Alfredo Ribeiro Neto - D
Alfredo Ribeiro Neto - D
Alfredo Ribeiro Neto - D
Aprovada por:
________________________________________________
Prof. Rui Carlos Vieira da Silva, D.Sc.
________________________________________________
Prof. Carlos Eduardo Morelli Tucci, Ph.D.
________________________________________________
Prof. José Almir Cirilo, D.Sc.
________________________________________________
Profa. Luciene Pimentel da Silva, Ph.D.
________________________________________________
Prof. Otto Corrêa Rotunno Filho, Ph.D.
________________________________________________
Prof. Benoit Le Guennec, D.Sc.
ii
A Claudete
iii
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Rui Vieira e ao Prof. Dr. Carlos Tucci pela orientação e apoio
durante o desenvolvimento da tese de doutorado, bem como pela confiança em mim
depositada.
Aos professores da Área de Recursos Hídricos do Programa de Engenharia Civil
Flávio Mascarenhas, Otto Rotunno e José Paulo pelos conhecimentos transmitidos e
disponibilidade em ajudar sempre que solicitados.
Pelo agradável convívio, gostaria de agradecer aos companheiros do Laboratório
de Hidráulica Computacional, em especial, a Bruno, De Bonis, Edinho, Fabrício,
Franklin, Luís Paulo, Marcelo, Maxi, Pedro Ivo, Prodanoff e Wanessa, bem como aos
demais colegas da COPPE Benoit, Marcos e Mariela.
Aos técnicos administrativos da Secretaria do PEC Elizabeth, Jairo, Raul, Rita
de Cássia e Wilma.
Aos pesquisadores do Instituto de Pesquisas Hidráulicas Walter Collischonn,
Daniel Allasia e Benedito Silva pela ajuda prestada durante viagens de estudo para
Porto Alegre.
A Gerard Cochonneau pelo fornecimento de dados hidrológicos compilados pelo
projeto HiBAm.
Ao CNPq pela ajuda financeira traduzida por meio da concessão da bolsa de
estudo.
Em especial, gostaria de agradecer a minha esposa Claudete pelo apoio e
incentivo em todos os momentos, a meus pais José Oliveira e Maria Rita e a meus
irmãos.
iv
Resumo da Tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários
para a obtenção do grau de Doutor em Ciências (D.Sc.)
Maio/2006
v
Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Doctor of Science (D.Sc.)
Maio/2006
vi
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO............................................................................................................ 1
1.1. JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA ................................................................... 2
1.2. OBJETIVOS ......................................................................................................... 3
1.3. ESTRUTURA DO TEXTO .................................................................................. 4
vii
4.2.4. Solo e vegetação .......................................................................................... 53
4.3. RIO MADEIRA.................................................................................................. 56
5. BASES DE DADOS................................................................................................... 60
5.1. DADOS FLUVIOMÉTRICOS........................................................................... 60
5.2. PRECIPITAÇÃO................................................................................................ 61
5.2.1. Reanálises .................................................................................................... 62
5.2.2. Porção brasileira da bacia ............................................................................ 65
5.2.3. Porções boliviana e peruana da bacia .......................................................... 69
5.3. EVAPOTRANSPIRAÇÃO POTENCIAL ......................................................... 72
5.4. DADOS COMPLEMENTARES........................................................................ 74
viii
7.3.2. Resultados de umidade do solo obtidos com o modelo hidrológico ......... 112
7.4. GERAÇÃO DO ESCOAMENTO .................................................................... 115
7.5. BALANÇO HÍDRICO ..................................................................................... 118
7.7. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ................................................................ 128
ix
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 2.1 - Pontos em uma bacia onde se verifica escoamento superficial por
excesso de saturação: 1) solo pouco profundo; 2) área de convergência da
topografia e; 3) locais onde a declividade do terreno diminui (STEENHUIS
et al., 2004)....................................................................................................... 12
Figura 2.2 - Curva que relaciona umidade do solo e proporção de área com solo
saturado (ZHAO et al., 1980)........................................................................... 12
Figura 2.3 - Variabilidade do estado de umidade do solo e geração de escoamento na
bacia (adaptado de BERGSTROM e GRAHAM (1998)) ................................ 13
Figura 2.4 - Fatores intervenientes na entrada e saída de água em um elemento do
modelo TOPMODEL (HORNBERGER et al., 1998) ..................................... 14
Figura 2.5 - Representação do solo no modelo VIC-2L (LIANG et al., 1994).............. 17
Figura 2.6 – Esquema de funcionamento de um modelo conceitual .............................. 19
Figura 3.1 - Representação da bacia no modelo MGB-IPH ........................................... 27
Figura 3.2 - Distribuição cumulativa da umidade do solo e escoamento superficial em
uma área elementar (TODINI, 1996) ............................................................... 32
Figura 3.3 - Representação do balanço de água no solo (COLLISCHONN, 2001)....... 35
Figura 3.4 - Esquema de geração e propagação da água em uma célula........................ 37
Figura 3.5 – Localização dos pontos de monitoramento do projeto ABRACOS........... 39
Figura 3.6 - Umidade do solo observada e calculada em Ji-Paraná (floresta)................ 40
Figura 3.7 - Umidade do solo observada e calculada em Ji-Paraná (pastagem) ............ 41
Figura 3.8 - Umidade do solo observada e calculada em Marabá (floresta) .................. 41
Figura 3.9 - Umidade do solo observada e calculada em Marabá (pastagem) ............... 41
Figura 3.10 - Evapotranspiração observada e calculada em Ji-Paraná (floresta) ........... 42
Figura 3.11 - Evapotranspiração observada e calculada em Ji-Paraná (pastagem) ........ 42
Figura 4.1 - Precipitação média mensal da bacia (1920-1980) ...................................... 49
Figura 4.2 - Regimes hidrológicos na bacia Amazônica ................................................ 51
Figura 4.3 - Unidades morfo-estruturais da bacia Amazônica (GUYOT, 1993) ........... 52
Figura 4.4 - Planícies de inundação no curso médio do rio Amazonas.......................... 53
Figura 4.5 - Altimetria da bacia Amazônica (modelo numérico do terreno
GTOPO30) ....................................................................................................... 54
Figura 4.6 - Vegetação na bacia Amazônica (imagem AVHRR)................................... 55
Figura 4.7 - Distribuição dos tipos de solo na bacia Amazônica (FAO/UNESCO)....... 55
Figura 4.8 - Bacia Amazônica e a área de estudo........................................................... 56
Figura 4.9 - Bacia do rio Madeira e seus principais rios ................................................ 57
Figura 4.10 - Curva hipsométrica da bacia do Madeira ................................................. 57
Figura 4.11 - Perfis longitudinais dos principais rios da bacia do rio Madeira.............. 58
x
Figura 4.12 - Precipitação média anual na bacia do Madeira (1920-1980).................... 58
Figura 5.1 - Estações fluviométricas e as respectivas sub-bacias................................... 60
Figura 5.2 - Estações pluviométricas na bacia do rio Madeira utilizadas nas
simulações ........................................................................................................ 62
Figura 5.3 – Bacia do rio Madeira e a parte brasileira da bacia utilizada na
comparação....................................................................................................... 65
Figura 5.4 – Variação da precipitação média mensal na área de estudo de 1979 a
1999 .................................................................................................................. 66
Figura 5.5 – Precipitação média mensal de longo período na área de estudo (1979-
1990)................................................................................................................. 66
Figura 5.6 – Precipitação média mensal de longo período na área de estudo (1991-
1999)................................................................................................................. 67
Figura 5.7 – Variação espacial da precipitação média anual no período de 1979-1990 67
Figura 5.8 – Hidrogramas observado e calculado em Faz. Vista Alegre ....................... 68
Figura 5.9 – Estações pluviométricas compiladas pelo HiBAm na bacia do rio
Madeira............................................................................................................. 69
Figura 5.10 – Precipitação média anual nas sub-bacias da Bolívia e do Peru................ 70
Figura 5.11 – Estações da base de dados COLA corrigidas (em cinza)......................... 71
Figura 5.12 - Variação da evapotranspiração potencial média mensal entre Porto
Velho e Faz. Vista Alegre (1986-1990) ........................................................... 73
Figura 6.1 - Bacia discretizada em células e rede de drenagem ..................................... 77
Figura 6.2 – Distribuição dos tipos de solo agrupados................................................... 78
Figura 6.3 – Distribuição das classes de cobertura vegetal ............................................ 80
Figura 6.4 - Blocos de tipo de solo e vegetação ............................................................. 80
Figura 6.5 - Pontos com informações climatológicas..................................................... 81
Figura 6.6 – Vazão calculada e observada em Abunã.................................................... 87
Figura 6.7 - Hidrogramas observado e calculado em Faz. Vista Alegre ........................ 87
Figura 6.8 – Variação do coeficiente de Nash (R2) ........................................................ 91
Figura 6.9 – Variação do coeficiente de Nash para os logaritmos das vazões (Rlog) ..... 91
Figura 6.10 – Variação do erro no volume..................................................................... 92
Figura 7.1 – Locais de experimentos realizados na Amazônia ...................................... 96
Figura 7.2 - Variação da interceptação mensal na bacia ................................................ 98
Figura 7.3 – Parcela de participação da cobertura vegetal sobre a interceptação média
calculada com o MGB-IPH .............................................................................. 98
Figura 7.4 – Interceptação acumulada calculada com o MGB-IPH ............................... 99
Figura 7.5 - Variação da evapotranspiração real mensal na bacia do Madeira ............ 101
Figura 7.6 – Distribuição espacial da evapotranspiração média anual no período
1986-1990 calculada com o MGB-IPH.......................................................... 104
xi
Figura 7.7 – Variação da transpiração mensal (ET) e umidade do solo diária (W)
(ambas calculadas com o MGB-IPH)............................................................. 106
Figura 7.8 – Variação mensal na bacia do Madeira da evapotranspiração (E),
evaporação (EI), transpiração da vegetação (ET) (calculadas com o MGB-
IPH), radiação líquida em mm equivalente (Rn) e precipitação (P) ............... 107
Figura 7.9 – Valor médio diário de E (calculada com o MGB-IPH), P e Rn na bacia
do Madeira...................................................................................................... 107
Figura 7.10 – Variação da umidade mensal do solo na bacia....................................... 113
Figura 7.11 – Variação diária da umidade do solo (calculada com o MGB-IPH) e
precipitação mensal na bacia.......................................................................... 114
Figura 7.12 – Distribuição espacial da umidade média do solo na cheia e na estiagem
no período de 1983 a 1990 (calculada com o MGB-IPH).............................. 115
Figura 7.13 – Variação temporal da porcentagem de área com solo saturado
(calculada com o MGB-IPH) ......................................................................... 116
Figura 7.14 – Distribuição espacial de solo saturado na bacia do Madeira (calculada
com o MGB-IPH)........................................................................................... 117
Figura 7.15 – Variação da vazão em Faz. Vista Alegre conforme sua origem
(calculada com o MGB-IPH) ......................................................................... 117
Figura 7.16 – Estações fluviométricas e sub-bacias utilizadas no cálculo do balanço
hídrico............................................................................................................. 119
Figura 7.17 - Variação da interceptação mensal na bacia Amazônica ......................... 121
Figura 7.18 - Variação da evapotranspiração mensal na bacia Amazônica ................. 121
Figura 7.19 - Variação da umidade mensal do solo na bacia Amazônica .................... 122
Figura 7.20 - Variação da interceptação mensal na bacia do rio Madeira.................... 123
Figura 7.21 - Variação da evapotranspiração mensal na bacia do rio Madeira............ 124
Figura 7.22 - Variação da umidade do solo mensal na bacia do rio Madeira .............. 124
Figura 7.23 - Variação da interceptação mensal na porção brasileira da bacia do
Madeira........................................................................................................... 124
Figura 7.24 - Variação da evapotransp. mensal na porção brasileira da bacia do
Madeira........................................................................................................... 125
Figura 7.25 - Variação da umidade do solo mensal na porção brasileira da bacia do
Madeira........................................................................................................... 125
Figura 7.26 – Distribuição espacial da umidade do solo na bacia Amazônica
(calculada com o balanço hídrico).................................................................. 127
Figura 7.27 – Distribuição espacial da evapotranspiração na bacia Amazônica
(calculada com o balanço hídrico).................................................................. 127
Figura 7.28 – Variação média mensal da umidade do solo (BH: balanço hídrico,
Madeira – Br: parte brasileira da bacia do Madeira)...................................... 128
Figura 8.1 – Variação anual do desmatamento na bacia Amazônica (Fonte: INPE) ... 132
Figura 8.2 – Região desmatada na bacia do rio Ji-Paraná (imagem Landsat).............. 133
xii
Figura 8.3 – Localização das bacias dos rios Ji-Paraná e Aripuanã ............................. 138
Figura 8.4 - Estações fluviométricas utilizadas na avaliação da qualidade da
regionalização de vazão realizada pelo modelo ............................................. 142
Figura 8.5 - Hidrogramas observado e calculado em Bom Destino............................. 143
xiii
ÍNDICE DE TABELAS
xiv
LISTA DE ABREVIATURAS
xv
GPCP - Global Precipitation Climatology Project
GRU - Grouped Response Units
GSWP - Global Soil Wetness Project
h - Altura média da vegetação
HiBAm - Hidrologia e Geoquímica da Bacia Amazônica
IAF - Índice de Área Foliar
INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
IPH – Instituto de Pesquisas Hidráulicas
ISBA - Interactions Soil-Biosphere-Atmosphere
ISLSCP - International Satellite Land Surface Climatology Project
KINT - Parâmetro do escoamento sub-superficial
KBAS - Parâmetro do escoamento de base
LBA - Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia
LC - Land Cover dataset
MCG - Modelo de Circulação Global
MCG GEOS – Modelo de Circulação Global Goddard Earth Observing System
MCG GISS - Modelo de Circulação Global Goddard Institute for Space Studies
Méteo-France - Centre National de Recherche Météorologique
MGB-IPH - Modelo Hidrológico de Grandes Bacias
MNT – Modelo numérico do terreno
n – Coeficiente de rugosidade de Manning
NCAR - National Center for Atmospheric Research
NCEP - National Centers for Environmental Prediction
NWP - Numerical Weather Prediction
P - Precipitação descontada a interceptação
PC - Precipitação sobre a cobertura vegetal
Q – Vazão no cálculo do balanço hídrico na bacia Amazônica (em mm.dia-1)
Q0 - Vazão de referência (modelo de Muskingum-Cunge)
QCEL - vazão total da célula
QSUP – Vazão de saída do reservatório superficial
QINT – Vazão de saída do reservatório sub-superficial
QBAS – Vazão de saída do reservatório subterrâneo
R2 - Coeficiente de Nash
RFE - NWP Regional Finite Element
xvi
Rlog - Coeficiente de Nash para os logaritmos das vazões
Rn – Radiação líquida
ra - Resistência aerodinâmica
rs - Resistência superficial
S0 - Declividade do rio principal da célula
SIL - Reservatório de interceptação
SRB - Surface Radiation Budget
SSiB - Simplified Simple Biosphere
SVATS - Soil Vegetation Atmosphere Transfer Scheme
TKS - Tempo de retardo do reservatório superficial
TKI - Tempo de retardo do reservatório sub-superficial
TKB - Tempo de retardo do reservatório subterrâneo
TRMM - Tropical Rain Measuring Mission
um,10 - Velocidade do vento a 10 m de altura
UP - Upscaled Physically-based
VIC-2L - Variable Infiltration Capacity - 2 Layers
VSA - Variable source area
x - Proporção de área saturada
XL - Índice de porosidade do solo
W – Armazenamento médio do solo
WASA - Water Availability in Semi-Arid Environments
WaSiM - Water flow and balance Simulation Model
WC - Limite de armazenamento para que ocorra escoamento de base
WL - Armazenamento em que se inicia o efeito sobre a resistência superficial (rs)
Wm - Capacidade de armazenamento do solo
WPM - Armazenamento do solo no ponto de murcha
WZ – Limite de armazenamento para que ocorra escoamento sub-superficial
z0 - Rugosidade da superfície
α - Coeficiente de interceptação
∆V - Relação entre volumes medidos e calculados pelo modelo
xvii
1. INTRODUÇÃO
1
do Rio Grande do Sul. A utilização do modelo permitiu avaliar se a sua parametrização
é adequada o suficiente para ser utilizada na bacia Amazônica. Dessa forma, este
trabalho se junta a outros que visam o aprimoramento do MGB-IPH.
Esse trabalho insere-se, também, nos objetivos previstos pelo projeto HiBAm. A
modelagem hidrológica da bacia do rio Amazonas, assim como o estudo dos seus
processos hidrológicos fazem parte dos objetivos desse projeto e, portanto, este trabalho
pode contribuir para o alcance dessas metas.
2
mudança no uso do solo e mudança no clima. A preocupação com as modificações no
equilíbrio do ambiente da Amazônia se justifica pela crescente pressão exercida pelas
diversas formas de exploração da região como, por exemplo, o avanço da fronteira
agrícola, a extração de madeira da floresta, a construção de usinas hidrelétricas e a
exploração das riquezas minerais e biológicas.
A partir da metodologia desenvolvida neste trabalho, será possível estender o
uso do modelo para toda a bacia e, assim, analisar o funcionamento hidrológico de todo
o sistema Amazônico. Isso será possível graças à busca que se procedeu por bases de
dados alternativas para a alimentação do modelo. Dessa forma, sub-bacias localizadas
fora do Brasil poderão ser modeladas sem a dependência da disponibilidade de
informações hidrológicas de instituições estrangeiras.
A modelagem desenvolvida trará como diferencial a representação do
escoamento horizontal do volume d’água resultante do balanço hídrico na interface
solo/vegetação. Os trabalhos já realizados na bacia Amazônica contemplam apenas o
balanço vertical e fornecem o escoamento resultante sem realizar a sua propagação na
superfície da bacia. Além disso, as simulações foram realizadas com passo de tempo
diário, diferentemente da maioria dos trabalhos já realizados, em que se utilizou
intervalo mensal ou anual.
A modelagem matemática apresenta algumas vantagens como, por exemplo,
baixo custo para a análise dos processos e a capacidade de realizar previsão do
comportamento desses mesmos processos diante de modificações no meio ambiente.
1.2. OBJETIVOS
Este trabalho tem como objetivo geral aprimorar o entendimento dos processos
hidrológicos na bacia do rio Amazonas por meio do uso de modelagem matemática. Os
processos estudados são interceptação da precipitação pela vegetação,
evapotranspiração, umidade do solo e os mecanismos de geração do escoamento.
Os objetivos específicos são:
9 Testar bases de dados alternativas para serem utilizadas na modelagem
hidrológica da bacia Amazônica;
9 Avaliar a potencialidade do modelo na geração de informações de vazão na
bacia em locais não monitorados.
9 Avaliar as conseqüências da mudança de cobertura vegetal sobre o
escoamento.
3
Ao fim do trabalho, o modelo hidrológico deverá ter sido avaliado de tal forma
que possa ser utilizado em toda a bacia Amazônica. Para isso, deve-se verificar se a
parametrização do modelo é adequada para a bacia e se os dados disponíveis atualmente
são suficientes para a calibração e verificação do modelo.
Como estudo de caso, realizaram-se os estudos propostos na bacia do rio
Madeira, a qual se estende por Bolívia, Brasil e Peru e possui área de drenagem de
1.324.727 km2.
4
O sétimo capítulo apresenta a discussão sobre os processos hidrológicos na bacia
estudada. Os resultados obtidos com o MGB-IPH são analisados face os valores obtidos
por experimentos de campo e simulações de outros modelos. Ainda nesse Capítulo, são
apresentados os resultados do balanço hídrico de toda a bacia Amazônica.
No oitavo capítulo, apresenta-se a avaliação das conseqüências da mudança de
cobertura vegetal sobre o escoamento de duas sub-bacias do rio Madeira. Além disso,
avalia-se o potencial do modelo em gerar informações de vazão, ou seja, uso do modelo
como ferramenta para a regionalização de vazões.
Finalmente, o Capítulo 9 apresenta as conclusões da tese e as recomendações
para trabalhos futuros.
5
2. SIMULAÇÃO HIDROLÓGICA DE GRANDES BACIAS
6
As contribuições e pesquisas para essa parte da hidrologia somaram-se ao longo
dos anos 80 e 90. O item a seguir relaciona algumas dessas contribuições que
auxiliaram o desenvolvimento de ferramentas para a modelagem hidrológica de grandes
bacias.
7
diferentes configurações espaciais encontradas na natureza. Ainda para MENDIONDO
e TUCCI (1997), o problema da escala reside em conhecer como variáveis e parâmetros
são representados em escalas diferentes e como estabelecer as funções de transferência
entre essas escalas, pois, normalmente, a equação para representar um determinado
fenômeno é levantada a partir de experimentos de campo em uma área limitada. Um
exemplo conhecido é a equação de infiltração obtida por meio de experimentos de
campo para uma área de poucos cm2. Quando utilizada em uma área de muitos m2 ou
km2, os parâmetros da equação devem ser modificados. Em outros casos, no entanto, a
transferência entre escalas pode não ter sentido físico como, por exemplo, o parâmetro
de condutividade hidráulica dos solos, pois sua definição está associada à escala de
observação (PIMENTEL DA SILVA e EWEN, 2000).
