13 Expansão Marítima Europeia
13 Expansão Marítima Europeia
13 Expansão Marítima Europeia
Importantíssima no período de transição da Idade Média para a Idade Moderna, a expansão marítima
europeia durou entre os séculos XV e XVII, aumentou consideravelmente os impérios comerciais do
continente e ajudou a transformar a Inglaterra na maior potência mundial a expansão marítima é o fim
da Primeira Guerra Mundial.
Claro que esta é uma definição deveras apressada e muito superficial. Diria até mesmo um tanto
quanto leviana! Mas antes de começar a explicar a expansão, vamos falar um pouco de como estava o
continente europeu antes da expansão:
Devido à expansão árabe iniciada nos séculos VII e VIII e a posterior conquista da Península Ibérica, a
divisão do Império Romano e a consequente continuidade do Império Romano do Oriente e o fracasso
da parte Ocidental , a região central da Europa estava fechada.
Este cenário de poucas relações comerciais, que gerou uma considerável retração econômica, durou
até meados do século XI, quando as Cruzadas ajudaram, de alguma forma, no início do renascimento
comercial europeu.
E este contato, claro, cria uma demanda pelos produtos, o que gera um aumento do comércio e a ne-
cessidade de abertura de novas rotas comerciais.
Entre os séculos XII e XIII as cidades de Gênova e Veneza marcadas no mapa acima, na região da
atual Itália, comandaram a navegação do Mediterrâneo e construíram verdadeiros impérios apoiados
em entrepostos comerciais.
Na época, a Península Itálica estava dividida em diversos reinos e ducados, além dos Estados Pontifí-
cios sob administração do Papa por isso não havia uma unidade, um “país” como é a Itália hoje em
dia. As duas cidades citadas eram autônomas, e disputavam o comércio marítimo, guardadas as devi-
das proporções, como dois países contemporâneos.
Mas nem só os comerciantes destas duas cidades prosperavam. Em grande parte da Europa outros
reinos tinham seus comerciantes que revendiam os produtos trazidos pelos mercadores italianos atra-
vés do Mediterrâneo, burgueses que estavam em ascensão econômica, pagavam impostos aos sobe-
ranos e cobravam soluções para a quebra do monopólio comercial das duas cidades italianas.
Além destes motivos econômicos, nós podemos citar mais alguns fatores que influenciaram na expan-
são marítima europeia:
Um dos primeiros reinos a incentivar a expansão marítima foi a Espanha, logo após o término das
Guerras de Reconquista da Península Ibérica e da posterior unificação dos reinos espanhóis.
Esta guerra expulsou os árabes da península, e após a queda do reino mouro de Granada, em 1492 o
último a resistir aos espanhóis o rei Fernando II, apoiado pela Igreja Católica, patrocinou a viagem do
genovês Cristóvão Colombo. Sua missão era descobrir novas terras e, consequentemente, novos mer-
cados. O resultado da viagem de Colombo nós sabemos muito bem qual foi, não é?
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EXPANSÃO MARÍTIMA EUROPEIA
Mas antes dos espanhóis, os portugueses já estavam bem adiantados em relação às navegações, por
um segundo fator:
Os portugueses já tinham um reino unificado desde o séc XIII e tinham, por assim dizer, uma relativa
paz em seu território. A fundação da lendária Escola de Sagres, em meados do séc. XIV pelo infante
D. Henrique, fortaleceu o desenvolvimento das chamadas “ciências marítimas”.
Não é exagero quando você ouve, ou já ouviu alguém dizer que “Portugal tem uma estreita relação
com o mar, e que esta relação favoreceu os descobrimentos portugueses”. A geografia do país favo-
rece a navegação, e Portugal com o tempo conseguiu montar uma extensa rede de entrepostos co-
merciais ao longo das costas brasileira, africana e asiática.
Com as notícias da descoberta da América, nem só Portugal e Espanha olhavam para o mar com de-
sejos de novos mercados e consequente aumento de comércio. Ingleses, franceses e holandeses tam-
bém começaram a financiar viagens com o objetivo de descobrir novas rotas comerciais ou estabele-
cer entrepostos. Mas portugueses e espanhóis já haviam assinado o Tratado de Tordesilhas em 1494,
tratado este que praticamente “dividia” o mundo entre os dois reinos.
