação como direito para todos
independentemente das suas diferenças. A partir da década de 80, a educação
inclusiva tem sido mundialmente falada e discutida como forma de busca por uma
educação para todos com classes e escolas inclusivas. Segundo Correia (1997:21),
vários autores por ele citados (ALPER e RYNDAK, 1992; BOATWRIGHT, 1993),
referem que, inclusão significa atender o aluno com NEE, incluindo aqueles com
NEE severas, na classe regular com o apoio dos serviços de educação especial. E
isto quer dizer que a filosofia da inclusão engloba a prestação de serviços
educacionais apropriados para toda criança com NEE na classe regular, sempre
que possível.
CONCEITO DE INCLUSÃO
Essa inclusão pode ser feita com alguma modificação – inclusão ou modificação de
certos objectivos ou metodologias e o aluno permanece na sala regular a maior
parte do tempo, com modificações significativas, os alunos permanecem fora da
sala de aula por períodos mais longos, recebendo reforço expressivo em áreas
específicas, como, de linguagem, por exemplo, no caso de alunos surdos, especial
com adições – o aluno permanece fora da sala de aula a maior parte do tempo,
sendo apoiado de forma mais concentrada em algumas matérias, dedicando-se
menos às demais. Participa com os demais alunos apenas em situações escolares
eventuais. São casos mais graves, como por exemplo, de deficiência mental,
especial – apesar de fazer parte da comunidade escolar, o aluno é atendido
basicamente em unidades de educação especial existentes na escola.
Segundo Warnock, citado por Correia (2005:72), a inclusão procura levar o aluno
com NEE às escolas regulares e, sempre que possível, às classes regulares, onde
por direito deve receber todos serviços adequados às suas características e
necessidades, pretende portanto encontrar formas de aumentar a participação de
todos os alunos com NEE, incluindo aqueles com NEE severas nas classes
regulares.
114
Por sua vez Correia (2005:67) refere que as DAE dizem respeito à forma como um
indivíduo processa a informação: a recebe, a íntegra, a retém e a exprime, tendo em
conta as suas capacidades e o conjunto das suas realizações.
Os alunos com DAE são geralmente alunos que demonstram alguma inactividade e
que por vezes recorrem, espontaneamente a estratégias para resolver os seus
problemas académicos, como por exemplo, uma meta cognição pobre. Hallaham e
Kauffman, (2000:44)
CONSIDERACÕES FINAIS
quando se pára para observar de forma mais crítica; não basta colocar o aluno em
sala regular e não atender o que realmente ele necessita, pois, isso não é
inclusão.Na verdade, a inclusão, não deve ser vista simplesmente como um facto,
mas como um processo, que tem suas etapas e que necessita ser muito analisado,
avaliado em todo o seu decorrer, com responsabilidade e senso crítico.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
‡‡‡‡‡‡‡
Cecília Xavier
§§§§§§§
Mery António
RESUMO
ABSTRACT
‡‡‡‡‡‡‡
Docente da Faculdade de Ciência da Educação e Psicologia. Mestranda em Psicologia
Escolar.
§§§§§§§
Docente da Faculdade de Ciência da Educação e Psicologia. Mestranda em Psicologia das
Organizações.
120
INTRODUÇÃO
questão das perturbações mentais que afectam o ensino e aprendizagem que surge
a disciplina de Psicopatologia infanto- juvenil. Psicopatologia pode ser percebida
como uma ciência que trata do sofrimento psíquico, como é referenciada por
Menechel (1997) e ainda é entendida como sendo um ramo da ciência que trata da
natureza essencial da doença mental, suas causas, as mudanças estruturais e
funcionais associadas a ela e suas formas de manifestação. (Campbell 1986 citado
por Dalgarrondo 2008).
Esses dois conceitos fazem-nos perceber que a Psicopatologia é uma ciência que
trata de analisar, caracterizar, descrever as diversas formas de manifestação da
doença mental. A UP, sendo uma instituição vocacionada para a formação de
professores a todos níveis e outras áreas afins, não podia deixar de lado a
necessidade de se orientar para análise e descoberta das doenças mentais.
PLANO TEMÁTICO
e 2o
sem
estr
e
ORIENTAÇÃO METODOLÓGICA
Propõe-se a utilização das seguintes metodologias de trabalho:
Conferências
Seminários
Estudos em grupo
Trabalho de campo
Estudo e acompanhamento de casos
Sistemas de avaliação
Serão utilizados os seguintes sistemas de avaliação em vigor na UP
Trabalho escrito no fim de cada capítulo
Trabalhos do laboratório apresentados individualmente ou em grupo;
Seminários
Testes
Estudos de caso
Exames finais
RECOMENDAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS
OBJECTIVOS GERAIS
OBJECTIVOS ESPECÍFICOS
N° Primeiro Semestre
Tema Horas de contacto Horas de estudo
1.5 Seminário
2.6 Seminário
3.1.Transtornos da Sensação
3.2.Transtornos da Percpeção
4.2.1.Enurese
4..2.2.Tratamento de enurese
4..2..3.Encoprese
4..2.4.Tratamento de encoprese
Quadro clinico
131
Diagnostico diferencial
Etiopatogenia
Aspectos psicodinâmicos
6.1distúrbios psicomotores
6.2.Os tiques
7.4 Seminário.
8.3 Hetero-agressividade
8.6 Seminário
Sub- total 48 52
Total 100
MÉTODOS DE ENSINO-APRENDIZAGEM
Conferências;
Seminários;
Estudos em grupo;
132
Trabalho de campo;
Estudo e acompanhamento de casos.
ESTRATÉGIAS DE AVALIÇÃO
Seminários;
Testes;
Estudos de casos;
Exames finais.
Língua: Português
BIBLIOGRAFIAS
OBJECTIVOS GERAIS
OBJECTIVOS ESPECÍFICOS
PRÉ-REQUISITOS
PLANO TEMÁTICO
II Semestre
N Tema Horas de contacto Horas de estudo
1 1.Psicopatologia do Adulto 10 10
2 2. Pertubações da Ansiedade 10
(Características , histórico,
definições, epistemiologia).
2.1Fobia Específica
14
2.2 Fobia Social
3 3. Perturbaçöes Depressivas
3.1Características , histórico,
definições, epistemiologia 10
Perturbações Bipolares 10
4 5.Equizofrenia e outras 10 10
Perturbaçöes psicóticas e suas
características
5.1.Esquizofrenia
5 10 10
6.PerturbaçãoDissociativa
7.2. Cleptomania
7.3. Piromania
7.5. Tricotilomania
Total 125
Conferências;
Seminários ;
Estudos em grupo;
Trabalho de campo;
Estudo e acompanhamento de casos.
135
ESTRATEGIAS DE AVALIÇÃO
Seminários;
Testes;
Estudos de casos;
Exames finais.
BIBLIOGRAFIAS
AJURIA GUERRA. Manual de Psiquiatria, 2ª edição. Revista ampliada, Masson
Edituer, Paris, 1985.
GAMEIRO, Aires. Manual de Saúde mental e Psicopatologia. 4ª Edição, Edições
salesianas, Porto, 1989
VALLEJO, Ruiloba. Introdução `a la Psicopatologia y la Psiquiatria; 4ª edição,
edision Maseon, 1998.
ZEIKARNIK, Bluma Wolfona. Patopsicologia, Progresso. Edição Universidad
Estatal de Moscovo, 1976
______________________ Introdusion à la Patopsicologia, Habana; 1979
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RESUMO
ABSTRACT
The present work tackles issues related to the teacher deployment process in rural areas.
For that purpose, different cases of some differently-developed countries are shown, each
one with different strategies for promoting teacher deployment in rural areas, zones that are
traditionally affected by worse welfare conditions, which conditions the preferences of trained
teachers to work in those areas, and that has an effect in the quality of education in rural
schools. The causes for many teachers rejecting to be employed in rural schools are many,
such as the difficult sociocultural integration process at the work area or the limited
possibilities of professional development, among other reasons. Many countries have tried
out several initiatives for teacher deployment in rural areas, which has given some positive
results so far, although there is still a big gap between working conditions in rural and urban
areas, which means facing huge challenges for the coming times.
********
Licenciado em Filologia de Línguas Clássicas pela Universidade de Barcelona (Espanha).
Mestrando em Ensino de Português Língua Segunda na Universidade Eduardo Mondlane
(Maputo).Tradutor e docente de línguas no ISET/OWU da ADPP Moçambique.
rogerglez469@gmail.com.
