Apostila - Iniciação À Regência

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Willinson Carvalho do Rosário

INICIAÇÃO À REGÊNCIA

São Luís
2020
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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO

UNIDADE 1 – A REGÊNCIA E O REGENTE .................................................... 4

1.1 Breve histórico sobre a regência ............................................................ 4

1.2 Postura do regente diante do grupo....................................................... 5

Resumo.............................................................................................................7
Referências......................................................................................................8

UNIDADE 2 – OS GESTOS BÁSICOS .............................................................. 9

2.1 Gesto inicial e preventivo ........................................................................ 9

2.2 Gestos para marcação dos compassos simples, compostos e


alternados ..................................................................................................... 12

2.3 Gestos básicos para entradas, cortes, dinâmicas e fermata ............. 21

Resumo...........................................................................................................25
Referências....................................................................................................26

UNIDADE 3 – ATIVIDADES PRÁTICAS ......................................................... 27

3.1 Compassos 2/4 e 6/8 .............................................................................. 28

3.2 Compassos 3/4 e 9/8 .............................................................................. 28

3.3 Compassos 4/4 e 12/8 ............................................................................ 29

3.4 Compassos 5/4, 6/4 e 7/4 ....................................................................... 30

3.5 Compassos diversos ............................................................................. 30

Resumo...........................................................................................................34
Referência......................................................................................................34
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APRESENTAÇÃO

Cara(o) estudante,

No percurso da carreira docente é possível nos deparamos com distintas


situações que irão exigir certas competências e habilidades do professor de
música, seja num contexto formal ou não formal de ensino. E nesses contextos
constantemente há a prática de canto coral, de banda, de orquestras, ensino
coletivo de instrumentos musicais e canto. Assim, é significativo conhecer e
desenvolver o básico da regência para que o trabalho como professor de
música possa ser relevante.
Portanto, os conteúdos abordados neste material têm o objetivo de
desenvolver a prática inicial da regência a fim de você estudante poder reger
grupos vocais e/ou instrumentais. Então, cada Unidade vem apresentando
aspectos iniciais e importantes para o estudo elementar da regência. E será
indispensável fazer todos os estudos com a utilização de um metrónomo, assim
como aplicar os gestos corretamente.
O e-Book está organizado em três Unidades. A primeira apresenta um
breve contexto histórico sobre a regência e ainda aborda a postura do regente
diante do grupo. Já na segunda Unidade, destacamos os gestos básicos: inicial
e preventivo, marcação dos compassos, entradas, cortes, dinâmicas,
crescendo e decrescendo. A terceira Unidade tem uma coleção de exercícios
para o estudo prático dos gestos regenciais.
Ao longo de todo o material tem indicações de Videoaulas para a sua
melhor compreensão, contendo os assuntos tratados em cada Unidade.

Bons estudos!
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UNIDADE 1 – A REGÊNCIA E O REGENTE

Objetivos:

 Conhecer a regência e a postura do regente;


 Entender como era realizada a condução;
 Compreender o posicionamento do regente.

1.1 Breve histórico sobre a regência

A etimologia da palavra regência vem do latim dirigo, ou seja, dirigir,


ordenar. Na música, então, tem a finalidade de dirigir, conduzir um grupo vocal
e/ou instrumental. Tudo isso por meio de “gestos das mãos, do corpo e, até
certo ponto, por expressões fisionômicas” (ZANDER, 2003, p. 16).
Na antiguidade, esses gestos eram utilizados pelos egípcios por meio
dos “dedos, a cabeça e ângulos feitos com a flexão dos braços” (VIEGAS;
NETO, 2003, p. 17). Ainda segundo os autores, os estalos dos dedos, as
palmas e gestos simbólicos faziam parte da forma de reger dos egípcios,
provavelmente por conta de seus rituais e danças. Já na Grécia, o regente
usava uma baqueta fixada em seu calcanhar, especificamente na sua sandália.
Assim, ele conduzia ritmicamente os músicos.
Com a monodia do canto gregoriano na Idade Média, que se configurou
numa concepção horizontal por longos anos, a comunicação era direcionada
para a palavra cantada via gestos que pudessem justamente acompanhar a
fala. O regente evitava a verticalização para não “insinuar métricas rítmicas que
venham a cercear a fluência característica do canto” (VIEGAS; NETO, 2003, p.
22).
Durante o Renascimento, inicialmente pelo surgimento da polifonia da
Ars Nova, a regência passou a ser executada por movimentos verticais do
braço para cima e para baixo, indicando a pulsação. Depois, a marcação
também começou a ser feita batendo-se os “pés, palmas ou varetas, bengalas
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ou rolos de papel, golpeados contra a consistente superfície” (VIEGAS; NETO,


