Direitos Fundamentais PP
Direitos Fundamentais PP
Direitos Fundamentais PP
Introdução......................................................................................................................2
1. Direitos Fundamentais............................................................................................3
1.1. História................................................................................................................3
1.2. Noção de Direitos Fundamentais........................................................................3
1.1. Contraposição constitucional entre direitos, liberdades e...................................3
1.2. garantias e direitos económicos, sociais e culturais............................................3
1.2.1. Os limites legais previstos pela Constituição: a restrição de direitos
fundamentais..................................................................................................................4
1.2.2. Limitações de direitos fundamentais com a aplicação da medida privativa da
liberdade.........................................................................................................................5
2. Medidas de coação.................................................................................................5
2.1. Considerações Iniciais........................................................................................5
2.1. Competência para aplicação...............................................................................6
2.1. Momento de aplicação........................................................................................6
Prévia audição do arguido..............................................................................................7
2.2. Notificação do despacho.....................................................................................8
3. Prisão Preventiva....................................................................................................8
3.1. Aspetos históricos...............................................................................................8
2.1. Conceito..............................................................................................................9
2.1. Pressupostos necessários à decretação da prisão preventiva............................10
2.1. Prazo de duração...............................................................................................11
3.1.1. Suspensão do decurso dos prazos de duração máxima da prisão preventiva13
2.1.1. Extinção da prisão preventiva e libertação do arguido.................................14
Distinção entre prisão preventiva, detenção e execução da pena de prisão.................15
Modos de impugnação das medidas de coação............................................................16
4. Indemnização por privação da liberdade ilegal ou injustificada..........................20
Conclusão.....................................................................................................................22
Referências bibliográficas............................................................................................23
1
Introdução
2
1. Direitos Fundamentais
1.1. História
A primeira questão que devemos colocar é a seguinte: Como surgiram os
direitos fundamentais?
Foi numa perspetiva filosófica que começaram por surgir os direitos
fundamentais. Segundo Vieira de Andrade, “antes de serem um instituto no
ordenamento positivo ou na prática das sociedades políticas, foram uma ideia no
pensamento dos homens”2.
Juridicamente, podemos dizer que os direitos fundamentais emanam do
denominado direito natural. Na sua dimensão natural, os direitos fundamentais são
"direitos absolutos, imutáveis e intemporais, inerentes à qualidade de homem dos
seus titulares, e constituem um núcleo restrito que se impõe a qualquer ordem
jurídica”3.
1.1. Noção de Direitos Fundamentais
3
1.1. Contraposição constitucional entre direitos, liberdades e
1.2. garantias e direitos económicos, sociais e culturais
2. Medidas de coação
5
No que respeita às medidas de coação, existem princípios que estão estreitamente
conectados com o art.204.º do CPP, nomeadamente, o princípio da legalidade, o
princípio da excecionalidade, o princípio da necessidade, o princípio da adequação, o
princípio da proporcionalidade e o princípio da subsidiariedade 84. Estes princípios
estão intrinsecamente ligados a um dos bens jurídicos mais relevantes do ser
humano, que é a liberdade.
O juiz deve orientar-se por estes princípios uma vez que estão em causa
restrições aos direitos fundamentais do arguido, nomeadamente, a “restrição da
liberdade ambulatória, ou seja, da sua liberdade de movimento”85.
Num Estado de Direito Democrático, baseado na dignidade da pessoa humana, a
liberdade é um dos direitos fundamentais mais importantes 86, sendo apenas
ultrapassado pelo direito à vida, que é um direito inviolável, como consagra o
art.4O.º. n.º1 da Constituição.
6
2.1. Momento de aplicação
7
Prévia audição do arguido
O regime de audição do arguido em momento anterior à aplicação de uma
medida de coação, também sofreu alterações com a Lei n.º 48/2007 e com a Lei n.º
20/2013, de 21 de fevereiro.
Antes da alteração, a audição do arguido não revestia caráter obrigatório, só
devendo realizar-se sempre que tal fosse possível e conveniente, de acordo com o
prudente arbítrio do juiz; essa conveniência devia ser aferida em razão da finalidade
processual que se pretendia acautelar.