139
INTRODUÇÃO
Segundo Monk (2007), as características naturais das zonas rurais dificultam ambos
os processos de recrutamento e retenção de professores nas zonas urbanas, são as
seguintes, apesar que não são características homogéneas e diferem de
comunidade para comunidade. Portanto, a retenção de jovens, em geral e
esecíficamente aqueles mais qualificados, nas zonas rurais, é um desafio
permanente.
Para além do âmbito educacional, a nível global o actual contexto caracterizado por
múltiplas mudanças sociais e tecnológicas provoca outras mudanças de ordem
demográfica, no que se refere à movimentação de pessoas, numa tendência muito
mais de zonas rurais para as urbanas devido à industrialização e às condições de
vida mais favoráveis nas zonas urbanas e periurbanas, especialmente no acesso a
bens básicos tais como habitação ou alimentação, para além de outras
comodidades. Por isso este trabalho focaliza o problema das enormes diferenças
das condições de vida para os professores de áreas rurais e urbanas da seguinte
140
entender as causas que fazem com que muitos professores recém formados
mostrem receio de trabalhar em zonas rurais;
colher sensibilidades culturais e identitárias que facilitem o enquadramento
de professores;
avaliar o impacto educacional das estratégias existentes para a selecção e
enquadramento de professores.
Neste trabalho faz-se uma revisão bibliográfica em duas vertentes. Em primeiro
lugar, sobre as condições dos meios rurais, que essencialmente são as causas da
fraca aderência de professores formados para serem transferidos às zonas rurais; e
em segundo lugar, acerca de estudos comparativos de várias realidades recentes
de países que implementaram certas propostas inovativas para poder adaptar as
necessidades particulares para o bem do sistema educativo, com o intuito de
equilibrar as diferenças existentes entre os meios urbano e rural.
CONTEXTUALIZAÇÃO
Portanto, não basta só investimento económico, algo que muitos governos já fazem,
mas também é necessária uma constante adaptação a realidade de cada contexto,
com estratégias efectivas para a distribuição de professores nas zonas onde são
mais necessários, isto é, nas zonas rurais. Tal como os mesmos autores afirmam, “o
problema de falta de professores nas escolas rurais não se resolve apenas
produzindo mais professores” (MULKEEN e CHEN, 2008: 11).
Por outro lado, os efeitos negativos de trabalhar nas zonas rurais são:
menos possiblidades de especialização para os professores;
menos oferta da escola na lecionação de cursos específicos (do ensino
scundário);
instabilidade da própria escola, no que se refere à escassa garantia de
sobrevivência de um ano para outro, e portanto pode deixar professores
desempregados se não há um mínimo de alunos. Algumas escolas
podem receber multas por isso, independentemente da sua qualidade de
ensino.
É claro que, com estas condições, a motivação intrínseca do professor para querer
trabalhar numa escola rural pode ter maior influência na hora de aceitar um
emprego desafiante, ainda mais do que razões extrínsecas (salário ou proximidade
de casa).
Segundo McEwan (1999: 854) cabe destacar dois tipos de factores que
caracterizam os meios rurais e que têm uma influência na contratação e gestão de
professores nas escolas: “factores alteráveis e factores inalteráveis”.
Ao mesmo tempo, como é apresentado por McEwan (1999: 852), o maior salário
através do bonus não é sempre um factor que garanta automáticamente a
preferência por trabalhar em zonas rurais. Em outras palavras, somente se o salário
que fica depois do bonus compensa realmente as condições pouco desejáveis do
emprego na zona rural, o professor irá aceitar, e seguramente por um período
determinado. As políticas de bonificação ou também chamadas de “urbanização”
das condições de trabalho para os professores em escolas rurais devem,
necessariamente, variar de país para país, adaptando-se aos tempos, meios e à
realidade cultural existente. Por exemplo, na América Latina nos casos concretos de
Honduras e Colômbia (MCEWAN, 1999: 857) há corrupção política que influencia a
alocação de professores em posições mais desejáveis, o que provocou que alguns
governos da mesma região como Chile, Brazil e Colômbia (id: 858) já estejam a
147
traçar políticas de controlo a partir da colheita e análise de dados das escolas que
formam os alunos de melhor qualidade.
Também na América Latina há países, como México e Colômbia (id: 853), que
incorporam uma compensação se houver algum problema social criado pela
bandidagem ou ataques com armas, fenómenos correntes em algumas
comunidades daqueles países, e que portanto devem ser observados nas políticas
de contratação de professores.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A solução ulterior, a longo prazo, passa inevitavelmente pela melhoria profunda das
condições de vida nas zonas rurais, apesar que estas são normalmente as áreas
mais pobres e com menos recursos para impulsionar uma melhor qualidade de vida
para os seus habitantes. Portanto, estamos perante um peixe que se morde a
cauda, porque os jovens professores, especialmente aqueles educados nas
condições urbanas mais favoráveis e de maior qualidade, dificilmente irão querer se
149
estabelecer por vontade própria nas zonas rurais, e se o fazem, será de maneira
temporária, por alguma bonificação salarial ou como punição.
Em relação ao primeiro objectivo específico, que era entender as causas que fazem
com que muitos professores recém formados mostrem receio de trabalhar em zonas
rurais, as razões ficaram bem claras devido às condições de vida mais limitadas nas
zonas rurais, assim como a barreira linguístico-cultural que encontram no local, e
concretamente no caso das mulheres jovens, o isolamento da família, porque
compromete os seus planos de futuro como esposas e mães.
Moçambique não têm outra possibilidade que dar prioridade aos professores
doentes crónicos de HIV/SIDA para ocuparem as vagas das zonas urbanas, onde
terão maior facilidade de acesso ao tratamento. Portanto, as estratégias existentes
de selecção e enquadramento de professores nas zonas rurais são uma ajuda mas
não resolvem o problema de raíz, o qual somente será possível com a melhoria
considerável das condições de habitabilidade e acesso das zonas rurais, permitindo
melhor comunicação com as sedes distritais e provinciais, que são as responsáveis
de fornecer opções de desenvolvimento profissional àqueles professores que
desejam aumentar o seu nível.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MCEWAN, Patrick J. Recruitment of rural teachers in developing countries: an
economic analysis. Teaching and Teacher Education 15, pp. 849-859. School of
Education, Stanford University, Stanford, CA 94305-3096, USA, 1999.
MONK, David H.. Recruiting and retaining high-quality teachers in rural areas. The
future of children. Vol. 17, nº1, pp. 155-174, 2007.
Amélia LEMOS††††††††
RESUMO
A questão da formação de professores em Moçambique começa com a necessidade de
formar professores a todos os níveis e em todas as disciplinas para fazer face ao abandono
de professores portugueses em massa, na altura da independência do país, em 1975. Para
responder a directriz “Fazer da escola uma base para o povo tomar o poder”, proferido na
altura pelo primeiro presidente de Moçambique, Samora Moisés Machel, era necessária
uma acção rápida e eficaz. Desde então, a formação de professores tornou-se uma
prioridade para responder às necessidades de todo o país, no concernente ao sistema de
educação básico e secundário, tendo em conta que, segundo as perspectivas do governo, a
escolaridade passou a ser obrigatória até ao fim do ensino primário. O ensino primário e
secundário ainda carecem de professores qualificados/formados para garantirem um ensino
de qualidade. No entanto, o dilema de muitos professores que estando formados não são
absorvidos pelo Ministério de Educação e Desenvolvimento Humano, sob o pretexto que o
governo não possui verba suficiente para pagar professores formados, leva-nos a
questionar por que razão o governo despende grandes orçamentos para a formação de
professores, quando depois não consegue colocá-los nas escolas, onde eles realmente são
necessários.
ABSTRACT
The issue of teacher training in Mozambique begins with the need to train teachers at all
levels and in all disciplines to cope with the abandonment of Portuguese teachers in mass at
the time of independence in 1975. In order to respond to the " Making the school a base for
the people to take power ", delivered at the time by the first president of Mozambique,
Samora Moisés Machel, needed quick and effective action. Since then, teacher training has
become a priority to respond to the needs of the whole country, regarding the system of
basic and secondary education, taking into account that according to the government's
perspective, schooling has become compulsory until the end of primary education. Primary
and secondary education still lack qualified / trained teachers to ensure quality education.
