Apresentação - Clube-Empresa
Apresentação - Clube-Empresa
Apresentação - Clube-Empresa
• SOCIEDADES EMPRESÁRIAS:
Sociedade simples;
Sociedade em nome coletivo
Sociedade em comandita simples;
Sociedade em comandita por ações;
Sociedade limitada – LTDA.;
Sociedade anômima (aberta ou fechada) – S/A;
• Fundações
• Organizações religiosas;
• Partidos políticos;
• Empresas individuais de responsabilidade limitada;
Associações sem fins lucrativos
• Pessoa jurídica de direito privado;
• Estatuto Social.
Sociedade Limitada
• Pode ser constituída por uma ou mais pessoas;
Sociedade limitada unipessoal – Lei nº 13.874, de 2019.
• Contrato Social;
• Art. 1.088 e 1.089 (Código Civil) e Lei nº 6.404, de 1976 (Lei das
S.A.s);
O que é a SAF – Sociedade Anônima do
Futebol (ainda em tramitação legislativa)?
• PL 5.082/2016 (Otávio Leite e Domingos Sávio/Câmara dos
Deputados) e PL 5.516/2019 (Rodrigo Pacheco/Senado Federal);
• Criação de um novo tipo societário no direito brasileiro, específico do
segmento econômico do futebol;
• Inspiração na Sociedade Anónima Desportiva (Portugal e Espanha) e
na Sociedade Anónima Desportiva Profesional (Chile);
• Cisão do departamento de futebol e constituição da SAF;
• A associação civil obrigatoriamente terá participação na SAF (“ações
ordinárias de classe A”), com poderes de decisão sobre matérias
específicas, sujeita a determinadas deliberações;
• O Conselho de Administração é órgão de existência obrigatória e o
Conselho Fiscal funciona permanentemente;
• As demonstrações financeiras da SAF serão submetidas a auditoria
externa;
• A SAF não sucede as obrigações da associação;
• Regras de governança.
E a SPE (Sociedade de Propósito Específico)?
• Código Civil:
Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente
se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade
econômica e a partilha, entre si, dos resultados.
Parágrafo único. A atividade pode restringir-se à realização de um ou mais
negócios determinados.
• Lei nº 11.101/2005 (Lei de Recuperação Judicial):
Art. 50. Constituem meios de recuperação judicial, observada a legislação
pertinente a cada caso, dentre outros:
(...)
XVI - constituição de sociedade de propósito específico para adjudicar, em
pagamento dos créditos, os ativos do devedor.
E a SPE (Sociedade de Propósito Específico)?
• A SPE não constitui um novo tipo societário na ordem jurídica brasileira. Ela se
organiza, sempre, sob uma das formas previstas pela legislação. Pode ser uma
sociedade limitada ou sociedade anônima fechada ou aberta;
• Botafogo de Futebol e Regatas popularizou o termo, recentemente em seu
projeto de clube-empresa, por já possuir uma S/A fechada (Companhia
Botafogo, constituída em 2003) que é a concessionária do Estádio Olímpico
Engenhão junto ao Município do Rio de Janeiro (Poder Concedente). Para
distinguir as duas sociedades empresárias alvinegras que teriam a mesma
natureza jurídica (S/As fechadas) e coexistiriam, cunhou, para a empresa a ser
constituída, a expressão jurídica de “SPE”;
• O “negócio determinado” da SPE alvinegra seria a gestão e exploração do
produto resultante da cisão do atual departamento de futebol do Botafogo de
Futebol e Regatas, nos moldes do que já foi feito pelo Bahia, pelo Vitória, pelo
Figueirense etc. O FIDC e a SPE não se confundem – as dívidas do Botafogo de
Futebol e Regatas com o FIDC seriam pagas com os royalties (créditos) que o
clube receber da SPE pela cessão dos ativos do futebol.
