Caderno Pedagógico - Transição 2020 - 2021

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Prefeitura Municipal de Curitiba

Secretaria Municipal da Educação


Superintendência de Gestão Educacional

Caderno Pedagógico
de Unidades Curriculares
de Transição
2020 – 2021

Ensino Religioso

1.°ao 6.°ano
PREFEITURA MUNICIPAL DE CURITIBA
Rafael Greca de Macedo
SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCAÇÃO
Maria Sílvia Bacila
SUPERINTENDÊNCIA EXECUTIVA
Oséias Santos de Oliveira
DEPARTAMENTO DE LOGÍSTICA
Maria Cristina Brandalize
DEPARTAMENTO DE PLANEJAMENTO, ESTRUTURA E INFORMAÇÕES
Adriano Mario Guzzoni
COORDENADORIA DE REGULARIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DAS INSTITUIÇÕES
EDUCACIONAIS
Eliana Cristina Mansano
COORDENADORIA DE OBRAS E PROJETOS
Flávia Correa de Almeida Faria Gomes
SUPERINTENDÊNCIA DE GESTÃO EDUCACIONAL
Andressa Woellner Duarte Pereira
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO INFANTIL
Kelen Patrícia Collarino
DEPARTAMENTO DE ENSINO FUNDAMENTAL
Simone Zampier da Silva
DEPARTAMENTO DE DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL
Estela Endlich
DEPARTAMENTO DE INCLUSÃO E ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO
Gislaine Coimbra Budel
COORDENADORIA DE EQUIDADE, FAMÍLIA E REDE DE PROTEÇÃO
Sandra Mara Piotto
COORDENADORIA DE PROJETOS
Andréa Barletta Brahim
Carta aos (às) profissionais:
Prestar atenção no processo de aprendizagem das crianças e dos estudantes é a rotina do tra-
balho do professor e de toda a equipe da Secretaria da Educação. No entanto, em um ano tão
atípico como foi o de 2020, esse olhar vigilante trouxe para todos nós, profissionais da educação,
curiosidades distintas das que normalmente tínhamos no percurso habitual da escolarização.

Quando nos deparamos com a produção escolar advinda do ambiente familiar, passamos a nos
perguntar se realmente nossos estudantes teriam aprendido o que lhes era ensinado de manei-
ra remota. As estratégias para que a aprendizagem ocorresse foram incontáveis nas unidades
educacionais e, à medida que o tempo da pandemia foi passando e o período de isolamento
foi se acentuando, as distintas maneiras de se chegar aos estudantes também foram se modi-
ficando.

Ao escrevermos essa página da história da educação curitibana no ano de 2020, fomos cons-
truindo práticas pedagógicas jamais pensadas para crianças, no entanto viáveis para o momen-
to. Coletamos materiais dos estudantes que nos deram possibilidade de compreender como
eles estavam aprendendo em meio a tanta adversidade. Logo, foi necessário identificar quais
componentes curriculares ainda estavam frágeis nesse processo, constituindo um material ba-
silar para o ano de 2021, os Cadernos Pedagógicos de Unidades Curriculares de Transição.

Todo currículo em sua gênese constitui-se em lógica espiralada, de maneira que os compo-
nentes de um ciclo são revisitados em outro ciclo, e assim por diante, sem que jamais se perca
o todo. No entanto, esse todo vai se ampliando com os contextos, as possibilidades de quem
ensina e de quem aprende a complexidade de cada etapa. O movimento de ir, mas obrigato-
riamente voltar, é respeitoso com quem aprende, pois sempre há a necessidade de abrir novos
territórios para aprender.

O professor, a cada contexto apresentado ao estudante, mapeia novas geografias para que a
mente possa organizar outras condições de sinapses, e isso faz toda a diferença na ampliação
de repertórios de aprendizagem, pois não é mais do mesmo, mas sim o mesmo em diferentes
formas, condições, conjunturas, totalidades.

Os Cadernos Pedagógicos de Unidades Curriculares de Transição têm esta matriz: o trabalho


com as totalidades de um componente curricular em dada complexidade num ano do ciclo e
em outro ano do ciclo de aprendizagem, sem jamais se perder das totalidades que se ampliam
e se complexificam, no entanto se convergem em um ano, outro ano e assim sucessivamente.
Respeitosamente apresentamos este material, fruto dos saberes da Rede Municipal de Ensino
de Curitiba, saberes dos estudantes, saberes dos profissionais, aqui estruturados para orientar
novas possibilidades de organização do trabalho pedagógico em 2021! Permaneçam vigilantes
na aprendizagem das crianças e dos estudantes, sobretudo, pesquisadores da própria prática
pedagógica, essência do trabalho do professor, legado da nossa grande mestra, Marli André1 (in
memoriam), a quem homenageio nesta apresentação.

Maria Sílvia Bacila


Secretária Municipal da Educação

1 Marli André foi professora universitária na área da Educação, atuou na USP e na PUC/SP. Sua carreira foi
marcada pela dedicação à formação de professores.
Sumário

Apresentação 9

Abertura 11

A experiência de 2020 13

O que esperamos para 2021? 13

CICLO I 14

OBJETIVO GERAL DO CICLO I 14

2. ° ANO 15

Unidade 1: Identidades e Alteridades 15

Unidade 2: Identidades e Alteridades (Parte II) 19

Unidade 3: Manifestações Religiosas 22

3. ° ANO 25

Unidade 1: Identidades e Alteridades 25

Unidade 2: Manifestações Religiosas 29

Unidade 3: Manifestações Religiosas (Parte II) 34

CICLO II 39

OBJETIVO GERAL DO CICLO II 39

4. ° ANO 40

Unidade 1: Identidades e Alteridades 40

Unidade 2: Manifestações Religiosas 46

Unidade 3: Crenças e Filosofias de Vida 50

5.º ANO 54

Unidade 1: Manifestações Religiosas 54

Unidade 2: Crenças e Filosofias de Vida 58

Unidade 3: Identidades e Alteridades 62

7
CICLO III 66

OBJETIVO GERAL DO CICLO 66

6.° ANO 66

Unidade 1: Identidades e Alteridades 68

Unidade 2: Crenças e Filosofias de Vida 71

Unidade 3: Crenças e Filosofias de Vida (Parte II) 77

Considerações 85

Referências 86

8
Apresentação
Em virtude da Situação de Emergência em Saúde Pública no Município de Curitiba decorrente
da pandemia causada pela COVID-19, declarada pelo Decreto Municipal n.º 421, de 16 de março
de 2020, exigiu-se medidas imediatas para a prevenção da transmissão da doença, entre elas a
suspensão das aulas presenciais, determinações complementadas por outros decretos1. A partir
desse cenário, a Secretaria Municipal da Educação (SME), especificamente, o Departamento de
Ensino Fundamental (DEF), elaborou os Cadernos Pedagógicos de Unidades Curriculares de
Transição.

Este documento tem como objetivo orientar a equipe gestora e professores das escolas muni-
cipais de Curitiba sobre a organização do trabalho pedagógico a ser realizado no retorno pre-
sencial e no processo que acontecerá em decorrência desse período, a partir da tríade currículo,
planejamento e avaliação, numa perspectiva de cidade educadora e inclusiva.

O atual contexto educacional apresenta desafios que precisam ser refletidos e discutidos a fim
de possibilitar a garantia do direito a aprendizagem dos estudantes. Para isso, é necessário pro-
por ações educacionais específicas que perpassam a organização do trabalho pedagógico e de
toda a comunidade escolar.

Diante da reclusão social vivenciada pela pandemia da COVID-19 que ocorreu de forma repen-
tina, é essencial acolher e entender a singularidade vivida nesse período por profissionais da
escola, estudantes, familiares e/ou responsáveis.

Em efeito a esse contexto, compreende-se que a aprendizagem dos estudantes em 2020 foi
mediada pelas tecnologias em rede e atividades complementares, em que os espaços e os
tempos de aprendizagens foram concebidos pelos estudantes a partir das experiências que
ocorreram em um período de pandemia.

Dada essa situação de ineditismo, é preciso refletir como os tempos escolares não presenciais
e presenciais impactaram na trajetória de aprendizagens dos estudantes. Para Arroyo (2019, p.
176): “a produção do tempo escolar e a produção dos tempos da vida são inseparáveis. Sempre
que os significados sociais e culturais da infância, adolescência são recolocados, os tempos da
escola são chamados a repensar-se”. Dessa forma, no contexto vivenciado em 2020, as equipes
escolares foram desafiadas a (re)organizar os espaços e os tempos de aprendizagem fundamen-
tando suas ações na função social da escola no que tange a garantia do direito a aprendizagem.

A partir dos princípios da equidade e da inclusão balizados no Currículo do Ensino Fundamen-


tal: Diálogos com a BNCC (2020), no ano de 2020 as aulas ocorreram remotamente, ou seja, a
oferta do ensino se deu por meio da disponibilização de videoaulas gravadas por profissionais

1 Decretos n.º 525, de 09 de abril de 2020, n.º 580, de 29 de abril de 2020, n.º 779, de 15 de junho de 2020, n.º
958 de 24 de julho de 2020, n.º 1128 de 28 de agosto de 2020, n.º 1259 de 24 de setembro de 2020, n.º 1457 de 29 de
outubro de 2020, n.º 1601 de 30 de novembro de 202

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da educação lotados na SME e nos Núcleos Regionais da Educação (NREs). Por meio dessas
aulas remotas, a equipe gestora e professores das escolas planejaram atividades complemen-
tares articuladas às necessidades de aprendizagem dos estudantes. Essa organização reforçou
da educação lotados na SME e nos Núcleos Regionais da Educação (NREs). Por meio dessas
aulas remotas, a equipe gestora e professores das escolas planejaram atividades complemen-
tares articuladas às necessidades de aprendizagem dos estudantes. Essa organização reforçou
o compromisso e a responsabilidade pedagógica dos profissionais da Rede Municipal de Ensino
(RME) de Curitiba na formação dos estudantes.

Logo, para assegurar a continuidade do processo de aprendizagem dos estudantes nesse pro-
cesso, enfatiza-se o Parecer CEE/PR n.º 487/1999 que instituiu os Ciclos de Aprendizagem na
RME de Curitiba. A organização do ensino em Ciclos de Aprendizagem compreende que o pro-
cesso de aprendizagem é contínuo, portanto, refletir, discutir e propor ações educacionais que
oportunizem a todos os estudantes o direito à aprendizagem é uma necessidade dos profissio-
nais da escola.

Pensando nesse ensino em Ciclos de Aprendizagem, entende-se que a organização do traba-


lho pedagógico nessa proposta estabelece diariamente o trabalho pedagógico coletivo. Dessa
forma, Mainardes (2009, p. 16) esclarece que:

Uma escola em ciclos reconhece a pluralidade e a diversidade cultural


como uma característica de qualquer escola e sala de aula e que ela pre-
cisa ser considerada e incorporada na dinâmica pedagógica da escola,
ou seja, nas propostas pedagógicas, nas relações de ensino, enfim, em
todas as dimensões do trabalho educativo.

Sustenta-se, portanto, a necessidade de conhecer a realidade escolar articulada a função social


da escola, bem como, que a organização do trabalho pedagógico contemple a totalidade que
vai além do contexto escolar, possibilitando atividades diversificadas e diferenciadas de forma a
oferecer condições de aprendizagem a todos os estudantes.

Os princípios da equidade e inclusão que balizam o Currículo do Ensino Fundamental: Diálogos


com a BNCC (2020) são os mesmos que amparam os Cadernos Pedagógicos de Unidades
Curriculares de Transição. Este documento possibilita ao pedagogo escolar orientar os profes-
sores na retomada do planejamento de ensino, plano de aula e processos avaliativos, de modo
a adequar ao presencial o trabalho pedagógico realizado remotamente.

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Abertura
O trabalho com o Ensino Religioso, enquanto componente curricular do Ensino Fundamental,
por si só, já enfrenta uma série de desafios. Visto que os conteúdos, as limitações pedagógicas
que apenas uma aula semanal nos impõe, exigem além das pesquisas aprofundadas, a discus-
são de temáticas consideradas polêmicas.

Entretanto, durante a pandemia de Covid-19, fomos desafiados por inúmeras e novas situações,
ensinar os conhecimentos acerca do fenômeno religioso, sem perdermos o foco no estudante,
mas de forma atrativa e diversificada, apresentando as quatro matrizes e prezando sempre pela
diversidade que compõe a religiosidade do povo brasileiro.

No entanto, a nova modalidade de ensino proposta, videoaulas transmitidas pela televisão e


pela internet, também trouxe novas possibilidades.

Muitas famílias desconheciam o trabalho desenvolvido no componente curricular de Ensino


Religioso na atualidade, assim as memórias e experiências dos pais estavam pautadas na forma
como eles vivenciaram outras concepções relacionadas ao componente curricular1 em suas
infâncias.

Vale lembrar que o Currículo do Ensino Religioso

está configurado de acordo com os estudos realizados em conjunto com


os professores e parceiros, em conformidade com a BNCC, documento
organizado por “unidades temáticas”, dentre as quais estão distribuídos
“objetos de conhecimento”. Tais unidades são: identidades e alteridades,
manifestações religiosas, crenças religiosas e filosofias de vida. A partir
dessas unidades, os objetos de conhecimento para cada ano são: práticas
espirituais ou ritualísticas, espaços e territórios sagrados, mitos, crenças,
narrativas, oralidade, tradições orais e textos escritos, doutrinas, ideias de
imortalidade (ancestralidade, reencarnação, ressurreição, transmigração,
entre outras), códigos éticos e filosofias de vida. Por esse motivo, os cri-
térios de organização das habilidades na BNCC expressam um arranjo
possível para a realidade de Curitiba. Sendo assim, organizamos os con-
teúdos do Ensino Religioso, deste município, com base nessa divisão e
nos estudos realizados nas últimas décadas. (CURITIBA, 2020, p. 106).

1 Até meados da década de 1970, o Ensino Religioso se configurava como ensino catequético católico,
passando ao ensino cristão ecumênico até meados de 1990. Na década de 1990, passamos para o ensino de valores,
mas foi só a partir dos anos 2000, que o Ensino Religioso assumiu uma postura mais acadêmica e passou a buscar
suas fontes e objeto de estudo nas Ciências da Religião, construindo um ensino com base na diversidade religiosa do
país e estabelecendo o fenômeno religioso como objeto de estudo.

11
Nesse contexto, um novo desafio surge, adequar teórica e metodologicamente, o Currículo do
Ensino Religioso para atender às demandas oriundas de um tempo em que as aulas acontece-
ram apenas de forma remota. Assim, diferentes profissionais se debruçaram sobre os materiais
já produzidos pela Rede Municipal de Ensino (RME) de Curitiba e pela Associação Inter-religiosa
de Educação (ASSINTEC), considerou-se também as atividades propostas pelos professores
das unidades escolares do município, produzidas no ano de 2019. Desse olhar coletivo surgiu
o trabalho com diferentes recursos: vídeos, músicas de domínio público, expressões popula-
res, saberes tradicionais, brincadeiras infantis e cantigas, entre outros elementos dos processos
educativos que subsidiaram as videoaulas em prol da aprendizagem dos estudantes.

Assim, este material tem como finalidade subsidiar o processo de retorno à modalidade presen-
cial em 2021, auxiliando as práticas dos professores, alicerçando teórica e metodologicamente
os planejamentos e dando suporte para as adaptações e ampliações necessárias a cada reali-
dade.

Tendo em vista que o trabalho com o Ensino Religioso segue a legislação vigente e própria da
área, o Currículo do Ensino Fundamental: diálogos com a BNCC (2020) e as habilidades descritas
na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) como:

1. Conhecer os aspectos estruturantes das diferentes tradições/movi-


mentos religiosos e filosofias de vida, a partir de pressupostos científicos,
filosóficos, estéticos e éticos. 2. Compreender, valorizar e respeitar as ma-
nifestações religiosas e filosofias de vida, suas experiências e saberes,
em diferentes tempos, espaços e territórios. 3. Reconhecer e cuidar de
si, do outro, da coletividade e da natureza, enquanto expressão de valor
da vida. 4. Conviver com a diversidade de crenças, pensamentos, con-
vicções, modos de ser e viver. 5. Analisar as relações entre as tradições
religiosas e os campos da cultura, da política, da economia, da saúde, da
ciência, da tecnologia e do meio ambiente. 6. Debater, problematizar e
posicionar-se frente aos discursos e práticas de intolerância, discrimina-
ção e violência de cunho religioso, de modo a assegurar os direitos hu-
manos no constante exercício da cidadania e da cultura de paz. (BRASIL,
2017, s/p).

Associadas aos objetivos designados pelo Currículo do Ensino Fundamental para cada Ciclo,
apresentam-se algumas considerações sobre o trabalho realizado em 2020, e sobre as expec-
tativas elencadas a partir dos objetivos, conteúdos e critérios de ensino-aprendizagem a serem
desenvolvidos com os estudantes em 2021.

Este material está dividido em unidades temáticas, definidas a partir do Currículo do Ensino Fun-
damental de Ensino Religioso e em consonância com a Base Nacional Comum Curricular.

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A experiência de 2020
Para a elaboração das videoaulas transmitidas em 2020, nos debruçarmos sobre o Currículo
Ensino Fundamental de Ensino Religioso, observando os objetivos de ensino-aprendizagem,
cuidadosamente, a fim de (re) definir o que era imprescindível para o momento e o que era pos-
sível realizarmos no formato remoto. Alguns conteúdos e objetivos de aprendizagem exigem a
relação direta com os estudantes, pois estas inter-relações favorecem a percepção e o aco-
lhimento das diferenças e a identificação das semelhanças, desta forma na impossibilidade de
serem trabalhados presencialmente, foram adaptados para o trabalho remoto, como exemplo,
O Eu, O Outro e O Nós.

Buscamos ainda, para as propostas tanto do Ciclo I quanto do Ciclo II, aprimorar nosso olhar
enquanto pesquisadores. Trazendo a diversidade não só por meio da exposição oral, mas bus-
cando também a diversificação metodológica. Para tanto, usamos: vídeos de produção própria
e de terceiros, reportagens, contação de histórias literárias, entre outros. Para isso, contamos
com uma rede de colaboradores que, com muito apreço nos atenderam e nos proporcionaram
aprendizagens ricas.

Vale ressaltar que, para além do trabalho remoto desenvolvido através da televisão aberta e da
internet, os professores de Ensino Religioso RME organizaram uma rede colaborativa, para ela-
boração e compartilhamento das atividades desenvolvidas, contribuindo para dissimilação de
informações e fortalecimento dos docentes do componente curricular. Dentre as iniciativas dos
professores, vale destacar o Minuto ER2, desenvolvido pela professora Aline Kosloski Miranda de
Oliveira Trindade, da Escola Municipal Nathalia de Conto Costa que, além de complementar o
trabalho já desenvolvido nas videoaulas e atividades remotas, ampliou a rede de interações en-
tre os estudantes, membros das famílias e demais professores, levando o conhecimento acerca
do fenômeno religioso para além da escola.

O que esperamos para 2021?


Devido ao ineditismo da situação, a qual nos impôs novas demandas e possibilidades quanto
ao uso das tecnologias como instrumento de ensino, assim como cientes que o processo vi-
venciado a partir das videoaulas e atividades remotas supriram parcialmente as necessidades
educacionais dos estudantes da RME, durante o período de isolamento social, elencamos os
critérios de ensino-aprendizagem do Currículo do Ensino Fundamental para o Ensino Religioso
a serem abordados em 2021. Esses critérios foram elencados a partir dos relatórios das unida-
des escolares, elaborados durante os conselhos de classe, também levamos em considera-
ção as informações dos professores e pedagogos sobre o processo vivenciado por eles junto

2 Você pode acompanhar o vídeo de lançamento do projeto no link: <https://www.youtube.com/


watch?v=eGTRItl- &list=PLckjcT_JQga1_g7KC8RVIzpUOjbI0_B8k&index=2>. Acesso em: 06/11/2020.

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aos estudantes. Outra questão ponderada, foi o apanhado dos conteúdos ministrados em 2020,
perspectivando o trabalho a ser realizado em 2021. Desse modo, buscou-se as relações entre
as possíveis aprendizagens do período remoto e as experiências que serão vivenciadas presen-
cialmente em 2021.