However, the dilemma of many teachers who are trained are not absorbed by the Ministry of
Education and Human Development, under the pretext that the government does not have
enough money to pay trained teachers, leads us to question why the government spends
large budgets for the training of teachers, when later fails to put them in schools, where they
really are needed.
Key words: Educational system, educational policies, training, quality of teaching
††††††††
Universidade Pedagógica, Moçambique.Phd, Faculdade de Ciências de Linguagem,
Comunicação e Artes. Email: amelia350@hotmail.com
152
INTRODUÇÃO
Como eleger uma educação escolar que não seja excludente? Neste texto,
pretendemos trazer à reflexão a questão da necessidade da formação de
professores visto que o ensino primário e secundário ainda carecem de professores
qualificados/formados para garantirem um ensino de qualidade. Um dos aspectos a
153
Numa primeira fase, daremos o panorama geral das principais instituições públicas
de formação de professores e quadros da educação, bem como dos principais
preceitos e orientações que guiam estas instituições em relação à sua missão,
guiadas pelos objectivos do gorverno. Numa segunda fase, abordaremos alguns
aspectos dos documentos orientadores do Governo que julgamos não estarem em
harmonia com a realidade e as condições económicas do país, no que tange à
formação de professores e ao modo de funcionamento de todos os actores do
processo. Num terceiro e último momento, servir-nos-emos dos elementos
apresentados na primeira e segunda parte deste texto, para mostrar o paradoxo que
existe entre às políticas educativas, à formação de quadros para a educação e a
real situação das escolas.
O termo formação que aparece por volta de 1938, mais ligado à formação
profissional, começa a ser associado à dimensão pedagógica por volta de 1970. É
uma acção global que inside sobre o saber, o saber-fazer e o saber-ser, tendo
portanto uma relação com a prática e a vida. Para esta autora, formar seria
transmitir conhecimentos, modelar a personalidade, integrar o saber à prática e a
vida. Para Donaciano (2006: 40) “ […] Formação é partilhar experiências com outras
pessoas num dinamismo de relações e aprendizagens.
‡‡‡‡‡‡‡‡
Tradução da nossa autoria (francês/português) “ Il est important de former des
enseignants en mesure de préparer l'étudiant, le futur employé ou le futur travailleur à faire
face aux défis de la société d'aujourd'hui, tels que la capacité à comprendre des
phénomènes sociaux complexes; le domaine des instruments et des connaissances en
155
No caso de Moçambique, a preocupação com a formação, seja em que nível for, vai
de encontro com a ideia veiculada pelas autoras acima. Sendo um país héterogéneo
em termos de contextos, de recursos e de oportunidades, é pertinente que o
Governo e o Ministério da Educação olhem para a formação dos professores com a
perspectiva de responder aos vários desafios que a nossa sociedade enfrenta, que
são cada vez mais complexos e exigem soluções à altura do mundo global.
constante évolution permettant d'agir en tant que citoyens et de traiter certaines injonctions
économiques (adaptabilité, mobilité, maîtrise des instruments technologiques, etc.)”.
§§§§§§§§
INDE/MINED, 2003
*********
INDE/MEC, 2007
156
34
Capítulo I, Artigo 3, alínea e),
157
35
Referência ao SNE, Capítulo IV, artigo 34, p. 12
158
Os dados acima apresentados mostram que a expansão da rede escolar por todo o
país não constitui em si um sinal de crescimento nem de acesso à oportunidade de ir a
escola. Ao contrário. Isto mostra que essa expansão é feita sem a devida
preparação/formação dos professores para fazer face a essas realidades e contextos e
muito menos sem se planificar as necessidades de professores para responder a esta
expansão.
160
Importa lembrar (PEE, 2013:1) que um dos maiores desafios em relação ao ensino
primário é a questão da leitura e escrita, que constitui uma grande dificuldade para a
maioria dos alunos, principalmente os das zonas rurais e periurbanas. Moçambique
sendo um país multilingue e pluricultural, possui no seu vasto mosaico linguístico, para
além das cerca de vinte e seis línguas de origem bantu, das quais dezasseis 36 são
consideradas as mais importantes, a língua portuguesa, que é nacional e oficial - “A
língua de ensino é o Português em todo o sistema educativo não obstante o facto de a
grande maioria das crianças não o falarem à altura de entrada na escola” (PCEB, p. 17)
- línguas de origem asiática, o Urdu e o Gujarati e as línguas estrangeiras, o francês e
o inglês, ensinadas na escola.
36
Emakhuwa, Elomwe, Cinyanja, Cindau, Shimakonde, Chitwe, Cisena, Echuwabo, Cinyngue,
Bitonga, Cichopi, Xitshwa, Kimwani, Xirhonga, Camanika, Ciyao
161
Não basta portanto que o professor seja falante de uma referida língua, é necessário
que ele adquira as metodologias necessárias para ensinar Matemática, ciências, a
língua portuguesa e outras matérias. Caso contrário, arrisca-se a fazer tábua rasa em
relação a maneira como deve transmitir um certo conceito. Um exemplo disso é a
questão do ensino da Matemática. Em muitas das línguas bantu, a maneira de contar e
somar não é a mesma que em português: em português 10 + 2 é igual a 12; na língua
Xirhonga37 o número 12 não existe. O aluno que aprende a contar na sua língua
materna dirá que 12 + 2 é igual a 12 + 2. O mesmo acontece com a língua.
37
Falada na província de Maputo, Sul de Moçambique.
38
“No programa bilingue, as primeiras classes são leccionadas na língua moçambicana das
crianças. A língua portuguesa é introduzida, desde a 1ª classe, como disciplina e não como
meio de ensino. Entretanto, a partir do 2º ciclo regista-se um fenómeno inverso. A língua de
ensino passa progressivamente a ser o Português e a língua moçambicana uma disciplina”,
(PCEB, 2003:31).
162
Para concluir esta segunda parte, diriamos que o Plano Quinquenal do Governo para
2010-2014 (ainda em vigor) define como acção prioritária no Apoio Administrativo
Institucional, ponto 8 “Recrutar anualmente entre 12 a 15 mil novos docentes e outros
funcionários para todos os níveis do sistema;” e como objectivos fundamentais do
Governo para a educação os seguintes (citaremos alguns), (PNE, 1995: 7-8)
Veremos a seguir, na nossa terceira e última fase, em que pontos são que as políticas
se harmonizam com as realidades do ensino e da formação de professores.
Nesta última parte da nossa reflexão, apresentaremos três aspectos que julgamos
serem pertinentes e que não encontram harmonia entre o que é orientado ao nível das
políticas e programas curriculares e a prática ou realidade do sector da educação.
Oprimeiro aspecto está relacionado aos orçamentos versus cumprimento dos
programas. Há cerca de dez anos o ingresso de professores formados nas
universidades, no ensino secundário e médio começou a ser condicionado ao
163
39
Na altura Ministério da Educação e Cultura.
40
Plano Estratégico da Educação e Cultura 2006-2010/11
164
41
Ghana, Mali, Lalawi, Senegal, Uganda, Zâmbia, Etiópia, Guiné e Tanzânia
42
Ajuda da comunidade internacional
43
Estas “Dívidas ocultas”, foram contraídas por três empresas ligadas à segurança marítima e
avalizadas pelo Governo, entre 2013 e 2014, à revelia da Assembleia da República e das instituições
financeiras internacionais. Segundo o LUSA e PÚBLICO “O escândalo das dívidas ocultas rebentou em
Abril de 2016 - a dívida de 850 milhões de dólares da Ematum era conhecida, mas não os 622 milhões
da Proindicus e os 535 da MAM - e atirou Moçambique para uma crise sem precedentes nas últimas
décadas.” (https://www.publico.pt/2017/06/24/economia/noticia/auditoria-as-dividas-ocultas-de-
mocambique-nao-esclarece-para-onde-foi-o-dinheiro-1776811)
165
Esta situação torna os programas dos vários actores do sector da educação inviáveis.
As condições ideais para a execução das actividades e a disponibilidade de recursos
nunca são satisfatórias e isso reflete-se no desempenho dos alunos, no caso das
escolas, e no desempenho dos formandos, no caso das instituições de formação.
