Aparelho Respiratório - Estudar A Anatomia
Aparelho Respiratório - Estudar A Anatomia
Aparelho Respiratório - Estudar A Anatomia
Aparelho Respiratório
A respiração é uma característica importante da vida, tão importante que é um dos
primeiros sinais que procuramos, em conjunto com a pulsação, para verificar se uma
pessoa inconsciente está viva.
A respiração é necessária porque todas as células vivas do nosso organismo precisam
de oxigénio e produzem o dióxido de carbono. O aparelho respiratório permite a troca
destes gases entre o ar e o sangue, sendo que depois o aparelho cardiovascular
encarrega-se de os transportar entre os pulmões e as células do corpo.
A respiração inclui:
(1) Ventilação: movimento do ar para dentro e para fora dos pulmões.
(2) Difusão: as trocas gasosas entre o ar alveolar e o sangue, por vezes chamada
de respiração externa.
(3) Transporte de oxigénio e de dióxido de carbono no sangue.
(4) Trocas gasosas entre o sangue e os tecidos, por vezes chamada de
respiração interna.
Adaptado da página 825, do livro Anatomia e Fisiologia, Seeley, Stephens e Tate (6º Edição).
Nariz: o nariz é constituído pela pirâmide nasal e pela cavidade nasal (fossas nasais).
A pirâmide nasal é a parte visível que forma proeminência na face. É constituída
essencialmente por lâminas cartilagíneas (triangular e asa do nariz). A cana, ou dorso
do nariz, é constituída pelos ossos nasais e pelas extensões dos ossos maxilares
superiores e o osso frontal.
As fossas nasais compreendem o espaço situado entre as narinas e as coanas: as
narinas são os orifícios nasais externos e as coanas são os orifícios nasais posteriores,
que comunicam com a faringe.
A porção anterior da cavidade nasal, adjacente às narinas, é o vestíbulo, que é
revestido por epitélio pavimentoso estratificado. O pavimento da cavidade nasal é
constituído pelo palato duro, uma lâmina óssea revestida por mucosa que separa a
cavidade nasal da cavidade oral.
O septo nasal divide as fossas nasais em direita e esquerda. A porção anterior do septo
nasal é cartilagínea (cartilagem septal) e a posterior é constituída pelo osso vómer e
pela lamina perpendicular do etmoide.
Na parede externa da cavidade nasal existem 3 saliências – os cornetos superior,
médio e inferior – que alteram a sua morfologia (exemplo: o corneto superior não é
constante em todos os seres humanos).
2. Aberturas: as fossas nasais são vias que estão abertas para permitirem a passagem
de ar mesmo quando a boca está com alimentos. As narinas são aberturas para o
exterior e as choanas são aberturas para a nasofaringe.
3. Na parte mais superior da cavidade nasal encontra-se epitélio olfativo, o órgão
sensorial do olfato.
4. As fossas nasais, tais como os seios perinasais, constituem câmaras de ressonância
importantes na fala.
Adaptado da página 826-28, do livro Anatomia e Fisiologia, Seeley, Stephens e Tate (6º Edição).
Seios Perinasais:
Os seios perinasais são espaços aéreos que comunicam com a cavidade nasal e são
revestidos por muco.
Os seios perinasais são: seio maxilar (mais volume), seio frontal, seio etmoidal (células
etmoidais) e seio esfenoidal.
Têm a função de tornar os ossos do crânio mais leve, atuar como câmaras de
ressonância importante na fala (exemplo: quando estamos constipados, a voz torna-se
diferente) e fornecem muco para a cavidade nasal.
1. Seios Frontais
2. Seios Etmoidais
3. Seios Maxilares
4. Seios Esfenoidais
Faringe:
A faringe é comum aos aparelhos respiratórios e digestivo, recebo ar da cavidade nasal
e ar, alimentos e líquidos da boca.
É um tubo musculomembranoso, localizado desde a base do crânio até ao esófago, com
cerca de 12,5 𝑐𝑚 de comprimento.
