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O ÔNUS DA IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA NO NOVO

CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL BRASILEIRO

Marina Pereira Ximenes1

Sumário: 1 Introdução; 2 Ônus da impugnação específica; 2.1 Conceito; 2.2 Exceções; 3 Curador
especial e advogado dativo; 4 Defensoria Pública; 5 Ministério Público; 6 Conclusão.

Resumo: O Novo Código de Processo Civil, além de introduzir novas


figuras e institutos jurídicos no sistema processual brasileiro, alterou
aspectos substanciais de antigos institutos já existentes no código anterior,
a exemplo do princípio do ônus da impugnação específica. Busca-se, no
presente artigo, desenvolver um estudo mais acurado deste princípio à luz
do NCPC, identificando as alterações legislativas implementadas, e
analisando-as criticamente em comparação com o CPC/73.

Palavras-chave: Ônus da impugnação específica; Código de Processo


Civil de 1973; Novo Código de Processo Civil.

1 INTRODUÇÃO

O Novo Código de Processo Civil (NCPC), rompendo com


antigos paradigmas processuais, implementou alterações substanciais na
sistemática processual brasileira. A exemplo, pode-se citar a adoção da
sistemática dos precedentes judiciais, a implementação das tutelas de
evidência, dentre outros.
Além dessas grandes invocações processuais, o NCPC também
trouxe alterações pontuais em antigos institutos jurídicos já previstos no

1 Graduada em Direito pela Universidade Salvador (UNIFACS). Pós -graduada em Direito do Estado pelo
Instituto Excelência Ltda. (PODIVM) em parceria com a Faculdade Baiana de Direito e Gestão.
Advogada Trabalhista. E-mail: nina_ximenes@hotmail.co m
Código de Processo Civil de 73 (CPC/73), a exemplo do ônus da
impugnação específica.
Pretende-se, no presente artigo, desenvolver um estudo mais
acurado do tema à luz do NCPC, identificando as alterações legislativas
(que, embora mais sutis, possuem relevância salutar para uma compreensão
plena e satisfatória do sistema processual brasileiro), e analisando-as
criticamente em comparação com o CPC/73.

2 ÔNUS DA IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA

2.1 CONCEITO

Seguindo a mesma linha do Código de Processo Civil de 1973


(CPC/73)2, o NCPC em seu art. 3413 consagrou o denominado “ônus da
impugnação específica”.
Trata-se de instituto jurídico que impõe ao réu o ônus de
rebater, específica e pontualmente, todas as alegações de fato feitas pelo
autor. Via de regra o momento para tal impugnação é na
defesa/contestação, sob pena de preclusão, presumindo-se verdadeiros os
fatos alegados e não impugnados.

2 Art. 302. Cabe também ao réu manifestar-se precisamente sobre os fatos narrados na petição inicial.
Presumem-se verdadeiros os fatos não impugnados, salvo:
I - se não for admissível, a seu respeito, a confissão;
II - se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público que a lei considerar da substância
do ato;
III - se estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto.
Parágrafo único. Esta regra, quanto ao ônus da impugnação especificada dos fatos, não se aplica ao
advogado dativo, ao curador especial e ao órgão do Ministério Público.
3 Art. 341. Incumbe também ao réu manifestar-se precisamente sobre as alegações de fato constantes da

petição inicial, presumindo-se verdadeiras as não impugnadas, salvo se:


I - não for admissível, a seu respeito, a confissão;
II - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considerar da substância do ato;
III - estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto.
Parágrafo único. O ônus da impugnação especificada dos fatos não se aplica ao defensor público, ao
advogado dativo e ao curador especial.
O ônus da impugnação específica veda, assim, a elaboração de
defesas genéricas, inespecíficas ou abstratas, fundadas em mera negativa
geral, impondo ao réu o dever de ser claro e preciso em suas manifestações,
rebatendo “pontualmente todos os fatos narrados pelo autor com os quais
não concorda, tornando-os controvertidos”4.
O ônus da impugnação específica, em conjunto com outros
deveres processuais impostos ao réu ( expor os fatos conforme a verdade e
não apresentar defesa destituída de fundamento), prestigiam a lealdade
processual, pois:

“Se o réu, ao apresentar contestação, pudesse calar


sobre um fato, de nada adiantaria a imposição de não
se deduzir defesa ciente de que é destituída de
fundamento. Por outro lado, se o réu pudesse deduzir
defesa ciente de que não tem fundamento, pouco
importaria impor a necessidade de contestação na
forma especificada – nessa linha, jamais se poderia
apensar em dever de boa fé no processo civil. Em
outros termos, diante do dever de lealdade estabelece-
se o ônus de impugnação específica.”5