É importante ressaltarmos que, os conteúdos de Ensino Religioso não são estanques ou indisso-
ciáveis. Desse modo, ao tratarmos das organizações religiosas, consequentemente, abordamos
aspectos do lugar sagrado e vice-versa. Do mesmo modo, ao tratarmos da indumentária reli-
giosa, os aspectos relacionados à liderança e a atuação de homens e mulheres nas diferentes
religiões serão discutidos. Ao trazermos para a sala de aula os diferentes mitos e suas funções,
também serão discutidas as divindades. Ou seja, nossos conteúdos e objetivos de ensino-apren-
dizagem estão interligados, de forma espiralar, assim é possível abordar diferentes objetivos, de
diferentes anos de forma conjunta.

Enfatiza-se que este material não tem a pretensão de substituir o planejamento dos professores,
assim seu principal intuito é auxiliar no desenvolvimento do processo de transição entre o ensi-
no remoto e as atividades presenciais.

CICLO I
O Ciclo I tem como característica o trabalho a partir do conhecer e (re)conhecer as diferenças e
semelhanças entre o “eu” e o “outro”, construindo seu referencial para a compreensão do “nós”.
Essa compreensão tem início no 1.º ano a partir do trabalho com as características físicas, origem
do nome, entre outros, e segue pelos dois anos seguintes aprofundando questões relativas à
etnia, cultura e religiosidade. No 3.º ano, sob a luz das Ciências da Religião, passamos a construir
o entendimento acerca da diversidade religiosa do Brasil e do Mundo, percebendo o fenômeno
religioso na sociedade.

Tendo em vista que, para as turmas de pré-escola não há orientações no que diz respeito ao
trabalho com o Ensino Religioso3, para as turmas de 1.º ano não há a necessidade de adequação
metodológica e/ou curricular. Assim, as turmas que ingressarem no 1.º ano em 2021, deverão
seguir o Currículo do Ensino Fundamental. Portanto, este material inicia-se com as sugestões
para as turmas de 2.º ano.

OBJETIVO GERAL DO CICLO I


Reconhecer e identificar o fenômeno religioso4 na perspectiva da diversidade cultural religiosa,
contemplando as quatro matrizes: indígena, ocidental, africana e oriental.

3 De acordo com a legislação, o fenômeno religioso faz parte dos conteúdos do Ensino Fundamental: artigo
n.º 210 da Constituição Federal de 1988 e Artigo 33 da Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional (9394/96).
4 Ver definição no Currículo do Ensino Fundamental (2020).

14
2. ° ANO
Os estudantes, matriculados nas turmas de 2.º ano em 2021, acompanharam as videoaulas do 1.º
ano pela Tv Escola em 2020. Os conteúdos foram adaptados de maneira a trabalhar os objetivos
de forma lúdica, a fim de ampliar a percepção dos estudantes no que diz respeito à diversidade,
mesmo num período em que a convivência com seus pares se tornou restrita aos familiares.
Para isso, foi necessário ampliar o repertório dos estudantes através da exploração de imagens,
vídeos, animações e histórias etc. que poderão ser retomadas e ampliadas no decorrer do ano
letivo de 2021.

Unidade 1: Identidades e Alteridades


Na unidade Identidades e alteridades, pretende-se ampliar o repertório dos estudantes no que
diz respeito às diferenças. As propostas têm como finalidade apresentar o leque de diferenças
que são percebidas na sala de aula, entre os pares, bem como no cotidiano e em diferentes
espaços de convivência. Também são analisadas as origens destas diferenças que podem ser
físicas, culturais, religiosas, entre outras, observando as questões étnicas ligadas a elas e am-
pliando as possibilidades até chegarmos às questões religiosas. Como é possível observamos

Nessa unidade pretende-se que os estudantes reconheçam, valorizem e


acolham o caráter singular e diverso do ser humano, por meio da identifi-
cação e do respeito às semelhanças e diferenças entre o eu (subjetivida-
de) e os outros (alteridades), da compreensão dos símbolos e significados
e da relação entre imanência e transcendência. (BNCC, 2017. p. 438).

Critérios de ensino-aprendizagem
• Identifica semelhanças e diferenças entre seus pares.

• Reconhece a diversidade religiosa da cidade de Curitiba, contemplando as


1.º Ano
quatro matrizes.

• Aponta alguns lugares sagrados de Curitiba, contemplando as quatro matrizes.


• Reconhece os diferentes espaços de convivência, identificando as diversas
formas de conviver e demonstrar seus costumes e crenças nesses espaços.

• Identifica os lugares sagrados existentes na cidade de Curitiba, reconhecendo


2.º Ano
suas características.

• Identifica símbolos presentes em diferentes espaços de convivência, distin-


guindo religiosos de não religiosos.

15
Iniciando a conversa

É sabido que as características físicas, o nome, a forma de se vestir, entre outros aspectos físicos
e culturais, são parte integrante da cultura e, portanto, da forma de se relacionar com o outro
e com o mundo. Assim, os espaços de convivência: casa, escola, comunidade religiosa, entre
outros, são compreendidos como lugares de convívio com as diferenças. Ao passo que em nos-
sa casa as características físicas se assemelham, na comunidade religiosa a crença é a mesma
entre os pares, desse modo a escola é o espaço da diversidade, em que diferentes indivíduos,
de diferentes culturas irão conviver sob a luz das semelhanças e das diferenças.

Figura 1: Aula 3 - Ciclo I.

O poema Identidade, de Pedro Bandeira, foi apresentado na videoaula 3 para as turmas de Ciclo
I. Mas, não foi somente Pedro Bandeira que escreveu sobre as semelhanças e diferenças que
compõem a nossa identidade, vários poetas e escritores da literatura infantojuvenil abordam
este tema em seus livros5.

Sugestão de atividade

Atividade elaborada a partir da videoaula n.º 03, ministrada para o 2.º e 3.º anos.

VOCÊ E AS DIFERENÇAS – (DINÁ RAQUEL D. DA COSTA)

VOCÊ É ÚNICO

NÃO EXISTE OUTRA PESSOA COMO VOCÊ

COM SEU ROSTO E JEITO PRÓPRIO DE SER

SUA MANEIRA DE ACREDITAR E SONHAR

IMPORTANTE É VOCÊ SABER CONVIVER COM TODOS

NAS DIFERENÇAS PESSOAIS, CULTURAIS E RELIGIOSAS.

RESPEITANDO E RECONHECENDO A RIQUEZA DAS DIFERENÇAS.

5 Sugerimos a leitura do texto: A literatura infantil da formação da identidade da criança, disponível em:
<http://www.uel.br/revistas/prodocenciafope/pages/arquivos/SIMONE%20MOURA-FABIANA-EDWYLSON%20
-%20pedagogia.pdf>. Acesso em: 06/11/2020.

16
ESCREVA 4 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS: ESCREVA 4 CARACTERÍSTICAS RELATIVAS À
PERSONALIDADE
1) 1)

2) 2)

3) 3)

4) 4)

Figura 2: Atividade sugerida pela Professora Macleise Araújo Costa – Departamento de Ensino Fundamental.

Critérios de ensino-aprendizagem em ação


Ao abordarmos os lugares sagrados, de diferentes culturas, mesmo que o enfoque seja so-
mente àqueles situados na cidade de Curitiba, podemos refletir sobre a diversidade em todos
os seus aspectos. Um bom exemplo disto, ocorreu ao mostrarmos o Templo Budista situado
no Jardim das Américas. Uma imagem do prédio foi exibida e as crianças notaram a diferença
arquitetônica. Desse modo, foi possível explicar que a construção segue um modelo comum no
Japão, país que tem um número muito grande de budistas. Outas fotos foram apresentadas e,
assim, as crianças foram instigadas a perceber que além da arquitetura, a população japonesa
possui alguns traços étnicos bem marcantes. O mesmo pode ser feito ao apresentarmos dife-
rentes lugares, abordando assim as temáticas relacionadas às diferenças religiosas, culturais,
étnicas, símbolos presentes nestes espaços etc.

Também é possível utilizar como disparador o vídeo A formação da religiosidade do povo brasi-
leiro6. A partir deste vídeo, podemos identificar as diferenças entre os personagens elencando:
nome, diferenças étnicas, religião etc. Caso não seja possível utilizar o vídeo, outro subsídio pe-
dagógico da ASSINTEC7 pode ser usado.

Problematizando

Quando trabalhamos com elementos diversos, é importante observar as diferenças entre os


personagens (do vídeo, do texto, da animação, entre outros). É importante elencar com os estu-
dantes essas diferenças, seja pelo nome, pela aparência física, vestimenta ou a religião de cada
6 Disponível no YouTube: <https://www.youtube.com/
watch?v=P8v8MKru6Wc&list=PLgUocFwRJwbRYn4IQG9pr8z26zGmUfHCe&index=107>. Acesso em: 06/11/2020.
7 Disponível em: <http://www.ensinoreligioso.seed.pr.gov.br/arquivos/File/boletins_informativos_assintec/
informativo_assintec_41.pdf>. Acesso em: 06/11/2020.

17
personagem. É possível criar uma lista de características destes personagens e, a partir delas
relacionar também as características físicas e étnicas dos estudantes. Ressaltando que, somos
todos diferentes, no entanto, temos os mesmos direitos e deveres dentro e fora da escola.

Problematizando

É importante ressaltar a diversidade religiosa presente em Curitiba. Para isso, podemos utilizar
o modelo sugerido na videoaula n.º 228. Podemos construir com os estudantes um mapa da re-
gião onde está localizada a escola, elencando os lugares sagrados e, posteriormente, fazer um
mapa da cidade de Curitiba. Assim, é possível abordarmos as 4 matrizes que compõe a religio-
sidade do povo brasileiro ao elencarmos os lugares sagrados da cidade de Curitiba.

Ampliando as possibilidades
Sugerimos a leitura do texto Os lugares sagrados como conteúdo escolar no ensino religioso
como área de conhecimento, escrito pelo Prof. Dr. Elói Correa e disponível na página 2, do in-
formativo n.º 44, da ASSINTEC9. O texto traz uma ampliação da perspectiva de abordagem dos
lugares sagrados. A fim de trabalhar os lugares sagrados de Curitiba, também é possível utilizar
jogos como: memória, quebra-cabeças, entre outros, esses recursos devem ser adequados às
singularidades de cada turma. O jogo de “ligar” pode ser um bom exemplo:

Sugestão de Atividade

Atividade elaborada a partir da videoaula n.º 19, ministrada para o 1.º ano.

NAS VIDEOAULAS ESTAMOS CONHECENDO UM POUCO DE VÁRIAS RELIGIÕES, LEMBRAM


DOS AMIGUINHOS E SEUS LUGARES SAGRADOS? LIGUE CADA UM DOS PERSONAGENS AO
LUGAR SAGRADO:

Figura 3: Atividade sugerida pela professora Maderli Ponchirolli – EM Enéas Marques dos Santos.

8 Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=v1LVGOZD9vE&t=6shttps://www.youtube.com/


watch?v=YkJ2FCl7-wo&t=1828s>. Acesso em: 29/09/2020.
9 Disponível em: <https://drive.google.com/file/d/1f0cn2gIfh_HjjlaTYfKPzOyRHHyOD8lL/view.> Acesso em:
28/09/2020.

18
Unidade 2: Identidades e Alteridades (Parte II)
Na unidade anterior, iniciamos o trabalho acerca das diferenças entre O Eu, O Outro e O Nós.
Na unidade II, continuamos partindo das diferenças detectadas pelos estudantes a partir dos
contextos familiares (primeiro espaço de convivência), as memórias e os hábitos portadores de
inúmeros elementos culturais e religiosos.

Critérios de ensino-aprendizagem
• Reconhece que as pessoas possuem sentimentos, lembranças, saberes, me-
1.º Ano
mórias, gostos e crenças, manifestando-os de diferentes formas.
• Identifica a diversidade religiosa em situações do cotidiano na cidade de Curi-
tiba, contemplando as quatro matrizes.
2.º Ano
• Compreende que memórias pessoais, familiares escolares, comunitárias e re-
ligiosas podem ser registradas de formas diferentes.

Iniciando a conversa
Muitas das memórias familiares estão relacionadas aos espaços ou práticas religiosas, como
vimos na videoaula 10, do 1.º ano10. Seja por intermédio do álbum de fotos que guarda as recor-
dações do casamento, do batizado, ou através dos registros de momentos de festas escolares
ou viagens em família nos feriados (que no Brasil, em sua maioria, possuem referências religio-
sas), nossas memórias são povoadas por sentimentos e momentos que possuem ligações com
a religiosidade.

Sugestão de atividade

Nesta proposta de atividade, é possível verificar se os estudantes diferenciam seus lugares de


memória afetiva (como representado na atividade pela estufa do Jardim Botânico e pela Ópera
de Arame) de lugares sagrados. Podemos ainda utilizar as imagens para estabelecer essas rela-
ções com os estudantes, por exemplo, para o caso de pessoas que não possuem uma religião
ou crença. Quais lugares seriam sagrados (ou especiais) para estas pessoas?

10 Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=v1LVGOZD9vE&t=6s>. Acesso em: 02/10/2020.

19
PINTE AS IMAGENS QUE REPRESENTAM LUGARES SAGRADOS.

Figura 4: Atividade sugerida pela professora Odete Cordeiro – E.M. Presidente Pedrosa.

Critérios de ensino-aprendizagem em ação


Assim, podemos trabalhar essas relações entre os sentimentos, lembranças e crenças familia-
res, relacionando-as com a comunidade, com a escola e com os lugares sagrados da região,
como por exemplo: ver fotos de casamento, elas representam lembranças familiares, carrega-
das de sentimentos e memórias. Após, observar as fotos é possível questionar os estudantes:

• Em que lugar aconteceu o casamento?

• Foi em uma Igreja, em um terreiro?

• Esse espaço fica na cidade de Curitiba?

Problematizando

Podemos iniciar solicitando que os estudantes tragam registros de uma memória familiar. Estes
registros podem ser um relato escrito, uma fotografia, um objeto etc. A partir destes registros,
discuta com eles quais são as memórias e sentimentos ligados às imagens.

20
Problematizando

Os registros de nossas memórias familiares (fotografias, cartas, objetos que recebemos de he-
rança etc.) têm ligação com a religiosidade? Os sentimentos e memórias ligados aos objetos,
relatos ou fotografias, perpassam a crença familiar? Eles estão ligados de alguma forma? Estes
questionamentos possibilitam reflexões e os estudantes podem eles mesmos encontrar as res-
postas. Muitas vezes o que possui uma conotação religiosa em uma família, para outra é apenas
um encontro familiar, por exemplo: a festa de Natal. Discuta com os estudantes estas diferentes
formas de se relacionar com as lembranças, essas experiências possibilitam uma ressignifica-
ção de conceitos, ampliando o conhecimento acerca do outro, de nós mesmos e de diferentes
formas de ler os hábitos sociais.

Ampliando as possibilidades
Sugerimos ler com a turma algum dos livros. Eles falam de lembranças e memórias familiares
e comunitárias.

Guilherme Augusto Araújo Fernandes – O título deste livro é o nome


do personagem principal. Ele era vizinho de um asilo de idosos e todos
os moradores eram seus amigos. Mas era da dona Antônia que ele mais
gostava. Por isso, ele montou uma cesta e levou para a dona Antônia.
Quando ela recebe os presentes ‘maravilhosos’ (conchas, marionete, me-
dalha, bola de futebol e um ovo ainda quente), cada um dos presentes
devolve-lhe a lembrança de belas histórias. Guilherme Augusto quando
soube que ela perdera a memória, quis saber o que isso significava e foi
perguntar aos outros moradores do asilo. Como resposta, ouve que me-
mória é algo: bem antigo, que faz chorar, faz rir, vale ouro e é quente11.

Lembranças do Coração – Escrito em linguagem poética, apresenta as


lembranças das brincadeiras infantis da narradora, detalhes da rua onde
ela morava, animais, árvores e objetos. São pedaços de memória que a
menina dividia com a amiga Nana. Um dia, porém, o caminhão de mudan-
ças virou a esquina e Nana foi embora. A narradora espera pelo dia em
que chegará uma carta de Nana, enquanto isso guarda as lembranças da
amiga no coração12.

11 Sinopse e imagens disponíveis em: <https://www.amazon.com.br/Guilherme-Augusto-Ara%C3%BAjo-


Fernandes- Autores/dp/8585357479/ref=asc_df_8585357479/?tag=googleshopp00-20&linkCode=df0&hvadid=3797
15800239&hvpos=&hvnetw=g&hvrand=8490772559321630965&hvpone=&hvptwo=&hvqmt=&hvdev=c&hvdvcmdl=&hv
locint=&hvlocphy=1031578&hvtargid=pla-386829771739&psc=1> .Acesso em: 02/10/2020.
12 Sinopse e imagens disponíveis em: <https://www.amazon.com.br/Lembran%C3%A7as-do-
Cora%C3%A7%C3%A3o-Regina-Renn%C3%B3/dp/8532245587/ref=asc_df_8532245587/?tag=googleshopp00-20&lin
kCode=df0&hvadid=379725089268&hvpos=&hvnetw=g&hvrand=8490772559321630965&hvpone=&hvptwo=&hvqmt=
&hvdev=c&hvdvcmdl=&hvlocint=&hvlocphy=1031578&hvtargid=pla-811495102446&psc=1.>. Acesso em: 02/10/2020.

21
Os dois títulos representam uma sucinta amostra de como a literatura pode ampliar o repertório
dos estudantes nas aulas de Ensino Religioso.

Unidade 3: Manifestações Religiosas


As manifestações religiosas, tema que será tratado nesta unidade, podem ser definidas como

(...) conjunto de elementos (símbolos, ritos, espaços, territórios e lideran-


ças) integra a unidade temática, as manifestações religiosas, em que se
pretende proporcionar o conhecimento, a valorização e o respeito às dis-
tintas experiências e manifestações religiosas, e a compreensão das re-
lações estabelecidas entre as lideranças e denominações religiosas e as
distintas esferas sociais. (BNCC, 2017, p. 439).

Nas unidades anteriores introduzimos questões relacionadas às diferenças, partindo do que é


mais visível (questões relacionadas às características físicas) e discutindo questões mais com-
plexas (como as memórias e as representações familiares). Agora, passaremos a desenvolver os
conhecimentos e o respeito acerca da diversidade de crenças e formas de acreditar e de pensar
o transcendente e as comunidades.

Critérios de ensino-aprendizagem
1.º Ano • Identifica alguns mitos de criação, orais e escritos, das quatro matrizes como
forma de registro dos saberes e crenças.
2.º Ano • Distingue alguns mitos (orais e escritos) e sua função nas organizações religio-
sas.

Iniciando a conversa
Antes de iniciarmos o trabalho com os mitos, destacamos a necessidade de apropriação do que
são mitos. Assim, sugerimos a leitura do texto Mitos.

MITOS

Todas as sociedades possuem um conjunto de ideias e reflexões próprias sobre a origem


do mundo, sobre como foram criados os seres e elementos: os humanos, os animais, as
plantas, os rios, as paisagens, os astros, o céu, a terra etc.

Muitas vezes essas ideias e reflexões sobre as origens são narradas na forma de histórias,
que chamamos de mitos!
Sugerimos a leitura do material completo, disponível em: <https://mirim.org/como-vivem/mitos>. Acesso
em: 02/10/2020.

22
Critérios de ensino-aprendizagem em ação

Conhecer os mitos de criação de um povo nos permite uma aproximação com a forma de pen-
sar e de acreditar dele. Afinal, eles são repletos de referências culturais, étnicas, geográficas,
que nos permitem conhecer não só a religiosidade, mas também os saberes e vivências de um
determinado povo.

Figura 5: Aula 32 – 5º Ano.

Problematizando

Quais as formas de registro destes mitos? Todas as culturas e religiões possuem livros sagrados
que registram os mitos? Estas são algumas das questões que podem nortear o trabalho com os
estudantes.

Problematizando

Qual a função do mito de criação? Por que ele é tão importante dentro das culturas religiosas?
Os mitos são tidos, pelas comunidades religiosas, como verdades absolutas e inquestionáveis.
Cada comunidade estabelece os seus mitos e a sua leitura ou interpretação dos fatos históricos,
a partir de suas crenças. Assim, para além de comprovar cientificamente os mitos (função que
não cabe a nós professores de Ensino Religioso), nos cabe compreender que os mitos têm fun-
ções estabelecidas dentro destas comunidades13.

13 Conforme apresentamos na aula 32, ministrada para as turmas de 5.º ano. Sugerimos também a leitura do
texto disponível em: https://www.infoescola.com/filosofia/origem-e-funcao-do-mito/.>. Acesso em: 28/10/2020.

23
Sugestão de atividade

Após a leitura do texto, questione os estudantes sobre questões mais diretas, como as questões
sugeridas anteriormente. Posteriormente, amplie os questionamentos, propondo reflexões co-
letivas e/ou individuais, sobre as funções dos mitos e a importância deles para as comunidades.

