Ceja Lingua Portuguesa Fasciculo 3
Ceja Lingua Portuguesa Fasciculo 3
Ceja Lingua Portuguesa Fasciculo 3
Unidades 6 e 7
GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Governador Vice-Governador
Wilson Witzel Claudio Castro
Secretário de Estado
Leonardo Rodrigues
Secretário de Estado
Pedro Fernandes
FUNDAÇÃO CECIERJ
Presidente
Gilson Rodrigues
Seja bem-vindo a uma nova etapa da sua formação. Estamos aqui para auxiliá-lo numa jornada rumo ao
aprendizado e conhecimento.
Você está recebendo o material didático impresso para acompanhamento de seus estudos, contendo as
informações necessárias para seu aprendizado e avaliação, exercício de desenvolvimento e fixação dos conteúdos.
Além dele, disponibilizamos também, na sala de disciplina do CEJA Virtual, outros materiais que podem
site da internet onde é possível encontrar diversos tipos de materiais como vídeos, animações, textos, listas de
exercício, exercícios interativos, simuladores, etc. Além disso, também existem algumas ferramentas de comunica-
Você também pode postar as suas dúvidas nos fóruns de dúvida. Lembre-se que o fórum não é uma ferra-
menta síncrona, ou seja, seu professor pode não estar online no momento em que você postar seu questionamen-
to, mas assim que possível irá retornar com uma resposta para você.
Para acessar o CEJA Virtual da sua unidade, basta digitar no seu navegador de internet o seguinte endereço:
http://cejarj.cecierj.edu.br/ava
Utilize o seu número de matrícula da carteirinha do sistema de controle acadêmico para entrar no ambiente.
Feito isso, clique no botão “Acesso”. Então, escolha a sala da disciplina que você está estudando. Atenção!
Para algumas disciplinas, você precisará verificar o número do fascículo que tem em mãos e acessar a sala corres-
pondente a ele.
Bons estudos!
A Narração
Fascículo 3
Unidade 6
A Narração
Para início de conversa...
Você já deve ter reparado que o nosso dia a dia está cercado de momentos
O que há de novo?
E daí, o que aconteceu na aula ontem?
Você não sabe o sonho que tive ontem. Foi assustador! Quer ouvir?
Sabe aquele gato que conheci na nossa festa na empresa outro dia? Encontrei
com ele de novo e foi uma emoção só!
É isso mesmo! Gostamos de saber o que acontece com as pessoas que nos
e até mesmo rimos ou choramos das histórias que nos contam. Fazemos questão
vos. Verdadeiras ou inventadas, mesmo sendo pura ficção, eram, no início, conta-
escritas ou usando outras formas de expressão, as histórias são sempre uma ten-
Assim, contar histórias, escritas ou faladas, é uma das formas que utiliza-
mos para criarmos uma identidade entre as pessoas de nosso grupo, o que nos
permite maior interação no meio em que vivemos. E mais, através dessas histó-
ações. Vamos trabalhar com a narração, com os textos narrativos, suas manifestações, seus elementos e estrutura.
Objetivos de aprendizagem
Reconhecer o conceito de narração.
8
Seção 1
A narração
Podemos dizer que o ser humano é, por natureza, histórico. Precisamos deixar registrada a história da existên-
cia humana: suas conquistas, suas descobertas, sua forma de viver o dia a dia, sua cultura. Fazemos questão de passar
po vai passando.
questões propostas.
Texto 1
- O seu nome?
- Ora, meu senhor, como você espera participar de um concurso para locutor, se
você é gago?
- Não, eu não sou gago. Gago era meu pai e incompetente foi o escrivão que me
A descoberta do Brasil
Pedro Álvares Cabral. À primeira vista, eles acreditavam tratar-se de um grande monte e
tugal e Espanha exploravam o oceano em busca de novas terras.(...) em 1492, Cristóvão Co-
lombo, navegando pela Espanha, chegou à América(...) Diante do fato de ambos terem as
mesmas ambições e com objetivo de evitar guerras pela posse das terras, Portugal e Espanha
assinaram o Tratado de Tordesilhas, em 1494. De acordo com este acordo, Portugal ficou com
as terras recém-descobertas que estavam a leste da linha imaginária (200 milhas a oeste das
ilhas de Cabo Verde), enquanto a Espanha ficou com as terras a oeste desta linha.
(Adaptado de http://www.suapesquisa.com/historia/descobrimentodobrasil/)
Sobre os textos:
desse texto?
10
2. E no segundo, que acontecimento é relatado? E como é feito o relato? O propósito co-
Conforme podemos perceber, embora os dois textos tenham objetivos comunicativos diferenciados na apresenta-
ção dos fatos, eles têm uma função em comum: tomar fatos e contá-los para dar a conhecer aos outros o que aconteceu.
O primeiro texto é uma piada e tem por propósito, pelo relato de uma situação engraçada, provocar no leitor o riso.
O segundo é um texto de natureza didática e tem a função de apresentar ao leitor, o relato de um aconteci-
mento que marcou a nossa história.
Pelo que vimos até agora, narrar é relatar, contar fatos e episódios (reais ou fictícios) passados para dar a conhe-
cer a alguém experiências e vivências. Narrar é contar uma história, curta ou longa.
E, quando narramos?
Narramos quando queremos que os outros saibam o que aconteceu conosco, quer para emocionar, provocar
sentimentos de solidariedade, quer para divertir e mostrar os nossos (pre) conceitos e formas de encarar o mundo
e as pessoas. Nossas conversas, confidências entre amigos, fofocas são exemplos desse tipo de exercício narrativo.
Narramos quando queremos, através de concepções coletivas e culturais, explicar o mundo e seu funciona-
mento e (re) criar realidades. Daqui surgem as lendas e as fábulas, as crônicas, contos, romances etc.
Narramos quando queremos dar a conhecer o que se passa no mundo e na sociedade e aí temos as notícias
veiculadas em telejornais, jornais escritos etc.
Como vimos até agora, o nosso dia a dia está marcado pela narração, em diferentes gêneros textuais. O ser humano
precisa deixar registrado o seu tempo e a forma como vive. As histórias (relatos) passadas de geração a geração, oralmente, fo-
ram e são ainda em algumas comunidades a forma de preservar a cultura de um povo. Com o advento da escrita e das desco-
bertas da imprensa, muitos desses relatos passaram a constituir um acervo para o conhecimento da história da humanidade.
Que tal entendermos um pouco sobre como se estrutura uma narração, quais são seus elementos constitutivos
e suas características?
