Batista, 2019

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MARIA GLEICY GURGEL CORREIA BATISTA

ALFABETIZAÇÃO EM CURSO - A IMPORTÂNCIA DAS ESTRATÉGIAS


E MÉTODOS

Orientador: Prof. Doutor Óscar Conceição de Sousa

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias


Faculdade de Ciências Sociais, Educação e Administração
Instituto de Educação.

Lisboa
2019
MARIA GLEICY GURGEL CORREIA BATISTA

ALFABETIZAÇÃO EM CURSO - A IMPORTÂNCIA DAS ESTRATÉGIAS


E MÉTODOS

Dissertação defendida em provas públicas para


obtenção do grau de Mestre em Ciências da Educação,
no Curso de Mestrado em Ciências da Educação, da
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias,
com Despacho Reitoral nº139/2019 de 08 de maio, com
a seguinte composição de júri:

Presidente: Professora Doutora Rosa Serradas Duarte


Arguente: Professor Doutor Jorge Serrano
Orientador: Professor Doutor Óscar Conceição de
Sousa

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias


Faculdade de Ciências Sociais, Educação e Administração
Instituto de Educação

Lisboa
2019
Maria Gleicy Gurgel Correia Batista: Alfabetização em curso - A importância das estratégias e métodos.

RESUMO

Compreender como acontece o aprendizado da leitura na alfabetização é fundamental para


qualificar o trabalho no ciclo de alfabetização. Focalizamos também as necessidades de
formação do professor, em particular para o ensino da leitura buscando inovar e melhorar a
interação com os alunos, sendo esta uma relação necessária para que o processo de ensino da
leitura aconteça. O objetivo desta pesquisa foi analisar as estratégias e métodos de ensino
utilizados pelos professores alfabetizadores, fazendo uma correlação com o rendimento final
dos alunos das três escolas municipais que atuam com turmas de ciclo de alfabetização. As
escolas investigadas foram: Escola Municipal Francisco Alves da Costa, Escola Municipal
Menino Jesus e Escola Municipal São Francisco. Para atingir nosso objetivo utilizamos a
pesquisa qualitativa de natureza descritiva. O instrumento de coleta de dados foi através de
entrevistas semiestruturadas. A técnica de analise de dados se deu por intermédio de
interpretação de dados dos testemunhos. Realizou-se uma pesquisa bibliográfica considerando
as contribuições de autores como Alliende (2005), Capovilla (2004), Ellis (1995), Morais
(1999), Morais (2015), Solé (1998), Perrenoud (1999), Sousa (1999), entre outros, buscando
enfatizar o ensino da leitura no ambiente escolar. Conclui-se enfatizando que os docentes
conseguem alfabetizar alunos parcialmente com seus métodos e estratégias de ensino e
comprovou-se que o rendimento final dos alunos e as dificuldades relatadas pelos professores
são consequências de fatores externos que interferem na aprendizagem da leitura.

PALAVRAS-CHAVE: Leitura; Alfabetização; Escola; Estratégias de Ensino; Métodos de


ensino da leitura; Rendimento final dos alunos.

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Maria Gleicy Gurgel Correia Batista: Alfabetização em curso - A importância das estratégias e métodos.

SUMMARY

Understanding how literacy learning happens is critical to qualifying work in the literacy
cycle. We also focus on teacher training needs, particularly for reading teaching, seeking to
innovate and improve interaction with students, which is a necessary link for the teaching of
reading to take place. The objective of this research was to analyze the strategies and teaching
methods used by literacy teachers, correlating with the final income of the students of the
three municipal schools that work with literacy classes. The schools investigated were:
Francisco Alves da Costa Municipal School, Menino Jesus Municipal School and São
Francisco Municipal School. To achieve our goal we use qualitative research of a descriptive
nature. The instrument of data collection was through semi-structured interviews. The
technique of data analysis was performed through interpretation of data from the data. A
bibliographical research was carried out considering the contributions of authors such as
Alliende (2005), Capovilla (2004), Ellis (1995), Morais (1999), Morais (2015), Solé (1998),
Perrenoud (1999), among others, seeking to emphasize the teaching of reading in the school
environment. It is concluded that teachers are able to partially alphabetize students with their
teaching methods and strategies, and that students' final achievement and the difficulties
reported by teachers are due to external factors that interfere with learning reading.

KEY WORDS: Reading; Literacy; School; Teaching strategies; Teaching methds of reading;
Final income of students.

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EPÍGRAFE

“A escola, por depender da presença do professor como mediador do processo de informação


e ter nele o seu principal ator, não tem condições de atualizar-se na taxa que o mundo
científico anuncia.”.

Luisa Massarani, 2002, p.29

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DEDICATÓRIA

Ao meu esposo e meus filhos, minha razão de inspiração para procurar ser cada vez melhor.
Minha família, pais, irmãos.
Aos colegas do curso.
A equipe das Escolas Municipais Francisco Alves da Costa, Menino Jesus e São Francisco.
As gestoras: Cleupê Fernandes, Leila Alves e Sidia Batista.
Aos professores alfabetizadores e aos alunos do 1º ciclo básico.
Enfim ao meu orientador: Professor Doutor Óscar Conceição de Sousa, pela compreensão,
apoio, incentivo e ensinamentos que guardaremos para sempre.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ter me iluminado em todos os momentos, principalmente durante a


realização deste trabalho, a minha família, principalmente pelo seu amor e compreensão.
A todos o meu muito obrigada.

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SIGLAS

MEC - Ministério da Educação.


P1 - Professor 1.
P2 - Professor 2.
P3 - Professor 3.
P4 - Professor 4.
P5 - Professor 5.
P6 - Professor 6.
P7 - Professor 7.
P8 - Professor 8.
P9 - Professor 9.
P10 - Professor 10.
PCNs- Parâmetros Curriculares Nacionais
PNAIC - Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa.
PNE- Plano Nacional de Educação.
PROLETRAMENTO- Programa de Formação Continuada de Professores dos Anos/Séries
Iniciais do Ensino Fundamental.
SEMECD - Secretaria Municipal de Educação Cultura e Desporto.

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QUADROS

Quando 1 – Lista de funcionários da Escola Municipal Francisco Alves da Costa.


Quando 2 – Lista de funcionários da Escola Municipal Menino Jesus.
Quando 3 – Lista de funcionários da Escola Municipal São Francisco.
Quando 4 – Resultado final dos rendimentos das escolas, ano letivo, 2015 e 2016.

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GRÁFICOS

Gráfico 1- Rendimento final da Escola Municipal Francisco Alves da Costa, ano letivo-2015.
Gráfico 2- Rendimento final da Escola Municipal Francisco Alves da Costa, ano letivo-2016.
Gráfico 3- Rendimento final da Escola Municipal Menino Jesus, ano letivo-2015.
Gráfico 4- Rendimento final da Escola Municipal Menino Jesus, ano letivo-2016.
Gráfico 5- Rendimento final da Escola Municipal São Francisco, ano letivo-2015.
Gráfico 6- Rendimento final da Escola Municipal São Francisco, ano letivo-2016.

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APÊNDICES

Apêndice 1 – Bloco introdutório: Legitimação da entrevista e motivação do entrevistado.


Apêndice 2 – Bloco A: Características do entrevisto.
Apêndice 3 – Bloco A: Características do entrevisto.
Apêndice 4 – Bloco A: Características do entrevisto.
Apêndice 5 – Bloco A: Características do entrevisto.
Apêndice 6 – Bloco A: Características do entrevisto.
Apêndice 7– Bloco A: Características do entrevisto.
Apêndice 8 – Bloco B: Definição e métodos de leitura.
Apêndice 9 – Bloco B: Definição e métodos de leitura.
Apêndice 10 – Bloco B: Definição e métodos de leitura.
Apêndice 11 – Bloco B: Definição e métodos de leitura.
Apêndice 12– Bloco B: Definição e métodos de leitura.
Apêndice 13 – Bloco B: Definição e métodos de leitura.
Apêndice 14 – Bloco B: Definição e métodos de leitura.
Apêndice 15 – Bloco B: Definição e métodos de leitura.
Apêndice 16 – Bloco B: Definição e métodos de leitura.
Apêndice 17 – Bloco B: Definição e métodos de leitura.
Apêndice 18 – Bloco B: Definição e métodos de leitura.
Apêndice 19 – Bloco B: Definição e métodos de leitura.
Apêndice 20 – Roteiro da entrevista.
Apêndice 21 – Roteiro da entrevista.
Apêndice 22 – Roteiro da entrevista.

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ÍNDICE

RESUMO....................................................................................................................................3
ABSTRACT................................................................................................................................4

INTRODUÇÃO........................................................................................................................13
PARTE 1. FUNDAMENTAÇÃO TEORICA .........................................................................16
1.1 A importancia do ato de ler no mundo atual.......................................................................17
1.2 O que é ler ou em que consiste saber ler............................................................................27
1.3 Estratégias para alfabetizar.................................................................................................30
1.4 Quadro do duplo canal........................................................................................................37
PARTE 2. PROBLEMÁTICA ................................................................................................. 41
2.1 Problemática e objetivos.....................................................................................................42
2.2 Objetivos.............................................................................................................................43
Objetivo Geral...........................................................................................................................43
Objetivos Específicos................................................................................................................43
PARTE 3.- ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO ......................................................... 44
3.1 Tipo de pesquisa e instrumentos.........................................................................................45
3.2 Sujeitos de Pesquisa............................................................................................................45
3.3 Técnicas de pesquisa...........................................................................................................46
3.4 Procedimentos.....................................................................................................................46

PARTE 4. APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCURSSÃO DOS RESULTADOS ............47


4.1 Apresentação.......................................................................................................................48
4.2 Aspectos físicos das escolas em estudo..............................................................................48
4.3 Análise dos resultados.........................................................................................................52
4.4 Apresentação do rendimento final das escolas pesquisadas...............................................78
4.5 Discussão dos resultados.....................................................................................................82
CONCLUSÕES ........................................................................................................................ 86
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 90
ANEXOS..................................................................................................................................92

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INTRODUÇÃO

Alfabetizar é o principal desafio dos professores no ciclo de alfabetização e para


ajudá-los, é necessário entender que os alunos aprendem de diferentes maneiras e que sua
energia no cotidiano escolar deve ser encaminhada para encontrar estratégias e métodos
adequados que viabilizem à aprendizagem, ao invés de procurar maneiras de esconder as
limitações que interferem no fluxo escolar.
O presente trabalho tem como tema: “Alfabetização em curso- A importância das
estratégias e dos métodos”, uma temática bastante discutida nos últimos anos, quando se trata
de alfabetização. Mesmo sendo um assunto com discussões inesgotáveis no âmbito das
políticas públicas educacionais, ainda deparamos com uma grande quantidade de professores
que trabalham com alunos no ciclo de alfabetização e que preferem permanecer afastados de
uma prática pedagógica que não contemplam estratégias e métodos que viabilizem a garantia
dos direitos de aprendizagem dos alunos na conclusão do processo de alfabetização escolar.
O professor enquanto alfabetizador precisa abordar as contribuições que a psicologia
disponibiliza, quando se trata do processo de ensino e aprendizagem, buscando entender
melhor o pensamento cognitivo, tão importante no processo de aquisição do conhecimento.
Na educação, especialmente no ciclo de alfabetização, as estratégias e os métodos
acarretam mudanças que podem exigir uma aprendizagem constante dos professores, tanto do
método de ensino da leitura quanto ao uso desses métodos em sala de aula.
No Brasil a alfabetização vem sendo priorizada no Plano Nacional de Educação, com
vigência de 2014-2024, Meta 5 que é: “ Alfabetizar todas as crianças, no máximo, até o final
do terceiro ano do ensino fundamental”. Essa meta esta resguardada em sete estratégias e as
que fomentam o objetivo desta pesquisa estão elencadas a seguir:
5.1. Estruturar os processos pedagógicos de alfabetização, nos anos iniciais do ensino
fundamental, articulando-os com as estratégias desenvolvidas na pré-escola, com
qualificação e valorização dos (as) professores (as) alfabetizadores e com apoio
pedagógico específico, a fim de garantir a alfabetização plena de todas as crianças;
5.3. Selecionar, certificar e divulgar tecnologias educacionais para a alfabetização de
crianças, assegurada a diversidade de métodos e propostas pedagógicas, bem como o
acompanhamento dos resultados nos sistemas de ensino em que forem aplicadas,
devendo ser disponibilizadas, preferencialmente, como recursos educacionais abertos;
5.4. Fomentar o desenvolvimento de tecnologias educacionais e de práticas
pedagógicas inovadoras que assegurem a alfabetização e favoreçam a melhoria do
fluxo escolar e a aprendizagem dos (as) alunos (as), consideradas as diversas
abordagens metodológicas e sua efetividade;
(PNE, 2014, p.58).

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Mesmo com as metas estabelecidas no PNE percebermos que o acompanhamento


técnico pedagógico de orientação para com o professor alfabetizador é precário, fator
essencial no processo de alfabetização. Mesmo com incentivo do governo federal de
investimento no ciclo de alfabetização, temos uma carência de profissionais qualificados para
fomentar o acompanhamento pedagógico desse perfil de professor, que ao serem incluídos
para atuarem com alunos do primeiro ciclo do ensino básico, passam a compor o quadro de
formação continuada do Ministério da Educação, com uma proposta de acompanhamento das
Secretarias de Educação de sua rede de ensino. Mediante o exposto desta pesquisa pretende-se
atuar com os professores alfabetizadores de ambos os sexos da zona urbana do município de
Rio Preto da Eva- Amazonas.
Nesta perspectiva busca-se entender se essas mudanças que estão acontecendo na
educação abrangem o campo desta pesquisa, ou seja, a rede municipal de ensino de Rio Preto
da Eva- Amazonas, enfatizando se essas escolas dispõem de estratégias e métodos que
viabilizem o aprendizado no trabalho do professor alfabetizador. Assim levantamos as
seguintes questões de investigações: Qual a importância do professor alfabetizador conhecer o
resultado final dos alunos que concluem o primeiro ciclo de alfabetização? Existe uma relação
efetiva entre as estratégias e método de ensino do professor alfabetizador e o resultado final
dos alunos no ciclo de alfabetização? Quais os fatores que interferem negativamente nesse
processo?
Entender o que acontece ao nosso redor é algo que nos move ao caminho do
conhecimento, enfatizando que a humanidade sempre viveu a luz das descobertas, Laville
(1999), enfatiza que “Apesar de todos os nossos conhecimentos, concordamos que o mundo
não é simples, e não é fácil viver nele”. À medida que se busca novos conhecimento a mente
se abre a novas descobertas, que eleva os seres humanos em direção ao desenvolvimento.
Estes foram os questionamentos que nos impulsionaram para a pesquisa. A partir de
nossos estudos, dividimos este texto em quatro partes. Na primeira, intitulado:
“Fundamentação teórica”, discutimos os autores e suas teorias que focalizam a importância de
ler no mundo atual, o que ler ou em que consiste saber ler; as estratégias de ensino da leitura;
e o quadro do duplo canal. Na segunda parte, denominado “Problemática de pesquisa”,
encontramos a problemática e o objetivo desta pesquisa. Na parte três, temos a denominação
“Enquadramento Metodológico”, encontramos a metodologia, o tipo de pesquisa e
instrumentos, sujeitos de pesquisa e procedimentos. A quarta parte refere-se à: Apresentação
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analise e discussão dos resultados dos dados obtidos com aos docentes participantes deste
estudo intitulado: “Alfabetização em curso- A importância das estratégias e métodos”.

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PARTE I- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.

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1.1 A importância do ato de ler no mundo atual.

Para falarmos sobre a importância do ato de ler no mundo atual, faz-se necessário
buscar sua trajetória, por entendermos que a leitura é uma prática social descoberta há mais de
cinco mil anos, que surgiu da necessidade de comunicação e compreensão entre os povos que
já então, tentavam desvendar os segredos das expressões escritas deixadas por povos da
antiguidade, e o homem primitivo era submetido à leitura de sinais deixados nas cavernas,
como os desenhos rupestres que podiam reconstruir fatos, avisos, indícios de fatos para
investigação da época. A problemática continua atual desde que a humanidade se
conscientizou do poder intelectual que desenvolve cada vez mais novos meios e técnicas que
viabilizam o desejo de novos conhecimentos, na tentativa de conhecer-se e também conhecer
o mundo que se desenvolve à sua volta, buscando registrar sua história na escrita recorrendo
a codificação e decodificação de sinais por intermédio da leitura.
Mesmo sendo uma prática social bem antiga a leitura se tornou o meio mais
importante de chegarmos ao conhecimento, para isso, precisamos aprender a ler e não apenas
“passar os olhos sobre algum texto”. Ler no mundo atual, na verdade, é dar sentido à vida e ao
mundo, é dominar a riqueza de qualquer texto, seja literário, informativo, persuasivo,
narrativo, focalizando possibilidades que se misturam e se tornam infinitas. Isto porque
Alliende (2005) salienta que: “A compreensão ou habilidade para entender a linguagem
escrita consiste a principal meta da leitura”. Meta essa que não abrange a população em
massa, sendo esse um problema social, bastante expressivo no campo da pesquisa acadêmica.
A leitura passou por diversas transformações nos últimos anos:
“Antes do século XIX, quer dizer, antes de Revolução Industrial, a leitura era assunto
de uma minoria, quer fosse a leitura de romances, de escrituras divinas, ou de textos
ligados mais diretamente às instituições ou as profissões”. (MORAIS. 1996 p.16).

Sendo assim, é preciso lembrar, com bases nos estudos do mesmo autor (1996), que
“Hoje, reconhece-se a todos o direito de saber ler, escrever e contar. Uma escolaridade mínima
que deveria em princípio materializar esse direito é obrigatória”. Esses assuntos estão
extremamente relacionados com a alfabetização.
Nestes termos alguns estudiosos enfatizam suas pesquisas com enfoque nessas
questões sociais de alfabetização:
“Assuntos relacionados com alfabetização, sobretudo com métodos de alfabetização,
sempre foram e continuam sendo objeto de intenso debate e controvérsias tanto no

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mundo político quanto no mundo acadêmico. Isso não surpreende, sobretudo tendo
em vista que a escolarização deixou de ser um privilégio de poucos e, em pouco
menos de um século, passou a ser reconhecida como um direito e uma obrigação.
Apesar da aparente igualdade de oportunidades criadas pela universalização do acesso
a escolas, ainda persistem fortes desigualdades”. (CAPOVILLA. 2005 p.16).

Nos últimos anos, as transformações sociais, políticas e econômicas tem sido tão
acentuadas que os pontos de contatos são desvendados através da leitura. Passando por
diferentes visões da realidade.
Para uma boa leitura é preciso exercitar-se na arte de pensar, de captar ideias, de
investigar as palavras que fazem parte do mundo da leitura.
A importância do ato de ler no mundo atual exige competências específicas do leitor,
mediante as novas perspectivas de domínio da natureza, dos símbolos, da fala, da escrita e da
própria leitura. Ler tornou-se algo tão importante, na medida em que o homem passou a
dominar todos esses signos naturais, linguísticos e históricos que passaram a integrar-se cada
vez mais na vida da humanidade.
Na medida em que a humanidade avança intelectualmente, a tendência da educação é
impulsionar a novos paradigmas, expandindo-se com o objetivo de preservar integralmente a
sua espécie.
Logo, as exigências do mundo atual vêm impulsionando a uma reflexão da ação
docente para atender às necessidades da sociedade em pleno século XXI. O ato de ler vem
ganhando novos sentidos no mundo letrado, permitindo ao individuo a assimilação de novos
conhecimentos, a conscientização de seus direitos e deveres enquanto cidadão, permitindo
cada vez mais a inserção e a integração no mundo globalizado.
Neste ponto de vista a ação da escola é fundamental e necessária para aprofundar os
estudos sobre a trajetória e a aquisição da leitura de crianças nos anos iniciais de sua
escolaridade, propiciando um método de alfabetização eficaz que sinalize o momento de
aprender a ler do aluno e o trabalho prático do professor alfabetizador.
A história da alfabetização é pautada pela contribuição de diferentes abordagens
teóricas sobre o processo de aprendizagem da leitura e escrita de crianças. Quando se faz um
cauteloso estudo sobre a história da pedagogia se revela rigorosamente que tudo que
conhecemos atualmente sobre alfabetização são variações em torno de três métodos básicos
que são: o método alfabético, o global e o fônico.

