Ensino Aprendizagem e Metodologias (E Book)

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Atena Editora

POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA:


ENSINO APRENDIZAGEM E METODOLOGIAS
__________________________________________

Atena Editora
2018

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 1


2018 by Atena Editora
Copyright da Atena Editora
Editora Chefe: Profª Drª Antonella Carvalho de Oliveira
Edição de Arte e Capa: Geraldo Alves
Revisão: Os autores

Conselho Editorial
Prof. Dr. Alan Mario Zuffo – Pesquisador da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul
Prof. Dr. Álvaro Augusto de Borba Barreto – Universidade Federal de Pelotas
Prof. Dr. Antonio Carlos Frasson – Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Prof. Dr. Antonio Isidro-Filho – Universidade de Brasília
Prof. Dr. Carlos Javier Mosquera Suárez – Universidad Distrital de Bogotá-Colombia
Prof. Dr. Constantino Ribeiro de Oliveira Junior – Universidade Estadual de Ponta Grossa
Profª Drª Cristina Gaio – Universidade de Lisboa
Profª Drª Daiane Garabeli Trojan – Universidade Norte do Paraná
Profª Drª Deusilene Souza Vieira Dall’Acqua – Universidade Federal de Rondônia
Prof. Dr. Fábio Steiner – Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul
Prof. Dr. Gilmei Fleck – Universidade Estadual do Oeste do Paraná
Profª Drª Ivone Goulart Lopes – Istituto Internazionele delle Figlie de Maria Ausiliatrice
Prof. Dr. Julio Candido de Meirelles Junior – Universidade Federal Fluminense
Profª Drª Lina Maria Gonçalves – Universidade Federal do Tocantins
Profª. Drª. Natiéli Piovesan – Instituto Federal do Rio Grande do Norte
Profª Drª Paola Andressa Scortegagna – Universidade Estadual de Ponta Grossa
Profª Drª Raissa Rachel Salustriano da Silva Matos – Universidade Federal do Maranhão
Prof. Dr. Ronilson Freitas de Souza – Universidade do Estado do Pará
Prof. Dr. Takeshy Tachizawa – Faculdade de Campo Limpo Paulista
Prof. Dr. Urandi João Rodrigues Junior – Universidade Federal do Oeste do Pará
Prof. Dr. Valdemar Antonio Paffaro Junior – Universidade Federal de Alfenas
Profª Drª Vanessa Bordin Viera – Universidade Federal de Campina Grande
Prof. Dr. Willian Douglas Guilherme – Universidade Federal do Tocantins
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(eDOC BRASIL, Belo Horizonte/MG)
P769 Políticas públicas na educação brasileira: ensino aprendizagem e
metodologias / Organização Atena Editora. – Ponta Grossa (PR):
Atena Editora, 2018.
354 p. – (Políticas Públicas na Educação Brasileira; v. 11)

Formato: PDF
Requisitos de sistema: Adobe Acrobat Reader
Modo de acesso: World Wide Web
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-93243-85-1
DOI 10.22533/at.ed.851182604

1. Educação e Estado – Brasil. 2. Educação – Aspectos sociais.


3. Professores – Condições de trabalho. 4. Professores – Formação.
I. Série.
CDD 379.81
Elaborado por Maurício Amormino Júnior – CRB6/2422
O conteúdo do livro e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de
responsabilidade exclusiva dos autores.

2018
Permitido o download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos
aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins
comerciais.
www.atenaeditora.com.br
E-mail: contato@atenaeditora.com.br
Sumário

CAPÍTULO I
O ENSINO DE BIOLOGIA NO PRÉ-VESTIBULAR SOLIDÁRIO: IMPLEMENTANDO
MODALIDADES DIDÁTICAS PARA UMA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
José Jailson Lima Bezerra e Joseclécio Dutra Dantas ........................................................ 7 

CAPÍTULO II
O USO DE JOGOS DIDÁTICOS E O ENSINO DE BIOLOGIA: APRENDENDO BOTÂNICA
Layane  Pereira  de  Brito,  Rafael  Marinho  Sousa,  Kildery  Muniz  de  Sousa,  Antonio 
Edinardo Araújo Lima e Lucilene Silva Pereira Soares .................................................... 17 

CAPÍTULO III
PERCEPÇÃO DOS ALUNOS SOBRE METODOLOGIAS INOVADORAS E SUAS
IMPLICAÇÕES NO ENSINO DE BIOLOGIA EM ESCOLA PÚBLICA DE TERESINA-PI
Evandro  Bacelar  Costa,  Raymara  Sabrina  Soares  dos  Santos,  Alberto  Alexandre  de 
Sousa Borges, Adna Dallyla Torres Lopes e Marlúcia da Silva Bezerra Lacerda ............. 26 

CAPÍTULO IV
A BOTÂNICA NA CONCEPÇÃO DE PROFESSORES DE CIÊNCIAS DO ENSINO
FUNDAMENTAL E AS DIFICULDADES ENFRENTADAS PARA ENSINÁ-LA
Andreia  Quinto  dos  Santos,  Guadalupe  Edilma  Licona  de  Macedo  e  Ricardo  Jucá 
Chagas.............................................................................................................................35

CAPÍTULO V
A CONSTRUÇÃO DO MÉTODO ESTUDO DE CASO SOBRE O ENSINO DE CIÊNCIAS
PARA OS DISCENTES DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Mariana Monteiro Soares Crespo de Alvarenga e Gerson Tavares do Carmo ............... 43 

CAPÍTULO VI
ATIVIDADES LABORATORIAIS: A IMPORTÂNCIA DAS MACROMOLÉCULAS NO NOSSO
ORGANISMO
Hudson  Guilherme  Silva  da  Costa,  Ranyelly  Gomes  Alves  e  Thiago  Emmanuel  Araújo 
Severo ............................................................................................................................. 56 

CAPÍTULO VII
AVALIAÇÃO EM AULAS DE BIOLOGIA: OLHARES DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO
BÁSICA
Carlos Bruno Cabral de Oliveira, Mariana Guelero do Valle e Brenna Yonarah Santiago 
Avelar .............................................................................................................................. 63

CAPÍTULO VIII
CONHECIMENTOS PRÉVIOS DE ESTUDANTES DO FUNDAMENTAL II SOBRE PLANTAS
Anna  Clara  Targino  Moreira  Spinelli,  Adrielly  Ferreira  Silva,  Pietra  Rolim  Alencar 
Marques Costa e Rivete Silva Lima ................................................................................. 76 

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CAPÍTULO IX
INSERÇÃO DE ATIVIDADES PRÁTICAS NO ENSINO DE CIÊNCIAS NO CONTEXTO DO
ESTÁGIO DOCENTE- RELATO DE EXPERIÊNCIA
Rosália Rodrigues da Costa Silva, Rayane Santana da Silva, Rose Kelly dos Santos Sousa 
e Emanuel Souto da Mota Silveira .................................................................................. 86 

CAPÍTULO X
O EFEITO DOS GÊNEROS TEXTUAIS NO ENSINO DE CIÊNCIAS EM UMA .......................
ESCOLA MUNICIPAL
Nilson Soares de Vasconcelos Júnior, Maríllia Danielli Rodrigues Pontes e Lígia Gabriela 
da Cruz dos Santos .......................................................................................................... 94 

CAPÍTULO XI
O TEATRO CIENTÍFICO EXPERIMENTAL: UMA ESTRATÉGIA DE ENSINO E DE
POPULARIZAÇÃO DA ASTRONOMIA E CIÊNCIAS AFINS
Énery Gislayne de Sousa Melo e Antônio Carlos da Silva Miranda .............................. 101 

CAPÍTULO XII
O USO DE MATERIAL DIDÁTICO ADAPTADO PARA ALUNOS CEGOS: EXPLORANDO O
PERCEPTUAL TÁTIL ACERCA DAS CAMADAS DA TERRA
Ester Silva Chaves, Josiel de Oliveira Batista, Lucas Gomes de Sousa e Luciane Ferreira 
Mocrosky ...................................................................................................................... 115 

CAPÍTULO XIII
PROPOSTAS PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS NATURAIS POR INVESTIGAÇÃO A PARTIR
DE OBSERVAÇÕES EM UM LICEU FRANCÊS
Helaíne Haddad Simões Machado, René Lozi e Nicole Biagioli .................................... 132 

CAPÍTULO XIV
USO DA DINÂMICA “VOCÊ NA TEIA ALIMENTAR DO MANGUEZAL” PARA O ESTUDO
DAS TEIAS ALIMENTARES
Nathalya  Marillya  de  Andrade  Silva,  Márcia  Adelino  da  Silva  Dias,  Josley  Maycon  de 
Sousa  Nóbrega,  Viviane  Sousa  Rocha,  Cristiana  Marinho  da  Costa  e  Silvana  Formiga 
Sarmento ...................................................................................................................... 149 

CAPÍTULO XV
A RÍTMICA DE DALCROZE E O ORFF-SCHULWERK DE CARL ORFF PERSPECTIVAS
BASEADAS NA PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Tássia Luiz da Costa Porto e José Tarcísio Grunennvaldt .............................................. 158 

CAPÍTULO XVI
PRINCÍPIOS HISTÓRICO-PEDAGÓGICOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA: BASES
EPISTEMOLÓGICAS PARA O ENSINO E PESQUISA
Marlon  Messias  Santana  Cruz,  Pedro  Alves  Castro,  Ana  Gabriela  Alves  Medeiros  e 
Sebastião Carlos dos Santos Carvalho .......................................................................... 166 

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CAPÍTULO XVII
A GEOGRAFIA ESCOLAR: UM OLHAR SOBRE A PRÁTICA E O ENSINO NA SALA DE
AULA
Sílvio  César  Lopes  da  Silva,  Maria  do  Socorro  Guedes,  Islany  Caetano  de  Souza, 
Chistiane Jéssika Vidal Santos e Naéda Maria Assis Lucena de Morais ....................... 178 

CAPÍTULO XVIII
O ENSINO DA CARTOGRAFIA NO CURSO DE LICENCIATURA EM GEOGRAFIA DO IFPE
SOB UMA ABORDAGEM CONSTRUTIVISTA
Wagner Salgado da Silva e Ana Paula Torres de Queiroz ............................................. 187 

CAPÍTULO XIX
O USO DAS GEOTECNOLOGIAS COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA PARA
REPRESENTAÇÃO FITOBOTANICA DAS PALMEIRAS EM MT – UMA EXPERIÊNCIA
PEDAGÓGICA
Zuleika  Alves  de  Arruda,  Barbara  Albues  Campos,  Valeria  Rodrigues  Marques  Rosa  e 
Ythallo Henrique Sebastião Gomes Costa ..................................................................... 197 

CAPÍTULO XX
O USO DE SIMULADOR COMO RECURSO DIDÁTICO-METODOLÓGICO EM AULA DE
GEOGRAFIA
Thayana  Brunna  Queiroz  Lima  Sena,  Deyse  Mara  Romualdo  Soares,  Gabriela  Teles, 
Luciana de Lima e Robson Carlos Loureiro .................................................................. 209

CAPÍTULO XXI
EXPLORANDO A HISTÓRIA E A CULTURA NA LINGUAGEM DE CINEMA DE ANIMAÇÃO
COM O SOFTWARE PIVOT
Giselle Maria Carvalho da Silva Lima ........................................................................... 222 

CAPÍTULO XXII
A ELABORAÇÃO DE JOGOS EDUCATIVOS COMO RECURSO PARA O ENSINO E
APRENDIZAGEM DE LÍNGUA INGLESA
Larisse Carvalho de Oliveira, Tiago Alves Nunes e Jorge Luis Queiroz Carvalho .......... 230 

CAPÍTULO XXIII
OS DESAFIOS DA APRENDIZAGEM DE LÍNGUA INGLESA: UM CONVITE A REFLEXÃO E
AÇÃO
Zaira Dantas de Miranda Cavalcanti e Marcelo Silva de Souza Ribeiro ....................... 241 

CAPÍTULO XXIV
A INFLUÊNCIA DO PERFIL ESTUDANTIL NO DESENVOLVIMENTO DE UM PROJETO
PEDAGÓGICO: UM TRABALHO REALIZADO NO ÂMBITO DO ESTÁGIO III DO IFBA DE
VITÓRIA DA CONQUISTA – BA
Amanda Moreira de Oliveira Melo e Wdson Costa Santos ........................................... 254 

CAPÍTULO XXV
A UTILIZAÇÃO DE JOGOS COMO RECURSO DIDÁTICO PARA DINAMIZAR O ENSINO DE

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QUÍMICA
Weslei Oliveira de Jesus e Grazielle Alves dos Santos ................................................... 261 

CAPÍTULO XXVI
CONSUMO SUSTENTÁVEL DE MATERIAIS: CONHECIMENTOS DE QUÍMICA E SUA
CONTRIBUIÇÃO PARA A SOCIEDADE COM CIDADANIA.
Joaldo Bezerra de Melo ................................................................................................ 270 

CAPÍTULO XXVII
ENSINO DA QUÍMICA: DESIDRATAÇÃO OSMÓTICA DE UM PONTO DE VISTA
CONTEXTUALIZADO, INVESTIGATIVO E PROBLEMATIZADOR, COM DISCENTES DA
REDE PÚBLICA DE ENSINO
Aline  Maria  Herminio  da  Mata,  Francivaldo  de  Sousa,  Anely  Maciel  de  Melo,  Bruno 
Rodrigues Dantas, Valéria Marinho Leite Falcão e Max Rocha Quirino ....................... 280 

CAPÍTULO XXVIII
ENSINO DE QUÍMICA: DESENVOLVIMENTO DE EXPERIMENTO DIDÁTICO DE
GALVANOPLASTIA UTILIZANDO MATERIAIS DE BAIXO CUSTO
Antonio  Zilverlan  Germano  Matos,  Marco  Aurélio  da  Silva  Coutinho,  Eziel  Cardoso  da 
Silva, Abraão Leal Alves, Francisco Dhiêgo Silveira Figueiredo e Dihêgo Henrique Lima 
Damacena ..................................................................................................................... 290 

CAPÍTULO XXIX
EXTRAÇÃO DE CAFEÍNA: COMO TEMA CONTEXTUALIZADO GERADOR DO
CONHECIMENTO, ATRAVÉS DA TEORIA E PRÁTICA NO ENSINO DE QUÍMICA
Francivaldo de  Sousa,  Aline  Maria Hermínio  da  Mata,  Bruno  Rodrigues  Dantas,  Anely 
Maciel de Melo, Valéria Marinho Leite Falcão e Max Rocha Quirino........................... 306 

CAPÍTULO XXX
PRÁTICA PROFISSIONAL II: UMA ANÁLISE DA METODOLOGIA E APLICAÇÃO DE
MATERIAIS LTERNATIVOS NO ENSINO DA QUÍMICA
Alisson  de  Lima  Xavier,  Maria  das  Graças  Negreiros  de  Medeiros  e  Rafael  Batista 
Reinaldo ........................................................................................................................ 316 

CAPÍTULO XXXI
VIVÊNCIAS DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO NO ENSINO DE QUÍMICA: O PAPEL DA
EXPERIMENTAÇÃO NA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA NO NÍVEL MÉDIO
Adriana Lucena de Sales, Emmanuele Maria Barbosa Andrade, Iessa da Silva Dias, Érica 
Araújo de Almeida e Alberlane da Silva Alves .............................................................. 325 

Sobre os autores...........................................................................................................336 

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CAPÍTULO I

O ENSINO DE BIOLOGIA NO PRÉ-VESTIBULAR


SOLIDÁRIO: IMPLEMENTANDO MODALIDADES
DIDÁTICAS PARA UMA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
________________________

José Jailson Lima Bezerra ,

Joseclécio Dutra Dantas

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O ENSINO DE BIOLOGIA NO PRÉ-VESTIBULAR SOLIDÁRIO: IMPLEMENTANDO


MODALIDADES DIDÁTICAS PARA UMA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA

José Jailson Lima Bezerra


Universidade Federal de Campina Grande
Cuité – Paraíba
Joseclécio Dutra Dantas
Universidade Federal de Campina Grande
Cuité – Paraíba

RESUMO: O Pré-Vestibular Solidário (PVS) como programa de extensão permite que


os licenciandos comecem a exercer desde cedo sua prática docente. Em relação a
disciplina de Biologia como integrante no currículo do cursinho, múltiplas
possibilidades podem ser trabalhadas para deixar os conteúdos interessantes.
Nesta perspectiva, objetivou-se buscar novas estratégias durante as aulas de
Biologia no PVS. Foram trabalhadas quatro modalidades didáticas com a turma do
PVS da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), do Centro de Educação e
Saúde (CES) durante o ano de 2015. Tais modalidades correspondem: a) Aula
prática com plantas – os estudantes identificaram órgãos vegetais e responderam
questões contextualizadas sobre o assunto; b) Mapas conceituais – após ministrar
aulas expositivas dialogadas sobre a Zoologia, os alunos construíram mapas
conceituais autoexplicativos; c) Palestra referente ao dia do Biólogo – foi convidada
a equipe do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (subprojeto
Biologia) do CES, para explanar sobre os pontos importantes relacionados com a
abrangência das áreas de atuação do Biólogo; d) Jogo didático de Genética –
utilizou-se um jogo didático como um recurso para consolidar de forma interativa os
aspectos ligados as Leis de Mendel. Durante as atividades realizadas ao longo da
disciplina de Biologia, foi possível perceber a importância de trabalhar novos meios
que chamem a atenção dos alunos e que os estimulem a buscar pelo
conhecimento. É essencial que os licenciandos em Ciências Biológicas, ao ministrar
uma aula, coloquem em prática tudo o que aprenderam ao longo do curso,
fortalecendo desta forma o ensino-aprendizado.
PALAVRAS-CHAVE: Biologia, Estratégias de ensino-aprendizagem, Pré-Vestibular
Solidário.

1. INTRODUÇÃO

Os cursinhos pré-vestibulares de forma geral tem sido uma alternativa


importante para os estudantes que desejam concluir o ensino médio e
posteriormente ingressar no ensino superior, visto que a cada ano a disputa para
conquistar uma vaga em universidades públicas tem aumentado
consideravelmente. Pinho (2001) ressalta que o concurso vestibular é um
instrumento neutro e, sendo seu objetivo precípuo selecionar os candidatos mais
bem preparados para preencher as poucas vagas oferecidas nas universidades
brasileiras.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 8


 

Manzano e Lopes (2013), também evidenciam o problema relacionado com


o número de vagas reduzido nos cursos das universidades públicas e o elevado
número de concorrentes que as disputam, destacando também, que esses pontos
geram diversas polêmicas e discordâncias. Para superar essas dificuldades, os
alunos devem estar bem preparados para conseguirem atingir uma boa nota nos
exames de seleção referentes ao ingresso no ensino superior.
Atualmente, grande parte das universidades públicas brasileiras está
aderindo ao Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) que foi criado em 1998 pelo
Ministério da Educação (MEC) para avaliar as competências e habilidades
desenvolvidas pelos alunos que estão concluindo ou já concluíram o ensino médio
(SANTOS, 2011). As propostas aplicadas nas provas do ENEM tendem a exigir do
aluno uma visão de mundo ampla, de maneira que eles sejam capazes de
relacionar os assuntos trabalhados em sala de aula, e associá-los por meio de
aplicações no cotidiano, exigindo habilidades de contextualização dos conteúdos
por partes dos professores.
É nesta perspectiva, que se insere a dinâmica de ensino-aprendizagem que
envolve principalmente a interação professor-aluno, sendo que esta deve abranger
todos os aspectos, englobando assim as suas condições de vida, sua relação com a
escola, a percepção e a compreensão do conhecimento sistematizado a ser
estudado, além de promover uma melhor qualidade do processo de ensino,
inovando com novas metodologias que auxiliem no processo de aprendizagem dos
estudantes (SILVA e NAVARRO, 2012).
Albuquerque (2010), também afirma que um ensino de qualidade, um
ensino eficaz, é aquele que oferece uma ajuda contingente, sustentada e ajustada
aos alunos durante o processo de aprendizagem. Desta forma, é necessário que os
cursos de licenciaturas visem uma formação adequada para que os futuros
professores estejam aptos a desenvolverem atividades que tenham como principal
objetivo instigar o conhecimento dos estudantes.
Programas de extensão como o Pré-Vestibular Solidário (PVS) implantado em
algumas universidades públicas, é um importante meio de contribuir para uma
melhor formação dos professores, pois, permite que os graduandos dos cursos de
licenciatura coloquem em prática os conhecimentos adquiridos nas disciplinas
pedagógicas, e vivam a realidade dos desafios que cercam a carreira docente.
Além dos programas direcionados para a formação dos professores em si, os
próprios cursos de licenciatura no Brasil vêm passando por profundas mudanças
em sua estrutura curricular, e diretrizes metodológicas, buscando melhor
adequação ao mercado de trabalho do graduado e às novas abordagens
educacionais (VASCONCELOS e LIMA, 2010). Como exemplo, tem-se os cursos de
Ciências Biológicas, onde a grande maioria das instituições de ensino superior
priorizam a pesquisa científica aplicada no âmbito desta área, e passam a dar
menos ênfase aos componentes curriculares direcionados para o ensino de
Ciências e Biologia.
A disciplina de Biologia, como integrante nos currículos de ensino médio e
diversos cursinhos, concede aos estudantes um maior entendimento sobre as

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múltiplas formas de vida existentes, e consequentemente abrindo um leque de


possibilidades de como trabalhar os conteúdos de uma forma diferente. Sendo
assim, é necessário que se dê uma maior atenção ao papel do professor de
Biologia no sentido de que ele possa conduzir uma aula mais atraente e lúdica e
desenvolver atividades práticas que promovam uma aprendizagem significativa
(MALAFAIA, BÁRBARA e RODRIGUES, 2010).
Nesta perspectiva, o presente trabalho pretende abordar algumas
metodologias utilizadas durante as aulas de Biologia no PVS, que teve como
principal objetivo estimular o interesse dos alunos em relação aos conteúdos
abordados durante o ano letivo de 2015.

2. METODOLOGIA

2.1. Local onde foram realizadas as modalidades didáticas: Este trabalho foi
realizado no Centro de Educação e Saúde (CES) da Universidade Federal de
Campina Grande (UFCG), campus Cuité, durante o ano de 2015.

2.2. Público alvo: As modalidades didáticas foram ministradas para todos os alunos
do cursinho Pré-Vestibular Solidário, que atendia uma demanda de estudantes que
estavam cursando o último ano do ensino médio, ou que já haviam concluído todas
as etapas da educação básica.

2.3. Modalidade didática I - Aula prática com plantas: Ao finalizar todo o conteúdo
de botânica por meio de aulas expositivas dialogadas, levou-se para a sala de aula
algumas partes dos órgãos vegetais; os discentes do PVS teriam que identificá-las e
responder algumas questões relacionadas a cada parte morfológica da planta. As
questões exigiam que os alunos relacionassem o conteúdo visto anteriormente nas
aulas expositivas, e fizessem aplicações práticas ao observarem os órgãos das
plantas.

2.4. Modalidade didática II - Mapas conceituais: Foram realizadas algumas aulas


expositivas mostrando como se fazer um mapa conceitual, bem como sua
importância no processo de ensino-aprendizagem. Ao término dessas aulas, foi
proposto que os alunos elaborassem um exemplar para consolidar aquilo que viram
na teoria. O assunto proposto a ser trabalhado com os mapas conceituais foi a
Zoologia (ciência que estuda os animais). Este conteúdo foi ministrado para a
turma em aulas anteriores, utilizando-se o método expositivo dialogado para
explanar os pontos principais sobre a temática.
Após os discentes finalizarem os esquemas em seus cadernos, tiveram a
oportunidade de construir no quadro, com retalhos de cartolina, um mapa
conceitual que ficasse autoexplicativo sobre o conteúdo trabalhado, podendo
analisar com clareza todos os aspectos ligados ao assunto da Zoologia.

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2.5. Modalidade didática III - Palestra referente ao dia do Biólogo: Para ministrar a
palestra sobre o dia do Biólogo para os discentes do PVS, foi convidada a equipe do
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (subprojeto Biologia) do
CES. A palestra foi realizada por meio de um projetor multimídia, e na ocasião
foram retratados pontos importantes relacionados com a abrangência das áreas de
atuação do Biólogo, permitindo que os discentes pudessem tirar dúvidas e
conhecessem mais um pouco dessa profissão.

2.6. Modalidade didática IV - Jogo didático de Genética: Após ministrar algumas


aulas expositivas dialogadas sobre genética no referido cursinho, foi construído e
aplicado na turma do PVS um jogo didático sobre a Genética Mendeliana descrito
por Ferreira et al., (2010) que consistiu de um bingo em que as cartelas continham
os fenótipos, e os genótipos de ervilhas. As cartelas com os quadros de Punnett
foram entregues para que os alunos fizessem os cruzamentos das ervilhas,
tomando como base as aulas anteriores. Após essa etapa, foram sorteadas e
anunciadas fichas com os respectivos genótipos referentes às cartelas entregues
aos discentes, até que houvesse um ganhador.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

As modalidades didáticas aplicadas para as turmas do PVS foram tidas


como satisfatórias, visto que houve uma ampla participação dos estudantes, onde
o professor participou apenas como um mediador durante todas as etapas do
processo de construção do conhecimento por meio de atividades diferentes e que
chamassem a atenção dos alunos. Sendo assim, o processo de aprendizagem
ocorre em várias instâncias, estabelecendo uma rede de relações com os outros
estudantes, e também com o professor, e assim, o individuo vai se interagindo
dentro da sociedade (SOUZA, NETTO e OLIVEIRA, 2012).

3.1. Aula prática com plantas

A proposta de trabalhar os órgãos das plantas com os alunos no âmbito da


sala de aula foi de extrema importância para os discentes. Todos tiveram a
oportunidade de analisar as partes constituintes do vegetal e, a partir disso,
puderam responder os questionamentos feitos pelo professor no início da aula.
Para Gonçalves e Moraes (2011), as aulas de botânica se tornariam mais
interessantes ao utilizar recursos como a manipulação de estruturas vegetais in
vivo.
Na atividade proposta pelo professor, foi possível observar que os alunos
buscaram contextualizar os assuntos com o seu cotidiano, ficou visível quando eles
relacionaram o tronco das plantas com a produção de móveis. O perfume das flores

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 11


 

foi associado com a produção dos cosméticos, enquanto que as raízes e os frutos
seriam destinados a alimentação.
As folhas tiveram o maior número de aplicações sob a visão dos alunos.
Dentre os principais pontos citados por eles, destacam-se os chás que são feitos de
folhas de plantas medicinais, além do oxigênio que respiramos produzido por estes
vegetais, e a utilização das folhas como fonte de alimentação.
Na percepção de Figueiredo et al. (2012), o estudo de Botânica é muitas
vezes realizado sem referências à vida do aluno, e de forma geral, o que se
aprende na escola normalmente é útil apenas para se fazer provas, e a vida fora da
escola é outra coisa, como se o próprio ensino no âmbito escolar criasse uma
barreira que impeça o aluno de aplicar o conhecimento no seu dia a dia. Por isso a
necessidade dos professores estarem sempre buscando por modalidades que
estimulem a curiosidade dos alunos.

3.2. Mapas conceituais

Inicialmente, os alunos ficaram instigados para saber a melhor forma de


como se construir um mapeamento de conceitos. Em alguns momentos, foi possível
identificar o quanto eles estavam receosos, pois aquela seria a primeira vez que os
estudantes iriam sintetizar um assunto amplo como a Zoologia. Ao longo do
processo, os próprios alunos foram buscando as palavras chaves e formulando
proposições adequadas para dar sentido ao mapa (Figura 1). Em todas as etapas, o
professor participou apenas como um orientador, onde seu objetivo foi fazer com
que os próprios estudantes praticassem toda a teoria abordada nas aulas
anteriores.

Figura 1. Construção do mapa conceitual por alunos do Pré-Vestibular Solidário. Universidade


Federal de Campina Grande, município de Cuité-PB, 2015.

Fonte: Dados da pesquisa, 2015.

Neste sentido, pode-se afirmar que a confecção dos mapas conceituais foi
relevante para o aprendizado dos estudantes, pois esta ferramenta didática auxilia
na síntese e estruturação dos conteúdos. Sabendo-se que os estudantes do Pré-
Vestibular Solidário iriam prestar posteriormente o ENEM, foi fundamental que eles

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 12


 

tomassem conhecimento dessa modalidade, e pudessem aplicá-la no estudo de


outras disciplinas. Sendo os mapas conceituais uma estratégia de ensino-
aprendizagem, eles atendem à exigência de voltar os olhos para o que já foi, no
intuito de conseguir uma maior compreensão sobre a temática em estudo (SOUZA e
BORUCHOVITCH, 2010).

3.3. Palestra referente ao dia do Biólogo

A palestra sobre o dia do Biólogo foi relevante no sentido de mostrar para os


alunos do PVS as diversas áreas de atuação das Ciências Biológicas. Para os
estudantes a Biologia não passava daquilo que eles viam nos livros didáticos; eles
não conseguiam enxergar as diversas aplicações que circundam este curso.
Como os alunos estavam frequentando a UFCG por causa das aulas do
cursinho, considerou-se importante dar destaque as áreas que os professores de
Biologia do CES atuam, variando entre a grande área da educação e a pesquisa
científica, esta última, desenvolvida em laboratórios exclusivos para cada linha de
pesquisa.
Alguns alunos relataram no final da palestra seu interesse por algumas
áreas específicas mostradas ao longo da palestra (Figura 2). Os campos como as
Análises Clínicas, a Biologia Forense e o Melhoramento Genético parecem ter
instigado os alunos a conhecer um pouco mais sobre as Ciências Biológicas.
Segundo Gomes et al. (2011), atividades experimentais demonstrativas-
investigativas introduzidas nas palestras de divulgação científica podem colaborar
para uma maior participação e interação dos alunos entre si e com os palestrantes,
fazendo com que a exposição dos conteúdos torne-se mais agradável e os
conteúdos em si mais acessíveis aos alunos ouvintes.

Figura 2. Palestra sobre o dia do Biólogo ministrada para a turma do Pré-Vestibular Solidário.
Universidade Federal de Campina Grande, município de Cuité-PB, 2015.

Fonte: Dados da pesquisa, 2015.

3.4. Jogo didático de Genética

Durante todo o processo de aplicação do jogo didático de Genética (Figura

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 13


 

3), foi possível observar a relevância de o educador inserir em suas aulas, recursos
que estimulem o interesse dos estudantes. Nesta perspectiva, a aprendizagem
significativa de conhecimentos é facilitada quando toma a forma aparente de
atividade lúdica, pois os alunos ficam instigados a aprenderem de uma forma mais
divertida, interagindo com os demais colegas de sala e com o professor (CAMPOS
et al. 2003).

Figura 3. Jogo didático de Genética aplicado na turma do Pré-Vestibular Solidário. Universidade


Federal de Campina Grande, município de Cuité-PB, 2015.

Fonte: Dados da pesquisa, 2015.

Muitos alunos relataram o quanto que o jogo estimulou a pensar em tudo o


que eles haviam aprendido anteriormente nas aulas expositivas, reforçando o
conhecimento sobre a Genética de forma divertida. Outro ponto positivo citado
pelos discentes foi a questão de eles terem saído da rotina normal das aulas, e
consequentemente interagido com os demais colegas e com o professor.
O lúdico realmente tem essa função de fazer com que os envolvidos no
processo de aprendizagem sintam prazer em estudar, pois, considera-se que o
ensino por meio de jogos possibilita a criação de um ambiente motivador que é
necessário para a maximização de potenciais, o que facilita a dinâmica do
processamento cognitivo de informações, auxiliando na construção de
conhecimentos significativos para a vida dos alunos (ZUANON, DINIZ e
NASCIMENTO, 2010).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir dos resultados obtidos por meio das quatro modalidades didáticas, é
possível afirmar que o professor deve se comprometer em buscar por novas
estratégias que promova dinâmicas em sala de aula, visto que além de aulas
puramente expositivas, os alunos também necessitam de momentos diferenciados
para que se obtenha um melhor rendimento escolar.
Diante do exposto, pode-se concluir que todos os envolvidos nas atividades

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 14


 

propostas pelo professor de Biologia do cursinho, surtiram efeitos positivos, pois, os


alunos tiveram grande interesse em participar, questionar, e principalmente
interagir com os demais colegas, conhecendo assuntos novos de forma agradável,
onde eles foram os principais responsáveis pelo seu próprio aprendizado.

REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE, C. Processo ensino‐aprendizagem: características do professor


eficaz. Millenium, n. 39, p. 55-71, 2010.

CAMPOS, L.M.L.; BORTOLOTO, T.M.; FELÍCIO, A.K.C. A produção de jogos didáticos


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Caderno dos núcleos de Ensino, v. 3548, 2003.

FERREIRA, F.E.; CELESTE, J.L.D.L.; SANTOS, M.D.C.; MARQUES, E.C.R.; VALADARES,


B.L.B.; OLIVEIRA, M.D.S. “Cruzamentos Mendelianos”: O Bingo das
Ervilhas. Genética na Escola, 2010.

FIGUEIREDO, J.A.; COUTINHO, F.Â.; AMARAL, F.C. O ensino de botânica em uma


abordagem ciência, tecnologia e sociedade. Revista de Ensino de Ciências e
Matemática, v. 3, n. 3, p. 488-498, 2012.

GOMES, V.B.; SILVA, L.L.; SILVA, R.R.; MACHADO, P.F.L. Avaliação do impacto de
visitas e palestras de divulgação cientifica em alunos do ensino médio visitantes ao
campus da Universidade de Brasília. Atas do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em
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GONÇALVES, H.F.; MORAES, M.G. Atlas De Anatomia Vegetal Como Recurso


Didático Para Dinamizar O Ensino De Botânica. Enciclopédia Biosfera, Centro
Científico Conhecer, Goiânia, v. 7, n. 13, 2011.

MALAFAIA, G.; BÁRBARA, V.F.; RODRIGUES, A.S.L. Análise das concepções e


opiniões de discentes sobre o ensino da biologia. Revista Eletrônica de Educação,
v. 4, n. 2, p. 165-182, 2010.

MANZANO, M.E.; LOPES, S.B.C. Conteúdos de biologia em vestibulares seriados.


Cadernos de Pesquisa, v. 40, n. 139, p. 199-211, 2013.

PINHO, A.G. Reflexões sobre o papel do concurso vestibular para as universidades


públicas. Estudos Avançados, v. 15, n. 42, p. 353-362, 2001.

SANTOS, J.M.C.T. Exame Nacional do Ensino Médio: entre a regulação da qualidade


do Ensino Médio e o vestibular. Educar em revista, n. 40, 2011.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 15


 

SILVA, O.G.; NAVARRO, E.C. A relação professor-aluno no processo ensino-


aprendizagem. Revista Eletrônica Interdisciplinar, v. 2, n. 8, 2012.

SOUZA, N.A.; BORUCHOVITCH, E. Mapas conceituais: estratégia de


ensino/aprendizagem e ferramenta avaliativa. Educação em Revista, Belo
Horizonte, v. 26, n. 03, p. 195-218, 2010.

SOUZA, G.; NETTO, M.N.C.G.; OLIVEIRA, M.P. Professor mediador da aprendizagem


por meio da comunicação dialógica. RENEFARA, v. 2, n. 2, p. 578-590, 2012.

VASCONCELOS, S.D.; LIMA, K.E.C. O Professor de Biologia em Formação: reflexão


com base no perfil socioeconômico e perspectivas de licenciandos de uma
universidade pública. Ciência & Educação, v. 16, n. 2, p. 323-340, 2010.

ZUANON, A.C.A.; DINIZ, R.H.S.; NASCIMENTO, L.H. Construção de jogos didáticos


para o ensino de Biologia: um recurso para integração dos alunos à prática
docente. Revista Brasileira de Ensino de Ciência e Tecnologia, v. 3, p. 49-59, 2010.

ABSTRACT: The Pre-Vestibular Solidarity (PVS) as an extension program allows


graduates to begin practicing their teaching practice from an early age. In relation to
the discipline of Biology as part of the curriculum of the cursinho, multiple
possibilities can be worked to make the contents interesting. In this perspective, the
objective of this work was to search for new strategies during Biology classes in the
PVS. Four teaching modalities were developed with the PVS class of the Federal
University of Campina Grande (UFCG), Center for Education and Health (CES) during
the year 2015. These modalities correspond to: a) Practical class with plants -
students identified organs vegetables and answered contextualized questions on
the subject; b) Conceptual maps - after giving dialogic expository classes on Zoology,
students constructed conceptual self-explanatory maps; c) Lecture about the day of
the Biologist - invited the team of the Institutional Program of the Initiation to
Teaching Grant (subproject Biology) of the CES, to explain the important points
related to the scope of the areas of activity of the Biologist; d) Genetics didactic
game - a didactic game was used as a resource to consolidate in an interactive way
the aspects related to Mendel's Laws. During the activities carried out throughout
the discipline of Biology, it was possible to perceive the importance of working in
new ways that attract the students' attention and stimulate them to search for
knowledge. It is essential that the licenciandos in Biological Sciences, when
teaching a class, put into practice everything that they have learned throughout the
course, thus strengthening teaching-learning.
KEYWORDS: Biology, Strategies of teaching-learning, Pre-Vestibular Solidarity.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 16


 

CAPÍTULO II

O USO DE JOGOS DIDÁTICOS E O ENSINO DE BIOLOGIA:


APRENDENDO BOTÂNICA
________________________

Layane Pereira de Brito ,

Rafael Marinho Sousa ,

Kildery Muniz de Sousa ,

Antonio Edinardo Araújo Lima ,

Lucilene Silva Pereira Soares

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 17


 

O USO DE JOGOS DIDÁTICOS E O ENSINO DE BIOLOGIA:


APRENDENDO BOTÂNICA

Layane Pereira de Brito


Universidade Estadual Vale do Acaraú, UEVA- Centro de Ciências Agrárias e
Biológicas - Sobral - Ceará
Rafael Marinho Sousa
Universidade Estadual Vale do Acaraú, UEVA - Centro de Ciências Agrárias e
Biológicas - Sobral - Ceará
Kildery Muniz de Sousa
Universidade Estadual Vale do Acaraú, UEVA - Centro de Ciências Agrárias e
Biológicas - Sobral - Ceará
Antonio Edinardo Araújo Lima
Universidade Estadual Vale do Acaraú, UEVA - Centro de Ciências Agrárias e
Biológicas - Sobral – Ceará - E.E.M Gov. Adauto Bezerra, Massapê - Ceará
Lucilene Silva Pereira Soares
Universidade Estadual Vale do Acaraú, UEVA - Centro de Ciências Agrárias e
Biológicas - Sobral - Ceará

RESUMO: A utilização de jogos didáticos vem se tornando uma ferramenta para que
o ensino tradicional seja cada vez mais atrativo e os alunos consigam ver algo a
mais além das aulas cotidianas. O objetivo foi observar o potencial dos jogos em
sala de aula e qual sua importância nas aulas de Biologia, além de identificar
vantagens e desvantagens desta metodologia e verificar qual a frequência que é
utilizada nestas aulas, e aceitação do jogo por parte da turma. Foi possível verificar
que a metodologia foi bastante aceita pelos alunos, visto que é uma metodologia
raramente utilizada. O presente trabalho desenvolveu-se numa escola de Ensino
médio da região norte do Ceará onde trabalhamos com uma aula e jogo didático de
Biologia (Angiospermas) produzidos a partir de conhecimentos prévios colhidos
através de questionários. Após o jogo os alunos apresentaram uma evolução nos
conhecimentos em comparação com os resultados após a aula expositiva,
mostrando espírito ativo, participativo e competitivo. A metodologia do uso de jogos
apesar de ser satisfatória, exige bastante planejamento, organização e tempo.
PALAVRAS-CHAVE: Jogos Didáticos, Ensino, Biologia

1. INTRODUÇÃO

O ensino tradicional vem se tornando alvo de mudanças, que por vezes


estão relacionadas à falta de estratégias educativas que estimulam o envolvimento
ativo dos alunos, provocando nos mesmos, a falta de interesse pelas atividades de
sala de aula, obrigando o professor a buscar algumas alternativas que o ajudem no
favorecimento e facilitação deste processo. (CABRERA, 2006; KRASILCHIK, 2004)
Tendo em vista estas alternativas, a utilização de jogos pedagógicos vem se

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 18


 

tornando uma metodologia que visa complementar o processo de ensino


aprendizagem, partindo de um contexto educacional em contraste com o ensino
tradicional. Cabrera (2006) afirma que “o lúdico, por ser uma atividade física e/ou
mental, aciona e ativa as funções psiconeurológicas e os processos
mentais, pois o ser que brinca, joga e se expressa é também um ser que age, sente,
pensa, aprende e se desenvolve intelectual e socialmente.”
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (Ensino Médio), mais do que
fornecer informações, é fundamental que o ensino de Biologia se volte ao
desenvolvimento de competências que permitam ao aluno lidar com as
informações, compreendê-las, elaborá-las, refutá-las, quando for o caso (BRASIL,
1998).
Levando em conta esta perspectiva de relevância da ludicidade dos jogos
em sala de aula, a pesquisa aqui desenvolvida, tem como objetivo verificar a
importância da utilização de jogos pedagógicos no processo de ensino
aprendizagem na disciplina de Biologia, bem como verificar quais as vantagens e
desvantagens desta metodologia e obter feedback dos alunos em relação ao jogo.

2. METODOLOGIA

O presente trabalho foi desenvolvido por bolsistas do PIBID/BIOLOGIA


atuantes em uma escola de ensino médio da região norte do Ceará, com alunos de
uma turma do 3º ano do turno matutino. Na primeira parte, aplicamos
questionários (denominado QA), que continham 8 questões subjetivas sobre
botânica, mais especificamente sobre angiospermas, onde os alunos tinham que
descrever sucintamente o que a questão pedia. O QA foi aplicado em três ocasiões:
1º- para verificar o conhecimento prévio; 2º- Após a aula expositiva; 3º- Após
aplicação do jogo, que assim como a aula, foi elaborado a partir das principais
dificuldades identificadas na primeira aplicação de QA. Segundo Kishimoto (1996)
“o jogo pedagógico ou didático tem como objetivo proporcionar determinadas
aprendizagens [...] por ser utilizado para atingir determinados objetivos
pedagógicos, sendo uma alternativa para melhorar o desempenho dos estudantes
em alguns conteúdos de difícil aprendizagem”.
A aula expositiva foi elaborada consultando bibliografia utilizada no ensino
médio e sites consultados na internet, e foi ministrada com o auxílio de projetor
multimídia.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 19


 

Figura 1 – Jogo “Caminho das Angiospermas”. Fonte: Autores

O jogo denominado “Caminho das angiospermas”, assim como a aula


expositiva, também foi desenvolvido focando nas principais dificuldades dos alunos
e consistia nas seguintes regras: A turma foi dividida em grupos de 6 integrantes e
a cada grupo foram distribuídas uma trilha, um dado e a identificação de cada
jogador numerada de 1 a 6. Inicialmente todos os integrantes estão na primeira
casa, e os jogadores vão lançar o dado para ver quem tira o número maior. Quem
tirá-lo inicia a partida lançando novamente o dado. O número que sair no dado será
a quantidade de casas que o jogador deverá avançar, contando a partir da casa
seguinte que o jogador se encontra. O jogo segue de acordo com os números que
aparecem no dado. Se ele cair em uma casa que contém uma pergunta, deverá
respondê-la. Respondendo corretamente, avança as casas indicadas, e
respondendo errado, permanece onde está. Algumas casas também indicam que o
jogador deverá avançar ou voltar algumas casas, contando nesse caso com a sorte.
Sempre que parar em uma casa, o aluno terá que ler o que está escrito em voz alta
para que todos compartilhem daquela informação. Vence quem chegar na última
casa primeiro.
Outro questionário também foi aplicado, denominado QB. Este foi elaborado
com o intuito de saber a opinião dos alunos sobre o jogo e se esta metodologia já
tinha sido utilizada antes, por algum professor de Biologia.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para análise dos resultados de QA, as respostas dos alunos foram


classificadas de acordo com quatro categorias estabelecidas pelos autores:
Totalmente adequado, regularmente adequado, inadequado e em branco.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 20


 

Totalmente Regularmente Inadequada Em Branco


adequada adequada
Pós Pós Pós Pós Pós Pós Pós Pós
Aula Jogo Aula Jogo Aula Jogo Aula Jogo
1. Quais os órgãos 5 22 0 3 18 3 16 7
reprodutivos das
angiospermas?
2. Nas flores, o que 0 5 15 17 2 1 22 12
compõe a parte
feminina? E a
Masculina?
3. Quais os tipos de 16 22 1 6 7 2 15 5
raízes das
angiospermas?
4. De onde se 3 10 24 12 0 5 12 8
originam os
frutos? E as
sementes?
5. Como os frutos 20 24 1 6 0 0 18 5
podem ser?
6. Cite 3 tipos de 4 18 9 10 16 2 10 5
caules.
7. Cite 2 meios em 13 17 5 8 2 4 19 6
que a polinização
pode ocorrer.
8. Cite 2 meios que a 12 20 3 5 2 0 22 10
dispersão pode
ocorrer.
Tabela 1 - Resultados de QA Pós aula (39 Alunos) e Pós jogo (35 alunos)
Fonte: Autores

Os resultados para obtenção do conhecimento prévio não serão discutidos,


pois foram apenas para identificação das principais dificuldades. Na aplicação de
QA para obtenção dos conhecimentos prévios e após a aula expositiva foram 39
alunos. No dia da aplicação de QA após o jogo, apenas 35 alunos foram a aula.
Todas as questões apresentaram melhoras consideráveis após o jogo, em relação à
aula expositiva, mas discutiremos as mais relevantes.
De acordo com a aplicação após a aula expositiva, o resultado da primeira
questão considerada fácil, surpreendeu com a quantidade de respostas
inadequadas e em branco, indicando uma confusão nos conceitos sobre as partes
das angiospermas que são consideradas como os órgãos reprodutivos, chamando a
atenção para o equivoco de 18 deles, que responderam “Monocotiledôneas e
dicotiledôneas”. Após a aplicação do jogo, o número de respostas inadequadas e
em branco reduziram bastante, caindo de 18 para somente 3, e aumentando o
número de respostas totalmente adequadas para 22, sendo que as respostas que
continham “Flores” era a mais correta, sendo, portanto, consideradas totalmente
adequadas.
Obtivemos os melhores resultados com a aula expositiva na quinta questão,
onde 20 alunos, atingiram o nível de totalmente adequados. Os resultados após o

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 21


 

jogo passaram a ser de 24 respostas consideradas totalmente adequadas,


significando, portanto, que nesta questão foi onde obtivemos os melhores
resultados, tanto com a aula expositiva, como com o jogo, pois o número de
respostas em branco também teve um decréscimo considerável. Aqui também
foram consideradas adequadas, as respostas onde diziam “Secos e Carnudos”,
pois mesmo que esteja escrito errado, subentende-se que o aluno diferencia os
frutos como uns tendo uma polpa seca, e outros apresentando polpa carnosa e
suculenta.
Na sexta questão, as 16 respostas que foram consideradas inadequadas
antes do jogo, assim foram, pois os alunos exemplificaram o que consideravam
caules como “cebola, alho”, ou realmente eram caules como, batata inglesa, sendo
que neste caso ela não representa um tipo de caule, e sim um vegetal que possui
um caule do tipo tubérculo. Após o jogo alguns alunos
conseguiram perceber quais outros tipos de caules como “Tronco” e “estipe” que
também foram citados pelos alunos, e assim passaram a ser somente 2 respostas
inadequadas por responderem “Grande, médio e pequeno”.
Na oitava questão de QA, os alunos deveriam expor quais as formas de
dispersão das sementes, e foi onde obtivemos o maior número de respostas em
branco após a aula expositiva, juntamente com a segunda questão . Após o jogo, o
número de alunos que atingiram o nível de totalmente adequados foi de 20 e o
número de respostas em branco foram reduzidas a 10, pois os alunos
conseguiram identificar as formas de dispersão mesmo que tenham dito somente
uma forma, sendo portanto, considerados regularmente adequados.
Os resultados após a aplicação do jogo foram satisfatórios, pois durante o
jogo os alunos iam tirando as dúvidas, e discutindo para que todos pudessem
compartilhar da informação, e assim, conseguir assimilar o conhecimento sobre as
angiospermas.
Os resultados de QB irão indicar qual a relevância do jogo aplicado na
concepção dos alunos, bem como a frequência da utilização de jogos na disciplina
de biologia.
Dos 27 alunos que foram no dia da aplicação de QB e responderam este
questionário, 26 afirmaram que, primeiro, o jogo ajudou-os a compreender melhor
o conteúdo de botânica e segundo, que acham importante a utilização de jogos.
Vinte e cinco (25) alunos gostaram do jogo e querem que esta metodologia
continue sendo aplicada. Alguns alunos ainda reafirmaram a satisfação nos
comentários: “Eu gostei, acho que para mim ajudou mais um pouco sobre as
angiospermas”. Aluno “A”. Já outro ressaltou entusiasmado que: “É muito
maravilhoso, pois nos ajuda a ter mais conhecimento sobre biologia, que é uma
matéria fascinante de aprender”. Aluno “B”. Para Mafra (2008) “A utilização de
jogos educativos como recurso didático-pedagógico, voltado a estimular e efetivar a
aprendizagem, desenvolvendo todas as potencialidades e habilidades nos alunos, é
um caminho para o educador desenvolver aulas mais interessantes, descontraídas
e dinâmicas”. Outro aluno comentou que pra ele o jogo:“[...] nos ajuda a entender
os conteúdos de biologia”- Aluno “C”.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 22


 

Esses comentários foram em relação aos conteúdos de biologia trabalhados


no jogo Caminho das Angiospermas, mas alguns aprofundaram e fizeram
comentários sobre o desenvolvimento mental como: “Ajuda melhor o
desenvolvimento do conhecimento do cérebro, e ajuda a saber um pouco da vida e
da natureza”- Aluno “D”. Um fragmento do comentário do Aluno “C” ressalva:
“[...]além de ajudar a desenvolver mais nossa mente [...]. Já para outro aluno: “É
uma forma bacana de trabalhar a mente. Divertido e fácil de apreender”- Aluno “E”.
O lúdico, segundo Feijó (1992), torna-se uma necessidade básica da
personalidade, do corpo e da mente, fazendo parte das atividades essenciais da
dinâmica humana caracterizada por ser espontânea, funcional e satisfatória.
Os jogos além de buscar desenvolver no aluno o intuito ativo e participativo,
promove a diversão enquanto trabalha o desenvolvimento cognitivo. “Assim
desenvolve ainda mais a mente da gente, ficamos mais atentos a algo que
gostamos, distrai um pouco”- Aluno “F”.“Faz com que nossa mentalidade se
fortaleça rapidamente” - Aluno “H”.
Apenas um aluno respondeu positivamente sobre um professor de biologia
ter utilizado esta metodologia, e a grande maioria respondeu que jamais algum
professor utilizou jogos nas aulas de biologia.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante a aplicação do jogo os alunos ficaram muito agitados e


entusiasmados, foi difícil manter a ordem, por ser uma turma muito numerosa. O
fato de ter mais de uma pessoa na aplicação do jogo contribuiu para que não se
tornasse uma bagunça, pois como a turma foi dividida em grupos, a organização e
o controle poderiam ser afetados. Em uma sala que possui somente um professor,
o que pode ser feito é eleger monitores da própria turma, para que o andamento da
atividade seja favorecido, e se torne bem sucedida, e essas seriam as possíveis
desvantagens.
Mesmo evidenciada a opinião de alunos sobre o quanto é relevante à
utilização de jogos em sala de aula, principalmente nas aulas de biologia, este
recurso ainda não vem sendo muito utilizado pelos professores, o que pode
influenciar a falta de interesse nas aulas.
Apesar de satisfatória e de grande importância, a utilização de jogos exige
muita organização e planejamento. Segundo Cabrera (2006) “O planejamento no
ensino da matéria depende de pensamentos, sentimentos, ações, atitudes e
experiências afetivas positivas que gerem no aprendiz uma maior predisposição
para aprender”.
Contudo, a utilização de jogos deve fazer parte do processo de ensino
aprendizagem, mas nunca em substituição as aulas tradicionais e de outras
metodologias, e sim como um complemento que irá auxiliar no desenvolvimento
ativo dos alunos, trabalhando suas habilidades que por vezes em uma aula comum
não podem ser expressas, pois estimulam o desenvolvimento mental, psicológico,
intelectual e social, mesmo que inconscientemente.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 23


 

REFERÊNCIAS

BRASIL, Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais (Ensino Médio).


Brasília: Ministério da Educação, 1998. Disponível em
<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/ciencian.pdf>. Acesso em 20 de Julho
de 2016

CABRERA, W. B. A ludicidade para o ensino médio na disciplina de biologia:


Contribuições ao processo de aprendizagem em conformidade com os
pressupostos teóricos da Aprendizagem Significativa. 2006.159f. Dissertação
(Mestrado em Ensino de Ciências e Educação Matemática) – Universidade Estadual
de Londrina, Londrina, 2006.

FEIJÓ, O. G. Corpo e Movimento: Uma Psicologia para o Esporte. Rio de Janeiro:


Shape, 1992.

KISHIMOTO, T. M. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. Cortez, São Paulo,


1996.

KRASILCHIK, M. Prática de Ensino de Biologia. 4.ed. São Paulo: Universidade de


São Paulo – USP, 2004.

MAFRA. S.R.C. O Lúdico e o Desenvolvimento da Criança Deficiente Intelectual.


Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. Diretoria de
Políticas e Programas Educacionais. Programa de Desenvolvimento Educacional.
2008.

ABSTRACT: The use of didactic games has become a tool for traditional teaching is
each time more attractive and students can see something beyond daily classes.
The objective was observe the potential of classroom games and their importance
in Biology classes, as well identify the advantages and disadvantages of this
methodology and verify the frequency that is used in these classes, and acceptance
of the game by the class. It was possible to verify that the methodology was well
accepted by the students, since it is a methodology rarely used. The present work
was developed in a secondary school in the northern region of Ceará where we
worked with a didactic class and game of Biology (Angiosperms) produced from
previous knowledge collected through questionnaires. After the game the students
presented an evolution in knowledge compared to the results after the lecture,
showing active, participative and competitive spirit. The methodology of using
games despite being satisfactory requires a lot of planning, organization and time.
KEYWORDS: Educational Games, Teaching, Biology

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 24


 

AGRADECIMENTOS

A professora e orientadora Lucilene pela paciência e atenção, ao supervisor


Edinardo, aos colegas do PIBID por todo o apoio e a CAPES (Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior)

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 25


 

CAPÍTULO III

PERCEPÇÃO DOS ALUNOS SOBRE METODOLOGIAS


INOVADORAS E SUAS IMPLICAÇÕES NO ENSINO DE
BIOLOGIA EM ESCOLA PÚBLICA DE TERESINA-PI
________________________

Evandro Bacelar Costa ,

Raymara Sabrina Soares dos Santos ,

Alberto Alexandre de Sousa Borges ,

Adna Dallyla Torres Lopes ,

Marlúcia da Silva Bezerra Lacerda

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 26


 

PERCEPÇÃO DOS ALUNOS SOBRE METODOLOGIAS INOVADORAS E SUAS


IMPLICAÇÕES NO ENSINO DE BIOLOGIA EM ESCOLA PÚBLICA DE TERESINA-PI

Evandro Bacelar Costa


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí
Teresina – Piauí
Raymara Sabrina Soares dos Santos
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí
Teresina – Piauí
Alberto Alexandre de Sousa Borges
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí
Teresina – Piauí
Adna Dallyla Torres Lopes
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí
Teresina – Piauí
Marlúcia da Silva Bezerra Lacerda
Instituto Federal do Piauí/PIBID/Subprojeto Biologia/Campus Teresina Central
Teresina – Piauí

RESUMO: Aulas que divergem do modelo tradicional e submetem os discentes a


práticas metodológicas distintas, proporcionam maior poder de reflexão sobre o
mundo de forma científica e crítica. No entanto, a ausência de métodos inovadores
agregada a abordagens equivocadas dos conteúdos no ensino de biologia,
contribuem pouco para o aprendizado e compreensão do conhecimento científico.
Este trabalho visa avaliar a percepção de alunos a respeito da utilização de práticas
metodológicas inovadoras utilizadas pelo professor no ensino de Biologia, assim
como suas implicações na aprendizagem no nível médio de uma escola pública
estadual de Teresina-PI. Realizou-se uma pesquisa de caráter quanti-qualitativo,
utilizando questionários semiestruturado a respeito do uso de metodologias
inovadoras pelos professores de biologia, envolvendo 70 alunos (15 a 18 anos) da
1ª a 3ª série do ensino médio. A maioria dos educandos apontaram interesse por
metodologias que possibilitam maior participação deles no processo de
aprendizagem, visto que, 65% dos entrevistados apontaram aulas práticas, 17%
aulas de campo, 16% grupos de discussões e apenas 2% o modelo tradicional.
Quanto às implicações no processo de aprendizagem dos conteúdos, foram citadas
o desenvolvimento da aprendizagem associada à diversão, bem como a
curiosidade e a atração pela disciplina. Portanto, pode-se concluir que, para o aluno
de escola pública de Teresina, Piauí, o uso de práticas metodológicas inovadoras
pelo professor promove um ensino de biologia mais atrativo, voltado para a
construção de uma aprendizagem significativa, instigando a curiosidade e o
interesse dos discentes.
PALAVRAS-CHAVE: Aprendizagem significativa, Aulas práticas, Estratégias de ensino,
Metodologias alternativas.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 27


 

1. INTRODUÇÃO

A abordagem incorreta dos conteúdos no ensino de biologia agregada a


ausência de exploração de estratégias de ensino alternativas, contribuem pouco
para o aprendizado do conhecimento científico e compreensão daquilo que está
sendo ensinado em escolas públicas do Brasil. Eventualmente, essa deficiência em
implantar nos educandos o desejo pelo aprendizado, passam pelo problema de
alfabetização cientifica que demanda estratégias de ensino que viabilizem a
aprendizagem de conceitos científicos, visando conduzir os alunos a compreendê-
los de forma a significá-los em suas realidades cotidianas (BRITO; FIREMAN, 2016).
Devido a um modelo educacional que persiste em se prender numa
perspectiva tradicional, a transmissão do conhecimento nos dias de hoje, ainda
ocorre de maneira passiva, colocando o discente no papel de mero expectador
(ALMEIDA et al., 2016). Diante disso, é de grande importância que o docente se
renove, e desenvolva uma atualização didática que proporcione ao educando uma
apoderação de novas estratégias de ensino que insiram os discentes no processo
de ensino de forma mais ativa.
Mais especificamente na disciplina de Biologia, que engloba as mais
diversas áreas da ciência, e com isso surgem com rapidez, novos conceitos e
descobertas científicas, que enriquecem a ciência, ao mesmo passo que dificultam
o acompanhamento de tais inovações, pelo livro didático adotado pelas instituições
de ensino. Evidenciando cada vez mais a necessidade de metodologias que
possibilitem um ensino significativo e atual.
Deste modo, o professor de Biologia precisa se atentar a uma série de
fatores, que vão desde conhecer a realidade de seus alunos até utilizar de
mecanismos como fala, gestos e ânimo para proporção de um ensino dinâmico e
atrativo. Assim, para que aprendizagem significativa possa ser obtida, existe a
necessidade da utilização de métodos que estimulem variáveis cognitivas como a
estabilidade e clareza das ideias obtidas pelos educandos (AUSUBEL, 2003).
O docente precisa cada vez mais desenvolver ou adaptar características
próprias, que tenham condições de garantir uma atratividade e envolver o aluno no
processo da relação ensino aprendizagem. Já que o mundo vive um momento cheio
de novidades tecnológicas que podem ser usadas a favor da educação, exigindo
para isso apenas criatividade e planejamento, afim de consolidar a aprendizagem
dos conteúdos.
O componente curricular Biologia permite ao professor fazer uso das mais
diversas ferramentas pedagógicas de ensino que vão desde as mais simples até as
mais elaboradas, que podem prender a atenção e trazer o aluno para exercer um
papel de participação ativa durante as discussões em sala de aula. Com isso, o
professor precisa entender que existe a necessidade de sempre está se
reinventando e se qualificando para poder proporcionar um ensino efetivo e de
qualidade (MATOS e MORAIS, 2004).
Tendo isso em vista, a didática apresentada pelo docente de biologia
representa, em parte, uma grande parcela de contribuição para a aprendizagem

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 28


 

significativa que os discentes agregam durante seu tempo dentro do ambiente


escolar. Desta forma, faz-se necessário que o professor utilize recursos
metodológicos distintos para o ensino de biologia e ciências, de modo a fortalecer a
relação ensino/aprendizagem evitando perdas e geração de inconformidade de
ambos os lados (MATOS e MORAIS, 2004).
Objetivou-se nesta pesquisa avaliar a percepção de alunos a respeito da
utilização de práticas metodológicas inovadoras utilizadas pelo professor no ensino
de Biologia, assim como suas implicações na aprendizagem no nível médio de uma
escola pública estadual de Teresina-PI.

2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O trabalho consistiu na realização de uma pesquisa de caráter quantitativo e


qualitativo com 70 alunos dentro da faixa etária de 15 a 18 anos, da 1ª a 3ª série
do ensino médio integral de uma escola pública estadual no município de Teresina-
PI. A pesquisa de campo foi realizada por meio de questionários aplicados aos
discentes contendo perguntas abertas e fechadas (semiestruturado) a respeito da
utilização pelos professores de práticas pedagógicas inovadoras no ensino de
biologia e suas implicações para obtenção de melhorias na relação
ensino/aprendizagem. Além disso, os questionários ofereceram espaço para os
discentes discorrerem sobre o trabalho exercido pelos professores de biologia
dentro de sala de aula e com isso buscou-se identificar características, tanto
pessoais como as presentes na metodologia dos professores, que podem ser
apontadas com intuito de direcionar e qualificar a formação inicial e continuada de
docentes.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observou nos resultados obtidos que os alunos apresentaram insatisfação


com o modelo tradicional de ensino, uma vez que, quando questionados a respeito
da forma preferida na abordagem dos conteúdos, dentre os entrevistados nenhum
manifestou preferência por aulas estritamente teóricas, contudo, 45% dos
entrevistados optaram por aulas com fundamentação teórica agregada a práticas,
seguidos por 34% que afirmaram preferir ser surpreendidos com metodologias
inovadoras e 21% que afirmaram obter uma melhor aprendizagem com aulas
práticas acompanhadas de fundamentação teórica fora da sala de aula,
relacionadas com a realidade vivenciada por eles.
As respostas dos discentes em relação as aulas extraclasse se mostraram
satisfatória ao uso de modelos inovadores no ensino, visto que todos mostraram-se
a favor de atividades que os tirem do habitual ambiente de ensino e contribuam
para diversificação metodológica, tornando a aprendizagem mais atrativa e
dinâmica.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 29


 

Assim, aulas que divergem do modelo tradicional de ensino e tendem


submeter os discentes a atividades que estimulam a cognição, proporcionam aos
alunos, poder de reflexão sobre o mundo de forma científica, ampliando seu
aprendizado sobre os fenômenos que os cercam e expandindo suas habilidades,
tais como a observação, a obtenção e organização de dados, bem como a reflexão
e discussão. Assim, é possível produzir conhecimento por meio de experiências
distintas e não apenas por aulas expositivas, tornando o aluno um dos sujeitos
para promoção da aprendizagem (VIVIANI e COSTA, 2010).
Ao serem indagados a respeito de quais seriam as características de um
professor ideal para tornar o ensino efetivo e a aprendizagem significativa, os
alunos apresentaram diferentes, mas convergentes respostas (Quadro 1).

Quadro 1: Idealizações realizadas por dois dos alunos pesquisados.


Aluno 1 “Precisa ser um professor que torne legais os conteúdos
chatos. ”
Aluno 2 “O professor precisa ser divertido, compreensivo, mostrar
como funciona na prática e envolver a gente na aula. ”
Fonte: Dos próprios autores.

Notou-se ainda nas respostas obtidas, que a maioria dos estudantes


relacionou as características de um professor ideal, como um profissional bem-
humorado, criativo e adepto de metodologias inovadoras. As características
idealizadas pelos discentes mostraram-se simples e plausíveis de adequação por
professores da referida área de conhecimento. Visto que, de acordo com os relatos
dos discentes, nenhum professor precisa se tornar uma máquina ou um mestre nas
técnicas do ensino para tornar a aprendizagem agradável. Necessita apenas tornar
suas escolhas nítidas aos olhos dos discente, de modo que eles sejam capazes de
refletirem sobre o que está sendo ministrado. Por isso, é essencial que ele tenha
clareza dos objetivos e metas que pretende alcançar, sustentado em teorias e
fundamentação teórica que possam auxiliá-lo na tomada de decisões que exercerá
(CUNHA e CAMPOS, 2010).
Quando os discentes foram questionados sobre qual melhor estratégia para
obtenção de uma aprendizagem significativa, observou-se que há um desejo e uma
evidente ansiedade por estratégias metodológicas de ensino de biologia que
permitem e proporcionem maior participação deles no processo de ensino e
aprendizagem, evidenciando a necessidade de adoção pelos professores de
estratégias que fujam dos modelos no qual o professor se apresenta como figura
central neste processo (Figura 1).
Logo, foi observado com clareza que há o desejo dos educandos envolvidos
nesta pesquisa em participar de forma mais efetiva no processo de ensino e
aprendizagem no componente curricular biologia e deixar de lado o papel de mero
expectador para tornar-se um dos sujeitos ativos, fazendo-os desejar aulas que
lhes submetam a atividades prática e que lhes tirem da “zona de conforto”,
extrapolando os espaços escolares, fazendo-os vivenciar novas experiências e
novos contextos de aprendizagem.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 30


 

Figura 1: Metodologias que mais contribuem para aprendizagem de acordo com os discentes

Fonte: Dos próprios autores.

Em meio a isso, Cavalcante e Silva (2008) propõem, a utilização de


metodologias diferenciadas das que os discentes estão habituados. Uma vez que, a
cada dia que passa, inovar na forma de abordagem dentro do ensino de biologia
torna-se componente indispensável para o processo de ensino e aprendizagem de
diversos conteúdos de conhecimento científico. Pois elas tendem a favorecer as
relações entre as concepções previas dos alunos e as novas ideias que serão
trabalhadas para estabelecer discussões críticas e construtivas. A inserção de
práticas diversificadas também proporciona aos alunos a oportunidade para o
desenvolvimento de habilidades e competências, além da construção de conceitos.
A ausência de práticas diferenciadas, professores desmotivados e pouca
realização de práticas dos conteúdos ensinados foram os problemas mais citados
pelos discentes para explicar a ausência de interesse nas aulas de biologia, o que
segundo eles, são problemas que colaboram para a menor participação e interação
durante as aulas. Além disso, os alunos assinalaram a ausência de sensibilização
dos professores em buscar identificar suas dificuldades e necessidades, como um
dos problemas que os professores ignoram em buscar soluções.
A inserção de estratégias metodológicas que surpreendam na forma de
abordagem de conteúdos de Biologia se mostra necessária, visto que a Didática
apresenta um papel importante para o equilíbrio do processo de ensino-
aprendizagem (TAVARES, 2011). Além do que, a Didática contribui fornecendo
suporte para a melhorias no ensino e para formação do professor, afetando
diretamente a sua forma de ensinar, desde a elaboração de atividades
pedagógicas até a motivação que pode ser transmitida para impulsionar o
envolvimento dos alunos na aula. Assim, uma “boa didática” influencia
positivamente na formação de professores sensíveis às necessidades de seus
alunos, devendo ser aprimorada continuamente com desenvolvimento de novas
metodologias e elaboração de ferramentas, estratégias e alternativas de ensino
inovadores.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 31


 

Desta maneira, é nitidamente visível que atividades que estimulam a


participação dos estudantes, colaboram para dinamização do ensino, já que
desafios propostos os motivam a participar, proporcionando interação entre
professor/aluno. Contribuindo para a melhoria da relação e para o
desenvolvimento de metodologias que envolvem os educandos e suas realidades
vivenciadas fora do ambiente escolar, cooperando para o progresso na educação,
impulsionando eles a excitar a curiosidade e buscarem solucionar suas dúvidas.
Para que o ensino seja significativo, há a necessidade de uma abordagem
de conteúdos de forma consciente e crítica relacionada à Ciência, Tecnologia e
Sociedade, buscando relacionar o que é visto em sala de aula, com o que os alunos
vivenciam fora dela (MOREIRA, 1999). Neste âmbito, as atividades devem propiciar
aos professores e alunos condições para que discutam, analisem, proponham e
argumentem, proporcionando uma gradativa posse de conhecimentos e percepção
de seus papeis na sociedade.
Quando questionados o que metodologias inovadoras despertavam neles,
os alunos apontaram várias implicações, das quais 3 (três) são destacadas: (1)
Aprendizagem associada a diversão; (2) Despertar a curiosidade do aluno e (3)
Atração pelos conteúdos a serem ensinados (Figura 2).

Figura 2: Principais implicações despertadas por estratégias inovadoras no ensino de biologia,


apontadas pelos alunos.

Fonte: Dos próprios autores.

Nota-se que as implicações despertadas pelas metodologias estão


coerentes com a fase em que os alunos se encontram nesta pesquisa, de modo
que, quando a energia da juventude é redirecionada e execução de atividades
novas e desconhecidas, acabam imprimindo ganhos acadêmicos para os discentes,
que servirão para afirmar a essência do processo de aprendizagem, de maneira
substantiva e não arbitrária, ao que o aprendiz já sabe, ou seja, a algum aspecto de
sua estrutura cognitiva especificamente relevante que pode ser, por exemplos,
imagens ou métodos significativos (AUSUBEL, 2003).

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 32


 

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após avaliar os resultados apresentados, se concluiu que metodologias que


instigam aos discentes a participarem da aula de Biologia, agem de forma
incentivadora na aprendizagem, uma vez que elas inserem em seus pensamentos
críticos, a importância que ele possui como sujeito colaborador para que a
educação obtenha progresso, pois na relação ensino e aprendizagem, o papel de
aluno participador e atuante é tão importante quanto a de professor motivador.
A utilização de novas estratégias didáticas assume o papel de práticas
facilitadoras de aprendizagem, especialmente aquelas que saem da habitual grade
de metodologias de ensino, permitindo ao aluno vivenciar novas experiências e
assim relacionar o conteúdo estudado com eventos e informações adquiridas em
seus cotidianos. Com isso, é possível afirmar que o uso de metodologias distintas e
inovadoras são de extrema relevância na busca pela aprendizagem significativa,
visto que elas despertam e estimulam no educando a curiosidade e o anseio por
novos conhecimentos.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, M.D.S. et. al. O ensino de biologia na percepção dos docentes do ensino
médio de uma escola pública do município de Iguatu-CE. Revista da SBEnBio. n. 9.
p. 3362-3373, 2016.

AUSUBEL, D. P. Aquisição e retenção de conhecimentos: uma perspectiva cognitiva.


Lisboa: Paralelo Editora Ltda., 2003.

BRITO, L.O.; FIREMAN, E.C. Ensino de ciências por investigação: uma estratégia
pedagógica para promoção da alfabetização científica nos primeiros anos do
ensino fundamental. Belo Horizonte. Revista Ensaio. v.18, n. 1, p. 123-146. 2016.

CAVALCANTE, D. D; SILVA, A. F. A. Modelos didáticos de professores: concepções de


ensino aprendizagem e experimentação. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENSINO DE
QUÍMICA, 14., 2008. Curitiba. Anais... Curitiba: UFPR/DQ, 2008.

CUNHA, F. M.; CAMPOS, L. M. L. O discurso e a prática pedagógica de professores


de ciências no ensino fundamental. In: PIROLA, N. A. (Org.) Ensino de ciências e
matemática, IV: temas de investigação. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010. p. 53-
71.

MATOS, M.; MORAIS, A. M. Trabalho experimental na aula de ciências físico-


químicas do 3 ciclo do ensino básico: teorias e práticas dos professores. Revista de
educação. n. 2, p.75-93. 2004.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 33


 

MOREIRA, M. A. Aprendizagem significativa. Editora Universidade de Brasília:


Brasília-DF, 1999.

TAVARES, R. H. Didática geral. Editora UFMG: Belo Horizonte, 2011.

VIVIANI, D.; COSTA, A. Práticas de Ensino de Ciências Biológicas. Centro


Universitário Leonardo da Vinci – Indaial, Grupo UNIASSELVI, 2010.

ABSTRACT: Classes that diverge from the traditional model and subject students to
different methodological practices, provide a greater power of reflection on the
world in a scientific and critical way. However, the absence of innovative methods
coupled with the incorrect approach of content in biology teaching, contribute little
to the learning and understanding of scientific knowledge. The objective of this
study was to evaluate students' perceptions regarding the use of innovative
methodological practices used by the teacher in Biology teaching, and their
implications in the learning of high school students of a state public school in
Teresina-PI. Quantitative-qualitative research was conducted using semi-structured
questionnaires about the use of innovative methodologies by biology teachers,
involving 70 students (15 to 18 years old) from 1st to 3rd grade of high school.
Most of the students showed interest in methodologies that allow them to
participate more in the learning process, since 65% of the interviewees indicated
practical classes, 17% field classes, 16% discussion groups and only 2% the
traditional model. Regarding the implications in the process of learning the
contents, the development of the learning associated with the fun, as well as the
curiosity and the attraction by the discipline were mentioned. It was concluded that
the use of innovative methodological practices by the teacher promotes a more
attractive teaching of biology, directed to the construction of a meaningful learning,
instigating the curiosity and the interest of the public school students of Teresina,
Piauí.
KEYWORDS: Alternative methodologies, Practical classes, Significant learning,
Teaching Strategies,

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 34


 

CAPÍTULO IV

A BOTÂNICA NA CONCEPÇÃO DE PROFESSORES DE


CIÊNCIAS DO ENSINO FUNDAMENTAL E AS
DIFICULDADES ENFRENTADAS PARA ENSINÁ-LA
________________________

Andreia Quinto dos Santos ,

Guadalupe Edilma Licona de Macedo ,

Ricardo Jucá Chagas

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 35


 

A BOTÂNICA NA CONCEPÇÃO DE PROFESSORES DE CIÊNCIAS DO ENSINO


FUNDAMENTAL E AS DIFICULDADES ENFRENTADAS PARA ENSINÁ-LA

Andreia Quinto dos Santos


Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia(UESB)
Jequié-Ba
Guadalupe Edilma Licona de Macedo
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia(UESB) - Departamento de
Ciências Biológicas
Jequié-Ba
Ricardo Jucá Chagas
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia(UESB)
Departamento de Ciências Biológicas
Jequié-Ba

RESUMO: A educação em Ciências deve proporcionar o desenvolvimento de


reflexões, explicações críticas e tomada de decisões fundamentadas na lógica, no
conhecimento e compartilhadas com a comunidade escolar e assim contribuir com
a visão ecológica que é essencial a tomada de decisões sobre questões
relacionadas ao meio ambiente. O objetivo desta pesquisa foi conhecer a
concepção, que os professores de Ciências no Ensino Fundamental, possuem sobre
Botânica enquanto ciência e as dificuldades enfrentadas para ensiná-la. Trata-se de
pesquisa com abordagem qualitativa. O estudo foi realizado com 6 professores de
Ciências, de escolas distintas, três deles com formação em Pedagogia e três com
formação em Biologia, todos fazem parte da rede Municipal de Educação na cidade
de Itabuna-Ba. Os dados foram categorizados considerando as semelhanças e
diferenças entre as respostas apresentadas. Sendo categorizadas de acordo com
características e ideias mais relevantes. Nos resultados várias críticas são feitas ao
ensino de botânica, mas todas estão relacionadas a falta de aproveitamento entre
o que o aluno já sabe e o conteúdo a ser apresentado pelo professor; aulas
convencionais teóricas e decorativas, tornando a disciplina desestimulante. Ao final
desta pesquisa, percebemos a importância que há em investigar sobre a carga
horaria excessiva que tem o professor da educação básica, o número de projetos
estruturantes e os quais precisam participar e que pouco auxiliam na formação
discente. Essas são apenas duas questões que merecem atenção nas pesquisas.
PALAVRAS-CHAVE: Educação, Ensino de Ciências, Botânica.

1. INTRODUÇÃO

Na história da humanidade, os vegetais sempre estiveram presentes,


utilizados principalmente como alimentos e medicamentos. Segundo Mazoyer e
Roudart o homem ...” conseguia sobreviver à custa de colheita de produtos vegetais
e da captura dos animais mais acessíveis, em meios pouco hostis ou dispondo de
sítios protetores” (MAZOYER e ROUDART, 1998, p.25). Quando a escassez de

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 36


 

alimentos se fazia presente, eles migravam para outras áreas. O aumento de


pessoas nos grupos, ampliava as necessidades, então surgiram as primeiras
técnicas de cultivo.
A domesticação de vegetais, foi uma grande conquista que permitiu aos
nômades, se estabelecerem em uma área, após aprenderem técnicas primitivas de
cultivo e manuseio do solo. Essa mudança possibilitou a criação das primeiras
aldeias e também a domesticação dos animais.
Interagimos com os vegetais diariamente, mas por parecerem estáticos,
despertam pouco interesse nos alunos, as aulas são geralmente teóricas e quase
nunca interativas e nem práticas. As modificações sobre o ensino de ciências,
tomam novos rumos, após a década de 90, quando o ensino fundamental passa a
ser obrigatório
Nas escolas do Brasil o Ensino de Ciências passa a ter caráter obrigatório
em todas as séries do Ensino Fundamental a partir da aprovação da Lei de
diretrizes e Base da Educação -LDB 93/94 de 1996 (BRASIL,1998). Conforme essa
lei, o ensino das Ciências naturais deve promover habilidades e competências tais
como: Compreender as relações entre homem e natureza; associar questões de
ordem econômica, social, política e ambiental, como bens individuais e coletivos.
Relacionar Ciência e tecnologia com as condições de vida da população; associar
os conceitos científicos com o cotidiano, agir de forma crítica e cooperativa para a
construção do conhecimento (BRASIL, 1998).
A educação em Ciências deve proporcionar o desenvolvimento de reflexões,
explicações críticas e tomada decisões fundamentadas na lógica, no conhecimento
e compartilhadas com a comunidade escolar. Nessa perspectiva o ensino de
Botânica enquanto ciência necessita possibilitar a compreensão da morfologia
fisiologia, contribuindo com a tomada de decisões nos mais diversos aspectos no
que tange aos serviços oferecidos pelas plantas ao meio ambiente, e assim
contribuir com a visão ecológica que é essencial a tomada de decisões sobre
questões relacionadas ao meio ambiente.
Pensando nessas questões, o objetivo desta pesquisa foi conhecer a
concepção, que os professores de Ciências no Ensino Fundamental, possuem sobre
Botânica como ciência e as dificuldades enfrentadas para ensiná-la. Pois o
professor, mesmo não sendo o único. É o ponto crucial para o desenvolvimento de
conhecimentos pertinentes e relevantes sobre o Ensino de Ciências, por estar mais
próximo dos alunos manter com esses uma relação cotidiana. Mas para que a
qualidade no trabalho seja otimizada, são diversos os fatores que necessitam estar
presentes, e vão desde a participação da família no cotidiano escolar à valorização
profissional.
Questões sobre a metodologia e a didática desenvolvidas pelos professores
são amplamente discutidas. Mas quanto ao ensino de Botânica, principalmente nas
series iniciais ainda e necessário ampliar o número de pesquisas. A associação
entre teoria, prática e os conhecimentos prévios trazidos pelos alunos à escola,
necessitam ser melhor trabalhados.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 37


 

2. METODOLOGIA

Para a realização dessa pesquisa, fizemos um levantamento sobre o ensino


de Ciências/Botânica. A pesquisa foi desenvolvida em uma abordagem qualitativa.
Essa escolha se deu, por esse tipo de pesquisa apresentar um amplo número de
possibilidades a serem investigadas e com interrogações que estão presentes nas
situações do cotidiano (Bogdan e Biklen, 1999).

CARACTERISTICAS DA INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA

O ambiente natural é Descritiva


a fonte de dados Analise
O processo é a indutiva de
Significados são dados
fase mais
relevantes
importante

Fonte: Bogdan e Biklen (1998)

O estudo foi realizado com 6 professores de Ciências, de escolas distintas,


três deles com formação em Pedagogia e três com formação em Biologia, todos
fazem parte da rede Municipal de Educação na cidade de Itabuna-Ba. O objetivo foi
conhecer as visões desses professores sobre o ensino de Ciências/Botânica.
Foi utilizada uma entrevista semiestruturada, para realização da coleta de
dados, contendo questões objetivas e subjetivas, aplicada a uma amostra de
professores, os quais foram interrogados sobre suas concepções, conceitos,
relações entre a Botânica com outras áreas e dificuldades vivenciadas no ensino de
Botânica.
Os dados foram categorizados considerando as semelhanças e diferenças
entre as respostas apresentadas. Sendo categorizadas de acordo com
características e ideias mais relevantes. Em consonância com Bardin (1977), a
análise de conteúdo é um conjunto de técnicas de análise das informações, que
visa obter, por procedimentos objetivos e sistemáticos de descrição do conteúdo
das mensagens, indicadores que permitam a inferência de conhecimentos relativos
às condições de produção/recepção destas mensagens”.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Na visão apresentada pelos professores sobre o ensino de Botânica, o


enfoque está na morfologia externa das plantas, quanto aos os demais temas de
Botânica foram pouco citados. Houve interesse geral em participar de um curso de
Botânica -caso seja disponibilizado- que estabeleça uma correlação dessa área
com alimentação, com o uso de plantas medicinais e com a interdisciplinaridade. E
foi abordado que durante as “formações continuadas de professores” o enfoque

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 38


 

está geralmente voltado para as questões pedagógicas, relacionadas ao processo


ensinar, aprender e avaliar. As professoras salientaram que as principais
dificuldades que estão presentes nas aulas de Botânica, também se fazem
presentes em outras as áreas da ciência. Mas em Botânica, os livros apresentam
termos complexos, ausência de aulas práticas; falta de vínculo entre a Botânica e a
realidade; Linguagem de difícil acesso; E a formação inadequada dos professores;
associado a esses problemas está o comportamento inquieto dos alunos. O qual
provoca nos professores, ao longo dos anos, desinteresse pela Ciências, com
aplicação de aulas, reduzidas ao livro didático e as aulas expositivas. Em
consonância com Carvalho e Gil-Pérez (2011) as dificuldades para ensinar ciências
estão associadas as necessidades formativas do professor de Ciências. Para
promover modificações relevantes no ensino de Ciências é preciso:

Fonte: Carvalho; Gil-Perez (2011)

Identificamos as professoras por P1, P2, P3, P4, P5 e P6, e apresentamos


as concepções dos professores, sobre Botânica:
P1“Estudo da planta/vegetal como um todo correlacionando com o meio
ambiente”.
E4-“Estudo das formas de vida vegetais considerando mais ou menos
complexidades e suas organizações sistemáticas e taxonômicas”.
E5-“Estudo científico da vida das plantas e algas”.
E6-“Estudo das plantas, ou seja, o estudo da vida das plantas”.
A visão apresentada por essas professoras, abrangem a morfologia,
fisiologia e taxonomia e as interações entre a Botânica com outras áreas do
conhecimento.
Os recursos mais poderosos para atrair a atenção dos alunos, é o
desenvolvimento de um programa de aulas práticas no campo ou em um
laboratório (NERIS, 2013). Hortos e jardins botânicos são excelentes
oportunidades para ensinar Botânica que associados à geografia, à história, à
sociologia, à climatologia, à agricultura, aos alimentos, aos remédios e também a
química, podem promover uma formação humana mais adequada aos padrões

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 39


 

contemporâneos. Também é possível desenvolver uma excelente aula prática em


sala de aula, utilizando fragmentos de plantas, bons livros e imagens. Na tabela
abaixo estão as concepções dos professores sobre a possibilidade de extinção das
plantas:

Quadro 1: Visão dos professores sobre a extinção das plantas


O que aconteceria se as plantas fossem extintas? Nossa leitura sobre estas visões.
P1 “Pergunte a ele (aluno), onde encontrar o oxigênio e Sugere a importância das plantas
como sugestão o filme – Uma viagem a Marte.” para a produção de Oxigênio
P2 “Que as plantas são seres produtores” São os principais elementos na
cadeia alimentar
P3 “Um desequilíbrio ambiental visto que as plantas são a Poderia faltar alimentos, pois são
base da cadeia alimentar” a base alimentar do planeta
P4 “Todos os seres vivos dependem direta ou Aborda as teias alimentares, as
indiretamente das plantas pois todos vivemos como uma plantas como produtoras de
grande cadeia alimentar e considerando a produção de alimentos e oxigênio
oxigênio nosso planeta não abrigaria vida como ele se
apresenta”.
P5-Se todas as plantas desaparecessem seria um caos na Também a borda a importância
natureza, pois elas são necessárias ao planeta por conta alimentar e oxigenação do
da oxigenação do meio ambiente e a sobrevivência da planeta
cadeia alimentar”.

As respostas a essa questão foram relevantes para perceber que há


possíveis caminhos para promover significados mais duradouros ao que se propõe
responder. O desenvolvimento se dá por fases e conhecimentos que se inter-
relacionam e ganham sentido a medida que ampliam a mobilidade e a
complexidade dos conceitos (Piaget apud Mizukami, 1986), contribuindo para a
formação humana. O trabalho docente é desafiador cotidianamente, mas
precisamos estar sempre no caminho da busca, afinal somos seres inacabados.
Os desafios para ensinar botânica no Ensino Fundamental são diversos
(ARAUJO, 2011). Na entrevista, as professoras citaram a possibilidade de um curso
de aperfeiçoamento, com práticas e utilização de metodologias que facilitem a
compreensão da taxonomia, morfologia e fisiologia. Para que possam ampliar o
leque de conhecimentos que possuem nessa área e assim possam desenvolver
sequencias didáticas e aulas mais inovadoras, que possibilitem a compreensão dos
conceitos e termos utilizados. Assim como, sugerir o desenvolvimento de uma
reflexão crítica das questões sócio cientificas relacionadas com as plantas e o
quanto são importantes para a formação de conceitos científicos, contribuindo com
a formação cidadã.
Enfim, várias críticas são feitas ao ensino de botânica, mas todas estão
relacionadas a falta de aproveitamento entre o que o aluno já sabe e o conteúdo a
ser apresentado pelo professor; aulas convencionais teóricas e decorativas,
tornando a disciplina desestimulante, com muitas informações e conceitos
complexos. No mundo contemporâneo, as aulas expositivas apenas, não atendem

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 40


 

as demandas atuais no processo ensino aprendizagem (SILVA, 2013). Ao final


desta pesquisa, percebemos a importância que há em investigar sobre a carga
horaria excessiva que tem o professor da educação básica, o número de projetos
estruturantes e os quais precisam participar e que pouco auxiliam na formação
discente. Essas são apenas duas questões que merecem atenção nas pesquisas,
mas que interferem na questão tempo. O qual poderia ser melhor utilizado para
otimizar o seu trabalho docente.

REFERÊNCIAS

ARAUJO, Gisele Cristina. Botânica no ensino médio. 2011. 26 f. Monografia de


conclusão de curso de Licenciatura – Consorcio Setentrional de Educação a
Distância – Universidade de Brasília/Universidade Estadual de Goiás.

BOGDAN, R.; BIKLEN, S. Investigação qualitativa em Educação: uma introdução à


teoria e aos métodos. Porto: Porto Editora, 1998.

BRASIL, Lei de Diretrizes e B. Lei nº 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996.

BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação


Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1998

HUXLEY, J. Memories II. London: George Allen. 1973.

KRASILCHIC, M.; MARANDINO, M. Ensino de Ciências e Cidadania. 2ª Ed. São Paulo:


Moderna, 2007

MAZOYER, M. ROUDART, L. História das agriculturas do mundo: do neolítico à crise


contemporânea. Lisboa: Instituto Piaget, 1998.

NERIS, D. A importância das aulas práticas no ensino de botânica. 2013. Disponível


em: <http://biopedagogia.webnode.com.br/news/a-import%C3%A2ncia-de-aulas-
praticas-no-ensino-de-bot%C3%A2nica/> Acesso em 01/09/2017.

SILVA, J. R. S. Concepções dos professores de Botânica sobre ensino e formação


dos professores. São Paulo, 2013. Tese (Doutorado) - Universidade de São Paulo.
São Paulo, 2013.

WANDERSEE, J. H.; SCHUSSLER, E. E. Toward a theory of plant blindness. Plant


Science Bulletin, v.47, p.2-9, 2002.

ABSTRACT: Science education have should provide the development of reflections,


critical explanations and decision based on logic, knowledge and shared with the

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 41


 

school community.and thus contribute to the ecological vision that it is essential to


make decisions on issues related to environment. The objective of this research was
to know the conception that Science teachers in elementary educationl have about
Botany and the difficulties faced to teach it. The research is qualitative approach.
The study was carried out with six different science teachers, three teacher
Pedagogy and three teacher Biology, all part of the Municipal Education in the city of
Itabuna-Ba. The data were categorized considering the similarities and differences
between the answers presented. Being categorized according to characteristics and
most relevant ideas. In the results several dificult to the teaching of botany, but all
are related to lack of use between what the student already knows and the content
to be presented by the teacher; conventional theoretical and decorative classes,
making the discipline discouraging. At the end of this research, we perceive the
importance of investigating the excessive timework of the elementary school
teacher, the number of projects that need to be attended to, and that not help
students. These are just two issues that deserve attention in research.
KEYWORDS: Education, Science Teaching, Botany.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 42


 

CAPÍTULO V

A CONSTRUÇÃO DO MÉTODO ESTUDO DE CASO SOBRE


O ENSINO DE CIÊNCIAS PARA OS DISCENTES DA
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
________________________

Mariana Monteiro Soares Crespo de Alvarenga ,

Gerson Tavares do Carmo

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 43


 

A CONSTRUÇÃO DO MÉTODO ESTUDO DE CASO SOBRE O ENSINO DE CIÊNCIAS


PARA OS DISCENTES DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Mariana Monteiro Soares Crespo de Alvarenga


Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Programa de Pós-
graduação em Cognição e Linguagem
Campos dos Goytacazes – RJ
Gerson Tavares do Carmo
Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Programa de Pós-
graduação em Cognição e Linguagem
Campos dos Goytacazes – RJ

RESUMO: O trabalho tem o objetivo de apresentar a construção do método


alternativo Estudo de Caso sobre o ensino de abelhas e produção de mel para os
discentes do Ensino Fundamental da Educação de Jovens e Adultos (EJA). A
metodologia, de natureza qualitativa foi desenvolvida em uma escola da rede
municipal de ensino da VIII fase de escolaridade da Educação de Jovens e Adultos
(EJA) em Campos dos Goytacazes, estado do Rio de Janeiro. O trabalho apresentou
a sequência didática composta por quatro etapas: a primeira caracterizou-se pela
primeira aplicação do Caso, as duas etapas posteriores se dedicaram à troca de
saberes e, a última, pela segunda aplicação do Caso. A escrita dos comentários
iniciais e finais dos alunos para análises posteriores de níveis de percepção foram
registrados pela pesquisadora durante os encontros. A partir dos comentários dos
alunos pôde-se perceber que os discentes aprovaram e abraçaram com êxito os
processos que fizeram parte do desenvolvimento do método de Estudo de Caso.
Apontamos que o método alternativo pode contribuir satisfatoriamente para a
aprendizagem de alguns conteúdos de Ciências Biológicas que envolvam
nomenclaturas e relações com os ambientes e sistemas.
PALAVRAS-CHAVE: Educação de Jovens e Adultos, Estudo de Caso, Aprendizagem,
Ciências.

1. INTRODUÇÃO

A educação libertadora desenvolve o potencial do educando para atuar nas


relações da sociedade, incluindo desde as relações com os seres humanos até o
exercício profissional. Segundo Freire (1987) o ato de ensinar não é transferir
conhecimento, mas fazer com que o estudante construa o seu pensamento. O ato
de educar leva ao indivíduo a desfrutar de uma visão crítica sobre os
acontecimentos do mundo.
No que se refere ao Ensino de Biologia, pesquisas desenvolvidas por
Malafaia e Rodrigues (2008) e Furman (2009) apontam que o ensino das Ciências
Naturais, de maneira geral, limita-se a um processo de memorização de vocábulos,
de sistemas classificatórios e de fórmulas, de modo que os estudantes, apesar de
aprenderem os termos científicos não se apropriam do significado da linguagem

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 44


 

científica. Além disso, há por parte dos docentes, uma ênfase em conhecimentos
factuais, apresentados de forma descontextualizada em relação às outras áreas da
disciplina do currículo (KRASILCHICK, 2008).
Todavia, os poucos trabalhos que abordam o Ensino de Biologia na EJA
apontam que a seleção dos conteúdos de Biologia, na maior parte das vezes, é
feita de forma inflexível, rigorosa, descontextualizada e apresenta carências
metodológicas que dificultam a aprendizagem dos estudantes.
Ademais, o perfil diferenciado desse público e suas heterogeneidades são
desconsiderados (GEGLIO E SANTOS, 2011). Diferentes estratégias didáticas,
investigativas e significativas, como o correto uso de tecnologias e / ou multimídia,
jogos didáticos, mapas conceituais, Estudo de Caso, dentre outras, contribuem
para maiores potencialidades de aprendizagem dos educandos (HUIZINGA, 1980;
KRASILCHIK, 2008; MOREIRA, 2010; SÁ e QUEIRÓZ, 2010).
Em face dessas considerações, o presente trabalho foi escrito com base em
alguns resultados presentes no Trabalho de Conclusão de Curso da autora.
Compartilhamos do entendimento de que as metodologias alternativas contribuem
para a superação de práticas pedagógicas conservadoras no Ensino de Biologia na
EJA.

2. A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

A EJA é uma modalidade da educação básica que representa, sobretudo,


uma oportunidade para que as pessoas possam recomeçar seus estudos. São
pessoas que chegam à escola com crenças e valores já constituídos. Cada aluno da
EJA apresenta uma realidade diferente das dos demais. São pessoas que vivem no
mundo do trabalho, apresentando valores éticos e morais formados, carregando
consigo visões de mundo influenciadas pelos traços culturais e por experiências
nos convívios social, familiar e profissional. Tomados pelo desejo de aprender e
investigar, eles vêm para a sala de aula com olhares ativos, curiosos e exploradores
(MEC, 2006).
A Lei nº 9.394/1996 de 20 de dezembro de 1996 - Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional estabelece em seu Artigo 37, Seção V, que a EJA destina-se
àqueles sujeitos que não tiveram acesso aos estudos na idade adequada.
A EJA é composta por jovens ou adultos que historicamente foram excluídos
pela sociedade, em função da impossibilidade de acesso à escolarização, distorção
idade/série, ou por enfrentamento de situações desfavoráveis, como o fracasso
escolar, origem nas camadas populares, trabalho rural na infância e na
adolescência (OLIVEIRA, 1999; BRUNEL, 2004). Contudo, vale ressaltar que, a
partir da década de 1990, o perfil do público que a frequenta vem se modificando e
observa-se o número crescente de jovens nessa modalidade de ensino (BRUNEL,
2004).
Ainda sobre o perfil desses estudantes, Oliveira (1999) argumenta:

[...] O adulto, para a EJA, não é o estudante universitário, o profissional

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 45


 

qualificado que freqüenta cursos de formação continuada ou de


especialização, ou a pessoa adulta interessada em aperfeiçoar seus
conhecimentos em outra área como artes, línguas estrangeiras ou
música, por exemplo [...] E o jovem, recentemente incorporado ao
território da antiga educação de adultos, não é aquele com uma história
de escolaridade regular, o vestibulando ou o aluno de cursos
extracurriculares em busca de enriquecimento pessoal. Não é também o
adolescente no sentido naturalizado de pertinência a uma etapa
biopsicológica da vida [...]. É bem mais ligado ao mundo urbano,
envolvido em atividade de trabalho e lazer mais relacionados com a
sociedade letrada, escolarizada e urbana (OLIVEIRA, 1999, p.59).

