A Cognição Distribuída

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A COGNIÇÃO DISTRIBUÍDA COMO

memórica científica original


REFERENCIAL TEÓRICO PARA
OS ESTUDOS DE USUÁRIOS DA
INFORMAÇÃO

Janicy Aparecida Pereira Rocha*


Claudio Paixão Anastácio de Paula**
Adriana Bogliolo Sirihal Duarte***

RESUMO Partindo das relações já estabelecidas entre as três abordagens


dos estudos de usuários da informação e os paradigmas da
* Mestre em Ciência da Informação
Ciência da Informação, a influência de perspectivas cognitivas pela Universidade Federal de Minas
Gerais, Brasil. Doutoranda em Ciência
nessas abordagens é apontada. Em seguida, são apresentadas da Informação no Programa de Pós-
a Cognição Distribuída e duas opções metodológicas a ela Graduação em Ciência da Informação da
Universidade Federal de Minas Gerais,
vinculadas – a Distributed Cognition for Teamwork e a etnografia Brasil. E-mail: janicy.rocha@gmail.com.
cognitiva. Ambas são sugeridas como um quadro teórico-
** Doutor em Psicologia Social pela
metodológico de elevado potencial para estudos de usuários da Universidade de São Paulo, Brasil.
Professor da Escola de Ciência da
informação conforme a abordagem social. A reflexão realizada Informação da Universidade Federal de
aponta que esse conjunto teórico-metodológico é indicado para Minas Gerais, Brsil.
E-mail: claudiopap@hotmail.com.
subsidiar estudos de usuários pautados pela abordagem social,
entendidos como estudos de práticas informacionais. *** Doutora em Ciência da Informação
pela Universidade Federal de Minas
Gerais, Brasil. Professora da Escola de
Ciência da Informação da Universidade
Palavras-chave: Cognição Distribuída. Distributed Cognition for Teamwork. Federal de Minas Gerais, Brasil.
Etnografia Cognitiva. Estudo de usuários. E-mail: bogliolo@eci.ufmg.br.

1 INTRODUÇÃO Duas dessas características são


relacionadas e complementares: o foco na

A
Ciência da Informação apresenta-se informação contida nos documentos e a
como um espaço investigativo marcado preocupação “não com a custódia, a posse de
por diversas tendências de pesquisa documentos, mas com a sua circulação, sua
voltadas para fenômenos relacionados ao seu disseminação, a promoção de seu uso da maneira
principal objeto – a informação. Sua origem mais produtiva possível” (ARAÚJO, 2014). Tais
enquanto ciência é frequentemente relacionada à características marcaram as especificidades da
revolução técnico-científica pós-Segunda Guerra área durante sua consolidação, mas também
Mundial, devido às necessidades de lidar com a desafiaram a avançar de forma conceitual e
o grande volume de informação registrada nas metodológica, posto que promover a circulação,
mais diversas formas. Conforme Araújo (2014), disseminação e uso da informação não é uma
apesar de ter se consolidado como uma área tarefa trivial.
cuja preocupação se direciona para os registros Ao mesmo tempo em que avançava,
de conhecimento, a Ciência da Informação se a Ciência da Informação também construía
distingue de outras áreas com interesse similar sua identidade. Esse processo foi marcado
devido a algumas características que lhe são por diálogos com outros campos científicos, o
específicas. que caracterizou um movimento reconhecido

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Janicy Aparecida Pereira Rocha, Claudio Paixão Anastácio de Paula e Adriana Bogliolo Sirihal Duarte

como interdisciplinar na área. Apesar disso, a sua antecessora e, ainda, que não há a melhor
interdisciplinaridade na Ciência da Informação ou pior abordagem e sim, abordagens mais
se caracteriza mais pela absorção de conceitos adequadas a cada contexto ou questão a ser
de outras áreas do que pela transferência de seu investigada. Entretanto, cada vez mais o campo
corpo de conhecimento para as demais ciências de estudo de usuários atribui importância ao
(DAL’ EVEDOVE; FUJITA, 2013; ARAÚJO, sujeito informacional inserido em um contexto
2014). Não obstante os argumentos usados histórico e sociocultural. Paula (2012) alerta que
para defender a interdisciplinaridade (ou para a maioria dos estudos de usuários tende a repetir
negar sua existência), existe certa conexão abordagens de pesquisas convencionais sobre
entre a Ciência da Informação e outros campos comportamento organizacional e informacional.
científicos. Para o autor, tais abordagens possuem
A conexão com as Ciências Cognitivas importante caráter prescritivo/moral, no
aparece de forma expressiva na produção entanto, possibilitam apenas uma compreensão
científica da Ciência da Informação, quer pela fragmentada dos usuários da informação.
adoção direta de constructos teóricos daquela, Desde a década de 1980, a intenção
quer pelos enfoques de pesquisa desta que de estudar os usuários de forma menos
refletem princípios cognitivos em maior ou fragmentada motiva a adoção de teorias
menor grau. De forma geral, observa-se que e modelos influenciados por perspectivas
o principal ponto de interseção entre Ciência tradicionais das Ciências Cognitivas como
da Informação e Ciências Cognitivas está o cognitivismo e o conexionismo. Todavia,
em compreender os processos cognitivos tais perspectivas consideram que o indivíduo
envolvidos no comportamento dos usuários adquire o conhecimento que lhe falta captando
e como estes, em suas práticas cotidianas, e processando a informação, mas não levam em
interagem com a informação e se apropriam do conta que o conhecimento também é construído
conhecimento. no viver cotidiano. Críticas direcionadas a essa
O reflexo da influência que as Ciências postura motivaram a adoção de perspectivas
Cognitivas exercem na Ciência da Informação contemporâneas da cognição – tais como a
pode ser observado, de forma mais expressiva, Ecologia da Mente, de Gregory Bateson; a
em uma subárea desta: os estudos de usuários Biologia do Conhecer, de Humberto Maturana
da informação. Esta subárea se constitui em e Francisco Varela; a Cognição Situada de Jean
torno de duas tradições já consolidadas – as Lave, entre outras.
abordagens tradicional e alternativa – e de uma O contexto apresentado e os desafios
terceira abordagem ainda em constituição – a impostos pelas questões mencionadas motivaram
abordagem social (ARAÚJO, 2010, 2015). A o esboço de uma base teórico-metodológica
constituição dessas tradições de estudo está que visa auxiliar a compreensão, de forma mais
vinculada à evolução na forma de se olhar holística, do sujeito informacional e de suas
para a informação e, principalmente, para práticas vinculadas ao contexto no qual esse
seu usuário. Este passou por transformações sujeito está inserido. Assim, o objetivo desse
sucessivas: de mero informante de suas ações artigo é apresentar a Cognição Distribuída
frente aos sistemas de informação, tornou- como um quadro teórico de elevado potencial
se um usuário passivo que usava recursos para os estudos de usuários vinculados à
informacionais para suprir suas necessidades de abordagem social. A Cognição Distribuída é uma
informação e, finalmente, um sujeito social ativo abordagem oriunda das Ciências Cognitivas
que se relaciona com a informação e a constrói, que permite estudar a distribuição social,
individual ou coletivamente. Diante desse último temporal e por artefatos dos processos cognitivos
entendimento, o usuário da informação passa a durante a produção e o uso da informação e do
ser denominado sujeito informacional (ARAÚJO, conhecimento por um grupo de indivíduos.
2013). Acredita-se que seus pressupostos são uma
Estudos baseados em cada uma dessas alternativa promissora para auferir um novo
abordagens se aplicam melhor a distintas fôlego à investigação de campos desafiadores –
situações, o que significa que o surgimento de apesar de consagrados – dos estudos em Ciência
uma abordagem não invalidou ou substituiu da Informação.