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O método alfabético que está incluso no método sintético é o primeiro e mais antigo,
inventado pelos gregos a mais de 2.500 anos, junto com o alfabeto. Segundo Morais (1996)
“Esse método de leitura foi o mais utilizado durante mais tempo no curso da história da
civilização ocidental”. Neste método o ponto de partida para a alfabetização do aluno era
aprender as letras do alfabeto e sucessivamente, juntar para formar as palavras.
Enfatizando a metodologia do método alfabético:
A criança começa aprendendo o abecedário, isto é, os nomes das letras na ordem.
Depois, ensina-se a criança a associar cada nome de letra a um símbolo. Em seguida,
ensinava-se a combinar consoantes e vogais e recitar sílabas sem significados (“ ba,
be, bi,bo,bu”, etc.). Só depois de alguns meses, se não anos desses exercícios é que a
criança era enfim posta em contato com a leitura. (MORAIS, 1996, p.261).

Conforme afirmam alguns historiadores as crianças ricas usavam os escravos no


processo de alfabetização, cada escravo representava umas das 24 letras no tabuleiro. O
método do bê-a-ba é herdeiro dessa tradição e ainda vigora de certa maneira em alguns países.
A crítica ao método alfabético recai sobre sua compreensão imperfeita do princípio
alfabético. Por ter como princípio que a leitura parta basicamente da decoração oral das letras
do alfabeto, depois as combinações silábicas e por fim inicia-se a leitura de sentenças curtas e
na medida em que começa evoluindo chega a ler histórias.
Neste processo a criança soletra as sílabas até decodificar as palavras. Este método
permite o uso de cartilhas, no entanto as principais críticas estão relacionadas aos exercícios
repetitivos, além de ignorar os conhecimentos que os alunos adquirem antes de ingressarem
na escola.
O método global de alfabetização começou ser utilizado desde o século XVII, em
alternativa ao método alfabético. Estudiosos de países como França, Estados Unidos e
Inglaterra, procuraram sempre métodos que mostrassem resultados positivos no ensino da
alfabetização e questionaram os fatores inseridos na metodologia que interferiam diretamente
no processo de ensino.
Esse método foi ganhando força no século XIX, em parte da Europa e America do
Norte com o movimento da Escola Nova em que o foco central era o aluno como agente ativo
de seu conhecimento. No Brasil o método global, tão divulgado pela Escola Nova, passou a
inovar o conceito educacional, por volta de 1920, teve-se com fundadores: Anísio Teixeira e
Fernando de Azevedo entre outros.

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No método global, pressupõe que a aquisição da leitura e da escrita se dê pela


identificação visual da palavra. Esta metodologia é uma atividade de síntese, pressupõe que é
mais fácil ensinar a palavra como um todo, sem focalizar unidades menores. Entende-se que a
forma global das palavras forneça dicas importantes aos leitores iniciantes.
Alliende (2005, p. 72), por outro lado , reafirma que “ A aprendizagem da leitura
inicial não é um instância fácil. Não há bases naturais para os sistemas de escrita formados
por unidades diferentes”. Já para Morais (2012, p.30). “ O método global expõe a criança a
narrativas artificiais(sem qualidade literária, escritas especificamente para alfabetizar).” Neste
sentido no texto, ao contrário do método alfabético, seriam trabalhadas as frases isoladas até
chegar às palavras ou letras e sílabas enfocadas.
Morais (1996) salienta que: “O método global encoraja a utilização do contexto e a
adivinhação. Isso pode levar a erros de leitura. ( ler por exemplo, “iogurte” em lugar de
“Danone” escrita no copinho”).
Analisando criteriosamente esse método que parte do todo para as partes menores,
percebe-se o seu uso na internet onde o imediatismo das informações pelas redes sociais, e o
marketing desenvolvem amplos poderes na vida das pessoas, principalmente pelas redes de
televisores, no qual a propaganda é uma forma de comunicação que seu principal objetivo
incentivar a atitude de poder entre um determinado público. O poder da propaganda é
primordial na construção repetitiva de imagens para memorizar uma ideia na cabeça do
público alvo. Quando a ênfase é a marca e não o produto, poderá levar a criança em processo
de alfabetização ao erro conforme citação acima.
O método fônico é uma técnica conhecida em todo o mundo. Por ser aquele que
ensina de forma explicita a relação entre grafemas e fonemas.
Enfatizando sobre o método fônico, Morais (1996) discorre que: “O método fônico
nasceu de uma constatação: a criança sente dificuldades em passar da associação entre nomes
das letras para a fusão dos “sons” e das letras a fim de obter a pronuncia das palavras”.
Teóricos, estudiosos e especialistas em alfabetização, Capovilla (2002), Morais
(1996), afirmam que esse ensino permite à criança descobrir o princípio alfabético e, com seu
progresso, passa a dominar o conhecimento ortográfico próprio da língua.
Nos últimos 30 anos, todas as evidencias científicas coletadas sobre o método fônico,
relatam sua superioridade dentre os demais métodos de alfabetização.

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Devido sua relevância no ensino da leitura o método fônico é usado como base para a
alfabetização em muitos países da Europa.
Entre os diversos estudos feitos por autores a respeito da aquisição e desenvolvimento
da leitura e que adotaram o processo de leitura em crianças como tema de pesquisa e aderiram
essencialmente à psicologia cognitiva como base teórica, encontramos trabalhos de Capovilla
e Capovilla (2003), (Capovilla (2005), Morais (1996), Morais (2012), entre outros que
refletem o mesmo objetivo.
Sabe-se que recebemos inúmeras informações no decorrer de nossas vidas e para
guardar essas informações se faz necessário conhecer a amplitude do cérebro humano em
relação à leitura. A ciência cognitiva de leitura vem apontando principalmente nos estudos do
funcionamento do cérebro. Capovilla e Capovilla (2005), pesquisadores e defensores do
método fônico de alfabetização, fundamentam suas pesquisas na psicologia experimental e
seus estudos são baseados em testes aplicados a grandes amostras populacionais. Os autores
defendem com prioridade o método da decodificação que está mais em acordo com a ciência
cognitiva da leitura e afirmam os resultados com prioridades que seus estudos são
comprovados pela neuropsicologia cognitiva.
Na psicologia cognitiva os processos que envolvem a compreensão (leitura) e na
produção (escrita) são estudados separadamente, tendo em vista envolverem processos
cognitivos distintos. Neste sentido a leitura parte da informação visual ao som
(decodificação). A leitura é uma atividade complexa composta por esquemas diversos que
estão inseridos no conjunto das capacidades cognitivas, que sustenta o processo de
aprendizagem da habilidade de leitura.
É muito presente na história a preocupação com a leitura, e logicamente com a escrita,
entretanto ao longo dos tempos o conceito de leitura vem se modificando. Ler é um ponto
surpreendentemente simples, porém complexo de adquiri-lo, por camadas populares. Em
decorrência desse valor social que é atribuído à leitura, o acesso ao seu aprendizado,
apresenta-se como um dos múltiplos desafios da escola e foco de pesquisas de vários autores
referente à importância da leitura no mundo atual.
Capovilla (2010), afirma que o método fônico é inteligente, que sua dinâmica é lúdica
e não mecânica. Desta maneira as crianças acabam sendo bem alfabetizadas no período de
quatro a seis meses, quando já passam a ler textos mais complexos e bem variados. De modo
sistemático este método é capaz de produzir compreensão e produção de textos de forma
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sistemática e lúdica fortalecendo o raciocínio e a inteligência verbal. Ao defender o método


fônico resalta que sua utilização inadequada causou um grande número de repetência,
enfatizando que o método aplicado no Brasil nos anos 80 não era o método fônico e sim
alfabético silábico, baseado somente no ensino repetitivo das sílabas, não sendo comparado ao
método fônico baseado no ensino dinâmico do código alfabético.
Diante do exposto, a leitura é a base fundamental para a constituição do sujeito, como
um ser participativo dentro de uma sociedade excludente, pelo fato de não se dar
oportunidades para aqueles que não correspondem aos paradigmas sociais. Mesmo assim
Morais (1996) salienta que: “Não podemos negar a criatividade dos iletrados, sob pena de
negar a descoberta do fogo e a fabricação de tantos utensílios e objetos pelos nossos
ancestrais”. Nesta visão a leitura é um instrumento fundamental para o processo de produção
do conhecimento e da formação de cidadãos capazes de se situarem e compreenderem o
mundo que os cerca.
A leitura faz parte de nossa vida no mundo atual, em atividades individuais, mas que
se insere num contexto social, envolvendo a capacidade de decodificação do sistema de
escrita até a compreensão e produção de sentido de um texto lido.
Não devemos compreender a leitura como simplesmente uma ação de decodificação
de símbolos e gráficos. Para Solé (1998): “Ler é um processo onde ocorre a interação do leitor
com o texto, é onde o leitor consegue interpretar os conteúdos que o texto apresenta”. A
leitura facilita a capacidade do homem de ler e interpretar textos em várias linguagens: orais e
escritas, verbal e não verbal, que é imprescindível no sentido de compreender e aproveitar as
informações.
A todo o momento deparamos com práticas de leituras de diversos gêneros textuais:
revistas, bilhetes, rótulos, jornais, outdoors, e-mails, mensagens entre outros. Quando o leitor
consegue identificar as características gerais de um texto, sua compreensão se volta
basicamente para as expectativas do leitor diante do texto.
O ato de leitura possibilita o desenvolvimento individual e social dos indivíduos,
permitindo construir, reconstruir e desconstruir conceitos relevantes para a sua formação
enquanto seres humanos.
Quando o leitor constrói um significado a partir de um texto, se torna possível sua
interação entre os elementos textuais com o conhecimento do leitor, a probabilidade de êxito
na leitura se faz a partir dessa concordância entre os mesmos.
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Partilhando desse ponto de vista, no Brasil os Parâmetros Curriculares Nacionais de


Língua Portuguesa, nos apresentam uma definição geral da importância da leitura:
A leitura é o processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de compreensão e
interpretação do texto, a partir de seus objetivos, de seu conhecimento sobre o
assunto, sobre o autor, de tudo que se sabe sobre a linguagem etc. Não se trata de
extrair informações, decodificando letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de
uma atividade que implica estratégias de seleção, antecipação, inferências e
verificação, sem os quais não é possível proficiência. ( PCN, 2001, p.69).

Mesmo vivendo em uma sociedade moderna a leitura é um mecanismo de poder,


importante para se conhecer outras culturas, descobrir a existência de outros povos, como
também desalienar e despertar o cidadão para uma consciência crítica, política e social da
realidade. O acesso ao conhecimento de um povo se concretiza por intermédio da leitura,
indispensável para a formação do cidadão.
O sujeito leitor é capaz de associar informações de diversos conhecimentos que
acumulou ao longo do tempo. Assim, pode-se ter a capacidade de criar e transformar tal
conhecimento em um amplo processo cognitivo em que a linguagem vai ser apenas um dos
fatores que fazem parte desse processo de construção do conhecimento.
Conforme Sousa (1999) “A função principal da percepção e do sistema cognitivo em
geral, é orientar o sujeito nos seus objectivos de acção e ajudar a adaptá-la permanentemente
com base nas informações constantemente colhidas”. Para exercer a cidadania é indispensável
o domínio da leitura, uma vez que é determinante ao desenvolvimento cognitivo, ao acesso à
informação, à formação do juízo crítico, para a expressão e para o enriquecimento cultural de
um povo.
Mesmo a leitura sendo um veículo de transmissão de informações e formação cidadã,
é verdade que vivemos numa sociedade que pouco valoriza e desenvolve a prática de leitura.
Os cidadãos, na sua maioria, leem pouco. De uma maneira geral, a escola básica não tem sido
capaz de dotar as competências de leituras essenciais para exercer a integração e intervenção
na sociedade.
À escola como instituição legitimadora do ensino, ainda que não excludente, cabe à
responsabilidade de praticar a leitura na tentativa de formar leitores, já que é necessário
desenvolver esta competência ao longo do percurso escolar dos alunos.
Consequentemente são colocados inúmeros e complexos desafios aos professores
referentes ao ensino da leitura.

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Nesta análise ressaltam-se os trabalhos de Capovilla:


A grandeza da educação emana precisamente de sua capacidade de
responder, à altura, ao desafio de promover o desenvolvimento das
competências e habilidades dos educandos, a despeito das mais adversas e
limitações circunstanciais. (CAPOVILLA, 2003, p.10).

As relações de comunicação são caracterizadas pela circulação de grande e


diversificados volumes de informações de várias naturezas, que se torna visível à necessidade
de ler e de interpretar textos em variadas linguagens. Mesmo com a complexidade do
processo de leitura a escola precisa desenvolver a instrumentalização do aluno para que
consiga compreender aquilo que lê, imprescindível para o aproveitamento das informações
ora coletadas.
O ensino e a aprendizagem de hoje, exigem mais flexibilidade e também objetivos
mais claros, buscando uma integração que viabilize entre os grupos uma abertura maior na
comunicação, por se tratar de uma sociedade pautada pelos paradoxos da modernidade. Como
salienta Morais (1996) “A leitura já é indispensável na vida cotidiana, mesmo fora da esfera
profissional”. Na sociedade moderna as informações são transmitidas em velocidades
extremas, e as pessoas vivem nesse mundo atual de leitura constante que é tão necessária para
a concretização da informação.
Nesta mesma visão Morais destaca que:
Já não se trata de ser capaz de ler apenas o nome da estação de metrô, os
anúncios ou número de telefone de alguém na lista, mas de saber ler a
informação por computador, os boletins de previsão meteorológica, os
catálogos turísticos, as bulas de remédios, as instruções para a utilização de
equipamentos eletrodomésticos etc. (MORAIS, 1996, p.21)

A sociedade atual exige um sujeito ativo que saiba usar a sua competência de leitor,
não apenas lendo textos escritos e impressos, mas que sejam capazes de usar a linguagem com
precisão e adequá-la em um discurso para diferentes situações comunicativas. O mundo
globalizado demanda uma sociedade leitora, participativa, informada e, além de tudo
consciente de seu papel enquanto sujeito social.
É por intermédio da leitura que o indivíduo resgata uma situação de comunicação
desconhecida. A leitura faz com que se desperte no indivíduo fluente de seu imaginário, um
mundo diferente onde se pondera o novo, concebendo assim uma nova visão do saber.
Conforme Morais (1996), “Não devo olhar-me a partir de mim mesmo, mais olhar-me a partir
de fora”. A escola precisa influenciar nesta visão de fora para dentro, e perceber sua parcela
de responsabilidade na formação cidadã.
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Mesmo com várias pesquisas na área da linguística ainda deparamos com fortes
desigualdades sociais, principalmente no que se refere à comunicação entre as interpretações
no mundo letrado. Nesta perspectiva Capovilla (2005), considera que : “O propósito da leitura
é a compreensão”.
Em relação à leitura percebe-se que não envolve apenas o reconhecimento de palavras
isoladas e que seu objetivo principal é a compreensão do material lido. Ainda se vivência a
dura realidade, de alunos que concluem a Educação Básica e não conseguem entender o que
leem e muito menos redigir um texto simples. Pautando neste sentido, a aprendizagem de
hoje, exigem mais flexibilidade no ato de ensinar. Conforme, Solé (1998) “A aprendizagem
da leitura e da escrita se constrói no seio de atividades compartilhadas e que não se pode
esperar que a criança se mostre competente em algo sobre o que não foi instruída”. Um
destaque importante no processo de alfabetização, a principio são as condições necessárias
que possibilitam no aprendiz o poder de perceber, conhecer, compreender e reter na memória
as informações obtidas, priorizando a aprendizagem.
É importante estar ciente que a educação está inserida em um processo continuo de
construção, entre a escola e o universo que a cerca. Essas transformações nos levam à
reflexão, que não é apenas o ensino que muda, e sim a própria concepção de ensino que
precisa ser repensada. Educar na atualidade nos impõe novos desafios para a educação do
futuro.
Conforme argumenta o autor:
“A compreensão é, a um só tempo, meio e fim da comunição humana.
Entretanto, a educação para a compreensão está ausente do ensino. O planeta
necessita, em todos os sentidos, de compreensão mútua. Considerando a
importância da educação para a compreensão, em todos os níveis educativos
e em todas as idades, o desenvolvimento da compreensão pede a reforma das
mentalidades. Esta deve ser a obra para a educação do futuro”. (MORIN,
2011, p.17).

A escola é a instituição responsável pelo espaço de construção do conhecimento e em


produzir condições para o desenvolvimento humano, permitindo a assimilação por parte dos
alunos dos bens culturais produzidos pela humanidade. Deve estar sempre acompanhando
esse processo de mudança para a promoção do conhecimento, viabilizando a leitura como
instrumento de propagação do saber.

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Conforme pesquisas o leitor adulto acumula em sua vida uma gama de palavras que no
ato da leitura são impulsionadas pelo seu léxico visual. Cognitivamente é impressionante a
facilidade que um leitor adulto tem de ler e interpretar.
Neste sentido:
“O acto de leitura é uma tarefa complexa. Um leitor adulto é capaz de
descodificar, numa fracção de segundo, palavras que fazem parte de seu
léxico, (30000 a 50000) independentemente da forma gráfica, da má
impressão, ou mesmo de incorreções gráficas. A facilidade com que tal
acontece não nos deve iludir sobre a complexidade de processos envolvidos
na leitura”. (SOUSA, 1999, p.43).

A leitura é a maior herança que a escola deve oferecer aos alunos. A grande maioria do
que se aprende na vida é resultado da leitura que se faz fora da escola.
Um dos papeis principais da escola é convencer os aprendizes sobre os aspectos
importantes da leitura para a vida individual, social e cultural como fonte de propagação do
saber.
A função primordial da leitura na sociedade é despertar e proporcionar conhecimentos
básicos que contribuam para a construção integral na vida do aluno tanto em sociedade quanto
para o exercício da cidadania. Para isso se faz necessário um ensino significativo que
desenvolverá no aluno o interesse em ler textos diferenciados do seu cotidiano.
A escola deve dispor de uma prática de leitura prazerosa, proporcionando um
ambiente onde haja diversidade de textos, deixando o aluno à vontade para realizar sua
escolha de leitura.
Neste sentido:
O processo de leitura deve garantir que o leitor compreenda o texto e poder ir
construindo uma ideia sobre seu conteúdo, extraindo dele o que lhe interessa,
em função dos seus objetivos. Isto só pode ser feito mediante uma leitura
individual, precisa, que permita o avanço e o retrocesso, que permita parar,
pensar, recapitular, relacionar a informação com o conhecimento prévio,
formular perguntas, dividir o que é importante e o que secundário. É um
processo interno, mas deve ser ensinado (SOLÉ, 1998, p.32).

A leitura exercita nossa inteligência e nos integra ao mundo que nos cerca. Através
dela, se adquire novos conhecimentos, tornando as pessoas mais capacitadas para enfrentar
assuntos das mais diversas situações. O hábito de ler transforma as pessoas, na medida em
que adquire novos conhecimentos desenvolve a capacidade, de associar as ideias, traçar
planos, compreender certos assuntos. O leitor crítico renova a criatividade, configurando-se
uma fonte de riquezas inesgotáveis.

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É perceptível a leitura como determinante para a integração do conhecimento. Assim:


A leitura é a única atividade que constitui, ao mesmo tempo, disciplina de
ensino e instrumento para outras fases do currículo. Primeiramente, uma das
maiores metas da educação básica era “aprender a ler”; agora, a ênfase está
em “ler para aprender”. Isso não significa que o primeiro lema não tenha
espaço na escola atual: nas séries fundamentais, a aprendizagem do código
dentro de contextos significativos para a criança é de grande importância;
mas, posteriormente, a leitura é utilizada como instrumento para a aquisição
dos outros setores do programa de estudo (ALLIENDE, 2005, p.13).