2003, p. 23).
O período Barroco foi de muitas transições, a música instrumental e
vocal passaram a ter valores importantes, surgem distintas peças vocais,
nascem às primeiras orquestras, dentre outros acontecimentos. O músico
executante do clavicêmbalo é que conduzia “o conjunto, e o fazia, não só
valendo-se do som dos acordes fundamentais e ornamentos que improvisasse,
mas também de indicações com a cabeça e mãos, comunicando-se, assim,
gestualmente com o conjunto solista e coros" (VIEGAS; NETO, 2003, p. 27).
Com as transformações substancias durante o classicismo, os gestos
para a regência também foram sendo alterados. Agora foram acrescentados o
crescendo e decrescendo, acentos e efeitos nas dinâmicas, o que antes eram
apenas suave e forte (VIEGAS; NETO, 2003). Através da Escola de Mannheim,
inserindo elementos novos na música, inicia-se a carreira do regente de fato,
pois foi necessário conduzir os músicos de forma precisa. Depois, com a
Orquestra de Mannheim, o regente se torna a figura principal e dominante da
orquestra. [...] “A arte da regência chegou até nossos dias com uma técnica
peculiar muito ampla, e, às vezes, até virtuosística, sendo a orquestra e o coral
de agora em diante o instrumento de expressão do regente” (ZANDER, 2003,
p. 19).

1.2 Postura do regente diante do grupo

Um dos primeiros pontos para consideramos sobre o regente é a sua


audição. Ela precisa estar bem treinada para “observar, corrigir e sentir os
menores deslizes de afinação” (ZANDER, 2003, p. 20). Assim, pode-se guiar o
grupo vocal ou instrumental da melhor forma.
Além disso, o regente deve ser aquele que realmente conduza e não ser
conduzido pelo grupo. Ele precisa mostrar aos demais músicos a autoridade no
ato de sua condução, não no sentido pejorativo, mas por meio dos gestos,
reflexos de sua personalidade e interpretação, fazer os instrumentistas e
cantores entenderem o que está se passando na obra musical. O regente
“deve saber liderar” (ZANDER, 2003, p. 20).
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Outra parte significativa é a inibição. Ela precisa ser trabalhada, pois o


futuro regente tem que ser o mais desinibido possível, para o grupo e para o
público. Precisa também ser organizado, desenvolver essa organização, pois
no seu exercício irá perceber que certa parcela do fundamento da regência é
deixar em ordem o todo (ZANDER, 2003).
Também é necessário que o regente tenha calma e paciência durante o
seu trabalho, pois qualquer “manifestação de irritação, impaciência, ou má
vontade cria no grupo tensões prejudiciais à prática musical” (ZANDER, 2003,
p. 20). O autor ainda considera que os reflexos positivos nos músicos os
deixam mais tranquilos, aptos, receptivos, sendo capazes de enfrentar
qualquer tipo de trabalho mais difícil, promovendo superação de erros e vícios.
Quando o trabalho é com amadores, especificamente em grupos
corais, pois muitos deles são formados por pessoas que não sabem ler
partituras, não estudam música, dentre outros, o regente deverá ter maior
paciência, caso contrário, o grupo será prejudicado. “A única impressão que o
regente deve causar, tanto em seu meio de trabalho como nos ouvintes, é a de
controle absoluto de si e de sua tarefa de identificação com o seu grupo e a
obra que executam” (ZANDER, 2003, p. 21).
Assim, é relevante irradiar apenas música em todas as direções sem
perder a dignidade, não deixando sua atuação ser apenas uma aparência nas
frente das pessoas e prejudicando a arte como um todo (ZANDER, 2003). De
maneira geral, quando o regente estiver executando uma música, precisa viver
ela no seu interior, para depois projetá-la para fora, fazendo com que o público
também possa sentir todas as emoções (ZANDER, 2003).
Em relação a questões do posicionamento corporal, existem algumas
recomendações. Baptista (s/a), expões a importância do corpo ficar reto, os
braços acima da cintura, curvados e em sentido horizontal. Isso para podermos
fazer movimentos para a esquerda, direita e para cima até a altura da cabeça.
Nosso tórax pode acompanhar as direções para a esquerda ou direita,
seguindo os braços, mas não devemos nos curvar para a frente. Também é
necessário deixar os músculos dos braços relaxados para livre movimentação
(ver a Videoaula no AVA).
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Sugestão de filmes ou vídeos