Apresentamos um exemplo de texto narrativo e algumas questões como desafio para que possamos definir os
A princesa e a ervilha
Era uma vez um príncipe que queria casar com uma princesa — mas tinha de ser uma princesa verdadeira.
Por isso, foi viajar pelo mundo afora para encontrar uma. Viu muitas princesas, mas nunca tinha a certeza
de serem genuínas. Havia sempre qualquer coisa que não parecia estar como devia ser. Por fim, regressava a casa,
muito abatido.
12
Uma noite, houve uma terrível tempestade. No meio dela, alguém bateu à porta e o velho rei, pai do príncipe,
foi abri-la.
Deparou-se com uma princesa. O estado em que ela estava era deplorável. A água escorria-lhe pelos cabelos e
pela roupa, e saía pelas biqueiras e pela parte de trás dos sapatos.
A velha rainha não disse nada e foi ao quarto de hóspedes, onde a moça iria dormir, desmanchou a cama toda
e pôs uma pequena ervilha no colchão. Depois empilhou mais vinte colchões e vinte cobertores por cima.
A princesa respondeu que não havia pregado o olho a noite toda, pois tinha sentido algo na cama que a inco-
Então ficaram com a certeza de terem encontrado uma princesa verdadeira, pois ela tinha sentido a ervilha
através de vinte cobertores e vinte colchões. Só uma princesa verdadeira podia ser tão sensível.
6. Em que tempo e lugar a história ocorre? Que elementos no texto mostram-nos isso?
Você deve ter percebido que as questões já apresentam “pistas” sobre que elementos fazem parte da narração:
o fato, gerador/desencadeador da história, personagens, narrador, enredo (a sequência de fatos e ações que formam
a história em si), o tempo (a ordenação em que as ações são contadas e quando) e o lugar, isto é, o espaço/ambiente,
No texto analisado, o autor Hans Christian Andersen, através de um narrador que não se identifica no texto,
conta a história de um príncipe que procurava incessantemente por uma princesa para se casar.
Em dado momento, numa noite de tempestade, após ele ter retornado à casa, uma moça bate a sua porta. Este
fato desencadeia a história. A rainha resolve se certificar da afirmação da moça de que era uma princesa e coloca uma
ervilha em meio aos colchões e cobertores. E assim, a história vai se desenvolvendo, desenrolando-se, até que a moça
acorda na manhã seguinte e afirma ter sentido algo que a incomodara em meio às cobertas. Este é o ponto máximo
da história, o instante que cria certo clima de suspense no leitor, que vai querer saber o que acontece em seguida.
Dessa forma, através dos outros personagens, reconhece-se que ela era mesmo uma princesa. E a história ter-
A história acontece num tempo distante e num lugar onde havia reis, príncipes e princesas, próximo à natureza.
Assim, este texto é um exemplo típico de narrativa, com elementos característicos da narração: fato, persona-
14
gens, narrador, espaço/ambiente, tempo, enredo – dividido em apresentação, complicação (o fator problema), clímax
A narração pressupõe sempre a existência de um fato gerador/desencadeador para uma sequência de ações
Por fato gerador, entende-se aquele que, numa dada situação e tempo, merece destaque e, por
isso, será narrado. Os fatos geradores podem ser reais ou ficcionais, imaginários, promovendo
relatos referenciais/ informativos, no caso da narração de fatos reais, ou literários, se ficcionais.
Estes fatos geram uma sequência de outros fatos que, articulados entre si, formam o enredo da história.
Personagens
Uma narração envolve a presença de sujeitos que vivem as ações apresentadas. Esses sujeitos podem
ser reais (aqueles que aparecem em relatos referenciais, como notícias de jornal) ou criados pela imaginação de alguém,
personagens (como nos relatos literários, como o conto e a novela, as piadas, as fábulas etc.).
Os personagens são a razão de ser das narrativas, uma vez que os acontecimentos dizem respeito a eles.
Nas narrativas, a indicação do tempo e o espaço é imprescindível, mesmo que de forma implícita, percebida
apenas na medida em que se lê ou ouve-se a história, pois estes elementos estão nas ações narradas que se transfor-
mam em relato.
A narrativa obrigatoriamente insere-se num tempo, uma vez que acontecimentos surgem numa sequência
A duração de uma narrativa pode variar, conforme a espécie de gênero e outras características da história. Nos
“causos”, piadas e anedotas, os acontecimentos duram minutos, às vezes menos. São, portanto, narrativas menores.
Em narrativas em que se focalizam uma ou várias gerações de uma pessoa ou grupo social, ou as etapas de um casa-
mento, por exemplo, o tempo decorrido pode ser bem longo, dando origem a narrativas longas, como nos romances.
Um relato sempre envolve a presença de um autor, que não pode ser confundido com o narrador.
O narrador pode ser um personagem que vive a história ou assiste-a, ou alguém que se coloca como se estivesse do
O narrador é o responsável pela história. Para nos apresentá-la, ele escolhe um ângulo, um ponto de vista de
onde ele nos conta os fatos. Ele funciona como o diretor do filme, no cinema: só vemos o que eles (narrador, no texto,
e diretor, no filme) nos permitem ver daquele lugar onde eles nos puseram, para tomar conhecimento da história.
16
O papel que o narrador tem na narrativa está ligado a esse foco:
a) ele pode contar a história como um personagem, participando e interferindo nas ações narradas. Daí,
b) ou, ainda, como simples observador, tentando ver, objetivamente, sem interferência nas ações dos per-
sonagens e nos fatos. Nesse caso, dizemos que o foco narrativo é externo.
É claro que, conforme o foco narrativo, o ouvinte ou leitor vai perceber uma história bem diferente, não é?
Se tivermos, na narrativa, um narrador-personagem, esta é construída na 1ª. Pessoa (eu/nós). Veja o trecho a seguir:
“Já estava cansada de tanto esperar por uma solução para o problema do lixo na nossa comunidade. Resolvi,
então, tomar uma atitude e ir procurar meu grupo de colegas da escola para, juntos, pensarmos uma cam-
panha para conscientizar a sociedade da importância do cuidado com os resíduos domésticos.”