Sendo assim, é fundamental que a escola seja criteriosa em sua prática pedagógica,
viabilizando o ensino como prioridade para que o aluno consiga aprender a ler elaborando o
seu conhecimento de forma reflexiva para a concretização da aprendizagem.
A leitura é o mecanismo mais eficiente de comunicação entre a sociedade moderna,
pois todos os aparatos científicos desenvolvidos pela humanidade são oriundos de pesquisas
que adentram profundamente no mundo da leitura, colocando em prática o conhecimento
adquirido ao longo dos tempos, como prioridade para o desenvolvimento, todavia ler exige
comprometimento do leitor com o mundo que o cerca e aprender a ler exige uma política
pública capaz de fortalecer e aprimorar os métodos que já comprovaram sua eficácia mediante
o ensino da alfabetização.
Se a educação, antes do surgimento da leitura e da escrita visava a agregação de
valores aos conhecimentos produzidos ao longo dos tempos, com a invenção da escrita
perdeu-se esse caráter agregador e aumentou o interesse pelos valores científicos e éticos de
expansão do conhecimento.
Conclui-se que a leitura é algo bastante amplo por sua magnitude na vida humana, não
sendo restrita apenas à decodificação dos signos do alfabeto. Se focalizando em um sentido
mais amplo a leitura é uma fonte de inspiração, sabedoria e conhecimento, capaz de dar
autonomia e independência ao leitor, na interpretação e compreensão daquilo que se lê,
promovendo o pleno desenvolvimento da pessoa humana, focalizando seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho no mundo atual.

1.2 O que é ler ou em que consiste saber ler.

O modo como se dá o conhecimento da leitura é um assunto que há séculos instiga a


curiosidade humana. Cada um de nós possui uma habilidade geral única da mente e através da

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percepção, e da memória consegue armazenar as informações e conhecimentos que


adquirimos do mundo.
A fala é um elemento de referência fundamental da comunicação humana, que
necessita do envolvimento de um emissor e um receptor, no qual são incluídos alguns
recursos naturais de comunicação como a voz, os gestos e os sons.
Conforme Sousa (1999), “a expressão e a comunicação são duas características
fundamentais na conduta do homem e encontram-se ligadas quer à conduta pessoal, quer à
conduta social”.
O ato de ler recebe definições diversas, abordando pontos de vista diversificados, não
chegando a uma definição comum de entendimento por designar etapas diferentes. A
concepção de leitura em particular tem sido enfocada sobre pontos de vista diversificados
pelos estudiosos. Para alguns ler é quando o sujeito consegue pronunciar corretamente as
palavras impressas, sem a necessidade de compreensão do sentido do texto. Para outros “ler”
consiste exatamente na compreensão do texto que se lê, ou seja, leva o sujeito a raciocinar
mediante aquilo que se lê.
Assim também temos teórico que tem uma abrangência ampla de leitura,
caracterizando que, aprender a ler não é um processo natural, que:
Ler consiste na capacidade de extrair a pronúncia e o significado de uma
palavra a partir de sinais gráficos. Escrever consiste na capacidade de
decodificar graficamente os sons correspondentes a uma palavra. Ler
envolve, antes de qualquer coisa, a capacidade de identificar uma palavra.
(CAPOVILLA, 2005, p.20).

Para o ser humano o principal meio de comunicação é a linguagem oral. É através


dela que a criança amplia o seu contato com as pessoas e o mundo que as cerca,
desenvolvendo-se naturalmente por meio de diversos procedimentos e capacidades:
perceptuais, motoras, cognitivas, afetivas, sociais, discursivas, linguísticas. Mesmo antes de
iniciar o processo de leitura formal a criança já possui uma gama de conhecimentos expressos
em: modelagem, pinturas, desenhos, danças, na produção de sons que ampliam seus
horizontes de conhecimentos.
Mediante essas diversas formas de conhecimentos é que vão se consolidando
naturalmente na criança a inserção ao mundo da leitura.
Capovilla (2005) sintetiza essas divergências entre o que é ler e o que consiste saber
ler, enfatizando que: “Aprender a ler refere-se ao primeiro estágio de um longo processo de

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ler para aprender”. Essas ideias apresentadas por Capovilla (2005) resumem que: “Ler
consiste na capacidade de extrair a pronuncia e o significado de uma palavra a partir de sinais
gráficos”. Quando se busca alfabetizar crianças por volta dos seis anos, percebe-se que as
mesmas ainda estão com um vocabulário restrito e que ao logo do processo vão se
consolidando a dinâmica de pronuncia e do significado das palavras.
Ler é uma atividade que consiste na capacidade de entender um texto escrito, ou seja,
ler é um ato de raciocínio que envolve problemas não só semânticos, filosóficos, ideológicos e
culturais, mas até fonéticos. É através da leitura que se torna possível à compreensão e a
interpretação das informações. Ou seja, você só consegue interpretar uma mensagem se você
foi capaz de compreender o que o autor quis transmitir na mensagem.
Podemos afirmar, de acordo com o mesmo autor, que:
Ler requer proficiência em dois conjuntos de competências: reconhecer
palavras e compreender o significado de textos. Reconhecer (ou identificar
)palavras é a primeira e mais importante tarefa – a única tarefa específica do
processo de aprender a ler. Depois que a criança se torna proficiente, sua
capacidade para identificar palavras lhe permite focalizar a atenção no
processo de compreensão. (CAPOVILLA, 2005, p.22).

Na medida em que se ler, o cérebro humano consegue processar as informações


visuais de um texto e as informações não visuais que são os conhecimentos do leitor.
A leitura é um instrumento fundamental desenvolvido pela escola para a formação dos
alunos. Ao ler, associam-se informações de diversos conhecimentos acumulados ao longo do
tempo. Assim, pode-se ter a capacidade de criar e transformar tal conhecimento em um amplo
processo cognitivo no qual a linguagem vai ser apenas um dos fatores que fazem parte desse
processo interno de leitura.
A sociedade moderna vem progredindo gradativamente em pesquisas esperando que
todas as crianças sejam alfabetizadas, mais se sabe que essa preocupação por uma
alfabetização universal é um fenômeno extremamente moderno.
Conforme Ellis:
Na maioria das sociedades supostamente alfabetizadas do passado, a
capacidade para ler e escrever estava restrita a uma pequena minoria que
pode ter consistido de religiosos ou escribas profissionais. O “segredo” da
alfabetização era frequentemente guardado a sete chaves por aqueles que a
possuíam. Apenas nos últimos 100 anos ou algo em torno disso, a
alfabetização universal foi declarada um objetivo de muitas sociedades.
(ELLIS, 1995, p.85).

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A humanidade desde que tomou consciência do poder intelectual que desenvolve, vem
sempre criando meios e técnicas que aprimorem seus conhecimentos, conhecendo o mundo
que se expande em sua volta, buscando na escrita, por intermédio da decodificação e
codificação, registrar sua história, se adaptando aos vários fatores que vem se inserindo de
forma quase que irreversível. Mediante o domínio da leitura o homem passa a imperar, num
sentido mais amplo do conhecimento passando a entender o que antes era obscuro e
descontextualizado em sua visão.
Para a criança, dominar a leitura e a escrita, não constitui algo difícil se existir a
consideração pelo seu mundo e pelo seu ambiente de inserção. A leitura de mundo da criança
deve ser considerada, como consequência das interações que ela faz com aquilo que a cerca.
Sendo que ler e escrever palavras e textos, são atitudes, que resultam das vivências dos
indivíduos em sociedade. No entanto , essas vivências são apenas indicadores que facilitarão a
consciência fonológica da criança no processo de alfabetização.
Portanto diante dessa abordagem ler, uma vez consolidado o processo de
alfabetização, é compreender que cada letra ou combinação de letra representam sons, ou seja,
sons da fala, além de conhecer os sinais gráficos, exigem do sujeito, determinadas habilidades
e intervenções cognitivas que condicionam o nível de compreensão da mensagem transmitida.

1.3 Estratégias para alfabetizar

Em íntima conexão com essa maneira de pensar, a escola tende a ser concebida como
autônoma em relação ao processo de leitura que permeiam todos os níveis de ensino,
resaltando que nos primeiros anos escolares, a criança está em um processo de aprendizado
bem acelerado, necessitando de discussões sobre as vivências comunicacionais de seu
cotidiano. Enquanto as crianças vão se relacionando e se desenvolvendo no meio dessas
relações complexas de comunicação, cabe ao professor refletir sobre os saberes práticos e
teóricos que possuem como recursos de interação em sala de aula.

Hoje se vive em uma sociedade letrada, no qual o individuo é desafiado em situações


diversas de leitura a cada momento, e precisa usá-la como meio de comunicação e
interpretação para compreender o mundo que o cerca.

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Os métodos de alfabetização são um tema de constante preocupação para a sociedade


acadêmica. Em íntima conexão com essa maneira de pensar, a escola tende a ser concebida
como autônoma em relação a escolha do método de leitura que permita a concretização da
alfabetização para os seus alunos do primeiro ciclo do ensino básico.
No Brasil o Ministério da Educação vem desenvolvendo políticas públicas de
prolongamento da escolaridade obrigatória alem disso mudanças estruturais favoreceram para
absorver um número cada vez maior de estudantes dentro da escola. O Ensino Fundamental é
contemplado na Lei nº 11.274 de 06 de Fevereiro de 2006 que concretiza a ampliação de oito
para nove anos, favorecendo os alunos que não conseguiam vagas na educação infantil na
rede pública. Conforme o Plano Nacional de Educação, a determinação legal da (Lei nº
10.172/2001, meta 2 do ensino fundamental ) que garante implantar progressivamente o
Ensino Fundamental de nove anos, pela inclusão das crianças de 6 anos de idade, tem duas
intenções:
[...] oferecer maiores oportunidades de aprendizagem no período da
escolarização obrigatória e assegurar que ingressando mais cedo no sistema
de ensino, as crianças prossigam nos estudos, atingindo maior nível de
escolaridade (BRASIL, 2011, p. 05).

Desse modo, quando se ampliou o acesso, foi necessário também que se repensassem
as estratégias que contemplassem uma alfabetização plena, reduzindo progressivamente o
índice de evasão e repetência nos anos iniciais, promovendo um processo de aprendizagem
efetiva da leitura e da escrita.
O ciclo de alfabetização era para ser uma continuidade da educação infantil, no
entanto os professores que atuam neste processo enfrentam dificuldades em alfabetizar as
crianças dentro de um ciclo de três anos. Sabe-se que para conseguir alfabetizar os alunos, os
professores precisam de formação continuada e buscar enfrentar os desafios do dia a dia em
sala de aula.
O governo por não ter uma proposta de alfabetização consolidada do ensino público,
não consegue formar e manter professores alfabetizadores em seu quadro efetivo, causando
uma descontinuidade do trabalho que os programas do governo federal vêm oferecendo. Neste
segmento de ensino foi implantado, a partir de 2013 o PNAIC: Pacto Nacional Pela
Alfabetização na Idade Certa, que visa promover ações e disponibilizar recursos com o
objetivo de efetivar a alfabetização em Língua Portuguesa, Matemática, Ciências da Natureza

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e Ciências Sociais, até o final do 3º ano do Ensino Fundamental, de todas as escolas púbicas
brasileiras.
Nesta perspectiva o governo vem buscando maneiras mais realistas para incentivar o
trabalho do professor alfabetizador, buscando desenvolver uma qualificação em percurso
para melhorar a gestão do ensino na prática educativa.
Ainda nesse mesmo contexto o professor tem o desafio de alfabetizar tendo a
oportunidade de realizar estratégias de leitura e escrita que priorize a alfabetização,
incorporando na sua prática cotidiana, atividades mais próximas da realidade de seus alunos.
Diante dessas mudanças, observa-se que essas interferem nas relações sociais e
culturais, levando à emergência de novos paradigmas da formação do professor alfabetizador
que precisa mais do que nunca rever sua pratica de alfabetização em um sistema único de
ensino que não focaliza em um método de ensino que resguarde os direitos de aprendizagem
das crianças e sim, amplia esse universo para que o professor possa escolher o que lhe for
mais cômodo para desenvolver esse processo de alfabetização.
Buscando uma reflexão a cerca do método de ensino em sala de aula, somos
advertidos que:
Os autores dos velhos métodos tradicionais vendem suas cartilhas como fórmulas
salvadoras e esperam que os professores, obedientemente e sem ousar criar nada,
sigam à risca, de fevereiro a dezembro, o que as cartilhas propõem, fazendo todas e
somente aquelas atividades que são prescritas em cada lição. ( MORAIS, 2012,
p.37).

A questão da culpa ou da inocência do professor na escolha do método está em


discussão aqui, pois nos remete as consequências políticas educacionais negativas quando se
refere à alfabetização. Tantos são os investimentos em qualificação profissional do professor
que nos leva a uma reflexão, do que realmente acontece na prática educativa que retarda a
conclusão do processo de alfabetização.
Desse modo Morais destaca, ao investigar a prática de professores de redes públicas
de ensino que:
As pesquisas que investigam o que os professores fazem, de fato, no dia a dia com
seus alunos mostram que os que ensinam não são tão dóceis ou submissos assim.
(MORAIS, 2012, p.37).

Uma vez que vivemos em uma sociedade em constantes mudanças, passamos pelo
dilema de vivenciar a prática de professores que atuam em sala de aula, na incerteza da
docência no mundo atual.

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Nos últimos anos, deparamos com um panorama diversificado do trabalho do


professor, como sua tarefa, anteriormente considerada, fácil e segura, passou a ser o
enfretamento dos desafios crescentes dentro de uma sociedade intensamente transformada nos
ambitos, social e político.
Mesmo com as mudanças sociais e políticas que vem se expandindo no mundo atual a
leitura continua sendo um problema para um analfabeto, em uma sociedade letrada. Assim
pode-se afirmar que:
As coisas podem estar mudando um pouco, com o desenvolvimento de outras
tecnologias para o registro do som e da visão, mas a alfabetização ainda abre as portas
para uma vasta gama de experiências sociais e culturais proibidas a uma pessoa
analfabeta. É vital compreendermos a natureza da habilidade de leitura e
descobrirmos melhores modos de ajudarmos os membros de nossa sociedade para que
a adquiram a se beneficiarem de seu uso. (ELLIS, 1995, p.16).
O grande desafio do professor alfabetizador é garantir que as crianças leiam assim que
entram na escola. Para isso é necessário entender algumas funcionalidades estratégicas
cognitivas que o cérebro humano organiza com a finalidade de aprender a dominar as
informações recebidas.

A aprendizagem é uma parte normal em nossas vidas. A cada dia aprendemos novas
formas de fazermos as coisas. Cada ser humano é único e por isso seus conhecimentos são
estruturados e armazenados de uma forma bem particular, para serem aplicados em algumas
situações específicas do cotidiano. Na situação escolar por ser formal, acata uma
intencionalidade mais dirigida abrangendo temas acadêmicos com suportes pedagógicos.

Os professores são constantemente submetidos por novas ideias, conceitos e


inovações. Para isso é necessário conduzir sua classe com boas estratégias que estimulem o
aprendizado de seus alunos.

As estratégias de alfabetização precisam ser exercitadas, pois entende-se que para


facilitar a aprendizagem, existe a necessidade de decisões intencionais que garantam os
direitos de aprendizagem dos alunos.

O que se percebe na prática é que as estratégias desenvolvidas para o ensino da leitura


consistem em uma intencionalidade da ação educativa.

Então, se faz necessário que se considere, as estratégias de leitura, conforme estudos


de autores renomados sobre os aspectos de decodificação e compreensão da leitura. Capovilla
(2003), faz referências aos estudos de Frith (1985) que propõe uma teoria cognitiva
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pertinente para a leitura. Em que a autora faz uma descrição das três fases ou estágios de
desenvolvimento da leitura e da escrita pela qual a criança passa que são: logográfico,
alfabético e ortográfico.

Fase logográfico – Nesta fase a criança usa o contexto quando se trata de leitura ou
escrita de palavras. Não lê, apenas reconhece os símbolos gráficos. Desenvolve-se primeiro a
leitura e depois a escrita. Na leitura logografica a criança considera as palavras como se
fossem desenhos, faz uso de pistas contextuais em vez de decodificação alfabética. Na fase
logográfica, adquire um vocabulário visual de palavras, incluindo seu próprio nome, mas não
é afetada pela ordem em que aparecem nas palavras, a não ser pela letra inicial. Então há o
desenvolvimento do léxico logográfico com acesso direto da palavra escrita com acesso à
memória semântica.
Enfatiza-se que a autora alerta para uso exaustivo desta estratégia de leitura por que
exige muito da memória visual da criança e consequentemente a erros grosseiros, como troca
de palavras no momento da leitura.
Na fase alfabética- A criança já evoluiu bastante e consegue recorrer a regras entre
fonemas e letras, levando em conta o valor posicional das letras na formação das palavras. A
criança distingue as correspondências entre os grafemas e fonemas. Se tratando da escrita
alfabética é capaz de obter acesso à representação fonológica das palavras, bem como tomar a
atitude de isolar fonemas individuais e de mapeá-los nas letras correspondentes.
Fase ortográfica – A criança consegue analisar as palavras em unidades ortográficas
grupos de letras e morfemas, sem realizar a conversão fonológica. São estabelecidas as
relações entre grafema e fonemas, essas unidades já estão armazenadas na memória,
possibilitando a escrita de palavras irregulares, desde que palavras comuns.
Essas três fases viabilizam as estratégias para a leitura e escrita. Considerando o
desenvolvimento de uma nova estratégia a anterior não desaparece, porem sua aplicação e
importância relativa ao seu processamento diminui, quando outra fase se opõe em seu lugar.
Apesar de todos os nossos conhecimentos, concordamos que alfabetizar não é tão
simples assim. Segundo Capovilla;
Assuntos relacionados com alfabetização, sobretudo com métodos de
alfabetização, sempre foram e continuam sendo objeto de intenso debate e
controvérsia tanto no mundo político quanto no mundo acadêmico. Isso não
surpreende, sobretudo tendo em vista que a escolarização deixou de ser um
privilegio de poucos e, em pouco menos de um século, passou a ser
reconhecida como um direito e uma obrigação. Apesar da aparente igualdade

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de oportunidades criada pela universalização do acesso a escolas, ainda


persistem fortes desigualdades. Essas desigualdades decorrem da origem
sociocultural das crianças e do esforço e motivação envolvidos, e
frequentemente são ampliadas em função da (falta) de qualidade e adequação
do ensino oferecido nas escolas. (CAPOVILLA, 2005, p.16).

A escola como instituição legitimadora do ensino, tem o poder de decisão e quando se


fala de ensino, não podemos avançar se temos alunos que não conseguem ler, ou seja, o
principal papel da escola é fazer com que o aluno leia. Se isso não vem acontecendo de
maneira eficaz, é hora de uma parada na busca de uma solução, que reverta essa situação das
camadas sociais.
A educação escolar precisa proporcionar momentos prazerosos de leitura. É
justamente por meio de estratégias de leitura que oferecemos ao aluno a possibilidade de
ampliar seu mundo, sua capacidade comunicativa, como meio de expressão para a construção
do novo, ou pela leitura ou produção de textos.
Conforme Sousa:
Há muito que na opinião pública se generaliza a ideia de que existe uma
profunda crise na Escola, que se reflete tanto nas atitudes dos professores
como no comportamento dos alunos. É posta em causa a organização escolar
e o próprio sistema de ensino, a preparação e o empenhamento dos
professores, a falta de meios adequados, o desinteresse a ausências de
motivações dos alunos, a crise da família e da vida social e econômica em
geral, em ultima análise, as opções políticas ou o desgoverno. Numa palavra,
é posta em causa a qualidade deste ensino. (SOUSA, 1999, p.13).