Além disso, os estudantes da EJA estão, em sua maioria, inseridos no


mercado de trabalho ou em busca de trabalho. É um público heterogêneo e
diferenciado daquele da educação regular. Trazem consigo uma história mais longa
de experiências, culturas e reflexões sobre o mundo externo.
Nessa perspectiva, compreendemos que os jovens e adultos levam para a
escola uma bagagem de experiências, cultura, crenças e conhecimentos adquiridos
durante suas vidas. Tais características influenciam o trabalho docente,
distinguindo-o, sobremaneira, daquele realizado com crianças e adolescentes.
A grande maioria deles é especialmente receptiva às situações de
aprendizagem: está aberto aos novos saberes e às vivências propiciadas pela
escola. Essa atitude de surpresa com o conhecimento precisa ser valorizada pelo
corpo docente visto que representa a porta de entrada para exercitar o raciocínio
lógico e o pensamento crítico. Com pequenos passos os estudantes conseguem
construir outro tipo de saber: o conhecimento científico (MEC, 2006).

3. O ENSINO DE BIOLOGIA NA EJA

Em se tratando do ensino de Biologia, conforme explicitado anteriormente,


este tem sido teorizado como tradicional e com privilégio para a memorização e o
excesso de conteúdos, ministrado de forma descontextualizada da produção e da
história da ciência.
Além dos desafios curriculares e pedagógicos que perpassam o Ensino de
Biologia na EJA, vale ressaltar ainda os problemas relacionados ao financiamento
da educação. Os programas da EJA não possuem recursos materiais suficientes
para atender à demanda das escolas, dos professores e dos estudantes. Faltam
profissionais qualificados, materiais didáticos específicos e espaços físicos
adequados.
Em relação à inserção de tecnologias na EJA, Paiva, Machado e Ireland
(2004) ressaltam a ausência de debate político e acadêmico acerca da temática.
Em se tratando do Ensino de Biologia na Educação de Jovens e Adultos
(EJA), verificamos que esta temática ainda é uma lacuna de pesquisa. Porto e
Teixeira (2014) ao realizarem um trabalho de Estado da Arte sobre a temática
afirmaram que:

[…] o ensino de Biologia na EJA ainda é um campo pouco explorado pelas

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 46


 

pesquisas da área de Ensino de Ciências. Além disso, os resultados


apontam que apesar da EJA se constituir como um campo pedagógico
em desenvolvimento, no que tange ao ensino de Biologia, esta
modalidade de ensino representa uma identidade institucional em
construção e são poucos os trabalhos que se propõem a discuti-lo e a
problematizar a natureza dessa modalidade de ensino, suas
especificidades e questões […] (PORTO e TEIXEIRA, 2014, p. 5447).

O Ensino de Biologia na EJA também é influenciado e prejudicado pela


formação docente nos cursos de licenciatura. De acordo com Ribas e Soares
(2012), a Educação de Jovens e Adultos encontra-se diante de antigos e novos
desafios para melhorar a sua qualidade como um todo, dentro desses desafios,
insere-se a formação de professores para atuar nesta modalidade de ensino.

4. MÉTODO ALTERNATIVO NO ENSINO DA EJA: A CONSTRUÇÃO DO ESTUDO DE CASO

O método de Estudo de Caso é uma variante do Aprendizado Baseado em


Problemas (ABP) ou Aprendizado Centrado em Problemas conhecido como Problem
Based Learning (PBL). O PBL teve sua origem na Escola de Medicina da
Universidade de McMaster, Ontário, Canadá, no fim dos anos 60 e logo se
disseminou por faculdades de medicina de muitos países como Holanda
(Universidade de Maastricht), Austrália (Universidade de Newcastle) e Estados
Unidos (Escola de Medicina de Harvard).
Esse método foi desenvolvido com o objetivo de inserir os educandos no
centro do processo educativo, que passam a serem os principais responsáveis
pelos seus aprendizados, provocando neles a capacidade e a habilidade de
resolução de problemas (SÁ e QUEIRÓZ, 2010).
Os Estudos de Casos se constituem em histórias de pessoas que precisam
solucionar seus problemas frente a determinadas questões. Essas narrativas são
chamadas casos. A aproximação com a narrativa do caso e com seus personagens
estimula os alunos na busca de escolhas e posterior tomada de decisão. Esse
método pode ser classificado, de acordo com as abordagens e os tipos de
perguntas, em: experimento, pesquisa histórica, estudo de caso/ pesquisa
exploratória, survey e análise de arquivos, como exemplos (SÁ e QUEIRÓZ, 2010).
Na construção do Estudo de Caso, algumas regras básicas devem ser
compartilhadas a fim de que o texto seja estruturado, envolvente e de modo que
desperte o interesse dos estudantes. As fontes para o desenvolvimento dos Casos
podem ser notícias de revistas, filmes, artigos científicos, vídeos, etc. Sá e Queiroz
(2010) listam as etapas que normalmente são seguidas durante a construção de
um bom caso.
A primeira etapa é a escolha do assunto principal que será utilizado no texto
e que deve ser relevante dentro da disciplina que será abordada. A segunda etapa
constitui-se em listar os conceitos e as habilidades que serão abordados, para que
estes aspectos sejam considerados na construção do Estudo de Caso. No terceiro
estágio, deve ser construída uma lista com os personagens do Caso, com

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 47


 

características importantes à situação apresentada. Na última etapa, devem ser


formuladas as questões abertas do caso e outros questionamentos que ajudarão
os educandos durante a sua resolução. Durante o processo de aplicação do Caso, o
professor deve ser o mediador do conhecimento, direcionando, intervindo,
questionando e orientando as discussões.
Dessa forma o estudante se torna o principal construtor de seus saberes.
Herreid (1998) e Reis (2011) identificam algumas características que um “bom
Caso” deve apresentar: um título, narrar uma história, despertar interesse pela
questão, tratar de problemas da atualidade, explicitar o objetivo, produzir empatia
entre os estudantes e os personagens da narrativa, ser relevante para o curso e
para o aluno, ter uma pergunta aberta, provocar conflitos e forçar a tomada de
decisões, ter utilidade pedagógica, apontar outras questões, ser curto.

5. A PEDAGOGIA DA PERGUNTA: A BASE DO ESTUDO DE CASO

Nesse trabalho, utilizamos a Pedagogia da Pergunta (FREIRE e FAUNDEZ,


1996). De acordo com esses autores é importante apresentar viés e caminhos
transformadores em busca de uma nova maneira de ensinar, baseada no diálogo e
na pergunta.
A educação proposta por eles visa à libertação e a busca pelo pensamento
crítico e reflexivo. Freire e Faundez (1996) também versam sobre o fato de que é
essencial haver uma inovação das práticas pedagógicas para melhorar
qualitativamente o ensino levando em consideração o conhecimento preexistente
dos estudantes, de acordo com o que defendem os autores Pozo e Crespo (2009).
A Pedagogia da Pergunta tem como base uma aprendizagem mediada por
perguntas a partir das quais é possível investigar um problema e encontrar
soluções para tal, de forma que se desenvolva um pensamento crítico, ativo e
criativo nos estudantes. Freire (1996) defende que todo conhecimento começa
pela curiosidade, que é uma pergunta. É na pergunta que está o interesse, do
interesse surge o questionamento e deste provém a busca por significados.
Assim, diferentes habilidades nascem do interesse e da maneira de pensar
criticamente.
Nesse contexto, o Estudo de Caso, que se constitui como uma situação-
problema se insere neste ponto. Como comentado anteriormente este método
busca inserir o estudante no centro de seu processo de aprendizagem e para
que isso aconteça o professor deve ser o mediador do ensino, de forma que
haja o diálogo e motivação entre educador e educando. Nesse processo, a
pergunta estimula pelo saber dos estudantes, promove a curiosidade e faz com
que os alunos queiram construir novos conhecimentos.
Assim, o objetivo deste trabalho é o de apresentar a construção do
método alternativo Estudo de Caso sobre o ensino de Ciências e as percepções
dos alunos contidas em comentários sobre o método utilizado.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 48


 

6. METODOLOGIA

Para a aplicação do Caso construído pelos autores pesquisadores,


realizamos a sequência didática composta por quatro encontros com os
estudantes. Contamos com a participação de 27 alunos no primeiro encontro e 29
alunos no segundo encontro.
A aplicação do Estudo de Caso denominado: “O caso da abelha rainha: o
dilema de Luíza” constituiu-se de oito questões relacionadas à produção de mel e
às abelhas, organismos pertencentes à Ordem biológica Hymenoptera. O trabalho
foi realizado em uma turma de VIII fase (8º ano) da modalidade EJA, do período
noturno, em uma instituição municipal de ensino de Campos dos Goytacazes,
estado do Rio de Janeiro. Para preservar suas identidades, os alunos não foram
identificados.
Para a construção do Caso os autores pesquisadores leram sobre temas
atuais, curiosos, interessantes e que tivessem semelhanças com a disciplina que
os alunos estavam estudando. Além disso, as perguntas foram pensadas com o
objetivo de estimular a imaginação do estudante.
Pode-se observar que os questionamentos, a maior parte deles, não foram
voltados para definições simples e curtas dos acontecimentos, mas sim voltados
para o efetivo pensamento, curiosidade e construção do conhecimento dos
estudantes. Para isso utilizamos perguntas iniciando-se com palavras como
exemplos: “Como?”, “Por que?” “Será?”, como representado no Estudo de Caso
utilizado na aula representada na seção a seguir.

6.1 Estudo de caso

Colégio Municipal Maria Lúcia


Data:
Nome:
Ano: 2015
Série:

O caso da abelha rainha: o dilema de Luíza

Luíza sempre viveu com os pais em uma humilde propriedade, em Rio


Negrinho, Estado de Santa Catarina. Seus pais tinham poucos recursos, o único
sustento financeiro da família era a venda da produção de mel. Como Luíza
precisava ajudar os pais no trabalho, não conseguiu terminar o Ensino
Fundamental na idade adequada, por isso, para fazer o Ensino Médio procurou
uma escola que tivesse Educação de Jovens e Adultos (EJA). Luíza conseguiu
matricular-se na Escola Municipal Professor Alberto Tomelin, naquele município. Lá,
ela aprendia muito nas disciplinas como ciências, matemática, história e português.
A matéria que ela mais gostava era biologia, a parte dos seres vivos, principalmente

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 49


 

de abelhas. Estava no 2º bimestre do Ensino Médio. No período de férias de Luíza,


seus pais, Dona Catarina, agricultora, e Seu João, apicultor, ficaram espantados ao
perceber que na sua propriedade a quantidade de mel estava diminuindo. E a
venda de mel era o sustento da família. A situação era bastante preocupante. Luíza
observou a expressão triste dos pais e comentou:
- Estou preocupada, pai! Como vocês vão fazer para sustentar a casa?
- Filha, é uma situação muito preocupante mesmo! Sem a venda do mel
não tenho como sustentar você e a nossa pequena propriedade aqui. O que vamos
fazer??
- Não sei pai, mas tenho que pensar em uma solução para amenizar este
problema! Luíza, triste, estava com um semblante bem desanimado. Olhou para as
colmeias, e como gostava e precisava muito daquelas abelhas, tentou pensar em
uma solução para aumentar a quantidade de mel produzido. De repente, ela olhou
para o chão e avistou quatro abelhas rainhas mortas ali. Como um estalo veio-lhe à
mente as possíveis causas da redução de abelhas na colmeia.

Primeiro momento de reflexão

Como Luiza sabia que aquelas abelhas eram rainhas? Dê ideias. Para você,
o que pode ter matado as abelhas rainhas? Dê ideias.
Você acha que a redução de mel tem a ver com a morte das abelhas
rainhas? Por quê?

Continuação do caso

Luiza voltou para casa preocupada, lembrando daquelas quatro abelhas


mortas. A família possuía onze colmeias (uma caixa de abelha corresponde a uma
colmeia que possui uma abelha rainha).
Luiza não dormiu direito à noite. Pela sua cabeça passaram muitas ideias
para solucionar o problema de manter a quantidade de mel para vender. Duas
ideias ficaram latejando em sua mente, pois eram dois dilemas:
1. Comprar quatro abelhas rainhas. Mas como fazê-lo se a família não tem
dinheiro reserva e as abelhas poderiam continuar morrendo?
2. Aumentar artificialmente o volume do mel. Mas como fazê-lo sem prejuízo
para a qualidade do mel?

Segundo momento de reflexão

Ajude a Luiza a resolver seus dilemas, pesquisando sobre: É possível


comprar uma abelha? Como?
É possível aumentar artificialmente o volume do mel, como? Até que
proporção é possível sem prejuízo da qualidade do mel? Você, amigo (a) de Luíza,

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 50


 

terá que ajudá-la a pensar em uma solução para aumentar a quantidade de mel.

Questões

a) Quais são os conselhos que você pode dar a Luíza para aumentar a
quantidade de mel sem perder a qualidade?
b) Como você pode saber se o mel é puro ou não?
c) Por que ela começou a pensar em aumentar o mel?
d) Como Luíza pôde saber que as abelhas vistas são as abelhas rainhas?
e) O que pode ter ocasionado a morte das abelhas rainhas?
f) Que outras formas podem contribuir para o desaparecimento das
abelhas?
g) Como a rainha ajuda na produção de mel e qual sua importância na
permanência da colmeia?
h) Será que a Luíza poderia comprar abelhas rainhas para colocar nas
colmeias?

As atividades realizadas na sequência didática estão apresentadas na


Figura 1:

Figura 1. Representação esquemática das etapas de aplicação do “O caso da abelha rainha: o


dilema de Luíza”
Fonte: Elaborado pelos autores

Na primeira aplicação foi necessária leitura do caso, discussões,


identificação dos problemas, perguntas provocativas e aproximadamente 50
minutos para que os estudantes respondessem às perguntas contidas no mesmo.
Nessa etapa os estudantes contavam sobre as abelhas que estavam acostumadas
a observar, comentavam da qualidade do mel na região Norte Noroeste
Fluminense, perguntavam se todas as abelhas possuíam ferrão, se o mel é um bom
alimento para tratar de problemas de garganta, se o mel adulterado tem açúcar ou

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 51


 

não, dentre outras.


Na troca de saberes muitos ficavam curiosos a respeito de quantas
abelhas poderiam ser comportadas dentro de uma colmeia. Já outro estudante fez
o seguinte comentário: “Nossa, não sabia que um animal tão pequeno é tão
importante assim”. Outros alunos falavam que realmente não sabiam da
importância das abelhas e que passariam a preservá-las. Na última etapa, foi
aplicado o caso original, baseado em perguntas investigativas voltados para os
novos conhecimentos dos alunos, dialogados na troca de saberes. O professor
pesquisador intervinha, discutia, orientava e dialogava com os estudantes. Essa
etapa durou 50 minutos.

7. RESULTADOS E DISCUSSÃO

No início e ao final dos quatro encontros os alunos fizeram comentários e


questionamentos em relação à dinâmica do método Estudo de Caso. Os
comentários foram anotados no caderno de campo da pesquisadora. Os
comentários e perguntas foram organizados em categorias:

Comentários dos alunos no início da sequência didática

1. Categoria relacionada à dúvida dos alunos:


“Não sei”.
“Por quê as abelhas estão morrendo?” “O mel é feito de quê?”
“Quanto custa uma abelha rainha?” “As abelhas comem o mel?”
“A abelha fica diabética se comer muito mel?”
“É verdade que se a abelha picar a gente morre e ela também?” “Acho que a
gente não pode comprar uma abelha rainha”.
2. Categoria relacionada à impossibilidade de Luíza comprar abelhas:
“Ela não tem como comprar abelha porque não tem dinheiro”.
3. Categoria relacionada ao desinteresse dos alunos:
“Vamos acabar logo com isso, as abelhas tão dando muito trabalho”.
4. Categoria relacionada à Pedagogia da Pergunta:
“Não sei, eu estou aqui para aprender.” Como eu vou saber?
“Temos que estudar para saber essas perguntas” Categoria relacionada à
garantia de abelhas: “Ela pode caçar mais abelhas!”
5. Categoria relacionada à caracterização do mel puro:
“O mel puro é mais saboroso”.

Comentários dos alunos ao final da sequência didática

1. Categoria relacionada à importância das abelhas:


“Nossa, não sabia que bichos tão pequenos como as abelhas são tão

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 52


 

importantes na natureza”! “Sem as abelhas não tem alimentos”.


“Sem a abelha rainha não tem colméia”. “As abelhas são muito
importantes”.
“As abelhas rainhas são as mais grandes da colméia e são importantes”.
2. Categoria relacionada à importância do mel:
“O mel é bom pra tratar de problemas de garganta, meu primo disse que usa
mel pra tratar dessas coisas”.
3. Categoria relacionada às aulas e as habilidades escrita e oral
desenvolvidas:
“Desenvolvi muito minha fala e escrita, também aprendi muito os
conhecimentos” “Adorei as aulas”.
“Aprendi muito”.
“Aula Massa”.
“Muito bom termos o conhecimento”.
4. Categoria relacionada à Pedagogia da Pergunta:
“Acho que essas perguntas foram legais para nos provocar” “Perguntas
interessantes”.
“Essas perguntas me fizeram pensar mais sobre o mel e a importância das
abelhas”.
No que tange às falas dos alunos, houve uma notável diferença entre os
comentários anteriormente e posteriormente ditos, como ocorreram nas categorias,
sendo que anteriormente os alunos apresentaram dúvidas, alguns estavam um
pouco interessados, mas havia alguns outros desinteressados também.
Anteriormente os alunos sentiram dúvidas, ficaram-se perguntando sobre o tema,
mas se sentiram motivados e curiosos quanto à dinâmica. Após a dinâmica, eles
sentiram-se satisfeitos, enxergando a real necessidade destes organismos,
expressando-se em falas, bem como em melhorias na habilidade oral e escrita (SÁ;
QUEIRÓZ, 2010).

8. CONCLUSÃO

Por meio deste trabalho pôde-se perceber a importância da utilização do


método alternativo de Estudo de Caso, desenvolvido no sentido de tornar o
aprendizado mais atraente, dinâmico e focado no estudante, que passa a ser o
principal personagem do seu aprendizado. Isso retira o professor de sua função de
apenas transmitir os conhecimentos, tornando-o mediador da aprendizagem.

REFERÊNCIAS

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  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 53


 

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2010.

ABSTRACT: The objective of this work is to present the construction of the


alternative method Case Study on the teaching of bees and honey production for
the students of Elementary School of Youth and Adult Education (EJA, in
Portuguese). The qualitative methodology was developed in a school of the
municipal education network of the eighth grade of EJA in Campos dos Goytacazes,
state of Rio de Janeiro. The work presented the didactic sequence composed of four
stages: the first one was characterized by the first application of the Case, the two
following stages were dedicated to the exchange of knowledge, and the last one, by
the second application of the Case. The students' initial and final comments writing
were recorded by the researcher during the meetings for subsequent analysis of
perception levels. From the students' comments it was possible to see that the
students successfully approved and embraced the processes that were part of the
development of the Case Study method. We point out that the alternative method
can contribute satisfactorily to the learning of some Biological Sciences contents
that involve nomenclatures and relations with the environments and systems.
KEYWORDS: Youth and Adult Education. Case study. Learning. Science.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 55


 

CAPÍTULO VI

ATIVIDADES LABORATORIAIS: A IMPORTÂNCIA DAS


MACROMOLÉCULAS NO NOSSO ORGANISMO
________________________

Hudson Guilherme Silva da Costa ,

Ranyelly Gomes Alves ,

Thiago Emmanuel Araújo Severo

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 56


 

ATIVIDADES LABORATORIAIS: A IMPORTÂNCIA DAS MACROMOLÉCULAS NO NOSSO


ORGANISMO

Hudson Guilherme Silva da Costa


Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Natal – RN
Ranyelly Gomes Alves
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Natal – RN
Thiago Emmanuel Araújo Severo
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Natal – RN

RESUMO: A utilização de atividades práticas no ensino é uma das principais formas


de aguçar a curiosidade do aluno, despertando o gosto pela ciência e pelo
conhecimento científico. Dentre elas, podemos destacar a experimentação como
sendo essencial para o ensino de ciências, pois elas promovem maior interação e
aprendizado entre professor e aluno, porém, são encontradas diversas dificuldades
para a concretização desse tipo de ferramenta no ensino de ciências, devido à falta
de interesse e possível rejeição dos conteúdos por parte dos alunos. Para reverter
isso, o docente deve ter apropriação do conteúdo e ser capaz de desenvolver várias
ferramentas de ensino, utilizando-se principalmente de materiais simples. Tendo o
contexto voltado para trabalhar as macromoléculas presentes na alimentação com
promoção à saúde, este trabalho visa objetivar o relato de experiência de uma
atividade de intervenção utilizando-se do laboratório de ciências e de ferramentas
simples do dia a dia. A intervenção foi realizada na Escola Estadual Berilo
Wanderley em Natal/RN com os alunos da primeira série do ensino médio no ano
de 2016. Por meio disto, os alunos tiveram de identificar as macromoléculas
presentes em alimentos por eles consumidos, utilizando-se de reações com
componentes químicos e a partir disto, eles elaborariam hipóteses sobre o que
tinha acontecido com cada alimento, se reagiu ou não ao composto químico. Notou-
se a grande ansiedade por parte dos estudantes de estarem naquele ambiente
realizando um experimento químico, demonstrando a falta de atividades práticas
em laboratório realizadas pelos professores da escola.
PALAVRAS-CHAVE: Atividades Práticas, Experimentação, Ensino de Ciências,
Laboratório, Macromoléculas.

1. INTRODUÇÃO:

O uso de atividades práticas promove maior interação entre professores e


alunos, e o aprendizado tornam-se muito mais significativo, e consequentemente
aumentam a satisfação do aluno em querer aprender (CARDOSO, 2013). Sobre
isto, Hodson (1994), argumenta que as atividades práticas são uma forma em que
os docentes podem utilizar como uma ferramenta de estimulação do interesse dos

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 57


 

seus alunos, além disso, elas promovem o desenvolvimento de um conhecimento


científico de forma crítica sobre as questões do mundo, tornando o ensino de
ciências mais atrativo e dinâmico. As atividades práticas devem estar situadas em
um contexto de ensino e aprendizagem em que se desenvolvem tarefas de
compreensão, interpretação e reflexão (ANDRADE, 2011).
Ainda de acordo com Hodson (1994), as atividades práticas, onde como
exemplo podemos citar a experimentação, auxiliam a um melhor entendimento de
diversos processos científicos.

A experiência em laboratório é essencial para um bom Ensino de


Ciências. Em parte, isto se deve ao fato de que o uso de atividades
práticas permite maior interação entre o professor e os alunos,
proporcionando, em muitas ocasiões, a oportunidade de um
planejamento conjunto e o uso de estratégias de ensino que podem levar
a uma melhor compreensão dos processos das ciências (ROSITO, 2008).

Segundo dados de Caon (2005), foram mostrados que aulas de laboratório


e de experimentação são fundamentais para o processo de ensino-aprendizagem
em Ciências e Biologia, embora eles estejam aquém da realidade escolar do dia a
dia, sendo isto justificado por docente por fatores como: excesso de alunos em
uma única turma; carga horária elevada; conteúdos extensos e exaustivos;
limitações na qualidade executiva de experimentos ou simplesmente falta de gosto,
o que torna desalentador aos professores a utilização de laboratórios para suas
aulas. Os docentes sabem da importância destas aulas, mas elas necessitam ser
bem preparadas e motivadoras para os alunos, com o intuito de eles construírem
um novo conhecimento.
Como o ensino de fatos, fórmulas e teorias de forma tradicional e ainda sem
correlações com contextos de vida e sociedade é bastante comum, Nascimento
(2017) ainda reforça que a problemática do ensino de ciências como um todo é
acentuado devido ao fato de que as atividades práticas ainda são escassas na
maioria das instituições, dificultando o alcance de importantes competências,
ocasionando um elevado nível de desgosto e insatisfação por parte dos alunos,
levando-os muitas vezes a desenvolver uma aversão a esta área de conhecimento.
Os professores, ao deixarem de utilizar atividades práticas, podem estar
incorporando formas de ação presentes historicamente no ensino, pautados pela
abordagem tradicional, sem maiores reflexões sobre a importância da prática na
aprendizagem das Ciências (ANDRADE, 2011).
Krasilchik (2005) afirma ainda que para contornar possíveis problemas, o
docente deverá ter apropriação do conteúdo, além de conhecer diversas técnicas
de ensino, obtendo assim atributos para tornar suas aulas mais interessantes e
dinâmicas, além de tornar tudo significativo para o aluno. Devem-se levar em conta
ainda as exigências e necessidades da prática docente e a conjuntura em que
estão inseridos os alunos e a escola.
Dentre os conteúdos na área de ciências e biologia, podemos destacar a
variedade das macromoléculas presentes na alimentação humana, onde por meio
deste, pode-se trabalhar questões que sejam significativas para o aluno. Estudos

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 58


 

de Santos (2005) mostram que há uma crescente necessidade da educação


alimentar e nutricional, no que diz respeito à promoção da saúde do indivíduo
sendo esta corroborada por uma alimentação saudável. Com isto, a escola torna-se
o espaço ideal para ser o desenvolvedor de atitudes relacionadas à temática de
alimentação saudável.
O objetivo deste artigo é relatar a experiência de Estágio Supervisionado
com intervenção na área de ciências e biologia, onde foi proposta a utilização ativa
do laboratório de ciências para atividades práticas, onde os mesmos poderão
identificar proteínas, lipídeos e carboidratos de acordo com dados coletados
previamente sobre seus hábitos alimentares. Durante a atividade também foi
debatido com os alunos os possíveis desequilíbrios nutricionais no consumo dessas
macromoléculas, fazendo por onde os mesmos adquiram a consciência de uma
alimentação saudável.

2. METODOLOGIA

Este relato de experiência tem como base parte de uma proposta de


intervenção, realizada na Escola Estadual Berilo Wanderley, situada no bairro de
Neópolis em Natal/RN, tendo como alvo cerca de 40 alunos, com faixa etária
média de quinze anos, da 1ª Série C do Ensino Médio durante o ano de 2016.
Para a realização da atividade prática em laboratório, foram utilizados os
materiais descritos na tabela 1.

MATERIAIS UTILIZADOS
ALIMENTOS ITENS DE LABORATÓRIO
Leite Água destilada
Pão Tubos de ensaio
Farinha Pinça para tubo de ensaio
Sal Placas de Petri
Feijão triturado Conta-gotas
Arroz triturado Fogareiro
Tintura de Iodo
Hidróxido de Potássio 10%
Hidróxido de Sódio
Sulfato de Cobre a 0,5%
Tabela 1: Materiais utilizados na intervenção.

Esta atividade prática teve a duração de duas aulas com 50 minutos cada e
os alunos foram divididos em oito grupos com cinco componentes cada, onde dois
grupos ocuparam uma bancada. Durante a primeira aula, as práticas para
identificação de carboidratos e proteínas foram realizadas utilizando-se de um
roteiro acerca do assunto abordado no experimento, além do procedimento prático
e questões associadas para auxiliar a identificação de cada macromolécula.
Foi proposta aos alunos a identificação da macromolécula em maior ou

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 59


 

menor quantidade que tinha em cada tubo de ensaio e em cada placa de Petri
apresentados, diferenciando-os de acordo com a cor que o alimento apresentasse
em contato com o reagente. Para proteínas foram utilizados o Sulfato de Cobre a
0,5% e o Hidróxido de Sódio e para carboidratos foi utilizado a Tintura de Iodo. Eles
também teriam de identificar qual tubo de ensaio e qual placa de Petri não tem a
presença de nenhuma dessas macromoléculas (Tabela 2). Ao término da atividade,
os mediadores recolheram os roteiros para serem debatidos posteriormente.

PRÁTICA PROTEÍNAS PRÁTICA CARBOIDRATOS


1º Tubo de ensaio: Maior quantidade de 1ª Placa de Petri: Maior quantidade de
proteínas. carboidratos.
2º Tubo de ensaio: Menor quantidade de 2ª Placa de Petri: Menor quantidade de
proteínas. carboidratos.
3º Tubo de ensaio: Ausência de proteínas. 3ª Placa de Petri: Ausência de carboidratos.
Tabela 2: Divisão dos materiais utilizados na prática de identificação de carboidratos e proteínas.

Na segunda aula, foi realizada a prática de identificação de lipídeos, onde os


alunos tiveram de verificar em qual tubo continha a substância rica desta
macromolécula com o auxílio de Hidróxido de Potássio 10%. A divisão dos materiais
segue demonstrada na Tabela 3.

PRÁTICA LIPÍDEOS
1º Tubo de ensaio: Presença de lipídeos
2º Tubo de ensaio: Ausência de lipídeos
Tabela 3: Divisão dos materiais utilizados na prática de identificação de lipídeos.

Após a realização das atividades práticas no laboratório, devolvemos os


roteiros para os alunos e discutimos com eles a respeito das atividades realizadas,
onde os mesmos verificavam se haviam correspondido as expectativas do roteiro,
além de elaborarem hipóteses para as reações terem acontecido. Os roteiros
utilizados nesta intervenção foram previamente selecionados pelo grupo, sendo
eles adaptados do Portal Brasil Escola e do livro didático “Química na abordagem
do cotidiano” (Peruzzo e Canto, 2003).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO:

Diante da intervenção em laboratório feita para a retomada dos assuntos


relacionados à temática, foi notório um aumento da curiosidade e estímulo por
parte dos alunos. Apesar da presença do roteiro, os próprios alunos conduziram as
atividades, tanto na ação de pipetar os reagentes, quanto nas discussões após a
prática. De modo geral, foi observado ainda que mesmo motivados à realização dos
procedimentos, houve uma grande dificuldade de leitura do próprio roteiro
disponibilizado em todos os grupos, onde supomos que isto ocorreu devido ao
pouco hábito de realizar a leitura de modo geral ou a ansiedade de estar em um

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 60


 

laboratório realizando um experimento científico. Porém, as expectativas do grupo


de intervenção foram atendidas no espectro das respostas e entendimento dos
alunos a respeito do conteúdo abordado na intervenção realizada, constatada
durante a discussão após as práticas de laboratório.
Recomendamos ainda que os professores da Escola Estadual Berilo
Wanderley incentivem os alunos ao hábito da leitura de textos, principalmente os
que envolvam os assuntos relacionados a assuntos do dia a dia e o conteúdo
trabalhado em sala de aula. Além disso, demonstramos que é possível a utilização
do laboratório de ciências para atividades práticas utilizando metodologias simples
com utensílios de fácil aquisição.

4. CONCLUSÃO:

Torna-se importante esclarecer que apesar das dificuldades encontradas


pelo grupo de intervenção durante a realização da atividade prática, conseguimos
comprovar e utilizar os espaços disponíveis da escola a favor do processo de
ensino-aprendizagem, utilizando-se principalmente de materiais simples presentes
na realidade de todas as pessoas. Reforçamos ainda que este processo é mais
prazeroso quando ocorre a integração geral da turma, onde cada um aprende um
pouco com aquele que está próximo, compartilhando conhecimentos, como
defendido pela teoria freireana.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, M. L. F.; MASSABNI, V. G. (2011) O desenvolvimento de atividades


práticas na escola: um desafio para os professores de ciências. Ciência &
Educação, v. 17, n. 4, p.835-854, Campinas, São Paulo.

CAON, C. M. (2005) Concepções de professores sobre o ensino e a aprendizagem


de ciências e de biologia. 94 f. Dissertação (Mestrado em Educação em Ciências e
Matemática) – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre,
Rio Grande do Sul.

CARDOSO, F. S. (2013) O uso de atividades práticas no ensino de ciências: Na


busca de melhores resultados no processo ensino-aprendizagem. Monografia
(Obtenção do título de Licenciatura em Ciências Biológicas) – Centro Universitário
UNIVATES, Lajeado, Rio Grande do Sul.

FOGAÇA, J. Verificação da presença de amido em alimentos. Disponível em:


http://educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/verificacao-presenca-
amido-alimentos.htm. Adaptado. Acesso em: 20 abr. 2016;
HODSON, D. (1994) Hacia un enfoque más critico del trabajo de laboratorio.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 61


 

Enseñanza de las Ciencias, v. 12, n. 3, p. 299-313, Barcelona, Espanha.


KRASILCHIK, Myriam. (2005) Prática de ensino de biologia. 4ª ed. São Paulo:
Edusp, São Paulo.

NASCIMENTO, E. B.; OLIVEIRA, L. N. (2017) Identificação das concepções dos


estudantes de cursos técnicos sobre as atividades experimentais de ensino de
Física. Revista Espaço Acadêmico, Ano XVI, n. 191, Goiânia, Goiás.

PERUZZO, F. M.; CANTO, E. L. (2003) Química na abordagem do cotidiano. Ed.


Moderna; São Paulo, SP.

ROSITO, B. A. (2008) O ensino de ciências e a experimentação. In: Roque Morais.


(Org.) Construtivismo e ensino de ciências: Reflexões epistemológicas e
metodológicas 3ª Edição. EdiPUCRS, 2008. P. 195-198, Porto Alegre, Rio Grande
do Sul.

SANTOS, Vanessa. Identificação de proteínas. Disponível em:


http://educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/identificacao-de-
proteinas.htm. Acesso em: 20 Abr. 2016.

SANTOS, L. A. S. (2005) Educação alimentar e nutricional no contexto da promoção


de práticas alimentares saudáveis. Rev Nutr.; 18(5):681-692, Campinas, São Paulo.

ABSTRACT: The use of practical activities in teaching is one of the main ways to whet
the student’s curiosity, arousing the taste for science and scientific knowledge.
Among them, we can highliht the experimentation as essential for the teaching of
sciences as the promote greater interaction between teacher and student, however,
several dificulties are encountered for the concretization of this type of tool in
science teaching, due to the lack of interest and possible rejection of content by
students. In order to reverse this, the teacher must take ownership of the content
and be able to develop various teaching tools, using mainly simple materials. Having
as context to work the macromolecules present in food as health promotion, this
work aims to objectify the experience report of an intervention activity using the
science laboratory and simple tools of everyday life. The intervention was carried
out at the State School Berilo Wanderley in Natal/RN with the students of the first
hight school in the year 2016. By means of this, the students had to identify the
macromolecules present in foods consumed by them, using reactions with chemical
components and from this, they would elaborate hypotheses about what has
happened with each food, whether or not reacted to the chemical compound. It was
noted that students were very anxious to be in that environment conducting a
chemical experiment, demonstrating the lack of practical laboratory activities
performed by the school teachers.
KEYWORDS: Practical activities, experimentation, science teaching, laboratory,
macromolecules.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 62


 

CAPÍTULO VII

AVALIAÇÃO EM AULAS DE BIOLOGIA: OLHARES DE


PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA
________________________

Carlos Bruno Cabral de Oliveira ,

Mariana Guelero do Valle ,

Brenna Yonarah Santiago Avelar

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 63


 

AVALIAÇÃO EM AULAS DE BIOLOGIA: OLHARES DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO


BÁSICA

Carlos Bruno Cabral de Oliveira


Universidade Federal do Maranhão, Departamento de Biologia
São Luís – Maranhão
Mariana Guelero do Valle
Universidade Federal do Maranhão, Departamento de Biologia
São Luís – Maranhão
Brenna Yonarah Santiago Avelar
Universidade Federal do Maranhão, Departamento de Biologia
São Luís – Maranhão

RESUMO: Este trabalho objetivou analisar as concepções de professores de


Biologia sobre avaliação, com foco nas definições e funções da avaliação em seus
discursos. A pesquisa, um estudo de caso, foi realizada em uma escola estadual de
Ensino Médio em São Luís, MA, com os três professores de Biologia da instituição.
A coleta de dados ocorreu primeiramente com observações de aulas e, em seguida,
foram realizadas entrevistas semiestruturadas. Os dados das entrevistas foram
submetidos à análise de conteúdo em três etapas: pré-análise, exploração do
material e interpretação dos dados. Sobre as definições de avaliação, alguns
professores apresentaram dificuldades em conceituar o que é avaliação; sobre a
recuperação, ainda que os professores tenham enfatizado que ela não deve ser
somente uma prova, notou-se que ainda recaiu apenas sobre o aluno a
responsabilidade de recuperar; quanto aos participantes da avaliação,
identificaram-se agentes de dentro e fora do ambiente escolar. Sobre as funções da
avaliação, dois professores relataram avaliar para fazer diagnósticos e conhecer
melhor seus alunos, enquanto que um professor associou o ato de avaliar à
quantificação dos rendimentos do aluno; sobre a função da recuperação, os
professores relataram que seu papel é permitir ao aluno poder aprender um
conteúdo que já deveria conhecer. Percebeu-se, assim, que os entendimentos
apresentados pelos professores foram de concepções mistas, por vezes ainda
bastante ligados à lógica mais tradicional de avaliação. Dessa maneira, é
necessário trabalhar as concepções de avaliação de professores para que estes
possam aderir a práticas que favorecem a aprendizagem do aluno.
PALAVRAS-CHAVE: Avaliação. Ensino de Biologia. Prática docente. Análise de
conteúdo. Concepções.

1. AS DIFERENTES FACES DA AVALIAÇÃO

A avaliação, prática essencial da atividade docente, tem despertado a


atenção de diversos autores nacionais e internacionais nas últimas décadas, cujas
obras demonstram o quanto a temática, enquanto peça central do processo de
ensino-aprendizagem, está diretamente relacionada a outras questões da
Educação, desde o planejamento de aulas até a formação de professores (ZABALA,
1998; PERRENOUD, 1999; HADJI, 2001; LUCKESI 2008). Por essa razão,

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 64


 

considera-se necessário um aprofundamento nas discussões sobre avaliação visto


o alcance que a temática tem na prática docente.
A avaliação surge no ambiente escolar em meados do século XVII, mas sua
implantação como prática comum das instituições de ensino em massa acontece a
partir do século XIX com a escolaridade obrigatória. Essa avaliação, que gera notas
e classifica os rendimentos dos alunos, é conhecida como avaliação somativa
(PERRENOUD, 1999). Em alternativa ao enfoque em resultados, Scriven (1967)
propõe uma mudança nas práticas avaliativas. Para o autor, a avaliação deve estar
a serviço da aprendizagem do aluno, sendo toda sua trajetória levada em
consideração em vez de apenas os resultados ao fim do processo, sendo chamada
de avaliação formativa.
A avaliação somativa possui um caráter cumulativo, sendo feita depois que
os conteúdos são ministrados. Nesse sentido, as notas geradas são uma
quantificação da qualidade do rendimento do educando de acordo com parâmetros
pré-definidos. Dessa maneira, medir os desempenhos dos alunos para atribuir
notas significa mensurar e quantificar com precisão universal tal desempenho de
maneira que um determinado dado sempre gere a mesma nota. O problema em se
ter a avaliação como uma medida de desempenhos está na subjetividade daquele
que avalia, sujeita a incontáveis variações escolares e sociais (HADJI, 2001).
Para Luckesi (2008), as notas recebem atenção demasiada ao longo do ano
letivo, não importando como as notas foram alcançadas, mas apenas se foi
possível atingir o mínimo necessário para ser aprovado. Nesse cenário, é comum
que o professor utilize a avaliação para ameaçar os estudantes com questões
difíceis e notas baixas a tal ponto que o educando passa a se dedicar aos estudos
não mais pela vontade de estudar, mas para alcançar notas suficientes para ser
aprovado. Para o referido autor, é necessário que haja o rompimento desse modelo
de avaliação escolar para que seu verdadeiro papel, de um instrumento dialético de
diagnóstico para o crescimento, possa ser cumprido.
É justamente com essa função diagnóstica que a avaliação formativa se
volta, então, para o processo de aquisição do conhecimento pelo aluno. A avaliação
formativa acontece por meio da constante observação dos desempenhos dos
educandos pelo professor. “A observação é formativa quando permite orientar e
otimizar as aprendizagens em curso sem se preocupar de classificar, certificar,
selecionar” (PERRENOUD, 1999, p. 104). Para o autor, toda avaliação que contribua
para otimizar o desenvolvimento das aprendizagens, por mais pouco que seja, é
formativa.
Zabala (1998) pondera que o professor deve ter à disposição todos os dados
sobre o progresso do aluno para saber quais medidas educativas tomar, devendo
ter um bom registro da aprendizagem, dos resultados e das medidas. O professor
deve conhecer o desempenho individual do educando e como este se encontra
perante a turma e as finalidades do curso. Nessa concepção, o diagnóstico está a
serviço tanto do aluno quanto do professor à medida que este ajusta seu
planejamento para se adequar às necessidades de seus alunos.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 65


 

2. A AVALIAÇÃO NO ENSINO DE BIOLOGIA

Enquanto disciplina escolar, a Biologia tem por objetivo educacional geral o


desenvolvimento da curiosidade e da vontade de aprender por meio do
questionamento e da investigação. Nas avaliações, é necessário ter em vista a
dinâmica dos ecossistemas, dos organismos, os processos naturais e como a vida
inicia e se desenvolve (BRASIL, 1999).
Nas aulas de Biologia, o professor dispõe de diversos momentos em que a
observação pode ser usada para gerar diagnósticos com valiosas informações
acerca do progresso dos estudantes. Tradicionalmente, as aulas de campo e as
com experimentos, por exemplo, são momentos em que o docente pode promover
situações para verificar a interação dos alunos com seus colegas, suas
explanações, o uso e a aplicação de conceitos trabalhados em aulas anteriores,
posteriormente fazendo os ajustes do planejamento que julgar necessários.
Em uma aula de Biologia, espera-se que o aluno seja capaz de lidar com
situações-problema, formular hipóteses, executar experimentos e discutir os
resultados obtidos (BIZZO, 2012). Nesse cenário, portanto, é imprescindível que o
professor faça uma avaliação processual de seus alunos à medida que estes
aprendem e aplicam o que estudaram.
Tendo em vista a importância da avaliação para a prática docente, esta
pesquisa objetivou analisar as concepções de professores de Biologia sobre
avaliação, tendo como foco as definições e funções da avaliação presentes em
seus discursos.

3. UM ESTUDO DE CASO SOBRE AVALIAÇÃO

Este trabalho possui uma abordagem qualitativa, sendo caracterizado como


um estudo de caso. Nesse tipo de abordagem, a “obtenção de dados descritivos,
obtidos no contato direto do pesquisador com a situação estudada, enfatiza mais o
processo do que o produto e se preocupa em retratar a perspectiva dos
participantes” (LÜDKE; ANDRÉ, 1986, p. 13). De acordo com os autores citados, um
estudo de caso é caracterizado pela relevância que o contexto em que os dados
foram coletados detém para o entendimento do objeto estudado.
Os dados deste trabalho foram coletados em uma escola estadual de Ensino
Médio localizada em São Luís, MA. Em 2017, ano em que a coleta de dados foi
realizada, a escola possuía duas modalidades de ensino: integral e regular. A
modalidade integral estava sendo implantada pela primeira vez e apenas para o
primeiro ano. Já a modalidade regular funcionava no segundo e terceiro ano, com
proposta de implementação do ensino integral de maneira seriada para todo o
Ensino Médio até 2019.
A escola contava com três professores de Biologia em sua equipe docente,
sendo um exclusivo para a modalidade integral e dois para a modalidade regular,
com os quais foram realizadas reuniões para esclarecimentos sobre suas

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 66


 

participações na pesquisa. Os três professores aceitaram participar mediante a


assinatura do Termo de Compromisso Livre e Esclarecido, que previa participação
anônima. Dessa maneira, as identidades dos professores foram omitidas neste
trabalho e seus nomes substituídos pelas siglas P1, P2 e P3. Os três professores
informaram possuir Licenciatura em Ciências com habilitação em Biologia, tendo
entre catorze e dezesseis anos de atuação como docentes. P1 informou também
possuir pós-graduação em Docência do Ensino Superior.
Os dados foram coletados em duas etapas distintas. Primeiramente, foram
observadas três aulas de cinquenta minutos do ensino integral e sete aulas de
quarenta e cinco minutos do ensino regular em que o pesquisador permaneceu
sentado ao fundo das salas de aula fazendo anotações em um caderno de
observações para que pudesse ter um melhor entendimento do contexto em que
ocorre a avaliação, característica fundamental de um estudo de caso. Finalizadas
as observações, entrevistas semiestruturadas foram conduzidas com os
professores de Biologia, seguindo-se um roteiro previamente estruturado com
questões que melhor atendiam aos objetivos da pesquisa. As entrevistas foram
realizadas individualmente em sala silenciosa, gravadas em áudio e posteriormente
transcritas pelo próprio pesquisador.

4. A ANÁLISE DE CONTEÚDO EM UM TRABALHO QUALITATIVO

Uma vez coletados, os dados da entrevista foram submetidos à análise de


conteúdo conforme o referencial Bardin (2011). De acordo com a autora, a análise
de conteúdo ocorre em três grandes etapas: a pré-análise, a exploração do material
e a interpretação dos dados, cada uma delas contendo diferentes fases.
Na pré-análise, etapa de organização e sistematização das ideias iniciais,
foram executadas cinco fases, para as quais Bardin (2011) afirma não haver uma
ordem cronológica específica a ser obedecida, mas que o pesquisador deve
estruturá-las de acordo com o material a ser analisado. Assim, a pré-análise foi
iniciada com a formulação dos objetivos, seguida pela fase da preparação do
material, em que as entrevistas foram transcritas a partir das gravações de áudio.
Na fase seguinte, ocorreu a leitura flutuante dos materiais, importante para
verificar a pertinência dos mesmos aos objetivos da pesquisa. Em seguida, houve a
fase de escolha dos documentos, com a constituição de um corpus seguindo-se as
regras de exaustividade, homogeneidade e pertinência. Por fim, uma vez
delimitados os materiais que serão utilizados, ocorreram a referenciação dos
índices e a elaboração dos indicadores a partir de recortes das transcrições das
entrevistas.
A etapa seguinte, a exploração do material, foi realizada em duas fases
distintas: codificação e, em seguida, a categorização. Na codificação, o tema
avaliação foi utilizado para delimitar as unidades de registro e os parágrafos foram
utilizados como unidade de contexto. Finalizada essa fase, essas unidades foram
agrupadas de acordo com suas similaridades na fase de categorização.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 67


 

Com a conclusão da exploração do material, partiu-se para a terceira e


última etapa da análise de conteúdo, a interpretação dos resultados, em que foram
feitas inferências a partir dos dados das entrevistas. Os resultados, então, foram
organizados em duas categorias. Para a categoria Definição, foram elaborados três
indicadores. O primeiro, “o que é avaliação”, foi composto pelos registros em que os
entrevistados conceituaram a avaliação escolar de acordo com seus entendimentos
a partir de suas formações e vivências profissionais. Para o segundo, “o que é
recuperação”, foram utilizados os trechos das transcrições em que os professores
explicitaram seus entendimentos acerca da recuperação dos alunos, seja ela de
nota ou de desempenho. No terceiro, “participantes da avaliação”, foram
agrupados os sujeitos identificados em suas falas.
A segunda categoria, Função, foi composta de dois indicadores. No primeiro,
“para que serve a avaliação”, foram reunidos os registros em que os professores
explicitaram sobre o papel que a avaliação desempenha no processo de ensino-
aprendizagem. O segundo, “para que serve a recuperação”, reuniu os trechos em
que os docentes explanam sobre a utilidade da recuperação.

5. DEFINIÇÕES DE AVALIAÇÃO

A análise das entrevistas foi iniciada procurando-se entender como os


entrevistados conceituam o que é avaliação. Para isso, a primeira pergunta do
roteiro da entrevista os questionava acerca de uma definição. Destacam-se as
respostas abaixo, as quais serviram para a construção do indicador “o que é
avaliação”:

Avaliação, pra mim, é um processo no qual a gente avalia o aluno como


um todo, não somente quantitativamente e, sim, qualitativamente (P1)
Avaliação é uma maneira que a gente utiliza para verificar as
competências e habilidades dos alunos nos conteúdos que a gente aplica
em sala de aula [...] (P3)

Nas falas acima, os professores demonstraram uma concepção de avaliação


mais voltada aos alunos. P3, por exemplo, ao afirmar que avaliar é uma maneira de
identificar as competências e habilidades dos estudantes, evidenciou a avaliação
como um instrumento para conhecer seu aluno. Nessas falas, entende-se que os
entendimentos apresentados, em que as qualidades do aluno são conhecidas, se
adequam à concepção formativa da avaliação.
Em relação à fala de P2, destaca-se o seguinte trecho, em que o
entrevistado expõe sua dificuldade com a temática estudada:

Avaliação é um processo contínuo. Desde o primeiro momento na sala


até o final, nós estamos avaliando. É um processo contínuo. E acho a
parte mais difícil do processo de ensino aprendizagem é avaliação
porque avaliar... nós devemos conhecer quem nós estamos avaliando
(P2)

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 68


 

Igualmente às falas dos professores citados acima, identificou-se no


discurso de P3 uma concepção formativa de avaliação no que diz respeito à
definição. No entanto, sobressaiu a dificuldade do entrevistado logo na primeira
pergunta da entrevista, a qual foi retomada quando lhe perguntado sobre a função
da avaliação.
O roteiro da entrevista também previa questionamentos sobre a
recuperação, sendo os registros utilizados para construir o indicador “o que é
recuperação”. Abaixo, destacam-se os trechos em que P1 ora associou a
recuperação ao aumento de nota, ora a aspectos qualitativos do desempenho do
aluno:

Assim, é uma nova oportunidade que aquele aluno que na verdade não
atingiu a nota ideal ou a mínima, ter como uma segunda chance de
estudar [...] (P1)
A recuperação, pra mim, ela não tá só numa nota física. Lógico, o aluno
tem de ter a chance de recuperar, mas ele tem de fazer por onde
recuperar. Não somente uma nota, o contexto todo [...] (P1)

Ainda que o contexto seja citado como importante para a recuperação do


aluno, percebeu-se que apenas o aluno é apontado como responsável pelo mau
desempenho. O papel do professor não ficou claro em seu discurso, cabendo
somente ao aluno, assim, esforçar-se para recuperar a nota. Em antemão, na fala
de P2 foi possível encontrar um registro de mais um responsável pela recuperação
do aluno:

O colégio tem de procurar estratégia pra fazer com que ele [o aluno]
entenda, né, e não simplesmente recuperar a nota. É recuperação de
conteúdo. Aí vamos avaliar se ele realmente assimilou ou não [...] (P2)

É interessante notar que o papel da escola, enquanto instituição de ensino


que objetiva a aprendizagem de conteúdos mais do que notas, é trazido à tona. É
importante que diferentes grupos da equipe escolar sejam informados dos
desempenhos dos estudantes. Nesse cenário, a equipe docente deve dispor de
todos os dados possíveis para garantir coerência na aprendizagem do estudante,
os quais devem ser informados à administração, gerida por educadores, o mais
detalhadamente possível (ZABALA, 1998). Dessa maneira, quando o professor
afirmou que a escola deve procurar estratégias para que os estudantes possam
aprender, entende-se que seja fundamental a participação de demais membros da
equipe escolar para o desenvolvimento dessas estratégias.
Ainda para a categoria Definição, procurou-se identificar os participantes da
avaliação explicitados nas falas dos entrevistados, cujos registros formaram o
indicador “participantes da avaliação”. Destaca-se a fala abaixo sobre a
participação do aluno:

[...] o integral vai ser o quê? O aluno é protagonista. Por ele ser
protagonista, a gente tem que criar meios pra ele seguir o projeto de vida
que eles vão ter na saída da escola. [Já o] regular, eles já pensam o quê?
Seriado, né [...] (P1)

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 69


 

No trecho acima, destacou-se a diferenciação que o professor faz da posição


do aluno em relação à modalidade de ensino, em que os alunos do ensino integral
são apontados como protagonistas do processo de ensino-aprendizagem e, logo, da
avaliação também, enquanto que os do ensino regular são renegados a uma
posição diferente. Pode-se inferir que quando P1 afirmou que os alunos do ensino
integral pensam “seriado”, esses têm, supostamente, uma menor capacidade de
associar conhecimentos de diferentes áreas do conhecimento, o que lhes segrega a
um papel de coadjuvantes. Ainda que nos programas e textos legislativos seja
definido aquilo que deve ser ensinado, cada professor assume a autonomia de
quais critérios leva em consideração ao avaliar, fazendo uso das normas de
exigência da instituição de acordo com sua interpretação e projetando sobre os
alunos sua própria concepção de excelência (PERRENOUD, 1999). Dessa maneira,
ainda que haja particularidades específicas dos programas de ensino regular e
integral, entende-se que não é possível, e menos ainda benéfico, diferenciar os
papéis do aluno de acordo com as modalidades de ensino.
Em relação à família, destacam-se os seguintes registros:

Nós comunicamos a família pra nos ajudar no entendimento em casa, as


atividades. Nós comunicamos sempre. Uma vez em cada bimestre, nós
nos reunimos pra identificar os alunos que não tão com um bom
rendimento (P2)
[...] nós... damos os resultados para os alunos, para os pais e para a
própria escola. Supervisão, direção (P3)

Foi relevante perceber que a família é entendida pelos professores como


participantes da avaliação. É importante, aqui, fazer uma ressalva a respeito da
comunicação com a família. Ainda que, por vezes, os familiares exijam boas
posições em comparação aos demais alunos, notas altas e aprovações, é
necessário que a família entenda que esses parâmetros não são mais importantes
do que o progresso do educando. É compreensível que os pais utilizem meios
semelhantes àqueles com os quais foram avaliados em seus tempos de escola, e,
em vez de estimular o aluno, o reprimam por seus resultados e impeçam seu
desenvolvimento, daí a necessidade de uma boa comunicação dos dados da
avaliação para família (ZABALA, 1998). Dessa maneira, entende-se que uma boa
comunicação com a família seja aquela que informa não somente por meio de
notas, pois aspectos qualitativos não são facilmente quantificados, mas também
por meio de um diálogo, em que a fique claro à família o programa da escola, os
objetivos educacionais, como o aluno está progredindo, individual e coletivamente
e como a mesma pode ajudá-lo, fornecendo dados importantes observados no
ambiente externo ao da escola.
Em um determinado momento, percebeu-se uma insatisfação na fala de um
dos professores, que traz a escola, enquanto instituição, como um participante que
exige de sua equipe docente a aplicação de provas:

[...] a escola pede. Porque se você não fizer uma prova objetiva, uma
prova escrita, eles vão dizer, “essa professora não faz”, né. Então, isso
me inquieta muito. A maneira de avaliar, às vezes, é criticada também,

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 70


 

entendeu, de cada professor. E quem sabe avaliar os alunos e sabe da


sua turma é o professor que tá ali, entendeu (P3)

As provas, um dos instrumentos avaliativos mais adotados, são encaradas


por professores e alunos como um fardo. Para os professores, tem-se de elaborá-
las, seja partindo do zero ou ajustando uma avaliação anterior ao que foi
trabalhado, aplicar, corrigir, dar os resultados aos alunos, rever os resultados
contestados e, em alguns casos, fazer “arranjos”, como arredondar as notas, para
que os alunos sejam aprovados. Tudo isso consume muito o tempo do professor
(PERRENOUD, 1999). Dessa maneira, é tangível a insatisfação explicitada por P2
quando se queixou da exigência de um instrumento. Reiterando a afirmação do
entrevistado de que o professor é quem sabe avaliar seus alunos, é relevante que o
professor possa escolher instrumentos avaliativos de acordo com os conteúdos
trabalhados nas aulas, ora mais factuais e conceituais, ora mais procedimentais.
Igualmente, é importante que essa escolha também leve em consideração as
características individuais dos alunos observadas por meio do convívio em sala de
aula. A exigência de um determinado instrumento avaliativo pode acabar
provocando rendimentos que não condizem ao real entendimento do conteúdo
pelos educandos. A saída que os autores apontam é a diversificação dos
instrumentos de avaliação.
As aulas de Biologia são permeadas de momentos em que a avaliação pode
ser utilizada como um instrumento diagnóstico, devendo o professor estar atento às
diferenças entre os alunos, suas habilidades, estilos de aprendizagem e
interpretações dos fenômenos observados para poder ajudá-los. As aulas práticas,
por exemplo, são uma importante oportunidade de se observar o aluno, seu
manuseio de equipamentos e materiais, de analisar e discutir os resultados obtidos
e sua capacidade de cooperar com os demais estudantes (KRASILCHIK, 2004).
De acordo com Bizzo (2012), nas aulas de campo, outra tradição das aulas
de Biologia, a avaliação pode ocorrer desde os tradicionais registros em forma de
anotações até o uso de recursos tecnológicos como máquinas fotográficas e
smartphones, aproximando a aula à realidade dos alunos. Já as visitas a museus
também permitem um diagnóstico mediante a observação do professor de como os
alunos investigam e interagem com o que lhes é apresentado. Percebe-se, assim,
que as aulas de Biologia constituem situações para que o professor possa avaliar
seu aluno por meio de diferentes instrumentos de acordo com a modalidade
adotada.

6. FUNÇÕES DA AVALIAÇÃO

Junto às definições, procurou-se conhecer quais as funções da avaliação


que os professores apresentaram em seus discursos. Abaixo, segue uma fala de P3
utilizada para a elaboração do indicador “para que serve a avaliação”:

Eu vou ser redundante de novo. É justamente isso: ver a função é a gente

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 71


 

perceber o que eles aprenderam, como eles aprenderam, de que forma.


Essa é a função da avaliação [...] (P3)

É relevante destacar a redundância que P3 afirmou fazer quando


questionado sobre a função da avaliação. Anteriormente, quando perguntado sobre
o que é avaliação, o docente acabou por não conseguir formular uma conceituação,
mas, em vez disso, explicitou a respeito da função. Logo, a redundância nas
respostas sobre o que é avaliação e para que serve. Acredita-se ser importante que
um professor consiga ter com clareza uma definição do que é avaliação para que o
mesmo possa, então, deliberar de que maneira avaliar, por meio de quais
instrumentos, com quais critérios e para quem ela está a serviço.
P2, quando questionado sobre para que serve a avaliação, respondeu:

A função da avaliação é mensurar o entendimento dos nossos alunos a


respeito de determinado assunto, como é que ele absorveu, como ele
entendeu o nosso conteúdo (P2)

Foi possível perceber uma ligação entre a resposta acima e dificuldade


anteriormente relatada pelo professor. A mensuração dos rendimentos está
associada à uma prática mais tradicionalista, dentro da concepção somativa da
avaliação, em que provas são o principal instrumento adotado. A esse respeito,
Zabala (1998) afirma que a natureza de determinados conteúdos não permite que
um único indicador, seja uma nota ou um conceito, consiga fornecer informações
suficientes para que o professor possa conhecer seu aluno e adotar as medidas
educativas necessárias. Dessa maneira, entende-se que é perigoso o entendimento
do professor em ter a mensuração dos rendimentos dos alunos como a função da
avaliação. Nem sempre será possível fazer os ajustes dos programas para atender
às necessidades dos alunos caso a nota seja o indicador de desempenho utilizado,
o que impede o alcance da função diagnóstica da avaliação formativa.
No que tange a função da avaliação voltada ao trabalho do próprio
professor, destacou-se:

[...] eu acho que vai do professor se avaliar. “Qual é a forma que eu tenho
que atrair aquele menino a gostar da minha disciplina?”, “qual é o
recurso que eu tô utilizando?”, “qual é o tipo de aula que eu tenho que
dar?” [...] (P1)

A avaliação formativa, por meio de diagnósticos, tem uma função corretiva


voltada tanto ao aluno, que se situa perante os objetivos e à turma, e ao professor
sobre seu trabalho (HADJI, 2001). Dessa maneira, quando P1 questionou-se sobre
a satisfação do aluno e quais recursos está utilizando, induz-se que em algum
momento pode haver uma adequação de sua aula para melhor atender às
necessidades do aluno, o que se enquadra em uma concepção formativa da
avaliação.
Em alguns momentos, os professores entrevistados mencionaram o ENEM,
uma avaliação externa à da escola em suas falas, conforme segue:

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 72


 

[...] às vezes, a gente utiliza nas nossas provas, a gente fala muito sobre
isso [o ENEM] porque é importante também em se passar em um ENEM
pra entrar na faculdade, na universidade. Então, a gente utiliza muito por
conta disso (P3)
[...] eu pego a minha disciplina e eu começo a alinhar [...] visando isso, lá
no ENEM ele não tá desuniforme, tá totalmente uniforme o conteúdo, o
tipo de questão [...] (P1)

A respeito da adaptação da avaliação escolar a modelos externos, Luckesi


(2008) disserta sobre a chamada Pedagogia do Exame, em que as instituições de
ensino, principalmente as de Ensino Médio, cada vez mais adotam os modelos dos
exames de admissão em universidades para a avaliação escolar.
Consequentemente, as escolas também passam a priorizar os conteúdos cobrados
nos exames de admissão em detrimento daqueles que não são exigidos. Tendo em
vista essa tendência, considera-se um grande risco os professores alinharem suas
avaliações aos modelos das provas de admissão em universidades uma vez que
cada uma dessas avaliações possui objetivos diferentes. Essa tendência, no
entanto, é mitigada na fala de P2, ao afirmar que:

[...] a escola, como um todo, forma cidadão. A gente não só prepara pro
Enem; nós preparamos para a vida, né. E preparar pra vida vai muito
além do ENEM, né. Questão de ética, questão de respeito ao próximo, de
cidadania, uma série de questão que vai muito além das questões do
Enem [...] (P2)

Para o segundo indicador da categoria Função, “para que serve a


recuperação”, foram reunidos os seguintes trechos:

[...] pra mim, eu levo a recuperação como uma forma do aluno recuperar
aquela nota perdida [...] (P1)
[…] o papel da recuperação é fazer com que ele [o aluno] entenda
determinado assunto [...] (P2)
O nome já tá dizendo, né: recuperar algo que não foi aprendido. Só que a
recuperação não pode ser por si só uma prova, não vejo assim. Então,
você tem que realmente recuperar aquele conteúdo, aquela aula, aqueles
conteúdos realmente que eles não aprenderam (P3)

Notou-se que as falas de P2 e P3 apresentam semelhanças no que diz


respeito ao papel da recuperação escolar: em ambos os casos, os professores
remeteram à recuperação de conteúdos mais do que ao aumento de notas. Esse
foco na aprendizagem do aluno em vez da quantificação do rendimento está de
acordo com a concepção formativa da avaliação, em que o foco deixa de ser os
resultados para dar lugar ao processo de ensino-aprendizagem. P1, entretanto,
mostrou um posicionamento de embate em relação aos de seus colegas docentes,
ao indicar que, para ele, a função da recuperação está diretamente relacionada ao
aumento de nota.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 73


 

7. MAS, AFINAL, POR QUE TRABALHAR CONCEPÇÕES DE AVALIAÇÃO?

A avaliação, enquanto objeto de investigação deste trabalho, possibilitou aos


pesquisadores entenderem os diferentes olhares dos entrevistados acerca dessa
temática. Ao longo das entrevistas, foi possível perceber que os professores
oscilaram entre características das concepções somativa e formativa da avaliação.
Ainda que tenham conseguido discorrer sobre os temas abordados com fluidez na
maioria das vezes, é clara a dificuldade que alguns dos profissionais tiveram em
conseguir fazer uma conceituação do que é e qual é o papel da avaliação,
independentemente da concepção evidenciada.
A respeito das definições de avaliação, constatou-se que, por vezes, os
professores demonstram uma equivalência do ato de avaliar à atribuição de notas.
Ainda assim, foi possível perceber um incômodo dos professores com certas
práticas avaliativas, tal como a recuperação somente de notas. Seria alentador que
tal incômodo possa servir de prelúdio para maiores inquietações e críticas dos
trabalhos dos docentes, de forma que práticas, não somente sobre avaliação,
possam ser revistas em prol de um processo de ensino-aprendizagem mais
dinâmico e menos focado em resultados e notas.
Dessa maneira, é necessário trabalhar as concepções de professores sobre
avaliação para a consecução de práticas que tirem o aluno da posição passiva em
que o tradicionalismo o detém para o favorecimento de um posicionamento mais
atuante. Ao professor, as possibilidades da avaliação formativa lhe provêm
oportunidades de refletir sobre seu trabalho e ajustá-lo de modo que favoreça e
estimule a aprendizagem de seus alunos.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica.


Parâmetros Curriculares Nacionais: ensino médio. Brasília: Ministério da Educação,
1999.

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Trad. Augusto Luís Antero Reto. São Paulo: Edições
70, 2011.

BIZZO, N. Metodologia do ensino de Biologia e estágio supervisionado. São Paulo:


Ática, 2012.

HADJI, C. Avaliação desmistificada. Trad. Patrícia C. Ramos. Porto Alegre: Artmed,


2001.

KRASILCHIK, M. Prática de Ensino de Biologia. São Paulo: Editora da Universidade


de São Paulo, 2004.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 74


 

LUCKESI, C.C. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. 18. ed.


São Paulo: Cortez, 2008.

LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E. D. Pesquisa em Educação: abordagens qualitativas. São


Paulo: EPU, 1986.

PERRENOUD, P. Da excelência à regulação das aprendizagens: entre duas lógicas.


Porto Alegre: Artmed, 1999.

SCRIVEN, M. S. The methodology of evaluation. In: Tyler, R.; Gagne, R.; Scriven, M.,
Perspectives of curriculum evaluation. AERA Monograph Series on Curriculum
Evaluation. p. 39–83. Chicago: Rand McNally, 1967.

ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.

ABSTRACT: This work aimed to analyse Biology teachers’ conceptions of


assessment, focusing on definitions and functions of assessment present in their
discourses. As a case analysis, the present research took place at a Brazilian High
School located in São Luís, MA, with the participation of the institution three Biology
teachers. Data collection firstly occurred through classroom observation, followed by
semi-structured interviews. Interview data were submitted to content analysis in
three stages: pre-analysis, exploration of the material, and data interpretation. On
definitions of assessment, certain teachers presented difficulties to define
assessment; regarding assessment retakes, a common practice in Brazilian
schools, only students were pointed as responsible for it despite the teachers’
emphasis that such practice should not concern grade reposition only; regarding
participants of assessment, school employees, and outside subjects were pointed
as participants. On functions of assessment, two teachers stated to evaluate in
order to make diagnostics and know their students better, whilst one teacher
equated assessment to quantifying students’ outcomes; regarding functions of
assessment retake, all teachers stressed its role as to help students to better learn
subjects they should already understand. Thus, traits of mixed conceptions could be
identified, at times notably associated to more traditional forms of assessment.
Therefore, working on teachers’ conceptions of assessment is pivotal for adoption
of teaching practices more favourable to the students’ learning processes.
KEYWORDS: Assessment. Biology Education. Teaching practices. Content analysis.
Conceptions.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 75


 

CAPÍTULO VIII

CONHECIMENTOS PRÉVIOS DE ESTUDANTES DO


FUNDAMENTAL II SOBRE PLANTAS
________________________

Anna Clara Targino Moreira Spinelli ,

Adrielly Ferreira Silva ,

Pietra Rolim Alencar Marques Costa ,

Rivete Silva Lima

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 76


 

CONHECIMENTOS PRÉVIOS DE ESTUDANTES DO FUNDAMENTAL II SOBRE PLANTAS

Anna Clara Targino Moreira Spinelli


Universidade Federal da Paraíba
João Pessoa – Paraíba
Adrielly Ferreira Silva
Universidade Federal da Paraíba
João Pessoa – Paraíba
Pietra Rolim Alencar Marques Costa
Universidade Federal da Paraíba
João Pessoa – Paraíba
Rivete Silva Lima
Universidade Federal da Paraíba
João Pessoa – Paraíba

RESUMO: A escola é o lugar no qual a intervenção pedagógica intencional


desencadeia o processo de ensino-aprendizagem e em relação ao ensino de
Ciências e Biologia, a aprendizagem de conceitos não pode ser o único caminho
para obtenção de conhecimento. No caso do ensino de Botânica é necessário que
ultrapasse a simples utilização de informação presentes nos livros didáticos e em
fontes virtuais, fazendo uso de aulas práticas na sala de aula, em laboratório e,
especialmente, em campo, de modo que contribua com a relação homem-natureza.
Esse trabalho teve o objetivo de investigar a concepção sobre plantas com base nos
conhecimentos prévios de estudantes do Fundamental II. Para analisar o
conhecimento que os alunos tinham sobre as plantas e se estas são seres vivos, foi
realizado um questionário de caráter quali-quantitativo, ou seja, com abordagens
objetiva e subjetiva. Ao analisar as respostas, observou-se que a maioria dos
alunos respondeu as perguntas de maneira reducionista e curta, muitas vezes
associando o conceito de ser vivo ao ciclo de vida das plantas, evidenciando erros
conceituais e, principalmente, inconsistência em suas concepções quanto a
definição de vida.
PALAVRAS-CHAVE: Botânica, Planta, Ser vivo, Concepção, Ensino Básico.

1. INTRODUÇÃO

É por intermédio da escola, como instituição universalmente responsável


pela transmissão e socialização do saber sistematizado, que o processo de
aprendizagem acontece (VYGOTSKY, 1987). Dessa forma, a escola é o lugar no qual
a intervenção pedagógica intencional desencadeia esse processo. O papel da
escola e do docente é favorecer as aprendizagens naturais dos alunos e criar
espaços na sala de aula que propiciem o envolvimento ativo dos estudantes com
materiais que os ajudem a se envolver com os temas escolhidos para trabalhar de
maneira prazerosa (VIANNA; RIBAS, 2012).
Relativo ao ensino de Ciências e Biologia, a aprendizagem de conceitos não

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 77


 

pode ser o único caminho para obtenção de conhecimento nessa área. É


desnecessário que o aluno torne ainda mais complexo o seu conhecimento sobre
conceitos, pois o fundamental é partir do que ele já sabe sobre determinado tema.
Nessa perspectiva, compreende-se que o ato de ensinar torna-se uma tarefa que
exige conhecimentos do professor, muitas vezes não apresentados por ele durante
a ação pedagógica. A apropriação docente desses conhecimentos poderá ser
facilitada a partir do reconhecimento das ideias e saberes que os estudantes já
possuem.
O ensino de Botânica na Educação Básica é evidenciado por vários
pesquisadores como apresentado de maneira engessada proveniente do
distanciamento dos alunos com o conteúdo, como também pela falta de condições
que possibilitem atividades que despertem o interesse dos alunos (ARAÚJO;
NASCIMENTO, 2011), sendo necessário que o ensino de botânica ultrapasse a
simples utilização de informação presentes nos livros didáticos e em fontes virtuais,
fazendo uso de aulas práticas na sala de aula, em laboratório e, especialmente em
campo, de modo que resgate a relação homem-natureza.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN (BRASIL, 1997),
os estudantes possuem um repertório de representações, conhecimentos
intuitivos, adquiridos pela vivência, pela cultura e senso comum acerca dos
conceitos que são ministrados na escola.
Portanto, essas noções, conceitos intuitivos, erros conceituais, ideias
espontâneas, análises prévias, preconceitos, ideias do senso comum e problemas
de interpretação, envolvem concepções alternativas gerais que devem ser
analisadas quanto a sua possível origem e futuro tratamento, para que, dessa
forma, o seu conhecimento possa ser aprimorado. Para tal, cabe ao professor, junto
aos alunos, o papel de (re)construir esses conhecimentos, buscando uma
aprendizagem significativa.
Para alcançar um aprendizado significativo, principalmente em Botânica, é
preciso que o docente tenha conhecimento dos saberes prévios de seus discentes,
bem como conheça a realidade na qual estão inseridos. Em virtude disso, este
trabalho teve o objetivo de investigar a concepção sobre plantas, com base nos
conhecimentos prévios de estudantes do Fundamental II.

2. METODOLOGIA

Com o objetivo de conhecer as ideias que os alunos possuíam sobre as


plantas, enquanto seres vivos, foi aplicado um questionário (Quadro 1) de caráter
quali-quantitativo, ou seja, com abordagens objetiva e subjetiva. Essas questões
abordaram conhecimentos sobre seres vivos em geral e plantas, com a intenção de
investigar se os alunos utilizariam o mesmo conceito para definir planta como
sendo ser vivo.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 78


 

Quadro 1 – Questões apresentadas para os alunos do Ensino Fundamental II.


Questões
Para você, o que são seres vivos?
De acordo com seus conhecimentos, o que é planta?
Para você, as plantas são seres vivos? Por quê? SIM ( ) NÃO ( )
Fonte: Dados de pesquisa, 2015.

Essa pesquisa é categorizada como qualitativa, pois apresenta


características essenciais desta, tendo o ambiente natural como fonte direta de
dados; o pesquisador como instrumento fundamental de coleta; utilização de
procedimentos descritivos da realidade estudada; busca do significado das
situações para as pessoas e os efeitos sobre as suas vidas; preocupação com o
processo e não simplesmente com os resultados e o produto e privilégio ao enfoque
indutivo na análise dos dados (BOGDAN; BIKLEN apud GODOY, 1995a; TRIVIÑOS,
1987; MERRIAM, 1998).
Além disso, trata-se de uma pesquisa quantitativa, a qual é caracterizada
por recorrer à linguagem matemática para descrever as causas de um fenômeno
(SILVEIRA; CORDOVÁ, 2009), uma vez que nessa pesquisa foram calculadas as
frequências e categorizadas as respostas para cada questão em planilhas Excel,
evidenciando a resposta “crua” do aluno para se buscar atingir o objetivo da
pesquisa.
Tratando-se de uma pesquisa com delineamentos qualitativos e
quantitativos, vários autores sugerem que tais abordagens não são excludentes e
que o pesquisador deve adotar uma postura flexível, considerando uma possível
integração entre pesquisas quanti e qualitativa (TEDDLIE; TASHAKKORI, 2003).
Essa investigação foi realizada com alunos de todos os anos do Ensino
Fundamental II de duas escolas públicas de diferentes bairros na cidade de João
Pessoa, PB. Sendo elas: Instituto Dom Adauto e a EMEF Aruanda. A primeira atende
o Fundamental nos turnos matutino e vespertino; a segunda, por sua vez, atende o
nível escolar em questão apenas no turno da tarde.

3. RESULTADOS E DISCURSSÃO

Ao questionar os alunos sobre o que é ser vivo (Fig. 1) observou-se que a


maior parte deles (42%) concederam respostas prontas e acabadas, o que, de
acordo com Empinotti et al. (2014) deve-se ao fato de os conteúdos de Botânica
serem trabalhados de forma teorizada e muito rapidamente, levando os alunos a
lembrarem poucas vezes o que viram sobre o tema ao final do ano letivo. Portanto,
estes resultados corroboram com o trabalho de Freitas (1989), no qual de acordo
com a apresentação de seus dados constatou que a maioria dos entrevistados vê
como atributos essenciais dos seres vivos as características clássicas de vida
(nascer, crescer, respirar, alimentar-se, reproduzir-se e morrer).

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 79


 

Figura 1 – Respostas para “Apresente um conceito para ser vivo”.


45%
40%
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
Nascem, Não O que tem Outros Seres que Seres que Possuem Movem-se
crescem, souberam vida respiram alimentam-se células
reproduzem responder
e morrem

Fonte: Dados de pesquisa, 2015.

Para Corrêa (2009), apesar de se abordar o estudo dos seres vivos ao longo
da Educação Básica, especialmente no Fundamental II, há uma grande dificuldade
na conceituação do que é vida e, por conseguinte, do que é um ser vivo. O
problema da definição de vida também está presente no meio científico, posto que
muitos cientistas envolvidos em pesquisas quantitativas acreditem não existir
necessidade desse tipo de conceituação para seu trabalho ou entendem ser muito
difícil deter em um esquema conceitual a variedade de fenômenos da vida, os
quais possuem várias particularidades em diferentes níveis de organização (RUIZ-
MIRAZO et al., 2004).
Apesar de haver, teoricamente, algumas definições de vida fundamentadas,
por exemplo, a vida como autopoiese (MATURANA; VARELA, 2001); a vida como
seleção de replicadores; a vida como interpretação de signos (EMMECHE, 1997;
EMMECHE e EL-HANI, 1999); e a vida como sistemas autônomos com evolução
aberta (RUIZ-MIRAZO et al., 2004). A prevalência de pesquisas elaboradas sobre
conceitos de ser vivo estivera concentrada na identificação e caracterização dos
seres vivos, sem a preocupação de estimular o imaginário-criativo das crianças e
discutir de forma sistematizada essas definições, revelando que os seres vivos são
apresentados por um conjunto de características e, sabendo reconhecer algumas
delas, adquirir-se-ia a concepção de vida.
Ao questionar sobre o que é planta (Fig. 2) os discentes apresentaram, na
maioria dos casos (51%), um conceito reducionista com respostas também curtas
(“ser vivo”). No trabalho de Bitencourt (2010), os resultados apresentaram uma
grande variedade, mas também com respostas incompletas; utilizaram-se de
características morfofisiológicas para definirem plantas. As respostas obtidas nesse
trabalho são semelhantes as obtidas por Brito (2009), no qual as respostas
apresentaram conceitos igualmente incompletos ou em nível muito básico para
definir planta, não conseguindo representá-la de forma mais complexa. Contudo,
isso não atesta que as respostas dadas estejam erradas, porém são vagas e
generalistas, demonstrando ser insuficientes e inespecíficas para definir uma

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 80


 

planta.

Figura 2 – Respostas para “De acordo com seus conhecimentos, o que é planta?”.
50%
45%
40%
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
Ser vivo Não Importante Outros Importante Ser que
souberam para o para respira
responder homem natureza
Fonte: Dados de pesquisa, 2015.

Observa-se que os 51% definiram plantas como sendo apenas um “ser vivo”
e, quando observamos a questão anterior (Fig.1) notamos que a maior parte adotou
o conceito de ser vivo generalista (nasce, cresce, reproduz e morre), portanto,
declarando implicitamente que as plantas, assim como os demais seres vivos,
apresentam essa mesma característica em comum.
Freitas (1989) cita vários trabalhos, nos quais os resultados de pesquisas
indicariam que a distinção entre seres vivos e objetos inanimados se constituiria
em tentativas de reconhecimento do mundo. Esses trabalhos destacam que a
criança iniciaria esse processo de diferenciação desde os primeiros meses de vida
(COUTINHO, 2005).
Ao questionar se plantas são seres vivos (Fig. 3) e o porquê delas serem ou
não (Fig. 4), 97,4% (Fig. 3) dos questionados concordaram que plantas são seres
vivos, o que se pode relacionar com a definição mais frequente do que é planta
(Fig. 2). No entanto, percebe-se que os estudantes apresentam dificuldades em
conceituar o que é uma planta, mesmo pressupondo que tenham uma construção
mental e conhecimentos adquiridos espontaneamente em suas experiências
pessoais. O que demonstra um reflexo sobre as dificuldades apresentadas pelo
ensino de botânica nas escolas públicas brasileiras (BITENCOURT, 2016).

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 81


 

Figura 3 – Respostas para “Para você, as plantas são seres vivos?”


3,0% 0,3%

Sim 97,4%
Não
Não responderam
Fonte: Dados de pesquisa, 2015.

Entretanto, quando solicitados a explicar o porquê (Fig. 4) de considerarem


planta como ser vivo, retornou-se a resposta de maior frequência da primeira
indagação (Fig. 1) apresentam ciclo de vida (41%), o que pode ser observado
quando 26% (Fig. 4) dos participantes afirmam que as plantas são seres vivos por
apresentarem ciclo de vida; evidenciando erros conceituais e, principalmente,
inconsistência em suas concepções quanto à definição de vida. Isso pode dever-se
ao fato do professor fazer simplificações durante as explicações, o que pode levar
ao distanciamento entre o conhecimento científico e o conhecimento biológico
produzido na escola (CICILINI, 2001).

Figura 4 – Respostas para “Por quê (as plantas são seres vivos)”.

25%
20%
15%
10%
5%
0%

Fonte: Dados de pesquisa, 2015.

Neste sentido, percebe-se que para definir vida e planta os conceitos


apresentados por parte dos entrevistados são restritos ao ciclo de vida, entende-se,
portanto, que os alunos não conseguem ter uma visão geral do que são vida e
planta utilizando assim de conceitos prontos, não conseguindo utilizar os seus
entendimentos para conceituar tais coisas.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 82


 

4. CONCLUSÕES

Os resultados observados alertam-nos para a possível ocorrência de um


ensino fragmentado, no qual a preocupação com a reflexibilidade e autonomia do
aluno para construção de seus próprios conceitos e conhecimentos, está
provavelmente ausente. Há limitações e distorções no ensino dos conteúdos de
Botânica abordados nas aulas de Ciências das escolas alvo da pesquisa. Esses
discentes apresentaram conceitos diversos, muitas vezes centrados em pontos de
vista erroneamente transmitidos e generalistas, não demonstrando o domínio
satisfatório e esperado para o nível de escolaridade investigado.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, R. C. M.; NASCIMENTO, A. P.; Aulas práticas de botânica contribuindo para


formação do Ensino de Ciências Biológicas. V Colóquio Internacional “Educação e
Contemporaneidade”. São Cristovão, 2011.

BITENCOURT, I. M. et al. Concepções de estudantes do ensino


Fundamental sobre as plantas. 2010. Disponível em:
<http://www.fernandosantiago.com.br/concepcoes_estudantes_EF_plantas.pdf>
Acesso em: 12 de agosto de 2016.

BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais (PCN). Brasília: Ministério da Educação,


1997.

BRITO, S. D. A botânica no ensino médio: uma experiência pedagógica sob uma


perspectiva construtivista. UESB/ Vitoria da Conquista, 2009 (monografia de
graduação).

CICILINI, G. A. A prática dos professores de Biologia e a simplificação dos


conteúdos. Ensino em Re-vista, n. 9, 2001, p. 41-58.

CORRÊA, A. L. Conceito de vida: uma proposta para o ensino de ciência na


educação fundamental. In: VII Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em
Ciências. Florianópolis, novembro, 2009.

COUTINHO, F. A., A construção de um perfil conceitual de vida. 2005. 180f. Tese


(Doutorado em Educação). Faculdade de Educação – UFMG, Minas Gerais.

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VYGOTSKI, L. S. A construção do pensamento e da linguagem. São Paulo: Ed.:


Martins Fontes, 1987.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 84


 

ABSTRACT: The school is the place in which the intentional pedagogical intervention
triggers the teaching-learning process and in relation to the teaching of Sciences
and Biology, the learning of concepts can not be the only way to obtain knowledge.
In the case of Botany teaching, it is necessary to go beyond the simple use of
information present in textbooks and virtual sources, making use of practical
classes in the classroom, in the laboratory and especially in the field, so that it
contributes to the relationship man-nature. This work had the objective of
investigating the conception about plants based on the previous knowledge of
students of Fundamental II. In order to analyze the knowledge that the students had
about the plants and if these are living beings, a qualitative-quantitative
questionnaire was carried out, that is, with objective and subjective approaches.
When analyzing the answers, it was observed that most of the students answered
the questions in a reductionist and short manner, often associating the concept of
being alive to the life cycle of the plants, showing conceptual errors and, mainly,
inconsistency in their conceptions regarding definition of life.
KEYWORDS: Botany, Plant, Living, Conception, Basic Education.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 85


 

CAPÍTULO IX

INSERÇÃO DE ATIVIDADES PRÁTICAS NO ENSINO DE


CIÊNCIAS NO CONTEXTO DO ESTÁGIO DOCENTE-
RELATO DE EXPERIÊNCIA
________________________

Rosália Rodrigues da Costa Silva ,

Rayane Santana da Silva ,

Rose Kelly dos Santos Sousa ,

Emanuel Souto da Mota Silveira

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 86


 

INSERÇÃO DE ATIVIDADES PRÁTICAS NO ENSINO DE CIÊNCIAS NO CONTEXTO DO


ESTÁGIO DOCENTE- RELATO DE EXPERIÊNCIA

Rosália Rodrigues da Costa Silva


Centro Acadêmico de Vitória, Universidade Federal de Pernambuco
Vitória de Santo Antão – PE
Rayane Santana da Silva
Centro Acadêmico de Vitória, Universidade Federal de Pernambuco
Vitória de Santo Antão – PE
Rose Kelly dos Santos Sousa
Centro Acadêmico de Vitória, Universidade Federal de Pernambuco
Vitória de Santo Antão – PE
Emanuel Souto da Mota Silveira
Centro Acadêmico de Vitória, Universidade Federal de Pernambuco
Vitória de Santo Antão – PE

RESUMO: As práticas mais tradicionais ainda estão presentes no cotidiano de boa


parte das salas de aula de nosso país, entretanto o desafio de buscar novos
caminhos e linguagens metodológicas é consenso no meio educacional. Uma das
formas de tornar as aulas mais dinâmicas e participativas é a inserção de
atividades práticas. O presente trabalho tem relevância ao analisar a inserção de
atividades práticas no Ensino de Ciências, considerando como campo de
observação o estágio docente. Assim, definem-se como focos da pesquisa as
habilidades docentes e as respostas discentes produzidas a partir da realização de
atividades experimentais. O trabalho foi realizado em duas turmas dos anos finais
do ensino fundamental, 9° ano A e B da Escola Municipal Maurina Rodrigues dos
Santos, localizada no município de Passira-Pe. Foram realizadas atividades em que
os estudantes puderam estabelecer conexão entre a dimensão teórica e a prática.
No 9° ano A foi realizado o experimento “Indicador de ácido-base com extrato de
repolho roxo”, já na turma B foi realizado o experimento “Sopro mágico”. A primeira
turma participou executando as atividades em grupos e a segunda a demonstração
agregou todos os estudantes. A intervenção também desafiou os futuros
professores a testarem um conjunto de competências e habilidades necessárias à
execução de atividades como essas. Novas abordagens metodológicas, pautadas
em sequências didáticas que contemplem a dimensão prática, são essenciais para
a renovação da escola de nossos dias e formação de futuros professores
conectados com as demandas contemporâneas e atentos a um futuro que já se
anuncia.
PALAVRAS-CHAVE: Prática de ensino; Atividades práticas; formação de professores.

1. INTRODUÇÃO

Quando avaliamos o percurso histórico do ensino de ciências no Brasil,


podemos compreender que o contexto social e econômico influenciou

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 87


 

demasiadamente o ensino ao longo do tempo, promovendo o desenvolvimento de


paradigmas relacionados com a forma de construir o conhecimento pautado na
racionalidade técnica e em linguagens metodológicas mais tradicionais, onde os
conteúdos são apresentados como verdades absolutas e apenas replicados
mecanicamente pelos discentes, sendo estes meros agentes passivos no processo
de ensino-aprendizagem.
As Diretrizes Curriculares para o Ensino de Ciências na Educação Básica no
Brasil estimulam a criação de novos cenários pedagógicos com aulas mais
dinâmicas e capazes de estimular a capacidade crítica dos alunos, quebrando as
barreiras e paradigmas que ainda persistem em nossas salas de aula. Nesse
contexto, os professores precisam estar preparados para o exercício de superação
das limitações históricas e busca por novos caminhos. Segundo Perrenoud (2000)
as competências docentes determinantes para uma escola necessária aos nossos
dias são: domínio do conteúdo, métodos e técnicas de ensino, estratégias para
dirigir e orientar a aprendizagem, capacidade de planejar com criatividade,
capacidade de avaliação e de organização de estratégias de ensino e de
aprendizagem, conhecimento da história e filosofia de sua disciplina e capacidade
de trabalhar com a Ciência no cotidiano.
Desta maneira, o docente precisa aventurar-se em novas direções
metodológicas, priorizando a conexão entre as diferentes áreas do conhecimento,
aproximação entre teoria e prática, valorização da bagagem prévia dos estudantes
e associação com cotidiano dos estudantes. Certamente, não há o método ideal
para ensinar nossos alunos a enfrentar a complexidade dos assuntos trabalhados,
mas sim haverá alguns métodos potencialmente mais favoráveis do que outros
(BAZZO, 2000).
Um dos métodos eficientes no ensino de ciência é a experimentação, que
apresenta importância inquestionável (MELLO, 2010), permitindo a construção do
conhecimento científico pela valorização de troca de experiências entre os alunos
em decorrência das análises dos resultados observados e a construção coletiva de
interpretações associadas com a teoria que envolve o experimento. Nessa mesma
linha, encontramos o trabalho de Gonçalves e Galiazzi (2004), que afirma que
atividades experimentais conseguem motivar os discentes e estimular a
aprendizagem.
Essas atividades práticas na aula de Ciências são classificadas como uma
ferramenta fundamental para a materialização das propostas para o ensino de
Ciências contidas nos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 2002). Contudo,
apenas a aplicação de experimentos como se fosse uma “receita de um bolo” não é
suficiente, como aponta os estudos de Amaral & Silva (2000) e Mortimer et al.,
(2000). É de suma importância que as atividades sejam bem planejadas para que
o estudante consiga expressar os seus conhecimentos prévios e os adquiridos
durante a atividade.
Por esse motivo, é tão importante que a formação do docente esteja
embasada na construção de perfil profissional que apresente domínio na
articulação entre teoria e prática, permitindo que os futuros professores

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 88


 

comprometam-se com a renovação do trabalho desenvolvido nas salas de aula,


reconhecendo que não é necessário um laboratório bem equipado para que aulas
inovadoras possam ser ministradas, que os alunos não devem ficar presos em
imagens de livros didáticos que simulam tais experimentos e que as aulas práticas
devem apresentar um objetivo definido pelo docente para que o mesmo utilize-se
de questionamentos pertinentes para que ocorra uma aprendizagem significativa e
não apenas uma memorização passageira dos conceitos que surgem durante a
atividade pelo estudante.
As disciplinas pedagógicas, presentes nos cursos de formação de
professores, proporcionam ao futuro licenciado a vivência escolar e a possibilidade
de avaliar suas opções e testar as alternativas. Especialmente a disciplina Estágio
de Ensino permite também que estudantes consigam analisar as metodologias
adotadas pelo professor da escola campo de estágio e refletir sobre os próprios
recursos metodológicos, contribuindo para a definição de sua identidade
profissional. Assim, o presente trabalho tem relevância ao relatar a importância da
inserção de atividades práticas no cotidiano da sala de aula, além das experiências
vivenciadas promovidas pelo estágio docente. A pesquisa tem como objetivo
analisar as possibilidades e limites do desenvolvimento de atividades práticas no
Ensino de Ciências, considerando a dinâmica do estágio curricular.

2. METODOLOGIA

O presente trabalho concentra-se no relato da experiência vivenciada


durante as intervenções didáticas associadas à disciplina Estágio de Ensino em
Biologia que possibilitou contato direto com alunos do 9° ano A e B da Escola
Municipal Maurina Rodrigues dos Santos, no município de Passira-PE. O foco
descritivo concentra-se na execução de atividades práticas, com caráter
experimental, envolvendo os seguintes conteúdos: ácidos, bases e pH.
Na turma do 9° ano A, foi aplicado o experimento “Indicador de ácido-base
com suco de repolho roxo”, sendo a classe dividida em grupos de 4 ou 5 alunos,
utilizado o livro didático, além das instruções oferecidas (Imagem 1 e 2). O
experimento foi posto em prática fazendo uso dos seguintes materiais e reagentes:
copos descartáveis, colheres descartáveis (para misturar bem as soluções),
canetas (para enumerar os copos), suco de repolho roxo, limão, bicarbonato de
sódio, vinagre, sabão em pó, água sanitária, detergente, açúcar, leite e sal
amoníaco. Em seguida, os alunos analisaram os resultados obtidos e utilizaram a
tabela com os valores de ph presente no livro didático.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 89


 

Imagens 1 e 2: Fotos dos estudantes executando o experimento em sala. Fonte: Própria.

Já na turma do 9° ano B, da mesma escola, foi aplicado o experimento


“Sopro Mágico”, que também se refere ao mesmo conteúdo teórico aplicado na
turma A. Para essa prática, foram utilizados os seguintes materiais: copos
descartáveis, canudos, água, vinagre, álcool, bicarbonato de sódio e fenolftaleína
em pó. A estagiária, no birô no centro da sala, fez o passo a passo do experimento,
que é bem simples, colocando nos recipientes as soluções e substâncias, e
respectivamente fazendo a mistura. Após essa parte, dois estudantes da turma
foram convidados a dar continuidade soprando até a solução mudar a coloração
(Imagem 3 e 4). Em seguida, o resultado do experimento foi discutido em sala.

Imagem 3 e 4: Fotos da execução do experimento em sala. Fonte: Própria.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos, formulados a partir das impressões coletadas


durante as intervenções, reforçam a importância de introduzir sempre aulas
práticas e experimentais em sala, associadas aos elementos teóricos trabalhados.
Consideramos como elemento decisivo para constatação sobre a relevância das
alternativas metodológicas que originaram este trabalho a intensa participação e
envolvimento dos estudantes ao longo do processo. Estes dados vão de encontro
com a afirmação realizada por Delizoicov & Angostii (2000), onde ele salienta que
“a atividade experimental visa aplicar uma teoria na resolução de problemas e dar
significado a aprendizagem da ciência, constituindo-se como uma verdadeira

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 90


 

atividade teórico-experimental.”
No experimento “Indicador ácido-base com suco de repolho roxo” após
serem misturadas cada substância com o suco do repolho roxo pôde-se observar
várias colorações e assim, os estudantes conseguiram identificá-las como ácidas
ou básicas, além de acompanhar no livro didático a tabela com os valores do pH de
acordo com a coloração apresentada. Através desse momento foi possível instigar
habilidades de atividades em grupo, cooperação e interação, facilitando a
comunicação e envolvimento de uns com os outros e mostrando a importância do
trabalho em conjunto, sempre valorizando os conhecimentos adquiridos na aula
teórica e tentando criar uma ponte entre a teoria e prática. A visão adquirida com a
realização da atividade prática corrobora com o trabalho de Gaspar (2009), que
afirma que “hoje nas atividades experimentais o objetivo é promover interações
sociais que deixem as explicações mais acessíveis e eficientes”.
Na segunda turma foi realizado o experimento “Sopro Mágico”, ficando claro
a relevância de estimular a curiosidade dos alunos diante dos conteúdos
apresentados, visto que todos se envolveram em todos os passos do experimento e
na discussão. O mesmo, a princípio deveria ser realizado com a formação de
pequenos grupos, assim como na turma do 9° ano A. Contudo, a disponibilidade da
substância fenolftaleína, que faz parte dos materiais utilizados, não é encontrada
tão facilmente em todas as cidades em alguns pontos comerciais. Devido a essa
dificuldade, a estratégia adotada para a realização da atividade prática foi a
organização da turma em um único grande grupo. E a resposta dos alunos a essa
decisão tomada foi uma grata surpresa, pois a aula se desenvolveu com total
interação da turma, tanto na execução, quanto na discussão dos resultados. Os
alunos em conjunto conseguiram transcrever o que estava diante dos seus olhos
de maneira científica e assim, os conceitos trabalhados e compreendidos foram
fundamentados no conhecimento construído em equipe por todos da turma.
Reforçando a ideia do trabalho realizado por Biasoto & Carvalho (2007), que
afirmam que “nesse sentido, as aulas experimentais podem estimular os alunos a
observar, refletir, analisar e propor hipóteses para suas observações, bem como
rever o que pensam sobre um determinado fenômeno”.
Face ao exposto, também foi possível observar algumas limitações na
execução do trabalho, como por exemplo, a falta de um espaço mais adequado
com materiais para uso durante atividades com essa natureza e elementos de
suporte. Contudo, as atividades conseguiram ser realizadas através de adaptações
de baixo custo. Demostrando que o professor ele não precisa de um laboratório
equipado para conseguir levar até os alunos explicações práticas sobre
determinados conceitos. Obviamente, existem conteúdos que necessitam de um
laboratório para atividades mais elaboradas e complexas, mas a grande maioria
pode ser adaptada de acordo com as necessidades da escola que se deseja
trabalhar. O importante é nunca desistir de inovar em sala de aula.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 91


 

4. CONCLUSÃO

O trabalho proporcionou aos alunos uma prática diferenciada das que eles
vivenciam diariamente, possibilitando um melhor entendimento do assunto visto
apenas de forma teórica, sendo assim construído um conhecimento ainda mais
sólido e podendo ser relacionado também com vivencias no cotidiano. Atividades
práticas como essas permitem aulas mais dinâmicas e participativas, fugindo dos
modelos educacionais tradicionais de ensino que ainda são vivenciados
atualmente nas escolas, possibilitando um prazer conjunto na aprendizagem, entre
alunos e professor.