No exemplo anterior, percebemos que quem conta a história também é o personagem que resolve, depois de
muito tempo, convivendo com um problema, agir e buscar alternativas de solução. Os elementos em 1ª pessoa, como
Se o narrador não faz parte da história como personagem, mas como alguém que apenas presencia e ob-
serva os acontecimentos, ou relata o que lhe contaram, a narrativa dá-se na 3ª. pessoa e o narrador é chamado de
observador. Nesse caso, o narrador pretende ou quer dar a impressão de total objetividade e não tece comentários,
apenas relata fatos do modo mais preciso possível. Além disso, não se misturam com as personagens. Essa narração
O narrador mais comum é o narrador onisciente, aquele que narra em 3ª pessoa, sem participar
da história, e, como um deus, conhece tudo, vê tudo, está em todos os lugares e informa-nos até
sobre o espírito dos personagens, seus pensamentos, suas intenções e sentimentos.
“Era uma vez uma menina que se chamava Mariana. Ela morava numa cidade pequena e vivia dizendo que
um dia iria embora. Quando a menina cresceu, ela foi estudar numa grande cidade e logo na sua chegada
ficou encantada com o que viu: os prédios eram enormes, as ruas eram largas, o movimento dos carros era
intenso e os cheiros dos restaurantes enchiam sua mente.”
“Todos os espaços da casa traziam a João lembranças da sua infância. Passavam por sua cabeça os momen-
tos em que fora feliz ali: as brincadeiras de esconde-esconde com os irmãos, as fugas das brigas dos pais, o
carinho da mãe que o pegava e fazia-lhe cócegas... Que saudade sentia daqueles tempos!”
Os dois trechos são escritos em 3ª pessoa (“chamava-se Mariana”, “ela morava”, “todos os espaços traziam”, “sua
infância”) e demonstram que o narrador encontra-se do lado de fora aos acontecimentos. São narradores que contam
No primeiro caso, o narrador apenas conta o que conhece, ouviu ou viu sobre a menina, chamada Mariana. Ele
Já no segundo, o narrador vai além do que é visto e manifesta os sentimentos mais escondidos do persona-
gem. Ele parece saber o que o personagem está sentindo ao andar pela casa, onde passou a sua infância. Então, ele
Ao escolher o ponto de vista, o narrador está privilegiando sua visão de mundo. E mais: ele não só
conhece os mais íntimos pensamentos e reações de cada personagem, como também decide o
perfil e a sorte de cada um deles. É a partir desse narrador que vamos definindo nossas opiniões
a respeito dos personagens, torcendo por uns e abominando outros.
18
Seção 3
A estrutura do texto narrativo –
a constituição do enredo
Os textos narrativos têm uma forma própria de organização e articulação entre as partes que os constituem
e permitem a construção do enredo. Vamos explorar a estrutura da narrativa? Retome o texto A Princesa e a Ervilha,
Para apresentarmos as partes que estruturam uma narrativa, vamos solicitar sua
personagens – o príncipe –, e do seu problema – não encontrar uma princesa verdadeira para
3. Qual o fato gerador da história e que leva a uma possibilidade de resolução do problema?
No texto, surge um fato diferente que cria expectativa no leitor e essa parte está
compreendida entre “Uma noite houve uma tempestade” até “foi abri-la.”
Você percebeu que, apesar do seu estado, a moça afirma ser uma princesa. Mas, para
se certificar disso, a rainha colocou uma ervilha entre todos os cobertores e colchões onde
a princesa iria dormir, na expectativa de que ela pudesse de fato sentir a presença dela.
A moça acordou, no dia seguinte, queixando-se de que não conseguira dormir, porque
algo a incomodou a noite inteira, compreendido no trecho “Deparou-se com uma princesa”
Temos aqui uma terceira parte do texto, denominada Dinâmica de Ação (ações), onde é
apresentado o desenvolvimento da sequência de ações da história, obedecendo a uma or-
ganização lógico-temporal (o que aconteceu primeiro e depois e depois...).
O rei, a rainha e o príncipe descobrem, então, que ela era uma princesa verdadeira.
No texto, esta parte refere-se ao trecho de “Então ficaram com a certeza” até “sensível.”
Enfim, o príncipe casa-se com a princesa e surge uma linda história. Esta etapa cor-
20
Aqui temos a última parte da narrativa, a que denominamos SITUAÇÃO FINAL –
desfecho, mostrando como a história acabou e houve o desenlace do problema inicial.
Você percebeu com essa análise que um texto narrativo não se estrutura simplesmente em início, meio e fim.
Na verdade, ele se estrutura em mais partes que nos permitem ter maior visibilidade da história e da sua organização
no tempo e no espaço.
Assim, de acordo com a concepção aqui abordada, o texto narrativo padrão é composto por:
1º Situação Inicial
b) as narrativas sofreram mudanças ao longo do tempo, mas sempre exerceram fascínio nas pessoas, para fa-
zer rir, ou chorar, ou apenas para trazer conhecimento. A curiosidade em saber o que aconteceu, com quem,
c) contar histórias, então, permite-nos criar uma identidade com o outro e faz-nos sentir parte do grupo
Na próxima unidade, voltaremos a estudar as narrativas, abordando seus aspectos linguísticos. Até lá!
Agora que você já compreendeu o que é narração e que você teve a oportunidade
de ler e analisar os elementos que compõem os textos narrativos e sua estrutura, chegou a
Certamente, ao longo da sua vida, você vivenciou algumas situações marcantes. Si-
tuações em que você teve medo, alegria, emoção, incertezas, constrangimento etc. Lem-
Apresentamos algumas questões que poderão nortear a sua escrita. Não se esqueça de fazer o plano do seu
Como esse momento constitui parte da sua história, não tenha medo de utilizar a forma que melhor lhe aprou-
ver e dar o tom e colorido que você quiser. Você pode adotar uma postura mais objetiva, engraçada, dramática etc.
Quando aconteceu?
Onde aconteceu?
22
Veja ainda
A TV Escola, canal do MEC com programas variados sobre educação, traz a série Salto para o Futuro – Cotidiano,
Imagens e Narrativas, onde debate os cotidianos escolares sob três focos: as diferentes identidades, a educação ecoló-
gica e o uso de artefatos culturais na criação de tecnologias. Vale a pena você assistir a uma das séries.
http://tvescola.mec.gov.br/index.php?option=com_zoo&view=item&item_id=5598
Imagens
• http://www.flickr.com/photos/ana_cotta/2088960357
• http://www.flickr.com/photos/mcdemoura/4462708377
• http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Jesperhus,_dk,_20050820,_16_ubt.jpeg
• http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:HCAndersen.jpeg
• http://www.sxc.hu/photo/517386
• http://www.sxc.hu/985516_96035528
um gago, para locutor de rádio. O objetivo do texto é fazer o leitor/ouvinte rir e divertir-se.
histórico. Neste texto, não se tem a pretensão de fazer rir, e sim de informar de forma
Atividade 2
1. A princesa e a ervilha
3. Está sendo contada a história de um príncipe que por muito tempo procurou uma prin-
5. A história é contada por um narrador desconhecido, que não faz parte dela.
6. A história passa-se num tempo distante onde existiam reis, rainhas, príncipes e princesas.
Atividade 3
problema – não encontrar uma princesa verdadeira para se casar, identificado no trecho
que vai de “Era uma vez (...)” até “queria uma princesa verdadeira.