Aspectos Tributários
TRIBUTO ASSOCIAÇÕES CIVIS SOCIEDADES PL CLUBE-
EMPRESÁRIAS EMPRESA
(LTDA ou S/A) (em tramitação
legislativa)
IRPJ Isenção 15% e adicional de Regime especial
10% sobre o lucro de 5% sobre a
receita bruta ou
CSLL Isenção 9% sobre o lucro na fonte pagadora
(a definir tamanho
e transição)
Peter Lim é um magnata de Singapura conhecido por ações filantrópicas. Ele adquiriu
70,4% das ações do Valencia em 2014, convertidas em 82% após o aumento de capital em
janeiro de 2016. Desde então, seis treinadores passaram pela equipe, fato que contribui
para o clube não ter bons resultados na visão de alguns torcedores. Desde o inicio da
temporada que o Valencia atravessa graves problemas financeiros e desportivos, que
forçaram a venda de vários destaques, como o atacante Rodrigo Moreno (para o Leeds
United) e o então capitão Daniel Parejo (para o Villareal). No contexto de reclamações dos
torcedores, a Associação de Pequenos Acionistas do Valencia CF (APAVCF) propôs em um
comunicado uma iniciativa para levantar 336 milhões de euros e, assim, fazer uma oferta
de compra de títulos para a Meriton Holdings, ao que Kim Lim, filha de Peter, respondeu
nas redes sociais: "Mais uma vez. Alguns torcedores do Valencia estão criticando e
falando mal de mim e da minha família. Eles não entendem? O clube é nosso e fazemos o
que quisermos“.
Alemanha
Bayer Leverkusen
100% das ações pertencem à Bayer
• O Clube do Porto, segundo maior time de Portugal – cerca de 20% de torcida, fica sediado na cidade
que dá nome ao clube que a representa, aproximadamente 300 quilômetros ao norte da capital. A
cidade do Porto, litorânea, segunda maior cidade portuguesa, é importante por constituir uma
grande concentração de pequenas e médias indústrias, além de escoar a produção agrícola da fértil
região norte de Portugal, especialmente das vinícolas que produzem o famoso vinho do porto. O
Futebol Clube do Porto praticamente não tem rival na sua cidade-sede, dominando todos os
holofotes sozinho, e possuindo a maioria esmagadora dos torcedores da cidade. Entre 1985 e 2013,
durante 28 anos, o FC Porto deteve a hegemonia do futebol português, conquistando um total de 20
títulos de Campeonatos Nacionais da Primeira Divisão, 2 Ligas dos Campeões da UEFA (1987 e 2004),
2 Mundiais de Clube (1987 e 2004) e 2 Ligas Europa da UEFA (2003 e 2011), o que contribuiu para sua
consolidação como segundo time português em tamanho de torcida. O octagenário Jorge Nuno Pinto
da Costa, símbolo da era de ouro, é o Presidente desde 1982 e, em junho de 2020, foi reeleito com
68,65% dos votos para o 15º mandato à frente do clube.
Portugal
Sporting SAD
63,9% pertencem ao Sporting Associação
26,6% pertencem ao Holdimo (Álvaro Sobrinho)
3,1% pertencem à Joaquim Oliveira
6,4% Outros minoritários
• Filho mais ilustre da “cidade dos arcebispos”, o Sporting Clube de Braga era um clube de
porte médio, que se consolidou como a quarta força nacional, tornando-se, na última
década, um dos maiores embaixadores do futebol português a nível internacional.
Conquistou a Taça de Portugal na temporada 2015/2016 e a Taça da Liga nas
temporadas 2012/2013 e 2019/2020. No âmbito continental, foi Vice-Campeão da Liga
Europa 2010/2011, quando perdeu a final para o FC Porto. Disputa suas partidas no
Estádio Municipal de Braga, construído para a Euro 2004. O Sundown Invest. Ltd.,
sediado em Londres, adquiriu, em 2017, as ações da Braga SAD colocadas à venda pela
Câmara Municipal de Braga, que as detinha.