Fazendo uma analogia, é uma situação que funciona como se de um saco já
deteriorado se tratasse. Quando se cose de um lado, o outro lado rompe. Quando a
linha de costura acaba, por vezes é necessário recorrer a uma alternativa, um fio do
próprio saco ou descoser o lado recentemente remendado para concertar o outro e
assim sucessivamente. Está claro que o produto final não será de boa qualidade.O
segundo aspecto diz respeito à formação de professores, principalmente os do Ensino
Secundário Geral, formados pelo Ensino Superior. Apesar das acções serem
programadas pelas instituições de formação e pelo Ministério da Educação, no sentido
de haver uma coordenação e alinhamento dos programas e orientações, conforme
ilustra o PNE:
A prática mostra-nos que cada instituição age de maneira autónoma e sem nenhuma
coordenação. Podemos verificar que as acções acima referidas, não só constituem um
indício da vontade do Governo em conciliar os programas com as instituições de
166
formação para uma melhor acção na formação, como também constitui uma directriz
do governo para as instituições cuja formação é custeada pelo orçamento do Estado.
Deste modo, a articulação é necessária para que não haja uma dispersão das acções.
Um exemplo do que acabamos de afirmar tem a ver com o número de professores a
serem formados e colocados à disposição do Ministério da Educação.
Não tinham emprego 1748, dos quais 550 conseguiram empregar-se depois da
formação, 395 no sector da educação e 317 como professores e 1036 não
conseguiram emprego. Segundo os proponentes destes estudos, “ considerou-se a
empregabilidade como sendo apenas o facto de alguém estar formalmente empregado
como trabalhador de outrem, ou seja estar vinculado à uma dada instituição, seja ela
pública ou privada e da qual aufere um certo rendimento.”, (GPE/UP, 2011: 2). Um dos
objectivos dos três estudos foi “Obter informação estatística sobre graduados que
conseguem emprego depois da formação na área de educação, como ou não professor
e noutros sectores de actividade;” É importante referir que os dados divulgados nestes
relatórios, não nos permitem avaliar com precisão a questão da absorção dos
professores na função pública porque a maioria dos graduados que responderam aos
inquéritos eram já professores em exercício. Referindo-nos apenas aos que não
167
trabalhavam antes da formação e fazendo uma estimativa global, podemos afirmar que
cerca de 47% de graduados não conseguiu emprego, pelo menos não na educação.O
programa do Governo preconiza o seguinte:
É possível verificar que o Governo, através do seu programa, define uma série de
orientações para o Ministério da Educação, que sendo ambiciosas em relação à
disponibilidade financeira do país, acaba sendo também uma utopia aos olhos da
sociedade em geral e das instituições de ensino e de formação em particular. Estes
objectivos já veem a ser enunciados desde 1995. Volvidos mais de vinte anos, eles
ainda estão por ser concretizados, pois a realidade nos mostra que muitas escolas
primárias e secundárias (cerca de 70%), ao nível nacional, ainda carecem de recursos
básicos, incluindo as escolas das grandes capitais provinciais. Referimo-nos à falta de
carteiras/cadeiras44, mesa do professor, material didáctico, isto em relação às escolas
que funcionam em edifícios com salas de aulas convencionais, mesmo que em
44
Jornal Notícias On-line
www.jornalnoticias.co.mz/.../38561-falta-de-carteiras-escolares-estrategia-passa-pela-r..22/06/2015 - \
www.jornalnoticias.co.mz/.../73726-pr-quer-durabilidade-das-carteiras-escolares.html, 26/11/2017
168
O Jornal Notícias On-line tem vindo a anunciar com destaque esta questão das
carteiras, pois o Governo decidiu levar a cabo, desde 2015, uma campanha de
mobilização de colocação de carteiras em todas as escolas “O PAÍS possui mais de
100 mil carteiras escolares danificadas e armazenadas em numerosos
estabelecimentos de ensino, o que coloca milhares de crianças a continuarem a
estudar sentadas no chão, situação cujo impacto negativo se reflecte na qualidade do
ensino”. Até 2017 foram cumpridos 27% da meta planificada. A todo este cenário
acrescenta-se ainda uma situação mais crítica que é a dos professores sem formação,
que não estando a altura de transformar o contexto em que se encontram numa
actividade mais lúdica, mais pedagógica46 e proveitosa.
Um terceiro e último aspecto que nos interessa abordar, é a questão dos currículos
propostos pelo PCEB e o PCESG que sendo extremamente complexos em termos de
estratégias, colocam os professores sem formação em dificuldade por não saberem
lidar com muitos dos aspectos ali propostos. Por exemplo, tomando o caso do ensino
primário:
45
Muitas escolas na periferia das cidades encontram-se em estado de degradação por falta de
manutenção e cuidados.
46
Por exemplo, utilizar o ambiente externo para uma actividade mais activa a partir do que os alunos
observam a sua volta.
47
Alguns extratos
169
Como exigir que professores que possuem uma formação básica e que carecem ainda
de aprofundar os seus conhecimentos científicos e técnicos estejam a altura de
corresponder a esta expectativa? O acompanhamento que deveria ser feito a estes
professores, uma vez em exercício, tem de ser feito por professores com um nível de
formação mais elevado. Com a carência cada vez mais crescente de professores e a
diminuição da admissão de professores, tanto para o ensino público, como para as
instituições de formação, este acompanhamento em forma de capacitação não será
com certeza assegurado na maioria das escolas moçambicanas. Estamos ainda
perante uma outra utopia.
170
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir do que foi acima exposto, podemos dizer que Moçambique tem razões mais do
que suficientes para levar a cabo o desafio de formar professores que serão capazes
de enfrentar as várias adversidades que enfretam na sala de aulas, a saber: falta de
meios didácticos, turmas numerosas, falta de luz eléctrica, salas desprovidas de
carteiras ou falta de salas de aulas, heterogeneidade de línguas e culturas, ensino
bilingue, etc.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
GAGNON, Roxane; BALSLEV, Kristine (Ed.). La formation des enseignants d’un point
de vue didactique : bilan de deux décennies d’articles de Repères. Repères:
Recherche en didactique de langue maternelle, Geneve, p.149-174, 2012. Disponível
em: <https://journals.openedition.org/reperes/100>. Acesso em: 30 jul. 2018.
GPE/UP, 2011, Relatório final do primeiro estudo sobre Empregabilidade dos
Graduados da UP (2010/11), Universidade Pedagógica.
GPE/UP,Relatório final do segundo estudo sobre Empregabilidade dos Graduados da
UP em 2013, 2014, Universidade Pedagógica.
GPE/UP, Relatório final do estudo sobre Empregabilidade dos Graduados da UP, 3ª
Edição 2015, Universidade Pedagógica.
LEMOS, Amélia (Ed.). Enseignement bilingue au Mozambique: Entre Contraintes et
Avantages. Les Approches Bi-plurilingues D’enseignement-apprentissage:
Collection « Pluralité des Langues et des Identités et Didactique, Paris, p.331-340, mar.
2016. Disponível em: <https://www.abebooks.com/9782813001955/Approches-Bi-
Plurilingues-Enseignement-Apprentissage-Collectif-2813001953/plp>. Acesso em: 29
jul. 2018
172
RESUMO
O primeiro currículo de formação de professores que objectivamente inclui conteúdos relativos
a educação inclusiva nas instituições de formação é o modelo 10ª +1 ano que começa ser
implementado em 2008. Volvidos oito (08) anos de materialização, avanços são identificados a
nível da percepção que os professores têm sobre a filosofia de inclusão, mas desafios
fundamentais ainda persistem: professores percebem o que é inclusão todavia realizam
integração; a comunidade de prática (Wenger:1998) contínua muito fraca; o monopólio de
conhecimentos específicos sobre as práticas educativas inclusivas em função da especificidade
da necessidade especial que o aluno apresenta não constituiu realidade. O estudo é de
natureza quantitativa, onde intencionalmente aplicamos inquérito por questionário a dez (10)
professores de duas Instituições de Formação (Manga e Cheringoma – ambas na província de
Sofala). Percebemos que os professores vivem fronteiras de conhecimento, pouco socializam
suas práticas e realizam actividades solitárias. Deste modo os consciencializamos para viverem
em comunidade de prática e realizarem as actividades de modo interactivo, participativo e
colaborativo.
Palavras-Chave: inclusão de conteúdos relativos as necessidades educativas especiais;
modelo de formação de professores do ensino básico; educação inclusiva.
ABSTRAT
The approach to inclusive education has gained tremendous prominence in the present century.