Para informações e sugestões extras, assista aos vídeos sobre o breve
histórico da regência, postura do regente, utilização da batuta e
recomendações iniciais, nos seguintes links:

Introdução à regência com o regente Tobias Volkmann (1 parte). Disponível


em:
https://www.youtube.com/watch?v=rhCxfp7skiQ&list=PLefMI6_HTL7OkxxZoJ9
NOKvcUE61ykBJ7
Acesso em: 27 jan. 2020.
Introdução à regência com o regente Tobias Volkmann (2 parte). Disponível
em:
https://www.youtube.com/watch?v=HAeDX_RB8eM&list=PLefMI6_HTL7OkxxZ
oJ9NOKvcUE61ykBJ7&index=2
Acesso em: 27 jan. 2020.
Utilização da batuta com o regente Tobias Volkmann. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=JCeadkPLQzA&list=PLefMI6_HTL7OkxxZoJ
9NOKvcUE61ykBJ7&index=3
Acesso em: 27 jan. 2020.
Postura corporal e posição inicial com o regente Tobias Volkmann. Disponível
em:
https://www.youtube.com/watch?v=I6wftuF1_Ic&list=PLefMI6_HTL7OkxxZoJ9N
OKvcUE61ykBJ7&index=4
Acesso em: 27 jan. 2020.

Resumo

Nessa primeira Unidade, conhecemos como se deu o processo para a


formulação da regência, que em tempos mais antigos fazia-se apenas a
marcação da pulsação. No entanto, apenas marcar o pulso não estava mais
sendo suficiente, principalmente quando os grupos corais e instrumentais
passaram a ter uma extensão significativa. Assim, era preciso informar as
entradas, indicar andamentos diversos, diferentes dinâmicas, compassos
8

distintos, dentre outros. Então, a figura do regente passa a ter uma importância
substancial, mas não para marcar pulsações ou compassos, e sim para
interpretar e tirar o máximo que a música pode oferecer, expandindo todo esse
processo para o coro ou grupo instrumental. Nessa direção, vimos que o
regente precisa ter uma postura coerente de liderança, mas não de
superioridade. Ele deve administrar o grupo para conduzi-los da melhor
maneira, deixando a obra de arte irradiar sentimentos diversos para todos.

Referências

BAPTISTA, Raphael. Tratado de regência: aplicado à orquestra, à banda de


música e ao coro. São Paulo: Irmãos Vitale, 2000.

VIEGAS, José; NETO, Muniz. A comunicação gestual na regência de


orquestra. 2. ed. São Paulo: Annablume, 2003.

ZANDER, Oscar. Regência Coral. 5. ed. Porto Alegre: Movimento, 2003.


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UNIDADE 2 – OS GESTOS BÁSICOS

Objetivos:

 Entender os gestos básicos iniciais e preventivos;


 Compreender o gestual para a marcação dos compassos simples,
compostos e alternados;
 Assimilar os gestos para as entradas, cortes, legato, staccato e
dinâmicas.

Reger não se restringe a apenas marcar corretamente os compassos, é


necessário deixar tudo muito esclarecido durante os momentos de ensaios. Os
movimentos devem ser claros, simples e objetivos, utilizando-se do que
realmente for necessário (ZANDER, 2003). Fazer gestos com exagero pode
interferir na compreensão dos músicos, “pois uma condução e marcação
deficientes podem estragar e mesmo não preencher as condições elementares
da parte puramente estético-musical e expressivo” (ZANDER, 2003, p. 53).
Nesse sentido, é melhor manter a naturalidade em todos os aspectos.

2.1 Gesto inicial e preventivo

Antes de iniciar uma música o regente precisa indicar para o grupo vocal
ou instrumental que a peça vai começar e todos precisam ficar atentos a ele.
Para isso, deixar os braços levantados e próximos do tórax, aproximadamente
(verificar a Viodeoaula no AVA). No entanto, é importante verificar
(visualmente) se o grupo inteiro já está atento e ninguém disperso, para depois
fazer o gesto preventivo.
10

Figura 1 - Gesto inicial

Fonte: Gallo et al. (2006).

Sugestão de filmes ou vídeos


Para analisar melhor essa posição inicial, veja os vídeos nos seguintes links:

Posição inicial com o regente Samuel Fidelis. Disponível em:


https://www.youtube.com/watch?v=ByMK8XeQzn8&list=PLKfuCAh9TY597cxnB
Q-UkL-S3ZIn2jMPL&index=13. Acesso em: 27 jan. 2020.

