Apostila Coesão e Coerência
Apostila Coesão e Coerência
Apostila Coesão e Coerência
Ex. O presidente pretende anunciar as novas medidas que mudarão o Observação: Evite retomada coesiva utilizando a mesma/o mesmo e
imposto de renda, mas não deverá fazer isso nesta semana. seus plurais e REFERIDO(A).
Ex. Comprei uma cadeira. A mesma estava quebrada. (inadequado
g) Pronomes indefinidos: tudo, todo, algum, outro, vários, diversos, perante a norma culta)
cada, nenhum etc
Ex. João pediu auxílio a parentes e amigos. Nenhum atendeu ao seu 2 – COESÃO SEQUENCIAL
apelo (pedido). A coesão seqüencial é obtida, principalmente, por meio dos elementos
h) numerais: (um, uma, uns, umas, ambos) de ligação que proporcionam as relações necessárias à integração
Ex. Mariana e Luiz são irmãos. Ambos estudam inglês e francês. harmoniosa de orações e parágrafos em torno de um mesmo assunto
(eixo temático).
Relacionamos abaixo os elementos de coesão mais usuais, agrupados
i) ELIPSE: (quando a partir do segundo verbo o sujeito fica oculto, por pelo sentido, Estes elementos são conhecidos na gramática tradicional
ter sido citado anteriormente) como conjunções, advérbios etc e, na Lingüística Textual, como
Ex. João Paulo II esteve em Varsóvia. Lá, disse que a igreja continua a operadores argumentativos.
favor do celibato. Prioridade, relevância: principalmente, primordialmente, sobretudo,
em primeiro lugar, antes de mais nada, primeiramente,acima de tudo.
j) LEXICAL (palavras sinônimas ou quase sinônimas)
a) João Paulo II = papa, Sua Santidade, o último papa Tempo (ordem, sucessão, anterioridade, posterioridade):
b) Varsóvia = Capital da Polônia finalmente, agora, atualmente, hoje, freqüentemente, constantemente,
às vezes, eventualmente, por vezes, ocasionalmente, sempre,
l) Hiperônimo/Hipônimo: raramente, não raro, ao mesmo tempo, simultaneamente, a princípio,
Ex. Gosto muito de doces (hiperônimo). Cocada (hipônimo), então, pouco antes, pouco depois, anteriormente, posteriormente, em
adoro. seguida, afinal, por fim.
móvel/mesa (mesa faz parte de um substantivo maior = móvel) Semelhança, comparação: igualmente, da mesma forma, assim
também, do mesmo modo, similarmente, analogamente, por analogia,
m) NOMES GENÉRICOS: coisa, gente, pessoa, fato, fenômeno etc: de maneira idêntica.
Ex. A multidão ouviu o ruído de um motor. Todos olharam para o alto e
viram a coisa se aproximando. Conformidade: conformidade com, de acordo com, segundo,
conforme, sob o mesmo ponto de vista, tal qual, tanto quanto, como,
n) METONÍMIA: assim como, bem como.
Ex. No pasto, havia cem cabeças de gado. (parte pelo todo)
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Condição, hipótese: se, caso, salvo se, contanto que, desde que, a Restrição, ressalva: embora, apesar de, ainda que, mesmo que, posto
menos que, a não ser que etc. que, conquanto, se bem que, por mais que, por menos que, não
obstante.
Adição, continuação: e, além disso, ademais, por sua vez, outro
Coesão Textual - Exemplos
ponto, mais (grave) ainda, ainda mais, também, mas também,
Texto I
constata-se também, vale frisar ainda, vale lembrar também.
Os urubus e os sabiás
Dúvida: provavelmente, possivelmente, é provável. (1) Tudo aconteceu numa terra distante, no tempo em que os bichos
falavam... (2) Os urubus, aves por natureza becadas, mas sem grandes
Certeza, ênfase: de fato, por certo, certamente, indubitavelmente,
dotes para o canto, decidiram que, mesmo contra a natureza, eles
inquestionavelmente, sem dúvida, obviamente.
haveriam de se tornar grandes cantores. (3) E para isto fundaram escolas
Ilustração, exemplificação, esclarecimento: por exemplo, isto é, em e importaram professores, gargarejaram dó-ré-mi-fá, mandaram
outras palavras, ou por outra, a saber, haja vista. imprimir diplomas, e fizeram competições entre si, para ver quais deles
seriam os mais importantes e teriam a permissão de mandar nos outros.