It has been strongly promoted by the various conventions, deliberations and proposals from
national and international conferences held by different international organizations (UN, OECD,
UNESCO).The first teacher training curriculum that objectively includes contents related to
inclusive education in training institutions is the 10th + 1 year model that begins to be
implemented in 2008. After eight (08) years of materialization, advances are identified in the
perception that teachers have about the philosophy of inclusion, but fundamental challenges still
persist: teachers perceive what is inclusive yet carry out integration; the community of practice
(Wenger: 1998) continues very weak; the monopoly of specific knowledge about inclusive
educational practices in function of the specificity of the special need that the student presents
was not a reality. The study is of a quantitative nature, where we intentionally apply a
questionnaire survey to ten (10) teachers from two Training Institutions (Manga and
Cheringoma - both in Sofala province). We realize that teachers live borders of knowledge, do
not socialize their practices and carry out solitary activities. In this way we raise awareness of
them to live in a community of practice and to carry out the activities in an interactive,
participative and collaborative way.
48
Mestre em Educação: Formação de Professores, docente na Universidade Pedagógica da Beira
174
INTRODUÇÃO
49
Estudo de caso educacionais, centraliza-se na compreensão da ação educativa e não no seu juízo
avaliativo (Stenhouse, 1994, pp. 49-50, citado por Amado, 2014, p.133)
50
Estudo de casos interpretativos, visam desenvolver categorias conceptuais ou ilustrar, suportar ou
desafiar hipóteses ou teorias estabelecidas antes da colheita de dados (Merriam, 2002, p.38, citada por
Amado, 2014, p.131).
176
Para a colecta de dados foi utilizado o inquérito por questionário, construído a partir da
escala de tipo Likert, centralizado especificamente na medição do constructo
percepções individuais dos formadores sobre da pertinência da inclusão dos conteúdos
sobre as necessidades educativas especiais no currículo de formação. O inquérito por
questionário foi parametrizado do intervalo variante de total discordância a absoluta
concordância (discordo totalmente, discordo, concordo e concordo totalmente), e as
questões incidiram sobre as categorias pertinência dos conteúdos, profundidade de sua
abordagem e práticas de auto e interformação. Para a interpretação dos dados,
recorremos ao programa IBM SPSS Statistics 22.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As tabelas que se seguem, apresentam a interpretação dos dados das respostas dos
formadores as questões colocadas no inquérito por questionário
51
Criação de vínculo com o aluno cujas características, necessidades e particularidades não eram parte integrante
da imagem mental do tipo de aluno idealizado, a encontrar e a leccionar (Franco, citado por Rodrigues, 2012:167)
180
Por seu turno, três (3), percentualmente correspondendo a 30% apenas discordam,
pois reconhecem que estão construindo as competências educativas em seus
formandos sobre as necessidades educativas especiais, mais no âmbito teórico, visto
que actividades práticas de conciliação dos conteúdos não dominam (e.g são sabem
ler o braille, não compreendem a comunicação gestual) e por isso voltam-se para a
vertente marcadamente teórica.
Por seu tuno, dois (2) percentualmente representando 20%, discordaram, primando por
considerar que pelo facto de os mesmos acarretarem dificuldades pessoais de domínio
da abordagem sobre as especificidades das necessidades educativas especiais, não
notam interesse entre colegas de socialização e troca de experiências sobre suas
práticas, e ademais percepcionam que por estes conteúdos serem unicamente
abordados na disciplina de psicopedagogia, os formadores da área de metodologias de
ensino e de especialidade pouco se importam em cooperar com eles.
182
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ESTEVE, J.M.; Mudanças sociais e função docente. In António Nóvoa (org.), Profissão
Professor. (2ª ed.). Porto: Porto Editora; (1995).
RESUMO
Na perspectiva de abordar os desafios colocados a política de formação de professores em
Moçambique, desenvolve-se o presente artigo com abordagem descritiva em torno da revisão
bibliográfica e documental, de onde apresenta-se de forma histórica os momentos da educação
e as características da formação de professores, descrevendo-se também o estado da arte da
mesma antes de se explicar os grande desafios que passam necessariamente por garantir a
reforma das instituições de formação de professores em matéria de desenvolvimento
profissional contínuo, melhorar o estatuto dos professores primários e dos formadores de
professores, estão planificadas um certo número de intervenções e pragmatizar o Processo do
Ensino - Aprendizagem na Formação de Professores.
Palavra-chaves: Política, formação e professor.
ABSTRACT
With a view to addressing the challenges posed to teacher training policy in Mozambique, the
present article is developed with a descriptive approach around bibliographic and documentary
revision, which presents in a historical way the moments of education and the characteristics of
the formation teachers and the state of the art before explaining the major challenges that need
to be addressed in reforming teacher training institutions in terms of continuing professional
development, improving the status of primary teachers and teacher trainers. teachers, are
planning a number of interventions and pragmatize the Teaching - Learning Process in Teacher
Training.
Key words: Policy, training and teacher.
_____________________
1
Mestrando em Avaliação Educação e Licenciado em Ciências da Educação pela Faculdade de Ciências
da Educação e Psicologia da Universidade Pedagógica. Docente: na FACEP-UPM. Maputo –
2019.Email: Consult.sefane17@gmail.com
185
INTRODUÇÃO
Por esta ordem, esforços tem sido desenvolvidos pelo Governo para garantir a
efectivação desta grande prioriodade, que se traduz necessariamente no aumento de
acesso, equidade e melhoria dos resultados das aprendizagens dos alunos do Ensino
Primário como o nível de ensino considerado mais importante pós atribui ao aluno
condições básicas e mais importantes para enfrentar os níves seguintes e com isso,
tenta se garantir que todas as crianças com idade escolar, usufruam do direito a
educação, e esta seja o veículo dinamizador da vida dos alunos inseridos em suas
comunidade, inpulsionando desta forma o desenvolvimento socioeconómico do país.
Para tal, uma das estratégias que se tem levantado e discutida nos últimos tempos
para se garantir o alcance dos objectivos educacionais, esta relacionada com a
formação de professores, uma vez que não basta construir, escolas, apretrecha-lás de
mobiliários, garantir os matériais e recursos didácticos sem que no entanto existam
professores formados. Estes que nos últimos tempos têm sido identificados como a
grande lacuna do processo educativo moçambicano que inviabilizam o alcance dos
objectivos da política de educação, seja por défice de formação, falta de condições de
trabalho, falta de motivação ou seja, por razões pedagógicas, políticas ou ainda pela
dinámica social.
Com isso, nas páginas que se seguem pretende-se reflectir de forma geral sobre os
desafios da política de formação dos professores em Mocambique, partindo de ideias
específicas tais como identificar as características da formação de professores como
estratégia política, descrever o estado da arte da formação de professores e, explicar
os grandes desafios colocados à formação de professores, sempre forcalizando o
Ensino Primário.
186
Através deste artigo, buscou-se trazer mais subsídios para a discussão sobre a
formação de professores, num momento educacional marcado por várias reclamações
da sociedade em relação ao perfil apresentado pelos graduados dos níveis de ensino
que não apresentam as competências mínimas desejadas, com base no estudo
realizado apresenta-se alguns espaços por onde pode se iniciar o processo da
formação de professores, se os tivermos como os revolucionários da educação e de
que forma a política educativa a descreve como estratégia de operacionalização dos
objectivos educacionais em aprendizagens nos alunos.
Com isso, visava-se construir uma sociedade livre, justa e solidária para garantir o
desenvolvimento nacional de quadros para lutar contra a descriminação, pobreza e a
marginalização, de modo a reduzir as desigualdades sociais e regionais criadas pelas
187
Para fazer face a estes problemas levantados, o MINEDH tera introduzido reformas no
currículo do Ensino Primário de modo a alinhar as estratégias de formação do
professor com as transformações sociais, políticas, económicas e tecnológicas em
curso no país e no mundo, tais inovações abarcaram os Ciclos de Aprendizagem, o
Ensino Básico Integrado, o Currículo Local, a Distribuição de Professores, a
Progressão por Ciclos de Aprendizagem, as Línguas Moçambicanas e Inglesa; os
Ofícios e a Educação Moral e Cívica, facto que não é observado, volvido 15 anos.
garantir a sua monitoria e que devem ser avaliadas pelos órgãos de tutela. Defende-se
este argumento na medida em que é de acordo com o MINEDH (2017) em
Moçambique, o Sistema Nacional da Educação é assegurado por docentes formados
na base de uma diversidade de modelos e por um conjunto significativo de professores
sem formação psicopedagógica, situação que ainda prevalece apesar de se ter
introduzido medidas para se colmatar.
