Dissertacao - Walber - R.Hidicos-2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS E SANEAMENTO

WALBER MENDES GAMA

IMPACTOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NA RESPOSTA HIDROLÓGICA DA


BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PARAÍBA DO MEIO (AL/PE)

Maceió

2011
WALBER MENDES GAMA

IMPACTOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NA RESPOSTA HIDROLÓGICA DA


BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PARAÍBA DO MEIO (AL/PE)

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Recursos Hídricos e Saneamento
da Universidade Federal de Alagoas como
requisito para obtenção do título de Mestre em
Recursos Hídricos e Saneamento.

Área de concentração: Recursos Hídricos

Orientadora: Profª Dra. Rosangela Sampaio Reis

Co-orientador: Prof. Dr. Carlos Ruberto Fragoso


Júnor.

Maceió

2011
Catalogação na fonte
Universidade Federal de Alagoas
Biblioteca Central
Divisão de Tratamento Técnico Bibliotecária
Responsável: Helena Cristina Pimentel do Vale

G184e Gama, Walber Mendes


Impactos das mudanças climáticas na resposta hidrológica da bacia
hidrográfica do rio Paraíba do Meio (AL/PE) / Walber Mendes Gama. – 2011.
112 f. : il. tabs.

Orientadora: Rosangela Sampaio Reis.


Co-Orientador: Carlos Ruberto Fragoso Júnor.
Dissertação (Mestrado em Recursos Hídricos e Saneamento) – Universidade
Federal de Alagoas. Centro de Tecnologia, Maceió, 2011.

Bibliografia: f. 82-87.
Anexos: 88-112.

1. Mudanças climáticas. 2. Modelagem hidrológica. 3. Sistema de informação


geográfica. 4. Hidrologia. I. Título.

CDU: 556
AGRADECIMENTOS

Venho reconhecer aos professores que fazem o Programa de Pós Graduação


e Recursos Hídricos-PPGRHS, os quais conviveram diretos ou indiretamente no
período das disciplinas e durante o curso de mestrado. Em especial a minha
orientadora, prof(a). Dr(a) Rosangela Sampaio Reis, pelos direcionamento durante a
execução da dissertação. Ao meu co-orientador prof.Dr. Carlos Ruberto Fragoso
Júnior, pelo o apoio, incentivo, paciência e aprendizado para a realização de
pesquisa. Ao amigo Eng. Civil M.Sc Sebastião Coelho Marinho Falcão, pelos
direcionamentos em Hidrologia, o Geógrafo, Antonio Almeida, pela difusão de
conhecimento em geoprocessamento, o Eng. Agrônomo, M.Sc Pedro Maux pela
ajuda através de equipamentos, a professora Dr. Nivaneide pelas orientações nas
definições das classificações de solos. Ao Bacharel em Gestão Ambiental e
estudante de Geografia Damir, a Bibliotecária Helena pela grande ajuda na
formatação final do trabalho, ao Dr. Vicente Ferreira Neto, pelas colaborações no
início da dissertação, a Dra. Silvana Quintela pelos incentivos iniciais no mestrado.

A Capes, pela bolsa, sem essa ajuda teria sido mais difícil cursar o mestrado,
A Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídrico do Estado de Alagoas,
excepcionalmente M.Sc Fabiana Canaúba, pela disposição e ajuda sempre que
quando solicitada, A FINEP, pelo o auxílio financeiro do Projeto HIDROCHUV.

A minha família, primos, tias, irmãos, sobrinhos, e em especial a professora


Maria José Mendes Gama, que sempre mim ajudou de alguma, e continua á ajudar
até hoje.
RESUMO