França
Olympique Lyonnais - Lyon
27,89% Holnest SAS (Jean-Michel Aulas)
19,98% IDG Capital Partners (chinês)
19,48% Groupe Pathé (Jérôme Seydoux)
2,40% Ações em tesouraria
30,25% Free float bolsa de valores
• Fica situado na terceira maior cidade da França. Jean-Michel Aulas é presidente do
Olympique Lyonnais há quase um quarto de século e, nesse período, transformou
um clube de segunda divisão num emblema que conquistou sete títulos
consecutivos de campeão da França nos anos 2000, tendo a liderança em campo de
Juninho Pernambucano. Possui uma fórmula própria de desenvolvimento de
jogadores e contratações pontuais. O Lyon tende a não contratar atacantes, por
considerar que são atletas caros, então formam jogadores de ataque ou contratam
jovens de mercados subvalorizados (como Moussa Dembelé, vindo da Escócia). O
Lyon investe com destaque no futebol feminino e possui o melhor time da Europa.
França
AS Monaco
66,67% Mónaco Sport Investment (Dmitry Rybolovlev)
33,33% Casa de Grimaldi (Família Real de Mônaco)
• O PSG é um projeto de soft power do Qatar, que usa o clube para fazer
sportswashing em meio a denúncias de violações aos direitos humanos e a
tensões com países vizinhos como Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.
O Qatar tem investido maciçamente na equipe proprietária do estádio Parc
des Princes desde 2011, com 1,3 bilhões de euros gastos em contratações,
simbolizadas especialmente pela dupla Neymar-Kylian Mbappé, que chegou
em 2017 por mais de 400 milhões de euros para mudar a história do clube.
Cabe a Nasser Al-Khelaifi, um ex-jogador de tênis, amigo de infância do emir
do Qatar, a administração e a estratégia de relações públicas do projeto do
pequeno emirado, como um ministro sem pasta de seu país.
França
Bordeaux
99,9% La Dynamie
0,01% Bordeaux Associação
• Universidad de Chile (“La U”) é o segundo time com a maior torcida no Chile – cerca
de 20%. Desde 2007, o departamento de futebol é SADP – Sociedade Anônima
Desportiva Profissional (Azul y Azul). Detém ações na bolsa de valores, com regras
de transparência e governança rigorosas. No começo nos anos 2010, encantou a
América do Sul com um futebol envolvente comandando pelo técnico Jorge
Sampaoli e ficou conhecido como “Barcelona das Américas”.
Chile
Universidad Católica (Cruzados SADP)
38,62% Credicorp Capital
16,96% Associação Universidad Católica
14,43% Inversiones Santa Filomena
4,09% Bice Inversione
3,74% Banchile
3,54% BTG Pactual Chile
2,13% Larraín Vial S/A (Leonidas Vial)
2,11% Banco Santander
14,38% Outros pulverizados
• A Católica é conhecida no Chile como o “clube dos endinheirados”. A maior parte da torcida pertence à
classe alta chilena. O próprio estádio San Carlos de Apoquindo fica situado na comuna de Los Condes,
região da capital dominada por carros importados e grandes casarões luxuosos. A Universidad Católica é
o terceiro time com a maior torcida no Chile – cerca de 10%. Desde 2009, o departamento de futebol é
SADP – Sociedade Anônima Desportiva Profissional (Cruzados) e cerca de 84% de seu patrimônio está na
Bolsa de Valores de Santiago, sob a propriedade de instituições financeiras, inclusive do BTG Pactual.