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A cognição distribuída como referencial teórico para os estudos de usuários da informação

2 A SUBÁREA DE USUÁRIOS Para Araújo (2010) esses paradigmas


DA INFORMAÇÃO E SUAS são valiosos não apenas para compreensão da
Ciência da Informação em sua totalidade, mas
TRADIÇÕES DE ESTUDO também para compreender suas subáreas de
pesquisa. O autor ainda relaciona os paradigmas
A Ciência da Informação “[...] nasce em físico, cognitivo e social, respectivamente, às três
meados do século XX com um paradigma físico, abordagens da subárea de estudos de usuários, a
questionado posteriormente por um enfoque saber: (i) abordagem tradicional, (ii) abordagem
cognitivo idealista e individualista, sendo este alternativa ou cognitiva e (iii) abordagem social
substituído por um paradigma pragmático e ou sociocultural. Estas, por sua vez, podem ser
social [...]” (CAPURRO, 2003, online). Conforme o relacionadas a perspectivas teóricas originárias
referido autor, o paradigma físico é influenciado das Ciências Cognitivas devido às similaridades
pela Teoria da Informação – ou Teoria de suas características. O entendimento desses
Matemática da Comunicação – apresentada relacionamentos está vinculado à compreensão
em 1948 pelo engenheiro Claude Shannon e da evolução da subárea de estudos de usuários.
desenvolvida em parceria com Warren Weaver. Conforme relatos de Ferreira (1995) e
Assim, esse paradigma postula a existência da Araújo (2010, 2013), na década de 1930 já era
informação como um objeto físico, transmitido evidente a preocupação em estudar os usuários
de emissor para receptor. Hjørland (1998) associa de produtos e serviços de informação no âmbito
o paradigma físico à postura epistemológica da Ciência da Informação. Estudos sobre hábitos
positivista e empirista, marcada pela coleta de leitura dos usuários de bibliotecas visavam
de observações verificáveis que permitem aperfeiçoar ou desenvolver novos produtos e
generalizações indutivas. serviços de informação. Entre a segunda metade
O paradigma cognitivo emergiu na da década de 1940 e década de 1950, estudos
década de 1970 mediante esforços de autores cujos sujeitos eram cientistas e engenheiros
como Brookes, Vakkari e Ingwersen para buscavam descobrir pautas da comunicação
integrar o sujeito cognoscente, ainda que como científica e obter informações para subsidiar
“possuidor de ‘modelos mentais’ do ‘mundo planejamento e melhorias dos sistemas de
exterior’ que são transformados durante o informação.
processo informacional” (CAPURRO, 2003, Ainda conforme Ferreira (1995) e Araújo
online). Hjørland (1998) associa esse paradigma a (2010, 2013), esses estudos eram orientados
uma postura de inspiração racionalista, sendo o aos sistemas de informação, com o objetivo
sujeito dotado de um conhecimento prévio que o de mensurar o uso das fontes informacionais
permite interpretar o sentido dos dados. Apesar ou o grau de satisfação do usuário com a fonte
de sua denominação, o paradigma cognitivo ou serviço, utilizando técnicas quantitativas.
incorpora ideias de apenas alguns cientistas Além disso, os estudos eram prioritariamente
cognitivos, não estando associado às Ciências descritivos, buscavam a generalização para
Cognitivas em sua totalidade. usuários com perfis semelhantes, tratavam a
O paradigma social nasce a partir de informação como algo objetivo e os usuários
críticas direcionadas ao paradigma cognitivo como sujeitos passivos. Essa postura de pesquisa
especialmente aquelas elaboradas por caracteriza a chamada abordagem tradicional.
Frohmann (1992), para quem tal paradigma Embora ela evidencie a preocupação inicial da
se mostrava associal por considerar o sujeito área com os usuários, seu foco se volta para os
cognoscente isolado de condicionamentos sistemas de informação, sendo os usuários meros
sociais e materiais. No paradigma social, informantes sobre o uso destes.
a informação é compreendida como um Entre o final da década de 1970 e início
fenômeno social, construído coletivamente. da década de 1980, começou a se desenvolver a
A valorização do conhecimento prévio do chamada abordagem alternativa ou cognitiva.
usuário, influenciado por dimensões sócio- Nela, o foco se desloca do sistema para o
comportamentais é apontada por Frohmann usuário, como ser construtivo e ativo, sendo
(1992) e Hjørland (2002) como uma de suas consideradas suas perspectivas individuais,
características. mediante uma orientação qualitativa. Adota-