REFERÊNCIAS

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aulas experimentais nas disciplinas de Química Geral. Cadernos de Avaliação, Belo
Horizonte, v. 1, n. 3, p. 130-140, 2000.

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políticas públicas. Educação UFSM, Santa Maria, v. 25, n. 1, p. 53-65, 2000.

BIASOTO, J. D.; CARVALHO, A. M. P. Análise de uma atividade experimental que


desenvolva a argumentação dos alunos. In.: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA
EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS, 6, 2007, Florianópolis. Anais... Florianópolis: ENPEC,
2007, p. 897- 906.

BRASIL. Ministério da Educação - MEC, Secretaria de Educação Básica. Orientações


Curriculares para o Ensino Médio: Ciências da natureza, matemática e suas
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BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais:


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CAVALCANTE, D. D.; SILVA, A. F. A. Modelos didáticos e professores: concepções de


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QUÍMICA, 14., 2008, Curitiba. Anais... Curitiba: ENEQ, 2008, p. 1-12.

DELIZOICOV, D.; ANGOTTI, J.A.P. Metodologia do Ensino de Ciências. São Paulo:


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GASPAR, A. Experiências de Ciências para o Ensino Fundamental. São Paulo: Ática,


2009.

GONÇALVES, F. P.; GALIAZZI, M. C. A natureza das atividades experimentais no

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 92


 

ensino de ciências: um programa de pesquisa educativa nos cursos de licenciatura.


In: MORAES, R.; MANCUSO, R. (Orgs.) Educação em Ciências: produção de
currículos e formação de professores. Ijuí: Ed. Unijuí, 2004.

MELO, J. F. R. Desenvolvimento de atividades práticas experimentais no ensino de


biologia: um estudo de caso. 2010. 75f. Dissertação (Mestrado em Ensino de
Ciências)- Universidade de Brasília, Brasília, 2010.

MORTIMER, E. F. et al. Proposta curricular de Química do Estado de Minas Gerais:


fundamentos e pressupostos. Química Nova, São Paulo, v. 23, n. 2, p. 273-283,
2000.

PERRENOUD, P. Dez novas competências para a formação de professores. Porto


Alegre: Artes Médicas, 2000.

ABSTRACT: The most traditional practices are still present in the daily life of most of
the classrooms of our country, however the challenge of finding new ways and
methodological languages is a consensus in the educational environment. One of
the ways to make classes more dynamic and participative is the insertion of
practical activities. The present work has relevance when analyzing the insertion of
practical activities in the Science Teaching, considering as field of observation the
teaching internship. Thus, the focus of the research is defined as the teaching
abilities and the student responses produced from experimental activities. The work
was carried out in two classes of the final years of middle school, 9th grade A and B
of Maurina Rodrigues dos Santos Municipal School, located in the city of Passira-PE.
It were carried out activities that the students were able to establish a connection
between the theoretical dimension and the practice. In the 9th grade A, It was
conducted the experiment "Acid-base indicator with purple cabbage extract". In
class B, It was conducted the experiment "Magic breath". The first class of students
participated by executing the activities in separate groups and the second one the
demonstration included all the students. The intervention also challenged future
teachers to test a set of capacities and abilities required to conduct activities like the ones
mencioned in this work. New methodological approaches, based on didactic sequences
that contemplate the practical dimension, are essential for the renovation of our days'
school and the formation of future teachers connected with the contemporary demands
and attentive to an already announced future.
KEYWORDS: Teaching practice; Practical activities; Teacher’s formation.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 93


 

CAPÍTULO X

O EFEITO DOS GÊNEROS TEXTUAIS NO ENSINO DE


CIÊNCIAS EM UMA
ESCOLA MUNICIPAL
________________________

Nilson Soares de Vasconcelos Júnior ,

Maríllia Danielli Rodrigues Pontes ,

Lígia Gabriela da Cruz dos Santos

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 94


 

O EFEITO DOS GÊNEROS TEXTUAIS NO ENSINO DE CIÊNCIAS EM UMA


ESCOLA MUNICIPAL

Nilson Soares de Vasconcelos Júnior


Universidade Estadual da Paraíba/ Departamento de Biologia
Campina Grande -PB
Maríllia Danielli Rodrigues Pontes
Universidade Estadual da Paraíba/ Departamento de Letras- Língua Portuguesa
Campina Grande -PB
Lígia Gabriela da Cruz dos Santos
Universidade Estadual da Paraíba/ Departamento de letras- Língua portuguesa
Campina Grande -PB

RESUMO: A leitura é uma prática que deve ser bem trabalhada e aperfeiçoada a
cada série de desenvolvimento educacional, pois a mesma interfere de forma
primordial no ensino de todas as disciplinas além da Língua Portuguesa. Sobre isto,
o presente artigo tem por finalidade apresentar os resultados de um trabalho que
foi realizado na Escola Municipal de Ensino Fundamental José Tito Filho, no
município de Riachão do Bacamarte-PB. Este, teve como objetivo aprimorar o
ensino de Ciências e despertar o interesse dos alunos pela leitura, visto que se
tornou uma prática de pouca frequência e ainda tornando-a como uma boa
estratégia no ensino de ciências de forma interdisciplinar por meio de gêneros
textuais como: canção, histórias em quadrinhos, receitas e cartazes. No intuito de
enriquecer nosso trabalho tivemos como aporte teórico: MARCUSCHI (2008),
MUSSINI (2014), MARTINS (2011).
PALAVRAS-CHAVE: Ensino. Gêneros textuais. Ciências.

1. INTRODUÇÃO

Os gêneros textuais estão presentes em qualquer lugar que estamos. Desde


um outdoor visto perto de um ponto de ônibus, por exemplo, ou até mesmo em uma
receita de algum prato muito apreciado. E quando os mesmos se integram como
uma estratégia de ensino relacionados com outras disciplinas além da Língua
Portuguesa há uma complexidade maior de seu uso e o envolvimento na vida das
pessoas. A prática pela leitura é estimulada em todos os sentidos, porém prática
essa, perdida por partes dos alunos. A leitura e interpretação regem todas as
demais disciplinas escolares a ponto de facilitar o processo de ensino-
aprendizagem. Sem elas, o aprendizado nas demais séries se dificulta ou até
mesmo se inviabiliza dificultando o objetivo atingido pelos currículos do
fundamental II ou até mesmo do ensino médio.
Na esperança de resgatar essa prática e ainda de criar uma perspectiva
multidisciplinar em sala de aula, houve uma união dos professores de Língua
Portuguesa e Ciências da escola municipal José Tito Filho no município de Riachão

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 95


 

do Bacamarte- PB, a fim de unir os conteúdos que fazem parte do currículo de


ciências do fundamental II nas séries do 6° ao 9° ano juntamente com o
envolvimento e uso dos mais diversos gêneros textuais verbais.
Além desses textos se relacionarem com o conteúdo propriamente dito,
houve também a preocupação em despertar seu senso crítico frente a alguns
problemas sociais e ambientais enfrentados como foi o caso da reflexão partindo
da letra de “Canção da floresta’’ de Sebastião Dias, trabalhada em todo o
fundamental II. E recentemente foi feito um trabalho com a elaboração de cartazes
educativos com o 6°, 7° e 9° ano do ensino fundamental, objetivando alertar a
população sobre algum problema ambiental relacionado com o conteúdo visto em
sala por eles.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

De início, se investiu bastante no uso de tirinhas nas séries do fundamental


II, que representassem e se relacionassem com algum conteúdo integrante do
currículo daquela série, despertando nos alunos o poder de interpretação e
correlação com o assunto trabalhado. No período junino, foi trabalhado por exemplo
com o 6° ano os benefícios de muitos alimentos para a saúde através do gênero
receita, na qual foi pedido que cada aluno trouxesse uma receita de comida típica
do período junino e em sala, de forma breve foi explanado os benefícios dos
principais ingredientes presentes em cada receita, como milho, côco, mandioca,
leite e outros. E por fim foi criado um livro simples com as receitas trazidas por eles
juntamente com as anotações acerca dos benefícios dos alimentos trabalhados, e
o mesmo foi introduzido na biblioteca da escola.
Recentemente, foi trabalhada a música “canção da floresta’’ (DIAS, Ano
desconhecido) que trata da questão da devastação de florestas pela ação antrópica
abordando diversos assuntos em particular como, desmatamento, queimadas,
poluição dos rios e até mesmo, formas de como nós podemos agir para dar nossa
contribuição para essa problemática em que foi procurado trabalhar e relacionar a
letra da canção com o conteúdo pertencente ao currículo de cada série. No 6°ano
através dos diversos assuntos relacionados a água, foi usado o exemplo da
poluição dos rios citado na música através do trecho: “Ouça os índios, limpem os
rios, façam a Deus esse favor’’ (FAGNER, 2014), fazendo os alunos entenderem as
consequências de um rio poluído para os seres vivos, ao mesmo tempo apontando
a importância de um rio limpo.
Ainda sobre a música trabalhada, no 7° ano foi dado ênfase a questão do
desmatamento e suas consequências, onde foram relacionados assuntos como
fotossíntese mostrando a absorção do gás carbônico e liberação de oxigênio pelas
árvores e que através do desmatamento aumenta a quantidade de CO2. Assim
como as consequências dessa prática para a fauna e flora. “Fauna e flora valem
mais do valor que o ouro tem’’ (FAGNER, 2014).
Já no oitavo ano, foram destacadas as consequências das queimadas para a
saúde humana, principalmente relacionadas ao sistema respiratório. E por fim, no

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 96


 

9°ano foi dado ênfase a questão do efeito estufa através da concentração de CO2
em consequência do desmatamento, relacionando esse gás como uma função
inorgânica, óxido, visto em sala de aula por eles, e isso se refletiu em muitas
produções textuais (figura 01). E além de tudo a música serviu para eles
entenderem a dimensão de toda a discussão com o mundo que os cerca. Em
Consonância com (MUSSINI, 2014):

Os conteúdos escolares ensinados aos alunos são entendidos como


parte de um instrumental necessário para que todos compreendam a
realidade à sua volta e adquiram as condições necessárias para discutir,
debater, opinar e mesmo intervir nas questões sociais que marcam cada
momento histórico. (MUSSINI, 2014, p. 02).

Figura 02- Trecho de uma produção textual de uma aluna do 9° onde ela cita a relação dos gases da
fotossíntese com o aquecimento global com o desmatamento.

Para a elaboração dos cartazes educativos, foi proposto ao 6° ano elaborar


cartazes relacionados com a poluição do ar em consequência das queimadas. Para
o 7°ano, a problemática da caça e tráfico de animais silvestres e para o 9° ano a
questão da economia de energia elétrica no Brasil devido ao baixo nível dos
reservatórios das hidrelétricas. Para isso usaram cartolinas, tinta guache, papéis
coloridos, lápis de pintar e diversos outros materiais concretos.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Após a produção do livro de receitas, que hoje se encontra na biblioteca da


escola, pode-se perceber a atenção dos alunos sobre os benefícios dos alimentos
para a vida deles e no momento em que foram abordados os determinados
benefícios, muitas dúvidas surgiram e ao mesmo tempo conseguimos tirar as

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 97


 

dúvidas, inclusive o velho mito do “malefício’’ da mistura leite com manga. Foi
satisfatório o trabalho com o gênero receita, pois contribuiu para que os discentes
conhecessem um pouco mais sobre os ingredientes específicos que compõem uma
determinada receita, fazendo os mesmos entenderem também que alguns itens da
receita, em excesso, como a gordura da manteiga também faziam mal à saúde.
Como forma de fixar o que foi aprendido em relação a música trabalhada e
ao mesmo tempo estimular a capacidade de produção, foi pedido que os alunos
redigissem uma produção textual abordando a concepção deles em relação as
devastações ocorridas nos diversos ambientes e como eles poderiam contribuir
para a diminuição dos impactos ambientais relacionando o senso crítico ao
conteúdo abordado em relação a canção. As produções textuais se apresentaram
com alguns erros ortográficos que foram corrigidos em seguida e por fim mostrado
a maneira correta, porém chama-se atenção da capacidade crítica de muitos
alunos (figura 02).

Figura 02- Parte de uma produção de uma aluna do 7° ano, em que ela relata as consequências do
desmatamento na concepção dela, com base na discussão em sala.

Essa relação vem sendo desenvolvida há cinco meses e já está tendo seus
efeitos em relação ao avanço na escrita dos alunos, em que muitos erros
ortográficos através dessas produções foram corrigidos e ainda estimulou uma
ampla visão de mundo e de criticidade de cada aluno para o desempenho com a
sociedade.
Com relação aos cartazes elaborados, pôde-se perceber a influência do
cotidiano deles com adição de uma certa resistência de alguns quanto aos temas
propostos, pelo fato da proposta de intervenção mexer com a realidade de muitos.
Todavia, no final todos perceberam os problemas trazidos pelas queimadas, a caça
e tráfico ilegal de animais e o gasto excessivo de energia elétrica servindo como um
aprendizado para a vida deles, além de terem aprendido sobre um gênero textual

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 98


 

tão importante no dia-a-dia como o cartaz educativo.

Cartazes produzidos pelas turmas do 6° e 7° ano Turmas do 6° e 7° produzindo os cartazes

Turma do 9° ano produzindo os cartazes Cartazes elaborados no final da atividade

4. CONSIDERAÇÕES

Para as produções textuais, os alunos refletem conhecimentos acumulados


da vida e de seu dia-a-dia e muitas vezes precisam de oportunidade como essas
para mostrarem suas habilidades escritas, ou ilustrativas ao construírem desenhos
em histórias em quadrinhos.
Segundo Mussini (2014), “Os alunos trazem vivências, saberes,
informações, e o trabalho com a variabilidade de linguagens amplia a visão global
acerca do tema proposto pelo professor além da melhoria da capacidade leitora e
escritora dos alunos, em contato com diversos gêneros textuais.” E todos os
trabalhos com os gêneros textuais englobam a capacidade cognitiva com base em
modelos mentais adquiridos com a experiência vivida, refletindo assim em suas
produções textuais.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 99


 

REFERÊNCIAS

MARCUSCHI. L. A. Produção textual, Análise de gêneros e compreensão. São Paulo :


Parábola Editorial, 2008.

MARTINS, E.K; STADLER, R.C.L., O ensino de ciências e a utilização de gêneros


textuais: A transformação da fábula do trypanossoma Cruzi em histórias em
quadrinhos, Paraná, 2011.

MUSSINI, V.N.; BONZANINI, T.K, O Trabalho com gêneros textuais no ensino de


ciências, São Carlos, p. 02 e 03, 2014.

ABSTRACT: A reading of a series of educational development, for the same


interference in a primordial way, without teaching of all disciplines besides the
Portuguese Language. Above all, the purpose of this article is to present the results
of a study carried out at the Municipal School of Primary Education José Tito Filho,
in the municipality of Riachão do Bacamarte-PB. This aims to improve science
teaching and awaken students' interest in reading, since it is an infrequent practice
and still vote as a good strategy without teaching science in an interdisciplinary way
through textual genres such as: song, stories comic books, recipes and posters.
There is no intention to enrich our work as a theoretical asset: MARCUSCHI (2008),
MUSSINI (2014), MARTINS (2011).
KEYWORDS: Teaching. Textual genres. Sciences

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 100


 

CAPÍTULO XI

O TEATRO CIENTÍFICO EXPERIMENTAL: UMA


ESTRATÉGIA DE ENSINO E DE POPULARIZAÇÃO DA
ASTRONOMIA E CIÊNCIAS AFINS
________________________

Énery Gislayne de Sousa Melo ,

Antônio Carlos da Silva Miranda

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 101


 

O TEATRO CIENTÍFICO EXPERIMENTAL: UMA ESTRATÉGIA DE ENSINO E DE


POPULARIZAÇÃO DA ASTRONOMIA E CIÊNCIAS AFINS

Énery Gislayne de Sousa Melo


Universidade Federal Rural de Pernambuco, Unidade Acadêmica de Educação a
Distância e Tecnologia
Recife - Pernambuco
Antônio Carlos da Silva Miranda
Universidade Federal Rural de Pernambuco, Departamento de Física
Recife - Pernambuco

RESUMO: O projeto “Desvendando o Céu Austral” da Universidade Federal Rural de


Pernambuco disponibiliza regularmente telescópios para que todos interessados
em Astronomia possam observar a Lua, as manchas solares e outros astros. Devido
à heterogeneidade do público em relação à sua formação e idade, torna-se
complicado associar ações mais voltadas para o ensino. Nesse sentido, este
trabalho consiste em um relato de experiência envolvendo o uso de um tipo de
teatro específico, o Teatro Científico-Experimental (TCE), como ferramenta de
popularização e ensino de conteúdos de astronomia e de ciências afins. Os
integrantes do projeto desenvolveram uma peça sobre o eclipse solar, que foi
apresentada no dia 21 de agosto de 2017 (dia do eclipse). A montagem da peça
integrou pessoas com perfis bastante diferenciados, com formações de diferentes
áreas e níveis de ensino, como por exemplo, dos cursos de Química, Física,
Biologia, Geografia, História, Oceanografia e Pedagogia. A apresentação do teatro,
combinada com as observações astronômicas, conseguiu atrair um público
expressivo e diversificado para dentro da universidade, formado não somente por
estudantes, professores, demais profissionais da instituição, mas também, por
pessoas da comunidade circunvizinha. Os resultados alcançados demonstram que
o uso do TCE consiste em uma importante estratégia de mediação do
conhecimento científico, dos saberes populares, dos mitos e crenças com os
indivíduos, contribuindo de forma significativa para o ensino e popularização da
astronomia e de ciências afins.
PALAVRAS-CHAVE: Teatro, astronomia, ensino de ciências, popularização da ciência.

1. INTRODUÇÃO

Desde criança, observamos curiosamente o céu, tentando entender os


pontinhos brilhantes que enfeitam a noite. São raras as pessoas que nunca se
perguntaram a respeito da origem do universo, o que é uma “estrela cadente” ou
por que os cometas têm cauda etc. As pessoas são, diariamente, provocadas por
novidades do universo por meio dos noticiários de rádio, televisão, revistas e
internet. Em tempos mais remotos, os conhecimentos astronômicos eram bastante
importantes para a organização da lavoura e dos calendários. No Brasil Imperial, a
astronomia tinha uma função de orientar as navegações, D. Pedro I e D. Pedro II

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 102


 

construíram observatórios por todo o país, trouxeram astrônomos da França e de


outros países para acompanhar fenômenos importantes, como por exemplo, o
trânsito de Vênus sobre o Sol, em 1882.
Tudo relacionado à astronomia leva ao encantamento e curiosidade das
pessoas, que desejam entender à natureza desses fenômenos. Contudo, a
educação escolar não explora os conteúdos dessa área do conhecimento. Poucas
são as iniciativas para uma formação educacional adequada e satisfatória,
voltadas para professores e estudantes sobre esse tema transversal, que perpassa
outras disciplinas, como por exemplo, Biologia e Geografia.
Os grupos amantes de astronomia, normalmente, oferecem atividades que
abordam temas relacionados com fenômenos cosmológicos, promovendo uma
formação mais específica para as pessoas e inclusive aos professores. O
ensino/aprendizagem da astronomia pode ocorrer por meio da “educação formal”,
“não formal” e pelas atividades relacionadas à “popularização da ciência”. Nesse
contexto, a educação formal seria entendida como aquela promovida por meio de
uma metodologia planejada, com sistematização e organização de os conteúdos a
serem trabalhados. A educação não formal, por sua vez, teria um caráter
democrático, em que os estudantes teriam maior liberdade de escolha em relação
aos métodos e conteúdos de aprendizagem (LANGHI; NARDI, 2009, 2014).
No que se refere ao termo “popularização”, pode-se dizer que está
relacionado com a divulgação científica, contudo, vai mais além, pois também
considera os anseios do público atingido, focando elementos próprios da cultura
local. Atualmente, em Pernambuco, existe mais de 17 clubes, grupos e associações
de estudiosos em astronomia que têm como objetivo a popularização de
conhecimentos e a inclusão social. Entre esses grupos, encontramos o projeto
Desvendando o Céu Austral.
O Desvendando é um projeto de extensão, vinculado à UFRPE e que
desenvolve ações de popularização e de ensino de astronomia, a partir de
diferentes abordagens. Entre as quais, destacam-se: a observação dos astros,
vistos do alto da Torre Malakoff; os cursos de astronomia, oferecidos gratuitamente
à população aos sábados; oficinas de montagem e lançamentos de foguetes; e
uma estratégia diferenciada que consiste no Teatro Científico Experimental (TCE).
O TCE desenvolve peças sobre temas astronômicos (Eclipse, Lua Cheia etc.),
a partir de um olhar plural de diferentes tipos de saberes (científicos e populares).
Ele tem por finalidade o divertimento e a educação não-formal. O uso do teatro tem
conseguido atrair um público mais heterogêneo para os eventos realizados do
projeto e também, agregar pessoas de diferentes perfis (estudantes de ensino
médio, ensino superior, servidores técnicos e docentes da universidade) no
processo de montagem e apresentação das peças.
Neste trabalho, descrevemos uma experiência realizada pelo referido
projeto, que compreendeu o desenvolvimento de uma peça, baseado no modelo do
Teatro Científico Experimental e a sua apresentação. Pretendia-se perceber os
benefícios da apresentação da peça e do seu formato para atrair um público mais
amplo para as atividades de observação astronômica e de explicar, de forma

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 103


 

lúdica, sobre um fenômeno específico, o eclipse solar.


Este artigo está organizado de forma que o leitor terá informações sobre os
sujeitos envolvidos, o processo de construção e de estruturação da peça, o público
atingido e os principais resultados observados. A partir deste relato, esperamos
evidenciar as vantagens e dificuldades na utilização do teatro como ferramenta de
ensino de astronomia e de popularização da ciência.

2. O TEATRO, O ENSINO DE CIÊNCIAS E A POPULARIZAÇÃO DA CIÊNCIA

O teatro é um dos instrumentos de comunicação e entretenimento mais


remoto que existe. Imagine um mundo sem televisão e internet. Os mecanismos de
comunicação eram restritos à música, aos discursos e ao teatro. Pois bem, nessa
época o teatro era usado para entreter, contar histórias e para o ensino. A relação
do teatro e de outras artes com a ciência e o ensino de ciências não constitui um
evento dos tempos mais recentes. É possível encontrar vários textos e peças
teatrais que tratam sobre eventos científicos ou importantes personagens da
ciência, como o “O caso Oppenheimer” de Kippardt (1966), “Copenhague” de
Michael Frayn (1987), “Vida de Galileu” de Bertolt Brecht (1991) e “Os Físicos” de
Durrenmatt (1996).
Um importante pesquisador da interface cultura-arte-ensino-física, João
Zanetic (2006), apresenta várias finalidades para a inserção do teatro no ensino de
ciências: o teatro pode ser adotado como estratégia didática, com o objetivo de
promover uma articulação entre os conteúdos científicos e questões sociais e para
favorecer a integração entre os estudantes e motivar o processo ensino-
aprendizagem. Para além disso, o teatro apresenta-se bastante eficiente para a
divulgação de fatos científicos para um público mais abrangente, em ambientes
fora da sala de aula. Dessa forma, pode ser percebido como um ponto de partida
para o despertar do interesse pela ciência e a divulgação de informações e
popularização dos conhecimentos das ciências, contribuindo para diminuição do
analfabetismo científico.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (BRASIL, 2002),
recomendam que, além das formas habituais do Ensino de Física, por meio de
resolução de problemas e da linguagem matemática, é preciso incorporar novas
formas de expressão a esse ensino, incluindo a linguagem corporal e artística.
Dessa forma, seria possível construir novos conhecimentos e apresentar a Física
como cultura e fruto das relações humanas e sociais, principalmente, a partir do
enfoque nos aspectos históricos.
No ensino de ciências no Brasil, a maior parte das intervenções aplicadas
são estruturadas na teoria dos Jogos Teatrais de Viola Spolin (MEDINA; BRAGA,
2009; OLIVEIRA; ZANETIC, 2004) . Elas se organizam em torno de problemas a
serem resolvidos e que orientam os objetivos e desenvolvimento da peça. Ao final
do jogo, é realizada uma avaliação, com os jogadores e observadores, para
descobrir o que foi aprendido. Ingrid Dormien Koudela, professora da Universidade

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 104


 

de São Paulo, é a principal estudiosa e divulgadora do teatro de Viola. Ela chama a


atenção para o fato de que os jogos teatrais proporcionam o interesse pela arte da
improvisação e nas relações humanas. Todos os jogadores participam seja na
condição de plateia ou como ator (KOUDELA, 2005).
Além dos Jogos Teatrais, outro tipo de teatro explorado no ensino de
ciências é o teatro de Bertolt Brecht (1896-1956). Brecht delineou um estilo de
teatro, no qual as peças não enfatizavam apenas a finalidade do entretenimento,
mas tinham também o objetivo do aprendizado (BRECHT 1978). Ele acreditava que
o espectador não deveria ser distraído pela emoção da atuação e que sua
permanência em um estado consciente o permitiria entender os diversos aspectos
e conceitos transmitidos pela peça (BERTHOLD, 2010; GIMENEZ, 2013).
No nosso ponto de vista, as características do teatro Brechtiano apresentam
mais elementos mais facilmente associáveis ao ensino da astronomia e da
popularização da ciência. Esse teatrólogo propunha um teatro não somente para a
aprendizagem, mas que permitisse o desenvolvimento da autonomia e consciência
crítica e reflexiva dos participantes; aspectos não tão evidentes nos Jogos Teatrais
de Viola. Apoiados nesse entendimento, elegemos o teatro Brechtiano para
subsidiar à formatação do Teatro Científico Experimental.
Esse modelo de teatro foi concebido a partir da junção de elementos do
teatro Brechtiano e de pressupostos de processo de ensino-aprendizagem,
representados pelo Ciclo da Experiência de George Kelly (1963). Do ponto de vista
de George Alexander Kelly (1905-1967), um estudante alcança uma aprendizagem
ao mudar sua estrutura cognitiva e seus processos, adaptando suas teorias às
experiências, assim como um cientista (BARROS; BASTOS, 2007). Cada sujeito
possui construtos e sistema de construção próprio. Logo, a aprendizagem é algo
particular, variando de indivíduo para indivíduo. Na seção seguinte, apresentamos
mais detalhes sobre as ideias de ensino-aprendizagem de George Kelly, que
subsidiaram a elaboração do TCE.

3. IDEIAS DE GEORGE KELLY SOBRE ENSINO-APRENDIZAGEM

Há várias concepções de ensino-aprendizagem construtivistas, entendidas


como aquelas que tentam explicar esse processo a partir das relações entre o
indivíduo e o meio. Entre as abordagens mais exploradas nas investigações da
aprendizagem encontramos as de Piaget (1896 – 1960) e Vygotsky (1896 – 1934).
De forma bastante simplificada podemos dizer que a perspectiva construtivista de
Piaget percebia o início do conhecimento como sendo uma ação da pessoa sobre o
objeto. A partir da relação do sujeito com a sua realidade, e ao procurar transformá-
la, construir seus próprios significados. Além do mais, o conhecimento humano
evolui a partir da adaptação do homem ao seu meio.
Para Vygostky, a aprendizagem está condicionada à interação dos indivíduos
com o seu meio social. O conhecimento é construído por meio desse processo de
interação, sofrendo influência do contexto social e cultural. A partir dessa leitura,

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 105


 

entendemos que Piaget destaca a importância do objeto para a aprendizagem,


enquanto Vygostky evidencia as relações sociais. George Kelly surge priorizando o
indivíduo e sua vontade para o aprendizado. Para Kelly, o aluno é o principal
responsável por seu aprendizado. Ele sofre influência do meio e de sua história de
vida mas, é capaz de atribuir significados próprios.
George Alexander Kelly (1905-1967) nasceu em Perth, no Estado do
Kansas, nos Estados Unidos. Formou-se em Física e Matemática, em 1926, pelo
Park College, no Missouri; em Bacharel em Educação, em 1929, pela Universidade
de Edimburgo, na Escócia e obteve o título de Doutor em Psicologia pela
Universidade de Iowa, em 1931. A partir desse ano, até meados de 1942, atuou
como docente na Universidade Estatal Fort Hays, Kansas State College e como
pesquisador na área clínica. Nesse período formatou e aplicou um programa de
clínica itinerante de atendimento clínico e de testes diagnósticos para pessoas com
situação economicamente desfavorável (FEIST, J; FEIST, G.; 2008).
A partir de seus atendimentos clínicos, Kelly desenvolveu a Teoria dos
Construtos Pessoais (TCC), que consiste no olhar do sujeito no processo de
compreensão dessa realidade e da sua aprendizagem. Kelly afirma que os
indivíduos não estão presos ao passado, os mesmos são motivados por suas
antecipações do futuro. A possibilidade de superação do homem de sua condição
é o que difere a teoria da personalidade de Kelly de outras teorias, como a de
Freud e Skinner, nas quais o sujeito está preso a um destino. Para Kelly, o sucesso
e a falha ao lidar com a realidade são consequências das escolhas do homem, que
podem ser revistas, corrigidas, adaptadas, de acordo com a forma com que se
espera que a realidade reaja (BASTOS, 1992).
A Teoria dos Construtos Pessoais é constituída por um postulado
fundamental e onze corolários, os quais são: da Construção; da Individualidade; da
Organização; da Dicotomia; da Escolha; da Faixa; da Experiência; da Modulação; da
Fragmentação; da Comunalidade e da Sociabilidade (KELLY, 1963). O Postulado
Fundamental consiste em explicar a hipótese básica de como os indivíduos
formatam psicologicamente os seus modelos, ele afirma que: "Os processos de
uma pessoa são canalizados psicologicamente pelas maneiras por meio das quais
ela antecipa eventos". Através deste postulado, Kelly apresenta o sujeito como
principal agente de suas ações e, também, da sua aprendizagem. Levando para o
ensino, esse postulado reflete a necessidade de se considerar múltiplas estratégias
de apresentação dos conteúdos aos estudantes, pois, dependendo das ideias
prévias de cada um e de suas experiências, uma mesma atividade pode ser
percebida de forma diferente, levando a conclusões diversas.
Retormando a discussão da aprendizagem, do ponto de vista da Teoria dos
Construtos Pessoais um estudante a alcançaria ao mudar sua estrutura cognitiva e
seus processos, adaptando suas teorias às experiências, assim como um cientista
(BARROS; BASTOS, 2007). Cada sujeito possui construtos e sistema de construção
próprio. Logo, a aprendizagem varia de indivíduo para indivíduo. Por exemplo, em
uma sala de aula com apenas cinco estudantes, cada um desenvolverá um sistema
próprio de construção de conhecimento sobre o conteúdo abordado e trabalhado.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 106


 

Cabe ao docente facilitar aos alunos os caminhos e meios, os quais os conduzirão


para um aprendizado mais consciente e, portanto, mais significativo.
O corolário que explica o processo da aprendizagem consite no 7º, o
Corolário da Experiência: “O sistema de construção de uma pessoa muda quando
ela sucessivamente constrói a réplica dos eventos”. Esse corolário estabelece que
o encontro sucessivo do indivíduo com o evento, colabora para a revisão dos
construtos, o que resulta no seu desenvolvimento e aprimoramento. Esse processo
é ilustrado por meio do Ciclo da Experiência, que foi denominado, a partir de Rocha
(2005), de Ciclo da Experiência Kellyano, constituído por cinco etapas bem
definidas: Antecipação; Investimento; Encontro; Confirmação/Não-confirmação e
Revisão Construtiva.
A Antecipação é a fase na qual a pessoa elabora uma imagem do evento,
selecionando os construtos disponíveis no seu sistema de construção. Na fase
seguinte do Investimento, o indivíduo se prepara para o evento, por exemplo,
realizando estudos sobre o tema. O Encontro, por sua vez, é o momento do evento.
É nessa fase que a pessoa experimenta suas teorias, confrontando-as,
confirmando-as ou não. Após as considerações realizadas pela etapa anteior, é
chegada a hora da Revisão Construtiva, tendo como resultado a correção e
modificação, ou mesmo a elaboração de novas teorias (MELO, 2016).
A partir das etapas ilustradas acima, pode-se perceber que o sujeito está
vinculado às suas experiências anteriores, contudo, o mesmo é motivado por suas
antecipações. Além disso, como já foi dito, cada um irá elaborar uma construção
única, própria. Dessa forma, a formatação de um teatro que permita ao estudante
interagir com seus pares, expor suas ideias, construir e testar suas hipóteses, pode
permitir o desenvolvimento de uma aprendizagem mais efetiva e autônoma.
Pensando dessa forma, adotamos o Ciclo da Experiência Kellyano para a
formatação do Teatro Científico-Experimental. A cada uma dessas etapas do ciclo
foi atribuída uma função, atrelada à peça trabalhada. Os detalhes desse processo
são descritos na seção Discussão e Resultados.

4. METODOLOGIA

Esta pesquisa caracteriza-se, de acordo com Gil (2008), Lakatos e Marconi


(2003), como qualitativa e descritiva. Acompanhamos o grupo do projeto
Desvendando o Céu Austral no desenvolvimento e apresentação de uma peça de
teatro, no modelo científico-experimental, sobre um tema astronômico.
O Desvendando o Céu Austral é um projeto de extensão da Universidade
Federal Rural de Pernambuco, que desenvolve atividades de popularização da
astronomia e de inclusão social em várias cidades do Estado de Pernambuco. O
grupo é constituído por cerca de 20 pessoas, entre professores, estudantes e
técnicos da universidade, de cursos do ensino médio e de outras universidades.
O coordenador do projeto é professor do departamento de física da UFRPE,
possui formação em física com doutorado em astronomia. Além desse professor, o

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 107


 

projeto reúne uma docente da unidade de ensino a distância da universidade com


formação em física e doutorado em ensino das ciências; dois técnicos da
universidade, ambos com formação em física, sendo que, um possui doutorado na
área de ensino das ciências e outro, na área de cosmologia; os estudantes da
universidade são oriundos dos cursos de física, química, biologia, economia
doméstica. Os demais participantes são: alunos de cursos de graduação em
geografia de outras universidades da cidade de Recife; estudantes de ensino médio
e do ensino fundamental e pais desses estudantes.
Tendo como objetivo estudar o impacto da aplicação de um novo tipo de
teatro, o Teatro Científico Experimental, nas atividades de popularização da
astronomia, esta pesquisa contemplou as seguintes etapas:
 Capacitação básica do grupo sobre as características do Teatro
Científico-Experimental;
 Elaboração e montagem (texto, formato e cenário) da peça;
 Realização de ensaios;
 Apresentações.
Devido à publicidade massiva sobre o eclipse solar (de 21 de agosto de
2017) que cobriu todos os Estados Unidos, o grupo desenvolveu uma peça sobre
esse tema, cujo título atribuído foi “Desvendando o Eclipse Solar”. Essa peça foi
elaborada no formato do Teatro Científico-Experimental e apresentada na UFRPE,
no estacionamento entre os prédios da unidade de ensino a distância e o
departamento de física. Os resultados das observações realizadas são
apresentados na seção seguinte de Discussão e Resultados.

5. DISCUSSÃO E RESULTADOS

Os resultados das observações estão organizados em dois tópicos, sendo


um referente ao detalhamento do projeto Desvendando o Céu Austral e, outro
sobre a montagem da peça “Desvendando o Eclipse Solar”.

Projeto “Desvendando o Céu Austral”

O projeto “Desvendando o Céu Austral: Ciência, Tecnologia e Inclusão


Social” é um projeto de extensão, criado em 2014, atrelado ao curso de
Licenciatura em Física a distância da UFRPE. Ele tem como principal missão a
inclusão social, usando para isto estratégias que incentivem e despertem o
interesse em conhecer a história da ciência, em particular, da astronomia em
Pernambuco. Além disso, o projeto tem por objetivo elevar a autoestima de
professores e de estudantes, melhorar a formação docente e facilitar o
desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem de ciências, a partir da
promoção de atividades interativas, em espaços não formais de educação,
desmistificando a ideia de que aprender ciências e tecnologias é para poucos.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 108


 

Nesse contexto, o Desvendando desenvolve um conjunto de atividades de


popularização da ciência, tendo como finalidade atrair novos cientistas e integrar
pessoas das diversas áreas de conhecimento e interesses. Entre as principais
iniciativas do projeto identifica-se o Teatro Científico-Experimental (TCE), que tem
como objetivo proporcionar a divulgação de conhecimentos e disponibilizar uma
ferramenta pedagógica para os docentes. Outra característica marcante do TCE é a
sua flexibilidade e o papel ativo de todos os envolvidos na peça, inclusive o público
que pode interagir com os personagens.
A partir dos pressupostos descritos acima, a peça Desvendando o Eclipse
Solar foi concebida dentro do projeto, tendo como fundamento as características
básicas o TCE e com o tema o Eclipse Solar, ocorrido em 21 de agosto de 2017.
Esse fenômeno ganhou destaque no mundo todo, pois pode ser observado
totalmente nos Estados Unidos. Em Pernambuco, e em outras localidades do Brasil,
ele pode ser visto de forma parcial.

Montagem da peça “Desvendando o Eclipse Solar”

A elaboração do roteiro da peça teve como ponto de partida o estudo e


adaptação das recomendações básicas de Melo (2016) para a estrutura do TCE. O
teatro científico experimental deve permitir aos envolvidos a realização das 5
etapas do Ciclo da Experiência Kellyano (CEK): Antecipação, Investimento,
Encontro, Confirmação/Não-Confirmação e Revisão Construtiva.
As estratégias adotadas para a realização do CEK foram as seguintes:
inicialmente, foi introduzida a figura de um personagem/narrador com a função de
realizar a fase de Antecipação, a partir de uma explicação geral sobre a peça. Em
seguida, um segundo personagem/narrador entraria em cena abordando outros
tipos de conhecimentos relacionados com o tema, como por exemplo, os mitos e
crenças populares. Essa fase seria identificada como Investimento.
Para a efetivação da fase do Encontro, foram introduzidos diversos
personagens, caracterizando o debate entre a explicação científica e os saberes
populares. Dessa forma, os espectadores seriam conduzidos para a etapa de
Confirmação/Não-Confirmação, que consiste no momento de confrontar
psicologicamente suas ideias prévias com as novas. Por fim, a última etapa do CEK,
a Revisão Construtiva, seria promovida pelo primeiro narrador que sintetiza os
pontos chaves e controversos abordados pela peça.
Definida a estrutura da peça e seus elementos facilitadores do processo
ensino-aprendizagem, foi iniciada uma pesquisa sobre os conteúdos abordados,
com a finalidade de construir o seu texto básico. Os integrantes do projeto
Desvendando o Céu Austral foram convidados para participar como atores da peça.
Esses estudantes e atores voluntários realizaram pesquisas sobre o eclipse solar, a
partir de três eixos: explicação científica, mitos/crenças e benefícios para a saúde.
Foram selecionados tópicos como, por exemplo, a produção da vitamina D, o
fortalecimento dos ossos, depressão, o mito do eclipse para os indígenas, entre

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 109


 

outros.
O grupo do teatro era composto por 11 pessoas, com formação e nível de
escolaridade diversificada: 1 docente de Física, o coordenador do projeto de
extensão; 1 técnica da universidade, com formação em Física; 7 estudantes da
universidade dos cursos de Pedagogia (2), História (1), Biologia (2), Física (1),
Química (1); 2 estudantes do ensino médio; 2 estudantes de outras universidades,
dos cursos de Geografia e de Oceanografia.
Esse grupo organizou a peça em seis atos: Abertura, Benefícios do Sol,
Acontece o Eclipse, Mitos, Retorno do Sol e Encerramento. Os personagens
trabalhados foram: o Sol, a Lua, a Terra, o Cientista/Galileu, o Índio, o Rei, o Super
Homem, a Mulher Maravilha, a Menina Feliz e a Vovó Maratonista.
No primeiro ato, o Cientista/Galileu assumiu a função de narrador e realizou
a Antecipação da peça. Sua fala abarcou os seguintes tópicos: o Eclipse e os
benefícios do Sol para o homem.
1. Abertura
Personagem/Narrador: Cientista/Galileu
- Senhoras e senhores, hoje é dia do Eclipse Solar mais observado da
História!!!!!
- A Lua vai ficar entre o Sol e a Terra. O dia vai virar noite!!!!!
Explicação da cena: Toca uma música de fundo e uma dança é realizada
pela Lua, o Sol e a Terra.
2. Benefícios
Personagem/Narrador: Cientista/Galileu
- O Sol é muito importante! Não apenas para o Super Homem ou para a
Mulher Maravilha... mas para todos os seres da Terra.
Explicação da cena: o Super Homem e a Mulher Maravilha entram em cena
ao tocar a música tema.
Personagem/Narrador: Cientista/Galileu
- O Sol produz vitamina D que faz bem para os ossos da velhinha
maratonista, as pessoas ficam mais felizes e dispostas.
Explicação da cena: toca uma música vibrante para marcar a entrada e
performance da Menina Feliz e da Vovó Maratonista.
3. Acontece o Eclipse
Personagem/Narrador: Cientista/Galileu
- Mas hoje, a Lua vai ficar numa posição que impedirá a luz do Sol chegar à
Terra. Hoje vai acontecer o Eclipse.
Explicação da cena: a Lua coloca um manto negro sobre a Terra. Toca uma
música de fundo.
O Super Homem, a Menina Feliz e a Vovó Maratonista desenvolvem uma
performance marcando a falta do Sol (fraqueza dos ossos da Vovó,
depressão da Menina Feliz e perda dos poderes do Super Homem e da
Mulher Maravilha).

O processo de construção do trecho acima exigiu uma interação entre os

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 110


 

estudantes, que precisavam compreender todos os elementos explorados pelo


texto para construir sua performance. Os estudantes que tinham uma maior
compreensão sobre o sistema solar explicavam aos demais. Da mesma forma, os
alunos do curso de Biologia facilitaram o entendimento sobre os benefícios do Sol
para a saúde. Esse momento foi bastante rico do ponto de vista do processo de
ensino-aprendizagem, bem como, da interação social entre os participantes.
Estudantes de nível médio e do ensino superior puderam compartilhar seus
conhecimentos. É um momento raro, de difícil observação dentro dos muros das
universidades. Normalmente, as interações com estudantes de ensino médio são
realizadas através de um contato mais formal e distante, como por exemplo, nos
cursinhos preparatórios pré-enem.
Os atos seguintes basearam-se em discussões entre o Cientista, o Índio e o
Rei. Eles tentam defender suas concepções sobre o fenômeno astronômico. A
discussão completa deste trabalho será apresentada em trabalhos posteriores.
Para este artigo, é importante registrar que o processo de criação do figurino
(Figura 1) e maquiagem foi todo realizado pelos próprios estudantes. Antes da
encenação foram realizados três ensaios, com duração de 3 horas cada.

Figura 1 - Grupo do Teatro Científico Experimental

Fonte: Projeto Desvendando o Céu Austral

O segundo ensaio foi facilitado por uma professora de teatro que deu dicas
de atuação e de marcação de palco. Essa contribuição foi bastante importante para
que os atores amadores pudessem se sentir mais à vontade. A peça foi encenada
na parte externa do prédio do Departamento de Física, onde foram montados
telescópicos (Figura 2) e uma estrutura de apoio para acompanhar o Eclipse Solar.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 111


 

Figura 2 - Galileu observando o Sol pelo telescópio

Fonte: Projeto Desvendando o Céu Austral

A peça foi apresentada no dia do eclipse solar, em duas sessões. A primeira


apresentação, às 14h, contou com um público estimado de 50 pessoas, constituído
por estudantes e professores (as). Na segunda sessão o número de expectadores
foi de cerca de 400 pessoas, um número muito maior do que a expectativa do
grupo. Além de docentes e estudantes, havia filhos de professores, servidores
técnicos e pessoas da comunidade circunvizinha. Essas pessoas assistiram à peça
e ficaram para contemplar o Sol, a partir dos telescópios e óculos disponibilizados.

6. CONCLUSÕES

O uso do teatro demonstrou ser uma ferramenta importante para a


popularização da ciência e fonte de inclusão social. O teatro parece ter atraído um
público bem maior que o habitual nos eventos de observação de fenômenos
astronômicos, realizados antes pelo projeto Desvendando o Céu Austral. Além
disso, a partir de sua abordagem contextualizada e interdisciplinar aos
conhecimentos científicos e saberes populares, pode ter despertado no público
uma melhor compreensão sobre diferentes aspectos sobre a natureza do sol.
Outro importante resultado refere-se ao processo de construção da peça no
estilo do Teatro Científico Experimental, que promoveu um trabalho interdisciplinar,
no qual diferentes atores/estudantes, de níveis de ensino e áreas de interesse,
viram-se na posição ativa de facilitador do processo de ensino-aprendizagem do
conhecimento. Pode-se inferir que a aprendizagem foi desenvolvida de um ponto
de vista diferenciado, no qual foi estimulado o contato entre áreas mais afastadas
dos cursos de Graduação, como a Arte e a Cultura.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 112


 

REFERÊNCIAS

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movimento retilíneo uniforme, da Aristotélica para a Galilaica. 2005. Dissertação
(Mestrado em Ensino das Ciências -- Programa de Pós-Graduação em Ensino das
Ciências) – Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE, Recife, PE, 2005.

ZANETIC, J. Física e arte: uma ponte entre duas culturas. Pro-Posições, Campinas, v.
17, n.1, jan./abr. 2006.

ABSTRACT: The project "Unraveling the Southern Sky" of the Federal Rural University
of Pernambuco regularly provides telescopes so that everyone interested in
Astronomy can observe the Moon and the stars. The public is very heterogeneity, so
it becomes complicated to associate actions more focused on teaching. This work
consists of an experience report involving the use of a specific type of theater, the
Scientific-Experimental Theater (TCE), as a tool for popularization and teaching of
astronomy. The presentation of the theater, combined with astronomical
observations, managed to attract an expressive and diversified audience into the
university, which was formed not only by students, teachers, other professionals of
the institution, but also by people from the surrounding community. The results
show that the use of TCE is an important strategy to mediate scientific knowledge,
popular knowledge, myths and beliefs with individuals, contributing significantly to
the teaching and popularization of astronomy and related sciences.
KEYWORDS: Theater, astronomy, science education, popularization of science.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 114


 

CAPÍTULO XII

O USO DE MATERIAL DIDÁTICO ADAPTADO PARA


ALUNOS CEGOS: EXPLORANDO O PERCEPTUAL TÁTIL
ACERCA DAS CAMADAS DA TERRA
________________________

Ester Silva Chaves ,

Josiel de Oliveira Batista ,

Lucas Gomes de Sousa ,

Luciane Ferreira Mocrosky

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 115


 

O USO DE MATERIAL DIDÁTICO ADAPTADO PARA ALUNOS CEGOS: EXPLORANDO O


PERCEPTUAL TÁTIL ACERCA DAS CAMADAS DA TERRA

Ester Silva Chaves


Unifesspa, Marabá-PA
Josiel de Oliveira Batista
Unifesspa, Marabá-PA
Lucas Gomes de Sousa
Santana do Araguaia-PA
Luciane Ferreira Mocrosky
UTFPR, Curitiba-PR

RESUMO: O presente trabalho apresenta os resultados obtidos com a produção do


material didático adaptado “As camadas da Terra” para alunos cegos no ensino de
Ciências Naturais e verifica o potencial pedagógico do material didático adaptado
que foi produzido considerando as necessidades educacionais especiais de alunos
cegos em seu processo de aprendizagem na área de Ciências Naturais, a partir da
testagem com os alunos cegos e a respeito da eficácia do material para o ensino e
aprendizagem dos alunos do Centro de Apoio Pedagógico de Marabá – PA. Tem
como objetivo investigar o potencial pedagógico do recurso que foi produzido,
considerando o referencial perceptual tátil dos alunos cegos em seu processo de
escolarização no Ensino de Ciências Naturais. A metodologia utilizada foi qualitativa
com a utilização da técnica de observação participante e diário de campo, baseada
na realização de entrevistas semiestruturada com os professores e na testagem do
material com os alunos do Centro de Apoio Pedagógico. Conclui-se a partir das
entrevistas e da testagem com os alunos cegos que o recurso didático é eficaz, pois
auxilia na assimilação dos conceitos, na fixação do conteúdo e na complementação
da parte teórica.
PALAVRAS-CHAVE: Ensino de Ciências Naturais. Material didático Adaptado. Cegos.
perceptual tátil.

1. INTRODUÇÃO

A produção de material didático adaptado para alunos cegos é um tema que


vem sendo bastante explorado nos últimos tempos. Porém, quando voltamos essa
realidade para o Ensino de Ciências Naturais observamos uma precariedade, no
que diz respeito a trabalhos acadêmicos nessa área, logo acreditamos que ainda
há muito que explorar sobre o tema. A temática produção de material didático
adaptado para alunos cegos é uma realidade aceitável no ensino de ciências
naturais, uma vez que o ensino de ciências é bastante visual. A ausência de
trabalhos nessa área nos moveu a construir um material adaptado para ser usado
no Ensino de Ciências a alunos cegos.
Quando falamos de alunos cegos, há necessidade de explicar um pouco
sobre a Educação especial, hoje resultado de muitas lutas pelos direitos das

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 116


 

pessoas com deficiências. Na caminhada em buscas dos direitos das pessoas com
deficiências houve várias conquistas, a maioria delas através de políticas públicas
com a criação de leis, decretos, emendas entre outros tipos de legislação que
descaracterizassem o processo de exclusão, assim reconhecendo o papel do
indivíduo com deficiência como cidadão, mas também, aconteceram batalhas
árduas encabeçadas por grupos de deficientes, como a UPIAS (Union of the
Physically Impaired Against Segregation, 1976) que lutaram por igualdade e
respeito, como descrito por Diniz (2007).
Quanto aos recursos didáticos, salientamos que estes são meios que
auxiliam na realização da inclusão que é prevista por lei. As escolas devem se
adequar as necessidades dos alunos, com isso, o papel do professor é ter
estratégias que auxiliem o aluno na construção do conhecimento e, para tal, o uso
dos recursos didáticos manipuláveis é de suma importância. Na produção do
material didático adaptado o professor deve se atentar para que esse material
atenda a necessidade perceptual tátil do aluno, não criando material somente para
os alunos cegos, mas que esse material seja usado por todos os alunos
promovendo, de fato, a inclusão de todos.
Em relação ao Atendimento Educacional Especializado (AEE), este se
caracteriza como uma modalidade de ensino que abrange todos os níveis de
educação e é responsável pelo atendimento especializado no contra turno a todos
os alunos que apresentarem necessidades especiais de ensino. No entanto, para
que o aluno público alvo da educação especial possa receber o AEE, ele deve estar
regularmente matriculado no ensino regular da sala comum, sendo responsável por
complementar e/ou suplementar a formação do aluno com vistas à autonomia e
independência na escola e fora dela.
Ao retratarmos sobre o Ensino de Ciências Naturais percebemos que
atualmente o que predomina em nossa sociedade é o aumento do conhecimento
científico e tecnológico, onde ambos se fazem presente no nosso cotidiano, por isso
paira a preocupação em formar alunos que exerçam seu papel de cidadão com
visão crítica que envolva saberes que são de grande relevância para sua formação
na sociedade.
Ainda sobre o Ensino de Ciências Naturais, notamos que além de ser
obrigatório no currículo do aluno se faz necessário no dia a dia do mesmo. A
disciplina de Ciências Naturais é excessivamente visual, uma vez que nos livros de
Ciências são observados um grande número de gravuras, imagens e ilustrações
que tem o objetivo de aproximar o aluno do conhecimento. Mas, quando esse aluno
é cego como fazer para que ele compreenda o assunto?
O aluno vidente utiliza o sentido da visão para interagir com o mundo; o
aluno cego se serve de outros sentidos para que ocorra essa interação. A
dificuldade da falta de visão deve ser superada com a motivação da percepção tátil,
ou seja, os alunos cegos exploram as informações que lhes são dadas na maioria
das vezes pelo tato, e uma das maneiras do professor propiciar a construção do
conhecimento ao aluno cego é utilizando recursos didáticos que atendam às
especificidades do aluno, adaptando materiais para que este adéque as

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 117


 

necessidades dos alunos.


Como uma das formas de possibilitar conhecimento aos alunos cegos,
iremos destacar o uso de recursos didáticos manipuláveis. Salientamos que estes
são meios que auxiliam na realização da inclusão que é prevista por lei e que as
escolas devem se adequar as necessidades dos alunos, com isso, o papel do
professor é se cercar de estratégias que auxiliem o aluno na construção do
conhecimento e, para tal, o uso dos recursos didáticos manipuláveis atende a esse
requisito.
Em vista disso, essa pesquisa tem por finalidade investigar o potencial
pedagógico do material didático adaptado produzido, considerando as
necessidades educacionais especiais de alunos cegos em seu processo de
aquisição de conhecimentos na área de Ciências Naturais e assim, poder
demonstrar como esses recursos facilitam o processo de ensino e aprendizagem
do deficiente visual pelo ato de tocar.

2. DESDOBRAMENTOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL E NO MUNDO

Para compreendermos de forma mais simplificada a deficiência visual, é


necessário percorrermos a história da educação especial, em torno de perguntas
tais como: de que forma ocorreu a luta pela defesa das pessoas com deficiência?
Como as políticas públicas foram evoluindo a fim de garantir direitos a educandos
público alvo da Educação Especial? Essas e outras perguntas fervilham em busca
de respostas que a história da Educação Especial pode nos contar.
Durante muito tempo pessoas com deficiência foram segregadas da
sociedade sendo impedidas de exercer seu papel como cidadãs com direitos e
deveres, por serem consideradas improdutivas. Isso perdurou, veementemente em
vários países até o século XVIII, de modo que pessoas que possuíam algum tipo de
deficiência eram mortas ou abandonadas à própria sorte, por motivos diversos.
Segundo Mazzotta (2011), entre meados dos séculos XVIII e XIX, iniciou-se
na Europa o processo de conscientização sobre os direitos à educação para
pessoas público alvo da Educação Especial. Movimentos primordiais, com o
objetivo de buscar um atendimento com visão mais educacional para as pessoas
com deficiência, se sucederam primeiramente na Europa no século XIII. Segundo o
autor, a primeira instituição para educação de “surdos-mudos” só foi criada em
1770.
O atendimento às pessoas com necessidades especiais já era uma
realidade mundo afora e, com o Brasil, isso não seria diferente. Segundo Mendes
(2010), em âmbito nacional o atendimento escolar especializado às pessoas
público alvo da Educação Especial só teve início em meados do século XIX, na
década de 1850, quando D. Pedro II instituiu o Imperial Instituto dos Meninos
Cegos, em 1854, sob a direção de Benjamin Constant, e que na atualidade recebe
seu nome em homenagem aos serviços prestados. Outro marco para o AEE no país
foi a criação do Instituto dos Surdos-Mudos, em 1857, que atualmente recebe o

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 118


 

nome de Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES).


A instalação dos dois institutos trouxe novas possibilidades à Educação
Especial no Brasil, pois a partir destes as portas estavam abertas ao
desenvolvimento da modalidade, ou seja, à discussão sobre Educação Especial no
Brasil. Foi o Imperador quem realizou o 1° Congresso de Instrução Pública, em
1883, onde foi prestada importância aos institutos através de recursos financeiros
(MAZZOTTA, 2011).
De acordo com a literatura é possível observarmos que existem duas
vertentes na história da Educação Especial no Brasil, uma chamada de médico-
pedagógica onde a ênfase é na medicina para realizar o diagnóstico e as práticas
escolares; e a outra é psicopedagógica onde a figura do médico não é necessária
por que os princípios psicológicos são mais importantes.

A vertente médico-pedagógica caracteriza-se pela preocupação eugênica


e higienizadora da comunidade do Brasil, na Educação Especial,
estimulando a criação de escolas em hospitais, constituindo-se em uma
das tendências mais segregadoras de atendimento aos deficientes. A
vertente psicopedagógica procurava uma conceituação mais precisa para
a anormalidade e defendia a educação dos indivíduos considerados
anormais (MIRANDA, 2008, p.31).

É evidente que ao longo de anos a Educação Especial sofreu mudanças, em


prol da luta pelo direito de seu público. Surgiram vários movimentos
importantíssimos para a concretização da Educação Especial que é ofertada hoje.
Uma das conquistas alcançadas, além das instituições que tem uma substanciosa
parcela nessa árdua caminhada para a garantia dos direitos das pessoas com
deficiência, é a elaboração da legislação específica que assegura melhorias na
acessibilidade, mobilidade, educação, dentre outras.
A lei n. 4.024/61 de Diretrizes e Bases cria o Conselho Federal de Educação,
aparecendo a expressão “educação dos excepcionais” contemplada nos artigos (88
e 89) e abordando o tratamento especial como uma maneira de escolarização.
Mazzotta (2011) ressalta que o pronunciamento do Conselho Federal de Educação
está patenteando uma abordagem do “tratamento especial” como medida
integrante de uma política educacional. Por esse olhar entendemos a “educação de
excepcionais” como uma linha de escolarização.
Ainda analisando a legislação, vimos avanços significativos com a
promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional-LDBN 9394/96,
que ratificou o direito dos excepcionais à educação. Entendemos que para que esse
direito fosse garantido foi necessário que ele se enquadrasse ao sistema geral de
educação. Então, desse modo os mesmos serviços educacionais oferecidos à
população foram ofertados às pessoas com deficiência, porém com as adaptações
necessárias às especificidades de cada deficiência.
Atualmente no Brasil, um dos pontos bastante discutido e também difundido
é o processo de inclusão de deficientes na rede pública escolar. Essa discussão é
muito importante, pois desperta na sociedade a capacidade de reflexão sobre o
direito de todos à educação, que deve ser respeitado visto que, o processo de luta

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 119


 

das pessoas com deficiência foi longo e árduo para conquistar e garantir na
legislação seus direitos à educação de qualidade ofertada nas salas de aula
comum de ensino regular (BRASIL, 1994).
No entanto ainda existem várias reformas que devem ser realizadas, tanto
na legislação, quanto nas formações inicial e continuada dos professores, sejam
estes da sala multifuncional, sejam da sala de ensino comum, para que o ensino de
qualidade ofertado a todos deixe de ser uma promessa que soa vaga nos
corredores de nossas escolas e na boa vontade de profissionais da educação que
se esforçam para realizar um atendimento digno dentro dos padrões que lhes é
possível.
De modo geral ao percorrermos a história da educação especial, em torno
de perguntas tais como: de que forma ocorreu a luta pela defesa das pessoas com
deficiência? Como as políticas públicas foram evoluindo a fim de garantir direitos a
educandos público alvo da Educação Especial? tal como descrito no início dessa
sessão, observamos que às primeiras iniciativas dos trabalhos voltados à educação
especial tinha mais características de modelo assistencialista, do que propriamente
educacional. Porém, não podemos desprezar os primeiros passos dados na
consolidação da educação especial, passos estes que marcaram a luta de uma
sociedade em busca de igualdade de direitos.
Em âmbito nacional, podemos dizer que o processo inclusivo teve uma
trajetória extensa, na qual foram realizadas algumas mudanças, entre elas, as mais
evidentes incidiram nas políticas públicas sobre a Educação Especial, nas reformas
da legislação, diretrizes e políticas nacionais, com o objetivo de reparar um longo
período de exclusão que sofreram as pessoas com deficiências e para garantir os
direitos que se encontram na Constituição Federal de 1988, principalmente o
direito a educação.

2.1. O PROCESSO DE INCLUSÃO ESCOLAR NO BRASIL

Na década de 90 o Brasil viveu uma reforma do paradigma de inclusão,


através da constituição brasileira de 1988. Pautada no direito de educação para
todos, as políticas de inclusão surgiram para garantir igualdade às pessoas com
deficiências. Portanto iremos destacar a seguir algumas políticas inclusivas
encontradas na legislação, com visão internacional e nacional, também analisando
como a escola, pais e alunos se comportam diante do paradigma da inclusão.
Uma das primeiras trajetórias realizada pela Organização das Nações Unidas
- O.N.U., foi um movimento de defesa pelos direitos humanos, intitulado de
“Declaração Universal dos Direitos Humanos” (O.N.U., 1948). Passado então vinte e
sete anos já em 1975 se fez público a “Declaração dos Direitos das Pessoas
Deficientes” na qual se garantia o direito de todas as pessoas com deficiência sem
nenhuma descriminação (O.N.U., 1975).
A “Conferência Mundial sobre Necessidades Educacionais Especiais”
também conhecida como “Declaração de Salamanca” (O.N.U., 1994), definiu

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 120


 

através de medidas políticas e de medidas orçamentarias a inclusão das pessoas


com necessidades educacionais especiais no ensino regular. Também se definiu
que “[...] o termo “Necessidades Educacionais especiais” refere-se a todas aquelas
crianças ou jovens cujas necessidades educacionais especiais originam em função
de deficiência ou dificuldade de aprendizagem” (O.N.U., 1994, p. 3). Essa política
de inclusão desafia a escola a educar a criança com sucesso, devendo se ajustar
às especificidades de cada crianças.
A promulgação da declaração de Salamanca funcionou como um estopim
para adoção de políticas públicas voltadas ao atendimento especial, contribuindo
veemente com a seguridade à educação de todas as crianças, que
independentemente de suas diferenças, deveriam estar inclusas no processo de
ensino.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) - N° 9.394
asseguram “currículos, métodos, recursos e organização especifica para atender as
necessidades dos alunos com necessidades educacionais especiais” e também
“professores com especialização adequada em nível médio ou superior para
atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados
para integração desses educando nas classes comuns” (BRASIL, 1996, p. 44).
Em 2002, a lei N° 10.436, de 24 de abril, da Língua Brasileira de Sinais-
LIBRAS regulamentada no decreto de 5.626 de 2005, insere a LIBRAS como
disciplina obrigatória no curso de licenciatura e fonoaudiologia das instituições
públicas e privadas. Já em 2007 o Ministério da Educação lança o Plano de
Desenvolvimento de Educação – PDE que estabelece metas para a permanência
dos alunos no ensino regular (BRASIL, 2007).
Em 2008, a política Nacional de Educação Especial na Perspectiva de
Educação Inclusiva é lançada e assegura

A inclusão escolar de alunos com deficiência, transtornos globais do


desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, orientando os
sistemas de ensino para garantir: acesso ao ensino regular, com
participação, aprendizagem e continuidade nos níveis mais elevados do
ensino; transversalidade da modalidade educação especial desde a
educação infantil até o ensino superior; oferta de atendimento
educacional especializado (...) (BRASIL, 2008, p. 14).

Esse documento é prestado de forma a suplementar, ou seja, de dar suporte


na formação do aluno.
No ensino de ciências o avanço do conhecimento científico foi orientado de
acordo com a influência da Escola Nova, que foi um movimento da década de 30
que trouxe o ideário da psicologia para a educação e com ela o aspecto psicológico
que valoriza a participação do aluno no processo de aprendizagem.
Antes da década de 70 o ensino de ciências naturais era ofertado somente
nas duas últimas séries do antigo ginásio. Foi somente a partir da promulgação da
Lei de Diretrizes e Bases nº 4.024/61, que o ensino de ciências foi ampliado a
todas as séries do ginásio. Esta lei sofria influência da Escola Nova e tinha como
orientação o conhecimento científico. Isso trouxe uma revolução no processo de

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 121


 

ensino e aprendizagem, pois os alunos deixaram de ser apenas ouvintes e


começaram a participar ativamente das aulas e para isso, as atividades práticas
tiveram que ser implantadas.
Assim, as atividades experimentais começaram a ser vistas como uma forma
de se produzir conhecimento científico. Nesse sentido, o objetivo das ciências
naturais era fazer com que o aluno desenvolvesse sua criticidade na sociedade,
levando em consideração o método científico (BRASIL, 1998).
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (Brasil, 1997) foi somente
depois da segunda guerra mundial que o ensino de ciências no Brasil abrangeu
temas relacionados aos problemas ambientais, pois antes estes eram preocupação
somente dos países de primeiro mundo. Tais preocupações estiveram atreladas ao
forte incentivo à industrialização que ignorou os custos sociais e ambientais desse
desenvolvimento. Por esse motivo tornou-se obrigatório nas disciplinas de ciências
a discussão sobre o meio ambiente independentemente dos diferentes níveis
abordados.
A introdução desse conteúdo nos currículos de ciências naturais mostra a
obrigatoriedade do governo brasileiro em ceder as pressões nacionais e
internacionais. Diante dos danos que a segunda guerra mundial causou à natureza,
o governo se viu obrigado a adequar o ensino e introduzir os conteúdos de ciências
naturais no currículo escolar. Essa atitude governamental revela uma nova
conjuntura sociopoliticoeconômica, pois se acaso, o Brasil não mostrasse interesse
em conscientizar a sociedade brasileira sobre cuidar do meio ambiente, as relações
políticas exteriores seriam enfraquecidas e o Brasil seria bastante prejudicado
economicamente.
Houve também a preocupação com as questões políticas e sociais
referentes aos conhecimentos científicos e tecnológicos. Essa implicação
influenciou a vertente sobre “Ciências, Tecnologia e Sociedade” (CTS) nos anos 80,
na área de ensino de ciências naturais. A tendência (CTS) é importante para o
ensino de ciências, pois depois da industrialização de forma repentina que
propiciou problemas ambientais, o principal objetivo foi formar um aluno crítico e
conscientizar a atuação dele enquanto indivíduo participante da sociedade e que
ele perceba que tais ações interferem no planeta.
Depois da década de 70, com a promulgação da Lei n. 5.692, a disciplina de
ciências naturais adquire caráter obrigatório nas oito séries do primeiro grau. Foi
nessa época também que resolveram integrar à disciplina os conteúdos de biologia,
física, química e geociência.
Observamos que essa interdisciplinaridade traz aos professores o desafio de
buscar mais informações para trabalhar com diversas áreas abordando diferentes
tipos de tema sem focar em um só conteúdo, uma vez que estão interligados. A
prática metodológica do professor de ciências também sofreu mudanças, pois
agora ele possui diversos temas para trabalhar envolvendo as disciplinas de
biologia, física, química e geociências.
Nos anos 80 o aluno aprimorou o processo de construção do conhecimento
cientifico reconhecendo os conceitos básicos e os compreendendo, essa

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 122


 

construção mostra a influência construtivista. O aperfeiçoamento de tais


concepções levaram as indagações intuitivas a serem respondidas através das
pesquisas científicas sobre o ensino de ciências.
Como vimos nos PCN (1997), esse avanço no ensino de ciências foi de
grande importância para a construção do conhecimento científico, pois antes se
pensavam que o professor era o único detentor do conhecimento e sua prática de
ensino no modelo tradicionalista era ideal e eficaz, porém outros modelos também
auxiliam o aluno na construção do conhecimento, o que nos leva a conclusão de
que o avanço no ensino de ciências para os alunos com deficiência visual tem se
concretizado a fim de melhorar o descompassado na aprendizagem destes alunos,
levando em consideração as orientações das leis e diretrizes que estabelecem o
uso de recursos didáticos adaptados para a efetivação do processo de
escolarização dos alunos público alvo da Educação Especial.

3. PRODUÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO “AS CAMADAS DA TERRA” E OS


DESDOBRAMENTOS DA PESQUISA

Este trabalho foi fundamentado nos princípios da abordagem qualitativa de


pesquisa, pois se trata de uma pesquisa explorativa sobre o material didático
adaptado para auxiliar no processo de aprendizagem dos alunos cegos no ensino
de Ciências. Segundo Bogdan e Biklen (1982) a pesquisa qualitativa irá apresentar
características básicas que correspondem a esse tipo de abordagem, como a
predominância de descrições, como maior preocupação com o processo do que
com o produto, ou a característica indutiva da análise dos dados.
Notamos que as características descritas pelos autores são as mesmas que
predominaram em nossa pesquisa qualitativa, pois há uma grande semelhança em
relação a forma de obtenção de dados, que levou em consideração o cunho mais
descritivo, se atentando aos detalhes ocorridos na pesquisa, a atenção voltada no
processo da pesquisa que denota melhor compreensão dos resultados e também o
significado das pessoas participantes do processo da pesquisa.
Também se utilizou na pesquisa a técnica da observação, que de acordo
com Gerhardt e Silveira (2009, pg.75)

É uma técnica que faz uso dos sentidos para apreensão de determinados
aspectos da realidade, ela consiste em ver, ouvir e examinar os fatos, e
fenômenos que se pretende investigar. A técnica da observação
desempenha importante papel no contexto da descoberta e obriga o
investigador a ter um contato mais próximo com o objeto de estudo
(GERHARDT E SILVEIRA 2009, pg.75).

Dessa maneira a observação participante será utilizada como instrumento


de obtenção dos dados descritivos e analíticos, a partir da observação e utilização
do material didático adaptado por três alunos cegos do Centro de Atendimento
Pedagógico (CAP) “Ignácio Baptista Moura” em uma aula de Ciências Naturais, de
tal forma que foi possível observar e analisar o aproveitamento desse recurso

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 123


 

didático adaptado. Essa observação participante foi registrada no diário de campo,


uma vez que, tal como enfatiza Bogdan e Biklen (1994, p. 16), a observação
participante funciona como um instrumento de investigação importante, pois “o
pesquisador se insere no mundo a ser pesquisado com a possibilidade de conhecer
perspectivas, visão de mundo e valores dos participantes e registrar tudo o que
viu”.
Para complementar os dados da pesquisa, foram elaboradas entrevistas no
formato semiestruturado. A entrevista é aqui utilizada como uma técnica alternativa
para a obtenção dos dados não documentados sobre determinado tema, é também
uma técnica de interação social, uma forma de dialogo assimétrico, em que uma
das partes busca obter dados, e a outra se apresenta como fonte de informação;
como afirma, Bogdan e Biklen (1982, p.72) “a entrevista pode ter caráter
exploratório ou ser uma coleta de informação”.
Segundo Lüdke e André (1986), a entrevista semiestruturada é mais
adequada para o trabalho de pesquisa que se faz atualmente em educação, porque
se aproxima mais dos esquemas mais livres, menos estruturados. As informações
que se quer obter, e os informantes que se quer contatar, em geral professores,
diretores, alunos e pais, são mais convenientemente abordáveis através de um
instrumento mais flexível.
Tais indagações foram formuladas e perguntadas aos professores e alunos
afim de que se possa compreender melhor a interação do deficiente visual com o
ensino de ciências. Contudo nesse trabalho também se fez uso do diário de campo,
já que este recurso é bem aprazível para sistematizar as observações realizadas
durante a pesquisa. É no diário de campos que são anotadas as observações
durante a pesquisa. Nesse espaço registra-se os fatos que nos revelam situações
importantes para a nossa pesquisa.
Além disso, usamos outros instrumentos para desenvolvimento da pesquisa.
Além dos registros escritos, análise documental e exploração de dados também
fizemos uma apostila em áudio gravada em CD-ROM com o conteúdo do tema “As
Camadas da Terra”, de modo que essa apostila possa ser utilizada pelo aluno caso
o professor não esteja presente para explicar o conteúdo
No CAP onde os alunos recebem o AEE, tivemos a colaboração de 03 (três)
professores que foram entrevistados e de 03 (três) alunos para testagem do
material. No convívio com os alunos e professores tivemos significativas
contribuições para enriquecer o trabalho. No processo de escolarização do Ensino
de Ciências a alunos com deficiência visual e o uso de recurso didático pelos
professores para auxiliar no atendimento prestado, contribuíram para enriquecer o
trabalho no que diz respeito ao objeto de estudo.
No processo de testagem do recurso produzido entrevistamos 02 (dois)
alunos que recebem atendimento no CAP. A avaliação do material produzido, nos
proporcionou saber se o material era acessível e se atendia à necessidade
perceptual tátil do aluno. Ressaltamos que tanto aos alunos, como aos professores
foram determinados nomes fictícios ou apenas abreviaturas como meio de
preservar suas identidades.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 124


 

QUADRO 1- Informações dos participantes para a testagem do material


Nome Idade Série Sexo Escola
Maria 14 anos 8° ano Feminino Escola de E. F. e M. Irmã
Teodora
Pedro 46 anos 2° etapa- EJA Masculino Escola de E. F. e M.
Martinho Mota
João 15 anos 1° e 2° etapa- EJA Masculino Escola de E. F. e M.
Martinho Mota
FONTE: Os autores

Os três alunos recebem atendimento no CAP. Podemos intuir, pelo nível de


escolarização que os alunos apresentam, que estes já receberam na escola de
ensino regular o assunto sobre o tema que tratamos, uma vez que ele está no eixo
temático estudado nas séries finais do ensino fundamental. Isso também foi
confirmado durante a entrevista.

4. RESULTADO E DISCUSSÕES

Para criação do material, tivemos a necessidade de buscar a teoria para dar


embasamento a este trabalho. Portanto, o material é baseado no assunto “As
Camadas da Terra” geralmente trabalhadas nas turmas do 6° ano do Ensino
Fundamental.
O Assunto refere-se ao eixo temático “Terra e Universo” onde os “Parâmetros
Curriculares Nacionais propõem conhecimentos em função de sua importância
social de seu significado para os alunos e de sua relevância científico-tecnológica”
(Brasil, 1997, p.62). Por isso a ciência busca resolver as questões das
transformações físicas, químicas e biológicas que o universo vem sofrendo ao longo
dos anos.

4.1. ENTREVISTA COM OS ALUNOS

Para a experimentação do material contamos com o apoio de 03 (três)


alunos, sendo que, dois deles cursavam o EJA e estavam fazendo a °1 e 2° etapa,
enquanto que um terceiro estava regularmente matriculada no 8° ano. Levando em
consideração o fato de 02 (dois) alunos estarem cursando a Educação de Jovens e
Adultos (EJA), decidimos que faríamos a entrevista somente com eles.
Foi feita a seguinte pergunta aos 02 (dois) alunos participantes: Você já teve
acesso a um material acessível como “As camadas da terra”? Ambos responderam
que foi a primeira vez que eles tiveram acesso a um material tátil sobre as camadas
da terra. Também foi perguntado: O que você achou sobre a acessibilidade do
material incluindo também a questão do áudio? 100% dos entrevistados
responderam que a acessibilidade correspondeu as suas necessidades
educacionais especiais e citaram que a apostila em áudio vem para completar a

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 125


 

acessibilidade.
No intuito de revelar pontos negativos foi questionado aos alunos: O que
você acha que está faltando no material? Os 02 (dois) alunos responderam que
não acrescentariam nada no material didático e disseram que estavam contentes
de terem explorado “As camadas da terra”, porém deixaram claro que gostaria de
saber que houve mais iniciativas como essa, de produção de recurso adaptado
para facilitar a aprendizagem no ensino de Ciências.
Ao analisarmos a entrevista ficou evidente que o material produzido, foi
considerado acessível à necessidade educacional especial dos alunos deficientes
visuais. Portanto, esse material irá ajudar o aluno na construção do processo de
aprendizagem e auxiliar o professor na didática quando for ensinar o conteúdo.

4.2. ENTREVISTA REALIZADA COM OS PROFESSORES DO CAP

A análise dos dados obtidos a partir das entrevistas com os professores foi
realizada através de respostas de um questionário semiestruturado, composto de
08 questões, gravadas e logo após foi feita o tratamento dos dados. Na busca por
informações para ajudar na produção do material didático adaptado, laçamos a
primeira pergunta: Qual a faixa etária que você atua principalmente para o ensino
de ciências naturais?
Os três professores responderam que o CAP trabalha com alunos de faixa
etárias variadas, pois atende alunos da rede regular de ensino e também da
comunidade, sendo que a professora R e o professor E atuam com os alunos do 1°
segmento do ensino fundamental e da educação infantil, já o professor M afirma
que “nossa clientela principal daqui do CAP é do ensino fundamental e do ensino
médio. Trabalhamos com a rede regular de ensino, mas também existe alunos da
comunidade como os alunos de instituições, bem como temos aluno do IFPA e da
Universidade Federal também. Nós temos atuado na produção de materiais para
esse aluno” (W, 2014). A partir das respostas fica Claro que não importa a idade do
aluno e sim que ele irá receber o atendimento no seu processo de escolarização.
Dando continuidade à entrevista perguntamos: Quais os materiais didáticos
e equipamentos disponíveis no CAP? Os professores foram unanimes em responder
que havia poucos materiais didáticos e que os equipamentos são basicamente:
maquina de escrever em Braille, kit de escrita, soroban, jogos pedagógicos, jogos
sensoriais, impressora braile, sistema de xerox ampliada, multiplano e além de
livros impressos em braille e livros ampliados, assim como, ferramentas
tecnológicas da informática com software específicos para o público com
deficiência visual.
Também perguntamos se O CAP possui material para o ensino de Ciências
Naturais? Se sim, quais são estes? Todos responderam que é escasso materiais
específicos na área de Ciências Naturais e que não havia acervo de material
didático completo, porém o professor E citou que apenas havia recurso didático em
áudio para aula de biologia. A professora R falou que “não existe recursos

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 126


 

específicos aqui no município para trabalhar o conteúdo de química de física e de


biologia, e tudo que existe é produção de iniciativa de pessoas envolvidas no
processo de inclusão dos alunos com deficiências, principalmente com deficiência
visual” (R, 2014). Então a partir de iniciativa dos profissionais que trabalham com o
ensino fundamental foram confeccionado a célula braile, e em a parceria com a
UEPA, há no CAP a tabela periódica em braile e ampliada.
Observamos então que, o decreto n° 6571/08 (BRASIL, 2008) sobre o AEE,
prevê o uso de materiais didáticos pelos professores, portanto esses materiais
deveriam ser fornecido pelo governo, porém a realidade é diferente, pois é o
professor que muitas das vezes tem a necessidade de confeccionar o recurso
didático por falta de materiais didáticos adaptados para trabalhar com os alunos
cegos.
Ainda sobre a entrevista pedimos para os professores que descrevessem
sua metodologia para ensinar ciências naturais. Segundo o professor E, sobre
ensinar ciências

se você ficar muito só no campo conceitual a pessoa cega não vai


entender muitas coisas, então trabalhar a ciências naturais de maneira
abstrata algumas coisas a pessoa cega pode até entender, mas o que é
fato é que você tem que tentar aproximar o máximo do real, se não
conseguir trabalhar dentro do próprio campo real (E, 2014).

Essa forma metodológica se preocupa em levar o conhecimento o mais


próximo possível da realidade para o aluno. Já a professora R diz que “para a
metodologia é confeccionado bonecos, confeccionada maquetes feitos bonecos em
papel jornal, então é feito alternativas com alunos para que se sintam envolvidos
no processo” (R, 2014). Nesse tipo de metodologia a participação do aluno na
confecção do material didático auxilia no processo de absorção das informações
sobre o conceito do material didático adaptado. O professor M explica que sua
metodologia

é a produção do material didático para braille, nós pegamos o material


didático vindo da escola, nós recebemos o material da escola e nos
transcrevemos para o braille utilizando os recursos das tecnologias que é
o programa de computador e também um recurso do software chamado
braille fácil e inbraille para os cegos. Para a baixa visão nós temos uma
copiadora no formato A3 de forma que nós fazemos as ampliações deste
material para os alunos com baixa visão, as aulas, especificamente nas
aulas teóricas nós utilizamos o material didático para o material mais
especifico nós utilizamos o computador (R, 2014).

A partir de todas as repostas que tivemos sobre a metodologia dos


professores, fica claro que o aluno com deficiência visual não pode está limitado
somente ao campo teórico, mas também necessita receber subsídios que tragam
informações a partir de experiências com o meio em que vive, uma vez que ao
tatear um material didático adaptado o aluno constrói os conceitos da parte teórica.
Portanto o professor tem o papel fundamental de mediador no processo de
aprendizagem dando a ele o acesso ao conhecimento. Jorge (2010, p. 36) apud

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 127


 

Camargo (2006), vem confirmar essa reflexão.

É necessário que o professor assuma em parte a responsabilidade de


buscar mecanismos, estratégias e condições alternativas para que o
ambiente escolar dos alunos deficientes visuais possa ser
essencialmente inclusivo, no amplo sentido desta palavra (Jorge, 2010
apud Camargo, 2006. p. 36).

Quando perguntado Como você faz pra saber se o conteúdo está sendo
entendido pelo aluno?
A professora R (2014) responde que “no CAP a gente não trabalha com essa
metodologia avaliativa de prova, a gente vai abordando o conteúdo explicando e
automaticamente é um processo de interação onde o aluno participa, então é a
maneira do dialogo permanente. ” Já o professor M diz que quem avalia o processo
de aprendizagem dos conteúdos é a escola, mas ele tem alguns artifícios para
saber se o aluno aprendeu ou não. Seu método baseia-se na realização de
atividades para ver o grau do conteúdo aprendido pelo aluno (M, 2014). O professor
E diz que sabe se o aluno aprendeu o conteúdo “quando ele consegue dialogar
sobre determinado conceito” (E, 2014).
Também pedimos para eles que Falassem sobre a importância do recurso
didático para aprendizagem do aluno deficiente visual. Segundo R (2014) os
recursos didáticos são estratégias fundamentais na metodologia do professor para
o aluno construir conhecimento, especialmente para o aluno cego que necessita do
recurso didático adaptado, por que não dá pra ficar só no campo da abstração dos
conteúdos, o aluno deve tatear o recurso didático adaptado se aproximando mais
do conteúdo a fim de facilitar sua compreensão.

Então quando você pega esse conteúdo visual e transforma numa


alternativa sensorial, do tátil, que eu digo que é o multissensorial que
você envolve todo o seu sentido. Esse aluno ele se torna muito mais
próximo de compreender o conteúdo e tem uma valorização humana
também, porque ele já se sente é um sujeito ativo naquele processo (R,
2014).

Para o professor E, o material acessível significa, possibilitar o conhecimento


ao aluno com deficiência visual, e esse material acessível tem que ser diversificado
com ele diz:

então o material acessível é isso, se o individuo tem condições, tem


acesso a uma informação adaptada pra ler seus textos em áudio, tem
acesso ao ensino do braille e aos textos em braille, se é baixa visão tem
acesso aos textos ampliado, as maquetes, as experiências reais (E,
2014).

Já o professor M (2014), deixa claro que se tratando do ensino de ciências o


recurso deve ser tátil se tornando mais prático para o aluno com deficiência visual.
Segundo Tavares (2015. p. 2)

[...] quando o aprendiz tem pela frente um novo corpo de informações e

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 128


 

consegue fazer conexões entre esse material que lhe é apresentado e o


seu conhecimento prévio em assuntos correlatos, ele estará construindo
significados pessoais para essa informação, transformando-a em
conhecimentos, em significados sobre o conteúdo apresentado (2015. p.
2).

Tais respostas nos mostra, que a acessibilidade do material didático para o


aluno com deficiência visual vai auxiliar o aluno no processo de construção do
conhecimento, por isso é importante o professor fazer uso desse tipo de recurso.
Perante o exposto, fica visível a importância de materiais didáticos adaptados
durante o processo de escolarização dos alunos com deficiência visual, pois os
professores utilizam os recursos para apoiar em sua didática. É claro que ainda, há
poucas iniciativas na área das ciências naturais no que diz respeito de material
didático, mas temos a convicção que esse recurso metodológico é essencial na
prática dos professores a fim de que os alunos compreenda a parte teórica do
conteúdo de ciências.

5. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

Podemos dizer que grande foi a caminhada pelas conquistas que os


deficientes veem usufruindo nos dias atuais, porém não podemos esquecer que ela
foi árdua, e muitos contribuíram para que os deficientes de ontem e de hoje
pudessem ter reconhecimento e atendimento adequado (mas ainda acreditamos
que há muito a ser feito ainda). A respeito do ensino de ciências sabemos que é
uma disciplina importante para o currículo da Educação Básica, pois é convalidada
pelos PCN (1997), além de introduzir nas crianças o espírito científico e da busca
por resposta por aquilo que os intrigam.
Também observamos que por se tratar de uma disciplina bastante visual há
a necessidade que os materiais didáticos sejam modificados para atender às
especificidades de um aluno cego. Em vista disso, os experimentos que na maioria
das vezes se faz necessário o uso do sentido da visão, são adaptados, geralmente
construídos em relevo, para que o aluno possa enxergar através das mãos.
A fim de incluir os alunos cegos nas aulas de ciência, e possibilitar acesso a
uma pequena parte do conteúdo de ciências ofertado, foi que demos início ao
processo de produção do material didático adaptado, propiciando acessibilidade ao
conteúdo da área de ciências sobre “As camadas da Terra”. Acreditamos que esse
material didático adaptado seja um recurso que o professor de ciências possa usar
em sua metodologia de ensino para auxiliar os alunos na compreensão e aquisição
do assunto.
A respeito da testagem do material produzido, as entrevistas realizadas com
os alunos mostraram que a avaliação do potencial pedagógico é positiva, pois o
material é acessível e inclusivo e consegue dar suporte ao professor em sua
didática e também consegue ajudar o aluno na aquisição de conhecimento sobre o
ensino de Ciências, uma vez que o material foi bem aceito! Prova disso é que todos
os alunos afirmaram que a acessibilidade do material atendeu ao referencial

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 129


 

perceptual tátil.
As entrevistas com os professores mostraram que os recursos didáticos são
eficazes, pois ajuda na assimilação dos conceitos, na fixação do conteúdo e
complementa a parte teórica. Porém percebe-se que os materiais didáticos não são
suficientes, devendo então, haver mais formação continuada para os professores
poderem se aprimorar cada vez mais na área da deficiência visual e assim
promover educação de mais qualidade.
Levando em consideração nossas observações durante a testagem do
material, bem como a aceitação dos alunos cegos com o material é possível dizer
que o material produzido é relevante para o ensino de ciências e o uso deste
material traz qualidade na vida escolar do aluno cego, pois as percepções táteis
que o material fornece faz com que o aluno além de si sentir inserido no processo
de escolarização, construa o conhecimento através das percepções táteis.
Porém também concluímos que, por mais especializado que os professores
e o CAP sejam, os recursos didáticos para alunos cegos ainda são ausentes; que a
falta desse recurso didático interfere na assimilação do conteúdo aprendido pelo
aluno cego, portanto há necessidade de confecção de mais materiais didáticos
adaptados, que venham suprir a necessidade específica do aluno cego no ensino
de Ciências Naturais.

REFERÊNCIAS

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introdução à teoria e aos métodos. 1982.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 05 de


outubro de 1988.

______. Plano Decenal de Educação para Todos. Versão acrescida. 136 p. Brasília:
MEC, 1993. Disponível em < http:// http://www.dominiopublico.gov.br/ >. Acesso
em 28 de dezembro de 2015.

______. Declaração de Salamanca: Sobre princípio política e prática em educação


especial. Brasília: MEC/SEESP, 1994.

______. Lei N° 9.394 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 20 de


dezembro de 1996 Brasília, DF. Brasil. Parâmetros curriculares nacionais: Ciências
Naturais . Secretaria de Educação Fundamental. Brasília, 1998. p.138.

_______ .Deficiência Visual. vol. 1Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de


Educação Especial, 2001.196 p.

______. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 130


 

Inclusiva. Brasília, 2008.

_______. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ciências Naturais. Secretaria de


Educação Fundamental. Brasília, 1997. p.138.

______. Decreto nº 7.611, de 17 de Novembro de 2011. Dispõe sobre a educação


especial, o atendimento educacional especializado e dá outras providências.
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DINIZ, D. O que é deficiência. São Paulo: Brasiliense. 2007. Coleção Primeiros


Passos.

GERHARDT, T. E; SILVEIRA, D. T. Métodos de pesquisa. Porto Alegre: Editora da


UFRGS, 2009.122p.

LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E. A. Pesquisas em educação abordagens qualitativas:


temas básicos de educação e ensino.1 ed. São Paulo: Ed. pedagógica e
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MAZZOTTA, M. J. S. Educação Especial no Brasil: História e Políticas Públicas. 5°


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MENDES, Enicéia Gonçalves. Breve histórico da educação especial no Brasil. São


Paulo: Revista Educación y Pedagogia, 2010.

MIRANDA, A. A. B. História, deficiência e educação especial. Cadernos de História


da Educação 2003.

ABSTRACT: The present study presents the results obtained with the production of
adapted "Earth layers" didactic material for blind students in the teaching of Natural
Sciences and verifies the pedagogical potential of the adapted didactic material
that was produced considering the special educational needs of blind students in
their learning process in the area of Natural Sciences, based on testing with the
blind students and on the effectiveness of the material for teaching and learning of
the students of the Pedagogical Support Center of Marabá - PA. It aims to
investigate the pedagogical potential of the resource that was produced,
considering the tactile perceptual referential of the blind students in their schooling
process in the Teaching of Natural Sciences. The methodology used was qualitative
with the use of the participant observation technique and field diary, based on semi-
structured interviews with the teachers and on the testing of the material with the
students of the Pedagogical Support Center. It is concluded from interviews and
testing with the blind students that the didactic resource is effective, as it assists in
the assimilation of concepts, in the fixation of content and in the complementation
of the theoretical part.
KEYWORDS: Teaching Natural Sciences. Educational material Adapted. Blind
perceptual.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 131


 

CAPÍTULO XIII

PROPOSTAS PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS NATURAIS


POR INVESTIGAÇÃO A PARTIR DE OBSERVAÇÕES EM
UM LICEU FRANCÊS
________________________

Helaíne Haddad Simões Machado ,

René Lozi ,

Nicole Biagioli

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 132


 

PROPOSTAS PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS NATURAIS POR INVESTIGAÇÃO A PARTIR


DE OBSERVAÇÕES EM UM LICEU FRANCÊS

Helaíne Haddad Simões Machado


Université de Montpellier, Doutoranda, Laboratório LIRDEF, Montpellier - França
René Lozi
Université de Nice Sophia Antipolis, Professor universitário, Laboratório J. A.
Dieudonné, UMR CNRS 7351, Nice - França
Nicole Biagioli
Université de Nice Sophia Antipolis, Professora universitária, Laboratório C.T.E.L.
E.A. 6307, Nice - França

RESUMO: Este estudo centrou-se em observações de aulas de Ciências da Vida e


da Terra ministradas em uma escola pública francesa de ensino médio e objetiva
discutir as condições necessárias para que o ensino de ciências naturais baseado
em investigação possa ajudar efetivamente os alunos a se apropriarem dos saberes
científicos. Esta abordagem, para não ser restritiva do ponto de vista didático, deve
estar apoiada na prática de um procedimento experimental do tipo hipotético-
dedutivo, sobretudo na mediação do uso de modelos e modelizações, na escolha
dos conteúdos e na organização do tempo de aula. Três questões dirigidas aos
alunos estavam sempre presentes nas situações didáticas: O que vocês observam?
O que vocês já sabem? O que podemos deduzir? Os planos de aulas eram
desenvolvidos seguindo dez etapas indispensáveis, entre elas: a situação-problema
desencadeadora da investigação, o debate científico na classe visando conceber
uma estratégia de resolução, o trabalho prático e autônomo dos alunos utilizando
ou construindo modelos, a apresentação e argumentação dos resultados por parte
dos alunos, a correção e validação desses resultados sob a pilotagem do professor
e um esquema recapitulativo final. Para que aulas com esta abordagem tenham
seus objetivos atingidos no contexto da educação brasileira são indispensáveis o
preparo dos professores em aplicá-las e a reorganização do ambiente escolar. O
bom nível de qualidade das interações professor - aluno – saber, depende,
portanto, do investimento efetivo na formação de professores na modalidade
didática do uso de modelos e modelizações, indispensável para o sucesso do
ensino de ciências naturais.
PALAVRAS-CHAVE: Educação científica, didática de modelização, método hipotético-
dedutivo, ensino médio, formação de professores.