Posição inicial com o regente Tobias Volkmann. Disponível em:


https://www.youtube.com/watch?v=I6wftuF1_Ic&list=PLefMI6_HTL7OkxxZoJ9N
OKvcUE61ykBJ7&index=4. Acesso em: 27 jan. 2020.
11

Figura 2 - Gesto Preventivo

Fonte: Elaborada pelo Autor (2020).

O gesto preventivo é utilizado para informar que vai se dar a execução


da peça, assim como alguns ataques durante a mesma, caso seja necessário.
Sendo utilizado para o início da obra, o gesto preventivo deve indicar o
andamento e a dinâmica da música.

Sugestão de filmes ou vídeos


Para o melhor entendimento sobre o gesto preventivo, acessar os links abaixo:

Gesto preventivo (Levare) com o regente Samuel Fidelis. Disponível em:


https://www.youtube.com/watch?v=KpU25vUHOR8. Acesso em: 27 jan. 2020.

Gesto preventivo com o regente Tobias Volkmann. Disponível em:


https://www.youtube.com/watch?v=A3DGx2fEaUo&list=PLefMI6_HTL7OkxxZoJ
9NOKvcUE61ykBJ7&index=5. Acesso em: 27 jan. 2020.
12

2.2 Gestos para marcação dos compassos simples, compostos


e alternados

2.2.1 Compassos simples

Vamos estudar os compassos simples 2/4, 3/4 e 4/4, acompanhados do


gesto preventivo. Os desenhos dos gestos são ilustrações para entendimento
das direções para cada tempo. Independentemente de qual seja o compasso, o
gesto para o primeiro tempo (forte) será para baixo, logo após o gesto
preventivo.
A figura abaixo representa o gesto para marcação do compasso binário
2/4.

Figura 3 - Compasso binário 2/4

Fonte: Elaborada pelo Autor (2020).

Após o gesto preventivo, segue-se o primeiro movimento para baixo,


logo em seguida, ir para o lado direito, fazendo-se o movimento dois para cima.
Assim, no compasso 2/4 o primeiro movimento do nosso braço será para baixo
e o segundo para cima (Verificar a Videoaula no AVA).
No compasso ternário 3/4, o primeiro movimento também será para
baixo, mas o segundo será para a direita, numa direção mais horizontal, e o
terceiro movimento será para cima, conforme a Figura a seguir.
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Figura 4 - Compasso ternário 3/4

Fonte: Elaborada pelo Autor (2020).

Então, no compasso ternário simples o primeiro tempo forte é para


baixo, o segundo tempo fraco é para fora (lado direito) e o terceiro tempo fraco
é para cima (Ver a Videoaula no AVA).
Assim como o binário e o ternário, o compasso quaternário também terá
o primeiro tempo para baixo, no entanto, o segundo movimento será para
dentro (esquerda), em uma linha mais horizontal, o terceiro tempo é para fora
(lado direito) ainda numa linha mais horizontal e o quarto é para cima,
conforme a figura a seguir.

Figura 5 - Compasso quaternário 4/4

Fonte: Elaborada pelo Autor (2020).


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Assim, no compasso quaternário o primeiro tempo forte é para baixo, o


segundo tempo fraco é para dentro, o terceiro tempo que é meio forte para fora
e o quarto tempo fraco é para cima (Ver a Videoaula no AVA).
É importante fazer o treinamento desses gestos para a marcação dos
compassos binário, ternário e quaternário com os dois braços ao mesmo tempo
e com a utilização do metrónomo. Isso irá desenvolver a independência de
cada braço, não somente para o gesto da marcação, mas ainda para os gestos
de entradas, cortes, dinâmicas, dentre outros. Abaixo estão as marcações
espelhadas para o treinamento com os dois braços.

Figura 6 - Marcação com os dois braços compasso binário 2/4

Fonte: Elaborada pelo Autor (2020).

Figura 7 - Marcação com os dois braços compasso ternário 3/4

Fonte: Elaborada pelo Autor (2020).


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Figura 8 - Marcação com os dois braços compasso quaternário 4/4

Fonte: Elaborada pelo Autor (2020).

Sugestão de filmes e vídeos


Para verificar os gestos para a marcação dos compassos simples, acessar os
seguintes links:

Gesto para o compasso simples 2/4 com o regente Tobias Volkmann.


Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=65iHSgjTVEI&list=PLefMI6_HTL7OkxxZoJ9
NOKvcUE61ykBJ7&index=9. Acesso em: 27 jan. 2020.

Gesto para o compasso simples 3/4 com o regente Tobias Volkmann.


Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=dkokOs02QJc&list=PLefMI6_HTL7OkxxZoJ
9NOKvcUE61ykBJ7&index=10. Acesso em: 27 jan. 2020.

Gesto para o compasso simples 4/4 com o regente Tobias Volkmann.


Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=XQot2t3W_OM&list=PLefMI6_HTL7OkxxZo
J9NOKvcUE61ykBJ7&index=11. Acesso em: 27 jan. 2020.

Todos esses gestos para a marcação dos compassos terão uma leve
acentuação nos pontos de transição de um movimento para o outro (Ver a
16

Videoaula no AVA). Porém, quando a peça ou partes dela forem em legato ou


staccato, haverá modificação.
A palavra legato é italiana e significa ligado, ou seja, “a passagem de um
som para o outro deve ser feita sem interrupção” (MED, 1996, p. 47). Então,
quando uma música tem essa caraterística, a marcação precisa ser ligando-se
os movimentos e não haverá nenhuma acentuação, os mesmos serão suaves
e “devem ser mais arredondados e contínuos” (RINALDI et al., 2008, p. 91).
(Os gestos para os compassos 2/4, 3/4 e 4/4 em legato serão os mesmos, mas
sem os pontos de acentuação (Ver a Videoaula no AVA para o entendimento)).
O staccato também vem do italiano, significando destacado. Também é
conhecido por ponto de diminuição, pois quando inserido numa nota, a mesma
tem o som real reduzido. Vamos ver nesse estudo o staccato simples, ponto
utilizado em cima ou abaixo da nota. Esse ponto reduz o som para sua metade.
Portanto, uma peça com essa característica, a marcação deve ser acentuada,
ou seja, destacando-se cada ponto dos movimentos dos tempos. “Os gestos do
regente devem acompanhar a intenção dos staccatos, ou seja, devem ser
curtos e precisos, utilizando-se, assim, os pulsos para se obter tal efeito”
(RINALDI et al., 2008, p. 91). (Ver a Videoaula no AVA para melhor
entendimento).

Sugestão de filmes ou vídeos

Para analisar melhor a marcação em legato e staccato, acessar o seguinte link:

O legato e staccato com o regente Samuel Fidelis. Disponível em:


https://www.youtube.com/watch?v=SYMshPrqRLM&list=PLKfuCAh9TY597cxn
BQ-UkL-S3ZIn2jMPL&index=1. Acesso em: 27 jan. 2020.

2.2.2 Compassos compostos

Compassos compostos são o resultado de uma multiplicação de uma


fórmula de compasso simples (MED, 1996, p. 122), ou seja, surgem desses
compassos simples. A matemática é realizada multiplicando-se a fração 3/2
17

pela fórmula do compasso simples. Nesse sentido, 2/4 x 3/2 resulta em 6/8; 3/4
x 3/2 resulta em 6/8; 4/4 x 3/2 resulta em 12/8 e 2/2 x 3/2 resulta em 6/4.

Figura 9 - Compasso 2/4 multiplicado por 3/2

Fonte: Elaborada pelo Autor(2020).

Figura 10 - Compasso 3/4 multiplicado por 3/2

Figura 11 - Compasso 4/4 multiplicado por 3/2

Fonte: Elaborada pelo Autor (2020).

Figura 12 - Compasso 2/2 multiplicado por 3/2

Fonte: Elaborada pelo Autor (2020).

Como podemos observar na figura, o compasso 6/4 é composto, pois


surge do compasso simples 2/2.
Os gestos para marcação dos compassos compostos 6/8, 9/8 e 12/8
serão os mesmos utilizados nos compassos simples, entretanto, haverá uma
modificação no tempo, pois este ficará mais longo (Ver a Videoaula no AVA
18

para melhor compreensão). Existem outras marcações para esses compassos,


mas vamos seguir a mesma linha indicada pelo regente Samuel Fidelis.

Figura 13 - Compasso 6/4

Fonte: Elaborada pelo Autor (2020).

Conforme a figura, o tempo 1 e 2 são para o mesmo ponto, ou seja, para


baixo; o tempo 3 será para dentro (lado esquerdo); os tempos 4 e 5 são para
fora (lado direito) e mesmo ponto, e o tempo 6 é um pouco para dentro (lado
esquerdo) e para cima, próximo do tempo 1 (Verificar a Videoaula no AVA).
A figura a seguir mostra a marcação para o treinamento com os dois
braços.

