12ºano Português
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Ricardo Reis
Ricardo Reis é o poeta clássico que aceita com calma e lucidez a relatividade e a
rapidez de todas as coisas. Através da influência da Antiguidade Clássica defende o
epicurismo, o estoicismo, o neopaganismo e o horacianismo.
A sua consciência da efemeridade da vida leva-o à indiferença à morte e à
reflexão sobre a inexorabilidade do tempo, comparando a vida ao curso de um rio. A
aceitação estoica do poder do destino é reveladora da atitude de abdicação,
conduzindo-o à recusa das emoções. A filosofia estoica une-se à epicurista na medida
em que esta defende a procura da felicidade relativa e da ataraxia e, por isso, da fuga
aos sentimentos extremos e ao sofrimento e a indiferença face à morte. Assim sendo,
Reis pretende aproveitar a vida e os prazeres do momento presente, já que tem
consciência da efemeridade da vida.
Concluindo, a aceitação passiva da realidade e da tranquilidade fazem da vida
uma natural condenação à morte.
Temáticas:
Fingimento artístico (o poeta clássico):
Reis é um monárquico, educado num colégio de jesuítas latinistas. Ele é a
representação de toda a sabedoria do passado, todo o património moral da tradição
humanista, mas também é um esforço lúcido e disciplinado para obter a calma. Escreve
essencialmente em odes de tipo horaciano e cultiva temas como o neopaganismo, o
horacianismo, o estoicismo e o epicurismo. Uma Ode era um texto lírico que se
destinava a ser cantado, retratando temas importantes, com o objetivo de elogiar ou
homenagear.
• O neopaganismo defendia a hierarquização ascendente – animais, homens,
deuses e Fado, que a todos preside.
• O epicurismo demanda da felicidade e do prazer relativos; indiferença perante
as emoções excessivas e preferência pelo estado de ataraxia (tranquilidade sem
perturbação; moderação nos prazeres; indiferença face à morte);
• O estoicismo é a aceitação das leis do Tempo e do Destino; resignação perante
a frágil condição humana e o sofrimento; culto da autodisciplina e da abdicação
voluntária de sentimentos e compromissos.
Álvaro de Campos
Temáticas:
O imaginário épico:
➢ Mulher do Batola:
• Responsável pela logística da loja;
• Contrasta física e psicologicamente com o marido;
• Trabalhadora e domina a relação;
• Ameaça o marido a escolher entre ela e a telefonia
• Ao aceitar a proposta do vendedor, está a permitir que o marido ganhe mais
controlo, levando-a a pedir ao Batola que decida no fim, se ficam ou não com
a telefonia.
➢ Velho Rata:
• Companhia habitual de Batola;
• O reumatismo provoca o seu suicídio atirando-se à ribeira.
• Velho mendigo e viajante.
➢ Vendedor e Calcinhas:
• Persuasivo, instala o conflito no casal, mas consegue agradar o casal;
• Calcinhas é passivo na ação.
A visão crítica:
A sátira e a crítica social estão presentes ao longo de toda a narrativa, muitas
vezes, aliadas à ironia e ao sarcasmo. Saramago traça uma crítica da sociedade
portuguesa de setecentos.
O narrador pronuncia-se sempre a favor dos mais fracos e humilhados da
História e critica as instituições que simbolizam o poder político, económico, social e
religioso. A nível político, ele critica o facto do rei, sem razão aparente, decidir
aumentar a lotação do palácio (de 13 frades para 300 frades). Em termos económicos,
satiriza a forma como o dinheiro era distribuído pelas várias instituições (em primeiro
lugar a igreja por esta o proteger). Socialmente, são julgados os trabalhadores por se
deixarem vencer pelo ceticismo. Por último, a nível religioso, ridiculariza-se os milagres
atribuídos aos santos e dramatiza-se a tirania dos autos de fé.
Assim, são sobretudo as personagens de estatuto social privilegiado o alvo da
crítica do narrador que denuncia as injustiças sociais, a omnipotência dos poderosos e
a exploração do povo.
A dimensão simbólica:
Ao logo da leitura de Memorial do Convento podemos encontrar vários
elementos que assumem uma dimensão simbólica.
O número sete adquire significado especial nesta obra, na medida em que
simboliza a perfeição entre Blimunda e Baltasar. Sete-Sóis (alcunha de Baltasar) é o
símbolo da vida e da força física. Sete-Luas (alcunha de Blimunda) é o símbolo do
transcendente e da magia. O Sol e a Lua combinados representam a passagem dos sete
dias da semana e a renovação do período lunar. Então, o número sete evidencia uma
ideia de mudança, de renovação constante após o final de um ciclo. Blimunda
reencontra Baltasar na sua sétima passagem por Lisboa, repetindo um itinerário de há
vinte e oito anos (7x4), fechando o ciclo da narrativa e da vida do herói cuja vontade
recolhe, assim lhe perpetuando a vida.
Por fim, a vida é efémera, mas a vontade humana perdura.