1. INTRODUÇÃO

Nota-se hoje, em vários países do mundo, a falta de recursos humanos no


campo dos ofícios científicos essenciais e vários documentos internacionais
recomendam a modernização do ensino de ciências no âmbito formal. O desafio
parece ser de aumentar a motivação dos alunos, seu interesse pelas ciências e,
consequentemente, seu bom rendimento escolar.
Exames internacionais, como o PISA (Programa Internacional de Avaliação

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 133


 

de Estudantes), não objetivam validar somente os conhecimentos do conteúdo do


currículo, mas avaliar em que medida um jovem de 15 anos consegue aplicar seus
conhecimentos científicos na solução de problemas da vida cotidiana. O que quer
dizer que estes saberes estão centrados em uma alfabetização científica ou
scientific literacy (EACEA, 2011, p.13).
Na França, segundo Boilevin (2014), a discussão sobre educação científica
retorna à cena no fim do século XX (anos 1990) com a introdução, na escola
primária, do método « La main à la pâte » e do Plano de Renovação do Ensino de
Ciências e Tecnologias na Escola (PRESTE), publicado pelo Ministério da Educação
deste país em junho de 2000 (MEN, 2000).
Não se pode esquecer também as contribuições da chamada “Nova
Educação”, sobretudo as do pedagogo Célestin Freinet, que trouxe a noção de
tentativa e erro, o “tâtonnement expérimental” à serviço da construção dos
saberes, para este país e depois para o mundo. A introdução da abordagem
investigativa de ensino nos programas oficiais do ensino médio francês (liceu) é, no
entanto, recente, tendo recebido o apoio da Academia de Ciências em 2004 e
2005 e tendo sido aplicada efetivamente desde 2006.
Clerc (1995) em seu capítulo “O que é aprender ? ” resume que aprender
não é:
(1) registrar passivamente as informações,
(2) visar somente a memorização e
(3) utilizar respostas prontas.
Mas que aprender é:
(1) saber agir em seu meio,
(2) resolver problemas e
(3) adaptar sua ação às condições impostas pelo meio.
Isto nos leva a pensar que a concepção clássica ou tradicional de aula
expositiva requer transformações já há algum tempo e que esta modernização do
ensino pode ser dirigida para a diversificação de estratégias didáticas, onde o
aluno possa tomar decisões de forma mais autônoma e aprender agindo,
experimentando ou construindo modelos. O aluno é, desse modo, colocado no
centro das situações didáticas e torna-se ator da construção de seu próprio saber.
Documentos oficiais do Ministério da Educação francês (trechos citados em
Orange-Ravachol, 2017) orienta como as ciências podem ser interpretadas
pedagogicamente:

« O exercício de modelização do real é sem dúvida o procedimento mais


importante e também o mais difícil da abordagem científica » « o
desenvolvimento das ciências se faz por um vai-e-vem entre observação
e experiência de um lado, a conceptualização e a modelização de outro. »
(MEN,1999, p.5)
« cada aluno deve encontrar, nas melhores condições, a ocasião de ir à
campo, de dissecar, de preparar e realizar observações microscópicas, de
experimentar com ajuda de um computador, de modelizar, de praticar
uma pesquisa documental on line, etc. » (Programa curricular de SVT,
MEN, 2011, p.2)

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 134


 

De acordo com Orange (2007), os saberes científicos são saberes que


apresentam uma certa apoditicidade (natureza evidente e incontestável), ou seja,
saber em ciências não é somente “saber que”, mas saber que isso não pode ser
interpretado de outra maneira. No quadro teórico de sua reflexão sobre o meio
didático interior na aprendizagem de ciências, ele expõe que os fenômenos só
existem pelos problemas que eles propõem para serem explicados. Durante o
debate científico na classe, os alunos devem ser conduzidos dos saberes não
críticos (opiniões ou senso comum) a um conhecimento científico racional e
organizado. Ademais, devem ser levados a entender que a atividade científica não
visa eliminar problemas ao resolvê-los, como em qualquer comportamento
adaptativo comum, mas sim construir novos, em uma fertilidade constante, dando
origem a outros problemas ainda inéditos.
Contudo, o ensino de ciências na educação básica não deve e nem pode ter
os mesmos objetivos epistemológicos de uma atividade científica. A escola pode e
deve, entretanto, diminuir essas fronteiras, aproximando a cultura científica da
cultura escolar, a partir da compreensão da importância do trabalho dos cientistas.
Na mesma linha de raciocínio, Boilevin (2014) alerta que para evitar
aparições de lacunas futuras na aprendizagem de ciências, o professor que adota a
concepção de ensino baseado na aproximação do método científico (procedimento
experimental do tipo hipotético-dedutivo), na investigação e modelização, deve levar
sempre em conta uma tendência à apreciação exacerbada de sua perspectiva
empírica, metodológica ou técnica, bem como saber evitar o relativismo. Mesmo se
a expressão e a participação ativa dos alunos sejam bem-vindas, o professor deve
estar bem preparado para não deixar as experiências ocuparem uma posição
simplesmente lúdica ou protocolar. A escolha de se apoiar unicamente sobre uma
situação-problema desencadeadora lhe parece insuficiente do ponto de vista
epistemológico e didático.
Deste modo, todas as ferramentas didáticas necessárias para a prática
desta estratégia de ensino devem ser dominadas pelo professor, o que demanda
uma atenção específica em sua formação profissional.
Do lado positivo, Boilevin (2014) menciona uma pesquisa que revela os bons
efeitos induzidos por esta metodologia sobre o comportamento social e moral dos
alunos, sobre a melhora do espírito lógico e da expressão e sobre a aquisição dos
saberes científicos.
Em suma, o interesse pelo ensino de ciências naturais por investigação
também vem ganhando força no debate acadêmico e nas salas de aula brasileiras
pelas mesmas razões: motiva os alunos, estimula a autonomia e a atitude científica
desde os primeiros anos do ensino fundamental, além de favorecer uma ampliação
da leitura, significação e compreensão do mundo, como nos mostram Brito &
Fireman (2016).
Este trabalho propõe, portanto, uma reflexão, baseada em observações de
classes, das condições necessárias para que o ensino de ciências seja capaz de
mobilizar efetivamente a apropriação de todos esses saberes.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 135


 

2. IMPORTÂNCIA DE MODELOS E MODELIZAÇÕES NA ESTRATÉGIA DE


INVESTIGAÇÃO ORIENTADA

Modelos são interpretações do real que facilitam a apropriação e a


construção de saberes científicos. A modelização, construção de um modelo, é um
procedimento importante em didática, pois amplia o espaço de participação e de
reflexão com tomada de decisão dos alunos, estimulando a atitude investigativa.
Como nos explica Orange (2007), os saberes em ciências naturais estão
ligados à problemas explicativos, ou seja, à busca de explicação e de
caracterização de fenômenos. Isso pode se traduzir pelo fato de que eles articulam
pelo menos dois registros: o registro empírico, o dos fatos e fenômenos a explicar, e
o registro dos modelos, onde as explicações são desenvolvidas.
Nos últimos anos, segundo Duso et al. (2013), a modelização vem sendo
apontada como uma alternativa educacional vantajosa para o ensino de ciências
naturais. No entanto, no ensino de biologia, por exemplo, a modelização ainda não
alcançou o mesmo espaço que possui na matemática e na física, talvez devido à
natureza conceitual dessas diferentes áreas do conhecimento. Os modelos e as
teorias físicas e matemáticas estão fortemente relacionados com regularidades
fenomenológicas, que resultam em descrições matemáticas, menos presentes na
biologia.
Na França, segundo Orange-Ravachol (2017), modelos e modelizações são
considerados no ensino de ciências naturais, de nível fundamental e médio, com o
objetivo de fazer os alunos gostarem da disciplina e de garantir a instauração de
progressividade e coerência ao conjunto das aprendizagens. A autora reconhece
sua importância no cerne da atividade científica mas ressalta sua especificidade no
campo disciplinar (educativo) onde os problemas apresentam uma dupla natureza
ou dimensão – a da explicação de seu funcionamento e a da reconstituição de sua
história.
Situações didáticas da abordagem investigativa são analisadas em diversos
artigos (Lhoste et al., 2007; Orange, 2007 e Orange-Ravachol, 2017), onde são
evidenciadas as funções heurísticas dos modelos, bem como seus limites e a
importância da autonomia no processo de aprendizagem por esta via, no sentido
de se tratar de um espaço de plena interação dos estudantes com seus meios –
exterior e interior – este último composto em parte pelo conjunto de seus
conhecimentos pré-adquiridos. Porém, mesmo se situações sem intervenções são
desejadas nesta metodologia, é preciso sempre destacar que o papel do professor
é essencial no sentido de conduzir seus alunos a uma aprendizagem coerente,
sólida e duradoura.
Modelos e modelizações são, portanto, possibilidades promissoras como
estratégias educativas de ciências neste contexto, mas só serão efetivas se
associadas aos recursos teóricos necessários para a aprendizagem completa e
adequada ao grau de aprofundamento exigido em cada nível de ensino.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 136


 

3. CONTEXTO DAS OBSERVAÇÕES

Este trabalho consiste em uma reflexão resultante de um estágio de


mestrado profissional de 114h, realizado como uma das exigências de formação na
área de didática de disciplinas, da Université de Nice Sophia Antipolis.
O estágio de observações se deu em fevereiro e março de 2017 no
estabelecimento de ensino médio público francês Lycée Honoré d’Estienne d’Orves,
situado na cidade de Nice, região mediterrânea do sul da França. Tal liceu acolhe
mais de dois mil estudantes a cada ano, preparando-os, em tempo integral, para o
exame de admissão do ensino superior.
Foram observadas e registradas em um diário de bordo 40 aulas de Ciências
da Vida e da Terra (Sciences de la Vie et de la Terre – SVT), matéria cujos
conteúdos correspondem aos da biologia e da geologia, ensinadas em disciplinas
distintas no Brasil.
No sistema de ensino francês, os estudantes podem optar por uma
especialidade – Científica, Econômico-Social ou Literária – na segunda série do
ensino médio. Isto faz variar a carga-horária da disciplina em questão (SVT) em
função da carreira escolhida e da série do aluno. Por exemplo, um aluno do
segundo ano do ensino médio de carreira literária recebe 1h30/semana de aulas
de SVT, enquanto um aluno do terceiro ano de carreira científica pode ter até 5h30
de aulas de SVT por semana. Durante este estágio, turmas de todas as três séries e
das três carreiras foram observadas, sendo também três o número de professores
regentes acompanhados.
Os cursos puramente expositivos (abordagem tradicional) eram ministrados
para turmas inteiras, onde havia de 28 a 36 alunos, e estes representaram apenas
15% das aulas (6/40) (Fig. 1), tendo 50 min. de duração. Já a maior parte das
aulas (85%), com abordagem de investigação, de ordem construtivista, eram
ministradas para meia-classe a cada vez (14 a 18 alunos) e o tempo de aula
variava entre 50 min. e 1h50.
Em todas as aulas com dinâmica de práticas experimentais, a didática de
modelização teve lugar de destaque. Os professores ora reproduziam modelos já
prontos ora trabalhavam na construção destes para facilitar a aquisição dos
conteúdos científicos complexos, simplificando-os, e/ou para introduzir esquemas
explicativos, “contar a história” do fenômeno e estabelecer relações teórico-
conceituais.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 137


 

Proporção das aulas de SVT segundo sua 
estrutura

Aulas práticas experimentais,


investigativas e baseadas na
15% construção de modelos.
Classe com meia-turma.

Aulas teóricas, expositivas e


dialogadas. Classe com
85% turma inteira.

Figura 1. Porcentagens de aulas de SVT observadas, separadas em dois tipos. A proporção é


marcadamente maior de aulas práticas em relação às aulas puramente teórico-expositivas.

Como no Brasil, os alunos franceses recebem o livro didático no início do


ano letivo e devem entregá-los à escola no final do ano. No entanto, os professores
preferiam utilizar fichas personalizadas com o plano de aula, os enunciados das
tarefas e algum conteúdo teórico, preparadas por cada um e para cada aula, de
modo a adaptar o curso ao material disponível para as práticas.
Como as observações foram focalizadas em uma análise qualitativa da
metodologia de ensino aplicada, não foram analisadas as avaliações ou exames, o
grau de apropriação do conhecimento pelos alunos ou a eficácia das aulas práticas
sobre as aulas teóricas. A propósito das avaliações, vale mencionar que não
somente os conceitos teóricos, mas as competências técnicas e experimentais,
bem como apresentações de trabalhos de pesquisa em equipe também eram
avaliados. No entanto, mesmo se não analisamos estas avaliações, as observações
do comportamento dos estudantes durante as aulas, as dúvidas levantadas no
debate argumentativo, o ritmo e a progressão conduzidos pelos professores nos
forneceram uma válida ideia da atratividade da abordagem e do interesse dos
alunos, além das dificuldades e limites da estratégia e dos ajustes necessários.
Quanto ao comportamento dos alunos na sala de aula, é importante
ressaltar que havia disciplina e respeito, sobretudo em relação à tomada da
palavra, visto que estávamos em um cenário de ensino mais construtivista que
expositivo. Havia o respeito pela pilotagem do professor, mesmo se toda
manifestação (argumentação pertinente) era bem-vinda. Esta postura de respeito
era expressa claramente também na pontualidade dos alunos para as aulas e
entrada na sala após o professor. Qualquer atraso era justificado por escrito e foi
observado raramente. A assiduidade e pontualidade eram registradas em um
programa digital do liceu e disponibilizadas on line para conhecimento dos pais. De
um modo geral, os estudantes tinham consciência da importância do tempo de
aula bem aproveitado e das perdas causadas por suas ausências e interrupções,
sendo estas vistas apenas pontualmente. Com certeza, não é de um dia para outro

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 138


 

que esta atitude responsável se constrói. Prova disto é que a autonomia dos alunos
do último ano era nitidamente maior que a dos alunos do primeiro ano.
Considerando que a participação ativa e a motivação dos alunos eram
otimizadas pelo caráter problematizador, investigativo e contextualizado por
modelos, parece-nos, então, interessante ilustrar como isto se passava nas classes.
Para esta descrição mais detalhada, escolhemos três aulas. Estas escolhas
se justificam pelos diferentes resultados obtidos a partir de diferentes tipos de
situação didática. As séries e os temas foram os seguintes:

Aula 1 (2ª série): “Sistema reprodutivo masculino”;


Aula 2 (3ª série): “Formação de uma cadeia de montanhas” e
Aula 3 (3ª série): “Reação inflamatória, manifestação da imunidade
inata”.

4. EXEMPLOS DA APLICAÇÃO DE MODELOS EM AULAS DE CIÊNCIAS NATURAIS E A


FLEXIBILIDADE DIDÁTICA DOCENTE

4.1..Aula 1. Situação-problema: « Como a produção de espermatozoides e a


secreção de testosterona é controlada ? »

Esta aula teve como proposta aos alunos a construção de uma


representação gráfica como modelo de um sistema complexo, uma lâmina
histológica, para explorar e compreender o funcionamento de um conjunto de
células.
Para resolver a situação-problema os alunos dispunham de uma preparação
de tecido testicular de rato e a solução consistia na visualização microscópica e
interpretação da forma, da organização e da função de cada célula. A atividade
servia a desenvolver a manipulação precisa de um equipamento (microscópio), a
leitura imagética, a abstração, a concepção de um modelo que pudesse
representar de forma mais simples o objeto estudado – o tecido celular (Fig. 2 à
esquerda) e a relação correta da imagem com o quadro teórico.
No primeiro momento desta aula de 1h50, os alunos exploraram livremente
as imagens microscópicas, escolheram e reproduziram os campos mais
interessantes através de desenhos e fotografias, construindo sua própria versão
representativa do que era visto, para depois identificar e nomear as células
(espermatogônias, células de Sertoli, células de Leydig), estas descritas em um
texto teórico distribuído previamente.
Foi interessante notar que as noções conceituais foram co-construídas entre
alunos e professor, a partir de um momento fundamental de trabalho autônomo
(situação a-didática ou do movimento próprio, proposta por Guy Brousseau e citada
em Orange, 2007), onde a intervenção era solicitada.
Após o tempo dado para o trabalho autônomo, em um segundo momento, a
professora forneceu (projetou) o seu próprio modelo para interpretação (Fig. 2 à

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 139


 

direita), o que, de fato, propiciou o acesso cognitivo necessário para a compreensão


do funcionamento fisiológico e sistêmico do órgão.
Daí a importância do plano bem definido do tempo de aula, pois este
momento, após a prática, também é imprescindível dentro da sequência didática, é
onde ocorre o retorno, a correção e a avaliação da integração do conhecimento.

Figura 2. Imagem de tubo seminífero em corte transversal observada em microscópio óptico (x400),
capturada e posteriomente legendada por um aluno (esq.) e seu modelo representacional, utilizado
como instrumento de transposição didática, atividade e correção (dir.)

A sequência dinâmica de cada aula seguia uma ordem específica, adaptada


a cada tema, sequência esta que será discutida mais adiante. Um trecho da fala da
professora em um momento mais avançado desta aula (momento recapitulativo)
ilustra claramente as etapas do pensamento científico, desejado como objeto de
aprendizagem, «observa-se/sabe-se/deduz-se»:

« Observamos que a coloração escura que indica a presença de uma


enzima responsável pela síntese de testosterona se encontra no meio
intersticial. Sabemos que neste meio existem células de Leydig. Então,
podemos deduzir que estas células fabricam a testosterona. »

A aula se desenvolveu em um bom ritmo e todos os alunos conseguiram


finalizar a tarefa. Os modelos são comumente utilizados no ensino de biologia dos
organismos, desde o nível celular ou mesmo molecular (como para o DNA) até o
estudo de organismos completos e várias são as possibilidades de técnicas de
modelização. Duso et al. (2013) discutem, por exemplo, a atividade de modelização
da anatomia do corpo humano, no contexto macroscópico e de modo a não
fragmentar o estudo, propiciando com êxito uma relação mais verídica entre o
teórico e o real.

4.2. Aula 2. Situação-problema: « Podemos verificar que as deformações


observadas no terreno são consequentes da convergência de placas tectônicas ? »

A Aula 2 utilizou um modelo físico e analógico (representação simplificada


de um fenômeno geológico) que permitia variar de maneira simples os parâmetros
da experiência e explicar seu funcionamento.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 140


 

A problemática era a de verificar se as deformações do terreno na formação


de montanhas recentes como os Alpes são consequentes dos movimentos
tectônicos de convergência que induzem, em seguida, uma compressão.
Para a atividade, os alunos dispunham do material para reproduzir um
modelo consensual proposto pelo professor e capaz de simular a compressão (Fig.
3).
Em seguida, a intervenção didática consistiu na explicação do fenômeno a
partir de conceitos e teorias já conhecidas, afim de permitir a compreensão da
atividade tectônica, que é evidentemente invisível aos humanos por ocorrer em
períodos milhares de vezes maior que o tempo de vida humana.
Um aspecto marcante nesta aula foi a prática da tentativa e erro pelos
alunos (o “tâtonnement expérimental”, em francês), tentando prever os resultados
que seriam validados ou refutados antes de fazer suas escolhas. Molhar ou não
molhar a massa? Pressionar mais ou menos para moldá-la antes de mover o
dispositivo compressor? Como usar as duas diferentes cores de massa? Alterná-las
para visualizar melhor as camadas?
A atividade estimulava o planejamento e o espírito crítico e investigativo.
Além disso, a comparação correta do modelo com o fenômeno real incitava a
reflexão sobre o fato de que uma teoria científica com a dimensão da Teoria da
Tectônica das Placas exige um somatório imenso de trabalho de pesquisa para ser
construída, e pode mesmo ser ampliada, ajustada ou corrigida.

Figura 3. Modelo tridimensional das deformações tectônicas – Pli e Falha Inversa – antes e após
convergência.

Podemos supor também que a prática sensorial da manipulação pode


favorecer a integração do conhecimento de maneira mais rápida e, talvez, possa
ser esta mais uma das razões que promova o crescimento desta prática em nossa
época, uma época de maior velocidade e urgência de eficácia exigidas pela era
digital ou da Informação. A atenção, no entanto, deve estar no risco da
superficialidade dos resultados rápidos, o que vale também para a qualidade do
conhecimento produzido como resultado neste processo.
Orange-Ravachol (2017), especialista em didática de ciências e trabalhando
em analisar este mesmo modelo, constatou que o nível de sofisticação de um
modelo influencia a qualidade do conhecimento que será adquirido e critica a

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 141


 

simplificação excessiva da modelagem praticada nas salas de aula, quando esta se


limita a uma função unicamente de ilustração ou validação. De qualquer maneira, a
garantia de uma aprendizagem eficaz depende do estabelecimento da relação
clara entre o modelo e a teoria que explica o fenômeno real.

4.3. Aula 3. Situação-problema: « Quais são as características e as consequencias


de uma reação inflamatória aguda ? »

Para responder à parte da questão-problema desta aula, os alunos deviam


compreender um outro fenômeno biológico microscópico, a fagocitose.
A proposta consistiu em uma tentativa de modelização para realizar uma
experiência de observação. O objetivo geral era conhecer as características e
compreender os efeitos de uma reação inflamatória aguda. Antes da prática, foram
trabalhados conceitos como vasodilatação e caracterizados diferentes tipos de
células imunitárias.
O desafio prático era executar a extração do líquido celomático de um
anelídeo (minhoca) por capilaridade, através de uma manipulação precisa
utilizando pipeta fina. Em seguida, realizar a preparação de lâmina para
microscópio com a adição de células vivas de levedura, que ao entrarem em
contato com os macrófagos do anelídeo seriam por estas células fagocitadas.
Os alunos trabalhavam em pares, cada par com seu material, executando o
mesmo protocolo. Esta aula certamente ajudou o desenvolvimento de habilidades
técnicas e manipulação de material laboratorial, mas o mecanismo da fagocitose
não foi observado por todos os alunos.
Provavelmente as condições do modelo-lâmina (tempo de extração,
temperatura, tipo de células) não estavam adequadas ou muito distantes do que
ocorre no processo natural (endógeno).
Dado o grau de dificuldade da experiência, a professora recorreu, então, à
projeção de uma animação disponível na internet, contendo o resultado digitalizado
e bem-sucedido da experiência, que legitimava a escolha do modelo.
Tomamos esta aula, portanto, como exemplo de uma experiência cujo grau
de dificuldade exigiu a intervenção do professor e mostrou o limite da estratégia por
si só. Como não podemos ver o processo dentro do organismo, ficou claro para os
alunos a necessidade do modelo para reproduzir e estudar mais a fundo um
fenômeno.
Mesmo que nesta situação o modelo tenha apenas uma função didática, a
aproximação com o trabalho do cientista estava em fornecer acesso ao processo
(com suas dificuldades e limites) de construção dos saberes através da díade
experimentação-modelização.
De acordo com Orange (2007), o professor pode transformar conteúdo em
problematização, da mesma forma que pode aproveitar um problema para construir
conhecimento.
Para atingir o objetivo de visualizar o mecanismo de defesa (fagocitose) em

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 142


 

ação e então explicá-lo, foi de fundamental importância a flexibilidade didática da


professora.

5. DINÂMICA E CONDIÇÕES DE VIABILIZAÇÃO DA PRÁTICA

Para compreender as condições de uma aula de ciências dentro da


abordagem aplicada na escola francesa visitada, é preciso partir do entendimento
de sua dinâmica na sala de aula.
As observações nos permitiram resumir a sequência de uma aula de SVT
baseada em investigação em dez etapas indispensáveis:
1. Os saberes prévios dos alunos (conteúdos precedentes) são
mobilizados.
2. A temática é anunciada pelo professor.
3. Uma situação-problema é apresentada e (se necessário) discutida.
4. O material suporte (textos teóricos, instrumentos laboratoriais ou
tecnológicos) é explorado.
5. Os alunos têm um espaço de tempo para refletir e argumentar – debate
científico - até conceberem uma estratégia de resolução utilizando ou co-
construindo modelos.
6. É formulada a hipótese, onde os resultados esperados são explicitados,
e o protocolo definido.
7. O trabalho autônomo é colocado em prática (situação a-didática) sob a
observação, orientação e pouca (se necessária) intervenção do professor.
8. É feita a apresentação e discussão dos resultados pelos alunos.
9. Sob a pilotagem do professor, os resultados são interpretados,
validados e/ou corrigidos.
10. Um esquema recapitulativo conclui a aula e o professor anuncia a
temática da aula seguinte, deixando claras continuidade e coerência.

Durante essas etapas, três questões (Fig. 4) estavam sempre presentes nas
situações didáticas:

O que vocês observam? O que vocês já sabem? O que podemos deduzir?

Figura 4. Fio condutor do raciocínio dedutivo, onde a conclusão é organizada a partir das
proposições de uma situação particular (problemática) em relação com as premissas reconhecidas
como verdadeiras.

A organização do tempo didático de cada uma das etapas depende


certamente da complexidade da problemática proposta e do ritmo da classe, mas
deve ser previamente planejada pelo professor.
Uma prática desejável para essa estimação é a realização anterior da

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 143


 

experiência-modelização pela equipe de professores da disciplina.


Em todas as práticas experimentais observadas, o processo de ensino-
aprendizagem baseou-se na utilização de modelos (a partir da etapa 4), fosse este
um modelo representacional, um modelo teórico ou um modelo imaginário,
descritivo ou explicativo (Duso et al., 2013). Dada a sua importância didática
podemos sugerir o esquema do triângulo didático (modelo de Houssaye: professor-
aluno–saber) introduzindo modelo e modelização como elementos essenciais das
atividades capazes de conduzir ao saber científico (Fig. 5).
A diversidade das atividades nos pareceu ser capaz de ampliar o universo
cognitivo e de representações dos alunos, uma vez que eles não estavam fixados a
uma única modalidade apresentada por um livro didático ou passivos diante de um
curso puramente teórico.
O desenvolvimento das 10 etapas, associado às três questões citadas
acima, nos mostra, portanto, uma dinâmica bem diferente da abordagem
tradicional (exposição teórica, explicação/generalização, exemplos/exercícios,
dúvidas/correções).
As estratégias didáticas observadas permitiam que o aluno fosse
confrontado com as condições da experiência, com a tomada de decisão, com as
evidências, até alcançarem os conhecimentos científicos já aceitos do conteúdo
abordado, além de que fosse estimulado no exercício dos argumentos dedutivos,
das interpretações e da síntese (discurso científico).

Tarefa
Modelo/Modelização

Professor Aluno

Figura 5. Triângulo didático proposto para o ensino de ciências naturais, onde o vértice da tarefa
comporta atividades didáticas baseadas na utilização de modelos e de modelizações.

A Fig. 6 traz os pontos fortes desta metodologia de ensino, acompanhados


das prováveis dificuldades para sua viabilização no contexto brasileiro. Mesmo
quando as condições materiais não forem as ideais para o pleno funcionamento
das manipulações, uma planificação adequada e o trabalho colaborativo dos
professores, tendo sempre em mente a importância do pensar e do agir científico,
podem representar possibilidades de produzir melhores resultados que os do
ensino tradicional como modalidade única.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 144


 

Modelo / Modelização
Situação-Problema
Envolvimento dos
Professores
Adjuvantes na
Alunos em equipes apropriação de
Autonomia / Debate conteúdos
científico
Criatividade /
Argumentação /
Raciocínio crítico

Carência de professores
preparados
Salas super-lotadas / Falta de Obstáculos
material que merecem
atenção da
Fragmentação disciplinar escola e
Programas sobrecarregados política
Lacunas e dificuldades: para
abstração, para a linguagem
científica e reforçadas por
crenças limitantes

Figura 6. Esquema diagnóstico apresentando os pontos fortes e as dificuldades potenciais do ensino


de ciências naturais por investigação.

No Brasil, a realidade de trabalhar com meia-classe na escola pública ainda


é distante, exceto para algumas escolas mais seletivas. No setor privado, no
entanto, a realidade parece ser mais favorável, o que infelizmente contribui para a
perpetuação das desigualdades educacionais e socioeconômicas do país.
Na França, o volume de conteúdo disciplinar – incluindo conhecimento,
competências e atitudes - trabalhado nas três séries do ensino médio, é realmente
grande, como no Brasil, por exigência da concorrência para o Enem (Exame
Nacional do Ensino Médio) e para os exames de ingresso às universidades.
Mesmo se os programas oficiais franceses preveem o ensino de ciências
com práticas, a carga de conceitos e teorias a aprender demandava a otimização
do tempo didático e um bom plano de aula. No Brasil, a realidade não é diferente, o
que reforça a necessidade de investimento na formação inicial, continuada e na
carreira profissional dos professores.
Uma iniciativa brasileira que muito contribui nesta direção, aproximando as
instituições de ensino superior das escolas públicas estaduais e municipais, é o
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID. Um dos objetivos
do programa é:

“ Inserir os licenciandos no cotidiano de escolas da rede pública de


educação, proporcionando-lhes oportunidades de criação e participação
em experiências metodológicas, tecnológicas e práticas docentes de
caráter inovador e interdisciplinar que busquem a superação de
problemas identificados no processo de ensino-aprendizagem. ” (MEC,
2008)

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 145


 

Trata-se de um programa efetivo de aperfeiçoamento e valorização da


formação de professores a partir de projetos selecionados e supervisionados,
articulando teoria e prática.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

No ensino de ciências, os modelos são importantes porque selecionam os


parâmetros mais relevantes do fenômeno a ser estudado e são recursos
promissores para facilitar o acesso cognitivo à abstração. Da mesma forma,
construir modelos é uma ação didática importante quando alcança o objetivo de
aproximar os alunos da prática laboratorial e do método hipotético-dedutivo.
Estas atividades, porém, só têm valor de ultrapassar a simples perspectiva
empírica do ensino por investigação e permitir aos alunos de avançarem, se
estiverem bem inseridas no contexto do triângulo didático professor – aluno -
modelo/modelização (especificação do modelo de Houssaye: professor - aluno –
saber), o que evoca que o saber construído na escola resulta sempre de uma co-
construção aluno/professor.
É possível que os estudantes ampliem suas potencialidades e adquiram
atitude científica através do exercício de conceber estratégias para resolver
problemas, ou seja, investigando, utilizando e construindo modelos. Esta
abordagem pode produzir resultados melhores se a escola investir em uma
reorganização do ambiente mais propício à sua realização, o que inclui as
condições materiais, a redistribuição dos alunos e do tempo de aula e a seleção
dos conteúdos fundamentais.
Estudos sobre as potencialidades deste instrumento didático a favor da
apropriação dos conteúdos científicos, considerando o contexto cultural brasileiro,
devem ser endossados. Provavelmente, poderão contribuir para o avanço da
concepção do ensino de ciências como uma prioridade das políticas públicas
educacionais e da estratégia de desenvolvimento do setor.
Além disso e finalmente, faz-se necessário o investimento indispensável na
formação dos professores em didática de modelizações. O PIBID representa uma
iniciativa brasileira que deve ser ampliada, afim de garantir a qualidade e coerência
científica das intervenções nas salas de aula e para que a aprendizagem ganhe
sentido para o aluno, tornando-se duradoura.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos à toda equipe do liceu Honoré d’Estienne d’Orves,


especialmente à Céline Brémont, professora e coordenadora da disciplina de SVT,
pela abertura das portas de suas classes, experiências trocadas e concessão do
material didático.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 146


 

REFERÊNCIAS

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sciences. In : Grangeat, M. (Éd.), Les enseignants de sciences face aux démarches
d'investigation. Des formations et des pratiques de classe. Grenoble, France :
Presses Universitaires de Grenoble, p. 27-53, 2014.

BRITO, L. O., FIREMAN, E. C. Ensino de ciências por investigação: uma estratégia


pedagógica para promoção da alfabetização científica nos primeiros anos do ensino
fundamental. Ens. Pesqui. Educ. Ciênc., v.18, n.1, p.123-146, 2016.

CLERC, F. Profession enseignant. Débuter dans l’enseignement. Paris, France :


Hachette. 256p, 1995.

DUSO, L., CLEMENT, L., PEREIRA, P.B., ALVES FILHO, J.P. Modelização: uma
possibilidade didática no ensino de biologia. Revista Ensaio, v.15, n.2, p. 29-44,
2013.

EACEA - AGÊNCIA DE EXECUÇÃO RELATIVA À EDUCAÇÃO, AO AUDIOVISUAL E À


CULTURA. O Ensino das Ciências na Europa: Políticas Nacionais, Práticas e
Investigação. Rede Eurydice, Bruxelas, 2011.

HOUSSAYE, J. Le triangle pédagogique, Berne : Peter Lang, 1998.

LHOSTE, Y., PETERFALVI, B., ORANGE, C. Problématisation et construction de savoir


en SVT : quelques questions théoriques et méthodologiques. Actualité de la
Recherche en Education et en Formation, Symposium «Apprentissages,
problématisations et savoirs», Strasbourg, 2007.
http://www.congresintaref.org/actes_pdf/AREF2007_Yann_LHOSTE_300.pdf

MEC – MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Fundação Capes. PIBID – Programa Institucional


de Bolsa de Iniciação à Docência. Publicado em 3 de setembro de 2008.
http://www.capes.gov.br/educacao-basica/capespibid/pibid

MEN – MINISTERE DE L’EDUCATION NACIONALE. Programme de l'enseignement


spécifique et de spécialité de SVT. Classe terminale de la série scientifique, Bulletin
officiel spécial n. 8 du 13 octobre 2011.

MEN - MINISTERE DE L’EDUCATION NACIONALE. Plan de rénovation de


l'enseignement des sciences et de la technologie à l'école. Bulletin officiel n. 23 du
15 juin 2000. http://www.education.gouv.fr/bo/2000/23/ensel.htm

MEN - MINISTERE DE L’EDUCATION NACIONALE. Programme des lycées, Hors-série,


n. 6, v. 2, du 12 août 1999.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 147


 


ORANGE, C. Quel milieu pour l’apprentissage par problématisation en sciences de la
vie et de la terre ? Éducation et didactique, v.1, n.2, p.37-56, 2007.

ORANGE-RAVACHOL, D. Problèmes, modélisations et modèles dans l’enseignement


et l’apprentissage des sciences de la nature à dimension historique : le cas des
sciences de la vie et de la Terre (SVT). Tréma. Disponível em
<http://trema.revues.org/3508> Acesso em 03 fev. 2017.

ABSTRACT: This study focused on observations of Life and Earth Sciences lessons
taught in a French public high school and aims to discuss the conditions necessary
for the teaching of natural sciences based on research to help the students to
appropriating of scientific knowledge effectively. This approach, not to be restrictive
from the didactic point of view, should be supported in the practice of a hypothetico-
deductive experimental type, in particular in the mediation of the use of models and
the modeling, the choice content and the organization of class time. Three
questions addressed to the students were always present in the didactical
situations: What do you observe? What do you already know? What can we deduce?
The lesson plans were developed following ten keys steps, including the problem-
situation of research, the scientific debate in the classroom in order to design a
resolution strategy, practical work and using or constructing models, the
presentation and argumentation of the results from the students, the correction and
validation of these results under the teacher's guidance and a final summary
scheme. For classes with this approach to achieve their goals in the context of
Brazilian education, it is essential to prepare teachers to apply them and reorganize
the school environment. The good level of quality of teacher - student - knowledge
interactions depends, therefore, on the effective investment in teachers training in
the didactic modality of the use of models and modeling, essential to the success of
natural sciences education.
KEYWORDS: Scientific education, modeling didactic, hypothetico-deductive method,
secondary education, teacher training

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 148


 

CAPÍTULO XIV

USO DA DINÂMICA “VOCÊ NA TEIA ALIMENTAR DO


MANGUEZAL” PARA O ESTUDO DAS TEIAS
ALIMENTARES
________________________

Nathalya Marillya de Andrade Silva ,

Márcia Adelino da Silva Dias ,

Josley Maycon de Sousa Nóbrega ,

Viviane Sousa Rocha ,

Cristiana Marinho da Costa ,

Silvana Formiga Sarmento

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 149


 

USO DA DINÂMICA “VOCÊ NA TEIA ALIMENTAR DO MANGUEZAL” PARA O ESTUDO


DAS TEIAS ALIMENTARES

Nathalya Marillya de Andrade Silva


Universidade Estadual da Paraíba
Campina Grande – PB
Márcia Adelino da Silva Dias
Universidade Estadual da Paraíba
Campina Grande – PB
Josley Maycon de Sousa Nóbrega
Universidade Estadual da Paraíba
Campina Grande – PB
Viviane Sousa Rocha
Universidade Estadual da Paraíba
Campina Grande – PB
Cristiana Marinho da Costa
Universidade Federal Rural de Pernambuco
Recife – PE
Silvana Formiga Sarmento
Universidade Estadual da Paraíba
Campina Grande – PB

RESUMO: A apresentação dos conceitos e visualização dos esquemas explicativos,


através de uma dinâmica que coloque os estudantes no lugar de cada componente
de uma teia alimentar poderá fazer a turma avançar no conhecimento de uma
maneira prática e concreta. Traçamos como objetivos compreender o conceito de
teia e cadeia alimentar, contextualizar a dinâmica de teia alimentar no ecossistema
manguezal e analisar a complexidade das teias alimentares e sua importância para
o equilíbrio ecológico de um ecossistema. Desenvolvemos uma pesquisa-ação com
abordagem qualitativa, buscamos a compreensão de um fenômeno a partir de
dados subjetivos, utilizando o método de raciocínio indutivo. Os pesquisados foram
os estudantes do 6º ano do Ensino Fundamental II, oriundos de uma escola da rede
privada de ensino, no município de Queimadas/PB. Escolhemos essa série por
contemplar em sua grade curricular de Ciências, o estudo dos ecossistemas. A
metodologia utilizada para esta intervenção pedagógica foi desenvolvida por
Pimentel (2015), intitulada “Dinâmica: você na teia alimentar do Manguezal”, que
encontra-se disponível no site Ciência na Mão da USP. Fizemos uma sondagem
sobre os conhecimentos dos estudantes, antes e após a intervenção, através de
um questionário com perguntas subjetivas. Os resultados mostraram a relevância
do uso da dinâmica por proporcionar condições favoráveis ao conflito cognitivo,
necessário a construção do conteúdo conceitual, procedimental e atitudinal.
Esperamos com esta pesquisa incentivar o uso de estratégias de ensino capazes
de promover um avanço no desenvolvimento intelectual dos estudantes, garantido
o espaço de reflexão, desenvolvimento e construção de ideias.
PALAVRAS-CHAVE: Ensino-aprendizagem. Ecologia. Educação ambiental. Ensino de

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 150


 

ciências.

1. INTRODUÇÃO

Todos os animais, independentemente do seu estilo de vida, servem como


fonte de alimento para outros seres vivos. Eles estão conectados por um sistema
de cadeia alimentar ou cadeia trófica, composta por organismos produtores
(fotossintetizantes), consumidores (animais) e decompositores (bactérias e fungos).
Os organismos fotossintetizantes são a base da cadeia alimentar, uma vez
que produzem o próprio alimento por meio desse processo. Na sequência
aparecem os animais herbívoros e, em seguida, os carnívoros, que se alimentam
dos herbívoros. No final da cadeia, atuam os decompositores, que decompõe a
matéria orgânica e devolvem ao solo nutrientes que serão utilizados pelos vegetais.
Em uma comunidade, o conjunto de cadeias alimentares interligadas forma
uma teia alimentar, que se completa com os decompositores quebrando e oxidando
matéria orgânica para obter energia e devolvendo ao ambiente saís minerais que
serão reaproveitados pelos vegetais.
O manguezal é um ecossistema situado em áreas litorâneas, estuários e
deltas de rios e é um dos ecossistemas mais importantes para o equilíbrio
ecológico. O solo pastoso, alagadiço ou arenoso, rico em matéria orgânica, favorece
o desenvolvimento de uma vegetação especial: os mangues. Os mangues são
plantas com raízes grossas em forma de feixe, que ficam expostas quando a maré
está baixa. É o berçário de inúmeras formas de vida e fonte de alimento para boa
parte da fauna marinha.
Considerando todos os fatores envolvidos em um ecossistema torna-se
insuficiente o ensino de conceitos com objetivo de proporcionar um conflito
cognitivo a caminho da construção do conhecimento científico por parte do
estudante. A proposição de atividades que contradigam ou ampliem as concepções
alternativas dos estudantes pode, por exemplo, criar uma insatisfação e contribuir
para que sintam a necessidade de modificar tais ideias. É esse conflito cognitivo
que pode sugerir um caminho no qual a construção do conhecimento se dará, ou
seja, pode indicar um caminho para tornar as informações cientificas mais
significativas para os estudantes (CAMPOS; NIGRO, 1999).
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais, Brasil (1997, p.22) “mostrar
a Ciência como um conhecimento que colabora para a compreensão do mundo e
suas transformações, para reconhecer o homem como parte do universo e como
indivíduo, é a meta que se propõe para o ensino da área na escola fundamental”.
Seus conceitos e procedimentos contribuem para o questionamento do que se vê e
ouve, para a ampliação das explicações acerca dos fenômenos da natureza, para a
compreensão e valoração dos modos de intervir na natureza e de utilizar seus
recursos.
Assim, além dos conteúdos conceituais, ou seja, do “saber sobre”, o
currículo também contém os conteúdos procedimentais, ou seja, o “saber fazer”, e
os conteúdos atitudinais, o “ser” (CAMPOS; NIGRO, 1999). Essa classificação

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 151


 

atualmente está proposta nos Parâmetros Curriculares Nacionais, o documento do


Ministério da Educação que sugere a reforma educacional do Brasil (1997).
Portanto, é fundamental que as atividades práticas tenham garantido o espaço de
reflexão, desenvolvimento e construção de ideias, ao lado de conhecimentos de
procedimentos e atitudes.
Ao professor cabe selecionar, organizar e problematizar conteúdos de modo
a promover um avanço no desenvolvimento intelectual do estudante, na sua
construção como ser social. Da mesma forma que os conteúdos conceituais, os
procedimentos devem ser construídos pelos estudantes por meio de comparações
e discussões estimuladas por elementos e modelos oferecidos pelo professor.
Sobre os procedimentos fundamentais para o Ensino de Ciências os PCNs
orientam que eles devem permitir a investigação, a comunicação e o debate de
fatos e ideias (BRASIL, 1997). Encontramos na dinâmica “Você na teia alimentar do
Manguezal” desenvolvida por Pimentel (2015) uma estratégia de ensino favorável
ao desenvolvimento dos conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais sobre
as teias alimentares que compõe esse ecossistema, atendendo aos pontos
indicados pelos documentos oficiais como fundamentais à aprendizagem de
Ciências.
Para responder a pergunta norteadora da nossa pesquisa: O estudo das
teias alimentares utilizando a dinâmica “Você na teia alimentar do Manguezal”
proporciona condições favoráveis a construção do conteúdo conceitual,
procedimental e atitudinal, através do conflito cognitivo? Traçamos como objetivos
compreender o conceito de teia e cadeia alimentar, contextualizar a dinâmica de
teia alimentar no ecossistema Manguezal e analisar a complexidade das teias
alimentares e sua importância para o equilíbrio ecológico de um ecossistema.

2. PERCURSO METODOLÓGICO

Desenvolvemos uma pesquisa-ação caracterizada por apresentar uma base


empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou
com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e
participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de
modo cooperativo ou participativo (THIOLLENT, 2008). Com abordagem qualitativa
onde buscamos a compreensão de um fenômeno a partir de dados subjetivos,
utilizando o método de raciocínio indutivo, na qual o pesquisador é o professor,
encontrava-se imerso no contexto e foi o interpretador da realidade.
Os nossos pesquisados foram os estudantes do 6º ano do Ensino
Fundamenta II distribuídos em uma única turma, no total de dezoito estudantes, no
turno da manhã, oriundos de uma escola da rede privada de ensino, no município
de Queimadas/PB. Escolhemos essa série por contemplar em sua grade curricular
de Ciências, o estudo dos ecossistemas. A metodologia utilizada para esta
intervenção pedagógica foi desenvolvida por Pimentel (2015), intitulada “Dinâmica:
você na teia alimentar do Manguezal”, encontra-se disponível no site Ciência na

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 152


 

Mão da USP, estruturada conforme a descrição a seguir:


Inicialmente fizemos uma sondagem sobre o que os estudantes conhecem
sobre cadeia alimentar, teia alimentar, ecossistema e manguezal, através de um
questionário composto por perguntas subjetivas. Baseada nessa sondagem inicial
fizemos uma explicação introdutória utilizando como recurso o quadro para
montagem de esquemas explicativos.
Propomos aos estudantes uma pesquisa na internet sobre os alimentos
preferidos dos bichos do manguezal. A pesquisa foi discutida na segunda aula em
que os estudantes puderam expor oralmente o que conseguiram encontrar.
Com as carteiras da sala dispostas em círculo e a turma idem, cada
estudante recebeu um crachá com o nome de uma forma de vida no manguezal.
Assim, com os estudantes representando os componentes das cadeias
alimentares, a teia alimentar começou a se formar por meio de barbante que os
estudantes seguravam interligando os produtores, consumidores primários e
secundários. Exemplo: fungos e bactérias (decompositores)>plâncton
(produtor)>Crustáceos (consumidor primário)>sardinha(consumidor
secundário)>Garça (consumidor terciário).
Com a variedade de seres representados pelos crachás os estudantes
formaram as cadeias e consequentemente, a multiplicidade de relações
alimentares resultou na teia alimentar de um manguezal. Quando a teia já estiva
formada, movimentamos a simulação pedindo para que todos produtores dessem
leves puxões nos barbantes que seguravam para terem uma ideia de sua
importância no ecossistema. Nesta atividade foi inevitável que muitos estudantes
sejam ao mesmo tempo consumidores secundários e terciários e que estejam
segurando mais de um barbante.
Terminada a simulação da teia alimentar, fizemos uma discussão sobre a
importância do equilíbrio ecológico no ecossistema mostrando que a ausência de
um nível trófico pode desestruturar o ecossistema. Após essa discussão fizemos
uma nova sondagem através de questionário, utilizamos o mesmo aplicado para
primeira sondagem a fim de comparar os resultados.
Análise dos dados: Os momentos de sondagem pré e pós realização da
intervenção, com o desenvolvimento da dinâmica, favoreceram a construção de
categorias de análise (BARDIN, 2009), que agrupou os estudantes em grupos
distintos, a partir da construção categorial (DIAS, 2008).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na avaliação sobre a eficiência da atividade como estratégia de ensino-


aprendizagem de acordo com os objetivos propostos na utilização da dinâmica,
podemos observar que esta atividade colaborou nos processos de ensino e
aprendizagem, de forma diferenciada, dinâmica e atrativa. Por meio dessa
atividade, foi possível a elaboração de conceitos, o reforço de conteúdos, a
sociabilidade entre os estudantes e o desenvolvimento da criatividade e da

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 153


 

cooperação, além da construção de atitudes através dos procedimentos adotados e


do conflito cognitivo, resultando na mudança conceitual. A dinâmica exerceu uma
fascinação entre os estudantes, que buscavam entender os seus mecanismos, o
que constitui de uma estratégia didática em que os estudantes aprenderam
brincando.
Analisando as respostas dos estudantes à questão 1: O que é uma teia
alimentar?, observamos que para estes a definição de teia alimentar, antes da
dinâmica, estava relacionada ao conjunto de cadeias alimentares, em sua maioria,
seguido da necessidade dos envolvidos na teia alimentarem-se, mas em suas
respostas, não indicaram nenhum critério (níveis tróficos, por exemplo) para a
dinâmica da alimentação. “É uma cadeia alimentar” e é “necessária a
sobrevivência” também foram categorias emergentes das respostas dos
estudantes pesquisados. Ainda para essa questão, dois estudantes não
responderam, elucidando a falta de argumentos para a construção dessa resposta.
Ao observar os resultados da sondagem feita após a realização da dinâmica,
ainda para a questão 1, as respostas dos estudantes distribuíram-se em apenas
duas categorias, a primeira que compreende a resposta da maioria dos estudantes,
mostra que, para os estudantes a teia alimentar é necessária à sobrevivência dos
organismos, e na segunda, as respostas estão relacionadas ao conjunto de teias
alimentares. Observamos a ausência de respostas associadas as categorias “É
uma cadeia alimentar” e “Alimentação sem critérios”, além disso, nenhum
estudante deixou a questão sem resposta, elucidando a mudança conceitual,
conforme está representado no gráfico 1, abaixo.

GRÁFICO 1: DEFINIÇÃO DE TEIA ALIMENTAR

Fonte: Dados da Pesquisa

Os resultados obtidos através da questão 2: Como ocorre a formação de


uma teia alimentar?, demonstraram que, para os estudantes a formação da teia
alimentar é semelhante a formação da cadeia alimentar, no sentido linear
(produtores>herbívoros> consumidores) na maioria das respostas, conforme
observado no gráfico 2. As outras respostas também favoreceram a construção da
categoria “Decompositores”, por relacionar à formação de uma teia alimentar a
ação destes seres.
Ainda sobre os resultados referentes a segunda questão mas no que diz
respeito a sondagem realizada após a intervenção, a maioria das respostas estava

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 154


 

associada a existência de diversas fontes alimentares, os demais mantiveram a


resposta ligada a formação semelhante a cadeia alimentar, mas a categoria
“Decompositores” deixou de existir, pois não houveram resposta relacionadas a
esta.

GRÁFICO 2: FORMAÇÃO DE UMA TEIA ALIMENTAR

Fonte: Dados da Pesquisa

Na questão 3: Há diferença entre cadeia alimentar e teia alimentar? Se sim


qual (is)?, a maioria dos estudantes afirmou haver diferença entre a cadeia
alimentar e a teia alimentar mas justificaram essa diferença de forma errônea,
distante do conhecimento científico. Dois estudantes afirmaram não existir
diferença entre as cadeias e a teias alimentares. Analisando os dados obtidos
através da sondagem posterior a realização da dinâmica, observamos a ausência
de respostas que afirmavam não existir diferenças entre as cadeias e a teias
alimentares, a maioria dos estudantes continuou afirmando existir diferenças entre
cadeias e teias alimentares mas dessa vez justificaram e exemplificaram
corretamente, conforme podemos identificar no gráfico 3.

GRÁFICO 3: JUSTIFICATIVA DA DIFERENÇA (OU NÃO) ENTRE CADEIA E TEIA ALIMENTAR

Fonte: Dados da pesquisa

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esse trabalho nos mostra que a dinâmica é um instrumento importante no


ensino e na construção da aprendizagem por tratar de forma interativa e divertida

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 155


 

conteúdos mais difíceis. Sua eficiência no processo ensino-aprendizagem para a


construção do conhecimento conceitual, procedimental e atitudinal, através do
conflito cognitivo, foi observada durante a aplicabilidade e, depois confirmada nas
respostas do questionário pelos estudantes pesquisados.
Esperamos que esta pesquisa impulsione outros estudos nessa área como
também a elaboração de novas estratégias de ensino para que não limite-se
apenas a teoria, mas que seja uma prática nas escolas públicas e privadas e ainda,
que os professores tomem conhecimento desse estudo e adotem esta estratégia de
ensino efetiva na melhoria da qualidade do ensino e favorável ao aprendizado mais
significativo para o estudante no que se refere a mudança de atitude e
procedimentos.

REFERÊNCIAS

BARDIN, L. Análise do Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2009.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais:


ciências naturais. Brasília: MEC/SEF, 1997.

CAMPOS, M. C. C.; NIGRO, R. G. Didática das Ciências: o ensino-aprendizagem


como investigação. São Paulo: FTD, 1999.

DIAS, M. A. da S. Dificuldades na aprendizagem dos conteúdos de Biologia:


evidências a partir das provas de Biologia do Vestibular da UFRN (2001-2008). Tese
(Doutorado em Educação). Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal,
2008.

PIMENTEL, R. P. Você na teia alimentar do manguezal. Projeto Ciência na mão:


recursos para a Educação em Ciências. USP. Disponível em:
<http://www.cienciamao.usp.br/tudo/exibir.php?midia=lcn&cod=_biologiadinamica
vocenate>. Acesso 15 fev. 2017.

THIOLLENT, M. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo: Cortez, 2008.

ABSTRACT: The presentation of concepts and visualization of explanatory schemes,


through a dynamic that places students in the place of each component of a food
web, can make the group advance knowledge in a practical and concrete way. We
aim to understand the concept of web and food chain, contextualize the dynamics
of food web in the mangrove ecosystem and analyze the complexity of food webs
and their importance to the ecological balance of an ecosystem. We develop an
action research with a qualitative approach, we seek the understanding of a
phenomenon from subjective data, using the method of inductive reasoning. Those
surveyed were the students of the 6th grade of Elementary School II, who came
from a private school system, in the municipality of Queimadas / PB. We chose this

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 156


 

series to contemplate in its curriculum of Sciences, the study of ecosystems. The


methodology used for this pedagogical intervention was developed by Pimentel
(2015), entitled "Dynamics: you in the food web of the Mangrove", which is available
on the site Science at the Hand of USP. We conducted a survey on students'
knowledge, before and after the intervention, through a questionnaire with
subjective questions. The results showed the relevance of the use of dynamics to
provide favorable conditions for cognitive conflict, necessary for the construction of
conceptual, procedural and attitudinal content. We hope with this research to
encourage the use of teaching strategies capable of promoting an advance in the
intellectual development of the students, guaranteeing the space for reflection,
development and construction of ideas.
KEYWORDS: Teaching-learning. Ecology. Environmental education. Science
teaching.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 157


 

CAPÍTULO XV

A RÍTMICA DE DALCROZE E O ORFF-SCHULWERK DE


CARL ORFF PERSPECTIVAS BASEADAS NA PRÁTICA
PEDAGÓGICA DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA
________________________

Tássia Luiz da Costa Porto ,

José Tarcísio Grunennvaldt

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 158


 

A RÍTMICA DE DALCROZE E O ORFF-SCHULWERK DE CARL ORFF PERSPECTIVAS


BASEADAS NA PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Tássia Luiz da Costa Porto


Programa de Pós-Graduação em Educação, Linha de Pesquisa Culturas Escolares e
Linguagens, Universidade Federal de Mato Grosso/MT
José Tarcísio Grunennvaldt
Programa de Pós-Graduação em Educação, Linha de Pesquisa Culturas Escolares e
Linguagens, Universidade Federal de Mato Grosso/MT

RESUMO: Émile Jaques – Dalcroze (1865 – 1950) e Carl Orff (1895 – 1982), foram
pioneiros em conceber o corpo, bem como atividades que envolvam a expressão, o
movimento e o ritmo como essenciais na construção de suas propostas
metodológicas. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997), destacam as
atividades rítmicas e expressivas como conteúdo importante para à formação
integral do indivíduo. Ao compreender que a aula de Educação Física pode
proporcionar experiências corporais que envolvam o educando para além da
dimensão técnico-cientifica (BETTI e BETTI; 1996), apresenta-se neste artigo
reflexões sobre possíveis desdobramentos do conteúdo de atividades rítmicas e
expressivas na aula de Educação Física por meio da Rítmica de Émile Jaques-
Dalcroze e o “Orff-Schulwerk” de Carl Orff, tendo em vista a importância deste
conteúdo para o desenvolvimento cognitivo, motor e afetivo da criança. A prática
pedagógica do professor de Educação Física tem sido amplamente discutida no
contexto de ressignificar sua ação no âmbito escolar para além do conteúdo de
esportes (BETTI e BETTI, 1996); (KUNZ 2010); (GRUNENNVALDT, ALVES, FÁVERO,
2016). As atividades rítmicas e expressivas aparecem como um caminho possível
para acrescentar na aula de Educação Física um repertório de atividades motoras,
cognitivas e afetivas que apresentem ao educando novos caminhos de
aprendizado, tão importante quanto o esporte (BRASIL, 1997). Para isto, as
metodologias em educação musical de Émile Jaques – Dalcroze e Carl Orff
mostram-se um viés de possibilidade eficaz para aplicação de atividades
pedagógicas que envolvem música e movimento (MADUREIRA, 2008).
PALAVRAS-CHAVE: atividades rítmicas e expressivas; Émile Jaques-Dalcroze; Carl
Orff; educação física escolar, educação musical.

INTRODUÇÃO

A Educação Física com a Lei de Diretrizes e Bases 9394/96 ganha lugar de


obrigatoriedade para toda Educação Básica, e assim, se torna uma das áreas do
conhecimento pertencente à grade curricular na escola. Concomitantemente,
surgem os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997) com o objetivo de
auxiliar o professorado em sua prática docente em relação à disciplina a qual está
licenciado, sendo a Educação Física contemplada com literatura específica.
Atividades rítmicas e expressivas aparecem como um dos blocos de
conteúdos propostos para o desenvolvimento de uma proposta pedagógica na

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 159


 

Educação Física, contemplando a dança, as cantigas de rodas, as atividades que


unem música e movimento, dentre outros. Sendo assim, entendemos que
atividades rítmicas e expressivas em suas mais diferentes formas é um conteúdo
apontado para ser contemplado na prática pedagógica do professor de Educação
Física.
Contudo, Tibeau (2006) expõe que este conteúdo é valorizado na teoria,
porém não é hábito utilizá-lo na prática, completa que talvez exista uma
desvalorização destes conteúdos pelos professores de Educação Física, um dos
fatores limitantes seria a falta de aprofundamento teórico para analisar os
benefícios educacionais das atividades que envolvem música e movimento rítmico
e expressivo.
Pode-se também refletir, que a prática pedagógica do professor de Educação
Física caminha preferencialmente por uma ação técnica-científica, deixando de
ressoar um professor que reflete sua ação pedagógica em consonância com o
educando (BETTI e BETTI, 1996). Kunz (2005) compreende que a atuação do
professor de Educação Física pauta-se em entender o papel social dos conteúdos
da Educação Física escolar, e assim, possibilitar atividades pedagógicas que
conduzem para uma prática educativa de experiência de leitura, interpretação e
criticidade ao fenômeno sociocultural da cultura do corpo.

Os primeiros movimentos configuradores de uma Educação Física escolar


com objetivos sintonizados para a escola e, preocupados com as
questões didático-pedagógicas no sentido de desenvolver sujeitos críticos
e capazes de aprimorar seus conhecimentos, partem de críticas ao
tecnicismo praticado através das tendências higienistas e militaristas,
cuja prática desenvolvida através da Educação Física na escola era
condicionada a trabalhos rígidos de movimentos pré-definidos de cunho
tecnicista. (GRUNNENVALDT; ALVES; FÁVERO; 2016).

O modo de atuação do professor e o fazer de sua prática pedagógica, bem


como o exercício continuado da docência é considerado um importante objeto a ser
discutido, pois implica em pensarmos esta relação intrínseca entre trajetória
pessoal e profissional (VERDUM, 2013).
Franco (2016) esclarece que habitualmente os professores consideram
pedagógico o roteiro didático utilizado durante a aula. Contudo a autora apresenta
concepções diferenciadas sobre prática educativa e prática pedagógica.

No entanto, quando se fala de práticas educativas, faz-se referência a


práticas que ocorrem para a concretização de processos educacionais,
ao passo que as práticas pedagógicas se referem a práticas sociais que
são exercidas com a finalidade de concretizar processos pedagógicos
(FRANCO, p. 536, 2016).

A prática pedagógica analisada a partir de Franco (2016) pode ser


compreendida como uma prática social que procura organizar, compreender,
transformar as práticas sociais educativas que dão sentido e direção às práticas
educacionais. Desta maneira, as tarefas meramente instrucionais voltadas à
transmissão de conteúdos não se formaliza como prática pedagógica.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 160


 

Ao compreender a prática pedagógica como um processo que abrange


organizar, potencializar e interpretar a instrumentação da prática educativa
alinhamos com a epistemologia da pedagogia crítico-emancipatória. Kunz (2010)
propõe ao professor de Educação Física uma prática pedagógica baseada na
episteme crítico-emancipatória.
Verdum (2013) nos leva a refletir que a mudança de paradigma que observa
o professor como detentor de todo conhecimento sem considerar os saberes do
educando no processo de ensino e aprendizagem, trouxe uma superação da visão
fragmentada do sujeito na escola e passa a compreender a criança em toda sua
inteireza. Ao considerar a criança como parte fundamental do ensino, percebemos
uma abrangência de possibilidades para a ação pedagógica do professor.
Percebe-se que a prática pedagógica pode caminhar para uma relação
menos técnica-científica e iniciar uma busca de um professor que reflete seu fazer
pedagógico em consonância com o educando (BETTI e BETTI, 1996).

ENTRE LINGUAGENS

Todo artista procura a verdade.


Se ele a encontra é uma prova de sua existência,
se ele não a encontra, não significa que ela não exista
Émile Jaques-Dalcroze
(La musique et nous [1945], p. 260).

Há tempos que compreendemos na Educação a área de Linguagens como


aquela que compõe as disciplinas de Arte, Educação Física, Língua Estrangeira
Moderna e Língua Portuguesa. Entende-se que entre suas características comuns a
capacidade de fornecer ferramentas aos estudantes para ampliar seu
reconhecimento do outro e de si mesmo constroem a base da área. Reconhecer a
Arte e suas diferentes formas de expressão – Música, Dança, Teatro e Artes Visuais
como Linguagem é reconhecer que a Arte também tem seu código, texto e leitura
(SEDUC, 2010).
Ser capaz de romper percepções objetivas e produzir sensibilidade em
diferentes formas, cores, sons, texturas, palavras, fazem parte da capacidade
imaginativa do ser humano (SOARES e MADUREIRA, 2005). Uma comunicação com
ponto de partida e ponto de chegada que desliza em códigos linguísticos nem
sempre verbais ou escritos.
Desde os primórdios gesto, som, cena, cores fazem parte do cotidiano da
humanidade, mesmo com a evolução da fala e da escrita a Arte em suas diferentes
expressões modificou-se e permaneceu na vida e na história do ser humano
(DORFLES, 1992). Deste modo, a Arte se integra às disciplinas que compõem a
área de Linguagens construindo processos de fruição, apreciação, decodificação e
ressignificação do texto poético.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 161


 

Pensemos um pouco sobre a linguagem. A linguagem compõe vastos


territórios que seguem inexplorados. É absolutamente infrutífero
percorrer as infinitas paisagens de uma língua por estradas seguras.
Mais vantajoso – e igualmente mais arriscado - é deixar-se perder. Para
se conhecer os contornos de uma língua não basta memorizar estruturas
gramaticais e combiná-las como num jogo infantil. É preciso encarnar
seus mitos, decifrar seus enigmas e entoar suas dissonâncias. As
línguas, encerradas numa natureza ambígua e contraditória, raramente
combinam sentidos inequívocos (SOARES e MADUREIRA, 2005, p.81).

A Linguagem emerge nas mais varia possibilidades de traduzir o


pensamento, desde a breve movimentação gestual até nos territórios mais
distantes de outras línguas. Sendo assim, a experiência se dá na beleza de
enxergar e decifrar o mundo em diferentes linguagens abrindo possibilidades na
escola com ações integradoras. A Rítmica de Émile Jaques-Dalcroze e o Orff-
Schulwerk se torna uma apresentação de possibilidade de interseções entre
linguagens, com linguagens em busca de fortalecer a linguagem.

ÉMILE JAQUES DALCROZE E CARL ORFF: CORPO QUE SOA

Émile Jaques-Dalcroze (1879 - 1950) e Carl Orff (1895 - 1982) contribuíram


para alicerçar as bases da Educação Musical inaugurando a concepção de uma
aprendizagem mediante a participação corporal do sujeito no conhecimento dos
aspectos teóricos musicais. Não existem alunos ouvintes em classes da pedagogia
em Educação Musical de Dalcroze e Orff, pois é preciso sentir, expressar-se, mover-
se e só assim alcançar o objetivo proposto, por meio de uma vivência fluída do
corpo com a música.
A Rítmica de Dalcroze e o Orff-Schulwerk de Carl Orff, reconhecem o corpo
como o primeiro e o mais importante instrumento musical, é por ele e por meio dele
que se desenvolverá a compreensão de elementos específicos da música, e ainda,
exaltam a relevância das relações afetivas no processo de ensino e aprendizado.
Tais pedagogos da educação musical compreenderam a integração das
artes para uma experiência além da musical, refletindo diretamente na Dança,
Teatro e Educação Física (MADUREIRA, 2008). Sendo assim, a Educação Musical
aponta possibilidades de integração com outras áreas do conhecimento.
Autores como Camargo (1999), Tibeau (2006) e, Artaxo e Monteiro (2008)
apresentam os fundamentos pedagógicos de Carl Orff e Émile Jacques-Dalcroze
como possibilidades de enriquecimento do acervo teórico-prático dos professores
de Educação Física. Deste modo, compreende-se que o conhecimento de
estudiosos do corpo que não são da Educação Física, mas relacionam a música e o
movimento, podem contribuir para o desenvolvimento do conteúdo de atividades
rítmicas e expressivas.
Ao reconhecer a integração da música e do movimento como relevantes
durante a aula de Educação Física, torna-se viável buscar compreender se
metodologias que proporcionam vivências integradas entre música e movimento
rítmico podem refletir na prática pedagógica do professor de Educação Física

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 162


 

qualificando as possibilidades de inclusão deste conteúdo em suas aulas.

CONSIDERAÇÕES

Facilmente encontramos a música e o movimento se relacionando


intimamente no universo de brinquedos e brincadeiras da cultura infantil.
Presencia-se o ritmo desde a fala ao corpo todo, são trava-línguas, parlendas,
cirandas, pegadores, corda, elástico, entre tantas outras brincadeiras em que o
corpo e a música podem ser vistos e ouvidos juntos, em uma unicidade. Silva
(2012) em sua pesquisa sobre Cultura Tradicional da Infância fala sobre as
brincadeiras de roda, que estão relacionadas a cantigas presentes no repertório da
infância. Trata-se de brincadeiras cantadas que agregam uma diversidade de
disposições no espaço, coreografias, andamentos e formas de brincar.
Ao compreender o espaço escolar como um ambiente de múltiplas
expressões corporais, e ainda, a aula de Educação Física como um cenário possível
para a atuação do professor com as atividades rítmicas e expressivas, torna-se
pertinente refletir metodologias que percebam o corpo como integrante desta
relação entre música e movimento.
Émile Jacques-Dalcroze e Carl Orff foram pioneiros em traçar relações entre
música e movimento alçando benefícios na educação integral do indivíduo. Estes
pesquisadores da música e do movimento rítmico se destacam, tendo em vista a
inovação de seus conceitos para o processo de ensino e aprendizagem dentro da
música e da educação corporal. Estas novas relações entre música-corpo-
movimento instigaram outras áreas do conhecimento a criarem suas próprias
relações.
Compreende-se que a música e o movimento são aspectos que se
completam; e suas relações podem ser percebidas em manifestações da cultura
tradicional, bem como, nas manifestações artísticas de um povo; e que as
atividades rítmicas e expressivas devem ser contempladas nas aulas de Educação
Física escolar como elementos imprescindíveis para o desenvolvimento integral do
ser humano,
Com presteza percebemos nuances de Dalcroze e Orff na aula de Educação
Física, isto nos permite refletir sobre os vários contextos que se pode abranger por
meio destas pedagogias oriundas da educação musical. Nota-se que para o
docente de Educação Física é de grande importância compreender a importância
do desenvolvimento do sentido rítmico desde a infância, quando as crianças são
essencialmente curiosas, ampliando a disposição para o aprendizado e a interação
com as atividades de caráter expressivo, rítmico e corporal.

Em praticamente todas as atividades corporais, visualiza-se um trabalho


rítmico, não podendo este ser dissociado de atividades motoras ou da
própria vida. Assim, é esperado que as atividades rítmicas educacionais
mereçam maior atenção no programa de Educação Física (ARTAXO;
MONTEIRO, 2008, p. 61)

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 163


 

A música é uma linguagem que pertence ao cotidiano do ser humano.


Somos capazes de assistir um filme duas a três vezes, de ler um livro nesta mesma
quantidade, mas se tratando da música, podemos ouvir a mesma obra muito mais
de três vezes e, provavelmente, em todas às vezes haverá uma reação corporal à
ação de ouvir.
Sendo assim, conclui-se que é possível refletir o espaço do conteúdo de
atividades rítmicas e expressivas na aula de Educação Física por meio dos métodos
citados.

REFERÊNCIAS

ARTAXO, I. e MONTEIRO, G. A. Ritmo e Movimento – teoria e prática. 4 ed. São


Paulo: Phorte, 2008.

BETTI, I.C.R e BETTI, M. Novas perspectivas na formação profissional em Educação


Física. Motriz – Volume 2, Número 1, Junho/1996.

BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria de Educação fundamental. Parâmetros


curriculares nacionais: Educação Física. Brasília: SEF/ MEC, 1997.

DORFLES, G. O devir das artes. Trad. Pier Luigi Cabra. São Paulo, Martins Fontes,
p.177 -89, 1992.

FRANCO, Marilia Amelia. Prática pedagógica e docência: um olhar a partir da


epistemologia do conceito. Rev. bras. Estud. pedagog. (on-line), Brasília, v. 97, n.
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MADUREIRA, J. R. Émile Jaques-Dalcroze: sobre a experiência poética da Rítmica:


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SOARES, C. L.; MADUREIRA, J. R. Educação física, linguagem e arte: possibilidades


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Escrito – PUCRS, v.4, n.1, jul. 2013.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 165


 

CAPÍTULO XVI

PRINCÍPIOS HISTÓRICO-PEDAGÓGICOS DA EDUCAÇÃO


FÍSICA: BASES EPISTEMOLÓGICAS PARA O ENSINO E
PESQUISA
________________________

Marlon Messias Santana Cruz ,

Pedro Alves Castro ,

Ana Gabriela Alves Medeiros ,

Sebastião Carlos dos Santos Carvalho

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 166


 

PRINCÍPIOS HISTÓRICO-PEDAGÓGICOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA: BASES


EPISTEMOLÓGICAS PARA O ENSINO E PESQUISA

Marlon Messias Santana Cruz


Universidade do Estado da Bahia – Departamento de Educação – Campus XII
Pedro Alves Castro
Universidade Estadual do Sudoeste Baiano – Departamento de Educação
Ana Gabriela Alves Medeiros
Universidade do Estado da Bahia – Departamento de Educação – Campus XII
Sebastião Carlos dos Santos Carvalho
Universidade do Estado da Bahia – Departamento de Educação – Campus XII

RESUMO: A Educação Física no Brasil tem a sua história baseada no contexto sócio-
político vigente em cada época. A disciplina escolar era entendida como atividade
exclusivamente prática. Tinha como objetivo desenvolver e fortalecer física e
moralmente os indivíduos, o referencial que sustenta seu conteúdo de ensino era
oriundo das ciências biológicas que reforçava o seu caráter científico e eugênista.
Partindo de dados existentes na literatura especializada apresenta-se no presente
trabalho os caminhos percorridos pelo ensino da Educação Física ao logo de sua
história. Analisadas sob um referencial crítico tratam de leituras minuciosas de
textos da Educação Física sustentando uma práxis que culmine com a formação do
sujeito. Neste contexto para o presente trabalho foi delineado como objetivo:
analisar a evolução teórico/metodológica e epistemológica do ensino da educação
física no Brasil. Desta forma, constata-se nos textos analisados que a os objetivos e
as propostas educacionais da Educação Física foi se modificando ao longo dos
anos e todas estas tendências ainda hoje influenciam, de algum modo, a formação
do profissional e a prática pedagógica do professor.
PALAVRAS-CHAVE: Educação Física; Escola; Tendências Pedagógicas.

INTRODUÇÃO

A Educação Física no Brasil tem a sua história baseada no contexto sócio-


político vigente em cada época. Esta, durante a sua história, foi utilizada com
objetivos diversos, que vão da educação à alienação. Atualmente a Educação Física
vem teoricamente assumindo um novo papel social. Este novo paradigma baseia-se
numa concepção holística de homem, que busca superar a visão da prática pela
prática, de treinamento, performance e construção de atletas como finalidade
única.
No Brasil a inserção da educação física na escola se a deu esforço da
instituição militar, sendo as aulas ministradas pelos instrutores do exército. A
disciplina escolar era entendida como atividade exclusivamente prática. Tinha
como objetivo desenvolver e fortalecer física e moralmente os indivíduos, o
referencial que sustenta seu conteúdo de ensino era oriundo das ciências

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 167


 

biológicas que reforçava o caráter científico e eugênista da disciplina. No período


pós-guerra surge no Brasil a divulgação e influência do esporte na educação física
escolar, isto identificou a subordinação da disciplina escolar aos códigos/sentidos
da instituição esportiva. O esporte determinou o conteúdo das aulas estabelecendo
novas relações entre professor e aluno, perpassando de professor-instrutor e aluno-
recruta (militarista) a professor-treinador e aluno-atleta (esportivista) (COLETIVO DE
AUTORES, 1992).

TRANSFORMAÇÕES METODOLÓGICAS E EPISTEMOLÓGICAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA

A Educação Física Escolar, tal como a conhecemos hoje, tem suas razões na
Europa de fins do século XVIII e início do século XIX. Surgindo no Brasil por volta do
século XIX com o nome de ginástica, ligação com a classe militar e médica, sendo
então, a Educação Física, filha legítima do militarismo e adotivas das medicinas
higiênicas e eugênicas. Surgiu da necessidade de formar guerreiros, fortes e
destemidos. (SOLER, 2003)
No final do século XIX só quem tinha acesso a Educação Física era a classe
dominante e a partir do ano de 1920, temos uma invasão dos métodos ginásticos
europeus como o sueco, o alemão e também o francês, os quais faziam parte de
um movimento chamado “Movimento Ginástico Europeu”. A Educação física era
entendida como atividade exclusivamente prática, sem reflexão e sem crítica sobre
sua atuação, afastando-a da finalidade educativa (SOLER, 2003). No estado novo
(1937-1945), a educação física fica em poder do governo que faz com que a
educação física tenha em destaque o “adestramento”, homem disciplinado, dócil,
forte e sadio.
Segundo Bracht (1999), a constituição pedagógica da educação física, ou
seja, a instalação dessa prática pedagógica na instituição escolar emergente dos
séculos XVIII e XIX foi fortemente influenciada pela instituição militar e pela
medicina. A instituição militar tinha a prática — exercícios sistematizados que foram
ressignificados (no plano civil) pelo conhecimento médico. Isso vai ser feito numa
perspectiva terapêutica, mas principalmente pedagógica. Educar o corpo para a
produção significa promover saúde e educação para a saúde (hábitos saudáveis,
higiênicos). Essa saúde ou virilidade (força) também pode ser (e foi) ressignificada
numa perspectiva nacionalista/patriótica.
Segundo Melo (1999), a história da Educação Física encontrou
institucionalização no Brasil Imperial, em meados de 1822 a 1889, quando a
atividade física ganhou espaço nas Leis e Decretos que legislam acerca da
Educação Física e Desportos, reforçadas pelos pareceres de um dos Patronos da
Educação Física Brasileira: “Rui Barbosa”, que, naquela época, buscava chamar
atenção para os valores que a atividade física podia desenvolver. Diante desse
significativo apelo e da mobilização social desencadeada, assistiu-se em 1851, a
promulgação da lei nº 630 que incluía a ginástica nos currículos escolares no
Brasil.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 168


 

Ainda de acordo com Melo (1999), foi desse modo que a Educação Física
brasileira transpôs os muros da escola trazendo características da ideologia
positivista. Este caráter militarista perdurou durante as quatro primeiras décadas
do século XX, valorizando a educação do físico e da saúde corporal. Percebe-se
uma forte influência dos métodos ginásticos trazidos pelos professores de
Educação Física europeus que apresentavam uma rígida formação militar.
Desta forma, Ghiraldelli Junior (2001) apresenta o resgate de cinco
tendências históricas da educação física brasileira, segundo o autor, todas as
tendências apresentadas estão ainda incorporadas nas práticas pedagógicas dos
professores de educação física nos tempos atuais.
EDUCAÇÃO FÍSICA HIGIENISTA
Existe pelo menos um ponto em comum entre as várias concepções de
Educação Física: a insistência na tese da Educação Física como atividade capaz de
garantir a aquisição e manutenção da saúde individual.
No caso da Educação Física Higienista, a ênfase em relação à gestão da
Saúde está em primeiro plano, visando uma formação de homens e mulheres
sadios, fortes, dispostos à ação. A Educação Física Higienista é uma concepção que
se preocupa em exigir a Educação Física como agente de saneamento público, na
busca de uma “sociedade livre das doenças infecciosas e dos vícios deteriorados
da saúde e do caráter do homem do povo”. (GHIRALDELLI JUNIOR, 2001)
EDUCAÇÃO FÍSICA MILITARISTA (1930 – 1945)
A Educação Física militarista não se resume numa prática militar de preparo
físico. É, acima disso, uma concepção que visava impor a toda a sociedade padrões
de comportamento estereotipados, frutos da conduta disciplinar própria ao regime
da época.
Também preocupada com a saúde individual e com a saudade pública ela
tem por objetivo fundamental a preparação e/ou condicionamento, capaz de
suportar o combate, a luta, a guerra, sendo suficientemente rígida para “elevar a
nação” à condição de “servidora e defensora da pátria”.
A Educação Física funcionava mais como selecionadora de “elites
condutoras” capaz de distribuir melhor os homens e mulheres nas atividades
sociais e profissionais, eliminando os fracos e premiando os fortes no sentido da
“depuração da raça”. (GHIRALDELLI JUNIOR, 2001)
EDUCAÇÃO FÍSICA PEDAGOGICISTA (1945-1964)
A Educação Física pedagogicista é a concepção que vai questionar da
sociedade a necessidade de encarar a Educação Física como uma prática capaz de
promover saúde ou de disciplinar a juventude, mas de encarar a Educação Física
como uma prática eminentemente educativa, respeitando suas peculiaridades
culturais, físico-morfológica e psicológicas. (GHIRALDELLI JUNIOR, 2001)
EDUCAÇÃO FÍSICA COMPETITIVISTA (Pós 1964)
Seu objetivo fundamental era a caracterização da competição e da
superação individual como valores fundamentais e desejados para uma sociedade
moderna, voltada, então, para o culto do atleta-héroi. Nessa época a Educação
Física fica reduzida “ao desporto de alto nível”, massificando a prática desportiva.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 169


 

Na educação física competitivista deu-se início ao treinamento desportivo


baseado nos avançados estudos de Fisiologia do Esforço e da Biomecânica,
capazes de melhorar as técnicas desportivas. (GHIRALDELLI JUNIOR, 2001)
EDUCAÇÃO FÍSICA POPULAR.
A Educação Física Popular não estava preocupada com a saúde pública, pois
entendia que tal questão não podia ser discutida independentemente do
levantamento da problemática forjada pela atual organização econômico-social e
política do país. A Educação Física Popular também não se pretende disciplinadora
de homens e muito menos está voltada para o incentivo da busca de medalhas. Ela
é, antes de tudo, ludicidade e cooperação, e aí o desporto, a dança, a ginástica etc.
assumem um papel de promotores da organização e mobilização dos
trabalhadores, e mais que isso, a Educação Física serve então aos interesses
daquilo que os trabalhadores historicamente vêm chamando de “solidariedade
operária”. (GHIRALDELLI JUNIOR, 2001)
Em oposição a estas vertentes citadas nasceram estas novas tendências.
Estas novas metodologias procuraram criar estratégias e encaminhamentos
diversificados com o intuito de observar a Educação Física como uma disciplina
cujo objetivo seja a formação integral dos alunos no processo escolar. Os objetivos
de todas essas metodologias são interdependentes, necessitando-se mutuamente
e exigindo competências e responsabilidades de todos que se envolvem no
processo ensino/aprendizagem (OLIVEIRA apud GRESPAN, 2002).
Para Assis de Oliveira (2001), a influência do esporte na Educação Física se
dá após a segunda guerra mundial, fortalecida pela ditadura militar que em seus
objetivos incluía o desenvolvimento das aptidões físicas pela execução mecânica de
exercícios de alto rendimento. Dessa forma, o aluno era visto como um atleta em
potencial e as aulas de Educação Física deveriam desenvolver a qualidade e
performance dos movimentos.
A partir deste momento o esporte torna-se conteúdo hegemônico nas aulas
de Educação Física na escola e o ensino deste componente curricular passou a
privilegiar a relação professor-treinador e aluno-atleta.
No ESPORTIVISMO, os objetivos e a metodologia assemelhavam-se mais a
um treinamento, centrando-se nas repetições para a aquisição da técnica (forma de
executar o movimento), visando atingir um padrão de rendimento máximo. Assim,
as informações técnicas eram exaltadas em contrapartida às reflexões teóricas e
sócio-históricas, que ficavam em segundo plano.
É importante salientar que estas considerações também eram inerentes às
outras áreas (disciplinas), não só à Educação Física. Por conseguinte, o papel da
Educação Física Escolar era o de aprimorar a potencialidade dos alunos/atletas,
com ênfase na aprendizagem esportiva visando o rendimento, sem, entretanto,
abandonar os modelos anteriores do higienismo e militarismo.
Daí a forte presença da aprendizagem do modelo esportivo no imaginário da
Educação Física até os dias de hoje. O papel do professor é semelhante ao do
técnico, do treinador e o do aluno, ao de atleta (COLETIVO DE AUTORES, 1992).
Infelizmente esta tendência foi muito intensa e está presente até hoje nas aulas

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 170


 

Educação Física Escolar e nas concepções dos professores


Segundo Coletivo de Autores (1992) em oposição à perspectiva biologicista,
militarista e depois tecnicista-esportivizada, que foram responsáveis pela inserção
e consolidação da educação física enquanto componente curricular, visões estas
que fragmentam o homem em corpo-mente, sustenta a valores eugênistas ou ainda
transforma os alunos em atletas, surge na década de 70 e 80 os movimentos
“renovadores” da educação física.
Nos anos 80 começa a discutir uma Educação física para todos. Ampliou-se
de uma área biológica, percebendo agora as dimensões psicológicas, sociais,
cognitivas e afetivas, enxerga o aluno como ser humano integral já não pode ser
“cortado em fatias”, passando a trabalhar com esporte, jogo, dança, lutas,
capoeira, enfim, as manifestações da cultural corporal.(BRACHT, 1999).
A PSICOMOTRICIDADE surgiu nos últimos anos da década de 1970, a
Educação psiconética tornou-se relevante em alguns programas de Educação Física
Escolar. Também conhecida por educação psicomotora, essa proposta foi divulgada
inicialmente em programas de escolas em educação especial para alunos
portadores de deficiência física e mental.
A psicomotricidade é o primeiro movimento mais articulado que surge a
partir da década de 70 em contraposição dos movimentos anteriores. Nesta
abordagem o envolvimento da Educação Física é com o desenvolvimento da
criança, com o ato de aprender, com os processos cognitivos, motores e afetivos, ou
seja, buscava garantir a formação integral do aluno (SOARES apud DARIDO, 2001).
Então esta tendência começa uma nova fase de preocupações para o professor de
Educação Física que extrapola os limites biológicos e de rendimento corporal,
passando a incluir e a valorizar o conhecimento de origem psicológica.
Utiliza-se da atividade lúdica como impulsionadora dos processos de
desenvolvimento e aprendizagem. Trata das aprendizagens significativas,
espontâneas e exploratórias da criança e de suas relações interpessoais. Focaliza-
se na criança pré-escolar, destacando sua pré-história como fator de adoção de
estratégias pedagógicas e de planejamento. Busca analisar e interpretar o jogo
infantil e seus significados.
O autor que mais influenciou o pensamento psicomotricista no Brasil foi o
francês Jean Le Bouch, através de várias publicações e até em visitas ao Brasil Le
Bouch, ajudou a fortalecer esta tendência no nosso país.
Já a abordagem DESENVOLVIMENTISTA apresenta que a sua central idéia é
oferecer à criança oportunidade de experiências de movimentos de modo a garantir
o seu desenvolvimento normal, ou seja, de modo a atender essa criança em suas
necessidades de movimento. Esta abordagem desenvolvimentista foi dirigida
inicialmente para crianças de 4 a 14 anos, buscando, nos processos de
aprendizagem desenvolvimentista, uma fundamentação necessária para a
Educação Física Escolar (BRACHT, 1999). Tem como meio e fim principal da
Educação Física o movimento, e busca nos processos de aprendizagem e
desenvolvimento uma fundamentação para a Educação Física Escolar. É uma
tentativa de caracterizar a progressão normal do crescimento físico, do

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 171


 

desenvolvimento fisiológico, motor, cognitivo e afetivo-social, na aprendizagem


motora, busca em função destas características sugerir elementos para a
estruturação da educação física escolar.
Procura privilegiar a aprendizagem do movimento embora possa estar
ocorrendo outras aprendizagens decorrentes da prática das habilidades motoras.
Preconiza para a educação física que seja proporcionada ao aluno condições para
que seu comportamento motor seja desenvolvido através da interação, do aumento
da diversidade e da complexidade de movimentos, oferecendo experiências de
movimento adequadas ao seu estágio de crescimento e desenvolvimento para que
as habilidades motoras sejam alcançadas.
Sua base teórica é essencialmente a psicologia de desenvolvimento e da
aprendizagem e alguns de seus principais autores são Go Tani, Edson de Jesus
Manuel e Ruy Jornada Krebs. Segundo alguns autores, esta abordagem é uma
tentativa de caracterizar a progressão normal do crescimento físico, do
desenvolvimento fisiológico, motor, cognitivo e afetivo-social, na aprendizagem
motora. E a partir destas características eles sugerem elementos ou aspectos
relevantes para a estruturação na Educação Física escolar. “É uma tentativa de
caracterizar a progressão normal do crescimento físico, motor, cognitivo e afetivo-
social na aprendizagem motora e, em função dessas características, sugerir
aspectos relevantes para a estruturação das aulas” (TANI et al. Apud DARIDO e
NETO, 2005).
O reconhecimento do erro deve ser feito pela observação sistemática das
fases de aquisição de cada uma das habilidades motoras, de acordo com a faixa
etária.
A proposta CONSTRUTIVISTA – INTERACIONISTA apresenta um discurso cada
vez mais presente nos diferentes segmentos do contexto escolar, opondo-se a ideia
mecanicista da Educação Física, que caracterizada pela busca do desempenho
máximo, de padrões de comportamento sem considerar as diferenças individuais e
as experiências vividas pelos alunos, com o objetivo de selecionar os mais
habilidosos para competições esportivas. (DARIDO e NETO, 2005).
Trabalhar com situações de conflito cognitivo a partir o que o sujeito sabe é
do que deve ser aprendido, a abordagem construtivista-interacionista busca a
formação integral do aluno com a inclusão das dimensões afetivas e cognitivas ao
movimento humano. Esta abordagem tem influências da psicologia, baseando-se
nos trabalhos de Jean Piaget, Lê Boulch e Vygotsky. Sendo seu maior colaborador o
professor João Batista Freire e a obra mais representativa desta proposta o livro
“Educação de corpo inteiro” (1989). A valorização das experiências dos alunos e da
sua cultura são os principais aspectos positivos da proposta construtivista. Além de
propor métodos alternativos e diretivos, permite assim ao aluno a construção do
conhecimento, através da interação com o meio, dando a eles oportunidades para
a resolução de problemas na construção do seu próprio modelo de movimento.
O movimento deveria ser o primeiro instrumento para facilitar a
aprendizagem de conteúdos diretamente ligados ao aspecto cognitivo, como
aprendizagem da leitura, da escrita, da matemática entre outros. “Essa proposta

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 172


 

poderia ser sintetizada como uma metodologia voltada para ensinar as pessoas a
terem consciência de que são um corpo, desenvolvendo habilidades que permitem
as expressões no mundo”. (GRESPAN, 2002).
A abordagem da SAÚDE RENOVADORA tem por paradigma a aptidão física
relacionada à saúde e alguns dos seus objetivos são informar, mudar atitudes e
favorecer a prática sistemática de exercícios físicos. Seus pressupostos e
finalidades são semelhantes ao modelo higienista biológico, que promovia saúde
por meios de exercícios físicos nas aulas de Educação Física, alguns aspectos
distinguem esta proposição mais recente, apresentando uma abordagem mais
atual.
Uma das principais preocupações da comunidade científica nas áreas da
Educação Física e da saúde pública é levantar alternativas que possam auxiliar na
tentativa de reverter à elevada incidência de distúrbios orgânicos associados à falta
de atividade física. Os autores, baseados em diferentes trabalhos americanos,
entendem que as práticas de atividade física vivenciada na infância e na
adolescência se caracterizam como importantes atributos no desenvolvimento de
atitudes, habilidades e hábitos que podem auxiliar na adoção de um estilo de vida
saudável e ativo na fase adulta da vida. E como propostas sugerem a redefinição
do papel dos programas de Educação Física escolar para uma das formas de
promoção de saúde. (NAHAS apud DARIDO, 2001)
Autores que defendem este modelo de Educação Física na escola criticam
os professores que trabalham apenas com modalidades esportivas como futsal,
futebol, basquete, vôlei, handebol, pois argumentos que estes modelos de aulas
impedem os escolares de terem acesso a atividades esportivas alternativas que
eventualmente possam apresentar uma maior adesão a sua prática fora do
ambiente escolar. (GUEDES e GUEDES apud DARIDO, 2001)
Estes autores consideram que as atividades esportivas são menos
interessantes para a promoção da saúde, devida a dificuldade no alcance das
adaptações fisiológicas e depois porque não se torna uma prática contínua durante
toda a vida. Porém, a utilização desta abordagem deve enfatizar todo um processo
educativo, requisitando aos alunos uma auto-avaliação que favoreça a auto-estima
em relação aos programas individual. Para o professor, a avaliação é tida como
referencial no acompanhamento de progresso individual dos alunos. (DARIDO e
NETO, 2005)
Apresenta que é de fundamental importância a promoção da prática
prazerosa de atividades que conduzam ao aperfeiçoamento das áreas funcionais:
resistência orgânica ou cardiovascular; flexibilidade; resistência muscular e a
composição corporal como fatores coadjuvantes na busca de uma melhor
qualidade de vida por meio da saúde. Conforme Guedes (2004), “A aptidão física
relacionada à saúde abriga aqueles aspectos da função fisiológica, que oferecem
alguma proteção aos distúrbios orgânicos provocados por um estilo de vida
sedentário”. Considera que a conquista por melhores momentos de satisfação
pessoal e coletiva esteja na busca da Qualidade de Vida da população e também
na adaptação as condições vivenciadas, como fatores colaboradores para estes

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 173


 

fins: a saúde; o lazer; os hábitos do cotidiano, o estilo de vida, hábitos alimentares


saudáveis. Nahas (1998) afirma que: no contexto das sociedades industrializadas
e em desenvolvimento, o estilo de vida e, em particular, a atividade física, tem,
cada vez mais, representado um fator de qualidade de vida tanto quanto
relacionada à saúde das pessoas de todas as idades e condições
socio­econômicas, estando associada a maior capacidade de trabalho físico e
mental, mais entusiasmo para a vida e sensação de bem estar, menores gastos
com a saúde, menores riscos de doenças crônico degenerativas e mortalidades
precoces.
Nos anos 90 nota-se o caminhar da Educação Física, acompanhando a
tendência do momento da educação brasileira, a Educação Física propõe
mudanças reais no trato do seu conhecimento, pois todo conhecimento é histórico
e sujeito a mudanças, e desta forma cabe aos educadores a propagação destes
conhecimentos históricos.
Assim, surge a pedagogia CRÍTICO-SUPERADORA, esta abordagem está
consolidada no livro Metodologia do Ensino da Educação Física, COLETIVO DE
AUTORES, publicado em 1992. Esta proposta baseia-se fundamentalmente na
pedagogia histórico-crítica desenvolvida por Dermerval Saviani e José Carlos
Libâneo. Entende-se nesta proposta que o objeto de estudo da área de
conhecimento da Educação Física é a cultura corporal que se concretiza nas suas
diferentes faces como o esporte, a ginásticas, o jogo, as lutas, a dança e a mímica.
(BRACHT, 1999).
Fundamenta-se a partir de uma ação comunicativa que cria o problema,
visando a uma interação responsável, participativa e produtiva. O eixo central da
crítica nesta abordagem se faz ao paradigma da aptidão física e esportiva dada
pela análise da função social da educação, e da Educação Física em particular,
como elementos constituintes de uma sociedade capitalista marcada pela
dominação e pelas diferenças injustas de classe.
Esta pedagogia levanta questões de poder, interesse, esforço e contestação.
Acredita que qualquer consideração sobre a pedagogia mais apropriada deve
versar, não somente sobre questões de como ensinar, mas também sobre como
adquirimos estes conhecimentos, valorizando a questão da contextualização dos
fatos e do resgate histórico. Esta percepção é fundamental na medida em que
possibilitaria a compreensão, por parte do aluno, de que a produção da
humanidade expressa uma determinada fase e que houve mudanças ao longo do
tempo. De acordo com Coletivo de autores (1992), a pedagogia crítico-superadora
tem características específicas, ela é diagnóstica porque pretende ler os dados da
realidade, interpretá-los e emitir um juízo de valor. Este juízo é dependente da
perspectiva de quem julga. É judicativa porque julga os elementos da sociedade a
partir de uma ética que representa os interesses de uma determinada classe
social. Esta pedagogia é também considerada teleológica, pois busca uma direção,
dependendo da perspectiva de classe de quem reflete. “A percepção do aluno deve
ser orientada para um determinado conteúdo que apresente a necessidade de
solução de um problema nele implícito”. (COLETIVO DE AUTORES, 1992)

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 174


 

Suas categorias de ação são as de trabalho, interação e linguagem. E


explícito no seu objetivo de estudo, está o movimento humano enquanto cultura,
produzido e acumulado historicamente. Ver a participação das manifestações da
cultura corporal como elemento de transformação social, liberando-o de estruturas
coercitivas.
A abordagem CRÍTICO EMANCIPATÓRIA é um dos desdobramentos da
tendência crítica e valoriza a compreensão crítica do mundo, da sociedade e de
suas relações, sem a pretensão de transformar esses elementos unicamente por
meio escolar. Assumindo a utopia que existe no processo/ensino aprendizagem,
limitado pelos condicionantes capitalistas e classistas, e se propõe a aumentar os
graus de liberdade do raciocínio crítico e autônomo dos alunos. (BRACHT, 1999)
Esta abordagem tem como principal formulador o professor Elenor Kunz. A
proposta de Kunz parte de uma concepção do movimento que ele denomina de
dialógica. O movimento humano é entendido nesta concepção como uma forma de
comunicação com o mundo. A proposta oposta para a tematização dos elementos
da cultura do movimento de forma a desenvolver em seus alunos a capacidade de
analisar e agir criticamente no contato inserido.
Kunz defende o ensino crítico, pois é a partir dele que os alunos passam a
compreender a estrutura autoritária dos processos institucionalizados da
sociedade, os mesmos que formam falsas convicções (DARIDO e NETO, 2005).
Assim a tarefa da Educação crítica é promover condições para que essas estruturas
autoritárias sejam suspensas e o ensino encaminhado para uma emancipação,
possibilitando pelo uso da linguagem, que tem um papel muito importante no agir
comunicativa.
Para desenvolver perspectivas de mudança com respeito, principalmente a
estes fatores interpretantes como evidentes na Educação Física e que limitam as
suas atividades apenas a atividades esportivas e com especial atenção às
destrezas motoras e/ou atividades de condicionamento físico não é suficiente
preocupar-se somente com mudanças nos conteúdos ou nas formas e métodos de
transmissão dos mesmos; é necessário, isto sim, uma mudança total da própria
concepção da Educação Física e do seu processo do ensino e aprendizagem
(KUNZ, 2004).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os objetivos e as propostas educacionais da Educação Física foram se


modificando ao longo dos anos e todas estas tendências ainda hoje influenciam, de
algum modo, a formação do profissional e a prática pedagógica do professor. Na
educação física, como em qualquer outro componente curricular, não existe uma
única maneira de pensar e implementar a disciplina na escola. Enquanto a
educação física não respeitar o momento histórico-evolutivo por que passam os
sujeitos e a sociedade, estará cometendo alguns equívocos (MEDINA, 1996).
Atualmente entende-se a Educação Física escolar como uma disciplina que

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 175


 

introduz e integra o aluno na cultura corporal, formando o cidadão que vai produzi-
la, reproduzi-la e transformá-la, instrumentalizando-o para usufruir dos jogos, os
esportes, das danças, das lutas e das ginásticas em benefício do exercício crítico
da cidadania e da melhoria da qualidade de vida (DARIDO e RANGEL 2005). Trata-
se de localizar em cada uma destas práticas corporais produzidas pela cultura os
benefícios humanos e suas possibilidades na organização da disciplina no contexto
escolar (DARIDO e RANGEL, 2005).
A Educação Física sofreu várias mudanças no seu contexto, no entanto assim
como em outras épocas, ainda continua, mesmo que de forma camuflada, voltada
para atender aos interesses das classes dominantes e do próprio sistema
capitalista de produção, com um mercado de trabalho cada vez mais exigentes,
competitivos e excludente. Com isso, apesar de todas as inovações pedagógicas
em prol do pleno desenvolvimento do educando, a educação física ainda se destina
a formação de mão de obra qualificada para atender à demanda do crescimento
econômico do país, formando pessoas cada vez mais subordinadas e alienadas ao
sistema capitalista de produção que visa o acúmulo de lucros e capitais,
concentrados nas mãos de poucos.