As mudanças climáticas, a nível global e local, podem está associadas não só aos
efeitos atmosféricos naturais, como também às alterações antrópicas, com o
lançamento de CO2 para a camada baixa da atmosfera. Os impactos das mudanças
climáticas podem ser objetos de estudo em hidrologia, por meio do uso de Modelos
matemáticos, chuva-vazão, tendo como entrada dados hidro-climáticos. Modelo
hidrológico em Sistema de informação geográfica - SIG, aplicado em estudos
hidrológicos de bacias hidrográficas, para prever e mensurar a resposta do sistema
aos condicionantes externos e de interesse numa bacia hidrográfica. A integração de
informações hidrológicas com o SIG tem possibilitado obter informações distribuídas,
com resposta de vazões em diferentes localizações em bacias hidrográficas tem
sido explorado em modelagem hidrológica distribuída. O objetivo geral deste estudo
foi, avaliar o modelo MGB-IPH (Modelo de Grandes Bacias) na bacia hidrográfica do
rio Paraíba do Meio, influência das mudanças no clima previstas no Painel de
Mudanças Climáticas – IPCC. O modelo hidrológico de grandes bacias, MGB/IPH,
foi aplicado na Bacia hidrográfica do rio Paraíba do meio e foi calibrado
manualmente. Foram realizadas simulações para o cenário atual, e os cenários A1B
e A2, do Painel de Mudanças Climáticas (IPCC), para os anos de 2071 a 2100,
previsto para Brasil pelo CPTEC/INPE, com anomalias de precipitação e
Temperatura. As simulações para os cenários de mudanças climáticas mostraram
mudanças na resposta hidrológica da bacia do rio Paraíba do Meio (AL/PE). O
modelo se mostrou desempenho adequado para a bacia do rio Paraíba do Meio,
visto que a versão anterior do MGB era indicada para bacias maiores que 10.000
km2. O MGB mostrou significativo desempenho em representar o regime hidrológico
atual mesmo com a carência de postos de chuvas na bacia e estimativa dos
impactos das mudanças climáticas tendem a diminuir a disponibilidade hídrica e o
aumento das enchentes na bacia hidrográfica do rio Paraíba do meio.

Palavras-chave: Mudanças climáticas. Modelagem hidrológica. Sistema de


informação geográfica.
ABSTRACT

Climate changes, at global and local levels, are associated not only natural
atmospheric effects, but also to anthropogenic changes, with the release of CO 2 into
the lower layer of the atmosphere. The impacts of climate changes can be objects of
study in hydrology through the use of mathematical models, rainfall output, with the
hydro-climatic input data. Hydrological model in Geographic Information System -
SIG, used in hydrologic studies of watersheds to predict and measure the system
response to external conditions and interest of a watershed. The integration of SIG
with hydrological information gave the possibility to obtain distributed information with
a response of flow in watershed in different locations has been explored in distributed
hydrological modeling. The objective of this study was to evaluate the MGB-IPH
model (Modelo de Grandes Bacias) watershed in Paraíba do Meio River, influence of
climate change predicted on Climate Change Panel - IPCC. The hydrological model
for large basin, MGB / IPH was applied in the Paraíba do Meio river watershed and
was calibrated manually. Simulations were conducted for the current scenario, and
scenarios A1B and A2, on Climate Change Panel (IPCC), for the years 2071 to 2100,
predicted to Brazil by CPTEC / INPE, with anomalies of precipitation and
temperature. The simulations for the climate change scenarios showed changes in
the hydrological response to Paraíba do Meio basin (AL / PE). The performance of
this model was suitable for Paraíba do Meio river basin, since the previous version of
the MGB was nominated for basins larger than 10,000 km 2. The MGB showed
significant performance in representing the current hydrologic regime even with the
lack of basin rainfall stations and the estimated impacts of climate change tend to
decrease water availability and increase flooding in the of the Paraíba do Meio River
basin.

Keywords: Climate change. Hydrologic modeling, Geographic information system.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Balanço hídrico para cada Unidade de Resposta Hidrológica................30

Figura 2 - Localização da bacia hidrográfica do rio Paraíba do Meio e sua


Hidrografia............................................................................................... 35

Figura 3 - Mapa de precipitação média anual, na bacia hidrográfica do rio


Paraíba do Meio...................................................................................... 37

Figura 4 - Solos na bacia hidrográfica do rio Paraíba do Meio............................... 39

Figura 5 - Mapa de predomínio do uso e cobertura vegetal na bacia


hidrográfica do rio Paraíba do Meio........................................................ 43

Figura 6 - Modelo digital de elevação-MDE, da bacia hidrográfica do rio


Paraíba do Meio...................................................................................... 45

Figura 7- Mapa de direção de fluxo da bacia hidrográfica do rio Paraíba do


Meio........................................................................................................ 47

Figura 8 - Mapa de discretização em Mini-Bacias da hidrográfica do rio Paraíba


do Meio................................................................................................... 48

Figura 9 - Mapa de solos reclassificado hidrográfica do rio Paraíba do


Meio........................................................................................................ 50

Figura 10 - Mapa de uso e cobertura vegetal reclassificado da bacia


hidrográfica do rio Paraíba do Meio........................................................ 51

Figura 11 - Mapa de predomínio do uso e cobertura vegetal na bacia


hidrográfica do rio Paraíba do Meio........................................................ 52
Figura 12- Localização dos postos Pluviométricos na hidrográfica do rio Paraíba
do Meio................................................................................................... 56