Colômbia
Atlético Nacional
100% Organización Ardila Lülle (Carlos Ardila Lülle)
• A temporada de 2016, comandada em campo pelo treinador Reinaldo Rueda, marcou o reconhecimento que se esperava
há tempos, finalmente com o título da Copa Libertadores da América. Desde o início da década, o Atlético Nacional se
colocou como um dos melhores clubes da América do Sul. Os verdolagas conquistaram cinco títulos do Campeonato
Colombiano e três da Copa da Colômbia a partir de 2011, um sucesso que não viveram nem nos fartos anos 1990, e que os
transformou nos maiores campeões nacionais. Acusado de se beneficiar do Cartel de Medellín, o Atlético Nacional se
desvencilhou desta imagem a partir dos anos 1990. A modernização do clube começa em 1996, quando foi adquirido pela
Organização Ardila Lülle, de Carlos Ardila Lülle, um dos homens mais ricos da Colômbia e dono de um conglomerado que
inclui a marca de refrigerantes Postobón. Neste sentido, os verdolagas deram passos a frente de seus concorrentes em
termos de gestão profissional. A estabilidade financeira, entretanto, não necessariamente era garantia de títulos. E um
homem fundamental nesta nova fase é Juan Carlos de la Cuesta, escolhido presidente pelo conselho executivo depois que
Victor Marulanda renunciou ao cargo. De la Cuesta assumiu o comando sem necessariamente possuir grande experiência
no futebol. Então com 36 anos, o executivo era empregado da Postobón, antes de se tornar gerente administrativo e
financeiro do Atlético Nacional no início de 2010 até que a presidência lhe caiu no colo. E a visão trazida pelo novo
mandatário foi importante para a ascensão dos verdolagas: um dos pilares do trabalho veio com a aproximação
aos torcedores e a busca por novas possibilidades comerciais. Após sete anos, De la Cuesta renunciou à Presidência em
março de 2017, em busca de “projetos pessoais”, culminando com uma leve queda de rendimento esportivo do Atlético
Nacional nos exercícios seguintes.
Colômbia
Junior de Barranquilla
100% Grupo Empresarial Olímpica (Fauad Char)
• Amber Capital é um fundo de investimento fundado em Nova York por Joseph Oughourlian (ex-Société
Générale) e Gilles Fretigne (ex-Lehman Brothers) em 2005. Na Colômbia, seu veículo de investimento é o
fundo Blas de Lezos, administrado por Gustavo Serpa, que comprou a participação majoritária no Millonarios,
time mais popular da capital Bogotá, em 2015. O Amber Capital tem por perfil investir em empresas no
modelo de "fundos oportunistas", ou em termos mais pejorativos, "fundos abutres”: adquirem empresas em
situação difícil por perdas ou dívidas a baixo preço, reorganizam-nas agressivamente para obter lucro e
vendem as suas ações ou, consoante a rentabilidade dos seus investimentos, mantêm-nas. No esporte, os
principais investimentos da Amber Capital são o Millonarios e o RC Lens da Ligue 2 da França. O fundo de
investimento adquiriu o Lens em maio de 2016, após uma situação crítica que o levou ao rebaixamento para a
segunda divisão francesa. O projeto esportivo do Amber Capital no futebol consiste em formar jovens
jogadores para os vender, utilizando uma grande equipe e uma sólida marca como o Millonarios como mantra
e independentemente da obtenção de títulos. Os acionistas minoritários e a torcida expressam seu protesto
com esse modelo comercial em voz alta. Uma solução para esse imbróglio parece pouco viável. E enquanto
não parecer um comprador, parece que haverá Amber Capital por um tempo no Millonarios.
México
CF América S. A. de C. V.
100% Grupo Televisa
• O Club América, fundado em 1916 na Cidade do México, com 13 títulos da Primeira Divisão do
Campeonato Nacional, possui a segunda maior torcida do México – cerca de 16,6%. Desde 22
de julho 1959, é de propriedade do Grupo Televisa, a maior rede de TV local. Com o aporte
financeiro, não tardou ao América figurar entre os protagonistas do futebol do país. A Televisa é
dona de outros dois times de futebol no México – Club Necaxa e Club San Luis (adquirido
recentemente) – com o América sendo a joia da coroa, e é proprietária do Estádio Azteca, o
maior da América Latina (87.523 espectadores) e um dos únicos estádios a sediar duas finais
de Copa do Mundo (1970 e 1986). Emilio Azcarraga Jean, Presidente do Conselho de
Administração da Televisa e neto do fundador, dedica-se também à chamada “divisão de
futebol” do grupo, liderada pelo Club América. O craque do time é o camisa 10 mexicano
Giovani dos Santos, ex-Barcelona e a equipe venceu a Liga dos Campeões da CONCACAF, nesta
década, por duas vezes, nas temporadas de 2014/2015 e 2015/2016.
México
CF Monterrey S. A. de C.V.