A abordagem para tratar a transferência dos processos de escalas menores para
escalas maiores é denominada de upscalling, ou integração, e de escalas maiores para
escalas menores chama-se downscaling. BLÖSCHL e SIVAPALAN (1995) citam como
exemplos de processo de integração a determinação da condutividade hidráulica em
uma área a partir de sondagens e a determinação da cheia com período de retorno de
100 anos a partir de uma série de 10 anos. Por outro lado, o uso de coeficiente de
escoamento derivado de uma grande bacia em uma pequena bacia é considerado um
processo de downscaling.
PIMENTEL DA SILVA e EWEN (2000) afirmam que o problema da escala na
modelagem hidrológica está relacionado ao fato de que muitos modelos foram
desenvolvidos a partir da generalização de relações estabelecidas com base em análises
pontuais. A utilização desses modelos em macrobacias pode ser inviável na medida em
que os fenômenos observados na pequena escala não são lineares e, conseqüentemente,
a sua extrapolação para áreas maiores por meio da generalização da aplicação das
equações do modelo não é correta do ponto de vista teórico. A questão está em como
realizar a transferência de uma escala para outra.
Para superar esse problema, algumas soluções são possíveis. PIMENTEL DA
SILVA e EWEN (2000) destacam que se pode adotar uma abordagem estocástica, em
que se utilizam funções de distribuição de probabilidade, ou uma abordagem
determinística, que é mais complexa, mas possui maior potencial em capturar as
características físicas da bacia.
BERGSTRÖM e GRAHAM (1998) chamam a atenção para o problema da
escala no que se refere à parametrização a ser adotada. Nos modelos conceituais,
8
quando o objetivo é o cálculo do balanço hídrico e a representação do hidrograma da
bacia, não há grande dificuldade em se passar de uma escala menor para uma escala
maior. Nos modelos físicos, que são voltados para um maior detalhamento dos
processos, a passagem para escalas maiores é mais difícil em virtude da grande
heterogeneidade da bacia, ou seja, a variabilidade das características da bacia. Segundo
os autores, o balanço hídrico no solo adotado pelo modelo conceitual HBV (semelhante
ao do modelo Xinanjiang) é um exemplo de formulação cujos parâmetros não sofrem
grande alteração ao passar de uma escala menor para outra maior. Como exemplo tem-
se o trabalho de LINDSTRÖM et al. (1997), que utilizaram o HBV em uma grande
variedade de escalas sem modificação de sua estrutura. A área modelada foi dividida em
sub-bacias cujas superfícies, em média, eram de 40 km2. Segundo os autores, o bom
desempenho do modelo se explica pelo fato de que uma grande bacia é a soma de várias
pequenas bacias. Apesar dessa afirmação, deve-se deixar claro que alguns componentes
dos modelos devem sofrer modificações para melhor representar os fenômenos
hidrológicos em escalas maiores.
Na modelagem hidrológica, a transferência de processos é função de variáveis
de estado, dos parâmetros, dos dados de entrada e da parametrização. Em uma
abordagem de integração, variáveis de estado, como a umidade do solo, e dados de
entrada, como a precipitação, podem ser tratadas de forma mais simples. As
transferências de informações dos parâmetros e da parametrização do modelo, no
entanto, possuem maior complexidade.
Os modelos distribuídos são uma tentativa de integração espacial, pois utilizam
células que são integradas até a dimensão da bacia hidrográfica. Em cada célula, os
processos são tratados de forma uniforme e a resposta na escala superior seria dada pela
soma dos valores das células (MENDIONDO e TUCCI, 1997). Por outro lado,
BLÖSCHL e SIVAPALAN (1995) afirmam que os processos que ocorrem em uma
escala menor que a célula do modelo são representados implicitamente ou
parametrizados. Os processos que ocorrem em uma escala maior que a célula devem ser
representados explicitamente, ou seja, elemento por elemento. A representação no
interior da célula pode ser realizada assumindo-se que os parâmetros e os processos são
uniformes ou por meio do uso de funções de distribuição. Para representar os processos
elemento por elemento, pode-se utilizar informações auxiliares como, por exemplo, a
topografia para determinar a umidade do solo ou tipo de solo para determinar
propriedades hidráulicas do solo.
9
Com o intuito de refinar a representação dos processos hidrológicos nos modelos
para grandes bacias, BECKER (1995) sugere, ainda, a divisão da bacia em zonas onde
as variáveis climatológicas, como a precipitação, por exemplo, possuem valores
uniformes. Após a delimitação dessas zonas, proceder-se-ia com a determinação das
regiões da bacia que podem ter comportamento hidrológico semelhante como áreas
impermeáveis, vertentes e regiões planas.
10
determina-se um único valor de percolação, infiltração e volume superficial para toda a
bacia. Para as grandes bacias, esse tipo de formulação não é satisfatória, pois a
variabilidade espacial do balanço hídrico no solo não é desprezível.
Particularmente no caso da região Amazônica há outro fator complicador para a
admissão do escoamento hortoniano. HODNETT et al. (1995) afirmam que, em regiões
florestadas, em geral, o escoamento superficial tipo hortoniano não é observado. De
acordo com STEENHUIS et al. (2004), o escoamento hortoniano também não é
verificado em regiões úmidas, onde a capacidade de infiltração do solo é muito maior
que a intensidade das chuvas.
No mecanismo de geração de escoamento superficial por excesso de saturação, o
segundo mecanismo citado anteriormente, o escoamento é gerado em pontos onde a
camada superficial do solo alcançou a saturação. Esse mecanismo está relacionado a
fatores como profundidade do solo, área da bacia a montante do ponto considerado e a
topografia local.
Segundo STEENHUIS et al. (2004), o escoamento por excesso de saturação
pode ser observado de duas formas: a precipitação incidente diretamente sobre áreas
saturadas ou o escoamento sub-superficial que retorna à superfície. Esse último ocorre
se o escoamento sub-superficial que entra em uma área saturada é superior à capacidade
desse escoamento de sair da área saturada. Enquanto a primeira forma ocorre durante e
logo após os eventos de chuva, a segunda forma pode ser observada tanto quanto se
prolongue o estado de saturação do solo onde se verifica o escoamento sub-superficial.
Em virtude de haver uma variação espacial e temporal das fontes geradoras de
escoamento superficial, essa abordagem é denominada de variable source area (VSA).
A Figura 2.1 mostra os pontos onde, com maior freqüência, verifica-se a geração de
escoamento superficial por excesso de saturação: 1) solo pouco profundo; 2) área de
convergência da topografia e; 3) locais onde a declividade do terreno diminui.
Xinanjiang, ARNO (TODINI, 1996) e TOPMODEL (BEVEN et al., 1995) são
modelos bastante difundidos no meio científico e que utilizam o conceito de VSA. Os
modelos Xinanjiang e ARNO utilizaram uma função de distribuição exponencial, que
faz uso de conceitos estatísticos para o cálculo do escoamento superficial e do
armazenamento no solo. Esse conceito permitiu uma melhor representação do balanço
hídrico no solo de grandes áreas, pois leva em consideração a heterogeneidade do
sistema. A proporção de área saturada, a partir da qual é determinada o volume do
escoamento superficial, é função da umidade média do solo em um dado elemento, que
11
pode ser uma sub-bacia, uma célula em que a bacia foi discretizada ou, ainda, um bloco
definido a partir de características da área de estudo. A Figura 2.2 mostra a função que
relaciona a proporção de área saturada (x) e a umidade do solo (w). A integração dessa
função permite obter a umidade do solo média da bacia (W), o escoamento superficial
(R) e a variação do armazenamento no solo (∆W). A função da Figura 2.2 mostra que a
bacia responde de forma não-linear à precipitação incidente. O equacionamento da
curva da Figura 2.2 é apresentado no Capítulo 3.
Figura 2.1 - Pontos em uma bacia onde se verifica escoamento superficial por excesso
de saturação: 1) solo pouco profundo; 2) área de convergência da topografia e; 3) locais
onde a declividade do terreno diminui (STEENHUIS et al., 2004)
Figura 2.2 - Curva que relaciona umidade do solo e proporção de área com solo
saturado (ZHAO et al., 1980)
12
BERGSTROM e GRAHAM (1998) fazem uma analogia para o melhor
entendimento do processo de geração de escoamento superficial por meio da curva
mostrada na Figura 2.2. O estado de umidade do solo na bacia é representado pelo
estado de uma planta em um vaso (parte superior da Figura 2.3). Essa representação dá
uma idéia da heterogeneidade da bacia no que diz respeito ao estado de umidade do
solo. Na parte inferior da Figura 2.3, pode-se visualizar como se dá a relação entre a
umidade do solo e a geração de escoamento superficial traduzida por meio da função de
distribuição exponencial do modelo Xinanjiang.
13
modificações conforme as necessidades e objetivos dos usuários, bem como as
características das bacias modeladas. No que diz respeito à geração de escoamento
superficial, o TOPMODEL utiliza tanto o conceito de excesso de infiltração como de
excesso de saturação. Para determinar esse último, o modelo utiliza o conceito de índice
topográfico para calcular o potencial de um ponto em se saturar e, por conseqüência,
gerar escoamento. O índice topográfico é dado por ln(a/tgβ), onde a é a área acumulada
a montante que drena para um ponto e β é a declividade local do terreno, utilizada como
uma aproximação do gradiente hidráulico do lençol freático. A elevação ou o
rebaixamento da zona saturada no ponto depende da relação entre o fluxo que entra e o
fluxo que sai do mesmo.
O índice topográfico indicará os pontos onde o fluxo de entrada é maior que o de
saída, ou seja, onde há maior tendência para atingir a saturação. HORNBERGER et al.
(1998) apresentam um esquema que deixa mais claro os principais fatores intervenientes
no conceito de índice topográfico, o qual é mostrado na Figura 2.4.
14
potencial de saturação ou, em outras palavras, geração de escoamento são os que
possuem maior área acumulada a montante e menor declividade.
O escoamento superficial é proveniente da precipitação que cai sobre a porção
da bacia que está saturada e do escoamento sub-superficial que retorna para a superfície.
Ambas as fontes geradoras de escoamento superficial estão relacionadas ao déficit
médio de armazenamento no solo da bacia, que é função, dentre outras variáveis, do
índice topográfico.
15
Nos trabalhos citados anteriormente, as GRU’s foram utilizadas para a
simulação dos processos verticais como, por exemplo, os fluxos de infiltração,
percolação e evapotranspiração. Processos horizontais tais como a propagação lateral do
escoamento não são contemplados nesses modelos. Uma tentativa de representar os
processos horizontais entre GRU’s é apresentada por KARVONEN et al. (1999) e
GÜNTNER e BRONSTERT (2004), que utilizam a equação de Darcy para calcular o
movimento da água entre as GRU’s.
16
representação vertical e horizontal das partes que compõem o solo no VIC-2L. A
superfície do solo é representada por N +1 tipos de vegetação, onde n = 1, 2, ... , N
representa N tipos de vegetação e n = N +1 representa o solo exposto. A camada 1
representa o comportamento da coluna de solo responsável pela resposta à eventos de
chuva. A camada 2 é utilizada para representar a variação da umidade no solo no
período entre chuvas.
17
Hidrograma Unitário e na rede de drenagem utiliza-se a equação de Saint Venant
linearizada (LOHMANN et al., 1998).
No ISBA, a representação do perfil do solo é feita de forma semelhante ao VIC-
2L, mas utilizando três camadas. Nas duas camadas superiores, ocorrem a transpiração
da vegetação e a geração do escoamento superficial. A terceira camada é responsável
pelo escoamento subterrâneo e pela transferência de água para as camadas superiores
por capilaridade. A evaporação no modelo é calculada de três maneiras diferentes:
evapotranspiração da vegetação, evaporação no solo exposto e evaporação da água
interceptada. Cada parte da evapotranspiração é calculada considerando-se elementos
como parcela de cobertura vegetal, resistência aerodinâmica e superficial, umidade
atmosférica, velocidade do vento e parcela da folhagem utilizada na interceptação da
água. Para o cálculo da propagação do escoamento gerado, HABETS et al. (1999)
utilizaram o modelo MODCOU na aplicação do ISBA na bacia do rio Rhone, França.
Nos modelos SVATS, os fluxos de energia como o calor latente, calor sensível e
o fluxo de calor do solo, bem como os saldos de radiação são bem representados
conforme mostrado na Figura 2.5.
18
depleção da água no solo devido à drenagem. O modelo utiliza uma função não linear
para o cálculo do escoamento subterrâneo, a qual, posteriormente, foi utilizada pelo
modelo VIC-2L.
19
em que cada sub-bacia é dividida em GRU’s, que são delimitadas levando-se em conta a
altitude. A infiltração é calculada com a equação de Philip, a propagação entre GRU’s é
realizada com reservatórios lineares e a propagação no canal é feita com uma fórmula
baseada na equação de Manning.
No sentido de melhorar a representação da redistribuição espacial da umidade do
solo nos modelos hidrológicos, WIGMOSTA et al. (1994) apresentam o modelo
DHSVM (Distributed Hydrology Soil Vegetation Model), em que a propagação do
escoamento de base é realizado célula por célula. A vazão no solo em cada célula é
função da declividade do terreno, da condutividade hidráulica, da espessura da camada
de solo e do nível do lençol freático. O fluxo entre células pode ser realizado em oito
direções diferentes simultaneamente. O DHSVM é particularmente indicado para bacias
localizadas em regiões montanhosas, onde características como relevo e precipitação
possuem alta variação espacial. Nessas bacias, há uma grande relação entre o
escoamento subterrâneo e características como a distribuição da vegetação, a umidade
do solo, a produção de escoamento superficial e os fluxos de calor sensível e latente
(WIGMOSTA e LETTENMAIER, 1999).
Alguns modelos foram desenvolvidos com objetivos bem definidos como o
WaSiM (Water flow and balance Simulation Model) aplicado em bacias localizadas em
regiões alpinas, onde a geração de escoamento está fortemente relacionada ao
derretimento de geleiras e da neve e ao acúmulo de neve (VERBUNT et al., 2003). O
WaSiM foi aplicado em bacias que variam de 3 a 40.000 km2 localizadas,
principalmente, na Suíça. Outro exemplo é o modelo WASA (Water Availability in
Semi-Arid Environments) aplicado em bacias localizadas em regiões com clima semi-
árido, onde se verificam particularidades nos processos de infiltração e geração do
escoamento (GÜNTNER e BRONSTER, 2004). Para representar adequadamente esses
processos, o modelo WASA permite a troca e a propagação da água entre as “unidades”
em que cada célula é dividida. Essas “unidades” são divididas de acordo com
características fisiográficas da bacia e tipo de solo e cobertura vegetal.
O MGB-IPH foi desenvolvido por COLLISCHONN (2001) e é fortemente
baseado nos modelos LARSIM (BREMICKER, 1998) e VIC-2L. Esse foi o modelo
escolhido para a modelagem hidrológica realizada neste trabalho. Isso se deve em
virtude do MGB-IPH incorporar as características apresentadas na seção 2.1 necessárias
para a simulação hidrológica adequada de grandes bacias, inclusive a representação da
propagação do escoamento na bacia e na rede de drenagem. Além disso, o seu código
20
fonte e os profissionais que o desenvolveram são mais acessíveis se comparados com os
outros modelos descritos. A descrição detalhada do MGB-IPH é apresentada no
Capítulo 3.
21
2.3. SIMULAÇÃO HIDROLÓGICA NA BACIA AMAZÔNICA
22
No âmbito do projeto HiBAm, há os trabalhos de ESCARIÃO (2001), que
utilizou o modelo conceitual IPHMEN e EID e CAMPANA (1999), que utilizaram
Sistemas de Informações Geográficas para o cálculo do balanço hídrico, ambos em sub-
bacias do rio Negro.
Um interessante trabalho de modelagem hidrológica foi realizado no âmbito do
projeto GEWEX (Global Energy and Water Cycle Experiment), em que as simulações
foram realizadas com diferentes modelos. O GEWEX é um programa mantido por
instituições de pesquisa internacionais como o International Council for Science (ICSU)
e o World Meteorological Organization (WMO). Seus objetivos são observar, entender
e modelar o ciclo hidrológico e os fluxos de energia na atmosfera, na superfície terrestre
e sobre os oceanos. Dentre outras atividades, o GEWEX realiza o levantamento de
informações necessárias para o uso de modelos como, por exemplo, SVATS. O Global
Soil Wetness Project (GSWP), inserido no GEWEX, tem como um de seus objetivos
incentivar o uso de modelos SVATS em grandes bacias em todo o globo, inclusive a
bacia do rio Amazonas. Os dados utilizados são levantados por outro projeto inserido no
GEWEX, o International Satellite Land Surface Climatology Project (ISLSCP). Ao
todo, 10 modelos de diferentes instituições utilizaram informações de umidade e
profundidade do solo, tipo de vegetação, temperatura, escoamento e fluxos de energia
para o período de 1987-88 (DIRMEYER et al., 1999). Na maioria das bacias simuladas,
inclusive a bacia Amazônica, todos os modelos subestimaram o valor do escoamento
dado em mm.ano-1.
CHAPELON et al. (2002) sugerem que a subestimação do escoamento nas
simulações realizadas na bacia Amazônica pelo projeto GSWP se deve às informações
de precipitação, solo e vegetação levantadas pelo ISLSCP. A precipitação levantada
pelo projeto HiBAm para o ano de 1998, por exemplo, é 5,98 mm.dia-1 enquanto a
apresentada pelo ISLSCP é de 5,02 mm.dia-1. A base de dados mantida pelo Météo-
France e denominada de Land Cover dataset (LC) apresenta valores de profundidade do
solo superiores aos apresentados pelo ISLSCP. Em média, a profundidade do solo na
bacia Amazônica para o ISLSCP é de 2,5 m, enquanto que para o LC é de 6 m.
CHAPELON et al. (2002) realizaram simulações com o ISBA utilizando
diferentes combinações de fonte de dados: HiBAm, ISLSCP e LC. As simulações
realizadas com os dados do HiBAm e LC apresentaram os melhores resultados. O passo
seguinte no sentido de melhorar ainda mais os resultados consistiu na variação dos
valores dos parâmetros e da resolução espacial do modelo de propagação do
23
escoamento. Os resultados mostraram que tanto os parâmetros quanto à resolução das
células do modelo não são suficientemente sensíveis para a melhoria do desempenho
das simulações.
Diante do exposto, verifica-se que grande parte dos trabalhos de modelagem
hidrológica já realizados na bacia Amazônica utilizam passo de tempo mensal ou
superior. Essas simulações não permitem que se analisem os processos hidrológicos que
ocorrem em nível diário. Simulações em nível diário são escassas na bacia Amazônica,
principalmente, englobando sub-bacias de grande extensão. Um exemplo é o trabalho de
COSTA e FOLEY (1997), que utilizou um modelo semelhante ao desenvolvido por
VOROSMARTY et al. (1989) descrito anteriormente para modelar toda a bacia
Amazônica e a bacia do rio Tocantins. As informações climáticas para o cálculo da
evapotranspiração foram interpoladas linearmente de mensal para diário, enquanto que a
precipitação foi desagregada de mensal para diário com um gerador estocástico. Foram
realizadas comparações entre volumes calculado e observado em nível anual e mensal.
Nas vazões anuais, o modelo teve bons resultados nas áreas com florestas e pastagem e
desempenho inferior no cerrado. Nas vazões mensais, um problema verificado diz
respeito à acentuada defasagem do pico do hidrograma em algumas estações do rio
Solimões/Amazonas, indicando que a formulação do modelo não é suficientemente
sofisticada para representar alguns processos como armazenamento nas áreas de
inundação e efeitos de remanso.
NIJSSEN et al. (2001) utilizaram o modelo VIC para modelar toda a bacia
Amazônica com passo de tempo diário, mas a avaliação da modelagem foi realizada
com valores médios mensais da descarga. O modelo foi utilizado para avaliar as
conseqüências de mudanças climáticas sobre o escoamento na bacia. Os cenários de
mudanças do clima foram prognosticados por vários MCG’s, que forneceram os novos
valores de precipitação e temperatura. Tanto NIJSSEN et al. (2001) como COSTA e
FOLEY (1997) realizaram simulações em nível diário, mas a forma de avaliar os
resultados não foi a mais adequada para a avaliação dos processos hidrológicos na
bacia, principalmente no caso de COSTA e FOLEY (1997), em que se utilizou um
modelo relativamente simplificado.
Um avanço importante tem-se verificado em trabalhos, também com simulações
em nível diário, desenvolvidos no âmbito do projeto LBA, utilizando-se o modelo VIC-
2L. Modelaram-se a bacia do rio Ji-Paraná com aproximadamente 60.000 km2
(RICHEY et al., 2004) e a bacia do rio Juruá (VICTORIA et al., 2005). Os dados para o
24
cálculo da evapotranspiração potencial nessas simulações são temperatura máxima e
mínima diária e velocidade do vento. O objetivo da modelagem é quantificar os
escoamentos superficial e de base para, posteriormente, serem utilizados em um modelo
de transporte biogeoquímico.
Outro trabalho de modelagem hidrológica de grande escala com bom nível de
detalhamento é apresentado por ECUYER (2003). Nesse trabalho, utilizou-se o modelo
TOPMODEL em seis sub-bacias da bacia do rio Negro, cujas áreas variam de 1.401
km2 a 71.061 km2. O modelo apresentou limitações como baixo desempenho em sub-
bacia com baixa variabilidade da topografia e dificuldade em representar a recessão do
hidrograma em algumas sub-bacias. Entretanto, apesar dessas limitações, de acordo com
o autor, de uma maneira geral, os resultados são bons o suficiente para encorajar o uso
do TOPMODEL na Amazônia.