O outro cenário que é evidênciado cingi-se no facto de ainda estar em vigor dois
modelos para formação de professores apesar da tendência de mudança,
nomeadamente o de 10ª +1 e o de 10ª +3 anos, no que pode-se compreender que
estes modelos necessitam de medidas complementares tais como a concepção de
materiais de formação para Ensino à Distância, para o primeiro caso, e a melhoria de
módulos usados e as condições organizativas das práticas ou estágio pedagógico, na
implementação do modelo de 10ª+3.
O outro cenário que se pode a que mencionar, esta relacionado com a pouca clareza
sobre os conteúdos abordados durante as sessões de capacitação de professores, o
que não permite atribuir dimensão pedagógica nem profissional às acções realizadas e
dificulta o desenvolvimento de pacotes de formação que influenciem o desenvolvimento
profissional dos beneficiários, existindo também fraca relação entre a formação em
exercício e a carreira docente, o que impede o desenvolvimento profissional dos
professores, nos remetendo a grandes desafios na actualidade.
193
Com isso, nos é evidênte que as mudanças curriculares com o tempo tenham sido
pouco duradouras e sem condições de maturação e, na sua implementação, pautaram
pelas ausências: de um acompanhamento efectivo em termos de monitoria e apoio
metodológico, de uma estrutura coerente de formação inicial e reciclagem dos
professores e de material didáctico, instalações e equipamento adequados para o
processo de ensino-aprendizagem dos alunos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sendo por isso, que desde o periódo da colonização, perpassando a luta de libertação
nacional, até o periódo pós independência destacando a lei 4/83, 6/92 e a actual, a
formação de professores têm sido encarada pelo Governo como sendo uma das
prióridades, seja em torno da formação incial ou contínua, o que influencia para que os
demais actores contribuam ao longo da história para a implementação da política
educativa, fazendo assim crescer a educação e desenvolvendo a sociedade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DOCUMENTOS
INDE. Relatório da Monitoria 2009 “Leitura e Escrita Iniciais”. Maputo, INDE, 2010.
Manuel Guro53
RESUMO
O presente artigo tem como objectivo analisar as tensões curriculares entre o EB e a formação
de professores para o Ensino Primário em Moçambique no período pós-colonial (1975-2016).
Adoptou-se como metodologia a pesquisa bibliográfica, a análise documental e a experiência
informada dos autores. O estudo constata que desde a introdução do novo currículo do EB, as
instituições de formação de professores vêm actuando à margem das inovações curriculares do
EB, ou seja, formam-se professores que não estão devidamente preparados para lidar com a
sua futura função. Conclui-se que existem tensões entre o currículo do EB e o da formação de
professores para esse nível de ensino. Sugere-se que as mudanças curriculares do EB sejam
antecedidas pela adequada reforma curricular de formação de professores.
Palavras-chave: Reforma Curricular, Ensino Básico, Formação de Professores e Inovações
Curriculares.
ABSTRACT
This article aim is to analyse the curricular tensions between the EB and the formation of
primary teachers in Mozambique in the period understood between 1975 and 2016. There was
adopted as methodology the bibliographical inquiry, the documentary analysis and an informed
experience of the authors. The study notes that from the introduction of the new curriculum of
the EB, the institutions of teachers' formation are acting alongside the curricular innovations of
the EB, in other words, there are formed teachers who are not prepared properly to deal with his
future function. It is ended that there are tensions between the curriculum of the EB and it of the
teachers' formation for this level of teaching. It is suggested that the curriculum changes of the
EB are preceded by the appropriate curriculum reform of teachers' formation.
52
Uma primeira versão deste texto foi apresentada nas Jornadas de Educação do Instituto Nacional de
Educação (INDE), Maputo, Moçambique, 2016.
53
Doutor em Desenho e Desenvolvimento Curricular e Instrucional pela Universidade de Pretória, África
do Sul. Professor Auxiliar, Universidade Eduardo Mondlane.
54
Doutor em Estudos de Políticas Educacionais pela Universidade de Wits - África do Sul, Professor
Associado, Universidade Pedagógica de Maputo.
55
Doutora em Educação/Currículo pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Brasil. Professora
Associada, Universidade Pedagógica de Maputo.
199
INTRODUÇÃO
REFORMA CURRICULAR
No estudo realizado por Rosenmund (2006) sobre os discursos correntes que justificam
a razão das reformas curriculares em vários países do mundo, o autor apresenta uma
análise comparativa das razões das reformas curriculares, que constam dos
documentos oficiais nacionais e agrupa-as em três razões, nomeadamente: discursos
de carácter institucional, discursos políticos a nível nacional e discursos políticos a nível
internacional (mundo global).
201
Por último, ao nível do discurso político de carácter global 57 temos como razões as
seguintes: os países preocupam-se mais com o mundo global, isto é, além-fronteiras; o
currículo deve formar cidadãos olhando para o mundo global (globalização);
internacionalizar a educação para preparar o país para fazer frente ao mundo global
competitivo (século XXI), garantir a integração na Europa e na economia global.
Fora dos três grupos acima referenciados, importa destacar a justificativa da Síria, que
evoca as rápidas transformações/mudanças tecnológicas, particularmente no campo da
informática, comunicações, engenharia genética e ciência espacial (op. cit.).
De acordo com o exposto acima, olhando para o caso moçambicano, as razões que
leva (ra) m às reformas curriculares não se situam num único grupo, mas sim nos três
grupos, incluindo as mudanças de ordem tecnológica, com particular destaque para a
informática. Por exemplo, Moçambique tinha necessidade de romper com o sistema
colonial, ao nível de estrutura política, económica e educacional. Como corolário, surge
a Lei do Sistema Nacional de Educação (SNE), Lei 4/83, que mais tarde é revogada
pela Lei 6/92, com vista a adequar a nova situação social, económica e cultural no
contexto neoliberal e, ao nível político, para acomodar o multipartidarismo, já
56
Zimbabwe (África), Emirados Árabes Unidos (Ásia) e República Checa (Europa) são países citados
como exemplo.
57
Por exemplo Egipto (África), Bulgária (Europa), Indonésia (Asia) e Eslovénia (Europa).
202
No período neoliberal,
Como afirmam Duarte e Bastos (2014) as rápidas mudanças que têm estado a ocorrer
em Moçambique não permitem a estabilidade necessária no tocante ao
58
CFFPs - Centros de Formação de Professores Primários.
59
Este modelo entrou em vigor em 2007.
204
Apesar de tanto o PCEB como o PCFPEP terem estado sob alçada do INDE,
instituição responsável pela elaboração dos planos curriculares tanto para o Ensino
Primário como para o Secundário, esperava-se que estes dois documentos estivessem
articulados.
Na prática, constatou-se que, "o currículo de formação inicial nos IFP (sobretudo
públicos) não assegura tempo suficiente de prática pedagógica nas escolas e os
formandos podem ser graduados com pouca ou nenhuma experiência lectiva em
algum, ou alguns, dos 3 ciclos do EP" (Rosa, 2010, p. 34).
Portanto, o currículo do EB exige algo que é muito distinto daquilo que é a formação de
professores. Mais adiante, no mesmo relatório consta que,
professores para o EB, sem uma formação adequada para lidar com o processo de
ensino e aprendizagem baseado em competências.
A avaliação formativa está muito ligada aos ciclos de aprendizagem, que é uma
inovação do currículo do EB. Houve capacitações? Quem capacitou os professores? A
formação foi em cascata? Acontece que o currículo de formação de professores, por
um lado, anda a reboque do currículo do EB, e, por outro, os modelos de formação de
professores para o Ensino Primário não são estáveis.
Com a entrada em vigor do modelo de 10ª+3 na sua fase experimental, como é óbvio,
não se deve ficar com a ideia que terminou o modelo de 10ª+1. Pelo contrário, um
número significativo de IFPs continua (ou) a graduar um número elevado de futuros
professores cuja formação ocorreu no modelo de 10ª+1 para poderem implementar o
currículo do EB. Sabe-se, de antemão, pelos resultados de avaliação e pelo Plano
Estratégico de Educação sobre o desajuste entre o currículo do EB e o currículo de
formação de professores, que provoca várias tensões: entre os formadores e os
formados; entre as inovações e as estratégias adoptadas pelos professores; entre os
futuros professores na fase de práticas pedagógicas e os professores responsáveis das
turmas nas escolas primárias.