2.2. Notificação do despacho
Segundo o art.112.º, n.º3, al. d), do CPP, a convocação para aplicação de uma
medida de coação reveste a forma de notificação, a qual indica a finalidade da
convocação ou comunicação, por transcrição, cópia ou resumo do despacho ou
mandado que a tiver ordenado.
O despacho referido deve ser notificado pessoalmente ao arguido.
A pena de prisão surge como uma reação contra as penas corporais, originando
que a prisão assumisse um caráter repressivo, preventivo e corretivo. Foi a partir do
8
movimento iluminista que a pena de prisão evoluiu e chegou aos várias
ordenamentos jurídicos como hoje se configura.
2.1. Conceito
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suficiente para satisfazer as exigências cautelares”. Ou seja, o legislador entende
que, embora privativa da liberdade, deve ser dada primazia à medida que mantenha o
arguido no seu ambiente, de forma a que se limitem o menos possível os direitos
fundamentais daquele a quem são aplicadas, nunca esquecendo o princípio
constitucional da presunção da inocência que impõe que as medidas de coação
sejam, o máximo possível, compatíveis com o estatuto processual da inocência
inerente à fase em que se encontram os arguidos a quem são aplicadas estas medidas
e por isso que, ainda que legitimadas pelo fim, devam ser aplicadas as menos
gravosas, desde que adequadas109. O texto deste artigo foi introduzido pela Lei
n.º48/2007, de 29 de agosto, pretendendo-se assim, acentuar o carater excecional,
subsidiário e não obrigatório da prisão preventiva. A excecionalidade e
subsidiariedade da prisão preventiva são uma exigência que decorre da Constituição,
nomeadamente nos seus arts.27.º e 28.º, n.º2, na medida em que impõe o direito à
liberdade como regra, consagrando que a prisão preventiva não deve ser decretada
nem mantida sempre que possa ser aplicada caução ou outra medida mais favorável
prevista na lei.
A prisão preventiva é necessariamente provisória ou precária, uma vez que pode ser
revogada, alterada, suspensa ou extinta (arts.212.º a 217.º do CPP). A sua aplicação
resulta de decisão judicial interlocutória, uma vez que tem sempre lugar antes do
trânsito em julgado da decisão judicial condenatória ou absolutória.
Para que uma medida de prisão preventiva, que afecta o indivíduo na sua
liberdade seja decretada é necessário que determinados requisitos na lei estejam
verificados.
Há interesses da ordem pública que devem ser acautelados, por esta razão há que
evitar a fuga do arguido, a perturbação do inquérito ou da instrução do processo, a
perturbação da ordem e da tranquilidade públicas ou da continuação da actividade
criminosa.
Para além dos requisitos gerais, para a aplicação em concreto da prisão
preventiva é necessário que obedeça aos princípios da adequação e da
proporcionalidade, consagrados no art.193.º do CPP. Segundo estes requisitos, a
medida de coacção a aplicar tem que ser adequada para acautelar o caso a que se
reporta e tem que ser proporcional à gravidade do crime e às sanções que possam vir
10
a ser aplicadas.
Por fim, é necessário que estejam verificados determinados requisitos específicos
da prisão preventiva previstos no art.202.º do CPP.
Assim, a primeira condição prevista é a de que nenhuma das outras medidas de
coação sejam, para o caso concreto, adequadas ou suficientes; está aqui presente a
natureza excecional e subsidiária da prisão preventiva que resulta dos arts.27.º e 28.º
da CRP.
A segunda condição encontra-se prevista nas várias alíneas do n.º1 do art.202.º do CPP.
Pela ordem prevista no nosso Código de Processo Penal podemos enunciar os seguintes
requisitos: “haja fortes indícios de prática de crime doloso punível com pena de prisão
de máximo superior a cinco anos112 (alínea a); haja fortes indícios de prática de crime
doloso que corresponda a criminalidade violenta113 (alínea b); haja fortes indícios de
prática de crime doloso de terrorismo ou que corresponda a criminalidade altamente
organizada punível com pena de prisão de máximo superior a três anos114
(alínea c); haja fortes indícios de prática de crime doloso de ofensa à integridade
física qualificada, furto qualificado, dano qualificado, burla informática e nas
comunicações, recetação, falsificação ou contrafação de documento, atentado à
segurança de transporte rodoviário, puníveis com pena de prisão de máximo
superior a três anos115 (alínea d); haja fortes indícios de prática de crime doloso de
detenção de arma proibida, detenção de armas e outros dispositivos, produtos ou
substâncias em locais proibidos ou crime cometido com arma, nos termos do regime
jurídico das armas e suas munições, puníveis com pena de prisão de máximo
superior a três anos116 (alínea e); que se trate de pessoa que tiver penetrado ou
permaneça irregularmente em território nacional, ou contra a qual estiver em curso
processo de extradição ou expulsão (alínea f)”.