25
3. O MODELO HIDROLÓGICO DE GRANDES BACIAS (MGB-IPH)
26
Figura 3.1 - Representação da bacia no modelo MGB-IPH
Interceptação
27
e varia ao longo do tempo de acordo com o crescimento da vegetação. Quanto mais
densa a vegetação, maior o valor do IAF e maior a capacidade do reservatório de
interceptação. Esse índice está relacionado aos processos de evapotranspiração, fluxos
de CO2 e interceptação de luz. A vantagem da utilização do IAF está no fato de que a
capacidade de interceptação da bacia pode ser modificada ao longo do ano de acordo
com o desenvolvimento da vegetação. Particularmente no caso da bacia do rio
Amazonas, o uso do IAF é vantajoso devido ao peso que a vegetação possui sobre os
processos hidrológicos. Além disso, no estudo das conseqüências da retirada da
cobertura vegetal, o IAF é mais sensível e pode representar melhor os impactos sobre o
escoamento na bacia.
O modelo aqui utilizado representa a interceptação de acordo com a equação 3.1.
O MGB-IPH considera apenas o papel da vegetação na interceptação, pois esse é o
processo de maior peso. O balanço de água no reservatório de interceptação (SIL) é
realizado da forma seguinte:
28
interceptação da vegetação (p); proporção de chuva que escorre pelos galhos e tronco
(pt) e; dois parâmetros para o cálculo da drenagem no reservatório de interceptação
(UBARANA, 1996).
Evapotranspiração
2
6,25 ⎛ ⎛ 10 ⎞ ⎞
ra = ⋅ ⎜⎜ ln⎜⎜ ⎟⎟ ⎟⎟ , para h < 10 m
u m,10 ⎝ ⎝ z 0 ⎠⎠
(3.5)
94
ra = , para h ≥ 10 m
u m,10
⎛ (e − e a ) ⎞
⎜ ∆ ⋅ (R n − G ) + ρ A ⋅ c p ⋅ s ⎟
⎜ ra ⎟⋅ 1
E=⎜ (3.6)
∆ + γ ⋅ (1 + rs / ra ) ⎟ λ⋅ρ
w
⎜⎜ ⎟⎟
⎝ ⎠
29
constante psicométrica (kPa.°C-1).
O reservatório de interceptação (SIL) é esvaziado com a evaporação calculada
com a equação 3.6. A resistência superficial assume o valor zero para o cálculo da
evaporação potencial da lâmina interceptada (EIP). A evaporação real da lâmina
interceptada (EI) é igual à potencial, caso a lâmina interceptada seja maior do que a
evaporação potencial. Caso contrário, a evaporação real é igual à lâmina interceptada.
Após a evaporação da água interceptada, o volume no reservatório de interceptação é
atualizado da forma que segue:
EI P − EI (3.8)
FDE =
EI P
rsu = F4 ⋅ rs (3.9)
1 W − WPM
= para W ≤ WL (3.10)
F4 WL − WPM
30
ET = FDE ⋅ ETP (3.11)
b
⎛ w ⎞
x = 1 − ⎜⎜1 − ⎟ (3.12)
⎝ w m ⎟⎠
[
w = w m 1 − (1 − x )
1b
] (3.13)
w +P ⎡
ξ ⎞ ⎤
b
⎛
D SUP = ∫ ⎢1 − ⎜⎜1 −
⎢⎣ ⎝
⎟ ⎥ ⋅ dξ
w m ⎟⎠ ⎥
(3.14)
w ⎦
31
onde ξ é a variável de integração (w na equação 3.13). A resolução da integral conduz a
w m ⎡⎛ P+w⎞ ⎤
b +1 b +1
w ⎞ ⎛
D SUP =P− ⎢⎜1 − ⎟ − ⎜⎜1 − ⎟ ⎥ (3.15)
b + 1 ⎢⎜⎝ w m ⎟⎠ ⎝ w m ⎟⎠ ⎥
⎣ ⎦
wm
P+w
D sup
0 1,0
x
Figura 3.2 - Distribuição cumulativa da umidade do solo e escoamento superficial em
uma área elementar (TODINI, 1996)
wm ⎡ b +1 ⎤
W= ⎢1 − (1 − x ) b ⎥ (3.16)
b +1⎣ ⎦
wm
W = Wm = (3.17)
b +1
wm = Wm (b + 1) (3.18)
32
b
⎛ W ⎞ +1
b
(3.19)
x = 1 − ⎜⎜1 − ⎟
⎝ Wm ⎟⎠
⎡ 1 ⎤
⎢ ⎛ W ⎞ +1 ⎥
b
w = (b + 1) ⋅ Wm ⋅ ⎢1 − ⎜⎜1 − ⎟ (3.20)
⎝ Wm ⎟⎠ ⎥
⎢⎣ ⎥⎦
b +1
⎡ 1 ⎤
⎢ ⎛ W ⎞ +1b P ⎥
D SUP = P − (Wm − W ) + Wm ⋅ ⎢⎜⎜1 − ⎟⎟ − (3.21)
Wm ⎠ Wm ⋅ (b + 1)⎥
⎢⎣⎝ ⎥⎦
⎡ 1 ⎤
⎛
⎢⎜1 W ⎞ b +1 P ⎥
⎟
⎢⎜ − W ⎟ −
W ⋅ (b + 1) ⎥>0 (3.22)
⎢⎣⎝ m ⎠ m
⎥⎦
Maiores detalhes com respeito à dedução das equações descritas podem ser
encontrados em TODINI (1996) e COLLISCHONN (2001).
33
(XL) e à condutividade hidráulica em meio saturado (KINT):
(3+ 2 XL )
⎛ W − WZ ⎞
D INT = K INT ⋅ ⎜⎜ ⎟⎟ (3.24)
⎝ Wm − W Z ⎠
W − WC
D BAS = K BAS ⋅ (3.25)
Wm − WC
WC − W
D CAP = DM CAP ⋅ (3.26)
WC
onde DCAP é o fluxo ascendente e DMCAP é o máximo valor de fluxo ascendente. Para a
Amazônia, admite-se que não há fluxo ascendente do aqüífero para a parte superficial
do solo, logo, foi atribuído valor zero para DMCAP. Admite-se essa hipótese em virtude
dos altos níveis de umidade do solo verificados na bacia mesmo em períodos de
estiagem e em virtude da capacidade da floresta em retirar água do solo em grandes
profundidades.
O balanço final de água no solo é dado por uma equação de estado, que atualiza
o volume a cada intervalo de tempo ∆t. A expressão é dada por:
34
armazenamento no solo no início do intervalo de tempo (ambos em mm). As outras
variáveis são a precipitação já descontada a interceptação - P (mm.dia-1), a
evapotranspiração na camada de solo - E (mm.dia-1), escoamento superficial - DSUP
(mm.dia-1), escoamento sub-superficial - DINT (mm.dia-1), escoamento de base - DBAS
(mm.dia-1) e fluxo ascendente - DCAP (mm.dia-1), todos ao longo do intervalo de tempo.
Na Figura 3.3, essas variáveis podem ser observadas, assim como as direções e locais
onde cada uma ocorre. O balanço de água no solo e a aplicação da equação 3.27 são
realizados para cada bloco em que a célula é dividida como mostrado na Figura 3.1.
E PC
DSUP
Wm DINT
DCAP DBAS
35
reservatório correspondente. O volume dos reservatórios é calculado em cada intervalo
de tempo ∆t por:
1
Q SUP = ⋅ VSUP
k
TKS
1
Q INT = ⋅ VINT
k
(3.29)
TKI
1
Q BAS = ⋅ VBAS
k
TKB
onde QSUP, QINT e QBAS são as vazões de saída dos reservatórios e TK o tempo de
retardo do reservatório. O termo TK representa a taxa de deplecionamento do
reservatório e pode ser obtido a partir de características físicas como o tempo de
concentração da célula no caso de TKS e TKI e recessão do hidrograma no caso de
TKB. As Equações 3.29 são aplicadas para cada um dos reservatórios e, a seguir, as
vazões são somadas para se chegar à vazão total da célula (QCEL). Os volumes nos
reservatórios são atualizados com a seguinte expressão:
36
Bloco
Bloco
∑ DSUP Reservatório
superficial
QSUP
∑ DINT
QINT QCEL
Reservatório
∑ DBAS sub-superficial
Reservatório QBAS
subterrâneo VBAS
QR st +1 = C1 ⋅ QR et + C 2 ⋅ QR et +1 + C 3 ⋅ QR st (3.31)
2 ⋅ K ⋅ X + ∆t
C1 = (3.32)
2 ⋅ K ⋅ (1 − X ) + ∆t
∆t − 2 ⋅ K ⋅ X
C2 = (3.33)
2 ⋅ K ⋅ (1 − X ) + ∆t
2 ⋅ K ⋅ (1 − X ) − ∆t
C3 = (3.34)
2 ⋅ K ⋅ (1 − X ) + ∆t
1 Q0
X= − (3.35)
2 B 0 ⋅ S 0 ⋅ c 0 ⋅ ∆x
∆x
K= (3.36)
c0
37
área de drenagem a montante da célula, B0 é a largura do rio determinada em função da
largura dos rios nas estações fluviométricas e da respectiva área de drenagem, S0 é a
declividade do rio principal que percorre a célula determinada, neste trabalho, por meio
de modelo numérico do terreno, ∆x é o comprimento do trecho de rio (medido com a
rede de drenagem digitalizada) e c0 é a celeridade cinemática dada pela equação:
38
procuraram avaliar o impacto sobre o clima decorrente da substituição da floresta por
pastagem. Três pontos foram escolhidos para o monitoramento de variáveis
climatológicas e hidrológicas: dois estão localizados na bacia Amazônica e um na bacia
do rio Tocantins (Figura 3.5). Em cada ponto, foram realizadas medições para
ambientes com cobertura florestal e com pastagem. A Tabela 3.1 mostra as principais
características dos locais de experimentos. Uma descrição detalhada desses locais pode
ser encontrada em GASH et al. (1996).
Venezuela
Colômbia
Equador
Manaus
Peru
Bacia do rio Marabá
Madeira
Brasil
Ji-Paraná
Limite da bacia
Amazônica
39
evapotranspiração foram simuladas pelo MGB-IPH e, a seguir, comparadas com os
valores levantados pelo ABRACOS. A equação que simula a interceptação também
poderia ser avaliada, mas, infelizmente, os dados de interceptação levantados pelo
ABRACOS não são disponibilizados pelo projeto. O terceiro grupo de variáveis
levantadas corresponde à precipitação e às variáveis climatológicas para o cálculo da
evapotranspiração potencial.
As medições de evapotranspiração no projeto ABRACOS foram realizadas com
o aparelho Hydra, que utiliza o método da correlação de vórtices. Esse método utiliza
informações de velocidade vertical do ar e da umidade relativa do ar para determinar o
fluxo de evapotranpiração. A umidade do solo foi determinada por meio de sonda de
nêutrons. Utilizaram-se seis sondas em Marabá tanto na pastagem como na floresta e,
em Ji-Paraná, seis sondas na pastagem e oito na floresta. Em ambos os locais, a umidade
do solo foi medida até a profundidade máxima de 3,6 metros.
1500
1300
Umidade do solo (mm)
1100
900
700
300
30/10/91 29/2/92 30/6/92 30/10/92 28/2/93 30/6/93 30/10/93
T empo
40
1500
1300
Umidade do solo (mm)
1100
900
700
ABRACOS MODELO
500
300
05/11/91 05/03/92 05/07/92 05/11/92 05/03/93 05/07/93 05/11/93
T empo
1500
1300
Umidade do solo (mm)
1100
900
700
300
17/08/91 17/12/91 17/04/92 17/08/92 17/12/92 17/04/93 17/08/93
T empo
1500
1300
Umidade do solo (mm)
ABRACOS MODELO
1100
900
700
500
300
25/08/91 25/12/91 25/04/92 25/08/92 25/12/92 25/04/93 25/08/93
T empo
41
evapotranspiração calculada e observada em dois períodos de medições que totalizam
170 dias na área com floresta e 181 dias na área com pastagem.
6
ABRACOS MODELO
5
Evapotranspiração (mm/d)
1
09/08/92 a 03/10/92 04/04/93 a 26/07/93
0
1 16 31 46 71 86 101 116 131 146 161
T empo (dias)
6
06/08/92 a 06/10/92 31/03/93 a 27/07/93
5
Evapotranspiração (mm/d)
1 ABRACOS MODELO
0
1 16 31 46 61 71 86 101 116 131 146 161 176
T empo (dias)
42
componente de balanço hídrico no solo foi considerado. Por esse motivo, somente a
parametrização desse componente pôde ser avaliada.
Observou-se que os escoamentos superficial, sub-superficial e subterrâneo
possuem pequena importância em uma simulação pontual como a realizada. Assim, os
valores dos parâmetros relacionados a esses escoamentos foram iguais ou próximos de
zero. Dessa forma, as simulações foram úteis para a avaliação das equações que
representam a evapotranspiração e a umidade do solo.
A umidade do solo foi mais bem representada nas áreas cobertas com floresta
(Figuras 3.6 e 3.8). Nas áreas com pastagem, Figuras 3.7 e 3.9, apesar do desempenho
inferior, observa-se que o modelo consegue acompanhar a variação sazonal da umidade
do solo.
A evapotranspiração foi bem representada tanto na área com floresta como na
área com pastagem. Na área com pastagem (Figura 3.11), percebe-se um descolamento
das curvas observada e calculada no início do primeiro período de simulação. O
comportamento desse período foi uma exceção e não foi possível identificar os motivos
para a superestimação da evapotranspiração calculada.
Esses mesmos dados levantados pelo projeto ABRACOS foram utilizados por
FISCH et al. (2000) para comparar o desempenho de um modelo que utiliza, assim
como o MGB-IPH, a equação de Penman-Monteith. No modelo de FISCH et al. (2000),
a resistência superficial (rs) da equação 3.6 é calculada em função da radiação solar,
temperatura do ar, déficit de umidade específica e umidade do solo. A Tabela 3.3
apresenta o coeficiente de determinação e a evapotranspiração calculada pelo MGB-IPH
e por FISCH et al. (2000) e a medida pelo ABRACOS. Verifica-se que o desempenho
do MGB-IPH é satisfatório e, para a pastagem, apresenta resultados melhores que os
calculados por FISCH et al. (2000).
43
disponibilizadas, será possível realizar novas simulações para melhorar a avaliação da
parametrização do MGB-IPH, inclusive a formulação utilizada para representar o
processo de interceptação, atividade essa que não foi possível ser realizada neste
trabalho.
44
4. A BACIA AMAZÔNICA
4.1.1. Precipitação
45
Entretanto, em ambas as metodologias, os resultados das pesquisas indicam que a
floresta possui papel importante no regime de precipitação das bacias hidrográficas.
46
florestas tende a ser maior, o que resulta em menores taxas de transpiração
(SHUTTLEWORTH, 1993). Outro fator importante relacionado à evapotranspiração é o
menor valor do albedo das florestas, que resulta em uma maior radiação líquida e,
conseqüentemente, maiores taxas de evapotranspiração.
A transpiração nas florestas é responsável pela maior parte do processo de
evapotranspiração. Em terras baixas, a transpiração média anual é de 1045 mm (com
variação de 885 a 1285 mm) de acordo com levantamento apresentado por
BRUIJNZEEL (1990).
As altas taxas de interceptação e transpiração verificadas nas florestas resultam
em características hidrológicas próprias conforme demonstrado por diversos estudos.
Por exemplo, estima-se que 50% do volume precipitado em bacias com cobertura
vegetal provêm do oceano e 50% provêm do processo de evapotranspiração que ocorre
na própria bacia. Em virtude dessa grande perda por evapotranspiração, verifica-se uma
menor vazão nessas bacias. Na China, WEI et al. (2005) afirmam que, nas florestas
temperadas do nordeste do país, a evapotranspiração varia de 80 a 90% da precipitação
e, nas florestas tropicais do sul, a variação é de 40-50%. Na Austrália, as florestas de
eucalipto apresentam evapotranspiração correspondente a 55% (HUTLEY et al., 2000)
e 65% da precipitação (COOK et al., 1998).
47
Quanto à vazão nos rios, a floresta concede à bacia uma característica de
“esponja” devido à ação das raízes das árvores, da serrapilheira e do solo. Essa
característica contribui para a redução da vazão na bacia, pois eleva a evapotranspiração
e a recarga do aqüífero. Com a floresta, a bacia tem maior capacidade de regularização
da vazão, pois durante o período chuvoso há retenção de água, a qual, no período de
estiagem, é liberada.
48
precipitação anual na ordem de 6.000 mm. Na Figura 4.1, pode-se verificar a
distribuição espacial da precipitação média de cada mês na bacia no período de 1920 a
1980.
49
sul da Amazônia se inicia em setembro/novembro e os máximos ocorrem entre
dezembro e fevereiro. O máximo de chuvas da porção norte da bacia ocorre de maio a
julho. Na parte central, desde o oeste até a foz do rio Amazonas, os máximos de chuva
ocorrem de março a maio.
A evapotranspiração realizada pela floresta possui importante papel sobre o
balanço hídrico da bacia. Esse valor pode chegar a 55% do total de água precipitado.
Segundo MARQUES et al. (1980), a evapotranspiração real deve estar entre 1146 e
1260 mm.ano-1 e a razão entre evapotranspiração real e potencial varia de 0,7 a 0,8.
A vazão média anual na foz do rio é de 209.000 m3.s-1 para o período de 1973 a
1990, que corresponde a 18% da descarga de água doce nos oceanos. A vazão específica
nas principais sub-bacias varia de 19,2 l.s-1.km-2 no rio Xingu a 48 l.s-1.km-2 no rio
Solimões em Manacapuru próximo a foz do rio Negro. A vazão específica na foz da
bacia é de 34,2 l.s-1.km-2 (FILIZOLA JÚNIOR, 1999). A estação fluviométrica de
Óbidos, que pode ser visualizada na Figura 4.2, é considerada a estação de referência
mais próxima da foz com uma área de drenagem de 4.676.000 km2 (76,5% de toda a
bacia). Após estudo realizado por CALLÈDE et al. (2002) na estação de Óbidos,
verificou-se que a vazão mínima para o período de 1902-1999 é de 78.000 m3.s-1 e a
vazão máxima corresponde a 260.000 m3.s-1.
A variabilidade sazonal das cheias dos rios da Amazônia apresentam dinâmica
diferenciada de acordo com o regime de chuva das bacias conforme mostrado
anteriormente. Nos rios localizados na parte centro-sul da bacia, a cheia ocorre entre
março e maio conforme mostrado na Figura 4.2-(a). As bacias localizadas na porção
norte da bacia apresentam o máximo da cheia entre junho e julho (Figura 4.2-(b)). A
variabilidade anual da vazão nos rios Solimões e Amazonas é diretamente influenciada
pelos dois regimes anteriores (Figura 4.2-(c)). Na estação fluviométrica de Teresina no
rio Solimões, próximo à fronteira entre Brasil e Peru, a cheia ocorre entre abril e junho,
ainda influenciada pelo regime do rio Ucayali. Conforme se avance para jusante, o
regime é influenciado pela vazão das bacias setentrionais de modo que as cheias em
Manacapuru e Óbidos ocorrem entre maio e julho.
50
Figura 4.2 - Regimes hidrológicos na bacia Amazônica
4.2.3. Geomorfologia
51
Figura 4.3. As sub-bacias do rio Amazonas têm suas características hidrológicas
definidas, em parte, pela ação dessas unidades morfo-estruturais.
Os escudos são formados por rochas cristalinas e, por serem bastante erodidos,
possuem altitude média de aproximadamente 150 m apenas e suportam sedimentos do
Pré-Cambriano ao Mesozóico. O escudo das Guianas possui relevos de até 8.000 km de
extensão como as serras de Pacaraima, Roraima e Paraima resultantes dos sedimentos
citados anteriormente. Nessas serras é que se encontra o Pico da Neblina com 3.014 m.
O escudo Brasileiro, que marca o limite com a bacia do rio Paraná, apresenta altitudes
inferiores. Nesse escudo, o ponto mais alto fica na serra do Aguapei e possui 1.150 m
(GUYOT, 1993).
A cordilheira dos Andes possui mais de 10.000 km de comprimento, dos quais,
4.000 km estão inseridos na bacia Amazônica. A altitude pode ser superior a 6.000 m e
a sua largura varia de 200 km no Equador a 600 km na Bolívia. Os Andes são
responsáveis por 95% do sedimento transportado pelos rios da bacia (FILIZOLA
JÚNIOR, 1999).
A planície Amazônica, a terceira unidade morfo-estrutural, é caracterizada pela
presença de baixas declividades, que varia de 1 a 2 cm.km-1. Nessa região, verifica-se a
52
ocorrência das áreas de inundação formada por sedimentos do holoceno. As áreas de
inundação que ocorrem nos rios de água branca, com alta carga de sedimentos em
suspensão, são chamadas de várzeas. As áreas de inundação dos rios de água preta, com
baixa carga de sedimentos em suspensão, são chamadas de igapós. As áreas não
inundadas são chamadas de terra firme e são formadas por sedimentos do cenozóico. No
canal principal do rio Amazonas e seus principais tributários, as áreas de inundação
ocupam uma área de cerca de 300.000 km2 (JUNK, 1997), são responsáveis pelo
amortecimento das cheias e funcionam como uma importante área de atividade
biológica. A estimativa da extensão das áreas de inundação foi obtida por meio dos
dados do Projeto RADAM Brasil. A Figura 4.4 apresenta várzeas localizadas no curso
médio do rio Amazonas.