ÁRVORE BAOBÁ

É uma árvore de aparência estranha que cresce


em áreas de baixa altitude na África e na Austrá-
lia. O Baobá também é chamado de árvore de ca-
beça para baixo porque quando nua de folhas, os
ramos vão se espalhando como raízes apontando
para cima, como se tivesse sido plantada de cabe-
ça para baixo. A lenda diz que deus Thora deu um
desgosto ao Baobá crescendo em seu jardim, por
isso ele o jogou por cima do muro do paraíso para a
terra, e embora a árvore caiu de cabeça para baixo,
continuou a crescer. Outra história diz que quando o
Baobá foi plantado por deus, ele continuou andan-
do, assim Deus puxou-o para cima e replantou-a de
cabeça para baixo para impedi-lo de se mover14.

QUAL O NOME DA ÁRVORE QUE É ABORDADA NO TEXTO?

QUAL O OUTRO NOME DADO A ESSA ÁRVORE?

ONDE PODEMOS ENCONTRAR A ÁRVORE BAOBÁ?

POR QUE A ÁRVORE TEM ESSE ASPECTO?

Figura 6: Atividade sugerida pela professora Fernanda Batista Carriel – EM Dona Lulu.

14 Este mito não está ligado diretamente a uma religião específica, mas faz parte da cultura de alguns povos
do continente africano.

24
Ampliando as possibilidades
Para além das histórias míticas, é possível abordar também teorias científicas como o episódio
8, da série De onde vem?

Kika quer saber de onde vem o dia e a noite. Ela descobre que a Terra completa uma volta em
torno dela mesma em 24 horas, criando o dia e a noite (movimento de rotação) e completa uma
volta em torno do sol em 1 ano (movimento de translação).15

Figura 7 Imagem disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Nux_3PVdo9U>.Acesso em: 02/10/2020.

3. ° ANO
Cabe lembrar que os estudantes que estão matriculados no 3.º ano em 2021, assistiram às aulas
direcionadas para as turmas de 2.º e 3.º anos, durante o período de isolamento social. Assim,
muitos conteúdos foram trabalhos de forma fluída tanto nas videoaulas como nas atividades
remotas propostas pelos professores das unidades escolares.

Unidade 1: Identidades e Alteridades


Assim como para as turmas do 2.º ano, partiremos dos espaços de convivência dos estudan-
tes, buscando ampliações conforme os objetivos de aprendizagem se mostram. Iniciando pelas
práticas familiares, escolares, comunitárias e posteriormente para as práticas religiosas, como
no exemplo da festa de Natal.

Critérios de ensino-aprendizagem
• Reconhece os diferentes espaços de convivência, identificando as diversas
formas de conviver e demonstrar seus costumes e crenças nesses espaços.

• Identifica os lugares sagrados existentes na cidade de Curitiba, reconhecendo


2.º Ano
suas características.

• Identifica símbolos presentes em diferentes espaços de convivência, distin-


guindo religiosos de não religiosos.

15 Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Nux_3PVdo9U>. Acesso em: 02/10/2020.

25
• Identifica os lugares sagrados existentes no Brasil, caracterizando-os como lo-
cais de realização das práticas celebrativas das quatro matrizes.

3.º Ano • Identifica e aponta alguns elementos simbólicos na arquitetura religiosa, con-
templando as quatro matrizes.

• Reconhece alguns espaços de peregrinação, compreendendo sua função.

Iniciando a conversa
Para começar a nossa conversa, vamos lembrar um pouco do que vivenciamos em 2020, na aula
416. Nessa aula conversamos sobre alguns dos espaços de convivência. E, na aula 517, descobri-
mos que além do espaço físico esses lugares possuem algumas regras e normas de convivên-
cia.

Atenção

Este é um bom momento para começarmos a discutir com os estudantes a


ideia de laicidade. Explicando, de forma simples, quais as atitudes e manifesta-
ções que cabem a cada espaço de convivência. Como, por exemplo: orações,
louvores etc.

Critérios de ensino-aprendizagem em ação


Dentro dos objetivos e critérios definidos pelo Currículo de Ensino Religioso, no que diz respeito
aos espaços de convivência e todas as questões que os envolvem (a quem se destinam, ves-
timentas utilizadas em cada um destes espaços, práticas e manifestações que dizem respeito
a cada um, símbolos presentes, entre outras questões), é indispensável destacar a importância
e a função social destes espaços de convivência. Discuta com os estudantes: Qual a função da
escola? Qual a função do templo? Esses questionamentos podem nortear uma roda de con-
versa entre estudantes e o professor. Essa atividade instiga os estudantes a pensarem sobre o
que eles já sabem ou não sobre os espaços de convivência. Ouvir os estudantes é um passo
importante para fazermos um diagnóstico, elencando quais os pontos que deverão ser mais
enfatizados durante a sistematização do trabalho.

16 Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=m1akSBQBmQk&t=16s>. Acesso em: 02/10/202.


17 Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=_umMajMlOhs&t=1s >. Acesso em: 02/10/2020.

26
Problematizando

Tendo em vista que os estudantes, agora matriculados no terceiro ano, tiveram acesso aos con-
teúdos do 2.º ano de forma remota. Vale a pena refletir, a partir do diagnóstico realizado: quais
elementos, referentes aos espaços de convivência, são mais importantes para o desenvolvi-
mento do trabalho e compreensão da diversidade? Esse diagnóstico pode ser realizado através
de uma roda de conversa e ajudará o professor a estabelecer o ponto de partida para as futuras
discussões em sala de aula.

Problematizando

Quais lugares sagrados e de peregrinação são relevantes para o desenvolvimento da cultura


brasileira? Todas as religiões possuem um lugar de peregrinação? Por quê? Essas e outras per-
guntas podem nortear o planejamento das aulas. Para além das questões religiosas, os lugares
sagrados são importantes na constituição das cidades. Eles trazem fiéis, romeiros etc. de diver-
sas partes do país e do mundo, fomentando o comércio local, entre outras possibilidades.

Figura 8: Aula 7 – 2.º e 3.º anos.

27
Sugestão de atividade

Figura 9: Atividade sugerida pela professora Gislene Cecatto - EM Belmiro César.

Ampliando as possibilidades
Vale a pena retomar os lugares sagrados de Curitiba e, a partir deles apresentar outros luga-
res sagrados, da mesma religião ou ordem ou ainda que possuem práticas celebrativas se-
melhantes, que fazem parte do cenário nacional. Alguns exemplos: a Igreja do Rosário dos
Pretos de São Benedito (Centro Histórico de Curitiba), onde acontece a “lavação das esca-
darias”, a partir dela apresentar a Igreja de Nosso Senhor do Bonfim, na Bahia, onde ocorre
o mesmo rito. Também é interessante ver ou rever com os estudantes a proposta do Linhas

28
do Conhecimento: Linhas do Sagrado, veiculada na TV Escola no dia 09 de junho de 202018
.Essa proposta apresenta parte da diversidade religiosa da cidade de Curitiba, a partir dela é
possível ampliarmos o leque de discussões pois são lugares sagrados de diferentes religiões,
que convivem lado a lado de forma harmoniosa. Também abre possibilidades para discussões
sobre porque algumas religiões não têm espaços sagrados no centro da cidade. Sugerimos
também a leitura do texto A arquitetura sagrada, sobre a arquitetura religiosa (que também pode
ser usado na elaboração das atividades e no trabalhado em sala de aula.

Unidade 2: Manifestações Religiosas

A Arquitetura Sagrada

Borres Guilouski

Arquitetura é a arte de projetar, edificar e organizar espaços destinados às diferentes atividades


humanas. O estilo da arquitetura varia de acordo com a cultura dos povos. Através dos tempos as
diversas culturas como a egípcia, grega, romana, bizantina, chinesa, inca, maia, entre muitas outras,
desenvolveram diferentes estilos arquitetônicos. Os seres humanos constroem edifícios e organi-
zam espaços destinados ao comercio, à educação, ao lazer, ao tratamento da saúde, à habitação
e também os destinados às práticas religiosas ou devocionais. Em diversas tradições religiosas a
arquitetura dos espaços destinados às reuniões de culto ou de estudo geralmente possui signifi-
cados simbólicos.

A foto é da catedral de Brasília. A estrutura dessa catedral é composta de 16 colunas curvas, para
muitas pessoas, entre outros significados, representa a coroa de Jesus. Esta catedral é um exemplo
de arquitetura moderna, desenvolvida pelo famoso arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer.

Mas há também tradições religiosas em cuja organização dos espaços destinados ao culto não
existe a preocupação de representar ou simbolizar algo específico de sua crença. Cada religião
possui seus próprios locais de práticas religiosas. Por exemplo: A casa de reza na aldeia indígena,
O Terreiro do Candomblé, O Templo do Budismo e do Hinduísmo, O Templo da Umbanda, A Si-
nagoga do Judaísmo A Igreja ou Catedral Ortodoxa A Basílica, a Catedral, o Santuário, a Igreja ou
a Capela Católica, As Igrejas Evangélicas, O Centro Espírita, A Mesquita do Islamismo, A Casa de
Adoração Bahá’í , O Salão do Reino das Testemunhas de Jeová, O Jorei Center da Igreja Messiânica,
A Academia da Seicho-No-Ie, entre outros.
Figura 10: Texto disponível em: <http://www.ensinoreligioso.seed.pr.gov.br/arquivos/File/
boletins_informativos_assintec/informativo_assintec_22.pdf>. Acesso em: 28/10/2020.

18 Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=JZTReS8Z178>. Acesso em: 02/10/2020.

29
Nesta segunda unidade, para as turmas de terceiro ano, iremos abordar as práticas religiosas
celebrativas que ocorrem nas cidades brasileiras. Cabe lembrar que, essas manifestações ad-
quirem características culturais e, por vezes passam a integrar os calendários oficiais e se tor-
nam parte importante das comunidades. Um bom exemplo são as festas juninas que, de origem
católica, acabaram por assumir inúmeras características culturais (variando de um estado para
outro, no Brasil) e hoje fazem parte dos calendários escolares, sendo realizadas inclusive em
terreiros de umbanda, igrejas evangélicas, centros budistas, entre outros.

Assim, nesta unidade o trabalho se constitui a partir das memórias (familiares, comunitárias, es-
colares etc.) criadas a partir destas celebrações e festas, relacionando-as com as suas religiões
de origem e as influências e os sincretismos presentes nelas.

Critérios de ensino-aprendizagem
• Identifica a diversidade religiosa em situações do cotidiano na cidade de Curi-
tiba, contemplando as quatro matrizes.
2.º Ano
• Compreende que memórias pessoais, familiares escolares, comunitárias e re-
ligiosas podem ser registradas de formas diferentes.
• Identifica diferentes tipos de festas religiosas populares no Brasil, reconhecen-
3.º Ano do que compõem as práticas celebrativas das diferentes religiões.

• Reconhece as diferenças das práticas celebrativas nas quatro matrizes.

Iniciando a conversa
Como indicado anteriormente (proposta do Linhas do Conhecimento), Curitiba é uma cidade
repleta de diversidade cultural, étnica e religiosa. Para além da cidade, o Brasil é um grande
celeiro de culturas e práticas que compõe o cenário religioso de forma plural. Sugerimos a lei-
tura do artigo: O que é diversidade religiosa, afinal? E você, o que tem com isso?19, de Carlos André
Cavalcanti.

Critérios de ensino-aprendizagem em ação


Muitas das nossas memórias escolares e/ou familiares estão ligadas às festas religiosas. Seja
a lembrança da família reunida para comemorar o Natal, de pular sete ondas na virada do ano,
ou as festas juninas na escola, nossas memórias passam pelas festas religiosas, mesmo que
estas festividades não sejam da religião que seguimos. Assim, para dar início às conversas com
os estudantes, o professor poderá solicitar que eles representem por meio de imagem uma

19 O artigo completo você encontra em: <http://seer.pucgoias.edu.br/index.php/caminhos/article/view/3543>.


Acesso em: 02/10/2020.

30
lembrança de festa, a qual guardam na memória. A partir destas ilustrações, poderá fazer uma
divisão entre as imagens que tenham relação com a religiosidade ou não.

Problematizando

A partir das memórias, representadas pelos estudantes, é possível avaliarmos os tipos de festas
religiosas que eles conhecem e, assim, ampliar as matrizes que não foram abordadas. É preciso
ter em mente que, no Ensino Religioso, sempre abordamos as 4 matrizes que compõe a religio-
sidade brasileira e, nas falas dos estudantes, em geral, aparecem apenas referências de uma ou
duas religiões.

Problematizando

No Brasil, a grande maioria das festas populares possui suas raízes na religiosidade e no sincre-
tismo religioso do povo, como foi possível observar na aula 1220, para as turmas de 4.º ano, em
que foi apresentada a festa do Boi em diferentes regiões do Brasil.

20 Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=2JO6O_SzbqU>. Acesso em: 05/10/2020.

31
Sugestão de atividade

FESTAS RELIGIOSAS

AS FESTAS RELIGIOSAS SÃO MANIFESTAÇÕES CULTURAIS PRESENTES EM DIVERSAS TRA-


DIÇÕES RELIGIOSAS E ESPIRITUAIS. NESTAS FESTAS, GERALMENTE SÃO COMEMORADOS
ACONTECIMENTOS E PERSONALIDADES IMPORTANTES PARA A RELIGIÃO.

AS CERIMÔNIAS FESTIVAS OU RITUAIS CELEBRATIVOS SÃO EVENTOS QUE MOBILIZAM A


COMUNIDADE, RESGATAM LEMBRANÇAS, REAFIRMAM LAÇOS SOCIAIS, REMEMORAM FA-
TOS E MITOS OCORRIDOS NUM PASSADO DISTANTE, DANDO ASSIM CONTINUIDADE PARA
A TRADIÇÃO.

O POVO BRASILEIRO É UM POVO DIVERSO E PLURAL, POR CONTA DA DIVERSIDADE ÉTNICA


E RELIGIOSA EXISTENTE. AS FESTAS RELIGIOSAS FAZEM PARTE DESSA HERANÇA CULTU-
RAL, E A ORIGEM DELAS SE DEVE AOS COSTUMES, CRENÇAS E TRADIÇÕES DOS DIFEREN-
TES GRUPOS ÉTNICOS E RELIGIOSOS PRESENTES EM NOSSO PAÍS.

• A
GORA, PROCURE NO QUADRO AS PALAVRAS QUE ESTÃO EM DESTAQUE NO
TEXTO:

D I V E R S I D A D E H A U N

N U T H E R A N Ç A T D F G F

Ç P O U L Y T R D C V B N N E

L J G F I T V C O S T U M E S

P P O I G Y G F R B M R K H T

T R A D I Ç A O A E A S E R A

A D E R A A D A C R E N Ç A S

R A D E O A S E D A D A D A D

W L E M B R A N Ç A S Y D R E

W W W Y A C U L T U R A L D E

R E L I G I O S A D F G E A A

Figura 11: Atividade sugerida pela professora Tassia Taiana da Silva E.M. Poeta João Cabral de Melo Neto.

Ampliando as possibilidades
As festas religiosas populares do Brasil são parte importante da nossa constituição identitária.
Assim, é possível relacionarmos este conteúdo com as aulas de Arte, Educação Física, Histó-

32
ria, Geografia e Língua Portuguesa, construindo um referencial interdisciplinar. Vale ressaltar,
no entanto, que apesar de parte considerável das festas ter origem na celebração dos santos
católicos, o sincretismo se faz presente, florescendo a diversidade religiosa e cultural do país.

Festas religiosas pelo Brasil que você precisa conhecer

De Padre Cícero a Iemanjá, passando pelo Sairé amazônico, estas festas santas expõem a cultura e
a religiosidade brasileira, cheias de sincretismo e de fé.

Lavagem do Bonfim, Salvador (BA)
Um dos melhores exemplos de sincretismo religioso no país, a Lavagem do Bonfim começa com
um belo cortejo liderado pelas baianas e que sai da Igreja da Conceição da Praia e percorre os 8
quilômetros até a Igreja do Bonfim.
Atrás delas o bloco dos Filhos de Ghandi, e em seguida todo mundo. A cor é o branco, em home-
nagem a Oxalá, no catolicismo o Senhor do Bonfim.
A lavagem é simbólica, com vassouras e a água de cheiro trazida pelas baianas. Depois é só dar três
voltas ao redor da igreja, fazer três pedidos e amarrar uma fitinha do Senhor do Bonfim no portão da
igreja. E, claro, comer um acarajé nas barraquinhas ali perto.
QUANDO: segunda quinta-feira depois do Dia de Reis.

Festa de Iemanjá, Salvador (BA)


Tudo começou com os pescadores do Rio Vermelho, em Salvador, que resolveram fazer oferendas
para Iemanjá pedindo mais peixe na rede e mares tranquilos. Isso foi em 1923, e hoje a festa é uma
das mais belas demonstrações da cultura afro-brasileira no Brasil.
Os rituais começam ainda na madrugada anterior e, às 5 horas, os balaios (cestos) de oferendas
começam a ser transportados da Praia dos Pescadores para as embarcações que as levam para o
mar às 16 horas do mesmo dia.
Na areia, barraquinhas de comidas típicas, samba de roda, afoxé e capoeira.
QUANDO: 2 de fevereiro.

Festa do Padre Cícero, Juazeiro do Norte (CE)


Em Juazeiro do Norte, a 600 quilômetros de Juazeiro, todo dia é dia de Padim Ciço. O Padre Cícero
Romão, canonizado em 1973, está em todas – da enorme estátua na praça central da cidade às
miniaturas das lojinhas de suvenires, passando pela marca de rapadura.
O aniversário de sua morte, lembrada no dia 20 de julho, para a cidade desde 1934. É uma das maio-
res romarias do Nordeste, sem falar em missas, novenas, peregrinações aos lugares ligados ao reli-
gioso e também uma impressionante feira de artesanato e artigos religiosos relacionados ao santo.

QUANDO: 20 de julho.
Texto completo disponível em: <https://viagemeturismo.abril.com.br/materias/festas-religiosas-
peregrinacoes-pelo-brasil/> . Acesso em: 05/10/2020.

33
Unidade 3: Manifestações Religiosas (Parte II)
Partindo das manifestações religiosas como um conjunto de elementos que, direta ou indireta-
mente, externam a religiosidade de cada um ou de cada grupo, a unidade três trabalha com as
diferentes formas de representação do sagrado no cotidiano das pessoas. Sejam pela presença
de simbolismos em suas vestimentas, no uso de ícones de representação e adoração, alimentos
e animais sagrados, entre outros.

Critérios de ensino-aprendizagem
• Diferencia alguns símbolos religiosos de não religiosos, compreendendo sua
função.
2.º Ano
• Reconhece e identifica o significado atribuído aos alimentos sagrados nas qua-
tro matrizes.
• Reconhece as indumentárias religiosas, relacionando a simbologia presente
com as diferentes manifestações religiosas.
3.º Ano
• Reconhece o significado de diferentes animais sagrados presentes em algu-
mas organizações religiosas.

Iniciando a conversa
O uso de símbolos ou imagens está cada vez mais presente no nosso dia a dia. Seja para identi-
ficar objetos, lugares, produtos21, entre outros, ou para facilitar as conversas em aplicativos e
redes sociais, os símbolos auxiliam na comunicação. Esses símbolos podem ser iconográficos,
como representado na figura de bonequinhos, constantemente, fixados nas portas de banheiros
masculinos e femininos, ou em indumentárias, como o caso do uso do uniforme escolar.

É fato que os símbolos fazem parte da nossa comunicação e, por vezes, auxiliam as organiza-
ções sociais e religiosas22 a reconhecerem seus membros, seus lugares sagrados, suas festas
etc23. Entre os símbolos religiosos, encontramos inúmeras formas de representação como:

21 Como vimos na aula 17, ministradas para as turmas de 2.º e 3.º anos. Disponível em: <https://www.youtube.
com/watch?v=N6VmJh3gPTA&t=1491s>. Acesso em: 05/10/2020.
22 Como podemos ver em: <https://www.youtube.com/watch?v=SLy4mWJiAxs>. Acesso em: 05/10/2020.
23 Ver sequência de aulas:
Aula 18 - Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=CfMgvLIUhfE&t=1063s>. Acesso em: 05/10/2020.
Aula 19 - Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=9jMIF1_b_Bw>. Acesso em: 05/10/2020.
Aula 20 - Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=L-Pew1gftmw&t=932s>. Acesso em: 05/10/2020.
Aula 21 - Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=WbArkYNk3y4&t=4s>. Acesso em: 05/10/2020.