2. O problema está centrado no fato de o príncipe não encontrar uma princesa verdadeira
para se casar.
24
3. O fato foi a chegada de uma moça que se dizia ser uma princesa à casa do príncipe, numa
noite de tempestade.
4. Apesar do seu estado, a moça afirma ser uma princesa e, para se certificar disso, a rainha
colocou uma ervilha entre todos os cobertores e colchões onde a princesa iria dormir, na ex-
pectativa de que ela pudesse de fato sentir a presença dela. A moça acordou no dia seguinte,
queixando-se de que não conseguira dormir, porque algo a incomodou a noite inteira.
5. O rei, a rainha e o príncipe descobrem, então, que ela era uma princesa verdadeira.
Atividade 4
Resposta pessoal. Sugerimos que você discuta seu texto com o professor, para que
Os portugueses tentaram iniciar a colonização em 1535, mas os índios potiguares resistiram e os franceses in-
vadiram. A ocupação portuguesa só se efetivou no final do século, com a fundação do Forte dos Reis Magos e da Vila
de Natal. O clima pouco favorável ao cultivo da cana levou a atividade econômica para a pecuária. O Estado tornou-se
centro de criação de gado para abastecer os Estados vizinhos e começou a ganhar importância a extração do sal –
hoje, o Rio Grande do Norte responde por 95% de todo o sal extraído no país. O petróleo é outra fonte de recursos: é o
maior produtor nacional de petróleo em terra e o segundo no mar. Os 410 quilômetros de praias garantem um lugar
O litoral oriental compõe o Polo Costa das Dunas - com belas praias, falésias, dunas e o maior cajueiro do mun-
do –, do qual faz parte a capital, Natal. O Polo Costa Branca, no oeste do Estado, é caracterizado pelo contraste: de
um lado, a caatinga; do outro, o mar, com dunas, falésias e quilômetros de praias praticamente desertas. A região é
grande produtora de sal, petróleo e frutas; abriga sítios arqueológicos e até um vulcão extinto, o Pico do Cabugi, em
Angicos. Mossoró é a segunda cidade mais importante. Além da rica história, é conhecida por suas águas termais, pelo
Caicó, Currais Novos e Açari compõem o chamado Polo do Seridó, dominado pela caatinga e com sítios ar-
queológicos importantes, serras majestosas e cavernas misteriosas. Em Caicó há vários açudes e formações rochosas
naturais que desafiam a imaginação do homem. O turismo de aventura encontra seu espaço no Polo Serrano, cujo
clima ameno e geografia formada por montanhas e grutas atraem os adeptos do ecoturismo.
Outro polo atraente é Agreste/Trairi, com sua sucessão de serras, rochas e lajedos nos 13 municípios que com-
põem a região. Em Santa Cruz, a subida ao Monte Carmelo desvenda toda a beleza do sertão potiguar – em breve, o
são as grandes atrações de Tangará, que oferece ainda um belíssimo panorama no Açude do Trairi.
a) sob forma narrativa, de início, e descritiva, a seguir, visando a despertar interesse turístico para as atrações
b) de forma instrucional, como orientação a eventuais viajantes que se disponham a conhecer a região, apre-
c) com o objetivo de esclarecer alguns aspectos cronológicos do processo histórico de formação do Estado e
d) como uma crônica baseada em aspectos históricos, em que se apresentam tópicos que salientam as forma-
e) de maneira dissertativa, em que se discutem as várias divisões regionais do Estado com a finalidade de com-
Resposta: Letra A
Comentário: O primeiro parágrafo traz um pouco sobre a história do Estado; em seguida, o autor descreve as
belezas naturais do lugar, mostrando ao leitor que se trata de um lugar bastante aprazível para o turismo, como se
pode constatar pelas expressões " atraem os adeptos do ecoturismo. "; "voltado principalmente para o turismo reli-
28
ENEM 2010
Resposta: Letra C
Comentário: Embora seja um texto narrativo, porque narra um fato, note que o objetivo do autor - um jorna-
lista - foi o de informar o fato ao leitor, o que justifica a resposta C como correta.
Questão 1
Romildo gostava de sua escola por causa dos amigos. Lá ia todos os dias para encontrá-los e esquecer, nas
brincadeiras, um pouco da dura vida que a pobreza lhe impunha. Instrução mesmo a sua escola quase não oferecia.
Quando muito, havia professores; e a estrutura física do velho prédio não oferecia um ambiente propício à reflexão,
aos estudos.
Três dias antes do aniversário de Romildo, apareceu um novo garoto pela vizinhança. Ele se mudou para uma
das casas bonitas da Rua do Ramalhete. Não era um daqueles arrogantes da Zona Sul. Tanto que convidou os meninos
da rua, inclusive Romildo e seus amigos para jogar uma pelada na quadra da escola em que estudava.
http://portugueseproducao.blogspot.com.br/2008/03/exemplo-de-texto-narrativo-e.html
Os textos narrativos apresentam elementos que tornam o entendimento de uma história compreensível. Nes-
se texto, por exemplo, Há presença de personagem (Romildo); de foco narrativo é em 3ª. pessoa do discurso; de local
a. O ideal é que todos colaborem, caso contrário, o Brasil continuará sem rumo.
Pouco antes de morrer, meu pai me chamou ao escritório e me entregou um livro de capa preta que eu nunca
havia visto. Era o dicionário analógico de Francisco Ferreira dos Santos Azevedo. Ficava quase escondido, perto dos cinco
grandes volumes do dicionário Caldas Aulete, entre outros livros de consulta que papai mantinha ao alcance da mão numa
estante giratória. Isso pode te servir, foi mais ou menos o que ele então me disse, no seu falar meio grunhido. Era como se
ele,cansado, me passasse um bastão que de alguma forma eu deveria levar adiante. E por um tempo aquele livro me ajudou
no acabamento de romances e letras de canções, sem falar das horas em que eu o folheava à toa; o amor aos dicionários,
para o sérvio Milorad Pavic, autor de romances-enciclopédias, é um traço infantil de caráter de um homem adulto.
http://www.chicobuarque.com.br/texto/artigos/mestre.asp?pg=artigo_piaui_junho.htm
Um texto pode ser organizado sob forma de descrição, narração, exposição, argumentação, por exemplo.