Propósito, intenção, finalidade: com o fim de, a fim de, com o (4) Foi assim que eles organizaram concursos e se deram nomes
propósito de, para que, afim de que. pomposos, e o sonho de cada urubuzinho, instrutor em início de carreira,
Resumo, recapitulação, conclusão: em suma, em síntese, enfim, em era se tronar um respeitável urubu titular, a quem todos chamavam por
resumo, portanto, assim, dessa forma, dessa maneira, logo, afinal, está Vossa Excelência. (5) Tudo ia muito bem até que a doce tranqüilidade
claro que. da hierarquia dos urubus foi estremecida. (6) A floresta foi invadida por
bandos de pintassilgos tagarelas, que brincavam com os canários e
Causa: em virtude de, por causa de, devido a, é resultado de. faziam serenatas com os sabiás... (7) Os velhos urubus entortaram o
Consequência: consequentemente, por consequência, como bico, o rancor encrespou a testa, e eles convocaram pintassilgos, sabiás e
resultado, por isso, assim, como efeito, de sorte que, de modo que, de canários para um inquérito. (8) “- Onde estão os documentos dos seus
forma que, de maneira que. concursos?” (9) E as pobres aves se olharam perplexas, porque nunca
haviam imaginado que tais coisas houvesse. (10) Não haviam passado
Explicação: porque, porquanto, pois, já que, uma vez que, visto que. por escolas de canto, porque o canto nascera com elas. (11) E nunca
Contraste, oposição: por outro lado, paradoxalmente, pelo contrário, apresentaram um diploma para provar que sabiam cantar, mas
caso contrário, em contraste com, mas, porém, contudo, todavia, cantavam simplesmente... (12) – Não, assim não pode ser. Cantar sem a
entretanto, no entanto. titulação devida é um desrespeito à ordem. (13) E os urubus, uníssono,
expulsaram da floresta os passarinhos que cantavam sem alvarás...
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Texto II
II. O que foi que aconteceu numa terra distante, no tempo em Bernardo tem 5 anos e gosta de saber tudo sobre lugares e países. Eu
que os bichos falavam? sou um pai coruja! Assim, na primeira oportunidade, comprei-lhe(1) um
R= desse globos terrestres modernos. No entanto, o garoto(2) não lhe(3) deu
muita importância, quando apontei nele(4) o Japão, o Brasil e muitos
outros países. Limitou-se(5) a fazê-lo(6) girar doidamente. Parece que a
2. “E para isto fundaram escolas...” novidade(7) não o(8) atraiu. Girou tanto o tal do globo que o(9)
I. Isto o quê? De que se está falando? desprendeu do suporte de metal. Logo se(10) dispôs a sair jogando
R= futebol com ele(11), mas não permiti tal coisa(12). Consegui convencê-
lo(13) a ir destruir outro brinquedo: o barulhento secador da mãe! E
II. Qual o sujeito dos verbos fundaram, importaram, assim que me(14) vi só, tranquei-me lá(15), no meu(16) escritório, para
gargarejaram, mandaram, fizeram? É o mesmo de teriam? apreciar aquela nova e preciosa aquisição!(17)
R= (Fernando Sabino – Adaptado)
1__________________ 12_____________________
3. Fala-se em quais deles. Deles quem? E quem são os outros? 2__________________ 13_____________________
R= 3__________________ 14_____________________
4__________________ 15 _____________________
4. Qual é o referente de eles em (4)? 5__________________ 16 _____________________
R=
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O mau uso de elementos lingüísticos de coesão pode provocar cidade desumana um espaço de lazer. Francamente, achei a maior sujeira
incoerências locais pela violação de sua especificidade de uso e função. da parte da USP, sacanagem, nada a ver.
Ex.
d) Coerência pragmática (intenção comunicativa)
I- O uso dos elementos de ligação (elementos de coesão) inadequados
nas sentenças abaixo provoca um efeito de incoerência. Reescreva-os, Ex. Pedido/atendimento
fazendo as alterações necessárias para garantir o estabelecimento das A: Você me empresta seu livro do Guimarães Rosa
relações se sentido corretas. B: Hoje eu comi um chocolate que é uma delícia.
a. O livro é muito interessante porque tem 570 páginas.
b. Carmem mora no Rio há cinco anos, portanto não conhece ainda Coerência Textual – Exemplos
o Corcovado. Koch & Travaglia: Embora a coesão auxilie no estabelecimento da
c. Acordei às 7 horas, uma vez que tinha ido deitar às 2 horas, coerência, ela não é garantia de se obter um texto coerente. Na verdade,
dormi pouco mais de cinco horas. os elementos lingüísticos da coesão não são nem necessários, nem
d. O livro que a professora de literatura mandou comprar já está suficientes para que a coerência seja estabelecida. Haverá sempre
esgotado, já que foi publicado há menos de três semanas. necessidade de recurso a conhecimentos exteriores ao texto
e. João, o pintor, foi despedido, mesmo que tenha se negado a (conhecimento de mundo dos interlocutores; da situação, de normas
pintar a casa, apesar de estar chovendo. sociais etc.)