100% Grupo FEMSA
• O Monterrey, popularmente conhecido como “Os Rajados”, é da cidade de Monterrey, Nuevo León,
no nordeste do país. É de propriedade da gigante FEMSA, sediada em Monterrey. A FEMSA é a
maior empresa mexicana de bebidas e varejo, opera o maior grupo independente de
engarrafamento de Coca-Cola de todo o mundo e a maior cadeia de lojas de conveniência do país, a
Oxxo. A FEMSA presenteou o CF Monterrey com a construção do estádio mais bonito e tecnológico
do México – El Gigante de Acero, na Grande Monterrey, desenhado pela multinacional de
arquitetura Populous, a um custo de 200 milhões de dólares, sendo inaugurado em agosto de 2015
na oitava edição da Eusébio Cup, quando o Monterrey derrotou o Benfica por 3-0. O Monterrey
possui, nesta década, quatro títulos da Liga dos Campeões da CONCACAF: 2010–11, 2011–
12, 2012–13 e 2019, foi terceiro lugar no Mundial de Clubes da FIFA nas edições de 2012 e 2019 e
tem como destaque, desde 2019, o centroavante Vincent Janssen, 26 anos, da Seleção Holandesa e
ex-Tottenham Hotspur, eleito a Revelação do Futebol Neerlandês na temporada 2015/2016,
tornando-se o time mexicano mais vencedor da década.
México
CD Guadalajara – Chivas S. A. de C. V.
100% Grupo Omnilife (Jorge Vergara)
• O Chivas, com sede em Guadalajara, Jalisco, é o time mais popular do México – cerca de 20,4% da torcida. Junto com o América, é um dos dois
únicos times que nunca foram rebaixados à Segunda Divisão e não permite que jogadores estrangeiros atuem. A equipe tem enfatizado
constantemente os atletas locais (canteras) e tem sido a plataforma de lançamento de alguns jogadores de sucesso internacional, incluindo Omar
Bravo, Javier Chicharito Hernández e Carlos Salcido. A vida do Guadalajara é uma antes de Jorge Vergara e outra depois dele. Após o título
nacional da temporada 1986/87, o Rebanho Sagrado enfrentou problemas para cumprir seu orçamento anual, apesar de contar com o apoio de
milhões de torcedores. Os então mais de 200 associados da Associação Civil decidiram arrendar o futebol em 1993 para Salvador Martínez
Garza. A Promotora Deportiva Guadalajara assumiria o controle do Chivas pelos próximos 10 anos, para que alguém pudesse injetar dinheiro.
Martínez Garza construiu em carteira o que ficou conhecido como “Super Chivas”, com a chegada de reforços caros, voltando ao destaque por
alguns anos. Porém, no final de seu contrato, em uma tentativa de recuperar parte do investimento, começou a vender jogadores. Assim, a última
etapa do Club Deportivo Guadalajara foi de tristes resultados esportivos. A Associação Civil, então chefiada por Francisco Cárdenas, preparava-se
para receber o futebol de volta, quando o empresário Jorge Carlos Vergara Madrigal chegou para convencer os sócios a venderem o clube
todo. Para isso, tiveram de transformar a Associação Civil em Sociedade Anônima. A decisão foi tomada em assembleia realizada no final de
outubro de 2002. Jorge Vergara alienou a infraestrutura do antigo clube, hoje hotel e centro comercial e construiu seu próprio estádio - o Akron,
que sediou a abertura e encerramento dos Jogos Pan-americanos de 2011, para não mais ter de dividir a casa com o rival Atlas, também de
Guadalajara. Ele fez do Chivas uma das marcas mais fortes do futebol mexicano, com licenciamento para mais de dois mil produtos diferentes
que são comercializados tanto no país quanto nos Estados Unidos. As finanças não são mais teoricamente um problema para o clube como
tal, pois gera mais receita do que qualquer outro time do México, embora o divórcio de Jorge Vergara com a ex-mulher Angélica Fuentes tenha
provocado um impacto financeiro no clube nos últimos anos.
México
CF Pachuca S. A. de C. V.
