Abordagens Conceituais e Relacionais Entre Extensão Universitária e Mediação Da Informação

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Antonio Marcos Ribeiro Frutuoso e Jonathas Luiz Carvalho Silva 261

Abordagens conceituais e relacionais entre extensão universitária e mediação da


informação

Abordagens conceituais e relacionais entre extensão


universitária e mediação da informação
Conceptual and relational approaches between university extension and information
mediation
Antonio Marcos Ribeiro Frutuoso
Mestrando em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Cariri – UFCA, Brasil.
E-mail: amarcos.rf@gmail.com
Jonathas Luiz Carvalho Silva
Pós-Doutor em Ciência da Informação pela Universidade Estadual Paulista – UNESP, Brasil.
Professor do Curso de Graduação e Pós-Graduação Stricto Sensu em Biblioteconomia da Universidade Federal
do Cariri – UFCA, Brasil.
E-mail: jonathas.carvalho@ufca.edu.br

Resumo
Apresenta a Extensão Universitária como uma dimensão profícua de estudos e práticas acadêmicas, sendo a
mediação da informação um campo da Biblioteconomia e Ciência da Informação constituída de uma
multiplicidade de intervenções que visam propiciar a interferência em comunidades e demandas contextuais da
sociedade, sejam sociais, culturais, educacionais, tecnológicas etc. Define como problemática a seguinte questão:
Quais as possíveis relações entre Extensão Universitária e mediação da informação? Objetiva abordar as potenciais
relações entre Extensão Universitária e mediação da informação considerando os fundamentos teórico-práticos
que norteiam ambos os objetos de estudo. Utiliza como aspectos metodológicos a finalidade exploratória,
estabelecendo diálogo com o método bibliográfico, utilizando principalmente de artigos mapeados em canais de
informação supraformais, tais como os periódicos eletrônicos e os anais de eventos em meio digital, o que
caracteriza o estudo qualitativo. Discute os aspectos conceituais de Extensão Universitária e mediação da
informação de maneira individualizada visando perceber os atributos norteadores que determinam as possíveis
relações entre essas dimensões. Os resultados demonstram que há várias possibilidades de relação entre a Extensão
Universitária e mediação da informação, tanto no sentido de como a extensão se apropria dos elementos da
mediação e como a mediação pode ser aplicada para otimizar as práticas extensionistas. Conclui que as relações
entre Extensão Universitária e mediação da informação tem como base os aspectos teóricos e práticos que atuam
de forma pedagógica e institucional visando a construção de estratégias, intervenções e interferências trabalhadas
no cotidiano acadêmico de uma forma contextual e direcionadas a sociedade no geral.
Palavras-chave: Extensão Universitária. Mediação da informação - Conceitos - Tipologias. Relações - Extensão
Universitária - Mediação da informação.

Abstract
It presents the University Extension as a fruitful dimension of academic studies and practices, and information
mediation is a field of Information Science and Librarianeconomics consisting of a multiplicity of interventions
aimed at providing interference in communities and contextual demands of society, whether social, cultural,
educational, technological, etc. It defines as problematic the following question: What are the possible
relationships between University Extension and information mediation? It aims to address the potential
relationships between University Extension and information mediation considering the theoretical and practical
foundations that guide both objects of study. It uses as methodological aspects the exploratory purpose,
establishing dialogue with the bibliographic method, mainly using articles mapped in supraformal information
channels, such as electronic journals and events in digital media, which characterizes the qualitative study. It
discusses the conceptual aspects of University Extension and information mediation in an individualized way in
order to perceive the driving attributes that determine the possible relationships between these dimensions. The
results show that there are several possibilities of relationship between university extension and information
mediation, both in the sense of how the extension appropriates the elements of mediation and how mediation can
be applied to optimize extensionist practices. It concludes that the relations between University Extension and
information mediation are based on the theoretical and practical aspects that act in a pedagogical and institutional
way aiming at the construction of strategies, interventions and interferences worked in the academic daily life in a
contextual way and directed to society in general.
Keywords: University Extension. Information mediation - Concepts - Typologies. Relationships – University
Extension – Information Mediation.

InCID: R. Ci. Inf. e Doc., Ribeirão Preto, v. 12, n. 2, p. 261-283, set. 2021./fev. 2022.
DOI: 10.11606/issn.2178-2075.v12i2p261-283
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1. Introdução

Apesar do reconhecimento legal da Extensão Universitária, é imprescindível fortalecer


a prática de sua curricularização, ainda vista como elemento desvalorizado nas universidades.
Mesmo que a extensão se situe inserida nos pilares das universidades públicas, é fundamental
que suas modalidades e eixos sejam fomentadas nos projetos pedagógicos dos seus respectivos
cursos, tendo em vista os benefícios de visibilidade, integração e responsabilidade social na
tríade universidade, curso e sociedade, principalmente em virtude de seus valores democráticos
dirigir-se pari passu com a ameaça real à democracia, os direitos sociais, fatores que buscam
fragilizar a relação da universidade com a sociedade.

Sobre a mediação da informação, considerada um dos grandes objetos da Ciência da


Informação (CI), essa dimensão se constitui de uma multiplicidade de intervenções (ações
coletivas) que visam propiciar a interferência (construção e reconstrução de conhecimentos) em
comunidades e demandas contextuais da sociedade, sejam sociais, culturais, educacionais,
tecnológicas etc. Além disso, ao compreender que o sujeito se torna o principal foco das práticas
mediacionais, deve participar de forma interacionista nos fundamentos de intervenção e
interferência, considerando as particularidades/necessidades de cada segmento participante do
processo de mediação e do usuário.

Nessa perspectiva, tanto a Extensão Universitária como a mediação da informação são


temas de atuação pedagógica e institucional que visam a construção de estratégias e atividades
as quais contribuam e interfiram na comunidade. Ou seja, a Extensão Universitária também
prima pela intervenção e interferência como a mediação da informação, por isso ambas as
dimensões possuem pontos potencialmente comuns que podem ser explorados e trabalhados no
cotidiano acadêmico de uma forma contextual. Dentro desse contexto, a pesquisa é norteada
pela seguinte pergunta-problema: quais as possíveis relações entre Extensão Universitária e
mediação da informação?

Destarte, as razões que justificam a presente pesquisa, em âmbito profissional, estão


relacionadas aos trabalhos desenvolvidos com questões extensionistas aplicadas em projetos e
cursos de extensão na trajetória acadêmica enquanto pesquisadores e; numa perspectiva mais
profissional, com propostas de mediação da informação aplicada em ambientes informacionais
e organizações escolares. No âmbito social, entende-se a extensão como prática de atuação que
contribui para a formação das pessoas, concepção consolidada por meio do desempenho de

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ações extensionistas no ensino superior, básico e em grupos da sociedade. Já no aspecto


acadêmico, busca-se construir novos conhecimentos aos quais atrelem ou potencializem as
relações entre Extensão Universitária e mediação da informação.

