TCC Oficial Hellen Cris de Almeida Rodrigues
TCC Oficial Hellen Cris de Almeida Rodrigues
TCC Oficial Hellen Cris de Almeida Rodrigues
1
Hellen Cris de Almeida Rodrigues
2
Prof.ª Dr.ª Gilvete Lima Gabriel
Resumo
Este artigo tem por objetivo apresentar a autorreflexão sobre o processo de formação e construção
da identidade docente, a partir do reconhecimento das vivências como experiências formadoras
adquiridas no estágio supervisionado do Curso de Pedagogia da Universidade Federal de Roraima
que confabulam com a influência dos grupos-referência como fios condutores nas tomadas de
decisões. A escolha pela temática se fundamenta em três momentos importantes em meu processo
de graduação: o primeiro foi o momento em que tomei consciência das narrativas como processo de
autoformação; o segundo ocorreu no estágio supervisionado como experiência formadora da prática
docente com um olhar crítico acerca de um dos estágios obrigatório do curso de pedagogia, e o
terceiro foram os resultados obtidos no trabalho de iniciação cientifica, os quais demonstraram a
repercussão da escrita em si, como ação transformadora das práticas educativas. A partir desta
perspectiva utilizo como principais cunho biográficos: Gabriel (2011); Josso (2004); Nóvoa
(1992;1998); Pineau (1998; 2003; 2004; 2006); Ricoeur (1997) por apresentarem o método
autobiográfico como ferramenta pedagógica para transformação da práxis. Portanto, a presente
pesquisa-ação visa, sobretudo à ressignificação do vivido por intermédio do reconhecimento de si
como sujeito ativo de suas ações incentivando-o a exercer sua ação ontológica de Ser mais.
INTRODUÇÃO
1
Acadêmica de Pedagogia Cursando 9° semestre e membro do Grupo de Estudos e Pesquisas
Educacionais, Autobiográficas, Interdisciplinares e Interculturais de Roraima – GEPAIIRR. Email:
hellenpedagogia@gmail.com
2
Pedagoga formada pela Universidade Federal da Paraíba – UFPB. Mestre em Educação pela
Universidade Federal do Amazonas – UFAM. Doutora em Educação pela Universidade Federal do
Rio Grande do Norte – UFRN. Professora do Curso de Pedagogia da Universidade Federal de
Roraima – UFRR. Coordena o curso de Licenciatura em Educação no Campo e é líder do Grupo de
Estudos e Pesquisas Educacionais, Autobiográficas, Interdisciplinares e Interculturais de Roraima –
GEPAIIRR. Email: gilvetelima@yahoo.com.br
1
de incentivo à permanência discente, pela Universidade Federal de Roraima,
programa este que se tornou muito significativo para minha formação. Como o
programa era de iniciação científica e envolvia pesquisas, estas foram realizadas a
partir da análise das narrativas autobiográficas dos acadêmicos do Curso de
Pedagogia; Tendo como uma de suas questões norteadoras o motivo que
impulsionara os alunos da turma 2009.2 à escolha pela docência nesta Licenciatura.
As narrativas analisadas da turma, das quais eu fazia parte, pois datam do
segundo semestre de 2009, quando ingressei no desejado Curso superior. Tive
como orientadora a Professora doutora Gilvete de Lima Gabriel. As narrativas
analisadas eram resultados das disciplinas História da Educação I e História da
Educação Brasileira, ministradas ainda pela referida professora. Posso dizer que
durante o curso tive, segundo Josso (2004), momentos charneiras, ou seja,
oportunidades que tomei como referência para minha formação.
A escrita da narrativa autobiográfica nas disciplinas acima citadas me
impulsionaram a perceber meu processo como formativo para minha ação docente.
Inicialmente, eu não entendia de que forma a escrita sobre minha experiências
poderiam se configurar como reflexiva para minha prática. No entanto, hoje
concordo com Bertaux quando diz que
2
Gabriel (2011) destaca que no encontro de dificuldades, o sujeito aciona um
dos grupos e potencializa suas tomadas de decisões. A busca por uma atuação
emancipatória é resultado da minha interação com o grupo acadêmico. Nesse
sentido, o grupo acadêmico é um grupo– referência3em minha vida pessoal e
profissional, porque contribui em meu projeto de vida.