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se a noção da informação como algo subjetivo, elementos que influenciam a busca e o uso
mas que, conforme Ferreira (1995), só tem da informação, ainda que isso fosse feito
sentido se integrada a um contexto. De acordo subjetivamente para suprir uma necessidade
com essa concepção é preciso que o usuário informacional. O Sense-making de Brenda Dervin
atribua sentido à informação conforme seus (1983, 1992) utiliza a metáfora do indivíduo que
referenciais anteriores. Pesquisas pautadas por encontra lacunas de informação durante sua
esta abordagem são “centradas no indivíduo, caminhada e age para supri-las. Ao defender
partindo de uma perspectiva cognitiva, buscando a irredutibilidade entre sujeito e sistemas de
interpretar necessidades de informações tanto informação, Dervin rompe com a separação
intelectuais como sociológicas” (FERREIRA, entre sujeito e objeto, característica dos estudos
1995, p.5). cognitivistas.
Durante o desenvolvimento e a O  Information Search Process  (ISP) de
consolidação da abordagem alternativa, Carol Kuhlthau (1991, 1993) – cujo modelo para
percebe-se a adoção de referenciais teóricos observação do processo de busca da informação
das Ciências Cognitivas por vários autores da considera incertezas inerentes aos indivíduos
Ciência da Informação que entendiam o enfoque – deixa de ser estritamente cognitivista ao se
cognitivo como um caminho promissor para a atentar para os aspectos afetivos que permeiam
área. Brookes (1980) foi um dos precursores da a busca de informação. A atenção aos aspectos
adoção da abordagem cognitivista na Ciência afetivos também foi evidenciada no modelo de
da Informação ao propor a fórmula por ele busca e uso da informação de Choo (2006).
denominada ‘A Equação Fundamental da Ciência Diversos autores teceram críticas à
da Informação’: K[S] + ∆I = K[S + ∆S]. Essa visão reducionista dos estudos com enfoque
equação exprime a ideia de que uma estrutura cognitivista. Tais críticas foram direcionadas,
de conhecimento K[S] se torna uma nova sobretudo, à ênfase dada à natureza individual
estrutura K [S + ∆S] devido à adição de um novo dos processos cognitivos reduzidos à mente
conhecimento ∆S extraído de uma informação dos sujeitos e ao isolamento destes das
∆I. Por meio dela, Brookes enuncia que a adição relações sociais e culturais. Miksa (1999)
de informação é algo que modifica a estrutura criticou a omissão da perspectiva social e
cognitiva dos sujeitos. o foco no usuário individual que recebe a
Estudos que tratam das estruturas de co- informação capaz de preencher uma lacuna
nhecimento e suas alterações, bem como das sobre uma questão definida previamente.
necessidades de informação denotam a forte Frohmann (1992) também criticou o enfoque
presença do cognitivismo na Ciência da Infor- cognitivo individualista argumentando que
mação (ROZADOS, 2007). A discussão acontece ele negligencia os condicionamentos sociais e
em torno dos processos de captação, represen- materiais do existir humano. Hjørland (2002),
tação e processamento de informações vindas questionou a exclusão dos aspectos sociais e
do meio para satisfazer uma necessidade infor- culturais dos sujeitos em estudos cognitivos
macional, privilegiando o sujeito em detrimento e sugeriu que as perspectivas social, cultural
de seu contexto social. Sob esse enfoque, a in- e histórica fossem incorporadas aos estudos
formação percebida afeta e transforma o estado de usuários. Para tal, ele propôs a adoção de
de conhecimento do indivíduo, preenchendo as uma tendência sócio-cognitiva como uma
lacunas existentes em seu conhecimento. Além nova maneira de assumir a visão cognitiva,
de Brookes, outra expressão significativa da in- integrando este enfoque ao universo social
fluência cognitivista na Ciência da Informação é e cultural. Por sua vez, Rendón Rojas (2005)
o Anomalous States of Knowledge de Belkin, Oddy alertou que o sujeito não é vazio e a informação
e Brooks (1982a, 1982b), segundo o qual os in- não é um pacote que o preenche.
divíduos passam a buscar informações quando A partir da década de 1990, em
percebem uma anomalia em seu estado de conhe- consequência de críticas direcionadas às
cimento e este é insuficiente para resolver deter- abordagens existentes – tradicional e alternativa
minada situação-problema. – e com o intuito de superar limitações e
A partir da década de 1970, a situação lacunas destas, surgiram iniciativas para o
e o contexto começam a ser entendidos como desenvolvimento de uma abordagem voltada

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A cognição distribuída como referencial teórico para os estudos de usuários da informação