Diante do contexto denotado, a pesquisa tem como objetivo geral abordar as potenciais
relações entre Extensão Universitária e mediação da informação considerando os fundamentos
teórico-práticos que norteiam ambos os objetos de estudo. O âmbito teórico-prático ocorre pela
condição simbiótica entre a Extensão Universitária e mediação da informação, no sentido de
compreender como a extensão se apropria dos elementos da mediação e como a mediação pode
ser aplicada para otimizar as práticas de extensão. Para tanto, será observado essa simbiose a
partir do Quadro 2, o qual revela quais são os pressupostos da mediação da informação que a
extensão pode se apropriar e, no Quadro 3, com as aplicações da Extensão Universitária a partir
dos pressupostos tipológicos da mediação da informação de Silva (2015).

Quanto aos aspectos metodológicos, a pesquisa tem como finalidade o método


exploratório, uma vez que permite explorar/entender a relação entre Extensão Universitária e
mediação da informação com base na literatura de ambos os objetos (GIL, 2010). Sobre a
estratégia, forma de investigação para se chegar ao fim, optou-se pelo método bibliográfico,
utilizando principalmente artigos mapeados em canais de informação supraformais, tais como
os periódicos eletrônicos e os anais de eventos em meio digital, o que caracteriza essa
investigação como sendo de cunho qualitativo.

Dentre os autores contemplados, em relação a Extensão Universitária, evidencia-se o


Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras (FORPROEX)
referente aos anos de 2001, 2007 e 2012, Nogueira (2005) e Freire (2006). Quanto a mediação
da informação, ressalta-se Marteleto (2006), Almeida Júnior (2009, 2015), Gomes (2010),
Araújo (2012), Silva (2015), dentre outros. Já nas relações entre Extensão Universitária e
mediação da informação, menciona-se Silva (2015, 2016, 2017a, 2018) e Silva e Farias (2018).

No que concerne a proposta estrutural do presente artigo, em primeiro lugar, têm-se as


questões conceituais que norteiam a Extensão Universitária. Em seguida, aborda-se a mediação
da informação, suas principais percepções conceituais até a definição dos conceitos sólidos,
tipologias de mediação e aplicação na prática profissional. Por fim, trata-se das questões
norteadoras das relações entre Extensão Universitária e mediação da informação a partir da
tipologia de mediação de Silva (2015).

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2. Extensão universitária

No limiar da segunda metade do século XIX, surge na Universidade de Cambridge da


Inglaterra, a Extensão Universitária com a criação de um programa formal de “cursos de
extensão” a ser levados por seus docentes a diversas regiões e segmentos da sociedade, sendo
que das três dimensões constitutivas da universidade a extensão foi a última a surgir (SILVA,
2017). Em âmbito nacional, as atividades de Extensão Universitária remontam ao início do
século XX. Suas primeiras manifestações, através de cursos e conferências, foram realizadas
em 1911, a exemplo de faculdades tais como: Filosofia, Ciências e Letras, Direito e Medicina,
que posteriormente (em 1934) se constituíram como Universidade de São Paulo (USP). Além
disso, houve também prestações de serviço da Escola Superior de Agricultura e Veterinária de
Viçosa de Minas Gerais, na década de 1920. Sobre o primeiro caso, a influência veio da
Inglaterra; já no segundo, dos Estados Unidos.

A primeira referência legal da extensão localiza-se no Estatuto das Universidades


Brasileiras, pelo Decreto nº 19.851, de 11 de abril de 1931 o qual regulava que “[...] a Extensão
Universitária tinha como objetivo dilatar os benefícios da atmosfera universitária àqueles que
não se encontram diretamente associados à vida da Universidade, dando amplitude às atividades
universitárias, e elevar o nível da cultura geral do povo” (BRASIL, 1931, não paginado).

Em sequência, a cerca de 50 anos dessa referência legal (que cobre uma Guerra Mundial
e duas ditaduras só no Brasil), surge no fim da década de 1980 o FORPROEX, entidade
responsável por articular e definir as políticas acadêmicas de extensão. A organização desse
órgão propicia à comunidade acadêmica uma conceituação mais precisa da extensão. A
Constituição Federal de 1988 preceitua a “[...] indissociabilidade entre ensino, pesquisa e
extensão” (BRASIL, 2017, p. 123) e determina que “[...] as atividades universitárias de pesquisa
e extensão poderão receber apoio financeiro do poder público” (BRASIL, 2017, p. 125).

Com a institucionalização da extensão na constituição, não demorou para a legislação


do Ministério da Educação (MEC) através da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDB), Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, estabelecer que a educação superior tem por
finalidade “[...] promover a extensão, aberta à participação da população, visando à difusão das
conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e tecnológica
geradas na instituição” (BRASIL, 1996, não paginado). E, para o fortalecimento da extensão
nas Instituições de Ensino Superior (IES), a lei supracitada institui que “[...] as atividades

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universitárias de pesquisa e extensão poderão receber apoio financeiro do Poder Público,


inclusive mediante bolsas de estudo” (BRASIL, 1996, não paginado).

Seguindo essa linha de raciocínio, com o reconhecimento legal da extensão, em meados


de 2001, o FORPROEX elabora o Plano Nacional de Extensão Universitária pactuando novas
perspectivas conceituais: “A Extensão Universitária é o processo educativo, cultural e científico
que articula o Ensino e a Pesquisa de forma indissociável e viabiliza a relação transformadora
entre universidade e sociedade” (FORPROEX, 2001, não paginado). Ao concretizar que a
extensão é parte indispensável do pensar e fazer universitário, busca-se a institucionalização
dessas atividades, tanto do ponto de vista administrativo como acadêmico.

Nesse contexto, o FORPROEX elabora o documento “Extensão Universitária:


organização e sistematização” e estabelece as seguintes modalidades de atuação para
consecução de suas premissas e contribuir para com as demandas da sociedade: a) programas
(conjunto articulado de projetos e outras ações); b) projetos (ação processual e contínua de
caráter educativo, social, cultural, científico ou tecnológico); c) cursos (abrande atualização,
capacitação e/ou aperfeiçoamento); d) eventos (seminários, palestras, campanhas, congressos,
outros); e) prestação de serviço (trabalho ofertado pela Instituição de Educação Superior ou
contratado por terceiros) e; f) produção e publicação acadêmica (produtos acadêmicos
decorrentes das ações de extensão) (FORPROEX, 2007).