Óbvio que os monarcas franceses, ingleses e holandeses contestaram o tratado. A frase mais famosa
desta discussão é do rei Francisco I, da França, que disse:
Desta forma, os três reinos passaram a financiar as viagens de uma forma meio clandestina, sem a
aprovação dos reinos de Portugal e Espanha, o que acarretava em episódios como o da França Antár-
tica, em que franceses chegaram a manter um território na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, ou
na Recife “Holandesa”.
Quando nós falamos em ampliação do comércio marítimo e em colonização do novo mundo no início
da expansão europeia nós não falamos em conquista de mercados consumidores externos. Ainda não.
Como foi destacado acima, as rotas comerciais terrestres estavam fechadas e o Mediterrâneo era
meio que monopolizado por navegantes de Gênova e Veneza. Então, para chegar à Ásia, onde eram
produzidas dezenas de especiarias consumidas na Europa, a solução era contornar a África pelo mar.
Ou dar a volta no mundo até alcançar as Índias, como Cristóvão Colombo morreu acreditando ter reali-
zado tal façanha.
Mas ao chegar na América, Colombo descobriu em nome do rei espanhol um vasto mundo ainda inex-
plorado e cheio de riquezas. Os espanhóis logo encontraram metais preciosos entre os povos da Amé-
rica Central e, mais tarde, prata na América do Sul.
Os portugueses inicialmente levaram grande parte do pau-brasil existente em nossas terras, e a partir
da década de 1530 mais especificamente a partir de 1534, com a implantação das capitanias hereditá-
rias expedições trouxeram os primeiros portugueses que iniciaram a colonização e a exploração do
solo, plantando cana-de-açúcar, nosso primeiro produto agrícola exportado em larga escala para a Eu-
ropa.
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Mais tarde foi encontrado ouro na região das Minas Gerais. A mão-de-obra utilizada nestes serviços
era escrava, trazida da África, já que durante as tentativas de circunavegação do continente africano
até as Índias os portugueses estabeleceram alguns entrepostos no litoral daquele continente.
E como também já foi citado, franceses, holandeses e ingleses também desenvolvem sua navegação,
começando a rivalizar com os ibéricos. O território que mais sofreu invasão e posterior colonização foi
a parte espanhola do Tratado de Tordesilhas. Territórios onde hoje estão Canadá, EUA, Haiti, Suri-
name, Ilhas Cayman entre outras pequenas ilhas caribenhas e as Guianas, por exemplo, foram coloni-
zados por franceses, holandeses e ingleses.
Povoamento e exploração
Antigamente nós escutávamos em sala de aula que algumas colônias sofreram exploração, por isso o
atraso no desenvolvimento, enquanto outras foram poupadas da sangria pois serviram como colônia
de povoamento.
É errado pensar desta forma, pois todas as colônias da América sofreram em graus diferentes, lógico
povoamento e exploração.
Os ingleses, por exemplo, foram mandados à América do Norte porque na Inglaterra não havia espaço
para plantar. O país vivia a época dos cercamentos (*), e a famosa frase de Thomas More faz sentido
quando seu personagem Rafael Hitlodeu diz que
“Os carneiros (…) tornaram-se, segundo me contam, tão vorazes, tão ferozes que devoram até mesmo
os homens, que devastam e despovoam os campos, as fazendas e as aldeias.”
Uma vez estabelecidos em território americano, todos os colonizadores sofreram com medidas implan-
tadas pelas metrópoles, como o monopólio comercial. Em resumo, as metrópoles tinham que manter a
balança comercial favorável. E para isso, até regiões que hoje são extremamente desenvolvidas, como
é o caso dos EUA, sofreram exploração.
E a Europa nesta época registrou grandes índices de desenvolvimento econômico. Quase todo o metal
precioso retirado daqui ia para as cortes europeias. O ouro português e a prata espanhola financiavam
produtos finos produzidos por franceses e produtos do dia-a-dia, mais comuns, produzidos por ingle-
ses.
Os manufaturados produzidos na Europa eram vendidos na América, pois em muitos lugares inclusive
no Brasil era proibido montar indústrias. Tudo isso transportado em sua maioria por holandeses, que se
especializaram no transporte marítimo.
A Inglaterra, com o passar do tempo, se transformou na maior potência econômica e marítima do pla-
neta, com colônias e entrepostos espalhados no mundo todo, além dos portos “amigos” portugueses
em sua maioria também espalhados pelos cinco continentes.