Ademais, além de prestigiar a lealdade, cooperação e boa fé


processual (art. 5º e 6º NCPC), o dever de impugnação específica garante
também a paridade de tratamento às partes (art. 7º NCPC). Isto porque,
assim como ao autor é vedado elaborar pedido incerto ou indeterminado
(art. 322, 324 e 330 NCPC ), ao réu também não é dado formular defesa
genérica e inespecífica. Nesse sentido, Fredie Didier Jr. pontua que:

“Ao autor cabe formular sua demanda de modo claro e


determinado (demanda obscura é inepta e o pedido

4 NEVES, Daniel Amorim Assumpção. MANUAL DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL. v. único. 8ª


ed. Salvador: ed. Jus Podivm, 2016. p. 1081.
5 MARINONI, Luiz Guilherme; outros. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL COMENTADO. Revista

dos Tribunais. p. 365.


genérico é apenas excepcionalmente admitido);
idêntica razão impõe a regra que veda a contestação
genérica. Prestigiam-se, assim, o princípio da
cooperação (art. 6º, CPC) e, consequentemente, o
princípio da boa fé processual (art. 5º, CPC).”6

2.2 EXCEÇÕES

Ainda seguindo a mesma senda do CPC/73, o NCPC previu


hipóteses excepcionais em que não se aplica o ônus da impugnação
específica. Em tais casos, ainda que o réu se valha de mera defesa por
negativa geral, não incidirá a presunção de veracidade sobre os fatos não
impugnados..
Basicamente, são três as hipóteses de não incidência do ônus
da impugnação específica:
1) quando não for admissível, a respeito das alegações não
impugnadas, a confissão;
2) quando a petição inicial não estiver acompanhada de
instrumento que a lei considerar da substância do ato;
3) quando as alegações não impugnadas estiverem em
contradição com a defesa, considerada em seu conjunto.
No entanto, a grande (porém sutil) alteração do NCPC acerca
do tema se encontra no parágrafo único do art. 341, que elenca o rol de
representantes judiciais dispensados do ônus da impugnação específica. A
ver:

“Art. 341
(...)

6DIDIER JR., Fredie. CURSO DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL. v. 01. 18ª ed. Salvador: Ed. Jus
Podivm, 2016, p. 662.
Parágrafo único. O ônus da impugnação especificada
dos fatos não se aplica ao defensor público, ao
advogado dativo e ao curador especial.” (grifou-se)

À semelhança do CPC/73, foram mantidos no rol dos


dispensados da impugnação específica o advogado dativo e o curador
especial. No entanto, foram realizadas duas alterações: excluiu-se de tal rol
o Ministério Público, e inclui-se a Defensoria Pública. Sendo assim, no
panorama normativo atual, estão dispensados do ônus da impugnação
específica apenas o advogado dativo, o curador especial e a Defensoria
Pública.

Para uma explicitação e análise mais detalhada do tema, cada


uma dessas hipóteses excepcionais será analisada a seguir em tópicos
separados.

3 CURADOR ESPECIAL E ADVOGADO DATIVO

Como cediço, a válida tramitação do processo depende do


preenchimento de certos pressupostos(ou requisitos) subjetivos e objetivos
de validade. Neste contesto, as figuras do curador especial e do advogado
dativo visam suprir dois dos requisitos subjetivos de validade processual: a
capacidade processual e a capacidade postulatória, respectivamente.
No que tange ao curador especial, nos termos do art. 72 NCPC
a sua designação é cabível em três situações:
1) incapaz civilmente sem representante legal ou cujos
interesses sejam colidentes;
2) réu revel preso ou;
3) réu revel citado com edital ou por hora certa (nesses
dois últimos casos, enquanto não for constituído
advogado).
Trata-se, portanto, de representante processual ad hoc7, que
visa regularizar o processo integrando a capacidade processual da parte.
Sua atuação é meramente processual e de cunho defensivo, estando restrita
aos limites da respectiva lide.
Via de regra, a curatela é exercida pelo defensor público (art.
72, parágrafo único, NCPC e art. 4º XVI LC 80/94), salvo nas localidades
em que inexistir defensoria.
Por sua vez, o advogado dativo é designado nos casos em que
a parte não possui condições financeiras para arcar com um advogado
particular. Atua, portanto, patrocinando a causa dos necessitados
economicamente, suprindo sua capacidade postulatória (entendida esta
como a aptidão técnica para a prática de certos atos processuais que exigem
capacidade processual específica).
Regra geral o curador especial e advogado dativo, por serem
nomeados em razão de imperativo legal e não diretamente pela parte, não
possuem uma relação direta ou um contato imediato com a pessoa
representada. Tal peculiaridade impossibilita que o curador/advogado
dativo tenha um conhecimento mais aprofundado e detalhado do caso
discutido em juízo, necessários para elaboração de uma defesa específica 8.
Diante disto, exigir a impugnação minuciosa das alegações
feitas pelo autor representaria um ônus excessivo para a defesa, podendo
impossibilitar até mesmo o exercício do contraditório e da ampla defesa.