Consideram-se 3 regiões na faringe: nasofaringe, orofaringe e laringofaringe.
1. Nasofaringe: é a parte mais superior da faringe, desde as coanas até á úvula,
constituída por epitélio cilíndrico pseudo-estratificado com células caliciformes.
A úvula é uma projeção de tecido mole que prolonga o bordo posterior do palato mole.
Este evita que as substâncias deglutidas contactem com a nasofaringe e com as fossas
nasais.
O muco, com os detritos captados nas fossas nasais, progride ao longo da nasofaringe
e é posteriormente deglutido.
Possui quatro orifícios – dois para as trompas de Eustáquio e dois para a cavidade nasal
(coanas). O ar passa pelas trompas de Eustáquio de modo a igualar as pressões
atmosférica e a do ouvido médio.
Na face posterior da nasofaringe, existe a amígdala faríngea ou adenoide que
desempenha funções de defesa do organismo contra a infeção. A hipertrofia dos
adenoides pode interferir com a respiração e com a passagem do ar pelas trompas de
Eustáquio.
Laringe:
A laringe tem forma de pirâmide estrangulada, sendo larga em cima e estreita em baixo,
que liga a faringe à traqueia. Curiosamente, a laringe é mais desenvolvida nos homens.
Localiza-se na parte média e anterior do pescoço, entre as vértebras C3 e C6, adiante
da faringe, por cima da traqueia, por baixo da língua e atrás da tiroide.
A laringe é móvel com a deglutição e o canto (as cordas vocais localizam-se na laringe).
É constituída por um invólucro exterior de nove cartilagens unidas por músculos e
ligamentos: 6 destas cartilagens são pares (aritenóidea, cuneiforme e corniculada) e
3 são ímpares (tiroide, cricoide e epiglote).
Adaptado da página 828, do livro Anatomia e Fisiologia, Seeley, Stephens e Tate (6º Edição).
Da face anterior das cartilagens aritenóideas até à face posterior da cartilagem tiroideia
estendem-se dois pares de ligamentos:
- Ligamentos superiores: são revestidos por uma mucosa e formam as pregas
vestibulares, ou cordas vocais falsas. Acima das pregas vestibulares está o vestíbulo.
Quando as pregas vestibulares se unem, impedem a entrada de sólidos e de líquidos
na laringe e a saída do ar dos pulmões.
- Ligamentos inferiores: formam as pregas vocais, ou cordas vocais verdadeiras.
Às cordas vocais verdadeiras e à abertura entre elas dá-se o nome de glote.
As pregas vestibulares e as cordas vocais estão revestidas por epitélio pavimentoso
estratificado e a restante laringe por epitélio cilíndrico pseudo-estratificado ciliado.
Nota: uma inflamação do epitélio mucoso das cordas vocais chama-se laringite.
Adaptado da página 828, do livro Anatomia e Fisiologia, Seeley, Stephens e Tate (6º Edição).
Legenda: Relação das cordas vocais com as pregas vestibulares e cartilagens da laringe.
Imagem retirada da figura 23.3 da página 828 do livro Anatomia e Fisiologia, Seeley, Stephens e Tate (6º
Edição).
Traqueia:
A traqueia é um tubo cilíndrico e membranoso que se prolonga desde a laringe até aos
brônquios principais. Localiza-se adiante do esófago.
Árvore Traqueobrônquica:
Como já foi referido, a traqueia bifurca-se formando os brônquios principais que se vão
ramificando em brônquios de tamanho progressivamente menor.
A árvores traqueobrônquica engloba todas as vias aéreas a partir da traqueia:
- Vias aéreas de condução ou porção condutora inicia-se na traqueia e termina nos
bronquíolos terminais. Têm a função de conduzir o ar e, graças ao seu epitélio, remover
as impurezas do ar e encaminhá-las para o exterior.
Os bronquíolos resultam de, aproximadamente, 16 ramificações sucessivas da traqueia.
A traqueia divide-se nos brônquios principais esquerdo e direito que se prolongam até
aos pulmões. O brônquio principal direito é mais curto, mais largo e mais vertical que o
esquerdo.