34
A lua crescente indica renovação. Os muçulmanos seguem o calendário
lunar, em que os meses sempre começam na lua crescente. Alguns fiéis
creem que as pontas da estrela estão ligadas aos 5 pilares da religião, que
foi fundada por Maomé no século VII: fé, oração, caridade, jejum e peregri-
nação. (ISLAMISMO).
O “OM” é o mantra mais importante do hinduísmo e outras religiões. Diz-se
que ele contém o conhecimento dos Vedas e é considerado o corpo sonoro
do Absoluto, Shabda Brahman. O Om é o som do universo e a semente que
“fecunda” os outros mantras. (HINDUÍSMO)
O Abebé é um leque em forma circular, usado por Oxum quando feito em
latão ou dourado, alguns podem trazer um espelho no centro, e usado por
Iemanjá quando prateado, normalmente trazem desenhos simbólicos. Es-
ses desenhos, são geralmente corações quando usado para Oxum, ou pei-
xes, para Iemanjá. (AFRO-BRASILEIRO).

O Filtro dos sonhos é um amuleto típico da cultura indígena norte-america-


na que, supostamente, teria o poder de purificar as energias, separando os
“sonhos negativos” dos “sonhos positivos”, além de trazer sabedoria e sorte
para quem o possui. (INDÍGENA).

Figura 12: Atividade sugerida pela professora Odete Cordeiro – E.M. Presidente Pedrosa.

Critérios de ensino-aprendizagem em ação


É importante, antes de falarmos dos símbolos religiosos, indumentárias, alimentos sagrados etc.
observar se os estudantes compreenderam a função dos símbolos. Para isso, podemos iniciar
a aula propondo uma brincadeira, como se tivéssemos uma nova forma de comunicação. Para
isso, oriente os estudantes a escreverem bilhetes para os colegas, mas, no lugar das palavras,
usaremos símbolos. Podemos utilizar os Emojis das mensagens de texto de aplicativos de celu-
lar, pois eles são fáceis de desenhar e as crianças já são familiarizadas com o significado destes
símbolos.

Também podemos fazer um “tour” pela escola, identificando em que lugares há indicações em
forma de símbolo, analisando se o símbolo cumpre a função comunicativa ou se há símbolos
que não é possível identificar a mensagem contida neles.

35
Problematizando

Quais as formas de símbolos utilizados pelas religiões (iconográficos, nos alimentos, nos ani-
mais, nas indumentárias etc.)?

OS POVOS INDÍGENAS USAM PINTURAS CORPORAIS COMO UMA LINGUAGEM QUE COMU-
NICA UMA INTENÇÃO, UMA CERIMÔNIA OU UMA ETNIA A QUE PERTENCEM. ELES UTILIZAM
DIFERENTES PADRÕES GEOMÉTRICOS PARA CADA SIGNIFICADO.

PINTURA PARA PINTURA


AS PERNAS. JABUTI.
ADORNO PINTURA PARA
FESTA EM QUE MULHER SAÚDE.
INFANTIL. CASAMENTO.
TODOS ELES SOLTEIRA SEM
DANÇAM. FILHO.
Figura 13: Atividade sugerida pela professora Maderli Ponchirolli – E.M. Enéas Marques dos
Santos.

Qual a função dos símbolos nas organizações religiosas? Em todas as religiões os símbolos as-
sumem a mesma função?

É importante salientarmos que, em religiões diferentes, podemos ter atribuições distintas da


ideia de simbologia. A título de exemplificação do que acabamos de dizer, na Índia temos a re-
presentação de Hanuman, o deus macaco. Nesse caso o macaco representa o próprio deus e,
por esta razão é objeto de veneração. Diferente da pomba branca que, no cristianismo, repre-
senta o Espírito Santo. Assim, este animal é um símbolo que representa o sagrado, porém não
é objeto de veneração. Essas diferenças podem ser percebidas também, quando nos referimos
aos alimentos.

Problematizando

A indumentária religiosa ou sagrada também possui diferentes conceitos, de acordo com a reli-
gião. Mesmo que estejamos falando de uma mesma matriz. Na matriz ocidental, ao falarmos de
catolicismo, os sacerdotes possuem uma vestimenta diferente que os identifica, já os fiéis não.
Isso ocorre de forma diferente em igrejas como a Deus é amor, em que as mulheres possuem
normas de vestimenta, independente, de sua posição dentro da Igreja. Como no caso dos ju-
deus, em que os homens utilizam o kipá.

36
Sugestão de atividade

USANDO UM ROLO DE PAPEL HIGIÊNICO E COM AJUDA DA SUA FAMÍLIA, PESQUISE COMO
SÃO AS VESTIMENTAS, TAMBÉM CHAMADAS DE INDUMENTÁRIAS, DOS LÍDERES RELIGIO-
SOS. FAÇA AS ROUPAS CORTANDO, PINTANDO E COLANDO PAPÉIS NO ROLINHO DE PAPEL
HIGIÊNICO. PODE SER O LÍDER RELIGIOSO DA SUA ORGANIZAÇÃO OU DE ALGUMA OUTRA
QUE VOCÊ TENHA CURIOSIDADE DE CONHECER.

EX.

Figura 14: Atividade sugerida pela professora: Claudiane Nancy de Souza Hertz. EM Agripino João Tosin. (Colombo
- PR).

Ampliando as possibilidades
O vídeo24 A comunicação por meio dos sím-
bolos e das cores apresenta algumas possi-
bilidades de comunicação por intermédio
dos símbolos e das cores.

Ao assistir o vídeo, aproveite para criar com


os estudantes um vídeo explicando o uso de
símbolos, indumentárias, alimentos e ani-
mais sagrados em diferentes culturas e re-
ligiões. Para isso, divida a turma em grupos Figura 15: Imagem disponível em: <https://www.youtube.
ou crie um vídeo por turma. Este material com/watch?v=Z8Aihv8nY9k>. Acesso em 30 de novembro
de 2020.
pode ser apresentado às famílias em uma
reunião pedagógica.

24 Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Z8Aihv8nY9k>. Acesso em: 05/10/2020.

37
Sugestão de atividade

APRENDEMOS QUE EXISTEM ALGUNS ANIMAIS QUE SÃO SAGRADOS PARA ALGUMAS RELI-
GIÕES, O PEIXE PARA A MATRIZ OCIDENTAL, A VACA PARA A MATRIZ ORIENTAL, O BÚFALO
PARA A MATRIZ AFRICANA E O BEIJA-FLOR PARA A MATRIZ INDÍGENA. PINTE, RECORTE E
DEPOIS BRINQUE COM O JOGO DA MEMÓRIA DOS ANIMAIS SAGRADOS.

Figura 16: Atividade sugerida pela professora: Silvia Foistik. E.M.Nympha Peplow.

38
CICLO II
O Ciclo II tem como característica uma visão mais aprofundada do objeto de estudo do compo-
nente curricular Ensino Religiosos, o fenômeno religioso. A partir do 4.º ano, iremos ressignificar
as aprendizagens do Ciclo I, estabelecendo relações entre a diversidade religiosa, o conheci-
mento religioso e a sociedade. Afinal,

a religião é um fenômeno que as sociedades humanas têm produzido em


diferentes contextos geográficos e apesar de muitos não participarem de
nenhuma religião, sua influência é inegável. Compreendemos, então, que
as organizações religiosas fazem parte da nossa sociedade e exercem
grande influência no meio político, econômico e moral, permeando as
relações humanas. (CURITIBA, 2020, p. 107).

Esta análise das relações sociais, culturais e econômicas da religiosidade, permitem aos estu-
dantes uma ampliação de sua visão de mundo, contribuindo para a construção do seu referen-
cial de tolerância e diversidade.

Importante salientar que, para o encaminhamento pedagógico se desen-


volver em sala de aula, é de suma importância contemplar as quatro ma-
trizes que formam a religiosidade brasileira: indígena, ocidental, africana
e oriental. A finalidade do estudo dessas matrizes vem ao encontro do
fortalecimento do exercício da cidadania, do incentivo ao conhecimento,
ampliando os horizontes dos estudantes acerca da diversidade religiosa.
Ressalta-se que a capacidade de um diálogo inter-religioso e da liberda-
de religiosa está intrinsecamente ligada à liberdade de consciência, de
pensamento e de expressão, sem as quais a dignidade humana é aviltada
e ofendida. (CURITIBA, 2020, p. 106).

OBJETIVO GERAL DO CICLO II


Ressignificar e ampliar conhecimentos acerca do fenômeno religioso na perspectiva da diversi-
dade cultural religiosa, não religiosa e as expressões místico-filosóficas, contemplando as qua-
tro matrizes: Indígena, Ocidental, Africana e oriental.

39
4. ° ANO
Muito se questiona sobre a função ou a necessidade em se manter, nas escolas públicas, um
componente curricular voltado para o estudo do fenômeno e do conhecimento religioso. No
entanto, acreditamos que,

Ensinar o respeito às diferenças é uma das obrigações da escola, assim


como o é criar um espaço em que as diferenças possam conviver. Essa
convivência do diverso respeita e efetiva o Estado Laico, porque através
dela se permite a inclusão dos sujeitos em uma sociedade realmente di-
versa. Uma sociedade na qual seu pensamento será confrontado com
o de outros sem a necessidade de se criar uma hierarquia entre os mais
certos e os mais errados. A laicidade efetiva não acontece no espaço do
velamento do diverso, ela precisa dos contrapontos para que não reflita
apenas a exclusão que ilude sobre uma pretensa homogeneidade. A lai-
cidade do estado precisa ser inclusiva, precisa garantir que todos tenham
condições de argumentação sobre suas posições religiosas. (BAPTISTA,
2019, p. 233-234).

Por isso, assim como está descrito no Currículo do Ensino Fundamental: diálogos com a BNCC,
durante o ano de 2020, como pudemos observar nas videoaulas, os conteúdos do Ensino Reli-
gioso estiveram voltados para o trabalho a partir da diversidade. Nele, abordamos as 4 matrizes
que compõe a religiosidade brasileira, tratando também as questões ligadas aos não religiosos,
como por exemplo, os ateus e agnósticos.

Unidade 1: Identidades e Alteridades


Assim como no Ciclo I

Nessa unidade pretende-se que os estudantes reconheçam, valorizem e


acolham o caráter singular e diverso do ser humano, por meio da identifi-
cação e do respeito às semelhanças e diferenças entre o eu (subjetivida-
de) e os outros (alteridades), da compreensão dos símbolos e significados
e da relação entre imanência e transcendência. (BNCC, 2017, p. 438).

Dessa forma, partimos do entendimento das diferenças no cotidiano dos estudantes e, grada-
tivamente ampliamos os conhecimentos deles a fim de compreendam a pluralidade religiosa,
cultural e étnica do mundo, estabelecendo relações de respeito e tolerância.

40
Critérios de ensino-aprendizagem
3.º Ano • Reconhece as diferenças das práticas celebrativas nas quatro matrizes.
• Identifica os ritos presentes no cotidiano e nos espaços de vivência, reco-
nhecendo suas funções em diferentes organizações das quatro matrizes.
4.º Ano
• Reconhece a existência e a função dos ritos e rituais, assim como a sua im-
portância nas organizações religiosas, contemplando as quatro matrizes.

Iniciando a conversa
De acordo com Durkheim

(...) uma religião é um sistema solidário de crenças e de práticas relativas a


coisas sagradas, isto é, separadas, proibidas, crenças e práticas que reú-
nem numa mesma comunidade moral, chamada igreja, todos aqueles
que a ela aderem. O segundo elemento que participa assim de nossa de-
finição não é menos essencial que o primeiro, pois, ao mostrar que a ideia
de religião é inseparável da ideia de igreja, ele faz pressentir que a religião
deve ser uma coisa eminentemente coletiva. (DURKHEIM,1996, p. 32).

Podemos ler a palavra “igreja”, como qualquer espaço ou coletivo que tenha em comum a prá-
tica relacionada ao sagrado, portanto, poderia ser lida como terreiro, casa de oração, sinagoga
etc. Essas práticas relativas às coisas sagradas, no Ensino Religioso, damos o nome de práticas
celebrativas. Pois, entendemos que, gestos, orações, leituras, cânticos, danças, entre outras for-
mas de manifestação da fé, compõem o rol de ritos e rituais realizados como celebrações ao
sagrado.

41
Sugestão de atividade

OS RITOS SÃO O CONJUNTO DE REGRAS E DE CERIMÔNIAS QUE SE PRATICAM REPETIDA-


MENTE.

1) ILUSTRE 2 RITOS QUE VOCÊ PRATICA TODO DIA:

2) MARQUE (X) NAS IMAGENS QUE REPRESENTAM RITOS RELIGIOSOS:

( ) ( ) ( ) ( )

3) ESCREVA O NOME DOS RITOS QUE VOCÊ MARCOU (X):

1.

2.

3.

GABARITO: BATISMO EVANGÉLICO BATISMO CATÓLICO CASAMENTO.

Figura 17: Atividade sugerida pela professora: Fernanda Carriel. E.M. Dona Lulu.

Critérios de ensino-aprendizagem em ação


A partir da ideia de ritos, como práticas repetidas cotidianamente como orações e gestos, ou
ainda os ritos mais complexos, realizados em momentos específicos, mas que seguem regras e
normas preestabelecidas como os

42
Mortuários e funerários: cerimônias de despedida e homenagem a al-
guém na prática do sepultamento ou cremação, conforme a tradição cul-
tural e religiosa de cada povo. Iniciação ou passagem: os ritos de inicia-
ção são em geral aqueles relacionados a passagem de uma fase da vida
para outra, como a passagem da infância para a vida adulta, indicando
a capacidade de assumir as tarefas de adulto, citamos como exemplo
o Bar Mitzvah e Bat Mitzvah no Judaísmo e a Crisma no catolicismo. A
feitura de cabeça no candomblé, e o cruzamento de pai de santo na Um-
banda, são exemplos de ritos de passagem na ordenação de líderes das
diversas organizações religiosas. Celebrativos ou festivos: Natal, Awajy
ete, Diwali, Festa dos Erês, entre outras comemorações existentes nas
diversas organizações; Purificação: rituais que propiciam a participação
nas cerimônias ou acesso aos mistérios sagrados, como o banho de pu-
rificação no rio Ganges, a purificação (lavagem) das mãos e do rosto antes
da prece na tradição muçulmana; Adivinhatórios: os oráculos ou rituais
que propiciam um prognóstico ou presságio, como o jogo dos búzios, a
consulta aos textos sagrados para obter respostas ou orientações sobre
determinada situação, entre outros; Cura: rituais que objetivam a cura de
enfermidades físicas, mentais e espirituais, como o ritual do benzimento,
o passe na umbanda, johrei para os messiânicos e a água fluidificada para
os praticantes do espiritismo. (CURITIBA, 2020, p. 18. Grifo nosso).

Várias práticas e ritos apresentados anteriormente, foram abordados nas videoaulas25 de Ensino
Religioso em 2020.

Problematizando

Quais ritos e rituais seculares realizamos na escola, em casa, ou em outros espaços de convi-
vência? Qual a função destes ritos na construção da nossa identidade? Essas são algumas ques-
tões que instigam à reflexão, a partir delas o professor e os estudantes podem construir juntos o
entendimento acerca da função social dos ritos.

25 O que são ritos e ritos de iniciação. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=ZWSs41o0oKc&t=5s>


Acesso em: 06/10/2020.
Ritos de passagem (exemplo, o casamento). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=-HEKl3qPHgA>.
Acesso em: 06/10/2020.
Ritos mortuários e funerários. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=UTzGtMp_rAY>. Acesso em:
06/10/2020.
Ritos de purificação. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=LJ3Km51Gchc&t=25s>. Acesso em:
06/10/2020.

43
Sugestão de atividade

Leia o texto e realize as atividades propostas:

O QUE SÃO RITOS E RITUAIS?

Os rituais religiosos são cerimônias compostas por uma série de ritos. Os ritos são ges-
tos simbólicos. As tradições religiosas ou religiões possuem rituais para as diversas ocasiões e
momentos importantes na vida de seus seguidores.

Existem rituais de passagem: que marcam a mudança de um estado de vida para ou-
tro, como o batismo, o casamento, bar mitzvah, entre outros. Rituais de iniciação, como a co-
memoração do nascimento dos bebês nas tradições indígenas, a cerimônia de dar nome ao
recém-nascido no Candomblé e muitos outros.

Há também rituais litúrgicos e celebrativos: o culto nas igrejas evangélicas, a missa na


Igreja Católica, as reuniões de prece no Centro Espírita, o culto pelos antepassados no Seicho-
-No-Ie, são alguns exemplos destes rituais.

Escreva o que são ritos:

O que são rituais?

Explique e dê exemplos:

Rituais de passagem:

Rituais litúrgicos:

Figura 18: Atividade sugerida pela professora: Tassia Taiana da Silva. EM João Cabral de Melo Neto.

44
Problematizando

Você conhece gestos religiosos, realizados por você, pessoas da sua família ou conhecidos?
Veja o exemplo, algumas pessoas ao passar em frente a uma igreja ou cemitério fazem o sinal
da cruz. Outras beijam o colar que carregam no pescoço, em algumas situações. Há também
gestos que não têm cunho religioso, mas, por questões culturais acabaram por se integrar no rol
das crenças populares como: jogar uma pitada de sal para trás, quando derrubamos o saleiro.
Ou ainda, alguns que compõe ritos específicos, como entoar canções durante os ritos fúnebres.
Pesquisar essas práticas, nos faz refletir sobre as nossas práticas e, muitas vezes, conhecer e
reconhecer significados de gestos que realizamos em nosso cotidiano.

Sugestão de atividade

Faça uma pesquisa sobre as práticas indicadas em cada quadro. Depois desenhe ou cole figuras
para representar cada uma delas:

CULTO NA IGREJA DANÇA SAGRADA MISSA NA IGREJA


EVANGÉLICA INDÍGENA CATÓLICA

MEDITAÇÃO NO ORAÇÃO NA CASAMENTO NO


TEMPLO BUDISTA MESQUITA CANDOMBLÉ

Figura 19: Atividade sugerida pela professora Tassia Taiana da Silva. E.M. Poeta João Cabral de Melo Neto.

45
Ampliando as possibilidades
É possível interligar os conteúdos trabalhados a outras áreas e componente curriculares, con-
forme demonstrado no material Ritos e rituais: reconhecendo a diversidade, destinado às dis-
cussões do componente curricular de História e disponível no Portal de História26: Essas pos-
sibilidades de abordagens interdisciplinares enriquecem o trabalho com o Ensino Religioso e
com os demais componentes, ela também proporciona tanto a construção como ampliação do
referencial de diversidade dos estudantes.

Unidade 2: Manifestações Religiosas


Tratar do fenômeno religioso e de suas manifestações na sociedade nos traz inúmeras possi-
bilidades de percepção e compreensão do mundo a nossa volta. A religião é tema constante e
presente nas relações humanas e, portanto, não está alheia aos espaços escolares.

Uma escola inteligente não pode deixar de fora o conteúdo religioso. Pôr
para escanteio essa noção é esquisito, pois, se ela não é estranha à vida,
como pode ser estranha à educação? Se a Religião é presença constitu-
tiva das existências humanas, e, desse modo, a educação religiosa é im-
prescindível, vê-se que o Ensino Religioso, como a ordenação intencional
desse conteúdo no espaço escolar, torna-se tão sério quanto qualquer
outro componente pedagógico, obrigando-nos a desenvolver a nossa
competência para tal empreitada. (CORTELLA, 2006, p. 19).

Dito isto, cabe ressaltar a importância de pensarmos na religião, no espaço escolar, como ob-
jeto de estudo e não como objeto de fé. Ou seja, observar as suas dimensões históricas, socio-
lógicas, antropológicas, filosóficas, entre outras, salvaguardando o princípio constitucional da
laicidade do Estado e, portanto, da escola pública, analisando, com os estudantes, os aspectos
culturais e as influências da diversidade religiosa em nossa sociedade.

Critérios de ensino-aprendizagem
• Identifica diferentes tipos de festas religiosas populares no Brasil, reconhecen-
do que compõem as práticas celebrativas das diferentes religiões.

• Identifica e aponta alguns elementos simbólicos na arquitetura religiosa, con-


3.º Ano
templando as quatro matrizes.

• Reconhece as indumentárias religiosas, relacionando a simbologia presente


com as diferentes manifestações religiosas.

26 Portal de História. Disponível em: <https://portalhistoria.net.br/sites/portalhistoria.net.br/files/planodeaula/


ritos-e-rituais.pdf>. Acesso em: 05/10/2020.