7 DIDIER JR., Fredie. CURSO DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL. v. 01. 18ª ed. Salvador: Ed. Jus
Podivm, 2016, p. 330.

8Nesse sentido já se manifestou o STJ, REsp 1009293/SP, 3ª Turma, Relatora: Ministra Nancy Andrighi,
DJE 22/04/2010.
Considerando essas especificidades, mostra-se plausível e
razoável a não aplicação do ônus da impugnação específica para o curador
especial e advogado dativo, previsão mantida pelo NCPC, seguindo a
mesma linha do código anterior.

4 DEFENSORIA PÚBLICA

Elevada aos status de instituição essencial à função


jurisdicional do Estado (art. 134 CF/88), a Defensoria Pública tem como
incumbência garantir a orientação jurídica, a promoção dos direitos
humanos e a defesa, integral e gratuita, dos necessitados (art. 185 NCPC).
Além de concretizar o direito fundamental à assistência
judiciária gratuita (art. 5º LXXIV CF/88), a Defensoria Pública permite a
facilitação do acesso à justiça (art. 5º XXV CF/88), alinhando-se à
primeira onda renovatória de Cappelletti e Garth9.
Conforme ressaltado, uma das grandes alterações do NCPC no
que tange ao ônus da impugnação específica foi a inclusão da Defensoria
no rol dos excluídos de tal ônus. É dizer, a partir do NCPC a defensoria
passa a estar autorizada a elaborar defesa genérica, com base em mera
negativa geral.
Há quem interprete literalmente o art. 341, parágrafo único, do
NCPC para entender que o defensor público está dispensado da
impugnação específica em toda e qualquer situação, pois haveria uma
presunção absoluta de dificuldade de defesa.
Partindo de uma interpretação literal e gramatical do código,
defensores dessa primeira corrente argumentam que a lei não possui
palavras inúteis. Logo, se o legislador constou expressamente que à

9 LENZA, Pedro. DIREITO CONSTITUCIONAL ESQUEMATIZADO. 18ª ed. São Paulo: Saraiva,
2014. p. 985.
Defensoria não se aplica a impugnação específica, sem quaisquer ressalvas,
não caberia ao intérprete restringir o texto legal.
Por outro lado, uma segunda linha de entendimento diferencia
a atuação típica da defensoria (na defesa dos necessitados) da sua atuação
atípica (como advogado dativo ou curador especial). Partindo dessa
diferenciação, argumentam que a impugnação específica só é inaplicável
quando o defensor atuar atipicamente, pois somente em tais casos, à
semelhança do curador/advogado dativo, não teria acesso a todas as
informações necessárias para uma impugnação completa da causa.
A finalidade teleológica do dispositivo legal, ao isentar alguns
do ônus da impugnação específica, é facilitar o direito de defesa nos casos
em que houver uma dificuldade de acesso, pelo representante, a maiores
informações da causa defendida. De fato tal dificuldade se verifica apenas
nos casos em que a defensoria atua atipicamente, pelo o que apenas em tais
hipóteses seria justificável uma defesa por negativa geral.
Em sua atuação típica, o defensor mantém contato direto com
a parte assistida, podendo colher todos os dados e documentos necessários
para elaboração de uma defesa completa e específica da causa, inexistindo
justificativa para a dispensa do ônus da impugnação específica.
A mera condição de necessidade ou hipossuficiência da parte
não basta para justificar uma defesa genérica. A Justiça do Trabalho
consiste em um exemplo clássico, pois mesmo envolvendo partes
hipossuficientes, o ônus da impugnação específica é exigido em sua
integralidade10.
Convém registrar, ainda, que uma interpretação meramente
literal do art. 341 NCPC, exonerando a Defensoria Pública do ônus da
impugnação específica em toda e qualquer hipótese, não se compatibiliza