Os brônquios principais dividem-se, dentro do respetivo pulmão, em brônquios lobares
e estes, por sua vez em brônquios segmentares. Os brônquios segmentares, ao
ramificarem-se originam os bronquíolos, e estes também se subdividem, formando os
bronquíolos terminais.
À medida que o calibre das vias aéreas diminui, a constituição das suas paredes altera-
se. Tal como a traqueia, os brônquios principais são sustentados por anéis
cartilagíneos unidos por músculo liso.
Os brônquios lobares apresentam placas cartilagíneas alternadas com camadas de
músculo liso, que contacta diretamente com a mucosa.
Os bronquíolos terminais são constituídos, maioritariamente, por músculo liso e não
têm tecido cartilagíneo. Logo, conclui-se que quanto menor calibre o brônquio tiver,
menos cartilagem tem e mais músculo apresenta.
- Vias aéreas respiratórias ou porção respiratória: inicia-se nos bronquíolos terminais
e termina nos alvéolos.
Os bronquíolos terminais apresentam cerca de 7 ramificações sucessivas, para formar
os bronquíolos respiratórios, que têm pouca capacidade para efetuar trocas gasosas
pois comunicam com poucos alvéolos.
À medida que aqueles que se dividem para constituir novos bronquíolos respiratórios de
menores dimensões, o número de alvéolos que com eles comunicam é
progressivamente maior. Estas estruturas vão originar os canais alveolares.
Cada orifício dos canais alveolares conduz a um alvéolo. Por fim, os canais alveolares
terminam em duas ou três câmaras ligadas a dois ou mais alvéolos, os sacos
alveolares.
As paredes dos bronquíolos respiratórios são formadas por tecido conjuntivo com fibras
elásticas, colagénio e tecido muscular liso. O epitélio é cubico simples.
Os canais alveolares são compostos apenas por epitélio pavimentoso simples.
Adaptado da página 831-33, do livro Anatomia e Fisiologia, Seeley, Stephens e Tate (6º Edição).
Alvéolos:
Os alvéolos geralmente formam grupos. Possuem 3 tipos de células:
- Células epiteliais pavimentosas finas (tipo I): revestem 90% da superfície dos
alvéolos.
É através destas células que ocorre a maior parte das trocas gasosas entre o ar alveolar
e o sangue.
- Células epiteliais cúbicas (tipo II): são células secretoras cuboides ou redondas que
produzem o surfactante pulmonar, essencial para a expansão alveolar durante a
inspiração.
- Macrófagos: uma vez que o epitélio da zona respiratória não é ciliado, a remoção das
impurezas do ar é feita por macrófagos que se movimentam pela superfície das células.
Adaptado da página 833, do livro Anatomia e Fisiologia, Seeley, Stephens e Tate (6º Edição).
Membrana Respiratória:
A trocas gasosas entre o ar e o sangue são efetuadas ao nível da membrana
respiratória ou membrana alvéolo-capilar dos pulmões. É constituída pelas paredes
alveolares, pelos capilares pulmonares e pelos bronquíolos respiratórios.
É formada por:
- Uma fina camada de fluído que reveste os alvéolos. - Espaço intersticial.
- Epitélio alveolar do tipo pavimentoso simples.
- Membrana basal do endotélio capilar pulmonar. - Membrana basal do epitélio alveolar.
- Endotélio capilar composto por epitélio pavimentoso simples.
Adaptado da página 833, do livro Anatomia e Fisiologia, Seeley, Stephens e Tate (6º Edição).
Pulmões:
Os pulmões são os órgãos principais da respiração e os mais volumosos do corpo
humano. Cada pulmão tem forma cónica de base inferior, apoiada no diafragma e vértice
superior.
O pulmão direto é maior e mais pesado do que o pulmão esquerdo. O hilo encontra-se
na face interna de cada pulmão e é o local de entrada ou saída das estruturas da raiz
do pulmão, constituída pelos brônquios principais, vasos sanguíneos, vasos linfáticos
e nervos.