No texto “Os dicionários de meu pai”, qual é modo predominante de organização textual?
Leia os dois sonetos de Olavo Bilac, que fazem parte de um conjunto de poemas chamado "Via Láctea" para
responder às questões 3 e 4.
XII
32
XIII
http://www.biblio.com.br/defaultz.asp?link=http://www.biblio.com.br/conteudo/OlavoBilac/vialactea.htm
Questão 3
Existe alguma relação de conteúdo entre esses dois poemas? Por quê?
Questão 4
Questão 1
A B C D
Questão 2
O modo predominante de organização textual é a narração, porque há uma sequência de fatos apresentados, a
Questão 3
Questão 4
34
A narração: os
elementos linguísticos
e tipos de discurso
Fascículo 3
Unidade 7
A narração:
os elementos
linguísticos e
tipos de discurso
Para início de conversa...
Na unidade anterior, estudamos a narração: seu conceito, os elementos que a
constituem e sua forma de estruturação.
Vimos também que os textos narrativos estão presentes em nossa vida diária, por
meio das piadas, das notícias, dos contos infantis, das fábulas, dos quadrinhos, das histó-
rias que contamos e ouvimos na rua, dentre outras manifestações.
Além disso, deixamos evidenciado que narrar faz parte da vida do ser humano, que
deixa, por meio de suas histórias, registradas a sua cultura e as suas formas de ver o mundo,
passando, de geração em geração, as manifestações de uma época e de uma sociedade.
Para isso, vamos explorar duas outras manifestações culturais: a lenda e as piadas.
Bom estudo e divirta-se!
Objetivos de aprendizagem
Reconhecer os principais elementos e mecanismos linguísticos que constituem a nar-
ração: verbos, advérbios e expressões adverbiais, indicadores de tempo, sinais de pon-
tuação.
Para definirmos o que entendemos por elementos linguísticos e qual sua função, vamos nos colocar numa
Começamos a escrever um texto e de repente nos deparamos com questões, tais como:
Que palavras é melhor eu usar? Que termos eu posso usar para não ficar repetindo sempre as mesmas palavras? É melhor eu
usar ponto ou vírgula nessa parte? Que expressões eu posso usar para unir uma frase à outra e um parágrafo ao outro para dar
sequência ao texto?
Figura 1: Escrevendo...
Pois bem, questões como estas remetem exatamente ao que chamamos de elementos linguísticos e à noção
de que palavras, frases, sinais de pontuação etc., precisam ser utilizados adequadamente e conectados entre si para
Para entendermos isso melhor ainda, podemos fazer uma comparação com uma construção de um prédio.
Este só vai existir a partir do momento em que tivermos um projeto e materiais à disposição (tijolo, madeira, ferro
etc.), e que se unem para dar forma ao que foi projetado. Para estabelecermos a ligação, a fusão destes materiais entre
38
si, precisamos de elementos que os juntem, unam de forma sólida e adequada. Nesse caso, o cimento é um desses
elementos de ligação.
No caso dos textos, ocorre o mesmo processo. Para se ter um texto, é necessário um projeto e matéria-prima
para sua construção – as palavras, as frases, os sinais de linguagem, a pontuação, que se juntam, unem, articulam para
Isso acontece com todos os tipos de texto e com o texto narrativo não poderia ser diferente. Contudo, cada
tipo de texto tem suas especificidades, quanto ao uso e junção dos seus elementos linguísticos.
texto narrativo, propomos a leitura do texto A Vitória Régia, que é uma lenda indígena que
02 pajés tupis-guaranis.
04 zonte para viver com suas virgens prediletas. Contavam também que, se
06 trela do Céu.
08 cava muito impressionada com a história que era contada. Durante mui-
10 céu, ela, subia as colinas e perseguia a Lua na esperança que esta a visse e
14 Lua. A pobre moça, imaginando que a Lua havia chegado para buscá-la,
18 Águas”, que é conhecida como a planta Vitória Régia, que tem flores per-
a. pajés tupis-guaranis
b. Lua
c. Naiá
( ) ficava
( ) diziam
40
( ) andava
( ) se escondia
( ) a transformava
( ) contavam
( ) subia
( ) perseguia
( ) chorava
a.2: “ela subia as colinas e perseguia a Lua na esperança de que esta a visse e a trans-
formasse em estrela”.
b. As expressões que você retirou do texto indicam que as ações dos personagens
5. No 4º e 5º parágrafos, são utilizados os verbos viu, atirou, foi (vista), quis, resolveu, trans-
formou.
Vamos, nas próximas seções, apresentar cada um desses elementos e sua associação com os elementos da
narração.
Seção 2
Os substantivos e pronomes
Conhecemos os personagens numa narração a partir da forma como os nomeamos e como os retomamos no
texto. Fazemos isso, utilizando o que, na gramática, chamamos de substantivos e pronomes. Na lenda sobre a vitória
régia, na atividade anterior, aparecem palavras, como: Naiá, moça, pajés, Lua que são consideradas substantivos e têm
Quando precisamos retomar ou referir-nos a eles, sem termos de usar os seus nomes, podemos utilizar os
pronomes. O pronome ela (linha 10), por exemplo, retoma a personagem Naiá; o pronome eles (linha 03) retoma os
pajés tupi-guaranis.
Substantivos são palavras que nomeiam os seres. Estes seres podem ser pessoas, perso-
Pronomes são palavras que retomam ou referem-se a outros termos já mencionados no texto.
42
Estes são os chamados pronomes pessoais retos: Eu, tu, ele, nós , vós, eles.
Aos pronomes pessoais, associam-se outras formas de pronomes, como os pronomes possessivos que indicam
posse. Por exemplo, quando dizemos: “Este é meu caderno”, a palavra meu é um pronome que indica de quem é a
E quando dizemos: “Fazia muito tempo que não via a Carla. Outro dia a encontrei, sem querer, no shopping”, o
termo destacado – a – é um pronome e indica que eu encontrei alguém e este alguém foi a Carla.