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KUNZ, E. Transformação Didática Pedagógica no Esporte. Ijuí: Unijuí, 2004.

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SOLER, Reinaldo. Educação física escolar. Rio de Janeiro, Sprint, 2003.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 177


 

CAPÍTULO XVII

A GEOGRAFIA ESCOLAR: UM OLHAR SOBRE A PRÁTICA E


O ENSINO NA SALA DE AULA
________________________

Sílvio César Lopes da Silva ,

Maria do Socorro Guedes ,

Islany Caetano de Souza ,

Chistiane Jéssika Vidal Santos ,

Naéda Maria Assis Lucena de Morais

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 178


 

A GEOGRAFIA ESCOLAR: UM OLHAR SOBRE A PRÁTICA E O ENSINO NA SALA DE


AULA

Sílvio César Lopes da Silva


Universidade Federal do Rio Grande do Norte – PPGED-UFRN
Natal- Rio Grande do Norte
Maria do Socorro Guedes
Universidade Federal de Campina Grande – UFCG
Campina Grande- Paraíba
Islany Caetano de Souza
Universidade Estadual da Paraiba – UEPB
Campina Grande- Paraíba
Chistiane Jéssika Vidal Santos
Universidade Federal de Campina Grande – UFCG
Campina Grande- Paraíba
Naéda MariaAssis Lucena de Morais
Faculdade Anchieta do Recife – FAR
Campina Grande -PB

RESUMO: A geografia escolar tem seguido uma longa linha cronológica de


acontecimentos que marcaram à sua maneira de ser conduzida dentro das escolas
e pensando este espaço, ela é uma forma de dizer algo deste mundo,
interpretando-o a partir de um olhar mais fecundo, voltado para os sujeitos, seus
espaços e ações. Neste capítulo, apresentamos um resgate histórico sobre esta
disciplina, desde o seu surgimento no Brasil até os dias atuais, porém, com alguns
recortes temporais, o qual situa nossa reflexão. Com o intuito de revelar as
metodologias que eram utilizadas em seu bojo, e que inclusive são discutidas nas
áreas pedagógicas e didáticas que envolvem a construção curricular da disciplina
no tempo presente, dividindo opiniões acerca das permanências no modo de
ensinar a geografia dentro da escola. A nossa reflexão está pautada nas
discussões sobre: a geografia escolar e suas interfaces no decorrer da história; e a
geografia escolar atual, um grito por renovação ou superação? Traremos um olhar
sobre o modo em que a geografia era e é tratada dentro da escola. Baseado numa
pesquisa qualitativa, temos o aporte em artigos científicos além de trabalhos
executados no campo desta temática para fundamentar o nosso trabalho.
PALAVRAS-CHAVE: Geografia escolar, Sala de aula, Prática, ensino.

INTRODUÇÃO

Sabemos que as diversas disciplinas que hoje estruturam e dão forma ao


currículo escolar a qual conhecemos, passaram e passam por constantes
modificações em suas formas de se estruturar dentro do mundo educacional.
Marcadas por momentos de inovação, renovação, novas ideias, novas propostas,
velhas maneiras e permanências, as disciplinas contribuem na construção do

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 179


 

conhecimento na vida de um aluno, antes disso, um ser social que carece de


atenção e de conhecimento para posicionar-se no mundo em que vive.
Tem sido desde o tempo em que a escola surgiu como escola, ainda que
tenha passado por transformações em sua estrutura física e conceitual, que as
disciplinas cresceram, se construíram, e que continuam a se reinventar de acordo
com as constantes mudanças que ocorrem no meio social, político e econômico,
que pesam na maneira de dar a forma ao mundo em que vivemos.
Partindo disso, ao tratarmos desse assunto neste trabalho, iremos nos ater
a disciplina de Geografia na escola, ou seja, um aprofundamento em conhecer a
Geografia escolar tanto na atualidade, como através da verificação dos registros
existentes na maneira em que a Geografia era ensinada e tratada dentro das
salas de aula. Refletiremos sobre como essa disciplina foi trabalhada na escola
antiga, tantos em sua história evolutiva, mais voltada no passar dos tempos, como
também as suas metodologias que são marcadas por cada momento da história,
em que com o surgimento de novas ideias, ou a exclusão destas, deram forma as
metodologias utilizadas para se construir o conhecimento no universo escolar na
vida dos alunos.
Iniciando suas explorações em sala de aula, a partir do século XIX, período
que também marca o surgimento da Geografia como ciência (podemos observar
essa quebra de hierarquização do conhecimento), o ensino da Geografia estava
quase que centrado no seu inicial propósito, o de efetuar descrição do meu físico,
terrestre, levando as pesquisas quantitativas para as salas de aula, e reproduzindo-
as sem nenhuma análise crítica destas.
A partir disso, este trabalho tem como objetivo abordar um breve resumo
acerca do que acontecia nas salas de aula quanto ao ensino da Geografia nos
séculos XIX e XX e que ainda permanecem no século presente, com o aporte nas
contribuições de diversos autores que se preocuparam em tratar dessa temática,
como ALBUQUERQUE (2011), CAVALCANTI (2000), CARVALHO (1913), GONÇALVES
(2010) dentre outros.
Com metodologia baseada na análise bibliográfica, iremos efetuar este
trabalho através de pesquisas e leituras de artigos acadêmicos que tratem da
temática em questão, para fundamentar as objeções efetuadas pelos autores
deste trabalho.

A geografia escolar e suas interfaces ao decorrer da história

O advento de uma sociedade pós moderna e tecnológica, tem modificado a


forma de se pensar a geografia, uma vez que novas geografias estão sendo
formadas a partir deste novo jeito de conceber e entender as relações humanas
e sociais. Tendo por base tais observações é preciso entender que a Geografia
Escolar, não surge como algo imposta por um grupo de maior poder sobre as
escolas que vigoravam principalmente no século XIX, período que marca a emersão
dessa disciplina na grade curricular da escola. Para André Chervel:

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 180


 

[...] a história das disciplinas escolares não é equivalente à história


das ciências de referência, dado que aquelas são construções
próprias encarregadas de veicular uma cultura particular, e que está
constituída por um conjunto de conhecimentos, competências, atitudes e
valores que a escola se encarrega de transmitir explicita ou
implicitamente aos estudantes como bagagem cultural e patrimônio
comum de todos os cidadãos. (GONÇALVES apud CHERVEL, 1990,
[Online])

Em que podemos observar que, assim como outras disciplinas, a Geografia


se deu dessa forma, mais voltada a estabelecer e sistematizar conhecimentos que
seriam importantes para que os alunos pudessem conhecer um mundo em que
viviam. No entanto, esses conhecimentos no decorrer dos tempos, tem sido
influenciado pelos momentos em que a escola passava no território em que estava
estabelecida, ou até com as idealizações que alicerçavam e davam base a ciência
construída naquele momento da história.
Primeiramente, a Geografia escolar era tratada de uma forma em que esta,
estava apenas encarregada de trazer os conhecimentos do que eram produzidos
em outras partes do planeta, fazendo com que os alunos brasileiros fossem
“desligados” de sua vivência diárias onde residiam, se distanciando do cenário
político e social de onde habitavam, predominava- se uma Geografia meramente
descritiva, claro, em conjunto com o que alicerçou o início da sua construção
científica, temos o exemplo do significado e a etimologia da sua palavra: Geo
=Terra + Graphia = Descrição, ou seja, a descrição da Terra. A primeira escola
brasileira a incorporar o ensino dessa matéria foi o Colégio D. Pedro II do Rio de
Janeiro, em que tentou se assimilar com os liceus franceses.

[...] quando o modelo francês de organização e funcionamento do ensino


passa a ser adotado, o ensino de Geografia permanece
praticamente inalterado em suas características de “nítida orientação
clássica, ou seja, a Geografia descritiva, mnemônica, enciclopédica”
(CAVALCANTI apud ROCHA, 1996 e PEZZATO, 2001, p.65).

Do ponto de vista histórico, a Geografia escolar encontrou-se em


momentos de rupturas que inseriram novas propostas além de novas
metodologias no processo de ensino- aprendizagem conduzida pelos os conteúdos
que davam forma a essa disciplina, a exemplo, são as considerações efetuadas por
Delgado de Carvalho, considerado o novo percussor da Geografia Moderna.
Especialista em desenvolver livros didáticos, além de trazer novas propostas
para o ensino de Geografia, Delgado de Carvalho faz indagações acerca do modo
em que essa Geografia era conduzida dentro das salas de aulas, sempre
apontando para o seu estilo mnemônico e descritivo. É nesse período do século
XX que a Geografia escolar começa a dialogar com os debates ocorridos dentro das
academias (momento da fundamentação da Geografia enquanto ciência), fazendo
com que novos conteúdos fossem incorporados a sua base curricular.
Um dos marcos nesse período fora o declínio dessa Geografia Moderna,
com a chegada da ditadura militar em nosso país, em que como afirma

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 181


 

Albuquerque:

Esta Geografia escolar moderna vai perdurar até os anos de 1970,


quando se institui no país os estudos sociais e se verifica o
surgimento de uma Geografia escolar muito conservadora, atrelada à
perspectiva pedagógica tecnicista. É quando entra em declínio a
circulação de livros mais conservadores como os de Aroldo de Azevedo,
Mario da Veiga Cabral, e também outros que já traziam uma
perspectiva mais crítica como os de Manuel Correia de Andrade e Ilton
Sete. Neste período outros livros didáticos passam a ser elaborados,
agora destinados, especificamente, à disciplina então instituída pelo
Governo Militar. (ALBUQUERQUE, 2011, p.28)

Mais voltada ao tecnicismo e respondendo ao sistema vigente, essa


Geografia escolar agora substituída por estudos sociais, tenta abordar para os
estudantes uma exaltação a pátria, além de fomentar nesses alunos o civismo
oficial, além de propagar o regime em vigor.
Na atualidade, após o término do regime, além de uma nova
redemocratização do ensino, o que tem definido os currículos da Geografia escolar,
tanto foram as diversas contribuições da academia científica, com o surgimento da
Geografia Crítica, que diga-se de passagem, ainda gera discussões sérias acerca da
introdução imediata na escola, além da redefinição do estado, este muito mais
atrelado a nova dinâmica global de circulação do capital, tendo como principal
exemplo, a criação dos Parâmetros Curriculares Nacionais no anos de 1990 em
concordância com o que foi estipulado pela ONU, UNESCO e o Banco Mundial
(BRASIL, 2001).
É importante a breve explanação acerca desses momentos da Geografia
escolar, tendo em vista que eles foram os principais alicerces em que os
professores se detinham para explanar suas aulas. É evidente que toda essa
maneira de se conduzir o ensino da Geografia dentro da sala de aula, está atrelado
aos diversos materiais e métodos utilizados para que isso aconteça. Como citado
anteriormente, o ensino era e é baseado em métodos mnemônicos, descritivos e
decorativos em conjunto com a utilização de materiais que ainda conseguem
fortalecer este tipo prática, sendo este o uso de livros didáticos muitas das vezes
descontextualizados e separados em seus conteúdos, além de avaliações em
formato de prova, que favorecem o ato de decorar os conteúdos, além daquele
processo em que o professor, torna-se constante nas aulas a discutir com os
alunos sem que haja uma interação dinâmica, participativa e fluida no modo de
mediar o conteúdo em questão.
Partindo dessas prerrogativas, ainda tem se percebido que atualmente essa
maneira “antiga” de se ensinar Geografia tem continuado dentro das salas de aula
em todo o Brasil, dando força ao argumento de que tanto nas escolas, como na
academia, além de setores responsáveis pela propagação dos conhecimentos
geográficos, e da própria pedagogia, muito tem se discutido, e muito pouco tem se
feito na prática. Já que as discussões não perpassam os debates. Dessa forma, é
de suma importância atentar para as questões atuais e fazer da prática uma
atualização, voltada as reais necessidades dos alunos.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 182


 

A geografia escolar na atualidade: um grito por superação ou renovação?

Como sabemos, atualmente tem-se uma persistência dos modos antigos de


se mediar o conhecimento da Geografia, sendo eles, o mnemonismo, a descrição,
além da apropriação do conhecimento pelos professores de forma decorativa e
sem conexão com as realidades em que coexistimos, uma vez que por mais que as
discussões e os estudos tendem a avançar na superação de tais práticas
arcaicas, as mesmas persistem em continuar.
Partido para o contexto e tendo por experiência uma situação real, a sala de
aula, nos deparamos com o estágio supervisionado. Ao adentrarmos em sala de
aula, como parte de uma exigência organizada pelo currículo do curso de
graduação em licenciatura em Geografia, na disciplina estágio curricular
supervisionado, que tem como principal objetivo, realizar essa interação real entre
a teoria apresentada nas disciplinas do curso, e a prática, que se constitui como o
que ocorre de fato dentro da sala de aula.
Entendemos o currículo a partir da perspectiva sinalizada por Sacristán
(2000), quando este afirma que:

[...] é instrumento que cria toda uma gama de usos, de modo que é
elemento imprescindível para compreender o que costumamos chamar
de prática pedagógica. [...] O currículo, com tudo o que implica quanto a
seus conteúdos e formas de desenvolve-los, é um ponto central de
referência na melhora da qualidade do ensino, na mudança das
condições da prática, no aperfeiçoamento dos professores, na renovação
da instituição escolar em geral e nos projetos de inovação dos centros
escolares. (SACRISTÁN, 2000, p.32)

Tais reflexões sinalizadas pelo autor revelam-nos que é preciso entender a


prática docente como algo dinâmico, que se recria na complexidade e
dinamicidade da sala de aula e dos sujeitos nesta inseridos.
É fato que diversas transformações têm ocorrido nos currículos que dão
base aos cursos de licenciatura, a exemplo a substituição dos cursos no estilo 3+1
em que os alunos passavam a maior parte do curso tendo contato com
disciplinas voltadas para a ciência geográfica, e logo em seguida, passavam todo
o restante do curso (1 ano) em contato com disciplinas de cunho pedagógico, como
práticas de ensino, metodologias do ensino e o próprio estágio supervisionado.
Essa maneira de se cursar a licenciatura é determinante na formação dos
professores, estes mais especialistas na ciência geográfica, com pouca ou quase
nenhuma experiência acerca da maneira de se mediar estes conhecimentos,
através dos aportes que a própria pedagogia oferece para sua formação e
definitiva entrada ao mundo educacional, levando em consideração o tempo
necessário para que essa formação seja efetivada de fato.
Assim, inúmeras ideias têm surgido acerca de se como mediar esse
conhecimento, são contribuições que geram e despertam essa inovação dentro das
salas de aulas, e que não são recentes, mas que já tem sido considerada
relevantes desde o surgimento da escola, a exemplo o estudo do meio, que já foi

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 183


 

sugerido por Elisée Reclus a alguns séculos atrás.

[...] a escola verdadeiramente liberada da antiga servidão só pode ter


franco desenvolvimento na natureza. O que em nossos dias é
considerado nas escolas como festas excepcionais, passeios,
cavalgadas pelos campos, landas [charnecas] e florestas, nas margens
dos rios e nas praias, deveria ser a regra, pois é apenas ao ar livre que se
conhece a planta, o animal, o trabalhador e que se aprende a observá-
los, a fazer-se uma ideia precisa e coerente do mundo exterior.
(ZANARDO apud RECLUS, 2010, p.25).

Numa análise espaço-temporal podemos perceber que esse “grito” que


Reclus (2010) efetuou nesse período, era mais voltado a maneira em que a
sociedade era conduzida naquela época, e até a escola, esta voltada em promover
o bom comportamento por parte dos jovens, numa sociedade cheia de regras e
objetivos claros quando ao comportamento social, mas sendo uma contribuição
que pode ser considerada atemporal.
Historicamente, as escolas se viram cada vez mais estruturadas para que
conduzissem uma aula melhor elaborada e com diversas opções em materiais
didáticos, foram avanços na tecnologia, como o surgimento dos projetores, das
lousas-interativas, no avanço das mídias dentro da escola, como a utilização de
produções cinematográficas, da própria música, além de textos e produções
alternativas, aos sempre presentes livros didáticos. Temos então, o que atualmente
se configura como ferramentas didáticas para o ensino de Geografia. É preciso
atentar para o fato que as tecnologias estão para auxiliar o processo ensino-
aprendizagem (GABRIEL, 2013).
No entanto, esses aportes didáticos que estão presentes dentro da escola,
não tem sido suficientes ou até inutilizados para que as aulas ocorram de forma
diferenciada, em que através das nossas observações nos estágios, percebemos a
permanência dos métodos arcaicos na forma de se ensinar a Geografia, tendo
como principal preocupação as conclusões que tiramos (talvez precipitadas) do
comportamento dos alunos mediante a estes tipos de aulas. Então nos
perguntamos, precisamos de uma superação do ensino de Geografia? Ou uma
renovação? Tendo em vista que tais conceitos estão correlacionados como
mudanças que correm ou precisam ocorrer no contexto em que se inserem. O
que ocasiona essas permanências? O que de fato ocorre para que o novo não seja
utilizado?
Sabemos que para respondermos essas questões, se torna necessário fazer
uma análise alicerçada e contextualizada acerca do que acontece nas escolas
e na vida dos atores envolvidos no ensino da Geografia, porque só assim
teremos respostas claras, e quem sabe, conclusões que definirão os novos rumos a
serem trilhados por essa nova Geografia escolar, que não se fecha por completo,
mas que está disposta a sempre se adaptar as mudanças que possam ocorrer em
sua estrutura.
O principal motivo dos atuais estudos na área da pedagogia da Geografia é a
busca pela superação, renovação, inovação, seja qual for os substantivos que
possam ser utilizados para que solicitem a mudança das maneiras de se conduzir

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 184


 

essa disciplina dentro das escolas. Sabemos que são inúmeros os impasses, além
das condições que ocasionam esses tipos de atitudes por partes dos professores
em suas atividades escolares. São as condições trabalhistas, a carga-horária,
os problemas de saúde, além de muitas das vezes, a formação destes que acaba
sendo descontinuada, partindo do pressuposto de que, o ser professor, requer
atualização e constantes reciclagens da sua carreira discente.
Para compreender toda essa dinâmica que envolve as práticas pedagógicas
da Geografia, se torna necessário efetuar uma averiguação do que tem acontecido
durante o passar dos tempos nessa disciplina escolar. Percebemos que as
condições da sociedade em relação ao tempo-espaço em questão foram
determinantes na condução dessa disciplina dentro das salas de aulas.

Considerações finais

A partir do que foi exposto, podemos perceber que com as novas propostas
que tem surgido no meio acadêmico, além de termos uma comunidade escolar,
chega-se a conclusão que com uma nova geração de professores está sendo
forma, com uma visão mais crítica acerca do ensino da Geografia. A formação que
os mesmos vem tendo, trem proporcionado uma atitude mais crítica e realista no
que se refere ao ensino da Geografia, a forma como se situar no mundo, bem
como olhar e transformar esse mundo.
Por outro lado, com os investimentos que vem sendo efetuados no mundo
educacional, principalmente de ordem pública, tanto nas escolas, como nos cursos
superiores, teremos também professores cidadãos mais posicionados acerca do
que eles querem ao ensinar a Geografia, ciência que requer uma apropriação e
análise do que o mundo oferece em suas produções e reproduções, óbvio,
efetuadas cada vez mais constantes pelos seres humanos.
Para tanto, basta que haja uma junção de todas as pesquisas e
contribuições efetuadas para esta renovação, para que, com o passar do tempo,
essas novas maneiras se tornem constantes em todas as escolas, demonstrando
principalmente, que elas não passam apenas de contribuições, mas que alteram
profundamente na construção do conhecimento na vida dos alunos.

REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE, M. A. M. Dois momentos na história da geografia escolar: a


Geografia clássica e as contribuições de Delgado de Carvalho. Revista
Brasileira de Educação em Geografia. Campinas, 2011.

BRASIL. MINISTÈRIO DA EDUCAÇÃO. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA.


Parâmetros nacionais de qualidade para a educação infantil. Ministério da
Educação. Secretaria de Educação Básica: Brasília (DF), 2001 v.l; il.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 185


 

GABRIEL, M. Educar. A (r) evolução digital na educação. -1ª ed. – São Paulo:
Saraiva, 2013.

GONÇALVES, M. R. A geografia escolar como campo de investigação: História


da disciplina e cultura escolar. Uberaba, 2010.

MELO, A. A; VLACH, V. R., SAMPAIO, A. C. F. História da geografia escolar brasileiro:


Continuando a discussão. Uberlândia, 2009.

SACRISTÁN, J. G. O currículo: uma reflexão sobre a prática. Ttradu. Ernani F. da F.


Rosa. 3. Ed. – Porto Alegre: ArtMed, 2000.

ZANARDO, F. Práticas Pedagógicas Libertárias e a proposta de trabalho de


campo na Geografia de ÉliséeReclus. Revista Brasileira de Educação em
Geografia. Campinas, 2013.

ABSTRACT: School geography has followed a long chronological line of events that
marked its way of being conducted within schools and thinking this space, it is a
way of saying something of this world, interpreting it from a more fertile, aimed at
the subjects, their spaces and actions. In this chapter, we present a historical
rescue on this discipline, from its emergence in Brazil to the present day, but with
some temporal cuts, which situates our reflection. With the purpose of revealing the
methodologies that were used in its bulge, and that are even discussed in the
pedagogical and didactic areas that involve the curricular construction of the
discipline in the present time, sharing opinions about the permanences in the way
of teaching geography within the school. Our reflection is based on the discussions
about: school geography and its interfaces in the course of history; and the current
school geography, a cry for renewal or overcoming? We'll take a look at how
geography was and is treated within the school. Based on a qualitative research, we
have the contribution in scientific articles as well as works carried out in the field of
this subject to base our work.
KEYWORDS: School geography, Classroom, Practice, teaching.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 186


 

CAPÍTULO XVIII

O ENSINO DA CARTOGRAFIA NO CURSO DE


LICENCIATURA EM GEOGRAFIA DO IFPE SOB UMA
ABORDAGEM CONSTRUTIVISTA
________________________

Wagner Salgado da Silva ,

Ana Paula Torres de Queiroz

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 187


 

O ENSINO DA CARTOGRAFIA NO CURSO DE LICENCIATURA EM GEOGRAFIA DO IFPE


SOB UMA ABORDAGEM CONSTRUTIVISTA

Wagner Salgado da Silva


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco – IFPE –
Campus Recife
Recife – Pernambuco
Ana Paula Torres de Queiroz
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco – IFPE –
Campus Recife
Recife – Pernambuco

RESUMO: Neste trabalho há, como objetivo geral, compreender as implicações da


Geografia Crítica ao ensino da Cartografia do curso de Licenciatura em Geografia.
Ao tratar-se de formação docente em Geografia numa visão transformadora da
educação, torna-se imprescindível a construção de seu ensino articulada aos
conhecimentos cartográficos, pautada num paradigma comprometido com a
transformação socioeducacional contemporânea. A forma de se trabalhar com esse
saber em sala de aula, pode levar ao desenvolvimento de um estudante leitor
crítico/reflexivo ou ao de um educando que apenas delimite fenômenos. Nesse
sentido, a Cartografia é uma ciência fundamental para a interpretação de
representações gráficas, com vistas à delimitação, espacialização, comparação e
compreensão de fenômenos geográficos, cuja perspectiva a considerar é a
realidade subjetiva e espacial vivida estudantil, com vistas à interpretação do meio
pelos mesmos. A pesquisa em questão teve como ponto de partida a pesquisa
bibliográfica. Segundo a natureza dos dados, enquadra-se no tipo de abordagem
qualitativa do tipo estudo de caso. Foi definido, como campo de estudo, o IFPE –
Campus Recife, especificamente, o curso de Licenciatura em Geografia. Como
sujeito da pesquisa, tivemos a professora que ministra o componente curricular
Cartografia Básica. Quanto ao instrumento de pesquisa para coleta de dados, foi
utilizada uma entrevista semiestruturada. Esta pesquisa aponta para
uma necessidade de reflexão sobre o ensino da Cartografia do curso de
Licenciatura em Geografia do IFPE – Campus Recife. Logo, sugere-se ensinar a
ensinar a Geografia escolar por meio dos conhecimentos cartográficos de modo
crítico/reflexivo, com vistas à compreensão socioespacial.
PALAVRAS-CHAVE: articulação, Cartografia, ensino, formação docente, Geografia.

1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho aborda o ensino do componente curricular Cartografia


Básica do curso de Licenciatura em Geografia do IFPE – Campus Recife, sob uma
perspectiva construtivista da educação. Este trabalho é parte integrante do projeto
finalizado do PIBIC/IFPE, intitulado: a formação de professores do curso de
Licenciatura em Geografia: um estudo sobre a Cartografia.
Neste trabalho há, como objetivo geral, compreender as implicações da

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 188


 

Geografia Crítica ao ensino da Cartografia do curso de Licenciatura em Geografia.


E, como objetivos específicos, analisar a importância da Cartografia no processo de
formação docente em Geografia, e compreender de que forma a Cartografia Básica
se articula ao ensino da Geografia Crítica.
Ao tratar-se de formação docente em Geografia numa visão transformadora
da educação, torna-se imprescindível a construção de seu ensino articulada aos
conhecimentos cartográficos, pautada num paradigma comprometido com a
transformação socioeducacional contemporânea. Entre os principais conteúdos
específicos da Geografia, cabe destacar a Cartografia. A forma de se trabalhar com
esse saber em sala de aula, pode levar ao desenvolvimento de um estudante leitor
crítico/reflexivo ou ao de um educando que apenas delimite fenômenos. Nesse
sentido, a Cartografia é uma ciência fundamental para a interpretação de
representações gráficas, com vistas à delimitação, espacialização, comparação e
compreensão de fenômenos geográficos.
Cabe destacar que, ao referir-se do seu emprego na educação básica, a
imagem que se tem da mesma é a de apenas um ensino matemático, mas não de
outra, cuja perspectiva a considerar é a realidade subjetiva e espacial vivida
estudantil, com vistas à interpretação do meio pelos mesmos. A proposta desta
pesquisa se justifica pelo fato de existir uma considerável dificuldade dos
educadores de Geografia da educação básica na apreensão/apropriação e na
produção dos conhecimentos cartográficos no ensino da Geografia de modo
contextualizado.
Originalmente a Geografia teve caráter tradicional (Geografia Tradicional),
mais preocupada com a delimitação e descrição do espaço, e menos em
compreendê-lo. Servia para quem detinha o poder e para fins político e militar
(LACOSTE, 1988). Nesse sentido, refletiu-se num ensino voltado para a
memorização de informações (LACOSTE, 1988, VESENTINI, 1986). Portanto,
caracterizou-se como um ensino que se importou mais de mostrar o espaço, e
menos de apresentar as relações estabelecidas do mesmo com o homem
(LACOSTE, 1988). “Relações em que consciência e mundo se dão
simultaneamente. Não há uma consciência antes e um mundo depois e vice-versa”
(FREIRE, 1987, p. 40).
O ensino pautado nessa concepção, pouco abarcava a complexidade da
realidade socioespacial na apropriação, produção e reprodução do espaço, onde
existem ideologias em todas as esferas espaciais (BRASIL, 1998, apud SILVA;
SILVA, 2010). Dessa maneira, fazia-se necessário trabalhar a Geografia com maior
enfoque numa abordagem crítica/reflexiva.
Segundo Vesentini (1986), a Geografia crítica é a corrente do pensamento
geográfico preocupada com a criticidade social. Essa corrente estuda as relações
socioespaciais estabelecidas. Quanto ao seu ensino, conforme Vesentini (2008),
preocupa-se com a compreensão do espaço geográfico, considerando os diversos
aspectos da realidade subjetiva estudantil e a do meio ao qual estão inseridos. No
mais, o educador é o mediador do processo de ensino e aprendizagem. Vesentini
(1986) elucida que a realidade pessoal e espacial vivida é o caminho por onde

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 189


 

essa vertente percorre. Dessa forma, poderia haver a superação daquela Geografia
que antes só servia para fazer a guerra (LACOSTE, 1988) e para atender à
burguesia (VESENTINI, 2008).
Sendo assim, percebe-se haver uma considerável aproximação da Geografia
Crítica com a concepção construtivista. A construção do conhecimento por meio
dessa abordagem “[...] se constitui pela interação do indivíduo com o meio físico e
social, com o simbolismo humano, com o mundo das relações sociais [, mas não
como algo pronto e acabado]” (BECKER, [s. d.], p. 88). Diante disso, concebe-se
que há a necessidade de o ensino da Cartografia Básica estar comprometido com
esse paradigma educacional, com vistas à formação de professores de Geografia
críticos capazes de transformar a realidade atual da educação básica, onde ainda
persiste práticas tradicionais pouco significativas.
Assim sendo, uma forma de se trabalhar a Cartografia em sala de aula pode
ser acerca da formulação de mapas, considerando esse aspecto estudantil (ALVES
e SIEBRA, 2009). Sendo de um modo que [o indivíduo] leia o espaço vivido”
(CASTELLAR, 2000, p.30), a fim de atender à necessidade de aprender a ler o
espaço geográfico.
Por referir-se à leitura do espaço, Freire (2001) ressalta a relevância sobre a
leitura de mundo, que, para ele, precede a leitura da palavra, daí que a posterior
leitura dessa não possa prescindir da continuidade da leitura daquela. Linguagem e
realidade se prendem dinamicamente.

A leitura do espaço, por meio da linguagem cartográfica possibilita [ao


indivíduo a representação do] seu espaço vivido, sua trajetória e a leitura
que [o mesmo] faz do mundo, contribuindo, de certa forma, para um
melhor entendimento da sua realidade [e, assim,] proporcionando um
ensino de Geografia mais significativo (ARAÚJO; et al., [2016], p. 3).

Pois, para Callai (2005, p. 228), “[essa] leitura do mundo da vida [é


construída] cotidianamente [...]”.
Segundo Cavalcanti (2012), o “professor geógrafo construtivista” sabe da
importância da aplicação de metodologias eficientes em sala de aula capazes de
promover o interesse dos estudantes. Pois, nesse tipo de concepção, há uma gama
de alternativas significativas para trabalhar os conhecimentos cartográficos
articulados aos conteúdos geográficos em sala de aula. Por tratar-se de Geografia,
é uma ciência primordial não apenas para a delimitação e descrição do espaço,
mas também, para a sua compreensão (SILVA e SILVA, 2010).
Sendo assim, pode-se pensar que, esse interesse discente, pode ser
concebido, também, como um desejo pela carreira docente em Geografia pelo
educador. Sendo a sua prática, comprometida com o desejo de busca por essa
licenciatura, um elemento fundamental do processo de ensino para o despertar da
vocação deles por esse referido curso.
Diante do exposto, Cavalcanti (2012) realça que o construtivismo tem como
dimensão principal do processo de ensino e aprendizagem o cotidiano de vida dos
educandos. Assim, há a necessidade de construção do conhecimento cartográfico
com base nessa perspectiva educacional, a fim de dar mais sentido ao seu ensino

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 190


 

no âmbito acadêmico. Ao contrário daquele paradigma pouco significativo para o


processo de ensino-aprendizagem, que aparenta possuir as mesmas
características da concepção “bancária” da educação proposta por Freire (1987).
Ele diz que essa concepção não objetiva à transformação social, à
criticidade, mas sim, à descrição dos fatos. No mais, distancia-se do diálogo e
“deposita” conteúdos nas mentes “vazias” dos educandos. Esses, parecem ser
“vasilhas a serem enchidas” pelo educador, pois o mesmo é o que sabe, e aqueles,
os que não sabem. O educador é visto como o centro do processo, mas não a
interação educador/educando. Além do “depósito”, o mesmo é o que transfere,
transmite e “enche” os educandos de conhecimentos, além de sempre repeti-los.
Ademais, são desprezáveis o caráter histórico e a historicidade presente nos
indivíduos. Dessa forma, o ensino não há significância para os mesmos. E outra,
não visa à humanização, mas sim, à opressão, ou melhor, a quem detém o poder. É
uma prática “reacionária” (FREIRE, 1987, p. 42).
Freire (1987) propõe uma perspectiva de ensino com capacidade de
superação à concepção “bancária”, a educação libertadora, problematizadora. De
acordo com ele, esse paradigma educacional possui metodologias contrárias
àquela, sendo mais significativas ao ensino e comprometidas com uma educação
autônoma, emancipadora e transformadora. É uma perspectiva “revolucionária”
(FREIRE, 1987, p. 42).

“[...] na prática problematizadora, vão os educandos desenvolvendo o


seu poder de captação e de compreensão do mundo que lhes aparece,
em suas relações com ele, não mais como uma realidade estática, mas
como uma realidade em transformação, em processo”. [Essa] educação
[...] se faz, assim, um esforço permanente através do qual os homens vão
percebendo, criticamente, como estão sendo no mundo com que e em
que se acham. [...] a [educação] ‘bancária’, por óbvios motivos, insiste
em manter ocultas certas razões que explicam a maneira como estão
sendo os homens no mundo e, para isto, mistifica a realidade. A
problematizadora, comprometida com a libertação, se empenha na
desmistificação. Por isto, a primeira nega o diálogo, enquanto a segunda,
tem nele a indispensável relação ao ato cognoscente, desvelador da
realidade (FREIRE, 1987, p. 41). Grifo do autor.

No tocante ao modelo de ensino da Geografia Crítica, a concepção


construtivista e a educação libertadora, problematizadora, aparentam trilhar esse
mesmo caminho. “[Por esse viés, a Geografia assumirá o] seu papel, o de contribuir
para a formação de um cidadão crítico, participativo, que possa atuar na sociedade
atual” (SILVA e SILVA, 2010, p. 12). Para tanto, Lacoste (1988) reforça ao enfatizar
que um dos papéis do professor de Geografia, que se preocupa com a cidadania e
a democracia, é a constituição social acerca de um pensamento crítico. “A noção
de cidadania envolve o sentido que se tem do lugar e do espaço [...]. Conhecer o
espaço é conhecer a rede de relações a que se está sujeito, da qual se é sujeito”.
(DAMIANI, 2003, p. 50).
Segundo Lefebvre (2000), o objeto de estudo da Geografia é o espaço
geográfico, sendo [a Cartografia] “[...] uma das ferramentas imprescindíveis à
compreensão [desse espaço transformado], [visando à] concepção de um espaço

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 191


 

mais humano e igualitário [...]” (ALVES e SIEBRA, 2009, p. 2). No entanto, na época
da Geografia Tradicional, as representações cartográficas eram utilizadas, com
maior ênfase, à conquista de terras (imperialismo e colonialismo), à organização do
espaço e à condução da guerra (LACOSTE, 1988).
Sabe-se que muitos professores da Geografia escolar têm dificuldades na
produção dos conhecimentos cartográficos articulados àquela ciência de modo
crítico/reflexivo. Segundo Rios; Souza (2009), essa deficiência é considerada como
um ciclo, a começar pelos docentes geógrafos universitários até os educandos da
educação básica, que decidem se tornarem professores de Geografia. Assim,
compreende-se que a dificuldade no ensino da Cartografia escolar é em função,
incipiente, da deficiência do ensino da Cartografia da Licenciatura em Geografia.
Dessa feita, a fim de superar essa deficiência, uma das possíveis soluções
pode ser a autoavaliação docente. Nesse sentido, Freire (1996, p. 18) afirma que
“[os educadores devem realizar uma] reflexão crítica sobre a prática. É pensando
criticamente a prática de [hoje] ou de ontem que se pode melhorar a próxima
prática”.
Desse modo, espera-se contribuir no que concerne à pertinência da
formação numa perspectiva crítica, capaz de transformar o ensino básico atual,
ainda presente num modelo com metodologias pouco significativas. Além do mais,
espera-se que, com o ensino da Geografia articulado à Cartografia numa
abordagem construtivista e, com práticas comprometidas pela busca discente por
cursos de formação docente, o despertar da vocação dos mesmos pela
Licenciatura em Geografia.

2. METODOLOGIA

A pesquisa em questão teve como ponto de partida a pesquisa bibliográfica


que, segundo Lakatos e Marconi (1992), é o levantamento de toda a bibliografia já
publicada, em forma de livros, revistas, publicações avulsas e imprensa escrita. A
sua finalidade é fazer com que o pesquisador entre em contato direto com todo o
material escrito sobre um determinado assunto, auxiliando-o na análise de suas
pesquisas ou na manipulação de suas informações. Ela pode ser considerada como
o primeiro passo de toda a pesquisa científica.
Em um segundo momento, foi realizada uma análise descritivo –
exploratória, na qual, de acordo com Minayo (1994), enfatiza-se o levantamento de
informações que permitem apreender o universo de significados - motivos, crenças,
valores e atitudes - relacionados ao fenômeno estudado, considerando-se, para
tanto, o contexto sócio-histórico dos participantes do estudo.
Para o desenvolvimento desta pesquisa, foi utilizada, enquanto abordagem
metodológica, a pesquisa qualitativa do tipo estudo de caso. Foi definido, como
campo de estudo, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de
Pernambuco – IFPE – campus Recife, especificamente, o curso de Licenciatura em
Geografia. Como sujeito da pesquisa, tivemos a professora que ministra o

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 192


 

componente curricular Cartografia Básica.


A amostra foi definida como intencional, pois a docente possui as
características para a participação neste estudo. No que tange ao processo de
coleta de informações, foi utilizada, enquanto técnica para coleta de dados, uma
entrevista semiestruturada, na qual o pesquisador estabeleceu um roteiro prévio
de perguntas havendo a liberdade de alterações e inclusão de tópicos frente à
situação.
O procedimento para o tratamento e análise dos dados foi executado com
base na análise de conteúdo. No interior da análise de conteúdo, usou-se o
procedimento da análise temática, levando em consideração o que nos propõe
Bardin (1977): 1) a pré-análise; 2) a exploração do material; 3) o tratamento dos
resultados.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Quando perguntada qual a importância da ciência cartográfica no processo


formativo de um licenciando em Geografia, a docente em questão respondeu que
“A Cartografia é uma ciência de extrema importância para a formação do professor
de Geografia”. Segundo Araújo (2010), esse saber serve para a delimitação,
espacialização e compreensão dos fenômenos geográficos. Nesse sentido, com
vistas à constituição cidadã e democrática dos sujeitos (ALVES e SIEBRA, 2009), na
reflexão crítica sobre as questões emergentes do espaço, bem como do seu espaço
vivido (lugar) (DAMIANI, 2003).
Em seguida, perguntada sobre qual a metodologia empregada no ensino da
Cartografia, a professora respondeu que possui “uma metodologia expositiva,
exploratória e prática (produção de trabalhos acadêmicos)”. Assim, pode-se pensar
que a metodologia executada pouco se faz acerca de uma abordagem
construtivista, que, de modo geral, “adapta” o ensino à realidade estudantil, de
acordo com Cavalcanti (2012).
Em relação à pergunta, de que maneira, a disciplina poderia caminhar para
uma abordagem construtivista da aprendizagem, a mesma proferiu que “na
disciplina de Cartografia o aluno tem que ter a parte teórica para depois em outra
disciplina (Laboratório e Prática de Ensino) ele colocar isso em prática em forma de
maquetes, entre outras possibilidades. Porém, se a gente tivesse um laboratório de
Cartografia onde a gente pudesse ter todas as aulas de Cartografia naquele
laboratório, a aprendizagem seria bem melhor”.
Logo, concebe-se que, mais uma vez, o ensino desse componente curricular
se dá a partir de uma abordagem tradicional, acerca do “depósito”, da
transferência e da transmissão de conteúdos, onde foi bastante criticado por Freire
(1987). Ademais, esses conteúdos parecem ser poucos contextualizados. A
educadora justifica esse fato pela ausência de um laboratório específico de
Cartografia. Uma solução a isso, pode ser através de um ensino inclinado à
Geografia Crítica (VESENTINI, 1986, 2008), à concepção construtivista

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 193


 

(CAVALCANTI, 2012), ou à educação libertadora, problematizadora (FREIRE, 1987).


Ao perguntar à educadora se na sua opinião, ao trabalhar a cartografia,
existe a possibilidade de relacionar os conteúdos cartográficos com a realidade na
qual o estudante está inserido, a mesma falou que sim, buscando sempre propor
exemplos do cotidiano do estudante, bem como por meio de cartas topográficas de
lugares próximos conhecidos por eles, com vistas a uma melhor identificação. Logo,
nota-se que o ensino cartográfico realizado numa perspectiva construtivista é
insipiente. A imagem que se tem é a de um ensino com pouca criticidade (FREIRE,
1987).
No tocante à pergunta, a sua formação docente se deu por meio de uma
concepção de ensino crítica ou tradicional. A educadora deixou claro que vem de
uma formação com um direcionamento crítico. Isso, segundo ela, por meio da
articulação entre os conteúdos específicos e pedagógicos em sua formação inicial.
Todavia, não é o que parece, considerando as suas respostas nas perguntas
anteriores desta entrevista e sua metodologia. Freire (1996, p. 12) elucida que
“não há docência sem discência”, isto é, a efetivação do ensino só é alcançada,
quando há correspondência significativa da aprendizagem.

4. CONCLUSÕES

No presente trabalho, pôde-se compreender de que forma o construtivismo


se articula ao ensino da Cartografia do curso de Licenciatura em Geografia do IFPE
– Campus Recife. A ciência cartográfica, por tratar-se de um saber específico
bastante complexo e essencial para o processo formativo de um licenciando em
Geografia preocupado com a constituição cidadã e democrática, há a necessidade
de ensiná-la numa concepção comprometida com a transformação socioeducativa
contemporânea. Pois, pôde-se conceber que o seu ensino indica estar arraigado
numa linha tradicional, onde pouco se contempla uma articulação contextualizada
entre os saberes expostos.
Pôde-se compreender também que, o ensino da Cartografia articulado ao da
ciência geográfica acerca da criticidade, a significância do ensino-aprendizagem
pode estar assegurada, haja vista que essa articulação é crucial para que o saber
acadêmico se transforme em saber escolar. Ademais, o ensino nessa abordagem,
associado ao desejo docente pela carreira de professor pelos discentes, através de
práticas comprometidas com essa finalidade, pode suscitar à efetivação do ensino
e a vocação deles pela Licenciatura em Geografia.
Esta pesquisa aponta para uma necessidade de reflexão sobre o ensino da
Cartografia do curso de Licenciatura em Geografia do IFPE – Campus Recife. Logo,
sugere-se ensinar a ensinar a Geografia escolar por meio dos conhecimentos
cartográficos de modo crítico/reflexivo, com vistas à compreensão socioespacial.
Novas pesquisas podem ser realizadas acerca desses dados, através do
aprofundamento em estudos sobre os impactos da articulação (ou desarticulação)
entre os distintos saberes no processo de ensino–aprendizagem da Geografia.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 194


 

REFERÊNCIAS

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compreensão e construção do conceito de espaço geográfico em sala de aula. X
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do professor “no ensinar” Geografia. III CONEDU, Natal, p. 1-8, out., [2016].
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<http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_20_p087-093_c.pdf>. Acesso em:
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fundamental. Cad. Cedes. Campinas, vol. 25, n. 66. p. 227-247, mai./ago., 2005.
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DAMIANI, A. L. A Geografia e a construção da cidadania. In: A geografia na sala de


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Paulo: Paz e Terra, 1996.

______. Pedagogia do oprimido. 17ª. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

LACOSTE, Yves. A Geografia – isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra.
Tradução de Maria Cecília França. [s. l.]: Papirus, 1988.

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LEFEBVRE, Henri. A produção do espaço. Tradução de Doralice Barros Pereira e


Sérgio Martins. 4ª. Paris: Anthropos, 2000.

MINAYO, M. C. de S. et al. Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. Rio de


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SILVA, E. G.; SILVA, M. S. F. Laboratório do ensino em Geografia. CESAD,


Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, 2010. Disponível em:
http://www.cesadufs.com.br/ORBI/public/uploadCatalago/17023716022012Labo
rat%C3%B3rio_de_Ensino_de_Geografia_Aula_1.pdf>. Acesso em: 30/09/2017.

VESENTINI, José William. A Capital da Geopolítica. São Paulo: Ática, 1986.


______. Para uma Geografia Crítica na escola. São Paulo: Ática, 2008.

ABSTRACT: In this work there are, as a general objective, to understand the


implications of Critical Geography to Cartography course teaching Licenses tura in
geography. When dealing with teacher training in geography in a transformative
vision of education, becomes essential to building your teaching articulated to the
Cartographic knowledge, marked a paradigm is committed to the
transformation contemporary educational. The way of working with this knowledge
in the classroom, can lead to the development of a critical reader/student or of a
reflective learner just enclose phenomena. In this sense, the Cartography is a
fundamental science to the interpretation of graphic representations, with views to
the delimitation, spatialization, comparison and understanding of geographical
phenomena, whose perspective to consider is the subjective reality and living
space Student Union, with a view to the interpretation of the same medium. The
research in question had as its starting point the bibliographical
research. Depending on the nature of the data, it fits the kind of qualitative
approach of type case study. FHi set, como field of study, Campus IFPE – Recife,
specifically, the Degree course in geography. As a subject of research, we had the
teacher who teaches the Basic Cartography curriculum component. As the research
tool for data collection, was used a semi-structured interview. This research points
to a need for reflection on the teaching of Cartography the course of degree in
Geography IFPE –Campus reef. Soon, teach teach school geography through
knowledge critically reflective/cartographic, aiming at socio-spatial understanding.
KEYWORDS: articulation, Cartography, teaching, teacher education, Geography.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 196


 

CAPÍTULO XIX

O USO DAS GEOTECNOLOGIAS COMO FERRAMENTA


PEDAGÓGICA PARA REPRESENTAÇÃO FITOBOTANICA
DAS PALMEIRAS EM MT – UMA EXPERIÊNCIA
PEDAGÓGICA
________________________

Zuleika Alves de Arruda ,

Barbara Albues Campos ,

Valeria Rodrigues Marques Rosa ,

Ythallo Henrique Sebastião Gomes Costa

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 197


 

O USO DAS GEOTECNOLOGIAS COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA PARA


REPRESENTAÇÃO FITOBOTANICA DAS PALMEIRAS EM MT – UMA EXPERIÊNCIA
PEDAGÓGICA

Zuleika Alves de Arruda


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso (IFMT), Campus
“Octayde Jorge da Silva” -Cuiabá - Mato Grosso
Barbara Albues Campos
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso (IFMT), Campus
“Octayde Jorge da Silva” -Cuiabá - Mato Grosso
Valeria Rodrigues Marques Rosa
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso (IFMT), Campus
“Octayde Jorge da Silva” -Cuiabá - Mato Grosso
Ythallo Henrique Sebastião Gomes Costa
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso (IFMT), Campus
“Octayde Jorge da Silva” -Cuiabá - Mato Grosso

RESUMO: O advento da geotecnologia tornou possível reconhecer os ambientes


mais distantes, como também revolucionou os procedimentos de elaboração dos
mapas, da análise e representação do espaço geográfico. O avanço das
geotecnologias, representadas pelo Sistema de Informação (SIG) e pela cartografia
digital, constitui ferramentas adequadas para conhecer o entorno, para demarcar
territorialmente as atividades econômicas, realizar a representação geográfica
sociocultural, dentre outras práticas socioculturais. Explorar os recursos das
geotecnologias no processo de ensino-aprendizagem torna-se imprescindível para
conhecer o espaço geográfico e o funcionamento da natureza em suas múltiplas
reações com a sociedade. Este trabalho apresenta uma experiência pedagógica do
uso das novas geotecnogias (SIG) na elaboração da cartografia social dos povos
tradicionais coletores das palmáceas em MT. O uso do SIG possibilitou otimizar o
ensino da geografia proporcionando ao educando a análise de fenômenos
complexos, assim como uma maior visualização e aproximação do seu espaço de
vivencia com evento estudado. Permitiu também, localizar os diferentes tipos de
palmeiras em interação com os agentes socioculturais, em um sistema de
coordenadas que, a partir de um padrão de leitura, podem ser relacionados entre si
e analisados de acordo com a distribuição e densidade no espaço.
PALAVRAS-CHAVE: Geotecnologias, Prática Pedagógica e Cartografia Social.

1. INTRODUÇÃO

No decorrer da história da humanidade, a sociedade humana utilizou-se de


diversas maneiras para interpretar, representar e espacializar os objetos
geográficos e/ou eventos que ocorreram no espaço geográfico. Antes mesmo da
invenção da escrita, a cartografia como forma de representação geométrica plana
da superfície terrestre já era conhecida e utilizada pela humanidade na

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 198


 

organização das ocupações dos espaços territoriais, das representações das


práticas cotidianas (religiosa, econômica, política e cultural) da sociedade em um
determinado momento histórico. Muitos registros comprovaram que os mais
diferentes povos e culturas nos legaram mapas e indícios de sua cultura, realizados
através de diferentes técnicas e materiais, mesclando religiosidade e,
principalmente, a sua ligação com o poder e diferentes ideologias. Historicamente o
mapa constitui o meio de comunicação de ideias, fatos, acontecimentos, das
práticas cotidianas circunscritas no espaço social. Ou seja, constitui formas de
saberes construído socialmente, imagens imbuídas de poder, de valores e de
julgamentos, constituindo, portanto, uma representação parcial da realidade, mas
não a própria realidade.
O papel desempenhado pelos mapas durante muito tempo foi ser
considerado como um documento raro, acessado apenas pelos homens mais
próximos aos poderes constituídos, por conterem um conjunto de saberes
considerado estratégico. A partir da década de 1980 muda-se esse paradigma e
surge uma “cartografia crítica”, pautada nas ciências humanas e sociais, que
ressalta a importância da cartografia para a produção de mapa social e cultural,
assim como passa a ser entendida como uma ferramenta utilizada para a (re)
produção de visões específicas de mundo. Nesse sentido, a cartografia se converte
em uma arma para atender aos interesses de um grupo para uma ferramenta que
passa a dar poderes àqueles grupos que se encontravam à margem da sociedade.
Denominada de “Cartografia Crítica” ou social e, com um grande enfoque
social, a cartografia parte para outra análise da realidade, que objetiva, não
somente buscar o qualitativo, mas também romper com a separação sujeito e
objeto. Para essa nova vertente, denominada de cartografia social, o foco de
abordagem está em analisar o conjunto de representações do cotidiano dos grupos
sociais com a incorporação dos aspectos naturais, culturais, ideológicos, bem como
a demonstração de conflitos existentes no território para o trabalho de pesquisas
efetuadas por geógrafos.
Concomitante às mudanças de paradigma na cartografia, todo o campo da
informação geográfica e apresentações cartográficas têm sofrido uma
transformação fundamental, devido ao avanço das geotecnologias. Compondo o rol
dessas geotecnologias destacam-se o GPS, o Sensoriamento remoto e o
Geographical Information System (GIS), também conhecido por Sistema de
Informação Geográfica (SIG), que são interpretados por softwares que trabalham
com dados do espaço geográfico, tanto de forma numérica quanto gráfica,
utilizados para a elaboração de mapas e banco de dados correlacionados que
facilitem a interpretação e a visualização dos fenômenos.
Por oferecer mecanismos para combinar as várias informações, através de
algoritmos de manipulação e análise, bem como para consultar, recuperar e
visualizar o conteúdo da base de dados geográficos, o SIG possibilita a
espacialização e análise da complexa rede que compõe as práticas socioculturais
construídas pelos agentes sociais no processo de (re)produção e apropriação do
espaço. Práticas estas que deixaram e deixam registros tangíveis e intangíveis na

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 199


 

paisagem mato-grossense. E é a partir do entendimento da relação dos sujeitos


com os espaços que ocupam que se produz uma variedade de conteúdo e produtos
que o presente trabalho busca relatar uma experiência pedagógica realizada pelos
alunos de Agrimensura para a representação da distribuição etnobotânica das
palmáceas (Arecaceae) no território mato-grossense utilizando o sistema de
informação geográfica (SIG).

2. OS CAMINHOS METODOLÓGICOS PERCORRIDOS PARA ELABORAÇÃO DO MAPA


ETNONOBOTÂNICO DAS PALMÁCEAS NO TERRITÓRIO MATO GROSSENSE

A representação cartográfica está pautada nos princípios metodológicos da


cartografia social. A opção da escolha da realização de uma Cartografia Social está
no fato de esta constituir uma proposta metodológica da Ciência Cartográfica, que
busca valorizar o conhecimento tradicional, popular, simbólico e cultural mediante
as ações de mapeamento de territórios tradicionais e étnicos. O mapa objetiva, por
meio da construção de vários layers de informações, explicar as inter-relações
existentes entre essas palmáceas e as comunidades tradicionais indígenas e
Quilombolas, ou seja, seus saberes e fazeres decorrentes do extrativismo e ou
coleta das Palmáceas.
O mapa social proposto realiza-se a partir da composição de um mapa-base
dos biomas prevalecentes no Estado de Mato Grosso, seguido pela representação
da distribuição das palmeiras do território e, por fim, será produzida a cartografia
social das palmáceas, tendo como categoria de análise a etnobotânica. Para isso,
foi necessário realizar uma revisão bibliográfica a respeito da localização das
palmeiras no território mato-grossense e o inventário das principais espécies
utilizadas pelas comunidades indígenas e quilombolas. Para compor esse
inventário, foi feita uma visita à comunidade Quilombola de Mata Cavalo, localizada
em Nossa Senhora do Livramento (MT), bem como em outras comunidades que
atualmente estão realizando o extrativismo do babaçu como complemento de
renda.
Para produzir a cartografia social das palmáceas no território mato-
grossense foi necessário construir um banco de dados geográficos (gráficos e não
gráficos), como shapes das TIs (Terra Indígena), quilombolas, com imagens de
satélite e dados de uso e ocupação do território mato-grossense nos últimos anos.
Os bancos de dados utilizados foram:
 IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), RADAMBRASIL e
HUELK para representação da distribuição das palmeiras;
 INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), FUNDAÇÃO
PALMARES, INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) para os dados
socioambientais;
 Leituras complementares como: Indígenas (Povo Kua-Bakairi(2016) e
OPAN (2012);
 Sites a respeito das formas organizativas da economia solidária que

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 200


 

envolvem os agentes que fazem a coleta e ou extrativismo das palmáceas;


 Uma vasta pesquisa bibliográfica a respeito da coleta tradicionalmente
dos produtos das palmáceas realizada pelos diversos grupos no território mato-
grossense;
 Entrevistas com representantes dos grupos sociais coletores e
processadores do babaçu da comunidade tradicional coletora do babaçu –
Quilombo Mata Cavalo.

2.1. A produção do mapa como representação da realidade

A partir do conhecimento da realidade atual das palmáceas em MT, por meio


do estudo realizado nas comunidades tradicionais, foi possível definir a sequência
das informações (Layers) necessárias à produção da cartografia social.
Considerando que o SIG constitui uma tecnologia que automatiza diversas tarefas,
integra dados de diversas fontes e permite a realização de representações e
análises mais complexas da realidade, utilizou-se para a produção do mapa o
Software ArcGis 10 disponibilizado no Laboratório de Geoprocessamento do IFMT –
Campus Cuiabá.
Como o SIG possui a característica de realizar o relacionamento de um
determinado fenômeno da realidade com a sua localização espacial, foi construído
um mapa base do estado de MT contendo as informações dos biomas, da
hidrografia e da distribuição das palmeiras prevalecentes no território. Esse plano
de informação, associado à pesquisa bibliográfica e ao estudo do meio possibilitou
que fosse produzido o mapa base de representação da distribuição das palmeiras
no território mato-grossense.
A espacialização desses dados possibilitou inferir que, por possuir três
biomas (Amazônia, Cerrado e Pantanal), Mato Grosso apresenta uma diversidade
de palmeiras que estão distribuídas em áreas úmidas de brejos e veredas, em
áreas de transição entre os biomas, como é o caso do babaçu e da bocaiúva, além
de outras que não foram especializadas, mas existem em MT, como é o caso do
bacuri, do açaí (Bioma Amazônico), dentre outras, como pode ser analisado na
figura 1.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 201


 

Fig. 1 - Mapa Base da Representação Etnobotânica das Palmáceas em MT

Autor: Equipe IFMT (OBRAC, 2017

Estudos apontam que das 264 espécies encontradas no Brasil, o


ecossistema Amazônico e Cerrado registram o maior número de espécies, 146 e 82
respectivamente. No estado de Mato Grosso são registradas 44 espécies destas,
condição esta que coloca o estado na sexta posição no país em número de
espécies, após os estados: Amazônia 111, Pará 72, Acre 75, Bahia 62 e Minas
Gerais 55.
O buriti é uma palmeira (Arecaceae) do gênero (Mauritia flexuosa L.F.) que se
encontra nos três biomas, notadamente em áreas onde B o solo permanece
encharcado durante o ano todo, como nas margens de rios, lagoas, córregos e
veredas, sendo conhecido também pelos nomes populares: buriti, miriti, muriti,
carandá-guaçu, palmeira-do-brejo. Trata-se de uma palmeira de estipe solitário e
ereto, raramente inclinado, com diâmetro variando de 30 a 60 cm. Suas raízes
chegam a profundidade de 1 m, atingindo horizontalmente amplitude de 40 m, com
raízes aéreas (pneumatóforos), o que possibilita trocas gasosas durante
alagamentos.
Nas áreas úmidas do Cerrado, denominada de vereda, os buritis
apresentam uma grande representatividade paisagística. A vereda representa um
arranjo fitogeográfico de importante significado ecológico e socioeconômico na
região, podendo ocupar tanto vales pouco íngremes, como os topos das chapadas,
em suaves depressões.
Nas áreas mais secas e elevadas do Cerrado, encontra-se outra uma
palmeira usada tradicionalmente pelos povos indígenas e comunidades
tradicionais, o babaçu (Attalea speciosa - Mart. ex Spreng). O babaçu (Attalea
speciosa Mart. ex Spreng) é uma palmeira robusta e imponente, de estipe isolada
medindo de 10-30 metros de altura e 30-60 centímetros de diâmetro, com 7 a 22

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 202


 

folhas pinadas, medindo de 4 a 8 metros de comprimento (LORENZI et al., 2006).


A Acrocomia aculeata ((Jacq.) Lodd Ex. Mart), popularmente conhecida como
bocaiuva ou macaúba, é uma palmeira nativa das florestas tropicais e muito
dispersa no Brasil, estando entre as principais espécies encontradas no Pantanal
Mato-grossense e em regiões do Cerrado brasileiro. Esta palmeira apresenta frutos
de coloração variando do amarelo ao alaranjado, normalmente esférica ou
ligeiramente achatados, com diâmetro variando de 2,5 a 5,0 cm, levemente
adocicado e endocarpo fortemente aderido à polpa. (LORENZI et al., 2006).
Nas áreas úmidas e ou de floresta de terra firme da floresta amazônica,
encontra-se o tucumã ou tucum (Astrocaryum aculeatum Meyer). Ela atinge até 20
metros de altura e 30 centímetros de diâmetro do seu tronco (estipe). Em toda a
sua parte aérea, principalmente onde estão as folhas, contém grande quantidade
de espinhos negros e longos. As suas folhas são longas e chegam a 5 metros de
comprimento.
As comunidades tradicionais, indígenas, quilombolas e ribeirinhas, ao longo
de sua trajetória existencial, sempre mantiveram uma relação muito forte com as
diversas espécies de palmeiras existentes nos três biomas mato-grossenses.

2.2. Saberes e fazeres dos povos tradicionais Indígenas e Quilombolas mato-


grossenses: Mapa Etnobotânico das Palmáceas em Mato Grosso.

Para os povos tradicionais existentes no território mato-grossense, além de


fonte de vida, as palmeiras fazem parte do seu patrimônio cultural. O grau de
utilização dessas palmeiras está vinculado à sua distribuição e localização
fitogeográfica existente no território com o uso por esses povos. As palmeiras
possuem um papel proeminente no modus vivendis das comunidades tradicionais,
além de fonte de vida, fazem parte do seu patrimônio cultural, como é o caso das
comunidades indígenas representadas na figura 2.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 203


 

Fig. 2 – Distribuição Etnográfica das Palmáceas: Saberes e Fazeres dos Povos Indígenas

Autor: Equipe IFMT (OBRAC, 2017).

Da palha verde do buriti, os indígenas confeccionam o cofó, um objeto


singular de forma redonda retangular e\ou oval, conforme a necessidade de sua
utilização pelo indígena. Entre os indígenas o cofó pode ser confeccionado pelos
homens ou pelas mulheres, podendo o mesmo ser utilizado para guardar
alimentos, roupas, transportar caças, peixes ou alimentos colhidos na floresta,
como pode ser observado na figura 3.

Fig. 3- Coifa usada pelos Xavantes para o transporte do Buriti.

Fonte: Equipe IFMT

Mas o buriti não é apenas usado para a confecção de utensílios domésticos,


também é utilizado na alimentação, construção de moradias e artesanatos, como

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 204


 

pode ser analisado na figura 4.

Fig. 4 – Saberes e fazeres do Buriti

Fonte: Equipe IFMT

O buriti possui o valor simbólico e cultural para esses povos. A título de


exemplo, para a Etnia Karuâ – Bakairi, autodenominados como guardiões do
Cerrado, o buriti, além da confecção do artesanato, constitui a matéria prima para
a realização do ritual sagrado desse povo: o Kapa e Yakuigadi. Esses rituais
dependem totalmente de um Cerrado verde, vivo, revitalizado com veredas e
veredas de buritizais. Toda a vestimenta da Kapa (conferir imagem) é feita da palha
do buriti: o rosto é coberto por uma espécie de máscara feita de seda do buriti que
cai até o tronco, na altura do quadril; os braços cobertos por vegetais e uma
espécie de saia feita totalmente da fibra de buriti é usada para cobrir a parte do
corpo abaixo da cintura, como pode ser observado na figura 5.

Fig. 5 – Vestimenta para o ritual

Fonte: Equipe IFMT

Para a etnia Xavante, o buriti possui um papel proeminente na dieta básica


tradicional e na sua vida social, com destaque para as corridas de revezamento
com toras de buriti, chamadas uiwede. Atualmente, os saberes e fazeres dos
Xavantes referentes à prática da coleta de buriti e da bocaiuva está sendo
compartilhada com os pequenos produtores agrícolas e assentados da região do

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 205


 

Vale do Araguaia que a estão praticando como alternativa para aumentar a renda
familiar, por meio da constituição da Rede de Sementes do Xingu (RSX). Esta rede
objetiva realizar trocas e encomendas de sementes de árvores e outras plantas
nativas da região do Xingu, Araguaia e Teles Pires, e promover os conhecimentos
locais sobre uso e recuperação das florestas e Cerrados de Mato Grosso. A polpa
extraída do fruto do buriti é um produto amplamente comercializado e consumido
pelas populações rurais e urbanas em grande parte do país.
Outra palmeira de grande valor cultural para os indígenas é o tucum ou
tucumã , conhecido pelos Bakairi como panaxi e, cientificamente, como tucumã
(Astrocaryon vulgare) constitui outra palmeira usada pelos povos indígenas para a
confecção de cordas, redes, artesanatos e bijuterias (anéis, colares), e também
para a alimentação,
Além do buriti e do tucum, outra palmeira tradicionalmente utilizada pelas
comunidades indígenas e quilombolas em Mato Grosso é o Babaçu (Attalea
speciosa - Mart. ex Spreng). Trata-se de uma das espécies vegetais de grande
relevância na subsistência de muitas comunidades tradicionais, já que todas as
suas partes são potencialmente usadas. Tanto para os povos tradicionais
quilombolas quanto para os indígenas o babaçu (A. speciosa) é utilizado como
matéria-prima para os diversos artefatos de sua cultura material como construção
de habitação, objetos domésticos, alimentação, cosméticos e rituais sagrados e
práticas sociais, como pode ser observado na figura 6.

Fig. 6: Modos de Fazer indígena – Moradia e Ritual.

Fonte: Equipe IFMT

Com fim cosmético, o óleo retirado da amêndoa do babaçu é utilizado tanto


pelos quilombolas “para passar no cabelo e ficar bonitos” (sic), quanto pelos
indígenas. O óleo é também considerado, pelos índios, uma substância cheirosa
para passar no corpo ou como complemento para composição da tintura corporal.
Por exemplo, quando o óleo de babaçu é misturado às sementes do urucum-Bixa
orellana L.(Bixaceae), obtém-se uma pasta vermelha que pode ser utilizada em
complemento à tintura de coloração preta, preparada a partir da polpa do jenipapo-
Genipa americana L. (Rubiaceae) em pintura corporal de grafismos complexos que
enfeitam todo o corpo. O óleo de babaçu puro ou misturado ao urucum é utilizado

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 206


 

em diferentes rituais como cerimônias de nominação, iniciação, casamento,


funeral, festa do milho, entre outros (Vidal 1977; 1992). Um aspecto interessante
em relação ao uso desse óleo de babaçu é que algumas etnias usam-no também
em sua alimentação, enquanto outras utilizam apenas nos rituais sagrados, como é
o caso dos Kayapó.
Nas comunidades quilombolas, o óleo retirado da amêndoa do babaçu é
utilizado não só para fins cosméticos, mas também para a alimentação, no tempero
de saladas, assim como para a fabricação de sabão. A amêndoa triturada serve
para fazer doce “cocada” e leite de coco, outrora usado na culinária local em pratos
como peixe e no “tradicional bolo de arroz cuiabano”. Do mesocarpo do fruto é feita
uma farinha, usada pelos quilombolas para fazer um mingau que recebe o nome de
colha. A farinha é usada também na mistura de bolos e pães. As cascas e
castanhas quebradas são utilizadas como combustível substituindo a lenha no
processo de cozimento das amêndoas trituradas para a extração do óleo, ou outras
atividades domésticas (como lenha ou carvão) para o preparo de alimentos.
As folhas do babaçu os quilombolas utilizam na cobertura de casas, o estipe
na estrutura e parede das moradias, objetos de uso doméstico artesanal como o
baquité, a esteira, a mufanbra e o sucuri. A técnica para fazer o baquité ou cesto, a
esteira e o abano, consiste em colher a palha ainda jovem ou broto e colocar para
murchar para depois confeccionar o objeto, enquanto para a realização de
mufamba e sucuri é necessário que a palha esteja verde. Esses conhecimentos são
transmitidos pelas gerações quilombolas e indígenas e estão sendo (re)apropriados
por algumas comunidades extrativistas como complemento da renda familiar.

Fig. 7: Mapa Etnobotânico das Palmáceas de uso das Comunidades Indígenas e Quilombolas de MT

 
Autor: Equipe IFMT (OBRAC, 2017).

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 207


 

3. CONCLUSÃO

O uso do SIG como ferramenta pedagógica e análise da realidade


possibilitou otimizar o ensino da geografia proporcionando ao educando a análise
de fenômenos complexos, assim como uma maior visualização e aproximação do
seu espaço de vivência com evento estudado. Permitiu, também, localizar os
diferentes tipos de palmeiras em interação com os agentes socioculturais, em um
sistema de coordenadas que, a partir de um padrão de leitura, podem ser
relacionados entre si e analisados de acordo com a distribuição e densidade no
espaço. A experiência pedagógica possibilitou inferir que o conhecimento ecológico
tradicional das comunidades indígenas ou quilombolas pode servir como estratégia
para a conservação ambiental e manutenção das palmeiras, pois manejam com
seus saberes e fazeres o local onde estão inseridas há muito tempo.

REFERÊNCIAS

LORENZI, H. et al. 22.1996. Palmeiras do Brasil: exóticas e nativas. Nova Odessa:


Plantarum.

Vidal. L. 1977. Morte e vida de uma sociedade indígena brasileira os Kayapó-Xikrin


do Rio Cateté. São Paulo, HUCITEC. Ed. da Universidade de São Paulo

Vidal. L. 1992. A pintura corporal e a arte gráfica entre os Kayapó Xicrin do Cateté.
In: Grafismo Indígena: estudos de antropologia estética.

ABSTRACT: The development of Geotechnology has made it possible to recognize


the most distant environments, and revolutionized the procedures of mapping,
analysis and representation of Geographic space. The enhancement of
Geotechnologies, represented by the Geographic Information System (GIS) and the
Digital Cartography, constitutes adequate tools to recognize the surroundings,
territorially demarcate the economic activities, and conduct the geographical and
sociocultural representation, among other sociocultural practices. To explore the
resources of Geotechnologies in the teaching-learning process it is essential to
know the geographic space and the nature behavior as far as its multiple reactions
with society is concerned. This work presents a pedagogical experience regarding
the use of the new Geotechnogies (GIS) in the creation of social cartography for the
traditional palm collector folks in Mato Grosso State - MT. The use of GIS made it
possible to optimize the geography teaching by providing the student with the
analysis of complex phenomena, as well as a greater visualization and
approximation of their living space with the studied event. It also allowed us to
locate the different types of palms in interaction with the socio-cultural agents, in a
coordinate system that, from a given reading pattern, can be related to each other
and analyzed according to the distribution and density in space
KEYWORDS: Geotechnologies, Pedagogical Practice and Social Cartography.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 208


 

CAPÍTULO XX

O USO DE SIMULADOR COMO RECURSO DIDÁTICO-


METODOLÓGICO EM AULA DE GEOGRAFIA
________________________

Thayana Brunna Queiroz Lima Sena ,

Deyse Mara Romualdo Soares ,

Gabriela Teles ,

Luciana de Lima ,

Robson Carlos Loureiro

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 209


 

O USO DE SIMULADOR COMO RECURSO DIDÁTICO-METODOLÓGICO EM AULA DE


GEOGRAFIA

Thayana Brunna Queiroz Lima Sena


Bacharela em Geografia
Universidade Estadual do Ceará
Fortaleza - Ceará
Deyse Mara Romualdo Soares
Licencianda em Letras Português
Universidade Federal do Ceará
Fortaleza - Ceará
Gabriela Teles
Licencianda em Pedagogia
Universidade Federal do Ceará
Fortaleza - Ceará
Luciana de Lima
Professora Adjunta – Instituto Universidade Virtual (IUVI)
Universidade Federal do Ceará
Fortaleza - Ceará
Robson Carlos Loureiro
Professor Adjunto – Instituto UFC Virtual
Universidade Federal do Ceará
Fortaleza - Ceará

RESUMO: O objetivo deste trabalho é analisar o emprego de simulador para a


compreensão de conceitos relacionados à disciplina de Geografia, em turma de 1º
ano do Ensino Médio, ocorrida em 2017.1. Trata-se de uma pesquisa qualitativa
com metodologia baseada em Pesquisa Exploratória. Dividiu-se em três momentos:
planejamento, coleta e análise de dados. Verificou-se que o simulador proporcionou
aos discentes visualização e interação com os conceitos geográficos. Constataram-
se, também, dificuldades relacionadas à utilização de simuladores, como a
ausência de recursos ou formação docente satisfatória para a execução dessas
atividades.
PALAVRAS-CHAVE: Simulador, Recurso Didático-Metodológico, Geografia.

1. INTRODUÇÃO

Na atualidade, apesar das dificuldades referentes às questões de


desigualdades sociais, as Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação
(TDICs) estão inseridas, cada vez mais, no cotidiano das pessoas. Alguns indivíduos
têm passado por etapas de adaptação, enquanto outros são considerados nativos
desse contexto tecnológico e imersos facilmente a esta realidade (PRENSKY, 2010).
Esse desencadeamento toma grandes proporções, principalmente, pelo fácil

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 210


 

acesso à informação, antes limitado, e, agora, facilmente disponibilizado pela


internet.
Na escola, ambiente de socialização, alunos e professores também estão
inseridos nesta realidade, onde “o estilo digital engendra, obrigatoriamente, não
apenas o uso de novos equipamentos para a produção e compreensão de
conhecimentos, mas também novos comportamentos de aprendizagem.” (KENSKI,
1998, p. 61). Esta necessidade, para Lévy (1993), oportuniza novas possibilidades
para modelos de aprendizagem que estimulem a obtenção de conhecimentos.
As TDICs, apesar de já estarem presentes há algum tempo na sociedade, de
modo geral, quando vinculadas à Docência, ainda passam por problemáticas
relativas à eficiência em integralizá-las. Neste sentido, esta temática vem sendo
abordada e alguns estudos são elaborados com a pretensão de possibilitar novos
horizontes em prol de uma formação significativa para os docentes.
Desta forma, elaborou-se este artigo a partir de uma atividade com proposta
metodológica alicerçada pelas Tecnologias Digitais. Para tal, realizou-se uma aula
da disciplina de Geografia com intermédio de um simulador que reproduz
movimentos da Terra e outros fenômenos. Conforme Valente (1999, p. 79), “ao
usuário da simulação, cabe a alteração de certos parâmetros e a observação do
comportamento do fenômeno, de acordo com os valores atribuídos”. Nesta
situação, o aprendiz tende a ser pouco desafiado e a seguir por uma perspectiva
instrucionista, onde o computador reproduz os métodos tradicionais de ensino
(VALENTE, 1995).
Por outro lado, para desenvolver uma atividade como esta, o professor é
fundamental no processo de aprendizagem do estudante, “para que este possa
construir o conhecimento dentro de um ambiente que o desafie e o motive para a
exploração, a reflexão, a depuração de ideias e a descoberta” (ALMEIDA, 2000, p.
77). Assim, aliado à mediação do professor, esse tipo de software tem como
característica relevante o fato de propiciar ao estudante um recurso visual que
permite enxergar conceitos que antes ficariam somente na abstração.
Estas possibilidades, vinculadas à Aprendizagem Significativa, que, nos
moldes ausubelianos, “significa que o que se aprende de forma significativa é a
essência do conteúdo sem a necessidade de memorização do material educacional
tal e qual ele é apresentado” (LIMA; LOUREIRO, 2016, p. 03), permitem uma
abordagem que se aproxima às ideias construcionistas, onde o aluno, por meio de
seus interesses pessoais e com intermédio do professor, arquiteta seu próprio
conhecimento.
Nesta perspectiva, questiona-se: como as TDICs podem vincular-se ao
Ensino de Geografia de modo a proporcionar possibilidades diferenciadas no ato de
ensinar-aprender? Para isso, este trabalho pretende, como objetivo principal,
analisar o emprego do simulador para a compreensão de conceitos relacionados à
disciplina de Geografia, em turma de 1º ano do Ensino Médio, ocorrida em 2017.1.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 211


 

2. TECNOLOGIAS DIGITAIS E AMBIENTE ESCOLAR

A inserção das TDICs na prática docente, ao longo dos anos, tem passado
por um processo de adaptação que ainda se configura como desafio a ser
superado pelos profissionais da educação. De acordo com Bonilla (2012), em
pesquisa sobre a presença da Cultura Digital no Grupo de Trabalho Educação e
Comunicação, da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação
(ANPED), isto ocorre, principalmente, pelo fato de que as Universidades ainda não
estão totalmente familiarizadas com este novo contexto e os discentes acabam
migrando para o mercado de trabalho sem uma formação adequada. Além disso, os
cursos de formação continuada, quando existem, não abarcam suficientemente as
necessidades advindas com este novo contexto.
Na Docência, as TDICs não se inserem com a mesma facilidade em que
surgem no cotidiano pessoal dos estudantes e professores, pois é preciso
considerar a necessidade de preparo para vinculá-las ao ensino satisfatoriamente.
Deste modo, muitos professores têm receio de como utilizá-las, e, muitas vezes,
acabam por subutilizá-las, não explorando suas potencialidades de criação e de
construção do conhecimento.
De acordo com Pedró (2016), nas últimas duas décadas, as Tecnologias
Digitais têm trazido muitas mudanças para a vida das pessoas, mas as escolas
ainda resistem em relação a essas transformações. Por outro lado, cada vez mais,
encaminha-se para o que Pedró (2016) chama de “tempestade perfeita”, onde
alguns fatores poderão trazer mudanças pedagógicas satisfatórias, dentro das
escolas, em todos os níveis.
Estas transformações seriam acarretadas por uma série de fatores que,
segundo Pedró (2016), são, principalmente, três (3). O primeiro, e já utilizado há
alguns anos, relaciona-se à inserção das tecnologias digitais no cotidiano social dos
usuários, o que implicaria em utilizá-las nas escolas. O segundo, mais recente,
compreende a difusão de serviços relacionados a aplicativos educacionais. Por fim,
o terceiro fator estaria relacionado à universalização de dispositivos de uso
individual, utilizados tanto por alunos como por professores.
Por outro lado, o desempenho relativo à “qualidade dos resultados na
educação não tem tanto a ver com a presença ou a ausência da tecnologia nas
escolas, mas com a pedagogia adotada e com as condições que esta é aplicada na
sala de aula” (PEDRÓ, 2016, p. 20). Logo, as TDICs, vinculadas aos processos de
aprendizagem, necessitam das competências docentes e do estímulo ao seu
desenvolvimento continuamente.
Conforme Silva, Silva e Albuquerque (2016, p. 856), “afirmar que a inclusão
digital é somente oferecer computadores equivale a dizer que apenas carteira, giz e
quadro-negro garantiriam a educação e o aprendizado dos alunos”. Dito isto,
percebe-se que a inclusão de Tecnologias Digitais no ambiente escolar não
significa, necessariamente, uma inovação. Na verdade, qualquer mudança partirá
da mediação promovida pelo professor.
Com este pensamento, compreende-se que um bom domínio das

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 212


 

Tecnologias Digitais não engloba apenas conhecer artefatos sofisticados, mas, sim,
organizá-los de forma criativa em novos arranjos que promovam a aprendizagem
dos sujeitos envolvidos na construção do conhecimento (RODRIGUES; DIONÍSIO;
SALES, 2016).
Neste sentido, metodologias diferenciadas bem elaboradas e empregadas
pelos docentes possibilitam a existência de práticas e resultados diferenciados.
Além disso, neste processo de descobertas, o professor também deve utilizar as
ferramentas tecnológicas em prol de sua própria aprendizagem, onde “esse
objetivo é alcançado quando são possibilitados recursos que permitam a
exploração, a investigação e a descoberta” (LIMA; LOUREIRO 2016, p. 632).
Da mesma forma, as TDICs proporcionam aos alunos elementos
tecnológicos que permitem uma elaboração dos conhecimentos, de modo que
estes sejam incorporados significativamente. Conforme Papert (2008) existem duas
polaridades relacionadas às tecnologias vinculadas ao Ensino. De um lado vê-se o
instrucionismo, que, mesmo com todo o aparato proporcionado pelas tecnologias,
utiliza-se da ideia de repasse de conhecimento. Do outro lado, encontra-se o
construcionismo, onde o aprendiz adquire suas experiências por meio da
construção do conhecimento na relação que estabelece com o objeto de saber.
Valente (1995) exemplifica as ideias de Papert quando relaciona o modo
como o computador pode ser utilizado na Educação. Quando é compreendido como
máquina a ser ensinada, assemelha-se às ideias construcionistas, e, quando é
compreendido como máquina de ensinar, equipara-se às ideias instrucionistas.
Para compreender como essas visões se vinculam à Geografia, é preciso
entender um pouco sobre esta ciência que, em seus primórdios, foi disseminada
como meramente descritiva, com função de situar cidadãos europeus em relação
aos acontecimentos e espacialidades referentes a interesses patrióticos (SAMPAIO;
VLACH; SAMPAIO, 2012). Lacoste (1993) afirma que a Geografia foi oficializada nas
escolas para preparar os alunos para possíveis confrontos e, assim, atendia aos
interesses das classes dominantes.
Neste contexto, esta ciência foi inserida no ambiente escolar com caráter
memorístico e só a partir da segunda metade do Século XX é que mudanças
começaram a acontecer (SAMPAIO; VLACH; SAMPAIO, 2012). Porém, nos dias
atuais, a Geografia ainda está incorporada a diversos mitos, principalmente aos
que a associam à matéria, apenas a conteúdos para a memorização.
Esta realidade impulsiona, muitas vezes, práticas instrucionistas, fato
facilmente perceptível na procura por aplicativos que abordem conteúdos
geográficos. A grande maioria apresenta atividades que só instruem os usuários a
responderem questionamentos com respostas definidas, como pintar regiões de
acordo com cores pré-estabelecidas ou relacionar nomes de cidades a estados.
Estes modelos acabam por não instigar os alunos a refletirem sobre as atividades
propostas.
Por outro lado, quando se iniciou a preocupação, por parte dos professores,
em relação à conscientização dos alunos sobre a sociedade à qual estão inseridos,
novas perspectivas metodológicas foram incorporadas ao Ensino de Geografia e,

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 213


 

assim, esta ciência passou por um processo de revalorização (SAMPAIO; VLACH;


SAMPAIO, 2012). Essa mudança de olhares possibilitou paradigmas diferenciados
para as práticas pedagógicas na área.
Atualmente, a Geografia é considerada uma ciência que trabalha a
criticidade dos alunos, além de ter caráter político e interpretativo das
espacialidades e de tudo o que nelas está inserido. Portanto, trata-se de uma
ciência que comunga com as ideias construcionistas. Vesentini (2008, p. 15)
potencializa esta afirmação quando diz que “a Geografia será diferente de acordo
com o problema enfrentado e o engajamento do sujeito do conhecimento”. Para ele
“o ensino é cheio de desafios novos que qualquer modelo pronto vai ignorar”
(VESENTINI, 2008, p.15).
Portanto, o ensino-aprendizagem com base em pedagogias construcionistas,
quando empregadas nas aulas de Geografia, possibilita que os alunos apreendam
muito mais do que apenas o que está sendo colocado pelo professor, pelo fato de
ser uma ciência que suscita diversos caminhos para o conhecimento.
Ressalta-se que Tecnologias Digitais vinculadas ao Ensino de Geografia,
mesmo com todas as possibilidades, ainda são escassas no que condiz a recursos
que encorajem os estudantes à reflexão. Cabe, então, ao docente, por meio de sua
prática pedagógica, promover meios para uma aprendizagem significativa de seus
alunos.

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A metodologia utilizada para a elaboração deste trabalho utiliza-se de


abordagem qualitativa, por meio de Pesquisa Exploratória, em uma atividade
realizada com alunos do 1º ano do Ensino Médio de uma escola da rede privada de
ensino, na cidade de Fortaleza, Ceará, ocorrida no primeiro semestre de 2017.
Segundo Gil (2010), a Pesquisa Exploratória pode envolver levantamento
bibliográfico, entrevistas ou pequenas intervenções com pessoas que apresentam
ou vivenciam experiências com o assunto em questão. Partindo disto, o trabalho
dividiu-se em três fases: planejamento, coleta e análises de dados. Para a
realização da atividade, foram utilizadas 3 (três) h/a, no decorrer de 2 (duas)
semanas.
A primeira fase, de planejamento, foi a de preparação da atividade e de
como os dados seriam coletados. Delimitou-se o tema a ser trabalhado de acordo
com o conteúdo que estava programado para a disciplina: “Terra no Sistema Solar
– movimentos e compreensão sobre dias, noites e estações do ano”. Com esta
definição, buscaram-se aplicativos web que permitissem a abordagem desses
conceitos. Após uma longa pesquisa, encontrou-se um software web desenvolvido
na plataforma flash no formato de simulador, disponibilizado em acervo no site da
Universidade de Nebraska-Lincoln.
O aplicativo intitulado Seasons and Ecliptic Simulator (Figura 1) apresentava
algumas funções, que envolviam desde a trajetória de um astro, até a incidência

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 214


 

dos raios solares sobre a superfície, evidenciados pela localização de um


observador. A partir disso, instituiu-se que a atividade teria enfoque na
movimentação de astros e na relação desses movimentos com estações do ano e
formação de dias e noites no nosso planeta.

Figura 1. Layout do simulador

Fonte: site da Universidade de Nebraska-Lincoln (2017)

Além da escolha do aplicativo, nesta fase, delimitou-se o que seria


observado no decorrer da aula.
Por se tratar de um simulador, a pesquisa intencionou verificar como
recursos instrucionistas poderiam ser utilizados de forma construcionista, de modo
que promovesse maiores possibilidades de aprendizagem.
A segunda fase de coleta de dados, dividiu-se em dois momentos. O primeiro
envolveu a realização da atividade. Os alunos foram levados para a sala de
informática, para que pudessem ter acesso aos computadores e ao projetor.
Sentaram-se em duplas e realizaram a atividade em conjunto. Inicialmente,
explicou-se que a atividade constaria da utilização de um simulador, e foram
lançados os seguintes questionamentos: vocês sabem quais são os movimentos
realizados pelo nosso planeta? Sabem qual a relação desses movimentos com a
duração dos dias e das noites e com as estações do ano? O que é solstício e
equinócio? Além de mais algumas perguntas relacionadas. Os alunos deveriam
responder a essas questões, de acordo com seus conhecimentos prévios, e
identificá-las no simulador. Além disso, deveriam explorar o aplicativo, na intenção
de realizarem outras descobertas. Todas as constatações deveriam ser anotadas
para discussão posterior.
Neste momento, a professora procurou atentar ao modo como se deu a
navegação no simulador e a como as informações eram visualizadas pelos alunos.
Focou-se em alguns conceitos propostos para a aula, em consonância com o
capítulo do livro, foram eles: movimentos dos astros, fuso horário, estações do ano,
solstício e equinócio. Estes elementos possibilitaram coleta de dados a respeito da
funcionalidade e utilização do aplicativo.
O segundo momento desta fase se consolidou com um debate entre os
alunos e professora acerca dos conceitos visualizados, em relação à experiência
com o uso do aplicativo e como os estudantes interpretaram esta utilização, que

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 215


 

ocorreu sem instruções exatas sobre o que deveriam fazer, apenas com
questionamentos. Nesta etapa, a professora busca compreender o que o aplicativo
proporcionou em relação à aprendizagem dos estudantes, quais conceitos se
destacaram e de que modo isto ocorreu, além de perceber, também, se houve
elementos que dificultaram a aprendizagem.
A fase de análise de dados englobou o momento de reflexão, por parte da
professora, sobre a atividade em questão, o posicionamento dos alunos e os
resultados obtidos, culminando na elaboração de um relatório e, posteriormente,
este trabalho. No decorrer desta fase, alguns elementos ganharam destaque
quanto à coleta para análise. O trabalho foi fundamentado no conceito de
Tecnodocência, que, conforme Lima e Loureiro (2016) compreende a integração
entre Docência e Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação com base
epistemológica nos modelos interdisciplinar e transdisciplinar por meio da
utilização dos conhecimentos prévios dos docentes e discentes para o
desenvolvimento de uma reflexão crítica sobre os processos de ensino,
aprendizagem e avaliação.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir da análise de cada uma das fases da atividade, durante a produção


do relatório, foi possível verificar possibilidades e desafios que a integração entre
Tecnologias Digitais e Docência pode despertar para os aprendizes, tanto
estudantes como professores.
Na fase de planejamento, encontraram-se dificuldades relacionadas à
disponibilidade de aplicativos que englobassem o tema proposto para a aula. Além
disso, os aplicativos remetiam a metodologias que direcionavam apenas para o
repasse de conhecimento, onde apenas a mediação por parte da professora
possibilitaria caminhos metodológicos diferenciados. Assim, a maior dificuldade
relacionada ao aplicativo, para a professora, foi a de encontrar um recurso que
atendesse à proposta desejada para a aula. Constatou-se, também, que essa fase
é determinante e implica na necessidade de aprimoramento do professor, na busca
de técnicas que encaminhem suas práticas para o nível desejado. Por outro lado,
um recurso visual, por mais simples que seja, permite que professores discutam
sobre conceitos, inicialmente abstratos, de modo que os alunos consigam enxergá-
los minimamente.
Na fase de realização da atividade, os alunos demonstraram interesse antes
mesmo de saberem o que era a atividade em si. A ideia de sair da sala de aula
convencional e ir para a sala de informática, em um dia não usual, promoveu
curiosidade. No início da explicação, os alunos mostraram certa dificuldade para
entender a atividade. Acredita-se que isto tenha ocorrido pelo fato de a dinâmica da
aula ter sido diferente da que estavam acostumados, pois não houve uma
explicação do conteúdo. A aula começou com os questionamentos e a navegação
pelo simulador. A dificuldade percebida pelos alunos, no que diz respeito ao

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 216


 

simulador, esteve associada apenas à familiarização inicial.


No decorrer da aula, os alunos se mantiveram empolgados com a
visualização dos movimentos no aplicativo e com as mudanças que eram
proporcionadas pelos deslocamentos (Figura 2).

Figura 2. Alunos manuseando o aplicativo

Fonte: Autoria própria (2017).

Por meio do manuseio do simulador, os estudantes conseguiram definir os


movimentos com certa facilidade e, além de relatarem esse aspecto em anotações,
mantiveram diálogos entre si e com a professora sobre o que descobriam.
Destacaram corretamente os movimentos correspondentes à rotação e
translação da Terra e os momentos do ano com maior incidência de luz sobre o a
superfície do planeta, onde questionavam e afirmavam entre si, e com a
professora, o que seriam os períodos de solstícios e equinócios. Esta fase da
atividade, proporcionou aos alunos uma reflexão a respeito dos conceitos. Exemplo
disto é que, intuitivamente, os alunos definiram datas para os equinócios,
relacionando o prefixo da palavra, etimologicamente, aos momentos em que o Sol
distribuía luz igualmente para os dois hemisférios. Estes fatos foram considerados,
pela professora, enriquecedores para a aprendizagem. Ademais, o aplicativo
indicava os dias do ano durante a simulação da trajetória, o que possibilitou que os
alunos tivessem facilidade para definir em quais datas do ano aconteciam os
fenômenos.
Na fase de discussão sobre a atividade, os alunos se mostraram
participativos e compartilharam entre si os conceitos que haviam percebido
durante a realização da prática. A professora interveio apenas nos momentos em
que pediu para que os alunos comentassem o que tinham visto, para organizar os
dados que eram apresentados e para incentivá-los a expor suas questões. Esse
comportamento mediador, de acordo com Masetto (2006), coloca o professor como
facilitador da aprendizagem e é fundamental para que o aprendiz alcance seus
objetivos.
Esta fase foi considerada bastante produtiva, pois possibilitou verificar a
participação efetiva dos alunos e a compreensão da atividade, assim como dos
conceitos propostos inicialmente, tendo em vista que eles relataram ativamente

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 217


 

todo o processo por meio de anotações e debates posteriores à atividade.


Sobre a utilização de Tecnologias Digitais no decorrer da aula, os alunos
também afirmaram ter sido um diferencial positivo para o entendimento do
conteúdo. Além disso, disseram que as atividades despertaram curiosidade sobre a
temática. Alguns alunos afirmaram que, mesmo conhecendo alguns dos conceitos,
não conseguiam ter uma imagem formada em mente de como eles ocorriam, e, por
isso, a utilização de um simulador teria sido interessante, pelo fato de ter
proporcionado uma visualização dos conceitos e, consequentemente, maior
entendimento, o que pode ser observado em atividades posteriores.
Na fase final, momento de reflexão por parte da professora, houve
questionamentos quanto ao fazer docente, no sentido de que o emprego das TDICs,
vinculadas às práticas pedagógicas, não são em si uma forma revolucionária do
fazer docente (VALENTE, 1995), o que requer do professor uma formação
consciente e ancorada em metodologias que revelem as Tecnologias como
possibilidades, de fato, diferenciadas.
Tal percepção se deu pela constatação de que esta abordagem permeia um
novo campo metodológico para grande parte dos profissionais da educação, o que
proporciona, ainda, muitas dúvidas em relação aos caminhos a se enveredar. Por
outro lado, “a aprendizagem se torna efetiva por meio da construção do
conhecimento, pela liberdade de ação e pela reflexão a partir dos erros cometidos
no processo”. (LIMA; LOUREIRO, 2016, p. 632).
Esta afirmação confirma a ideia inicial, elencada no referencial teórico deste
trabalho, de que as Tecnologias Digitais lançadas por meio de metodologias
construcionistas, na grande maioria das vezes, instiga o aluno à compreensão para
além do que é intencionado pelo professor. Quando o estudante tem a
oportunidade de participar ativamente das atividades, o conhecimento flui
naturalmente.
Assim, este momento possibilitou refletir sobre pontos positivos e negativos
que precisam ser melhorados para enriquecer ainda mais o ato de ensinar-
aprender em Geografia. Além disso, constatou-se que é preciso considerar que os
alunos, apesar de estarem inseridos no contexto tecnológico digital, ainda precisam
se acostumar com esta realidade atrelada às salas de aula e que apresentam suas
diferenças e individualidades.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nas leituras e na experiência relatada, foi possível compreender


que as Tecnologias Digitais, incorporadas à Docência, podem viabilizar recursos
didático-metodológicos diferenciados, o que foi constatado com a visualização de
alguns fenômenos, no simulador, que não poderiam ser descritos com igual clareza
apenas em palavras.
No entanto, para que isto ocorra, a prática docente é de fundamental
importância nos caminhos a serem enveredados pelos discentes em seus anseios

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 218


 

por conhecimento. Sem a mediação do professor, o recurso tecnológico, que


poderia ser inovador, acaba por implicar apenas em mais um reprodutor de
metodologias tradicionais que não atendem mais às necessidades de alunos em
contexto cibercultural.
Observou-se, também, que metodologias com aspectos construcionistas
oportunizam que os alunos participem do processo de ensino-aprendizagem, de
modo que os conteúdos não fiquem engessados apenas nas palavras do professor.
Acredita-se, então, que esta abordagem encaminhe os discentes para uma
aprendizagem embasada em suas necessidades e, por conta disso, promova maior
interesse e participação.
Sobre os recursos tecnológicos, no que concerne à área da Geografia, vê-se
a necessidade de maiores investimentos em conteúdos pedagógicos, pois poucos
aplicativos, jogos e outros conteúdos são disponibilizados em plataformas virtuais.
Para além desta necessidade, enxerga-se a ausência de formação adequada para
os docentes, pelas dificuldades encontradas em elaborar uma atividade não
instrucionista com emprego de Tecnologias Digitais.
Pretende-se dar continuidade a este trabalho no âmbito de pesquisas sobre
a temática, procura de aplicativos que possam ser empregados a conteúdos de
Geografia e metodologias que ensejem resultados satisfatórios.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, M. E. Informática e formação de professores. Ministério da Educação,


Brasília, 2000.

BONILLA, M. H. A presença da cultura digital no GT Educação e Comunicação da


ANPEd. Revista Teias, v. 13, n. 30, p. 71-93. Rio de Janeiro, 2012.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. Atlas, São Paulo, 2010.

KENSKI, V. M. Novas tecnologias: o redimensionamento do espaço e do tempo e os


impactos no trabalho docente. Revista Brasileira de Educação, n. 8, p. 58-71, São
Paulo, 1998.

LACOSTE, Y. A Geografia: Isso serve em primeiro lugar para fazer a Guerra. 3 th


edição. Papirus, Campinas, 1993.

LÉVY, P. As tecnologias da inteligência. 34 th edição, São Paulo, 1993.

LIMA, L. de. e LOUREIRO, R. C. A aprendizagem significativa do conceito de


Tecnodocência: integração entre Docência e Tecnologias Digitais. RENOTE, v. 14, n
1, p 1-10, Julho, 2016.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 219


 

LIMA, L. de. e LOUREIRO, R. C. O desenvolvimento de Materiais Autorais Digitais


Educacionais na compreensão de Licenciandos sobre Docência em contexto
Interdisciplinar. Anais do XXII Workhop de Informática na Escola, Uberlândia, 2016.