Demorou muito tempo para que as colônias conquistassem suas independências políticas, e mesmo
assim algumas ainda dependiam, em parte, das antigas metrópoles. Dependência econômica? Alguns
países não a conseguiram até hoje, mais de 500 anos após Colombo desembarcar em Cuba no dia 27
de outubro de 1492.
Mas isso é assunto para um próximo texto. Ou melhor, para vários próximos textos, já que o assunto
das independências é vastíssimo.
Expansão Ultramarina
As primeiras grandes navegações permitiram a superação das barreiras comerciais da Idade Média,
o desenvolvimento da economia mercantil e o fortalecimento da burguesia.
A necessidade do europeu lançar-se ao mar resultou de uma série de fatores sociais, políticos,
econômicos e tecnológicos.
A Europa saía da crise do século XIV e as monarquias nacionais eram levadas a novos desafios que
resultariam na expansão para outros territórios.
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Veja no mapa abaixo as rotas empreendias em direção ao Ocidente pelos navegadores e o ano das
viagens:
A Europa atravessava um momento de crise, pois comprava mais que vendia. No continente europeu,
a oferta era de madeira, pedras, cobre, ferro, estanho, chumbo, lã, linho, frutas, trigo, peixe, carne.
Os países do Oriente, por sua vez, dispunham de açúcar, ouro, cânfora, sândalo, porcelanas, pedras
preciosas, cravo, canela, pimenta, noz-moscada, gengibre, unguentos, óleos aromáticos, drogas me-
dicinais e perfumes.
Cabia aos árabes o transporte dos produtos até a Europa em caravanas realizadas por rotas terres-
tres. O destino eram as cidades italianas de Gênova e Veneza que serviam como intermediárias para
a venda das mercadorias ao restante do continente.
Outra rota disponível era pelo Mar Mediterrâneo monopolizada por Veneza. Por isso, era necessário
encontrar um caminho alternativo, mais rápido, seguro e, principalmente, econômico.
Paralela à necessidade de uma nova passagem, era preciso solucionar a crise dos metais na Europa,
onde as minas já davam sinais de esgotamento.
Uma reorganização social e política também impulsionava à busca de mais rotas. Eram as alianças
entre reis e burguesia que formaram as monarquias nacionais.
O capital burguês financiaria a infraestrutura cara e necessária para o feito ao mar. Afinal, era preciso
navios, armas, navegadores e mantimentos.
Os burgueses pagavam e recebiam em troca a participação nos lucros das viagens. Este foi um modo
de fortalecer os Estados nacionais e submeter à sociedade a um governo centralizado.
Os portugueses tomaram a dianteira deste processo através da chamada da Escola de Sagres. Ainda
que não fosse uma instituição do modo que conhecemos hoje, serviu para reunir navegadores e estu-
diosos so patrocínio do Infante Dom Henrique (1394-1460).
Portugal
A expansão marítima portuguesa começou através das conquistas na costa da África e se expandi-
ram para os arquipélagos próximos. Experientes pescadores, eles utilizaram pequenos barcos, o bari-
nel, para explorar o entorno.
Mais tarde, desenvolveriam e construiriam as caravelas e naus a fim de poderem ir mais longe com
mais segurança
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A precisão náutica foi favorecida pela bússola e o astrolábio, vindos da China. A bússola já era utili-
zada pelos muçulmanos no século XII e tem como finalidade apontar para o norte (ou para o sul). Por
sua vez, o astrolábio é utilizado para calcular as distâncias tomando como medida a posição dos cor-
pos celestes.
As condições políticas eram bastante favoráveis. Portugal foi a primeira nação a criar um Estado-naci-
onal associado aos interesses mercantis através da Revolução de Avis.
Em paz, enquanto outras nações guerreavam, houve uma coordenação central para as estimular e
organizar as incursões marítimas. Estas seriam essenciais para suprir a falta de mão de obra, de pro-
dutos agrícolas e metais preciosos.
O primeiro sucesso português nos mares foi a Conquista de Ceuta, em 1415. Sob o pretexto de con-
quista religiosa contra os muçulmanos, os portugueses dominaram o porto que era o destino de vá-
rias expedições comerciais árabes.