2.1. Prazo de duração
Como refere Paula Marques Carvalho, “as normas processuais penais referentes
à privação da liberdade, que fixam os prazos e elevam os prazos de duração
máxima da prisão preventiva, traduzem a ponderação entre dois direitos
fundamentais: o direito à liberdade e à segurança (cfr. art.27.º, n.º1, da CRP)”133.
A nossa Constituição, no seu art.28.º, n.º4, sujeita a prisão preventiva aos prazos
estabelecidos na lei. Trata-se de uma regra que exprime “a exigência, derivada da
natureza excepcional da prisão preventiva, de que ela seja temporalmente
11
delimitada (…), o que tem como consequência que não pode haver hiatos temporais
subtraídos à contagem desses prazos, sob pena de estes serem subvertidos…”134.
Deste modo, o instituto da prisão preventiva em respeito ao princípio da
presunção da inocência, exige determinados limites temporais, por isso o arguido
deve ser julgado no mais curto prazo compatível com as garantias de defesa (cfr.
arts.27.º, n.º3 e 32.º, n.º2, da CRP) . Segundo o entendimento de Gomes
Canotilho/Vital Moreira in “Constituição da República…”, Vol. I, p.490, os prazos
de prisão preventiva “ao tocarem com o direito de liberdade, são prazos
materialmente processuais, justificando-se a aplicação retroactiva da lei processual
mais favorável, nos mesmos termos da lei criminal material”. Cfr. o n.º4, do
art.29.º, da CRP” 135.
O art.215.º do CPP estabelece os prazos de duração máxima da prisão preventiva.
Nos termos do disposto nas várias alíneas do n.º2 do art.215.º do CPP, tais
prazos elevados aplicam-se nos seguintes casos: 1) Terrorismo136; 2) Criminalidade
violenta137 ou altamente organizada138; 3) Crime punível com pena de prisão de
máximo superior a oito anos; 4) Associação criminosa (art.299.º do CP); 5) Meios de
prova de interesse nacional (art.318.º, n.º1 do Código Penal).; 6) Infidelidade
diplomática (art.319.º do CP); 7) Incitamento à guerra civil ou à alteração violenta
do Estado de Direito (art.326.º do CP); 8) Ligações com o estrangeiro (art.331.º do
CP); 9) Coação contra órgãos constitucionais (art.333.º, n.º1 do CP); 10)
Inteligências com o estrangeiro para constranger o Estado Português (art.30.º do
Código de Justiça Militar); 11) Dano em bens militares ou de interesse militar
12
(art.79.º do Código de Justiça Militar); 12) Furto de veículos ou falsificação de
documentos a eles respeitantes ou de elementos identificadores de veículos; 13)
Falsificação de moeda, títulos de crédito, valores selados, selos e equiparados ou a
respetiva passagem; 14) Burla, insolvência dolosa, administração danosa do setor
público ou cooperativo, falsificação, corrupção, peculato ou participação económica
em negócio; 15) Branqueamento de vantagens de proveniência ilícita; 16) Fraude na
obtenção ou desvio de subsídio, subvenção ou crédito; 17) Abrangido na convenção
sobre segurança da navegação aérea ou marítima.
No caso do procedimento criminal por um destes crimes “se revelar de
excecional complexidade, devido, nomeadamente, ao número de arguidos ou de
ofendidos ou ao caráter altamente organizado do crime”, os prazos de quatro meses,
oito meses, um ano e dois meses e um ano e seis, a que se refere o n.º1 do art.215.º
são ainda elevados para um ano, um ano e quatro meses, dois anos e seis meses e
três anos e quatro meses, respetivamente (art.215.º, n.º3 do CPP).
O art.215.º, n.º4 do CPP diz-nos que a “excecional complexidade referida
apenas pode ser declarada durante a 1ª instância, por despacho fundamentado,
oficiosamente ou a requerimento do Ministério Público, ouvidos o arguido e o
assistente”.