46
• Identifica representações religiosas em diferentes expressões artísticas (pintu-
ras, arquitetura, escultura, ícones, símbolos, imagens), reconhecendo-as como
4.º Ano parte da identidade de diferentes culturas e tradições religiosas.

• Percebe a presença de representações religiosas em festas populares do Bra-


sil e do mundo, reconhecendo as quatro matrizes.

Iniciando a conversa
A cultura popular é permeada pela religiosidade, seus símbolos, ritos, festas etc. Não há como
negar que religião e cultura se influenciam mutuamente e, em determinados momentos se fun-
dem de tal forma que fica difícil definir o que é cultural e o que é preceito religioso.

“Entre os vários aspectos que constituem o conjunto de costumes e hábitos fundamentais


relacionados aos comportamentos, valores, ideias e crenças de um grupo social, a religião
ocupa um papel crucial por se tratar de um fragmento do sistema cultural como um todo.

A capacidade de simbolizar é o que diferencia os humanos dos demais seres, ou seja, tudo
que o homem produz é simbólico. Portanto, todos os conteúdos de um sistema religioso,
como seus mitos e rituais, são simbólicos”.
Texto completo disponível em: <https://www.cartacapital.com.br/blogs/dialogos-da-fe/religiao-e-
identidade-as-bases-da-cultura-brasileira/> . Acesso em: 05/11/2020.

Critérios de ensino-aprendizagem em ação


Ao observar as festas religiosas populares, podemos elencar alguns aspectos importantes.

• Q
ual o motivo da celebração (Esta festa ocorre para relembrar uma data importante? Lou-
vor a uma pessoa ou divindade? Trazer a memória um fato marcante para determinada
religião ou comunidade?).

• Em que espaço esta festa acontece? É em um lugar sagrado? Em praça pública?

• Q
uais as formas de representação do Sagrado ali presentes? Os participantes carregam
um estandarte? Têm ícones religiosos presentes na festa? Os participantes realizam algum
rito específico? As indumentárias dos participantes, seguem alguma norma?

Essas são somente algumas das questões que podem ser observadas em relação às festas
religiosas populares. Estas e outras questões também podem ser apresentadas aos estudantes
por meio de fotos ou vídeos.

47
Sugestão de atividade

1. LEIA O TEXTO, A SEGUIR:

FESTA DAS LUZES

ASSISTIMOS NA VIDEOAULA 14, DA PROFESSORA KARIN, QUE O DIWALI OU FESTA DAS


LUZES É UMA FESTA RELIGIOSA DO HINDUÍSMO. ELA ACONTECE NA ÍNDIA. A INDIA É
UM PAÍS MUITO DISTANTE DO BRASIL. NESSE DIA, TUDO FICA DECORADO COM LUZES,
FLORES, MANDALAS E FOGOS DE ARTIFÍCIOS. PARA DETERMINAR O DIA DESSA FESTA,
ELES SEGUEM UM CALENDÁRIO LUNAR, DIFERENTE DO NOSSO CALENDÁRIO GREGO-
RIANO, ADOTADO AQUI NO OCIDENTE, O CALENDÁRIO SOLAR. NA SIMBOLOGIA DESSA
FESTIVIDADE, COMO EM TODA A TRADIÇÃO RELIGIOSA ANTIGA, A LUZ REPRESENTA O
CONHECIMENTO E A SABEDORIA.

2- ENCONTRE NO CAÇA-PALAVRAS AS PALAVRAS QUE ESTÃO EM NEGRITO NO TEXTO:

S A B E D O R I A R B T M W

W Q Z X H D V M T S R N A Y

C A L E N D Á R I O A R N F

F W Í H G T N X R J S Q D L

O V N D T Q L B Y L I Y A O

G A D F E S T A Q U L N L R

O J I Q Y W Z T N Z H D A E

S V A P D Q Y W M E K Q S S

H I N D U Í S M O S N V V Z

Figura 20: Atividade sugerida pela professora: Antonia Correa Lima. E.M. CEI Pedro Dallabona.

48
Problematizando

As representações artísticas fazem parte da cultura religiosa e, como tal estão presentes nas
festas, nos lugares sagrados, nas residências dos devotos, entre outros lugares. É importante res-
saltar que, mesmo festas que ao longo do tempo perderam a sua relação direta com a religiosidade
(como é o caso do Carnaval), as representações religiosas ainda aparecem, seja nas alegorias, nas
letras das canções, entre outros.

Problematizando

É importante salientar que, para além das festas e comemorações religiosas, estes elementos
artísticos muitas vezes se encontram no cotidiano das pessoas e das comunidades. Como, por
exemplo, a indumentária utilizada pelas baianas nas festas do Bonfim, que são utilizadas no dia
a dia como uma representação da cultura e religiosidade delas.

Ampliando as possibilidades
Os estudantes podem, para além dos momen-
tos e práticas apresentadas na sala de aula,
identificar a presença dos símbolos em outros
espaços. Como, por exemplo, em algumas es-
colas cujo nome está associado a algum ícone
religioso e, por esta razão possuem alguma re-
ferência iconográfica. Ou até mesmo a utiliza-
ção de símbolos presentes na indumentária de
professores e colegas de turma, como o uso de
acessórios relacionados à religiosidade. Ou, ain-
da em outros aspectos como animações que,
mesmo não tendo cunho religioso, por retrata-
rem aspectos culturais acabam apresentando
simbologias, como vemos na imagem27 do filme
Kung Fu Panda 3.

Figura 21: Cartaz promocional do filme Kung Fu Panda


3, disponível em: <https://i.pinimg.com/originals/
a8/15/15/a8151516b75bf41c2a6770a49e046038.
jpg>. Acesso em: 15 de outubro de 2020.

27 O Yin Yang é um símbolo religioso de matriz oriental, amplamente difundido nas culturas oriental e ocidental.
Ele aparece diversas vezes nas animações da franquia Kung Fu Panda.

49
Unidade 3: Crenças e Filosofias de Vida
As crenças e filosofias de vida compõem a relação do homem com o sagrado, consigo mesmo,
com o próximo, com a natureza etc. pois, para além da religiosidade, tratam de aspectos estru-
turantes do pensamento.

Na unidade temática Crenças religiosas e filosofias de vida, são tratados


aspectos estruturantes das diferentes tradições/movimentos religiosos
e filosofias de vida, particularmente sobre mitos, ideia(s) de divindade(s),
crenças e doutrinas religiosas, tradições orais e escritas, ideias de imorta-
lidade, princípios e valores éticos. (BNCC,2017, p. 439).

Assim, as discussões com os estudantes passam a ganhar mais corpo, promovendo espaços de
reflexão e ressignificação os conhecimentos prévios deles.

Critérios de ensino-aprendizagem
Aponta diferentes organizações religiosas, reconhecendo que possuem diversas
3.º Ano
estruturas hierárquicas.
Reconhece e identifica o papel exercido por homens e mulheres na estrutura hie-
rárquica das organizações religiosas.
4.º Ano
Reconhece a presença do sagrado feminino nas representações de divindades
em diferentes culturas.

Iniciando a conversa
De acordo com o Currículo do Ensino Fundamental de Ensino Religioso

Ao abordarmos as diferentes organizações religiosas, analisamos seu pa-


pel, origem histórica, mudanças no decorrer dos tempos, estrutura hie-
rárquica, lideranças, fundador, personalidades, ação social, modo de ser,
pensar e agir das pessoas, bem como a possibilidade de diálogo inter-
-religioso. Abordamos também o conceito de cultura religiosa e como
se estabelecem as relações na convivência entre pessoas de diferentes
crenças, permitindo, assim, a análise do Fenômeno Religioso, que com-
preende o Sagrado na perspectiva da diversidade religiosa. (CURITIBA,
2020, p. 15).

Podemos iniciar o assunto organizações religiosas, com um jogo de memória coletivo, em que
cada estudante tente ligar um líder religioso à religião a qual ele pertence.

50
Na sequência, apresentamos uma sugestão de peças para o jogo28, lembrando que, devido à
quantidade de estudantes por turma, o professor poderá ampliar o número de peças, lembran-
do sempre de contemplar nas peças as 4 matrizes.

Jogo da memória das organizações religiosas

Critérios de ensino-aprendizagem em ação


Os líderes religiosos são peças chaves das organizações. Ao observar a estrutura hierárquica e
quem faz parte dela, as definições de papéis por gênero e as vestimentas utilizadas por estes
líderes, por exemplo, temos uma breve ideia da cultura a qual esta forma de organização per-
tence. A fim de tornar a aprendizagem mais concreta, bem como para que os estudantes com-
preendam a função dos líderes no contexto da organização religiosa, é possível realizarmos uma
entrevista. Durante a entrevista, os estudantes podem fazer perguntas sobre a função adminis-
trativa da escola, entrevistando a direção e ou a equipe pedagógica etc. Assim, eles perceberão
na prática, refletir sobre as questões hierárquicas e de divisão do trabalho.

28 Neste jogo da memória, cada estudante deve formar um trio e não um par. O trio é composto de 1 líder
religioso + 1 lugar sagrado + o nome da religião a qual o líder pertence. Este jogo se encontra disponível em: <https://
www.slideshare.net/karinwillms/contedos-e-sugestes-de-ensino-religioso>. Acesso em 06/10/2020.

51
Sugestão de atividade29

1. PINTE APENAS OS RETÂNGULOS QUE APRESENTAM ALGUMAS QUALIDADES DOS BONS


LÍDERES:

2. ESTÃO FALTANDO VOGAIS NOS NOMES DOS LÍDERES RELIGIOSOS, VAMOS ESCREVER AS
QUE FALTAM PARA DESCOBRIR O NOME DOS LÍDERES:

X__ __ Q __ __ P __ J __ P __ST__ R R __ B __ N __ M__ NG __

Figura 22: Atividade sugerida pela Professora Maria Angela da Motta – EM Bairro novo CAIC G. L. B. Sobrinho

Problematizando

Algumas religiões como o Candomblé, Umbanda e até algumas denominações evangélicas,


não atribuem funções de liderança diferentes para homens e mulheres. Porém, se observarmos
na prática, percebemos que algumas funções são mais delegadas às mulheres do que para os
homens, como o cuidado e a educação das crianças. Por que isso acontece? Por qual razão?
Mesmo quando a religião não impõe papéis distintos aos homens e às mulheres, eles pendem
para um tipo de trabalho ou outro?

29 Nas videoaulas n.º 29 (https://www.youtube.com/watch?v=eOoS7O4pexc&t=674s), n.º 30 <https://www.


youtube.com/watch?v=pSO-CIDEArg&t=272s> e n.º 31 <https://www.youtube.com/watch?v=cej7sBUWuo0&t=1408s>,
ministradas pela professora Karin, para as turmas de 4.º ano em 2020, foi possível ter uma ideia de como esta divisão
hierárquica se dá em algumas organizações.

52
Problematizando

Em algumas religiões, os líderes utilizam roupas diferentes dos fiéis. Já em outras, percebemos
que todos os adeptos seguem as mesmas normas para as vestimentas, dentro e fora do lugar
sagrado. Por que existem estas normas para os líderes? E para os fiéis? Quais as questões cultu-
rais envolvidas neste processo?

Ampliando as possibilidades

Entrevista: líderes religiosos da região respondem perguntas da VERO

Saiba mais sobre o trabalho realizado por eles e suas instituições em Alphaville e re-
gião.

(...) Qual seu papel principal como um líder religioso? Fortalecer espiritualmente o indi-
víduo e as famílias da nossa comunidade e trabalhar com amor para levar a orientação do
Evangelho de Jesus Cristo para todos os lares.

Quais são os seus compromissos como um líder? Como é seu dia a dia? O bispo tem a
responsabilidade de cuidar do bem-estar temporal e espiritual dos membros. O serviço
na igreja, aos membros e à comunidade é voluntário e acontece nos tempos livres, prin-
cipalmente na parte da noite e aos finais de semana. Isso porque todos os líderes têm sua
profissão e não são remunerados. As principais reuniões acontecem aos domingos, das 9
às 12 horas, na capela que há dez anos fica na Avenida Marte, 361.

Como o centro de fé, do qual, faz parte, contribui com a comunidade e o entorno? As
portas da igreja estão constantemente abertas a toda a comunidade de Alphaville para
tratar de assuntos espirituais ou não. Para isso, alguns membros têm dedicado tempo e
seus dons com o objetivo de proporcionar novas descobertas a quem tiver interessado em
também aprender a falar inglês, tocar um instrumento musical, conhecer os antepassados
ou melhorar a carreira profissional.

 
Texto completo em: <https://www.vero.com.br/entrevista-lideres-religiosos-da-regiao-respondem-
perguntas-da-vero/> . Acesso em 06/11/2020.

No quadro apresentado anteriormente, temos um trecho de uma reportagem que se propõe a


entrevistar os líderes religiosos locais. Este é um processo importante, que deve ser discutido e
sistematizado com os estudantes. A turma pode elaborar as perguntas e o líder religioso respon-

53
dê-las por meio do vídeo, e-mail ou ainda, caso haja disponibilidade o líder pode vir até a escola
para responder as perguntas dos estudantes30.

5.º ANO
Compreender a diversidade religiosa de um ponto de vista científico não se trata de provar a
existência ou inexistência do transcendente, de um deus ou entidade. Também cabe ressaltar,
que não há a pretensão de estabelecer juízo de valor ou dar a ideia de maior ou menor “impor-
tância” à religião apenas pelo número de adeptos. Porém, compreendemos que

Não se pode prescindir dos conhecimentos religiosos para se pensar a


realidade. Por isso é necessário compreender as manifestações religiosas
que estão no entorno do educando, assim como a liberdade de crença
não pode ser produzida diante da ignorância da crença do outro. Só é
tolerante quem conhece e respeita o pensamento do outro, permitindo
que ele seja outro, sem precisar da relação de submissão hierarquiza-
da. O pluralismo de ideias não significa que uma precisa ser colocada
como superior, ou mais correta, significa que existe uma pluralidade de
perspectivas religiosas e seculares, e que todas devem se conhecer e se
respeitar. (BAPTISTA, 2019, p. 249).

Unidade 1: Manifestações Religiosas


Ao tratarmos das manifestações religiosas, com as turmas de 5.º ano, é importante termos em
mente que

Nos territórios sagrados frequentemente atuam pessoas incumbidas da


prestação de serviços religiosos. Sacerdotes, líderes, funcionários, guias
ou especialistas, entre outras designações, desempenham funções es-
pecíficas: difusão das crenças e doutrinas, organização dos ritos, inter-
pretação de textos e narrativas, transmissão de práticas, princípios e va-
lores etc. Portanto, os líderes exercem uma função pública, e seus atos
e orientações podem repercutir sobre outras esferas sociais, tais como
economia, política, cultura, educação, saúde e meio ambiente. (BNCC,
2017 p. 439).

30 Ver orientações sobre a sugestão de entrevista ao líder religioso no caderno Ensino Religioso no Estado
Laico: um desafio para o ensino fundamental, nas páginas 81 a 84.

54
Ou seja, repercutir para além do transcendente, de uma divindade, texto sagrado etc., visto que
as religiões e suas manifestações são compostas por pessoas. Pessoas que se reúnem em prol
de um mesmo ideal ou crença e, que juntas, constroem o que conhecemos de cada organiza-
ção religiosa.

Critérios de ensino-aprendizagem
• Reconhece e identifica o papel exercido por homens e mulheres na estrutura
4.º Ano
hierárquica das organizações religiosas.
• Reconhece a importância da tradição oral para preservar memórias e aconte-
cimentos religiosos.
5.º Ano
• Identifica elementos da tradição oral e o papel dos sábios e anciãos na preser-
vação e transmissão dos saberes ancestrais.

Iniciando a conversa
Ao observarmos as organizações religiosas e sua estrutura hierárquica, é muito comum vermos
as mulheres desempenhando funções ligadas aos cuidados e à educação das crianças31. Porém,
é necessário observarmos estas tradições, desprovidos de juízo de valor, ou seja, analisarmos o
tempo e o espaço em que as doutrinas e/ou livros sagrados foram estabelecidos e, também, as
mudanças ocorridas ao longo dos anos32.

Mas, ao observarmos a nossa sociedade, ao começarmos pela escola, vemos que em geral as
mulheres assumem a função de educadoras e, portanto, a transmissão dos ensinamentos33,
sejam eles religiosos, culturais ou acadêmicos, na maioria das vezes, ocorre através da figura
de uma mulher. Isso adquire uma importância ímpar se pensarmos nas organizações religiosas.

Critérios de ensino-aprendizagem em ação


Precisamos, em um primeiro momento, compreender o valor dos saberes tradicionais e/ou an-
cestrais. Cabe ressaltar que a função desses conteúdos não é a desvalorização dos saberes
escolares, tampouco a desmistificação dos saberes tradicionais. Não temos a intenção de enal-
tecer um em detrimento do outro, nem justificar ou comprovar cientificamente o que nos foi
ensinado pelos nossos antepassados.
31 Ao tratarmos da definição do papel da mulher segundo o judaísmo na aula 29, ministradas para as turmas
de 4.º ano, veiculada na TV Escola no dia 04 de novembro de 2020. Aula disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=eOoS7O4pexc&t=674s>. Acesso em: 21/11/2020.
32 Nesta mesma aula, vimos que algumas comunidades judaicas já aceitam a nomeação de mulheres como
“rabinas”.
33 Também sugerimos a leitura do texto Entenda o movimento griô e a importância da ancestralidade na
cultura, disponível em: <https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/diversao-e-arte/2018/12/12/interna_
diversao_arte,724615/conheca-o-movimento-grio.shtml>.Acesso em 21/11/2020.

55
Trata-se de um conteúdo que tem como função valorizar os saberes tradicionais e ancestrais,
compreendendo a sua função e importância no tempo e espaço em que foram construídos,
estabelecendo uma relação de aproximação entre os estudantes e suas raízes culturais a fim
de que cada um e cada uma, possa ressignificar o conhecimento através do processo de esco-
larização.

Problematizando

Alguns autores entendem que toda atuação familiar é educativa. Para


exemplificar essa ideia, podemos usar o comportamento dos pais dian-
te do comportamento dos filhos. A forma como os pais reagem ou não,
ensina à criança as consequências de seu comportamento, mesmo que
essa não seja a intenção. Os pais têm muita importância na educação dos
filhos, pois são responsáveis por legitimar ou rechaçar conhecimentos e
valores adquiridos pelas crianças no processo civilizatório. Exercem, por-
tanto, importante mediação na relação da criança com o mundo. (FERRA-
RI, s/d, s/p).34

É sabido que a escola não é o único espaço educativo frequentado por nossos estudantes. A
todo momento e em todos os espaços, meninas e meninos estão aprendendo algo, seja de
ordem cultural, religiosa, comportamental, etc. Nesse sentido, precisamos levar em conside-
ração o papel fundamental da família no processo educativo. A casa é o primeiro espaço de
convivência deste estudante e, em um expressivo número de casos, a comunidade religiosa
é o segundo. Assim, é importante que através das aulas de Ensino Religioso, possamos trazer
este conhecimento para a sala de aula e ressignificá-lo com os estudantes a fim de valorizar as
aprendizagens extraescolares deles.

Para que isso se efetive, é necessário abordarmos com os estudantes o papel dos sábios nas
comunidades, em primeiro lugar, desconstruindo o estereótipo do ancião (o senhor de longos
cabelos e barba branca, com um cajado ou bengala), apresentando as figuras reais que desem-
penham esse papel nas comunidades e famílias35.

Problematizando

Nesse sentido, é importante salientar a importância do contador de histórias, sejam elas da cul-
tura popular ou da organização religiosa, os estudantes devem reconhecer o papel das narrati-
vas na construção dos nossos saberes e da nossa identidade. Aqui, os mitos, as lendas, as pará-

34 Texto completo, disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/psicologia/papel-dos-pais-na-educacao.


htm>. Acesso em: 21/11/2020.
35 Sugerimos a leitura do texto A memória dos velhos e a valorização da tradição da literatura africana: algumas
leituras. Disponível em: <http://www.acordacultura.org.br/artigos/01112013/a-memoria-dos-velhos-e-a-valorizacao-
da-tradicao-na-literatura-africana-algumas-leituras>. Acesso em: 21/11/2020.

56
bolas etc. terão especial colocação pois, é através dessas narrativas que muitas comunidades
estabelecem seus ritos, suas doutrinas, regras, entre outros.