10 Nesse sentido: TRT01, RO 0073700-66.2001.5.01.0019, Relatora: Desembargadora Rosana Salim


Vilela Travesedo, 6ª Turma, Data:17.05.2010.
com a Constituição Federal11, por violar duplamente o princípio da
igualdade:
1) a uma porque o autor, se eventualmente assistido por um
defensor público, não estará livre do ônus de elaborar
uma inicial certa e determinada (enquanto o réu, nas
mesmas condições, poderá se valer de uma defesa
meramente genérica);
2) a duas porque viola a igualdade entre o defensor e o
advogado, considerando que na sua atividade típica a
defensoria tem plenas condições de acesso a todos os
dados necessários para elaboração de uma impugnação
específica, tal qual um advogado particular.
No mesmo sentido, há ainda quem argumente que o art. 341,
parágrafo único, do CPC, ao dispensar a Defensoria do ônus de
impugnação específica em toda e qualquer situação, não sobrevive a um
controle de convencionalidade, por violar o art. 8º, item 1, da Convenção
Americana de Direitos Humanos 12.
Ademais, convém registrar que a presunção de que a
defensoria pública não possui plenas condições para elaboração de uma
defesa robusta, completa e especificada, desprestigia a própria carreira e
capacidade intelectual dos defensores 13.
Por fim, há ainda um terceiro entendimento, intermediário, que
defende a possibilidade de defesa genérica pela Defensoria apenas nos
casos em que comprovadamente houver circunstâncias autorizadoras de um
11 Nesse sentido: DIDIER JR., Fredie. CURSO DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL. v. 01. 18ª ed.
Salvador: Ed. Jus Podivm, 2016, p. 663. LOURENÇO, Haroldo. A CONTESTAÇÃO POR
NEGATIVA GERAL NO NOVO CPC. Em: http://genjuridico.com.br/2015/09/16/a-contestacao-por-
negativa-geral-no-novo-cpc/
12 Nesse sentido: SILVA, Franklyn Roger Alves da. CONTESTAÇÃO POR NEGATIVA GERAL É

PRESENTE DE GREGO DO NOVO CPC PARA DEFENSORES. Em:


http://www.conjur.com.br/2015-ju l-07/tribuna-defensoria-contestacao-negativa-geral-presente-grego-cpc
13 Nesse sentido: LOURENÇO, Haroldo. A CONTESTAÇÃO POR NEGATIVA GERAL NO NOVO

CPC. Em: http://genjuridico.com.br/2015/09/16/a-contestacao-por-negativa-geral-no-novo-cpc/


tratamento diferenciado, relacionadas à dificuldade na elaboração da
defesa. A exemplo, cita-se a ação possessória multitudinária14.

5 MINISTÉRIO PÚBLICO

O Ministério Público, assim como a Defensoria, foi elevado ao


patamar de instituição permanente essencial à função jurisdicional do
Estado, tendo como incumbência a defesa da ordem jurídica, do regime
democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis (art. 127
CF/88). Trata-se de instituição destinada à defesa dos interesses mais
elevados da convivência social e política, seja perante o Judiciário, seja na
ordem administrativa15.
Quando da promulgação do CPC/73, uma das incumbências do
Ministério Público era defesa de hipossuficientes, com atuação processual
semelhante à da Defensoria Pública, o que autorizava a elaboração de
defesa genérica, não se aplicando ao parquet o ônus da impugnação
específica (art. 302, parágrafo único, CPC/73). Ocorre que, no atual
contexto constitucional-normativo, o Ministério Público não possui mais tal
incumbência.
Em termos processuais, o Ministério Público pode atuar como
parte (art. 177 NCPC) ou como fiscal da ordem jurídica (art. 178 NCPC),
sendo-lhe vedada, desde o advento da CF/88, a representação judicial ou
consultoria jurídica de entidades públicas (art. 129 IX CF/88).
Diante deste novo cenário, deixou de subsistir justificativa
jurídica para exclusão do Ministério Público do ônus da impugnação

14 Nesse sentido: SILVA, Franklyn Roger Alves da. CONTESTAÇÃO POR NEGATIVA GERAL É
PRESENTE DE GREGO DO NOVO CPC PARA DEFENSORES. Em:
http://www.conjur.com.br/2015-ju l-07/tribuna-defensoria-contestacao-negativa-geral-presente-grego-cpc

