Artigo - em Andamento História Das Mentalidades
Artigo - em Andamento História Das Mentalidades
Artigo - em Andamento História Das Mentalidades
IPIAÚ – BAHIA
Artigo Científico
IPIAÚ, 2020
HISTÓRIA DAS MENTALIDADES: UMA BREVE PERSPECTIVA
INTRODUTÓRIA
RESUMO
Este artigo tem por base a descrição de maneira breve e introdutória, dos processos mais
relevantes que desenvolveram a história das mentalidades no campo historiográfico.
Esboçando a trajetória no início do movimento dos Annales, das reviravoltas dos
movimentos libertários dos anos sessenta e o diálogo com o marxismo histórico;
pretendendo apontar a história das mentalidades como ferramenta das
interdisciplinaridades utilizadas pelos historiadores, e seus principais fundamentos
demarcados pelos teóricos da Nova História – tendo por finalidade a possibilidade de
penetrar nas mentalidades de outrora, tornando-a seu carro-chefe. Busca também
brevemente; entender de forma introdutória como a história das mentalidades representa
uma tendência; sendo talvez uma ruptura e uma busca ao mesmo tempo.
1. INTRODUÇÃO
Para se entender um pouco mais sobre esta linha historiográfica que é História
das mentalidades, teremos de buscar suas origens. Porém, buscar as reais origens desta
perspectiva historiográfica é uma questão um tanto difícil, pois ela já era já se realizava
antes mesmo de ter esse nome. Grandes nomes da filosofia e da Ciência do século
XVIII, como Voltaire, Guizot ou Chateaubriand, já esboçava em seus textos algumas de
suas características principais.
Além disso, queriam tirar a história de dentro dos limites disciplinares, levá-la
para fora da escola, retirando-a da rotina, do marasmo, das mesmas perguntas e suas
mesmas respostas, dos prejuízos culturais, raciais e religiosos e dos erros anacrônicos.
Desejavam ir além da história tradicionalista, buscando em todas as direções diálogos e
interdisciplinaridade. Criticavam o viés demasiado polítizante, que lhes pareciam
reducionista e factual. Repudiavam uma história que ficasse apenas na superfície dos
acontecimentos, a história historicizante, feita à base de fatos, passiva e sem problemas
e que por isso não conscientiza ninguém do processo histórico.
Distantes entre si, estas duas escolas possuem em comum alguns pontos. Alguns
historiadores ingleses como Hill, Hobsbawn, Thompson e Rudé, filiados ao partido
comunista inglês criaram um grupo de estudos, o Communist Party Historians´s Group,
através do qual enfrentavam o conservadorismo dos outros historiadores ingleses,
criticando o imperialismo e abordando temas como a cultura popular e a História do
movimento operário. O resultado historiográfico e metodológico destes acontecimentos
foi um “sopro renovador na teoria”, não propriamente um rompimento com o
marxismo, mas uma revisão do marxismo atual.
2. ORIGENS HISTÓRICAS
Definida, pelos principais historiadores que trabalham com ela, como uma
história em construção ou uma história ambígua (talvez devido a sua
interdisciplinaridade): “Assim, o que parece desprovido de raízes, nascido na
improvisação e do reflexo, gestos maquinais, palavras irrefletidas, vem de longe e
testemunha em favor da extensa repercussão dos sistemas de pensamento.” (Le Gof,
1989, p. 73). A história das mentalidades possui fontes e métodos que ainda tornam
mais complexa sua produção.
Essa história deseja saber o que foi captado pelo povo em geral a respeito das
teorias e hábitos das elites, como foi adaptada para a vida comum a ideia da cultura
dominante. Por isso, ela não pode ser desligada da história dos sistemas culturais, sob
sistemas de valores culturais, dos sistemas de valores e de crenças; pois para cada
sociedade em sua época histórica, existe uma mentalidade e várias mentalidades, ou
seja, mentalidades arcaicas, modernas, cientificas, tradicionais:
Mas claro que uma história do cotidiano não pode ser feita por dados dispersos
ou anedotas; ela deve ser uma história problematizada e não uma história puramente
descritiva, incapaz de ser cientifica. A história das mentalidades nos proporciona, em
última análise, a visão de nós mesmos, uma avaliação de nossas percepções já
estabelecidas. Ela diz respeito também à história inconsciente, àquela à qual Marx se
referia quando dizia que os homens faziam história sem saber o que faziam.
4. Considerações finais
BLOCH, Marc. Os reis taumaturgos. São Paulo: Cia. das Letras, 1993. [Orig.: 1924].
FALCON, Francisco. História das ideias. In: CARDOSO, Ciro Flamarion; VAINFAS,
Ronaldo (orgs.). Domínios da história. Rio de Janeiro, Campus, 1998, p. 91-125.
FEBVRE, L.. Martin Lutero: un destino. México: F.C.E., 1956. Obra da década de
1920, que não possui a sofisticação teórica e metodológica do l ' Incroyance.. .
FEBVRE, Lucien. Une vie d’ensemble: histoire et psychologie. In: MOTA, Carlos
Guilherme (Org.). Combats pour l’histoire. Paris: Armand Colin, 1953. p. 207-215. São
Paulo: Ática, 1978.
LE GOFF, J. Idade Média: tempo da Igreja e tempo do Mercador. In: Para um novo
conceito de Idade Média. Lisboa: Editorial Estampa,1995. p. 43-60.