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Sumário: 1 Introdução; 2 Ônus da impugnação específica; 2.1 Conceito; 2.2 Exceções; 3 Curador
especial e advogado dativo; 4 Defensoria Pública; 5 Ministério Público; 6 Conclusão.
1 INTRODUÇÃO
1 Graduada em Direito pela Universidade Salvador (UNIFACS). Pós -graduada em Direito do Estado pelo
Instituto Excelência Ltda. (PODIVM) em parceria com a Faculdade Baiana de Direito e Gestão.
Advogada Trabalhista. E-mail: nina_ximenes@hotmail.co m
Código de Processo Civil de 73 (CPC/73), a exemplo do ônus da
impugnação específica.
Pretende-se, no presente artigo, desenvolver um estudo mais
acurado do tema à luz do NCPC, identificando as alterações legislativas
(que, embora mais sutis, possuem relevância salutar para uma compreensão
plena e satisfatória do sistema processual brasileiro), e analisando-as
criticamente em comparação com o CPC/73.
2.1 CONCEITO
2 Art. 302. Cabe também ao réu manifestar-se precisamente sobre os fatos narrados na petição inicial.
Presumem-se verdadeiros os fatos não impugnados, salvo:
I - se não for admissível, a seu respeito, a confissão;
II - se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público que a lei considerar da substância
do ato;
III - se estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto.
Parágrafo único. Esta regra, quanto ao ônus da impugnação especificada dos fatos, não se aplica ao
advogado dativo, ao curador especial e ao órgão do Ministério Público.
3 Art. 341. Incumbe também ao réu manifestar-se precisamente sobre as alegações de fato constantes da
2.2 EXCEÇÕES
“Art. 341
(...)
6DIDIER JR., Fredie. CURSO DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL. v. 01. 18ª ed. Salvador: Ed. Jus
Podivm, 2016, p. 662.
Parágrafo único. O ônus da impugnação especificada
dos fatos não se aplica ao defensor público, ao
advogado dativo e ao curador especial.” (grifou-se)
7 DIDIER JR., Fredie. CURSO DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL. v. 01. 18ª ed. Salvador: Ed. Jus
Podivm, 2016, p. 330.
8Nesse sentido já se manifestou o STJ, REsp 1009293/SP, 3ª Turma, Relatora: Ministra Nancy Andrighi,
DJE 22/04/2010.
Considerando essas especificidades, mostra-se plausível e
razoável a não aplicação do ônus da impugnação específica para o curador
especial e advogado dativo, previsão mantida pelo NCPC, seguindo a
mesma linha do código anterior.
4 DEFENSORIA PÚBLICA
9 LENZA, Pedro. DIREITO CONSTITUCIONAL ESQUEMATIZADO. 18ª ed. São Paulo: Saraiva,
2014. p. 985.
Defensoria não se aplica a impugnação específica, sem quaisquer ressalvas,
não caberia ao intérprete restringir o texto legal.
Por outro lado, uma segunda linha de entendimento diferencia
a atuação típica da defensoria (na defesa dos necessitados) da sua atuação
atípica (como advogado dativo ou curador especial). Partindo dessa
diferenciação, argumentam que a impugnação específica só é inaplicável
quando o defensor atuar atipicamente, pois somente em tais casos, à
semelhança do curador/advogado dativo, não teria acesso a todas as
informações necessárias para uma impugnação completa da causa.
A finalidade teleológica do dispositivo legal, ao isentar alguns
do ônus da impugnação específica, é facilitar o direito de defesa nos casos
em que houver uma dificuldade de acesso, pelo representante, a maiores
informações da causa defendida. De fato tal dificuldade se verifica apenas
nos casos em que a defensoria atua atipicamente, pelo o que apenas em tais
hipóteses seria justificável uma defesa por negativa geral.
Em sua atuação típica, o defensor mantém contato direto com
a parte assistida, podendo colher todos os dados e documentos necessários
para elaboração de uma defesa completa e específica da causa, inexistindo
justificativa para a dispensa do ônus da impugnação específica.