Segundo Josso
“Três níveis de análise em profundidade permitem caracterizar as
grandes etapas do trabalho biográfico ao longo do processo:
evidencia do processo de formação, evidência do processo de
conhecimento e evidência dos processos de aprendizagem.” (p.61,
2004)
3
Esse grupo é representado pelos professores, alunos e técnicos-administrativo dos cursos de licenciatura. O
grupo acadêmico, precisamente – os professores e os colegas de curso presentes no processo de
profissionalização de cada aluno contribui para o compartilhamento das teorias e metodologias de ensino para
a construção e socialização de conhecimentos. (GABRIEL, 2011, p. 115)
3
graduação; a segunda ocorre de maneiras variadas e são potencializadas pelos
grupos-referência, adquiridos por experiências vivenciadas ao longo da vida.
Optei por discorrer sobre termos que são presentes no cotidiano educacional
e, sobretudo, porque a formação de professores repercute diretamente em meu
próprio processo. O artigo divide-se em três momentos. Inicialmente houve a
preocupação em conceituar de forma geral terminologias como formação e
identidade perpassando para um enfoque mais específico. Logo depois, há um
breve histórico sobre o surgimento das Autobiografias do contexto internacional ao
nacional, até a sua consolidação como instrumento pedagógico a partir de um
enfoque sobre formação docente; e, por fim, explicito um dos estágios
supervisionados como experiência formadora e seus desdobramentos para minha
construção identitária pessoal e profissional.
O homem sempre buscou Ser mais. Freire (2005) enfatiza sobre a vocação
ontológica do homem. A humanidade sempre buscou ultrapassar seus limites
através de metas pré-estabelecidas. Uma das características humanas é que o
homem é capaz de ser sujeito das próprias ações. Ele projeta, articula com o outro,
planeja o futuro e vislumbra novos caminhos a serem descobertos. Na descoberta
de novas possibilidades, o homem constrói sua identidade e forma seus significados.
Nos dias atuais muito se tem discutido a respeito de formação e identidade
docente. Os cursos de licenciatura têm buscado repensar as práticas e metodologias
formativas utilizadas no âmbito acadêmico, a fim de garantir uma formação
significativa ao futuro professor. Nesse contexto, a reflexividade se constitui como
ferramenta pedagógica. É através do reconhecimento do seu percurso e suas
experiências que o sujeito modifica, transforma e inicia uma nova fase do ser
docente.
Baseado na busca por formação e identidade é necessário levar em
consideração fatores externos, bem como, o tempo. A história de qualquer povo
acontece em determinados momentos que se tornam fios condutores na forma de
interação da população com seu entorno. Concordo com Ribas (2005), quando diz
que as expectativas do futuro, interesses sociais e por que não dizer sonhos são
4
reflexos de um tempo-passado, não como forma de alienação, mas como ato
reflexivo de transformação.
Optei por tomar como referência autores que investigam os processos de
formação e identidade,a fim de compreender de forma geral e específica o processo
reflexivo e formador. Cito aqui alguns exemplos: Pimenta, 2008; Nóvoa, 1992;
Gabriel, 2011 e outros mais. Com a reflexão da prática pedagógica e dos conceitos
que a regem por intermédio de saberes que constituem a docência, pode-se iniciar a
busca por melhorias através de mudanças paradigmáticas.
Ao ressignificar o processo formativo, faz-se necessário conceituar formação
e identidade. Inicialmente abordar-se-á a formação, sendo este um dos eixos
norteadores da presente pesquisa. Gadamer (1997) afirma que existem estudos que
comprovam que a busca pelo significado de formação é antigo como uma forma
humana natural, resultado de fatores externos, ou seja, é um ato libertário que
qualquer pessoa recebe da sua natureza.
Para Moita (1995), através da apreensão de significados, o homem constrói
sua singularidade, por meio de trocas de experiências, relações sociais,
aprendizagens, interações constantes com o meio em que se insere. A autora ainda
discorre sobre as influências formadoras que muitas vezes parecem nada interferir
na tomada de decisões dos sujeitos, no entanto, as interfaces do processo formativo
repercutem não só no modo singular de agir, mas também na escolha profissional.
Diante disso, pode pensar formação como um
5
institucionais, ou seja, são processos individuais de compreensão das ações e a
tomada de consciência de suas experiências como elos formadores.
Com relação à formação do professor, a investigação de práticas
pedagógicas e o ser docente só é possível devido à reflexão de sua atuação sobre
suas próprias ações. A reflexividade possibilita a modificação não somente da
realidade atual, como também das intervenções no processo ensino- aprendizagem.
O ser professor é uma construção que ocorre no decorrer do percurso profissional,
por isso não se devem estabelecer formas de análises isoladas da construção
identitária, mas, sobretudo, o olhar crítico acerca de todo o processo. Vale ressaltar
que a formação e a identidade são termos que se encontram imbricados no contexto
pessoal e profissional.