Rio Amazonas
Áreas de inundação
Rio Tapajós
Figura 4.4 - Planícies de inundação no curso médio do rio Amazonas
Vegetação
53
50 m. A floresta aberta apresenta grandes árvores muito dispersas, com freqüentes
grupamentos de palmeiras. No extremo norte e no sul e leste da bacia, a floresta torna-se
menos densa devido à ocorrência de uma estação seca mais acentuada (RADAM-
BRASIL, 1978). A bacia possui a maior extensão de floresta tropical do planeta,
correspondendo a 5 milhões de km2.
0-25 m
25-50 m
50-75 m
N 75-100 m
100-200 m
200-300 m
300-400 m
400-500 m
500-750 m
750-1000 m
1000-2000 m
2000-3000 m
3000-4000 m
4000-5000 m
5000-6000 m
Tipo de Solo
54
aberta. Na planície Amazônica, observam-se solos mal drenados com a presença de
savana. Solos muito mal drenados são observados nas áreas de inundação (GUYOT,
1993). A Figura 4.7 mostra a distribuição dos solos na Amazônia de acordo com o mapa
de solo do mundo da FAO/UNESCO.
Floresta
Pastagem
Grassland
Água
Cerrado
Cerradão
Não classificado
Outros
Argissolo
Cambissolo
Latossolo
Gleissolo
N. Litólico
Luvissolo
N. Quartzarênico
Outros
55
4.3. RIO MADEIRA
A bacia do rio Madeira se estende por Bolívia (51%), Brasil (42%) e Peru (7%)
e possui superfície de 1.420.000 km2. A área de estudo deste trabalho, entretanto,
estende-se até a estação de Faz. Vista Alegre, cuja área de drenagem é de 1.324.727
km2. A Figura 4.8 mostra a bacia Amazônica e a localização da bacia do rio Madeira. A
Figura 4.9 mostra em detalhe a bacia do Madeira juntamente com os principais rios
formadores da bacia. O rio Madeira recebe esse nome após o encontro dos rios Beni e
Mamoré na fronteira entre Brasil e Bolívia.
56
apresentam várzeas que totalizam 150.000 km2 de extensão, enquanto que o rio
Madeira, entre a confluência dos rios Beni e Mamoré até a foz, possui 12.800 km2 de
várzea.
A Figura 4.9 mostra as unidades morfo-estruturais na área de estudo. A bacia
mostra relativa heterogeneidade em seu relevo como pode ser visto nas Figuras 4.10 e
4.11 que mostram a curva hipsométrica da bacia e os perfis longitudinais dos principais
rios. Verifica-se, com auxílio da curva hipsométrica, que 80% da bacia possui altitude
inferior a 500 m.
6000
5000
4000
Altitude (m)
3000
2000
1000
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Área acumulada (%)
57
4500
4000
Rio Mamoré 3500
Rio Beni
3000
Altitude (m)
Rio Madeira
2500
2000
1500
1000
500
0
3000 2500 2000 1500 1000 500 0
Distância de Faz. Vista Alegre (km)
Figura 4.11 - Perfis longitudinais dos principais rios da bacia do rio Madeira
5°S
0 a 1000 mm
1000 a 1400
1400 a 1800 10°S
1800 a 2000
2000 a 2300
2300 a 2500
2500 a 2800
2800 a 3000
3000 a 3400
3400 a 5100
15°S
20°S
70°W 65°W 60°W
Figura 4.12 - Precipitação média anual na bacia do Madeira (1920-1980)
58
A bacia do Madeira, assim como os outros afluentes meridionais da bacia
Amazônica, possui baixa precipitação, coeficiente de escoamento e vazão específica, o
que faz com que, apesar de sua área corresponder a 23% do total da bacia, sua
contribuição para a descarga total seja de apenas 15%.
Os motivos que levaram à escolha da bacia do rio Madeira para ser utilizada
como estudo de caso são: a) bacia suficientemente extensa para avaliar o desempenho
do modelo, pois futuramente pode-se utilizá-lo em outras bacias na Amazônia; b) a
bacia apresenta os três tipos de unidade morfo-estrural; c) a bacia está localizada em
diferentes países, o que permite afirmar que, caso se consiga obter os dados de entrada
do modelo para essa bacia, qualquer região da bacia Amazônica poderá ser modelada.
59
5. BASES DE DADOS
60
A série de vazões da estação Faz. Vista Alegre foi obtida por meio do uso de
curva-chave levantada com o método do desnível normal. A série da ANA não foi
utilizada porque a curva-chave levantada para determinar as vazões dessa série é
biunívoca (para todo valor de vazão, há um só e único valor de cota e vice-versa).
Trabalhos realizados no âmbito do projeto HiBAm indicaram que, para Faz. Vista
Alegre, a curva-chave que melhor representa a relação cota-vazão é a não-unívoca, em
que para uma mesma vazão há mais de uma cota. Nesse caso, utilizou-se o método do
desnível normal para levantar a curva-chave de Faz. Vista Alegre.
5.2. PRECIPITAÇÃO
61
dados de precipitação disponíveis nesses países possuem intervalo de tempo mensal, o
que inviabiliza seu uso nas simulações com o modelo hidrológico.
Figura 5.2 - Estações pluviométricas na bacia do rio Madeira utilizadas nas simulações
5.2.1. Reanálises
62
simulação. Esse processo é repetido até que se tenha o estado da atmosfera para 12, 24,
36, 48 e 72 horas no futuro (LUTGENS e TARBUCK, 1998).
Os sistemas de assimilação de dados, a terceira fonte de dados citada por KITE e
HABERLANDT (1999), fornece informações a partir do uso combinado de um modelo
numérico com dados obtidos por meio de diversas fontes: observações em terra,
informações de radiossondas, de aviões, de satélites, entre outras fontes. O resultados
obtidos são denominados de “análises” e são utilizados como condição inicial das
simulações com os NWP’s. Deve-se destacar, entretanto, que a assimilação de dados
apresenta um problema relacionado à evolução dos sistemas de análise/previsão ao
longo dos anos. Os modelos utilizados para a construção das análises sofrem
modificação com o tempo e, por esse motivo, os resultados das análises modificam-se
também (WHITE e SABA, 1999).
As reanálises consistem em se utilizar sistemas de análise/previsão modernos
alimentados com dados atmosféricos do passado (KALNAY et al., 1996). Centros de
pesquisa internacionais como o NCEP/NCAR, ECMWF (European Centre for Medium-
range Weather Forecasts) e NASA/DAO (Data Assimilation Office) planejam realizar
novas reanálises a cada 5-10 anos com sistemas de modelagem e assimilação de dados
atualizados (WHITE e SABA, 1999).
Dados provenientes de reanálises possuem duas vantagens (COSTA e FOLEY,
1999): (1) a maioria das variáveis são consistentes e obedecem às leis físicas dos
modelos numéricos de previsão; (2) a qualidade da série de dados é controlada, pois se
eliminam descontinuidades devidas a mudanças no sistema de assimilação de dados,
falha de instrumentos ou erros humanos.
Um problema das reanálises diz respeito aos erros causados pela representação
inadequada dos processos físicos, condição inicial e resolução do modelo. Com o intuito
de superar essas deficiências, DIRMEYER e TAN (2001) utilizaram dados observados
em toda a América do Sul para corrigir os valores encontrados pelas reanálises do
NCEP/NCAR. A correção é realizada com a seguinte equação:
[POBS ]M
[P]A ,M,D,H = ⋅ [P ] (5.1)
[PNCEP ]M NCEP A,M,D,H
onde [P]A,M,D,H e [PNCEP]A,M,D,H são, respectivamente, as precipitações corrigida e do
NCEP/NCAR para a hora H, dia D, mês M e ano A, [POBS]M e [PNCEP]M são as
precipitações observada e do NCEP/NCAR correspondentes ao mês M. Esse trabalho
63
foi realizado pelo Center for Ocean Land Atmosphere (COLA) e, por esse motivo,
daqui em diante essa precipitação será identificada por COLA. Essa base de dados cobre
o período de 1979 a 1999. Entretanto apenas a precipitação do período de 1979 a 1990
possui qualidade adequada para ser utilizada na modelagem como será visto adiante.
A precipitação proveniente de bases de dados alternativas tem sido estudadas
com o objetivo de suprir a escassez de informações em bacias não monitoradas como na
Amazônia. COSTA e FOLEY (1998) testaram seis bases de dados na estimativa da
precipitação média das bacias Amazônica e do rio Tocantins: três baseadas em
informações de pluviômetros, uma baseada em informação de satélite e duas em
reanálises (inclusive do NCEP). Os resultados indicaram que as reanálises apresentam
um padrão de precipitação anual semelhante às demais bases. Verificou-se, entretanto,
que os valores da precipitação das reanálises sofrem influência da representação da
topografia nos NWP’s. Isso reflete diretamente na precipitação da região próxima e no
eixo da Cordilheira dos Andes.
Alguns trabalhos visam a utilização, em simulação hidrológica, de precipitação
calculada por modelos atmosféricos. KITE (1997) utilizou informações dos NWP’s
RFE (Regional Finite Element) do Canadian Meteorological Centre e MC2 (Mesoscale
Community Compressible Model) na modelagem da bacia do rio Columbia no Canadá
com o modelo SLURP. KITE e HABERLANDT (1999) utilizaram, também, o modelo
SLURP na bacia do rio Mackenzie (Canadá) com dados do Canadian Climate Centre
Global Circulation Model (CCC GCM), RFE NWP e reanálises do NCEP/NCAR. Além
da precipitação, KITE e HABERLANDT (1999) utilizaram temperatura do ar, umidade
do ar e radiação para o cálculo da evapotranspiração. As simulações com informações
do RFE NWP e do CCC GCM apresentaram, respectivamente, os melhores e piores
resultados. NASONOVA e GUSEV (2005) também utilizaram informações
hidrometeorológicas do ISLSCP e do Model Parameter Estimation Experiment
(MOPEX) em doze bacias dos Estados Unidos. Compararam-se os resultados das duas
bases de dados entre si e com os dados observados. As análises dos resultados
permitiram visualizar a aplicabilidade dos dados globais para simulação do escoamento
em nível regional.
Para que se tivesse a noção exata da qualidade dos dados de precipitação
fornecidos pelo COLA, foi realizado o cálculo da precipitação média anual na área de
estudo com outras fontes de dados. Primeiramente, comparou-se a precipitação do
COLA com a chuva medida pela ANA na parte brasileira da bacia. Nas simulações com
64
o modelo, não se utilizaram os dados do COLA na parte brasileira da bacia, mas se
realizou essa comparação com o intuito de melhor avaliar a qualidade desses dados.
Para a parte da bacia localizada fora do Brasil, a comparação foi realizada com
precipitação levantada por instituições e projetos de pesquisa internacionais.
Figura 5.3 – Bacia do rio Madeira e a parte brasileira da bacia utilizada na comparação
65
450
350
300
Precipitação (mm)
250
200
150
100
50
0
jan/79 jan/81 jan/83 jan/85 jan/87 jan/89 jan/91 jan/93 jan/95 jan/97 jan/99
T empo (mês)
Figura 5.4 – Variação da precipitação média mensal na área de estudo de 1979 a 1999
A diferença de qualidade dos dados do COLA nesses dois períodos pode ser
observada, também, ao se plotar a precipitação média mensal de longo período de 1979
a 1990 e de 1991 a 1999, as quais são mostradas nas Figuras 5.5 e 5.6.
400
350 ANA (79-90) COLA (79-90)
300
Precipitação (mm)
250
200
150
100
50
0
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12
Mês
Figura 5.5 – Precipitação média mensal de longo período na área de estudo (1979-1990)
66
400
350
ANA (91-99) COLA (91-99)
300
Precipitação (mm)
250
200
150
100
50
0
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12
Mês
Figura 5.6 – Precipitação média mensal de longo período na área de estudo (1991-1999)
P anual (mm)
1250-1500
1500-1850
1850-1950
1950-2050
2050-2150
2150-2250
2250-2350
2350-2450
2450-2550
2550-2650
2650-3100
67
bacias que não recebem influência da vazão em Porto Velho, logo, são mais importantes
para a avaliação. A Figura 5.8 apresenta os hidrogramas observado e calculado na
estação de Faz. Vista Alegre. Nas duas simulações com precipitação da ANA e do
COLA, utilizaram-se o mesmo conjunto de parâmetros.
68
5.2.3. Porções boliviana e peruana da bacia
Na parte da bacia do rio Madeira localizada fora do Brasil, não foi possível o
acesso aos dados diários de precipitação. Logo, a comparação dos dados produzidos
pelo COLA foi feita com valores mensais levantados por outras fontes: HiBAm,
Climatic Research Unit (CRU) e Global Precipitation Climatology Project (GPCP).
HIEZ et al. (1991), no âmbito do projeto HiBAm, realizaram um trabalho de
consistência e homogeneização dos dados de chuva na bacia Amazônica para o período
de 1968 a 1998 utilizando o método do vetor regional. No entanto, na bacia do Madeira,
a série de algumas estações estende-se apenas até meados da década de 1980. A Figura
5.9 mostra a distribuição espacial das estações compiladas pelo HiBAm na bacia do rio
Madeira.
A série mensal da CRU é fruto de um trabalho que utilizou estações
meteorológicas para gerar valores em uma grade de 0,5° e que cobre o período de 1901
a 2002 (MITCHELL e JONES, 2005). Algumas das variáveis levantadas são
precipitação, temperatura e pressão de vapor. A CRU é uma instituição de pesquisa em
mudanças climáticas vinculada à Universidade de East Anglia, Inglaterra.
A base de dados do GPCP foi construída a partir de medições de estações
pluviométricas combinadas com estimativas de chuva de satélite. Esses dados foram
elaborados pela NASA/Goddard Space Flight Center's Laboratory for Atmospheres
como uma contribuição ao GEWEX (ADLER et al., 2003).
Figura 5.9 – Estações pluviométricas compiladas pelo HiBAm na bacia do rio Madeira
69
A análise foi feita comparando-se as quatro fontes de dados em cada sub-bacia
em que foi dividida a bacia do Madeira na Bolívia e no Peru. As sub-bacias são
mostradas na Figura 5.9. A precipitação média anual foi calculada utilizando-se o
período de 1985 a 1990 para os dados do COLA, de 1984 a 1990 para os dados da
CRU, de 1979 a 1999 para o GPCP e, para o caso do HiBAm, utilizou-se o período
disponível, pois em algumas estações os dados se estendem por poucos anos. Os valores
da precipitação média anual de cada fonte de dados em todas as sub-bacias são
mostrados na Figura 5.10.
Conforme pode ser visto pela Figura 5.10, a precipitação calculada com os dados
do COLA são muito próximos da precipitação calculada com a base do HiBAm, com
exceção da Sub-bacia 5. Uma análise dessa sub-bacia mostrou que há indícios de que a
explicação para o baixo valor encontrado com os dados do COLA está na subestimação
da precipitação nos pontos que se encontram no Peru.
3000
2500
Precipitação anual (mm)
2000
1500
HiBAm
1000
COLA 85-90
500 CRU 84-90
GPCP 79-99
0
1 2 3 4 5
Sub-Bacias
70
utilizando-se a mesma distribuição temporal da precipitação original do COLA. A
expressão é semelhante à utilizada por DIRMEYER e TAN (2001) (equação 5.1):
VD , M , A ( COLA )
PD , M , A = ⋅ VM , A ( CRU ) (5.2)
VM , A ( COLA )
71
Deve-se ressaltar que o uso da precipitação determinada a partir de reanálises
não é a situação ideal, pois, apesar de terem sido corrigidos, esses dados são de
qualidade inferior aos dados medidos nas estações pluviométricas. Os dados do COLA
só foram utilizados em virtude da impossibilidade de obtenção dos dados das estações
do Peru e Bolívia. Em ambos os países, os dados não estão disponíveis em formato
digital e a política de distribuição dos dados é muito diferente da praticada no Brasil,
onde a ANA permite que qualquer indivíduo tenha acesso às informações hidrológicas
levantadas.
72
Para o cálculo da evapotranspiração potencial, além dos dados do ISLSCP, há
ainda os dados disponibilizados pelo COLA. Esses dados foram levantados juntamente
com a precipitação utilizada na parte da bacia localizada fora do Brasil. A temperatura
do ar foi corrigida com os dados observados de WEBBER e WILLMOTT (1998). A
base de dados do COLA não fornece pressão de vapor diretamente, mas sim, umidade
específica, a qual foi ajustada a partir da temperatura. A conversão para pressão de
vapor foi realizada posteriormente. A pressão atmosférica e velocidade do vento não
foram corrigidas. Os valores utilizados são os fornecidos pelas reanálises do
NCEP/NCAR. Quanto à radiação líquida, há disponibilidade de valores mensais
provenientes de simulações com esquemas de superfície, que utilizam as informações
climatológicas das reanálises do NCEP/NCAR como dados de entrada. Assim como os
dados do ISLSCP, a resolução espacial é de 1,0° x 1,0°.
A área de estudo foi a mesma destacada na Figura 5.3 e o período utilizado
cobre os anos de 1986 a 1990. Nos cálculos realizados, quando necessário, admitiu-se
que a cobertura vegetal era floresta (principal cobertura na bacia).
A Figura 5.12 mostra a variação da evapotranspiração potencial média mensal
do período calculada com as duas fontes de dados. O resultado mostrou que há uma
diferença sistemática, com a evapotranspiração potencial calculada com os dados do
ISLSCP superior a do COLA, com exceção dos meses de agosto e setembro. A média
anual da evapotranspiração foi de 1278 e 1099 mm.ano-1, respectivamente, para ISLSCP
e COLA.
140
120
110
100
90
80
70
60
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12
Mês
Figura 5.12 - Variação da evapotranspiração potencial média mensal entre Porto Velho
e Faz. Vista Alegre (1986-1990)
73
Segundo MARQUES et al. (1980), a evapotranspiração real na bacia Amazônica
deve estar entre 1146 e 1260 mm.ano-1. As informações climatológicas do ISLSCP
fornecem valores de evapotranspiração potencial mais próximo dos sugeridos na
literatura. Por esse motivo, deve-se, preferencialmente, utilizar essa fonte de dados.
Altimetria
74
1 km, cobre toda a América do Sul e foi coletada no período de abril de 1992 a março
de 1993.
75
6. CALIBRAÇÃO E VERIFICAÇÃO DO MODELO
76
colocados em cada grupo conforme sua característica. A Figura 6.2 mostra a
distribuição dos solos na bacia.
80 0 80 160 km
77
Tabela 6.2 - Grupos de solo criados a partir de características de profundidade e textura
Grupo Tipos de solo Proporção (%)
Argissolo
Alissolo
Plintossolo
Argissolo 49,20
Gleissolo
Chernossolo
Neossolo Regolítico
Planossolo
Latossolo
Latossolo Neossolo Quartzarênico 21,05
Neossolo Litólico
Solo raso Cambissolo 29,35
Luvissolo
Água Água 0,40
Argissolo
Latossolo
Solo raso
Água
78
classes de tipo de solo e cobertura vegetal resultou em 20 blocos, os quais foram
reagrupados de acordo com suas características e proporção. A Tabela 6.4 relaciona os
blocos resultantes do reagrupamento e que foram utilizados na modelagem. A Figura
6.4 mostra a distribuição espacial dos blocos.
79
Floresta
Pastagem
Cerradão
Cerrado
Água
Argissolo e floresta
Latossolo e floresta
Solo raso e floresta
Pastagem
Argissolo e Cerradão
Solo raso e Cerradão
Argissolo e Cerrado
Solo raso e Cerrado
Água
80
Quanto à interpolação espacial da precipitação, o modelo possui duas opções:
inverso do quadrado da distância e interpolação por Thiessen. A chuva é interpolada
para cada célula. Nas simulações realizadas, utilizou-se o inverso do quadrado da
distância, que é expresso por:
P1 ⋅ 1 d 12 + P2 ⋅ 1 d 22 + ... + Pn ⋅ 1 d 2n
P= n
1 (6.1)
∑ 2
i =1 d i
81
(B0). Tomando-se por base o trabalho de RIBEIRO NETO (2001), atribuiu-se o valor de
0,030 para o coeficiente de Manning. A vazão de referência é calculada multiplicando-
se a área de drenagem da célula pela vazão específica da bacia que é igual a 24 l.s-1.km-2
e a largura do rio é calculada com uma função que relaciona área de drenagem e largura
dos rios nas estações fluviométricas. Ao todo, utilizaram-se 33 estações cujas áreas
variam de 946 km2 a 1.324.727 km2.
Com respeito à calibração dos demais parâmetros, esse processo pode ser feito
de duas formas: manual ou automática. A calibração automática utiliza algoritmos
genéticos que consideram múltiplos objetivos na determinação dos parâmetros. Nas
duas formas de calibração, dois arquivos devem ser preparados: arquivo de parâmetros
fixos e arquivo de parâmetros calibráveis.