Para a aprendizagem da leitura são necessárias ações sequenciadas e intencionais que


desenvolvam as competências afetivas e cognitivas dos alunos, voltadas às peculiaridades da
comunidade escolar.
As estratégias de alfabetização precisam ser exercitadas, pois se entende que para
facilitar a aprendizagem, existe a necessidade de decisões intencionais, diagnosticadas por
uma equipe pedagógica autêntica.
Na escola, não se aprende só a ler, mas também maneiras de se ler. Trata-se de
controlar a atenção para indicações importantes que se o aluno não prestar atenção e não ficar
sintonizado com a aula, dificilmente poderá aprender. O controle da atenção, pode ser
ensinado em longo prazo, podendo ser realizado por meio de atividades diversas.
Buscando entender melhor a obra: Estratégias de leitura da autora Solé.(1998) na qual
resalta :”O ensino de estratégias de compreensão contribui para dotar os alunos dos recursos
necessários para aprender a aprender”.

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As estratégias propostas por Solé (1998) vêm auxiliar o aluno no desenvolvimento de


suas habilidades para o processo da leitura.
Analisando as cinco estratégias de leitura desta autora, observa-se que:
Na primeira propõe que. “O professor incentive o aluno”, desafiando-o com leituras
desconhecidas, praticando leituras fragmentadas, dinamizando a leitura de um livro.
A segunda proposta da autora. “É traçar objetivos de leitura”. O professor
alfabetizador precisa saber quais os motivos que levaram a trabalhar determinado texto com
seus alunos. Mesmo porque no processo de alfabetização, cada leitura vai depender do
objetivo que se quer alcançar em sala de aula.
Os leitores podem ter objetivos variados referentes à leitura de um texto em diferentes
situações e momentos. Dentre eles, Solé (1998), destaca:
Obter uma informação precisa;
Seguir instruções;
Obter uma informação de caráter geral;
Aprender;
Comunicar um texto a um auditório;
Praticar a leitura em voz alta;
Verificar o que aprendeu.
O principal agente incentivador do contato dos alunos com o livro na escola deve ser o
professor, estimulando desde as séries iniciais. Assim, os alunos terão contato com a
linguagem escrita, por intermédio de textos variados que lhes oportunizem o gosto pela leitura
e o prazer de ler.
A terceira proposta de Solé (1998). “É ativar o conhecimento prévio”. Quando o leitor
possui um conhecimento sobre o assunto, terá muitas possibilidades de atribuir-lhe
significado, favorecendo melhor sua compreensão leitora.
Nesta estratégia a autora enfatiza algumas orientações para auxiliar o aluno a atualizar
a experiência prévia como:
1. Explicar o que será lido, indicando a temática aos alunos para relacioná-la a
aspectos da sua experiência prévia.
2. Estimular os alunos a prestarem atenção a determinados aspectos do texto que
podem ativar seu conhecimento prévio, como ilustrações, títulos, subtítulos,
enumerações, sublinhados, palavras chaves.
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3. Incentivar os alunos a exporem o que já sabem sobre o tema. Deixar os alunos


falar, reconduzir as informações e centrá-las no tema discutido.
A quarta proposta de Solé (1998), é “Estabelecer previsões sobre o que sucede no
texto”. Neste sentido o professor pode aguçar a curiosidade do aluno e sua reflexão sobre o
texto. Conforme a autora: “Formular hipóteses, fazer previsões, exige correr riscos, pois por
definição não envolvem a exatidão daquilo que se previu ou formulou”. Esta é uma das
práticas de leitura que deve estar presente desde o inicio da trajetória escolar, até a conclusão
do Ensino Fundamental.
Na quinta estratégia de leitura proposta por Solé (1998) enfatiza que é: “Promover
perguntas dos alunos a respeito do texto”. Esta estratégia de leitura melhora a velocidade do
processamento de compreensão de texto.
As estratégias de leitura são fundamentais para o sucesso dos trabalhos em sala de
aula. Por esta razão o professor precisa conhecer os processos pelos quais o individuo passa
para se tornar um leitor proficiente. Sendo assim precisa conhecer a teoria para poder aplicar
as estratégias viáveis que possibilitem o desenvolvimento intelectual de leitores iniciantes.
Portanto, a formação do leitor proficiente dependerá das orientações adequadas dentre
as estratégias de leitura que lhe foram utilizadas. Por isso a leitura é a principal articuladora
de informações que está ligada diretamente entre a transformação e aprendizagem. O ensino
dinâmico da leitura deve ser fundamentado em objetivos plenos que incentivem ao
desenvolvimento das potencialidades do individuo.

1.4 Quadro teórico do duplo canal.

Os grandes avanços científicos proporcionaram inúmeras transformações e mudanças,


referentes à sociedade atual, nos disponibilizando informações necessárias de uma cultura de
aprendizado que gera conhecimento. Neste processo de mudanças se faz necessário buscar por
um sistema educacional democrático, que assuma a responsabilidade de promover situações
de aprendizagem que atendam as necessidades das exigências da sociedade moderna. A teoria
da dupla rota é uma teoria que clarifica o processo de aprendizagem da leitura ao defender
que todo o indivíduo recorre a duas vias para aceder à palavra escrita, ou seja, a via lexical
que viabiliza a leitura de palavras conhecidas pela via direta acedendo visualmente à palavra e

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a via fonológica a qual utiliza o processo de conversão grafema fonema por meio da
capacidade de identificar e discriminar diferentes sons.
A aprendizagem é um dos processos mentais superiores mais importantes da vida de
um ser humano, porque tudo do que somos é resultado da aprendizagem que adquirimos
durante toda a nossa vida. Por razões diversas e principalmente como forma de entender
melhor qual das vias do duplo canal é mais eficaz durante o processo de alfabetização de
determinada população que o tema em destaque tem sido motivo de grande interesse de
pesquisadores e estudiosos da psicologia e a pedagogia, pois o sucesso da alfabetização
depende da clarificação desse processo.
A leitura e a escrita são habilidades cognitivas essências, aprendidas pelo ser humano
por meio de um processo interativo que constituem os elementos básicos para a inserção do
sujeito em sua cultura. Na complexidade da vida moderna são cada vez mais comuns tarefas
complexas, no âmbito pessoal, familiar ou político, dependentes da compreensão de
informações sob a forma escrita.
No modelo da teoria do duplo canal, são postulados dois mecanismos para a leitura:
Um mecanismo de rota fonológico e o outro de rota lexical.
Segundo Sousa:
A via não lexical traduz o código grafémico de uma palavra num código
fonológico, utilizando regras de correspondência grafemas- fonemas. Esta
conversão poderá ter como unidade grafemas isolados ou unidades mais
alargadas constituídas por mais de um grafema. Uma vez conseguida a versão
fonológica da palavra escrita o leitor terá acesso ao armazém semântico que
lhe fornecerá a significação como se de uma palavra falada se tratasse. Esta
via permite ler palavras, pseudo-plavras ou não palavras, com ortografia
regular e enfrenta problemas com palavras irregulares. (SOUSA, 1999,
p.48).

O método fônico foi desenvolvido inicialmente pelos linguistas, e posteriormente


retomado pelos psicolinguistas. É um método que ensina, de forma explicita a relação entre
grafemas e fonemas. Esse ensino permite à criança associar os sons da fala a determinados
caracteres gráficos; descobrir o princípio alfabético e gradativamente, dominar o
conhecimento ortográfico da sua própria língua.
Nesse contexto Alliande discorre nos estudos de: Erickson e Juliebo, 1998 explanando
que:
As crianças que desenvolvem a consciência fonológica reconhecem que há
palavras que rimam, que há palavras curtas e mais longas, que algumas
começam e terminam com um mesmo som, que a maioria delas pode ser

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separada em sílabas embora não conheçam a palavra “sílabas”.


(ALLIANDE, 2005, p.39).

A mesma autora ainda enfatiza que:


A consciência fonológica é muito importante para o desenvolvimento da
leitura, porque as crianças que não a possuem tem altas probabilidades de
chegar a ser maus leitores. O rendimento nas tarefas de consciência
fonológica nos níveis de transição e na primeira série está fortemente
relacionado com o êxito na leitura. (ALLIANDE, 2005, p.39).

Uma parcela das evidências científicas coletadas nos últimos trinta anos, demonstra de
maneira inequívoca, a superioridade dos métodos fônicos sobre os demais.
A leitura via rota lexical é desenvolvida a partir do estágio ortográfico, geralmente se
utiliza está rota quando é realizada a leitura de palavras familiares, que são decorrentes da
experiência em repetidas leituras. Quando a leitura ocorre via rota lexical o item
primeiramente sofre uma analise visual antes de ser processado pelo sistema de
reconhecimento visual de palavras. Mediante a analise visual para que o item seja conhecido
como uma palavra é necessário que sua forma ortográfica esteja representada no léxico
ortográfico. A forma ortográfica ativa sua representação semântica, a qual ficará armazenada
até que ocorra a pronuncia.
De acordo com Ellis (1995) “O sistema semântico é o deposito de todo o
conhecimento sobre os significados de palavras familiares”. A leitura viabiliza pela visão, ao
cérebro humano, a possibilidade imediata do sentido através do qual o sujeito é capaz de
correlacionar às palavras escritas que são familiares dentro de seu meio social, com as suas
representações semânticas.
Para Morais (1996) “A leitura não atinge seu objetivo sem compreensão, todavia os
processos específicos da leitura não são processos de compreensão, mas que levam a
compreensão”. Morais (1996) resalta que: “Nos meios de praticantes, difundiu-se uma
concepção sonhadora e romântica de leitura; A leitura não teria mecanismo; ela seria apenas
compreensão. O sentido e a apreensão do sentido procederiam qualquer outra atividade de
análise do escrito”.
Portanto cabe resaltar que os dois mecanismos de leitura colocados pelo quadro do
duplo canal, devem se desenvolver simultaneamente, podendo intervir paralelamente na
leitura de palavras, e ambos os processos são constatados em estágios iniciais do
desenvolvimento de leitura. O sucesso na compreensão textual exige estratégias de leitura que
viabilizem o processo cognitivo de alto nível, como a capacidade de realizar inferências,
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habilidades linguísticas gerais, habilidades da memória e conhecimento de mundo, que juntos


contribuem para o processo de informação. A consciência dos mecanismos que utilizamos
para realizar uma leitura é um sinal importante para a compreensão de nosso inconsciente
cognitivo responsável pelo armazenamento de nossa bagagem cultural.

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PARTE 2 - PROBLEMÁTICA

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2.1 Problemática e objetivos

A leitura sempre foi fundamental desde os primórdios da história e sua aprendizagem


foi influenciada pelas classes dominantes e pelo contexto social de cada época. Ainda hoje em
pleno século XXI, a concretização da aprendizagem da leitura no Primeiro Ciclo do Ensino
Básico, se apresenta muitas vezes restrita a somente uma parcela desses alunos. Mesmo
passando por um ciclo de três anos ainda não é suficiente para concretizar o processo de
alfabetização, conforme são apresentados dados nas avaliações externas que é uma dos
principais instrumentos para a elaboração das políticas publicas dos sistemas de ensino, com
direcionamento de metas para as unidades escolares.
O problema de concretização do ensino da leitura no ciclo de alfabetização é uma
questão que afeta muito o sucesso escolar de muitos alunos no município de Rio Preto da Eva.
Na operacionalização desta proposta percebemos que mesmo com o incentivo do
governo federal em oferecer ao professor alfabetizador uma formação continuada na área de
alfabetização, ainda não conseguimos um resultado satisfatório, de alunos que concluem o
primeiro ciclo da educação básica, totalmente alfabetizados.
Essa situação representa a nossa problemática e nos levou a estuda-la a partir das
seguintes questões que irão nortear esta pesquisa:
Qual a importância do professor alfabetizador definir um método de leitura para
nortear seu trabalho no primeiro ciclo de alfabetização?
Existe uma relação efetiva entre o método de ensino do professor alfabetizador e o
resultado final dos alunos no ciclo de alfabetização?
Quais os fatores que interferem negativamente nesse processo?
Essas são indagações que nos levaram a pesquisar algumas questões à volta do
professor alfabetizador.
O professor que atua no ciclo de alfabetização precisa conhecer as estratégias e
métodos de alfabetização, principalmente o que utiliza para garantir que os direitos de
aprendizagem dos alunos sejam garantidos.
Portanto, espera-se que o resultado desta pesquisa venha contribuir com a opinião dos
professores alfabetizadores sobre a importância de entender o que realmente acontece no
universo da sala de aula, que dificulta o objetivo desse processo que é o ensino da leitura.

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2.2. Objetivos

Objetivo Geral

 Analisar os métodos e estratégias de ensino utilizados pelos professores


alfabetizadores, fazendo uma correlação com o rendimento final dos alunos das três
escolas municipais que atuam com turmas de ciclo de alfabetização.

Objetivos Específicos

 Recolher dados institucionais das escolas em estudos;


 Recolher dados de identificação pessoal e profissional do docente;
 Recolher os dados das estratégias de ensino utilizadas pelo professor alfabetizado;
 Recolher dados sobre os métodos de leitura aplicados na sala de aula;
 Perceber quais os fatores que interferem no processo de leitura.
 Comparar o rendimento escolar das três escolas estabelecendo um paralelo com as
estratégias e métodos de ensino usados pelos professores alfabetizadores em sala de
aula.

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PARTE 3- ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO

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Para atingir o objetivo deste estudo recorremos a um grupo de 10 professores


alfabetizadores de três escolas municipais que atuam com alunos do 1º Ciclo- Ensino Básico.
Num primeiro momento, fez-se um levantamento de dados referente ao ambiente
físico e humano das escolas em estudo, e num segundo momento, foram agendadas as
entrevistas com os professores alfabetizadores focalizando os métodos e estratégias de leitura,
utilizados pelos mesmos.

3.1 Tipo de Pesquisa e instrumentos

Quanto ao tipo de pesquisa, optou-se pela descritiva, que tem como objetivo
primordial a descrição das características de determinadas populações ou fenômenos, e uma
de suas características padronizadas de coletas de dados é a entrevista que será utilizada para
abordagem das características da população em estudo que são os professores alfabetizadores.
Conforme Cervo, ‟A pesquisa descritiva se desenvolve, principalmente, nas ciências
humanas e sociais, abordando aqueles dados e problemas que merecem ser estudados e cujo
registro não consta de documentos (1996, p.56)”.
Para guiar-se e analisar os dados coletados e fundamentar as interpretações com
observações mais detalhadas pela pesquisadora, será realizada uma pesquisa qualitativa.
Neste estudo fora utilizada uma entrevista, estruturada em três blocos consultivos para
testar: Identificação pessoal do entrevistado; As estratégias e métodos utilizados no ensino da
leitura; Fatores que interferem no aprendizado da leitura e a correlação entre as estratégias e
métodos de ensino em relação ao rendimento final dos alunos das três escolas municipais que
atuam com turmas de ciclo de alfabetização, enfatizando essa relação pedagógica.

3.2– Sujeitos de Pesquisa.

Buscando uma resposta ao problema encontrado delimitou-se o campo da pesquisa


para três escolas municipais: Francisco Alves da Costa com 4 professores; Menino Jesus com
03professores e São Francisco com mais 3 professores, com um público alvo de 10
professores alfabetizadores, de ambos os sexos que atuam no Primeiro Ciclo do Ensino
Básico da rede municipal de ensino no município de Rio Preto da Eva no estado do Amazonas

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que fica localizado a 80 km da capital do estado. No decorrer da pesquisa foram selecionados


os professores que tinham disponibilidade de logística para participar da pesquisa.

3.3 – Técnicas de pesquisa

Pretendemos recorrer, para cumprir com os objetivos da pesquisa ao inquérito aos


professores através da entrevista. Recorremos igualmente à observação. Para registrar os
dados da observação elaboramos uma grelha elencada nos Quadros: de 5 a 23. A entrevista
teve por base um roteiro com temáticas que foram sustentadas pelo quadro teórico desta
pesquisa.
3.4 Procedimentos.

Depois do primeiro contato com o professor orientador, passou-se a planejar ações que
viabilizassem o andamento da pesquisa.
Solicitação de permissão da SEMED- Secretaria Municipal de Educação Cultura e
Desporto de Rio Preto da Eva- Amazonas, para desenvolver a pesquisa nas escolas
municipais;
Posteriormente a esse processo burocrático, procedeu-se a seleção dos professores
alfabetizadores que atuam com turmas do primeiro ciclo de alfabetização com disponibilidade
de tempo para participarem desta pesquisa;
Quanto ao planejamento da pesquisa de campo, foi incluída a grelha de observação e a
elaboração do roteiro para as entrevistas;
Foi agendada a entrevista em momentos oportunos, conforme a disponibilidade dos
professores alfabetizadores. Tendo em vista que a aplicação da entrevista foi realizada em
período letivo com duração de dois meses;
Solicitação para as gestoras dos dados documentais das três escolas envolvidas neste
estudo;

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PARTE 4. APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS.

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4.1 Apresentação

Esta parte traz primeiramente os dados documentais estruturais das escolas cujos
professores foram alvos de estudo desta pesquisa. Logo depois serão apresentadas as
abordagens dos professores entrevistados e sua respectiva analise. Conforme descrito na
Metodologia desta dissertação, este trabalho apresenta dados de dez professores
alfabetizadores de três escolas municipais de Rio Preto da Eva- Amazonas.
A organização dos dados se apresenta da seguinte maneira: Primeiramente
apresentamos os dados documentais das escolas em estudo; em seguida as telas das
entrevistas com os professores em três blocos sendo: Bloco introdutório- Legitimação da
entrevista e motivação do entrevistando; Bloco A- Características do entrevistado e Bloco B-
Definição e métodos de leitura.
Concluídas as entrevistas com os professores, a fase seguinte, a de transcrição das
telas. É importante resaltar alguns ajustes nas falas dos professores porque foi feita uma
triagem no momento da revisão do material na integra o qual se encontram arquivadas e
transcritas nos anexos: I, II, III, VI, V, VI, VII, VIII, IX e X, omitindo as repetições de termos
e expressões inadequados ou desnecessárias para a pesquisa. Os dados das três escolas em
estudos são apresentados de forma sucinta, sendo as mesmas: Escola Municipal Francisco
Alves da Costa; Escola Municipal Menino Jesus e Escola Municipal São Francisco. Quanto
aos professores são caracterizados pelas siglas: P1; P2; P3... e assim sucessivamente até o
total de dez professores entrevistados.

4.2 Aspectos físicos das escolas em estudo

A Escola Municipal Francisco Alves da Costa, está localizada na Comunidade São


Benedito. Sua criação está constituída sob o Decreto nº 015 de 17 de março de 2010. É toda
construída em alvenaria, com estrutura metálica, cobertura em telha de cerâmica, forro de
PVC e piso de coro dum. Quanto à instalação hidráulica podem-se ser consideradas
satisfatórias. Porem as instalações elétricas são inadequadas, e por esse motivo apresentam
alguns problemas básicos como a falta de ar refrigerado em algumas salas de aula e inclusive

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o laboratório de informática que já está na escola a vários anos sem que nunca fossem
liberado para os trabalhos com os alunos.
Quanto à estrutura física a escola possui nove salas de aula, com capacidade para trinta
alunos; uma sala onde funciona, diretoria e secretaria; um laboratório de informática com 10
computadores; uma sala de professores; uma cantina; deposito para armazenamento da
merenda escolar; 6 banheiros sendo: três femininos e três masculino, um para acessibilidade,
um para funcionários, um refeitório, e por fim um pátio coberto onde são realizados os
eventos da escola.
O corpo discente é formado por 446 alunos matriculados em 2017, a escola funciona
nos turnos matutino e vespertino, atendendo alunos nas turmas de 2º ao 5º Ano do Ensino
Fundamental.
Para atender essa demanda de alunos a escola conta com um quadro de funcionários,
conforme se destaca no quadro 1.