Não se pode considerar a mudança de práticas no contexto educacional de
forma fragmentada. Assim como a formação objetiva mudança, é necessário avaliar
todo o contexto cultural. Saberes docentes devem servir de objetos de investigação
para melhorias da mesma forma que o seu próprio percurso de reconhecimento.
Concordo com Carbonell (p. 20, 2002), quando salienta que não há mudança “[...] do
professorado se não houver modificação em seu pensamento, seus hábitos e suas
atitudes”. No que diz respeito à reflexão do docente sobre sua prática Gabriel (2011)
é enfática quando diz que
Gabriel (2011) afirma ainda que essa reflexividade sobre a ação educativa só
é possível devido a dois momentos denominados: reflexão-na-ação e reflexão-
sobre-a-ação. A primeira se configura na elaboração de estratégias e condutas a
partir do que o professor vive e estuda. Esse tipo de postura é construído baseado
em vivências e não se encontram registrados em “manual pedagógico” algum. O
segundo se consolida na sensibilidade que o professor tem em refletir sobre sua
atuação e assim adequá-las para que seja emancipatória a realidade do alunado.
6
Devido à urgência no contexto atual por uma educação de qualidade, existe
uma intensa busca por mudança acompanhada de melhorias de práticas educativas.
A formação está ligada ainda diretamente à temporalidade, pois pensamentos,
metodologias e outras formas de ensino são modificadas ao longo do tempo. Bicudo
enfatiza bem essa questão quando destaca que
7
discorre que esse reconhecimento deve ser analisado como processo de devir em
estar sendo, e não como elementos isolados que caracterizam a profissão docente.
Pereira (2001) nos instiga a refletir sobre questões pertinentes como a
professoralidade em seu devir enquanto atua. Para ele, a questão a ser discutida
não é “quem sou eu ou o que é ser professor, mas de outro modo, como me tornei o
que estou sendo e como é ser professor” (p.34). As indagações do autor me
parecem sugestivas quando se busca conhecer os processos de formação e a
identidade docente. Perguntas parecidas foram feitas a mim em 2009, ano em que
logrei aprovação na UFRR, mais precisamente no Curso de Pedagogia. Essas
reflexões me impulsionaram a realizar uma atualização de mim mesma sobre todo o
meu processo e possibilitaram identificar elementos que me influenciaram na
escolha pela docência.
Na obra Vidas de professores, Nóvoa (1992) enfatiza a identidade não como
um dado adquirido, pois,
[...] não é uma propriedade, não é um produto. A identidade é um
lugar de lutas e conflitos, é um espaço de construção de maneiras de
ser e estar na profissão. Por isso, é mais adequado falar em processo
identitário, realçando a mescla dinâmica que caracteriza a maneira
como cada um sente e se diz professor. (NÓVOA, 1992, p. 16)
8
2. CONCEITUAÇÃO DAS HISTÓRIAS DE VIDA ÀS HISTÓRIAS DE
FORMAÇÃO
10
aspecto reflexivo individual que influencia as práxis a serem desenvolvidas para o
coletivo. Ricoeur (1997, p. 177) explicita que “[...] a função narrativa, tomada em
toda a sua amplitude [...] define-se a título último por sua ambição de refigurar a
condição histórica e de assim elevá-la ao nível de consciência histórica [...]”. O autor
nos convida a refletir sobre o resgate da história de vida e articulação dos tempos
por meio das narrativas autobiográficas, como forma de interpretação, construção de
saberes e de sobrevivência.
Com o objetivo de ampliar a “comunicação intergeracional” (PINEAU, 2006, p.
334) em 1990-1991 é criado a Assocoation Internacionale de Histoires de Vieen
Formation – ASIHVIF, fortalecendo as discussões e pesquisas da abordagem (auto)
biográfica. Os estudos da rede francófona são referências nessa abordagem e
repercutem em trabalhos teórico-metodológicos nas diversas áreas do
conhecimento. A partir disso, pesquisas que expressam a transdiciplinaridade são
cada vez mais intensificadas, bem como a possibilidade de compreensão do adulto
por meio do ato biográfico, temporalidades e formação, identidade profissional e
outros assuntos do aspecto docente.
Passeggi et al. (2006), ao discorrer sobre o método biográfico, enfatiza que
esse processo está intimamente ligado à formação de adultos e procura responder
questões não somente externa ao sujeito, mas ainda ao reconhecimento dos
saberes subjetivos, populares, experiências da vida nos mais variados contextos
sociais. A autora destaca que a incorporação desse método no processo formador
do escritor de si possibilita a compreensão de aspectos significativos para e sua
trajetória docente.