II- Escreva um período, juntando as frases abaixo, utilizando um
conectivo de cada vez: embora, apesar de, mesmo, mas. Faça as Como a coesão não é necessária, há muitas seqüências lingüísticas com
modificações necessárias. pouco ou nenhum elemento coesivo, mas que constituem um texto
Estava com febre. Não faltava às aulas. porque são coerentes e, por isso, têm o que se chama de textualidade.
São textos sem coesão, mas coerentes. Ex.
c) Coerência estilística
Texto I
Magnífico Reitor da Universidade de São Paulo 1 - Um chopps
Tendo tomado conhecimento pelos periódicos da capital paulista de que 2 - E dois pastel (...)
o Prefeito da Cidade Universitária, onde está situada a Universidade que 5 - O polpettone do Jardim de Napoli (...)
Vossa Magnificência, com alto descortino, dirige, resolveu interditar o 30 - Cruzar a Ipiranga com a Av. São João (...)
acesso da população ao campus nos finais de semana, ouso vir à 43 - O "Parmera" (...)
presença de Vossa Magnificência para manifestar-lhe meu repúdio ao 45 - O "Curíntia" (...)
fato de uma instituição pública querer subtrair da população de uma
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59 - Todo mundo estar usando cinto de Agora ela chora sem parar e chama, mãe...
segurança A mãe fissurada na novela manda ela ficar quieta.
(O Estado de S. Paulo. 25 jan. 1995, A10-1.) Quando de repende ela escuta, vó...
Esse conjunto poderia não fazer sentido nenhum. No entanto, colocado Ela assusta. Nisso a mãe percebe que a filha estava grávida.
num contexto como o seguinte, 100 motivos para gostar de São Paulo, Narrativa produzida por aluno da 8ª. Série do EF – 2004
KOCH, Ingedore G. Villaça (2003). A coesão textual. 18. ed. São Paulo: Contexto.
ganha o estatuto de um texto coerente. KOCH, Ingedore G. Villaça e TRAVAGLIA, Luiz Carlos (2004). A coerência textual. 16 ed. São Paulo:
Contexto.
Exemplos: ATIVIDADES:
a)O doador Texto II
Eu acho que doar órgão vai ajudar as pessoas que precisam, o Num dia um homem chegou na cidade chamada Novo Panorama e ele
doador vivo irá doar órgãos e ficará mal por um tempo, ele vai falar chegou e viu uma mulher chorando e foi andando e viu um velhorio e
para as pessoas que é bom doar órgão, para quem ta recebendo o órgão um jornaleiro e ele pediu um jornal e viu o homem que tinha morido e
será bom, tem pessoas que precisam de algum órgão se não vai morrer depois estava tindo uma festa na cidade e ele viu uma mulher muito
quando a pessoa recebe o órgão a família fica muito feliz, para ser bonita e quando ele foi chegando perto dela o pai dela chegou com os
doador só é preciso ser saudável, a pessoa que recebe o órgão, quando ceguransa e mandou ela entra para dentro e ela foi chorando para dentro
sair do hospital vai querer conhecer o doador e agradece-lo. após os ceguransa fechou o portão e ficou lá na porta e o rapas entrou
O doador morto só poderá doar se a família deixar, o morto escondido lá e comesaram a se beijar. E o pai dela viu eles se beijando.
poderá doar tudo, só que se ele doar ele não vai ser enterrado, tem E ai o rapaz pasou uma rasteira no pai dela e saiu corendo e os
muita gente que acredita que a pessoa depois de ser enterrada pode seguransa saiu a traz. E o rapaz foi na casa de um senhor que fazia avião
acordar, por isso antes da pessoa morrer pede para os familiares doar e o rapaz mandou fabricar uma ave que avoava para ele fuzir. E o rapaz
seus órgãos e algumas querem doar para ajudar as pessoas, geralmente foi na casa da mosa com a ave e colocou a corda dentro do carto dela e
para família do morto doar ele tem que ter falecido por traumatismo eles fuziram na ave e foram em bora.
craniano. Narrativa escrita produzida por aluno da 5a série do EF
Redação dissertativo-argumentativa produzida por aluno do 1° ano do EM – Saresp 2004 Texto I
João Carlos vivia em uma pequena casa construída no alto de uma
b)O apelo da filha colina árida. Cuja frente dava para leste. Desde o pé da colina se
Janaína precisa contar um segredo para sua mãe, mas ela está assistindo espalhava em todas as direções, até o horizonte, uma planície coberta de
a novela Celebridade. areia.
Mas ela tem que contar, e ela grita mãe... A mãe manda ela ficar quieta.
Ela chama calmamente, mãe...
E de novo a manda ela ficar quieta.
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