210
O número de graduados pelo modelo de 10ª+3 parece ser incipiente. Ou seja, uma
gota no oceano, comparado com o número de graduados pelo modelo de 10ª+1. Este
último, ainda continua a ser predominante nas IFPs.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DOCUMENTOS
RESUMO
Este artigo apresenta algumas considerações teórico-metodológicas sobre a avaliação em
tempos neoliberais. Busca-se demonstrar as influências do neoliberalismo na avaliação
educacional, com maior enfoque na educação moçambicana. Para tanto, resgatamos
historicamente o processo que levou o neoliberalismo a ser uma corrente de pensamento
hegemónica no mundo ocidental a partir da década de 1980 nos países de capitalismo
avançado e, a partir da década de 1990, nos países em desenvolvimento – caso de
Moçambique. Em termos metodológicos, para a realização deste ensaio foi utilizada,
fundamentalmente a pesquisa bibliográfica que consistiu na leitura e análise de livros, artigos,
entre outros que debruçam-se sobre a temática em alusão. Discute-se a questão do
neoliberalismo por ser a ideologia política da nossa sociedade, que se utiliza muitas vezes de
diferentes estratégias para sua manutenção e hegemonia nas diversas instâncias sociais,
dentre elas a educação. Ao discutir os conceitos de neoliberalismo, educação e avaliação,
temos por finalidade evidenciar a avaliação enquanto estratégia que pode contribuir para a
reprodução das desigualdades sociais, uma vez que acaba por seleccionar os melhores alunos
e escolas, por meio das avaliações em larga escala.
Palavras-chave: Educação, Neoliberalismo, Avaliação Educacional.
ABSTRACT
This article presents some theoretical and methodological considerations about the evaluation in
neoliberal times. It is tried to demonstrate the influences of neoliberalism in the educational evaluation,
with greater focus in the Mozambican education. To that end, we have historically rescued the process
that led neoliberalism to be a hegemonic current of thought in the Western world since the 1980s in the
advanced capitalist countries and, since the 1990s, in developing countries - in the case of Mozambique.
In methodological terms, for the accomplishment of this essay was used, fundamentally the
bibliographical research that consisted in the reading and analysis of books, articles, among others that
deal with the thematic in allusion. The issue of neoliberalism is discussed because it is the political
ideology of our society, which is often used of different strategies for its maintenance and hegemony in
various social instances, among them education. In discussing the concepts of neoliberalism, education
and evaluation, we aim to highlight evaluation as a strategy that can contribute to the reproduction of
social inequalities, since it ends up selecting the best students and schools through large-scale
evaluations.
Key words: Education, Neoliberalism, Educational Evaluation.
60
Licenciado em Administração e Gestão da Educação pela Universidade Pedagógica (UP - Sede),
Mestrando do Programa de Mestrado em Avaliação Educacional da Universidade Pedagógica (UP –
Sede). Docente contratado da Faculdade de Ciências de Educação e Psicologia (FACEP), Universidade
Pedagógica (UP - Sede). daniduvani@gmail.com.
215
INTRODUÇÃO
A essência neoliberal é "um argumento teórico que restaura o mercado como instância
mediadora societal elementar e insuperável e uma proposição política que repõe o
Estado mínimo62 como única alternativa e forma para a democracia" (NETTO,
2001:77). O Estado mínimo, ao qual se refere, tem como pressupostos o desmonte dos
sistemas de segurança e previdência social e a tolerância a alguma acção estatal
diante do pauperismo exacerbado que pode prejudicar até o próprio sistema capitalista.
62
Refere-se a um Estado que procura intervir o mínimo possível na economia do país, na expactativa de
que tal procedimento maximize o progresso e prosperidade do pais. Defensores desse tipo de governo
podem ser chamados de minarquistas.
218
NEOLIBERALISMO E A EDUCAÇÃO
63
Os países da periferia do sistema capitalista mundial, mantém um economia agroexportadora, baseada
na mão-de-obra barata, no latifúndio e na concentração de renda. A maior parte dos problemas destes
povos se originou de intervenções externas como a colonização pelos países europeus ou as disputas
da guerra fria entre EUA e a URSS.
219
O segundo momento foi quando o país ficou independente em 1975, iniciando a sua I
República, após uma luta armada anticolonial desenvolvida pela FRELIMO. No país
independente, a FRELIMO, o novo poder, um partido de orientação marxista, procurou
naturalmente construir uma nova sociedade a partir desse quadro ideológico, o que
implicou a tentativa de desconstrução de toda a lógica do funcionamento da sociedade
colonial, passando desta forma a uma ideologia puramente socialista, visto que
Moçambique tinha um vínculo com os ex-paises socialistas.
Em Moçambique como na maior parte dos países periféricos, embora não haja Estado
do Bem-Estar Social, a retórica neoliberal é basicamente a mesma. Atribui à
participação do Estado em políticas sociais a fonte de todos os males da situação
económica e social, tais como a inflação, a corrupção, o desperdício, a ineficiência dos
serviços, os privilégios dos funcionários. Defende uma reforma administrativa, fala em
reengenharia do Estado para criar um "Estado mínimo", afirmando que sem essa
reforma o país corre o risco de não ingressar na "nova ordem mundial".
221
No discurso neoliberal a educação deixa de ser parte do campo social e político para
ingressar no mercado e funcionar a sua semelhança. Conforme Albert Hirschman,
EDUCAÇÃO E AVALIAÇÃO
Aqueles que são oriundos de famílias que possuem um elevado capital cultural
destacam-se nesse tipo de avaliação por se apropriarem desde cedo da alta cultura,
incorporando-a e desenvolvendo assim, seu conhecimento. Para esses, o contacto
com a escola passa a ser feito de maneira natural, como se fosse uma continuação das
aprendizagens na família. Já aqueles alunos oriundos de família de classes populares,
que não tem acesso ao capital cultural elevado, quando entram na escola se
reconhecem em um mundo novo, o qual reproduz conhecimentos que os educandos –
por não possuírem as capacidades de aquisição desta cultura – não conseguem se
apropriar, e por isso tem grandes chances de caírem no fracasso escolar.
Uma vez que nem todas as crianças têm as mesmas condições sociais de
aprendizagem, é muito difícil que a escola consiga realizar efectivamente a assimilação
dos conteúdos por parte de todos os alunos, pois cada um dos educandos vivem
realidades diferentes, o que uma criança consegue aprender, outras não conseguem,
ou demoram para fazê-lo. As avaliações em larga escala mostram nada mais do que
números que não expressam o real aprendizado do aluno, mas somente reproduzem a
223
O carácter da escola precisa ser repensado pelas políticas públicas educacionais, pois
um ensino privilegie uma classe social em detrimento da outra, ou seja, um ensino de
qualidade é direito de todos. O sistema neoliberal traz consigo o discurso da liberdade,
mas na realidade esse veio apenas para controlar-nos, fazendo-nos acreditar que a
única lógica de organização da sociedade é essa, mediante a ideia de que pode
nos oferecer serviços, como por exemplo, o conhecimento, quando na realidade
esses serviços são nada mais do que direito de cada cidadão, visto que esta
plasmado na Constituição da Republica de Moçambique no seu artigo 8 que a
educação é direito e dever para todos os cidadãos.
Ribeiro (2000), parafraseando Gentili (1996: 11), afirma que “os Governos neoliberais
não só transformam materialmente a realidade económica, política, jurídica e social,
também conseguem que esta transformação seja aceita como a única saída possível
[…]” (GENTILI, 1996, p. 11) Para o neoliberalismo, a comunidade passa a ser a
clientela, e a educação se torna apenas objecto de consumo, onde a população pode
encontrar e escolher a melhor escola a partir do ranking apresentado pelas avaliações
em larga escala.
EDUCAÇÃO E CIDADANIA
rememora a história, mitos e ritos e projecta sinais da sociedade futura que ela ajuda a
edificar, costurando actos e pactos no tecido social” .
Neste sentido Dagnino (1994) citado por (HUMBANE, 2015: 4), explica que discutir a
cidadania é reivindicar a ampliação e aprofundamento da noção de democracia, de
forma a incluir o conjunto das práticas sociais e culturais. A concepção de democracia,
portanto, deve transcender o nível institucional formal e se debruçar sobre o conjunto
das relações sociais. Como se vê, a nova cidadania é mais de cunho cultural, no
sentido de que enfatiza a subjectividade, as práticas sociais, a vida quotidiana dos
indivíduos, sendo por isso que a partir dela despontem novos sujeitos (mulheres,
desempregados, homossexuais, etc.) e novos temas (aborto, distribuição equitativa da
renda, escola de qualidade para todos, etc.), em última análise, novos direitos.