100% Grupo Pachuca (Jesús Martinez Patiño)
• Está sediado na cidade de Pachuca, província de Hidalgo. O Grupo Pachuca, investidor do time,
nasceu em 1993 quando o empresário Jesús Martínez Patiño adquiriu os Tuzos do governo de
Hidalgo e desde então começou a formar um projeto bastante sólido, que hoje já conta com cinco
equipes, quatro delas próprias e mais uma que administram e apoiam financeiramente. Pachuca,
León, Mineros de Zacatecas, Everton de Viña del Mar (Chile) e Talleres de Córdoba (Argentina) são
as equipes que compõem a carteira do poderoso conglomerado mexicano. O Grupo Pachuca optou
por ter franquias em mais de um país, algo parecido com o que acontece com o Abu Dhabi United,
dono do Manchester City (Inglaterra). Entre 2012 e 2017, o bilionário Carlos Slim, que ostentava o
título de pessoa mais rica do mundo, por intermédio da célebre América Móvil teve participação
acionária de 30% no Pachuca e não poupou esforços em fazer a equipe retomar a estatueta no país
que não tinha nenhuma taça na década. O Pachuca foi, enfim, campeão da Liga dos Campeões da
CONCACAF na temporada 2016/2017 e terceiro lugar no Mundial de Clubes da FIFA em 2017. Com
o lugar mais alto do pódio da América do Norte alcançado, Carlos Slim decidiu vender de volta suas
ações ao já majoritário Grupo Pachuca, mantendo, no entanto, a aliança estratégica com certos
direitos de transmissão, o que permite a América Móvil exibir conteúdos esportivos do Pachuca em
suas plataformas.
México
Tigres UANL (Sinergia Deportiva S. A. de C. V.)
100% CEMEX (até 2026)
• O Club de Fútbol Tigres de la Universidad Autónoma de Nuevo León está localizado na cidade
de San Nicolás de los Garza, na área metropolitana de Monterrey e foi fundado em março de
1960. Exerce o mando de campo no Estádio Universitário, com capacidade para 41.615
espectadores, situado dentro do complexo universitário em San Nicolás de los Garza. É a
equipe oficial da Universidade do Estado de Nuevo León. Após algumas negociações, em 1996
foi entregue a gestão da equipe, por dez anos, à Sinergia Deportiva S.A. de C. V., braço
esportivo da CEMEX (Cemento Monterrey) – a segunda maior empresa de materiais de
construção do mundo, atrás apenas da LafargeHolcim. Em 3 de agosto de 2006, a CEMEX
comemorou seus primeiros 100 anos com uma partida entre Tigres e Barcelona-ESP em
Monterrey, vencida pelos catalães. Após sucessivas renovações em 2006 e em 2016, o contrato
de administração e exploração da Sinergia Deportiva S.A. de C. V. com a Universidade vai até
2026. O craque do time, desde 2015, é o centroavante francês André-Pierre Gignac, 34 anos,
titular da Seleção Francesa na Copa do Mundo de 2010.
Quatro perfis “perigosos” de investidores:
Em um futebol super consumido, televisionado para os
quatro cantos do mundo, clubes provocam impactos reais
no cenário eleitoral de uma nação, reposicionam
geopoliticamente líderes globais, viabilizam projetos
financeiros fraudulentos e limpam a imagem de
empresários de origem e práticas duvidosas. Nessa
escala, o futebol-negócio de clubes-empresa serve
basicamente a interesses potencialmente perigosos.
Quatro perfis “perigosos” de investidores:
1. Geopolítica: Estados interessados em fazer dos clubes suas ferramentas de
“soft power”. Emirados Árabes Unidos e o City Football Group. Qatar e o Paris
Saint-Germain. Arábia Saudita e a tentativa de compra do Newcastle United.
China no Inter de Milão.
2. Política eleitoral: personalidades ou grupos políticos dispostos a investir em
um clube de massas para reverter seu sucesso esportivo em capital político.
Silvio Berlusconi no Milan. Jesus Gil (prefeito de Marbella) no Atlético de
Madrid. Sebastián Piñera no Colo-Colo. Fauad Char no Junior Barranquilla.