para a compreensão dos sujeitos vinculados a por Cole e Engestron (1993) desde os achados
seus contextos históricos e socioculturais. Essa de Alexander Luria, Alexei  Leontiev, Clifford 
terceira abordagem – denominada social ou Geertz, Lev Vygotsky e outros autores para
sociocultural – está em fase de consolidação e, os quais a atividade mental se inter-relaciona
portanto, não se manifesta de forma expressiva com aspectos físicos, sociais e culturais do
na subárea de estudos de usuários, assim como contexto do indivíduo, sendo os processos
não possui uma base conceitual consolidada cognitivos distribuídos entre os componentes
(ARAÚJO, 2010, 2015). de um grupo cujas ações visam a um objetivo
Visando a construção da base conceitual comum.
para estudos inseridos nessa abordagem, Araújo Assim, a Cognição Distribuída é
(2015) relata que algumas contribuições têm sido entendida como uma abordagem contemporânea
buscadas por autores diversos na epistemologia das Ciências Cognitivas adequada para a
social de Shera, nos regimes de informação compreensão de como a inteligência manifesta-
de Frohmann, na abordagem realista-dialética se no nível sistêmico – e não apenas no nível
de Rendón Rojas, na análise de domínio de cognitivo individual – mediante o estudo da
Hjørland, no interacionismo simbólico e na representação do conhecimento nas mentes dos
etnometodologia. Por sua vez, Araújo (2015) indivíduos e sua propagação entre indivíduos
apresenta sua contribuição sugerindo os conceitos e artefatos (FLOR; HUTCHINS, 1991). Tal
de imaginação (de Durand) e sociabilidade abordagem defende que a cognição, além de
(de Maffesoli) para que estudos conforme a ser um fenômeno distribuído entre dois ou
abordagem social reabilitem a capacidade criativa mais indivíduos, também o é entre indivíduos,
humana e “a ambiência, a potência, o cotidiano, ambientes e artefatos que se relacionam. Esses
o emocional e o imaginário” (ARAÚJO, 2015, artefatos, denominados cognitivos, consistem
online). em dispositivos utilizados pelos humanos em
Considerando essa necessidade de suas atividades para aprimorar ou melhorar a
fortalecer a base conceitual para os estudos cognição e o desempenho (NORMAN, 1991;
de usuários sob a perspectiva da abordagem HUTCHINS, 2002).
social, apresenta-se a seguir os fundamentos Devido às suas características, a
da Cognição Distribuída. Enquanto as Cognição Distribuída se mostra como uma
perspectivas tradicionais das Ciências alternativa às tradicionais teorias cognitivas,
Cognitivas, utilizadas em estudos da abordagem vinculadas a vertentes como o cognitivismo
alternativa, consideram que o indivíduo e o conexionismo. Conforme tais vertentes,
adquire o conhecimento que lhe falta captando os órgãos sensoriais humanos são capazes
e processando a informação, a Cognição de captar a informação existente no mundo
Distribuída considera que a informação, o que, representada em símbolos e armazenada
conhecimento são construções sociais e temporais no cérebro – entendido como uma máquina
que acontecem mediante a interação entre similar ao computador – altera o estado
indivíduos, ambiente e artefatos. de conhecimento do sujeito e gera uma
saída em forma de ação. Quando o intuito é
estudar a informação e o conhecimento como
3 COGNIÇÃO DISTRIBUÍDA construção social a partir da colaboração entre
pessoas e artefatos inseridos em um contexto,
Os fundamentos da Cognição os pressupostos Cognição Distribuída se
Distribuída foram consolidados por Edwin apresentam como uma alternativa promissora.
Hutchins na década de 1990, a partir de A percepção de que, conforme a Cognição
sucessivos estudos sobre sua aplicação, Distribuída, os processos cognitivos extrapolam
como abordagem ou framework, na análise as mentes individuais e podem ser considerados
do processo de navegação em navios a partir das relações funcionais de todos os
(HUTCHINS, 1990, 1995a) e da distribuição de elementos que participam das atividades
processos cognitivos na operação de aeronaves encontra apoio em Hutchins (2000). Para o autor,
(HUTCHINS, 1995b; HUTCHINS; KLAUSEN, a ampliação dos limites da unidade de análise
1996). Entretanto, suas origens são rastreadas e a variedade de mecanismos que podem ser

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considerados como participantes dos processos tais como figuras, gráficos e planilhas são
cognitivos são os princípios norteadores da exemplos de artefatos que auxiliam os
Cognição Distribuída, capazes de distingui- indivíduos em suas atividades.
la de abordagens relacionadas. Ao entender a A noção de representação é bastante
interação entre indivíduos, artefatos e ambientes relevante para a Cognição Distribuída, embora
como distribuída, a cognição passa a ser assuma um significado diferente daquele
vista como um fenômeno contextual e social, utilizado por perspectivas cognitivas tradicionais
construído na interação dos indivíduos entre si para as quais as propriedades e características
e com o ambiente e os artefatos cognitivos nele do mundo e de seus objetos podem ser captadas
existentes. e representadas nas mentes dos indivíduos da
As unidades de análise vistas conforme as forma como são. Agora as representações são
abordagens cognitivas tradicionais possuem seus consideradas como internas (p.ex.: memória,
limites circunscritos às mentes individuais. Am- linguagem) ou externas (p.ex.: mapas, anotações)
pliando os limites, os processos cognitivos são ao indivíduo (HUTCHINS, 1995a). Entretanto,
buscados e considerados onde acontecem. Nesta uma representação externa por meio de
perspectiva, a unidade de análise pode ser um um artefato pressupõe a existência de uma
indivíduo interagindo com um ou mais artefatos, representação mental, pois é necessário um
um grupo de indivíduos interagindo entre si ou intérprete capaz de relacionar um artefato com o
grupos de indivíduos interagindo entre si e com objeto que ele representa. Diferentes intérpretes
artefatos. Hollan, Hutchins e Kirsh (2000) afir- estabelecem diferentes relações entre objetos e
mam que, a partir da variedade de mecanismos suas representações devido às experiências e
considerados como participantes dos processos vivências individuais.
cognitivos e da ampliação dos limites da unidade Por fim, a noção de distribuição social dos
de análise, três formas de distribuição dos pro- processos cognitivos está relacionada à coordena-
cessos cognitivos se sobressaem: (i) distribuição ção de esforços entre diferentes indivíduos para
temporal, (ii) distribuição por artefatos e (iii) dis- a realização de uma atividade, geralmente norte-
tribuição social. ada por um objetivo em comum que dificilmente
Sobre os processos cognitivos distribuídos seria alcançado individualmente. Esses esforços
no tempo, Cole e Engestron (1993) afirmam envolvem tanto o trabalho colaborativo, quanto
que o mundo atual é interpretado e o futuro é a comunicação e até mesmo o uso de resultados
vislumbrado a partir de experiências passadas de atividades anteriores realizadas por outras
dos indivíduos. Isso significa que o indivíduo, pessoas. Ao analisar as atividades na cabine de
ao se deparar com dada situação, recorre a um avião comercial, Hutchins (2000) ressalta que
lembranças de situações similares já vividas e, a pilotar um avião é um trabalho que, atualmente,
partir delas, traça linhas de ação para lidar com não pode ser feito por um indivíduo agindo so-
a situação apresentada. Além disso, a abordagem zinho. O autor ainda afirma que a segurança dos
da situação pode ser feita a partir da experiência passageiros é dependente das habilidades con-
de outros indivíduos que vivenciaram situações juntas da tripulação, bem como do uso eficiente
semelhantes. Como cada indivíduo conhece e dos artefatos presentes na aeronave e que funcio-
vivencia as situações de forma subjetiva, a mesma nam em conjunto.
situação vivenciada por diferentes pessoas pode No mundo contemporâneo, onde
resultar em diferentes visões e aprendizados. imperam as tecnologias e redes de informação
Hutchins (2000) afirma que a e comunicação, a proximidade física entre os
distribuição por artefatos também se estende indivíduos não é uma regra para que aconteça
ao ambiente, pois os artefatos são mediadores a distribuição social do trabalho cognitivo. A
da interação entre indivíduos e ambiente. diversidade de recursos tecnológicos, sobretudo
Para o autor, a dependência de artefatos ferramentas de comunicação e colaboração,
pelas atividades humanas leva à ampliação permite a interação entre pessoas com diferentes
dos limites das unidades de análise, pois elas localizações geográficas e a coordenação de suas
não podem ser totalmente analisadas sem a atividades, assim como a busca e a localização
devida atenção aos artefatos. Ferramentas, quase instantânea de informações oriundas de
instrumentos e representações simbólicas, diversas fontes.