Os parâmetros fixos são o IAF, a altura média da vegetação (h) (para o cálculo
da resistência aerodinâmica – ra) e a resistência superficial (rs). Caso se utilizem valores
de insolação para calcular a radiação líquida, deve-se acrescentar o albedo entre os
parâmetros fixos. O arquivo deve conter o valor médio de cada mês do ano em cada
bloco de uso e tipo de solo. A Tabela 6.5 mostra os valores adotados para esses
parâmetros. O IAF foi medido por HONZÁK et al. (1996) e ROBERTS et al. (1996),
altura da vegetação foi obtida de WRIGHT et al. (1996) e valores da resistência
superficial são indicados por SHUTTLEWORTH (1993). Além disso, tomaram-se por
base, também, os valores utilizados por COLLISCHONN (2001) e SILVA (2005) em
simulações com o MGB-IPH.
82
6.2.2. Parâmetros calibráveis
Parâmetro b
83
O valor de b pode variar de 0 a 1,2. O valor zero corresponderia a uma área
totalmente homogênea. Ao se aumentar b, considerar-se-ia que a área possui um
comportamento mais heterogêneo com relação à infiltração.
Parâmetros CS e CI
TKS = C S ⋅ Tind
TKI = C I ⋅ Tind (6.2)
TKB = C B ⋅ 86400
0 , 385
⎛ L3 ⎞
Tind = 3600 ⋅ ⎜⎜ 0,868 ⋅ ⎟ (6.3)
⎝ ∆H ⎟⎠
onde L é a largura da célula e ∆H a diferença de altura entre os pontos mais alto e mais
baixo da célula determinado, neste trabalho, com o MNT. Os parâmetros CS e CI são
calibrados, enquanto o parâmetro CB pode ser estimado por meio da seguinte fórmula:
ND
CB = − ⋅ 86400
⎛Q ⎞ (6.4)
ln⎜⎜ FR ⎟⎟
⎝ Q IR ⎠
84
início da recessão e QFR é a vazão no final da recessão.
Índice que representa a distribuição dos poros no solo e, por esse motivo,
depende da textura do solo. Esse parâmetro é utilizado na geração do escoamento sub-
superficial (equação 3.24). Em virtude da baixa sensibilidade de XL, adotou-se um
valor médio entre a areia (0,694) e a argila (0,165) para todos os blocos: XL = 0,40.
∑ (Q − Q calc )
2
obs
R 2
= 1− (6.5)
∑ (Q ) 2
obs − Q obs
∑ (ln(Q ) − ln(Q ))
2
obs calc
R log =1− (6.6)
∑ (ln(Q ) − ln(Q ))
2
obs obs
∆V =
∑ Q −∑ Q
calc obs
(6.7)
∑Q obs
85
modelo se inicia em janeiro, mês em que a precipitação é máxima. Entretanto, a
umidade do solo não acompanha a distribuição temporal da precipitação e, por esse
motivo, admitiu-se que apenas metade da capacidade de armazenamento do solo está
ocupada.
Os valores dos parâmetros foram atribuídos para cada bloco de tipo de solo e
cobertura vegetal. Nas cinco primeiras bacias, localizadas na Bolívia e Peru, os valores
dos parâmetros relacionados aos blocos, modificaram-se de uma bacia para outra.
Entretanto, na parte brasileira da bacia do Madeira, de Porto Velho a Faz. Vista alegre
(Figura 5.1), utilizou-se o mesmo conjunto de parâmetros para o mesmo bloco em todas
as bacias. Os limites adotados para os parâmetros na calibração automática são
mostrados na Tabela 6.6.
86
Os hidrogramas observado e calculado em Abunã apresentados na Figura 6.6
resumem o desempenho do modelo na parte da bacia situada na Bolívia e Peru. Os
hidrogramas em Faz. Vista Alegre (exutório da bacia) são mostrados na Figura 6.7 e dá
uma idéia global do desempenho do modelo. Os hidrogramas de todas as bacias são
apresentados no Anexo A. As estatísticas de todas as sub-bacias são mostradas na
Tabela 6.7 tanto para a calibração como para a verificação. Os valores dos parâmetros
calibrados são relacionados no Anexo B.
50000
Verificação Calibração
45000
Observado
40000
Calculado
35000
Vazão (m3/s)
30000
25000
20000
15000
10000
5000
0
01/01/84 31/12/84 31/12/85 31/12/86 31/12/87 30/12/88 30/12/89 30/12/90
Tempo (dias)
75000
Verificação Calibração
67500
Observado
60000
Calculado
52500
Vazão (m3/s)
45000
37500
30000
22500
15000
7500
0
01/01/84 31/12/84 31/12/85 31/12/86 31/12/87 30/12/88 30/12/89 30/12/90
Tempo (dias)
87
6.3. INCERTEZAS
88
A base do COLA utilizada nas simulações apresentadas aqui é uma boa
alternativa, mas necessita de maiores estudos para garantir que os volumes de
precipitação utilizados no modelo são o mais próximo possível da realidade. Um
sintoma de que a precipitação do COLA necessita de mais avaliações é o fato de que,
principalmente nos resultados da verificação, há uma subestimação sistemática da vazão
calculada. Situação mais crítica foi observada nos anos de 1984 e 1985, em que a vazão
de pico calculada é sensivelmente inferior à observada. Em Faz. Vista Alegre, por
exemplo, essa diferença chega a 27.000 m3.s-1. Esse mesmo problema foi observado nas
simulações realizadas no âmbito do GSWP, em que os 10 modelos testados na bacia
Amazônica apresentaram vazão subestimada (conforme discutido no Capítulo 2).
A disponibilidade de dados climatológicos para o cálculo da evapotranspiração é
muito restrita e, por esse motivo, fica difícil comparar os resultados com outras fontes.
Uma forma de se tentar mensurar a incerteza no cálculo da evapotranspiração é
comparando-a com outras medições realizadas na Amazônia. No Capítulo 7, promove-
se uma discussão envolvendo os resultados obtidos com o MGB-IPH e com outras
fontes de dados.
Quanto aos dados de vazão nos rios, algumas estações fluviométricas
apresentam comportamento que podem ter influenciado o resultado das simulações
com, por exemplo, Manicoré no rio Madeira e Boca do Guariba no rio Aripuanã. No
caso da bacia correspondente à estação fluviométrica de Manicoré, o maior problema
está no cálculo dos volumes observados, pois há uma subestimação da vazão calculada.
A ANA, a partir de janeiro de 1990, passou a utilizar uma curva-chave que fornece
vazões menores. Faz-se importante uma análise mais cuidadosa da curva-chave
utilizada antes de 1990. Caso se confirme que a vazão nessa estação é inferior à
utilizada, os resultados podem melhorar, uma vez que a vazão calculada deixará de ser
subestimada.
Com respeito à sub-bacia de Boca do Guariba no rio Aripuanã (Figura 5.1),
analisou-se a localização da estação e a sua curva-chave, mas não se observou nada que
pudesse justificar os erros encontrados. No entanto, deve-se ressaltar que melhores
resultados foram obtidos com estações pertencentes às sub-bacias que compõem o rio
Aripuanã e que não foram utilizadas na calibração (estações de Concisa e Bom
Destino). Maiores detalhes a respeito dos resultados nessas estações são apresentados no
Capítulo 8.
89
Para a redução da incerteza relacionada à vazão nos rios, é necessária uma
análise acurada da série utilizada: verificação da curva-chave empregada, possíveis
modificações na régua da estação, análise de consistência dos dados de vazão. Além da
estação de Faz. Vista Alegre, como observado no item 5.1, pode ser que outras estações
possuam curva-chave com relação do tipo não-unívoca. A correção dessa falha pode
resultar em uma redução das vazões que, por conseqüência, conduz a um melhor ajuste
entre valores observados e calculados.
Análise de sensibilidade
90
valor originalmente calibrado. Nas situações em que o parâmetro de alguma das sub-
bacias atingisse o limite recomendável, fixou-se o seu valor no limite (conforme Tabela
6.6). As Figuras 6.8 a 6.10 apresentam a variação dos critérios de avaliação (R2, Rlog e
∆V) com respeito à variação do parâmetro. Quanto maior a variação da curva nas
Figuras 6.8 a 6.10, maior será a sensibilidade do parâmetro. Os resultados obtidos
mostraram grande semelhança com os resultados encontrados por COLLISCHONN
(2001), com os parâmetros Wm, CS e b apresentando os maiores graus de sensibilidade.
0,900
Coeficiente de Nash (R )
2
0,850 Wm
Parâmeto b
Kbas
0,800
Kint
Cs
0,750
Ci
0,700
0% 50% 100% 150% 200% 250% 300% 350% 400%
Variação do parâmetro
0,900
log )
0,850 Wm
Coef. log. das vazões (R
Parâmeto b
Kbas
0,800
Kint
Cs
0,750
Ci
0,700
0% 50% 100% 150% 200% 250% 300% 350% 400%
Variação do parâmetro
Figura 6.9 – Variação do coeficiente de Nash para os logaritmos das vazões (Rlog)
91
6
4
Erro no Volume (%) 2 Wm
0 Parâmeto b
Kbas
-2
Kint
-4
Cs
-6
Ci
-8
-10
0% 50% 100% 150% 200% 250% 300% 350% 400%
Variação do parâmetro
92
explicado pelo alto valor do parâmetro KBAS, diretamente relacionado à vazão de base
(QBAS). O valor elevado de KBAS encontrado na calibração pode ser uma tentativa de
compensar as baixas precipitações utilizadas nas simulações. Como discutido
anteriormente, a precipitação da base de dados do COLA utilizada nas sub-bacias
localizadas fora do Brasil pode estar subestimada. Por isso, ao se calibrar o modelo,
pode haver uma tendência de se utilizar valores de parâmetros que elevem a vazão. Para
as outras sub-bacias que apresentaram elevado valor de vazão na estiagem (Príncipe da
Beira e Guajará-Mirim), esse raciocínio, a princípio, não pode ser aplicado haja vista
que KBAS apresenta valores baixos. Entretanto, testes com séries de precipitação de
outras bases de dados podem conduzir a menores valores de vazão na estiagem.
Um fato importante que deve ser destacado na calibração realizada diz respeito
ao uso de um conjunto único de parâmetros nos blocos de uso para todas as sub-bacias
localizadas no Brasil. Isso é importante no caso de simulações que visem a avaliação
das conseqüências da mudança de cobertura vegetal, pois a modificação do valor do
parâmetro de um bloco qualquer poderá ser feita de forma global. Quando os valores de
parâmetros diferem de uma bacia para outra, torna-se difícil realizar essa modificação.
93
7. ESTUDO DOS PROCESSOS HIDROLÓGICOS
94
Uma parceria firmada entre Brasil e Inglaterra resultou na criação do ARME
(Amazon Region Micrometeorological Experiment), que permitiu o levantamento de
uma série de informações a respeito do comportamento hidro-meteorológico da floresta
Amazônica. Os experimentos ocorreram na Reserva Ducke a 25 km da cidade de
Manaus no período de setembro de 1983 a agosto de 1985. No período do experimento,
a precipitação que atravessa a vegetação correspondeu a 91% do total precipitado, sendo
que a precipitação que escoa pelos troncos correspondeu a 1,8% do total precipitado
(LLOYD e MARQUES, 1988). A interceptação da precipitação pela cobertura vegetal
foi de 428 mm no período do experimento, o que corresponde a 8,9% do total
precipitado (LLOYD et al., 1988). Os autores afirmam que os valores encontrados são
similares em magnitude aos observados em florestas temperadas, mas, em termos de
valores relativos, a interceptação foi considerada de baixo valor. Uma explicação pode
ser a grande heterogeneidade apresentada pela floresta mista da Amazônia em contraste
com a relativa homogeneidade de florestas de regiões temperadas. A heterogeneidade da
floresta dificulta a coleta de forma acurada.
UBARANA (1996) apresenta os resultados do projeto ABRACOS para estações
em Ji-Paraná (Rondônia) e Marabá (Pará) com intervalo de tempo semanal. Em Ji-
Paraná, a precipitação acima da vegetação foi de 3.564 mm e a interceptação total foi de
414 mm, que equivale a 11,6% da precipitação. Em Marabá, a precipitação acima da
vegetação foi de 1.650 mm e a interceptação total foi de 213 mm, que equivale a 12,9%
da precipitação.
UBARANA (1996) chegou à conclusão semelhante à de LLOYD et al. (1988)
no que diz respeito ao fato de que, apesar da interceptação na Amazônia ser alta, a sua
proporção com respeito à precipitação é pequena se comparada à interceptação
verificada em vegetação alta de regiões temperadas. De acordo com UBARANA
(1996), rapidamente a cobertura vegetal alcança sua saturação devido à estrutura foliar
formada por folhas que possuem uma camada cerosa (waxy layer) que tende a diminuir
a capacidade de armazenamento. Além disso, ROBERTS et al. (1996) destacam que o
IAF verificado na floresta Amazônica é relativamente inferior ao de outras florestas
tropicais como as localizadas no Panamá, Tailândia e Malásia. Provavelmente, isso se
deve à deficiência de nutrientes no solo da região Amazônica.
Outros estudos referentes à determinação da interceptação da precipitação foram
realizados por outras pesquisas na bacia. Um resumo dos resultados desses trabalhos é
apresentado na Tabela 7.1. Todos os experimentos foram realizados em área com
95
floresta e os valores variaram de 8,9% a 25,6% da precipitação total. Para FERREIRA
et al. (2005), a diferença nos valores encontrados entre diferentes pesquisas deve-se à
heterogeneidade da floresta, da estrutura morfológica variável da vegetação e o emprego
de diferentes metodologias.
A Figura 7.1 mostra a localização das áreas de estudo citadas na Tabela 7.1, bem
como as áreas citadas em outros trechos deste capítulo referentes aos outros processos
hidrológicos.
96
7.1.1. Resultados de interceptação obtidos com o modelo hidrológico
97
45
SSiB
40
MGB-IPH
35
30
Interceptação (mm)
25
20
15
10
0
jan/86 jul/86 jan/87 jul/87 jan/88 jul/88 jan/89 jul/89 jan/90 jul/90
T empo (mês)
98
1500
250
0
01/01/86 01/01/87 01/01/88 31/12/88 31/12/89 31/12/90 31/12/91
Tempo (dia)
7.2. EVAPOTRANSPIRAÇÃO
99
Brasil, principalmente, nos meses de março e dezembro. Isso indica a importância da
evapotranspiração da bacia Amazônica para a alimentação das cabeceiras das bacias dos
rios Paraná e Paraguai.
Na análise aqui apresentada, não se considerou a evaporação direta do solo em
virtude da pequena importância desse fenômeno em regiões florestadas. Em
experimento realizado por JORDAN e HEUVELDOP (1981) na bacia do rio Negro,
observou-se uma evaporação média de 3 mm por mês no período de estiagem, o que
confirma a pequena relevância da evaporação direta do solo.
Para calcular a evapotranspiração em toda a bacia Amazônica, MARQUES et al.
(1980) utilizaram o método aerológico, o qual se fundamenta no cálculo da divergência
do campo do fluxo de vapor d’água na troposfera. Com base nesse levantamento e em
trabalhos anteriores, que cobrem diversos períodos entre os anos de 1931 a 1975,
MARQUES et al. (1980) estimaram que a evapotranspiração real na Amazônia deve
estar entre 1146 e 1260 mm.ano-1 e que corresponde entre 70% e 80% da
evapotranspiração potencial. De forma semelhante, LEOPOLDO et al. (1987) também
compilaram uma série de experimentos realizados na Amazônia entre 1931 e 1982. De
acordo com esse levantamento, a evapotranspiração média considerando toda a bacia
corresponde a 55,9% da precipitação (1.240 mm.ano-1). Os trabalhos compilados por
MARQUES et al. (1980) e LEOPOLDO et al. (1987) utilizaram métodos como
Thornthwaite, Penman, balanço hídrico e aerológico. Além dessas técnicas, outra forma
de se estudar a evapotranspiração em grande escala (de forma não pontual) na
Amazônia é por meio de balanço hídrico ou uso de MCG’s (WERTH e AVISSAR,
2005).
Em virtude de seu bom embasamento físico, o método de Penman-Monteith têm
sido utilizado com sucesso na região (SHUTTLEWORTH (1988), ALVES et al. (1999)
e FISCH et al. (2000)). SHUTTLEWORTH (1988) aplicou esse método na Reserva
Ducke (AM) e utilizou variáveis climatológicas medidas no local como resistência
aerodinâmica e superficial. Os resultados indicam que, considerando-se todo o período,
50% do volume de água precipitado foi evapotranspirado. A evaporação da água
interceptada representou 25% do total da evapotranspiração, variando de 50% no
período chuvoso a 10% na estiagem. A evapotranspiração média mensal no período de
setembro de 1983 a setembro de 1985 foi de 110 mm que resulta em um total de 1320
mm por ano.
100
7.2.1. Resultados de evapotranspiração obtidos com o modelo hidrológico
Nas simulações realizadas, todo o volume interceptado foi evaporado, pois havia
energia suficiente para tal. A Figura 7.5 mostra a variação mensal da evapotranspiração
real calculada pelo modelo hidrológico e pelo SSiB. Verifica-se que os valores
calculados pelo MGB-IPH são sistematicamente superiores. Entretanto, percebe-se que
as duas curvas apresentam o mesmo comportamento no que tange à localização dos
pontos de máximo e mínimo. A evapotranspiração média anual no período foi de 1265
mm e 929 mm, respectivamente, calculados pelo MGB-IPH e SSiB. O coeficiente de
determinação das duas séries foi de apenas 0,2868. No modelo hidrológico, a
evapotranspiração média anual variou de 1184 mm na sub-bacia de Abunã a 1454 mm
na sub-bacia de Pedras Negras (ver Figura 5.1).
130
120
110
Evapotranspiração (mm)
100
90
80
70
60
MGB-IPH
50
SSiB
40
jan/86 jul/86 jan/87 jul/87 jan/88 jul/88 jan/89 jul/89 jan/90 jul/90
T empo (mês)
A evapotranspiração real (E) calculada com o modelo foi igual à potencial (EP),
ou seja, toda a energia disponível foi utilizada no processo de evapotranspiração, o que
resulta em uma razão E/EP igual a 1,0. Diante dessa característica das simulações e em
virtude do bom embasamento físico utilizado na formulação da equação de Penman-
Monteith, é possível afirmar que a evapotranspiração calculada com o modelo é
diretamente a real. Por exemplo, a equação de Penman-Monteith representa a resistência
aerodinâmica (dada pela equação 3.5) e a resistência à transpiração pela vegetação
(dada pela equação 3.9). Outras pesquisas reforçam essa afirmação conforme visto
anteriormente no trabalho de FISCH et al. (2000), que utilizaram o método de Penman-
Monteith como uma técnica para calcular a evapotranspiração real e compararam os
101
valores calculados com os valores medidos pelo projeto ABRACOS em Rondônia. De
forma semelhante, SHUTTLEWORTH (1988) também considerou os valores
calculados com o método de Penman-Monteith como evapotranspiração real. Diante do
exposto, fica convencionado que, neste texto, evapotranspiração equivale à
evapotranspiração real.
A Tabela 7.2 resume os valores de evapotranspiração encontrados por diferentes
trabalhos na Amazônia, juntamente com o resultado obtido pelo MGB-IPH. Grande
parte dos trabalhos foi realizada na Amazônia central, onde as taxas de precipitação são
maiores que na bacia do rio Madeira (SCHUBART et al. (1984), SHUTTLEWORTH
(1988), LESACK (1993), LEOPOLDO et al. (1995), MALHI et al. (2002)). Por esse
motivo, percentualmente com relação à precipitação, a evapotranspiração na bacia do
Madeira foi bastante superior aos outros trabalhos (66,4% de P), sendo comparável
apenas aos valores obtidos por SCHUBART et al. (1984) e LEOPOLDO et al. (1995)
(74,1% e 67,6% de P). Em ambos trabalhos, o alto valor obtido muito provavelmente
está relacionado ao fato de que a evapotranspiração foi obtida por meio de balanço
hídrico na bacia, em que se desconsidou a perda de volume por percolação para o
aqüífero.
Utilizando o método de Penman-Monteith, ALVES et al. (1999) encontrou o
valor de 1497 mm.ano-1 em área de floresta na Reserva Jaru (RO) entre janeiro de 1992
e outubro de 1993. A partir dos valores de precipitação disponibilizados pelo projeto
ABRACOS para a mesma área e período, verificou-se que a razão E/P é de 77,80%.
VICTORIA (2005), utilizando o método de Thornthwaite-Mather, encontrou uma razão
de 56,4% na bacia do rio Ji-Paraná (sub-bacia do rio Madeira). Isso indica que, de fato,
a evapotranspiração na bacia do Madeira possui maior proporção quando comparada
com outras regiões da Amazônia.
A Tabela 7.3 mostra o valor médio anual da evapotranspiração para os diferentes
blocos adotados nas simulações. A tendência é que a vegetação de maior porte
associada a solos com maior profundidade conduza a maiores taxas de
evapotranspiração.
A Figura 7.6 mostra a variação espacial da evapotranspiração média anual para o
período de 1986 a 1990. Os maiores valores são observados na porção centro-sul da
bacia na Bolívia, chegando a 1600 mm.ano-1. Os valores mais baixos encontram-se nos
Andes, enquanto que na parte mais baixa da bacia são verificados valores medianos,
variando entre 1100 e 1300 mm.ano-1.