Humbane (2015: 4), vai longe afirmando que esta cidadania é aquela que ultrapassa o
binómio Estado-Individuo (o que não quer significar que não o inclui) e abarca a
sociedade como um todo. Ou seja uma cidadania que busca a solidariedade entre aos
indivíduos, pois não pauta pelas desigualdades sócias.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BONETI, L. W.. Educação, Exclusão e Cidadania. 6. ed. Editora Unijuí, 2015. v. 01.
208p.
HIRSCHMAN, Albert. National Power and the Structure of Foreign Trade. California:
University of California Press, 1980.
RESUMO
ABSTRACT
The purpose of this study is to understand the performance of the school in the neoliberal
context, permeating the relevance of the school in the construction of global-local identity; the
role of the state in education in the neoliberal context; the tensions and challenges posed to the
school in the neoliberal scope. In methodological terms, a bibliographic and documentary
research was chosen, as well as an informed experience of the author. the central argument of
this study is that the formation given by the school does not fit the new neoliberal dynamics.
This context requires that schools promote competitiveness among them by providing quality
educational services to their clients (parents, caregivers, students, stressing that they are those
who hold economic freedom. It is necessary to stress that education in the neoliberal
perspective is seen as an educational business and the student a mere consumer.
Keywords: Education, Neoliberalism, Identity and global-local.
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Licenciada em Administração e Gestão da Educação com Habilitação em Desenvolvimento
Comunitário pela Universidade Pedagógica, Mestranda em Avaliação Educacional pela Universidade
Pedagógica. Email: reginamaluleque@gmail.com.
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INTRODUÇÃO
A escola é uma instituição orientada para a preparação do aluno para “o mundo e suas
contradições, fornecendo-lhe instrumentos por meio da aquisição de conteúdos e da
socialização, para uma participação organizada e activa na democratização da
sociedade” (LIBÂNEO, 1986 citado por FERREIRA e AGUIAR (2004:132).
Assim afirmamos que, é imprescindível que a escola tenha todas componentes (entre
actores e equipamento) tais como: instrumentos pedagógicos, materiais didácticos,
equipa docente, alunos, políticas que reflectem a realidade e entre outras
particularidades que possam garantir o avanço eficaz e eficiente do processo de
ensino-aprendizagem.
O argumento central deste estudo é que a formação dada pela escola não se adequa
as novas dinâmicas neoliberais. Este contexto exige que as escolas promovam a
competitividade entre elas, fornecendo serviços educacionais de qualidade aos seus
clientes (pais, encarregados de educação, alunos, salientando que são aqueles que
detêm uma liberdade econômica). É preciso frisar que a educação na perspectiva
neoliberal é vista como um mercado/negócio educacional e o aluno, um mero
consumidor. Percebe-se que o Estado, neste contexto, se atribui um novo papel o de
230
Na perspectiva do Basílio (2017: 283), estas reformas são “orientadas para a melhoria
da qualidade de educação”, na medida em que possibilitam a formação sólida dos
alunos.Este autor acrescenta que deve-se contemplar também na reforma outros
231
No contexto neoliberal, escola é tomada como mercado livre, onde só adere aos
serviços educacionais de qualidade, os que tiverem uma liberdade económica.
Portanto, deve-se repensar nas políticas públicas educacionais, pois um ensino que
privilegie uma classe social em detrimento da outra, apenas gera mais desigualidades.
Com este raciocínio, percebe-se que o grande desafio nos dias actuais é formar
indivíduos com uma identidade nacional e internacional. E, este autor acrescenta que o
Estado para além de enfrentar o “desafio de construir e consolidar o seu regime político
de governação”, deve desenvolver políticas educativas sólidas reflectidas nas “práticas
de construção de curriculos mais adequados às necessidades locais sem ignorar as
exigências de um padrão de educação imposto pelo fenómeno da globalização”.
233
O neoliberalismo impera no mundo com maior expressão a partir dos anos 1990 e
desempenha uma influência directa sobre a educação, colocando-a, como diz
Pacievitch et. al. (2008) “em uma posição estratégica em seu projecto de hegemonia
para a regulação e o controle social”.
O Estado neoliberal é mínimo quando deve financiar a escola pública e máximo quando
define de forma centralizada o conhecimento oficial que deve circular pelos
estabelecimentos educacionais, quando estabelece mecanismos verticalizados e
antidemocráticos de avaliação do sistema e quando retira autonomia pedagógica às
instituições e aos actores coletivos da escola, entre eles, principalmente, aos
professores.Esta é a ideologia que tornou-se dominante nos últimos tempos. Com
efeito, o neoliberalismo expressa, a dupla dinâmica que segundo Gentili (1996)
caracteriza “todo processo de construção de hegemonia” sendo,
Assim entendemos que neoliberalismo é uma ideologia forte que funciona como “salva-
vidas” isto por que procurar responder a crise do Estado. Esta ideologia não vela pelos
interesses colectivos mas interesses individuais. Assim, podemos notar que no mundo
neoliberal, só adere aos serviços de qualidade quem tem poder de compra, caso
contrário, é excluído.
Este cenário pode ser encontrado em Moçambique, assim como, em muitos países da
África. No caso de Moçambique, após à independência, a grande preocupação do
Governo foi o de garantir à toda população o acesso ao sistema de ensino formal, em
particular a educação básica.O acesso à educação no periodo colonial era restrito aos
moçambicanos por que o sistema educativo era rácico e discriminatório, a título de
exemplo, existiam escolas para brancos e para indigenas.Portanto a massificação do
ensino surge “com uma manifestação de políticas que procuravam garantir o acesso e
a inclusão” (DUARTE, BASTOS e GURO (2018:48). Devido a isto, nos dias que
ocorrem a qualidade tem sido palavra de ordem na educação básica
moçambicana.Diante disto, Gentili (1996) afirma que,
Sustentando esta ideia, Gentili (1996) revela que, na perspectiva neoliberal, isso
resultaria “rápida, eficiente e eficaz dentro dos padrões de produtividade”. Em prol
disso, os empresários deverão ser convocados a fim de resolver a crise educacional.
Os neoliberais alegam que a crise assistida hoje, nas instituições escolares não deve
ser vista como a falta de professores, mas faltam professores mais qualificados para a
realização das metas traçadas e que não faltam recursos, mas falta uma melhor
distribuição dos recursos existentes. Sendo assim, Gentili (1996) afirma que
“transformar a escola supõe um enorme desafio gerencial” pois isto implica mudanças
radicais nas práticas pedagógicas e de papéis de todos intervenientes do sistema
educativo. Mas também, em parte os neoliberais não culpam a escola desse fracasso,
mais sim, “ao caráter estruturalmente ineficiente do Estado para gerenciar as políticas
públicas”.
236
claro que a questão da integração no mundo global não é só uma questão económica,
mas também educacional.Em prol disso, assiste-se a um processo de hibridação dos
individuos. Mas, o importante nesse processo é o indíviduo não perder de vista a sua
identidade, por conta disso, a escola apresenta um desafio preponderante na formação
do indivíduo requesitado no mercado de trabalho.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por último, perccebemos que, hoje se assiste uma crise educacional, não pela falta de
profissionais, mas de profissionais mais qualificados e compromentidos com as metas
estabelecidas, assim como, a ineficiência da gestão do próprio sistema educativo.
Acrescentando, os sistemas educacionais não enfrentam uma crise de democratização,
mas gerencial.Na tendência liberal notamos algumas palavras de ordem a
colectividade, a colaboração, competências localmente apropriados e acima de tudo
resultados apresentados em longo prazo, enquanto que na neoliberal, engloba
individualidade, competição, modernidade, resultados em curto prazo e competências
padronizadas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DUARTE, Stela Mitha. BASTOS, Juliano Neto. GURO, Manuel. Perspectiva Samoriana
de Desenvolvimento da Educação: Formação do Homem Novo e o Processo de
Massificação em Moçambique (1975-1992): in FRANISCO,Zulmira, et al.; Actas da
Conferência sobre Educação “ 30 anos com Samora, reflectindo sobre a Educação em
Moçambique”.Maputo.Editora Educar.2018.
239
DOCUMENTO
INDE. MINED. Plano Curricular do Ensino Básico: Objectivos, Política, Estrutura, Plano
de Estudo e Estratégias de Implementação. Maputo. 2003