O pulmão direito tem 3 lobos e o esquerdo tem 2. Os lobos são separados por cissuras.
A cada lobo corresponde um brônquio secundário. Os lobos dividem-se em lóbulos ou
segmentos broncopulmonares, cada qual provido de ar por meio de um brônquio
terciário.
Existem 9 lóbulos no pulmão esquerdo e 10 no pulmão direito. Os lóbulos são separados
uns dos outros, por septos de tecido conjuntivo. Os lóbulos dividem-se também,
Legenda: Os Pulmões.
Imagem retirada da página web https://www.infoescola.com/anatomia-humana/pulmoes/.
Pleura:
Cada pulmão está envolvido por uma cavidade pleural, formada por membranas
serosas pleurais.
O mediastino, uma porção mediana formada pelo coração, traqueia, esófago e outras
estruturas associadas, separa as cavidades pleurais.
A pleural parietal cobre a parede torácica interna, a face superior do diafragma e o
mediastino. No hilo, a pleura parietal continua-se com a pleura visceral que reveste a
superfície do pulmão.
A cavidade pleural está preenchida com fluído pleural que é produzido pelas membranas
pleurais.
O fluído pleural atua como lubrificante, permitindo o deslizamento das membranas,
conforme os pulmões e o tórax modificam a sua forma durante a respiração, e ajuda a
manter as duas membranas pleurais juntas.
Quando o volume torácico altera, durante a respiração, o volume pulmonar também se
altera, pois, a pleura parietal está “colada” ao diafragma e à parede torácica interna, e a
pleura visceral está “colada aos pulmões”.
Adaptado da página 838, do livro Anatomia e Fisiologia, Seeley, Stephens e Tate (6º Edição).
Irrigação Sanguínea:
Sangue Oxigenado – sangue que passou pelos pulmões e captou oxigénio.
Sangue Desoxigenado – sangue que passou através dos tecidos e libertou alguma
parte de oxigénio.
Existem duas vias de drenagem de sangue para os pulmões:
1. Transporte de sangue desoxigenado para os pulmões, onde passa ser
oxigenado, sendo esta a principal via de drenagem.
O sangue desoxigenado flui pelas artérias pulmonares até aos capilares alveolares,
oxigena-se e volta para o coração pelas veias pulmonares.
2. Fornecimento de sangue oxigenado aos brônquios e aos bronquíolos
respiratórios.
O sangue oxigenado flui da aorta torácica, através das artérias brônquicas e prossegue
até aos capilares, onde o oxigénio é libertado. O sangue desoxigenado da porção
proximal dos brônquios volta ao coração através das veias brônquicas e das veias
ázigas.
Mais distalmente, a drenagem venosa dos brônquios entra nas veias pulmonares.
Então, o sangue oxigenado que provém dos alvéolos, através das veias pulmonares, é
misturado com uma pequena quantidade de sangue desoxigenado, proveniente dos
brônquios.
Adaptado da página 838-39, do livro Anatomia e Fisiologia, Seeley, Stephens e Tate (6º Edição).
Drenagem linfática:
Os pulmões possuem dois sistemas de drenagem linfática:
1. Os vasos linfáticos superficiais, que se localizam abaixo da pleura visceral, e têm
como função drenarem a linfa da superfície pulmonar e da pleura visceral.
2. Os vasos linfáticos profundos seguem o trajeto dos brônquios e têm como função
drenar a linfa dos brônquios e do tecido conjuntivo que lhe está associado.
Na parede dos alvéolos não existem vasos linfáticos. Ambos os sistemas de vasos
linfáticos saem do pulmão pelo hilo pulmonar.
As células fagocitarias captam as partículas de carbono e outros detritos do ar inspirado
e conduzem-nos aos vasos linfáticos.
Nos idosos, a superfície dos pulmões pode ter uma cor cinzenta, quase preta, devido a
acumulação de partículas de carbono, particularmente se a pessoa possui hábitos
tabágicos ou se viveu num local poluído.
As células pulmonares cancerosas podem ser disseminadas para outros locais do
organismo através dos vasos linfáticos.
Adaptado da página 839, do livro Anatomia e Fisiologia, Seeley, Stephens e Tate (6º Edição).
• Ventilação
A ventilação é o processo através do qual o ar se movimenta para dentro e fora dos
pulmões.
A entrada de ar requer a existência de um gradiente de pressão entre o exterior e os
alvéolos e a saída de ar requer a existência de um gradiente de pressão na direção
oposta.
Diferenças de Pressão e Fluxo de Ar:
Os princípios físicos do fluxo de ar em tubos, como aqueles que constituem as vias
respiratórias, relacionam-se da seguinte forma:
𝑃1 +𝑃2
𝐹= 𝑅
Pressão e Volume:
A pressão num recipiente, como a cavidade torácica ou um alvéolo, obedece à lei geral
dos gases:
𝑛𝑅𝑇
𝑃=
𝑉
Em que P é a pressão, n é o número de moles por grama de gás, R é a constante do
gás, T é a temperatura absoluta e V é o volume.
Esta lei demonstra que a pressão de um gás é inversamente proporcional ao volume,
ou seja, à medida que o volume aumenta, a pressão diminui e vice-versa.
Consequentemente, pode-se dizer que o ar flui de áreas de maior pressão para áreas
de menor pressão. O ar entra nos pulmões quando o volume dos alvéolos aumenta,
provocando a diminuição da pressão intrapulmonar, abaixo dos valores da pressão
atmosférica.
alveolar. O ar movimenta-se para fora dos pulmões pois a pressão alveolar >
pressão atmosférica.
Adaptado da página 841, do livro Anatomia e Fisiologia, Seeley, Stephens e Tate (6º Edição).
Legenda: Espirometria.
Relação Ventilação-Perfusão:
Em condições de ventilação e fluxo sanguíneo (perfusão), a difusão de 𝑂2 e 𝐶𝑂2 , através
da membrana respiratória, é eficaz. Durante o exercício físico, as trocas gasosas
mantêm-se devido ao aumento da ventilação e do débito cardíaco.
A relação entre a ventilação e a perfusão pode ser afetada de duas formas:
- Quando a ventilação excede a capacidade do sangue para captar 𝑂2 , o que pode
acontecer por baixo débito cardíaco após a ocorrência de um ataque cardíaco.
- Quando a ventilação é insuficiente para fornecer 𝑂2 necessário à oxigenação do
sangue que circula nos capilares alveolares.
O sangue que não é completamente oxigenado chama-se sangue misto, que existe
nos pulmões, na consequência de dois mecanismos.
- Shunt anatómico: quando o sangue desoxigenado proveniente das veias brônquicas
se mistura com o sangue oxigenado das veias pulmonares.
- Quando o sangue passa pelos capilares pulmonares sem ser totalmente oxigenado.
O shunt fisiológico é composto pelo sangue desoxigenado do shunt anatómico e dos
capilares pulmonares.
Numa pessoa em pé, em repouso, a perfusão e a ventilação são maiores nas bases do
que nos vértices pulmonares, devido à força da gravidade.
Nota: qualquer situação que diminua as trocas gasosas entre os alvéolos e o sangue
aumentam a quantidade de sangue misto.
Durante o exercício físico, o aumento do débito cardíaco provoca o aumento da pressão
sanguínea pulmonar, o que vai aumentar o fluxo sanguíneo. O fluxo sanguíneo aumenta
mais no vértice pulmonar porque a pressão aumentada expande os vasos menos
distendidos e abre os vasos colapsados.
Assim, a eficácia das trocas gasosas nos vértices pulmonares aumenta, devido ao
aumento da perfusão sanguínea.
Apesar de a gravidade ser o principal fator determinante do fluxo sanguíneo regional,
em alguns casos, a 𝑃𝑂2 também pode ser um fator. Na maioria dos tecidos, uma 𝑃𝑂2
baixa determina um aumento do fluxo sanguíneo nesses tecidos.
Uma 𝑃𝑂2 baixa a nível dos pulmões provoca uma vasoconstrição arteriolar e
consequente redução do fluxo sanguíneo. O sangue dirige-se das zonas menos
oxigenadas do pulmão para as mais oxigenadas.
Por exemplo, a obstrução de um brônquio provoca a diminuição da ventilação dos
alvéolos bem como a diminuição das trocas gasosas entre o ar e o sangue. O efeito
desta redução é diminuído pelo redireccionamento do sangue para regiões com alvéolos
mais bem ventilados.
Adaptado da página 849, do livro Anatomia e Fisiologia, Seeley, Stephens e Tate (6º Edição).
Além da 𝑃𝑂2 existem outros fatores que influenciam a afinidade com que o oxigénio se
liga à hemoglobina:
1. pH
À medida que o pH sanguíneo baixa, a quantidade de oxigénio ligado à hemoglobina,
seja qual for a 𝑃𝑂2 , também baixa pois os iões 𝐻 + ligam-se à porção proteica da
hemoglobina e alteram a sua configuração.
Ao contrário, um aumento do pH sanguíneo provoca um aumento da afinidade da
hemoglobina para se ligar ao oxigénio.
O efeito do pH na curva de dissociação da hemoglobina é chamado efeito de Bohr.
2. 𝑷𝑪𝑶𝟐
O aumento da 𝑷𝑪𝑶𝟐 no sangue diminui a afinidade do oxigénio para se ligar à
hemoglobina, devido ao efeito do dióxido de carbono no sangue. Esta reação é
reversível e catalisada pela anidrase carbónica, dentro dos eritrócitos:
- Quando os níveis de 𝐶𝑂2 aumentam, há maior produção de 𝐻 + e o pH diminui.
𝐶𝑂2 + 𝐻2 𝑂 ↔ 𝐻 + + 𝐻𝐶𝑂3−
- Quando os níveis de 𝐶𝑂2 diminuem, há menor produção de 𝐻 + e o pH aumenta.
Como o 𝐶𝑂2 existe nos capilares dos tecidos em grandes concentrações, onde a
hemoglobina tem pouca afinidade para o 𝑂2 , é libertada uma quantidade de 𝑂2 maior do
que aquela que ocorreria se o 𝐶𝑂2 não estivesse presente.
Nos capilares pulmonares, o 𝐶𝑂2 abandona os capilares e entra nos alvéolos. Assim,
os níveis de 𝐶𝑂2 baixam e a afinidade da hemoglobina para o 𝑂2 aumenta nos capilares
pulmonares.
3. Temperatura
O aumento da temperatura diminui a tendência do 𝑂2 permanecer ligado à
hemoglobina. Assim, o aumento da temperatura resultante de um aumento do
metabolismo aumenta a quantidade de 𝑂2 libertado pela hemoglobina para os tecidos.
Quando a temperatura é mais baixa, em tecidos com menor atividade metabólica, a
quantidade de 𝑂2 libertada pela hemoglobina é menor.
Nota: Quando a afinidade da hemoglobina para o oxigénio diminui, a curva de
dissociação da hemoglobina desvia-se para a direita e a hemoglobina liberta mais
oxigénio para os tecidos.
Durante exercício físico, quando o 𝐶𝑂2 e as substâncias ácidas, como o ácido lático, se
acumulam e a temperatura aumenta no espaço intersticial, a curva de dissociação da
hemoglobina desvia-se para a direita.
Contudo, nos pulmões, a curva desvia-se para a esquerda devido à menor concentração
de 𝐶𝑂2 , de temperatura e de ácido lático. Assim, a afinidade da hemoglobina para o
oxigénio aumenta nos capilares pulmonares e satura-se mais facilmente.
Adaptado da página 852-53, do livro Anatomia e Fisiologia, Seeley, Stephens e Tate (6º Edição).
• Regulação da Ventilação
O ritmo ventilatório é controlado por neurónios bulbares que estimulam os músculos
respiratórios.
O recrutamento das fibras musculares e o aumento da frequência da sua estimulação
provocam contrações musculares mais fortes, a amplitude dos movimentos respiratórios
aumenta e a respiração é mais profunda.
A frequência respiratória é determinada pelo número de vezes que os músculos
respiratórios são estimulados.
Adaptado da página 855, do livro Anatomia e Fisiologia, Seeley, Stephens e Tate (6º Edição).
Ritmo da Ventilação:
Não se conhece ao certo a localização exata dos neurónios bulbares responsáveis pelo
ritmo da ventilação, nem como a forma estes neurónios originam o padrão basal da
ventilação em repouso.
Uma das explicações possíveis envolve a integração de estímulos que iniciam e
finalizam a inspiração.
1. Início da Inspiração
O tipo de neurónios, do centro respiratório bulbar, que promove a inspiração está
permanentemente ativo. O centro respiratório bulbar recebe, constantemente,
aferências dos recetores que avaliam os gases do sangue, a temperatura sanguínea e
os movimentos dos músculos e das articulações.
Além destes, as regiões do cérebro que interferem no controlo voluntario dos
movimentos respiratórios e das emoções, também podem gerar estímulos. A inspiração
tem início quando a combinação de todas as aferências, provenientes das fontes
referidas, gera potenciais de ação nos neurónios que estimulam os músculos
respiratórios.
2. Aumento da Inspiração
Após o início da inspiração, o número de neurónios ativos vai sendo cada vez maior,
resultando numa estimulação progressiva da contração dos músculos respiratórios que
se prolonga durante cerca de 2 segundos.
3. Fim da Inspiração
Os neurónios que estimulam os músculos da respiração, também estimulam outros
neurónios no centro respiratório bulbar que são responsáveis pelo fim da inspiração. Os
neurónios responsáveis por parar a inspiração também recebem aferências do grupo
• Alterações da Ventilação
Embora os neurónios bulbares estabeleçam o ritmo e a amplitude da ventilação, a sua
atividade pode ser influenciada por recetores periféricos ou outras regiões encefálicas.
Controlo Cerebral e do Sistema Límbico:
É possível aumentar ou diminuir, voluntariamente, a frequência e a amplitude dos
movimentos respiratórios, através do córtex cerebral. Por exemplo, quando se fala ou
canta, o movimento do ar é controlado para permitir a produção de sons e as trocas
gasosas.
A apneia é a ausência de movimentos respiratórios, que pode ser voluntaria e aumenta
a necessidade crescente de respirar.
Esta necessidade está associada ao aumento da 𝑃𝐶𝑂2 no sangue arterial, quando a
𝑃𝐶𝑂2 atinge níveis que levam a que o centro respiratório se sobreponha à influência
cerebral voluntária.
A hiperventilação voluntária diminui os níveis de 𝑃𝐶𝑂2 para valores que provocam a
vasodilatação dos vasos periféricos e a diminuição da pressão arterial.
Podem ocorrer tonturas ou vertigens devido a uma diminuição do aporte de oxigénio ao
cérebro pelo menor fluxo sanguíneo cerebral, em consequência da baixa pressão
arterial.
As emoções, que atuam através do sistema límbico, também afetam o centro
respiratório.
Adaptado da página 858, do livro Anatomia e Fisiologia, Seeley, Stephens e Tate (6º Edição).
O centro respiratório está ligado aos quimiorrecetores dos corpos carotídeos, através
do nervo glossofaríngeo (IX par) e aos quimiorrecetores do corpo aórtico pelo nervo
vago (X par).
Os quimiorrecetores centrais são banhados pelo líquido cefalorraquidiano, sendo
sensíveis a alterações do pH, os quimiorrecetores periféricos são banhados pelo
sangue.
A diminuição do pH provoca a estimulação do centro respiratório e consequente
aumento da ventilação, eliminação do 𝐶𝑂2 e aumento do pH (mantendo a homeostasia).
O aumento do pH provoca alterações inversas.
1. Efeito do Dióxido de Carbono
O dióxido de carbono é o principal regulador da ventilação em repouso: um pequeno
aumento de 𝑃𝐶𝑂2 no sangue arterial desencadeia um aumento na frequência e
amplitude respiratória.
Designa-se por hipercápnia quando a quantidade de 𝐶𝑂2 é superior ao normal e por
hipocápnia quando a quantidade de 𝐶𝑂2 é inferior ao normal.
O 𝐶𝑂2 não influencia diretamente os quimiorrecetores, embora exerça o seu efeito
alterando os valores do pH. Por exemplo:
O aumento de 𝐶𝑂2 no sangue é favorável à difusão de 𝐶𝑂2 através da barreira
hematoencefálica para o líquido cefalorraquidiano. O 𝐶𝑂2 combina-se com a água para
formar ácido carbónico que se dissocia em iões 𝐻 + e bicarbonato.
Os níveis elevados de iões 𝐻 + estimulam a área quimiossensitiva, que estimula o centro
respiratório, produzido um aumento da frequência e amplitude da respiração. Assim, os
níveis de 𝐶𝑂2 diminuem, à medida que este é eliminado do organismo.
Os quimiorrecetores periféricos também são sensíveis a variações de 𝐶𝑂2 no sangue.
Contudo, são responsáveis por apenas 15 a 20% das reações às alterações da 𝑃𝐶𝑂2
ou do pH, mas durante o exercício físico intenso os corpos carotídeos respondem mais
rapidamente às alterações de pH do que a área quimiossensitiva bulbar.
2. Efeito do Oxigénio
As alterações do oxigénio também podem alterar o padrão respiratório: a hipoxia é a
diminuição dos níveis de oxigénio abaixo dos limites considerados normais.
Apenas quando a 𝑃𝑂2 diminui para metade do normal é que desempenha um papel
importante na estimulação dos movimentos respiratórios. Portanto, pequenas
alterações na 𝑃𝑂2 não influenciam o padrão respiratório.
Quando ocorre uma diminuição muito grande da 𝑃𝑂2 , o centro respiratório deixa de
responder provocando a morte.
Adaptado da página 858-60, do livro Anatomia e Fisiologia, Seeley, Stephens e Tate (6º Edição).
Reflexo de Hering-Breuer:
O reflexo de Hering-Breuer regula a amplitude da inspiração e previne a
hiperinsuflação dos pulmões.
Este reflexo depende de recetores de estiramento localizados nas paredes dos
brônquios e bronquíolos. Os potenciais de ação gerados nos recetores de estiramento,
quando os pulmões são insuflados, são conduzidos pelas fibras do nervo vago ao bulbo
raquidiano.
Nas crianças, este reflexo desempenha um papel muito importante na regulação da
ventilação e na prevenção hiperinsuflação pulmonar. No entanto, nos adultos este
reflexo só é importante quando o volume corrente é elevado, como acontece durante o
exercício físico intenso.
Adaptado da página 861, do livro Anatomia e Fisiologia, Seeley, Stephens e Tate (6º Edição).
ventilação alveolar. Para além deste efeito, a maior eficácia cardiovascular determina
um aumento do fluxo sanguíneo pulmonar, especialmente nos lobos superiores.
Adaptado da página 862-63, do livro Anatomia e Fisiologia, Seeley, Stephens e Tate (6º Edição).
Resumo:
A respiração inclui o movimento do ar para dentro e para fora dos pulmões, a troca de
gases entre o ar e o sangue, o transporte dos gases no sangue e a troca dos gases
entre o sangue e os tecidos.
Funções do Aparelho Respiratório
- Faringe
- Irrigação Sanguínea
• A membrana respiratória é fina e tem uma área extensa, o que facilita as trocas
gasosas.
• A taxa de difusão depende da espessura da membrana respiratória, do
coeficiente de difusão do gás, da área de superfície da membrana e da pressão
parcial dos gases nos alvéolos e no sangue.
- Relação Ventilação-Perfusão
Alterações da Ventilação
- Controlo Cerebral e do Sistema Límbico