Averígua-se, conforme as categorias supramencionadas, uma rede de nichos temáticos


que podem ser planejados, desenvolvidos e executados por meio de metodologias dialógicas,
interacionistas e interdisciplinares. Desse modo, um dos fenômenos pelos quais intercorre a
mediação na extensão é através dessas modalidades, uma vez que se pode mediar via programa,
projeto, evento, curso, prestação de serviço e produção e publicação acadêmica.

Com isso, mediante à sistematização determinada para a realização das ações de


extensão, logo foi possível vislumbrar o fortalecimento dessa dimensão fazendo-se necessária
uma nova conceituação. Com a elaboração da Política Nacional de Extensão Universitária pelo
FORPROEX, define-se extensão como o “[...] processo interdisciplinar, educativo, cultural,
científico e político que promove a interação transformadora entre Universidade e outros setores
da sociedade” (FORPROEX, 2012, p. 15), por especular a postura que a universidade deve
assegurar para com a comunidade interna (docentes, discentes, técnicos) e externa (a sociedade
em geral).

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Além dessa sólida conceituação, determina o FORPROEX (2012) que as práticas de


extensão devem ser norteadas por princípios e políticas públicas, que visam sua construção e
aprimoramento contínuo pelas universidades públicas. Sua atuação compreende três eixos
integradores - áreas temáticas, território e grupos populacionais. Com foco no eixo das áreas
temáticas, são sistematizadas por oito campos que determinam as ações de Extensão
Universitária (desenvolvidas através de suas modalidades) com grandes focos de política social,
a saber: Comunicação; Cultura; Direitos Humanos e Justiça; Educação; Meio Ambiente, Saúde;
Tecnologia e Produção; e Trabalhos (FORPROEX, 2012).

Com esse escopo e compromisso, Nogueira (2005, p. 11) reforça a importância de


provocar reflexões sobre a extensão,

[...] refletir sobre a extensão é um desafio para aqueles que a entendem e desenvolvem
com qualidade acadêmica tão importante quanto as outras atividades, o ensino e a
pesquisa, considerando que as três funções da Universidade compõem o processo
acadêmico que se estendem desde a produção do conhecimento até a transmissão dos
resultados.

Nessa acepção, Freire (2006) acentua que a extensão se tornou processo primordial que
tem como intuito obter resultados satisfatórios tanto para as comunidades assistidas quanto para
as próprias instituições de ensino. O fator determinante no ensino de qualidade implica na
inclusão dos discentes frente a realidade social do país, objetivando beneficiar, por um lado, a
sociedade e, por outro, a formação cidadã e profissional deste. Entende-se que essa relação
caracteriza a extensão como dimensão que favorece o diálogo entre o conhecimento científico
e os saberes da sociedade.

Para tanto, é imprescindível efetivar a curricularização da extensão nas praxes


acadêmica (conforme determina o Plano Nacional de Educação - PNE, 2014-2024), acarretando
em benefícios mútuos para as comunidades envolvidas. A partir dessa integração, é
imprescindível a promoção de práticas as quais capacitem os sujeitos a atuarem eticamente na
sociedade, através de um processo educacional que proporcione a inclusão, participação política
e crítica do alunado comprometido com as causas sociais.

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3. Mediação da informação

A mediação na perspectiva etimológica, adquire a partir da ligação entre mediação e


informação, a preposição “da” (preposição de + artigo “a”), classificada como um artigo
genitivo, designando a relação derivacional entre ambos os elementos. Nesse sentido, é
necessário refletir sobre o tipo de informação dessa dimensão, tornando-se pertinente a
discussão sobre o paradigma da informação na CI.

O paradigma social na CI, emerge no início da década de 1990 a partir da conferência


realizada na Finlândia, tendo como principais representantes Hjørland e Albrechtsen (1995),
Hjørland (2002) e Capurro (2003). Seu principal enfoque envolve o domínio e processos sociais
na construção coletiva, interacionista e dialógica da informação. Para Capra (1996, p. 16), esse
paradigma representa “[...] uma constelação de concepções, de valores, de percepções e de
práticas compartilhados por uma comunidade, que dá forma a uma visão particular da realidade,
a qual constitui a base da maneira como a comunidade se organiza”.

Assim, percebe-se uma nova configuração para a informação que supera sua concepção
enquanto elemento contido somente nos suportes físicos como o livro, para uma informação
caracterizada como fenômeno social, presente no cerne do processo cotidiano e das práticas
histórico-sociais (CAPURRO, 2003). Do ponto de vista crítico, Almeida Júnior (2009, p. 97)
concretiza que a informação “[...] está sendo empregada como criadora de conflitos, pois só
estes viabilizam a transformação do conhecimento. A informação não dirime as dúvidas ou
elimina incertezas. Ela exige a reconstrução do conhecimento na medida em que destrói
certezas”.

De fato, a informação não está posta para tirar dúvidas, pelo contrário, ela reconstrói as
dúvidas a fim de produzir novos conhecimentos. Desse modo, a mediação torna-se vital para
entender como a informação é produzida e pode gerar novos questionamentos, ideias e
aplicações, propiciando a reconstrução do conhecimento a partir da tríade - processos, fluxos e
comportamentos informacionais, com a finalidade de atender necessidades singulares e
coletivas.

Para além do paradigma social da informação, a mediação da informação possui, de


acordo com Silva (2017b), uma estreita relação com o objeto da CI uma vez que engloba
aspectos epistemológicos (sentido norteador), objeto temático (processos, gestão, tecnologias e
fluxos de informação) e o suporte/recorte do objeto (mediação e os sujeitos da informação).

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Notoriamente, observa-se pontos centrais tanto no objeto da CI como no paradigma social da


informação: processos, tecnologias, mediação e sujeitos da informação.

Partindo desse pressuposto, é pertinente atentar para o conceito de mediação por dois
motivos:

a) o conceito de mediação prima pela ausência de um consenso com relação a sua


definição, o que permite inferir que até hoje não foi sujeito a um exercício de
apropriação e ajustamento pelos especialistas em CI, e quando usado por estes, foi como
cópia ou tradução direta de certas fontes (MALHEIRO; RIBEIRO, 2011, p. 155);

b) por ser, a mediação da informação um processo de transição e/ou articulação entre a


produção, circulação e a apreensão da informação aproximando emissor e receptor;
serviço e usuário; profissional e usuário (SILVA; SILVA, 2012, p. 3).