102
Tabela 7.2 – Evapotranspiração medida em pesquisas na Amazônia (E em mm.ano-1)
E/P
Local Período Cobertura E Ref./Metodologia
(%)
1972- MARQUES et al.
Bacia Amazônica Várias 1260 54,0 (1980)/Método aerológico
1975
LEOPOLDO et al.
1931-
Bacia Amazônica Várias 1240 55,9 (1987)/Método de Penman,
1982 climatômico e Thornthwaite
San Carlos de Rio Set/75 a JORDAN e HEUVELDOP
Campina 1904 52,0 (1981)/Método do trítio
Negro (Venezuela) Ago/77
Bacia Modelo Fev/80 a SCHUBART et al.
Floresta 1548 74,1 (1984)/Balanço hídrico
(AM) Fev/81
Reserva Ducke Set/83 a SHUTTLEWORTH
Floresta 1320 50,0 (1988)/Penman-Monteith
(AM) Set/85
Fev/84 a LESACK (1993)/Balanço
Lago Calado (AM) Floresta 1120 39,0 hídrico
Fev/85
Bacia Barro Branco 1981 a LEOPOLDO et al.
Floresta 1493 67,6 (1995)/Balanço hídrico
(Res. Ducke) 1983
Reserva Cuieiras Set/95 a MALHI et al.
Floresta 1123 54,0 (2002)/Correlação de vórtices
(AM) Ago/96
Jan/92 a ALVES et al. (1999)/Penman-
Reserva Jaru (RO) Floresta 1497 - Monteith
Out/93
Jan/92 a ALVES et al. (1999)/Penman-
Reserva Jaru (RO) Pastagem 1132 - Monteith
Out/93
Bacia do rio Ji- 1995- VICTORIA
Várias 1153 56,4 (2005)/Thornthwaite-Mather
Paraná 1996
1986-
Bacia do Madeira Várias 929 - SSiB/Simulação
1990
1986-
Bacia do Madeira Várias 1279 66,4 Modelo MGB-IPH/Simulação
1990
Os valores médios das variáveis simuladas com o MGB-IPH são calculados para
cada célula em que o modelo foi discretizado. Para a obtenção de uma distribuição
espacial com maior resolução, utilizou-se o Sistema de Informações Geográfica
ArcView. No cálculo do valor da variável na nova resolução, utilizou-se o método do
inverso do quadrado da distância.
103
500 – 600 mm/ano
600 – 700
700 – 800
800 – 900
900 – 1000
1000 – 1100
1100 – 1200
1200 – 1300
1300 – 1350
1350 – 1400
1400 – 1450
1450 – 1500
1500 – 1600
1600 – 1650
104
entre os experimentos. MALHI et al. (2002) verificou que há uma diminuição da taxa
de evapotranspiração na época de estiagem na Reserva Biológica de Cuieiras (AM). Os
autores calcularam a relação E/Rn (Evapotranspiração/Radiação líquida) verificada no
período chuvoso (0,75-0,85) e aplicaram os valores na época de estiagem. Isso elevaria
o valor de E de 1123 para 1280-1450 mm.ano-1, indicando que o efeito da estiagem
sobre E varia de 13-23%. No experimento realizado por SHUTTLEWORTH (1988),
tanto no período chuvoso quanto na estiagem E/Rn é igual a 0,89. WERTH e AVISSAR
(2005) obtiveram essa relação para toda a Amazônia utilizando o MCG GISS da NASA,
e o MCG Goddard Earth Observing System (GEOS) com dados do Data Assimilation
Office (DAO) da NASA: MCG GISS igual a 0,7 (período chuvoso) e 0,2 (estiagem) e
MCG GEOS igual a 0,86 (período chuvoso) e 0,72 (estiagem). Na simulação com o
MGB-IPH, observou-se o inverso. A relação E/Rn foi inferior no período chuvoso (0,77
em média) e superior na estiagem (0,82 em média), indicando que não há limitação no
processo de evapotranspiração no período de estiagem.
HODNETT et al. (1995) apresentam estudo feito a partir de informações
coletadas pelo projeto ABRACOS na localidade de Fazenda Dimona (AM) em áreas
com cobertura florestal e pastagem. A transpiração foi determinada para o período de
julho de 1991 a fevereiro de 1992 por meio de balanço hídrico no solo. Na floresta, a
taxa de transpiração variou de 4,5 mm.dia-1 para um armazenamento no solo de 860 mm
a 3,5 mm.dia-1 para um armazenamento de 810 mm. Abaixo do armazenamento de 810
mm, a taxa de transpiração cai abruptamente, indicando que esse é o limite de
disponibilidade de água no solo até 2 m de profundidade e, assim, a transpiração passa a
ocorrer nas camadas inferiores do solo. Na área com pastagem, a taxa de transpiração
variou de 4,0 mm.dia-1 quando o solo apresentava armazenamento de 860 mm a 1,5
mm.dia-1 quando o armazenamento atingiu 805 mm. Os resultados mostraram que, na
área com floresta, a transpiração sofre menos influência da diminuição de umidade do
solo que as áreas com pastagem. Isso ocorre porque as raízes das florestas conseguem
alcançar maiores profundidades ao contrário da pastagem, cujas raízes se limitam à
camada superficial do solo.
Deve-se destacar, ainda, que, de acordo com FISCH et al. (2000) e WRIGHT et
al. (1996), em áreas com floresta na Amazônia, a resistência superficial não é afetada
pela umidade do solo em virtude da maior capacidade desse tipo de vegetação em
extrair água do solo mesmo na estiagem. WERTH e AVISSAR (2005) também chamam
atenção para o fato de que o controle estomático exercido pelas plantas, que limita a
105
perda por transpiração quando há uma diminuição da disponibilidade de água no solo, é
secundário quando comparado com a radiação líquida.
O resultado do modelo corrobora essa avaliação conforme mostrado na Figura
7.7, que apresenta a variação temporal da transpiração e da umidade do solo na bacia.
Verifica-se que os períodos de menor taxa de transpiração coincidem com altos valores
de umidade do solo, descartando, assim, o papel da umidade do solo como um fator
limitante para a transpiração da vegetação. Isso confirma a ausência de limitação da
evapotranspiração na estiagem, concedendo a esse processo uma característica de baixa
sazonalidade conforme mostrado na Figura 7.8. A amplitude anual é, em média, de 0,8
mm.dia-1.
A Figura 7.8 mostra a variação temporal da evaporação, a variação da
transpiração das plantas e a soma das duas variáveis, ambas calculadas com o MGB-
IPH. Ainda na Figura 7.8, pode-se visualizar a variação da precipitação e da radiação
líquida, em mm equivalente, na bacia do Madeira. Verifica-se que a evaporação da água
interceptada está em fase com a precipitação, pois somente quando chove há volume
disponível para o processo de evaporação. O processo de transpiração está em fase com
a variação da radiação líquida, cujo valor máximo ocorre cerca de dois meses antes da
precipitação máxima. Isso faz com que a transpiração seja mais dependente da radiação
líquida do que da precipitação ao menos no que diz respeito à sazonalidade da mesma.
Por meio da Figura 7.9, que mostra os valores médios diários de cada mês para E, P e
Rn na bacia do Madeira, é possível visualizar melhor a relação entre essas variáveis.
105 1500
100 ET W
1400
95
Umidade do solo (mm)
Transpiração (mm)
90 1300
85
1200
80
75 1100
70
1000
65
60 900
1/1/86 16/5/87 27/9/88 9/2/90
T empo
Figura 7.7 – Variação da transpiração mensal (ET) e umidade do solo diária (W) (ambas
calculadas com o MGB-IPH)
106
180 350
160
300
140
250
120
100 200
E (mm)
P (mm)
80 150
60
100
40
50
20
0 0
jan/86 jan/87 jan/88 jan/89 jan/90
T empo (mês)
E EI ET Rn P
6,0 12,0
10,0
5,0
8,0
E (mm/d)
P (mm/d)
4,0 6,0
E 4,0
3,0 Rn
P 2,0
2,0 0,0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Mês
107
(Tabela 7.4). Para SHUTTLEWORTH (1988), os menores valores de E no período
chuvoso deve-se à menor incidência de radiação líquida em virtude da grande presença
de nuvens nesse período. ALVES et al. (1999) atribui a diferença à menor velocidade
do vento no período chuvoso, que resulta em uma maior resistência aerodinâmica e,
conseqüentemente, uma menor evapotranspiração.
Por outro lado, os valores do modelo hidrológico estão em acordo com
HODNETT et al. (1995), VICTORIA (2004) e WERTH e AVISSAR (2004), que
encontraram os maiores valores de E no período chuvoso (Tabela 7.4). No trabalho de
HODNETT et al. (1995), cheia refere-se à umidade do solo máxima, seca à umidade do
solo mínima e a transpiração foi determinada por meio de balanço hídrico no solo.
VICTORIA (2004) utilizou o método de Thornthwaite-Mather e encontrou valores
máximos de evapotranspiração em outubro no início do período chuvoso. WERTH e
AVISSAR (2004) utilizaram três formas para calcular E para toda a Amazônia: método
de Penman-Monteith com dados do ISLSCP, o MCG GISS e o MCG GEOS com dados
da NASA/DAO.
108
O comportamento sazonal de E está relacionado, principalmente, ao local do
estudo, que pode sofrer maior influência da radiação líquida, resistência aerodinâmica,
umidade do solo ou resistência superficial (WERTH e AVISSAR, 2004). Por exemplo,
a Reserva Ducke (SHUTTLEWORTH, 1988), a Floresta de Caxiuanã (SOUZA FILHO
et al., 2005) e a Floresta Nacional de Tapajós (ROCHA et al., 2004), que apresentaram
maior valor de E na estiagem, encontram-se aproximadamente na mesma latitude.
Nesses locais, no período chuvoso, a alta nebulosidade tende a diminuir o valor da
radiação líquida na superfície. Com respeito à bacia do Madeira, de acordo com os
resultados obtidos com o MGB-IPH, verificou-se que há pequena sazonalidade no valor
de E e as variáveis que mais influenciam essa sazonalidade são a radiação líquida e a
interceptação (ambas maiores no período chuvoso). Os resultados levam a crer que, na
bacia do Madeira, a influência da nebulosidade sobre o valor da radiação líquida é
menor que na região central da Amazônia conforme mostrado na Figura 7.9.
109
por meio do uso de lonas de plástico instaladas a 1 m de altura. O solo da área
manipulada registrou menor percolação e a umidade da camada superior de solo (200
cm) apresentou redução de 100 a 150 mm.
Alguns trabalhos têm sido desenvolvidos com o intuito de melhorar o
entendimento da dinâmica da umidade do solo na Amazônia. HODNETT et al. (1995)
discutem a variação sazonal do armazenamento de água no solo na Amazônia central
(Fazenda Dimona) em áreas cobertas com floresta e pastagem. As principais
características levantadas são:
9 A floresta consegue abstrair água de profundidades maiores que 2,0 m e
provavelmente abaixo de 3,6 m, enquanto que as áreas de pastagem não
conseguem abstrair água abaixo de 1,5 m;
9 As medições de umidade do solo confirmaram a baixa disponibilidade de
água apesar de o solo possuir alta proporção de argila. Isso explica a
necessidade da floresta expandir suas raízes tão profundamente;
9 A variabilidade espacial do armazenamento de água no solo foi
significativamente maior na pastagem. Isso ocorre em função da
redistribuição da chuva exercida pelo escoamento superficial ser mais forte
nesse tipo de cobertura.
9 O latossolo, principal tipo de solo da bacia, possui uma característica mista
na Amazônia. Com respeito ao movimento da água, comportam-se como
areia em baixas tensões, mas retém água como as argilas sob altas tensões.
110
Outra observação importante presente no trabalho de HODNETT et al. (1996)
diz respeito ao fato de que as áreas com pastagem foram afetadas pelo déficit de água no
solo, no fim do período de estiagem, em maior grau em Manaus (onde a
evapotranspiração na estiagem foi de 1,2 mm.dia-1) e Marabá (evapotranspiração de
0,61 mm.dia-1) e em menor grau em Ji-Paraná (evapotranspiração de 2,5 mm.dia-1).
Após análise realizada com os dados do projeto ABRACOS, foi possível
determinar a umidade do solo média para os três locais de medição. A Tabela 7.6
mostra os valores encontrados. Em todos os locais, as medições foram realizadas
considerando-se uma profundidade de 3,6 m, com exceção da pastagem em Manaus,
onde se considerou apenas 2,0 m de profundidade.
MALHI et al. (2002), em trabalho realizado na Reserva Biológica de Cuieiras no
Estado do Amazonas, executaram medições de umidade do solo no período de setembro
de 1995 a agosto de 1996. A Reserva Cuieiras possui solo do tipo latossolo amarelo e
floresta densa com altura de cerca de 30 m. Na faixa de 4 metros de profundidade, a
umidade variou de 1904 mm a 2047 mm e o máximo déficit de umidade verificado foi
de 145,7 mm em outubro de 1995 (na época de estiagem). O valor médio no período de
estudo foi de 2005 mm.
ZENG (1999) utilizou informações de reanálises da NASA/Goddard Earth
Observing System (GEOS-1) e vazão das estações fluviométricas da bacia para
determinar a variação do armazenamento de água no solo para toda a bacia Amazônica.
A amplitude média anual do armazenamento no solo foi de 200 mm no período de 1986
a 1993.
111
armazenamento de 510 mm e a área com pastagem 410 mm. Os autores afirmam que
essa característica é comum na Amazônia e ajuda a explicar porque a floresta mantém-
se verde mesmo em locais que possuem extenso período de seca.
SOMMER et al. (2003) em trabalho realizado em área de floresta secundária no
município de Igarapé-Açu (PA), fizeram uso de medições em campo e de um modelo
SVAT para determinar o processo de retirada de água do solo pelas raízes. Verificou-se
que durante os dois anos de análise (1997-1998), as raízes retiraram água de até 6 m de
profundidade, sendo que cerca de 72% do total transpirado foi retirado dos 0,9 m
superiores, 12% da camada entre 0,9 e 3,0 m e 15% da camada entre 3,0 e 6,0 m.
Em levantamentos realizados na Reserva Ducke, CHAUVEL et al. (1992)
também observaram que as raízes da floresta alcançam 6 m de profundidade. O uso de
traçador mostrou alta retirada de água a 3,5 m de profundidade. Após 377 dias da
injeção, o traçador estava a 4 m de profundidade. Como há retirada de água abaixo de 6
m, supõe-se que o ciclo hidrológico na área de estudo é interanual em função do papel
exercido pelas raízes.
HODNETT et al. (1996) estimaram que 38% e 51% da transpiração em Marabá
e Ji-Paraná, respectivamente, correspondem à água presente nas camadas abaixo de 3,6
m. Esses valores referem-se à estação seca de 1993 e foram estimados considerando
uma taxa de transpiração de 3,5 mm.dia-1 e que não há stress hídrico no solo.
112
Tabajara, o modelo determinou umidade do solo média de 692 mm para o bloco
argissolo/floresta e 260 mm para o bloco pastagem. O valor médio considerando toda a
bacia do rio Ji-Paraná foi de 840 mm, que é mais próximo do valor encontrado em Ji-
Paraná para a floresta.
1600
MGB-IPH
1400
SSiB
Umidade do solo (mm)
1200
1000
800
600
400
200
jan/86 jul/86 jan/87 jul/87 jan/88 jul/88 jan/89 jul/89 jan/90 jul/90
T empo (mês)
Com respeito à variação sazonal da umidade do solo, como pode ser visto na
Figura 7.11, há uma defasagem de 2 a 4 meses entre a umidade e a precipitação. Na
Figura 7.11, verifica-se, ainda, como a umidade do solo foi afetada pela ocorrência de
anos sob a influência do fenômeno ENSO. Os anos de 1983 e 1987, de acordo com JIPP
et al. (1998), são influenciados pelo El Niño e apresentam precipitação anual inferior à
113
média histórica. Verifica-se que, após um ano com El Niño, a umidade do solo demora
certo tempo para voltar a um nível de armazenamento mais próximo do normal.
Situação mais drástica ocorreu em 1987, em que o valor da umidade do solo caiu para
941 mm e, apesar de 1988 conseguir recuperar umidade, os valores mínimos dos anos
de 1988 a 1990 apresentam lenta recuperação com relação ao mínimo atingido em 1987.
Esse comportamento está de acordo com as observações realizadas por JIPP et al.
(1998) em Paragominas (PA) e ZENG (1999) em toda a bacia Amazônica.
1500 400
W diário P mensal
1400 350
300
Precipitação (mm/mês)
1300
Umidade do solo (mm)
250
1200
200
1100
150
1000
100
900 50
800 0
1/1/83 31/12/84 31/12/86 30/12/88 30/12/90
T empo
114
Período de estiagem Período de cheia
115
modelar algumas sub-bacias do rio Negro com o modelo TOPMODEL, encontrou
proporções de área saturada com valores médios que variaram de 2,4% no rio Negro em
Cucui (área de 71.061 km2) a 11,4% no rio Branco em Caracaraí (área de 19.189 km2)
(ver Figura 7.1).
45,00
40,00 Abunã
Média
35,00
Príncipe da Beira
30,00
Área saturada (%)
25,00
20,00
15,00
10,00
5,00
0,00
1/1/86 1/1/87 1/1/88 31/12/88 31/12/89 31/12/90
T empo (dias)
Figura 7.13 – Variação temporal da porcentagem de área com solo saturado (calculada
com o MGB-IPH)
116
Período de estiagem Período de Cheia
Brasil
Peru Peru
Bolívia Bolívia
0–5% 20 – 25%
5 – 10% 25 – 30% 200 0 200 400 km
10 – 15% 30 – 35%
15 – 20% 35 – 40%
Figura 7.15 – Variação da vazão em Faz. Vista Alegre conforme sua origem (calculada
com o MGB-IPH)
117
para a vazão superficial, sub-superficial e subterrânea. A variação da vazão em Faz.
Vista Alegre conforme sua origem é mostrada na Figura 7.15. Verifica-se claramente a
predominância da vazão proveniente do escoamento superficial.
Wk = Wk-1 + (P – E – Q) (7.1)
118
resistência superficial (rs) foi calculada em função da umidade do solo (equações 3.9 e
3.10). Os cálculos levaram em conta, também, a interceptação da precipitação pela
vegetação (mesma formulação do MGB-IPH – equações 3.1 a 3.4).
Os cálculos foram realizados com algumas das sub-rotinas do MGB-IPH em
linguagem Fortran, as quais tiveram que ser adaptadas. Por esse motivo, as etapas de
pré-processamento dos dados foram as mesmas do MGB-IPH. A bacia foi dividida em
15 sub-bacias cujas áreas variaram de 198.000 km2 a 982.198 km2. As sub-bacias foram
discretizadas em 489 células de 1° x 1°. A Figura 7.16 mostra as sub-bacias em que se
dividiu a bacia Amazônica e a Tabela 7.7 apresenta a descrição das mesmas.
119
meio da média ponderada dos valores da vazão das estações dos rios Içá e Japurá. As
estações fluviométricas utilizadas para o cálculo da vazão nas células são mostradas na
Figura 7.16. Vale ressaltar que, no valor de Q, dever-se-ia considerar a propagação do
escoamento gerado pela chuva dentro de cada sub-bacia. Uma vez que não se
considerou a propagação do escoamento, o valor de W é uma aproximação. Para
diminuir o efeito da propagação, o ideal seria a utilização de sub-bacias com a área
menor possível.
120
temporal da interceptação, evapotranspiração e umidade do solo a cada 1° terrestre no
interior da bacia (correspondente a cada célula). As Figuras 7.17 a 7.19 apresentam a
variação mensal na bacia Amazônica para essas três variáveis calculadas no balanço
hídrico e com o modelo SSiB (DIRMEYER e TAN, 2001).
35
30
Interceptação (mm/mês)
25
20
15
Balanço hídrico
10
SSiB
5
jan/86 jul/86 jan/87 jul/87 jan/88 jul/88 jan/89 jul/89 jan/90 jul/90
T empo (mês)
110
SSiB
100 Balanço hídrico
Evapotranspiração (mm/mês)
90
80
70
60
50
jan/86 jul/86 jan/87 jul/87 jan/88 jul/88 jan/89 jul/89 jan/90 jul/90
T empo (mês)
121
Essas mesmas variáveis referentes apenas à bacia do rio Madeira são mostradas
nas Figuras 7.20 a 7.22. Nesse caso, os valores calculados com o modelo hidrológico
também são apresentados. Complementarmente, apresentam-se nas Figuras 7.23 a 7.25
a variação das variáveis apenas na parte brasileira da bacia do rio Madeira.
1100
Balanço hídrico
1000
SSiB
Umidade do solo (mm)
900
800
700
600
500
400
jan/86 jul/86 jan/87 jul/87 jan/88 jul/88 jan/89 jul/89 jan/90 jul/90
T empo (mês)
Tabela 7.9 – Valores médios anuais (BH: balanço hídrico, MGB: MGB-IPH)
Interceptação Evapotranspiração Umidade do solo (mm)
Bacia (mm) (mm)
BH MGB SSiB BH MGB SSiB BH MGB SSiB
Bacia Amazônica 256 - 268 1010 - 858 669 - 851
Bacia do Madeira 226 232 239 1076 1265 929 667 1162 734
Porção brasileira 220 230 281 1190 1276 902 861 1052 1056
122
MGB-IPH e o SSiB apresentam valores muito próximos como pode ser visto na Figura
7.25 e na Tabela 7.9.