Figura 13- Localização dos postos Fluviométricos utilizados na modelagem......... 57

Figura 14- Fluxograma representando aplicação dos dados de entrada para o


modelo MGB/IPH.................................................................................... 65

Figura 15- Hidrograma calculado e observado 39850000 Quebrangulo ................ 70

Figura 16- Curva de permanência calculada e observada 39850000


Quebrangulo .......................................................................................... 70

Figura 17- Hidrograma calculado e observado 39890000 Viçosa........................... 71

Figura 18- Curva de permanência calculada e observada 39890000 Viçosa..........71

Figura 19- Hidrograma calculado e observado 39870000 Atalaia........................... 72

Figura 20- Curva de Permanência calculada e observada no posto Atalaia............73


LISTA DE TABELAS

Figura 1 - Distribuição das classes predominantes em área e porcentagem de


uso e cobertura do solo na bacia do rio Paraíba do meio...................... 42

Figura 2 - Dados de entrada necessários para o programa Prepo_MGB...............46

Figura 3 - URH’s em área e porcentagem na bacia hidrográfica do rio Paraíba


do Meio................................................................................................... 53

Figura 4 - Estrutura do arquivo MINI.MGB com as informações das


características físicas das mini-bacias.................................................... 53

Figura 5 - Médias climáticas do posto INMET no município de Garanhuns (PE)


utilizado na modelagem.......................................................................... 54

Figura 6 - Postos de precipitação utilizado neste estudo........................................55

Figura 7 - Séries dos postos fluviométricos............................................................ 58

Figura 8 - Anomalias de temperatura CPTEC/INPE cenário A1B e A2


(2071-2100)............................................................................................. 63

Figura 9 - Anomalias de precipitação CPTEC/INPE cenário A1B e A2


(2071-2100)............................................................................................. 64

Figura 10 - Valores calibrados dos parâmetros nos blocos/URH............................ 66

Figura 11- Valores calibrados dos parâmetros de propagação.............................. 67


Figura 12 - Correlação entre a vazão observada e calculada no período de
calibração e validação do modelo........................................................ 69

Figura 13 - Resumo das estatísticas de vazão para o posto (Quebrangulo-AL)..... 74


Figura 14 - Resumo das estatísticas para o posto 39890000 (Viçosa-AL).............. 75

Figura 15 - Resumo das estatísticas para o posto 39870000 (Atalaia-AL)..............76


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA ............................................................ 12

2 OBJETIVOS ............................................................................................... 16

2.1 Geral .......................................................................................................... 16

2.2 Específicos ................................................................................................ 16

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................... 17

3.1 Mudanças climáticas e alterações hidrológicas em bacias.................. 17

3.2 Modelagem matemática em hidrologia ................................................... 21

3.3 Modelo hidrológico distribuído ............................................................... 24

3.4 Integrações entre geoprocessamento e modelagem hidrológica ........ 27

3.5 Modelo de Grandes Bacias – MGB/IPH................................................... 29

3.5.1 Comportamentos hidrológicos estabelecidos no modelo ............................ 31

3.5.1.1 Verticais-balanço de água no solo .............................................................. 31

3.5.1.2 Horizontais.................................................................................................. 33

4 METODOLOGIA......................................................................................... 35

4.1 Caracterização da área de estudo ........................................................... 35

4.1.1 Localização e hidrografia ............................................................................ 35

4.1.2 Clima .......................................................................................................... 36

4.1.3 Formas de Relevo ...................................................................................... 38


4.1.4 Solos........................................................................................................... 38