Nessa perspectiva, será posto à baila uma percepção crítico-analítica dos conceitos de
mediação da informação na CI, através das associações científico-contextualistas de alguns dos
principais estudiosos luso-brasileiros desse campo, visando assimilar seus diversos sentidos
empreendidos através dessa base epistemológica (Quadro 1):

Quadro 1 – Manifestações conceituais de mediação da informação na Ciência da Informação


(continua...)
Autor/Instituição Percepções conceituais Ano
Regina Maria Marteleto/Escola de Mediação da informação está relacionada à ação social dos 2006
Ciência da Informação (ECI) da sujeitos e está ligada, de um lado, aos meios de produção,
Universidade Federal de Minas apropriação e disseminação de informações e, de outro, aos
Gerais (UFMG) e Aleixina Maria usos, que compõem sua faceta mais indeterminada e instável
Lopes Andalécio/Centro de e que, portanto, abrem brechas para novas mediações, sentidos
Computação (CECOM) da UFMG e realidades.
Aida Varela Varela/Universidade “[...] os elementos que compõem a mediação são os que vão 2008
Federal da Bahia (UFBA) permitir a harmonia de objetivos entre o que busca o usuário
e o que o profissional oferece” (p. 36).
Giulia Crippa / Escola de A autora compreende a mediação da informação a partir de 2008
Comunicações e Artes (ECA) da uma perspectiva cultural em que não basta apenas o ato de
Universidade de São Paulo (USP) intermediar em si. Mas, sim, apropriar-se das mensagens e dos
signos, constituindo um processo de mediação cultural
completo.
Marco Antônio de Almeida “Na mediação da informação e cultura, ressalta-se o caráter 2008
ECA/USP eminentemente social da questão informacional, ou seja, o de
que nenhuma questão informacional poderia ser formulada
fora de uma ambientação da sociedade e da cultura, o que
permite a construção das perguntas de informação do ponto de
vista da sua produção e apropriação coletiva” (p. 20).
Armando Malheiro da A noção da mediação da informação está inserida no contexto 2009
Silva/Faculdade de Letras da do paradigma custodial ou patrimonialista/tecnicista, em que
Universidade do Porto e Investigador a prioridade estava em guardar o patrimônio cultural
do Centro de Estudos em Tecnologia incorporado e acumulado, não no acesso ou na difusão plena
e Ciências da Comunicação (CETAC) e, no paradigma pós-custodial e informacional, o qual
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configura-se como uma multi-mediação.


Gisele A. Ribeiro Sanches / A “[...] mediação da informação se constitui como um 2010
Universidade Federal de Mato Grosso processo de fluxo e refluxo dos processos culturais, de
do Sul (UFMS) e Sinomar Ferreira do maneira a contribuir com a fixação do adquirido, bem como
Rio / Faculdades Integradas de Nova potencializando ações transformadoras” (p. 112-113).
Andradina
Henriette Ferreira Gomes / UFBA Para se pensar o conceito de mediação da informação, a autora 2010
ressalta que é preciso situá-la como ação vinculada à vida, ao
movimento, ao processo de construção de sentidos.
Adriana Bogliolo S. Duarte / UFMG “[...] por trás do conceito de mediação informacional está a 2011
satisfação das necessidades informacionais dos indivíduos.
Como os estudos de usuários visam conhecer as necessidades
informacionais dos indivíduos, eles se configuram em
excelente instrumento de trabalho para os mediadores de
informação” (p. 782).
Carlos Alberto Ávila de Araújo / “[...] a ideia de mediação, isto é, de uma intervenção 2012
UFMG intencional, de um ‘colocar-se entre’ e, por meio justamente
desta ação, fazer se relacionarem diferentes sujeitos,
instituições e instâncias” (p. 15).
Carlos Cândido de Almeida / “[...] a mediação da informação é um processo semiótico geral 2012
Universidade Estadual Paulista decorrente de uma atividade interacional que influi na
(UNESP) apropriação da informação e na transformação desta em algo
mais elaborado” (p. 11).
Oswaldo Almeida Júnior / A mediação da informação é: “[...] toda ação de interferência 20151
Universidade Estadual de Londrina - realizada em um processo, por um profissional da
(UEL) / Universidade Estadual informação e na ambiência de equipamentos informacionais -
Paulista Júlio de Mesquita , direta ou indireta; consciente ou inconsciente; singular ou
Filho (Unesp), Campus de Marília plural; individual ou coletiva; visando a apropriação de
informação que satisfaça, parcialmente e de maneira
momentânea, uma necessidade informacional, gerando
conflitos e novas necessidades informacionais” (p. 25).
Jonathas Luiz Carvalho Silva / A mediação da informação compreende: “[...] um conjunto de 2015
Universidade Federal do Cariri práticas construtivas de intervenções e interferências regidas
(UFCA) por intencionalidades, normas/regras, correntes teórico-
ideológicas e crenças concebidas pelo profissional da
informação em interação com os usuários no âmbito de suas
realidades cotidianas e experienciais, indicando
procedimentos singulares, coletivos e/ou plurais de acesso e
uso da informação, estimulando à apreensão e apropriação
para satisfação de necessidades de informação” (p. 103).
Maria Giovanna Guedes Farias / “[...] a mediação da informação representa uma oportunidade 2016
Universidade Federal do Ceará (UFC) de atuar junto a comunidades urbanas, para ampliar as
possibilidades de ação dos sujeitos dessas comunidades no
mundo, de modo a serem reconhecidos e se reconhecerem,
como uma forma de motivar cada morador a lutar por
melhorias para si e para a coletividade, construindo um mundo
melhor no presente e para a posteridade” (p. 342).
Janaina Ferreira Fialho / Universidade “A mediação da informação, tal qual vem sendo estudada na 2017
Federal de Sergipe (UFS), Martha Ciência da Informação e na Biblioteconomia, caracteriza-se
Suzana Cabral Nunes/UFS, Telma de como um processo que engloba diferentes atores, saberes,
Carvalho/UFS dispositivos, ambientes e sistemas, interligados pelo interesse,
pela informação, pelo desejo do conhecimento e pela
aprendizagem que permeia todas as suas interfaces” (p. 257).
Fonte: elaborado pelos autores (2020).

1
Conceito atualizado de 2008, em artigo apresentado no IX Encontro Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em
Ciência da Informação (Enancib).
InCID: R. Ci. Inf. e Doc., Ribeirão Preto, v. 12, n. 2, p. 261-283, set. 2021./fev. 2022.
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Abordagens conceituais e relacionais entre extensão universitária e mediação da
informação

Levando em consideração os elementos que norteiam o conceito de mediação da


informação propostos por Almeida Júnior (2015) e Silva (2015), pode-se destacar: o caráter
dinâmico e relacional, enquanto construção, intervenção e interferência a partir do diálogo
estabelecido com o sujeito; como construção de sentidos no que concerne o movimento e a
vida cotidiana dos seres envolvidos em seu processo; vinculada aos processos dialógicos,
interacionistas, desvinculados de hierarquias e procedimentos muito burocráticos nas
intervenções e interferências nos ambientes de informação, seja entre mediador e usuário,
centro de informação e usuário, centro de informação e mediador, centro de informação,
mediador e usuário.