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A cognição distribuída como referencial teórico para os estudos de usuários da informação

Para alguns autores (COLE; ENGESTRON, 4.1 Etnografia Cognitiva


1993; HOLLAN; HUTCHINS; KIRSH, 2000), o
estudo dos processos cognitivos distribuídos é Inicialmente observa-se a tradição do uso
indissociável do estudo da cultura, posto que da etnografia em pesquisas qualitativas cujos
os indivíduos vivem em complexos ambientes objetivos se voltam para análise de práticas
culturais. Experiências culturais passadas culturais em contexto. São diversas as definições
influenciam a interpretação do mundo atual para a etnografia, entretanto Ball e Ormerod
e a percepção do futuro. Considerar que as (2000) apontam que elas se organizam em torno
atividades cognitivas dos indivíduos não de duas principais visões: (i) a etnografia é um
se resumem apenas às suas determinações método cujo cerne é a observação participante in
estruturais, mas se estendem também à interação situ e (ii) a etnografia é um método cujo cerne é
com seus semelhantes e com o meio, possibilita a posição epistemológica, firmemente localizada
repensar os fenômenos relacionados à informação em um quadro sociocultural de referência. Para
e ao conhecimento. Os indivíduos são simultânea os referidos autores, a etnografia em sua forma
e indissociavelmente seres individuais e sociais tradicional, ou prototípica, nem sempre pode
e, portanto, atribuem sentido à informação e ser aplicada com sucesso em todos os trabalhos
constroem o conhecimento a partir de suas – por questões temporais, financeiras, de acesso
vivências. Estas congregam, além da dimensão e outras – e, portanto, variantes da etnografia
cultural, as dimensões sociais, históricas, prototípica também são utilizadas.
emocionais, motivacionais, subjetivas entre Uma dessas variantes é a etnografia
outras. cognitiva, método indicado para estudos
Perante o exposto, destaca-se aqui o desafio fundamentados na Cognição Distribuída. Para
de captar a dinâmica da complexa interação Hollan, Hutchins e Kirsh (2000), os princípios
entre os sujeitos e destes com a informação e o da Cognição Distribuída e a investigação da
conhecimento, considerando ainda a influência distribuição dos processos cognitivos exigem
dos artefatos cognitivos e da distribuição esse novo tipo de etnografia, por meio da qual
temporal. E, diante de tal desafio, apresenta- o interesse do pesquisador deve estar “[...] não
se a seguir duas sugestões metodológicas apenas no que as pessoas sabem, mas em como
consideradas adequadas à condução de estudos elas utilizam o que sabem para fazer o que elas
cuja fundamentação teórica seja a Cognição fazem” (HOLLAN; HUTCHINS; KIRSH, 2000,
Distribuída. p.179, tradução nossa).
Três princípios básicos caracterizam a
4 OPÇÕES METODOLÓGICAS PARA etnografia cognitiva: (i) a coleta de dados em
pequena escala, focando em uma situação
ESTUDOS FUNDAMENTADOS NA representativa durante curto espaço de tempo;
COGNIÇÃO DISTRIBUÍDA (ii) a intencionalidade, posto que a observação
é motivada por um objetivo predefinido e (iii)
A emergência de novos tópicos de a verificabilidade das observações, através da
pesquisa, a adoção de novos quadros teóricos adoção de métodos estruturados de coleta de
e a mudança da forma como se olha para o dados que permitem a validação dos resultados
sujeito informacional e para suas ações dentro (BALL; ORMEROD, 2000). Tal método considera
de um contexto histórico e sociocultural a influência que o contexto social exerce sobre as
demandam novas posturas metodológicas. ações e os significados que emergem no decorrer
Diante dessa demanda e das particularidades das atividades. Assim, os processos cognitivos
da Cognição Distribuída, nas subseções 4.1 e podem ser analisados a partir da interação
4.2 são apresentadas opções metodológicas social e do uso de artefatos cognitivos durante
consideradas promissoras para estudos fenômenos observáveis, posto que conforme
fundamentados na Cognição Distribuída. Hollan, Hutchins e Kirsh (2000) a etnografia
Ambas, com algumas adaptações, estão sendo cognitiva é observacional.
utilizadas pelos autores em um estudo ainda em Williams (2006) afirma que o foco
desenvolvimento e se têm se mostrado bastante da etnografia tradicional é direcionado aos
apropriadas. significados criados por membros de um grupo

