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PROGRAMA FORMAÇÃO PELA ESCOLA

Ilda Maria dos Santos


Ivanice Arantes de Souza
Priscila Alves Sicsu

PLANO DE AÇÕES ARTICULADAS (PAR)

TUTORA: ROSÂNGELA CARVALHO

Alto Taquari - MT
2020
PROGRAMA FORMAÇÃO PELA ESCOLA

PLANO DE AÇÕES ARTICULADAS (PAR)

Trabalho final de conclusão, do curso Plano


de Ações Articuladas (PAR). No âmbito do
programa Formação pela Escola
Tutora: Rosângela Carvalho

Alto Taquari – MT
2020
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................03

2. DESENVOLVIMENTO...........................................................................05

3. CONCLUSÃO.........................................................................................07
4. REFERÊNCIAS......................................................................................09
INTRODUÇÃO

A partir dos anos 1980/90, inúmeras reformas educacionais


foram implementadas, na tentativa de atender às novas necessidades impostas
pela sociedade. Globalização, neoliberalismo, novas relações entre capital e
Estado, novas tecnologias, são algumas das razões, já amplamente discutidas
por vários autores (OLIVEIRA, 2001; FONSECA, 2001; ANTUNES, 2001) que
afetaram diretamente a educação. Documentos produzidos em larga escala por
organismos internacionais e reproduzidos no âmbito nacional foram veiculados
de forma massiva a fim de justificar as mudanças necessárias. Novos
princípios e objetivos educacionais passaram a configurar as políticas públicas
educacionais, sobretudo na América Latina. Autonomia, descentralização,
eficácia, eficiência, gestão democrática, entre outras, são palavras que
passaram a fazer parte do discurso educacional do continente e a orientar as
ações governamentais nos diversos países. No caso do Brasil, não foi
diferente: em 1996, uma nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB
(Lei nº 9.394/96) foi homologada norteando as ações e estratégias que se
seguiram. A descentralização da gestão de recursos financeiros é, sem dúvida,
uma das grandes alterações trazidas com a nova LDB para os sistemas
estaduais e municipais de ensino. Gestores escolares e professores passaram
a exercer novas funções e, em consequência, exigiu-se um novo perfil desses
profissionais. Dentre esses documentos, pode-se citar como exemplo a
Declaração Mundial sobre Educação para Todos (1990) e o Plano Decenal de
Educação para Todos 1993-2003 (2003). Nesse sentido, este artigo tem como
objetivo analisar uma das estratégias criadas pelo Ministério da Educação -
MEC para promover a descentralização de ações e recursos financeiros,
incumbindo o âmbito local de administrar não somente questões pedagógicas,
mas também financeiras: o Plano de Ações Articuladas – PAR.
Especificamente, analisam-se os efeitos do PAR sobre a educação dos
municípios paulistas, assim como as estratégias instituídas para atingir os fins
preconizados pelo MEC. Para tanto, em um primeiro momento, é apresentado
um breve histórico sobre o PAR, suas origens, princípios e objetivos. Em um
segundo momento, as estratégias desenvolvidas no estado de São Paulo para
efetivar a adesão dos municípios ao PAR são descritas. Na sequência,
apresenta-se uma análise das principais ações selecionadas no PAR pelos
municípios para melhorar os indicadores educacionais. Desenvolve-se, ainda,
uma abordagem crítica dos resultados alcançados pelos municípios paulistas
entre 2007 e 2009, tendo o IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação)
como parâmetro. Por fim, algumas considerações são traçadas, tendo em vista
os dados obtidos e seus efeitos sobre a gestão dos sistemas educacionais e,
por consequência, sobre as escolas.
DESENVOLVIMENTO

O Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), apresentado


pelo MEC em abril de 2007 como “a expressão de uma mudança essencial no
papel do Estado” (KRAWCZYK, 2008, p.800), disponibilizou para os estados, o
Distrito Federal e os municípios, instrumentos de avaliação e de
implementação de políticas visando à melhoria da qualidade da educação,
sobretudo da educação básica pública. O Plano de Metas Compromisso Todos
pela Educação, instituído pelo Decreto nº 6.094 de 24 de abril de 2007, foi, por
sua vez, um programa estratégico do PDE que iniciou um novo regime de
colaboração entre os entes federados e a União, sem ferir sua autonomia. Tal
regime de colaboração envolveu decisão política, ação técnica e atendimento
da demanda educacional, visando à melhoria dos indicadores educacionais.
Esse compromisso entre a União e os entes federados se baseou em 28
diretrizes que se materializaram mediante um plano de metas que compartilhou
competências políticas, técnicas e financeiras para a execução de programas
de manutenção e desenvolvimento da educação básica. A partir da adesão ao
Plano de Metas, estados, municípios e o Distrito Federal se comprometeram,
entre outras ações, a preencher um instrumento disponibilizado pelo MEC em
seu sistema de dados denominado Planos de Ações Articuladas – PAR.
Mediante o preenchimento desse instrumento, estados, municípios e o Distrito
Federal foram levados a analisar as condições de funcionamento de seus
respectivos sistemas de ensino no que tange a quatro dimensões básicas: 1-
gestão educacional, 2-formação de professores, 3-práticas pedagógicas e 4-
infraestrutura física e recursos pedagógicos. A auto avaliação realizada
mediante o preenchimento desse instrumento gera automaticamente uma série
de ações que envolvem assistência técnica e financeira. Ou seja, de acordo
com as necessidades detectadas, os municípios e estados receberam recursos
financeiros e/ou aderiram a programas oferecidos pelo MEC que atendiam a
demanda identificada no PAR. É importante destacar que a diversidade de
ações e programas previstos pelo PAR expressa a consciência da existência
de enormes desigualdades entre as escolas do país. Nesse contexto, como
afirma Krawczyk (2008, p.802), ao governo é atribuído ... o papel regulador das
desigualdades existentes entre as regiões do Brasil por meio de assistência
técnica e financeira, de instrumentos de avaliação e de implementação de
políticas que ofereçam condições e possibilidades de equalização das
oportunidades de acesso à educação de qualidade. Para a elaboração do PAR,
o MEC criou um módulo no Sistema Integrado de Planejamento, Orçamento e
Finanças do Ministério da Educação (SIMEC) – o Módulo PAR Plano de Metas
–, que pode ser acessado de qualquer computador conectado à rede mundial
de computadores. Mudanças significativas na relação entre o Estado e os
entes federados foram introduzidas com esse instrumento.
CONCLUSÃO

Dada a experiência acumulada até o momento com o PAR,


aspectos positivos podem ser apontados, como o extenso trabalho de
mobilização nacional, inédito, uma vez que o MEC nunca havia conseguido
chegar a todos os municípios do país, permitindo que mesmo nos locais mais
isolados haja o conhecimento da iniciativa do governo federal e da existência
de recursos que podem chegar a todos. Outro aspecto positivo é ter sido
pensado para quatro anos, fomentando a ideia de planejamento conjunto entre
Estado e municípios. No entanto, esbarra em empecilhos como a grande
extensão territorial do país e uma cultura de centralização do poder nas mãos
do gestor local. Assim, o acompanhamento, o monitoramento e o
fortalecimento das equipes locais são condições fundamentais para que haja
continuidade do processo de melhoria da qualidade das escolas públicas
brasileiras. No entanto, há críticas a serem feitas e problemas a serem
enfrentados. Não se pode ignorar que, ainda que se apregoe a necessidade de
que as escolas tenham autonomia, que os municípios sejam capazes de
administrar seus sistemas de ensino, cabendo ao Estado fornecer condições
para que isso ocorra, estabeleceu-se com o PAR uma relação que envolve
controle da União sobre os entes federados, pois os recursos são liberados
mediante determinadas condições e modos de fazer. Em relação ao PAR,
somente mediante a adesão dos municípios os recursos financeiros são
cedidos. Além disso, os programas oferecidos pelo PAR são padronizados,
enquanto sabe-se que a realidade brasileira é complexa e diversa. Por fim, as
avaliações padronizadas, como a Prova Brasil e o Sistema de Avaliação da
Educação Básica - SAEB são referências norteadoras de várias ações do
governo federal, inclusive do PAR. De todo modo, o avanço da implementação
do PAR está na democratização do acesso às informações e aos recursos
federais. Várias redes municipais de educação brasileiras dependem, para sua
sobrevivência, desses recursos, tendo em vista não possuírem arrecadação
municipal suficiente para atender às demandas locais. Não é possível afirmar
neste momento que o PAR tenha como resultado direto a melhoria da
qualidade da educação pública. Essa análise somente poderá ser feita em
longo prazo, já que os resultados de uma ação política, sobretudo na área
educacional, não surgem de forma imediata. Por fim, vale lembrar que essa é
uma experiência inédita dentro do contexto das políticas públicas
implementadas até o momento no país que deve ser analisada para que se
torne referência – tanto no que se refere aos aspectos positivos como aos
negativos – para o planejamento de novas ações do Estado. Nesse sentido, a
elaboração de estudos comparativos entre estados a fim de que se possam
avaliar quais foram as principais demandas identificadas pelos gestores
municipais e estaduais no PAR, quais as razões dessas escolhas e, sobretudo,
o que isso pode nos revelar sobre a realidade educacional de nosso país, é
fundamental
REFERÊNCIAS

ANTUNES, Ricardo. Reestruturação produtiva e mudanças no mundo do


trabalho numa ordem neoliberal. In: Dourado, Luiz F.; PARO, Vitor H. Políticas
públicas e educação básica.

BARROSO, J. O Estado e a educação: a regulação transnacional, a regulação


nacional e regulação local. In: A regulação das políticas públicas de
educação: espaços, dinâmicas e actores. Lisboa: Educa, 2006, p.41-70.

Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da


educação nacional. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 1996.

Ministério da Educação. Plano Decenal de Educação para Todos 1993-2003.


Brasília, DF, 1993.

KRAWCZYK, Nora R. O PDE: novo modelo de regulação estatal Cadernos de


Pesquisa, v.38, n.135, p.797-815, set./dez. 2008.

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