LIMA, L. de. e LOUREIRO, R. C. A aprendizagem Significativa do conceito de


Tecnodocência: integração entre Docência e Tecnologias Digitais. Revista Novas
Tecnologias na Educação. CINTED – UFRGS. V. 14, n. 1, p. 01-10, 2016.

MASETTO, M. T. Mediação pedagógica e o uso de tecnologia. Papirus, Campinas,


2006.

PAPERT, S. A máquina das crianças: repensando a escola na era da informática”.:


Artmed, Porto Alegre, 2008.

PEDRÓ, F. Educação, Tecnologia e Avaliação: por um uso pedagógico efetivo da


tecnologia em sala de aula. In: Experiências avaliativas de tecnologias digitais na
educação [recurso eletrônico]. 1 th. edição. Fundação Telefônica Vivo, 96p.
http://unesdoc.unesco.org/images/0024/002473/247332POR.pdf. Abril. São
Paulo, 2016.

PRENSKY, M. Marc Prensky: o aluno virou o especialista. Revista Época. Entrevista


concedida a Camila Guimarães.
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI15391815224,00MARC+PRE
NSKY+O+ALUNO+VIROU+O+ESPECIALISTA.html. Abril, São Paulo, 2010.

RODRIGUES, F. S., DIONÍSIO, M. R. N. e SALES, S. B. Formação de professores: uma


experiência de uso de tecnologias educacionais por professores readaptados. Anais
do XXII Workhop de Informática na Escola, Uberlândia, 2016.

SAMPAIO, A. Á. M.; VLACH, V.; SAMPAIO, A. C. F. História da Geografia Escolar


Brasileira: continuando a discussão. 1 th edição. CRV, v. 1, p. 31-48. Curitiba, 2012.

SILVA, J. de S.; SILVA, E. E. O.; ALBUQUERQUE, C. H. de. Alfabetização Digital de


Professores da Educação Básica: um relato de experiência. Anais do XXII Workhop
de Informática na Escola, Uberlândia, 2016.

VALENTE, J. A. Informática na educação: conformar ou transformar a escola.


Perspectiva, s/v, n.24, p.41-49, Florianópolis, 1995.

VALENTE, J. A. Análise dos diferentes tipos de softwares utilizados na Educação. In:


O computador na sociedade do conhecimento. UNICAMP, p. 71-85. Campinas,
1999.

VESENTINI, J. W. Para uma Geografia Crítica na Escola. Editora do Autor, São Paulo,

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 220


 

2008.

ABSTRACT: The goal of this work is to analyze the use of simulator for the
understanding of concepts related to the Geography discipline, in a class of 1st year
of High School, occurred on the first semester of 2017. This is a qualitative research
with methodology based on Exploratory Research. It was divided into three
moments: planning, data collection and data analysis. It was verified that the
simulator provided the students with visualization and interaction with the
geographic concepts. There were also difficulties related to the use of simulators,
such as lack of resources or unsatisfactory teacher training for the execution of
these activities.
KEYWORDS: Simulator, Didactic-Methodological Resource, Geography

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 221


 

CAPÍTULO XXI

EXPLORANDO A HISTÓRIA E A CULTURA NA LINGUAGEM


DE CINEMA DE ANIMAÇÃO COM O SOFTWARE PIVOT
________________________

Giselle Maria Carvalho da Silva Lima

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 222


 

EXPLORANDO A HISTÓRIA E A CULTURA NA LINGUAGEM DE CINEMA DE ANIMAÇÃO


COM O SOFTWARE PIVOT

Giselle Maria Carvalho da Silva Lima


Utec Gregório Bezerra – Prefeitura do Recife – Recife – PE

RESUMO: Este relato diz respeito a um projeto elaborado para o trabalho com
estudantes das turmas do 5º ano das Escolas Municipais Magalhães Bastos e Dr.
Rodolfo Aureliano, sendo atendidos na Utec Gregório Bezerra, no ano de 2017, em
40 h/a. Contou com os objetivos de transformar as aulas de Introdução a Animação
em uma oportunidade lúdica, que saísse do lugar-comum de animações de luta e
violência; que facilitasse ao estudante refletir, conhecer e gostar de História Geral e
da História da cidade do Recife; reconhecer-se enquanto parte da cidade em que
vive; aprender a utilizar ferramentas básicas e avançadas do software Pivot
Stickfigure Animator, bem como Windows Movie Maker para produção das
animações. O projeto teve início com a apresentação da definição de animação e
da técnica stop motion. Após o trabalho com técnicas básicas foi introduzido o
software Pivot e suas ferramentas. Paralelamente, foi agendada uma aula passeio
ao Instituto Ricardo Brennand para, além da visita histórico-cultural, a coleta de
fotografias para as animações. A partir do uso das fotografias, os estudantes
tiveram acesso às ferramentas mais complexas do software Pivot e acessaram o
software Windows Movie Maker para finalização de suas animações. Para estimular
os estudantes, foi criado um Concurso Cultural com as produções. A aula passeio
ainda despertou o desejo de produções de animações utilizando os blocos de
encaixe Lego.
PALAVRAS-CHAVE: Cinema de Animação; Tecnologias Digitais da Informação e
Comunicação – TDICs; Práticas educativas.


1. INTRODUÇÃO

Novas alternativas que facilitem o ensino-aprendizagem são apresentadas e


buscadas por professores, visando tornar este processo mais fácil e prazeroso para
os estudantes. Diante disto, busca-se inserir o estudante não como mero
apreciador e passivo diante das situações, mas que ele seja efetivamente
participante e atuante. Assim, as novas tecnologias da informação e comunicação
são incorporadas no cotidiano das salas de aula. No entanto,

Ao propor uma determinada estratégia de desenvolvimento educacional


aos (às) profissionais da educação, com a utilização das tecnologias, é
importante que eles(as) se debrucem sobre os instrumentos tecnológicos
e os questionem, pois o uso social destes assume novos papéis quando
utilizados em contexto pedagógico. BARROS, MAÇAIRA, SOUZA, 2015
(Org.)

Dessa forma, a Prefeitura do Recife, por meio da Diretoria de Tecnologia na


Educação, implantou o curso de Introdução a Animação Digital, nas Unidades de

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 223


 

Tecnologia na Educação (Utec), com duração de 40 h/a, no qual os estudantes


podem agir ativamente nesse processo, mediados pelo professor de tecnologia,
utilizando técnicas de animação como o Stop Motion, como uma das alternativas.
Com a definição da implantação do curso de Introdução à Animação na Utec
Gregório Bezerra, tendo com parte integrante dos conteúdos o software Pivot
Stickfigure Animator, o desafio foi de incorporar os conceitos e vivência das
inúmeras possibilidades dadas pela técnica de animação Stop Motion, utilizando
este recurso.

Stop Motion (que poderia ser traduzido como “movimento parado”) é


uma técnica que utiliza a disposição sequencial de fotografias diferentes
de um mesmo objeto inanimado para simular o seu movimento. Estas
fotografias são chamadas de quadros e normalmente são tiradas de um
mesmo ponto, com o objeto sofrendo uma leve mudança de lugar, afinal
é isso que dá a ideia de movimento. Cientificamente falando, o Stop
Motion só é compreendido como movimentação pelo fenômeno da
Persistência Retiniana. Ele provoca a ilusão no cérebro humano de que
algo se move continuamente quando existem mais de 12 quadros por
segundo. Na verdade, o movimento desta técnica cinematográfica nada
mais é que uma ilusão de ótica. CIRIACO, 2009

Desenvolveu-se, então, no ano de 2017, esta sequência didática para


trabalho com as turmas de estudantes dos 5º anos do Ensino Fundamental, em
parceria com escolas municipais circunvizinhas - E. M. Magalhães Bastos e E. M.
Dr. Rodolfo Aureliano – na Utec Gregório Bezerra. Apresentando como objetivos:
transformar as aulas em uma oportunidade lúdica, que saísse do lugar-comum de
animações de luta e violência; facilitar ao estudante refletir, conhecer e gostar de
História Geral e da História da cidade do Recife; reconhecer-se enquanto parte
deste universo, atuando como autor e ator da história do seu lugar e de sua vida;
aprender a utilizar ferramentas básicas e avançadas do software Pivot Stickfigure
Animator para produção das animações.

2. METODOLOGIA

Estabelecido o devido início das aulas e planejada a vivência dos


procedimentos didáticos, conforme cronograma estabelecido, foram articuladas as
atividades iniciando pela apresentação do software Pivot em aula expositiva: barra
de ferramentas, botões, funcionalidades e configurações.
Os estudantes exploraram algumas possibilidades e criaram pequenas
animações para consolidar o conhecimento das ferramentas. Nas aulas
posteriores, além do trabalho com o boneco palito, outros elementos foram
incorporados como o uso de imagens em plano de fundo, adição de figuras
articuladas diferentes: figuras de boneco palito com outros layouts, disponíveis no
banco de sugestões do próprio software Pivot, os estudantes utilizaram elementos
como numerais, escadas, relógios, animais, etc. que permitem articular partes e
dar a sensação de movimento.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 224


 

Posteriormente, os estudantes pesquisaram em sites como


http://baixarpivot.blogspot.com.br outros sticks figures como skates, bicicletas,
outras formas de boneco mais complexas que o palito.

Figura 2. Interface do Software Pivot. Fonte: http://www.fileeagle.com/software/2276/Pivot-


Animator (Acesso em jun 2017)

Figura 3. Conhecendo e explorando o software Pivot. Fonte: Acervo pessoal (2017)

A partir do conhecimento e exploração desses elementos, os estudantes


começaram a utilizar cenários da vida real, de locais que eles conhecem ou
pesquisaram na internet para servir como plano de fundo das animações criadas.
Neste momento, por estarem executando atividades de exploração e conhecimento
do software, ainda não foi solicitada a criação de roteiro, mas que a construção das
animações fossem baseada em uma historinha fizesse algum sentido, ou seja,
tivesse começo, meio e fim.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 225


 

Figura 4. Utilização de cenários próximos à realidade. Fonte: Acervo pessoal (2017)

Paralelamente ao desenvolvimento do curso, foi agendada uma aula


passeio ao Instituto Ricardo Brennand, com a ideia de conhecer o espaço e o rico
acervo disponível para visitação.

O Instituto Ricardo Brennand (IRB) é uma instituição cultural brasileira


localizada na cidade de Recife, no bairro da Várzea. Fundado em 2002,
pelo colecionador e empresário pernambucano Ricardo Brennand, o
instituto está sediado em um complexo arquitetônico em estilo medieval
[...]Possui uma coleção permanente de objetos histórico-artísticos de
diversas procedências, abrangendo o período que vai da Baixa Idade
Média ao século XXI, com forte ênfase na documentação histórica e
iconográfica relacionada ao período colonial e ao Brasil Holandês,
incluindo a maior coleção do mundo de pinturas de Frans Post, com vinte
obras. O instituto também abriga um dos maiores acervos de armas
brancas do mundo, com mais de 3 000 peças, a maior parte proveniente
da Europa e da Ásia, produzidas entre os séculos XIV e XXI. A biblioteca
do instituto possui mais de 60 mil volumes, datados do século XVI em
diante, destacando-se as coleções de brasiliana e obras raras. Fonte:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Instituto_Ricardo_Brennand

Desta forma, além das orientações pertinentes a visitação ao museu,


explicou-se sobre a utilização dos registros fotográficos feitos por eles na confecção
de animações utilizando o software Pivot. Foi solicitado que os estudantes
levassem seus equipamentos de fotografia para a visitação e que imaginassem os
planos e ângulos das fotos que iriam fazer, levando em consideração a história que
iriam contar na animação, seguindo mais ou menos a linha de um pré-roteiro.
No dia agendado, os estudantes fizeram a visitação orientada pela
professora ao Instituto Ricardo Brennand. Na oportunidade, os estudantes
fotografaram nos espaços internos e externos do museu, aguçando o olhar e
levando em consideração os tipos de fotografia e elementos fotografados que
queriam em suas animações.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 226


 

Figura 5. Visita ao Instituto Ricardo Brennand. Fonte: Acervo pessoal (2017)

Após a visita, foi conduzida uma discussão sobre a experiência no museu e


levantado os aspectos mais interessantes e relevantes para eles durante a aula
passeio. Além disso, os estudantes compartilharam as fotografias feitas com os
colegas para utilização na confecção das animações.
Dessa forma, após o redimensionamento das fotos para o tamanho
recomendável para utilização no software Pivot, foram disponibilizadas todas as
fotos em pastas para todos os estudantes. Os estudantes puderam criar seus
roteiros baseados no pré-roteiro e nas fotos coletadas e organizaram a execução
das animações.
No decorrer da confecção das animações, os estudantes puderam
esclarecer dúvidas no tocante ao uso do software e outros conceitos mais
complexos puderam ser trabalhados à medida que novas necessidades de uso
foram surgindo.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Atrelar um conteúdo da realidade dos estudantes ao trabalho com o


software Pivot Stickfigure Animator foi bastante positivo e trouxe resultados
realmente satisfatórios.
O software por si só já apresenta inúmeras possibilidades ao estudante,
mas acaba perdendo a possibilidade de aprofundamento quando suas ferramentas
são utilizadas sem relação com aspectos mais reais.
A utilização de elementos históricos, artísticos e culturais, aprendidos e
fotografados na aula passeio, veio trazer mais realidade aos conteúdos ora
imaginários do uso dos bonecos palitos. Outras figuras sticks foram criadas e
exploradas para dar mais realidade às histórias contadas e que as mesmas
tivessem interação com a veracidade apresentada pelas imagens utilizadas como
plano de fundo.
A visita ao museu também permitiu várias discussões entre os estudantes, à

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 227


 

medida que eles puderam vivenciar aspectos abordados nos conteúdos de


disciplinas como História e Geografia trabalhados em sala de aula.
Como resultado deste trabalho, além da imensurável contribuição para a
vida escolar, os estudantes puderam se identificar enquanto autores de suas
histórias, enquanto faziam a releitura do que tinham estudado, com seu ponto de
vista, contribuindo significativamente para se tornar cidadãos mais conscientes e
presentes no futuro.
Cada estudante confeccionou sua animação e posteriormente foram
compiladas pela professora e editadas de forma a se tornarem um só vídeo de
animação.

4. CONCLUSÕES

Esta sequência foi vivenciada por duas turmas e se mostrou bastante eficaz
no uso com elementos concretos do software Pivot Stickfigure Animator.
Os vídeos produzidos e fotografias do processo de vivência desta sequência
didática estão disponibilizados no blog Animação no Gregório
(https://animacaogb.blogspot.com.br/), nas postagens de Maio a Setembro de
2017, onde os pais puderam acompanhar o cotidiano das aulas e produções dos
estudantes.
As produções também foram disponibilizadas no canal da professora no
Youtube (https://www.youtube.com/user/giselleinformatica) e participaram do I
Congresso Audiovisual na Educação do Recife, onde o vídeo “Jhom Remon em uma
aventura no Brennand” foi finalista na categoria Animação produzida por estudante.
No decorrer das aulas, também foi criado um Concurso Cultural com as produções,
para estímulo dos estudantes.
É importante salientar que o uso do software Pivot é apenas um dos
conteúdos do curso de Introdução à Animação Digital e que os estudantes também
trabalharam com outras formas de animação como com blocos de encaixe,
animação de recorte e outros softwares e aplicativos adicionais como o Windows
Movie Maker, Photogrid, Estúdio Stop Motion e Animados 2 (Draw Cartoons 2).

REFERÊNCIAS

BARROS, Jacira Maria L’Amour Barreto de; MAÇAIRA, Élia de Fátima Lopes; SOUZA,
Katia Marcelina de (Org). Política de ensino: tecnologias na educação /: Recife:
Secretaria de Educação, 2015. 84 p.: il. (Política de Ensino da Rede Municipal do
Recife, v. 5). Disponível em:
<http://www.portaldaeducacao.recife.pe.gov.br/groups/tecnologias>. Acesso em:
08 set. 2017.

CIRIACO, Douglas. O que é o stop Motion? Tecmundo, 2009. Disponível em:


<http://www.baixaki.com.br/info/2247-o-que-e-stop-motion-.htm>. Acesso em: 20

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 228


 

jun 2017.

Instituto Ricardo Brennand. Disponível em:


<https://pt.wikipedia.org/wiki/Instituto_Ricardo_Brennand>. Acesso em 10 mai.
2017.

Utec Gregório Bezerra. Animação no Gregório. Disponível em:


<https://animacaogb.blogspot.com.br/>. Acesso em: 08 set 2017.

ABSTRACT: This report concerns a project prepared for the work with students of the
5th grade classes of the Municipal Schools Magalhães Bastos and Dr. Rodolfo
Aureliano, being attended at Utec Gregorio Bezerra, in 2017, in 40 hours. He
counted on the objectives of transforming the classes of Introduction to Animation
into a playful opportunity that would leave the commonplace of animations of
struggle and violence; that facilitated to the student to reflect, to know and to like
General History and History of the city of Recife; recognize yourself as part of the
city in which you live; learn how to use basic and advanced tools of Pivot Stickfigure
Animator software, as well as Windows Movie Maker to produce animations. The
project began with the presentation of the definition of animation and the stop
motion technique. After working with basic techniques was introduced Pivot
software and its tools. At the same time, a class was given a tour of the Ricardo
Brennand Institute, in addition to the historical-cultural visit, the collection of
photographs for the animations. From the use of the photographs, students had
access to the more complex Pivot software tools and accessed the Windows Movie
Maker software to finalize their animations. To stimulate the students, a Cultural
Contest was created with the productions. The class ride still sparked the desire for
animated productions using the Lego plug-in blocks.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 229


 

CAPÍTULO XXII

A ELABORAÇÃO DE JOGOS EDUCATIVOS COMO


RECURSO PARA O ENSINO E APRENDIZAGEM DE
LÍNGUA INGLESA
________________________

Larisse Carvalho de Oliveira ,

Tiago Alves Nunes ,

Jorge Luis Queiroz Carvalho

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 230


 

A ELABORAÇÃO DE JOGOS EDUCATIVOS COMO RECURSO PARA O ENSINO E


APRENDIZAGEM DE LÍNGUA INGLESA

Larisse Carvalho de Oliveira


Universidade Regional do Cariri, Departamento de Letras e Literaturas
Crato - Ceará
Tiago Alves Nunes
Universidade Federal da Bahia, Pós-graduação em Língua e Cultura
Salvador – Bahia
Jorge Luis Queiroz Carvalho
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Departamento de Letras
Estrangeiras
Mossoró - Rio Grande do Norte

RESUMO: Em decorrência do mundo tecnológico e de programas como “Idiomas


sem fronteiras”, para a internacionalização de universidades, a língua inglesa (LI)
continua em ascensão no cenário educacional brasileiro. Admitindo o prestigiado
lugar dessa língua na sociedade e seu papel ainda pouco explorado em instituições
de ensino médio, o estudo que expomos é resultado do projeto English all Around,
desenvolvido numa escola estadual de ensino médio em Maracanaú - Ceará. Como
ações do dito projeto, podemos citar a inserção do aluno em um ambiente
linguístico com maior input visual, auditivo e sinestésico. Com este trabalho,
propusemos a criação de jogos educativos pelos alunos, a fim de fornecer materiais
diferenciados de ensino à comunidade escolar, melhorando sua participação em
sala de aula. Apresentamos dados quantitativos e qualitativos concernentes à
análise dos materiais adquiridos. Primeiramente, explicamos o conceito de jogo
(ALMEIDA, 2014; TRISTÃO, 2010) e falamos sobre a criação de materiais didáticos
para o ensino e aprendizagem de LI (SARACENI, 2003; TOMLINSON, 2001;
RICHARDS, 2005), orientando sobre a finalidade da atividade. Posteriormente,
dividimos os alunos em grupos, os quais deveriam apresentar um jogo na semana
seguinte para toda a classe, tratando de seu funcionamento e explicando suas
regras. Como estabelecido, os estudantes narraram o processo de criação,
estruturação e prática de seus jogos. Salientamos que os alunos foram
protagonistas, proporcionando, de modo informal e lúdico, o estudo de aspectos
linguísticos em LI. O material produzido pelos alunos foi disponibilizado na escola
para toda a comunidade.
PALAVRAS-CHAVE: Ensino de Língua Inglesa, Jogos, Elaboração de Materiais
Didáticos.

1. INTRODUÇÃO

É do conhecimento comum que as escolas públicas de nosso país têm


alunos de variados extratos sociais, e que boa parte enfrenta problemas sociais.
Tais fatores são significativos para o desenvolvimento e aprendizagem em sala de
aula. Quando se menciona o aprendizado de uma língua estrangeira (LE), há uma

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 231


 

parcela de não aceitação, uma vez que não se vislumbra, por uma série de razões,
o propósito ou objetivo de se estudar uma LE quando se tem poucos recursos. No
entanto, há exceções à regra, como os autores deste artigo.
Admitimos que o ensino de uma LE requer práticas, políticas e preparo
diferenciado, principalmente para que deixe de ser a ‘disciplina faz de conta’, como
não raro se escuta, por não ter o status do Português e da Matemática em exames
a nível nacional. Levando-se em consideração as inteligências múltiplas
(GARDNER, 1995), faz-se relevante, para a práxis educativa, atentar no
desenvolvimento de seu público em várias esferas do saber, sem se deter em
abordagens conteudísticas, esquecendo-se da prática. Por isso, optamos por
desenvolver materiais lúdicos e didáticos para as aulas de Língua Inglesa (LI),
tomando os alunos como protagonistas nesse trabalho.
Com o avanço tecnológico e o crescimento da importância da LI em acordos
mundiais, desde os tempos imperialistas da Inglaterra ao poderio militar dos
Estados Unidos, alcançado nas duas guerras mundiais, autores como Ke (2015) e
Crystal (2003) falam de uma língua global, que hoje não se pode dizer que ela
pertença a um país, tamanha a sua disseminação. É válido relembrar que, durante
a antiguidade, o Latim era a língua do Império Romano, que desbravou grande
parte da Europa. Por sua vez, na Idade Média, a língua francesa obteve seu auge,
sendo utilizada nas cortes e nos documentos oficiais de vários países, inclusive da
Inglaterra.
Este trabalho faz parte do projeto English all Around, coordenado e
desenvolvido por nós numa escola pública estadual do município de Maracanaú-
Ceará. Uma versão preliminar deste texto foi apresentada e publicada nos anais do
III Congresso Nacional de Educação (2016). O projeto visava inserir o aluno em um
ambiente linguístico propício ao aprendizado de LI, fornecendo input visual, auditivo
e sinestésico para os estudantes. O objetivo desse trabalho foi colaborar para a
construção de jogos educativos pelos alunos, com o intuito de fornecer materiais
extra, para dispor à comunidade escolar.
Para nosso arcabouço teórico, dispomos das contribuições de Richards
(2005), Tomlinson (2011), Saraceni (2003), além de outros autores que discutem o
desenvolvimento de materiais didáticos. Em relação ao lúdico, voltamo-nos para
Almeida (2014) e Piaget (1988), entre outros.
No tópico que apresentamos a seguir, abordamos as etapas de
planejamento, elaboração e apresentação da atividade em sala de aula, relatando
o processo de criação dos materiais pelos alunos.

2. LÚDICO, JOGOS EDUCATIVOS E PRODUÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS

Nesta seção apresentamos alguns conceitos sobre o papel do lúdico e dos


jogos educativos na educação, principalmente sobre a sua aplicação ao ensino de
LI, bem como sobre a elaboração e produção de materiais didáticos para o ensino e
aprendizagem de LE.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 232


 

2.1. O papel do lúdico

É de nosso entendimento que o papel do professor não é o de transmitir


informações e esperar que os alunos, como ‘copos vazios’, sejam preenchidos com
o conhecimento. Acreditamos no ensino como um fazer pedagógico, político e
social, o qual pode colaborar para o crescimento do ser humano como partícipe da
sociedade em que vive. Nesta concepção, o profissional é o mediador e o facilitador
que colabora para a construção do conhecimento de seus alunos, fazendo uso de
inúmeras técnicas e abordagens pedagógicas para que seu alunado adquira
conhecimento e criticidade.
Tomando o exposto acima, elegemos o uso de jogos educativos em
contextos de ensino e aprendizagem de LE como uma ferramenta de suma
importância para a apropriação do conhecimento por parte dos alunos, posto que
uma parcela dos estudantes sente-se obrigada a estudar LE por imposição das leis
que orientam a educação no país, não vislumbrando, assim, que ela possa ser
necessária no seu percurso de maturação do conhecimento, ou seja, não percebem
ou não lhes mostram que saber uma LE, para além das questões do mercado de
trabalho, proporcionar-lhes-á ter uma nova visão de mundo, uma vez que a língua
corrobora para criar novas realidades e novas formas de ver a cultura de
determinado povo assim como a sua própria.
Admitimos que as manifestações lúdicas, brincadeiras e jogos
fizeram/fazem parte da vida de todos, seja em contexto de entretenimento ou de
aprendizagem, colaborando para a interação entre povos em nossa sociedade
(ALMEIDA, 2014). É por meio dos jogos de infância que damos início às nossas
experiências com o outro, com a sociedade que nos rodeia.
Conforme Tristão (2010, p.16), o lúdico relaciona-se à palavra de ordem
latina, ludus, jogo, particularmente ligado ao brincar. A autora acrescenta que “o
lúdico passou a ser reconhecido como traço essencial da psicofisiologia do
comportamento humano”, ganhando uma ótica maior de abrangência de seu
significado. Na visão de Piaget (1988, p.59), “[o]s jogos não são apenas uma forma
de entretenimento para gastar energias da criança, mas meios que contribuem e
enriquecem o desenvolvimento intelectual”.
É importante ressaltarmos que não só a criança, mas os adolescentes e
adultos também podem fazer uso de jogos como ferramenta de aprendizagem,
especialmente na era digital e com as tendências dos multiletramentos se
desenvolvendo com vigor (BENJAMIN, 1984). Ratificamos que entendemos
multiletramentos como múltiplas formas que as linguagens podem ser tomadas
como prática social. Desde a pedagogia dos multiletramentos ou letramentos
múltiplos, deve-se atentar para a multiplicidade de modos semióticos que a
linguagem pode se apresentar e para as variadas culturas intrínsecas às práticas,
sempre desde uma perspectiva crítica.
Nesse contexto, páginas da web, aplicativos para smartphones, vídeo games
e outros suportes tecnológicos oferecem jogos como forma de dinamizar o

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 233


 

aprendizado, tornando-o menos cansativo e divertido ao mesmo tempo. Um


exemplo é o aplicativo Duolingo, que trabalha com jogos de associação e que pode
ser gratuitamente instalado em aparelhos com sistema Android.
Na perspectiva vygotskyana, os humanos, por meio das brincadeiras,
constroem relações com outros sujeitos e geram conhecimentos. É preciso
destacar, no entanto, que numa perspectiva histórica, deparamo-nos com o lúdico
sendo tratado como uma atividade perigosa e de caráter desvirtuado pela Igreja;
depois como um aparato epistemológico, com o avanço dos estudos filosóficos e,
por último, como prática pedagógica (DUFLO, 1990). Para Friedmann (1996, p.20),
o jogo não é só um passa tempo, “é uma atividade real para aquele que brinca.
Verdadeiramente, brincamos, envolvemo-nos com paixão no jogo, sem precisarmos,
em absoluto, sem saber o que ele significa”. No âmbito do ensino de LE, o jogo é
uma ferramenta adicional de motivação e incentivo ao aprendizado de uma nova
língua-cultura, de novas formas linguísticas; é uma alternativa às aulas
conteudísticas. E, em conformidade com Ortiz (2009, p.85), pode-se dizer que o
jogo colabora para com a criatividade e com a personalidade dos seres humanos,
pois mescla particularidades práticas, comunicativas e intelectuais de forma
dinâmica e agradável ao ambiente de interação com os outros. A seguir,
abordamos, brevemente, questões sobre a produção de materiais didáticos em LE.

2.2. Língua estrangeira e produção de materiais didáticos

No Brasil, de acordo com Guimarães (2005), o ensino de LI começou por


volta do início do século XIX. Desde então, abordagens e métodos têm se
desenvolvido e instituições de ensino alcançaram grande notoriedade; no entanto,
a realidade das escolas públicas progride a passos relativamente lentos. Portanto,
a possibilidade de inovar com novos recursos e estratégias não pode ser
descartada e, acreditamos, a necessidade de se usar novos materiais didáticos se
torna cada vez mais iminente. Essa prática se refere a todos os processos usados
por profissionais para avaliar, explorar e melhorar o desempenho dos aprendizes,
proporcionando um ambiente interativo de aprendizagem.
Saraceni (2003) advoga que é necessário inserir os estudantes na
adaptação dos materiais que eles utilizam. Para isso, essa estudiosa propõe que os
materiais sejam escritos tendo essa adaptação em mente, almejando ser
centralizados nos alunos, flexíveis, relevantes, universais, abertos a mudanças e
com opções variadas. A autora frisa que é primordial proporcionar um material
motivador e com tópicos provocativos, para que o estudante se sinta desafiado a
aprender. Esse ponto de vista corrobora com o exposto por Rizzo (2001) quando
salienta que o uso de atividades de cunho lúdico é um recurso imensurável para o
professor, auxiliando no desenvolvimento da inteligência de seus estudantes.
Por sua vez, Tomlinson (2011) afirma que, no futuro, a maioria dos materiais
será disposto eletronicamente, o que já acontece graças a popularização da
internet, porém em menor escala, dado os problemas sociais e econômicos

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 234


 

enfrentados por muitas nações, como é o caso do Brasil. Já Richards & Farrell
(2005, p.251) comentam que “materiais instrucionais geralmente servem de base
para a maioria do input que os estudantes recebem nas salas de aula”. É
importante comentar, ademais, que o papel do ensino de uma LE, como consta nos
Parâmetros Curriculares Nacionais, é de possibilitar “autopercepção do aluno como
ser humano e como cidadão” (BRASIL, 1998, p.15). Ou seja, a partir do convívio
com outras práticas linguísticas, os estudantes poderão se conhecer, também,
dentro de sua própria comunidade, relacionando suas vivências com aquelas de
outra cultura que não a sua.
Fundamentados nesses postulados, damos continuidade ao nosso trabalho
discorrendo acerca dos aspectos teórico-metodológicos que orientaram a execução
e o desenvolvimento do projeto que aqui apresentamos.

3. PERCURSO METODOLÓGICO

O lócus de realização deste estudo se deu em uma escola pública que está
localizada no município de Maracanaú, região metropolitana da capital do estado
do Ceará, Fortaleza. O ambiente atende por volta de setecentos alunos, nos turnos
manhã, tarde e noite, englobando os três anos do ensino médio e duas turmas de
EJA (Educação para jovens e adultos). A escola é frequentada, majoritariamente,
por alunos egressos de escolas municipais do mesmo município, ou de escolas
particulares de médio custo da vizinhança.
Após uma observação diagnóstica, notamos que a escola se constituía como
um ambiente pouco explorado em relação ao desenvolvimento de eventos,
manifestações artísticas e materiais extra voltados para o ensino de LE. Na
instituição são ministradas aulas de LI e língua espanhola, cada uma com direito a
cinquenta minutos por semana. Descobrimos que, em anos anteriores, a escola
não dispunha de professores efetivos para essas disciplinas, contando com
professores temporários, o que pode ter ocasionado a não longevidade ou criação
de projetos pedagógicos voltados para o ensino de LE. Por conseguinte, sob o aval
da coordenação pedagógica e gestora da escola, comprometemo-nos a elaborar um
projeto voltado, exclusivamente, para o ensino de LE.
No início, propomos às turmas da terceira série do ensino médio da escola
uma atividade avaliativa diversa, fora dos padrões formais de ‘enunciado e itens
resposta’. Em primeiro lugar, abordamos a funcionalidade do jogo no ambiente
educativo, ressaltando suas vantagens, principalmente na prática de conteúdos
abordados em sala. Explicamos em que consistia o projeto English all around –
Inglês por todo lado – seus objetivos e suas metas, e pedimos que alguns jogos,
que poderiam ser conhecidos ou não, pudessem ser criados, transformados ou
adaptados linguisticamente à LI.
Os alunos tiveram duas semanas para fazerem pesquisas e prepararem os
materiais para demonstração e explicação em sala de aula. Após discussão do
processo de maturação de ideias e orientações, os alunos foram divididos em

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 235


 

equipes – no máximo cinco integrantes em cada. O jogo elaborado deveria envolver


algum aspecto (de gramática, de compreensão textual, de compreensão oral, de
produção escrita, vocabulário, etc.) da LI. Três turmas de terceiros anos
participaram do projeto. Após a produção do material, os jogos foram apresentados
às outras equipes e devidamente arquivados na escola, onde estão à disposição de
outros professores que queiram utilizá-los, ou adaptá-los em suas práticas.
A quase totalidade dos estudantes que se voluntariaram a participar deste
estudo não havia feito um curso de LI, apenas cinco deles já tinha tido acesso a um
curso de LI de, no mínimo, seis meses. Os voluntários pertencem a faixa etária
entre 16 e 18 anos, alguns já trabalham em comércios do bairro, ou fazem cursos
técnicos no turno da tarde ou noite (Instituto Federal do Ceará – IFCE, ou no Serviço
Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI). O restante colabora em casa na
organização das tarefas domésticas, ou toma conta dos irmãos mais jovens.
Na seção seguinte, expomos os dados quantitativos referentes à
classificação dos jogos obtidos. Apresentamos, também. uma visão qualitativa de
todo o processo com vistas a analisá-lo através de um viés interpretativista.

4. TRAJETÓRIA ANALÍTICA

Nesta seção, abordaremos como foram catalogados e analisados os jogos


educativos produzidos pelos alunos da escola lócus deste estudo.Vejamos o
quadro, a seguir, com a contabilização de todos os jogos produzidos pelas três
turmas de 3ª série do ensino médio, perfazendo um total de 15:

Tabela 01 – Quantidades e tipos de jogos


Jogo da memória 4
Caça palavras 3
Tabuleiro 2
Jogos com números 2
Música 2
Perguntas e respostas 2
TOTAL 15
Fonte: elaborado pelos autores

É válido afirmar que a iniciativa resultou na elaboração de objetos


educacionais relevantes e foi capaz de mostrar os alunos como detentores de
conhecimentos e atores dessa ação socioeducativa. Durante o processo de
produção/reconfiguração dos jogos, os alunos ficaram livres para escolherem o
tema (vocabulário, gramática, compreensão textual, escuta) e o material a ser
utilizado. Dada a praticidade de elaboração dos jogos de memória, houve uma
maior produção destes. Estes foram variados, predominando exercícios de
vocabulário relacionado a animais, a cores, a roupas, a frutas e temas diversos.
Alguns traziam figuras ou desenhos, tendo o jogador que encontrar o
correspondente em inglês; outros constavam de fotos com o correspondente, tendo
a palavra em inglês e português. A seguir, apresentamos alguns exemplos dos

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 236


 

materiais produzidos pelos estudantes no decorrer do projeto.

Figura 01 Figura 02

Fonte: arquivo dos autores Fonte: arquivo dos autores

Já no que diz respeito aos caça-palavras, produziram-se três (3), elaborados


com tampinhas de garrafas, papelão e/ou cartolina. Esses jogos são constituídos
de uma lista de palavras – em português e inglês – que devem ser encontradas
pelo(s) jogador(es). Para marcar as palavras achadas, foi sugerido que se utilizasse
um elástico. A seguir, há alguns exemplares que foram testados em outras turmas
da escola, também de LI, em outro momento. Os alunos participantes, aqueles que
não produziram os jogos, avaliaram positivamente a atividade e mostraram-se
descontraídos e satisfeitos ao utilizarem o material.

Figura 03 Figura 04

Fonte: Arquivo dos autores Fonte: Arquivo dos autores

Dentre os jogos criados, há o exemplar da figura 05, que poderia ser


adaptado ao ensino de matemática; este é um tipo de ábaco, em que os jogadores
deveriam somar, multiplicar, subtrair ou dividir os números, de acordo com que
jogavam um dado, de modo que toda a equação deveria ser dita em inglês. Esse
jogo, assim, corrobora para um ensino e aprendizagem numa perspectiva
transdisciplinar e promove a articulação do conhecimento linguístico ao

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 237


 

conhecimento lógico-matemático. Já a figura 6, por seu turno, traz palavras em LI


anexadas a um elástico, como um jogo de adivinhação; o jogador deve colocar a
palavra, de LI, em sua testa, sem que a veja. Após todos os participantes tiverem
feito o mesmo, os jogadores se reúnem em um círculo e cada um tem direito a uma
pergunta por jogada, que pode ser feita em português ou inglês, levando-se em
consideração o nível da turma, para adivinhar, através das respostas dadas pelos
colegas, qual palavra é mostrada em sua testa.

Figura 05 Figura 06

Fonte: Arquivo dos autores Fonte: Arquivo dos autores

Os jogos com música, por fim, seguiam a dinâmica de dividir a turma em


grupos, um participante de cada equipe teria que retirar uma palavra, em LI, de um
envelope. A medida que os participantes do grupo em questão fossem falando ou
cantando músicas com a palavra escolhida, o grupo obtinha dez pontos por música.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao longo deste estudo, expomos conceitos sobre os jogos educativos e sobre


o lúdico, ressaltando o seu importante papel no ensino e aprendizagem de língua,
em especial de LE, e seu papel dinamizador nas aulas. Tratamos, também, de um
tema necessário a todo professor de LE: a elaboração de materiais didáticos,
quesito que pode modificar e customizar as ferramentas disponíveis aos
professores dessa área. Portanto, acreditamos que a aprendizagem de uma LE é
cara à formação cultural dos alunos e, desse modo, o uso de jogos em sala de aula
é de grande valia para os estudantes e é mais uma ferramenta para os alunos da
rede pública que têm menores recursos e possibilidades de contato com a LI fora
do ambiente escolar.
Constatamos, ainda, que o nível de estímulo na rotina dos discentes
melhorou devido ao seu protagonismo como criadores do próprio material de
estudo. Os alunos mostraram-se receptivos a novos estímulos que não fossem
somente centrados em músicas, que por vezes escutam. O que propomos com a

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 238


 

criação dos jogos diz respeito a uma série de iniciativas que os professores de LI da
escola lócus desta investigação puseram em prática como forma de promover um
melhor ensino e aprendizagem de LI na escola pública.
O trabalho com materiais que tiram os educandos de sua rotina educacional
tradicionalista é mais proveitoso, visto que a prática e o manejo com a língua estão
em sua autenticidade, dão mais finalidade à atividade e, assim, à aprendizagem do
idioma. O trabalho com os multiletramentos ou letramentos múltiplos, desse modo,
possibilita o desenvolvimento de habilidades para além da estrutura linguística, e
os jogos, lúdicos por natureza, possibilitam o fomento desses letramentos, além da
diversão, que é a característica singular desse tipo material.

REFERÊNCIAS

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Brincar, amar e viver. 1ª Ed. Assis, SP: Storbem Gráfica e Editora, 2014.

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FRIEDMANN, A. Brincar: crescer e aprender. São Paulo: Moderna, 1996.

GARDNER, H. Inteligências Múltiplas: a teoria na prática. Trad. Maria Adriana


Veríssimo Veronese. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.

GUIMARÃES, N. A. D. O Ensino de inglês como língua estrangeira: um estudo de


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PIAGET, J. A linguagem e o pensamento da criança. São Paulo: Martins Fontes,


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  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 239


 

RICHARDS, J.C; FARRELL, T.S.C. Professional Development for Language Teachers:


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RIZZO, G. Jogos Inteligentes: A construção do raciocínio na Escola Natural. Rio de


Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.

SARACENI, C. Adapting courses: a critical view. In: TOMLINSON, B. Developing


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TRISTÃO, M.B. O lúdico na prática docente. Trabalho de conclusão de curso,


Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2010.

VYGOSTKY, L.S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1989

ABSTRACT: As a result of the technological world and programs like "Languages


without borders", for the internationalization of universities, the English language
(EL) continues to rise in the Brazilian educational scene. Assuming the prestigious
place of this language in society and its role still little explored in high schools, the
study we present is the result of the Project English all Around, developed in a public
high school in Maracanaú - Ceará. As actions of this project, we can mention the
insertion of the student in a linguistic environment with greater visual, auditory and
synesthetic input. With this work, we proposed the creation of educational games by
students in order to provide differentiated teaching materials to the school
community, improving their participation in the classroom. We present quantitative
and qualitative data concerning the analysis of the acquired materials. Firstly, we
explain the concept of game (ALMEIDA, 2014; TRISTÃO, 2010) and talk about the
creation of didactic materials for the teaching and learning of EL (SARACENI, 2003;
TOMLINSON, 2001; RICHARDS, 2005) activity. Subsequently, we divided the
students into groups, which were to present a game in the following weeks for the
whole class, dealing with its functioning and explaining its rules. As established, the
students narrated the process of creating, structuring and practicing their games.
We emphasize that the students were protagonists, providing, in an informal and
playful way, the study of linguistic aspects in EL. The material produced by the
students was made available at school for the whole community.
KEYWORDS: Teaching English Language, Games, Elaboration of Didactic Materials.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 240


 

CAPÍTULO XXIII

OS DESAFIOS DA APRENDIZAGEM DE LÍNGUA INGLESA:


UM CONVITE A REFLEXÃO E AÇÃO
________________________

Zaira Dantas de Miranda Cavalcanti ,

Marcelo Silva de Souza Ribeiro

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 241


 

OS DESAFIOS DA APRENDIZAGEM DE LÍNGUA INGLESA: UM CONVITE A REFLEXÃO E


AÇÃO

Zaira Dantas de Miranda Cavalcanti


Universidade de Pernambuco - UPE
Petrolina – Pernambuco
Marcelo Silva de Souza Ribeiro
Universidade Federal do Vale do São Francisco - UNIVASF
Petrolina – Pernambuco

RESUMO: Este texto tem por objetivo refletir acerca dos desafios propostos ao
ensino-aprendizagem da língua inglesa, considerando essa competência linguística
como oportunidade de prática social dos sujeitos, tendo em vista a notória
demanda de uso do idioma na atualidade nos âmbitos acadêmico, científico,
industrial e comercial. Fundamentado em autores como Almeida Filho (2015), Leffa
(2011), Paiva (2010), Soares (2005), dentre outros, sinaliza-se um panorama
histórico desfavorável do ensino das línguas estrangeiras no Brasil, justificado por
uma ausência de políticas de ensino de línguas. Em decorrência, a aquisição da
língua inglesa, tão necessária aos dias atuais, não se estabelece por meio da
escola. Embora sejam ancoradas por lei, as políticas públicas educacionais não
favorecem o letramento e, embora haja no mundo um grande número de indivíduos
buscando competência linguística para se comunicar por meio do inglês, percebe-
se lacunas e insucessos no processo de ensino-aprendizagem deste idioma nos
espaços escolares, especialmente nas escolas públicas que figuram como reflexos
da trajetória histórica do ensino de Línguas estrangeiras no Brasil. Assim, constata-
se descasos ao longo dos anos relacionados ao ensino do inglês no país, bem
como a urgente necessidade de otimizar a prática pedagógica de docentes da área
através da potencialização das políticas educacionais de formação de professores,
para que se atenda à demanda desse processo de letramento. Espera-se contribuir
de forma efetiva com as reflexões na área de linguística aplicada, bem como com a
continuidade de discussões e pesquisas desenvolvidas na área.
PALAVRAS-CHAVE: Língua inglesa, Ensino-aprendizagem, Panorama histórico,
Letramentos.

1. INTRODUÇÃO

A influência e hegemonia da língua inglesa na contemporaneidade tem


provocado uma crescente demanda pelo estudo do idioma, o que torna o ensino e
a aprendizagem dessa língua estrangeira foco de pesquisas na área da linguística
aplicada. Aspectos político-pedagógicos como a mediação do professor desse
idioma e carga horária disponibilizada para a disciplina, por conseguinte, tem se
tornado um ponto de discussão frequente, tendo em vista as dificuldades do
ensino de inglês no contexto nacional e a preocupação com o desenvolvimento da
competência linguística oral e escrita nos contextos de ensino da língua para que

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 242


 

se efetive a comunicação por meio dessa dimensão do letramento.


Todavia, múltiplos são os desafios da universalização dessa língua, haja
vista os comuns entraves à sua aquisição. No Brasil, sua presença é obrigatória no
currículo escolar a partir da 5ª série (6º ano) de escolas públicas, como declara a
Lei de Diretrizes e Bases (LDB) de 1996. É possível constatar também sua inclusão
a partir do primeiro ano do ensino fundamental em muitas escolas privadas. Apesar
dessa obrigatoriedade e presença no currículo desde a mais tenra idade para
muitos, percebe-se que a competência linguística para fins práticos que caracteriza
qualquer letramento não se concretiza, pois, segundo Soares, (2004) os indivíduos
que dominam as práticas de leitura e escrita numa língua deverão estar aptos a
integrar e atuar nas diferentes atividades sociais, podendo, então, estabelecer
interação com o outro. No caso de uma língua estrangeira, faz-se necessário
considerar também o domínio das habilidades de escuta e fala.
A literatura especializada sinaliza que a aquisição da língua inglesa, tão
necessária aos dias atuais, não se estabelece por meio da escola e mesmo
ancoradas por lei, as políticas públicas educacionais não favorecem esse
letramento, sobretudo no que diz respeito aos investimentos no âmbito didático-
pedagógico. Assim, aos indivíduos resta, então, a busca por cursos específicos
oferecidos pelas reconhecidas “escolas de línguas”, as quais se tornam, muitas
vezes, inacessíveis, tendo em vista o alto investimento financeiro à maioria. Outra
possibilidade, e talvez a mais eficaz, é a aquisição da língua “in loco”, quando o
indivíduo tem a oportunidade de se inserir em países cuja língua oficial seja o
inglês e por meio da escuta e interação adquirir naturalmente o idioma. Programas
de intercâmbio que oferecem estada e curso de inglês em países como Canadá,
Estados Unidos da América, Nova Zelândia, Austrália, Inglaterra e outros têm sido
eficazes nessa construção linguística por décadas a fio. Entretanto, essa também é
uma opção inviável à maioria dos brasileiros cujos recursos são parcos, uma vez
que a localização geográfica brasileira, aliada à política econômica financeira, não
favorecem esse tipo de experiência.
A despeito de resistências ao seu ensino em alguns países, por questões
políticas ou culturais, há uma crescente demanda para sua aprendizagem no
mundo inteiro. É a principal língua estrangeira estudada em países do primeiro
mundo e, segundo Paiva (2010), o interesse de vários países em promover o
ensino do idioma é uma maneira de obter acesso à ciência, tecnologia, ao comércio
e turismo internacional. Assim, a questão do ensino de inglês como língua
estrangeira tem sido foco de pesquisas já que traz em si implicações sociais e
políticas. Conforme Paiva (2010), um estudo na Grécia, que apresenta o inglês
como a língua do poder, do progresso e do prestígio, por exemplo, apresenta o
ensino dessa língua como uma possibilidade de conscientização do indivíduo, de
ação e consequente transformação social e, para isso, a pesquisa vale-se do
pensamento do escritor brasileiro Paulo Freire (2011) em sua “Pedagogia do
Oprimido”.
A literatura mais atual acerca do ensino do inglês aponta para o número
aproximado de um bilhão de pessoas na busca da aquisição da Língua Inglesa nos

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 243


 

dias atuais. Isso nos reporta a influência e hegemonia da mesma em todo o


mundo. Além de centenas de milhões de usuários que a tem como língua materna
ou a tem por segunda língua, há os que a utilizam em países nos quais não há o
caráter oficial, como é o caso do Brasil, onde é estudado como língua estrangeira
“pelo peso político do mundo de língua inglesa e por seu sucesso insolente em
todos os âmbitos da vida científica, econômica e industrial, que a torna atraente,
qualquer que seja o peso das tradições com as quais ela se enfrente.” (LE BRETON,
2005, p.17).
Nesse sentido, não é exagero dizer que toda categoria humana tem sido
influenciada pela universalidade da difusão da língua inglesa. Mesmo não sendo a
língua da maioria dos países, tornou-se a língua do poder em variados setores. É a
língua sem fronteira que está presente na metade dos 10.000 jornais do mundo,
em mais de 80 % dos trabalhos científicos e no jargão de inúmeras profissões
como informática, economia e publicidade, como destaca Paiva (2010). Trata-se
da possibilidade de acesso ao mundo dos discursos a fim de que o indivíduo
compreenda e interaja através de seu uso. Afinal, a utilização do inglês é um dos
meios mais rápidos de inclusão e ascensão social e seu estudo tornou-se um
fenômeno mundial, já que há uma crescente demanda para sua aprendizagem no
mundo inteiro.
Em vista disso, este artigo apresenta considerações sobre a importância do
letramento em língua inglesa no atual contexto mundial diante da universalização e
hegemonia da língua nos âmbitos acadêmico, científico e comercial e tem por
objetivo refletir acerca dos desafios propostos ao ensino – aprendizagem da
mesma no Brasil, considerando as fragilidades da trajetória histórica de seu ensino
nesse contexto e reconhecendo essa competência linguística como oportunidade
de prática social dos sujeitos.

2. PROPOSTA DO ESTUDO

Esse estudo é de natureza bibliográfica a partir de trabalhos publicados no


período de 2003 a 2015, trazendo obras de autores como Street (2014) e Soares
(2004), que apresentam o aspecto social do letramento; Stevens (2003), Leffa
(2011) e Paiva (2010), apontando considerações acerca do ensino do inglês no
Brasil e formação de professores; e Almeida Filho (2015), que enfatiza a
importância da formação continuada desses docentes.
Foi realizada também uma busca de artigos científicos divulgados na base
de dados da Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e
da Scientific Electronic Library Online (SciELO), considerando a amplitude no que se
refere à abrangência dos periódicos. Conforme os descritores “Letramento em
língua inglesa” e “Ensino de inglês no Brasil” foram, então, encontrados diversos
artigos do período compreendido entre 2010 a 2014. Assim, foram identificados
60 artigos sobre letramentos, dos quais apenas 11 abarcavam a ideia do
letramento em língua inglesa e 68 versavam acerca do ensino do idioma no país.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 244


 

Os mesmos apontaram para obras de relevância na temática, entre os quais estão


os autores acima citados e consultados.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

É notória a convivência com esta língua estrangeira em todos os cantos do


nosso país. Há constantemente uma avalanche de vocábulos ingleses introduzidos
à rotina do povo brasileiro como prova de seu domínio também em terras
brasileiras. Termos como “whisky “, “hot dog”, “selfservice”, “hamburger”,
“Windows”, “coffee break”, “marketing” são usados por falantes ou até mesmo na
forma escrita por jornais e revistas que abarrotados de expressões também expõem
propagandas redigidas na língua. Multinacionais importam o vocabulário sem
interesse algum em tradução ou adaptação à ortografia de nossa língua, jovens
curtem e consomem música em língua inglesa, mesmo sem compreensão de suas
mensagens, bem como filmes e seriados são exibidos nessa língua estrangeira,
uma vez que o Brasil é um dos maiores compradores, na América Latina, da
produção cinematográfica americana.
Todavia, apenas a presença dessa língua estrangeira (doravante LE) nesses
espaços do cotidiano não é suficiente para a ascensão social dos indivíduos, visto
que para interagir como sujeito nos espaços culturais, econômicos e acadêmicos, é
necessário ter o domínio da língua a fim de usá-la numa perspectiva prática e
social no atual contexto brasileiro. Daí a relevância da aprendizagem dessa língua,
que nos reporta à afirmação de Paiva (2010) de que aprender o inglês hoje
equipara-se a importância de aprender uma profissão. Essa aquisição pressupõe a
devida competência linguística para sua efetivação de forma oral e escrita, pois “o
uso da língua implica o domínio de um conjunto de procedimentos bastante
complexos, associados não apenas à produção e percepção dos diferentes sons da
fala, mas também aos efeitos característicos da distribuição funcional desses sons
pela cadeia sonora” (MARTELOTTA, 2010, p.17). Afinal, toda língua possui uma
estrutura, uma gramaticalidade, as quais, falantes aprendem desde a infância de
forma natural. A comunicação se estabelece através dela, se houver conhecimento
de restrições intrínsecas, aquelas que fazem parte da própria estrutura da língua, e
extrínsecas, que são impostas pela comunidade linguística.
Nesse sentido, verificamos não apenas a necessidade da competência
linguística no uso, como também uma consciência sobre as implicações, funções e
efeitos de atos de comunicação. Isto nos reporta à importância da consciência do
professor de Língua Inglesa e a consequente formação profissional que atenda às
necessidades intrínsecas desse processo de aprendizagem, visto que a ideia
contemporânea de letramento pressupõe o uso da língua em eventos
comunicativos, quando o indivíduo é capaz de, por meio do idioma ,estabelecer
diálogo, de forma oral ou escrita, com outros usuários da língua de forma a
favorecer a sua competência para expressar-se e atuar nos contextos utilizando a
língua. Entendemos, então, que a concepção contemporânea de letramento deva

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 245


 

ser uma prática social, de modo que os indivíduos tornem-se aptos a estabelecer
relações de poder uns com os outros, usando competentemente a língua como
instrumento de interação.
É nesse pensamento que Soares (1998) enfatiza que a concepção que
encara o letramento como prática social, prioriza a dimensão social do fenômeno
letramento, o qual passa a ser considerado como aquilo que o indivíduo faz com as
habilidades linguísticas em seu contexto e como essas capacidades se relacionam
com suas necessidades, valores e práticas sociais. Em seu raciocínio, essa
concepção pode implicar um letramento como uma habilidade funcional, que traz
em seu bojo:

[...] a crença de que consequências altamente positivas advêm,


necessariamente, dele: sendo o uso das habilidades da leitura e escrita
para o funcionamento e a participação adequados na sociedade, e para
o sucesso pessoal, o letramento é considerado como responsável por
produzir resultados importantes: desenvolvimento cognitivo e econômico,
mobilidade social, progresso profissional, cidadania (SOARES, 1998,
p.74).

Não obstante, a noção de letramento é ampliada quando considera que


essa prática não deva ser um instrumento neutro, mas que se estabeleça como um
conjunto de ações construídas socialmente por intermédio da leitura e escrita, que
sejam “responsáveis por reforçar ou questionar valores, tradições e formas de
distribuição de poder presentes nos contextos atuais” (SOARES, 1998, p.74-75). É
essa nova forma de encarar o letramento que, atualmente, recebe o título de
“multiletramentos” por pesquisadores da área e que o veem como uma prática
social complexa e crítica, edificada com base em interações sociais cotidianas em
espaços específicos.
Nesse mesmo entendimento, Street (2014), desde a segunda metade do
século XX, tem apregoado mediante seus estudos a importância de desviar a
atenção da concepção dominante que reduz o letramento a um conjunto de
capacidades cognitivas, que é oriundo de um modelo interpretativo de letramento,
que ele denomina de “autônomo”. Segundo o autor, este modelo revela uma
concepção centrada no sujeito e nas capacidades de usar apenas o texto escrito.
Dessa forma, opondo-se ao modelo “autônomo”, Street (2014) propõe um modelo
“ideológico” para compreender o letramento em termos de práticas concretas e
sociais. As práticas letradas são, nesse ponto de vista, produtos da cultura, da
história e dos discursos.
Nesse pensamento, o autor propõe um leque de reflexões sobre letramento,
e suas ideias se tornaram atuais no contexto político e educacional do Brasil onde,
inclusive, cursos de Pedagogia e Letras têm alterado seus currículos, inserindo
disciplinas acadêmicas que discutem o conceito de letramento e suas implicações
para a prática profissional de professores, os quais, dada essa oportunidade,
poderão, por exemplo, refletir sobre o letramento como um conceito plural, pensar
seus usos em contextos específicos e adquirir perspectivas críticas de
compreensão do que Street (2014) denomina de teoria da “grande divisão”,

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 246


 

referindo-se a uma visão etnocêntrica e hierárquica, que privilegia uma forma


particular de letramento sobre as tantas variedades que estudos atualmente
mostram existirem mundo afora. A dicotomia entre fala e escrita é para o autor um
reflexo dessa visão unilateral. Em contraposição a essa perspectiva, Street (2014)
propõe um modelo “ideológico” de letramento, que compreende que as práticas de
leitura e escrita estão sempre inclusas tanto em significados culturais, como em
alegações ideológicas sobre o que é considerado letramento e nas relações de
poder a ele associadas.
Como os estudos sobre novos letramentos substituem a noção tradicional
de letramento por uma abordagem sociocultural e passa a ser visto como um
conjunto plural de práticas sociais, essa concepção abarcou também a consciência
da variedade de letramentos possíveis e nesse entendimento a aquisição de uma
LE passa a figurar como uma possibilidade de letramento, uma profícua e
fundamental ferramenta a ser utilizada nas relações também interculturais.
Embora, atualmente, haja a compreensão da necessidade do letramento em
Língua Inglesa, estudiosos da área têm constatado que sua aprendizagem é
deficitária nas escolas públicas pelas dificuldades existentes no processo de
ensino-aprendizagem e, prioritariamente, pela falta de conhecimento linguístico de
muitos professores. Esses dados negativos são facilmente compreendidos como
resultado e reflexo do panorama histórico de seu ensino no Brasil.
A história do ensino de LE revela que o desejo por aprender uma outra
língua sempre esteve presente. Com fins bélicos ou pacíficos, das antigas
civilizações até as atuais, o interesse nessa aquisição é manifesto, pois as línguas
têm servido de mediadoras para ações políticas e comerciais, além de atuarem
como veículos do conhecimento científico e produção cultural.
No Brasil, o ensino oficial de línguas estrangeiras inicia-se em 1837 quando
da criação do Colégio Pedro II. Segundo Paiva (2010), nessa época as línguas
modernas como o francês, o inglês e o alemão, ocuparam, pela primeira vez, uma
posição análoga à dos idiomas clássicos, embora fosse ainda notória a preferência
pelo latim. Na República, o grego, que era uma das línguas obrigatórias, foi retirado
em 1915 e após a revolução de 1930 fora criado o Ministério da Educação e Saúde
Pública. A reforma de Francisco Campos em 1831 instituiu 09 horas semanais de
aulas de francês e 08 horas dedicadas ao inglês na educação infantil. Em 1942, a
Reforma Capanema manteve o prestigio das línguas estrangeiras, com ênfase no
francês em detrimento do inglês, quando passa a assegurar quatro anos de estudo
para o francês e três para o inglês. Já no colégio, anos que correspondem ao atual
ensino médio, o ensino das duas se dava em dois anos. A presença da Língua
Francesa na sociedade era muito mais forte pela influência da França na cultura e
ciência.
Entretanto, essa preferência já havia sido ameaçada com a chegada do
cinema falado na década de 20, do século XX, quando a LI começara a se difundir
em nossa cultura. Ademais, depois da Segunda Guerra Mundial, intensificaram-se
as relações e a dependência econômica e cultural brasileira dos Estados Unidos, o
que provocou o aumento do desejo de aprender inglês. Na década de 40, do século

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 247


 

passado, o Brasil recebe, então, missões de boa vontade americanas compostas de


professores universitários, jornalistas, cientistas e outros com o intuito de estreitar
laços de cooperação. A partir dessas missões e produção cultural americana, a
língua foi ganhando espaço em relação à Língua Francesa e falar o idioma inglês
passou a ser o anseio de muitos.
Todavia, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) de 1961 retirou a
obrigatoriedade do ensino de LE no ensino médio e deixou a cargo dos estados a
opção pela sua inclusão nos currículos, o que provocou, paradoxalmente, a procura
pelo inglês fora da escola e, segundo Paiva (2010), nos últimos trinta anos, nota-se
uma explosão de cursos particulares de inglês e uma intensificação do senso
comum de que não é possível aprender língua estrangeira (LE) nos cursos
regulares. O ensino de inglês na escola regular foi perdendo espaço nas grades
curriculares. A redução de horas dedicadas ao ensino é evidenciado no império e
se estende ao longo do período republicano:

Durante a República, embora partindo de um ímpeto inicial bastante


expressivo, principalmente com a reforma de Fernando Lobo em 1892,
nota-se uma redução ainda mais acelerada na carga horária semanal
dedicada ao ensino das línguas. Assim, de 76 horas semanais/anuais,
em 1892, chega-se em 1925, a 29 horas, o que é menos da metade.
(LEFFA, 1999, p. 15)

Assim, tanto a LDB de 1961 como a de 1971 deixaram a cargo dos


Conselhos Estaduais de Educação a decisão de sua importância. Em 1971, a lei
5692 trouxe a novidade do núcleo comum, separando Comunicação e Expressão,
Estudos Sociais e Ciências, e em Comunicação e Expressão, o único conteúdo
obrigatório era a Língua Portuguesa com a recomendação em seu artigo 7º de que
se acrescentasse uma língua estrangeira moderna quando o estabelecimento
tivesse condições para desenvolvê-la com eficiência. Para Paiva (2010) isso
minimizou a importância da LE e ofereceu uma desculpa para que não ocorresse o
ensino sem explicitar que condições seriam essas. Essa lei, inclusive, traz um
parecer 853/71 de 12 de novembro que afirma ser o ensino de LE ineficaz nas
escolas sem base em qualquer pesquisa. Houve redução de um ano total da
escolaridade, o que, segundo Leffa (1999) trouxe consequências negativas ao
ensino de línguas, pois ocorreu uma drástica redução nas horas de ensino pela
introdução da habilitação profissional. Muitas escolas retiraram a LE do 1º grau e,
no 2º grau, estabelece-se 1 hora de ensino semanal, que poderia ser em apenas
um dos anos. Assim, no supletivo, inúmeros alunos passaram pelo 1º e 2º graus
sem terem o privilégio de estudar uma língua estrangeira.
Nessa perspectiva de não obrigatoriedade, tivemos como consequência a
falta de uma política nacional de ensino de línguas estrangeiras. O status de
inferioridade em relação às obrigatórias e a redução de carga horária geraram,
inclusive, a perda do poder de reprovar em alguns estados.
Em 1976, a Resolução 58 resgata um pouco do prestígio de línguas
estrangeiras quando torna o ensino dessas obrigatório para o então chamado

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 248


 

ensino de 2º grau. Entretanto, em relação ao primeiro grau, é apenas


recomendado, caso haja condições da escola. Mais uma vez, não se esclarece que
condições seriam essas. O Estado de São Paulo, por sua vez, incluiu a disciplina
para aproveitar recursos humanos, mas, em 1985, o Conselho Estadual de
Educação modificou a nomenclatura de “disciplina” para “atividade” (COSTA,
1987).
Cria-se, então, conforme Paiva (2010), um abismo entre a educação das
elites e das classes populares, pois as primeiras sempre buscaram o ensino das
Línguas Estrangeiras nas escolas particulares e institutos de idiomas. Parte da
Academia do sudeste do país, professores envolvidos no projeto de inglês
instrumental promovido pela PUC-SP, passa a defender o ensino da escola como
instrumental, focado apenas na leitura e a ideia é apoiada por escolas técnicas e
outras instituições que adotam essa modalidade e, assim, para as classes
trabalhadoras a LI, quando estudada, deveria ter apenas o objetivo instrumental e
não o da comunicação. Não é de se estranhar, então, que, até os dias atuais, os
objetivos de ensino dessa língua claramente não perpassem a oralidade.
Em 1996, aconteceu o I Encontro Nacional de Política de Ensino de Línguas,
proposto pela Associação de Linguística Aplicada do Brasil (Alab), quando é
divulgada a Carta de Florianópolis, que propunha um plano emergencial para o
ensino de línguas no país. O documento enfatiza que todo brasileiro tem direito à
cidadania, a qual inclui a aprendizagem de línguas estrangeiras pela necessidade
devido ao mundo globalizado e poliglota. Propõe que o ensino seja eficiente e não
vise a objetivos instrumentais. Daí, um mês depois, é promulgada a nova LDB que
torna o ensino de LE, o inglês, obrigatório a partir da quinta série do ensino
fundamental. A mesma lei estabelece que, no ensino médio, poderia ser instituída
uma segunda língua em caráter optativo (PAIVA, 2010).
Apesar de ter sua importância legitimada pela LDB, algumas ações
governamentais e brechas nessa lei contribuem para o ensino de idiomas ainda ser
visto com pouca relevância e desligado de projetos pedagógicos. Os Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCNs) do ensino fundamental de 1998, documento por
exemplo, privilegiam o ensino da leitura em detrimento das outras habilidades e
reproduz o preconceito contra as classes populares quando afirma que somente
uma parcela da população tem a oportunidade de usar línguas estrangeiras como
instrumento de comunicação oral. O documento do Ministério da Educação (MEC)
também reafirma a má condição de ensino no país para justificar o foco em apenas
uma habilidade sem propor políticas de qualificação docente e, consequentemente,
melhoria do ensino (PAIVA, 2010).
Dessa forma, o direito à educação, garantido pela Constituição Federal no
artigo 205 é negado, se considerarmos que o preparo para o exercício da cidadania
e qualificação de trabalho perpassa a aprendizagem de língua estrangeira. A
trajetória do ensino de LE no país, indubitavelmente, contribuiu para o insucesso no
que tange à aprendizagem do inglês nas escolas públicas nos dias atuais.
Essa desfavorável trajetória, por conseguinte, tem refletido nos espaços de
formação de professores, visto que a universidade perpetua a desatenção ao

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 249


 

ensino de língua estrangeira a esses profissionais e reforça, muitas vezes, a ideia


da falta de condições de ensino para as línguas estrangeiras sem buscar caminhos
que transformem ou fortaleçam realidades.
Ademais, é sabido que muitos professores, embora conscientes da
relevância dessa competência linguística na atualidade, não se enxergam
capacitados para fazerem parte desse processo de aquisição da língua inglesa
como elemento motivador da aprendizagem de seu alunado, haja vista a falta de
domínio de aspectos linguísticos, na habilidade oral ou escrita, que constituem
reflexos de uma deficitária base pedagógica adquirida na formação desses
profissionais.
Acerca dessa realidade, Walesko e Procailo (2011, p.201), assegura que
“grande parte dos cursos de graduação em licenciaturas em Letras no Brasil não
consegue atingir plenamente os objetivos necessários para uma formação
profissional sólida”, ou seja, o domínio dos aspectos linguísticos, tanto na
habilidade oral quanto na escrita, o que representa a falta de uma base pedagógica
e de conhecimentos em Linguística Aplicada consistentes. A boa formação desse
profissional é, muitas vezes, resultado do empenho individual, uma vez que os
cursos de licenciatura ensinam sobre a língua sem propor aprofundamento na área
específica de aprendizagem de Língua estrangeira. Segundo as autoras, a lacuna
deixada na formação inicial do docente gera, por conseguinte, a necessidade de
criação de ambientes de Formação Continuada uma vez que, diante do grande
número de professores que concluíram o curso de licenciatura há muitos anos, é
necessário reavaliar a validade das metodologias de ensino adotadas, assim como
desenvolver suas habilidades cognitivas, o aprimoramento profissional e a
motivação para continuar o caminho que escolheram seguir.
Acerca da formação continuada, Almeida Filho (2015) ainda afirma que a
formação continuada ou permanente refere-se ao engajamento do professor em
serviço pela busca do aperfeiçoamento profissional, seja em curso de formação de
professores presenciais ou à distância ou de forma independente, a partir da
reflexão sobre o próprio trabalho, o que nos remete a importância de
conscientização dos mesmos acerca dos atuais desafios relacionados ao ensino do
inglês.
Lamentavelmente essa discussão aponta para um cenário desfavorável ao
ensino da língua no contexto nacional, já que determinantes como a formação de
professores não favorecem o eficaz e adequado letramento dos mesmos e alguns,
por vários fatores, ainda não trilham o caminho da formação continuada.

4. CONCLUSÕES

Diante do estudo realizado, percebe-se a relevância do letramento em língua


inglesa a ser compreendido como oportunidade de interação com o outro e com
outras culturas, podendo propiciar à educandos a possibilidade de atuar no mundo
dos discursos de forma consciente e crítica.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 250


 

Sendo assim, considera-se fundamental refletir acerca da questão do


letramento em língua inglesa ou “multiletramentos” e seus desafios, numa
perspectiva mais atual, considerando sua pertinência nos espaços escolares, onde
seja compreendido como instrumento de interação e possibilidade de produção e
compreensão dos discursos na língua em foco, a fim de que indivíduos sejam
favorecidos com essa aquisição para uso numa dimensão social e política que os
favoreça no desenvolvimento da cidadania.
Verifica-se, entretanto, que o ensino que favoreça esse letramento tem sido
inviabilizado ao longo dos anos por diversos fatores, destacando-se aqui a ausência
histórica de políticas públicas que favoreçam ao ensino de línguas estrangeiras no
país e uma formação desvencilhada de aspectos linguísticos considerados pela
linguística aplicada, apontados como elementos responsáveis por esse cenário.
Compreende-se, então, como desafio, não apenas a necessidade da busca
pelo aperfeiçoamento da competência linguística do professor, como também nos
reporta à reflexão da importância da consciência desse profissional acerca de
implicações, funções e efeitos de atos de comunicação nesta língua universal.
Diante desse contexto histórico educacional brasileiro de uma trajetória
inexpressiva do ensino de Língua inglesa, de descasos expressos em leis
educacionais, as quais geraram sistemas de ensino indiferentes à relevância da
aquisição dessa língua ao longo desses anos, é possível perceber que tal
descompromisso desfavorece a aprendizagem do idioma, que não se consolida em
letramento com o fim da prática social, apesar da sua relevância e necessidade no
atual mundo globalizado. Constata-se, então, que essa indiferença reflete-se,
legitima-se e perpetua-se também em muitos cursos de formação de professores
de língua inglesa espalhados pelo país.
Essa constatação nos leva à refletir acerca da necessidade da otimização do
ensino dessa língua, a fim de que se estabeleça esse letramento em instituições de
ensino brasileiras, onde torna-se urgente e necessário como prática social, haja
vista a demanda posta pelo contingente de comércio, exportação, ciência e outros
que hoje se estabelece.
Portanto, está claramente posto o desafio de otimizar a prática pedagógica
de docentes da área através da potencialização das políticas educacionais de
formação de professores e formação continuada, a fim de que se atenda à
demanda desse processo de letramento frente a atual universalização da língua
inglesa nos âmbitos acadêmico, científico e comercial, considerando que há
lacunas em potencial a serem preenchidas com investimentos em políticas
públicas, práticas pedagógicas e novos modelos curriculares que atendam à
demanda de professores em formação e em atuação.
Nesse sentido, espera-se que o estudo possa contribuir de forma efetiva na
reflexão da temática e continuidade de novas discussões e pesquisas na área de
linguística aplicada.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 251


 

REFERÊNCIAS

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8 ed. Campinas: Pontes, 2015.

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SP: Pontes, 2009.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 50ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 2011.

LE BRETON, Jean-Marie. Reflexões anglófilas sobre a geopolítica do inglês. In:


LACOSTE, Yves (org.). A geopolítica do inglês. São Paulo: Parábola, 2005.

LEFFA, V.J. Criação de bodes, carnavalização e cumplicidade: considerações sobre o


fracasso da LE na escola pública. In: LIMA, D.C de. Inglês em escolas públicas não
funciona? Campinas, SP: Pontes, 2011.

_____________. O Ensino de Língua Estrangeira no Contexto nacional. Contexturas,


n.4. São Paulo: Apliesp. p.15,1999.

LIMA, D.C de. Inglês em escolas públicas não funciona? Uma questão, múltiplos
olhares. Campinas, SP: Pontes, 2011.

MARTELOTTA, Mário Eduardo. Manual de Linguística. São Paulo: Contexto, 2010.

PAIVA, Vera Lúcia Menezes de Oliveira e ( Org.). Ensino de Língua Inglesa: reflexões
e experiências. 4 ed. Campinas, SP: Pontes Editores, 2010.

_____________. A LDB e a Legislação vigente sobre o Ensino e a Formação de


professor de Língua Inglesa. In: STEVENS, Cristina Maria Teixeira ( Org.). Caminhos e
Colheita: Ensino e Pesquisa na área de inglês no Brasil. Brasília: Editora
Universidade de Brasília, 2003.

SOARES, M. Alfabetização e letramentos: caminhos e descaminhos. Revista


Pátio,n.29.fev/abr2004.Disponívelem:http://www.acervodigital.unesp.br/bitstream
/123456789/40142/1/01d16t07.pdf. Acesso em outubro de 2015.

____________. Letramentos: um tema em três gêneros .2 ed. Belo Horizonte:


Autentica, 1998.

STREET, Brian V. Letramentos sociais: abordagens críticas do letramento no


desenvolvimento, na etnografia e na educação. 1. ed. São Paulo: Parábola Editorial,
2014.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 252


 

WALESKO, A; PROCAILO, L. Espaços para a formação continuada de professores de


língua inglesa. In: Formação “Desformatada” Práticas com professores de Língua
Inglesa. Campinas: Pontes, 2011.

ABSTRACT: This text aims to reflect on the challenges of teaching and learning the
English language, considering this linguistic competence as an opportunity for social
practice of the individuals because of the notorious demand in the academic,
scientific, industrial and commercial spheres. Based on authors such as Almeida
Filho (2015), Leffa (2011), Paiva (2010), Soares (2005), among others, an
unfavorable historical panorama of foreign language teaching in Brazil is pointed,
due to a lack of languages teaching policies. As a result, the acquisition of English,
so necessary to the present day, is not established through the school. Although
they are anchored by law, educational public policies do not favor this literacy, and
although there are a large number of individuals in the world seeking the linguistic
competence to communicate through English, there are gaps and failures in the
teaching-learning process in school spaces, especially in public schools which are
consequences from the foreign languages teaching historical trajectory in Brazil.
Thus, it was possible to identify some mismatches related to the English teaching in
the country over the years, as well as the urgent need to optimize the pedagogical
practice of teachers through the strengthening of educational policies for teacher
training, in order to meet the demand of this literacy process. It is hoped to
contribute effectively to the reflections in applied linguistics, as well as to contribute
to the continuity of discussions and researches developed in this area.
KEYWORDS: English language, Teaching-learning, Historical overview, Literacy.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 253


 

CAPÍTULO XXIV

A INFLUÊNCIA DO PERFIL ESTUDANTIL NO


DESENVOLVIMENTO DE UM PROJETO PEDAGÓGICO: UM
TRABALHO REALIZADO NO ÂMBITO DO ESTÁGIO III DO
IFBA DE VITÓRIA DA CONQUISTA – BA
________________________

Amanda Moreira de Oliveira Melo ,

Wdson Costa Santos

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 254


 

A INFLUÊNCIA DO PERFIL ESTUDANTIL NO DESENVOLVIMENTO DE UM PROJETO


PEDAGÓGICO: UM TRABALHO REALIZADO NO ÂMBITO DO ESTÁGIO III DO IFBA DE
VITÓRIA DA CONQUISTA – BA

Amanda Moreira de Oliveira Melo


Instituto Federal da Bahia, Av. Amazonas, 3150, Ibirapuera, Vitória da Conquista-
BA.
Wdson Costa Santos
Instituto Federal da Bahia, Av. Amazonas, 3150, Ibirapuera, Vitória da Conquista-
BA.

RESUMO: De acordo com o artigo 82 da Lei nº 9.394, de 20 de Dezembro de 1996,


cabe aos sistemas de ensino prever, em sua jurisdição, as normas de realização do
estágio supervisionado. No Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia da
Bahia, de Vitória da Conquista, o regimento interno prevê quatro estágios
supervisionados para o curso de Licenciatura em Química, sendo que no terceiro
estágio ocorre, além da regência, a elaboração de um projeto pedagógico
específico para a turma acompanhada. Esse projeto busca romper com as formas
tradicionais de organização curricular, mostrando uma nova forma de ministrar os
conteúdos do que somente como se encontram nos livros, pois trabalhando com
temas há uma abertura no espaço do diálogo com os discentes e no planejamento,
possibilitando que o estudante seja o sujeito ativo da sua aprendizagem (SILVA et
al, 2008). Para que a turma possa alcançar os objetivos inicialmente propostos é
preciso que estes participem com interesse nas atividades tenham sido propostas,
o interesse, porém, possui uma variedade de fatores que o podem influenciar
como, região, classe social e até o gênero (NEVES; TALIM;, 2009). Caso os
discentes não demonstrem comprometimento com o desenvolvimento das
atividades estas podem não ser realizadas e os objetivos iniciais propostos podem
não ser alcançados. Diante disso, este trabalho tem como objetivo relatar como o
perfil dos estudantes interfere no desenvolvimento das atividades propostas pelo
projeto pedagógico do estágio Supervisionado em Química III do Curso de
Licenciatura em Química do IFBA de Vitória da Conquista.

1. INTRODUÇÃO

De acordo com artigo 82 da Lei nº 9.394, de 20 de Dezembro de 1996,


cabe aos sistemas de ensino prever, em sua jurisdição, as normas de realização do
estágio supervisionado. Assim cada instituição de ensino irá estabelecer normas de
estágio específicas para a região em que ela se encontra. No Instituto Federal de
Educação Ciência e Tecnologia da Bahia, de Vitória da Conquista, o regimento
interno prevê quatro estágios supervisionados para o curso de Licenciatura em
Química, a serem desenvolvidos a partir do quinto semestre.
No terceiro estágio – Estágio Supervisionado em Química III – além da
regência ocorre a elaboração de um projeto pedagógico específico para a turma

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 255


 

acompanhada. O projeto é obrigatório nessa etapa e deve ser planejado a partir


dos problemas, necessidades e características iniciais da turma, percebidas por
meio de observações inicias e da aplicação de um questionário de sondagem.
Assim, após o período de observação de uma turma de 1º ano, foi proposto o
projeto “Gincana em sala de aula: uma construção de uma linha do tempo dos
modelos atômicos”, com o objetivo de que ao fim do mesmo os alunos pudessem
compreender o dinamismo do conhecimento científico e a importância do estudo
no processo de execução das atividades que seriam desenvolvidas.
De acordo com SILVA et al, (2008) o projeto busca romper com as formas
tradicionais de organização curricular, mostrando uma nova forma de ministrar os
conteúdos do que somente como se encontram nos livros, pois trabalhando com
temas há uma abertura no espaço do diálogo com os discentes e no planejamento,
possibilitando que o estudante seja o sujeito ativo da sua aprendizagem. Sendo
assim, ele é desenvolvido após o período de observações, reunião com o
supervisor, e aplicação do questionário de sondagem para que este se aproxime o
máximo possível do perfil da turma, atendendo aos interesses dos discentes.
O interesse e a participação da turma nas atividades do projeto são de
extrema importância para que o mesmo possa alcançar os objetivos inicialmente
propostos, saber o que os discentes gostam, ou não, é muito importante para a
obtenção de um aprendizado proveitoso no ensino de ciências. Porém há uma
variedade de fatores que podem influenciar os interesses dos estudantes como,
região, classe social e até o gênero (NEVES; TALIM;, 2009). Caso eles demonstrem
o não comprometimento com o desenvolvimento das atividades estas podem não
ser realizadas e os objetivos iniciais do projeto podem não ser alcançados.
Diante disso, o trabalho aqui apresentado tem como objetivo relatar como o
perfil dos estudantes interfere no desenvolvimento das atividades propostas pelo
projeto pedagógico do estágio Supervisionado em Química III do Curso de
Licenciatura em Química do IFBA de Vitória da Conquista.

2. METODOLOGIA

Para a elaboração do projeto do Estágio Supervisionado em Química III, do


IFBA de Vitória da Conquista, foram realizadas observações na turma de 1º ano do
estágio e ao fim destas foi aplicado um questionário de sondagem, para que o
projeto melhor se adequasse aos interesses dos estudantes.
Após esse processo de observação, da conversa com o supervisor e da
análise dos questionários, percebeu-se que a turma era nitidamente agitada,
perdendo o interesse pelas aulas muito rapidamente, e que os discentes não
possuíam o costume de estudar e/ou realizar exercícios em casa, o que refletia no
desempenho baixo da turma na área da química.
Assim, buscou-se um projeto que chamasse a atenção e despertasse mais
interesse dos estudantes pelas aulas de química, além de fazê-los buscar o
aprimoramento do aprendizado por meio do estudo e de pesquisas. O projeto foi

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 256


 

intitulado “Gincana em sala de aula: uma construção de uma linha do tempo dos
modelos atômicos”.
Dessa forma, a turma foi dividida em grupos de até 6 alunos, onde cada
grupo ficou responsável por fazer as atividades referentes a um único modelo e ao
longo das aulas, após a apresentação de uma atividade, a estagiária designaria aos
grupos uma nova atividade para que, ao fim a linha do tempo construída, tivesse
mais de um material acerca do modelo que o grupo ficou responsável. Cada
atividade teria uma pontuação de zero a dez, e a execução das mesmas, assim
como as orientações, seriam passadas de semana a semana concomitantemente
com a ministração das aulas. A avaliação qualitativa e quantitativa seria processual
com base na organização, pontualidade, postura em sala de aula, a contribuição
para a construção do conhecimento, entre outras que pudessem vir a aparecer.
Foram planejadas para a turma seis atividades que fariam parte da gincana,
como é mostrado na tabela 1 abaixo. A primeira atividade seria feita após a
realização de uma atividade individual escrita para que os alunos relatassem
separadamente quais as características e propriedades dos modelos atômicos de
Dalton, Thomson, Rutherford e Bohr, especificando também as semelhanças e
diferenças entre o modelo anterior e o modelo seguinte. A atividade individual
serviria de base para a primeira atividade em grupo, que serviria de base para a
segunda, e assim sucessivamente.
A primeira atividade foi um texto e um resumo, onde foi solicitado que os
alunos buscassem um texto informativo sobre o modelo específico do grupo,
contendo as características e propriedades do modelo, e em seguida fizessem um
resumo deste. O texto e o resumo seriam entregues como trabalho. Com base nas
informações do texto e do resumo, os grupos fariam uma paródia original sobre
determinado modelo, e após a apresentação da paródia, os grupos iriam fazer
placas temáticas contendo obrigatoriamente o ano e a data do modelo estudado.
Nesse momento os grupos já teriam uma base para a criação de pequenas
histórias em quadrinhos e em seguida, elaborar um jogo sobre o modelo do grupo.
Ao fim seria feito um modelo físico e na culminância seria feita uma linha do tempo
dos modelos, onde cada modelo teria um texto e resumo, uma paródia, uma
história em quadrinho, um jogo e um modelo físico.

TABELA 1 – Síntese das atividades do projeto


ORDEM DA ATIVIDADE ATIVIDADES DA GIN C AN A
Primeira Texto e resumo
Segunda Paródia
Terceira Placas temáticas
Quarta História em quadrinho
Quinta Jogo
Sexta Modelo físico

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 257


 

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A maior parte das atividades foi realizada, porém algumas atividades


previstas não foram concluídas, como a história em quadrinhos e o jogo. Durante o
desenvolvimento das atividades do projeto houve dias onde as aulas foram
canceladas, o que acarretou em um remanejo das datas, no número de atividades
que seriam feitas inicialmente, e na ordem que seriam feitas, assim a primeira e a
segunda atividade foram solicitadas separadamente, já a terceira e a sexta foram
solicitadas ao mesmo tempo. A turma incialmente se mostrou interessada na
gincana, sendo que era uma atividade que fugiria das aulas de química que
estavam acostumados.
Com a aplicação do projeto esperava-se que os alunos pudessem
compreender o dinamismo do conhecimento científico e a importância do estudo
no processo de execução das atividades que seriam desenvolvidas. Com as
atividades os discentes poderiam ver a importância do trabalho em grupo e
apropriar-se dos conhecimentos químicos acerca dos modelos atômicos, além do
desenvolvimento da escrita, da busca e do estudo, da criatividade e das relações
interpessoais. Porém, desde o início da atividade individual de caracterização e
propriedades dos modelos atômicos, a turma se mostrou desinteressada em
realizar as mesmas, não cumprindo com os prazos estabelecidos.
Foram feitos mais de um adiamento das entregas das atividades para que
os estudantes pudessem realizar cada uma da melhor maneira possível, mas
mesmo assim estas não ocorreram da forma esperada. Apenas um dos grupos, o
grupo responsável pelo modelo de Bohr, realizou a primeira e segunda atividade
como foi solicitado. Os demais grupos copiaram parte de um texto e colocaram
como resumo, e da mesma forma copiaram uma paródia da internet e colocaram
como uma paródia original.
Após esse evento, houve uma conversa com a turma, e deu-se uma
oportunidade para os grupos refazerem as mesmas, entregando-as no dia marcado
para a apresentação das placas (terceira atividade) e dos modelos físicos (quarta
atividade). Os prazos, porém não foram cumpridos como solicitado, esses atrasos
não possibilitaram a realização da culminância, pois para que a mesma ocorresse
seria preciso que todos os grupos estivessem com todas as atividades prontas.
Os grupos que tiraram dez na primeira atividade foram os que fizeram o que
foi solicitado, entregando a parte escrita como foi pedido, e mesmo que a maior
parte dos grupos não tenha feito a paródia foi dado uma nota da entrega da parte
escrita, pois esta também seria pontuada. A maior nota se deu no momento da
elaboração das placas e modelos físicos e nas atividades reelaboradas (o grupo de
Bohr não precisou reelaborar atividades).
Com base nas apresentações e nas entregas, percebeu-se que o projeto não
alcançou totalmente seu objetivo, uma vez que logo no inicio das atividades os
estudantes começaram a demonstrar desinteresse para devolver as mesmas, não
realizando o que era solicitado, não trabalhando em conjunto e muitas vezes não
cumprindo com os prazos. O fato de copiarem algo já pronto ao invés de

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 258


 

desenvolver as atividades mostra como a cultura do ctrl c/ctrl v existe no ensino


médio, mesmo quando está explicito que isso não deve ser feito.
Os motivos do não interesse dos estudantes pelo desenvolvimento das
atividades da gincana foram percebidos ao longo das aulas, porém um dos mais
significantes que foi notado foi o número de vezes que os alunos faltavam às aulas
que eram para a explicação do conteúdo, sendo que a maior parte dos discentes
estava presente apenas nos dias da entrega de alguma atividade. Como não iam
para as aulas onde as dúvidas acerca do conteúdo e das atividades eram sanadas,
os discentes não realizavam as atividades devidamente ou não a entregavam.
Contudo é preciso ressaltar que alguns alunos, participaram das aulas, fizeram
todas as atividades e estes foram os que mais demonstraram ter domínio dos
assuntos estudados.

4. CONCLUSÕES

Com a aplicação do projeto esperava-se que os estudantes desenvolvessem


e aprimorassem o trabalho em equipe e a organização para a execução dos
trabalhos propostos em sala de aula. Percebe-se, entretanto que estes não
trabalharam em grupo, sendo que um ou outro de cada grupo realizada as
atividades, isso trouxe uma desorganização na execução das atividades e o não
cumprimento dos prazos de entrega.
O não cumprimento dos prazos e a execução das atividades fora do que foi
solicitado contribuíram para que boa parte dos alunos não alcançasse os objetivos
do projeto de compreender o dinamismo e a evolução do conhecimento científico, e
ter ciência da importância do estudo no processo do autoconhecimento. Sendo que
como as atividades não foram desenvolvidas em conjunto não houve o estudo e a
construção do conhecimento que o projeto exigia dos estudantes.
A condição ideal seria que a turma pudesse atingir plenamente os objetivos
traçados pelo projeto, para tal seria necessário que os alunos participassem das
atividades constantemente e que mantivessem uma rotina de estudo fora da sala
de aula. Entretanto, na prática isso não ocorreu, o que levou ao atraso das
apresentações e a não culminância, resultando na não elaboração da linha do
tempo. Isso demostra que mesmo que o professor esteja disposto a realizar
atividades diferentes, é imprescindível que os alunos participam e desenvolvam
estas atividades, caso contrário o objetivo almejado não poderá ser alcançado.

REFERÊNCIAS

BRASIL. LDB - Lei nº 9394/96, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as


diretrizes e bases da Educação Nacional. Brasília: MEC, 1996. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/lei9394_ldbn1.pdf>. Acesso em: 7
set. 2017

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 259


 

IFBA. Normas e regulamento do estágio curricular supervisionado. Aprovado pelo


Colegiado do Curso de Licenciatura em Química em 11 de setembro de 2014.
Disponível em:
<http://www.cliqui.conquista.ifba.edu.br/docs/Normas_Regulamento_Estagio_Sup
ervisionado.pdf> Acesso em: 07 set. 2017.

NEVES, M. L. R; TALIM, S. L. O interesse de estudantes de ensino fundamental por


temas de ciências: um estudo de caso transversal. Disponível em: <
http://posgrad.fae.ufmg.br/posgrad/viienpec/pdfs/975.pdf>. Acesso em: 12 out.
2017.

SILVA, P. B et al. A pedagogia de projetos no ensino de química - o caminho das


águas na Região Metropolitana do Recife: dos mananciais ao reaproveitamento dos
esgotos. Relatos de sala de aula, química nova na escola, n. 29, ago. 2008.
Disponível em: <http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc29/04-RSA-0307.pdf>.
Acesso em 12 out. 2017

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 260


 

CAPÍTULO XXV

A UTILIZAÇÃO DE JOGOS COMO RECURSO DIDÁTICO


PARA DINAMIZAR O ENSINO DE QUÍMICA
________________________

Weslei Oliveira de Jesus ,

Grazielle Alves dos Santos

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 261


 

A UTILIZAÇÃO DE JOGOS COMO RECURSO DIDÁTICO PARA DINAMIZAR O ENSINO DE


QUÍMICA

Weslei Oliveira de Jesus


Instituto Federal Goiano – Campus Urutaí
Urutaí – Goiás
Grazielle Alves dos Santos
Instituto Federal Goiano – Campus Urutaí
Urutaí – Goiás

RESUMO: A aplicação de jogos na disciplina de Química está sendo uma forma fácil
e eficaz que motivam os alunos a gostar mais da disciplina, melhorando assim seu
rendimento escolar. Em sala de aula, também podem ser aplicados jogos (psico)
dramáticos, conhecidos como dinâmicas, que tem a intenção de proporcionar aos
participantes um momento de descontração e relaxamento. Esse tipo de atividade
é usada para anteceder um momento que necessite de atenção, pois com ele é
possível trabalhar com o raciocínio lógico e com a autoconfiança. Esse trabalho tem
como objetivo relatar o desenvolvimento e a aplicação de um Projeto Educativo,
com o tema “Dinamizando o Ensino de Química através de jogos”, na intenção de
verificar a aprendizagem do conteúdo abordado na regência, além de relembrar os
conceitos básicos de Química Orgânica. Na aplicação dos jogos, observou-se que
estes possibilitaram aos alunos relembrar e adquirir algum conhecimento que
estava esquecido ou que não havia sido trabalhado e que é dada pouca ênfase na
aplicação da Química no cotidiano do aluno, seja por parte do professor que não
exemplifica ou por parte do aluno, que não tem interesse de perguntar ou de ler o
próprio material de estudo. Na execução do projeto, pode-se perceber que através
de pequenas ações, com um pouco de criatividade e disposição é possível tornar o
processo de aprendizagem mais prazeroso e dinâmico.
PALAVRAS-CHAVE: Estágio Supervisionado, Formação de professores, Jogos
didáticos.

1. INTRODUÇÃO

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio


(BRASIL, 1999), a Química, como disciplina escolar, é um instrumento de formação
humana, um meio para interpretar o mundo e interagir com a realidade. Seu estudo
permite ao aluno conhecer e interpretar os fenômenos presentes em seu cotidiano,
assim como o papel que esta ciência desempenha na sociedade.
Atualmente, oferta-se em nossas escolas uma educação bancária, nos
moldes tradicionais, regados de muitos conteúdos e avaliações que tem como
único objetivo identificar se o aluno consegue reproduzir o que lhe foi repassado.
Tal situação, fez-se acreditar por muito tempo, que “a aprendizagem ocorria pela
repetição e que os estudantes que não aprendiam eram os únicos responsáveis
pelo seu insucesso” (CUNHA, 2012, p.92).

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 262


 

Aos poucos, percebeu-se que o fracasso dos alunos em determinada área


também estava relacionado com a forma de trabalho do professor, que vê a
necessidade de repensar sua prática docente. Segundo Cunha (2012) o interesse
daquele que aprende passou a ser a força motora do processo de aprendizagem e
o professor, o gerador de situações estimuladoras para se aprender.
O desenvolvimento de estratégias modernas e simples, utilizando
experimentos, jogos e outros recursos didáticos é recomendado para dinamizar o
processo de aprendizagem em Química (SOARES; OKUMURA; CAVALHEIRO, 2003).
A aplicação de jogos na disciplina de Química está sendo uma forma fácil e eficaz
que motivam os alunos a gostar mais da disciplina, melhorando assim seu
rendimento escolar.
Ele pode ser utilizado como promotor de aprendizagem das práticas
escolares, possibilitando a aproximação dos alunos ao conhecimento científico,
assim como afirma Piaget (1975):

Os jogos sempre constituíram uma forma de atividade inerente ao ser


humano, representando uma ferramenta de entretenimento, raciocínio,
diversão e integração social desde o seu início. Através de uma atividade
lúdica como o jogo, é possível recriar uma realidade, moldá-la e de certa
maneira, vivenciá-la. (PIAGET, 1975).

Em sala de aula, também podem ser aplicados jogos (psico) dramáticos,


conhecidos como dinâmicas, que tem a intenção de proporcionar aos participantes
um momento de descontração e relaxamento. Esse tipo de atividade é usada para
anteceder um momento que necessite de atenção, pois com ele é possível
trabalhar com o raciocínio lógico e com a autoconfiança. Conforme ressalta Spolin
(2012), o jogo (psico) dramático estimula a vitalidade, despertando na pessoa sua
inteligência, criatividade, espontaneidade e intuição.
Nessa perspectiva, esse trabalho tem como objetivo relatar o
desenvolvimento e a aplicação de um Projeto Educativo, no âmbito do Estágio
Supervisionado no Ensino de Química II, realizado no 1º semestre de 2017, com o
tema “Dinamizando o Ensino de Química através de jogos”, na intenção de verificar
a aprendizagem do conteúdo abordado na regência, além de relembrar os
conceitos básicos de Química Orgânica.

2. METODOLOGIA

Como cumprimento da etapa do estágio “Desenvolvimento de um Projeto


Educativo”, foi desenvolvido com os alunos da turma da 3ª série do Ensino Médio
do Colégio Betel dois jogos: um (psico) dramático e outro didático, ambos com o
intuito de verificar o conhecimento químico dos estudantes.
O jogo (psico) dramático funciona da seguinte forma: um círculo é feito com
os participantes, onde cada um deve falar uma palavra que remeta a palavra dita
pela pessoa do lado. Ao final da rodada, é feito o contrário, cada participante
deverá falar o que te motivou a falar aquela palavra.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 263


 

Também foi desenvolvido um jogo da memória didático intitulado “Lembra –


Relembra”, para ser aplicado abordando os conceitos básicos estudados em
Química Orgânica, tais como: cadeias carbônicas, hidrocarbonetos, nomenclatura,
funções orgânicas e isomeria.
O objetivo do jogo é fazer com que os alunos relembrem o conteúdo
estudado, principalmente aquele ministrado durante a regência, através de cartas
que se complementam, assim como em um jogo da memória tradicional. As cartas
(Figura 1) foram feitas em um programa de editor de texto, impressas, recortadas,
coladas (frente – verso) e plastificadas.
Por se tratar de uma turma numerosa foram feitos 5 kits com 24 cartas
cada, onde a turma podia ser dividida em 5 grupos com 6 integrantes.