Quadro 1 – Funcionários da Escola Municipal Francisco Alves da Costa no ano de


2017.
FUNCIONÁRIOS QUANTIDADE

Gestora 1

Supervisora 1

Professores 12

Auxiliar administrativo 01

Cozinheira 04

Auxiliar de serviços gerais 04

Guarda municipal 01

TOTAL 24

Fonte: Instituição pesquisada.

A Escola Municipal Menino Jesus funciona em um prédio alugado de propriedade da


Igreja Católica e fica localizada na Rua Governador Plínio Coelho; Bairro da II Etapa. Sua
criação ocorreu a partir da necessidade e demanda de crianças no ano letivo de 2014, que não
conseguiram se matricular nas demais escolas da Rede Pública de ensino. Desta forma o
governo municipal da época criou está escola pelo Decreto nº 013 de 17 de março de 2014,

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com o objetivo de atender a essa demanda inicial para cem crianças de 1º ao 5º Ano do Ensino
Fundamental. Ao ser divulgada para a comunidade escolar a mesma passou a ser muito
procurada por várias famílias da zona rural e urbana, necessitando assim de uma reforma para
melhorar o atendimento na comunidade escolar funcionando atualmente em três prédios todos
construídos em alvenaria, com estrutura em madeira, cobertura em telha de brasilit, forro de
PVC e piso de coro dum. Quanto às instalações hidráulicas e elétricas podem ser consideradas
satisfatórias. Porem algumas salas de aula não possuem ar refrigerado, somente ventiladores
para amenizar o calor. Quando se trata de segurança para as crianças em termos de estrutura
física é bem delicada, pois, possuem escadas para o acesso de algumas salas de aula no
primeiro andar de um dos prédios, exigindo um cuidado maior dos funcionários da escola
com esses alunos. A divisão da estrutura física é composta de nove salas de aulas, com
capacidade para trinta alunos; num dos prédios funciona a diretoria e secretaria; nos outros
dois funcionam as sala de aula; em outro prédio funcionam no primeiro andar algumas salas
de aula e no térreo fica uma cantina; deposito para armazenamento da merenda escolar; e um
refeitório onde são servidas a merenda escolar e também são realizados as reuniões de pais e
alguns eventos da escola; sete banheiros femininos e sete masculinos, a área externa é
bastante grande possui um chapéu de palha onde são realizadas as atividades de recreações
com os alunos.
Para garantir que a escola receba os benefícios do governo federal houve a necessidade
de criação e implantação do Conselho Escolar, formado pela comunidade escolar. Resaltando
que no ano de 2014, antes de sua criação a escola tinha como entidade mantenedora a
Secretaria Municipal de Educação e os Amigos da Escola.
A escola não possui laboratório de informática, somente dois computadores para as
atividades da secretaria da escola. Segundo a gestão, de acordo com a demanda de alunos
matriculados com necessidades especiais a escola foi contemplada com uma sala de recursos
multifuncionais com o objetivo de viabilizar o trabalho dos professores.
Para fomentar a falta de biblioteca a escola disponibiliza um cantinho da leitura com
alguns acervos para complementar o trabalho dos professores para com os alunos.
O corpo discente é formado por 467 alunos matriculados no 1º Ciclo Básico, ou seja,
do 1º ao 3º Anos do Ensino Fundamental. A escola funciona nos turnos matutino e vespertino,
conforme quadro 2.

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Para atender essa demanda de alunos a escola conta com um quadro de funcionários,
conforme quadro 2.

Quadro 2 – Funcionários da Escola Municipal Menino Jesus no ano de 2017.


FUNCIONÁRIOS QUANTIDADE

Gestora 1

Supervisora 1

Professores 17

Auxiliar administrativo 02

Cozinheira 04

Auxiliar de serviços gerais 04

Guarda municipal 01

TOTAL 30

Fonte: Instituição pesquisada.

A Escola Municipal São Francisco, está localizada à Rua Gonçalves Dias, nº 54,
Bairro do Monte Castelo II, em Rio Preto da Eva- Amazonas.
Foi fundada em 1999, pela Paróquia de São Pedro Apostolo, sob a direção do Padre
Franco, como “Creche São Francisco”. O objetivo desta creche era atender às necessidade das
famílias com crianças de Educação Infantil deste bairro. Inicialmente a creche era composta
apenas por: 02 salas de aula, 01 cozinha, 01 banheiro, e um pátio coberto, para atender a
comunidade escolar.
No final do ano 2001, em contrato de locação com a paróquia de São Pedro, a
prefeitura Municipal de Rio Preta da Eva, iniciou uma reforma e ampliação da Creche São
Francisco para atender a demanda de alunos em conformidade com o crescimento
populacional do bairro. Para suprir a necessidade da demanda educacional a prefeitura passou
a gerir a partir de 2002, passando de creche para Escola Municipal São Francisco atendendo
alunos da educação básica de educação infantil até a 2º série do Ensino Fundamental.
Atualmente após diversas reformas e ampliações a escola encontra-se construída em
alvenaria, com estrutura metálica, cobertura em telha de zinco, forro de PVC e piso de coro
dum. Quanto às instalações hidráulicas podem ser consideradas satisfatórias. Porem as

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instalações elétricas são inadequadas e por esse motivo os computadores do laboratório de


informática e a mobília já se encontram deteriorados pelo tempo e nem todas as salas de aula
são climatizadas.
Dentro da estrutura física a escola possui: cinco salas de aula, com capacidade para
trinta alunos; uma diretoria; uma secretaria; um laboratório de informática com 10
computadores; uma sala de professores; uma cantina; deposito para armazenar a merenda
escolar; quatro banheiros: dois femininos e dois masculinos; um banheiro para acessibilidade,
e dois para funcionários; um pátio coberto para realização de atividades recreativas e para os
eventos da escola.
O corpo discente no ano letivo de 2017 é formado por 285 alunos, a escola funciona
nos turnos matutino e vespertino, com turmas de 1º ao 5º Ano do Ensino Fundamental.
O quadro de funcionários é composto conforme quadro3.

Quadro 3 – Funcionários da Escola Municipal São Francisco no ano de 2017.


FUNCIONÁRIOS QUANTIDADE
Gestora 01
Supervisora 01
Professores 15
Auxiliar administrativo 01
Cozinheira 02
Auxiliar de serviços gerais 04
Guarda municipal 01
TOTAL 25
Fonte: Instituição pesquisada

4.3 Análises dos resultados

A seguir apresentaremos a analise descritiva dos dados, das entrevistas realizadas com
os dez professores alfabetizadores das três escolas municipais em estudos, dividida em três
blocos.
Bloco introdutório – Legitimação da entrevista e motivação do entrevistado.
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Bloco A- Características do entrevistado.


Bloco B- Definição e métodos de leitura.
Então iniciaremos a entrevista pelo bloco introdutório.

Apêndice 1- Pesquisadora: Professor (a) você está disposto (a) a colaborar nesta
pesquisa relativa à leitura?
P1- Certamente que sim, pois é muito importante poder compartilhar um pouco do meu
trabalho de leitura em sala de aula com meus alunos, na tentativa de melhorar um pouco
mais.
P2-Sim, pois é uma maneira de refletir sobre a minha prática de leitura e buscar mecanismo
para entender melhor se o meu trabalho está no caminho certo.
P3- Vamos tentar, sei que não vamos concluir de imediato, devido o pouco tempo que tenho,
mais é muito importante contribuir para uma entrevista de pesquisa em leitura.
P4- Com certeza, sempre gosto de colaborar com pesquisadores, como forma de contribuir
também com esse processo de leitura em nossa escola.
P5-Sim, estou disposta a contribuir, só temos um pequeno problema, é o tempo acho que não
concluiremos em só uma reunião. Vamos começar pelo menos.
P6- Estou sim, não é sempre que temos essa oportunidade de relatar nossas angustias e
acertos, em sala de aula no que se refere ao ensino da leitura.
P7- Sim, depois da faculdade, nunca fiz nenhum relato de meu trabalho em sala de aula e isso
é muito bom. Poder contribuir com a pesquisa em leitura dentro de nossa escola.
P8- Concordo plenamente professora, sempre tenho interesse de colaborar com a pesquisa
em leitura, gosto muito de trabalhar com alfabetização. Mais na prática às vezes a escola não
dispõe de tempo para tratarmos de um assunto tão importante, ou seja, o percurso do
processo de alfabetização.
P9- Sim, só temos que nos planejar para essa entrevista dentro do tempo que terei livre
durante a semana, pois a escola nos oferece pouco tempo para desenvolver atividades para os
alunos, mais estou a disposição neste momento e se não for suficiente, retomaremos na
semana seguinte.
P10- Sim, é uma oportunidade para poder expressar minhas necessidades em sala de aula,
pois não é fácil alfabetizar alunos quando a escola nos impõe certas limitações, como pouco
tempo para planejamento e muitos alunos para alfabetizar sem material adequado.

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Maria Gleicy Gurgel Correia Batista: Alfabetização em curso - A importância das estratégias e métodos.

Está seção apresentou o primeiro contato com os entrevistados, ou seja, o bloco


introdutório, focalizando prioritariamente seus entusiasmos em contribuir com está pesquisa
voltada para a leitura/alfabetização. O grupo de professores alfabetizadores mesmo com um
quadro de problemas relativos a realidade da escola, mostraram-se dispostos a compartilhar as
suas experiências com foco na leitura.
Mesmo sendo um bloco especifico para o primeiro contato com os professores, houve
relatos importantes em referência ao tempo que os professores não têm discriminados em sua
jornada de trabalho. Garantido na Lei Federal Nº 11.738, de 16 de julho de 2008, que instituiu
o piso nacional para os profissionais do magistério publico da educação básica. Nesta esteira,
esta lei visa trazer elucidações sobre no que tange aos 2/3( dois terços), máximos, da carga
horária a serem exercida em atividades com os alunos, previsto no artigo 2º, da Lei do Piso.

O bloco a seguir tem o objetivo de recolher os dados sobre a identificação do


entrevistado a nível profissional

Apêndice 2- Pesquisadora: Professor (a) quais são suas habilitações para a docência?
P1- Licenciatura em pedagogia.
P2- Magistério; Licenciatura em pedagogia.
P3- Licenciatura em normal Superior/ Licenciatura em Letras- Língua portuguesa.
P4- Magistério; pedagogia.
P5- Formada em Licenciatura plena em pedagogia e especialização em educação infantil e
anos iniciais do ensino fundamental.
P6- Magistério ( Nível médio); Licenciatura em pedagogia; especialização em Metodologia
do ensino superior.
P7- Sou graduada em Pedagogia.
P8- Tenho magistério; Licenciatura em História; Pós-graduação em gestão e supervisão
escolar.
P9- Magistério ( Logos II)- Programa emergencial de formação de professores; Licenciatura
em Normal Superior; Licenciatura em Pedagogia;Licenciatura em Matemática;
Especialização em Gestão e orientação escolar.
P10- Magistério; Licenciatura em normal superior; segunda licenciatura em História.

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Quando se trata das habilitações dos entrevistados para a docência vale resaltar que no
Brasil a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 em seus
Art. 62, assegura que:
A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível
superior, em cursos de licenciatura, de graduação plena, em universidades e
institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o
exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do
ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal..
(LDB, 2009, p.46).

Desde sua promulgação em 20 de dezembro de 1996 a LDB postulava-se a formação


dos docentes em nível superior, em um prazo de dez anos. A realidade da formação de
professores brasileiros na educação básica vem sendo discutida pela esfera federal e relativa
a adequação para que todos os professores da educação básica poderem atuar com formação
específica de nível superior, obtida em curso de licenciatura na área de conhecimento em que
atuam.
Mesmo assim ainda deparamos com profissionais que não possuem formação
especifica na área em que atua. Para sanar essa demanda o Plano Nacional de Educação
(PNE), com vigência de 2014/2024, destaca na Meta 15 referente à Formação de Professores:
Garantir, em regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios, no prazo de 1 ano de vigência deste PNE, políticas
nacionais de formação dos profissionais da educação que tratam os incisos
I,II e III do caput do art. 61 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996,
assegurando que todos os professores e as professoras da educação básica
possuam formação específica de nível superior, obtida em cursos de
licenciatura na área em que atuam. (PNE,2014, p.78).

Caracterizando os professores que participaram da pesquisa constata-se que somente o


que se destaca com o P8, não se enquadra nos moldes da legislação brasileira quando se trata
das habilitações para a docência. Ou seja, para trabalhar com os alunos do ciclo de
alfabetização é exigido no mínimo licenciatura em pedagogia ou normal superior. Neste caso
o profissional não tem formação específica na área que atua.
Conclui-se que a maioria dos professores alfabetizadores que participaram desta
pesquisa estão habilitados, para atuarem com os alunos do Primeiro Ciclo do Ensino Básico.
Buscando conhecer os estabelecimentos de ensino que os professores frequentaram:
Apêndice 3- Pesquisadora: Professor (a) que estabelecimento de formação você
frequentou?

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P1- Particular
P2-Instituição Particular
P3- Instituição Pública
P4- Instituição Particular
P5-Privada e pública
P6-Instituição particular de ensino
P7- Escola Superior Batista do Amazonas – ESBAM- Particular.
P8- Particular
P9- Instituição Pública e particular
P10- Pública ( Programa de formação de professores- PARFOR )

No Brasil a formação de professores, tomou um novo percurso a partir da metade da


primeira década dos anos 2000, passando a ser assumida pelo Ministério da Educação
mediando um papel proativo na formação de docentes da educação básica. Idealizou-se um
processo continuo de formação continuada ao longo da vida profissional dos docentes. Para
atender essa demanda de profissionais qualificados, monta-se, um grande aparato institucional
de formação, norteado por uma perspectiva de instituição, de um sistema nacional de
educação.
Mesmo com todo esse aparato de formação inicial e continuada de professores é
preciso ser concursado para poder se engajar no plano de cargos e carreira dos profissionais
da educação.
Observando as resposta das entrevistadas desse grupo de docentes que participaram da
pesquisa, percebe-se que metade são professores de carreira que foram submetidos à
formação continuada ofertada pelo governo, enquanto os demais são professores iniciantes
que realizaram sua formação inicial na rede particular de ensino para poderem atuar como
professores no ensino público.
Indagando sobre o campo da experiência profissional dos professores.
Apêndice 4- Pesquisadora: professor(a) você já alguma vez lecionou a jovens fora do
ciclo?
P1- Sim, com 4º e 5º Ano e multisseriado.
P2- Sim. Projeto Jovem Cidadão. Público alvo eram alunos de 4º e 5º Ano do ensino

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fundamental.
P3- Sim, multisseriado.
P4- Sim. Área especifica: ciências; historia; geografia; artes e educação física.
P5- Sim, já trabalhei com alunos do 6º ao 9º ano.
P6-Sim, em todas as series de 1º Ciclo, 2º Ciclo e 6º ao 9º Ano do Ensino Fundamental.
P7-Sim. Minha primeira experiência como docente foi lecionar para alunos do 4º ano do
ensino fundamental.
P8- Sim, minha primeira turma era de multisseriado é bem difícil de trabalhar são vários
alunos em series diferentes.Sem contar com a documentação que precisamos entregar para a
escola.
P9- Sim, com 4º e 5º ano.
P10- Sim, com alunos do 5º ano do Ensino Fundamental.

A lotação de professores que atuam de 1º ao 5º ano do ensino fundamental é voltada


para a demanda de alunos que as instituições de ensino matriculam no início de cada ano
letivo, com isso não se dão continuidades aos programas do governo federal que fomentam a
formação continuada de professores que atuam no ciclo de alfabetização.
Neste sentido, como a formação desses profissionais está contemplada para atuação de
1º ao 5º Ano, há sempre essa demanda que trabalha com alfabetização, mais com experiências
fora deste ciclo de alfabetização.
Voltando a essa demanda em estudo, percebe-se que o P4, possui uma experiência que
não condiz com sua formação, com isso se exige muito do profissional para oferecer um
trabalho na área especifica em que vem atuando.
Apêndice 5- Pesquisadora: Professor (a) para além de sua formação inicial tem
sentido necessidade de fazer outro tipo de formação que o auxilie no processo ensino-
aprendizagem?
P1- Sim, percebo que nós professores precisamos estar sempre em formação, para melhorar
nossa prática em sala de aula.
P2- Sim, mais formação na área de alfabetização.
P3- Sim, formação continuada, que viabilize a alfabetização em minha formação.
P4- Sim, Especialização em alfabetização.

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P5- Sim, a cada ano nós professores de ciclo passamos por pequenas formações na área de
alfabetização.
P6- Sim, para entender melhor o processo de alfabetização dos alunos.
P7- Sim, pois me sinto em constante necessidade de aprender métodos novos para
desenvolver o aprendizado de meus alunos.
P8- Sim, pedagogia.
P9- Sim, na educação especial por ter sentido dificuldades de trabalhar com esse perfil de
alunos. Tendo em vista que o governo propõe a inclusão, sem uma preparação adequada
tanto para a escola como para o professor. Muitas das vezes esses alunos passam
despercebidos dentro do contexto escolar.
P10- Acredito que sim, nós como professores, precisamos continuar estudando.

Todos os professores sentem necessidades de mais formações que auxiliem em seu


trabalho com os alunos em sala de aula. No entanto o P9 foi mais a fundo em se tratando da
questão da inclusão de alunos com necessidades especiais no ciclo de alfabetização. O
interesse desse profissional surgiu dentro do espaço escolar, com tantas questões atípicas da
própria demanda escolar, ainda precisa ter um olhar diferenciado, voltado para esse público
que faz parte do processo de inclusão no ciclo de alfabetização, que, além do mais, exige uma
nova versão de formação continuada. Enfatizando que são muitas as deficiências e que o
professor precisa ter noção de como poderá trabalhar com cada aluno de acordo com suas
necessidades especiais.
Em se tratando de capacitação do professor alfabetizador o que se identifica é:
“As orientações nacionais para a formação de professores baseiam-se em
pressupostos semelhantes aos PCNs - são de caráter muito geral, quase
sempre voltadas para aspectos formais, como carga horária ou distribuição
de disciplinas entre varias áreas etc. Não há orientações concretas e
específicas sobre as competências que o professor deve dominar para poder
exercer sua função . (CAPOVILLA, 2005, p.135)”.