Mauricio Macri no Boca Juniors [apesar do Boca não ser clube-empresa].
3. Mercado de capitais: grupos financeiros, e seus respectivos representantes
públicos, em busca de projeção de suas imagens e marcas para a atração de
investidores para seus projetos. Bilionário israelense-russo Roman
Abramovich no Chelsea. Sheik Al-Thani, Málaga CF e o mercado imobiliário
espanhol. Bilionário financista de Singapura Peter Lim e o Valencia CF.
4. Alheios: ora desinformados, ora aventureiros, ora mal intencionados. Ao se
apresentarem como homens de negócios bem-sucedidos, conquistam a
confiança de clubes que pretendiam adquirir. Como resultado, é comum vê-los
levando-os à bancarrota junto com os seus próprios fracassos financeiros. O
empresário iraniano Majid Pishyar e a SAD do Beira-Mar (Portugal). Marcos
Ulloa e o Deportes Concepción (Chile).
Prós e contras do modelo associativo
e do modelo do clube-empresa
Associação civil
• Preservação da história e tradição;
• Possibilidade de alternância de poder;
Prós: • Relação de proximidade efetiva com o clube;
• Dificuldade em ter a insolvência civil decretada;
• Carga tributária mais benéfica;
• Obsta investidores aventureiros.
Contras: • Sociedade Política: fragmentação, “coalizão”, nomeações
políticas;
• Maior dificuldade para receber aportes de capital;
• Não coobrigam financeiramente gestores e sócios;
• Número de sócios limitados e poder hereditário
(patrimonialistas);
• Dificuldade de planejar o longo prazo: mandatos de
curto prazo e mudanças de perfil do gestor.
Sociedade empresária (LTDA ou S/A)
• Constituição sob regras “corporativas”: acionistas coobrigados;
• Acionistas têm capital em risco: aumenta interesse na boa gestão;
Prós: • Gestão profissional, sem impacto de origem política interna;
• Maior facilidade para aporte de capital;
• Possibilidade de se financiar com linhas adequadas (prazo e custo).
• Abandono: acionista pode desistir do negócio e deixá-lo à deriva;
• Personalismo: concentração de poder nas mãos de uma pessoa ou grupo pequeno;
•
Contras: •
Torcida pode sentir falta de influenciar nos destinos do clube, perdendo a raiz social;
Má gestão: falta de controles internos ou externos eficientes podem levar à falência;
• Perfil do negócio: negociação de atletas ou interesse competitivo?
• Investidor pode fazer apenas aporte inicial e defender limitações dos gastos do clube-
empresa à sua própria receita (nem sempre “brinquedo de bilionário”). João Saldanha
(1990): “qual torcedor que vai torcer por um balancete?"
• Discordância no relacionamento entre Associação e Acionista Controlador;
• Carga tributária mais elevada – mesmo com PL Clube-Empresa diferença de 5%;
• Aumentos de capital e suporte dos minoritários podem ter limitações se adotar o
modelo dos 50%+1;
• Se S/A aberta, ausência de regulamentação pela CVM. (Divulgação de fato relevante?)
Opções possíveis aos clubes de futebol
constituídos como associação civil
Ou permanece exclusivamente como
Associação civil
1. Cogestão;
2. Parcerias para aquisição de direitos econômicos de
atletas;
3. Criação de empresa de licenciamento;
4. Empréstimo a juros baixo com FIDC;
5. Empréstimo de alta monta com fundos no exterior;
6. Condomínio de credores/pool de credores;
Ou conversão da associação civil em clube-
empresa:
• Transformação total: associação civil transformada, por completo, em
sociedade empresária. Ex.: Clube Atlético Bragantino em Red Bull
Bragantino Futebol LTDA. (mesmo CNPJ: 51.315.976/0001-94); Arts. 84 e
85 da Instrução Normativa DREI nº 81, de 10 de junho de 2020.
• Cisão: associação civil ser cindida, vertido total ou parcialmente seu
patrimônio para sociedades empresárias. Ex.: departamento de futebol
nos casos do Bahia, Vitória, Coritiba, Figueirense, projeto do Botafogo-RJ
etc;
• Incorporação: associação civil ser incorporada por sociedade empresária.