Figura 1. Cartas do jogo Lembra – Relembra.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Conforme agendado com a professora supervisora, no dia 22 de junho de


2017 o projeto educativo foi aplicado com os alunos da 3ª série do Ensino Médio,
no contra turno. Por se tratar do período vespertino, os alunos não são obrigados a
comparecer, no entanto, 14 alunos foram para a aplicação do projeto.
Primeiramente foi realizado o jogo (psico) dramático, onde o estagiário pediu
que os alunos fizessem um círculo (Figura 2) para explicar como a dinâmica iria
acontecer. Assim, foi feito primeiro um teste para que todos entendessem o
funcionamento do jogo e logo em seguida, partiu-se para as rodadas definitivas.
Na primeira rodada o estagiário deu início a dinâmica falando a primeira
palavra que foi “orgânica”, seguido por sucessões de palavras dos alunos. Assim
que chegou no último aluno, este fez o processo contrário, dizendo o motivo pelo
qual havia falado aquela palavra.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 264


 

Figura 2. Alunos em círculo para o jogo (psico) dramático.

Durante essa atividade, foi possível observar que os primeiros alunos iam
bem e falavam palavras que se correlacionavam, outros, porém, não conseguiam
falar ou falavam palavras que desviavam o assunto, que era a Química. No
processo inverso, alguns alunos se perderam, mas a grande maioria conseguiu
lembrar a palavra dita pelo colega.
Mais duas rodadas foram feitas, agora com alunos mais participativos,
rápidos em suas respostas e fiéis ao tema. Com essa dinâmica conseguiu-se
propiciar um momento de descontração, relaxamento e espontaneidade aos
alunos, além de identificar o conhecimento químico adquirido.
Em seguida foi aplicado o jogo Lembra – Relembra, onde foram formados 2
grupos com 3 alunos e 2 grupos com 4 alunos para jogar (Figura 3). Cada grupo
recebeu um kit e as regras foram explicadas, sendo as mesmas do jogo original,
onde deveriam ser formados os pares correspondentes.

Figura 3. Em (A) e (B) alunos jogando o jogo Lembra – Relembra.

A B

Como se tratava de um jogo que envolvia conteúdos químicos, o estagiário


explicou as possíveis combinações de cartas, do tipo, nome/fórmula estrutural,
composto/aplicação, isômeros cis/trans, entre outros. Também foi dito que ao final
do jogo os alunos deveriam explicar para o estagiário o motivo pelo qual achavam
que aquele era o par correto.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 265


 

A aplicação do jogo foi bem tranquila, todos conheciam o tipo de jogo e


tentavam relacionar as cartas, porém, surgiram dúvidas na interpretação de
algumas cartas, onde foi solicitado a presença do estagiário. Com a intenção de
não contar a resposta, o estagiário fazia perguntas aos alunos, a fim de levá-los à
discussão/reflexão em busca da resposta e, consequentemente do par.
Dos 4 grupos, apenas um deles não conseguiu chegar ao final do jogo, pois
fizeram pares errados e alegaram que não sabiam relacionar as cartas que
sobraram. De modo geral, a grande maioria dos alunos conseguiram fazer os pares
corretos e souberam explicar suas escolhas. Houve alguns erros, que foram
discutidos e esclarecidos, relembrando o conteúdo químico.
O potencial lúdico e educativo de um jogo é verificado através da interação
dos participantes com a atividade, ou seja, divertir-se e aprender ao mesmo. O
potencial lúdico foi verificado através do prazer, da voluntariedade e da diversão,
que gerou até uma competição sadia entre os alunos, na busca por conseguirem
montarem os pares corretos.
Já como forma de medir o potencial educativo do jogo, foi aplicado um
questionário composto por 4 questões. O questionário foi aplicado aos 14 alunos
que participaram do projeto educativo, onde cada grupo respondeu um, sendo as
perguntas 1 e 4 subjetivas, e as perguntas 2 e 3 objetivas. Seguem os relatos das
questões subjetivas:
Questão 1 - A partir do jogo Lembra – Relembra e de seu conhecimento
químico, você consegue compreender a aplicação da Química Orgânica em seu
cotidiano? Em caso afirmativo, cite exemplos.
Com relação a questão 1, todos os grupos conseguiram compreender a
aplicação da Química Orgânica em seu cotidiano, como pode ser visto pelas
respostas:
“Sim. Alguns exemplos são: o gás de cozinha, o açúcar e a acetona”.
“Sim, como por exemplo para temperar saladas, disfarçar cabelo ruim,
conservar corpos de defuntos, temperar o jantar das inimigas, respirar”.
“Sim. Vinagre (ácido acético); formol (produtos de beleza); botijão de gás,
acetona, cafeína (amina/amida)”.
“Sim, através do gás de cozinha, do vinagre, da acetona removedora de
esmaltes e dos doces”.
Questão 4 - Qual a sua opinião sobre os jogos aplicados? As aulas
ministradas pelo estagiário ajudaram no jogo e na disciplina de Química?
“Foi de bastante importância, pois com eles nos divertimos e aprendemos”.
“Os jogos favorecem para um melhor aprendizado, de forma dinâmica. A
atuação do estagiário foi de muita competência e profissionalismo, tirou dúvidas,
auxiliou quando necessário na aprendizagem sobre Química”.
“Sim. Facilitou para ajudar a compreensão e fixação da matéria”.
“Foram ótimos. Ajudaram tanto no trabalho cooperativo entre equipe e
também no conhecimento da utilização da Química Orgânica no dia a dia”.
Já as questões objetivas, abordavam o conteúdo químico específico e eram
facilmente respondidas através do jogo Lembra – Relembra. Seguem as perguntas

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 266


 

objetivas:
Questão 2 - Isômeros são compostos com propriedades físicas e químicas
diferentes, porém apresentam a mesma fórmula molecular. Dessa forma os
compostos abaixo podem ser classificados como:

a) Isômeros ópticos b) Isômeros planos


c) Hidrocarbonetos d) Isômeros geométricos

Questão 3 - A Química orgânica está muito presente em nossa vida, como


por exemplo: no vinagre, utilizado para temperar saladas, está presente o ácido
acético. O álcool etílico é utilizado como agente desinfetante e o formol é muito
usado em alisamentos de cabelos e em conservação de corpos. Os nomes segundo
a IUPAC dos compostos em negrito são:
a) Ácido metanoico, etanol e etanal.
b) Ácido butanoico, metanol e metanal.
c) Ácido etanoico, etanol e metanal.
d) Ácido propanoico, etanol e etanal.
O gráfico abaixo mostra a porcentagem de acertos em cada questão.

Acertos nas questões objetivas

0%

43%
57% Questão 2
Questão 3

Gráfico 6. Porcentagem de acertos nas questões objetivas.

Analisando o gráfico, é possível afirmar que o número de acertos nas


questões objetivas foi alto, estando diretamente relacionado com o conteúdo do
jogo e com a explicação dos alunos na montagem dos pares. Dos quatro grupos,
apenas um assinalou a alternativa errada na questão 3, sendo ela discutida com as

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 267


 

alunas, afim de justificar o erro. Segundo Zanon, Guerreiro e Oliveira (2008):

Os jogos proporcionam ao aluno uma forma prazerosa e divertida de


estudar, além de oferecer ao professor uma maneira diferente de avaliar
a assimilação do alunado em relação aos conteúdos estudados, de
revisar a matéria ou como um meio mais dinâmico de fixar o
conhecimento, permitindo a identificação de erros de aprendizagem
(ZANON; GUERREIRO; OLIVEIRA, 2008, p. 77).

O jogo da memória abordava como a Química Orgânica está presente no


cotidiano, de forma que os alunos deveriam correlacionar determinado composto
ou função orgânica à produtos presentes em sua realidade. Assim, pode-se afirmar
que os jogos possibilitaram aos alunos relembrar e adquirir algum conhecimento
que estava esquecido ou que não havia sido trabalhado.

4. CONCLUSÃO

O projeto educativo foi uma proposta relevante e que trouxe bons


resultados, agregando conhecimentos a todos os envolvidos. Em sua execução
pode-se perceber que através de pequenas ações, com um pouco de criatividade e
disposição é possível tornar o processo de aprendizagem mais prazeroso e
dinâmico.
Com base na aplicação dos jogos, na participação dos alunos e nas
respostas ao questionário, pode-se concluir que o projeto educativo contribuiu sim
para o aprendizado dos alunos. No entanto, foi possível perceber que é dada pouca
ênfase na aplicação da Química no cotidiano do aluno, seja por parte do professor
que não exemplifica ou por parte do aluno, que não tem interesse de perguntar ou
de ler o próprio material de estudo.

REFERÊNCIAS

BRASIL, Ministério da Educação, Secretaria da Educação Média e Tecnológica.


Parâmetros Curriculares Nacionais: ensino médio. Brasília: Ministério da Educação,
1999.

CUNHA, M. B. Jogos no ensino de química: Considerações teóricas para sua


utilização em sala de aula. Química Nova na Escola. v.34, n.2, p. 92-98. Maio,
2012.

PIAGET, J. A Formação do Símbolo na Criança. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1975.

SOARES, M. H. F. B.; OKUMURA, F.; CAVALHEIRO, T. G. Proposta de um jogo didático


para o ensino do conceito de equilíbrio químico. Química Nova na Escola. n. 18, p.
13-17, 2003.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 268


 

SPOLIN, V. Jogos Teatrais na Sala de Aula. São Paulo: Editora Perspectiva, p. 30,
2012.

ZANON, D. A. V.; GUERREIRO, M. A. S.; OLIVEIRA, R. C. Jogo didático Ludo Químico


para o ensino de nomenclatura dos compostos orgânicos: projeto, produção,
aplicação e avaliação. Ciências & Cognição. v. 13, n. 1, p.72-81, 2008.

ABSTRACT: The application of games in the discipline of Chemistry is an easy and


effective way that motivate students to enjoy the discipline more, thus improving
their school performance. In the classroom, dramatic (psycho) games, known as
dynamics, can also be applied, which is intended to provide participants with a
moment of relaxation and relaxation. This type of activity is used to precede a
moment that requires attention, because with it is possible to work with logical
reasoning and with self-confidence. This work aims to report on the development
and application of an Educational Project, with the theme "Dynamizing the Teaching
of Chemistry through Games", in order to verify the learning of the content
addressed in the regency, in addition to recalling the basic concepts of Chemistry
Organic. In the application of the games, it was observed that these allowed the
students to remember and acquire some knowledge that was forgotten or that had
not been worked and that little emphasis is placed on the application of Chemistry
in the daily life of the student, or on the part of the teacher who does not exemplify
or by the student, who has no interest in asking or reading the study material itself.
In the execution of the project, one can see that through small actions, with a little
creativity and disposition, it is possible to make the learning process more pleasant
and dynamic.
KEYWORDS: Supervised Internship, Teacher Training, Educational Games.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 269


 

CAPÍTULO XXVI

CONSUMO SUSTENTÁVEL DE MATERIAIS:


CONHECIMENTOS DE QUÍMICA E SUA CONTRIBUIÇÃO
PARA A SOCIEDADE COM CIDADANIA.
________________________

Joaldo Bezerra de Melo

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 270


 

CONSUMO SUSTENTÁVEL DE MATERIAIS: CONHECIMENTOS DE QUÍMICA E SUA


CONTRIBUIÇÃO PARA A SOCIEDADE COM CIDADANIA.

Joaldo Bezerra de Melo


E.E.E.F.M. Irmã Joaquina Sampaio - Secretaria de Estado da Educação da Paraíba.
Campina Grande, Paraíba, Brasil.

RESUMO: Os conhecimentos químicos devem apontar para a formação de um


cidadão cada vez mais comprometido com a sustentabilidade, principalmente
nesses anos iniciais do novo século, de forma que suas práticas e atitudes
corroborem com o planejamento social, na busca de uma sociedade mais justa e
organizada. A proposta de se utilizar Consumo de Materiais, conhecendo métodos
de uso e reuso, descarte correto destes, baseado no aprendizado da escola, como
também sobre tratamento adequado da água e do lixo, se justifica na crescente
necessidade de se ter no convívio escolar a possibilidade de abordagem relativa à
racionalidade de uso, principalmente nessa região – Nordeste. O trabalho foi
realizado na E.E.E.F.M. Irmã Joaquina Sampaio, na cidade de Campina Grande-PB,
desenvolvido pelas turmas 1º A e 1º B, do turno Manhã, no ano de 2016, se
estendendo às dependências da escola e à comunidade circunvizinha, visando
fornecer informações a essa comunidade e com os conhecimentos de química
adquiridos na escola, atuar na mudança de atitudes, com noções importantes
sobre uso, produção, escassez, economia e obtenção desses materiais, naturais ou
artificiais. As informações que são adquiridas na escola são cruciais para se ter tais
cuidados e conhecer os reais processos que ocorrem para se ter tudo que
consumimos, principalmente alimentos e água, em quantidade e qualidade que
favoreçam o bem estar social. Foram realizadas aulas com os conteúdos
curriculares a serem contextualizados, visitas técnicas, pesquisa de campo,
produção de textos e confecção de cartazes e livretos informativos, divulgados na
Escola e na comunidade escolar.
PALAVRAS-CHAVE: Sustentabilidade, Conhecimentos de Química, Cidadania.

1. INTRODUÇÃO

A Escola deve ser por natureza, o lugar onde os estudantes protagonizem e


“aprendam” de forma sistemática e organizada, todas as práticas e atividades que
necessitarão para sua convivência e atuação na construção de seus espaços no
mundo que vivem e atuam. Os conhecimentos de química devem apontar para a
formação de um ser cada vez mais comprometido com a construção da cidadania,
principalmente nesses anos iniciais do novo século, de forma que suas práticas e
atitudes corroborem com o planejamento social, na busca de uma sociedade mais
justa e organizada.
Para Morin 2005, “É o conhecimento vivo que conduz a grande aventura da
descoberta do universo, da vida, do homem”. Nesse sentido, o conhecimento vivo é
o que é construído na escola todos dias do ano letivo, dentro das atividades

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 271


 

inerente aos estudos das disciplinas da grade curricular e, sendo propagado na


comunidade de atuação dos estudantes, contribuindo para a formação consciente
da sociedade em geral.
Frente ao iminente avanço tecnológico e o crescimento exagerado da
população, acarretando aumento de consumo, em certos casos excessivos, os tais
conhecimentos adquiridos ao longo da vida escolar, devem ser voltados para o
aprimoramento de ideias e práticas que contribuam em organizar e gerir valores
consumistas da sociedade industrializada das gerações, o que recai principalmente
na aplicação dos conhecimentos da ciência química como, por exemplo: na
certificação da qualidade da água de uma fonte, cálculo do teor de poluentes no ar,
determinação da quantidade de conservantes utilizados em alimentos, avaliação
da qualidade de alimentos vendidos, uso de fertilizantes artificiais e agrotóxicos, os
desperdícios, a produção e destino de resíduos e outras práticas que contribuam
com a manutenção da existência da vida no planeta.
A proposta de se utilizar o consumo de materiais, conhecendo métodos
produção, manutenção, consumo econômico x consumismo e destino de resíduos
destes, baseado no aprendizado da escola, como também sobre a relação
conhecimento científico e senso comum, além da produção de alimentos e suas
polêmicas, se justifica na crescente necessidade de se ter no convívio escolar a
possibilidade de abordagem relativa à racionalidade e busca do consumo
sustentável, principalmente nessa região – Nordeste.
De nada vale os estudos escolares se não forem transformados em
conhecimentos que melhorem a qualidade de vida das pessoas em consonância
com o convívio na comunidade em que fazem parte. Conhecer as Propriedades dos
materiais, os sistemas constituintes da natureza, as transformações e interações
atômicas entre outros, já que constitui o uso efetivo de consumo e consciência,
diretamente no modo de vida e suas necessidades, são imprescindíveis aos
estudantes do ensino médio, os quais sairão da educação básica com noções
importantes, sobre uso, produção, escassez e economia de todas as formas de
obtenção desses bens preciosos, formando uma sociedade que pratica a cidadania
e ajuda a construir um planeta melhor.
Aprender química não é simplesmente memorizar fórmulas, decorar
conceitos e resolver exercícios. Aprender química é entender como essa atividade
humana tem se desenvolvido ao longo dos anos, como os seus conceitos explicam
os fenômenos que nos rodeiam e como podemos fazer uso de seu conhecimento
na busca de alternativas para melhorar a condição de vida do planeta (SANTOS,
MÓL & cols., 2013).
A química está intimamente relacionada ao consumo da sociedade atual por
possibilitar a produção de novos bens de consumo. Para isso é fundamental
compreendermos como são desenvolvidos novos materiais e como se mudam as
propriedades dos já existentes, que também nos ajuda a compreender melhor as
consequências ambientais do alto consumo humano (PEQUIS, 2013).
O ensino de Química visa a contribuir para a formação da cidadania e, dessa
forma, deve permitir o desenvolvimento de conhecimentos e valores que possam

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 272


 

servir de instrumentos mediadores da interação do indivíduo com o mundo.


Consegue-se isso mais efetivamente ao se contextualizar o aprendizado, o que
pode ser feito com exemplos mais gerais, universais, ou com exemplos de
relevância mais local, regional (PCNs – Ensino Médio, 2002).
Na abordagem temática da química na série em questão, dar-se-á enfoque
aos materiais e as substâncias: suas propriedades, suas transformações e seus
constituintes, vendo os modelos dos constituintes e as suas interações, bem como
as suas proporções nas reações químicas. São prioridades nas pesquisas da área,
conteúdos básicos da 1ª série do Ensino Médio, especificamente nos primeiros três
bimestres do ano letivo, onde oportunamente se contextualiza com cuidado no
manuseio de produtos e simbologia, equívocos entre natural e artificial, química
verde, conservação dos alimentos e descarte de materiais, adulteração e uso
indevido de combustíveis, alternativas para o lixo produzido, radioatividade,
mercado e consumo sustentável, entre outros, fazendo os estudantes entenderem
pelo lado da química ambiental por meio de temas que demonstram impactos da
tecnologia química na sociedade, possibilitando – os desenvolver ações que
conciliem desenvolvimento tecnológico, qualidade de vida, preservação ambiental
e justiça social.
Para isso, precisamos compreender os problemas relacionados às
mudanças climáticas que ameaçam a nossa existência e buscar uma mudança de
atitude em relação ao consumismo, ao destino do lixo, à poluição atmosférica, ao
uso indiscriminado de agrotóxicos e de produtos químicos (SANTOS, MÓL & cols.,
2013, Op.cit). Estudar-se-á esses temas discutindo problemas sociais e atitudes
para assegurar a vida das nossas e das futuras gerações.
Como responsável por grandes transformações na natureza, a química
muitas vezes é entendida como vilã, o que precede uma obrigação para os
participantes de processos educativos (Escola, professores, estudantes),
trabalharem essas questões, desmistificando informações errôneas preexistentes.
Para a prática do consumo sustentável de materiais que contribuem com a
manutenção da vida social e cidadã, é necessária a detenção do devido
conhecimento de causa e das propriedades inerentes ao assunto. As informações
que são adquiridas na escola são cruciais para que se tenham tais cuidados e
conhecer os reais processos de transformações a que estamos deparados desde a
existência da vida, nos dias atuais e no futuro. Dessa forma, se faz necessário o
conhecimento dos educandos, dentro dos conteúdos estudados na escola,
possibilitando-os a analisar e tornar sustentável seus consumos diários, de forma
que passem a ter, dentro da escola e no seio familiar, como também na
comunidade em que vivem, hábitos diferentes no que se refere à racionalidade de
suas atitudes, o que culmina em práticas de cidadania, tendo em vista tender ao
equilíbrio, dependendo da correta informação que recebe na escola.
O trabalho realizado proverá essas informações necessárias à formação dos
estudantes da 1ª série do ensino médio, corroborando com a formação básica dos
mesmos, dentro da base curricular proposta nas diretrizes e parâmetros que regem
a formação básica do cidadão.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 273


 

Esse trabalho faz necessário na escola, para que dela emane os


conhecimentos básicos necessários ao uso sustentável de materiais diversos,
partindo do comportamento ambiental da própria escola, no que diz respeito ao
conhecimento e acesso pelo aluno, de subsídios que o condicionem a ter harmonia
dentro e fora da escola, além de ser uma forma de garantir o fornecimento da
informação e o monitoramento em relação aos cuidados com a forma de vida, o
trato com o Meio Ambiente. Nesse sentido, o objetivo principal é trabalhar os
conteúdos da série, referindo - os a informações sobre a produção, manutenção e
consumo de materiais, enfatizando a aprendizagem, de modo que o estudante
obtenha esse conhecimento na escola para uma prática de cuidados com o
ambiente onde vivem e atuam de forma sustentável e desenvolva esses saberes
em seu convívio familiar, na escola e na comunidade, contextualizando os
conteúdos de química e as concepções existentes em sua aprendizagem,
pensando de forma crítica e construtiva em situações de seu cotidiano,
relacionando com a realidade em que se vive, identificando as transformações da
Natureza da atuação do homem, promovendo mudança de atitudes e devolvendo à
sociedade, o conhecimento adquirido na escola.

2. METODOLOGIA

O trabalho foi desenvolvido com alunos do 1º ano A e do 1º Ano B do Ensino


Médio (duas turmas), do turno da manhã, da Escola Estadual de Ensino
Fundamental e Médio Irmã Joaquina Sampaio, na cidade de Campina Grande-PB,
estendendo-se, suas ações, à toda comunidade escolar, ao bairro onde se localiza
a escola e em comunidades vizinhas.
Tendo caráter contextual e informativo, a partir de estudo dos conteúdos de
química da 1ª série do ensino médio, especificamente Matéria e Energia,
Propriedades dos Materiais, Sistemas, Substâncias Puras e Misturas, Separação de
Misturas, Reações Químicas, Estrutura Atômica e Ligações Químicas, relacionando
aos temas pertinentes, seguido de pesquisas realizadas pelos alunos, sobre a
Química Verde, Descarte de Materiais, Natural e Artificial, Conservação dos
alimentos e desperdício, Radioatividade, Bioluminescência, Uso de substâncias
Químicas, entre outros e, a partir disto, a confecção de livretos
informativos/Folders, impressos e na versão eletrônica, contendo a informação
sobre Consumo Sustentável dos materiais, com vistas às alternativas de como
conseguir tal prática, para a escola e a comunidade, construindo a cidadania na
sociedade;
Com o conteúdo: Matéria e Energia serão contextualizadas a química verde
e cuidados em manuseio de produtos; Com o conteúdo: Propriedade dos Materiais
serão estudados os símbolos que os identificam com segurança, os usos e
descartes em locais corretos, a diferença do natural e artificial e adulterações; Com
o conteúdo: Sistemas substâncias puras e misturas e Separação de Misturas, será
investigado sobre a conservação dos alimentos, simulação do tratamento da água

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 274


 

e alternativas para o lixo; Com o conteúdo: Reações Químicas serão


contextualizadas as transformações que ocorrem aos materiais por ações de
diversos fatores, o consumo adequado de cada material, as relações de massas e
proporcionalidades; Com os conteúdos: Modelos atômicos (estrutura atômica) e
Ligações Químicas será contextualizado a Radioatividade e Medicina, os
Halogênios e a saúde humana, uso de certas substancias químicas de forma
adequada, embalagens, produção de alimentos, química e agricultura sustentável,
entre outros.
Foram realizadas visitas técnicas a entidades relacionadas, a fim de obter
informações acerca do trabalho executado e os alunos formularem seus conceitos.
Os alunos realizaram visitas nas demais salas de aula da escola e na comunidade
onde moram, onde distribuíram os boletos informativos/folders, para os que não
dispõem de equipamentos tecnológicos e, desenvolveram esses mesmos folders
informativos, com as fotos tiradas e os textos sucintos produzidos em suas
pesquisas, em aplicativos de seus celulares e tablets, promovendo, mudanças de
atitudes e contribuindo na construção da cidadania com práticas cidadãs.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com a metodologia aplicada, a partir das aulas na escola, sobre


Matéria e suas Propriedades, Misturas e separação de misturas, Reações
Químicas, Estrutura Atômica e Ligações Químicas, Aulas de vídeo paradidáticas,
visitas técnicas e entrevistas, foram produzidos, pelos alunos, textos, trabalhos
reunindo inclusive suas pesquisas teóricas, sobre os contextos paradidáticos para
o uso, consumo de materiais e alimentos, de forma racional e sustentável, com
informações bem relevantes, a saber:
1/3 dos alimentos do mundo, vão para o lixo; 1,3 bilhão de toneladas de
alimentos jogados no lixo por ano, no mundo; 33% dos alimentos em média, são
perdidos ou desperdiçados; 21 mil km2 por ano são desmatadas no Brasil, muitas
dessas áreas são utilizadas para a produção de alimentos.
Esses textos/trabalhos que produziram, refletem a compreensão deles
sobre o que viram, estudaram, conheceram e, desse modo, podem utilizar os
conhecimentos da escola, na própria escola, na comunidade em que vivem e
atuam e em suas famílias, contribuindo para a construção de uma sociedade com
mais cidadania.
Algumas das informações transcritas nos textos finais produzidos e
divulgados nos Cartazes e Boletos, com ilustrações, foram:
- Conservação dos Alimentos e Desperdício; A comida que vai para o Lixo;
Tratamento da Água e do Lixo; Formas diversas de Tratamento do Lixo;
Conceituação entre Lixo, Resíduos e Recicláveis; Diferença entre Natural, Artificial e
Adulteração; Transformações de Materiais e seus fatores; Radioatividade e uso de
substancias químicas adequada; As embalagens, química e Agricultura
Sustentável.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 275


 

Foi possível contextualizar, tendo em vista a aula dos conteúdos curriculares


já ter sido ministrada em sala de aula, os primeiros conhecimentos adquiridos de
forma teórica, em relação a Elementos químicos e sua classificação, materiais
naturais e artificiais, como também substâncias puras e misturas, relacionando
sempre ao uso racional da água, e consumo de alimentos saudáveis, com
referência na quantidade consumida e no descarte, evitando problemas posteriores
de forma sustentável.
Todas essas informações necessárias ao consumo sustentável de materiais
se referem à contextualização dos conteúdos da 1ª Série do Ensino Médio em
Química, estudados até a 3ª unidade bimestral.
Obviamente que a lista dos contextos trabalhados é mais extensa, inclusive
na parte do uso de substancias produção e consumo e agricultura sustentável.
Além disso, informações adicionais foram administradas e utilizadas pelos
professores de História, Física e de Biologia, na troca de informações e
interdisciplinaridade.
Ressalta-se que todas as imagens utilizadas e o trabalho realizado, foram
feitas pelos próprios alunos envolvidos no projeto que optaram em realizar um
trabalho imparcial, no intuito apenas de devolver os conhecimentos adquiridos na
escola, em benefício de sua comunidade.

Figura 1 – Aulas de vídeo e Visitas técnicas

Participaram atentamente de todas as atividades inerentes ao


desenvolvimento do trabalho, fazendo as devidas anotações e seguindo os
procedimentos de orientação.

Figura 2 – Demonstração alternativa e divulgação preliminar

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 276


 

Nota – se que em sequência, fazendo as contextualizações com o tema


trabalhado e também com os resultados das visitas técnicas, além da entrevista
com professores de outras disciplinas como História e Biologia, houve a produção
de desses Cartazes Informativos, como também boletos ou panfletos, contendo
textos e ilustrações ou imagens referentes, relatando as informações obtidas
sobre: Tratamento do Lixo, produção e desperdício de alimentos mundo afora, Uso
de substâncias diversas, entre outros já citados no trabalho, tudo monitorados pelo
professor da disciplina, como também, ainda corrigidos pela Professora de Língua
Portuguesa da referida escola.
Os materiais informativos formulados, antes foram escritos no quadro e
visto pelos demais, onde surgiram sugestões para a reformulação, durante o tempo
em que ia se estudando o conteúdo, além da correção feita pelo professor da
disciplina, adequando aos assuntos, para posteriormente serem divulgados em
página eletrônica.

4. CONCLUSÃO

Durante a execução do trabalho em questão, foi possível observar e


confrontar a teoria com a prática em forma de realidade vivida e analisada,
vivenciando o que a escola e as ações que dela emanam, como por exemplo, a
realização de atividades como essa, proporciona, que são a interação dos
estudantes com suas vivências, seus modos de pensar e agir, sua localização e
importância na comunidade em que vivem e atuam, de modo que utilizam os
conhecimentos adquiridos para seu bem, o da escola e o bem do próximo, entre
outros fatores.
Foi possível determinar um conceito próprio que o trabalho realizado em si é
de grande importância para a formação pessoal do aluno, sendo dada a
possibilidade de confrontar e aplicar os conhecimentos adquiridos no ensino
básico, com as atitudes racionais e sustentáveis fora da escola, no mundo em que
vivem e atuam, diminuindo a evasão, criando interesse e identificando formas de
serem bem avaliados, por exemplo, no IDEB e IDEBPB, nos Simulados e nos
processos seletivos para o ensino superior como o ENEM, por exemplo, entre
outros.
A culminância do projeto se deu com a publicação na Escola, em um dia
específico, de cartazes contendo informações sobre conteúdos contextualizados de
química da 1ª série e em que são utilizados tais conhecimentos, para um consumo
sustentável, o manuseio de determinados produtos, no consumo racional da água,
na conservação de alimentos, descarte de materiais na Natureza, entre outros.
Também foram distribuídos na escola, durante o tempo em que iam sendo
confeccionados, boletos informativos com as mesmas informações já citadas nos
resultados, como também, contendo a opinião desses alunos, no tocante ao tema
das atividades realizadas.
A função primordial da escola é mediar o conhecimento, fazendo o

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 277


 

estudante usá-lo em seu benefício e na melhoria da qualidade de vida. Foi possível


com a execução desse projeto, a desmistificação dos conhecimentos errôneos
sobre a química, confirmando que a mesma está presente na vida de cada um, faz
parte do metabolismo dos seres vivos, da produção de materiais que usam para
realizar suas funções e da existência renovável de bens imprescindíveis à
manutenção da vida na Terra.
Além disso, garantiu-se a prática da sustentabilidade e economia,
necessárias nos tempos de hoje, em que a população se depara com problemas de
saúde, econômicos e hídricos ligados a alimentação, transportes e de seca, entre
outros, necessitando então de cada vez mais informações relevantes a esse
respeito, para a construção de uma sociedade mais cidadã, comprometida com as
futuras gerações.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio – PCNEM.


Secretaria da Educação Média e Tecnológica. 2002; 2004;

DIAS, R. Sustentabilidade Ambiental, Ecologia, Meio Ambiente, Desenvolvimento


Sustentável. Editora Atlas, 2004 – 2016. Disponível em: <
www.suapesquisa.com/ecologia/saude/sustentabilidade >. Acesso em: 13 de Abril
de 2016.

FELTRE, RICARDO. Química Geral. 6ª Edição. Vol. 1. São Paulo, 2004;

FONSECA, A. B. Ciência, Tecnologia e desigualdade social no Brasil: contribuições


da Sociologia do conhecimento para a educação em Ciências. Revista Electrónica
de Enseñanza de las Ciências, vol. 6, n. 2, 2007, p. 364-377;

FONSECA, M.R.M. da. Química: Meio Ambiente, Cidadania, Tecnologia. 1ª Edição.


Vol.1. São Paulo: FTD, 2010;

MORIN, E. Ciência com consciência, Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, ed. 9ª, 2005,
350p;

PAIS, M. J; OLIVEIRA, M. L; GÓIS, M. M; & CABRITO, B. G. Economia A. 10º Ano. 1 ed.


Lisboa Textos Editores, p. 57, 2013;

PEQUIS. Química Cidadã Ensino Médio. 1ª e 2ª Séries. 2ª Edição. São Paulo: AJS,
2013;

PERUZZO, T. M; e CANTO, E. L. do., Química: Volume Único. – 2. Ed. – São Paulo:


Moderna, 2003;

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 278


 

SM. Ser Protagonista: Química Ensino Médio. 1º Ano. 2ª Edição. São Paulo, 2013;

SANTOS, W. L. P dos. MÓL, G. S., Química (Ensino Médio). 1ª Série. São Paulo, AJS,
2013.

ABSTRACT: Chemical knowledge should point to the formation of a citizen who is


increasingly committed to sustainability, especially in the early years of the new
century, so that his practices and attitudes corroborate with social planning, in the
search for a more just and organized. The proposal to use Material Consumption,
knowing methods of use and reuse, correct disposal of these, based on the school's
learning, as well as about the adequate treatment of water and garbage, is justified
by the growing need to have in the school community the possibility of approach
regarding the rationality of use, mainly in this region - Northeast. The work was
carried out in E.E.E.F.M. Sister Joaquina Sampaio, in the city of Campina Grande-PB,
developed by classes 1º A and 1º B, of the Morning shift, in 2016, extending to the
school premises and to the surrounding community, aiming to provide information
to this community and the chemical knowledge acquired at school, acting on
changing attitudes, with important notions about the use, production, scarcity,
economy and obtaining of these materials, natural or artificial. The information that
is acquired in the school is crucial to have such care and to know the real processes
that occur to have everything we consume, mainly food and water, in quantity and
quality that favor social welfare. Classes were given with the curricular contents to
be contextualized, technical visits, field research, text production and the production
of posters and informative booklets, published in the School and in the school
community.
KEYWORDS: Sustainability, Knowledge of Chemistry, Citizenship.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 279


 

CAPÍTULO XXVII

ENSINO DA QUÍMICA: DESIDRATAÇÃO OSMÓTICA DE UM


PONTO DE VISTA CONTEXTUALIZADO, INVESTIGATIVO E
PROBLEMATIZADOR, COM DISCENTES DA REDE
PÚBLICA DE ENSINO
________________________

Aline Maria Herminio da Mata ,

Francivaldo de Sousa ,

Anely Maciel de Melo ,

Bruno Rodrigues Dantas ,

Valéria Marinho Leite Falcão ,

Max Rocha Quirino

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 280


 

ENSINO DA QUÍMICA: DESIDRATAÇÃO OSMÓTICA DE UM PONTO DE VISTA


CONTEXTUALIZADO, INVESTIGATIVO E PROBLEMATIZADOR, COM DISCENTES DA
REDE PÚBLICA DE ENSINO

Aline Maria Herminio da Mata


Universidade Federal da Paraíba
Bananeiras – Paraíba
Francivaldo de Sousa
Universidade Federal da Paraíba
Itaporanga – Paraíba
Anely Maciel de Melo
Universidade Federal da Paraíba
João Pessoa – Paraíba
Bruno Rodrigues Dantas
Universidade Federal da Paraíba
Malta – Paraíba
Valéria Marinho Leite Falcão
Universidade Federal da Paraíba
Boa Vista – Paraíba
Max Rocha Quirino
Universidade Federal da Paraíba
João Pessoa – Paraíba

RESUMO: Assimilar a importância do conhecimento da química é essencial e


necessário para que o discente compreenda que essa ciência está vinculada ao
seu cotidiano. O ensino da química, vem enfrentando diversas dificuldades no meio
acadêmico. Nota-se um amplo desinteresse por parte de alguns discentes quando
o assunto está relacionado com a química, digamos que o fator que ocasiona isso é
a extensa grade de fórmulas, equações, e ausência de espaço e material
apropriados nas escolas, fatores esses que limitam os professores do ensino
regular de aquela realidade de quadro e giz da sala de aula. Diante disso, objetivou-
se propiciar aos alunos da rede pública de ensino das cidades de Bananeiras e
Solânea-PB, uma experiência diferente da que os próprios estão habituados.
Buscou-se inserir os conteúdos no cotidiano dos discentes demonstrando a
capacidade que a contextualização tem na aprendizagem, proporcionando uma
aprendizagem significativa e duradoura, através de uma aula experimental
investigativa, problematizada, e expositiva, totalmente contextualizada. A
intervenção pedagógica contou com a participação efetiva de turmas de 3° ano do
ensino médio, discutindo o tema: conservação de alimentos, com ênfase na
desidratação osmótica. A aula foi dividida didaticamente em quatro momentos: pré-
intervenção, procedimento prático, procedimento teórico e pós-intervenção. Ao
comparar individualmente as notas obtidas pelos estudantes, antes e após a
intervenção, observou-se uma melhora satisfatória no desempenho e nos
resultados, o melhor aproveitamento do assunto por parte dos discentes, além da
melhoria da interação dos alunos com a aula, principalmente no procedimento

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 281


 

prático, o que demonstra a eficiência do método.


PALAVRAS-CHAVE: Aprendizagem significativa, Contextualização, Experimentação.

1. INTRODUÇÃO

O ensino da química sem dúvidas é de fundamental importância para a


formação do discente, que mesmo sabendo disso se sente intimidado quando o
assunto abordado é a tão temida química. Em sala de aula os discentes ficam
apenas a observar e transcrever aquilo que o docente fala, inúmeras das vezes não
entendem o porquê, para quê estudar aquele assunto e nem muito menos o que
aquilo está relacionado com a vida deles. Os profissionais de ensino, por sua vez,
afirmam que este problema é devido à falta de laboratório ou de equipamentos que
permitam a realização de aulas práticas (FARIAS; BASAGLIA; ZIMMERMANN, 2008).
O emprego da contextualização e experimentação é uma saída encontrada
para melhorar esse fato, com a junção de uma abordagem investigativa o aluno se
sente mais importante no processo de ensino/aprendizagem, participando
diretamente do momento pedagógico, e o instigando a passar de um indivíduo
passivo a um indivíduo ativo, que investiga as teorias para soluções de problemas
que lhe são impostos. Defende-se uma abordagem de temas que estejam inseridos
no cotidiano do educando, ou seja, uma experimentação que, não dissociadas da
teoria, não sejam pretensos ou meros elementos de motivação ou de ilustração,
mas efetivas possibilidades de contextualização dos conhecimentos químicos,
tornando-os socialmente mais relevantes (BRASIL, 2006). Mudar a didática
adotada na grande maioria das escolas para o ensino da química seria
interessante, pois, a didática atual do ensino tradicional, desencadeia diversos
fatores contrários, tais como o desinteresse e desânimo, ocasionando a
desestímulo ao estudar, e consequentemente não permitindo que o aluno consiga
fixar o conhecimento e nem passa-lo adiante.
Uma aprendizagem crítica dos conteúdos de química deve proporcionar aos
alunos a compreensão das transformações químicas que ocorrem no mundo físico
de forma abrangente e integrada, produzindo conexão de saberes (LEITE, 2012).
Fazendo assim com que o aluno se interesse mais e consiga associar o conteúdo
químico com situações que acontecem no seu dia-a-dia.
A conservação de alimentos foi o tema gerador de discussão do momento
pedagógico e está inteiramente ligada ao cotidiano do discente. Diariamente eles
estão consumindo produtos que passaram por algum processo de conservação
para que tenha um maior tempo de vida útil. A química está diretamente conectada
com os processos de conservação. Dentro do vasto campo de processos que são
realizados a fim de prolongar a vida de prateleira dos produtos, decidimos destacar
o da desidratação osmótica, que tem se tornado bastante utilizada como pré-
tratamento importante para a secagem, pois minimiza as alterações físicas e
químicas do produto. A desidratação osmótica consiste no processo de remoção
parcial da água, onde o produto conforme é colocado na solução hipotônica perde
água para a solução e ganha soluto do meio em que está inserido.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 282


 

É imprescindível conduzir as aulas de uma maneira diferente da tradicional,


ou seja, de uma forma que o discente participe diretamente, por exemplo: o
docente deve questionar e instigar os discentes, exemplificar e relacionar aquilo
que está sendo explicado com o cotidiano, assim o discente conseguirá
compreender a importância do conteúdo e correlação com sua vida. Com uma aula
prática, o educador deve incentivar o aluno a questionar e buscar explicações para
o fato que lhe foi exposto. Zuliani (2006) fala sobre a importância da
contextualização, que aponta a investigação a partir de fatos cotidianos como fator
essencial no processo de evolução conceitual dos alunos. Essa investigação pode
acontecer através da aula prática, juntamente com a teórica, na qual os educandos
começam a compreender de forma mais fácil e prática o conteúdo. Com essa
proposta utiliza-se uma metodologia que faz com que o aluno participe mais
intensamente da aula, questionando, indagando o professor, desenvolvendo
habilidades de observação e formulando hipóteses.
Diante disto, buscou-se proporcionar aos discentes do ensino médio da rede
pública de ensino uma nova experiência interdisciplinar e prazerosa que leve a uma
melhor aprendizagem significativa e duradoura, explanando conteúdos de química
com exemplos do cotidiano, instigando os discentes a resolver problemas do dia-a-
dia com o conhecimento que lhe foi exposto em sala de aula, demonstrando assim
à capacidade que a contextualização, problematização e investigação têm no
processo de ensino/aprendizagem, através de uma aula prática e teoria acerca do
tema conservação de alimentos, com ênfase na desidratação osmótica.

2. METODOLOGIA

A pesquisa foi realizada no Laboratório de Química (LabQuim) do Centro de


Ciências Humanas, Sociais e Agrárias (CCSHA), Campus III da Universidade Federal
da Paraíba (UFPB) localizado na cidade de Bananeiras-PB, com 23 discentes do 3º
ano (Médio) da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio “José Rocha
Sobrinho” da cidade de Bananeiras-PB, e 25 discentes da Escola Estadual de
Ensino Fundamental e Médio “Alfredo Pessoa de Lima” da cidade de Solânea-PB.
A aula foi dividida em quatro momentos pedagógicos, de acordo com Paim et
al. (2004): Pré–intervenção avaliativa, aula experimental, aula teórica e pós-
intervenção avaliativa. A pré-intervenção é o primeiro momento pedagógico, onde
se aplica um teste escrito e os alunos expressaram os seus conhecimentos prévios
sobre o tema da aula que será ministrada. Em seguida realizou-se aula
experimental de cunho investigativo, problematizado e contextualizado. Logo após
deu-se inicio a aula teórica totalmente contextualizada, e para finalizar o momento,
foi aplicado a pós-intervenção avaliativa.
Tendo em vista que um dos maiores obstáculos que os docentes da rede
pública de ensino enfrentam é a falta de materiais e local apropriado, os discentes
foram levados ao laboratório. No primeiro momento foi aplicado a pré-intervenção
avaliativa, com questões práticas que envolvem o tema de conservação de
alimentos e a desidratação osmótica, primeiro instrumento avaliativo que tem como

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 283


 

objetivos medir os conhecimentos trazidos pelos discentes e comparar com os


conhecimentos posteriores, após os próximos procedimentos pedagógicos (Figura
01).
A aula experimental, segundo momento pedagógico, envolveu materiais
práticos do cotidiano dos discentes, chamando a atenção e instigando mais a
curiosidade deles (Figura 02). O objetivo na educação em ciências deve ser ajudar
os discentes a compreender o mundo natural, entendendo como diversos
fenômenos ocorrem e se inter-relacionam e como por meio da ciência podemos
explicar e predizer o comportamento dos sistemas em estudos (SASSERON, 2008).
Foi realizado o processo de desidratação osmótica, onde os alunos participaram
ativamente de todos os procedimentos. A respeito da problematização da temática
os autores Moraes e Ramos (1988) relatam que o ensino de ciências necessita ser
ativo, no sentido de envolver os alunos diretamente na manipulação de materiais e
na realização de experimentos que eles mesmos possam planejar e modificar.

Figura 01: Pré-intervenção pedagógica Figura 02: Materiais para aula experimental

Fonte: Souza (2016) Fonte: Souza (2016)

A desidratação osmótica é um pré-tramento muito utilizado, geralmente usa-


se um ou mais solutos, no caso de frutas e hortaliças são açúcar e sal. Tento em
vista que a água é um dos principais elementos para atividade microbiana e
enzimática, retirar água do alimento minimiza as reações e assim o alimento se
mantem conservado por mais tempo, por esse critério a desidratação é um dos
métodos de conservação de alimentos.
A aula experimental sucedeu da seguinte forma: a matéria-prima utilizada foi
tomate selecionados baseado no seu estádio de maturação, tamanho, intensidade
da cor e firmeza, objetivando obter amostras relativamente homogêneas, foram
lavados em água corrente. Em seguida, foram cortados em fatias circulares, as
sementes foram removidas e então pesados. A solução preparada para o processo
de desidratação osmótica dos tomates foi preparada com água destilada, sacarose
e cloreto de sódio comercial. Utilizando a seguinte solução 700 ml de água, 39,34 g
de açúcar e 52,5 g de sal. O processo foi realizado em béquer de vidro de 1 L, no
qual foi preenchido com a solução preparada e mantido a temperatura ambiente
(Figura 03). Os tomates cortados foram cobertos por um plástico contendo orifícios,
a fim de permitir a passagem da solução para a amostra. As amostras, após

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 284


 

preparadas, foram colocadas no béquer com a solução e pesadas com intervalo de


tempo de 10min iniciando do tempo 0 (amostra controle) até completar 60min (0
min, 10min, 20min, 30min, 40min, 50min, 60min). Ao completar o tempo
adequado, cada amostra foi retirada do becker com a solução e imersas por 30
segundos em água destilada, colocadas em papel absorvente para retirar o excesso
de solução e logo depois pesadas (Figuras 04 e 05).
A problematização foi bastante explorada, nos momentos pedagógicos não
foram dadas respostas prontas e acabadas e sim sempre perguntando levando o
discente a pensar e até traçar o melhor caminho para o êxito do experimento.

Figura 03: Preparo da solução Figura 04: Amostras mergulhadas na solução

Fonte: Souza (2016) Fonte: Souza (2016)

A aula expositiva contextualizada, terceiro momento pedagógico, foi


apresentado material didático e explanado características da conservação de
alimentos, os tipos de conservação mais utilizados na atualidade, as peculiaridades
de cada um deles, e o que acontece no processo de osmose. No último momento
pedagógico, o teste pós-intervenção, é o segundo instrumento avaliativo verificar o
conhecimento adquirido pelos discentes (Figura 06). Com a comparação dos dois
instrumentos pedagógicos, permitiu-se chegar aos resultados da pesquisa.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 285


 

Figura 05: Amostras sendo pesadas. Figura 06: Pós-intervenção pedagógica.

Fonte: Souza (2016) Fonte: Souza (2016)

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com o comparativo dos testes, ficou comprovado que os discentes


apresentaram um melhor resultado após os procedimentos pedagógicos, os alunos
apresentaram um domínio maior do conteúdo após a contextualização do tema
(Figuras 07 e 08). Por intermédio do trabalho contextualizado a química passa a ter
mais sentido para o discente que reconhece a ciência em seu dia a dia e assim
passa de sujeito telespectador para sujeito ativo, participando e contribuindo com a
formação do próprio conhecimento científico (PEREIRA, 2010, p.2).

Figura 07: Comparativo da média aritmética da pré-intervenção e da pós-intervenção dos discentes


da Escola José Rocha Sobrinho (JRS).

Fonte: Mata (2016)

A aula com quatro momentos pedagógicos se mostrou eficiente. De acordo


com Ferreira et. al. (2010) a experimentação no ensino de Química constitui um
recurso pedagógico importante que pode auxiliar na construção de conceitos. Com
base nisto, o procedimento experimental foi realizado envolvendo práticas que

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 286


 

exploraram os conhecimentos associados à química do cotidiano, buscando


contextualização e a problematização. Com tudo isso, conseguiu-se mostrar para os
alunos que a química não está tão distante da sua realidade.

Figura 08: Comparativo da média aritmética da pré-intervenção e da pós-intervenção dos discentes


da Escola Dr Alfredo Pessoa de Lima (APL).

Fonte: Mata (2016)

Foi buscado contextualizar todo o assunto abordado com o cotidiano do


discente, o que desencadeou um diálogo produtivo. Também aproveitou-se a
oportunidade e motivação para explorar temas químicos que são abordados na
sociedade como o uso e consequências dos agrotóxicos, açucares (carboidratos),
sal entre outros. Neste momento foi possível de observar a curiosidade aguçada do
educando para compreender estes temas importantes para entender toda a prática
contextualizada e problematizada realizada (Figuras 09 e 10).

Figura 09: Aula expositiva contextualizada Figura 10: Momento de tirar dúvidas.

Fonte: Souza (2016) Fonte: Souza (2016)

A contextualização, investigação e problematização são ferramentas


indispensáveis para uma aprendizagem significativa e duradoura, pois facilita a
aprendizagem dos educandos. Porque ele deixa de ser um mero espectador e

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 287


 

passar a ser o protagonista da aula, fazendo com que o discente participe


intensamente do momento pedagógico tão importante na sua vivência educacional.
As contextualizações no ensino possibilitam à aprendizagem significativa de
conteúdos, pois facilita o desenvolvimento dos mesmos pelo professor e se
apresenta como um modo de ensinar conceitos das ciências ligados ao mundo real
dos alunos (SILVA, 2007).
A didática abordada tornou o ensino e aprendizagem de química mais
simples e prazeroso para ambas os envolvidos no processo de ensino e
aprendizagem. Com isso se têm uma melhora no interesse e a participação dos
discentes na aula, uma vez que os mesmos se sentem motivados para debater os
assuntos abordados pelo docente sem se distanciar dos conteúdos e de sua
realidade. Conseguiu-se demonstrar para os discentes que essa ciência tão
importante e às vezes tão complexa, esta inteiramente ligada ao cotidiano e não
distante da realidade como a maioria pensa.

4. CONCLUSÃO

Diante dos resultados obtidos, que a contextualização, problematização e


investigação, ocasionaram bons frutos. Com tudo isso, nota-se a eficácia do uso de
aulas teórico/experimentais para a aquisição de conhecimento, uma vez que os
bons resultados acompanharam os estudantes não apenas nos instrumentos
avaliativos, mas também em seus relatos após a intervenção, confirmando que
ultrapassar os limites da sala de aula de forma interativa e construtiva, contribui
satisfatoriamente no desempenho do estudante, tornando-o mais efetivo, e
capacitando-o a pensar e refletir de forma mais consciente.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação (MEC), Secretaria de Educação Básica (SEB).


Orientações Curriculares para o Ensino Médio. Brasília: MEC/SEB. 2006.

FARIAS, Cristiane Sampaio; BASAGLIA, Andréia Montani; ZIMMERMANN, Alberto. A


importância das atividades experimentais no Ensino de Química. 1° CPEQUI- 1°
Congresso Paranaense de Educação em Química. Disponível em:
http://www.uel.br/eventos/cpequi/Completospagina/18274953820090622.pdf.
Acesso em 05 de Setembro de 2017.

FERREIRA, L. H.; HARTWIG, D. R; OLIVEIRA, R. C. Ensino Experimental de Química:


Uma Abordagem Investigativa Contextualizada. Química Nova na Escola. Vol.32,
p.101-106. 2010.

LEITE, Sidnei Quezada Meireles. Práticas experimentais investigativas em ensino de


ciências: caderno de experimentos de física, química e biologia-espaços de

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 288


 

educação não-formal-reflexões sobre o ensino de ciências. 1a. Edição. Vitória:


Editora IFES, 2012.

MORAES, R.; RAMOS, M. G. Construindo o conhecimento: uma abordagem para o


ensino de ciências. Porto Alegre: Sagra Editora, 1988.

PAIM, G. R.; MORAES, T. S., FENNER, H. PIMENTAL, N. L. Longas Correntes, Grandes


Uniões, XXIII Encontro Nacional de Estudantes de Química, SÃO CARLOS, 2004.

PEREIRA, GRACIELLE CL et al. Alimentos: tema gerador para aquisição de


conhecimento químico. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências,
2010.

SASSERON, L. H.; CARVALHO, A. M. P. Almejando a alfabetização científica no


ensino fundamental: a proposição e a procura de indicadores do processo.
Investigações em Ensino de Ciências, v.13, p.333-352, 2008.

SILVA, Erivanildo Lopes da. Contextualização no Ensino de Química: idéias e


proposições de um grupo de professores, 2007. 144 f. Dissertação (mestrado em
Ensino de Ciências) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.

ZULIANI, S.R.Q. A. Prática de ensino de química e metodologia investigativa: uma


leitura fenomenológica a partir da semiótica social. 2006. Tese (doutorado)-
Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2006.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 289


 

CAPÍTULO XXVIII

ENSINO DE QUÍMICA: DESENVOLVIMENTO DE


EXPERIMENTO DIDÁTICO DE GALVANOPLASTIA
UTILIZANDO MATERIAIS DE BAIXO CUSTO
________________________

Antonio Zilverlan Germano Matos ,

Marco Aurélio da Silva Coutinho ,

Eziel Cardoso da Silva ,

Abraão Leal Alves ,

Francisco Dhiêgo Silveira Figueiredo ,

Dihêgo Henrique Lima Damacena

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 290


 

ENSINO DE QUÍMICA: DESENVOLVIMENTO DE EXPERIMENTO DIDÁTICO DE


GALVANOPLASTIA UTILIZANDO MATERIAIS DE BAIXO CUSTO

Antonio Zilverlan Germano Matos


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí/PPGEM-IFPI
Teresina-Piauí
Marco Aurélio da Silva Coutinho
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí/PPGEM-IFPI
Teresina-Piauí
Eziel Cardoso da Silva
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí/PPGEM-IFPI
Teresina-Piauí
Abraão Leal Alves
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí/PPGEM-IFPI
Teresina-Piauí
Francisco Dhiêgo Silveira Figueiredo
Universidade Federal do Piauí/PPGQ
Teresina-Piauí
Dihêgo Henrique Lima Damacena
Universidade Federal do Piauí/PPGQ
Teresina-Piauí

RESUMO: O distanciamento entre teoria e prática pode ser indicado como um dos
responsáveis pela desmotivação de alunos nas aulas de Química. Os profissionais
de ensino, afirmam que este problema, quase sempre, é devido à falta de
laboratórios ou de equipamentos, inviabilizando a realização de aulas práticas.
Uma alternativa viável seria a montagem e utilização de experimentos feitos com
materiais de baixo custo. Neste sentido, o presente trabalho desenvolveu-se com o
objetivo de mostrar a relevância da adesão e utilização de atividades experimentais
no ensino de química, utilizando materiais de fácil acesso e de fácil manipulação.
Para isso, a pesquisa desenvolveu-se em duas etapas: na 1a etapa foi desenvolvido
e realizado um experimento envolvendo fenômenos da eletrólise, com uma turma
de 20 alunos do ensino médio do 2º ano pertencentes a uma unidade estadual de
ensino da rede pública do município de Castelo do Piauí-PI; na 2a etapa, aplicou-se
um questionário para verificar o grau de aceitação dos alunos em relação à
atividade experimental realizada. O experimento apresentou resultados
satisfatórios, pois a eletrodeposição total de cobre no objeto metálico ocorreu de
fato e não extrapolou o tempo de uma aula. Em relação à análise qualitativa dos
dados levantados a partir das respostas do questionário aplicado aos alunos,
mostrou-se que a utilização de atividade experimental como método alternativo de
ensino é bastante válida no complexo processo de ensino-aprendizagem, o que
vislumbra a possibilidade de implementação de experimentos alternativos simples
dessa natureza em práticas pedagógicas no ensino da Química.
PALAVRAS-CHAVE: Aulas práticas. Eletroquímica. Eletrodeposição de cobre. Ensino
de Química.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 291


 

1. INTRODUÇÃO

1.1. PRÁTICAS EXPERIMENTAIS NO ENSINO DE QUÍMICA

Práticas experimentais atuam de forma importante no ensino da Química, e


desta forma são alvos de estudo e observações, pois constituem um recurso
pedagógico comprovadamente eficiente que auxilia no processo de ensino-
aprendizagem. As aulas práticas são extremamente ricas em termos de
aprendizagem, pois quando seguidas de discussão cujo objetivo seja a
interpretação dos resultados, favorecem a construção do conhecimento (GALIAZZI,
2005).
A Química enquanto ciência estuda a matéria, as transformações sofridas
por ela, bem como as energias envolvidas em tais modificações. Ressalta-se
também que a Química é entendida como pertencente à área das ciências naturais,
pois têm em sua essência os fenômenos que ocorrem na natureza. Segundo São
Paulo (1988), verifica-se que o ensino de química pode ser motivador, desde que se
utilize de métodos de ensino-aprendizagem diferenciados, contextualizados e que
estejam voltados para a vida cotidiana. Neste aspecto, surge a necessidade de se
ter atividades experimentais, pois proporcionam ao estudante uma compreensão
mais ampla e eficiente das transformações que nela ocorrem (AMARAL, 1996).
Giordan (1999) reconhece as aulas práticas como uma prática de ensino
eficaz. Isto se deve ao fato de que os alunos são motivados a entender os
fenômenos a partir da própria observação experimentada por estes. Também, as
aulas práticas aumentam o contato dos alunos com os fenômenos químicos e
possibilitam aos mesmos uma interpretação mais realista e próxima do contexto de
vida que o cerca quotidianamente. A experimentação estimula a aprendizagem
sobre a natureza das substâncias envolvidas nas reações químicas observadas,
além de motivar a ocorrência de trocas de opiniões e a procura de significados
entre eles e o docente.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) do Ensino
Médio de ciências da natureza, matemática e suas tecnologias, as aulas teóricas,
em muitos momentos, levam o aluno a memorizar conteúdos, o que não contribui,
de forma significativa, para o desenvolvimento de habilidades como de interpretar,
relacionar e entender. Isso demonstra a importância de aulas experimentais para o
ensino de Química, pois a atividade prática estimula à aprendizagem, uma vez que
aproxima o aluno de conteúdos antes abstratos e sem relação alguma com a
realidade deste (BRASIL, 1999).

1.2. MATERIAIS DE BAIXO CUSTO NO DESENVOLVIMENTO DE AULAS PRÁTICAS

A inserção do conhecimento científico nas escolas do ensino básico ainda se


encontra de certa forma distanciado da experimentação. Isto tem relação com
problemas tais como: a falta de materiais necessários para as práticas; ausências

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 292


 

de laboratórios nas instituições de ensino que permitam o desenvolvimento de


experimentos científicos; a carga horária muito reduzida, que não permite o
desenvolvimento de outras metodologias alternativas de ensino; bem como a falta
de professores qualificados e que tenham o real interesse de desenvolver tais
práticas em âmbito de sala de aula (SILVA; ZANON, 2000).
Segundo Wisniewski (1990) uma maneira adequada para repor a falta de
equipamentos experimentais no laboratório é o desenvolvimento e utilização de
experimentos feitos com materiais de baixo custo. Estes materiais de baixo custo
permitem até mesmo a improvisação de experimentos dentro da própria sala de
aula, caso o centro de ensino não disponha de ambiente próprio para a realização
de ensaios científicos.
A importância desses materiais se faz em sua própria característica, pois a
construção do experimento se desenvolverá de forma simples, com a utilização de
materiais economicamente viáveis, além de permitir envolver os próprios alunos no
processo de construção do experimento; aumentando, assim, o compromisso dos
alunos com o processo de ensino (WISNIEWSKI, 1990).

1.3. AULAS PRÁTICAS ENVOLVENDO CONCEITOS DE ELETROQUÍMICA

Aulas experimentais que envolvem a eletroquímica são relevantes no


desenvolvimento, em sala de aula, de conceitos de reações de oxirredução,
principalmente relacionados a fenômenos macroscópicos quando são facilmente
visíveis (FINAZZI et al., 2016). As propostas de metodologias pedagógicas sobre o
tema Eletroquímica (FRAÇA, et al., 2012; FERREIRA; CHAVES, 2011; ARAÚJO et al,
2012) que frequentemente têm sido divulgadas para o Ensino Médio estão
voltadas para aspectos mais superficiais em termos de conteúdo (FRAGAL, 2011;
SANJUA et al., 2009).
Tais temas podem, por exemplo, conceituar as reações de oxidação,
utilizando, por exemplo, práticas que envolvem o ferro exposto ao ar (FRAGAL,
2011; SANJUA et al., 2009); a confecção de pilhas de cobre (Cu) e magnésio (Mg)
com a utilização de eletrólitos (soluções que conduzem corrente elétrica) de baixo
custo (HIOKA, 2000); reação entre íons de Cu(II) e zinco (Zn) metálico, em solução
aquosa de sulfato de cobre (CuSO4) (AGOSTINHO; BERTELLI, 2012) ou construção
de pilhas com elementos naturais, tais como: limão, laranja, tomate e batata, e
eletrodos de Zn e Cu (SILVA; SILVA; AQUINO, 2014).
Diversos educadores e pesquisadores (GARNETT; TREADGUST, 1992;
POSADA, 1994; SANGER; GREENBOWE, 1997; LIMA; RIBEIRO, 2005) têm alertado
sobre a maneira como o tema Eletroquímica vem sendo abordado em sala de aula.
Esta preocupação é expressa nas palavras de Finazzi et al (2016, p. 113) quando
diz que “se por um lado os alunos são mais familiarizados com dispositivos de
armazenamento de energia – as pilhas – por outro lado, fenômenos eletrolíticos
não são do cotidiano da imensa maioria”. Tal situação é motivo de preocupação em
relação à formação profissional do educador, pois levando em consideração esse

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 293


 

fato, a eletrólise é reconhecida como um conteúdo que está inserido dentro da área
da eletroquímica (FINAZZI et al., 2016).
Dessa forma, os conceitos vistos em Eletroquímica podem também serem
ensinados através da utilização de práticas experimentais. Neste contexto, os
experimentos de eletrólise que mostram a eletrodeposição de um metal viabilizado
pela aplicação de uma corrente elétrica, onde é possível determinar a massa
depositada de metal através da Lei de Faraday, ou então, o recobrimento de um
objeto metálico por outro metal mais nobre com a finalidade de tornar a peça
metálica visivelmente mais atraente e mais resistente ao fenômeno da oxidação,
tornam-se importantes do ponto de vista didático, pois permite que o professor
envolva os alunos durante a construção do experimento e, consequentemente,
possibilite a aproximação destes com os conteúdos em estudo, passando o aluno
de sujeito passivo para ativo (FRAGAL, 2011; EGGEN et al., 2012).

1.4. ELETRÓLISE

A eletrólise se caracteriza pela possibilidade de fazer com que reações de


oxirredução não espontâneas possam acontecer a partir da aplicação da
eletricidade (corrente elétrica) em um sistema reacional. A corrente elétrica força a
separação dos constituintes da espécie química em estudo que integra a
substância (ATKINS; PAULA, 2012).
A eletrólise se divide em ígnea e em meio aquosa; na primeira, o eletrólito
está fundido o que permite a livre movimentação iônica e na segunda, a
dissociação do eletrólito em água permitirá a movimentação dos íons em solução. A
própria ionização da água é considerada devido à existência de competitividade
entre os cátions e ânions do solvente e eletrólito. Nesse contexto, o eletrólito é uma
espécie química que possui condutividade elétrica maior que a condutividade
apresentada pelo solvente de referência. Em água, sais como o cloreto de sódio,
ácidos como o ácido sulfúrico e bases como o hidróxido de sódio, serão eletrólitos
(LOBO, 1996).
A eletrólise é uma transformação química não espontânea, pois é forçada a
ocorrer por um gerador, no entanto sua aplicabilidade é imensa, pois é um
processo útil na obtenção e purificação de vários elementos químicos. No setor
industrial se destaca na obtenção de elementos metálicos, como por exemplo
sódio, cobre, alumínio, níquel e cromo, destacando-se também na obtenção de
ametais pertencentes a família dos halogêneo, principalmente o cloro (SOUZA,
2016).
Processos eletrolíticos também são muito empregados para o recobrimento
de uma peça metálica por um metal mais nobre, com finalidades tais como:
proteger o substrato contra a corrosão; melhorar as propriedades físicas e
mecânicas do substrato, como por exemplo, resistência à abrasão, condutividade
elétrica; proporcionar e manter aspecto decorativo; alterar dimensões originais de
determinadas peças e recuperar peças que sofreram desgaste (SOUZA, 2016).

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 294


 

1.5. GALVANOPLASTIA

Sabe-se que as técnicas de eletrodeposição em geral utilizam materiais ou


reagentes de elevado custo, além de necessitar de condições controladas para
experimentação (BEAMISH, 1969). Nesse contexto de controle das condições
experimentais, pode-se citar o cobre como exceção, pois o fenômeno de
eletrodeposição com este material ocorre de forma bastante acentuada mesmo em
condições sem elevado controle experimental, não necessitando também de
equipamentos especializados para verificação dos resultados. Estudos têm
mostrado que em processo como eletrogravimetria é possível obter 99% de cobre
em massa a partir de uma amostra inicial (OLIVEIRA et al., 2001). Diante de tais
características do cobre, a eletrodeposição deste metal desperta interesse do
ponto de vista didático (FINAZZI et al., 2016).
A galvanoplastia é um tipo de eletrodeposição em que é depositada uma
camada metálica sobre a superfície de outro metal. Esta técnica é usada para
proteger diversos metais dos efeitos da corrosão, por exemplo. Para tanto, usa-se a
eletrólise tendo como cátodo o metal que terá a superfície recoberta e como ânodo,
o metal a ser eletrodepositado na superfície do metal inicial (PEREIRA NETO et al,
2008). Essa técnica por ser de fácil execução e por permitir a utilização de
materiais de custo baixo, será uma opção pertinente para as escolas de ensino
básico.
Tendo em vista a importância da experimentação no ensino de química faz-
se, pois, oportuno o uso desta prática para auxiliar no desenvolvimento do
processo de ensino-aprendizagem.
Assim, o presente trabalho teve como objetivo mostrar a relevância da
adesão e utilização de atividades experimentais no ensino de química, através do
desenvolvimento de um experimento prático didático, utilizando materiais de baixo
custo. Além disso, após a realização da atividade experimental, um questionário foi
aplicado aos alunos do 2º ano do ensino médio de uma escola estadual localizada
no município de Castelo do Piauí – PI. A escolha da prática experimental está
embasada no pressuposto de que além do desenvolvimento de habilidades
procedimentais, a experimentação permite também aos alunos uma melhor
compreensão dos fenômenos químicos, além de aumentar a participação deles no
processo ensino-aprendizagem.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1. MATERIAIS

 Água da rede pública de distribuição;


 Objeto metálico de aço inoxidável;
 Fios de cobre, com diâmetros de 1,5 mm2;

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 295


 

 Placa de cobre de 1 mm de espessura por 1 cm2 de área;


 Fonte elétrica contínua;
 Fonte de 9,0 V;
 Recipiente de vidro de 500 ml;
 Sulfato de cobre penta-hidratado.

2.2. CONFECÇÕES DOS ELETRODOS

Os eletrodos foram feitos a partir de 2 pedaços de fios elétricos de cobre e 1


placa de cobre, ambos doados pela Universidade Aberta do Brasil (UAB) do polo de
Castelo do Piauí. Os dois fios foram desencapados em suas extremidades; sendo
que para um dos fios, a uma extremidade prendeu-se uma colher metálica,
enquanto a outra extremidade do mesmo fio ficou livre para ser fixada ao
carregador de celular. Ao segundo fio, fixou-se a placa de cobre em uma das
extremidades deste, enquanto a outra extremidade permaneceu livre para ser
fixada ao carregador de celular como mostrado na Figura 1.

Figura 1. Representação dos eletrodos utilizados na eletrodeposição.

Fonte: arquivo pessoal.

2.3. PREPARO DA SOLUÇÃO ELETROLÍTICA UTILIZADA NA ELETRODEPOSIÇÃO

Adicionou-se aproximadamente 25g de sulfato de cobre penta-hidratado


(CuSO4 . 5 H2O) (marca Vetec, doada pela UAB de Castelo do Piauí), ao recipiente
de vidro contendo cerca de 300 ml de água. Em seguida, agitou-se a solução até a
completa dissolução do sal de cobre em água.

2.4. PROCEDIMENTO PARA A ELETRODEPOSIÇÃO

A montagem do sistema teve início conectando-se as extremidades dos fios,


que constituem os eletrodos, aos fios do carregador de celular, tendo o devido
cuidado de conectar o fio, o qual a colher estava presa, isto corresponderá ao polo

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 296


 

negativo do sistema. No outro fio do carregador (polo positivo), conectou-se a


extremidade do fio, o qual estava a placa de cobre.
Em seguida, os eletrodos foram inseridos na solução de sulfato de cobre,
atentando para que estes eletrodos não entrassem em contato entre si. Por fim, o
carregador de celular foi ligado na fonte de energia elétrica, dando início a
eletrólise. A Figura 2 mostra o esquema do sistema eletrolítico empregado no
experimento.

Figura 2. Esquema do sistema eletrolítico utilizado na eletrodeposição de cobre na peça metálica


(colher).

Fonte: arquivo pessoal.

2.5. APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO

O questionário aplicado após a aula prática era constituído por cinco


questões abertas que versavam reconhecer a satisfação dos alunos em realizar
atividades experimentais, assim como também identificar o entendimento do
conceito de galvanoplastia. Este questionário foi aplicado em uma turma de 20
alunos do 2º ano do ensino médio do turno da manhã. Todos os alunos são
estudantes de uma mesma escola estadual da rede pública de ensino localizada na
cidade de Castelo do Piauí, Piauí. A coleta das respostas dos alunos ao
questionário permitiu identificar se nessa turma a aplicação de aulas
experimentais, através da construção de experimentos com materiais de baixo
custo, teve resultados significativos na aprendizagem desses alunos.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1. EXPERIMENTO

Uma célula eletrolítica, mostrada na Figura 3, é constituída de dois


eletrodos: ânodo (polo positivo) e o cátodo (polo negativo), mergulhados em uma
solução aquosa contendo íons, e ainda por uma fonte externa que fornecerá

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 297


 

energia a essa célula, produzindo reações de oxidação e redução não espontâneas


nos eletrodos.
Na galvanoplastia, o objeto sobre o qual receberá o revestimento metálico
deve compor o eletrodo negativo; por outro lado, o eletrodo positivo é, geralmente,
uma amostra do próprio metal a ser depositado (SARTORI et al., 2012).

Figura 3. Ilustração de uma cuba eletrolítica utilizada no processo de alvanoplastia

Fonte: arquivo pessoal.

Como solução eletrolítica foi usada uma solução de um sal de cobre (Cu).
Quando a corrente elétrica passar através da solução, os cátions metálicos serão
atraídos para o eletrodo negativo, que constitui a peça a ser revestida.
Na superfície do cátodo, os cátions se descarregam, transformando-se em
átomos neutros do metal, que se depositam formando uma camada metálica sobre
a peça. À medida que ocorre o descarregamento dos cátions metálicos na solução,
estes se depositam no eletrodo negativo, ao mesmo tempo, o eletrodo positivo se
dissolve, transformando-se em cátions metálicos dispersos em solução. Dessa
maneira, há uma reposição de cátions na solução (GENTIL, 1996).
Na superfície dos eletrodos, positivos e negativos, ocorrem duas reações
respectivamente, a anódica, caracterizada pela oxidação do metal e a catódica, que
caracteriza o processo de redução dos íons metálicos em solução. As semirreações
podem ser representadas através de equações químicas da seguinte maneira:
Cu2+ + 2e- Cu0 (semirreação catódica, redução, ganho de elétrons)
Cu0 Cu2+ + 2e- (semirreação anódica, oxidação, perda de elétrons)
Reação Global: zero
O começo da cobreação, ou seja, da eletrodeposição de cobre na colher, foi
constatada visualmente após o período de 2 minutos (min) contados a partir do
início da eletrólise. Com o progresso da experiência, foi possível observar a
formação de uma camada de coloração levemente avermelhada na superfície da
colher, cor esta característica da redução de íons cobre na superfície metálica,
confirmando a eletrodeposição.
O experimento em estudo ocorreu a temperatura de ~ 25 ºC. Foi utilizado um
carregador de celular de 9,0 volts (V) ligado a uma rede elétrica continua de 220 V.
Após aproximadamente 25 min, houve a total cobertura da superfície da peça
metálica, veja Figura 3, o que de fato caracteriza o processo de galvanoplastia.
Com o término do recobrimento da colher através do processo de
eletrodeposição, a peça foi lavada com água corrente, seca e polida com flanela de

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 298


 

algodão, com o intuito de deixá-la mais brilhosa. A Figura 3 mostra o sistema


eletrolítico empregado no experimento e as situações inicial e final da
eletrodeposição de cobre na peça metálica, onde se pode visualizar a peça
metálica antes do cobreamento eletrolítico e após ser totalmente revestido com
cobre metálico.

Figura 3. Sistema eletrolítico (esquerda), colher antes da cobreação (centro) e após a deposição de
cobre (direita)

ANTES DEPOIS

Fonte: arquivo pessoal

A Figura 3 mostra o sistema real que foi utilizado nesta pesquisa, onde pode-
se observar o aparato eletrolítico formado pelos eletrodos: na cor vermelha, o
eletrodo positivo onde se encontra a placa de cobre e o outro eletrodo, na cor preta,
o polo negativo contendo a peça metálica representada pela colher. A coloração
(azul intenso) da solução eletrolítica observada é resultante de uma alta
concentração de sal de sulfato de cobre dissolvido. Com o intuito de deixar mais
visível a camada de cobre eletrodepositada na superfície da colher, removeu-se
intencionalmente uma pequena quantidade de cobre na extremidade do cabo da
colher.

3.2. QUESTIONÁRIO

Os resultados abaixo relacionados foram obtidos a partir de análise


qualitativa do questionário aplicado em sala de aula após a atividade experimental.
Na primeira pergunta do questionário abordou-se o conceito de atividades
experimentais perguntando: “O que são aulas com atividades experimentais?”
Dos 20 alunos participantes da pesquisa, três não opinaram, enquanto que
os demais responderam que aula com atividades experimentais seriam aquelas
realizadas em laboratório, com uso de substâncias químicas, conforme
exemplificado a seguir:
“Quando a aula é na prática, em um laboratório de química, quando não
utilizam livros e sim substâncias químicas” – resposta do aluno da turma

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 299


 

participante do questionário.
Na segunda pergunta, “você já teve alguma atividade experimental em
séries anteriores? Se já teve, fale um pouco sobre a aula”, obteve-se os seguintes
resultados, conforme Figura 4.

Figura 4. Relação percentual entre alunos da turma em estudo que já tiveram contato com
atividades experimentais em séries anteriores e aqueles que ainda não tinham tido.

sim
40% sim
não não
60%

Fonte: dados da pesquisa.

Como mostra a Figura 4, dos 20 alunos participantes, oito alunos disseram


que já realizaram atividades experimentais, enquanto que a maioria, doze alunos,
responderam que não, que nunca realizaram atividades experimentais em séries
anteriores. Apenas dois alunos, dos oitos que realizaram atividades experimentais
em séries anteriores, disseram que fizeram aula prática na disciplina de química no
1º ano do ensino médio, enquanto que os demais realizaram aulas práticas, mas
não de química, como se verifica, por exemplo, nas respostas dadas por um deles:
“Sim, fizemos uma experiência em biologia, que consistia em cortar uma
lagartixa que já se encontrava morta para estudar a anatomia dela” – resposta do
aluno da turma participante do questionário.
No que concerne as duas primeiras perguntas do questionário pode-se
inferir que, para os alunos, atividades experimentais são aquelas realizada em
laboratório, no entanto poucos alunos realizaram algum tipo de experimento na
disciplina de química.
No caso das aulas de química, uma forma didática, e que desperta o
interesse dos alunos, são as aulas práticas no laboratório, pois, conforme afirma
Freire (1997), a teoria será compreendida a partir do momento em que o aluno tiver
contato com a mesma na forma de prática experimental.
A terceira pergunta do questionário, “Você gostou da aula prática realizada?
Por quê?”, teve como intenção investigar a aceitação da turma em relação à
atividade experimental realizada. Com exceção de dois alunos, os demais
responderam que gostaram da aula prática, conforme fala de um dos alunos
quando ele afirma o seguinte: “sempre gostei dessa coisa de experiências, e agora
que fiz pessoalmente fiquei ainda mais encantada, isso é bem melhor que assistir

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 300


 

aula teórica, é bem mais fácil de aprender”, o que corrobora com proposições que
afirmam que as aulas práticas dentre outras coisas se tornam prazerosas, pois os
alunos se veem como protagonistas (SANTOS; FRIGERI, 2013; DELIZOICOV;
ANGOTTI, 2011). Com relação aos alunos que não aprovaram a aula prática, um
deles respondeu que não gostou por que achou a prática muito trabalhosa e
complicada.
A quarta pergunta foi realizada da seguinte forma: “Você gostaria que
tivesse mais aulas práticas na disciplina de Química? Por quê?”, as respostas
foram quase todas positivas, porém dois alunos não concordaram em ter aulas
práticas, e não justificaram o motivo da discordância.
Na quinta e última pergunta proposta, indagou-se sobre conhecimento
prévio em relação ao tema abordado na atividade experimental, onde perguntou
“Qual seria seu conhecimento sobre galvanoplastia? E o que foi compreendido
após a realização do experimento?”. Com relação a esta pergunta, todos disseram
que nunca tinha visto o termo “galvanoplastia” antes, porém após a realização do
experimento, do total de alunos participantes, 80% disseram que a galvanoplastia é
um processo que recobre um material metálico por outro através da eletricidade e
que é muito utilizado para recobrir objetos decorativos. Percebe-se que eles
compreenderam de fato o conceito de galvanoplastia, bem como sua
aplicabilidade, e os demais alunos, ou seja, 20%, não conseguiram dá uma
resposta clara sobre o conceito do termo estudado, muito embora, alguns destes
demonstraram ter compreendido a aplicabilidade do processo eletrolítico
desenvolvido. Segue abaixo as respostas de alguns alunos:
“É uma maneira legal de cobrir objetos”.
“É um processo que vem da eletricidade”.
“Compreendi que um objeto pode ser recoberto por um metal através desse
processo”.
“Entendi o motivo da deposição de cobre ocorrer no polo negativo, pois
cargas opostas se atraem”.
“Compreendi o conceito de galvanoplastia e percebi sua grande
aplicabilidade”.
Os dados dessa pesquisa corroboram com os pensamentos de Krasilchik
(2004, p. 85), quando ele afirma que a função das aulas experimentais é
“despertar e manter o interesse dos alunos; envolver os estudantes em
investigações científicas; desenvolver a capacidade de resolver problemas;
compreender conceitos básicos; desenvolver habilidades”.
Dessa forma, fica evidente a importância e não há como deixar de acreditar
que ensinar Química por meio de experimentos traz resultados bastante
significativos para o aprendizado dos estudantes.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foi desenvolvido neste trabalho um experimento de eletrodeposição de

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 301


 

cobre com o emprego de materiais de baixo custo, sendo posteriormente aplicado


um questionário com os mesmos. A escolha do experimento deve-se ao fato de que
ele permite que ocorra o desenvolvimento com alunos do nível escolar médio e
superior, mesmo que o centro de ensino não disponha de espaço físico adequado,
visto que os materiais utilizados são de fácil aquisição, pois são encontrados no
dia-a-dia de professores e alunos, e o sistema de simples montagem.
A simplicidade do experimento aplicado no ensino de química possibilitará
uma aprendizagem mais significativa, uma vez que os fenômenos observados por
ele ficam mais visíveis, considerando a baixa complexidade operacional da
atividade prática desenvolvida. Seguindo este argumento, percebe-se que uma
característica relevante neste estudo foi a simples montagem e execução desta
atividade.
A realização de atividades experimentais utilizando matérias de baixo custo
apresenta uma série de vantagens, tais como: materiais de fácil obtenção;
experimentos facilmente executáveis, o que permite que professores, mesmo sem
elevado nível de qualificação na área de eletroquímica, possam realizar o
experimento, desde que siga a metodologia desenvolvida aqui; além de fácil
compreensão dos alunos, o que se justifica pela simplicidade do experimento.
Diante dos resultados obtidos através do experimento e do questionário,
esta pesquisa mostrou-se bastante promissora, contribuindo de forma significativa
para o desenvolvimento do ensino de Química, visto que usou conceitos de
Eletroquímica, como galvanoplastia e eletrodeposição, conceitos poucos explorados
pelo processo de ensino atual. O experimento apresentou resultados satisfatórios
para a realização de práticas experimentais, pois ocorreu o total cobreamento da
colher, que constitui um efeito visual eficiente para aumentar a curiosidade do
aluno; além do tempo gasto na eletrodeposição (25 min) que está dentro do tempo
de uma aula de ensino médio, que geralmente é de uma hora ou no ensino
superior que frequentemente corresponde a 2 horas de aula.
As respostas do questionário apresentadas pelos alunos confirmaram que o
desenvolvimento de aulas experimentais na disciplina de química pode ser uma
ferramenta diferenciada e motivadora, capaz de envolver os alunos e possibilitar
que estes tenham uma aprendizagem mais sólida e eficaz neste complexo processo
de desenvolvimento do ser social, o processo ensino-aprendizagem.
Assim, a prática desenvolvida proporciona a busca de métodos alternativos
capazes de inserir a Química na realidade do aluno, contribuindo para torná-lo apto
a compreender, interpretar e relacionar/articular com a teoria os conceitos
trabalhados na prática. Por outro lado, novos estudos e abordagens semelhantes
devem ainda ocorrer na tentativa de melhorar o quadro de ensino estabelecido na
educação brasileira.

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ABSTRACT: The distance between theory and practice can be indicated as one of the
responsible ones for the demotivation of students in the classes of Chemistry.
Teaching professionals say that this problem, almost always, is due to the lack of
laboratories or equipment, making it impossible to carry out practical classes. A
feasible alternative would be the assembly and use of experiments made with low
cost materials. In this sense, the present work was developed with the purpose of
showing the relevance of the adhesion and use of experimental activities in the
teaching of chemistry, using easily accessible materials and easy manipulation. To
do this, the research was developed in two stages: in the first stage an experiment
was developed and carried out involving phenomena of electrolysis, with a group of
20 high school students of the 2nd year belonging to a state unit of education of the
public network of the municipality of Castelo do Piauí-PI; in the second stage, a
questionnaire was applied to verify the degree of acceptance of the students in
relation to the experimental activity performed. The experiment presented
satisfactory results, since the total electrodeposition of copper in the metallic object
occurred in fact and did not extrapolate the time of a lesson. In relation to the
qualitative analysis of the data collected from the answers of the questionnaire
applied to the students, it was shown that the use of experimental activity as an
alternative method of teaching is quite valid in the complex teaching-learning
process, which envisages the possibility of implementation of simple alternative
experiments of this nature in pedagogical practices in the teaching of Chemistry.
KEYWORDS: Practical lessons. Electrochemistry. Electrodeposition of copper.
Teaching of chemistry.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 305


 

CAPÍTULO XXIX

EXTRAÇÃO DE CAFEÍNA: COMO TEMA


CONTEXTUALIZADO GERADOR DO CONHECIMENTO,
ATRAVÉS DA TEORIA E PRÁTICA NO ENSINO DE
QUÍMICA
________________________

Francivaldo de Sousa ,

Aline Maria Hermínio da Mata ,

Bruno Rodrigues Dantas ,

Anely Maciel de Melo ,

Valéria Marinho Leite Falcão ,

Max Rocha Quirino

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 306


 

EXTRAÇÃO DE CAFEÍNA: COMO TEMA CONTEXTUALIZADO GERADOR DO


CONHECIMENTO, ATRAVÉS DA TEORIA E PRÁTICA NO ENSINO DE QUÍMICA

Francivaldo de Sousa
Universidade Federal da Paraíba
Itaporanga-Paraíba
Aline Maria Hermínio da Mata
Universidade Federal da Paraíba
Bananeiras-Paraíba
Bruno Rodrigues Dantas
Universidade Federal da Paraíba
Malta - Paraíba
Anely Maciel de Melo
Universidade Federal da Paraíba
João Pessoa-Paraíba
Valéria Marinho Leite Falcão
Universidade Federal da Paraíba
Boa Vista-Paraíba
Max Rocha Quirino
Universidade Federal da Paraíba
João Pessoa-Paraíba


RESUMO: O ensino de química sempre se demostrou complicado e difícil devido ao
interesse dos educandos frente essa disciplina, uma vez que ministrada de forma
teórica e apática, induzindo a memorização temporária do conteúdo. Isso é em
decorrência da forma como são explorados os temas e devido também à falta de
estruturas adequadas das escolas, como: laboratórios e equipamentos que
facilitem o ensino dessa ciência, através de aulas práticas e contextualizadas, que
é indispensável, devido à necessidade dessa disciplina no dia a dia dos educandos.
Objetivou-se averiguar a influência de uma aula prática e teórica de forma
contextualizada e problematizada no ensino de química, com educandos do ensino
médio das Escolas Estaduais Dr. Alfredo Pessoa de Lima da cidade de Solânea-PB,
e José Rocha Sobrinho da cidade de Bananeiras-PB. A aula foi dividida em quatro
momentos pedagógicos, sendo eles: pré–intervenção avaliativa, aula experimental,
aula teórica e pós-intervenção avaliativa. A aula extração de cafeína através da
prática contextualizada contribuiu para despertar nos educandos o interesse pela a
química, não somente isso, mais também estimulou o senso critico. A
experimentação contextualizada é fundamental no ensino de química, pois o
educando se tornam ativo e participativo, contribuindo significativamente na sua
aprendizagem. Os resultados obtidos na pré e pós intervenção avaliativa certificam
que a aula prática contextualizada é indispensavel no ensino de química, uma vez
que demonstra uma forte influência na aprendizagem dos educandos, facilitando e
tornando mais prazerosa a aquisição do conhecimento.
PALAVRAS-CHAVE: Contextualização, Ensino, Experimentação, Cafeína.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 307


 

1. INTRODUÇÃO

O ensino de química sempre se demostrou complicado e difícil devido ao


interesse dos educandos frente essa disciplina, uma vez que ministrada de forma
teórica e apática, induzindo a memorização temporária do conteúdo, apresentando
fórmulas e reações que não apresentam sentido, pois para muitos estudantes não
há utilidade nos conteúdos abordados, uma vez que a realidade e o contexto que
está inserido são ignorados. Assim é notável a dificuldade dos alunos em visualizar
e compreender certos conteúdos repassados em sala de aula, sendo um dos
fatores que contribuem para tal problema a ausência de uma abordagem prática
dos mesmos por meio de experimentos (SUART; MARCONDES; LAMAS, 2010). Isso é
em decorrência da forma como são explorados os temas e devido também à falta
de estruturas adequadas das escolas, como: laboratórios e equipamentos que
facilitem o ensino dessa ciência, através de aulas práticas e contextualizadas, que
é indispensável, devido à necessidade dessa disciplina no dia a dia dos educandos.
A metodologia utilizada no tempo atual ainda está moldada no tradicional,
aspecto esse que não instiga os educandos a se interessarem e a participar da
aula. Estando de acordo com Silva (2011), confirmando que o ensino de química
está em declínio nos dias atuais, devido há vários fatores, como: deficiência na
formação do professor, baixos salários, metodologia ultrapassada, redução na
formação de licenciados em química, poucas aulas experimentais, e desinteresse
dos alunos.
Esse problema pode ser amenizado com emprego de aulas experimentais e
contextualizadas. Pesquisas demonstram a importância do uso de atividades
experimentais para o desenvolvimento de habilidades cognitivas nos alunos e para
um aumento na participação destes no processo de aprendizagem (SUART;
MARCONDES; LAMAS, 2010). Uma vez que as aulas práticas contextualizadas
apreendem a atenção do discente, o instigando a participar ativamente do
momento pedagógico, através de questionamentos, indagações, e afirmações.
Proporcionando ao individuo uma aprendizagem mais significativa. Nesse contexto
o estudante deixa de ser apenas um ouvinte, e passa a ser o sujeito principal da
aula.
No processo de ensino aprendizagem, as práticas devem ressaltar o papel
do aluno no processo de elaboração de hipóteses e confrontação com situações de
erro, de forma a convidá-lo a desenvolver-se cognitivamente, refletindo sobre as
suas ideias e as dos outros estudantes, a fim de que o resultado não esteja pronto
de antemão (GIL-PÉREZ, et al., 2005). Almeida et. al., (2005) explica que desta
forma é possível desenvolver habilidades e competências que capacitem os alunos
a enfrentar as transformações próprias do seu tempo, apresentando uma postura
crítica perante a ciência, a sociedade e suas próprias vidas. A contextualização da
teoria com a pratica auxilia o educando na construção do conhecimento, pois são
ferramentas fundamentais, que facilitam o processo de ensino e aprendizagem.
A cafeína é classificada como alcaloide, denominada de 1,3,7-

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 308


 

trimetilxantina, sendo uma substância nitrogenada, de características básicas,


solúvel em água. Pertencente a uma classe de compostos de ocorrência natural
chamada xantina. Possivelmente, as xantinas são os estimulantes mais antigos
conhecidos sendo que, neste contexto, a cafeína é um dos mais potentes (DE
MARIA e MOREIRA, 2007; BRENELLI, 2003). A cafeína é uma substancia bastante
consumida, devido que está presente em diversos alimentos e bebidas, como: café,
chá, refrigerantes, chocolate, e está também presente nos medicamentos, onde
exerce funções importantes para o perfeito funcionamento do remédio. Entre os
alimentos que contém este alcaloide, o café é o que mais contribui para a sua
ingestão (SILVA e GUIMARÃES, 2012).
Diante disto, objetivou-se averiguar a influência de uma aula prática e
teórica de forma contextualizada e problematizada no ensino de química, com
educandos do ensino médio das Escolas Estaduais Dr. Alfredo Pessoa de Lima da
cidade de Solânea-PB, e José Rocha Sobrinho da cidade de Bananeiras-PB, tendo
como tema gerador: a extração de cafeína, onde se contextualizou e problematizou-
se este tema com dia a dia do aluno.

2. METODOLOGIA

2.1. Local da pesquisa

A pesquisa foi conduzida no Laboratório de Química (LABQUIM) do Centro de


Ciências Humanas, Sociais e Agrárias, Campus III da Universidade Federal da
Paraíba, localizado na cidade de Bananeiras-PB.

2.2. Obtenção dos Resultados

Para obtenção dos resultados foram utilizados como instrumento de


pesquisa 25 educandos da Escola Estadual Dr. Alfredo Pessoa de Lima da cidade
de Solânea-PB, e 23 da Escola Estadual José Rocha Sobrinho da cidade de
Bananeiras-PB, ambas as turmas do 3° ano do ensino médio.

2.3. Etapas da aula prática e teórica contextualizada

A aula foi dividida em quatro momentos pedagógicos, de acordo com Paim


et. al., (2004): Pré–intervenção avaliativa, aula experimental, aula teórica e pós-
intervenção avaliativa.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 309


 

2.4. Pré-intervenção avaliativa

É o primeiro momento da aula, onde os educandos evidenciaram os seus


conhecimentos prévios, a cerca do tema abordado, que foi a extração da cafeína,
como: definição, estruturas, composição química da cafeína, seus benefícios e
malefícios, seu uso na gravidez, no esporte e seus efeitos no organismo humano,
seu uso em medicamentos, e sua presença nos alimentos, destacando os
alimentos que apresentam uma quantidade maior dessa substancia, bem como a
parte química, quanto sua constituição, abordando grupos orgânicos, funções
orgânicas.

Figura 1: Educandos da escola Dr. Figura 2: Estudantes da Escola José


Alfredo Pessoa de Lima respondendo a Rocha Sobrinho respondendo a pré-
pré- intervenção avaliativa. intervenção avaliativa.

Fonte: SOUSA. F. (2017) Fonte: SOUSA. F. (2017)

2.5. Aula experimental

A aula prática foi à extração da cafeína do chá preto, na qual foram


utilizados os seguintes materiais: chá preto, água, carbonato de cálcio (CaCO3),
clorofórmio, chapa aquecedora, funil de separação, bastão de vidro, papel filtro,
funil de vidro, suporte universal, proveta, balança analítica, espátula. No momento
experimental foi realizada a extração da cafeína, pelos alunos, que participaram de
todo o processo da obtenção desse alcaloide, que foi extraída do chá preto. O
processo da extração se deu da seguinte maneira: os educandos pesaram 7 g de
carbonato de cálcio, 15 g de chá preto, colocaram em um Becker de 400 mL, onde
foi adicionado 150 mL de água, sendo essa substância aquecida a 80 °C, e
agitada na chapa aquecedora por 20 minutos. Logo após a solução foi filtrada com
o funil de vidro em um Becker, em seguida colocaram no funil de decantação. Em
seguida adicionou-se 20 mL de clorofórmio com posterior homogeneização. A
solução preparada foi colocada em temperatura ambiente o clorofórmio evaporar,
obtendo-se assim a cafeína.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 310


 

Figura 03: (a) Educandos da escola Dr. Alfredo Pessoa de Lima realizando e vivenciando a prática;
(b) Estudante pesando o carbonato de cálcio na balança analítica; (c) Estudantes da escola José
Rocha Sobrinho realizando o procedimento experimental.
(A) (B) (C)

Fonte: SOUSA. F. (2017) Fonte: SOUSA. F. (2017) Fonte: SOUSA. F. (2017)

2.6. Aula Teórica

Em seguida decorreu a ministração da aula contextualizada, sobre a


extração da cafeína, apresentando e debatendo tudo que tinha sucedido no
momento experimental, no qual os educandos dirigiram vários questionamentos do
experimento, evidenciando seus conhecimentos adquiridos no momento prático,
sugerindo respostas para o que tinha ocorrido na experimentação.

Figura 4: (A) e (B), realizando a aula teórica contextualizada com os educandos da escola Dr. Alfredo
Pessoa de Lima e José Rocha Sobrinho.

(A) (B)

Fonte: SOUSA. F. (2017) Fonte: SOUSA. F. (2017)

2.7. Pós-intervenção avaliativa

Etapa final de toda a aula, onde os educandos responderam questões


relacionadas ao tema abordado, tanto do momento experimental quanto teórico,
sendo evidenciados os conhecimentos adquiridos pelos os estudantes em todo o
procedimento.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 311


 

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Esses resultados foram obtidos através da comparação da pré-intervenção e


pós-intervenção avaliativa de ambas as escolas (Figuras 05 e 06). Ficou evidente
que na pré-intervenção os educandos das duas escolas, tanto da Escola Estadual
Dr. Alfredo Pessoa de Lima, como a Escola José Rocha Sobrinho apresentaram
dificuldades para responderem as questões, tendo obtido uma média aritmética
respectivamente de 0,7 e 0,9. Isso se deu porque foi a primeira vez que tiveram
contato com o tema abordado. Esse questionário teve por finalidade avaliar os
conhecimentos prévios dos estudantes em relação ao tema da aula de cafeína, e
instigar a curiosidade, através de questionamentos e indagações, no decorrer de
todo os momentos pedagógicos. A experimentação contextualizada é fundamental
no ensino de química, pois o educando se tornam ativo e participativo, contribuindo
significativamente na sua aprendizagem. Percebe-se que com situações concretas
e presentes o discente sente-se desafiado a ter uma resposta, não no nível
intelectual, mas no nível de ação (FREIRE, 2005).

Figura 05- Resultado do Pré e Pós-intervenção da Escola Dr. Alfredo Pessoa de Lima.