Sugestão de atividade

1). LEIA O TEXTO:

ANCESTRALIDADE

A TRADIÇÃO DE CONTAR HISTÓRIAS SEMPRE FOI UMA FORMA DE REPASSAR CO-


NHECIMENTOS E MANTER A TRADIÇÃO. JESUS ENSINAVA DE FORMA ORAL. ESSES ENSI-
NAMENTOS FORAM REPASSADOS ORALMENTE POR MUITO TEMPO. SÓ MUITOS ANOS DE-
POIS DA MORTE DE JESUS QUE ELES FORAM ESCRITOS NO NOVO TESTAMENTO, QUE É A
SEGUNDA PARTE DA BÍBLIA. ASSIM COMO A BÍBLIA, O ALCORÃO QUE É O LIVRO SAGRADO
DE MUÇULMANOS, O TORÁ QUE É O LIVRO SAGRADO DOS JUDEUS E O TRIPITAKA QUE É O
LIVRO SAGRADO DO BUDISMO TAMBÉM FORAM ESCRITOS DEPOIS DE MUITOS ANOS QUE
ESSES ENSINAMENTOS ERAM PASSADOS DE FORMA ORAL.

AS RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA, CANDOMBLÉ E UMBANDA, E TAMBÉM AS RE-


LIGIÕES INDÍGENAS SÃO MUITO LIGADAS À ANCESTRALIDADE E ATÉ NOS DIAS ATUAIS OS
ENSINAMENTOS SÃO PASSADOS DE FORMA ORAL.

2) COMPLETE A CRUZADINHA COM AS PALAVRAS:CONHECIMENTO, RELIGIÕES, HISTÓRIAS,


ENSINAMENTOS, ORALIDADE E TRADIÇÃO.

Figura 23: Atividade sugerida pela professora Antonia Correa Lima. E.M.CEI Pedro Dallabona.

57
Ampliando as possibilidades
Uma boa forma de valorização dos saberes ancestrais, da tra-
dição oral e das relações familiares é, em conjunto com os pro-
fessores regentes (Língua Portuguesa, Ciências etc.), promover
espaços para que pessoas da comunidade e/ou familiares dos
estudantes venham até a escola para ensinar algo que seja pró-
prio de sua tradição ou cultura. Desde um bordado, um chá para Figura 24: Imagem disponível em:
<https://escolaeducacao.com.br/
mal-estar ou até contar histórias. wp-content/uploads/2019/03/
contar-historias.jpg>. Acesso em:
21/10/2020.
Unidade 2: Crenças e Filosofias de Vida
Os mitos estão presentes nas religiões e na cultura popular. Mesmo aqueles que não fazem par-
te de nenhuma organização religiosa judaica ou cristã, conhecem, por exemplo, histórias como
A Arca de Noé e compreendem os ensinamentos passados por elas. Também é importante sa-
lientar que

O mito é um texto que estabelece uma relação entre imanência (existên-


cia concreta) e transcendência (o caráter simbólico dos eventos). Ao rela-
tar um acontecimento, o mito situa-se em um determinado tempo e lugar
e, frequentemente, apresenta-se como uma história verdadeira, repleta
de elementos imaginários. No enredo mítico, a criação é uma obra de
divindades, seres, entes ou energias que transcendem a materialidade
do mundo. São representados de diversas maneiras, sob distintos nomes,
formas, faces e sentidos, segundo cada grupo social ou tradição religiosa.
(BNCC, 2017, p. 440).

Critérios de ensino-aprendizagem
• Reconhece a diversidade de representações de divindades nas diferentes or-
ganizações das quatro matrizes.
4.º Ano
• Reconhece a presença do feminino nas representações de divindades em di-
ferentes culturas.
• Reconhece e identifica as funções e mensagens contidas nos mitos de criação
5.º Ano
(concepções de mundo, natureza, ser humano, divindades, vida e morte).

58
Iniciando a conversa
O primeiro passo para compreender e trabalhar a dimensão destes conteúdos é entender o que
são mitos e o que são divindades36. Esses conceitos são importantes para que não tratemos dos
“mitos” com visões pejorativas ou sem a importância e respeito devidos.

Sugestão de atividade

1) VOCÊ JÁ OUVIU FALAR SOBRE DIVINDADE? SABE O QUE É ISSO? VAMOS APRENDER JUN-
TOS!?

SEGUNDO A PROFESSORA KARIN WILLMS, NA AULA 17, MINISTRADA PARA AS TURMAS DE


4.º ANO37, DIVINDADE É: SER SAGRADO; ESSÊNCIA DIVINA; O QUE SERVE DE CULTO RELIGIO-
SO; QUE PODE SER ALVO DE VENERAÇÃO.

VAMOS RELEMBRAR AS FORMAS DE MANIFESTAÇÕES DO DIVINO EM DIFERENTES


CULTURAS, FAZENDO O CAÇA-PALAVRAS. ENCONTRE AS PALAVRAS: TOTEMISMO;
MANISMO; MAGISMO; ANIMISMO; PANTEÍSMO; TEÍSMO; ATEÍSMO.

A N I M I S M O A G E A N M
P A V E J K O P O G D T B A
A A R T U F E S O I V E H G
R I N O X I A D M R E I R I
R Ç S T J E I B S D R S T S
T Ã G A E U N G I N H M W M
T O V E I I A I N H O O A O
W D T J E R S U A S C R S H
T E H E S C H M M U O R S I
R G O A M J A M O L M T C N
R R O A S I A M E E S T C E
R A S C J E S B T D I I T S
W Ç Y I O L N M F A E Y F H
W A Y I O L N A O A T T I N

Figura 25: Atividade sugerida pela professora: Fernanda Carriel. E.M. Dona Lulu.

36 Conceitos trabalhados nas videoaulas n.º 1, “aula única” para o Ciclo II, disponível em: <https://www.
youtube.com/watch?v=rzxFxhdNm6g> e na videoaula n.º 17, do 4.º ano, disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=JYMdWt65u4U&t=1640s> . Acesso em 21/10/2020 e, na videoaula n.º 32, do 5.º ano, veiculada no dia 25 de
novembro de 2020.
37 Aula 17, ministrada para as turmas de 4.º ano, disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=kR4dOSPwYKc&t=816s>. Acesso em: 30/11/2020.

59
Dica importante!

Ao tratarmos dos mitos de criação, em diferentes culturas e tradições religiosas, é neces-


sário que tenhamos um cuidado redobrado para não sobrepor nossas crenças pessoais
às diferentes formas de crer. Nesse momento, é de fundamental importância a postura do
professor, no sentido de não afirmar que um mito é “verdadeiro” em detrimento de outros,
ou ainda estabelecer juízo de valor no que diz respeito a alguma crença específica. A pos-
tura do professor neste aspecto, é determinante na forma como os estudantes irão lidar
com as diferentes formas de acreditar, estabelecendo relações de respeito e alteridade.
Ressaltamos, portanto, a máxima do Ensino Religioso que é: CONHECER PARA RESPEI-
TAR. Lembrando que tratamos a religião como objeto de estudo, como ciência, deixando
para o âmbito privado nossas crenças pessoais.

Critérios de ensino-aprendizagem em ação


Ao tratar dos mitos religiosos, em especial os de criação, é inevitável que falemos dos deuses
neles contidos. Em geral, esses textos religiosos (orais e/ou escritos), nos apresentam deuses
criadores, responsáveis por estabelecer a vida na Terra e, consequentemente se relacionam
com a sua criação. Assim, estes deuses já são apresentados aos estudantes, oportunizando for-
mas de abordarmos os dois conteúdos de forma conjunta.

Problematizando

Num primeiro momento, é importante valorizarmos as crenças religiosas dos nossos estudantes
e de suas famílias, possibilitando que eles falem sobre os mitos de criação de suas tradições e
sobre como eles acreditam que é “deus” ou os “deuses”, de acordo com a crença de cada um38.
Após este primeiro momento de conversa e de troca entre os estudantes, você poderá apresen-
tar diferentes mitos de criação e os deuses responsáveis por eles, em diferentes culturas.

Problematizando

Os mitos de criação têm como função explicar a origem das coisas. São narrativas fantásticas
que mostram como os deuses criaram o Universo, a Terra, os homens, ou até mesmo alguns
elementos como o arco-íris. É importante salientar que as explicações científicas não são des-
cartáveis ou contraditórias aos mitos. Assim, é possível acreditar que Deus (judaico-cristão) criou
o Universo e, mesmo assim, utilizarmos a ciência (teoria do Big Bang) como complementar. Uma
concepção não exclui ou é contraditória a outra, são apenas formas diferentes de analisar um
mesmo elemento.

38 Lembrando sempre que não há certo e/ou errado na visão das crianças e que a crença individual do
professor/professora não deve se sobrepor às crenças familiares.

60
Ampliando as possibilidades
Na sequência, apresentaremos algumas sugestões de textos adaptados à linguagem e faixa
etária dos estudantes, para trabalhar a temática dos mitos.

O primeiro homem e outros mitos dos índios brasileiros: os surpreen-


dentes mitos deste livro são histórias criadas por povos de grande sabe-
doria, que viveram ou ainda vivem uma vida muito diferente da nossa. Os
mitos são recontados nesta obra por Betty Mindlin, antropóloga e grande
conhecedora da cultura sobre a qual escreve. As histórias, que ela ouviu
dos povos indígenas e agora reconta neste livro, estão bem vivas e con-
tinuam sendo contadas ainda hoje, como eram contadas antigamente39.

A Criação do Mundo - Mitos e Lendas: as maravilhosas histórias que,


em todos os lugares e épocas, procuraram explicar o surgimento do ho-
mem e do universo40.

Criação - Segundo A Mitologia Iorubá: lá da África veio um povo


para o Brasil. Trouxe com eles suas lendas e mitos. Contam que
Olorum, o deus maior, criou o mundo e tudo que se vê nele: os
animais, plantas, mares e rios, montanhas e florestas. Faltava po-
voar com os seres humanos. Esta história conta porque somos tão
diferentes uns dos outros41.

39 Imagem e sinopse disponíveis em: <https://www3.livrariacultura.com.br/primeiro-homem-e-outros-


mitos- 560824/p?utmi_cp=8787&adtype=pla&utmi_cp=8102&gclid=Cj0KCQjwuL_8BRCXARIsAGiC51B1TTjjRiD-
ex2r7n72qOwxrcVluAAel9rD0T_D0XZ1F0LvC1fWCUoaAhdMEALw_wcB>. Acesso em: 21/10/2020.
40 Imagem e sinopse disponíveis em: <https://www.amazon.com.br/Cria%C3%A7%C3%A3o-Mundo-Catherine-
Claude-Ragache/dp/8508042671>. Acesso em: 21/10/2020.
41 Imagem e sinopse disponíveis em: <https://www.ciodaterra.com.br/a-criacao-segundo-mitologia-ioruba>.
Acesso em 21/10/2020.

61
A Origem do Japão: mitologia da era dos deuses: a origem do Japão nos
transporta a uma viagem no tempo e no espaço até, literalmente, o outro
lado do mundo, no extremo Oriente. Se os legendários guerreiros samu-
rais eternizaram os mitos e as lendas japonesas, neste livro voltamos a um
tempo muito anterior. As autoras nos conduzem pela saga dos deuses que,
de acordo com a mitologia japonesa, participaram da criação do país. O
processo não foi simples – nem rápido – e envolveu, além dos Deuses da
União, as gerações seguintes de seus descendentes (deuses que repre-
sentam as rochas, a água e as montanhas, unindo forças para gerar vida na
Terra do Sol Nascente). Em dado momento, mito e história se entrelaçam,
revelando um mundo riquíssimo de tradições acumuladas durante sécu-
los42.

Unidade 3: Identidades e Alteridades


No 5.º ano, a unidade identidade e alteridades, assume um caráter de reflexão acerca das ações
do homem em sociedade.

A dimensão da transcendência é matriz dos fenômenos e das experiên-


cias religiosas, uma vez que, em face da finitude, os sujeitos e as coletivi-
dades sentiram-se desafiados a atribuir sentidos e significados à vida e à
morte. Na busca de respostas, o ser humano conferiu valor de sacralida-
de a objetos, coisas, pessoas, forças da natureza ou seres sobrenaturais,
transcendendo a realidade concreta. (BNCC, 2017, p. 438).

Tratamos aqui não só do fenômeno religioso e suas implicações na constituição das organiza-
ções religiosas, mas também do que o homem faz a partir de seus conhecimentos religiosos.
Como ele aplica social, política e, economicamente, aquilo que foi aprendido dentro de sua
comunidade de fé.

Critérios de ensino-aprendizagem
4.º Ano Reconhece elementos religiosos na cultura popular e em seu cotidiano.
Identifica a função e a importância dos lugares sagrados no cotidiano das cida-
des.
5.º Ano
Percebe a atuação política, econômica e social de líderes religiosos, relacionan-
do com a ideia de representatividade.

42 Imagem e sinopse disponíveis em: <https://www.amazon.com.br/Origem-do-Jap%C3%A3o-Nana-Yoshida/


dp/8540503735>. Acesso em: 21/10/2020.

62
Iniciando a conversa
A maioria das cidades brasileiras têm, em sua praça central, uma Igreja Católica. E, ao analisar-
mos as estruturas sociais, organizações, até mesmo os calendários, é inegável a influência da
religiosidade cristã católica em diversos âmbitos da nossa sociedade. E isso se reflete na cultura.
A cultura brasileira é um reflexo do processo de colonização e dos diferentes povos que aqui
viviam (indígenas) e vieram no processo de escravização e imigração.

Assim, é inegável a importância da religiosidade na composição das cidades e sua representa-


tividade nos mais diversos espaços como: economia, política etc. Sabemos, no entanto, que o
Estado brasileiro é laico. Mas, vale ressaltar que laico não é antirreligioso, mas sim, aquele que
acolhe as diferenças e, em termos legais, confere os mesmos direitos e deveres às diferentes
organizações religiosas presentes no país.

Critérios de ensino-aprendizagem em ação


Em primeiro lugar é necessário compreender que a ação política está muito além das questões
ligadas diretamente ao governo (por exemplo, pastores que assumem cargos públicos como
vereadores, deputados etc.). A atuação política deve ser compreendida como toda ação de or-
ganização e/ou representatividade social. Nesse sentido, líderes religiosos e comunitários são
agentes políticos e, os lugares sagrados, muitas vezes, são parte importante dessa organização.

Assim, observar a atuação política, econômica e social das organizações religiosas e as influên-
cias dos lugares sagrados na organização das cidades e, também na cultura popular, permite
ao estudante, ressignificar diversas ações e expressões do seu cotidiano, percebendo a ação
religiosa, direta e indireta, em diferentes contextos.

Um exemplo do que acabamos de citar é o Confucionismo, visto pelos ocidentais como uma
“religião chinesa”, ele é na verdade um sistema de conduta e de respeito aos princípios básicos
de convivência. Ele foi difundido na China e até hoje norteia as ações políticas e sociais de parte
considerável da população chinesa.

63
Sugestão de atividade

O Confucionismo, ao contrário do que se acredita, não é propriamente uma religião, mas uma
doutrina baseada no sistema filosófico do chinês Confúcio (KUNG-FU-TZU), difundido durante
o século VI - A.C. De acordo com a doutrina de Confúcio, o ser humano possui 5 virtudes. Des-
creva as 5 virtudes estabelecidas por Confúcio:

Figura 26: Atividade sugerida pela Professora Maderli Ponchirolli – EM Enéas Marques dos Santos

64
Problematizando

O primeiro passo é analisar o entorno da escola. Quais os lugares sagrados das redondezas e
como eles influenciam na vida das pessoas do bairro. Essa pesquisa irá facilitar o planejamento
do professor no sentido de construir o conhecimento acerca da diversidade, bem como propor-
cionará uma análise dos questionamentos, a seguir. Quais as atividades, fora os cultos, giras,
reuniões, que ocorrem nestes espaços? Há ações efetivas para com os moradores do entorno?
Como isso ocorre? A partir daí, os estudantes passarão a perceber essas ações no seu cotidiano.
E, com o auxílio do professor/professora, eles poderão observar isso também em outros espa-
ços e em culturas.

Problematizando

Para além das ações diretas, como por exemplo, a distribuição de alimentos, é possível perce-
ber influências desses espaços em outras questões do dia a dia das cidades? Essas influências
vão desde simples expressões do vocabulário como “Minha Nossa Senhora!”, até ações mais
complexas como nomear o nome de ruas e escolas públicas. Será que os estudantes conse-
guem perceber isso na região em que eles vivem?

Ampliando as possibilidades
Nesta aula é possível estabelecer diferentes relações com os conteúdos da área de História,
como é possível observar no vídeo: 5.º ano do Ensino Fundamental – História: religião e cultura
dos povos antigos - Ciências Humanas43. Ao identificar essas ações e relações entre religião e
cultura nos povos antigos, o estudante poderá também passar a desenvolver este olhar sobre
as questões da contemporaneidade, percebendo em seu cotidiano a influência política, cultural,
econômica e social das diferentes religiões.

43 Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=5BMxVKRLs9o>. Acesso em: 21/10/2020.

65
CICLO III
Na Rede Municipal de Ensino de Curitiba o Ensino Religioso tem como objeto de estudo o fenô-
meno religioso e as suas implicações na sociedade. Assim, iniciamos no primeiro ano do Ciclo I,
apresentando conteúdos que evocam a alteridade e as dimensões relacionadas às diferenças,
que vão desde questões físicas, perpassando as relações étnicas e englobando os campos da
cultura e da religiosidade.

Conforme Guerriero (2005), temos que considerar o fato de a religião ser


multidimensional, sendo necessárias várias perspectivas para o exercício
de sua compreensão. É importante ressaltar que a diversidade é, na for-
mação da sociedade brasileira, um componente relevante para o enten-
dimento do Fenômeno Religioso. (CURITIBA, 2020, p. 104).

Esses conteúdos são abordados a partir de objetivos de aprendizagem delimitados pelo Currí-
culo de Ensino Religioso (2020), em consonância com a BNCC (2017) e permitem, ciclo a ciclo:
perceber, compreender e ressignificar a diversidade. Dessa forma, cada estudante, a partir da
sua realidade, construirá o seu referencial para o entendimento da diversidade. É sabido que o
povo brasileiro, por sua composição histórica, engloba diferentes manifestações do sagrado.
Essas inúmeras manifestações estão presentes não somente no campo da cultura extraescolar,
mas dentro de cada sala de aula, sejas nas escolas públicas ou privadas.

No ano de 2020, os estudantes dos Ciclos I e II participaram das videoaulas elaboradas e minis-
tradas pelos profissionais da RME, enquanto os estudantes das turmas de 6.º ano, acompanha-
ram as aulas televisionadas pela Secretaria Estadual da Educação (SEED) do Paraná. No entanto,
é importante ressaltar que estado e município seguem os mesmos princípios no que diz respeito
à laicidade, à pluralidade e ao respeito às diferentes formas de crença e pensamento presentes
em nosso país. Tendo em vista que o Ensino Religioso faz parte da grade curricular, nas escolas
municipais, para as turmas de 1.º a 6.º ano, este material trará reflexões e possibilidades de re-
tomada e aplicação dos conteúdos, de acordo com o Currículo do Ensino Fundamental da RME.

OBJETIVO GERAL DO CICLO


Reconhecer e identificar o fenômeno religioso na perspectiva da diversidade cultural religiosa,
contemplando as quatro matrizes: indígena, ocidental, africana e oriental.

6.° ANO
O Ensino Religioso, nas turmas do 6.º ano, assim como no Ensino Fundamental I (1.º ao 5.º ano),
tem como premissa o estudo acerca do fenômeno e do conhecimento religioso. Ao longo da

66
história, este componente curricular passou por inúmeras transformações e, atualmente, está
alicerçado a partir do estudo das Ciências da Religião:

O ensino religioso compreende-se a partir de três modelos de conheci-


mento: catequético, teológico e das ciências da religião. Verifica-se que o
modelo das ciências da religião, garante autonomia no que se refere ao
pluralismo cultural e religioso. (MARACANAÚ, 2019, p.27).

Tabela 1 – Modelos de conhecimento.

CIÊNCIAS DA
MODELOS CATEQUÉTICO TEOLÓGICO
RELIGIÃO

Transdisciplinar /
COSMOVISÃO Unirreligiosa Plurirreligiosa
transreligiosa

Aliança estado- Sociedade Sociedade da pós-


CONTEXTO POLÍTICO
igreja secularizada modernidade
Antropologia,
Conteúdos As ciências da
FONTE teologia do
doutrinais religião
pluralismo
Dedução / Complexidade /
MÉTODO Indução / filosofia
doutrinação holístico / sistêmico

Epistemologia
AFINIDADE Escola tradicional Escola nova
fenomenológica

Expansão das Formação religiosa Educação do


OBJETIVO
igrejas dos cidadãos cidadão

Confissões Comunidade
RESPONSABILIDADE Confissão religiosa
plurirreligiosas científica e do Estado

Proselitismo e Catequese Neutralidade


RISCOS
intolerância disfarçada científica

Fonte 27: MARACANAÚ, 2019, p.27.