13
Ministério Público, por despacho de que cabe recurso, nos termos do art.219.º e nos
gerais. Terminada a suspensão, o decurso do prazo da prisão preventiva volta de
novo a correr a partir do dia em que cessar a causa da suspensão, acrescendo ao já
decorrido até à suspensão”151.
O regime jurídico relativo à suspensão do decurso dos prazos de duração
máxima da prisão preventiva estende-se às medidas de proibição e imposição de
condutas e de obrigação de permanência na habitação (cfr. arts.200.º e 201.º), por
remissão do art.218.º, n.ºs 2 e 3.
14
substituída nos termos dos arts.212.º e 213.º, do CPP; 4) Tiverem decorrido os
prazos de duração máxima previstos no art.215.º, do CPP (neste caso, o juiz pode
sujeitar o arguido a uma outra medida de coação, nos termos do art.217.º, n.º2, do
CPP).
15
internamento (compulsivo) de pessoas que sofram de “anomalia psíquica em
estabelecimento terapêutico adequado (alínea h).
Podemos distinguir estes institutos quanto à sua natureza, finalidade, duração,
competência de procedimento e à qualidade processual das pessoas a quem podem
ser impostas.
16
ao regime jurídico do art.18.º, n.º1 da Constituição da República. Diz-nos este artigo
que “os preceitos constitucionais respeitantes aos direitos, liberdades e garantias
são diretamente aplicáveis e vinculam as entidades públicas e privadas”.
No habeus corpus, tal como é constitucionalmente delimitado “está em causa a
tutela da liberdade física ou locomoção e não qualquer outro direito
fundamental”161.
A providência do habeus corpus é, como refere Germano Marques da Silva, “um
direito subjetivo (direito-garantia) reconhecido para tutela de um outro direito
fundamental, dos mais importantes, o direito à liberdade pessoal” 162. Ou seja, a
providência em causa é uma garantia fundamental privilegiada.
Trata-se de um “modo de impugnação de detenções ou de prisões ilegais que
funciona quando por virtude do afastamento de qualquer autoridade da ordem
jurídica os meios legais ordinários deixam de poder garantir eficazmente a
liberdade dos cidadãos”163.
Não é um recurso mas antes “uma providência extraordinária com a natureza de
acção autónoma com fim cautelar, destinada a pôr termo em muito curto espaço de
tempo a uma situação de ilegal privação de liberdade”164.
Por conseguinte, a providência de habeas corpus tem a natureza de remédio
excecional para proteger a liberdade individual, revestindo caráter extraordinário e
urgente «medida expedita», não sendo um recurso. A sua natureza de ação autónoma
com fim cautelar, destina-se a pôr termo num curto espaço de tempo, a uma situação
de ilegal privação da liberdade. Tratando-se de uma providência de caráter
extraordinário, só é possível aplicar-se quando, “por virtude do afastamento da
autoridade da ordem jurídica, o jogo normal dos meios legais ordinários deixa de
poder garantir eficazmente a liberdade dos cidadãos”165.
2.1.1. Habeas corpus em virtude de detenção ilegal
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qual a lei não permite”.
O requerimento pode ser subscrito pelo detido ou por qualquer cidadão no gozo
dos seus direitos políticos (art.220.º, n.º2, do CPP).
É punível com pena prevista no art.382.º do Código Penal, “os atos de qualquer
autoridade com a finalidade de levantar ilegítimo obstáculo à apresentação do
requerimento de habeas corpus ou à sua remessa ao juiz competente” (art.220.º,
n.º3, do CPP).
Quanto ao procedimento, o art.221.º, n.ºs 1 e 2, do CPP consagra que “após
receber o requerimento de habeas corpus, o juiz deverá ordenar: 1) a apresentação
imediata do detido, sob pena de desobediência qualificada; 2) a notificação da
entidade que tiver o detido à sua guarda, ou quem puder representá-la, para se
apresentar no mesmo ato munida das informações e esclarecimentos necessários à
decisão sobre o requerimento”.
As referidas comunicações podem ser feitas por via telefónica, no caso de ser
necessário.
Se o juiz considerar que o requerimento é manifestamente infundado, recusa-o e
condenada o requerente ao pagamento de uma soma entre 6 UC e 20 UC (n.º4, do
art.222.º, do CPP).