Uma forma de se avaliar a confiabilidade dos resultados obtidos é por meio da
verificação da conservação de massa: P deve ser igual a E+Q+∆W, onde ∆W é a
variação de W no período. O erro de volume (EV) é calculado com a expressão:
P − (E + Q + ∆W )
EV = ⋅ 100 (7.2)
P
Das 15 sub-bacias, 3 apresentaram erro superior a 10% (B1=-23,2%, B7=16,0%
e B15=11,8%) (ver sub-bacias na Figura 7.16). Nas demais, o erro variou de –7,6% a
8,5%. Considerando toda a bacia, o erro foi de 0,7%. Valores negativos indicam
subestimação da precipitação ou superestimação da vazão ou evapotranspiração (caso
das sub-bacias B1 e B2). As demais sub-bacias apresentaram erros de volume positivos,
o que indica superestimação da precipitação ou subestimação da vazão ou
evapotranspiração. No cálculo do balanço hídrico na Amazônia, esse tipo de erro é
normal em virtude da incerteza associada aos dados hidrometeorológicos. MARENGO
(2005) realizou cálculo do balanço de toda a bacia Amazônica, em que se utilizaram
dados de precipitação de várias fontes de dados (GHCN (Global Historical Climatology
Network), CMAP, GPCP, NCEP, LEGATES e WILLMOTT (1990), CRU e estações
pluviométricas), vazão proveniente de estações fluviométricas e evapotranspiração das
reanálises do NCEP/NCAR. O erro variou de 16,3% (com precipitação do GHCN) a -
38,5% (com precipitação do GPCP). Zeng (1999) obteve erro de –35% em balanço
realizado com reanálises da NASA/GEOS-1.
50
MGB-IPH
Balanço hídrico
40
Interceptação (mm/mês)
SSiB
30
20
10
0
jan/86 jul/86 jan/87 jul/87 jan/88 jul/88 jan/89 jul/89 jan/90 jul/90
T empo (mês)
123
150
MGB-IPH
135 Balanço hídrico
Evapotranspiração (mm/mês)
120 SSiB
105
90
75
60
45
jan/86 jul/86 jan/87 jul/87 jan/88 jul/88 jan/89 jul/89 jan/90 jul/90
T empo (mês)
1600
1300
Umidade do solo (mm)
1150
1000
850
700
550
400
jan/86 jul/86 jan/87 jul/87 jan/88 jul/88 jan/89 jul/89 jan/90 jul/90
T empo (mês)
50
MGB-IPH
40 Balanço hídrico
Interceptação (mm/mês)
SSiB
30
20
10
0
jan/86 jul/86 jan/87 jul/87 jan/88 jul/88 jan/89 jul/89 jan/90 jul/90
T empo (mês)
124
150
MGB-IPH
135
Evapotranspiração (mm/mês) Balanço hídrico
120 SSiB
105
90
75
60
45
jan/86 jan/87 jan/88 jan/89 jan/90
Tempo (mês)
1600
MGB-IPH
1450
Balanço hídrico
1300
Umidade do solo (mm)
SSiB
1150
1000
850
700
550
400
jan/86 jul/86 jan/87 jul/87 jan/88 jul/88 jan/89 jul/89 jan/90 jul/90
T empo (mês)
125
MARENGO (2005) encontraram valores de 82% e 74%. O valor obtido neste trabalho
foi de 47,7%, inferior a todos os outros, mas, assim como LEOPOLDO et al. (1987) e
MARQUES et al. (1980), próximo do valor de 50% esperado para a Amazônia
(MARENGO (2003) e SHUTTLEWORTH (1988)).
126
0 – 50 mm
50 – 100
100 – 200
200 – 300
300 – 400
400 – 500
500 – 600
600 – 700
700 – 800
800 – 900
900 – 1000
1000 – 1100
1100 – 1200
1200 – 1300
1300 – 1400
1400 – 1500
1500 – 1600
1600 – 1700
100 – 200 mm
200 – 300
300 – 400
400 – 500
500 – 600
600 – 700
700 – 800
800 – 900
900 – 1000
1000 – 1100
1100 – 1200
1200 – 1300
1300 – 1350
1350 – 1400
1450 – 1500
1500 – 1550
1550 – 1600
1600 - 1650
127
1300
1200
1100
Mês
Figura 7.28 – Variação média mensal da umidade do solo (BH: balanço hídrico,
Madeira – Br: parte brasileira da bacia do Madeira)
128
experimentos realizados na Amazônia variou de 153 mm a 724 mm, sendo que no
modelo hidrológico o valor foi de 349 mm. Em virtude da grande variabilidade dos
resultados encontrados em outras pesquisas, é difícil afirmar se os valores obtidos neste
trabalho estão próximo da realidade. Entretanto, pode-se considerar que os valores são
adequados para a Amazônia.
Com a intenção de se ter mais uma informação para ser utilizada para
comparação com os resultados do modelo hidrológico, realizou-se o balanço hídrico em
toda a bacia Amazônica com as mesmas informações hidrometeorológicas utilizadas na
modelagem. A comparação foi realizada em três níveis de escala espacial: bacia
Amazônica, bacia do Madeira e porção brasileira da bacia do Madeira.
A interceptação, em todos os níveis, apresentou valores muito próximos entre as
diferentes fontes avaliadas: MGB-IPH, balanço hídrico e SSiB. Quanto à
evapotranspiração, os valores do SSiB em todos os níveis mostraram-se sensivelmente
inferior às demais. Na parte brasileira da bacia do Madeira, a evapotranspiração
calculada com o MGB-IPH e o balanço hídrico apresentou a maior semelhança.
Quanto à umidade do solo, os valores do balanço hídrico e do SSiB mostraram-
se muito próximos na bacia do Madeira, enquanto que o MGB-IPH apresentou valores
sensivelmente superiores. Tomando-se apenas a parte brasileira da bacia, o MGB-IPH e
o SSiB apresentaram comportamento muito semelhante, enquanto o balanço hídrico
apresentou valores inferiores (Figura 7.25). O fato do MGB-IPH apresentar valores
muito superiores aos demais quando se considera toda a bacia do Madeira é um indício
de que houve uma superestimação da capacidade de armazenamento do solo. A razão
para isso pode estar relacionada às informações de tipo de solo dessa área utilizadas na
modelagem. A qualidade do mapa de solo derivado dos levantamentos realizados pelo
projeto RADAM Brasil é superior à qualidade do mapa de solos da FAO/UNESCO, que
foi utilizado nas porções boliviana e peruana da bacia do Madeira.
As análises e comparações realizadas entre os resultados do MGB-IPH e os
diversos experimentos e simulações com modelos permitem que se tenha uma noção da
capacidade do modelo representar os principais processos hidrológicos na bacia
Amazônica, bem como avaliar a qualidade dos dados utilizados nas simulações. Essa
análise pode ser considerada uma verificação complementar do modelo (além da
verificação apresentada no Capítulo 6). Esse processo de calibração-verificação-análise
dos resultados do modelo pode ser implementado na forma de retroalimentação. Por
exemplo, a partir dos resultados obtidos com o MGB-IPH, pode-se avaliar quais os
129
processos hidrológicos que apresentaram resultado pouco semelhante a outros estudos
na Amazônia. Pode-se tentar melhorar a estimativa ou levantamento dos dados de
entrada relacionados a esses processos. Em seguida, uma nova calibração do MGB-IPH
deve ser implementada e os resultados comparados novamente.
130
8. MUDANÇA DO USO DO SOLO E REGIONALIZAÇÃO DE VAZÃO
131
Tabela 8.1 – Desmatamento nos Estados brasileiros que compõem a bacia Amazônica
(km2.ano-1) – Fonte: INPE
Estados Acre Amapá Amazonas Mato Grosso Para Rondônia Roraima Total
77/88 620 60 1510 5140 6990 2340 290 16950
88/89 540 130 1180 5960 5750 1430 630 15620
89/90 550 250 520 4020 4890 1670 150 12050
90/91 380 410 980 2840 3780 1110 420 9920
91/92 400 36 799 4674 3787 2265 281 12242
92/94 482 - 370 6220 4284 2595 240 14191
94/95 1208 9 2114 10391 7845 4730 220 26517
95/96 433 - 1023 6543 6135 2432 214 16780
96/97 358 18 589 5271 4139 1986 184 12545
97/98 536 30 670 6466 5829 2041 223 15795
98/99 441 - 720 6963 5111 2358 220 15813
99/00 547 - 612 6369 6671 2465 253 16917
00/01 419 7 634 7703 5237 2673 345 17018
01/02 727 - 1016 7578 8697 3605 54 21677
02/03 549 4 797 10416 7293 3463 326 22848
30000
25000
Desmatamento (km 2 /ano)
20000
15000
10000
5000
0
77/88 88/89 89/90 90/91 91/92 92/94 94/95 95/96 96/97 97/98 98/99 99/00 00/01 01/02 02/03
Anos
132
A bacia do rio Ji-Paraná sofreu maior desmatamento devido ao avanço da
fronteira agropecuária no Estado de Rondônia conforme pode ser visto na Figura 8.2.
KRUSCHE et al. (2005) indicam as seguintes razões para esse avanço: entre 1970 e
1990 houve um impulso na ocupação de Rondônia com colonos vindos da região
Centro-Oeste; a pecuária bovina extensiva tornou-se a principal atividade econômica do
Estado de Rondônia; o solo da maior parte do Estado de Rondônia é velho e
intemperizado, com exceção da bacia do rio Ji-Paraná onde 60% do solo é do tipo
eutrófico, que é adequado para atividades agrícolas. O padrão da ocupação foi do tipo
“espinha de peixe” associada com a abertura de estradas (Figura 8.2).
Rio Ji-Paraná
Rio Madeira
Ji-Paraná
Áreas de desmatamentos
A mensuração dos impactos pode ser realizada por meio de estudos em bacias
experimentais ou utilizando-se modelos matemáticos. Usualmente, utilizam-se duas
bacias para a avaliação das mudanças. Tais bacias devem ser similares em termos de
133
área, morfologia, geologia, climatologia e uso do solo (ANDRÉASSIAN, 2004).
Primeiramente, devem-se monitorar as bacias por um período de tempo suficiente para
avaliação das diferenças e estabelecimento de uma relação entre o comportamento
hidrológico de ambas. Após o período inicial de calibração, uma das bacias
experimentais tem sua cobertura vegetal modificada. A relação construída entre as duas
bacias antes da modificação da cobertura será utilizada para avaliar o efeito sobre o
escoamento. ANDRÉASSIAN (2004), TUCCI (1998) e BOSCH e HEWLETT (1982)
citam uma série de trabalhos que utilizaram bacias experimentais, a grande maioria com
pequena extensão (0,01 a 25 km2). A partir de tais experimentos foi possível chegar a
importantes conclusões, mas os autores destacam que continua uma incógnita a
magnitude desses efeitos sobre o escoamento em grandes bacias, pois não há garantia de
que se possam extrapolar os resultados obtidos nas pequenas bacias.
Diante do exposto, percebe-se que a modelagem matemática pode auxiliar na
tarefa de avaliar os efeitos do desmatamento sobre grandes bacias. O uso de MCG’s
permite prever as modificações na precipitação, evapotranspiração e, por diferença
dessas duas variáveis, o escoamento gerado (runoff). Entretanto, esses modelos não são
capazes de fornecer informações mais detalhadas a respeito do escoamento, como por
exemplo, vazão mínima, média e forma do hidrograma, porque não contemplam a
propagação do escoamento. MANZI e PLANTON (1996) utilizaram o modelo ISBA em
conjunto com o MCG EMERAUDE, também desenvolvido pelo Météo-France, para
avaliar a substituição da vegetação original por pastagem degradada. O resultado da
modelagem mostrou uma redução da evapotranspiração, redução da precipitação em
algumas partes da bacia, mas crescimento no Norte, Sudoeste e Sudeste da Amazônia e
aumento do escoamento.
NOBRE et al. (1991) utilizaram o MCG COLA juntamente com o SVAT SiB
para avaliar as mudanças regionais do clima decorrentes da substituição da floresta por
pastagem. As simulações indicaram aumento da temperatura (1-3 °C), diminuição da
precipitação (20-30%), diminuição da evapotranspiração (20-40%) e diminuição da
vazão (18%). O comportamento da vazão após o desmatamento está em desacordo com
os trabalhos citados anteriormente porque a redução da precipitação foi superior à
redução da evapotranspiração decorrente de uma mudança regional do clima.
Entretanto, não há uma unanimidade com respeito ao comportamento da vazão, haja
vista os resultados obtidos por DICKINSON e HENDERSON-SELLERS (1988), que,
134
utilizando também um MCG, encontraram um aumento de 6% na vazão da bacia, assim
como MANZI e PLANTON (1996).
As conseqüências do desmatamento também podem ser avaliadas por meio do
uso de modelo hidrológico como feito por COLLISCHONN (2001), em que se utilizou
o modelo MGB-IPH na bacia do rio Taquari-Antas, que possui 27.000 km2. O autor
afirma que o sucesso de uma avaliação desse tipo depende diretamente da estimativa
dos valores dos parâmetros relacionados à mudança da cobertura vegetal.
MATHEUSSEN et al. (2000) utilizaram o modelo VIC com o mesmo objetivo na bacia
do rio Columbia (EUA e Canadá). Realizaram-se simulações com cobertura vegetal
referente a 1900 e 1990 e consideraram-se nove sub-bacias na discretização. Nas quatro
sub-bacias que apresentaram maiores modificações, a simulação com a vegetação
referente a 1990 apresentou um aumento da vazão entre 4,2% e 10,7% e uma
diminuição da evapotranspiração entre 3,1% e 12,1% quando comparada com a
simulação utilizando a vegetação de 1900.
135
Quanto a modificações em grandes bacias, o estudo da vazão máxima é a que
apresenta maior complexidade devido ao papel do armazenamento no canal e, além
disso, a mudança na vazão pode estar relacionada à variação climática, que torna difícil
a quantificação do papel da mudança de cobertura. Para BRUIJNZEEL (1996), a
avaliação dos efeitos do uso do solo nos picos de vazão é um dos maiores desafios na
hidrologia ambiental.
136
(1062000) localizado em Rondônia na bacia do rio Ji-Paraná. Utilizou-se o período de
jan/1992 a mar/1993. Calculou-se a radiação líquida com dois valores de albedo: 0,13
para floresta e 0,23 para pastagem. Verificou-se que, em média, a radiação calculada
com o albedo da pastagem é 13,32% inferior à radiação calculada com o albedo da
floresta. O baixo valor do desvio padrão (1,0) fornece uma boa segurança para adotar o
valor de 13% para todos os dias do ano, ou seja, para levar em conta, na simulação, a
mudança do albedo, o novo valor de Rn será igual a 87% do valor antigo
(correspondente à floresta).
Os parâmetros que apresentam maior incerteza na avaliação da mudança de
cobertura vegetal são o armazenamento máximo no solo (Wm) e o parâmetro b. Alguns
experimentos indicam que a relação de Wm entre floresta e pastagem é de,
aproximadamente, 2:1 (COLLICHONN, 2001). Nos experimentos realizados por
HODNETT et al. (1996), essa relação é de 1,9 em Marabá e 1,6 em Ji-Paraná. Nas
simulações com o modelo, utilizou-se um só bloco para representar a pastagem,
independentemente do tipo de solo. Na parte brasileira da bacia do Madeira, onde se
obteve um único conjunto de parâmetros para todas as sub-bacias, a relação de Wm entre
floresta e pastagem foi de 2,3; 4,6 e 2,6; respectivamente, para os blocos
argissolo/floresta, latossolo/floresta e solo raso/floresta. Esses valores, com exceção do
bloco latossolo/floresta, estão próximo dos valores encontrados experimentalmente.
Dessa forma, nas simulações para avaliação da mudança de cobertura, aonde antes era
floresta, o novo valor de Wm será igual ao encontrado para o bloco pastagem.
Quanto ao parâmetro b, assim como os demais parâmetros calibráveis Kbas e Kint,
utilizou-se apenas um valor para todos os blocos. No processo de calibração automática,
optou-se por permitir a variação apenas de Wm, onde cada bloco pode ter um valor
independente. Os demais parâmetros, por outro lado, assumiram o mesmo valor para
todos os blocos. Por esse motivo, nas simulações para a avaliação da mudança de
cobertura vegetal, esses parâmetros não sofreram modificação, inclusive o parâmetro b.
A análise das simulações restringiu-se a bacias localizadas completamente em
território brasileiro. Procedeu-se dessa forma porque os dados de entrada do modelo
nessa região são de qualidade superior ao restante da bacia e por ter-se utilizado um só
conjunto de parâmetros para todas as sub-bacias. Além disso, ao se restringir o estudo
para uma área pequena, o efeito do desmatamento sobre a precipitação é reduzido. Por
esse motivo, utilizou-se a mesma série de precipitação sem qualquer modificação.
Utilizaram-se as bacias do rio Ji-Paraná (76.127 km2) e do rio Aripuanã (145.852 km2),
137
as quais são mostradas na Figura 8.3. Em ambas, o modelo apresentou bom desempenho
conforme pode ser visto na Tabela 6.7 e Figuras A.9 e A.13 (estações Tabajara e
Praínha Velha).
Foram comparados três cenários nas duas bacias. Uma situação hipotética de
100% de cobertura com floresta foi comparada com dois cenários: cobertura atual e
100% de cobertura com pastagem. A situação atual corresponde à data de obtenção das
imagens utilizadas na classificação da cobertura vegetal da bacia (abr/1992 a mar/1993).
As proporções de cobertura para essa data são mostradas na Tabela 8.2 nas bacias dos
rios Ji-Paraná e Aripuanã. Segundo KRUSCHE et al. (2005), os valores das proporções
na bacia do rio Ji-Paraná em 1999 são 63% de floresta, 30% de pastagem, 4% de
crescimento secundário e 1,4% de cerrado. A principal diferença com relação à Tabela
8.2 fica por conta dos valores referentes à floresta e pastagem. A explicação pode estar
no fato de que, neste trabalho, considerou-se como floresta píxeis não classificados e
vegetação inundada como água.
138
Tabelas 8.3 e 8.4 foram obtidos considerando-se que não há modificação da série de
precipitação.
Tabela 8.2 – Proporções de cobertura vegetal nas bacias Ji-Paraná e Aripuanã (%)
Cobertura Ji-Paraná Aripuanã
Floresta 70,6 95,5
Pastagem 16,5 1,4
Cerradão 0,0 0,3
Cerrado 6,6 1,0
Água 6,3 1,8
139
SVAT LSX em toda a bacia Amazônica, estimaram que há uma elevação de 20% no
valor da vazão média ao se substituir floresta, cerradão e cerrado por pastagem.
MATHEUSSEN et al. (2000), ao simular com o modelo VIC as conseqüências da
mudança de cobertura na bacia do rio Columbia, utilizaram a redução do IAF para
mensuração do efeito sobre o escoamento. Obteve-se um valor de 35 mm por unidade
de IAF, enquanto em Ji-Paraná e Aripuanã, utilizando-se o MGH-IPH, a mudança foi de
78 e 59 mm por unidade de IAF.
Na comparação do cenário 100 F com a situação atual e com o cenário 100 P,
verificou-se que há uma diminuição da vazão mínima. Realizaram-se simulações com o
MGB-IPH para verificar quais parâmetros exercem maior influência sobre o valor da
vazão com o novo uso do solo na bacia. Confirmando os resultados obtidos na análise
de sensibilidade dos parâmetros do modelo apresentada no Capítulo 6, verificou-se que
a capacidade máxima de armazenamento do solo (Wm) é o maior responsável pelas
modificações do escoamento na bacia. Ao se utilizar um valor de Wm baixo como no
caso de solos com pastagem, há uma redução da capacidade de regularização da vazão
da bacia e, por conseqüência, a vazão no período de estiagem deve diminuir.
Apesar dessa constatação, ANDRÉASSIAN (2004) afirma, com base em
experimentos com pares de bacias, que a retirada da floresta resulta em um aumento da
vazão mínima nas bacias. TUCCI e CLARKE (1997) relatam que é possível encontrar
na literatura experimentos que mostram aumento ou diminuição da vazão mínima. A
diferença na resposta das bacias pode estar relacionada à capacidade de infiltração do
solo após o desmatamento (TUCCI e CLARKE (1997) e BRUIJNZEEL (2004)). Se a
capacidade de infiltração é mantida, a recarga do aqüífero é maior e, conseqüentemente,
há um aumento da vazão mínima. Nas simulações da bacia do rio Columbia com o
modelo VIC, MATHEUSSEN et al. (2000) verificou tanto aumento quanto diminuição
da vazão mínima nas sub-bacias modeladas.
Quanto à vazão máxima, ANDRÉASSIAN (2004) relata experimentos de bacias
em pares que indicam um aumento do volume escoado variando de 21% a 104% em
bacias com 100% de desmatamento. Os valores obtidos com o MGB-IPH no cenário
com 100% de pastagem estão em torno de 50%, que é próximo de alguns experimentos
citados por ANDRÉASSIAN (2004).
Em uma análise dos dados de precipitação e vazão da bacia do rio Tocantins
entre os anos de 1949 a 1998, COSTA et al. (2003) verificaram que a mudança de
cobertura vegetal não afetou os valores de precipitação na bacia. Por outro lado, as
140
vazões média e máxima sofreram aumento de 24% e 28% respectivamente.