Por essas e outras razoes é que os professores estão sempre precisando de constantes
capacitações que complementem sua formação para atuação na prática de ensino.
Portanto a formação continuada está a serviço da reflexão e da reprodução e de
conhecimento sistematizado, que seja capaz de oferecer a fundamentação teórica
indispensável para a articulação com a prática criativa do professor em relação ao aluno, à
escola e à sociedade em geral.
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Levantando dados referentes às formações que os professores já haviam feitos em


relação a alfabetização.
Apêndice 6- Pesquisadora: Professor (a) você já fez alguma formação virada para a
alfabetização?
P1- Sim, mais é sempre muito rápido e quando voltamos para a sala de aula sentimos a
necessidade de mais informações sobre como alfabetizar alguns alunos.
P2- Sim, mais quando tenho duvida sempre recorro ao pedagógico da escola.
P3- Sim, Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa.
P4- Sim. O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC)
P5- Sim, alfabetização e letramento, métodos de alfabetização.
P6- Sim, quando a Secretaria municipal de Educação, dispõe de formações eu sempre estou
participando mais especifico para a alfabetização são poucos.
P7- Sim. O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) contribuiu
significativamente para minha mudança metodológica, com ele aprendi como desenvolver a
leitura em meus alunos.
P8- Sim, vários, buscando me aperfeiçoar nesse processo de alfabetização que tanto dar
trabalho em alguns casos, em que os alunos não aprendem, fico pensando que preciso me
qualificar mais para poder entender melhor esse processo de alfabetização.
P9- Sim, alguns ofertados pela Secretaria Municipal de Educação.
P10- Sim. PROLETRAMENTO e o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa
(PNAIC)

A questão anterior vem contemplar a fala dos professores quando se trata da educação
continuada. Dos professores em estudo, 50% já realizaram ou estão inseridos nos programas
do governo federal, voltado para a alfabetização, como demonstra a tela em destaque.
O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa é um compromisso formal
assumido pelo Governo Federal, estados e municípios e entidades para firmar compromissos
de alfabetizar crianças até, no máximo, oito anos de idade, ao final do ciclo de alfabetização.
Incluindo os que atuam nas turmas multisseriadas e multietapas, a planejarem aulas e a
usarem de modo articulado os materiais e as referências curriculares e pedagógicas ofertados
pelo MEC, às redes que aderirem deve desenvolver as ações desse Pacto. Fomentado pela
Resolução em vigor: Resolução nº 6, de 1º de novembro de 2016.
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Buscando conhecer o grau de satisfação dos professores em relação a escolha da


profissão.
Apêndice 7- Pesquisadora: Professor(a) sente-se realizada(o) com a profissão que escolheu?
P1- Não, porque eu não tinha vocação para ser professora e também a falta de valorização
dos professores, mais tento fazer um bom trabalho.
P2- Claro, sim apesar dos pesares me sinto realizada, pagamentos atrasados, salas
superlotadas, sem contar que o salário é bem abaixo para custear as nossas despesas e isso é
o que me faz dobrar meu salário com uma carga dobrada de até 40 horas semanais de
trabalho.
P3- Sim, pois eu escolhi ser professora, mesmo com todas as dificuldades encontradas eu
procuro sempre exigir os meus direitos e isso ninguém me tolera.
P4- Sim, eu gosto é uma realização que me faz bem poder contribuir com a formação do
cidadão em nossa sociedade.
P5- Sim, é uma forma de poder enfrentar as barreiras que querem pregar na sociedade que a
nossa profissão não é valorizada e isso eu sempre digo: a valorização deve partir de nós e não
dos outros.
P6- Sim, a nossa classe sempre procura enfatizar as dificuldades e isso não me agrada prefiro
trabalhar para fazer o bem aos alunos que esses sim, são os verdadeiros guerreiros que lutam
para sobreviver dentro da desigualdade social.
P7- Sim, mesmo com a indisciplina de alguns alunos, mesmo com a desvalorização do
profissional, mesmo com a opressão do sistema. Sinto-me realizada, pois sei que meus
alunos não têm culpa do sistema, da desvalorização do profissional e nem de serem
indisciplinados. Por último se os alunos agem desse modo é porque não aprenderam a ser
disciplinados.
P8- Não, busco sempre me adaptar ao sistema como forma de não me indispor com minhas
insatisfações.
P9- Digamos que sim, não foi bem uma escolha e sim uma oportunidade de trabalho e hoje
tento fazer o melhor.
P10- Sim, eu gosto cada vez mais de trabalhar com as crianças neste ciclo de alfabetização,
pois sempre aprendo muito com as crianças. Novas formas de se ver a realidade social em
que vivemos.

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As decisões de vida e de profissão que estiveram e estão construindo o modo de ser


docente dos professores alfabetizadores desta pesquisa estão separados entre o tempo e o
espaço. Em destaque na tela presente, temos situação de experiências sobre a realização
profissional dos quais 2 professores confirmam não se sentirem realizados com a profissão
que escolheram, 5 confirmaram estarem realizados, enquanto 3 se dizem realizados com
resalvas, enfatizando suas indignações referentes a desvalorização profissional que afeta seu
desempenho no trabalho que escolheram.
Quando se pensa em realização profissional não podemos esquecer, que para que tudo
funcione adequadamente é necessário adentrar nas políticas públicas. Conforme Capovilla
(2001) define: “Não existem soluções duradouras sem a implementação de medidas que
assegurem condições minimamente adequadas para o funcionamento das escolas”. Isso pode
ser complementado pelos dados já existentes sobre: “Qualificação de professores, salários,
instrumentos de gestão escolar e recursos disponíveis nas escolas, cerca de metade das escolas
brasileiras ainda não possuem essas condições mínimas”.
Conclui-se o bloco A, enfatizando que essas são algumas das características que
elevam a desmotivação dos professores alfabetizadores que atuam dentro da rede municipal
de ensino.
Damos início ao Bloco B – Tendo como designação a definição dos métodos.
Focalizamos alguns objetivos que norteiam este bloco que são esses: Perceber qual o papel da
leitura na vida do docente e no percurso escolar dos alunos; identificar o método aplicado pelo
professor no ensino da leitura, e por último, verificar os fatores que interferem na
aprendizagem da leitura - Definição e métodos de leitura.
As telas a seguir encontram-se as entrevistas dos professores, referente aos métodos de
leitura que utilizam na prática pedagógica. As entrevistas seguem um roteiro padrão, para se
chegar nos objetivos deste bloco de perguntas.
ENTREVISTA BLOCO B.
Enfatiza o gosto pela leitura dos professores do 1º Ciclo Básico de alfabetização.
Apêndice 8- Pesquisadora- Professor (a) você gosta de ler?
P1- Gosto, depois que aprendemos a ler, a leitura faz parte da nossa vida em todas as nossas
necessidades.
P2- Sempre eu leio mais não com muita frequência, como pegar um livro e ler até o final, eu

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não tenho esse hábito.


P3- Sim, mais não tenho um costume de ler muito.
P4- Sim sou amante da leitura.
P5- Sim, ler é fundamental na minha vida de professora me aproxima do conhecimento que
necessito para facilitar o aprendizado dos meus alunos.
P6- Sim, para eu poder me preparar melhor profissionalmente e para conviver em uma
sociedade que exige muita leitura, porque vivemos em constantes mudanças.
P7- Não, o quanto necessito enquanto professora.
P8- Bom, eu gosto mais não tenho hábito de leitura.
P9- Gosto, sempre que posso procuro realizar algum tipo de leitura.
P10- Gosto, porém o tempo é que não contribui. Trabalho 40 horas semanais e dentro desta
carga horária não é disponibilizado um momento para estudos. Nos finais de semana realizo
o planejamento das aulas semanais, sendo necessário fazer uma breve leitura.

Neste bloco B de perguntas, referente ao gosto dos professores alfabetizadores pela


leitura, todos responderam que gostam de ler. No entanto uma leitura superficial, que não é
determinante em seu cotidiano. Ler é um fator positivo diante das exigências profissionais que
são essenciais para o professor em sua prática pedagógica, que vem sendo alvo de
investigação em ciências da educação.
Seguindo este princípio a leitura tem algumas funções que devem cumprir na vida do
educador.
Destacando que:
“A perspectiva de ver a importância da leitura por meio das funções que pode
cumprir permite ao educador, e a todos os que têm a ver com o
desenvolvimento de um ser humano, vincular a atividade de ler com as
necessidades da pessoa. Assim, evita-se que a leitura se desenvolva como
uma simples habilidade mecânica que tende a se extinguir por falta de
aplicabilidade e se consegue que seja vista como uma habilidade relacionada
com os mais importantes aspectos da vida pessoal e de relação. (ALLIENDE,
2005, p.20)”.
Neste sentido é fundamental insistir nestas questões, dando ao professor o papel
central, no desenvolvimento de suas funções como educador, salientando que o gosto pela
leitura é o princípio para seu avanço nos campos teóricos e práticos da alfabetização.
Destacando os objetivos desta entrevista, passaremos a analisar com foco nos métodos
de leitura utilizados pelos docentes.

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Passando a analisar qual o papel da leitura na vida do docente e no percurso escolar


dos alunos. Iniciou-se a entrevista com os professores conforme grelha abaixo.

Apêndice 9- Pesquisadora- Professor (a) você acha importante o ato de leitura na sua
vida pessoal? Por que?
P1- Sim para que eu fique mais informada das notícias importantes que acontecem no meu
dia a dia.
P2 - Uma boa leitura sempre trás novidades, motivação para viver melhor, reflexões,
informações, aprendizagem, conhecimentos e além do mais pelo prazer.
P3- Sim para obter conhecimento, porque vivemos em uma sociedade letrada e tudo que
precisamos fazer é necessário dominar a leitura.
P4- Sim para que eu adquira mais conhecimento de mundo.
P5- Sim, por meio da leitura consigo sempre buscar informações que melhorem minha
prática pessoal e profissional e ficar informada de algo que desconheço.
P6- Sim, porque acredito que a leitura vai me proporcionar novos discernimentos na minha
vida cotidiana, por isso temos a certeza que as pessoas que leem têm sempre um olhar
diferenciado sobre qualquer objeto. Tanto na esfera social, econômica e política.
P7- Bastante importante em nível de informação e também de qualificação profissional, eu
reconheço que preciso ler mais, na minha vida diária.
P8- Sim, para o entendimento de nossas vivências na sociedade.
P9- Sim, para ter mais informações atualizadas e saber interpreta-las na vida.
P10- Sim, o tempo é que não contribui trabalho quarenta horas semanal como professora e
não é disponibilizado um momento para estudos e nos finais de semana, realizo meu
planejamento semanal.

Em se tratando do ato de leitura na vida pessoal, as respostas nos expressam um olhar


voltado para um crescimento intelectual, algumas respostas nos expressam argumentos que
remetem a importância da leitura para a melhoria da prática pedagógica do professor. E os
demais justificaram a leitura na vida pessoal como uma ferramenta de informação e mais
conhecimento na vida social.
Morais (1996), afirma que: “A leitura já é indispensável na vida cotidiana, mesmo fora
da esfera profissional”. Atualmente a velocidade das informações eleva a rapidez do
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pensamento, somente para satisfazer as necessidades tecnológicas que vem dominando o


interesse pessoal de cada indivíduo.
Apêndice 10- Pesquisadora- Qual a importância do ato da leitura na vida dos cidadãos? Por
que?
P1 – É importante também, com certeza em nível de conhecimento, sem leitura não existe
conhecimento e sem conhecimento não há progresso em uma sociedade.
P2- Nascemos sem saber ler aprendemos a ler e quando não há esse ensinamento o ser
humano fica convencionalmente incompleto. A escola é um espaço fundamental para esse
ensino e se não fizer perder uma de suas funções. Para ensinar a ler é preciso ser apaixonado
por leitura. Não ler, é a meu ver uma das maiores interferências que aliena o cidadão.
P3- Sim para as pessoas se tornarem esclarecidas sobre seu papel na sociedade.
P4- Sim, para que os cidadãos que desconhecem seus direitos passem a conhecê-los, como
forma serem mais atuantes como cidadão de direitos e deveres em sociedade.
P5- Também, muitos cidadãos não reconhecem a importância do ato de ler em sua vida,
porém como educadora, ainda creio que por meio da leitura, no caso, a busca de informação,
faz com que o cidadão conheça um pouco de seus direitos, deveres, além de tirá-los da
margem da ignorância e de aceitação por desconhecer e se basear pelo que A ou B repassam,
sem ter uma opinião própria do que acha certo ou errado.
P6- Uma sociedade letrada é uma sociedade intelectualmente bem vista, pois procura
trabalhar em prol do cidadão, dando oportunidades e mostrando a importância que cada
“ser”, tem em cada espaço geográfico que habita.
P7- A leitura na vida de qualquer cidadão é importante, pois a mesma faz parte do nosso
cotidiano diariamente. O ato de ler se faz necessário para saber o que está acontecendo no
mundo.
P8- Sim, para ter entendimento da atualidade do mundo moderno, pois a leitura é muito
importante, principalmente para que vive nas grandes cidades que precisa, pegar ônibus,
manusear caixas eletrônicos e varias outras situações do seu dia a dia..
P9- Também, porque através da leitura surge a oportunidade de trabalho e busca por
emprego e também informações diversas.
P10- Uma sociedade que ler, fica por dentro dos seus direitos e se torna mais questionadora e
esclarecida.

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Voltando ao ato de leitura mais voltada para a vida dos cidadãos todos os nossos
colaboradores, foram bem expressivos em afirmar que uma sociedade precisa ler para poder
conhecer e exigir os seus direitos.
A sociedade é o fruto da educação que recebe. Partindo deste principio:
Segundo Morais:
“Nos países desenvolvidos, há inquietação diante das taxas de iletrismo.
Segundo alguns, estamos assistindo ao “ crescimento de um iletrismo do qual
nossa sociedade se julgava a salvo”. Isso é provavelmente falso, em termos
absolutos. Entretanto, os números do iletrismo funcional, ou seja, a
incapacidade real de ler e escrever o material necessário ao trabalho e à vida
de cidadão, apesar da passagem pela escola e até a obtenção de certificados,
impressionam aqueles que leem as estatísticas, quer dizer, os letrados. Estes
tendem a conviver entre si, e sabendo que a visão que cada um tem da
sociedade é matizada pelas características de seu próprio meio (MORAIS,
1996, p.17)”.

Com base na citação acima, podemos entender que a leitura pode ser difícil, a
discussão dessas questões implica na analise de fatores internos e externos à sala de aula e se
relacionam com uma história de produção de conhecimentos pedagógicos, que tem
mobilizado cientistas e educadores do mundo inteiro, com o objetivo de aprofundar sua
compreensão crítica, sobre os fatores que causam esse estado de analfabeto funcional em uma
parcela considerável da sociedade.

Apêndice 11- Pesquisadora – Professor (a) quanto tempo você dedica à leitura na sua
programação?
P1- Pouco tempo, em relação ao trabalho que desenvolvemos, sabemos que nós professores
precisamos estar bem preparados para poder desempenhar um bom trabalho e a leitura é
fundamental.
P2- Eu nunca programo dia nem hora para a leitura. Ela acontece seja quando compro ou
empresto um livro, numa revista, nos sites de notícias ou de entretenimento, nas redes sociais
na tendência de preparar planejamento escolar, no dia a dia com meus alunos.
P3- Como preciso preencher a documentação pedagógica de minha turma dedico até duas
horas de leitura por semana.
P4- Diariamente, abordando vários assuntos diferentes como: jornais, revistas e a Bíblia.
P5- Não sei ao certo, mais em média de trinta minutos por dia, textos diversos, nas redes
sociais.

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P6- Todos os dias mais ou menos duas horas de dedicação à leitura.


P7- Raramente, só quando tenho que planejar as minhas aulas ou quando tenho que elaborar
algum trabalho de formação continuada para professor.
P8- Só o tempo de planejamento das aulas, quando preciso fazer algumas pesquisas para
melhorar minhas aulas.
P9- Na minha programação de professora é necessário em media duas horas por semana para
realizar o planejamento das minhas aulas.
P10- Pouco tempo, só tenho tempo nos finais de semana e já se torna cansativo, o tempo para
dedicação a leitura.

Respondendo ao quantitativo de tempo dedicado a leitura em sua programação. Os


professores reconhecem a importante do ato de ler na vida profissional, mas somente os P8
e P9 destacaram que realizam leituras somente para o planejamento de suas aulas. Os demais
focalizaram em média de 30 minutas a 2 horas de leitura na sua programação fazendo uso de
leituras diversas.
Quando se trata de leitura, Solé (1998) revela que: “Refiro-me ao fato de que os bons
leitores não são apenas os que compreendem mais e melhor os textos que leem, mas os que
sentem prazer e gosto pela leitura”. O gosto do professor pela leitura é um indicativo para que
os alunos também se interessem pela leitura, pois neste período os alunos tentam imitar o
professor como forma de admiração.
Vamos enfocar na preferência dos professores pelas turmas que tem afinidades para
atuarem em sala de aula.
Apêndice 12- Pesquisadora- Professor (a) você prefere ensinar ao 1º ano ou a alunos de anos
subsequentes? Por que?
P1 - Prefiro anos subsequentes, pelo fato de muitos alunos já estarem lendo e nesse sentido o
trabalho é mais fácil em sala de aula. Pois alfabetizar em escolas sem apoio de materiais e
muitas vezes pedagógicos é bem complicando, você termina o ano e muitos alunos não
aprendem a ler.
P2- Preferência total ao 1º ano, pela simplicidade deles e porque vejo neles um potencial
enorme para a aprendizagem da leitura e da escrita. Gosto de ver suas descobertas.
P3- Todas as séries, para poder ampliar meus entendimentos sobre o processo de ensino e

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aprendizagem dos alunos, principalmente o ensino da leitura, pois nas séries subsequente
percebemos que os alunos são analfabetos funcionais, leem mais não compreendem o que
leem.
P4- Preferencialmente anos subsequentes com a disciplina especifica de geografia. Porque os
alunos já são leitores e não temos a obrigação de ensina-los a ler. Eu sempre sou lotada com
turmas de alfabetização, mas é muito difícil alfabetizar alunos em escolas com pouco
material, os alunos não acompanham adequadamente o processo de alfabetização e vários
outros fatores que dificultam o trabalho com essas turmas.
P5- Eu prefiro ensinar ao 1º Ano. Sei que nessa fase as crianças se encontram numa grande
expectativa em ler, escrever e fazer cálculos e realizar novas descobertas, assim como
também com muitas dúvidas e medos. Porém, se eu conseguir delimitar um bom objetivo a
ser atingido com essa turma, conseguirei chegar ao sucesso. Como sempre digo: “As crianças
estão prontas, para mim no 1º Ano e eu tenho obrigação de prepará-las para o ano seguinte,
sem me importar se esse aluno, já teve uma vida escolar ou não”. Isso se difere nas séries
subsequentes que o aluno necessita ter uma base trabalhada.
P6- Prefiro anos subsequentes por ter mais afinidades e conhecimentos práticos e teóricos e
também os assuntos já serem esquematizados e também pelo fato da progressão na carreira
profissional, ou seja, experiência em outras turmas.
P7- Prefiro os três primeiros anos do Ensino Fundamental, pois em minhas observações, os
alunos nesta fase de ensino são mais curiosos e dedicados em aprender a ler e isso facilita o
meu trabalho no processo de alfabetização.
P8- Em séries subsequentes por se tratar de alunos maiores e já serem mais independentes do
professor.
P9- Prefiro primeiro ano, por me sentir bem trabalhando com esse perfil de alunos, os
maiores, já vem com um caráter formado e às vezes não são tão empenhados com os estudos
como os menores.
P10- Não vejo diferença na questão de ensinar, depende da lotação da sala de aula, quanto
mais alunos é mais difícil de atingir o conhecimento de leitura em sala de aula. No primeiro
ano temos ainda a questão de 25 alunos por turma e isso facilita um pouco o trabalho.

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Quando se trata da preferência dos professores em ensinar para turmas de 1º ano ou


séries subsequentes. Percebe-se nas falas dos mesmos que preferem as séries subsequentes.
Somente três dos dez professores entrevistados demonstraram seu interesse em trabalhar com
alunos do 1º ano do ciclo, expressando suas opiniões sobre esse perfil de alunos.
Conforme retrata a tela do Bloco A – Referente às Características dos entrevistados
percebe-se, que nove dos dez professores entrevistados estão qualificados profissionalmente
para atuarem tanto no Primeiro quanto no Segundo Ciclo do Ensino Básico. No entanto o que
se revela é que os mesmos preferem atuarem fora do Ciclo de alfabetização.
Segue as indagações referentes aos métodos de leitura que os professores utilizam em
sua prática pedagógica de alfabetização.
Apêndice 13- Pesquisadora- Professor (a) qual o método de leitura que você utiliza?
Por que?
P1- Eu vou falar mais não tenho muita certeza. O método que eu aplico é o sintético partindo
das letras para as sílabas. Por achar que a partir das sílabas o aluno vai assimilando melhor a
leitura e quando ele começar a juntar vai conseguir ler.
P2- Acredito que eu não tenho um método de leitura para as crianças, faço leituras
compartilhadas, seja em livros ou no cartaz, ou no data show. Tem a leitura que só eu tenho e
vou mostrando a elas as ilustrações. Levantar hipóteses do que poderá ter no texto é uma boa
ferramenta para prender a atenção dos alunos. É porque não deixando aquela deixa picante
para as crianças, gosto de colocá-las em rodinhas, informa-las da leitura a ser feita, levantar
conhecimentos prévios ou levantar hipóteses sobre a leitura. Isso prende a atenção delas,
porque elas querem saber se as hipóteses batem com o que o texto diz.
P3- O método fônico porque os alunos compreendem melhor são instigados a desenvolver o
som e assim compreender melhor o que ler.
P4- Sintético, pelo fato de termos pouco material e esse método ser aquele que ao colocar as
letras na parede da escola com um desenho representando, os alunos tem mais facilidade
para absorverem as informações e aprenderem o alfabeto, depois juntar as sílabas até
conseguir ler um pequeno texto.
P5- Não me prendo a um único método, porém me baseio no método fônico. Mesmo sendo
considerado um método mecânico por alguns estudiosos, ainda é um método que tem me
feito avançar nos meus objetivos com meus alunos. Porém, intercalo esse método com o

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método sintético de linguagem onde da mesma forma que parto das letras - sílabas- palavras-
frases e textos, busco intensificar a fonologia das palavras.
P6- O método construtivita de Paulo Freire, utilizando o tema gerador. Porque o aluno
assimila mais o objeto com a palavra e faz uma correlação do objeto com o nome. Busco
trabalhar a leitura de mundo enfatizado com a realidade dos conhecimentos prévios dos
alunos. Trabalho o objeto sistematizado ao conteúdo.
P7- O método sintético, porque leva o aluno a combinar os elementos isolados da língua:
sons, letras e sílabas para poder formar as palavras e daí prosseguir na leitura.
P8- Método silábico, porque é mais compreensivo para os alunos. Ensino as vogais e depois
vou introduzindo as consoantes e assim os alunos vão formando as sílabas e por fim
passando por uma trajetória de ensino até chegar nos textos.
P9- Método sintético, por considerar o método mais fácil para que os alunos aprendam.
P10- Método sintético por se tratar do grau de compreensão do mais simples ao mais
complexo, ou seja, das letras para as palavras e assim sucessivamente.