Antes de proferir a decisão sobre o requerimento, o juiz ouve o Ministério
Público e o defensor constituído ou nomeado para o efeito (art.222.º, n.º3, do CPP).
Nos termos do disposto no art.222.º, n.º1 do CPP 170, “a qualquer pessoa que se
encontrar ilegalmente presa o Supremo Tribunal de Justiça concede, sob petição, a
providência de habeas corpus”.
Em consonância com o art.31.º, n.º2 da Constituição, o n.º2 deste artigo
estabelece que “a petição é formulada pelo preso ou por qualquer cidadão no gozo
dos seus direitos políticos, é dirigida, em duplicado, ao Presidente do Supremo
Tribunal de Justiça, apresentada à autoridade à ordem da qual aquele se mantenha
preso e deve fundar-se em ilegalidade da prisão proveniente de: a) Ter sido
efetuada ou ordenada por entidade competente; b) Ser motivada por facto pelo qual
a lei a não permite; ou c) Manter-se para além dos prazos fixados pela lei ou por
decisão judicial”.
18
Sendo a prisão efetiva e atual o pressuposto de facto desta providência e o seu
fundamento jurídico a ilegalidade da prisão ou de internamento ilegal, no âmbito das
medidas de segurança (arts.91.º e ss, do CP), esta providência extraordinária com a
natureza de ação autónoma com fim cautelar171, há-de fundar-se, como decorre do
art.222.º, n.º2, do CPP, em ilegalidade da prisão proveniente de uma das três
hipóteses de causas da ilegalidade da prisão nele previstas.
Quanto ao primeiro pressuposto, consagrado na alínea a) do n.º2 do art.222.º, do
CPP, importa referir que a prisão, quer efetiva, quer preventiva, só pode ser efetuada
ou ordenada pelo juiz.
Como refere Germano Marques da Silva “a prisão ordenada pelo juiz, deve ser
efetuada pelos órgãos de polícia criminal, precedendo mandado”172.
No caso de a prisão ser ordenada por entidade diferente do juiz, ou efetuada por
entidade incompetente ou sem precedência de mandado judicial estamos perante
uma situação de ilegalidade, podendo ser impugnada pela via da providência do
habeas corpus, sem prejuízo do exercício, por parte do lesado, do direito de
resistência, consagrado no art.21.º da Constituição.
um facto apenas punível com pena de multa ou que não é criminalmente punível ou
ainda, por um crime punível com pena de prisão até três anos ou com pena superior,
mas cometido a título negligente. Estes são exemplos em que a prisão é ilegal, uma
vez que foi motivada por facto pelo qual a lei a não permite.
Quanto à última alínea do art.222.º, do CPP173, importa esclarecer que os prazos
fixados pela lei são os prazos máximos da prisão preventiva, previstos nos arts.215.º
e 216.º do CPP; os prazos fixados por decisão judicial são os relativos à duração da
pena de prisão aplicada através de sentença condenatória.
Tal significa que a manutenção da prisão para além dos prazos referidos é
ilegal174, assim como a situação de manutenção da prisão, cuja execução, por força
da extinção da responsabilidade criminal, devia ter cessado e não cessou.
Para além da ilegalidade da prisão, também temos como fundamento jurídico
para aplicação da providência do habeas corpus, o internamento ilegal no âmbito das
medidas de segurança (arts.91.ºss do Código Penal). Esta aplicação analógica
justiça-se na medida em que ambas se tratam de situações de privação da liberdade.
Dispõe o art.222.º, n.º2, do CPP, que tem legitimidade para requerer a
providência do habeas corpus, em virtude de prisão ilegal, o preso ou qualquer
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cidadão no gozo dos seus direitos políticos175.
Quanto ao procedimento desta providência, o n.º1 do art.223.º do CPP,
consagra que “a petição é enviada imediatamente ao Presidente do Supremo
Tribunal de Justiça, com informação sobre as condições em que foi efetuada ou se
mantém a prisão”.
Nos casos das alíneas b) e c), o dever de indemnizar cessa se o arguido tiver
concorrido, por dolo ou negligência, para a privação da sua liberdade (cfr. art.225.º,
n.º2, do CPP).
20
Conclusão
21
Referências bibliográficas
22