15 MENDES, Gilmar Ferreira. CURSO DE DIREITO CONSTITUCIONAL. 8ª ed. São Paulo: Saraiva,
2013. p. 898.
específica. Seja na condição de parte, seja na condição de fiscal da ordem
jurídica, o Ministério Público possui plenas condições de se manifestar de
forma plena e exaustiva sobre os dados do processo.
Percebendo tal peculiaridade é que o NCPC retirou o
Ministério Público do rol do art. 341, parágrafo único, não sendo mais
permitida a elaboração de defesa meramente genérica, devendo o parquet
impugnar de forma detalhada e específica todos os fatos alegados na
Inicial.
Embora considere acertada tal alteração legislativa, convém
registrar a existência de uma situação excepcional em que o Ministério
Público ainda encontra dificuldades para elaboração de uma defesa
específica e detalhada: quando atua na defesa de interesse indisponível de
incapaz.
À semelhança do que ocorre com o curador especial e com o
advogado dativo, em tal situação o parquet em regra não tem contato direto
com o representado incapaz, o que dificulta a obtenção de maiores
informações sobre o caso para fins de elaboração de uma defesa específica.
Diante te tal peculiaridade, seria justificável a elaboração de defesa
genérica16.

6 CONCLUSÃO

À semelhança do CPC/73, o NCPC manteve o ônus da


impugnação específica, impondo ao réu o dever de rebater pontualmente
todos os fatos alegados pelo autor, sob pena de preclusão, presumindo -se
verdadeiros os fatos não impugnados.

16 Nesse sentido: DIDIER JR., Fredie. CURSO DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL. v. 01. 18ª ed.
Salvador: Ed. Jus Podivm, 2016, p. 664. NEVES, Daniel Amorim Assumpção. MANUAL DE DIREITO
PROCESSUAL CIVIL. v. único. 8ª ed. Salvador: ed. Jus Podivm, 2016, p. 1081.
No entanto. O art. 341, parágrafo único, do NCPC trouxe duas
diferenças em relação ao código anterior: incluiu a Defensoria Pública e
excluiu o Ministério Público no rol dos sujeitos dispensados do ônus da
impugnação específica.
No que tange à Defensoria Pública, embora o tema seja
controvertido, entendo que a dispensa do ônus da impugnação específica
apenas se justifica na sua atuação atípica (como advogado dativo ou
curador especial), pois somente em tais casos o defensor não teria acesso
amplo a todas as informações necessárias para uma impugnação completa
da causa.
Em sua atuação típica (defesa dos necessitados), o defensor
mantém contato direto com a parte assistida, podendo colher todos os
dados e documentos necessários para elaboração de uma defesa completa e
específica da causa, inexistindo justificativa para a dispensa do ônus da
impugnação específica.
Já no que tange ao Ministério Público, a inovação do NCPC
foi louvável, pois atualmente as hipóteses de atuação do parquet (como
parte ou como defensor da ordem jurídica) permitem a manifestação plena
e exaustiva sobre os dados do processo, não subsistindo justificativa
jurídica para sua dispensa do ônus da impugnação específica.

BIBLIOGRAFIA

DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil. v. 01. 18ª ed.
Salvador: Ed. Jus Podivm, 2016.

LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 8ª ed. São Paulo:


Saraiva, 2014.

LOURENÇO, Haroldo. A Contestação Por Negativa Geral No Novo


CPC. Em: http://genjuridico.com.br/2015/09/16/a-contestacao-por-
negativa-geral-no-novo-cpc/
MARINONI, Luiz Guilherme; outros. Código de Processo Civil
Comentado. Revista dos Tribunais.

MENDES, Gilmar Ferreira. Curso De Direito Constitucional. 8ª ed. São


Paulo: Saraiva, 2013. p. 898.

NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual


Civil. v. único. 8ª ed. Salvador: ed. Jus Podivm, 2016.

Dário Ribeiro Machado Junior e outros, coordenação Paulo Cezar Pinheiro


Carneiro, Humberto Dalla Bernardina de Pinho. Novo Código de Processo
Civil Anotado e Comparado: Lei n. 13.105, de 16 de março de 2015.
Rio de Janeiro: Forense. 2015.

SILVA, Franklyn Roger Alves da. Contestação Por Negativa Geral É


Presente de Grego Do Novo CPC Para Defensores. Em:
http://www.conjur.com.br/2015-jul-07/tribuna-defensoria-contestacao-
negativa-geral-presente-grego-cpc

THEODORO JR., Humberto. Curso De Direito Processual Civil. v. 01.


57ª ed. Rio de Janeiro: Ed. Forense, 2016.

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