Nesse sentido, a abordagem biográfica se constitui fator determinante na
construção e autoformação do docente tanto atuante no contexto educacional como
os que ainda frequentam cursos de formação de professores. Assim, o ato narrativo
docente é conceituado por Ramos e Gonçalves como,
12
Na rememorização da vida passada, o sujeito filtra as experiências por
intermédio da memória identificando-as como experiências-referência. Josso (2004,
p.40) define essa experiência como “[...] acontecimento existencial único e decisivo
na simbólica orientadora de uma vida [...]”. A intenção do uso das Narrativas
autobiográficas nos Cursos de formação de professores é justamente estabelecer a
“situacionalidade” (Freire, 2005) docente a partir articulação entre a temporalidade e
narrativa. Dessa forma, Ricouer (1994, p. 85) apresenta como fator determinante
para “condição da existência temporal” a Tríplice Mimese, baseada na interpretação
Poética de Aristóteles. Nesse espaço
14
3. A EXPERIÊNCIA FORMADORA DO ESTÁGIO NA ESCOLA PÚBLICA
15
contradições existentes nas instituições de ensino entre o escrito e o vivido, pois era
justamente como eu me sentia.
Entretanto, uma das atribuições dos Cursos de licenciatura é o Estágio
Supervisionado. Este é um momento da graduação muito importante na construção
de saberes. Está em contato direto com a escola possibilita uma visão mais crítica
do processo educacional. Foi no estágio Obrigatório da Disciplina em Organização
do Trabalho Pedagógico e Diversidade, que vivi uma experiência a qual considero
um divisor de águas em minha formação.
O Curso de Pedagogia, assim como seus professores, enfatizam bem o
estágio como um campo de reflexão da prática docente. A tomada de consciência do
estágio citado anteriormente no que diz respeito à pessoalidade só foi possível
devido reconhecimento desse processo como formador. Acredito que foi por
intermédio do processo biográfico que passei a analisar as experiências de uma
forma mais questionadora. Souza destaca que
16
estágio como possibilidade de emancipação dos participantes da escola, a partir da
reflexão de práxis da atividade docente. Foi por intermédio desse estágio que puder
reafirmar minhas escolhas, pois - como já citei- eu me encontrava em uma crise de
incertezas referentes à profissão.
Ao chegar à escola fui apresentada ao gestor e fui muito bem recebida. Notei
que se encontravam ainda muitas pessoas da época em que ali estudei. De certa
forma percebi que eles sentiam orgulho de mim, pois a maioria do alunado daquela
instituição havia optado por outras escolhas. Ao ser encaminhada para a sala, fui
informada de que iria auxiliar nas atividades de um deficiente mental em todas as
suas tarefas. Durante todo o estágio, planejei as aulas de acordo com o conteúdo
que a turma estava estudando e puder ver o progresso do aluno. Senti-me feliz,
pois, notei que o aluno só precisava de alguém disposto a ensiná-lo.
Apesar disso, o que mais me chamou atenção foi observar uma professora
que havia lecionado para mim há tempos atrás com a mesma dedicação e cuidado.
Percebi que educar é também aprender. Lembrei-me de Freire (2005) ao discorrer
sobre a educação bancária, na qual o professor é o detentor do conhecimento e o
aluno um ser passivo. Aquela educadora rompia com esse conceito de educação,
notei que ela levava a sério uma atuação significativa. Naquele instante refletia
sobre todas as minhas escolhas que impulsionaram a docência, eu me encontrava
no
17
No entanto, a experiência de retorno a antiga escola me oportunizou analisar
o âmbito escola de duas formas: a primeira realizada enquanto discente e segunda
como docente. Josso (2004) afirma que é indispensável reconstituir a “rede de
acontecimentos” que marcam a reflexividade da existência do sujeito. Todo esse
processo contribuiu para a formação da minha identidade narrativa, pois, ao
escrever minhas vivências no relatório final do Estágio Supervisionado, pude
reafirmar meus anseios se “trans-formar” a educação.
Diante disso, de acordo com Chené (1988) o resgate a identidade, autora é
enfática ao afirmar que essa busca somente é possível ao identificar e reconhecer
os saberes da docência em diferentes atividades bem como o seu caráter formativo
em diversas situações. Assim, ressignificar torna-se um processo realizado nas
várias etapas da vida, seja pessoal ou profissional. Dessa forma, concordo com a
autora ao salientar que o formador ao organizar um discurso sobre sua própria
formação, reafirma e dá sentido a todo seu processo.