Observando-se os valores da Tabela 8.3 e 8.4, verifica-se que o modelo fornece valores
semelhantes, principalmente, os referentes à vazão média. O estudo no rio Tocantins foi
realizado na bacia de drenagem da estação fluviométrica de Porto Nacional com
175.360 km2.
Verifica-se que as simulações com o modelo MGB-IPH fornecem valores de
vazão compatíveis com a maioria dos experimentos e análises que tentam mensurar o
impacto do desmatamento. Entretanto, vale destacar o caráter preliminar da análise
realizada neste trabalho. Algumas atividades são necessárias para que se reduzam as
incertezas relacionadas aos valores dos parâmetros do modelo, com ênfase para a
capacidade de armazenamento do solo (Wm). Uma vez que se constatou que o
parâmetro b possui alta sensibilidade assim como Wm, sugere-se que outra calibração
seja realizada permitindo-se a variação de b entre um bloco e outro.
Outras questões devem ser mais bem avaliadas como, por exemplo, o efeito da
substituição da floresta por pastagem sobre o processo de erosão do solo na bacia. O
processo de erosão pode influenciar o escoamento nos rios da bacia, principalmente, os
de pequeno porte. Nos rios principais, como o Ji-Paraná, Aripuanã e Madeira, o efeito
deve ser menor. Futuramente, o modelo poderá ser utilizado para avaliar essa questão,
pois pesquisas têm sido desenvolvidas com o intuito de implementar, no MGB-IPH, a
parametrização do transporte de sedimentos.
Quanto à precipitação, essa variável possui maior efeito de retroalimentação. Na
análise realizada neste trabalho, utilizou-se a mesma série de precipitação tanto no
cenário com floresta como no cenário com pastagem. Como comentado anteriormente,
simulações com MCG’s e estudos com séries de dados hidrológicos mostram que a
retirada da floresta tende a diminuir as taxas de precipitação na bacia, principalmente,
em virtude da redução das taxas de evapotranspiração. O acoplamento do MGB-IPH a
modelos atmosféricos fornecerá resultados mais coerentes, pois as simulações
considerarão a redução da precipitação incidente na área de estudo.
Assim como em outras grandes bacias brasileiras, a bacia Amazônica sofre com
o pouco número de estações fluviométricas que permitem avaliar quantitativamente os
seus recursos hídricos. Uma vez que o modelo MGB-IPH é distribuído por células, é
possível a obtenção de informações de vazão ao longo de toda a rede de drenagem da
141
bacia. Para avaliar a qualidade dessa informação, comparou-se a vazão calculada pelo
modelo com a vazão de estações fluviométricas que não foram utilizadas no processo de
calibração. A localização das estações utilizadas é mostrada na Figura 8.4.
142
extensas sub-bacias apresentaram os melhores resultados (Bom Destino e São Mateus),
enquanto que a menor sub-bacia apresentou um dos piores resultados (Pimenta Bueno).
Isso pode indicar que, quanto maior a área em que se deseja obter informações de
vazão, mais próximo dos valores reais estará a vazão calculada.
3500
Observado
3000
Calculado
2500
Vazão (m 3 /s)
2000
1500
1000
500
0
01/01/87 01/01/88 01/01/89 01/01/90
T empo (dias)
Tabela 8.5 - Valores dos critérios de avaliação de estações não utilizadas na calibração
Estação Rio Área (km2) R2 Rlog ∆V
Angosto del Bala Beni 72.311 -0,133 -0,802 -61,128
Miraflores Madre de Diós 126.983 0,620 0,657 1,407
Pimenta Bueno Ji-Paraná 16.092 0,722 0,440 1,575
São Mateus Ji-Paraná 46.948 0,873 0,882 0,931
Nova Esperança Marmelos 29.618 0,894 0,545 3,989
Concisa Roosevelt 23.443 0,853 0,828 -7,203
Bom Destino Aripuanã 41.540 0,859 0,851 0,100
143
Finalmente, o fato de se utilizar uma sub-bacia muito extensa para a calibração
dos parâmetros pode prejudicar a regionalização das séries de vazões. A vazão em
Angosto del Bala foi obtida com parâmetros calibrados para a sub-bacia de Abunã, que
possui 315.153 km2. Uma área com essa extensão possui alto grau de heterogeneidade
que torna difícil a obtenção de um conjunto de parâmetros adequado para toda a área.
144
9. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
9.1. CONCLUSÕES
145
Outros resultados obtidos no trabalho indicaram que a parametrização do
modelo é adequada para a Amazônia. Primeiramente, no estudo dos processos
hidrológicos, verificou-se que os valores determinados pelo MGB-IPH são próximos
aos encontrados por outras pesquisas realizadas na região. Além disso, obtiveram-se
resultados satisfatórios ao se avaliar a potencialidade do modelo na geração de
informações de vazão em pontos não monitorados da bacia.
146
9.1.3. Interceptação e evapotranspiração
147
os mínimos três meses antes da estiagem (entre abril e junho). A diferença entre
máxima (3,8 mm.dia-1) e mínima (3,0 mm.dia-1) foi de apenas 0,8 mm.dia-1, uma das
mais baixas entre os diversos estudos realizados na Amazônia.
A evapotranspiração total anual calculada com o modelo hidrológico (1279
mm.ano-1) na bacia do Madeira apresentou valores próximos de trabalhos que
determinaram a evapotranspiração para outras grandes áreas como MARQUES et al.
(1980) (1260 mm.ano-1) e LEOPOLDO et al. (1987) (1240 mm.ano-1) na bacia
Amazônica e VICTORIA (2005) na bacia do rio Ji-Paraná (1153 mm.ano-1). A exceção
são os resultados obtidos pelo COLA com o modelo SSiB e estimados, neste trabalho,
para a bacia do Madeira, cujo valor foi de apenas 929 mm.ano-1. Comparando-se o
resultado do MGB-IPH com resultados de experimentos realizados pontualmente ou em
micro bacias, verifica-se que esses últimos apresentam valores superiores como, por
exemplo, JORDAN e HEUVELDOP (1981) (1904 mm.ano-1), SCHUBART et al.
(1984) (1548 mm.ano-1), SHUTTLEWORTH (1988) (1320 mm.ano-1), LEOPOLDO et
al. (1995) (1493 mm.ano-1) e ALVES et al. (1999) (1497 mm.ano-1). Com exceção do
último trabalho, cujo levantamento foi realizado em Rondônia, os demais foram
realizados na parte central da bacia Amazônica, onde a umidade é alta. Isso pode
explicar, em parte, o comportamento distinto entre os resultados de estudos pontuais e
de grande escala.
148
umidade do solo, pode-se considerar satisfatório o resultado obtido pelo modelo na sub-
bacia do rio Ji-Paraná.
Com o objetivo de se dispor de um maior número de informações a respeito dos
processo hidrológicos na Amazônia, realizou-se o cálculo do balanço hídrico em toda a
bacia Amazônica utilizando-se as mesmas fontes de dados da simulação com o MGB-
IPH: dados de precipitação da ANA e COLA, variáveis climatológicas do ISLSCP e
vazão nos rios provenientes da rede da ANA. A umidade do solo resultante do balanço
hídrico foi comparada com os resultados do MGB-IPH e do SSiB em três níveis: toda a
bacia Amazônica, bacia do Madeira e parte brasileira da bacia do Madeira. Os
resultados indicaram que os valores de umidade do solo do MGB-IPH podem estar
superestimados para a parte da bacia do Madeira localizada fora do Brasil. A explicação
pode estar nas informações de tipo de solo da Bolívia e Peru retiradas do mapa de solos
da FAO/UNESCO. Fazem-se necessários esforços no sentido de obtenção de
informações de tipo de solo mais acuradas nessa região. Novas simulações com outras
fontes de dados podem confirmar ou descartar a hipótese de que os altos valores de
umidade do solo estão relacionados às informações de solo utilizadas.
O valor da umidade do solo calculado com o balanço hídrico realizado neste
trabalho para toda a bacia Amazônica é uma estimativa inicial e, futuramente, pode ser
confrontado com outros trabalhos que englobem a bacia completamente como, por
exemplo, o balanço hídrico realizado por ZENG (1999) em toda a bacia Amazônica. A
umidade do solo encontrada por ZENG (1999) variou de 100 mm a 300 mm, enquanto
que no balanço hídrico realizado no presente trabalho a variação foi de 560 mm a 800
mm. Na medida que se tenha mais resultados de pesquisas, será possível diminuir as
incertezas relacionadas ao valor da umidade do solo na Amazônia.
Por meio das simulações, foi possível, ainda, avaliar o efeito do fenômeno El
Niño sobre a umidade do solo. Nos anos de 1983 e 1987, em virtude das baixas taxas de
precipitação, a umidade do solo alcançou níveis muito baixos, que tiveram reflexo nos
anos seguintes sobre o valor da umidade mínima. Em cenários de mudança climática, é
possível avaliar, por meio do modelo hidrológico, qual a conseqüência da redução da
precipitação sobre a umidade do solo.
Com o intuito de levantar as áreas que mais contribuem para a geração do
escoamento, realizou-se o cálculo da proporção de área saturada na bacia do Madeira. O
valor médio da proporção no período da simulação foi de 18,2%. Após a espacialização
dos resultados, verificou-se que a bacia do alto Madre de Diós, no Peru, apresenta os
149
maiores valores de porcentagem de solo saturado, enquanto a bacia do rio Guaporé na
Bolívia apresentou os valores mais baixos. Em virtude do alto grau de incertezas
relacionadas à umidade do solo na Bolívia e Peru devido às informações de solo, esses
valores devem ser avaliados com cautela. Por outro lado, vale destacar que o modelo
MGB-IPH mostra potencial para fornecer informações relacionadas à geração de
escoamento superficial na Amazônia.
Os resultados obtidos pelo modelo aprimoraram o conhecimento dos processos
hidrológicos na bacia do rio Amazonas, que foi um dos principais objetivos deste
trabalho. O uso do modelo permitiu a avaliação em macro escala da interceptação,
evapotranspiração, umidade do solo e geração do escoamento, ao contrário dos estudos
pontuais geralmente realizados na Amazônia. Com isso, é possível a obtenção da
distribuição espacial dos processos e, consequentemente, a identificação das áreas que
mais contribuem para o total de cada variável. Outro diferencial da análise realizada
neste trabalho diz respeito a maior extensão das séries obtidas a partir das saídas do
modelo, o que permite uma melhor avaliação do comportamento sazonal dos processos
hidrológicos. Uma característica da metodologia empregada neste trabalho que deve ser
destacada, também, é a possibilidade do modelo realizar o prognóstico do
comportamento dos processos diante de modificações no ambiente como, por exemplo,
mudança da cobertura vegetal, períodos severos de estiagem ou mudanças na dinâmica
do clima da região.
150
pastagem (100P). A comparação do cenário 100F com a situação atual mostrou que há
pequena modificação nos valores das vazões. Esse comportamento é resultante da alta
proporção de cobertura florestal ainda presente nas duas bacias analisadas, ou seja, não
há muita diferença na cobertura vegetal dos dois cenários.
Por outro lado, na comparação dos cenários 100F e 100P, a diferença nos valores
das vazões são mais acentuadas. De acordo com os resultados do modelo, a vazão média
nas bacias dos rios Ji-Paraná e Aripuanã sofreriam uma elevação de, aproximadamente,
28%. A vazão máxima aumentaria 50% e a mínima reduziria em torno de 37%. Os
valores obtidos estão próximos do encontrado em trabalhos como COSTA et al. (2003)
e MATHEUSSEN et al. (2000), que utilizou o modelo VIC na bacia do rio Columbia.
O cenário 100P é uma situação extrema e que tem pequena chance de vir a se
concretizar. No futuro, cenários mais realistas devem ser simulados objetivando-se
avaliar a resposta da bacia diante de processos de desmatamento localizados em pontos
específicos como, por exemplo, nas suas cabeceiras, no curso médio do rio ou pontos
próximos à foz. Outra possibilidade é verificar a mudança no escoamento a partir da
modificação da cobertura vegetal das áreas geradoras de escoamento superficial
conforme mostrado na Figura 7.14. Os resultados das simulações podem indicar em
quais áreas o desmatamento influenciará mais fortemente a vazão da bacia. Essa
informação pode ser um critério a mais para auxiliar a tomada de decisão quanto ao
processo de colonização dos Estados da Amazônia.
Os resultados mostraram que o modelo possui potencial para a realização desse
tipo de estudo. A análise realizada neste trabalho traz como diferencial aos demais
estudos já realizados na Amazônia o fato de se utilizar um modelo com boa
representação da fase terrestre do ciclo hidrológico, com ênfase para a propagação do
escoamento gerado na bacia. Essa característica é particularmente importante quando se
pretende avaliar as conseqüências da mudança de cobertura sobre o escoamento.
Por outro lado, em simulações futuras, fatores que interferem na geração do
escoamento devem ser levados em conta. É importante, por exemplo, que se considere o
efeito de retroalimentação que afeta os volumes precipitados na bacia. O acoplamento
do MGB-IPH com modelos atmosféricos pode superar essa deficiência.
Outro uso potencial do MGB-IPH que foi investigado diz respeito à
regionalização de vazão na Amazônia. Testes realizados com séries de vazão de
estações que não foram utilizadas na calibração dos parâmetros mostraram que o MGB-
IPH pode fornecer informações de vazão ou, em outras palavras, pode realizar
151
regionalização de vazão de rios da Amazônia. Foram utilizadas cinco estações do Brasil
e duas da Bolívia. Os resultados das estações brasileiras podem ser considerados bons,
enquanto, na Bolívia, uma das estações apresentou resultado com qualidade bastante
inferior quando comparado com os demais. O comportamento dessa estação pode estar
relacionado à subestimação da precipitação utilizada, parametrização do modelo que
não considera a precipitação em forma de neve ou, ainda, o fato de ter-se utilizado uma
sub-bacia muito grande para calibrar os parâmetros do modelo.
A busca de alternativas de levantamento de séries de vazão em uma região como
a Amazônia é importante para o gerenciamento dos recursos hídricos, bem como para
estudos hidrológicos na região.
Além da regionalização de vazões, o resultado obtido com as estações
fluviométricas não utilizadas na calibração dos parâmetros pode ser utilizado como uma
verificação complementar. Ao se obterem bons resultados em locais cuja vazão não teve
qualquer influência sobre a determinação dos parâmetros, significa que o modelo está
conseguindo simular os processos hidrológicos de forma adequada em diferentes escalas
na bacia e que os valores dos parâmetros calibrados são satisfatórios.
9.2. RECOMENDAÇÕES
152
NASA disponibiliza dados de precipitação do satélite TRMM de janeiro de 1998 a maio
de 2003. Esses dados podem ser utilizados na avaliação da precipitação de outras bases
alternativas.
Neste trabalho, as simulações limitaram-se até o ano de 1990 devido à qualidade
dos dados de precipitação. Caso se obtenha uma série de dados de precipitação maior,
pode-se utilizar os dados climatológicos do ISLSCP, que se estendem até o ano de 1995.
Isso permitirá a realização de simulações com períodos mais longos, o que aumentará a
confiabilidade dos resultados.
Além da precipitação e evapotranspiração, informações como vazão nos rios,
mapa de solo e mapa de cobertura vegetal podem ser melhoradas. Recomenda-se avaliar
as medições de vazão disponibilizadas pela ANA para que se identifique qual o
comportamento da relação cota-vazão. Todas as curvas-chave utilizadas pela ANA
possuem relação do tipo bi-unívoca (a todo valor de vazão corresponde um só e único
valor de cota e vice-versa). Entretanto, assim como verificado na estação de Faz. Vista
Alegre, pode ser que a relação cota-vazão em outras estações seja não unívoca (para
uma mesma vazão há mais de uma cota). Se confirmado, novas curvas-chave devem ser
construídas.
Devem-se procurar mapas de solo mais precisos e confiáveis haja vista que o
mapa da FAO/UNESCO mostrou-se limitado, pois há indícios de que o mesmo foi
responsável por valores superestimados de umidade do solo em sub-bacias localizadas
na Bolívia como discutido no item 9.1.4. Uma alternativa é o uso de informações de
solo do ISLSCP e da base de dados Land Cover, como realizado por CHAPELON et al.
(2002). Apesar da falta de sucesso em se obter dados de instituições bolivianas e
peruanas, é importante que se continue a busca de contato com essas instituições por
meio, por exemplo, do projeto HiBAm ou da própria ANA para a obtenção de
informações hidrológicas.
A melhora de qualidade da informação de cobertura vegetal é de mais fácil
solução. A partir de novas imagens de satélite, pode-se proceder a uma nova
classificação da cobertura vegetal. Deve-se destacar, entretanto, que tanto na calibração
do modelo como na análise dos processos hidrológicos, não houve qualquer indício de
que a classificação utilizada comprometesse os resultados das simulações.
153
9.2.2. Estrutura do modelo e parâmetros
154
9.2.3. Processos hidrológicos
155
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168
ANEXO A – HIDROGRAMAS NAS SUB-BACIAS
169
1400 Verificação Calibração
1200 Observado
Calculado
1000
Vazão (m3/s)
800
600
400
200
0
01/01/84 31/12/84 31/12/85 31/12/86 31/12/87 30/12/88 30/12/89 30/12/90
Tempo (dias)
1500
1250
1000
750
500
250
0
1/1/1984 31/12/1984 31/12/1985 31/12/1986 31/12/1987 30/12/1988 30/12/1989 30/12/1990
Tempo (dias)
6000 Calculado
5000
Vazão (m3/s)
4000
3000
2000
1000
0
01/01/84 31/12/84 31/12/85 31/12/86 31/12/87 30/12/88 30/12/89 30/12/90
Tempo (dias)
170
24000
Verificação Calibração
20000 Observado
Calculado
16000
Vazão (m3/s)
12000
8000
4000
0
01/01/84 31/12/84 31/12/85 31/12/86 31/12/87 30/12/88 30/12/89 30/12/90
Tempo (dias)
30000
25000
20000
15000
10000
5000
0
01/01/84 31/12/84 31/12/85 31/12/86 31/12/87 30/12/88 30/12/89 30/12/90
Tempo (dias)
30000
25000
20000
15000
10000
5000
0
1/1/1984 31/12/1984 31/12/1985 31/12/1986 31/12/1987 30/12/1988 30/12/1989 30/12/1990
T empo (dias)
171
3500
Verificação Calibração
3000
Observado
2500
Calculado
Vazão (m3/s)
2000
1500
1000
500
0
1/1/1984 31/12/1984 31/12/1985 31/12/1986 31/12/1987 30/12/1988 30/12/1989 30/12/1990
Tempo (dias)
3000
2000
1000
0
1/1/1984 31/12/1984 31/12/1985 31/12/1986 31/12/1987 30/12/1988 30/12/1989 30/12/1990
Tempo (dias)
30000
22500
15000
7500
0
1/1/1984 31/12/1984 31/12/1985 31/12/1986 31/12/1987 30/12/1988 30/12/1989 30/12/1990
Tempo (dias)
172
60000 Verificação Calibração
Observado
50000
Calculado
40000
Vazão (m3/s)
30000
20000
10000
0
01/01/84 31/12/84 31/12/85 31/12/86 31/12/87 30/12/88 30/12/89 30/12/90
Tempo (dias)
4000
3000
2000
1000
0
01/01/84 31/12/84 31/12/85 31/12/86 31/12/87 30/12/88 30/12/89 30/12/90
Tempo (dias)
12000
Verificação Calibração
10000 Observado
Calculado
8000
Vazão (m 3 /s)
6000
4000
2000
0
01/01/84 31/12/84 31/12/85 31/12/86 31/12/87 30/12/88 30/12/89 30/12/90
T empo (dias)
173
75000
Verificação Calibração
67500
Observado
60000
Calculado
52500
Vazão (m3/s)
45000
37500
30000
22500
15000
7500
0
01/01/84 31/12/84 31/12/85 31/12/86 31/12/87 30/12/88 30/12/89 30/12/90
Tempo (dias)
1200
Observado
1000 Calculado
800
Vazão(m3/s)
600
400
200
0
01/01/87 01/01/88 01/01/89 01/01/90
Tempo (dias)
3500 Observado
3000 Calculado
2500
Vazão (m3/s)
2000
1500
1000
500
0
01/01/87 01/01/88 01/01/89 01/01/90
Tempo (dias)
1500
1000
500
0
01/01/87 01/01/88 01/01/89 01/01/90
T empo (dias)
2000
1800 Observado
1600 Calculado
1400
Vazão (m 3 /s)
1200
1000
800
600
400
200
0
01/01/87 01/01/88 01/01/89 01/01/90
T empo (dias)
3500
Observado
3000
Calculado
2500
Vazão (m 3 /s)
2000
1500
1000
500
0
01/01/87 01/01/88 01/01/89 01/01/90
T empo (dias)
8000
Vazão(m 3 /s)
6000
4000
2000
0
01/01/87 01/01/88 01/01/89 01/01/90
T empo (dias)
12000
Observado
10000
Calculado
8000
Vazão(m 3 /s)
6000
4000
2000
0
01/01/87 01/01/88 01/01/89 01/01/90
T empo (dias)
176
ANEXO B – VALORES DOS PARÂMETROS
177
Continuação da Tabela B.1
178