Considerando as ponderações teórico-conceituais da mediação da informação,


principalmente na CI, observa-se um leque de aplicações e percepções conceituais tanto
etimológicas como epistemológicas. Assim, pode-se apreender esse campo como sendo: um
conjunto de práticas mediacionais, que através do método de intervenção e interferência para e
com o sujeito, conforme as necessidades/demandas/desejos/perfis, carregam a potência do
diferente, do criativo, inventivo, em direção a formação de fluxos mediacionais, relações
mediacionais, redes mediacionais e conexões mediacionais.

Naquilo que concerne a aplicação da mediação em ambientes de informação, também


será abordada na concepção dos autores: Almeida Júnior (2009) e Silva (2015). Partindo do
pressuposto que a mediação está presente em todos os fazeres do profissional da informação,
Almeida Júnior (2009, p. 92-93) envidou a distinção da mediação implícita e explícita: a
mediação implícita que “[...] ocorre nos espaços dos equipamentos informacionais em que as
ações são desenvolvidas sem a presença física e imediata dos usuários” e; explícita que “[...]
ocorre nos espaços em que a presença do usuário é inevitável, é condição sine qua non para sua
existência, mesmo que tal presença não seja física [...]” (ALMEIDA JÚNIOR, 2009, p. 92-93).

As tipologias de mediação da informação propostas por Silva (2015) são categorizadas


da seguinte maneira: a) mediação técnica da informação, que são ações de organização,
representação da informação envidadas pelo profissional da informação a fim de estimular o
uso da informação, seja em ambiente físico ou virtual; b) mediação pedagógica da informação,
em que sua condução parte de procedimentos heurísticos, considerando os estudos de usuários,
uso do acervo, das condições tecnológicas, de serviços e produtos, visando uma aproximação
com a comunidade, bem como promover autonomia para o usuário no acesso e uso da
informação; c) mediação institucional da informação, tipologia primordial para a captação de

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informação

recursos (financeiros, pessoais, equipamentos, acervo, instrumentos tecnológicos etc.), no


interior ou exterior à instituição, tencionando a concretização de suas intervenções e
sustentabilidade (razão de existência).

Diante das aplicabilidades da mediação da informação em ambientes de informação, é


possível perceber um lócus extenso de atuação, que junto do profissional da informação e
usuários, formam uma tríade que deve atuar de maneira interacionista em prol da construção
social da informação e conhecimento.

4. Relações entre extensão universitária e mediação da informação

Conforme explicitado nas subseções anteriores, as quais tratam da Extensão


Universitária e mediação da informação, agora, é pertinente conceber as possíveis relações entre
extensão e mediação, em especial, considerando os pressupostos contributivos da mediação da
informação para a dinamização dessa dimensão.

Na busca por identificar na produção científica dos diversos canais de informação,


principalmente nos supraformais (periódicos eletrônicos, a própria internet, portais de
informação científica etc.), constatou-se a ausência de documentos que retratam percepções
conceituais ou o conceito propriamente dito, da relação da Extensão Universitária com a
mediação da informação, visto que ambas as dimensões são tratadas de forma desprendidas e
aplicadas em segmentos da sociedade.

Nessa perspectiva, as discussões nas seções anteriores propiciam dissertar que a relação
entre a Extensão Universitária e a mediação da informação contemplam a extensão através da
prática mediacionista como fenômeno de: a) intervenção e interferência; b) dialógica e
interacionista; c) integração; d) apropriação; e) construção de novos conhecimentos; f)
formação de competências e habilidades; g) solução de problemas; h) satisfação de
necessidades e; i) promoção da autonomia. A priori, esses são os elementos que relacionam a
Extensão Universitária como prática de mediação da informação.

Para justificar os elementos que determinam a relação dessas dimensões, elaborou-se o


quadro que segue determinando os seus principais atributos para consecução do que se
estabelece em sentido epistemológico e pragmático de cada ponto.

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informação

Quadro 2 – Atributos que norteiam a relação da Extensão Universitária com a mediação da


informação
Elemento(s) Fundamento

Intervenção e Contemplam um conjunto de práticas construtivas, tendo o primeiro termo como


interferência finalidade, promover a mudança de um estado para o outro, através de recursos,
fontes e serviços de informação e, a interferência, efetiva-se pela transformação
social, a partir da construção e reconstrução de conhecimentos oportunizada pelas
ações da intervenção, considerando a díade universidade-sociedade e sociedade-
universidade.

Dialógica e Desvinculam hierarquias e procedimentos muito burocráticos nas intervenções e


interacionista interferências, levando em consideração a capacidade de articulação e
mobilização de cada sujeito.

Integração Propicia criar uma rede de relações e vivências em campos do conhecimento


possivelmente distantes, potencializa as ações, constrói encontro para discussões
e gera oportunidades de conhecer novas áreas e possibilidades de atuação
profissional.

Apropriação Pressupõe uma interferência, ou seja, ações que transformam o sujeito em um ser
ativo, a partir das diversas formas de se obter informações, seja através de
projetos, equipamentos culturais e ambientes informacionais, tecnológicos,
dentre outros.

Construção de novos As ações de intervenção e interferência, mediante percepção sobre a realidade


conhecimentos objetiva do enfoque humano a ser considerado, suas múltiplas realidades, o
processo de integração e apropriação constroem um fluxo de conhecimentos
partilhados sob a ótica do diálogo e interação.

Formação de As competências preparam o indivíduo para obter êxito em sua vida social e
competências profissional a partir das formas de conduzir relações, tomadas de decisões,
e habilidades espírito de liderança, capacidade de resolver conflitos e utilizar os conhecimentos
empíricos seja do âmbito social, estudantil, acadêmico e profissional. Quanto a
habilidade, fica evidente ao contextualizar a competência, através da formação de
competências, tenciona-se que os sujeitos apliquem na prática determinada
competência para atuar conforme a circunstância.

Solução de Esse elemento pode ser compreendido, de forma macro, em nível local, regional
problemas e nacional e, de forma micro, envolvendo pequenos e grandes grupos,
contemplando uma série de problemas que envolvem os eixos temáticos
supracitados da extensão, bem como sua articulação com as políticas públicas,
seja ela, social, comunicacional, educacional, ambiental, direitos humanos,
institucional, dentre outras.

Satisfação de Relaciona-se com o estabelecimento da efetiva concretização do conhecimento e


necessidades contemplação das necessidades de informação dos sujeitos, a partir das lacunas
informacionais das quais as ações extensionistas visam abarcar. Destaca-se como
estratégia da mediação da informação para tal fim, o estudo de usuários, serviços
de informação utilitária etc.