Examinando as respostas referentes ao método de leitura que os professores


alfabetizadores utilizam em sua prática pedagógica, observa-se que mesmo fazendo parte da
mesma rede municipal de ensino, destacam que são livres para escolherem o método que
acharem mais adequados para trabalharem.
Os métodos em destaque na tela que os professores mais utilizam e defendem como os
mais eficazes para o ensino da leitura são sintéticos, analíticos ou mistos, todos baseados na
codificação e decodificação de códigos. No entanto temos o P3, que defende o método
fônico como o mais eficaz porque os alunos compreendem melhor. E ainda dentre os métodos
de ensino da leitura um professor se declara construtivista e destaca: “Professor 6- eu início
sempre com ele só mudo se houver necessidade com a turma”.
Direcionando a entrevista para com os professores, se já haviam recorridos a outros
métodos de ensino da leitura.
Apêndice 14- Pesquisadora: Professor (a) você já recorreu a outros métodos?
P1 - Sim, quando percebo que alguns alunos não estão aprendendo sempre mudo. Já tentei o
método construtivista, partindo da realidade dos alunos com o tema gerador, mais o que eu

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mais domino é o sintético.


P2- Sim, sempre trabalho dessa forma com uma rotina diária de leitura, conforme já havia
explicado anteriormente por ser a melhor maneira que já encontrei para ensinar os meus
alunos.
P3- Sim mais não tinha muito sucesso com os alunos de alfabetização então recebi comprei
uma cartilha que priorizava o método fônico, desde então comecei a trabalhar com esse
método, e meus alunos passaram a melhorar no desenvolvimento da leitura.
P4- Sim, inicialmente usava o método analítico quando eu estava começando a ensinar, não
tinha muita experiência então fui buscando melhorar a minha prática em sala de
alfabetização. Só que o método analítico é o contrário do método sintético, parte de texto ou
frase para chegar nas letras e eu mudei por achar que era mais demorado para os alunos
aprenderem a ler.
P5- Sempre na tentativa de fazer com que meu aluno aprenda, então faço essa mediação de
um método com outro para alcançar o número maior de alunos na leitura.
P6- Sim, pois venho testando em busca de atingir o maior número de alunos neste processo
de alfabetização.
P7- Sim, porque não tinha experiência em alfabetização e fui aprendendo em serviço com os
outros professores e nos cursos preparatórios de alfabetização. Um deles é o construtivismo,
partindo do tema gerador e com isso instigar o aluno em seus conhecimentos de mundo, mais
eu, talvez por falta de experiência não consegui ter muito sucesso, então resolvi ficar mesmo
com o método sintético que tenho mais domínio.
P8- Sim, durante o desenvolvimento profissional passamos por transformações que nos
ajudam a entender melhor como funciona esse processo de alfabetização e a mudança faz
parte disso. Eu trabalhava ensinado com um tema gerador, depois eu mudei porque os alunos
demoravam a aprender.
P9- Sim ao analítico, buscando qual era o mais eficaz para alfabetizar os meus alunos.
P10- Então, eu já recorri ao método analítico mais preferi trabalhar com o método sintético
por ser mais fácil para os alunos.

Em analise refrente a experimentação de outros métodos de leitura. Deparamos com


uma situação impressionante, todos os professores afirmam que já fizeram uso de outro
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método de ensino. Na tentativa de se apropriar de um método que lhe desse um resultado


satisfatório com os alunos no processo de alfabetização.
Passando a entrevistá-los enfocando seus conhecimentos sobre a fundamentação
teórica dos métodos de leitura que os mesmos conhecem.

Apêndice 15- Pesquisadora – Professor (a) Você conhece as fundamentações teóricas


sobre os métodos de leitura? Quais?
P1- Vamos lá, fiz algumas leituras sobre o método analítico e sintético. Entendo que o
método analítico parte do todo para as partes, ou seja, do texto para as frases, das frases para
as sílabas e das sílabas para as letras. Já o método sintético é ao contrario parte das letras;
silabas; frases e textos.
P2- Não tenho muito conhecimento dos fundamentos teóricos sobre os métodos de leitura,
mais vou fazendo meu trabalho baseada nas dificuldades de minha turma.
P3- Sim, silábico é aquele que ensinamos as letras e em seguida vamos apresentando as
sílabas e o aluno vai formando as palavras, o método fônico é aquele que o aluno é
estimulado a conhecer o alfabeto pelo som das letras isso facilita na dicção das palavras.
P4- Sim, o método analítico e o sintético, que foram os que eu mais trabalhei com meus
alunos. O método analítico
P5- Conheço um pouco dos que eu utilizo principalmente o fônico que é o que eu mais uso
com meus alunos.
P6- Vários, principalmente os métodos de Paulo Freire, utilizando o tema “gerador”. Porque
o aluno assimila mais o objeto com a palavra, fazendo uma correlação do objeto com o
nome. Enfoco na leitura de mundo, acho melhor trabalhar com a realidade dos
conhecimentos prévios dos alunos. Trabalho o objeto sistematizando ao conteúdo.
P7- Sinceramente, eu aprendi há pouco tempo em uma formação do Pacto Nacional pela
Alfabetização na Idade Certa –PNAIC. Que minha prática pedagógica é pautada em dois
métodos de alfabetização o sintético e o analítico. Pois se tem aluno que não aprende com um
eu insiro o outro. O método sintético que desenvolve a leitura a partir das letras; sílabas,
frases e textos. Já no Analítico é mais complexo é fundamentado ao contrário do sintético
começando o processo de leitura pelo texto, frases, sílabas e por fim nas letras, dependendo
do nível de aprendizado da turma mudo para tentar alcançar aqueles alunos que não estão

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aprendendo de maneira satisfatória.


Pesquisadora- Professora o método que a senhora aplica é exatamente igual àquele que
adquiriu no seu curso?
P8- Sim, método sintético que apoio minha prática pedagógica, eu comecei a aplicar esse
método mais eu nem sabia qual era o nome dele, já aprendi nas formações continuadas de
alfabetização que participei.
P9- Sim mais só do analítico e sintético, os demais eu tenho só uma breve noção de como
funciona na prática.
P10- Em partes, com a pressa do dia a dia em sala de aula e a falta de tempo para pesquisa,
não tenho tempo de me aprofundar mais nos demais, conheço o sintético.

Ao serem perguntados sobre se conhecem as fundamentações teóricas sobre os


métodos de ensino da leitura, observa-se na tela em destaque que dois professores,
apresentaram dúvidas sobre a fundamentação teórica dos métodos de leitura e somente o P8
afirmou que faz pouco tempo que veio ter consciência que aplica o método sintético em sua
pratica de sala de aula, em uma formação continuada que o governo federal vem implantando
aos professores alfabetizadores.
Buscando entender sobre os métodos que os professores aplicam em sala de aula, se
era exatamente igual àqueles que adquiriram em seus cursos universitários. Passou-se a
entrevistá-los.
Apêndice 16- Pesquisadora – Professor (a) o método que você aplica é exatamente
igual àquele que adquiriu no seu curso?
Pesquisadora – Professor (a) o método que você aplica é exatamente igual aquele que
adquiriu no seu curso?
P1- Então, no meu curso eu não aprendi nada que eu possa referendar, fui aprendendo na
prática com os outros professores e em cursinhos que participei pela escola.
P2- Na verdade, os cursos de graduação só nos ensinam um pouco da teoria mais não
ensinam nada sobre a prática pedagógica da leitura. Foi nas formações continuada que
aprendi algumas técnicas para ler para crianças: em rodinhas, pedir que elas levantem
hipóteses sobre a leitura daquele momento, antecipar, deixando, aquela curiosidade a flor da
pele para saber o final, permitir que as crianças deem suas opiniões do que gostam ou do que

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não gostaram, justificando.


P3- Sinceramente eu não aprendi um método específico para ensinar na minha formação
inicial. Eu aprendi na prática com os outros professores e nas cartilhas que são entregue nas
escolas.
P4- Sim, só que no meu curso eu só tive uma noção dos métodos de ensino já na prática em
sala de aula. A escola nos deixa livre para fazer essa escolha e nos dar um suporte
pedagógico para desenvolvermos o método que acharmos melhor para trabalhar com os
alunos.
P5- Sim, porém sempre se faz necessário algumas adaptações dependendo da turma, ou seja,
com a inclusão de alunos temos que observar bem cada um, para poder saber qual o método
que vai ser mais eficaz para que cada um aprenda.
P6- Em partes sim, no meu curso eu enfatizei no método do construtivismo e sempre início
com ele só mudo se houver necessidade com a turma.
P7- No meu curso aprendi somente a teoria dos métodos. Já foi na prática pedagógica que
comecei a trabalhar com o método sintético, pois é o que tenho mais afinidade para aplicá-
lo com os alunos.
P8- Não, pelo fato de minha formação inicial ter sido em licenciatura em história, mais tento
buscar na prática melhorar através do método sintético. Eu só escolhi esse método porque ele
fez parte do meu curso de nível médio que na época era magistério, esse curso habilitava ser
professora de educação infantil e ensino fundamental anos iniciais.
P9- Sim no meu curso eu estudei outros métodos, mas o que eu aprendi na prática e tenho
mais conhecimento para trabalhar é o método sintético.
P10- A graduação não supriu minhas necessidades enquanto professora alfabetizadora. Pelo
fato de ser um curso emergencial de formação de professores ofertada pelo governo federal.

Nos cursos de licenciatura em Normal ou pedagogia se estudam os métodos de leitura,


para que os professores se sintam preparados para atuarem em turmas de alfabetização.
Conforme defende Capovilla no quadro teórico desta pesquisa que na prática cada professor
fará sua escolha na prática pedagógica de um método de ensino .
Analisando a tela criteriosamente o P8, afirma que: “A graduação não supriu suas
necessidades enquanto professora alfabetizadora. Pelo fato de ser um curso de licenciatura em
história”. Nesta fala percebe-se que a professora está sendo remanejada do fundamental anos
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finais para anos iniciais e com isso entram na escola em condições mais ou menos precárias
de formação na área de alfabetização.
Buscando entender se os professores alfabetizadores sempre obtiveram sucesso com o
referido método que aplicam em sala de aula, passou-se a entrevistá-los.
Apêndice 17- Pesquisadora- Professor (a) você sempre obteve sucesso com a aplicação do
referido método?
P1- Nem sempre, cada turma é diferente e os alunos têm varias necessidades que implicam
no aprendizado, como as constantes faltas do transporte escolar que impedem que os alunos
cheguem à escola, essa situação é agravante, pois os alunos deixam de acompanhar o
processo de leitura que na maioria das vezes é lento.
P2- Bom como eu trabalho com 1º ciclo e em turma de 1º Ano é preciso desenvolver bem o
processo de letramento então eu busco, introduzir de forma dinâmica, para que quando
foram para o ano seguinte já levarem uma boa carga de conhecimentos sobre leituras.
P3- Não, pois percebi que mesmo ensinado de forma dinâmica levando atividades, fazendo
cartaz mostrando as famílias silábicas alguns alunos avançam pouco.
P4- Em partes, quando iniciei meu trabalho como professora ainda não estava implantado o
ciclo de alfabetização e os alunos só podiam passar para a 1ª serie se soubessem ler, então eu
não tinha essa obrigação de ensinar a ler. Agora com o ciclo o aluno tem três anos para ser
alfabetizado e quando não aprende a ler no primeiro ano ou no segundo, a coordenação
pedagógica nos afirma que ainda temos o terceiro ano para conseguir alfabetizar o aluno. Eu
realmente acho muito tempo para um aluno ser alfabetizado e com esse tempo todo consigo
alfabetizar digamos a maioria, e os demais já vão bem encaminhados.
P5- Sim, mais às vezes fico preocupada com o tempo desse resultado e que poderia sim
recorrer a novos métodos que seja mais rápido para que o aluno aprenda.
P6- Dentro dos critérios de alfabetização do ciclo, sim, esse período de três anos para
alfabetizar uma turma eu considero o mais eficaz para mim.
P7- Nem sempre, pois mesmo utilizando o método sintético somente 70% da minha turma
desenvolvem bem a leitura e isso me deixa preocupada, eu já solicitei da coordenação
pedagógica mais formação continuada na alfabetização, sei que os alunos têm três anos para
serem alfabetizados, mas talvez algum dia consigamos alfabetiza-los em apenas um ano ou
menos.

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P8- Nem sempre, tem crianças que aprendem mais rápido e outras é necessário um tempo
maior e isso faz eu não ter o sucesso que venho almejando a algum tempo.
Pesquisadora- Professora os alunos tem reagido bem ao método que utiliza?
P9- Nem sempre, as turmas são heterogêneas e mesmo que eu me esforce não consigo
atender a todos os alunos da mesma forma, e com isso alguns alunos passam para outro ano
do ciclo sem terem os conhecimentos de leitura consolidados.
P10- Na maioria das vezes sim, mais ainda preciso me aprofundar mais em pesquisa para que
eu consiga atingir a maioria dos meus alunos nesse processo de leitura.
Quanto ao sucesso em sala de aula apresentado pelo método aplicado, a tela em
destaque enfoca que os professores afirmam alcançar o sucesso em partes, pois, dentre os
vários problemas encontrados para alfabetizar, destacam: o tempo que cada aluno leva para
ser alfabetizado e outra situação que minimiza o fracasso no processo de alfabetização é que
eles tem um período de três anos para serem alfabetizados
Nessa trajetória observa-se que são vários fatores que inquietam os professores
alfabetizadores na busca do sucesso escolar.
Focalizando a entrevista, com o intuito de entender como os alunos estão reagindo aos
métodos utilizados pelos professores, passou-se a indagamos:
Apêndice 18- Pesquisadora- Professor (a) os alunos tem reagido bem ao método que
utiliza?
P1- Sim, mais às vezes eu penso que falta algo para melhorar meu foco na leitura dos alunos,
para que todos aprendam, mais ainda não consegui entender o que falta nesse processo.
P2- Bom como eu trabalho com 1º ciclo e em turma de 1º Ano é preciso desenvolver bem o
processo de letramento então eu busco, introduzir de forma dinâmica, para que quando forem
para segundo ano já levarem uma boa carga de conhecimentos sobre leituras.
P3- Não, pois percebi que mesmo ensinado de forma dinâmica levando atividades, fazendo
cartaz mostrando as famílias silábicas alguns alunos avançam pouco.
P4- Em partes como sabemos, em nenhuma turma que já trabalhei nunca ao chegar ao final
do ano letivo tenho conseguido alfabetizar todos os alunos, e tem mais tem crianças que
concluem os três anos do ciclo de alfabetização e não estão alfabetizados.
P5- Sim, mais às vezes fico preocupada com o tempo desse resultado e que poderia sim
recorrer a novos métodos que sejam mais rápido para que o aluno aprenda.

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P6- Como já afirmei anteriormente o ciclo nos ampliou o processo de alfabetização


e com isso considero que os alunos têm reagido bem ao método do construtivismo.
P7- Nem sempre, pois mesmo utilizando o método sintético somente 70% da minha turma
desenvolvem bem a leitura e eu fico preocupada com esse tempo que os alunos levam para
serem alfabetizados.
P8- Nem sempre, tem crianças que aprendem mais rápido e outras é necessário um tempo
maior e isso faz eu não ter o sucesso que venho almejando a algum tempo.
P9- Nem sempre, as turmas são heterogêneas e mesmo que eu me esforce não consigo
atender a todos os alunos da mesma forma, e com isso alguns alunos passam para outro ano
do ciclo sem terem os conhecimentos de leitura consolidados.
P10- Os alunos gostam, mas procuro sempre inovar na sala de aula, motivando os alunos a
gostar de aprender cada vez mais.

A tela em destaque nos remete as respostas da entrevista dos professores


alfabetizadores. Referente se os alunos tem reagido bem ao método que utiliza, dos dez
professores entrevistados somente dois responderam que conseguem alfabetizar, mas
necessitam de trabalhos diferenciados, ou seja, buscam inovar nas aulas. Enquanto que
somente o P7 nos informou que: “Somente 70% da turma desenvolve bem a leitura”. Os
demais afirmaram que os alunos têm reagido bem ao método de ensino que utilizam.
Por tantos fatores que recaem sobre o professor alfabetizador, entende-se que alguns
recorrem a uma mistura de métodos com o objetivo de atingir o objetivo da alfabetização.
Concluindo o bloco final da entrevista, enfatizando na visão dos professores
alfabetizadores, quais os fatores que interferem na aprendizagem da leitura. Assim segue a
entrevista:
Apêndice 19- Pesquisadora – Professor em sua opinião quais os fatores que interferem
na aprendizagem da leitura?
P1- Como já havia mencionado anteriormente a falta do aluno na escola é complicado para
que o processo de leitura aconteça, tendo em vista que se o aluno não estar presente não tem
como aprende; a falta de acompanhamento dos pais e o mais agravante é a falta de uma
proposta eficaz, por parte da secretaria de educação de nosso município, desta forma abre as
possibilidades de nós professores escolhermos qualquer método para alfabetizar nossos

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alunos e a meu ver isso me parece arriscado.