"Esta é uma lenda surgida entre os mendigos que vagam em todas as cidades. As
mães contam-na para assustar os seus filhos malcriados que saem para brincar sozinhos
na rua. De acordo com ela, um velho malvestido e com um enorme saco de pano nas cos-
tas anda pela cidade, levando embora as crianças que fazem “arte”. Há ainda versões mais
detalhadas em que o velho (mendigo ou cigano) leva as crianças para sua casa e lá faz
Por exemplo: veja que, na frase: “As mães contam-na...” aparece o pronome “a”, que se
Para finalizar esta seção, é importante ressaltar que o uso dos substantivos e dos pronomes é de fundamental
importância no texto narrativo, na medida em que, por meio deles, sabemos quem são os personagens e como eles
Seção 3
Os verbos e os tempos verbais
Agora que já vimos que podemos identificar os personagens num texto, por meio do uso dos substantivos e
dos pronomes, vamos explorar como as ações que constituem o enredo de um texto efetivam-se.
44
Estas ações são conhecidas pelo leitor a partir do uso dos verbos e num tempo específico: o passado.
- ações feitas ou sofridas por alguém (correr, passear etc.) Ex.: Ele corre muito.
Os verbos são termos essenciais nos enunciados. E no caso do texto narrativo, especialmente os verbos de
E como saber em que tempo essas ações, fenômenos e estados aconteceram ou acontecerão?
É fácil! É só olhar o verbo e ver o tempo que a palavra mostra. Por exemplo, na frase: “Ela foi ao lago” – A forma
do verbo mostra que o tempo verbal é passado (pretérito). Se fosse: “Ela irá ao lago” – A forma do verbo mostraria que
é futuro.
Veja agora como, no texto A Vitória Régia, o verbo transformar indica uma ação e assume diversas formas:
“transformava” (linha 04), “transformá-la” (linha 14) e “transformou” (linha 14). As modificações no verbo servem para
Para saber mais e ampliar o estudo sobre verbos e os tempos do pretérito, sugerimos que você consul-
te alguns sites sobre o assunto:
1.https://www.algosobre.com.br/gramatica/verbo-preterito.html
2.http://www.infoescola.com/portugues/modo-indicativo/
3. http://www.recantodasletras.com.br/gramatica/1581621
Nesta unidade, vamos explorar os verbos no pretérito, no pretérito, isto é, que estão no tempo passado, pois
eles são a grande marca do texto narrativo. Isso não significa que os outros tempos e formas verbais não estejam
presentes no texto narrativo. Contudo é nos pretéritos que está a ênfase deste tipo de texto, já que só se conta aquilo
que já aconteceu, não é? Mesmo quando inventamos uma história, ela já aconteceu em nossa imaginação. Daí, nas
Você lembra que existem diversos pretéritos: perfeito, imperfeito e mais-que-perfeito)? Por que será?
Bom, primeiro isso se justifica porque nem tudo aconteceu no passado num mesmo tempo. Veja os exemplos:
1. Certa noite, a índia viu, nas águas límpidas de um lago, a figura da Lua.
Aqui, a ação de ver ocorreu num determinado momento bem determinado do passado.
2. Os pajés tupis-guaranis diziam que, no início dos tempos, a Lua escondia-se no horizonte.
Aqui, o narrador conta algo que acontecia no passado rotineiramente sem determinar um momento exato
em que ocorreu.
Quando queremos marcar ações que se repetiam ou eram rotina no passado, usamos o pretérito im-
perfeito.
3. A pobre moça, imaginando que a Lua havia chegado (chegara) para buscá-la, atirou-se nas águas profun-
das do lago.
Neste trecho, tem-se como sequência dos fatos no tempo: 1º) a imaginação da índia, quanto à chegada da
Lua, e 2º) a ação de ela atirar-se no lago. Ou seja, ela se atirou no lago porque acreditou que a Lua havia
Se quisermos marcar que uma ação no passado ocorreu antes de outra também no passado, temos o
pretérito mais-que-perfeito.
46
O uso adequado dos pretéritos no texto narrativo é fundamental, pois é por meio deles que sabemos:
No primeiro caso, para a contextualização da história – caracterização do tempo, do espaço, do estado e rotinas
dos personagens, o pretérito imperfeito é o tempo verbal apropriado. O pretérito imperfeito está presente nas descri-
ções que funcionam como o pano de fundo para o que está sendo contado. O trecho “Eles diziam que, no início dos
tempos, a Lua escondia-se no horizonte para viver com suas virgens prediletas.” exemplifica isso.
Já, para conhecermos a sequência das ações na narrativa, o pretérito perfeito e o mais-que-perfeito são essenciais
Certa noite, a índia viu (...) a figura da Lua. A pobre moça, imaginando que a Lua havia chegado para buscá-la,
Preencha as lacunas das fábulas a seguir com os verbos entre parênteses no preté-
O cão e a ovelha
Um cão .............-se (por) a discutir com uma ovelha, dizendo que lhe ..............(haver)
emprestado um belo osso para evitar que morresse de fome. A ovelha ........................ (respon-
der) que nunca lhe ..................... (pedir) emprestada coisa alguma, e ainda menos ossos, pois
nem seus dentes nem seu estômago................... (aceitar) este tipo de alimento, pois .........
Mas, pobre dela! O cão .................. (achar) como testemunha um lobo, um urubu e
receber o osso do cão e .........................(afirmar) que a ................. (ver) roê-lo faminta. Com esse
Seção 4
As expressões temporais (advérbios e
expressões adverbiais)
Vamos avançar, agora, nas formas de articulação dos fatos numa história.
Para podermos marcar a articulação entre as partes de uma história e constituir o enredo e a sequenciação das
ações no texto, é necessário que utilizemos palavras e expressões que indiquem as circunstâncias em que ocorreram
as ações. A essas palavras e expressões chamamos de ADVÉRBIOS e EXPRESSÕES ADVERBIAIS. Elas podem atribuir
noções de tempo, de modo, de lugar, intensidade às ações e fatos que estamos contando. Veja, por exemplo:
Advérbios de Tempo: cedo, tarde, no início da manhã, no final, sempre, nunca etc.
Para exemplificar melhor, vamos retomar o texto A Vitória Régia e as respostas que você deu às questões. Você
viu que, no segundo e terceiro parágrafos do texto, foram usados predominantemente verbos no pretérito imperfei-
to – diziam, contavam, escondia, dormiam, subia – e associados a eles havia expressões como: no início dos tempos do
mundo, sempre, quando todos dormiam, todas as noites, durante muito tempo.
48
Pois bem! Estas expressões indicam uma duração de tempo mais longa e que abrange períodos de tempo
maiores.