Promoção da A partir da integração das ações in loco, o diálogo das necessidades dos
autonomia indivíduos e suas respectivas perspectivas de satisfação, pode-se conceber uma
autonomia de informação. Logo, as modalidades de extensão em consonância as
diversas estratégias de mediação, tais como o estudo de usuários, serviços de
informação utilitária etc., podem estimular práticas independentes e contribuições
individuais e coletivas, visando o estímulo a liberdade no sentido de agir.
Fonte: elaborado pelos autores (2020).

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Abordagens conceituais e relacionais entre extensão universitária e mediação da
informação

Pode-se afirmar, conforme estabelecido no quadro acima, que os elementos norteadores


da relação Extensão Universitária e mediação da informação não se configuram pelo
isolacionismo, mas na ideia cíclica de integração. Posto isto, fundamentado em uma acepção
holística, compreende-se que as práticas extensionistas por meio da mediação, ao promoverem
suas intervenções e interferências através das modalidades da primeira dimensão,
proporcionam o diálogo e interação a partir da integração universidade-sociedade e
sociedade-universidade viabilizando a apropriação em que os sujeitos tornam-se ativos nas
formas de se obter informações. Dessa forma, impulsiona a construção de novos
conhecimentos, oportuniza a formação de competências e habilidades e suas aplicações
práticas, envolvendo-os em busca de estratégias necessárias para geração de soluções de
problemas em abrangências diversas, seja individual ou coletivo.

Por conseguinte, esse processo pode viabilizar a efetiva satisfação de necessidades a


partir da contemplação de lacunas informacionais, assim como constituir novas incertezas e,
por fim, efetiva-se a promoção da autonomia do sujeito, consequência dessa cadeia circular
integradora que promove por meio das diversas estratégias inseridas nas modalidades da
extensão o amadurecimento de suas necessidades, bem como as satisfações informacionais para
o protagonismo social e cognitivo em suas decisões.

Seguindo essa linha de raciocínio, as reflexões propostas por Silva e Farias (2018, p.
112), sobre as relações conceituais entre mediação e serviços de informação, se enquadram nos
pressupostos do que se desenvolve nessa seção, assim como contribuem para potencializar seus
ditos. Com base nesses autores, pode-se explanar que as relações entre a Extensão Universitária
e a mediação da informação residem em uma mutualidade, em que a Extensão Universitária se
constitui de práticas concretas e dinamizam as perspectivas de mediação, enquanto a mediação
da informação dá um sentido lógico, estratégico, técnico, pedagógico e institucional a Extensão
Universitária.

Considera-se que a extensão como prática de mediação da informação é constituída a


partir de dois fatores fundamentais: tipos e eixos, ambos foram denotados em suas respectivas
seções. A mediação estabelece elementos para a dinamização da extensão, por isso, pode-se
afirmar que toda prática extensionista contém aspectos de mediação. Logo, pode-se pensar a
ideia da mediação da informação aplicada a extensão no contexto geral, conforme as alíneas
abaixo promovem e, no contexto específico, conforme o Quadro 3 mais adiante. A seguir, será
abordado os tipos de extensão no cerne da mediação da informação sob uma visão holística:

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informação

a) mediação da informação no âmbito de programas extensionistas: como um conjunto


articulado de projetos e outras ações de extensão (cursos, eventos e prestação de
serviços), pode envolver a criação de uma rede de ações que promovam atividades de
cunho transversal. Por exemplo: ação sobre “Tecnologia da Educação na Escola”, na
perspectiva da integração e interdisciplinaridade, abarcando educadores, cientistas da
computação, bibliotecários, dentre outros. Dessa forma, verifica-se a mediação
contribuindo para a cooperação entre professores podendo englobar um leque de
assuntos tanto em ações internas como externas. Um outro exemplo que pode explicitar
essa situação enquadra-se na mediação da informação como dimensão que coopera para
qualificar profissionais, abrangendo a atuação de múltiplos professores ou profissionais
na gestão, tecnologia, organização, recursos e serviços, uma vez que o programa
contempla um conjunto de projetos, os quais podem estabelecer diálogo e integração
para formar um programa o qual pode ter como finalidade projetar, qualificar, realizar
cursos, eventos e prestação de serviços;

b) mediação da informação no âmbito de projetos extensionistas: podem aglomerar


variados aspectos na perspectiva da prática mediacionista, que vão desde a criação de
serviços, produtos, educação de usuários, preservação da memória, organização e
dinamização de ambientes de informação até às ações culturais. Desse modo, tanto as
estratégias de recursos e serviços de informação como as ações culturais podem
contribuir nesse sentido, através da elaboração de projetos para captação de recursos
(financeiro, humano e infraestrutura); estímulo à atividade artística como dança, teatro,
música etc.; ações de alfabetização de crianças, jovens, adultos e idosos por meio de
atividades culturais (SILVA, 2017a);

c) mediação da informação no âmbito de cursos extensionistas: compreende


fundamentalmente a educação de usuários, pois possui dimensões plurais de atuação,
estabelecida como forma de aproximação entre os ambientes de informação e a
realidade social dos sujeitos/usuários da informação (SILVA, 2018). Assim, pode-se
pensar cursos extensionistas através da educação, com a finalidade de incentivar a
leitura, pesquisa, ensino e aprendizagem em diversos contextos; na saúde, englobando
aspectos de saúde pública, coletiva, preventiva etc.; cultura, através do fomento às
atividades artísticas; trabalho e emprego, por meio de assuntos diversos sobre atuação
profissional em variadas áreas; formação de temáticas do cotidiano, com foco no meio
ambiente, ciência tecnologia, dentre outros;