Assim, Portugal estabeleceu-se na África, mas não foi possível interceptar as caravanas carregadas
de escravos, ouro, pimenta, marfim, que paravam em Ceuta. Os árabes procuraram outras rotas e os
portugueses foram obrigados a procurar novos caminhos para obter as mercadorias que tanto aspira-
vam.
A essas incursões deu-se o nome de périplo africano e tinham o objetivo de obter lucro através do co-
mércio. Não havia o interesse em colonizar ou organizar a produção de algum produto nos locais ex-
plorados.
Em 1431, os navegadores portugueses chegavam às ilhas dos Açores, e mais tarde, ocupariam a
Madeira e Cabo Verde. O Cabo do Bojador foi atingido em 1434, numa expedição comandada por Gil
Eanes. O comércio de escravos africanos já era uma realidade em 1460, com retirada de pessoas do
Senegal até Serra Leoa.
Foi em 1488 que os portugueses chegaram ao Cabo da Boa Esperança sob o comando de Bartolo-
meu Dias (1450-1500). Esse feito constitui entre as importantes marcas das conquistas marítimas de
Portugal, pois desta maneira se encontrou uma rota para o Oceano Índico em alternativa ao Mar Me-
diterrâneo.
Entre 1498, o navegador Vasco da Gama (1469-1524) conseguiu chegar a Calicute, nas Índias, e aí
estabelecer negociações com os chefes locais.
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Dentro deste contexto, a esquadra de Pedro Álvares Cabral (1467-1520), se afasta da costa da África
a fim de confirmar se havia terras por ali. Desta maneira, chega nas terras onde seria o Brasil, em
1500.
Espanha
A Espanha unificou grande parte do seu território com a queda de Granada, em 1492, com a derrota
do último reino árabe. A primeira incursão espanhola ao mar resultou na descoberta da América, pelo
navegador italiano Cristóvão Colombo (1452-1516).
Apoiado pelos reis Fernando de Aragão e Isabel de Castela, Colombo partiu em agosto de 1492 com
as caravelas Nina e Pinta e com a nau Santa Maria rumo a oeste, chegando à América em outubro
do mesmo ano.
Dois anos depois, o Papa Alexandre VI aprovou o Tratado de Tordesilhas, que dividia as terras des-
cobertas e por descobrir entre espanhóis e portugueses.
França
Através de uma crítica ao Tratado de Tordesilhas feita pelo rei Francisco I, os franceses se lançaram
em busca de territórios ultramarinos. A França saía da Guerra dos Cem Anos (1337-1453), das lutas
do rei Luís XI (1461-1483) contra os senhores feudais.
A partir de 1520, os franceses passaram a fazer expedições, chegando ao Rio de Janeiro e Mara-
nhão, de onde foram expulsos. Na América do Norte, chegaram à região hoje ocupada pelo Canadá e
o estado da Louisiana, nos Estados Unidos.
Inglaterra
Os ingleses, que também estavam envolvidos na Guerra dos Cem Anos, Guerra das Duas Ro-
sas (1455-1485) e conflitos com senhores feudais, também queriam buscar uma nova rota para as
Índias passando pela América do Norte.
Assim, ocuparam o que hoje seria os Estados Unidos e o Canadá. Igualmente, ocuparam ilhas no Ca-
ribe como a Jamaica e Bahamas. Na América do Sul, se estabeleceram na atual Guiana.
Os métodos empregados pelo país eram bastante agressivos e incluía o estímulo à pirataria contra a
Espanha, com a anuência rainha Elizabeth I (1558-1603).
Os ingleses dominaram o tráfico de escravos para a América Espanhola e também ocuparam várias
ilhas no Pacífico, colonizando as atuais Austrália e Nova Zelândia.
Holanda
A Holanda se lançou na conquista por novos territórios a fim de melhorar o próspero comércio que
dominavam. Conseguiram ocupar vários territórios na América estabelecendo-se no atual Suriname e
em ilhas no Caribe, como Curaçao.
Na América do Norte, chegaram a fundar a cidade de Nova Amsterdã, mas foram expulsos pelos in-
gleses que a rebatizaram de Nova Iorque.
Igualmente, tentaram arrebatar o nordeste do Brasil durante a União Ibérica, mas foram repelidos pe-
los espanhóis e portugueses. No Pacífico, ocuparam o arquipélago da Indonésia e ali permaneceriam
por três séculos e meio.
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