Quando, no entanto, iniciamos o relato dos fatos propriamente dito com a utilização dos verbos no pretérito
perfeito – viu, quis, resolveu, transformou – as expressões que se associam para dar conta disso são aquelas que indi-
cam tempos mais exatos, pontuais e que indicam uma duração menor no tempo – certa noite, então.
Todas essas palavras e expressões são advérbios e expressões adverbiais. Veja outros (as) no texto: no horizonte,
Para aplicar as noções até aqui construídas sobre os verbos e as expressões adver-
biais, a seguir você encontra uma versão popular da lenda O Negrinho do Pastoreio, cujas
Cabe a você, depois de ler cada uma das partes, reconstituir a ordem do texto de forma
uma das partes e a sequenciação do texto e sublinhe aquelas que você julga terem essa função.
( ) Num dia de inverno, fazia muito frio e o fazendeiro mandou que um menino
los. O estancieiro jogou-se no chão pedindo perdão, mas o negrinho nada res-
a tropilha.
( ) No dia seguinte, quando ele foi ver o estado de sua vítima, ficou extremamen-
te assustado. O menino estava lá de pé, com a pele sem nenhuma marca das
chicotadas.
cavalo baio. Pegou o chicote e deu uma surra tão grande no menino que ele
fugiu de novo.
Seção 5
Os Discursos na Narração
Você lembra que, na unidade anterior, mencionamos que o narrador escolhe a forma como quer fazer chegar
a história ao leitor-ouvinte? Pois bem, ele faz isso pela utilização dos discursos, ou seja, pela forma como apresenta as
Vamos ler uma adaptação de uma piada bem conhecida e ver como isso acontece.
50
Bancando os espertos
— É evidente que não vamos dizer a ninguém que ele está morto.
— Como já lhe dissemos, rifamos o porco. Vendemos muitos números a 5 reais cada e arrecadamos o triplo do
— E ninguém se queixou?
Na mesma direção, encontram-se as anedotas, com a diferença de que estas últimas normalmente
são mais extensas e trazem algum ensinamento.
Para conhecer mais sobre a diversidade de piadas que existem, consulte os sites:
www.piadas.com.br
www.piadasnet.com
www.piadasdodia.com.br
piadasantigasenovas.blogspot.com
Responda às questões:
2. Como ficamos sabendo o que aconteceu com o porco? Pela voz do narrador ou do
próprio personagem?
No texto analisado, temos uma história de dois meninos que, após serem enganados por um velho camponês,
elaboram um plano para tirar vantagem da situação. A história passa-se no campo (ambiente, lugar). O narrador não
participa da história, mas contextualiza as ações dos personagens, que, por meio das suas falas, acabam levando o
A utilização do discurso a que chamamos de direto, onde aparecem as falas das personagens, é uma forma de
contar histórias que é muito frequente em piadas, anedotas, crônicas, testemunhos e depoimentos.
Mas existem outros tipos de discurso e que são utilizados de acordo com a adequação à situação e objetivos
que se tem.
52
a. discurso direto: é aquele em que o narrador passa a palavra aos personagens. Assim, o próprio personagem,
diante de leitores ou ouvintes, apresenta-se, com sua linguagem, suas emoções, sua personalidade. Foi o que
vimos na piada Bancando os espertos, onde, conforme já dito, os personagens – os meninos – pela sua voz
associada ao do narrador, contam o que aconteceu e como saíram ganhando da situação.
Neste tipo de discurso, aparecem os famosos verbos “dicendi”, que introduzem ou seguem a fala dos persona-
gens. São alguns deles: dizer, perguntar, reclamar, afirmar, declarar etc.
b. discurso indireto: é aquele em que o narrador como que traduz a fala ou o pensamento do personagem. A
preocupação do narrador não é apresentar como o personagem disse as coisas, mas apenas o que foi dito.
Nesse caso, o vocabulário próprio do personagem, suas emoções ficam de fora.
Como exemplo, temos “Os meninos contaram que tinham feito a rifa e que conseguiram lucrar com ela.” Nesse
caso, o narrador toma as palavras dos meninos e reproduz-as de forma direta e objetiva.
c. discurso indireto livre: é aquele em que se mistura o discurso do narrador e a fala ou pensamento do persona-
gem. Por isso, encontramos nesse discurso algumas características das personagem, seu vocabulário e emoções.
Eduardo saiu de casa sem saber como deveria agir. Estava extremamente ansioso pelo encontro com sua ex-
-namorada. Meu Deus! Quanto tempo se passou! Será que ela vai ainda me achar atraente? Enquanto caminha-
va, ia relembrando o quanto fora feliz com aquela mulher...,
Neste exemplo, percebe-se, nas frases em destaque, a presença do discurso do personagem, que manifesta sua
emoção e ansiedade com o encontro com sua ex-namorada. Esses sentimentos não são contados pelo narrador e sim,
pelo próprio personagem. Vemos isso no uso da expressão Meu Deus e pela pergunta que Eduardo faz a si mesmo.
Seção 6
A pontuação nos discursos das narrativas
A estruturação desses discursos, os sinais de pontuação são essenciais. Vamos aprender como utilizá-los?
No caso do discurso direto, onde aparecem as falas dos personagens, o uso dos travessões, dos dois pontos,
das interrogações e exclamações são fundamentais e têm uma função de articulação e construção de sequência e de
sentido. Nesse sentido, deixam de ser vistos apenas como sinais formais de transcrição da fala.
Tem a função de indicar a fala do personagem ou a mudança de interlocutor no diálogo. Por exemplo:
Além disso, pode servir para colocar em evidência palavras, expressões e frases. Um exemplo disso pode ser
Exemplo:
- Lamento muito, mas tenho uma má notícia: o porco já era. Ele morreu ontem.”
2. uma enumeração.
Exemplo:
"Foi ao supermercado e comprou os seguintes produtos: farinha, chocolate, carne, verduras etc."
3. uma citação.
Exemplo:
"Nunca consegui esquecer do verso do famoso escritor Camões : “o amor é fogo que arde sem doer”.
São sinais que marcam a expressividade no texto. O ponto de interrogação tem a função de marcar perguntas
e questionamentos; os de exclamação marcam a manifestação de admiração, espanto, alegria, emoção dos interlo-
cutores.
54
Exemplo:
– “Socorro!”