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cultural e o foco da etnografia cognitiva se volta 4.2 Distributed Cognition For Teamwork
para a forma como os membros criam esses
significados. Assim, uma importante diferença A Distributed Cognition for Teamwork –
entre ambas é que a etnografia tradicional se DiCoT – é um framework semiestruturado proposto
preocupa com o fato e a etnografia cognitiva se por Blandford e Furniss (2005) para auxiliar a
preocupa com o processo de construção do fato. análise de trabalhos em equipe, com base nos
Ou, nas palavras de Williams (2006, p.838) a princípios da Investigação Contextual (BEYER;
“etnografia tradicional descreve o conhecimento; HOLTZBLATT, 1997) e da Cognição Distribuída
etnografia cognitiva descreve como o (HUTCHINS, 1995a). Inspirada na coleta
conhecimento é construído e utilizado”. etnográfica de dados, a Investigação Contextual
Apesar dessas diferenças, a etnografia visa a coleta de dados em menor escala. Ao
cognitiva se apropria de técnicas e métodos da desenvolver a DiCoT, Blandford e Furniss (2005)
etnografia prototípica, tais como observações, extraíram um conjunto de princípios fundamentais
entrevistas, gravações de áudio e vídeo, entre da literatura sobre Cognição Distribuída.
outras. Hutchins e Klausen (1996) adotaram Subdivididos, esses princípios foram associados a
registros de áudio e vídeo ao analisarem representações gráficas similares àquelas existentes
o padrão de cooperação e coordenação de na Investigação Contextual. Esse processo deu
ações entre pilotos em um simulador de voo. origem a cinco diagramas: (i) físico, (ii) fluxo de
Ball e Ormerod (2000) adotaram observações informação, (iii) artefatos, (iv) social, (v) evolutivo
semiparticipantes e entrevistas informais e não (BLANDFORD; FURNISS, 2005).
estruturadas, registradas em áudio e/ou vídeo, O diagrama físico foca no layout do
em uma pesquisa cujo objetivo era facilitar ambiente e na forma como ele afeta a propagação
a reutilização de informações de projetos da informação. O que pode ser visto, ouvido e
de desenvolvimento de sistemas. Apesar de acessado pelos sujeitos inseridos em determinado
alguns autores não relatarem o tempo de coleta ambiente impacta na realização de suas atividades.
de dados em seus estudos, Ball e Ormerod Assim, analisar o ambiente físico é importante,
(2000) relataram que o período de coleta de posto que ele oferece suporte para a comunicação e
dados se estendeu por seis meses, gerando a interação entre indivíduos e artefatos. No Quadro
aproximadamente 150 horas de registros de 1 são listados os sete princípios da Cognição
áudio e vídeo e 100 páginas de notas. Distribuída associados ao diagrama físico.

Quadro 1 – Princípios da Cognição Distribuída presentes no diagrama físico


Diagrama físico
Espaço e cognição Como o espaço é usado no suporte às atividades, decisões e outros
Percepção Como o layout espacial permite representações
Naturalidade O quão perto a representação está do que ela representa
Apoios corporais sutis Como o sujeito usa o corpo para auxiliar processos cognitivos
Como o sujeito se mantém informado sobre o que aconteceu, está
Consciência da situação
acontecendo e está planejado
Horizonte de observação O que o sujeito pode ver ou ouvir à sua volta
Disposição de equipamentos Como a organização do ambiente afeta o acesso à informação
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de Blandford e Furniss (2005)

O diagrama de fluxo de informação é comunicação entre os ambientes que compõem


uma representação de como a informação flui o sistema cognitivo distribuído e/ou seus
e é transformada dentro do sistema cognitivo integrantes. No Quadro 2 são listados os sete
distribuído (BLANDFORD; FURNISS, 2005). princípios da Cognição Distribuída associados ao
Portanto, o foco da análise se volta para a diagrama de fluxo de informação.

98 Inf. & Soc.:Est., João Pessoa, v.26, n.2, p. 91-105, maio/ago. 2016
A cognição distribuída como referencial teórico para os estudos de usuários da informação

Quadro 2 - Princípios da Cognição Distribuída presentes no diagrama de fluxo de informação

Diagrama de fluxo de informação


Movimento da informação Como a informação se move pelo sistema
Transformação da informação Como a representação da informação muda
Hubs de informação Locais de encontro de fluxos de informação e tomadas de decisões
Buffer Armazena novas informações até o momento de inserção adequado
Largura de banda da
Considera a riqueza de um canal de informação
comunicação
Comunicação informal Considera a importância da comunicação informal
Fatores comportamentais
Considera quais fatores desencadeiam quais comportamentos
desencadeantes
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de Blandford e Furniss (2005)

O diagrama de artefatos concentra-se para o funcionamento do sistema cognitivo


na forma como ferramentas e representações distribuído (BLANDFORD; FURNISS, 2005).
afetam o trabalho cognitio, o que possibilita No Quadro 3 são listados os quatro princípios
identificar quais artefatos são mais utilizados da Cognição Distribuída associados ao
pelos indivíduos e como eles contribuem diagrama de artefatos.

Quadro 3 - Princípios da Cognição Distribuída presentes no diagrama de artefatos

Diagrama de artefatos
Paridade representação-meta Representação explícita da relação entre estado atual e estado-meta
Artefatos mediadores Quaisquer artefatos utilizados na execução da atividade
Criação de scaffolding Como os sujeitos usam o ambiente para facilitar suas atividades
Considera os recursos que são coordenados para auxiliar a ação e a
Coordenação de recursos cognição (p. ex.: planos, objetivos, affordances, história, ação-efeito,
estado atual)
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de Blandford e Furniss (2005)

O diagrama social, ainda pouco como a robustez das atividades e resultados é


desenvolvido, centra-se nos relacionamentos, alcançada e como o sistema aprende a partir do
responsabilidades, objetivos e compartilhamento desenvolvimento e partilha do conhecimento
de conhecimento entre os sujeitos. Seu objetivo entre seus integrantes (RAJKOMAR;
é representar como a estrutura social da BLANDFORD, 2012). No Quadro 4 são listados
organização impacta no sistema cognitivo os dois princípios da Cognição Distribuída
distribuído; como o trabalho é distribuído; associados ao diagrama social.