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Abordagens conceituais e relacionais entre extensão universitária e mediação da
informação

d) mediação da informação no âmbito de eventos extensionistas: a mediação pode


contribuir através das ações culturais tais como eventos (palestras, cursos, minicursos,
diálogos formais e informais, grupos de estudo etc.) que valorizem a cultura das
comunidades, seja escolar, científica e outras; práticas de mediação cultural a respeito
de temáticas sugeridas pelas comunidades (SILVA, 2016);

e) mediação da informação no âmbito de prestação de serviços extensionistas: por


caracterizar-se em ações enviesadas pela prática, pode-se pensar em uma ação específica
para resolver um problema. Por exemplo, prestar um serviço que promova a
interferência, para mostrar como se pode dinamizar a prática de pesquisa na comunidade
escolar, utilizando das fontes de informação da biblioteca escolar; pensar na educação
de sujeitos da informação para com o uso das tecnologias em comunidades diversas;
prestar serviço de incentivo à leitura em Centros Comunitários;

f) mediação da informação no âmbito de produção e publicação científica


extensionista: a mediação pode coadjuvar através da prática de produtos de informação
físico e digital para elaborar manuais de serviços extensionistas a partir das ações
desenvolvidas por eixo; elaboração de manuais/guias/cartilhas para acesso à e-book,
periódicos e anais de eventos sobre extensão; construção de manuais/guias/cartilhas
sobre organização/preenchimento de formulários de projetos de extensão; criação de
manuais/guias/cartilhas para o desenvolvimento das ações de extensão; orientação sobre
a construção de projetos para concorrer a editais internos (própria universidade) e
externos (órgãos de fomento públicos e privados) que envolvem o campo da extensão;
construção de um aplicativo para estabelecer uma rede local/estadual/nacional de
diálogo entre instituições que promovem e fortalecem a extensão; criação de
repositórios institucionais para cadastro da produção científica docente, discente e
técnico-administrativa da universidade (SILVA, 2016).

O cenário delineado assegura que as modalidades de extensão podem ser aplicadas no


âmbito das supracitadas práticas de mediação biblioteconômicas, visando interferir na
comunidade. Essa relação torna-se relevante porque as modalidades da Extensão Universitária
figuram-se conceituais, já a mediação da informação possui caráter aplicacional. Outrossim, as
concepções elencadas da mediação da informação no plano das modalidades extensionistas
podem ser aplicadas nos oito eixos integralizadores da extensão: Comunicação; Cultura;

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Abordagens conceituais e relacionais entre extensão universitária e mediação da
informação

Direitos Humanos e Justiça; Educação; Meio Ambiente; Saúde; Tecnologia e Produção;


Trabalho.

Outro aspecto importante que determina a relação proposta nesta seção, é utilizar as
tipologias de mediação para pensar múltiplas formas de atuação nas modalidades de extensão.
Para tal finalidade, será abordado as tipologias propostas por Silva (2015) já que contemplam
um campo mais amplo de atuação. Considerando que a mediação técnica abrange práticas de
organização, práticas de sinalização, de estímulo à interação, de uso de fontes; a pedagógica
está mais relacionada aos serviços de informação; e a institucional ligada aos processos de
gestão, pode-se explicitar a seguinte questão: Como pensar as tipologias de mediação no âmbito
das modalidades de extensão? Mediante essa indagação, elaborou-se o quadro que segue, sob
uma visão de aplicação pluralista, ou seja, há elementos que se aplicam a vários aspectos
contextuais da extensão.

Quadro 3 – Aplicabilidade das tipologias de mediação da informação nas práticas de Extensão


Universitária (continua..)

Tipos de Tipos de práticas da Aplicações


mediação da extensão
informação

Programa Pode-se pensar na criação de programas para pensar na


organização do conhecimento, o estímulo interativo, o uso de
tecnologias, modelo de uso de equipamentos etc.

Projeto Contempla a criação de serviços, produtos, educação de


usuários, preservação da memória, organização e dinamização
de ambientes de informação, ações culturais e recursos e
serviços informacionais, tanto a mediação à luz do processo
interativo como a mediação da organização de acervo, através
da organização, registro e uso da informação em softwares
gerenciadores.

Curso Pensando em cursos que ofertem a educação de usuário,


entendimento da tecnologia, de organização dos conhecimentos,
ou seja, a partir de uma visão mais técnica da realidade.
Mediação técnica
Evento Compreende a realização de palestras, oficinas, grupos de
estudo, dentre outros, que podem potencializar as ações
extensionistas, além dos elementos que determinam a
organização do acervo para gerar novas pesquisas, serviços e
produtos nesse sentido, seja físico (manual, guia, plano etc.)
como digital (softwares, aplicativos, materiais audiovisuais,
entre outros).

Prestação de serviços Como os eventos, a prestação de serviços, por caracterizar-se em


ações no sentido prático, demanda de fontes de informação para
execução nos diversos eixos.

Produção e Pode-se pensar na prática de organização de acervo, registro e


publicação acadêmica uso das fontes de informação para a elaboração dos produtos

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Abordagens conceituais e relacionais entre extensão universitária e mediação da
informação

físicos e digitais de informação (manuais, e-books, guias,


cartilhas.

Programa Permite a realização de projetos e outras ações de extensão


(cursos, eventos, prestação de serviços) respaldados pelo estudo
de usuários, das questões tecnológicas, de serviços e produtos
etc.

Projeto Também pode-se pensar essa relação através de práticas de ação


cultural, como de recursos e serviços de informação, por meio
de projetos de estímulo a leitura, escrita, produção textual,
atividades artísticas, empreendedorismo etc.

Curso A partir da educação de usuários, torna-se possível pensar


cursos/oficinas/treinamentos com enfoque nos diversos eixos
extensionistas.

Evento Pensar em propor a mediação no Serviço de Informação


Mediação
Utilitária (SIU), utilizando temáticas sobre saúde, cultura e
pedagógica
lazer, utilidade pública, trabalho etc. as quais podem ser
trabalhados em palestras cursos, minicursos, diálogos formais e
informais, grupos de estudo, dentre outras ações.

Prestação de serviços A mediação a partir de serviço de informação, tais como a


Disseminação Seletiva da Informação (DSI), informação
utilitária, educação de usuário, ação cultural, estímulos à prática
de leitura, questões tecnológicas, incentivo a pesquisa, estimulo
ao empreendedorismo etc.

Produção e Através do resultado da realização da mediação de leitura, na


publicação acadêmica pesquisa, DSI e o SIU, é possível pensar em políticas de acesso
à informação (incluindo científica e tecnológica), inclusão
digital e acessibilidade informacional, criados para elucidar os
usuários sobre ações específicas em formato físico e digital.

Programa Essa tipologia de mediação oportuniza pensar nos processos


gerenciais de forma articulada, dos projetos e demais ações de
extensão. Permite planejar as formas para gerenciar e/ou captar
recursos financeiros, pessoais, equipamentos, acervo e
instrumentos tecnológicos.

Projeto Estimula o gerenciamento desde a fixação de objetivos,


definição das linhas de ação, etapas para atingi-los, os recursos
necessários à consecução desses objetivos, até a execução de
serviços, produtos, educação de usuários, preservação da
memória, organização e dinamização de ambientes de
informação e ações culturais.
Mediação
institucional
Curso Por caracterizar-se com carga horária que variam pela
objetividade, a mediação institucional oferece estratégias
formais (técnicas e métodos especializados) para estabelecer
parcerias e pensar noutros recursos inerentes dessa mediação,
com o objetivo de obter resultados eficazes.