A narratividade sobre o diálogo, as dificuldade, as incertezas serviram como
prova de fogo na conformação do estágio ser um lugar de afirmação na construção
da identidade docente. Esse espaço será o lócus profissional de atuação, tão logo
se conscientize sobre essa formação.
Portanto, entender o processo formativo me fez compreender que minha
formação docente está intrínseca às minhas vivências. O ato biográfico permitiu-me
ressignificar minhas potencialidades por meio do reconhecimento da minha própria
trajetória de vida. Nesse sentido, o estágio supervisionado consolidou-se como um
elo de fortalecimento da minha identidade profissional, possibilitando-me tecer
fundamentos precisos que irão ser fundamental para minha atuação docente.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
No decorrer do artigo optei por discorrer sobre três eixos que estão
imbricados e repercutem de forma direta em minha formação docente. No primeiro
eixo denominado “O Processo de Formação e Identidade Docente” busquei explicitar
de forma completa a importância do reconhecimento dos processos formativos para
a consolidação da identidade pessoal e profissional. O objetivo desta análise é
18
compreender que a dinamicidade da vida interfere nas tomadas de decisões e se
configuram como característica tanto da formação como da identidade.
No segundo eixo denominado “Das Histórias de Vida às Histórias de
Formação” busquei fazer um breve histórico sobre as narrativas autobiográficas
desde o contexto internacional até os dias atuais. Minha intenção nesse eixo foi de
situar o leitor a esta teoria e ainda mostrar o ato da escrita de si como instrumento
pedagógico de autoformação e reflexão. Destaco ainda esse momento como uma
oportunidade do sujeito ir mais longe e a compreensão das suas potencialidades por
meio da rememorização das suas próprias vivências e dos grupos-referências como
co-responsáves nas escolhas do sujeito.
Por fim, no terceiro eixo descrevo a consolidação de uma vivência do estágio
supervisionado como experiência formadora para minha formação docente. Baseado
na teoria das narrativas autobiográficas identifico meu processo identitário dinâmico
e o desabrochar da minha vocação das percepções docente sendo consolidada
através da atribuição de novos olhares ao vivido.
Assim, as narrativas autobiográficas tornaram-se um fio condutor para a
formação da minha identidade narrativa. Entender o processo em que me constituiu
docente me fez reafirmar minhas escolhas pessoais e profissionais na busca por
uma prática libertadora e de transformação que transcenda o contexto escolar.
Durante o tempo de minha formação superior ressignifiquei vivências e construí
novos saberes tendo como base minha própria história de vida.
Em suma, a minha permanência na Universidade Federal de Roraima ao
longo de cinco anos me fez compreender que é possível sim uma educação de
qualidade. Todas as experiências vivenciadas na graduação repercutiram de forma
significativa não só para formação da minha postura profissional, mas, sobretudo,
para minha autoafirmação. Estou certa que das escolhas que tenho tomado em
minha vida, a escolha pela docência é uma das minhas maiores conquistas, pois,
acredito que posso contribuir de maneira significativa como agente de transformação
social.
Sou grata a Deus por tudo, pois até aqui me ajudou o Senhor. Ele me inspira,
me impulsiona e me faz Ser mais. A conclusão dessa etapa da minha vida não é
uma vitória só minha, mas também de toda minha família, em especial a minha mãe
que nunca mediu esforços para me ajudar tanto emocionalmente como
19
financeiramente. Sei também que meu pai estaria muito feliz em ver essa conquista.
Saudades eternas. Estou pronta para galgar novos caminhos na certeza de fazer a
diferença desde que esteja compromissada com a educação transformadora.
5. REFERÊNCIAS
DEMARTINI, Zeila de Brito Fabri. Das histórias de vida às histórias de formação. In:
SOUZA, Elizeu Clementino de. e MIGNOT, Ana Chrystina Venancio (Orgs.).
Histórias de Vida e formação de Professores. Rio de Janeiro: Quartet: FAPERJ,
2008.
20
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.
21
PIMENTA, Selma Garrido. Saberes pedagógicos e atividade docente. – 6. Ed. –
São Paulo: Cortez, 2008.
QUEIROZ, Maria Isaura Pereira de. Relatos orais: do “indizível” ao “dizível”. In:
SIMSON, Olga (Org). Experimentos com histórias de vida. São Paulo: Vértice
Editora. Revista dos tribunais, 1988.
22
RIBAS, Mariná Holzmann. O tempo de formação e a formação no tempo. In: RIBAS,
MarináHolzmann (Org.). Formação de professores: escolas, práticas e saberes/
Beatriz Gomes Nadal... [et. al.]. Ponta Grossa: Ed. UEPG, 2005.
23