Já na pós-intervenção avaliativa os educandos alcançaram um nível


satisfatorio, em ambas as escolas, apresentando uma media aritemtica de 8,5.
Isso demonstra que a metodologia aplicada mostrou eficiencia no
ensino/aprendizagem, facilitando a aquisição do conhecimento, evidenciando que
a contextualização é uma didatica que contribue diretamente para o aprendizado
dos estudantes, uma vez que leva em consideração o seu contexto. A aula de
extração de cafeína mostrou e abordou saberes do dia a dia do educando, como
alimentos que apresentavam essa substância, como chá, refrigerantes, chocolate,
café. Sendo abordado também a cafeía na gravidez, no esporte, e em
medicamentos.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 312


 

Figura 06- Resultado do Pré e Pós-intervenção da Escola José Rocha Sobrinho

Essa abordagem gerou debates, discursão e questionamento, tornando o


momento pedagogico mais enriquecedor e importante na construção do
conhecimento. Diferente do ensino tradicional que os discentes são colocados para
decorar e repitir conteudos dos quadros e livros, sem proporcionar a sua
emanicipação na cosntrução de conceitos e como individuo pensante. Como
salienta Penteado et al., (2004) que demonstrou que na abordagem usualmente
presente na escola, os alunos têm pouca autonomia na construção do seu próprio
conhecimento e são avaliados por repetir conhecimentos impostos por outros. A
aula extração de cafeína através da prática contextualizada contribuiu para
despertar nos educandos o interesse pela a química, não somente isso, mais
também estimulou o senso critico.
A busca por um modelo de ensino focado no ensino-aprendizagem
significativo transcende a abordagem tradicional, e procura desenvolver um sujeito
crítico e questionador, reconstrutor da realidade (PERUZZI e FOFONKA, 2014).
Passando o estudante a ter outra visão das situações vivenciadas no cotidiano,
pois ajuda a assimilar os saberes adquiridos na aula, com momentos do dia a dia.
Este aspecto é importante no estímulo e interesse na aprendizagem, pois o aluno
compreende que o conteúdo e tema abordados na aula têm utilidade e importância
na sua vida social, rompendo com o paradigma que a química não tem aplicação,
mas sim que ela está presente constantemente no cotidiano. Além de proporcionar
indivíduos mais críticos as aulas experimentais juntamente com a teórica,
permitem desenvolver outras habilidades importantes, quando estiver frente a
situações em práticas nas aulas de disciplina como a química. Pois possibilita que
os alunos experimente o conteúdo trabalhado em aulas teóricas, conhecendo e
observando organismos e fenômenos naturais, manuseando equipamentos, entre
outras coisas interessantes (RESES, 2010), sendo o educador peça chave para a
evolução do ensino/aprendizagem dos educandos. Concordando com Demo
(2011), que ressalta que cabe ao professor competente conduzir essa
aprendizagem significativa, orientando o aluno permanentemente para expressar-
se de maneira fundamentada, exercitar o questionamento e formulação própria,

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 313


 

reconstruir autores e teorias e cotidianizar a pesquisa. Além disto, é ofício do


professor associar a teoria com a prática através da contextualização, pois sem
essa conexão os educandos não se sentirão atraídos e estimulados, tendo a aula
uma ação negativa sobre os agentes envolvidos. Uma vez que não proporciona o
estabelecimento entre a teoria e a prática e, muitas vezes, o experimento fica
desarticulado da teoria e os alunos não compreendem o porquê e para que o
realizaram, sendo tratados como uma via de mão única, na qual a prática
comprova a teoria ou vice-versa (ZANON E SILVA, 2000). Dessa maneira os
métodos experimentais praticados, de forma a pouco privilegiar aspectos
cognitivos, não contribuem para o desenvolvimento de habilidades essenciais para
o exercício da cidadania pelos alunos e também para a construção de conceitos
químicos (SUART et al, 2009). Confirmando que a contextualização é essencial
nesse processo de aprendizagem, fazendo do estudante um agente participativo e
ativo, em todos os momentos da aula.

4. CONCLUSÃO

Os resultados obtidos na pré e pós intervenção avaliativa certificam que a


aula prática contextualizada é indispensavel no ensino de química, uma vez que
demonstra uma forte influência na aprendizagem dos educandos, facilitando e
tornando mais prazerosa a aquisição do conhecimento. Isso só é possível devido à
inter-relação feita do conteúdo trabalhado na sala de aula com o dia a dia do
educando, tornando o conteúdo relevante, atrativo e fascinante, entusiasmado o
estudante a buscar e aprender cada vez mais. Sendo a aula contextualizada
experimental em cojunto com a teorica um metódo importante no ensino dessa
ciência, que está presente no nosso contidiano.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, N. P. G.; RIBEIRO, A. E. Mª. Projetos temáticos como alternativa para um


ensino contextualizado das ciências: análise de um caso. Enseñanza de las
ciências, n. Extra, p. 1-4, 2005.

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42.ªedição.

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Uniões, XXIII Encontro Nacional de Estudantes de Química, SÃO CARLOS, 2004.

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Universitário Leonardo da Vinci – Indaial, Grupo UNIASSELVI, 2010.

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de Inteligência Competitiva do Café. Lavras, MG. Julho de 2012.

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SUART, R; MARCONDES, M. E. R.; LAMAS, M. F. P. A Estratégia “Laboratório Aberto”


para a Construção do Conceito de Temperatura de Ebulição e a Manifestação de
Habilidades Cognitivas, Química Nova na Escola, v. 32, n. 3, p. 200-207, 2010.

SUART, R.C. e MARCONDES, M.E.R. A manifestação de habilidades cognitivas em


atividades experimentais investigativas no ensino médio de química. Ciências e
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SCHNETZLER, R.P. e ARAGÃO, R.M.R. (Orgs.). Ensino de Ciências: fundamentos e
abordagens. Campinas: CAPES; UNIMEP, 2000, p. 120-153.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 315


 

CAPÍTULO XXX

PRÁTICA PROFISSIONAL II: UMA ANÁLISE DA


METODOLOGIA E APLICAÇÃO DE MATERIAIS
LTERNATIVOS NO ENSINO DA QUÍMICA
________________________

Alisson de Lima Xavier ,

Maria das Graças Negreiros de Medeiros ,

Rafael Batista Reinaldo

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 316


 

PRÁTICA PROFISSIONAL II: UMA ANÁLISE DA METODOLOGIA E APLICAÇÃO DE


MATERIAIS LTERNATIVOS NO ENSINO DA QUÍMICA

Alisson de Lima Xavier


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da
Paraíba, Departamento de Ensino Superior, João
Pessoa – Paraíba
Maria das Graças Negreiros de Medeiros
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da
Paraíba, Departamento de Ensino Superior, João
Pessoa – Paraíba
Rafael Batista Reinaldo
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da
Paraíba, Departamento de Ensino Superior, João
Pessoa – Paraíba

RESUMO: O seguinte trabalho relata a observação dos resultados das metodologias


vivenciadas pelos alunos do 2º período, na disciplina de Prática Profissional II, do
curso de Licenciatura em Química, do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia da Paraíba (IFPB), Campus - João Pessoa. Através do modelo de
elaboração de material didático e apresentação aulas de Química experimental,
com o objetivo de desenvolver conhecimentos básicos dos discentes sobre os
aspectos práticos na utilização e reutilização de materiais e reagentes alternativos,
visando minimizar os impactos ambientais em sua prática profissional.
PALAVRAS-CHAVE: Metodologias, Prática Profissional, Química, Materiais
Alternativos.

1. INTRODUÇÃO

O Ensino da Química enquanto disciplina da área ciência da natureza é um


tanto desafiador, contudo, instigante! Segundo Silva (2007), os professores se
sentem obrigados a “correr com a matéria” acumulando os conteúdos na cabeça
do aluno, impedindo-o de participar da construção de uma aprendizagem
significativa sobre os conteúdos.
Vivenciamos um acelerado desenvolvimento na ciência, tecnologia e
sociedade que é refletido as diversas áreas de conhecimento. O campo educacional
tem se adaptado através das mudanças nas práticas pedagógicas e relações entre
os saberes.
Segundo Leff (2001, p.199/200):

A dependência científico-tecnológica manifesta-se como uma relação


disfuncional entre o custo e as condições de aquisição do conhecimento
importado; nas capacidades de cada país, cada indústria e cada
comunidade para sua apropriação, adaptação e operação; no

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 317


 

desaproveitamento e destruição dos recursos naturais e culturais devido


à implantação de modelos tecnológicos externos; e no intercâmbio
desigual entre produtos primários e mercadorias tecnológicas
estabelecido pelas condições do mercado. Esta dependência adquire
novos significados na perspectiva do desenvolvimento sustentável, face
às novas formas de apropriação científica e tecnológica da natureza e às
estratégias da nova ordem mundial para o manejo sustentável dos
recursos ambientais do planeta.

Diante disso, a disciplina de Prática Profissional II propõe em sua ementa


uma formação discente que o permita observar, vivenciar, refletir e criar, dentro do
processo de ensino e aprendizagem e resultar em uma relevante contribuição para
consciência ecológica e conservação dos recursos ambientais. Através da sua
metodologia que evidencia a importância da inter-relação entre teoria e prática
como facilitador do processo ensino/aprendizagem, Além de trabalhar de modo
transversal a sustentabilidade.
A proposta da supramencionada disciplina está em consonância com o que
evidencia o MEC nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação de
professores para a educação básica e nos próprios referenciais, esses conceitos,
baseados na construção de competências profissionais, como um profissional
prático-reflexivo. Logo:

O Licenciado em Química deve ter formação generalista, mas sólida e


abrangente em conteúdos dos diversos campos da Química, preparação
adequada à aplicação pedagógica do conhecimento e experiências de
Química e de áreas afins na atuação profissional como educador na
educação fundamental e média. (MEC, 2001, p.4).

Diante dessa realidade este estudo tem como objetivo refletir sobre a
formação do professor contextualizando as metodologias e saberes docentes, em
sua contribuição para valorização do ensino e incentivar à formação do professor,
relacionando os conteúdos de forma participativa aproximando-os com a sua
realidade e produzindo um modelo de produção e consumo que respeita a
capacidade do meio ambiente, preservando o acesso das futuras sociedades aos
recursos naturais.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O estudo da Química possibilita o homem compreender a natureza, suas


transformações e energias envolvidas nesses processos e viabiliza uma melhor
leitura de mundo e do seu cotidiano. Certamente, tal afirmação atrai alguns alunos,
que ingressão na vida acadêmica em busca de adquirir essa compreensão e torna-
la acessível a outros.
Conforme Fiorentini, Sousa Jr. e Melo (2003, p.311) o distanciamento entre
os saberes científicos construídos na academia, e aqueles praticados/produzidos
pelo professor na docência, estão ligados com a relação que eles têm com esses
saberes. Precisamente, este é um dos problemas que permeiam a entrada e

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 318


 

permanência dos discentes nas licenciaturas, a não compreensão dos saberes


acadêmicos e aplicação na vida docente.
Especialmente no contexto dos discentes da Licenciatura em Química, não
basta apenas informar os alunos dos conteúdos, mas capacitá-los para aquisição
de novas competências, preparando-os para lidar com diferentes realidades e
formá-los para os desafios no exercício do magistério. Como muito bem observa
Pimenta (2005, p.26):

“[...]. Os saberes teóricos propositivos se articulam, pois, aos saberes da


prática, ao mesmo tempo ressignificando-os e sendo por eles
resinificados. O papel da teoria é oferecer aos professores perspectivas
de análises para compreender os contextos históricos, sociais, culturais,
organizacionais, e de si mesmos como profissionais, nos quais se dá sua
atividade docente, para neles intervir, transformando-os. Daí é
fundamental o permanente exercício da crítica das condições materiais
nas quais o ensino ocorre”.

Segundo (FREIRE; SCHOR, 1996, p. 100), “Em decorrência dessa dicotomia


entre teoria e prática, desenvolve-se uma significativa rejeição por parte dos
alunos, ao considerarem a Química uma matéria de difícil aprendizagem”. A prática
profissional como componente curricular propõe desmistificar esse ensino de
química descontextualizado e repetitivo, além de motivar os professores em
formação a novos conhecimentos e novas alternativas para suas práticas docentes.
A importância de que o perfil do professor desta área de ensino seja
redimensionado, refletindo sobre os “velhos hábitos” de ensino e aprendizagem. E
a velha transferência de conhecimento através do discurso professoral (FREIRE;
SCHOR, 1996, p. 100). A contextualização dos temas químicos, ligando-os aos
temas sociais e evidenciados, desperta o interesse dos alunos quando se trata de
assuntos vinculados diretamente ao seu cotidiano.
Sem dúvida, as relações a Química e o cotidiano vêm sendo apontadas
como umas das formas de melhorar o processo de ensinoaprendizagem em
Ciências. Nesta concepção, dá-se ênfase questões fundamentais levantadas
(Oliveira, 2010):

“Em busca de nova perspectiva, entende-se que a melhoria da qualidade


do ensino de Química passa pela definição de uma metodologia de
ensino que privilegie a contextualização como uma das formas de
aquisição de dados da realidade, oportunizando ao aprendiz uma
reflexão crítica do mundo e um desenvolvimento cognitivo, através de seu
envolvimento de forma ativa, criadora e construtiva com os conteúdos
abordados em sala de aula”.

O professor em formação precisa sentir mais a importância, a necessidade e


a utilidade de aprender a transmitir química como algo que, está inserido no dia a
dia, para que desta forma, ele não interfira na aquisição de novos saberes de seus
futuros alunos, De acordo com (MACHADO, 2004, p.173). “[...]. A ausência de
fenômenos e seus contextos na sala de aula pode fazer com que os alunos tomem
por “reais” as fórmulas das substâncias, as equações químicas e os modelos para
a matéria”.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 319


 

Barbieri Santos (1993, p. 2), considera:

“Embora o Ensino de Ciências através de experiências seja apontado por


todos (...) como condição básica para a aprendizagem, o ensino
experimental não se viabiliza nas escolas. Os professores têm
dificuldades em realizar experimentos principalmente porque, durante a
sua formação em cursos de Licenciatura, muitos não têm acesso a
laboratórios”.

Aqui, deve-se salientar a “química experimental” necessita ser trabalha, mas


dentro de uma concepção que destaque o contexto social em que os professores
em formação serão inseridos, através de uma contextualização social que o permita
desenvolver a interdisciplinaridade.
Diante dessa conjuntura, a disciplina de Pratica Profissional II, proporciona
essa vivência da Química experimental, associada a contextualização social e
utilização de ferramentas alternativas para um melhor aproveitamento do
conteúdo, com o objetivo de contribuir para que o aluno possa adquirir
conhecimentos básicos sobre os aspectos práticos da reutilização de materiais,
visando a melhor compreensão dos impactos ambientais e promovendo a
interdisciplinaridade e formação cidadã. Segundo Santos & Schnetzler (1997:47):

“(...) é necessário que os cidadãos conheçam como utilizar as


substâncias no seu dia a dia, bem como se posicionarem criticamente
com relação aos efeitos ambientais da utilização da química e quanto ás
decisões referentes aos investimentos nessa área, a fim de buscar
soluções para os problemas sociais que podem ser resolvidos com a
ajuda do seu desenvolvimento”.

A sociedade em que estamos inseridos produz mais resíduos do que


consegue consumir, ou seja, a produção do lixo está em maior escala não
respeitam o meio ambiente. Certamente, o professor torna-se responsável pelo o
acesso das futuras gerações aos recursos naturais. A fim de sensibilizar seus
alunos através contextualização entre a Química e meio ambiente, possibilita o
despertar de uma consciência ecológica para uma reflexão cidadã, a disciplina de
Pratica Profissional favorece aos seus alunos um aprendizado significativo que lhes
permita desenvolver habilidades de cunho pedagógico, e assim, participar
ativamente das mudanças reais da sociedade. Diz Lutfi (1992 p.12):

“(...) o que se busca saber é se a preocupação com as questões sociais é


possível de ser despertada, relacionando-se os conceitos adquiridos em
sala de aula com as condições de trabalho humano em que esses
conhecimentos são adquiridos em nossa sociedade. E saber como se dá
a produção social e a apropriação privada do conhecimento químico”.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 320


 

3. METODOLOGIA

A estratégia escolhida para abordagem no presente trabalho é fundada nas


metodologias utilizadas pela docente da disciplina Prática Profissional II, do curso
de Licenciatura em Química, do Instituto Federal da Paraíba, IFPB, Campus João
Pessoa, durante o semestre 2017.1, configurando-se segundo Malheiros (2011),
numa pesquisa didática já que se dedica a compreender métodos e técnicas de
ensino.
A metodologia utilizada no desenvolvimento da pesquisa, segundo Lakatos
(2017), foi de natureza qualitativa, pois o mesmo tem caráter subjetivo, tendo em
vista que o critério para identificação dos resultados é valorativo. Apresentando
as seguintes características de uma pesquisa qualitativa: é descritiva, se
preocupa com o processo e não apenas com os resultados e o produto, enfatiza o
significado e o ambiente natural é a fonte direta de dados.
A expressão qualitativo para Chizzotti (2006, p,26), sugere “uma partilha
densa com pessoas, fatos e locais que constituem objetos de pesquisa, para
extrair desse convívio os significados visíveis e latentes que somente são
perceptíveis uma atenção sensível¨. A pesquisa qualitativa procura encontrar o
sentido de um determinado fenômeno e interpretar significados que as pessoas
atribuem ao mesmo.
Esta pesquisa de cunho educativo através de uma abordagem participante
está inserida no contexto educacional, tendo na pessoa do discente/pesquisador
um membro do cenário estudado como aluno da disciplina Prática Profissional II.
A abordagem participante é caracterizada pela interação entre pesquisador e
membros da situação averiguada, sem, entretanto, o intuito imediato de
solucionar problemas coletivos.
Desenvolvemos o modelo, a partir da escolha dos temas de cada discente
dentro dos conteúdos de química geral, que foram selecionados para analise do
professor da disciplina que direcionou cada temática de forma adequada para
experimentação. Posteriormente foi formatado o plano de aula e a construção do
roteiro experimental, que permitia a escolha dos materiais e reagentes que
poderiam ser usados no laboratório e substituídos por materiais e reagentes
alternativos e/ou de baixo custo.
A elaboração da aula experimental facilita a aprendizagem de conceitos
metodológicos e didáticos na formação do professor de química, e nesta proposta
contribui para mudanças de concepções da utilização de matérias e reagentes
laboratoriais que produzem resíduos de difícil descarte e de fácil contaminação do
meio ambiente, por materiais que encontrados no cotidiano e reagentes de fácil
acesso e que causam menos impactos no ambiente em seu descarte.
A relevância social e a inter-relação entre metodologia e educação ambiental,
foram percebidas em cada apresentação do material didático e aula de Química
experimental apresentada na disciplina de Prática Profissional II. De acordo com
Brandão (1994) “[...]a escola não é o único lugar onde educação acontece e talvez
nem seja o melhor, o ensino escolar não é a sua única prática e o professor
profissional não é o seu único praticamente”. Este trabalho justifica-se pela

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 321


 

importância dos temas, pelas metodologias e discussões acerca dos impactos


socioambientais na formação de professores e pela inovação.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Com base nas atividades desenvolvidas na disciplina de Prática Profissional II,


foi possível perceber que com a elaboração de experimentos os discentes
adquiriram a aprendizagem de conceitos fundamentais e modelos científicos que
contribuem para a mudança de concepções no processo ensino/aprendizagem.
A contextualização no ensino de Química e educação ambiental sensibilizou
os discentes no tocante do reaproveitamento de materiais reciclados, utilização de
utensílios de cozinha e matérias de fácil acesso e baixo custo como reagentes,
visando a baixa produção de resíduos sólidos e um descarte consciente, deste
modo despertando uma visão crítica-transformadora no que se refere à educação
socioeconômica.
A partir das apresentações das aulas experimentais e dos materiais
produzidas pelos discentes, observamos que foram utilizados diferentes recursos
pedagógicos como forma de motivar, aperfeiçoar e potencializar o aprendizado em
Química e os recursos didáticos como resgate da prática experimental como
recurso para melhor qualidade de do ensino.
Além disso, os mesmos tomaram conhecimento da necessidade urgente da
reutilização, da reciclagem, da produção de resíduos e seus descartes. Como
também os malefícios, processos de contaminação e degradação, não só apenas
ao ser humano, mais também para o meio ambiente e sociedades futuras, que
terão seus direitos negados, Em outras palavras, a contextualização socioambiental
nos conteúdos assume diferentes significados tanto para o aluno quanto para a
sociedade que ele está inserido, no caso dos professores em formação, percebeu-
se um grande estímulo e interesse por partes dos discentes com a disciplina e nas
suas práticas metodológicas e didáticas.

5. CONCLUSÃO

A formação de futuros docentes de Química para educação básica está


mediada por teoria e prática, tendo em vista a melhor qualidade na formação de
sua prática profissional a utilização de materiais e reagentes alternativos para o
ensino experimental da química produz nos futuros docentes saberes experienciais,
pedagógicos e conhecimentos específicos. Sem dúvidas a qualidade desses
profissionais foi favorecida através da reflexão e análise entre o ensino da química
em relação ao meio ambiente e o cotidiano, favorecendo a utilização de
ferramentas alternativas diferenciadas com o foco no ensino consciente e
sustentável, buscando que o alunado possa ter um ensino/aprendizagem cada vez
mais significativo. Para o futuro professor desenvolver habilidades e competências
associada ao entendimento da Química, produz uma melhoria significativa a sua

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 322


 

prática docente, para reflexão e análise dessa prática e consciência sobre o meio
ambiente a sociedade e gerando novos conceitos e valores.

REFERÊNCIAS

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Boletim da Filosofia, n.6 , p.4 . São Paulo, 1993.

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São Paulo; Cortez 1994.

BRASIL, MEC/SEB/ DEP/ COPFOR. Rede Nacional de Formação Continuada de


Professores de Educação Básica: Orientações Gerais 2005. Disponível em <http:
//portal .mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livroderede.pdf>. Acesso em: 10/10/20017.

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FIORENTINI, Dário; SOUSA JR., Arlindo José; MELO, Alves Gilberto F.. Saberes
docentes: um desafio para acadêmicos e práticos. In: GERALDI, Corinta M. G.;
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  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 324


 

CAPÍTULO XXXI

VIVÊNCIAS DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO NO ENSINO


DE QUÍMICA: O PAPEL DA EXPERIMENTAÇÃO NA
APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA NO NÍVEL MÉDIO
________________________

Adriana Lucena de Sales ,

Emmanuele Maria Barbosa Andrade ,

Iessa da Silva Dias ,

Érica Araújo de Almeida ,

Alberlane da Silva Alves

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 325


 

VIVÊNCIAS DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO NO ENSINO DE QUÍMICA: O PAPEL DA


EXPERIMENTAÇÃO NA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA NO NÍVEL MÉDIO

Adriana Lucena de Sales


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amapá
Macapá – Amapá
Emmanuele Maria Barbosa Andrade
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amapá
Macapá – Amapá
Iessa da Silva Dias
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amapá
Macapá – Amapá
Érica Araújo de Almeida
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amapá
Macapá – Amapá
Alberlane da Silva Alves
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amapá
Macapá – Amapá

RESUMO: Este artigo descreve as intervenções realizadas no estágio


supervisionado no ensino de química I, do curso de Licenciatura em Química do
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amapá – Ifap, sendo a
mesma a escola campo, o estágio foi realizado no período de 22 de fevereiro de
2017 a 20 de junho de 2017. Tem como objetivo relatar as vivências e práticas no
estágio supervisionado de química I, demonstrando o papel da experimentação na
aprendizagem significativa. O estágio possibilita o acadêmico conhecer, praticar,
identificar e exercer o seu papel como futuro profissional. Este foi dividido entre
observação e intervenção aplicada à turma do 1º ano do Ensino Médio Integrado
Integral de Técnico em Química. Depois do período de observação foi realizada a
intervenção, com a explanação do assunto reações químicas e a realização de
prática experimental. Os alunos foram divididos em grupos, para realização de
experimentos sobre reações químicas, onde cada grupo ficou com um experimento,
estes deviam observar o experimento, escrever a reação química observada no
experimento, escrevê-la por extenso, balanceá-la e classificar a reação. Sendo que
94,4% dos alunos conseguiram realizar corretamente os comandos, considerando
o resultado satisfatório. Assim, através dos resultados obtidos, afirmando que a
teoria em consonância com a prática potencializa a aprendizagem do aluno e
juntamente com a aprendizagem significativa contribui para que o educando tenha
a visão contextualizada da química.
PALAVRAS-CHAVE: Aprendizagem significativa; contextualização; ensino de Química;
estágio Supervisionado.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 326


 

1. INTRODUÇÃO

O Estágio Supervisionado previsto pela Lei nº 11.788, de setembro de 2008,


tem como objetivo a preparação para o ambiente de trabalho. Sendo o período de
estágio, um momento significativo para a aprendizagem do acadêmico, visto que
possibilita conhecer, praticar, identificar e exercer o seu papel como futuro
profissional.
Nos cursos de licenciatura o estágio supervisionado, mostra-se uma
experiência única de contato com o ambiente escolar, com os alunos e a
organização administrativa e pedagógica de uma escola. Mostrando-se de suma
importância para a formação do futuro professor como profissional da educação.
O estágio supervisionado no ensino de química I, ofertado no 6º semestre, é
um dos componentes curriculares vinculados ao curso de Licenciatura em Química
do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amapá (Ifap). O estágio
supervisionado em Ensino de Química I não teve somente os objetivos pautados na
lei do estágio, porém visou uma experiência rica de valores e reflexão do
acadêmico-estagiário sobre sua formação e ação. Segundo Barreiro; Gebran em
seu livro prática de ensino e estágio supervisionado na formação de professores.

[...] deve-se atribuir valor e significado ao estágio supervisionado,


considerado não um simples cumprimento de horas formais exigidas pela
legislação, e sim um lugar por excelência para que o futuro professor faça
a reflexão sobre a sua formação e sua ação, e dessa forma possa
aprofundar conhecimento e compreender o seu verdadeiro papel e o
papel a escola na sociedade. (BARREIRO; GEBRAN, 2006, p. 90)

Na ementa do curso de Licenciatura em Química do Ifap, o estágio


supervisionado no ensino de química I não tem como obrigatoriedade a intervenção
em sala de aula. Porém, devido o reconhecimento da importância e oportunidade
que o estágio proporciona, a professora da disciplina de estágio dividiu-o em
observação e intervenção.
Segundo Barreiro; Gebran (2006), a formação inicial e o estágio devem
pautar-se pela investigação da realidade, por processos reflexivos entre os
professores-formadores e os futuros professores, ao examinarem, questionarem e
avaliarem criticamente o seu fazer, o seu pensar e a prática. Tendo em vista que,
um futuro professor, “além de saber e saber fazer, deve compreender o que faz e
porque faz” (BARREIRO; GEBRAN, 2006, p. 88).
No ambiente da sala de aula o aluno-estagiário “deverá suscitar
questionamentos sobre a prática pedagógica na sua singularidade, possibilitando a
apreensão das condições e determinantes que interferem na ação educativa e nos
sujeitos envolvidos.” (BARREIRO; GEBRAN, 2006, p. 97).
A busca por novas metodologias que efetivam satisfatoriamente a
aprendizagem do educando, no ensino de química, se mostra frequente no meio
escolar. Dentro do ensino de química a contextualização e experimentação
mostram-se relevantes.
Para Chassot (1990), a química é também uma linguagem e o ensino de

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 327


 

química deve ser um facilitador da leitura do mundo, e deve ser ensinada para
permitir, que o cidadão possa interagir melhor com mundo.
Segundo Alves (2007), no ensino de química, especificamente, a
experimentação deve contribuir para a compreensão dos conceitos químicos,
podendo distinguir duas atividades: a prática e a teoria. Para fazer conexão dessas
duas atividades é necessário criar situações que possibilitem a contextualização,
ou seja, fazer o educando partir de “situações problemáticas reais, para buscar o
conhecimento necessário para entendê-las e procurar solucioná-las” (PCN+, 2002,
p. 93). Considerar a contextualização da química pode auxiliar na aprendizagem
significativa.
Segundo Ausubel apud Moreira (2015), aprendizagem significativa é um
processo por meio do qual uma nova informação relaciona-se com um aspecto
especificamente relevante da estrutura de conhecimento do indivíduo.
Para que a aprendizagem significativa aconteça, certas condições devem ser
atendidas pelos indivíduos envolvidos. Segundo Moreira (2015), uma das
condições, é que o material a ser aprendido seja relacionável à estrutura cognitiva
do aprendiz, de maneira não arbitrária e não literal. Esta condição implica não só
que o material seja suficientemente não arbitrário em si, mas também que o
aprendiz tenha disponível em sua estrutura cognitiva as proposições e conceitos
manentes a ele sejam adequados.
A outra condição segundo Moreira (2015), é que o aprendiz manifeste uma
disposição para relacionar de maneira significativa e não arbitrária ao novo
material, potencialmente significativo, à sua estrutura cognitiva.
No ensino de química, a experimentação é uma metodologia utilizada para
envolver os alunos com o conteúdo, de forma a relacionar com a estrutura cognitiva
deste. Para Guimarães (2009), a experimentação pode demonstrar os conteúdos
trabalhados, e ser utilizada na resolução de problemas, tornando a ação do
educando mais ativa.
O presente artigo tem como objetivo relatar as vivências e práticas no
estágio supervisionado no ensino de química I, demonstrando o papel da
experimentação na aprendizagem significativa, buscando que o aluno identificasse
e assimilasse que os conceitos químicos estão presentes no cotidiano e que esses
conceitos podem ser representados cientificamente.

2. METODOLOGIA

Este artigo descreve o desenvolvimento da prática do estágio supervisionado


no ensino de química I, aplicada no período de 22 de fevereiro a 20 de junho de
2017, com uma turma de 1º ano do Ensino Médio Integrado em Técnico em
Química, em tempo integral, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
do Amapá - Ifap, situado na Rodovia BR 210, Km 03, S/N, Macapá-AP.
A prática na escola campo foi dividida entre observação e intervenção. O
período de observação para reconhecimento da turma, bem como suas
dificuldades e potencialidades ocorreu de 22 de fevereiro a 19 de maio de 2017 e o

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 328


 

período de intervenção foi de 23 de maio a 20 de junho de 2017.


Durante a intervenção, o assunto proposto pela professora-supervisora foi
reações químicas com execução de experimentos, porém propôs-se não somente a
demonstração de experimento, mas também a realização da experimentação pelos
alunos da turma.
Para que o aluno compreenda o assunto reações químicas, este tem que
saber “estabelecer relações entre as grandezas envolvidas, que se reconheça em
que extensão a transformação ocorre, que se identifiquem, caracterizem e
quantifiquem os seus reagentes e produtos” (PCN+, 2002, p. 94).
A intervenção foi realizada em 04 dias diferentes, totalizando 9 aulas de 50
minutos cada, as 03 primeiras aulas com a introdução ao assunto e a 6ª e 7ª aula
para a finalização do mesmo, em ambas foi realizado a aplicação de exercício, na
8ª e na 9ª aula propôs-se a realização de experimentos pelos alunos, onde nesta
por meio de atividade seriam avaliados os conhecimentos adquiridos nas aulas
anteriores.
No 1º dia (12/05/2017), iniciou-se com a introdução ao assunto reações
químicas por meio de aula expositiva/dialogada. Foi explanado aos alunos as
diferenças entre transformações químicas e físicas, em seguida o que é uma
reação química, como pode ser escrita através de uma equação química, os
símbolos que acompanham as reações químicas e a classificação das reações.
Usou-se como critério avaliativo, as perguntas e dúvidas apresentadas pelos alunos
durante a aula, a participação em sala de aula e resolução de exercício. Ao final da
aula foi realizado o experimento demonstrativo “Pasta de Dente para Elefantes” aos
alunos (Figura 1), seguido de explicação.
No 2º dia (16/05/2017), dando continuidade ao assunto de reações
químicas, por meio de aula expositiva dialogada, foi explicado o balanceamento das
equações químicas, apresentado os conceitos de balanceamento químico e um
método de balanceamento – o método de tentativa – com demonstração de
exemplos e passo-a-passo para esse método. Foi considerado como critério
avaliativo a participação dos alunos com dúvidas e perguntas durante a aula, bem
como resolução de exercícios. Para a resolução da atividade, considerando os
questionamentos no período de observações, foi solicitado que os alunos
sentassem em dupla. O 3º dia (19/05/2017) foi somente para resoluções de
exercícios sobre balanceamento de reações pelo método de tentativas.

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 329


 

Figura 1: Experimento Pasta de dentes para Elefantes.


Fonte: Elaborado pelo autor.

No 4º dia (23/05/2017), ocorreu a prática experimental. Pautada na aula e


no assunto (reações químicas) ministrado em sala de aula. Seguindo a solicitação
da professora-supervisora, de trabalhar com os alunos experimentos para que eles
escrevessem a reação química observada.
A Tabela 1, mostra as etapas relatadas anteriormente, bem como a
descrição geral da intervenção realizada.

Nº de Estratégias de
Datas Tópico do assunto Avaliação
aulas Ensino

Introdução à reação
Aula expositiva/ Participação do aluno
química, equação
Dialogada/ com perguntas e
12/05/2017 3 aulas química e
Experimento resolução de
classificação das
demonstrativo exercício.
reações.
Balanceamento pelo
Participação do aluno
método de Aula expositiva/
16/05/2017 2 aulas com perguntas
tentativas Dialogada
acerca do exercício.

Balanceamento pelo Participação do aluno


Resolução de
19/05/2017 2 aulas método de com perguntas
Atividade
tentativas acerca do exercício.

Aula expositiva/
Escrever, Balancear e
Dialogada
classificar a reação
23/05/2017 2 aulas Reações Químicas Execução de
apresentada no
experimentos
experimento.
pelos alunos
Tabela 1: Descrição da intervenção.
Fonte: Elaborado pelo autor.

Para realização da atividade experimental, a turma composta por 38 alunos,


foi dividida em 4 grupos de 6 componentes e 2 grupos de 7 componentes. Como
se trata de uma turma de técnico em química, todos os alunos possuem seus

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 330


 

Equipamentos de Proteção Individual (EPI), e foi solicitado que no momento da


prática estes estivessem devidamente trajados. Os Experimentos foram
pesquisados e separados, onde optou-se por experimentos de fácil execução e com
materiais acessíveis e utilizados no dia a dia (Figura 2), no total para a realização
prática foram 4 experimentos onde estes são: “Batata Espumante”, “Soprando na
água de cal”, “Cal” e “Sopro Mágico”. Sendo que dois grupos ficaram com o
experimento “Sopro Mágico” e dois grupos ficaram com o experimento “Batata
Espumante”.

Figura 2: Materiais utilizados na realização da prática experimental.


Fonte: Elaborado pelo autor.

Foram dadas às orientações, recomendações e o roteiro do experimento


para cada grupo para a realização da prática experimental (Figura 3). Os critérios
avaliativos foram pautados no assunto visto em aula e nas habilidades e
competências esperadas. Essas sendo: ler uma reação química, escrever a reação
em forma de equação, balancear e classificar a reação. Foi disponibilizada uma
folha de avaliação para que os alunos preenchessem.

Figura 3: Alunos realizando a prática experimental.


Fonte: elaborado pelo autor.

Quando finalizada a execução os alunos tiveram que responder às seguintes


indagações: O que vocês observaram? Nesse experimento houve liberação de gás
ou formação de precipitados? Quais foram os reagentes utilizados? Sabem de que
for esse reagente é utilizado no dia a dia?

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 331


 

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Ao final do 1º dia de aula, que teve o auxílio do experimento “Pasta de Dente


para Elefantes”, foi realizada a recapitulação e reforço do assunto, despois da
explicação da reação do experimento, os alunos responderam satisfatoriamente
como a equação da reação é escrita e a classificaram de forma correta.
Segundo Vygotsky apud Medeiros, Morais, Lima et al (2013), as aulas
práticas estimulam a curiosidade, a iniciativa e a autoconfiança; aprimoram o
desenvolvimento de habilidades linguísticas, mentais e de concentração; e
exercitam interações sociais e o trabalho em equipe. Do ponto de vista do
professor, essas atividades permitem identificar erros de aprendizagem, atitudes e
dificuldades dos alunos.
Ao longo da explanação do conteúdo, buscou-se contextualizar o assunto,
visando os conhecimentos prévios e a observação acerca do seu cotidiano,
assimilando esses conceitos (pertencente ao aluno) com o conceito químico e
científico, através de proposições, sendo essa nova informação significativa ao
educando.
Por exemplo, o conceito de reação química e as evidências de ocorrência da
mesma. Inicialmente ocorreu uma diferenciação entre o conceito de transformação
química e física, sendo essas perceptíveis no cotidiano, como exemplo no papel
amassado e na queima dele. Sabendo essas informações, formulou-se o conceito
de reação química que é quando uma ou mais substâncias reagem para formar
uma nova ou mais substâncias. Tendo agora esse conceito, foi possível formular
ideias e proposições de formação de uma equação química.
Para Moreira (2015), a assimilação é um processo que ocorre quando um
conceito ou proposição, potencialmente significativo, é assimilado sob uma ideia ou
conceito mais inclusivo, que já existe na estrutura cognitiva do aluno.
Sendo assim, o conceito de reação química a ser aprendido pelo aluno que
já possui o conceito de transformação química já estabelecido, assim o conceito
específico (reação química) será assimilado pelo conceito mais inclusivo
(transformação química) adquirido.
Entre os tipos de aprendizagem, dentro da aprendizagem significativa, tem-
se a aprendizagem combinatória que segundo Moreira (2015):

A aprendizagem significativa é a aprendizagem de proposições e, em


menor escala, de conceitos que não guardam uma relação de
subordinação e super ordenação com proposições ou conceitos
específicos, e sim, com conteúdo mais amplo, relevante de uma maneira
geral, existente na estrutura [...]. É como se a nova informação fosse
potencialmente significativa por ser relacionável à estrutura como um
todo [...]. (MOREIRA, 2015, p. 167-168)

No 2º dia, a aplicação dos exercícios levou em consideração o seguinte


questionamento que surgiu durante o período de observação em sala que foram: A
discussão das questões em grupo ajuda os alunos a terem um desempenho
satisfatório na resolução e entendimento dos assuntos e questões? Com isso, foi

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 332


 

pedido aos alunos que sentassem em duplas para que resolvessem o exercício,
onde essa iniciativa mostrou-se efetiva.
Quando solicitado que os alunos sentassem em duplas essas foram
determinadas, mesmo que a turma não tenha demonstrado desavenças entres os
alunos, a afinidade mostrou-se relevante. Pois, os alunos não discutiam com a sua
dupla, mas sim com outro colega que mostrava ter afinidade. Ao permitir que os
alunos realizassem suas atividades em dupla ou em grupo, observou-se que esses
obtiveram um desempenho maior do que se fossem fazer sozinhos. Porém, buscou-
se deixar claro os objetivos e que ao final, todos deveriam ter realizado o exercício,
mostrando assim a importância do estímulo para a realização das atividades
propostas em sala de aula. Observou-se então que os alunos podem não se
empenhar na atividade individual, mas vislumbraram na atividade em grupo uma
oportunidade de conversar (sobre assuntos não proveitosos para a aula) sem que o
professor interrompesse ou chame a atenção.
O 3º dia (19/05/2017) não foi ministrado o que estava no plano de aula,
pois, como a turma pertencia ao ensino médio integrado, ou seja, o ensino médio
integrado com um curso profissionalizante do 1º ano do técnico em Química. Assim,
levando em conta a importância da disciplina, especialmente a essa turma, houve
a inclusão de mais 2 horas/aula, sendo estas somente para realização de
exercícios. Foi dado um tempo a realização dos exercícios, em seguida a resolução,
onde os alunos foram solicitados para que resolvessem as questões no quadro,
onde todos atenderam a solicitação rapidamente e com empenho.
No 4º dia (23/05/2017), pode-se observar as seguintes respostas dos
alunos as indagações acerca dos reagentes utilizados para a reação: a utilização da
água oxigenada para o clareamento dos pelos; a utilização do bicarbonato de sódio
como fermento e como um antiácido para azia; a utilização da argamassa (cal
virgem) na construção; entre outras.
Os alunos conseguiram montar a equação química da reação do
experimento, correspondente de cada grupo. Como os reagentes já vinham
etiquetados não foi difícil para que eles os identificassem. Com a equação
montada, os alunos responderam os comandos expostos na folha de avaliação.
Segundo Guimarães (2009), é necessário transformar o conhecimento
original em ações e expressá-lo em forma de linguagens oral ou escrita. Por meio
de situações que partem de um problema real que exija transformação do
conhecimento original por exemplo “reescrever com suas próprias palavras aquilo
que aprendeu ou aplicar o conhecimento para explicar um fenômeno novo ou tomar
uma decisão baseando-se num determinado saber.” (Guimarães, 2009, p. 200).
A prática se mostrou significativa, sendo que 94,4% dos alunos
responderam corretamente as questões avaliativas propostas. Foi observado que
os 5,6% dos alunos que erraram até um comando, os erros cometidos eram de
escrita da simbologia e escrita da equação por extenso, por exemplo:
● O aluno A escreveu o símbolo do elemento químico oxigênio em letra
minúscula. Sendo que os símbolos são escritos em letra maiúscula.
● O aluno B quando escreveu a reação por extenso, colocou “dióxido de

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 333


 

carbono mais água reagem produzindo ácido carbônico”. O correto seria “Dióxido
de carbono reage com a água formando ácido carbônico” ou “dióxido de carbono e
água reagem para formar ácido carbônico”.
Segundo Feltre apud Farias, Basagli; Zimmermann (2009), O experimento
didático deve privilegiar o caráter investigativo favorecendo a compreensão das
relações conceituais da disciplina, permitindo que os alunos manipulem objetos e
ideias, e negociem significado entre si e com o professor, durante a aula, tornando
uma oportunidade que o sujeito tem de extrair de sua ação as consequências que
lhe são próprias e aprender com erros tanto quanto com os acertos.
Os erros mencionados anteriormente não prejudicaram o objetivo da
atividade realizada, uma vez que não são expressivos e esses foram sanados
através da explicação da forma correta realizada em sala de aula.

4. CONCLUSÃO

As atividades desenvolvidas durante o estágio supervisionado no ensino de


química I foram de grande relevância e aprendizado acerca do todo que constitui a
escola, e em especial a sala de aula, possibilitando uma iniciação com a prática
profissional. Principalmente através da realização das observações e intervenções
que agregam aos conhecimentos acadêmicos, contribuindo assim para a formação
inicial.
A partir das observações e intervenções realizadas, pode-se compreender a
importância de relacionar a teoria com a prática no ensino da química. A atividade
experimental desenvolvida com os alunos demostrou aos mesmos como a química
está inserida no cotidiano, sendo a teoria-prática uma via de mão única, por meio
da aprendizagem significativa, potencializando a aprendizagem de um determinado
assunto.
De acordo com o que foi evidenciado, a teoria associada à prática e os
conhecimentos prévios dos educandos, auxilia na aprendizagem do conteúdo de
reações químicas. Demonstrando assim, através da atividade experimental que a
química está inserida no cotidiano e que conceitos e observações prévios dos
alunos podem ser utilizados para agregar os conhecimentos científicos.

REFERÊNCIAS

ALVES, W. F. A formação de professores e as teorias do saber docente: contexto,


dúvidas e desafios. Revista Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 33. n. 2. p. 263-
280. maio/ago. 2007.

BARREIRO, I. M. de F.; GEBRAN, R. A. Prática de Ensino e Estágio Supervisionado na


Formação de Professores. 1 ed. São Paulo: Avercamp, 2006.

BRASIL. Lei nº. 11.788, de 25 de setembro de 2008. Dispõe sobre o Estágio de

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 334


 

Estudantes. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-


2010/2008/lei/l11788.html

CHASSOT, Á. I. A educação no ensino da química. Ijuí: Ed. Universidade Regional do


Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, 1990.

FARIAS, C. S.; BASAGLIA, A. M.; ZIMMERMANN A. A importância das atividades


experimentais no Ensino de Química. In: 1º Congresso Paranaense de Educação Em
Química. Paraná, 2009.

GUIMARÃES, C. C. Experimentação no Ensino de Química: Caminhos e


Descaminhos Rumo à Aprendizagem Significativa. Química Nova na Escola, São
Paulo, v. 31, n. 3, p.198-202, Agosto 2009.

MEDEIROS, A. S.; MORAIS, A. E. R.; LIMA, S. L. C.; REINALDO, S. M. A. S.;


FERNANDES P. R. N. Importância das Aulas Práticas no Ensino de Química. In: IX
Congresso de Iniciação Científica do IFRN. Rio Grande do Norte, 2013.

MOREIRA, M. A. Teorias de Aprendizagem. 2ª Ed. São Paulo: E.P.U, 2015

PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAL (PCN+) – Ensino Médio, Orientações


Educacionais Complementares aos parâmetros curriculares nacional – Ciências
Naturais e Matemática e suas tecnologias; Ministério da Educação, Brasília, 2002.

ABSTRACT: This article describes the interventions carried out in the supervised
stage in chemistry teaching I, of the course of Chemistry Degree of the Federal
Institute of Education, Science and Technology of Amapá - Ifap, being the same the
field school, the stage was realized in the period from February 22, 2017 to June
20, 2017. Its objective is to report the experiences and practices in supervised
chemistry I stage, demonstrating the role of experimentation in meaningful learning.
The internship allows the academic to know, practice, identify and exercise their role
as a professional future. This was divided between observation and intervention
applied to the class of the 1st year of Integrated High School Integrated Chemistry
Technician. After the observation period the intervention was carried out, with the
explanation of the subject chemical reactions and the accomplishment of
experimental practice. The students were divided into groups to perform
experiments on chemical reactions, where each group had an experiment, they had
to observe the experiment, write the chemical reaction observed in the experiment,
write it extensively, balance it and classify the reaction . As 94.4% of the students
were able to correctly execute the commands, considering the satisfactory result.
Thus, through the results obtained, stating that the theory in line with practice
enhances student learning and together with meaningful learning contributes to the
learner's contextualized view of chemistry.
KEYWORDS: Significant learning; contextualization; teaching chemistry; supervised
Internship.

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Sobre os autores:

Abraão Leal Alves: Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia


do Piauí (IFPI) – Campus Cocal; Membro do corpo docente do Programa de
Graduação em Química do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Piauí (IFPI); Graduação em Licenciatura e Bacharelado em Química pela
Universidade Federal do Piauí (UFPI); Mestrado em Engenharia de Materiais pelo
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí (IFPI); Grupo de
Pesquisado do Programa de Pós-graduação em Engenharia de Materiais do IFPI
(PPGEM); E-mail para contato: abraao.alves@ifpi.edu.br

Adna Dallyla Torres Lopes: Graduada em Ciências Biológicas e bolsista egressa de


iniciação à docência do Programa de Iniciação à Docência do Instituto Federal do
Piauí (PIBID/IFPI) do Subprojeto Biologia - Campus Teresina Central. E-mail:
adnadallyla123@gmail.com

Adriana Lucena de Sales: Professora do Instituto Federal de Educação. Ciência e


Tecnologia do Amapá. Graduação em Licenciatura em Química pela Universidade
Estadual da Paraíba. Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela
Universidade Federal da Paraíba. Líder do Grupo de pesquisa Qui-Educa.
Coordenadora de área do Pibid pela Capes. adriana.sales@ifap.edu.br

Adrielly Ferreira da Silva: Graduação em Licenciatura Plena em Ciências Biológicas


pela Universidade Federal da Paraíba (2017); Membro do Grupo de Pesquisa
“Pesquisas e Estudos Interdisciplinares em Ensino de Ciências Biológicas” atuando
na linha de pesquisa “Comunicação, Ensino e Aprendizagem em Biologia” sob a
orientação do Professor Dr. Rivete Silva de Lima; Membro do Laboratório de
Anatomia Vegetal (LAVeg) da Universidade Federal da Paraíba; Bolsista do Programa
Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) pela Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). E-mail para contato:
adriellyfdasilva@hotmail.com

Alberlane da Silva Alves: Acadêmica do curso de licenciatura em química do


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amapá; Membro do Grupo
de pesquisa Qui-Educa;

Alberto Alexandre de Sousa Borges: Licenciando em Ciências Biológicas e bolsista


de iniciação científica do Programa de Iniciação à Pesquisa do Instituto Federal do
Piauí (PIBIC/IFPI) -Campus Teresina Central. E-mail: aalexandresb@gmail.com

Aline Maria Hermínio da Mata: Graduanda em Licenciatura em Ciências Agrárias


pela Universidade Federal da Paraíba; Grupo de pesquisa – Grupo de Pesquisa em
Ensino Química - GPEQ; E-mail para contato: alinebans_m@hotmail.com

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 336


 

Aline Maria Hermínio da Mata: Graduanda em Licenciatura em Ciências Agrárias


pela Universidade Federal da Paraíba; Grupo de pesquisa – Grupo de Pesquisa em
Ensino Química - GPEQ; E-mail para contato: alinebans_m@hotmail.com

Alisson de Lima Xavier: Graduando do Curso de Licenciatura em Química do


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba – IFPB. Grupos de
Pesquisa: Estudos interdisciplinares e Química e Meio Ambiente. E-mail para
contato: xdhamil13@gmail.com

Amanda Moreira de Oliveira Melo: Graduanda em Licenciatura em Química no


Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia da Bahia – IFBA – Campus de
Vitória da Conquista; Bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a
docência – PIBID/CAPES; E-mail para contato: amanda.ceju@gmail.com

Ana Gabriela Alves Medeiros: Professor da Universidade do Estado da Bahia (UNEB)


- Campus XII; Licenciatura em Educação Física pela Universidade Estadual de Santa
Cruz (UESC); Mestrado em Educação Física pela Universidade Federal do Espírito
Santo (UFES); Doutoranda em Ciências do Esporte pela Universidade do Porto (UP) -
Portugal; Grupo de pesquisa em Educação Física, Esporte e Lazer – AGENTE; E-
mail: gabimedeirosef@gmail.com

Ana Paula Torres de Queiroz: Professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e


Tecnologia de Pernambuco – IFPE – Campus Recife; Graduação em Pedagogia pela
Universidade do Estado da Bahia – UNEB; Mestrado em Ciências da Linguagem
pela Universidade Católica de Pernambuco – Unicap; Grupos de Pesquisa:
Educação: Políticas e Práticas Pedagógicas, e Grupo de Estudos e Pesquisas em
Ensino de Ciências – GEPEC; E-mail: anaqueiroz@recife.ifpe.edu.br

Andreia Quinto dos Santos: Licenciada em Biologia pela Universidade Estadual de


Santa Cruz (1999), com Especialização em Administração Educacional -Gestão
Participativa e 2002(UESC) e em Biologia de Florestas Tropicais em 2008 (UESC) e
Mestranda em 2016 pela (UESB) . Atuação: docente no Ensino fundamental na
Prefeitura Municipal de Itabuna e no Ensino Médio na Secretaria Estadual da
Educação. Aprender é uma necessidade e parte de um processo contínuo e
inacabado.

Anely Maciel de Melo: Graduação em Bacharelado em Agroindústria pela


Universidade Federal da Paraíba; Grupo de pesquisa – Grupo de Pesquisa em
Ensino Química - GPEQ; E-mail para contato: anely-maciel@live.com

Anna Clara Targino Moreira Spinelli: Graduação em Licenciatura Plena em Ciências


Biologicas pela Universidade Federal da Paraíba; Membro do laboratório de
Anatomia Vegetal (LAVeg) da Universidade Federal da Paraíba. Email para contato:
anna_clarasp@hotmail.com

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Antônio Carlos da Silva Miranda: Doutor em Astrofísica pela Universidade Federal


do Rio Grande do Norte (2003), mestre em em Física pela Universidade Católica de
Pernambuco (1985), graduado em Bacharelado em Física pela Universidade
Católica de Pernambuco (1978) e em Licenciatura em Física pela Universidade
Católica de Pernambuco (1985), especialista em Engenharia Nuclear pelo
DEN/UFPE (1979). Atualmente, coordena a "Caravana da Astronomia" da Semana
Nacional de Ciência e Tecnologia, SNCT-PE, a "Semana de Popularização de Ciência
do Semiárido Brasileiro", parceria UFRPE/INSA/ON e o projeto "Desvendando o Céu
Austral: Ciência e Tecnologia para Inclusão Social" de Edital PROEXT 2014 -
MEC/SESu e da Pró-Reitoria de Atividades de Extensão, PRAE/UFRPE.

Antonio Edinardo Araújo Lima: Coordenador escolar e Supervisor do subprojeto


biologia da E.E.M. Gov. Adauto Bezerra; Graduado em Biologia pela Universidade
Estadual Vale do Acaraú - UVA ; Pós-graduado em Gestão Escolar, pela Universidade
Federal do Ceará - UFC. E-mail: edinardolima5@hotmaill.com

Antonio Zilverlan Germano Matos: Professor Tutor da Ead na Universidade Federal


do Piauí (UFPI) e professor da Secretaria estadual de educação e cultura do Piauí
(SEDUC-PI); Graduação em Licenciatura e Bacharelado em Química pela
Universidade Federal do Piauí (UFPI); Mestrado em Engenharia de Materiais pelo
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí (IFPI); E-mail para
contato: zilverlan@gmail.com

Barbara Albues Campos: Estudante do Ensino Médio Integrado em Agrimensura do


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso (IFMT) -
Campus Cuiabá. E-mail: barbara.albues@gmail.com

Brenna Yonarah Santiago Avelar: Licenciada em Ciências Biológicas pela


Universidade Federal do Maranhão. Integrante do Grupo de Pesquisa em Ensino de
Ciências e Biologia – GPECBio/UFMA. - E-mail para contato:
brenna.avelar@gmail.com

Bruno Rodrigues Dantas: Graduando em Bacharelado em Agroindústria pela


Universidade Federal da Paraíba; Grupo de pesquisa – Grupo de Pesquisa em
Ensino Química - GPEQ; E-mail para contato: bruno.daantas@gmail.com

Carlos Bruno Cabral de Oliveira: Licenciado e Bacharel em Ciências Biológicas pela


Universidade Federal do Maranhão. Integrante do Grupo de Pesquisa em Ensino de
Ciências e Biologia – GPECBio/UFMA. - E-mail para contato:
ol.carlosbruno@gmail.com

Chistiane Jéssika Vidal Santos: Graduada em geografia em licenciatura pela


Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Com participação em projetos de
pesquisa como PIVIC no período de 2014 a 2015 intitulado "Diagnóstico

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socioambiental do Açude de Bodocongó", e no período 2015 a 2016 participação


também em um projeto PIVIC intitulado "Campina Grande vista em entrevistas:
elaboração da imagem urbana a partir da análise de discurso". Também com o
desenvolvimento de pesquisas nas áreas de movimentos sociais mais voltado para
movimentos sociais do campo como Movimento dos Trabalhadores Sem Terra
(MST). Atualmente integrante do Grupo de Pesquisa Integradas em
Desenvolvimento Socioterritorial (GIDS).

Cristiana Marinho da Costa: Atualmente Mestranda em ENSINO DE CIÊNCIAS E


MATEMÁTICA pela Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE (2017.1).
Especialista em Educação, nas áreas de MÍDIAS NA EDUCAÇÃO, pela Universidade
Federal de Pernambuco - UFPE (2012) e em PSICOPEDAGOGIA, pela Faculdade
Santa Helena - FSH (2008). Graduada em LICENCIATURA EM CIÊNCIAS
BIOLÓGICAS, pela Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE (2006).
Experiência Profissional nas áreas de Educação e Tecnologia.

Deyse Mara Romualdo Soares: Graduada em Tecnologia em Alimentos pela


Faculdade de Tecnologia CENTEC (2015). Licencianda em Letras Português pela
Universidade Federal do Ceará (UFC). Cursando Grego Clássico e Koiné pelo
Departamento de Letras Estrangeiras da Universidade Federal do Ceará (UFC). Tem
formação técnica em Meio Ambiente pelo Instituto Federal de Ciência e Educação
(IFCE). Está vinculada ao Grupo de Pesquisa Tecnodocência: Integração entre
Docência e Tecnologias Digitais. E integrante do Grupo de Pesquisa Literatura,
Linguagens e Códigos, atuando na linha de pesquisa Semiótica, literatura e artes
plásticas. E-mail: deysemarasoares@gmail.com

Dihêgo Henrique Lima Damacena: Professor Tutor da Ead na Universidade de


Federal do Piauí (UFPI) e professor da Secretaria estadual de educação e cultura do
Piauí (SEDUC-PI); Graduação em Química pela Universidade Federal do Piauí (UFPI);
Mestrado em Química pela Universidade Federal do Piauí (UFPI); E-mail para
contato: dihegohenrique@yahoo.com.br

Emanuel Souto da Mota Silveira: Professor da Universidade Federal de


Pernambuco, Centro Acadêmico de Vitória; Membro do corpo docente do Mestrado
Profissional em Ensino de Biologia UFPE; Graduação em Ciências Biológicas pela
Universidade de Pernambuco; Mestrado em Biologia Animal pela Universidade
Federal de Pernambuco; E-mail para contato: emanuelsouto2@globo.com

Emmanuele Maria Barbosa Andrade: Professora do Instituto Federal de Educação,


Ciência e tecnologia do Amapá; Graduação em Licenciatura em Química
Universidade Federal Rural de Pernambuco; Mestrado em Educação Agrícola pela
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro; Membro do Grupo de pesquisa Qui-
Educa; emmanuele.andrade@ifap.edu.br

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 339


 

Énery Gislayne de Sousa Melo: Doutora em Ensino das Ciências com ênfase no
ensino de Física pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE); Mestre
em Ensino das Ciências (UFRPE) e Licenciada em Física (UFRPE). Atua nos
seguintes temas: a área do ensino de física, a partir das artes; a discussão da
natureza da ciência; representações sociais de ciências; estudo da física quântica;
astronomia e popularização da ciência e letramento científico.

Érica Araújo de Almeida: Acadêmica do curso de licenciatura em química do


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amapá;

Ester Silva Chaves: Graduação em Ciências Naturais pela Universidade Federal do


Sul e Sudeste do Pará - UNIFESSPA;

Evandro Bacelar Costa: Graduado em Licenciatura em Ciências Biológicas e


bolsista egresso do Programa de Iniciação à Docência do Instituto Federal do Piauí
(PIBID/IFPI) do Subprojeto Biologia - Campus Teresina Central. E-mail:
evandrobc1@hotmail.com

Eziel Cardoso da Silva: Professor Tutor da Ead na Universidade de Federal do Piauí


(UFPI), professor da Secretaria estadual de educação e cultura do Piauí (SEDUC-PI)
e professor da unidades integradas de pós-graduação, pesquisa e extensão –
UNIPÓS; Membro do corpo docente do programa de pós-graduação em MBA em
gestão de pessoas e Saúde da Família das unidades integradas de pós-graduação,
pesquisa e extensão – UNIPÓS. Graduação em Química pela Universidade Estadual
do Piauí (UESPI); Mestrado em Engenharia de Materiais pelo Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí (IFPI); Grupo de Pesquisado do Programa
de Pós-graduação em Engenharia de Materiais do IFPI (PPGEM); E-mail para
contato: ezielcardoso@gmail.com

Francisco Dhiêgo Silveira Figueiredo: Graduação em Química pela Universidade


Federal do Piauí (UFPI); Mestrado em Química pela Universidade Federal do Piauí
(UFPI); E-mail para contato: dhiego_figueiredo@hotmail.com

Francivaldo de Sousa: Graduação em Licenciatura em Ciências Agrárias pela


Universidade Federal da Paraíba; Grupo de pesquisa – Grupo de Pesquisa em
Ensino Química - GPEQ; E-mail para contato: francivaldosousa93@hotmail.com

Gabriela Teles: Bacharel em Serviço Social pela Universidade Estadual do Ceará


(2012). Licencianda em Pedagogia pela Universidade Federal do Ceará. Atualmente
é bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica, com atuação
no Laboratório de Tecnodocência. Está vinculada ao Grupo de Pesquisa
Tecnodocência, tendo interesse na área de Educação, no processo de integração
entre Docência e Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação. E-mail:
gabiteles2s.as@gmail.com

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 340


 

Gerson Tavares do Carmo: Vice líder do Núcleo de Estudos sobre acesso e


Permanência na Educação (Nucleape). Professor associado da Universidade
Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) desde 2011, lotado no
Laboratório de Estudos de Educação e Linguagem (LEEL), responsável pela cadeira
de Fundamentos da Alfabetização no curso de Licenciatura em Pedagogia e pela
coordenação da disciplina de Prática de Ensino Consórcio CEDERJ; credenciado nos
Programas de Pós-Graduação de Cognição e Linguagem e de Sociologia Política.
Estuda Pós-Doutorado na grande área de Ciências Humanas na Universidade Nova
de Lisboa em Portugal. Estudou Doutorado em Sociologia Política e Mestrado em
Cognição e Linguagem, ambos na UENF. Graduou-se em Administração Pública pela
Faculdade Getúlio Vargas e em Formação de Professores pela Faculdade Plínio
Leite. E-mail para contato: gtavares33@gmail.com

Giselle Maria Carvalho da Silva Lima: Professor da Prefeitura do Recife; Graduação


em Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo pela Universidade Católica de
Pernambuco; Especialização Pós-Graduação Lato Sensu em Tecnologias em
Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro; E-mail para
contato: gisamcmary@gmail.com

Grazielle Alves dos Santos: Graduada em Licenciatura em Química pela Pontifícia


Universidade Católica de Goiás. Mestra em Ensino de Ciências pela Universidade
de Brasília. Docente do curso de Licenciatura em Química no Instituto Federal
Goiano – Campus Urutaí. Possui experiência na área de Química atuando
principalmente nos seguintes temas: Educação Especial, Ensino de Química para
deficientes visuais e formação de professores.

Guadalupe Edilma Licona de Macedo: Licenciada em Ciências Biológicas pela


Universidade Federal da Bahia (1979), Mestre em Educação: História, Política,
Sociedade pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUC-SP (2000) e
doutorado em Botânica pela Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE
(2007). Atualmente é professora titular da Universidade Estadual do Sudoeste da
Bahia - UESB. Atua como pesquisadora em floristica e fitossociologia e curadora do
Herbário HUESB. É líder do Grupo de Estudo e Pesquisa em Florística e
Fitossociologia - GPFLOR (dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/6015232581973464). É
professora e orientadora no Programa de Pós-Graduação em Educação Científica e
Formação de Professores - PPECFP da UESB. Desenvolve e Coordena Projetos de
Pesquisa e Extensão voltados para a formação de professores e o processo ensino-
aprendizagem de Ciências e Biologia (Botânica) e membro do Grupo de Estudos e
Pesquisas em Formação de Educadores em Ciência - GEP/FEC
(dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/2333256379744710).

Helaíne Haddad Simões Machado: Mestrado em Didática de Disciplinas pela


Université de Nice Sophia Antipolis; Doutoranda no Laboratório Interdisciplinar de
Pesquisa em Didática, Educação e Formação da Université de Montpellier. E-mail:

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 341


 

helainehaddad@gmail.com

Hudson Guilherme Silva da Costa: Licenciado em Ciências Biológicas pela


Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN); Bacharelando em Ciências
Biológicas pela Universidade Federal do Rio Grande do norte (UFRN); Membro do
grupo de pesquisa em Cronobiologia (LABCRONO) pela Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN); Membro do grupo de extensão “Meu corpo fala, mas será
que eu entendo?” pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). E-
mail: hudsongdacosta@gmail.com

Iessa da Silva Dias: Acadêmica do curso de licenciatura em química do Instituto


Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amapá; iessadias168@gmail.com

Joaldo Bezerra de Melo: Professor de Educação Básica – Química, da Rede


Estadual de Ensino- Secretaria de Estado da Educação da Paraíba; Graduação em
Química Licenciatura Plena, pela Universidade Estadual da Paraíba; Especialização
em Fundamentos da Educação pela Universidade Estadual da Paraíba; Mestrado
em Engenharia Química pela Universidade Federal de Campina Grande – PB; E –
mail para contato: bezerramelo@hotmail.com

Jorge Luis Queiroz Carvalho: Professor da Universidade do Estado do Rio Grande do


Norte; Graduação em Letras com Habilitação em Língua Inglesa e suas respectivas
literaturas pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte; Mestrado
em Linguística pela Universidade Federal do Ceará; Doutorando em Linguística pela
Universidade Federal do Ceará; Grupos de Pesquisa; Tradições Discursivas do
Ceará (TRADICE/UFC) e Grupo de Pesquisa em Língua e Literatura (GPELL/UERN);
E-mail para contato: jorge_carvalho15@hotmail.com

José Jailson Lima Bezerra: Graduado em Ciências Biológicas pela Universidade


Federal de Campina Grande (UFCG), Centro de Educação e Saúde (CES). Mestrando
pelo Programa de Pós-Graduação em Agronomia pela Universidade Federal de
Alagoas (UFAL), Centro de Ciências Agrárias (CECA). E-mail para contato:
josejailson.bezerra@hotmail.com

José Tarcísio Grunennvaldt: Professor da Universidade Federal de Mato Grosso.


Membro do corpo docente do Programa de Pós-Graduação em Educação Física e
Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Mato
Grosso/UFMT. Graduação em Educação Física pela Universidade de Passo Fundo.
Mestrado em Educação pela Universidade Federal de Sergipe. Doutorado em
Educação: História, Política, Sociedade pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Pós Doutorado em Educação Física - Universidade Federal de Santa Catarina.
jotagrun@hotmail.com

Joseclécio Dutra Dantas: Professor da Universidade Federal de Campina Grande

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 342


 

(UFCG), Centro de Educação e Saúde (CES). Doutorado em Física pela Universidade


Federal da Paraíba (UFPB).

Josiel de Oliveira Batista: Professor da Universidade Federal do Sul e Sudeste do


Pará - UNIFESSPA; Graduação em Matemática pela Universidade Federal do Pará -
UFPA; Graduação em Ciências Naturais com habilitação em Química pela
Universidade Estadual do Pará - UEPA; Mestrado em Educação em Ciências e em
Matemática pela Universidade Federal do Paraná - UFPR; E-mail para contato:
josieloliveira@unifesspa.edu.br

Josley Maycon de Sousa Nóbrega: Mestrando em Ciências, Tecnologias e Formação


Docente (UEPB), pesquisador do Grupo de Pesquisa Formação de Professores e
Práxis Educativo-Coletiva, Programa de Pós-Graduação em Formação de
Professores e Cooperação UEPB-IFPB-FASB, graduado no curso de Licenciatura em
Ciências Biológicas (UFCG) e no curso de Licenciatura em Educação Física
(PARFOR/UEPB). É pesquisador da área de Educação, subárea de Política
Educacional, com ênfase na incorporação das Tecnologias da Informação e da
Comunicação à formação e ao trabalho docente, a partir do referencial teórico da
Análise Crítica do Discurso. Atualmente é professor do estado do Pernambuco e
Município de Catingueira-PB, profissional comprometido com a educação básica
pública, com experiência no ensino de Biologia, Química e Educação Física.

Kildery Muniz de Sousa: Licenciando em Ciências Biológicas pela Universidade


Estadual Vale do Acaraú – UVA. E-mail: kill_castor@hotmail.com

Larisse Carvalho de Oliveira: Professora do curso de Letras da Universidade


Regional do Cariri; Graduação em Letras Português/Inglês pela Universidade
Federal do Ceará; Mestrado em Linguística pela Universidade Federal do Ceará;
Doutoranda em Linguística pela Universidade Federal do Ceará; Grupo de pesquisa:
Grupo de estudos em modalidade deôntica (GEMD) e do Núcleo de Pesquisas em
Linguística Aplicada, da Universidade Regional do Cariri. E-mail para contato:
larisse_carvalhodeoliveira@hotmail.com

Layane Pereira de Brito: Licencianda em Ciências Biológicas pela Universidade


Estadual Vale do Acaraú – UVA. E-mail: layanebrito2009@hotmail.com

Lígia Gabriela da Cruz dos Santos: Graduanda em licenciatura em letras-Português


pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). Participou do curso de extensão
“trabalho com o texto literário na sala de aula: ação-reflexão no diálogo entre a
licenciatura e a escola de educação básica” ofertado pela Universidade Estadual da
Paraíba (UEPB). Participou do curso de Extensão em “Libras” nível I pela
Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). Participou do programa “Mais Educação”
como monitora de Letramento literário na Escola maria Pessoa Cavalcanti,
localizada no município de Umbuzeiro -PB, no ano de 2015. Participou do programa

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 343


 

“Umbu Pré-vest” (Curso Pré-vestibularde Umbuzeiro-PB) na qualidade de monitora


na disciplina: de Português, no ano 2016. e-mail: ligiinhacruz@hotmail.com

Lucas Gomes de Sousa: Graduando em Matemática pela Universidade Federal do


Sul e Sudeste do Pará - UNIFESSPA;

Luciana de Lima: Licenciada em Matemática pela Universidade Federal do Ceará


(1994), Especialista em Psicopedagogia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú
(2003), Especialista em Telemática pelo Centro Federal Tecnológico do Ceará
(2006), Mestre em Educação pela Universidade Estadual do Ceará (2008) e
Doutora em Educação pela UFC (2014). Atualmente é professora DE Adjunta da
Universidade Federal do Ceará, com lotação no Instituto Universidade Virtual (IUVI).
Tem experiência na área de Formação de Professores, trabalhando principalmente
com os seguintes temas: Tecnodocência, Aprendizagem Significativa, Mapas
Conceituais, Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDICs), Educação
a Distância, Ambientes Virtuais de Aprendizagem, Educação Matemática e Ensino
de Ciências. E-mail: luciana@virtual.ufc.br

Luciane Ferreira Mocrosky: Professora Titular da Carreira EBTT na Universidade


Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR; Membro do corpo docente do Programa de
Pós-Graduação em Educação em Ciência e em Matemática da Universidade Federal
do Paraná - UFPR; Graduação em Licenciatura em Matemática pela Universidade
Estadual de Ponta Grossa - UEPG; Mestrado em Educação Matemática pela
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - UNESP/Rio Claro;
Doutorado em Educação Matemática pela Universidade Estadual Paulista Júlio de
Mesquita Filho -UNESP/Rio Claro -(2010);

Lucilene Silva Pereira Soares: Professor Adjunto da Universidade Estadual Vale do


Acaraú (UVA); Graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do
Ceará; Mestrado em Bioquímica pela Universidade Federal do Ceará; Doutorado em
Bioquímica pela Universidade Federal do Ceará; E-mail: lspsoares@gmail.com

Marcelo Silva de Souza Ribeiro: Professor da Universidade Federal do Vale do São


Francisco – UNIVASF; Membro do corpo docente do Programa de Pós-Graduação no
Mestrado de Psicologia da UNIVASF e do Mestrado em Formação Docente da
Universidade de Pernambuco (UPE); Graduação em Psicologia pelo Centro Ensino
Superior de Maceió; Mestrado em Educação pela Université du Québec à
Chicoutumi (UQAC); Doutorado em Educação pela Université du Québec à Montréal
(UQAM) / Université du Québec à Chicoutumi (UQAC); Pós Doutorado em Educação
pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) – em andamento; Grupo de pesquisa:
NUPIE / FORMACCE; E-mail para contato: marcelo.ribeiro@univasf.edu.br

Marcia Adelino da Silva Dias: Bacharel em Ciências Biológicas pela Universidade


Federal do Rio Grande do Norte (1993) e licenciada em Ciências Biológicas pela

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 344


 

Universidade Potiguar (2006). Mestre em Genética e Biologia Molecular pela


Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2001) e Doutora em Educação pela
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2008). Atualmente desenvolve
atividades como professora adjunta na Universidade Estadual da Paraíba/Campus
I, ministrando as disciplinas de: Estágio Supervisionado em Ensino de Ciências e
Biologia, Filosofia da Ciência, Filosofia da Educação e Pesquisa em Ensino de
Biologia. Docente efetiva do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e
Educação Matemática (MECEM), do Centro de Ciência e Tecnologia - CCT/UEPB.
Fundadora e coordenadora do Grupo de Estudos da Complexidade e da Vida
(GRECOMVIDA)/Campus I/UEPB. Quando de seu ingresso no quadro docente da
UEPB, deu continuidade às pesquisas na área de formação docente e inseriu as
pesquisas em Didática e Ensino de Ciências, a partir das experiências didáticas que
têm sido realizadas na perspectiva do Programa de Bolsas de Iniciação à Docência
PIBID/CAPES; no qual está inserido como coordenadora da área de Biologia. Os
projetos Extensão Universitária,PIBID e de Iniciação Científica têm encontrado
continuidade a partir da Linha de Pesquisa em Didática, no Programa de Pós-
Graduação em Ensino de Ciências e Educação Matemática (CCT/UEPB), no qual as
perspectivas têm sido integradas em um sistema complexo que articula a formação
docente às pesquisas em etnobiologia.

Marco Aurélio da Silva Coutinho: Professor Tutor da Ead na Universidade Federal do


Piauí (UFPI) e professor da Secretaria estadual de educação e cultura do Piauí
(SEDUC-PI); Graduação em Química pela Universidade Estadual do Piauí (UESPI);
Mestrado em Engenharia de Materiais pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Piauí (IFPI); Grupo de Pesquisado do Programa de Pós-graduação em
Engenharia de Materiais do IFPI (PPGEM); E-mail para contato:
marcoaureliocoutinho@hotmail.com

Maria das Graças Negreiros de Medeiros: Professora do Instituto Federal de


Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba – IFPB. Graduada pela Universidade
Federal da Paraíba – UFPB; Mestre em Recursos Naturais pela Universidade
Federal de Campina Grande – UFCG. Grupos de Pesquisa: Estudos
interdisciplinares e Química e Meio Ambiente. E-mail para contato:
mgnegreiros@gmail.com.br

Maria do Socorro Guedes: A autora é graduada em Geografia pela universidade


federal de campina grande (UFCG), com estudos, trabalhos realizados e publicados
em eventos a nível regional, nacional e internacional na área de educação e ensino.
Tem colaborado nas respectivas comissões científica e de avaliação, além de
avaliar pôsteres e coordenar sessões temáticas nestes eventos. Sua experiência e
envolvimento com a pesquisa e a sala de aula foi alimentada a partir de programas
institucionais como Monitorias, PIBID e Grupos de Estudos. Seu interesse volta-se
para estudos correlacionados a sala de aula, leituras e interpretações de espaços
os quais reflitam a mobilidade urbana, a educação, o progresso e o

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 345


 

desenvolvimento local e regional.

Maria Islany Caetano de Souza: Graduada em Licenciatura Plena em Matemática


pela Universidade federal de Campina Grande (2005). Especialista em Ensino e
Aprendizagem pelo Centro de Ensino Superior e Desenvolvimento (2009).
Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Educação
Matemática na Universidade Estadual da Paraíba. Nesse programa, pesquisa sobre
os desafios no cotidiano da prática escolar com um olhar sobre a prática docente
no ensino de Matemática Financeira. A pesquisa tem como campo de universo a
Educação de Pessoas Jovens e Adultas. Atualmente, atuo como professora de
Educação Básica, no Ensino Médio, nas redes Estadual da Paraíba e Privada de
Campina Grande-PB.

Mariana Guelero do Valle: Professora do Departamento de Biologia da Universidade


Federal do Maranhão. Integrante do corpo docente do Programa de Pós-Graduação
em Ciências e Matemática e do Programa de Pós-Graduação em Gestão em Ensino
da Educação Básica da Universidade Federal do Maranhão. Licenciada em Ciências
Biológicas. Mestra em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade de
São Paulo. Doutora em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade de
São Paulo. Coordenadora do Grupo de Pesquisa em Ensino de Ciências e Biologia –
GPECBio/UFMA. E-mail para contato: mariana.valle@ufma.br

Mariana Monteiro Soares Crespo de Alvarenga: Atualmente trabalha temas como o


ensino de Ciências, o processo de ensino-aprendizagem mediado por ferramentas
lúdicas e a inserção de tecnologias na educação. Estudante de Mestrado pelo
Programa de Pós-Graduação em Cognição e Linguagem pela Universidade Estadual
do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF). Estuda pós-graduação latu sensu em
Educação e Tecnologias Digitais pelo Instituto Federal Fluminense (Campos dos
Goytacazes - Rio de Janeiro). Licenciada em Ciências Biológicas pela Universidade
Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro. Membro do Grupo de Pesquisa do
Nucleape - Núcleo de Acesso e Permanência na Educação. E-mail para contato:
mmmmonteiro6@gmail.com

Maríllia Danielli Rodrigues Pontes: Graduanda em Letras Língua Portuguesa pela


Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). Participou do curso de extensão
"Trabalho com o texto literário em sala de aula: ação-reflexão no diálogo entre a
licenciatura e a escola de educação básica". Atuou como professora de educação
infantil no Educandário Nossa Senhora do Carmo em Riachão do Bacamarte - PB e
atualmente é professora de Língua Portuguesa na rede municipal de ensino em
Riachão do Bacamarte -PB. e-mail: danny23pontes@gmail.com

Marlon Messias Santana Cruz: Professor da Universidade do Estado da Bahia –


Campus XII; Licenciado em Educação Física pela Universidade do Estado da Bahia
(UNEB); Especialização em Metodologia do Ensino e Pesquisa em Educação Física,

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 346


 

Esporte e Lazer Pela Universidade Federal da Bahia - UFBA


Mestrado em Educação e Contemporaneidade pela Universidade do Estado da
Bahia; Grupo de pesquisa em Educação Física, Esporte e Lazer – AGENTE; E-mail:
mmscruz@uneb.br

Marlúcia da Silva Bezerra Lacerda: Graduada em Ciências Biológicas, especialista


em Microbiologia e em Biologia Parasitária, mestre e doutora em Ciência Animal na
área de Nutrição de Ruminantes. Atualmente é Professora do IFPI/Campus Teresina
Central, atuando nas áreas de Parasitologia, Microbiologia, Imunologia e
Metodologia do Ensino de Ciências e Biologia. Coordenadora de área do Programa
de Iniciação à Docência do Instituto Federal do Piauí (PIBID/IFPI) do Subprojeto
Biologia - Campus Teresina Central. Consultora Ad Hoc de publicações científicas na
área das Ciências Biológicas e da Educação. E-mail: marlucia.lacerda@ifpi.edu.br

Max Rocha Quirino: Professor da Universidade Federal da Paraíba; Membro do


corpo docente do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Agroalimentar
(PPGTA) da Universidade Federal da Paraíba; Graduação em Química Industrial pela
Universidade Federal da Paraíba; Mestrado em Química pela Universidade Federal
da Paraíba; Doutorado em Ciências e Engenharia dos Materiais pela Universidade
Federal de Campina Grande; E-mail para contato: maxrochaq@gmail.com

Naéda MariaAssis Lucena de Morais: A autora é graduada em Pedagogia pela


Unesf/Funeso e tem Pós-graduação lato sensu em Psicanálise aplicada a educação
e saúde pela FAR- Faculdade Anchieta do Recife, conta com experiência em
coordenação pedagógica e liderança de equipes educacionais, além de relações
interpessoais em vivências de grupos. Desenvolveu trabalhos e pesquisa com
participação, apresentação e coordenação de sessões temáticas em congresso
nacionais e internacionais na grande área educação. Atua na área educacional
visando uma contribuições significativas quanto à qualidade do ensino e a
formação profissional. Sua área de atuação é em Educação e Ciências Humanas,
onde orienta, coordena e supervisiona educadores em seu processo formativo.

Nathalya Marillya de Andrade Silva: Graduada em Ciências Biológicas pela


Universidade Estadual da Paraíba, tem experiência nas áreas de Educação, Meio
Ambiente e Fitopatologia, atuando principalmente nos seguintes temas:
fitopatologia, resíduos sólidos, degradação ambiental, contaminação e práticas
inovadoras ao ensino de biologia. Bolsista do Programa Institucional de Bolsa de
Iniciação à Docência/PIBID pela Universidade Estadual da Paraíba/UEPB
estagiando na E.E.E.M. Inovador e Profissionalizante Dr. Hortênsio de Sousa Ribeiro
na cidade de Campina Grande/PB no período de 2011 a 2012. No período de 2012
a 2013 atuou na área de fitopatologia como bolsista PIBiC, estagiando na Embrapa
Algodão orientanda do Dr. Dartanhã José Soares. De 2013 a 2016 atuou como
professora na rede municipal de ensino na cidade de Queimadas, ministrando
aulas de ciências para o Ensino Fundamental II. Atualmente é mestranda no
Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciências (PPGECEM) da Universidade

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 347


 

Estadual da Paraíba e professor ciências para o Ensino Fundamental II em escola


da rede privada de ensino.

Nicole Biagioli: Professora da Université de Nice Sophia Antipolis. Membro do corpo


docente e grupo de pesquisa do Laboratório C.T.E.L. E.A. 6307.

Nilson Soares de Vasconcelos Júnior: Graduando em ciências biológicas,


licenciatura, pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). Desenvolveu trabalho
como monitor de filosofia da educação. Participou do curso de formação de
agentes multiplicadores em educação ambiental, promovido pelo GGEA/UEPB.
Atualmente é membro do Laboratório de ciências e tecnologia em saúde- LCTS
(UEPB) no núcleo de estudos em oncologia e professor da disciplina de Ciências na
rede municipal de ensino em Riachão do Bacamarte-PB. e-mail:
nilsonsoares21@hotmail.com

Pedro Alves Castro: Licenciado em Educação Física (UNEB- Campus XII);


Especialista em Educação Física escolar (Uninter); Mestrando em Educação (UESB);
Grupo de pesquisa Currículo e Formação Docente; E-mail:
palvesdemolay@gmail.com

Pietra Rolim Alencar Marques Costa: Graduação em Licenciatura Plena em Ciências


Biológicas pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), João Pessoa – PB. Membro
do laboratório de Anatomia Vegetal (LAVeg) da Universidade Federal da Paraíba. E-
mail para contato: pietramrqs@gmail.com

Rafael Batista Reinaldo: Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba – IFPB. Grupos


de Pesquisa: Estudos interdisciplinares e Química e Meio Ambiente. E-mail para
contato: rafaelbatista389@gmail.com

Rafael Marinho Sousa: Licenciado em Ciências Biológicas pela Universidade


Estadual Vale do Acaraú – UVA. E-mail: rafaelmarinho09@gmail.com

Ranyelly Gomes Alves: Licenciada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal


do Rio Grande do Norte (UFRN); Ex-aluna do Programa Interdisciplinar de Bolsas de
Iniciação a Docência em Ciências Biológicas (PIBID-BIOLOGIA) pela Universidade
Federal do Rio Grande do Norte. E-mail: ranyelly.rga@gmail.com

Rayane Santana da Silva: Graduada em Licenciatura Plena em Ciências Biológicas;


Graduação pela Universidade Federal de Pernambuco, Centro Acadêmico de
Vitória; Desenvolveu atividades de pesquisa no Laboratório de Genética da
Universidade Federal de Pernambuco, Centro Acadêmico de Vitória, trabalhando
em pesquisas na área de Genética e Biologia Molecular com ênfase em
Mutagênese; Participou como aluna do Programa Institucional de Bolsa de
Iniciação à Docência- PIBID/UFPE; Monitorou a disciplina de Paleontologia;

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 348


 

Premiada em terceiro lugar como Jovem Geneticista do Nordeste, na categoria


graduação, no XXI ENGENE. E-mail para contato: rayanne-santana@hotmail.com

Raymara Sabrina Soares dos Santos: Licencianda em Ciências Biológicas e bolsista


de iniciação à docência do Programa de Iniciação à Docência do Instituto Federal
do Piauí (PIBID/IFPI) do Subprojeto Biologia - Campus Teresina Central. E-mail:
raymara.sabrina@gmail.com

René Lozi: Professor da Université de Nice Sophia Antipolis. Membro do corpo


docente e grupo de pesquisa do Laboratório de Matemática J. A. Dieudonné, UMR
CNRS 7351.

Ricardo Juca Chagas: Possui graduação em Ciências Biológicas Bacharelado pela


Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1988), mestrado em
Ciências Biológicas (Zoologia) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de
Mesquita Filho (1992) e doutorado em Ciências Biológicas (Zoologia) pela
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1998). Desde 2000 é
professor do Departamento de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do
Sudoeste da Bahia.Orientador no Programa de Pós-Graduação em Educação
Científica e Formação de Professores (UESB). Participa do grupo de Pesquisa em
Ecologia e Conservação da Fauna (ECOFAU) e é membro da Sociedade Brasileira de
Ictiologia (SBI) e do Grupo Ecológico Rio das Contas (GERC).

Rivete Silva de Lima: Professor da Universidade Federal da Paraíba; Graduação em


Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Ceará (1988); Mestrado em
Botânica pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (1994); Doutorado em
Botânica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2005); Coordenador do
Laboratório Interdisciplinar de Ensino Pesquisa e Extensão e do Programa de
Mestrado Profissional em Ensino de Biologia - PROFBIO. E-mail para contato:
rivete@terra.com.br

Robson Carlos Loureiro: Graduado em Pedagogia pela Universidade Federal do Rio


Grande do Sul (1984), Mestre em Educação pela Universidade Federal do Ceará
(1998) e Doutor em Educação pela Universidade Federal do Ceará (2010). Foi
professor e coordenador de Educação a Distância e assessor da Vice-Reitoria de
Graduação da Universidade de Fortaleza. Atualmente é professor adjunto da
Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual. Tem se dedicado ao estudo
das relações no espaço pós-orgânico virtual, à filosofia da tecnologia e à formação
de professores para atuar com as Tecnologias Digitais da Informação e
Comunicação. Atua na formação de docentes e licenciandos para a utilização das
TDICs na docência, prática de interdisciplinaridade, transdisciplinaridade e
multirreferencialidade aplicadas à docência. E-mail: robson@virtual.ufc.br

Rosália Rodrigues da Costa Silva: Graduanda do curso de Licenciatura Plena em

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 349


 

Ciências Biológicas; Graduação pela Universidade Federal de Pernambuco, Centro


Acadêmico de Vitória; Desenvolveu atividades de pesquisa no grupo de pesquisa
em Síntese de Isolamento Molecular (SIM), com ênfase em testes com extratos
liquênicos. Participou como aluna pesquisadora do Programa Institucional de
Bolsas de Iniciação Científica da Universidade Federal de Pernambuco
PIBIC/UFPE/CNPq - para desenvolver o projeto Estudo do Potencial Mutagênico e
Antimutagênico de Extratos de Pseudociphelaria aurata (Líquen); Participou como
integrante do Projeto de Extensão PET-Redes de Atenção Psicossocial da
Universidade Federal de Pernambuco, Centro Acadêmico de Vitória, com ênfase na
Prevenção do Uso e Abuso de Substâncias Psicoativas em escolas públicas no
munícipio de Vitória de Santo Antão. E-mail para contato: roebiel_23@hotmail.com

Rose Kelly dos Santos Sousa: Graduanda do curso de Licenciatura Plena em


Ciências Biológicas; Graduação pela Universidade Federal de Pernambuco, Centro
Acadêmico de Vitória; Desenvolveu atividades de pesquisa no grupo de pesquisa
em Síntese de Isolamento Molecular (SIM), com ênfase em testes com extratos
liquênicos. Participou como aluna pesquisadora do Programa Institucional de
Bolsas de Iniciação Científica da Universidade Federal de Pernambuco
PIBIC/UFPE/CNPq - para desenvolver o projeto Estudo do Potencial Genotóxico de
Extratos de Ramalina usnea (Líquen); Aluna do Programa Institucional de Bolsa de
Iniciação à Docência- PIBID/UFPE; E-mail para contato: rose.quelli280@gmail.com

Sebastião Carlos dos Santos Carvalho: Professor da Universidade do Estado da


Bahia (UNEB) - Campus XII; Licenciatura em Educação Física pela Universidade
Católica do Salvador (UCSAL); Especialização em Educação Especial pela UNEB -
Especialização em Gestão Cultural pelo Instituto de Humanidades, Artes e Ciências
da Universidade Federal da Bahia (IHAC/UFBA); Doutorando em Educação pela
Faculdade de Educação (FAE) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG);
Grupo de pesquisa em Educação Física, Esporte e Lazer – AGENTE; E-mail:
tiaocarvalho72@gmail.com

Silvana Formiga Sarmento: Graduada em Ciências Biológicas (Licenciatura) pelo


Centro de Formação de Professores (CFP) da Universidade Federal de Campina
Grande (UFCG). Foi Bolsista do Programa Institucional de Iniciação à Docência
(PIBID), monitora bolsista da disciplina Botânica Criptogâmica (2013/2014).
Experiência na área de Educação (Professora de Ciências/Biologia e Coordenação
Pedagógica), desenvolvimento de ferramentas e estratégias metodológicas para o
ensino de Ciências e Biologia. Desenvolveu estudos relacionados a Taxonomia e
Anatomia de Rubiaceae JUSS. Mestranda em Ensino de Ciências pelo PPGECEM da
Universidade Estadual da Paraíba. Atualmente desenvolve pesquisas relacionadas
ao ensino das Ciências, com foco em estratégias didáticas para o ensino de
Biologia/Biofísica.

Sílvio César Lopes da Silva: Possui graduação em Letras - Língua Portuguesa pela

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 350


 

Universidade Estadual da Paraíba e graduação em Filosofia pelo Centro


Universitário Assunção; Mestrado Profissional em Formação de Professores pela
Universidade Estadual da Paraíba - UEPB; Especialista em Educação e em
Linguística Aplicada. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em
tecnologias, estudos etnográficos e redes sociais. Atua nas Linhas de pesquisa:
Estudos etnográficos e formação docente (OPEM - Observatório de Pesquisas e
Estudos Multidisciplinares - Pesquisador); e Processos Socioculturais e de
Significação (GEMINI - Grupo de Estudos de Mídia - Análises e Pesquisas em
Cultura, Processos e Produtos Midiáticos - estudante). Atualmente é professor da
Educação Básica III no Estado da Paraíba.

Tássia Luiz da Costa Porto: Professora de Educação Física e Educação Musical em


instituições privadas de Cuiabá, MT. Graduação em Licenciatura em Música,
Universidade Federal de Mato Grosso/UFMT. Graduação em Educação Física,
Universidade Federal de Mato Grosso/UFMT. Mestranda em Educação,
Universidade Federal de Mato Grosso/UFMT. Bolsista Produtividade em Pesquisa
pela Fundação FAPEMAT. tassiacosta@hotmail.com

Thayana Brunna Queiroz Lima Sena: Bacharela em Geografia pela Universidade


Estadual do Ceará (2015). Licencianda em Geografia pela Universidade Federal do
Ceará (2019). Especialização em Gestão Ambiental pelo Instituto Ateneu (2018).
Especialização em Tecnologias Digitais para a Educação Básica pela Universidade
Estadual do Ceará/ Universidade Aberta do Brasil (2018). Vinculada ao Grupo de
Pesquisa Tecnodocência. Atua e/ou tem interesse pelos seguintes temas:
Geografia, Tecnodocência, Docência e Tecnologias Digitais, Educação e Educação a
Distância. E-mail: thayanabrunna@hotmail.com

Thiago Emmanuel Araújo Severo: Professor Adjunto da Universidade Federal do Rio


Grande do Norte (UFRN), vinculado ao Departamento de Práticas Educacionais e
Currículo (DPEC); Coordenador do PIBID Interdisciplinas – UFRN e dos Laboratórios
de Ensino-Aprendizagem (LEA) do Laboratório Interdisciplinar de Formação de
Educadores - LIFE/UFRN; Graduado em Ciências Biológicas (Bacharelado e
Licenciatura) pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB); Mestre em educação
pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN); Doutorado em educação
pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN); Membro do grupo de
estudos da complexidade (GRECOM-UFRN) e do grupo de pesquisa em ensino de
ciências e cultura da UFRN, além de ser parceiro dos grupos de pesquisa
GRECOMVIDA (UEPB) e História, Cultura e Ensino (UEPB).

Tiago Alves Nunes: Graduação em Letras Português/Espanhol pela Universidade


Federal do Ceará; Mestrado em Linguística pela Universidade Federal do Ceará;
Doutorando em Língua e Cultura pela Universidade Federal da Bahia; Grupo de
pesquisa: Práticas identitárias, ensino e formação de professores de línguas em
contextos de (super)diversidade (CNPq/UFBA); E-mail para contato:

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 351


 

tiagopark@gmail.com

Valéria Marinho Leite Falcão: Graduanda em Licenciatura em Ciências Agrárias pela


Universidade Federal da Paraíba; Grupo de pesquisa – Grupo de Pesquisa em
Ensino Química - GPEQ; E-mail para contato: valeriafalcao001@gmail.com

Valeria Rodrigues Marques Rosa: Estudante do Ensino Médio Integrado em


Agrimensura do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso
(IFMT) - Campus Cuiabá. E-mail: valeriarmrosa@gmail.com

Viviane Sousa Rocha: Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade


Estadual da Paraíba (2016). Foi monitora dos componentes curriculares Filosofia
da Educação e Pensamento Pedagógico Contemporâneo. Desenvolveu pesquisas
na Empresa Brasileira de Agropecuária (Embrapa), como bolsista do Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), entre os anos de 2013 à
2015. Mestranda no programa de pós graduação em Ensino de Ciências e
Educação Matemática.

Wagner Salgado da Silva: Graduação em Licenciatura em Geografia pelo Instituto


Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco – IFPE – Campus
Recife;– Grupos de Pesquisa: Educação: Políticas e Práticas Pedagógicas e Grupo
de Estudos e Pesquisas em Ensino de Ciências – GEPEC; Bolsista do PIBIC
financiado pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco
– IFPE – Campus Recife; E-mail: wagnersalgado@hotmail.com.br

Wdson Costa Santos: Professor de Química do Instituto Federal de Educação


Ciência e Tecnologia da Bahia – IFBA – Campus de Vitória da Conquista; Graduação
em Licenciatura em Química pela Universidade do Estado da Bahia – UNEB (2009);
Mestrado em Química Analítica pela Universidade Federal da Bahia - UFBA (2012);
Grupo de pesquisa: Coordenador do subprojeto PIBID/CAPES

Weslei Oliveira de Jesus: Acadêmico do curso de Licenciatura em Química do


Instituto Federal Goiano – Campus Urutaí. Bolsista do Programa de Bolsas de
Iniciação à Docência (PIBID). Têm interesse na área de Ensino de Química.

Ythallo Henrique Sebastião Gomes Costa: Estudante do Ensino Médio Integrado em


Agrimensura do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso
(IFMT) - Campus Cuiabá. E-mail: ythallo.henrique@gmail.com

Zaira Dantas de Miranda Cavalcanti: Professora da Universidade do Estado de


Pernambuco (UPE); Graduação em Letras - Português e Inglês pela Universidade
Católica de Pernambuco (UNICAP); Mestrado Profissional em Formação de
Professores e Práticas Interdisciplinares (UPE); Grupo de pesquisa: Linguagem em
Contexto Educacional/UPE; E-mail para contato: zairacavalcanti@hotmail.com

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 352


 

Zuleika Alves de Arruda: Professora de Geografia do Ensino Médio e Tecnológico


do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso (IFMT) -
Campus “ Octayde Jorge da Silva” - Cuiabá. Mestrado em Geografia pela
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); Doutorado em Geografia pela
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Pós-Doutorado no Departamento
de Geoinformática da Universidade Friedrich Schiller - Universitat Jena, FSU,
Alemanha. E-mail: zuleika.arruda@cba.ifmt.edu.br

  Políticas Públicas na Educação Brasileira: Ensino Aprendizagem e Metodologias 353


 

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