P2- Um ambiente escasso de recursos que estimulem o gosto pela leitura; a família e os
professores sem o hábito de leitura, podem ser interferências negativas para a aprendizagem
da leitura, e se não tem quem ensine, quem estimule, dificilmente haverá a aprendizagem.
P3- Falta a alfabetização auditiva ser mais trabalhada em sala de aula, pois só memorizar as
letras não alfabetiza de forma eficaz, mesmo porque as turmas não tem material suficientes
para se trabalhar melhor.
P4- Bom, a meu ver temos observado alguns fatores que são: a falta de acompanhamento
familiar nas atividades escolares; a ausência de atenção na sala de aula; a falta de interesse
em aprender; a ausência do aluno nas aulas, o mais agravante e o descaso do transporte
escolar que falta demais durante um ano letivo e isso prejudica muito os alunos que estão em
um processo de alfabetização, pois precisamos avançar nos conteúdos e quando o aluno
retorna, somos orientados pela gestão da escola que precisamos recuperar esses alunos, isso é
quase impossível.
P5- Entendo que muitos alunos possuem dificuldades em associar as letras e sílabas ao
som e compreender a escrita completa das palavras, quando consegue compreender esse
processo tudo fica mais simples. Então essas são as dificuldades que considero que
dificultam o processo de alfabetização.
P6- No contexto da sala de aula, podemos caracterizar alguns dilemas que podem ser citados:
a falta de apoio da família referente a leitura; se a família tem hábito de ler a criança também
se habitua a esse processo cultural que é a leitura, com isso facilitando a sistematização dos
conteúdos colocados em prática durante toda sua formação teórica e experiências práticas. A
escola por sua vez tem um papel fundamental nesse processo, fazendo com que o ambiente
seja agradável, propício para essa aprendizagem, onde o aluno busca a assimilação,
acomodação e o equilíbrio, ou seja, tudo aquilo que ele aprendeu possa estar transmitindo
com mais clareza e coerência. A escola não cria mecanismos para trabalhar com as
habilidades seu corpo docente. Nenhum método é único e verdadeiro, porem alguns
estudiosos na área da educação já nos trazem esses estudos, referentes a diversidade de sala
de aula.
P7- Acredito que as estratégias de ensino se não forem bem colocadas e flexíveis, interferem
na aprendizagem; a falta de interesse da “pirâmide”: aluno, pais e professores interferem na

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aprendizagem, a falta de alimentação a ausência do alunos e outros fatores sociais são


indicadores que interferem na aprendizagem do aluno.
P8- Referente à sala de aula podemos citar: a superlotação das salas; a falta de recursos
pedagógicos e também a falta de apoio dos pais e responsáveis pelas crianças.
P9- Para mim a falta de acompanhamento dos pais ou responsáveis; a falta de interesse do
próprio aluno; ausência do aluno nas aulas; falta de apoio pedagógico para o professor.
P10- A falta de acompanhamento da família na vida escolar dos filhos; muitas faltas dos
alunos na escola; a escola muitas das vezes não realiza seu papel de instituição escolar,
priorizando o ensino, realizam muitos projetos sem um foco na aprendizagem.

A tela em destaque apresenta em negrito as opiniões dos professores alfabetizadores


referentes aos fatores que interferem na aprendizagem da leitura. Segundo os mesmos, os
fatores que interferem na aprendizagem da leitura, estão relacionados a uma série de fatores.
A principal é a falta de interesse da família, seguindo de questões relacionadas às dificuldades
do próprio aluno; falta do transporte escolar. Mas por outro lado, pela falta de condições,
preparo e formação dos professores para fazer frente ás necessidades dos alunos, frente ao
processo de alfabetização.

4.4 Apresentação do rendimento final das escolas pesquisadas

O rendimento final dos alunos de seis turmas de 1º ao 3º Ano do Ciclo de cada uma
das três escolas Municipais pesquisadas nos Anos letivos de 2015 e 2016. Apresentando a
matricula inicial, alunos aprovados, reprovados, transferidos e desistentes do 1º Ciclo –
Ensino Básico.

Escola Municipal Francisco Alves da Costa


158 Alunos matriculados-2015.
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Gráfico 1 – Rendimento final do ano letivo de 2015.

4%
0%
2015
5%

12% APROVADOS
REPROVADOS
TRANSFERIDOS
DESISTENTES

79%
Fonte: Instituição pesquisa

Os resultados ( Gráfico 1) dos dados coletados na Escola Municipal Francisco Alves


da Costa, temos um quantitativo de 158 alunos matriculados em 2015, finalizando o ano
letivo com um percentual de 79% de alunos aprovados, 12% reprovados , 5% de alunos
transferidos e 0% de alunos desistentes, em um percentual de 100%.

Escola Municipal Francisco Alves da Costa


173 Alunos matriculados- 2016.
Gráfico 2 – Rendimento final do ano letivo de 2016

3%
2016
17%
APROVADOS
REPROVADOS
7% TRANSFERIDOS
73% DESISTENTES

Fonte: Instituição pesquisada

Os resultados ( Gráfico 2) dos dados coletados na escola temos um quantitativo de 173


alunos matriculados em 2016. Concluindo com um rendimento final em percentual de 73%
de alunos aprovados e 7% reprovados , 17% de alunos transferidos e 3% de alunos. Em um
percentual de 100%.
Em comparação a 2015 em 2016, a escola diminuiu seu índice de aprovação de 79%
para 73%, diminuiu também o índice de reprovação passando 12% para 7%, elevando o
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índice de transferência de 5% para 17% e praticamente mantendo o índice de desistência de


0% para 3%.

Escola Municipal Menino Jesus


177 Alunos matriculados -2015.

Gráfico 3 – Rendimento final do ano letivo de 2015

2015
14%

APROVADOS
REPROVADOS
22% 58%
TRANSFERIDOS
DESISTENTES

6%
Fonte: Instituição pesquisa

Os resultados (Gráfico 3) dos dados coletados na Escola Municipal Menino Jesus


temos um percentual de 58% de alunos aprovados e 6% reprovados , 22% de alunos
transferidos e 14% de alunos desistentes. Em um percentual de 100%.

Escola Municipal Menino Jesus


174 Alunos matriculados -2016.

Gráfico 4 – Rendimento final de 2016

2016

17% APROVADOS
REPROVADOS
11%
12% 60% TRANSFERIDOS
DESISTENTES

Fonte: Instituição pesquisada


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Os resultados do (Gráfico 4) dos dados coletados na Escola Municipal Menino Jesus


no ano letivo de 2016, temos um percentual de 60% de alunos aprovados , 12% reprovados ,
11% de alunos transferidos 17% de alunos desistentes. Em um percentual de 100%.
Em comparação de 2015 para 2016, a escola diminuiu seu número de matrícula
passando de 177 para 174 alunos, aumentando o índice aprovação de 58% para 60%,
elevando também o índice de reprovação passando 6% para 12%, diminuindo o índice de
transferência de 22% para 11% e praticamente mantendo o índice de desistência de 14% para
12%.
Escola Municipal São Francisco
160 Alunos matriculados -2015.

Gráfico 5- Rendimento final de 2015.

3%
2015
12%

2% APROVADOS
REPROVADOS
TRANSFERIDOS
DESISTENTES
83%

Fonte: Instituição pesquisada

Os resultados (Gráfico 5) dos dados coletados na Escola Municipal São Francisco no


ano letivo de 2015, temos um quantitativo de 160 alunos matriculados, temos um percentual
de 83% de alunos aprovados e 2% reprovados , 12% de alunos transferidos 3% de alunos
desistentes. Em um percentual de 100%.

Escola Municipal São Francisco


173 Alunos matriculados -2016.
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Gráfico 6 – Rendimento final de 2016

3%
2016
17%
APROVADOS
REPROVADOS
7% TRANSFERIDOS

73% DESISTENTES

Fonte: Instituição pesquisada

Os resultados (Gráfico 6) dos dados coletados na Escola Municipal São Francisco no


ano letivo de 2016, temos um quantitativo de 173alunos matriculados, com um percentual de
73% de alunos aprovados e 7% reprovados , 17% de alunos transferidos 3% de alunos
desistentes. Em um percentual de 100%.
Em comparação de 2015 para 2016, a escola aumentou seu número de matrículas
passando de 160 para 173 alunos matriculados, aumentou o índice de aprovação de 58% para
73%, elevando também o índice de reprovação passando 6% para 7%, diminuindo o índice de
transferência de 22% para 17% e diminuindo o índice de desistência de 14% para 3%.

4.5 Discussão dos resultados

O presente estudo pretendeu analisar a correlação das estratégias e métodos de ensino


utilizados pelos professores alfabetizadores com o rendimento final dos alunos das três
escolas municipais que atuam com turmas de ciclo de alfabetização.
O estudo envolveu 10 professores do Primeiro ciclo- Ensino Básico distribuídos da
seguinte forma 4 professores de uma escola por ser a com maior numero de turmas e três das
duas restantes. Passaram por entrevistas semiestruturadas, enfatizando: identificação pessoal e
profissional dos docentes, métodos e estratégias utilizados no ensino da leitura e os fatores
que interferem no ensino da leitura.
Depois da recolha dos dados, através da entrevista semiestruturada, procedeu-se a
construção respectiva base de dados.
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A estatística dos dados fora realizado por intermédio do programa informático


Windows, a exibição dos gráficos foram construídos em “Excel”.
Tentando entender a problemática a partir da questão de partida deste estudo, a qual
quer saber a correlação das estratégias e métodos de ensino escolhidos pelos professores
alfabetizadores com os resultados finais de seus alunos em dois períodos letivos. Optou-se em
detalhar os dados do Bloco A da entrevista de forma bem sucinta em apêndice a seguir.
Bloco A- Características do entrevistado.

Apêndice – 20 Buscando um conhecimento prévio dos entrevistados montou-se uma


apêndice com os resultados de algumas respostas da entrevista.
Professor 1- Pedagogia
Professor 2- Pedagogia
Professor 3- Normal Superior
Professor 4- Pedagogia
Professor 5- Pedagogia
Quais são as suas habilitações para a Professor 6- Pedagogia
docência? Professor 7- Pedagogia
Professor 8- História
Professor 9- Pedagogia
Professor 10- Norma superior
No Bloco B
Apêndice – 21 enfatizou-se a definição e métodos de leitura utilizados pelos professores.
Professor 1- Sintético
Professor 2- Indefinido
Professor 3- Fônico
Professor 4- Sintético
Qual o método de leitura que utiliza? Professor 5- Fônico
Professor 6- Construtivismo
Professor 7- Sintético
Professor 8- Silábico
Professor 9- Sintético

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Professor 10- Sintético.

Apêndice – 22 Concluindo o Bloco B de entrevista fez-se um aparato dos possíveis


fatores que interferem no processo de leitura dos alunos do Ciclo de alfabetização.

Professor 1- Ausência do aluno; falta de


acompanhamento da família.
Professor 2- Falta de recursos que estimulem
a leitura.
Professor 3- Falta trabalhar os sons das letras.
Professor 4- Falta de acompanhamento da
falia na vida escolar do aluno; ausência de
atenção do aluno e falta de transporte escolar.
Professor 5- Dificuldade dos alunos em
associar as letras aos sons.
Segundo os professores os fatores que Professor 6- Falta de acompanhamento da
interferem no processo de leitura são: família; falta do hábito de leitura em casa.
Professor 7- Não definir estratégias de
ensino; falta de interesse da pirâmide-
aluno/pais/professores; falta de alimentação
adequada para o aluno; muitas faltas dos
alunos na escola.
Professor 8- Superlotação das salas de aula;
falta de recursos pedagógicos, falta de apoio
da família.
Professor 9- Falta de acompanhamento dos
pais, ausência dos alunos nas aulas; falta de
apoio pedagógico para o professor.
Professor 10- Falta de acompanhamento da
família; ausência dos alunos na escola e a
falta de priorizar o ensino pela escola.

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Após analise dos resultados obtidos nesta pesquisa, se observou uma correlação entre
as estratégias e métodos de ensino com rendimento final dos alunos.
É bem claro nas entrevistas dos professores, em se tratando de formação, estão
qualificados para atuarem no Ciclo de alfabetização, sendo que o Professor 8, tem sua
habilitação em história, mais consta em sua carreira profissional um curso de magistério que o
habilita a trabalhar com turmas do ciclo de alfabetização.
Dentre os métodos de ensino, esse grupo de professores são bem diversificados, mais
o método que se destaca e os professores tem mais domínio é o método sintético, destacando
que o grau de dificuldade parte do mais simples ao mais complexo, ou seja, das partes para o
todo, começando pelas letras, silabas e frases e por fim os textos.
Ainda referindo-se ao método de ensino que os professores utilizam em sala de aula e
que podemos constatar nas telas apresentadas. Destacamos que em ritmo de aprendizagem e
da expressão de vida dos professores alfabetizadores, foi possível estabelecer alguns métodos
de ensino que auxiliam nas expressões das questões teóricas e na práticas dos professores
alfabetizadores.
Existe uma relação efetiva entre o método de ensino do professor alfabetizador e o
resultado final dos alunos no ciclo de alfabetização, porque além de se tratar de problemas
que estão além da sala de aula, como os professores relataram dentre os fatores que interferem
na aprendizagem da leitura. Problemas esses que fogem de suas atribuições como professores.
Deparamos também com um índice de reprovação crescente, fator esse que não favorece o
ensino no ciclo de alfabetização, como podemos contatar na telas apresentadas.
Assim vamos entender e discutir os dados apresentados pelo rendimento final dos
alunos das três escolas em estudo, argumentando que os métodos que os professores utilizam
são os que mais dominam e que os fatores externos são situações que dificultam a eficácia da
alfabetização dentro do Primeiro Ciclo.
Quadro 4- Resultado final dos rendimentos das escolas.
2015 2016
ESCOLAS MUNICIPAIS M A R T D M A R T D
FRANCISCO ALVES 158 79% 12% 5% 0% 173 73% 7% 17% 3%

MENINO JESUS 177 58% 6% 22% 14% 174 60% 12% 11% 17%

SÃO FRANCISCO 160 83% 2% 12% 3% 173 73% 7% 17% 3%

Fonte: Instituições pesquisadas.


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Maria Gleicy Gurgel Correia Batista: Alfabetização em curso - A importância das estratégias e métodos.

O nível de aprovação das escolas em estudo no ciclo de alfabetização condiz com as


estatísticas apresentadas nas falas dos professores, referente: A definição e método de ensino.
A tela destaca que as falas dos professores na qual somente 5 revelam que conseguem
alfabetizar com o método que utiliza e os demais conseguem mais com algumas resalvas, nos
reporta que metade de um grupo de dez professores estão inserido em um grupo que
necessitam de apoio para desenvolver o processo de ensino e aprendizagem dos alunos com
eficácia.
Quando se trata de reprovação, transferência e desistência estão vinculadas aos fatores
externos que os professores relataram nas questões que dificultam a aprendizagem dos alunos.
Portanto retomando a questão da reprovação, temos um índice crescente a cada ano,
que está também vinculado às estratégias de ensino que os professores alfabetizadores
utilizam para desenvolverem o método alfabético que em tese é o que domina esse público
alvo em sua prática em sala de aula com os alunos.

CONCLUSÕES

Para finalizar este trabalho, gostaria de retomar alguns pontos e esboçar uma visão
global da alfabetização. Como vimos os impactos dos métodos e estratégias de ensino, nos
obrigam a reconsiderar alguns fenômenos técnicos em sua totalidade. Hoje, alunos concluem
um ciclo de alfabetização e não saem completamente alfabetizados, ou seja, a educação de
qualidade que tanto se almeja, está disponível na sociedade e não mais restrita, a elites. A
alfabetização mais precisamente dentro das salas de aula das escolas públicas brasileiras essa
realidade ainda se encontra em processo de concretização e adaptação dos professores.
Mesmo com o avanço da tecnologia na educação o processo de ensino da leitura nas
escolas em estudo se restringe aos métodos: sintéticos e analíticos. Sendo considerados, como
os mais eficazes no ensino da leitura pelos professores que fizeram parte desta pesquisa.
Perrenoud (1999) complementa que: “A maioria dos docentes foi formada por uma
escola centrada nos conhecimentos e sente-se à vontade nesse modelo”. Mesmo com a
educação, demonstrando os resultados desfavoráveis dos índices de alfabetização e ainda
propondo e incentivando os programas de alfabetização do governo federal. Percebe-se uma
resistência dos docentes em desenvolver uma prática pedagógica diferenciada, que eleve o
nível de alfabetização dos discentes.
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A maioria dos autores que dão sustentação teórica referente ao ensino da leitura
embasam suas fundamentações em duas vertentes da leitura, ou seja, o acesso direto as
palavras.
Destacando que a decodificação da leitura se dá pela correspondência de grafemas e
pelos sons que as mesmas representam e que as palavras são formadas por intermédio da
junção de grafemas, o que dá origem à identificação e pronunciação dos grafemas em
fonemas identificando e reconhecendo palavras que são utilizadas em nossa comunicação.
Quando os leitores dominarem as técnicas de decodificação das palavras é o momento
de incentivar os mesmos, para a compreensão da mensagem escrita.
A proposta de educação de cada entidade escolar precisa esclarecer um conjunto de
conceitos, competências e atitudes, antes de serem dominadas todas as técnicas de
decodificação da leitura.
Muitas foram as pesquisas realizadas nos primeiros anos deste século, sustentadas em
resultados de avaliações de instituições e de órgãos nacionais e internacionais, desenvolvidas
com o objetivo de verificar o desempenho escolar do ensino fundamental de alunos
brasileiros, em comparativo a exemplos de países desenvolvidos, buscando novas explicações
e propostas de solução para que eleve o desempenho da alfabetização, pesquisadores
brasileiros passaram a investigar e buscar novas explicações e propostas de solução.
Entre essas propostas na busca de elevar o índice de alfabetização, a que vem
ganhando destaque é uma apresentada por Alessandra e Fernando Capovilla, especialmente
em sua obra: Alfabetização: Método fônico. Como já destacada na fundamentação teórica,
esse autores são psicólogos, professores universitários, pesquisadores com formação e atuação
na área de psicologia experimental e atuam no Instituto de Psicologia, Universidade de São
Paulo.
A escola precisa enfocar em seu currículo o desenvolvimento das competências de
leitura, como já foi referido na pesquisa, constatamos que os vários estudos realizados por
Capovilla e Capovilla (2003) revelam que as habilidades fonológicas e de vocabulário são
bastante eficazes para a aquisição da leitura.
O presente trabalho analisou a correlação das estratégias e métodos de ensino
utilizados pelos professores alfabetizadores com o rendimento final dos alunos das três
escolas municipais que atuam no ciclo de alfabetização, nomeadamente: Alfabetização em

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curso- A importância das estratégias e métodos. Existe maior número de aprovação na Escola
Municipal Francisco Alves da Costa, recorre ao método fônico.
Constatamos que as escolas não dispõem de materiais pedagógicos suficientes, para
que os professores desenvolvam seus trabalhos de alfabetização com os alunos e que o nível
de aprovação das escolas em estudo no ciclo de alfabetização, condizem com as estatísticas
apresentadas nas falas dos professores entrevistados, referente a definição e método de ensino
que utilizam e defendem como os mais eficazes para o ensino da leitura sendo os mesmos:
sintéticos e analíticos ou mistos, todos baseados na codificação e decodificação de códigos.
Quando retomamos ao quadro teórico desta pesquisa em particular ao método
alfabético que é mais utilizados pelos professores alfabetizadores, enfatizado também que é
o mais antigo em termos de alfabetização. É possível constatar que esses são os principais
fatores que interferem no insucesso escolar dos alunos do ciclo de alfabetização.
Mesmo com tantas estratégias para auxiliar na melhoria do ensino aprendizagem,
percebe-se a distância entre o percurso da alfabetização e a interação com a prática
pedagógica, enquanto os alunos estão sendo instigados a aprender de forma eficaz o professor
continua insistindo nos métodos tradicionais de ensino e com isso consegue alfabetizar
parcialmente os alunos dentro do ciclo de alfabetização.
O conhecimento precisa ser visto como resultado da interação entre o sujeito e seu
conhecimento. A grande disputa dos dias atuais, consiste em inserir essa nova realidade
dentro da sala de aula, o que envolve principalmente a transformação da prática pedagógica
no processo de ensino aprendizagem como um todo.
As práticas internacionais de alfabetização têm demonstrado que a educação precisa de
uma ação conjunta que priorize as limitações que afetam o processo de leitura nas escolas.
Morais (2015): “Permitindo romper com esse isolamento que nos fragiliza como
profissionais, principalmente nesse mundo contemporâneo, em que a educação experimenta
um tempo de aceleração em compasso com a sociedade tecnológica na busca desenfreada da
produtividade”.
Portanto, a aprendizagem de leitura da criança precisa ser sistematizada, respeitando
esse conjunto de competências e atitudes que precisam ser esclarecidos dentro da
alfabetização, assim como, o entendimento dos professores sobre as várias etapas a serem
percorridas, viabilizando o método de ensino da leitura mais eficaz para o aluno e não
permanecer arraigado em métodos tradicionais de ensino que impedem uma criança de
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desabrochar no mundo da leitura, em plena era das novas tecnologias de comunicação e


informação.

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ANEXOS ( As entrevistas estão no CD como forma de manter a veracidade da pesquisa.)

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