Figura 14 - Marcação do compasso 6/4 com os dois braços.

Fonte: Elaborada pelo Autor (2020).


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Sugestão de filmes e vídeos


Para verificar os gestos para os compassos compostos 6/8, 9/8 e 12/8, acessar
o seguinte link:

Compassos compostos com o regente Samuel Fidelis. Disponível em:


https://www.youtube.com/watch?v=IjLOr05Ohvc. Acesso em: jan. 2020.

2.2.3 Compassos alternados 5/4 e 7/4

Para os compassos alternados 5/4 e 7/4, também utilizaremos a


marcação utilizada pelo regente Samuel Fidelis. Compassos alternados são a
“união de dois ou mais compassos executados alternadamente” (MED, 1996, p.
123), ou seja, é efetuado um e em seguida o outro. Por conta dessa
alternância, há na regência uma marcação para cada momento de mudança de
compasso. No entanto, seguiremos a marcação indicada pelo Samuel Fidelis
que utiliza o gestual fixo para compassos alternados, não fazendo um gesto
para uma fórmula de compasso e depois fazendo outra para o compasso
seguinte, alternando também o gesto das marcações. Assim, faz-se apenas um
gestual para o compasso 5/4, que é a alternância entre o 2/4 e 3/4 ou o
inverso, como para o compasso 7/4, sendo a alternância entre o 4/4 e 3/4 ou o
inverso.

Figura 15 - Compasso 5/4

Fonte: Elaborada pelo Autor (2020).


20

Conforme vemos na figura acima (marcação espelhada), o tempo 1 e 2


são para a mesma direção, o tempo 3 é para dentro (lado esquerdo), o 4 é para
fora (lado direito) e o 5 também para dentro (lado esquerdo), mas próximo do 1
e 2.

Figura 16 - Compasso 7/4

Fonte: Elaborada pelo Autor (2020).

No compasso 7/4 os tempos 1 e 2 também são na mesma direção, o 3 e


quatro na mesma direção (para dentro e lado esquerdo), o 5 e 6 no mesmo
ponto (para fora e lado direito) e o 7 para cima e próximo do 1 e 2.

Sugestão de filmes ou vídeos


Para verificar o compasso composto 6/4 e os alternados 5/4 e 7/4, acessar o
seguinte link:

Compassos composto e alternado com o regente Samuel Fidelis. Disponível


em:
https://www.youtube.com/watch?v=Q83DPiO0Gc4&list=PLKfuCAh9TY597cxnB
Q-UkL-S3ZIn2jMPL&index=10. Acesso em: 27 jan. 2020.
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2.3 Gestos básicos para entradas, cortes, dinâmicas e fermata

Na regência, seja coral ou instrumental, precisamos fazer as indicações


de entrada para os músicos, mostrando para eles o momento correto de iniciar
a peça, como também indicar as entradas em outros pontos da música. Da
mesma forma, devemos mostrar os momentos de cortes, ou seja, onde não
haverá som. Isso pode ocorrer em vários trechos da obra e ainda na
finalização, último compasso. O regente também precisa trabalhar com as
dinâmicas que estão ocorrendo durante a música, porque terão partes com
sons mais fracos e outros mais fortes, como também pontos onde haverá um
crescimento e decrescimento sonoro gradual. Ainda é necessário informar a
fermata, ou seja, o prolongamento do som ou do silêncio.
Para o nosso estudo, vamos praticar quatro dinâmicas: p (piano), mp
(meio/um pouco piano), mf (meio/um pouco forte) e f (forte). Cada uma delas
terá um gesto com amplitudes diferentes. Porém, esses gestos não são
exatamente realizados da mesma maneira pelos regentes. Um regente A pode
gesticular a dinâmica em p um pouco diferente de outro regente B. Entretanto,
o importante é você treinar o seu modo de fazer cada dinâmica e deixar isso
bem claro para todos os músicos durante os ensaios.

2.3.1 Gestual para entradas

Utilizamos o braço e mão esquerdos para darmos a entrada para vozes


ou instrumentos. Existem distintos formatos para a mão no momento da
indicação de uma entrada, mas para esse estudo inicial iremos mostrar dois.
Um é com a palma da mão para cima. A outra maneira é com os dedos
indicador e polegar estarem juntos, as pontas se tocam. Em ambos os casos o
antebraço fica em posição vertical, mas isso vai depender da dinâmica do
momento, indo para frente horizontalmente (Ver a Videoaula no AVA).
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Sugestão de filmes e vídeos


Para analisar melhor o gesto para a entrada, acessar o seguinte link:

Gesto para a entrada com o regente Samuel Fidelis. Disponível em:


https://www.youtube.com/watch?v=AmHIJyxbAmM&list=PLKfuCAh9TY597cxn
BQ-UkL-S3ZIn2jMPL&index=2. Acesso em: 27 jan. 2020.

Gesto para entrada com o regente Tobias Volkmann. Disponível em:


https://www.youtube.com/watch?v=rxvTcGdaYSE&list=PLefMI6_HTL7OkxxZoJ
9NOKvcUE61ykBJ7&index=7 (a parte sobre a entrada vai até 2:27). Acesso
em: 27 jan. 2020.

2.3.2 Gestual para os cortes

Existem distintas maneiras de indicar um corte, seja para um ponto


durante a peça ou para a finalização do último compasso. No entanto, há um
gesto simples e fácil de executar com movimentação circular, unindo-se os
dedos polegar e indicador de ambas as mãos. No tempo e momento para o
corte, os braços se elevam normalmente, fazendo-se o movimento circular para
informar aos músicos a finalização. A figura a seguir demonstra essa
movimentação realizada durante o corte.

Figura 17 - Gesto para o corte

Fonte: Elaborada pelo Autor (2020).


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Sugestão de filmes ou vídeos


Para analisar melhor o corte, acessar o seguinte link (a parte sobre o corte
inicia em 2:28):

Gesto para o corte com o regente Tobias Volkmann. Disponível em:


https://www.youtube.com/watch?v=rxvTcGdaYSE&list=PLefMI6_HTL7OkxxZoJ
9NOKvcUE61ykBJ7&index=7. Acesso em: 27 jan. 2020.

2.3.3 Gestual para as dinâmicas

2.3.3.1 Piano (p), meio piano (mp), meio forte (mf) e forte (f)

Os gestos para fazermos as dinâmicas p (piano), mp (meio piano), mf


(meio forte) e f (forte) serão os mesmos utilizados para a marcação dos
compassos. Porém, para cada uma das dinâmicas haverá amplitudes
diferentes. Assim, do piano ao forte teremos uma progressão crescente do
gestual. É importante ressaltar que cada regente pode ter um gesto bem menor
para o piano, por exemplo, em relação a outro regente, e assim para as demais
dinâmicas. A figura abaixo nos mostra a ideia das diferentes dimensões.

Figura 18 - Gesto para as dinâmicas

Fonte: Elaborada pelo Autor (2020).


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2.3.3.2 Crescendo e decrescendo

O crescendo e decrescendo (diminuendo) podem vir na partitura por


extenso ou por símbolos. Servem para ir aumentando ou diminuindo
progressivamente a dinâmica de certos pontos no arranjo.

Figura 19 - Crescendo e Decrescendo

Fonte: Elaborada pelo Autor (2020).

Existem dois formatos de gestos bem interessantes para indicarmos o


crescendo e o decrescendo. No primeiro, vamos afastando os braços
ascendentemente e com as palmas das mãos para baixo. Esse gesto será para
o crescendo. Para o decrescendo, basta fazermos o contrário, ou seja, o
gestual virá descendentemente. A segunda opção é um pouco diferente, pois o
braço direito ficará marcando o compasso enquanto o esquerdo fará a
indicação, elevando-se e baixando-se.

Sugestão para filmes e vídeos


Para analisar o gestual para as dinâmicas estudadas, acessar os seguintes
links:

Dinâmicas com o regente Samuel Fidelis. Disponível em:


https://www.youtube.com/watch?v=M0fa2uJi_wI (p, mp, mf e f). Acesso em: 27
jan. 2020.

Dinâmicas com o regente Samuel Fidelis. Disponível em:


https://www.youtube.com/watch?v=9c2xO5Rhh0A (crescendo e decrescendo).
Acesso em: 27 jan. 2020.
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2.3.4 Gesto para a fermata

A fermata é utilizada para haver um prolongamento do som ou de


silêncio, ou seja, o tempo irá ser dilatado para isso acontecer. No entanto, esse
tempo é subjetivo, pois um regente pode considerar uma fermata mais
prolongada em relação a outro.
Vamos utilizar um gesto simples indicado por Gallo et al. (2006) que
consiste em deixar os braços direcionados para frente, palmas para cima e
movimentando-os de baixo para cima, lentamente e continuamente. Para um
coro, essa movimentação para cima irá ajudar a manter a afinação (GALLO et
al., 2006, p. 52). Então, o regente percebendo que o grupo coral começou a
sair da afinação durante a prolongação sonora, ele deve olhar para todos e
fazer a indicação para a manutenção dessa altura.