Podemos observar, no Currículo do Ensino Fundamental da RME (2020) e na Base Nacional Co-
mum Curricular (ano), ambos escritos à luz das Ciências da Religião, que este modelo permite
um olhar científico sobre o conhecimento religioso, sem expor sobre ele juízo de valor. Permi-

67
tindo ao estudante a construção do seu referencial acerca das diferenças religiosas e culturais
presentes na nossa sociedade.

Unidade 1: Identidades e Alteridades


Na unidade identidades e alteridades, faremos uma observação da interpretação e da ação rea-
lizada pelos grupos religiosos, a partir dos seus textos sagrados.

No processo de sistematização e transmissão dos textos sagrados, sejam


eles orais, sejam eles escritos, certos grupos sociais acabaram por definir
um conjunto de princípios e valores que configuraram doutrinas religio-
sas. Estas reúnem afirmações, dogmas e verdades que procuram atribuir
sentidos e finalidades à existência, bem como orientar as formas de rela-
cionamento com a(s) divindade(s) e com a natureza. (BNCC, 2017, p. 440).

Critérios de ensino-aprendizagem
• Percebe a atuação política, econômica e social de líderes religiosos, relacio-
5.º Ano
nando com a ideia de representatividade.
• Relaciona o estudo e a interpretação dos textos religiosos com as atitudes dos
6.º Ano
adeptos das organizações religiosas.

Iniciando a conversa
Os princípios éticos e morais dos grupos religiosos são definidos por seus mitos e textos sagra-
dos que, em muitos casos, atuam como códigos de conduta a serem seguidos. Desde peque-
nas ações individuais, até a atuação política e social dos grupos, os comportamentos passam
pela interpretação destes manuais. Assim, para compreender as ações dos grupos religiosos, é
necessário observar que eles são desenvolvidos a partir destes textos que, foram elaborados e
redigidos em um determinado tempo e espaço. Compreender o contexto de escrita, auxilia na
compreensão de algumas ações e condutas de determinadas religiões. Mas, também é neces-
sário termos em mente que estes grupos, à luz de seus líderes, interpretam estes textos. Um
exemplo é o cristianismo, no qual a Bíblia Sagrada é a base textual, no entanto temos diferentes
vertentes e pensamentos idealizados e organizados a partir dela.

Critérios de ensino-aprendizagem em ação


A interpretação que cada grupo e/ou indivíduo faz do texto sagrado, está diretamente ligada
as suas ações na sociedade. Desde a ação humanitária de apoio aos menos afortunados, como:
“aprendei a fazer o bem; procurai o que é justo; ajudai o oprimido; fazei justiça ao órfão; tratai da

68
causa das viúvas”. (Isaías 1:17). Até ações mais rígidas com relação à vestimenta feminina: “e diga
às mulheres que crêem (...) colocarem seus véus sobre o busto, e só revelarem seus adornos aos
seus maridos (...)”. (Na-Noor: 31).

Problematizando

Os textos religiosos têm diferentes funções dentro das comunidades e, como vimos, podem ser
interpretados de diferentes formas de acordo com o contexto em que são lidos e a finalidade
com que são utilizados. Também é importante lembrarmos que eles foram escritos há muito
tempo. Assim, para compreender estas questões, juntamente com o professor/professora de
História e de Geografia, pesquise quando e em que lugar estes textos foram escritos ou, no caso
de textos orais, qual o contexto em que são utilizados.

Sugestão de atividade

APRENDEMOS QUE AS RELIGIÕES ORIENTAIS INCLUEM O HINDUÍSMO, O BUDISMO, O


TAOÍSMO E O XINTOÍSMO. O CONFUCIONISMO, AO CONTRÁRIO DO QUE SE ACREDITA,
NÃO É PROPRIAMENTE UMA RELIGIÃO, MAS UMA DOUTRINA BASEADA NO SISTEMA FI-
LOSÓFICO DO CHINÊS CONFÚCIO (KUNG-FU-TZU), NO SÉCULO VI A.C. ESSE MODELO DE
COMPORTAMENTO ADOTADO PELOS CHINESES CONTEMPLA 5 VIRTUDES ESSENCIAIS.

1- AMAR O PRÓXIMO.
2- SER JUSTO.
3- TER COMPORTAMENTO ADEQUADO.
4- TER CONSCIÊNCIA DA VONTADE DOS CÉUS.
5- CULTIVAR A SABEDORIA E A SINCERIDADE.

AGORA ESCREVA QUAIS DESSAS VIRTUDES VOCÊ JÁ DESENVOLVEU? _______________


_____________________________________________________________________________
______________________________________________________ ______________________
_____________________________________________________________________________
_______________________________________________ _____________________________
_____________________________________________________________________________
________________________________________

Figura 28: Atividade sugerida pelas professoras: Gislene de Cassia Cescato e Tânia Mara Wiacek. E.M.
Belmiro Cesar.

Problematizando

Muitos textos sagrados apresentam o que chamamos de “regras de ouro” da religião. Trazendo
normas de conduta social para os praticantes. É possível, na prática percebermos a aplicação
destas regras? Será que elas permitem diferentes interpretações e, por esta razão vemos dife-
rentes ações de grupos que se utilizam do mesmo texto?

69
Ampliando as possibilidades
Sugerimos, como ampliação de repertório, bem como de possibilidades de trabalho, a leitura
dos informativos n. 4044 (2016) e n. 4345 (2018).

Figura 29: Imagem disponível em: <http://www.ensinoreligioso.seed.pr.gov.br/arquivos/File/


boletins_informativos_assintec/informativo_assintec_43.pdf>. Acesso em: 30 de novembro de 2020.

44 Disponível em: <http://www.ensinoreligioso.seed.pr.gov.br/arquivos/File/boletins_informativos_assintec/


informativo_assintec_40.pdf> . Acesso em: 28/10/2020.
45 Disponível em: <http://www.ensinoreligioso.seed.pr.gov.br/arquivos/File/boletins_informativos_assintec/
informativo_assintec_43.pdf>. Acesso em: 28/10/2020.

70
Unidade 2: Crenças e Filosofias de Vida
As crenças e filosofias de vida, bem como seus mitos, textos e parte de seus ritos, buscam expli-
cações e resoluções tanto para a vida material (marcada pelo nascimento, crescimento e morte),
quanto para a vida espiritual (que, dependendo da crença pode ser considerada eterna). Para
isso, seus adeptos buscam nos livros sagrados informações. Essas

informações oferecem aos sujeitos referenciais tanto para a vida terrena


quanto para o pós-morte, cuja finalidade é direcionar condutas individuais
e sociais, por meio de códigos éticos e morais. (BNCC, 2017, p. 440-441).

Trazendo normas de conduta, possibilidades de redenção, entre outras respostas.

Critérios de ensino-aprendizagem
• Reconhece e identifica as funções e mensagens contidas nos mitos de criação
5.º Ano
(concepções de mundo, natureza, ser humano, divindades, vida e morte).
• Reconhece a função e a diversidade de textos religiosos escritos. Reconhece
6.º Ano que os textos religiosos trazem ensinamentos relacionados ao modo de ser e
viver dos adeptos das organizações religiosas.

Iniciando a conversa
Para começar a nossa conversa acerca deste conteúdo, precisamos pensar um pouco sobre os
mitos e as suas funções nas comunidades religiosas. Essa temática foi trabalhada em diferen-
tes videoaulas ministradas para as turmas de 5.º ano, mas acreditamos que o que foi retomado
durante a videoaula de revisão, na aula n.º 32, deixa bem claro as 3 funções principais do mito.

MITO E RELIGIÃO

Alguns especialistas, como Mircea Eliade, estudioso de história comparada das religiões,
atribuem importância especial ao contexto religioso do mito. Com efeito, são muito fre-
quentes os mitos que versam sobre a origem dos deuses e do mundo (chamados, respec-
tivamente, mitos teogônicos e cosmogônicos), dos homens, de determinados ritos religio-
sos, de preceitos morais, tabus, pecados e redenção. Em certas religiões, os mitos formam
um corpo doutrinal e estão estreitamente relacionados com os rituais religiosos - o que
levou alguns autores a considerar que a origem e a função dos mitos é explicar os rituais
religiosos. Mas tal hipótese não foi universalmente aceita, por não esclarecer a formação
dos rituais e porque existem mitos que não correspondem a um ritual.

71
Nas religiões monoteístas, as mitologias, sobretudo as teogonias, são geralmente repu-
diadas como exemplos de ateísmo ou politeísmo, pois representariam uma desvirtuação
do Deus único e transcendente, à medida que o relacionam a manifestações ou represen-
tações de outras criaturas. Entretanto, essas mesmas religiões também recorrem a des-
crições fantásticas, de caráter simbólico, para explicar a origem do mundo e do pecado, o
fim do mundo e a vida ultraterrena, e não deixam de atribuir a Deus reações e sentimentos
humanos.

O mito, portanto, é uma linguagem apropriada para a religião. Isso não significa que a reli-
gião, tampouco o mito, conte uma história falsa, mas que ambos traduzem numa lingua-
gem plástica (isto é, em descrições e narrações) uma realidade que transcende o senso
comum e a racionalidade humana e que, portanto, não cabe em meros conceitos analí-
ticos. Não importa, do ponto de vista do estudo da mitologia e da religião, que Prometeu
não tenha sido realmente acorrentado a um rochedo com um abutre a comer-lhe as en-
tranhas, nem que Deus não tenha criado o ser humano a partir do barro. Religião e mito
diferem, não quanto à verdade ou falsidade daquilo que narram, mas quanto ao tipo de
mensagem que transmitem.

A mensagem religiosa geralmente exige determinado comportamento perante Deus, o


sagrado e os homens, e é, muitas vezes, formulada de forma compatível com conceitos
racionais e em doutrinas sistematizadas. O mito abrange maior amplitude de mensagens,
desde atitudes antropológicas muito imprecisas, até conteúdos religiosos, pré-científicos,
tribais, folclóricos ou simplesmente anedóticos, que são aceitos e formulados de modo
menos consciente e deliberado, mais espontâneo, sem considerações críticas.
Texto disponível em: <http://estudantedefilosofia.com.br/conceitos/mitoereligiao.php>. Acesso em:
28/10/2020.

Critérios de ensino-aprendizagem em ação


Muitas tradições religiosas tiveram sua origem através da tradição oral e, posteriormente, foram
registrando seus mitos e textos em livros. Estes livros se tornaram fonte de informação, de fé e
de reflexão. Vamos ver alguns exemplos de livros sagrados das tradições religiosas.

72
Conheça os principais Livros Sagrados da humanidade

Por definição, Livros Sagrados são obras literárias presente nas mais diversas religiões do
mundo (principalmente nas monoteístas), cujo seus autores teriam recebido uma inspira-
ção divina na confecção dos textos.

Tais textos religiosos, também conhecidos como Escrituras Sagradas, são em sua grande
maioria o centro das tradições religiosas, e apresentam diversas regras de conduta e mo-
ral, além da narração de fatos passados.

Aqui no ocidente, a Bíblia é sem dúvida o mais famoso de todos os Livros Sagrados, que
por sua vez é derivado do Tanakh, o Livro Sagrados dos Judeus. Vejamos alguns dos prin-
cipais Livros Sagrados da humanidade.

Alcorão
O Alcorão ou Corão é o livro sagrado do Islã. Para os muçulmanos o Alcorão é a palavra
literal de Alá (Deus) revelada ao profeta Maomé durante um período de vinte e três anos.

Codificação Espírita
A Codificação Espírita é um conjunto de cinco livros publicados pelo pedagogo francês
Hippolyte Léon Denizard Rivail, mas conhecido pelo pseudônimo de Allan Kardec, o fun-
dador da Doutrina Espírita.

Vedas
Vedas são um conjunto de quatro obras literárias, em idioma vêdico, que formam o livro
sagrado dos Hindus. São consideradas verdadeiras revelações divinas. Seus textos cons-
tituem a camada mais antiga da literatura hindu e por muito tempo foi transmitida exclu-
sivamente de forma oral.

Bíblia
A Bíblia é o livro sagrado dos Cristãos, sendo constituída de vários livros cujo seus autores
estariam sob inspiração divida. Como existem diversas igrejas cristãs, existe também algu-
mas divergências quanto a quantidade de livros que ela possui.

Guru Granth Sahib


Guru Granth Sahib é o nome do livro sagrados do Sikhismo, religião nascida do sincretismo
entre elementos do hinduísmo e do islã. É composto de uma coletânea de orações e hinos
escritas por gurus do Sikhismo e por santos hindus e islãs.

Tanakh
Tanakh é o nome do conjunto de livros sagrados do judaísmo, sendo formado pelo Torá,
Neviim e Ketuvim. São a origem do  Antigo Testamento Cristão, tendo suas particulari-
dades, quanto aos livros e a ordem deles. Os textos do Tanakh são a base estrutural da
cultura judaica.

73
Analectos de Confúcio
Os Analectos de Confúcio, também conhecidos como Diálogos de Confúcio, constituem
um livro sagrado das mais importantes doutrinas atribuídas ao pensador chinês Confúcio.
As Analectos formam a base da ideologia religiosa conhecida como Confucionismo. O
Analectos de Confúcio foi uma das obras mais lidas na China, o equivalente a Bíblia no
Ocidente.
Texto disponível em: <https://oportaln10.com.br/conheca-os-principais-livros-sagrados-da-
humanidade-40214/>. Acesso em: 28/10/2020.

Problematizando

A fim de organizar didaticamente os conteúdos e trazermos a diversidade religiosa para a sala


de aula, organizamos as religiões nas 4 matrizes: matriz indígena, contemplando a religiosidade
e a espiritualidade dos povos originários, contemplando diferentes culturas e comunidades; ma-
triz ocidental, que chegou no Brasil pelo processo de colonização e posterior imigração; matriz
africana, com o advento da diáspora, chegando nos navios negreiros e se constituindo como
novas religiões no território brasileiro; e matriz oriental, vinda através do processo de imigração.

Porém, é válido lembrarmos que algumas destas religiões, pela origem e cultura daqueles que
as praticam, são formadas a partir da tradição oral e, por esta razão, os ensinamentos são passa-
dos de geração em geração pelas relações com os mais velhos (sejam eles familiares ou líderes
religiosos). Assim, ao tratarmos dos livros sagrados, algumas das matrizes não aparecem direta-
mente elencadas, mas é necessário ressaltarmos com os estudantes estas questões culturais.

Problematizando

Como falamos anteriormente, algumas comunidades não se utilizam dos textos escritos na
transmissão de seus saberes.

TEXTOS SAGRADOS ORAIS


Muitas tradições religiosas não têm os textos sagrados de forma escrita, como foi mencionado
anteriormente. Seus textos se mantêm na forma oral, entre elas podemos mencionar as indígenas
e as afro-brasileiras. Nas tradições religiosas Afro-Brasileiras, nas quais a mensagem sagrada é
transmitida de maneira oral, encontram-se mitos, lendas, canções, contos, danças, provérbios, adi-
vinhações e ritos para explicar, vivenciar e perpetuar suas crenças e tradições. Como estes exem-
plos mostram, o cerne principal dos textos sagrados são os seus ensinamentos, exemplificados e
estruturados em mantras, hinos, encantos, magias e as fórmulas rituais, entre outros. Em suma, é
assim que as inúmeras tradições religiosas se expressam e se colocam diante de suas comuni-
dades, orientando-as e proporcionando uma identidade que estabelece coesão e sentimento de
pertença ao grupo.
Texto disponível em: <http://www.ensinoreligioso.seed.pr.gov.br/arquivos/File/boletins_informativos_
assintec/Informativo35.pdf>. Acesso em: 28/11/2020.

74
Ampliando as possibilidades
O boletim informativo n.º 3546, da ASSINTEC, tem como foco histórias e mitos religiosos. Uma
forma de trabalhar em sala de aula a temática, promovendo ações de interdisciplinaridade é
selecionar alguns textos presentes neste material, e distribui-los entre os estudantes. Os estu-
dantes deverão pesquisar a origem do texto, se é de tradição oral, se está em um livro sagrado,
entre outros e apresentar uma nova forma de comunicar este mito (história em quadrinho, cor-
del, teatro, música etc.).

Sugestão de atividade

A CRIAÇÃO DO MUNDO

Mito Tupinambá

Monã criou o céu, a terra, os pássaros e todos os animais. Antes não havia mar, que surgiu depois,
formado por Amaná Tupã, o Senhor das nuvens. Os homens habitavam a Terra, vivendo do que
ela produzia regada pelas águas dos céus. Com o tempo, passaram a viver desordenadamente
segundo seus desejos, esquecendo-se de Monã e de tudo que lhes ensinara. Nesse tempo, Monã
vivia entre eles e os tinha como filhos. Contudo, Monã vendo a ingratidão e a maldade dos homens,
apesar de seu amor, inicialmente os abandonou e também a Terra. Depois lhes mandou tatá, o
fogo, que queimou e destruiu tudo. O incêndio foi tão imenso, que algumas partes da superfície se
levantaram, enquanto outras foram rebaixadas. Desta forma surgiram as montanhas. Deste grande
incêndio se salvou apenas uma pessoa, Irin-Magé, porque foi levado para a Terra de Monã. Depois
dessa catástrofe, Irin-Magé dirigiu-se a Monã e, com lágrimas, o questionou: você, meu pai, deseja
acabar também com o céu? De que me serve viver sem alguém semelhante a mim? Monã, cheio
de compaixão e arrependido do que fizera por causa da maldade dos homens, mandou uma forte
chuva que começou a apagar o incêndio. Como as águas não tinham mais para onde correr, foram
represadas, formando um grande lago, chamado Paraná, que hoje é o mar. Suas águas até hoje são
salgadas, graças às cinzas desse incêndio que com elas se misturaram. Monã vendo que a Terra ha-
via ficado novamente bela, enfeitada pelo mar, pelos lagos e com muitas plantas que cresciam por
toda parte, achou que seria bom formar outros homens que pudessem cultivá-la. Chamou então
Irin-Magé, dando-lhe uma mulher por companheira para que tivesse filhos, esperando que fossem
melhores que os primeiros homens. Um de seus descendentes era uma pessoa de grande poder e
se chamava Maíra-Monã. Maíra quer dizer “o que tem poder de transformar as coisas”, e Monã signi-
fica velho, o ancião. Maíra-Monã era imortal e tinha muitos poderes como o primeiro Monã. Depois
que Maíra-Monã voltou para sua Terra, surgiu um descendente muito poderoso, que se chamava
Sumé. Ele teve dois filhos, Tamanduaré e Arikuté, que eram muito diferentes um do outro e por isso
se odiavam mortalmente. Tamanduaré era cuidadoso com a casa, era um bom pai de família e gos-
tava de cultivar a terra. Já Arikuté não se preocupava com nada, e passava o tempo fazendo guerra
e dominando os povos vizinhos. Certo dia, voltando de uma batalha, Arikuté trouxe para seu irmão o
braço de um inimigo, dizendo-lhe com arrogância: _ Veja lá, seu covarde! Um dia terei sua mulher e
seus filhos sob meu poder, pois você não presta nem para se defender! O pacífico Tamanduaré, atin-
gido no seu orgulho, lhe respondeu: _ já que você é tão valente, em vez de trazer apenas um braço,

46 Disponível em: <http://www.ensinoreligioso.seed.pr.gov.br/arquivos/File/boletins_informativos_assintec/


Informativo35.pdf>. Acesso em: 28/11/2020.

75
por que não trouxe o inimigo inteiro? Arikuté, irritado com aquela resposta, jogou o braço contra a
casa de seu irmão e naquele instante, toda a aldeia foi levada para o céu, ficando na Terra apenas
os dois irmãos com suas famílias. Vendo isso Tamanduaré, por indignação ou por desprezo, come-
çou a golpear a Terra com tanta força que acabou fazendo surgir uma fonte de água, a qual não
parava mais de jorrar. Jorrou tão forte e por tanto tempo que chegou até as nuvens, iniciando uma
grande inundação. Para fugir desse novo dilúvio, os dois irmãos, com suas mulheres, refugiaram-se
na montanha mais alta da região. Tamanduaré subiu numa palmeira com uma das suas mulheres,
e Arikuté subiu no jenipapeiro com sua esposa, permanecendo lá até as águas diminuírem. Com
essa inundação, todos os homens e animais morreram. Quando as águas abaixaram, os dois casais
desceram das árvores e voltaram a povoar a Terra, mas cada família foi viver numa região distante.

Os Tupinambá descendentes de Arikuté são grupos rivais, até hoje, por essa razão.
Tradução adaptada por Benedito Prezia, do mito recolhido por Fr. André Thevet, entre os Tupinambá do Rio
de Janeiro, em 1565). Mito extraído do livro: Indígenas em São Paulo – Ontem e Hoje – Subsídios didáticos
para o Ensino Fundamental, Paulinas, 2001, p. 15-16.

ATIVIDADES

1.Em dupla, leiam com o seu ou sua colega o mito indígena Tupinambá. Ele fala sobre a
criação do mundo. Conversem sobre o que vocês entenderam dessa história simbólica e
depois respondam no caderno as questões propostas.

a) O que fez Monã após a catástrofe do incêndio para atender ao pedido feito por Irin-Ma-
gé?

b) Quem era Maíra–Monã?

c) Como eram os dois filhos de Sumé chamados de Tamanduaré e Arikuté?

d) O que aconteceu com os dois irmãos durante o novo dilúvio?

2. Pesquise também que povos indígenas ainda vivem em nosso estado e encontre um
mito da criação do mundo de um destes povos. Ilustre com desenhos o mito e apresente
para os colegas da classe.

3. Conheça a diferença entre fábula, lenda e mito:

Fábula é uma narrativa de fundo moral, cujos protagonistas são animais dotados de
qualidades humanas. Exemplo, as Fábulas de Esopo. Lenda é uma narrativa popu-
lar, inspirada em fatos históricos que são alterados pela imaginação das pessoas,
cujo herói reflete os anseios de um grupo ou de um povo. Exemplo, O Lobisomem, A
Mula sem cabeça, O Boitatá etc. Mito é uma narrativa ou história simbólica que vem
sendo recontada desde tempos remotos. Os mitos existem entre todos os povos e
é uma maneira de explicar a origem do mundo, das pessoas, das coisas e também
de narrar os grandes acontecimentos ocorridos em outros tempos. Exemplo, o relato
da origem do mundo, dos seres que o habitavam e das grandes catástrofes naturais
ocorridas no passado.

76
4. Faça uma pesquisa e traga para sala de aula o exemplo de uma fábula, uma lenda e
um mito. Apresente para os colegas e reflitam sobre o conteúdo dessas histórias. Depois,
criem cartazes sobre as histórias lidas e os exponham em um varal didático na escola.

5. Pesquise no texto Informativo 4 sobre o tema da origem do mundo segundo as tradi-


ções religiosas e místico filosóficas, você pode usar também os dados desta pesquisa. Na
sequência, confeccione um álbum ilustrado com desenhos representativos dos mitos,
lendas e fábulas pesquisadas. Você pode também incluir na pesquisar a história sagrada
da criação do mundo de sua religião ou de uma religião presente na sua comunidade.
Depois, socialize suas descobertas com os colegas.

Figura 30: Atividade sugerida pelo professor: Borres Guilouski - ASSINTEC. Disponível em: <http://www.
ensinoreligioso.seed.pr.gov.br/arquivos/File/boletins_informativos_assintec/Informativo_assintec_32.pdf>.
Acesso em: 30 de novembro de 2020.

Unidade 3: Crenças e Filosofias de Vida (Parte II)


As crenças e filosofias de vida são baseadas em princípios éticos, ou como dissemos anterior-
mente “regras de ouro”.

Esses princípios éticos e morais atuam como balizadores de comporta-


mento, tanto nos ritos como na vida social. (...)Pessoas sem religião ado-
tam princípios éticos e morais cuja origem decorre de fundamentos ra-
cionais, filosóficos, científicos, entre outros. (BNCC, 2017, p. 441).

Mas, para além dos princípios religiosos, a vida em sociedade é regida por direitos e deveres
assegurados pela legislação. Esta, por sua vez, não pode interferir nas religiões ou privilegiar
uma em detrimento de outras. O Brasil, desde a publicação do Decreto 119-A (1890) tem como
princípio constitucional a laicidade, pressuposto básico para o direito à liberdade religiosa. Nesta
unidade, o professor irá promover reflexões pautadas neste princípio.

Critérios de ensino-aprendizagem
Reconhece a importância da tradição oral para preservar memórias e aconteci-
mentos religiosos.
5.º Ano
Identifica elementos da tradição oral e o papel dos sábios e anciãos na preserva-
ção e transmissão dos saberes ancestrais.
Reconhece o princípio constitucional de liberdade religiosa e de consciência, re-
6.º Ano lacionando-o com as atitudes humanas, individuais e coletivas. Percebe a utiliza-
ção e a influência das mídias e tecnologias nas organizações religiosas.

77
Iniciando a conversa

Sugestão de atividade

A diversidade religiosa no Brasil

A religião ou tradição religiosa faz parte da vida de um povo. Cultura você já deve saber, é o
jeito ou modo de ser de um povo. Em outras palavras, tudo o que o povo acredita, valoriza,
respeita, transmite, ensina, canta, dança e comemora, faz parte da cultura. A cultura é um
conjunto de valores materiais e espirituais que fazem parte do modo de vida de um povo.

O povo brasileiro é um povo culturalmente religioso. As manifestações dessa religiosidade


estão por toda parte: no grande número de templos e igrejas, no comércio, na mídia, nos
nomes das vilas, cidades, ruas e escolas, nas festas e feriados religiosos, nos costumes, na
fala do povo, entre outros.

Está ficando comum em alguns países e no Brasil, as pessoas de diferentes religiões se


reunirem para dialogar, e juntas pensar e planejar a construção de um mundo solidário,
humano, justo e menos intolerante.

É importante conhecer outras religiões para respeitar e compreender as diferenças religio-


sas existentes no mundo. O conhecimento da diversidade religiosa é um caminho que per-
mite aos cidadãos superar os preconceitos e o fanatismo religioso. Conhecer para respeitar
o diferente e as diferenças é muito importante para a promoção de culturas de paz.

1 – Em que podemos perceber as manifestações religiosidade do povo brasileiro?

2 – Por que é importante conhecer as outras religiões?

78
3 – Explique com base em seus conhecimentos prévios e nos estudos e registros realizados
nas videoaulas, o que é:

DIVINDADE:

PRECONCEITO:

POLITEÍSMO:

MONOTEÍSMO

4 - Dentro do mapa do Brasil represente com desenhos ou recortes de imagens de revistas


a diversidade cultural religiosa em nosso país. Depois, faça uma síntese, detalhando o que
você representou.

Figura 32: Atividade sugerida pela professora Tassia Taiana da Silva. EM Poeta João Cabral de Melo Neto.

79
É preciso compreender que o Brasil, apesar de ter uma população que, em sua maioria, professa
a fé cristã (em suas mais variadas formas), não é um país cristão. Os princípios de laicidade e
de liberdade religiosa estão previstos na Constituição Federal (1988), para começar, vamos ver
como isso ocorre.

O QUE É LIBERDADE RELIGIOSA?

O Brasil é um país laico? As opiniões quanto a esse assunto divergem. A exposição de sím-
bolos religiosos em edifícios públicos, por exemplo, já foi amplamente debatida: alguns
defendem a retirada dos símbolos desses ambientes, argumentando que contradizem
a laicidade do país, enquanto outros acreditam que sua exibição não fere a laicidade ou
liberdade religiosa do Brasil. Outro argumento utilizado pelas pessoas que não acreditam
que o Brasil seja realmente laico é que a Constituição cita Deus logo em seu início.

Apesar dessas polêmicas, a legislação é clara em afirmar que o Brasil não pode manifestar
preferência religiosa ou privilegiar uma religião específica (artigo 19 da Constituição Fede-
ral). Ou seja, poder público e religião devem ser separados: o Estado, portanto, conforme
a legislação brasileira, é laico.

O artigo n.º 5 da Constituição trata especialmente da liberdade religiosa e de crença:

“é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício


dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas
liturgias”.

Além da proteção ao direito de exercício de cultos e crenças, a Constituição também rea-


firma seu compromisso com as liberdades religiosas e respeito às diferentes religiões ao
garantir que:

• n
inguém será privado de direitos por suas crenças – por exemplo, uma pessoa não
pode ser presa por expressar sua crença religiosa;

• a
ssistência religiosa será assegurada em entidades civis e  militares  de internação
coletiva – demonstrando que o fato do Estado ser laico não significa que ele deva
impedir manifestações religiosas em locais públicos, mas sim garantir a liberdade
para que cada um aja de acordo com suas crenças;  

• à
queles que, conforme sua crença, não possam realizar o serviço militar tradicional,
seja permitido que realizem serviço alternativo – confirmando seu respeito pela fé
individual de seus cidadãos;

80
• o
ensino religioso não-obrigatório será ofertado nas  escolas públicas  de Ensino
Fundamental – possibilitando assim o conhecimento religioso às crianças, mas sem
obrigá-lo, o que constituiria em violação à liberdade religiosa.

Texto disponível em: <https://www.politize.com.br/liberdade-religiosa-no-brasil/>. Acesso em: 30 de


novembro de 2020.

No entanto, não podemos esquecer que as diversas interpretações, não só da legislação, mas
do que significa a palavra “religião”, trazem diversos problemas e casos de intolerância religiosa,
inclusive dentro do poder judiciário.

Critérios de ensino-aprendizagem em ação


Dentro dos inúmeros casos de intolerância religiosa, alguns chamam à atenção por não con-
siderarem as religiões de matriz africana, que não fazem uso de livro sagrado, como religiões.
Como o caso descrito, a seguir:

Para juiz, candomblé e umbanda não são religiões

Para o juiz, as duas “não contêm os traços necessários de uma religião” por não terem um
texto-base, uma estrutura hierárquica nem “um Deus”.

Rio – O juiz federal Eugenio Rosa de Araújo, da 17ª Vara Federal do Rio, afirmou em uma
sentença que “as manifestações religiosas afro-brasileiras não se constituem em religi-
ões”.

Referindo-se à umbanda e ao candomblé, o magistrado afirmou que elas “não contêm


os traços necessários de uma religião” por não terem um texto-base (como a Bíblia ou o
Corão), uma estrutura hierárquica nem “um Deus a ser venerado”.

Nessa decisão, emitida em 24 de abril, o juiz negou um pedido do Ministério Público Fe-
deral (MPF) para que obrigasse o Google a retirar 15 vídeos ofensivos à umbanda e ao
candomblé postados no site YouTube.

O episódio começou no início do ano, quando a Associação Nacional de Mídia Afro levou
ao conhecimento do MPF, por meio da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão, um
conjunto de vídeos veiculados na internet por meio do site YouTube.

Matéria completa, disponível em: <https://exame.com/brasil/para-juiz-candomble-e-umbanda-nao-sao-


religioes/>. Acesso em: 01/10/2020.

81
Problematizando

• O que é liberdade religiosa?

O QUE É LIBERDADE RELIGIOSA?

De modo simplificado, a liberdade religiosa é a liberdade de professar qualquer religião,


de realizar os  cultos  ou  tradições  referentes a essas crenças, de manifestar-se, em sua
vida pessoal, conforme seus preceitos e poder viver de acordo com essas crenças.

A liberdade religiosa está relacionada ao conceito de laicidade. É importante frisar que


não é necessário que um Estado seja laico para que liberdades religiosas existam nele.
Um país pode adotar, por exemplo, uma religião oficial, mas permitir que seus cidadãos
pratiquem outras religiões que não aquela. É o caso da Dinamarca e do Reino Unido, por
exemplo.

Entretanto, um Estado laico, como o Brasil, ao se afirmar como tal, tem o compromisso
de separar Estado e religião e de proteger a liberdade religiosa, garantindo esse direito a
todos os seus cidadãos. Além disso, como Estado laico, o Brasil não deve influenciar as
crenças pessoais de seus cidadãos e não deve permitir que as crenças religiosas de seus
governantes tenham influência direta na formulação de suas políticas.

As liberdades religiosas são garantidas por leis específicas, que definem quais são os di-
reitos religiosos dos cidadãos de cada país. Assim, elas podem ser diferentes ou tratadas
de modo distinto por cada país, conforme sua legislação. Iremos expor quais direitos rela-
cionados às liberdades religiosas são garantidos no Brasil, em seguida.

Texto disponível em: <https://www.politize.com.br/liberdade-religiosa-no-brasil/>. Acesso em: 10/10/2020.

82
Problematizando

• Como se dá a liberdade religiosa na política?

COMO FUNCIONA A LIBERDADE RELIGIOSA NA POLÍTICA?

O Brasil é um Estado laico, não ateu – ou seja, não proíbe práticas religiosas em seu terri-
tório. Assim, todas as religiões devem ser respeitadas e seu exercício permitido. Os gover-
nantes, desse modo, têm o direito de praticar suas crenças individuais na esfera privada.
Como representantes do povo, é mesmo saudável para uma democracia que haja políticos
de todas as religiões em todos os níveis de governo, de acordo com o princípio pluralista.

Uma polêmica atual referente à liberdade religiosa na política é a da bancada evangélica,


que tem demonstrado cada vez mais força nos últimos anos, em conjunto com o cresci-
mento da população evangélica no país. A princípio, não há nada de errado em políticos
revelarem suas convicções religiosas e serem a voz, nas instâncias de poder, das popu-
lações que professam a mesma religião. Como afirmado anteriormente, tal  representa-
tividade pode ser benéfica à democracia, ao opor diferentes perspectivas existentes na
sociedade.

Entretanto, quando o político é eleito, passa a representar não somente as pessoas que
o elegeram, mas toda a população da  unidade federativa  correspondente – município,
estado, Distrito Federal ou União. Assim, apesar de poder contribuir livremente ao debate,
expressando inclusive o ponto de vista de seu eleitorado e de sua religião, deve tomar as
decisões visando o bem comum da sociedade.

Cabe assim aos cidadãos a fiscalização dos votos e decisões de seus governantes, para
garantir que sempre sejam feitos visando o interesse da sociedade como um todo, e não
somente de grupos específicos.    

Texto disponível em: <https://www.politize.com.br/liberdade-religiosa-no-brasil/>. Acesso em: 10/11/2020.

Enfatizamos que, questionamentos como os apresentados: “o que é liberdade religiosa?”, “como


funciona a liberdade religiosa na política?”, entre outros, podem ser feitos em sala de aula, em
rodas de conversa. Discutir estas questões com os estudantes do 6.º ano, com apoio de ques-
tões ligadas à História, Filosofia, Sociologia, entre outras, permiti que eles reflitam sobre as ações
dos religiosos frentes às questões políticas e com relação aos direitos humanos.

83
Ampliando as possibilidades
Todos os dias surgem novas notícias de casos de intolerância religiosa e privação dos Direitos
Humanos sob justificativas “religiosas”. Livre de preconceitos e/ou julgamentos de valor, os pro-
fessores devem promover espaços para a pesquisa, relacionada a estas notícias (no Brasil e no
mundo), elencando quais as religiões que sofrem mais com a intolerância e a violência, em que
países isso ocorre. Quais as religiões majoritárias nestes países. Abrindo caminhos para a refle-
xão e para o diálogo, promovendo um espaço, em que os estudantes possam chegar a conclu-
sões sobre as ações necessárias para mudar este cenário.

84
Considerações
O ano de 2020 foi um ano atípico, não só em nossas escolas, mas em nossas vidas. Nós, pro-
fessores, precisamos nos reinventar enquanto profissionais, foi hora de colocar à prova o que
aprendemos em anos de estudos acadêmicos e formação continuada, ao buscarmos conciliar
a formação humana e o distanciamento social com as novas exigências tecnológicas e, em
muitos casos, a falta das ferramentas necessárias à comunicação remota. As aulas ministradas
pela televisão aberta e internet, se somaram aos esforços inimagináveis de nossos docentes
em planejar atividades que, mesmo que sem a interação direta do professor, pudessem levar o
mínimo de conhecimento para os lares dos nossos estudantes.

Foi um ano de trabalho intenso, mas compensador. Percebemos o quanto somos fortes e quan-
to somos capazes de pensar, refletir, refazer, reaprender e reconstruir. A construção deste ca-
derno é apenas uma breve amostra do trabalho realizado. Afinal, ele foi construído a partir dos
relatórios, conselhos de classe, videoaulas, atividades planejadas por cada professor e cada
professora de Ensino Religioso da Rede Municipal de Curitiba. A cada e-mail, cada mensagem
trocada, este material foi se desenhando e se (re) construindo. Assim, podemos dizer que ele foi
forjado a muitas mãos, por cada um e cada uma que fazem do Ensino Religioso de Curitiba, uma
referência no trabalho acerca do respeito às diferenças.

85
Referências
BAPTISTA, Mauro Rocha. O Ensino Religioso e a nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Religare, v.16, n.1, agosto de 2019, p.228-263.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição: República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Centro
Gráfico, 1988.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Edu-
cação é a Base. Brasília, MEC/CONSED/UNDIME, 2017. Disponível em: <http://basenacionalco-
mum.mec.gov.br/images/BNCC_publicacao.pdf>. Acesso em: 07 out. 2020.

CORTELLA, M. S. Educação, Ensino Religioso e formação docente. In: SENA, L. (Org). Ensino
Religioso e formação docente: Ciências da Religião e Ensino Religioso em diálogo. São Paulo:
Paulinas, 2006.

CURITIBA. Secretaria Municipal da Educação. Currículo do Ensino Fundamental: diálogos com


a BNCC da Secretaria Municipal de Educação de Curitiba – 1.º ao 9.º ano. 1 v. Curitiba: SME, 2020.

CURITIBA. Secretaria Municipal da Educação. Currículo do Ensino Fundamental: diálogos com


a BNCC da Secretaria Municipal de Educação de Curitiba – 1.º ao 9.º ano. Volume 3 – Ciências
Humanas – Geografia. In: ______. Currículo do Ensino Fundamental: diálogos com a BNCC da
Secretaria Municipal de Educação de Curitiba – 1.º ao 9.º ano. 3 v. Curitiba: SME, 2020. p. 07-36.

DURKHEIM, E. As Formas Elementares da Vida Religiosa. Trad. Paulo Neves. São Paulo: Martins
Fontes, 1996. p. 32.

FERRARI, Juliana Spinelli. Papel dos pais na educação: a dimensão emocional da formação. Dis-
ponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/psicologia/papel-dos-pais-na-educacao.htm>.
Acesso em 01/12/2020.

MARACANAÚ. Base Curricular de Maracanaú Ensino Religioso 6.° ao 9.° Anos. Ceará, 2019.

86
Ficha Técnica

DEPARTAMENTO DE ENSINO FUNDAMENTAL


Simone Zampier da Silva
Gerência de Currículo
Luciana Zaidan Pereira
Equipe Pedagógica
Franciele Sant Ana Loboda
Pamela Zibe Manosso Perussi
Viviane da Cruz Leal Nunes
Equipe
Alessandra Barbosa
Ana Carolina Furis
Ana Lucia Maichak de Gois Santos
Ana Paula Ribeiro
Angela Cristina Cavichiolo Bussmann
Déa Maria de Oliveira Aguiar
Dircélia Maria Soares de Oliveira Cassins
Fabíola Berwanger
Giselia dos Santos de Melo Gonçalves.
Haudrey Fernanda Bronner Foltran Cordeiro
Jacqueline Mascarenhas Cercal
Janaina Frantz Boschilia
Juliana da Cruz de Melo
Juliana da Silva Rego Lacerda Krambeck
Justina Inês Carbonera Motter Maccarini
Karin Willms
Kátia Giselle Alberto Bastos
Kelly Cristhine Wisniewski de Almeida Colleti
Lígia Marcelino Krelling
Lilian Costa Castex
Macleise Araújo da Silva Costa
Magaly Quintana Pouzo Minatel
Marcos Roberto dos Santos
Mariane Lucio Correa
Santina Célia Bordini
Taís Grein
Vanessa Marfut de Assis
Elaboração – Equipe de Ensino Religioso
Karin Willms
Macleise Araújo da Silva Costa

Revisão de Língua Portuguesa


Magaly Quintana Pouzo Minatel

DEPARTAMENTO DE DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL


Estela Endlich
Gerência de Apoio Gráfico
Ana Paula Morva
Projeto Gráfico
Ana Cláudia Andrade de Proença
Diagramação
Ana Cláudia Proença
Prefeitura Municipal de Curitiba
Secretaria Municipal da Educação
Superintendência de Gestão Educacional

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