(Para o investidor inicial, é menos burocrático fazer a transformação total.
Por outro lado, será necessária se investidor quiser ter dois clubes, em
decorrência da proibição de haver duas equipes controladas pelo mesmo
grupo econômico.);
• Fusão: associação civil pode ser fundida com sociedade empresária, de
modo que, ao final da fusão, remanesça sociedade empresária.
PL do Clube-Empresa
Objetivos do PL do Clube-Empresa
• O Clube-Empresa, em todo o planeta, é regulado em duas esferas:
esportiva e legal. Na primeira, no Brasil, seria pela CBF (ainda
pendente), com sanções, p. ex., de cancelamento da participação em
competição e a equipe ser desvinculada da Federação (fair play
financeiro?). Na segunda, pelo PL do Clube-Empresa.
• Por força do art. 217, inciso I da CRFB-1988, a transformação dos
clubes de futebol em sociedades empresárias deve ser facultativa (o
clube pode permanecer no regime que já está);
• Criação de incentivos visando a migração do modelo associativo para
o empresarial;
• Corrigir o sistema atual: ausência de diretrizes legais à
implementação do processo;
• Corrigir as limitações legais à transformação dos clubes em
sociedades empresárias (p. ex. redução da carga tributária,
recuperação judicial etc).
Acréscimos do PL Clube-Empresa:
• Sucessão de todas as obrigações da associação civil, inclusive as de
natureza tributária e as derivada da legislação do trabalho, na hipótese
de cisão, incorporação e fusão. O passivo acompanha o ativo. Intuito de
evitar fraude. Distingue do projeto do Botafogo-RJ, no qual o passivo
fica na associação civil e o ativo do futebol migra para a SPE, e coíbe
ainda o uso indevido da Coritiba Futebol S/A “limpa”:
Lei Pelé:
Art. 18-D. Os dirigentes que praticarem atos de gestão irregular ou temerária poderão
ser responsabilizados por meio de mecanismos de controle social internos da
entidade, sem prejuízo da adoção das providências necessárias à apuração das
eventuais responsabilidades civil e penal.
Art. 27. [...]
§ 11. Os administradores de entidades desportivas profissionais respondem solidária
e ilimitadamente pelos atos ilícitos praticados, de gestão temerária ou contrários ao
previsto no contrato social ou estatuto, nos termos da Lei no 10.406, de 10 de janeiro
de 2002 - Código Civil.
Acréscimo do PL Clube-Empresa:
• Responsabilidade dos administradores:
Lei 6.404:
Art. 159. Compete à companhia, mediante prévia deliberação da assembléia-geral, a ação de
responsabilidade civil contra o administrador, pelos prejuízos causados ao seu patrimônio.
§ 1º A deliberação poderá ser tomada em assembléia-geral ordinária e, se prevista na ordem do dia, ou
for conseqüência direta de assunto nela incluído, em assembléia-geral extraordinária.
§ 2º O administrador ou administradores contra os quais deva ser proposta ação ficarão impedidos e
deverão ser substituídos na mesma assembléia.
§ 3º Qualquer acionista poderá promover a ação, se não for proposta no prazo de 3 (três) meses da
deliberação da assembléia-geral.
§ 4º Se a assembléia deliberar não promover a ação, poderá ela ser proposta por acionistas que
representem 5% (cinco por cento), pelo menos, do capital social.
§ 5° Os resultados da ação promovida por acionista deferem-se à companhia, mas esta deverá indenizá-
lo, até o limite daqueles resultados, de todas as despesas em que tiver incorrido, inclusive correção
monetária e juros dos dispêndios realizados.
§ 6° O juiz poderá reconhecer a exclusão da responsabilidade do administrador, se convencido de que
este agiu de boa-fé e visando ao interesse da companhia.
§ 7º A ação prevista neste artigo não exclui a que couber ao acionista ou terceiro diretamente
prejudicado por ato de administrador.
Acréscimo do PL Clube-Empresa:
• Profissionalismo na administração do clube-empresa: