0% acharam este documento útil (0 voto)
137 visualizações4 páginas

Bioquimica II - Cilindros Urinarios

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1/ 4

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

Faculdade de Medicina – ATM 25/2


Bioquímica Médica II – Cilindros Urinários
por Natieli A. Garcia

Quais são os tipos e os significados clínicos dos cilindros no sedimento urinário?


Os cilindros são estruturas formadas exclusivamente nos rins que não são frequentemente
identificadas na urina de pessoas saudáveis. É formada por proteínas e ocorre no interior da luz do túbulo
contorcido distal e do ducto coletor. Um dos principais constituintes dos cilindros é a proteína de Tamm-
Horsfall, que é uma proteína excretada pelo epitélio renal tubular e que é eliminada naturalmente na urina.
Quando há maior eliminação de proteínas devido à estresse, atividade física extensa ou problemas
renais, as proteínas tendem a se unir umas às outras até que seja formada uma estrutura sólida, os
cilindros. Ainda durante o processo de formação, é possível que os elementos presentes no filtrado tubular
(urina) também sejam incorporados, como células epiteliais, bactérias, pigmentos, hemácias e leucócitos,
por exemplo.
Suas formas representam a luz do túbulo: geralmente têm lados paralelos e extremidades
arredondadas, mas podem ser enrugados ou contorcidos, dependendo da sua idade. A largura do cilindro
depende do tamanho do túbulo em que foi formado. Os largos podem ser devidos à distensão tubular ou,
no caso de extrema estase urinária, à formação no interior dos ductos coletores. A aparência dos cilindros
também é influenciada pelos materiais presentes no filtrado no momento de sua formação e pelo período de
tempo em que eles permaneceram no túbulo. Dessa forma, quando são observados cilindros no exame
de urina, pode ser indicativo de que há qualquer alteração nos rins, seja infecção, inflamação ou destruição
das estruturas renais, por exemplo.
A presença de cilindros é verificada através do exame de urina, o EAS ou exame de urina tipo I,
em que através de análises microscópicas é possível observar os cilindros. Normalmente, quando é
verificada a presença de cilindros, outros aspectos do exame também se encontram alterados, como
leucócitos, número de células epiteliais e hemácias. Indicativos de alterações renais específicas dependem
do local e quantidade desses cilindros encontrados. Os cilindros podem ser separados em simples e com
inclusão:

CILINDRO SIMPLES:
 HIALINO:
• Descrição: é o tipo mais comum, formado de matriz de glicoproteína consistindo
principalmente de proteína de Tamm-Horsfall secretada pelos túbulos;
• Significado clínico: Quando são encontrados até 2 cilindros hialinos na urina normalmente
é considerado normal, podendo acontecer devido à prática de atividades físicas extensas,
desidratação, devido ao uso de diuréticos, calor excessivo ou estresse. Os cilindros
hialinos também podem estar em grandes quantidades no sedimento urinário, indicando
doença renal aguda com outras anormalidades, doença renal crônica (como cilindros
grandes formados nos túbulos dilatados), e outros tipos de glomerulonefrites e
pielonefrites.

 CÉREOS:
• Descrição: formado de matriz glicoproteica com proteína degradada em túbulos atróficos;
altamente refringentes, com aspecto ceroso. Representam a destruição final dos grânulos
que aderem à matriz do cilindro.
• Significado clínico: presença de cilindros céreos indica extrema estase urinária (urina que
permanece parada na bexiga); presentes em insuficiência renal crônica avançada.
CILINDRO COM INCLUSÃO:
 HEMÁTICO:
• Descrição: enquanto o achado de hemácias na urina indica sangramento de alguma área do
sistema urogenital, a existência de cilindros hemáticos é muito mais específica, indicando que
o sangramento provém do interior do néfron; formado de matriz glicoproteica com eritrócitos.
• Significado clínico: virtualmente patognomônicos (diz-se de sinal próprio e característico de
uma doença; diacrítico) de glomerulonefrite, como hematúria. É extremamente raro ocorrer
em pacientes com necrose cortical ou lesão tubular aguda. Além de poder ser indicativo de
problemas nos rins, os cilindros hemáticos também podem aparecer no exame de urina
de pessoas saudáveis após prática de esportes intensos de contato.

 LEUCOCITÁRIO:
• Descrição: formado por matriz proteica variavelmente preenchida com leucócitos, são
refringentes, têm grânulos e, a menos que sua desintegração tenha começado, serão visíveis
os núcleos multilobulados.
• Significado clínico: observados com mais frequência na pielonefrite, mas ocorrem em
qualquer doença que cause inflamação dos néfrons, acompanhando também os cilindros
hemáticos na glomerulonefrite proliferativa; podem indicar outras causas de inflamação
tubulointersticial, a nefrite intersticial aguda.

 DE CÉLULAS EPITELIAS:
• Descrição: formado por matriz proteica variavelmente preenchida com células tubulares; as
fibrilas da proteína de Tamm-Horsfall prendem-se às células tubulares; se assim não fosse,
passariam para a urina antes da formação do cilindro. O desligamento pode ocorrer em vários
estágios do processo de formação. Considerando sua íntima aderência às células tubulares,
é previsível a ligação de células epiteliais aos cilindros hialinos; podem ser distinguidos dos
cilindros leucocitários pela existência de núcleo redondo.
• Significado clínico: ocorrem em lesão tubular aguda, glomerulonefrite ou síndrome
nefrótica; a presença de cilindros de células epiteliais na urina é normalmente indicativa de
destruição avançada do túbulo renal, mas também pode estar associado à toxicidade
induzida por medicamentos, exposição à metais pesados e infecções virais.

 GRANULARES:
• Descrição: formados por matriz glicoproteica com debris (vestígios de células ou tecidos
mortos ou danificados) proteicos ou celulares; muitas vezes tem aparência "marrom
lamacenta".
• Significado clínico: é preciso que haja estase urinária e que os cilindros celulares
permaneçam nos túbulos para que a sua desintegração produza grânulos. Ocasionalmente,
ocorrem após exercício ou desidratação quando a função renal é normal e, com mais
frequência, podem indicar necrose tubular aguda. Pode também ser indícios de
glomerulonefrite, pielonefrite, estresse e exercícios intenso, quando associado a outros
cilindros.

 ADIPOSOS/GORDUROSOS:
• Descrição: gotículas de gordura ou corpúsculos ovais de gordura (o colesterol produz um
padrão em Cruz de Malta sob luz polarizada); são ligeiramente refringentes.
• Significado clínico: podem aparecer em diversos tipos de doenças tubulointersticiais e,
em grande número, sugerem fortemente síndrome nefrótica.
 BACTERIANO:
• O cilindro bacteriano é difícil de ser visualizado, no entanto é comum de aparecer na
pielonefrite (inflamação nos rins) e é formado por bactérias ligadas à proteína Tamm-
Horsfall. A maioria dos laboratórios registra a presença de bactérias só quando estas forem
observadas em amostras recém-colhidas e em conjunto com leucócitos.

❖ Imagens Harrison de Nefro (pág. 34 do livro, 46 do pdf):


Referências:

https://pt.slideshare.net/euripedes/atlas-de-urinalise

http://docente.ifsc.edu.br/melissa.kayser/MaterialDidatico/Analises_Clinicas/4.4%c2%aa%20Aula%20Exame%20Microsc%c3%b3pico%20da%20U
rina.pdf

https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/multimedia/table/v1152967_pt

https://www.tuasaude.com/cilindros-na-urina/

https://www.biomedicinapadrao.com.br/2011/02/cilindros-na-urina-tipo-origem-e.html

Nefrologia e distúrbios acidobásicos de Harrison 2ª edição.

*Olhar e ler pagina 31, 35, do harrison de nefro

Você também pode gostar