Inf. & Soc.:Est., João Pessoa, v.26, n.2, p. 91-105, maio/ago. 2016 99
Janicy Aparecida Pereira Rocha, Claudio Paixão Anastácio de Paula e Adriana Bogliolo Sirihal Duarte

Quadro 4 - Princípios da Cognição Distribuída presentes no diagrama social

Diagrama social
Como a estrutura social da equipe relaciona-se com a estrutura-
Estrutura social e estrutura-meta
meta
Propriedades cognitivas
Como o sistema cognitivo é distribuído dentro da equipe.
distribuídas socialmente
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de Blandford e Furniss (2005)

O diagrama evolutivo, assim como o como tal evolução influencia o funcionamento


social, tem sido pouco desenvolvido desde do sistema (RAJKOMAR; BLANDFORD, 2012).
sua proposição. Seu objetivo é representar a No Quadro 5 são listados os dois princípios da
evolução do sistema cognitivo distribuído ao Cognição Distribuída associados ao diagrama
longo do tempo, permitindo o entendimento de evolutivo.

Quadro 5 - Princípios da Cognição Distribuída presentes no diagrama evolutivo

Diagrama evolutivo
Patrimônio cultural Considera elementos acumulados no ambiente ao longo do tempo
Considera que a performance do sujeito melhora em função de sua
Acoplamento especialista
interação e experiência no sistema cognitivo distribuído
Fonte: Elaborado a partir de Blandford e Furniss (2005)

Originalmente, a DiCoT não especifica e realizaram entrevistas intermitentes, posto


as técnicas de coleta de dados, mas sugere que questionamentos não podiam ser feitos
técnicas similares àquelas usadas pela etnografia e respondidos durante algumas atividades.
cognitiva: observação e entrevistas. Estudos que Rocha, Paula e Sirihal Duarte (2015) adotaram
utilizaram a DiCoT como método (BLANDFORD; entrevistas contextuais e observação no estudo da
FURNISS, 2005; SHARP et al., 2006; RAJKOMAR; produção do conhecimento por pesquisadores. O
BLANDFORD, 2012; WERTH; FURNISS, 2012) tempo de coleta de dados nesses estudos variou
adotaram a observação, variando apenas as de duas metades de dias (SHARP et al., 2006) a
modalidades de entrevistas. Além disso, alguns três semanas (WERTH; FURNISS, 2012), períodos
autores optaram por tomar notas em diário de divididos entre observações e entrevistas.
campo e fazer registros de foto e vídeo.
Blandford e Furniss (2005) relatam o
uso de entrevistas nos moldes da Investigação 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Contextual em um centro de controle de
ambulâncias, mas não descrevem os elementos O uso dos constructos da Cognição
selecionados e/ou suprimidos. Sharp et al. (2006) Distribuída como base conceitual para estudos de
e Werth e Furniss (2012) adotaram entrevistas usuários realizados conforme a abordagem social
informais (cujas perguntas surgiam conforme a é temática de pesquisa dos autores desse artigo.
situação observada) para estudar metodologias Seu potencial para estudar a tomada de decisão
de desenvolvimento de software e equipamentos colaborativa em ambientes fluidos e competitivos
médicos, respectivamente. Rajkomar e Blandford foi apontado por Rocha (2013). Já Rocha, Paula
(2012) observaram o trabalho de enfermeiras e Sirihal Duarte (2015) utilizaram a Cognição

100 Inf. & Soc.:Est., João Pessoa, v.26, n.2, p. 91-105, maio/ago. 2016
A cognição distribuída como referencial teórico para os estudos de usuários da informação

Distribuída como fundamentação e a DiCoT se referem como manifestação da inteligência no