Figura 20 - Gesto para a fermata

Fonte: Gallo et al .(2006).

Resumo

Nesta Unidade, estudamos os gestos para o estudo introdutório da regência:


inicial, preventivo, marcação dos compassos simples, compostos e alternados,
legato e staccato, indicação de entrada, de corte, dinâmicas e fermatas. É
importante fazer o treinamento de cada um deles com precisão. Isso irá
contribuir para o seu ofício como professor de música.
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Referências

GALLO, José Antônio et al. El director de coro: manual para la dirección de


coros vocacionales. Buenos Aires: Melos de Ricordi Americana, 2006.

MED, Bohumil. Teoria da Música. 4.ed. Brasília,DF: Musimed, 1996.

RINALDI, Arthur et al. O regente sem orquestra: exercícios básicos,


intermediários e avançados para formação do regente. Orientação/supervisão:
Roberto Tibiriçá. 1. ed. São Paulo: Algol, 2008.

ZANDER, Oscar. Regência Coral. 5. ed. Porto Alegre: Movimento, 2003.


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UNIDADE 3 – ATIVIDADES PRÁTICAS

Objetivos:

 Praticar os gestos da regência;


 Desenvolver a independência dos braços;
 Aprimorar a leitura e o solfejo rítmico.

Esta Unidade contém distintos exercícios para a prática dos gestos


vistos na Unidade 2. É muito importante fazer o treinamento com a utilização
do metrônomo para podermos sentir o andamento, o tempo forte, o tempo
fraco, percebermos a mudança de um compasso simples para o seu respectivo
composto, mantermos o pulso, etc. Para uma assimilação significativa, deixar o
metrónomo soando em colcheias, pois, assim, podemos sentir melhor a
transição dos compassos e fazer o solfejo rítmico.
Para cada exemplo, confira um compasso antes, faça o gesto inicial e
preventivo, e assim começar. No último compasso de cada exemplo, fazer o
gesto para o corte. Também é importante fazer o solfejo rítmico juntamente
com os gestos, assim como fazer a marcação com os dois braços. Isso irá
desenvolver a independência, proporcionando liberdade durante a regência.
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3.1 Compassos 2/4 e 6/8

Figura 21 - Exercício 01 - 2/4 e 6/8

Fonte: Elaborada pelo Autor (2020).

3.2 Compassos 3/4 e 9/8

Figura 22 - Exercício 02 - 3/4 e 9/8

Fonte: Elaborada pelo Autor (2020).


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3.3 Compassos 4/4 e 12/8

Figura 23 - Exercício 03 - 4/4 e 12/8

Fonte: Elaborada pelo Autor (2020).


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3.4 Compassos 5/4, 6/4 e 7/4

Figura 24 - Exercício 04 - 5/4, 6/4 e 7/4

Fonte: Elaborada pelo Autor (2020).

3.5 Compassos diversos

Os seguintes exercícios fazem parte do livro O regente sem orquestra,


de Rinaldi, Arthur et al. (2008). Em alguns exemplos foram feitas certas
modificações para o nosso estudo. Onde estiver a fermata, é necessário fazer
o gesto para sustentação sonora e em seguida executar o gesto preparativo,
indicando a entrada para a continuação dos demais compassos, exceto no
último compasso, pois basta fazer o gesto para o corte, finalizando o exercício.
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Figura 25 - Exercício 05

Figura 26 - Exercício 06
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Figura 27 - Exercício 07

Figura 28 - Exercício 08
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Figura 29 - Exercício 09

Figura 30 - Exercício 10
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Resumo

Nesta Unidade, apresentamos dez exercícios, envolvendo compassos simples,


compostos e alternados com variações no ritmo e nas dinâmicas, ainda
inserção de fermatas, legatos e staccatos. Todos esses pontos são importantes
para o treinamento dos gestos utilizados na regência coral e/ou instrumental.

Referência

RINALDI, Arthur et al. O regente sem orquestra: exercícios básicos,


intermediários e avançados para formação do regente. Orientação/supervisão:
Roberto Tibiriçá. 1.ed. São Paulo: Algol, 2008.

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