A mera condição de necessidade ou hipossuficiência da parte
não basta para justificar uma defesa genérica. A Justiça do Trabalho
consiste em um exemplo clássico, pois mesmo envolvendo partes
hipossuficientes, o ônus da impugnação específica é exigido em sua
integralidade10.
Convém registrar, ainda, que uma interpretação meramente
literal do art. 341 NCPC, exonerando a Defensoria Pública do ônus da
impugnação específica em toda e qualquer hipótese, não se compatibiliza
5 MINISTÉRIO PÚBLICO
14 Nesse sentido: SILVA, Franklyn Roger Alves da. CONTESTAÇÃO POR NEGATIVA GERAL É
PRESENTE DE GREGO DO NOVO CPC PARA DEFENSORES. Em:
http://www.conjur.com.br/2015-ju l-07/tribuna-defensoria-contestacao-negativa-geral-presente-grego-cpc
15 MENDES, Gilmar Ferreira. CURSO DE DIREITO CONSTITUCIONAL. 8ª ed. São Paulo: Saraiva,
2013. p. 898.
específica. Seja na condição de parte, seja na condição de fiscal da ordem
jurídica, o Ministério Público possui plenas condições de se manifestar de
forma plena e exaustiva sobre os dados do processo.
Percebendo tal peculiaridade é que o NCPC retirou o
Ministério Público do rol do art. 341, parágrafo único, não sendo mais
permitida a elaboração de defesa meramente genérica, devendo o parquet
impugnar de forma detalhada e específica todos os fatos alegados na
Inicial.
Embora considere acertada tal alteração legislativa, convém
registrar a existência de uma situação excepcional em que o Ministério
Público ainda encontra dificuldades para elaboração de uma defesa
específica e detalhada: quando atua na defesa de interesse indisponível de
incapaz.
À semelhança do que ocorre com o curador especial e com o
advogado dativo, em tal situação o parquet em regra não tem contato direto
com o representado incapaz, o que dificulta a obtenção de maiores
informações sobre o caso para fins de elaboração de uma defesa específica.
Diante te tal peculiaridade, seria justificável a elaboração de defesa
genérica16.
6 CONCLUSÃO
16 Nesse sentido: DIDIER JR., Fredie. CURSO DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL. v. 01. 18ª ed.
Salvador: Ed. Jus Podivm, 2016, p. 664. NEVES, Daniel Amorim Assumpção. MANUAL DE DIREITO
PROCESSUAL CIVIL. v. único. 8ª ed. Salvador: ed. Jus Podivm, 2016, p. 1081.
No entanto. O art. 341, parágrafo único, do NCPC trouxe duas
diferenças em relação ao código anterior: incluiu a Defensoria Pública e
excluiu o Ministério Público no rol dos sujeitos dispensados do ônus da
impugnação específica.
No que tange à Defensoria Pública, embora o tema seja
controvertido, entendo que a dispensa do ônus da impugnação específica
apenas se justifica na sua atuação atípica (como advogado dativo ou
curador especial), pois somente em tais casos o defensor não teria acesso
amplo a todas as informações necessárias para uma impugnação completa
da causa.
Em sua atuação típica (defesa dos necessitados), o defensor
mantém contato direto com a parte assistida, podendo colher todos os
dados e documentos necessários para elaboração de uma defesa completa e
específica da causa, inexistindo justificativa para a dispensa do ônus da
impugnação específica.
Já no que tange ao Ministério Público, a inovação do NCPC
foi louvável, pois atualmente as hipóteses de atuação do parquet (como
parte ou como defensor da ordem jurídica) permitem a manifestação plena
e exaustiva sobre os dados do processo, não subsistindo justificativa
jurídica para sua dispensa do ônus da impugnação específica.
BIBLIOGRAFIA
DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil. v. 01. 18ª ed.
Salvador: Ed. Jus Podivm, 2016.