como método para compreender as práticas dos nível sistêmico. A partir de então, duas formas
integrantes de um grupo de pesquisa durante de distribuição relacionadas à ampliação dos
a produção colaborativa do conhecimento limites da unidade de análise, um dos princípios
científico. Um estudo similar utilizando a da Cognição Distribuída, se destacam: (i) a
etnografia cognitiva como método encontra-se distribuição por artefatos e (ii) a distribuição
em andamento. social.
Já o presente artigo teve como objetivo Ao se analisar trabalhos que estudam
apresentar uma reflexão mais aprofundada os usuários da informação a partir de uma
sobre como a Cognição Distribuída pode perspectiva cognitiva, geralmente os artefatos
contribuir para a evolução da subárea estudos por eles utilizados e o impacto desses em suas
de usuários da informação, sobretudo para a ações recebem menor ou nenhuma atenção.
abordagem social, sem especificar um objeto Embora os artefatos cognitivos não sejam
empírico ou um contexto, mas sugerindo duas uma dimensão do usuário e nem os processos
opções metodológicas. Ressalta-se que, além cognitivos sejam deles derivados, os artefatos são
das entrevistas e observações, tradicionais na mecanismos mediadores presentes no contexto.
etnografia prototípica e aqui sugeridas para a O uso deles não apenas modifica a forma como
etnografia cognitiva e a DiCoT, diversas outras uma atividade é realizada; antes, eles a facilitam
técnicas podem ser utilizadas para compreender e acrescentam melhorias, inclusive reduzindo o
os múltiplos aspectos presentes na relação tempo de sua realização e o alcance dos objetivos
usuário/informação. traçados. Portanto, artefatos influenciam ações e
A reflexão proposta relacionou as práticas dos sujeitos durante a interação com a
três abordagens de estudos de usuários aos informação.
paradigmas da Ciência da Informação e a A distribuição por artefatos está, de certa
perspectivas cognitivas cuja influência é forma, relacionada à interação entre usuários
percebida na literatura da área. Em seguida, e contexto, posto que artefatos são objetos
tendo como motivação as lacunas das duas presentes em determinado ambiente e este
primeiras abordagens e com o intuito de faz parte do contexto. Além dessa dimensão
contribuir para a consolidação de uma base física, composta por espaço físico e artefatos, o
conceitual para a terceira abordagem, foram contexto é constituído por experiências culturais,
apresentadas a Cognição Distribuída e duas linguagens, vivências individuais, regras
opções metodológicas a ela vinculadas – a sociais e outras, o que o torna intersubjetivo.
etnografia cognitiva e a DiCoT. Esse conjunto O contexto contempla também uma dimensão
teórico-metodológico é indicado para subsidiar histórica ou temporal, de forma que cada sujeito
estudos que direcionem um novo olhar interpreta o presente e entrevê o futuro por meio
sobre a informação e o sujeito informacional, de suas experiências anteriores e até mesmo
considerando este como indissociável de seu das vivências de seus pares, o que relaciona o
contexto histórico e sociocultural e aquela como contexto à distribuição social.
resultante de um processo constitutivo individual A distribuição social, nos moldes da
e social. É importante frisar que devido às Cognição Distribuída, difere um pouco da
suas particularidades, a Cognição Distribuída noção de sociabilidade que se volta para “as
é indicada para a compreensão de contextos estruturas complexas ou orgânicas, a cultura,
caracterizados pelo trabalho colaborativo que as pessoas, os grupos afetuais, as relações
visa a um objetivo comum. tribais e a alternância identitária” (ARAÚJO,
A noção de distribuição em contextos 2015, online). A distribuição social se aproxima
coletivos é um elemento que a Cognição mais da ideia de socialização, entendida pelo
Distribuída pode agregar às pesquisas da referido autor como estruturas sociais, regras,
abordagem social. Tal concepção está vinculada convenções e papéis estabelecidos pela sociedade
não apenas às relações estabelecidas entre com vistas a realizar um objetivo, um interesse,
usuário e informação, mas também à propagação uma tarefa. Tal aproximação se deve ao fato
da informação entre indivíduos, ambiente e de que, conforme os constructos da Cognição
artefatos, processo ao qual Flor e Hutchins (1991) Distribuída, a distribuição social ocorre através

Inf. & Soc.:Est., João Pessoa, v.26, n.2, p. 91-105, maio/ago. 2016 101
Janicy Aparecida Pereira Rocha, Claudio Paixão Anastácio de Paula e Adriana Bogliolo Sirihal Duarte

da coordenação de esforços de dois ou mais captados e representados na mente dos sujeitos


indivíduos visando a um objetivo comum. tal como são e não se alteram conforme os
Apresentadas as diferenças, entende-se que a referenciais individuais. Já a abordagem social,
noção de distribuição social é adequada para assim como as perspectivas cognitivas mais
contextos entendidos como sistemas cognitivos recentes, entende o contexto como um elemento
distribuídos. Estes são caracterizados pela junção constitutivo das ações do sujeito e, ao mesmo
de partes interdependentes e bem organizadas, tempo, por elas constituído a partir de uma
executando tarefas complexas para atingir um relação dialógica. Nesse caso, não se captura,
objetivo comum. Já a noção de sociabilidade representa e interpreta objetos tal como são.
é adequada para contextos onde “a relação é O contexto e seus objetos são interpretados
estabelecida entre os atores pela própria relação, conforme referenciais construídos individual e
sem um objetivo, um interesse, uma tarefa coletivamente.
definidos” (ARAÚJO, 2015). Pensar o sujeito informacional em
A aproximação da abordagem conformidade com os princípios da Cognição
sociocultural dos estudos de usuários com Distribuída implica em considerá-lo do ponto de
a Cognição Distribuída é evidenciada, vista da abordagem sociocultural. Esta enfatiza a
principalmente, a partir do objetivo de ambas de coletividade e a intersubjetividade dos sujeitos
compreender as interações dos sujeitos inseridos inseridos em um contexto social, cultural e
em determinado contexto e permeadas por histórico. Conforme a Cognição Distribuída, a
fenômenos informacionais. Isso não significa que distribuição social é caracterizada pelas interações
estudos pertencentes à abordagem alternativa, entre sujeitos, sem eliminar a subjetividade
vinculados ou não às perspectivas cognitivas destes e a distribuição temporal é caracterizada
tradicionais, desconsiderem o contexto. O que pela evolução histórica das interações. Ambas as
muda é o olhar direcionado a ele. A abordagem formas de distribuição acontecem em um contexto.
alternativa, assim como as perspectivas Essa convergência viabiliza a aproximação
cognitivas tradicionais, considera o contexto da abordagem sociocultural com a Cognição
como um elemento que intervém nas ações dos Distribuída para a compreensão das interações
sujeitos e que pode direcioná-las ou moldá- dos sujeitos, considerando os fenômenos
las. Assim, objetos existentes no ambiente são informacionais nelas envolvidos.

Artigo recebido em 18/04/2016 e aceito para publicação em 21/08/2016

DISTRIBUTED COGNITION AS A THEORETICAL FRAMEWORK


FOR INFORMATION BEHAVIOR STUDIES

ABSTRACT From the established relationships between the three approaches of the information behavior studies
and the paradigms of Information Science, the influence of cognitive perspectives in these approaches
is pointed. Then Distributed Cognition and two methodological options related to it – Distributed
Cognition for Teamwork and cognitive ethnography – are presented. Both are seen as a high potential
theoretical and methodological framework for the social approach information behavior studies.
The reflection carried out shows that this theoretical-methodological set is indicated to subsidize
information behavior studies guided by the social approach, called information practices studies.

Keywords: Distributed Cognition. Distributed Cognition for Teamwork. Cognitive Ethnography. Information
behavior studies.

102 Inf. & Soc.:Est., João Pessoa, v.26, n.2, p. 91-105, maio/ago. 2016
A cognição distribuída como referencial teórico para os estudos de usuários da informação

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