Sobre A Linha Das Águas Na Umbanda

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CABOCLA JANAÍNA

A Sereia do Mar
A Linha das Águas compreende tanto as Caboclas de Iemanjá como as
Caboclas de Oxum. As Caboclas dessa Linha são formosas, simpáticas e de
extrema paciência. Assumem diversos nomes, como: Janaína, Iara, Inaê,
Jandiara, Jandira, Jandaia, Indaiá, entre outras.
Janaina significa "Rainha do Lar". Ela nasceu na Tribo dos Goitacás, no litoral
sul do estado do Espírito Santo. Eles eram índios pacíficos e felizes porque
evitavam a guerra. Seu pai era um grande guerreiro e sua mãe uma grande
tecelã. Viviam da caça e da pesca. Sua pele era queimada do sol da praia,
onde gostava de passar horas apreciando o mar. Sabia nadar como um peixe e
compreendia a linguagem da Natureza.
Quando a expedição Cabralina passou por suas praias, ela foi uma das
primeiras a avistar o navio e o homem branco. Apaixonou-se pelo que viu: eles
pareciam deuses para ela... Janaína possuía olhos amendoados, longos
cabelos negros e pele morena do sol. Seu corpo possuía boa forma e beleza.
Por ser assim, chamou a atenção do homem branco, quando ele desembarcou
próximo a sua aldeia. Ela correu avisar os chefes da Tribo e chamar os demais.
Acompanhou de longe todos os contatos, mas não entendia o que eles
falavam. Pelos sinais percebeu que tentavam se aproximar e fazer amizade.
Deram presentes, que para ela eram desconhecidos: garfos, colheres,
espelhos, colares... Mas, que pareciam tesouros! O que mais lhe chamou a
atenção foi o espelho! Já havia se mirado nas águas de um lago, mas olhar-se
num espelho, era mágico!
Os portugueses lhe deram um vestido e um adorno de cabelo e lhe mostraram
como usar tudo aquilo. Ela se vestiu e se enfeitou e percebeu os olhares sobre
ela. Nunca mais foi a mesma. Sentiu-se encantada com esse novo mundo.
Sabia que existia muito mais do que ela conhecia. Foram vários meses de
visita. Ela não tinha medo do homem branco e até apaixonou-se por um deles;
ele era um dos imediatos do navio. Mas, ela já estava prometida em
casamento.
Após dois anos de visitas contínuas, ela entregou-se ao rapaz, em meio à
natureza. Dois meses depois estava grávida e o navio já estava de partida. Sua
tribo era severa com traições. Seria mantida presa na oca até o nascimento da
criança, a qual seria dada aos animais. Depois a prenderiam em um mastro no
meio da tribo, com privações diversas sob o sol e a lua, até que contasse quem
era o pai da criança. Em seguida, seria expulsa ou morta com uma flechada no
peito.
Por conta disso, desesperou-se ao perceber que ficaria sozinha. Não tinha
planejado nada daquilo, apenas aconteceu... Então, ao ver o navio partindo,
atirou-se às águas e nadou o mais que pôde para alcançá-lo. Queria pedir ao
pai da criança que a levasse junto. Mas, suas forças enfraqueceram e afogou-
se nas águas profundas... A Mãe d'Água compadecida, devolveu seu corpo à
praia e quando a encontraram não entenderam o que aconteceu. A Tribo dizia
que ela morreu por amor ao homem branco.
Depois que desencarnou seu espírito foi recolhido e ela soube o restante da
história. O rapaz retornou a Portugal e nunca mais visitou o Brasil. E somente
trinta anos depois os brancos voltaram a pisar em sua terra nativa. Os
capixabas foram colonizados e os índios catequizados pelo Padre José de
Anchieta.
Ela foi convidada a trabalhar para auxiliar os índios que morreriam nos
próximos anos, devido à ocupação pelo homem branco. Foi, então, fundada a
"Colônia" de Jurema, que começou a abrigar todos os nativos que morriam
para preservar seu solo. Os séculos se passaram e muita coisa aconteceu ao
Brasil. Sua terra não era mais a mesma. Surgiu a Colônia de Aruanda e um
novo trabalho se instalou e ela se tornou mais uma trabalhadora da Seara
Umbandista no Solo Brasileiro.
"O mar serenou quando ela pisou na areia, Quem samba na beira do mar é
Sereia!"

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