Evento A captação de gerenciamento de recursos pessoais e


equipamentos configuram-se como funcionalidade essenciais
para realização de palestras, oficinas, cursos e minicursos.
Apesar do recurso financeiro esculpir-se como relevante para
prática desses eventos, em muitos casos, a prioridade sobressai
nos recursos humanos e infraestrutura.

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Abordagens conceituais e relacionais entre extensão universitária e mediação da
informação

Prestação de serviços Realizar uma interferência através da prestação de serviço,


significa garantir qualidade principalmente dos recursos
humanos, acervo e instrumentos tecnológicos, já que, em
determinados casos, o financeiro pode ser gerado a partir de
determinado serviço. Além disso, essa modalidade, quando
realizada de forma eficaz, viabiliza a captação dos demais
recursos de forma fluida.

Produção e A elaboração de guias, manuais, cartilhas, catálogos, blogs/sites


publicação acadêmica resultantes de ações extensionistas, deve priorizar a captação e
gerenciamento de recursos humanos e os instrumentos
tecnológicos, de maneira estratégica e interativa, o financeiro,
pode ser necessário em casos de elaboração de software e
aplicativos.
Fonte: elaborado pelos autores (2020) adaptado de Silva (2016, 2017a, 2018) e Silva e Farias (2018).

Diante do quadro exposto, as perspectivas de atuação envidadas pela mediação da


informação técnica, pedagógica e institucional é condição sine qua non para identificar como
se pode pensá-las no tocante às modalidades de Extensão Universitária. Por isso, a integração
das tipologias com as modalidades é fundamental para uma articulação estratégica de execução,
posto que há muitas similaridades, particularidades e complementaridades entre ambas as
dimensões, quando atuantes em sinergia, promovem a igualdade de oportunidades,
reconhecimento das diferenças, integração, inclusão e autonomia.

Um outro aspecto que pode ser enfatizado é o compromisso das universidades enquanto
produtora de conhecimento e tecnologia exercerem a responsabilidade social pelo viés da ação
da extensão, principalmente para as comunidades externas. Conforme Silva (2017, p. 73),

[...] deixar de ser uma instituição desarticulada dos interesses sociais e tornar-se
protagonista de um processo educativo capaz de interferir na sociedade é uma
conquista que deve ser galgada por essas instituições. A universidade participativa
está intimamente relacionada à aproximação desta com a realidade externa e provoca
um processo de revisão do processo de interpretação da missão educacional da
instituição.

Essa missão educacional da instituição reflete na formação dos profissionais da


informação que devem considerar esses campos no processo de interlocução como aporte para
propiciar essa educação essencial que contemple a participação do cidadão na sociedade. Logo,
esses aspectos devem ser levados em consideração, pois tanto a Extensão Universitária como a
mediação da informação desempenham um modus operandi de atuação que envolvem uma rede
de nichos temáticos os quais permitem aplicação e proporcionam impacto as comunidades
envolvidas.

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Abordagens conceituais e relacionais entre extensão universitária e mediação da
informação

5. Considerações finais

As discussões da presente pesquisa têm sido focalizadas para responder a seguinte


pergunta: Quais as possíveis relações entre Extensão Universitária e mediação da informação?
Essas relações possuem como base os aspectos teóricos e práticos de ambos os objetos, que
atuam de forma pedagógica e institucional visando a construção de estratégias, intervenções e
interferências trabalhadas no cotidiano acadêmico de uma forma contextual e direcionadas à
sociedade no geral.

Nessa perspectiva, levando em consideração o objetivo geral do estudo, destaca-se,


enquanto relações teóricas entre Extensão Universitária e mediação da informação os seguintes
atributos norteadores, a saber: intervenção e interferência; dialogicidade e interacionismo;
integração; apropriação; construção de novos conhecimentos; formação de competências e
habilidades; solução de problemas; satisfação de necessidades e promoção da autonomia. Esses
podem ser considerados os elementos concepcionais os quais embasam as potenciais relações
entre ambas as dimensões, ou seja, têm-se a ideia da extensão para a mediação.

No que tange as relações práticas entre Extensão Universitária e mediação da


informação, destaca-se, numa perspectiva macro, as propostas aplicativas da mediação
inseridas no contexto dos projetos; programas; cursos; eventos; prestação de serviço e produção
e publicação acadêmica, a fim de potencializar e dinamizar essas modalidades de atuação.
Quanto a noção micro, pode-se vislumbrar claramente as questões aplicacionais a partir dos
pressupostos tipológicos da mediação técnica, pedagógica e institucional as quais contribuem
na tríade planejar/desenvolver/executar das práticas de extensão, considerando as modalidades
supramencionadas. Logo, tais relações figuram-se pela ideia que parte da mediação da
informação para a Extensão Universitária.

Com efeito, fica evidente a relação simbiótica de como a Extensão Universitária se


apropria dos elementos da mediação da informação, do mesmo modo, pensando na aplicação
da mediação para otimizar as práticas de extensão. Além disso, através da compreensão dessas
relações teórico-práticas, identifica-se que as práticas/modalidades da Extensão Universitária
se figuram conceituais, já os atributos da mediação da informação possuem caráter aplicacional.

Em linhas gerais, com o desenvolvimento teórico da pesquisa, denotando a Extensão


Universitária e a mediação da informação de forma particularizada com intuito de estabelecer
as possíveis relações. Vale ressaltar, ainda, outros possíveis temas que o artigo pode suscitar,

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Abordagens conceituais e relacionais entre extensão universitária e mediação da
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tais como: a) relação entre Extensão Universitária e gestão da informação e do conhecimento;


b) Extensão Universitária e Políticas Públicas de Cultura, Educação e Informação (PPCEI); c)
serviços de informação e suas relações com a extensão; d) extensão e competência
informacional; e) metodologia, pesquisa científica e extensão etc.

Por fim, essa investigação não se caracteriza pelo depauperamento do estudo em foco,
todavia, evidencia uma concepção epistemológica (conceitual e aplicacional) que norteia as
relações entre Extensão Universitária e mediação da informação. Ademais, demonstra várias
possibilidades de aplicação para práticas profissionais em ambientes de informação. Portanto,
as relações entre essas dimensões ressaltam o amplo caráter técnico, pedagógico e institucional
da área da Ciência da Informação e Biblioteconomia por envidar diretrizes estratégicas que
pensam, planejam, idealizam e viabilizam aplicações práticas informacionais. E, quando
relacionado a extensão, permitem processos de apropriação, criação de serviços e produtos,
construção de conhecimentos e tomadas de decisão nos diversos grupos e comunidades da
sociedade.

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Artigo submetido em: 09 jan. 2021


Artigo aceito em: 31 maio 2021

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