Foram retirados os sinais de pontuação dos textos a seguir e cabe a você reescrevê-
-los, em seu caderno, colocando os sinais de pontuação (ponto final, travessão, dois pontos,
6
pontos de interrogação e exclamação) adequados para a construção do sentido. Não se
Texto 1
Dois amigos encontram-se depois de muito anos e um deles fala casei separei e já
fizemos a partilha dos bens o outro amigo pergunta e as crianças prontamente o primeiro
disse o juiz decidiu que ficariam com aquele que mais bens recebeu sem titubear o amigo
pergunta então ficaram com a mãe o amigo separado exclama não, ficaram com nosso
advogado.
Texto 2
Um homem e uma bonita mulher estavam jantando à luz de velas num restaurante
de luxo de repente o garçom notou que o homem escorregava lentamente para debaixo
da mesa a mulher parecia não reparar que o companheiro tinha desaparecido perdão, se-
nhora disse o garçom mas eu acho que seu marido está debaixo da mesa a mulher res-
ponde não está não e olhando calmamente para o garçom afirma meu marido acabou de
entrar no restaurante.
Produção de texto
Nesta unidade, você teve a oportunidade de estudar mais sobre diferentes gêneros
que se utilizam da narração, como as lendas e as piadas. Estes gêneros também integram e
misterioso ou sobrenatural que seus pais, avós, tios ou idosos da sua comunidade e região
6 contavam, e contam ainda hoje, e elabore um texto narrativo relatando esses fatos.
Não se esqueça de estruturar seu texto de acordo com o que se estudou e de utilizar
texto, antes de iniciar a escrita. Insira a fala dos personagens, utilizando discurso direto para
Bom trabalho!
Veja ainda
1. As lendas fazem parte de nossa cultura. Conheça outras histórias de nosso folclore. Pesquise em:
http://www.suapesquisa.com/mitos/
http://www.fabulasecontos.com.br/?pg=descricao&id=188
www.brasilfolclore.hpg.ig.com.br/lendas.htm
2. Você já ouviu falar das lendas urbanas, que “povoam” o imaginário das cidades, passadas de boca em boca.
São histórias que ouvimos de um amigo, que ouviu de outro amigo que...
56
Pesquise:
www.mrmalas.com/lendas;
vultosnanoite.vilabol.uol.com.br/lendas.htm
Referências
Imagens
• http://www.sxc.hu/photo/492145
• http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Vit%C3%B3ria_R%C3%A9gia.jpg
• Autor: jakared.http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Negrinhodopastoreio.jpg
• http://www.sxc.hu/photo/1344320
• http://www.sxc.hu/photo/517386
3.
a. pajés tupis-guaranis
b. Lua
c. Naiá
( c ) ficava
( a ) diziam
( b ) andava
( b ) se escondia
( b ) a transformava
( a ) contavam
( c ) subia
( c ) perseguia
( c ) chorava
4.
Durante muito tempo, todas as noites, quando todos dormiam “ela subia as co-
58
5.
transformou - então
Atividade 2
Esta é uma lenda surgida entre os mendigos que vagam em todas as cidades. As
mães contam-na para assustar os seus filhos malcriados que saem para brincar sozinhos
na rua. De acordo com ela, um velho malvestido e com um enorme saco de pano nas cos-
tas anda pela cidade, levando embora as crianças que fazem “arte”. Há ainda versões mais
detalhadas em que o velho (mendigo ou cigano) leva as crianças para sua casa e lá faz
sabonetes e botões com elas.
Atividade 3
O cão e a ovelha.
Um cão pôs- se a discutir com uma ovelha, dizendo que lhe havia emprestado um
belo osso para evitar que morresse de fome. A ovelha respondeu que nunca lhe pedira
emprestada coisa alguma, e ainda menos ossos, pois nem seus dentes nem seu estômago
Os três se associaram ao cão e juraram ter visto a ovelha receber o osso do cão e afirmaram
que a viram roê-lo faminta. Com esse testemunho, ela, então, foi condenada.
Atividade 4
Num dia de inverno, fazia muito frio e o fazendeiro mandou que um menino negro
de quatorze anos fosse pastorear cavalos e potros recém-comprados.
No final do tarde, quando o menino voltou, o estancieiro disse que faltava um cava-
lo baio. Pegou o chicote e deu uma surra tão grande no menino que ele ficou sangrando.
Forçou, então, o menino a resgatar o cavalo. Muito preocupado, ele foi à procura do animal.
Em pouco tempo, achou-o pastando. Laçou-o, mas a corda se partiu e o cavalo fugiu
de novo.
Na volta à estância, o patrão, ainda mais irritado, espancou o garoto e o amarrou, nu,
sobre um formigueiro.
No dia seguinte, quando ele foi ver o estado de sua vítima, ficou extremamente as-
sustado. O menino estava lá de pé, com a pele sem nenhuma marca das chicotadas.
Ao lado dele, a Virgem Nossa Senhora, e mais adiante o baio e os outros cavalos. O
estancieiro se jogou no chão pedindo perdão, mas o negrinho nada respondeu. Apenas
beijou a mão da Santa, montou no baio e partiu conduzindo a tropilha.
Atividade 5
Responda às questões:
60
2. Tomamos conhecimento do que aconteceu com o porco por meio da fala dos persona-
gens . Sabemos que o porco morreu quando o velho camponês fala :..o porco já era. Ele
morreu ontem à noite.) e que o porco foi rifado quando os meninos dizem: como já lhe
Atividade 6
Resposta Pessoal. Sugerimos que você peça ao seu professor para avaliar o seu texto.
Texto 1
— E as crianças?
— O juiz decidiu que ficariam com aquele que mais bens recebeu.
Texto 2
Um homem e uma bonita mulher estavam jantando à luz de velas num restaurante
de luxo. De repente o garçom notou que o homem escorregava lentamente para debaixo
da mesa. A mulher parecia não reparar que o companheiro tinha desaparecido.
A mulher responde:
62
O que perguntam por aí?
ENEM 2010
Resposta: Letra E
64
Atividade extra
A narração: os elementos linguísticos e tipos de discurso
(Clarice Lispector)
(Guimarães Rosa)
Questão 1
Retire de cada um dos textos uma passagem que justifique sua resposta anterior.
"A mãe disse: - "Está ai assim há meia hora, chorando que nem maluco.Não sei mais o que faço".
Questão 3
Questão 4
Por que nesse fragmento o narrador optou pelo uso do discurso direto?
Questão 5
66
Gabarito
Questão 1
Questão 2
Questão 3
A mãe disse que ele estava ali assim havia meia hora, chorando que nem maluco, e que ele não sabia mais o
que faria.
Questão 4
Questão 5
Deixando sobre a mesa os papéis necessários, o funcionário perguntou, nervoso, ao chefe se ele assinaria na-