4.1.5 Cobertura Vegetal....................................................................................... 42

4.2 Aplicação do modelo de grandes bacias – MGB/IPH ............................ 44

4.2.1 Preparação dos dados de entrada fase Prepo-MGB .................................. 44

4.2.2 Formação do Bloco/URH - Unidade de Resposta Hidrológica ................... 49

4.2.3 Utilização de dados climáticos .................................................................... 54

4.2.4 Utilização dos dados de chuva ................................................................... 55

4.2.5 Utilização dos dados de vazão ................................................................... 56

4.3 Aplicação do modelo MGB-IPH ............................................................... 58

4.3.1 Calibração do modelo ................................................................................. 59

4.4 Modelagem dos cenários A1B e A2 de Mudanças do clima ................. 62

5 RESULTADOS ........................................................................................... 66

5.1 Calibração e validação do modelo hidrológico – MGB/IPH .................. 66

5.2 Simulação dos cenários de mudanças climáticas ................................. 73

6 DISCURSSÕES DOS RESULTADOS ....................................................... 77

7 CONCLUSÃO............................................................................................. 80

8 RECOMENDAÇÕES .................................................................................. 81

REFERÊNCIAS .......................................................................................... 82

ANEXOS .................................................................................................... 88
12

1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA

A crescente exploração e utilização dos recursos naturais têm provocado


profundas alterações no meio ambiente, principalmente em bacias hidrográficas, que
são afetados com as atividades humanas, decorrentes principalmente: (a) da prática
de culturas agrícolas com a utilização de grandes áreas irrigáveis, (b) da pecuária
com a substituição da vegetação natural por pasto, (c) da construção de barragens
alterando o regime hidrológico dos rios, (d) do lançamento de poluentes, efluentes
domésticos e industriais, alterando as propriedades físico-químicas da água, (e) de
possíveis alterações climáticas decorrente da degradação das florestas e do
aumento de emissões de gases de efeito estufa para a atmosfera.

Estas atividades antrópicas têm contribuído e aumentado as pressões sobre


os corpos hídricos. Na área rural, o aumento das fronteiras agrícolas favorece a
contaminação dos corpos hídricos por pesticidas e defensivos agrícolas, trazendo
mudanças nas propriedades naturais da água e conseqüentemente para a biota
aquática, dificultando o uso múltiplo da água. No aspecto quantitativo, as
ocorrências de secas ou chuvas intensas têm levado a perdas materiais e, em
alguns casos, risco de morte para populações que vivem as margens de rios e
encostas, como vem ocorrendo freqüentemente no nordeste brasileiro.

O conseqüente distúrbio do regime hidrológico de uma bacia, quando alterado


pelas pressões antrópicas, pode trazer conseqüências negativas na capacidade de
armazenamento de água nos canais de drenagens e posteriormente o
comprometimento da disponibilidade hídrica e oferta de água na bacia de drenagem
para as populações locais (REBOUÇAS, 2003). Essas alterações no regime
hidrológico da bacia podem ser influenciadas pelas alterações do clima. As
mudanças de temperatura e precipitação causadas pelas emissões de gases do
efeito estufa, em especial o CO2, principal gás causador do efeito estufa, tem como
fonte, ações antrópicas que intensifica o processo das mudanças do clima, relatado
pelo painel de mudanças climáticas.

Para tanto são de grande importância os estudos hidrológicos em bacias


hidrográficas, onde a vasta gama de fatores e processos que fazem parte do
balanço hídrico de uma bacia torna complexa a sua análise. Além disso, o
13

gerenciamento desses sistemas hídricos, por característica, compõe um campo de


ação multidisciplinar, com um grande número de alternativas no planejamento,
considerando seus usos, disponibilidades e preservação (Tucci, 1998). Associados a
todos os fatores usualmente analisados devem ser levados em considerações os
efeitos das mudanças climáticas para prognósticos de variações das vazões em
bacias hidrográficas.

Em razão dessa diversidade de parâmetros, tornam-se necessárias


metodologias que melhor quantifiquem os processos físicos, auxiliando nas etapas
de análise, de gerenciamento e de tomada de decisões. Uma dessas metodologias é
a modelagem matemática aplicada nos Geossistemas.

Segundo Nascimento & Sampaio (2004/2005), Geossistema corresponde aos


dados ecológicos relativamente estáveis superficiais, resulta do potencial ecológico,
mormente: clima – temperatura e precipitação; fatores geomorfológicos - natureza
das rochas, dos mantos superficiais, declive, dinâmica das vertentes e fatores
hidrológicos - lençóis freáticos, nascentes, pH das águas, tempo de ressecamento
do solo. Estas formulações são representações físicas do espaço, e estes elementos
geográficos são levados em consideração e estruturados na aplicação e simulação a
partir de modelos hidrológicos.

Modelos hidrológicos tem sido de grande relevância em estudos que buscam


obter prognósticos hidrológicos em bacias hidrográfica, a partir da modelagem de
cenários atuais e futuros, sendo um avanço na área de estudo em hidrologia, pela
capacidade de processar grandes volumes de dados e simular o escoamento
superficial nas bacias de drenagens.

São condições a ser analisada para fins de modelagem hidrológica a


aquisição de dados confiáveis na aplicação de modelos hidrológicos para estimativa
de vazões confiáveis. Esta maior precisão nos resultados em modelagem hidrológica
depende da distribuição da rede de monitoramento e disponibilidade de dados
hidrológicos nas bacias hidrográficas, que podem tornam mais representativos os
fenômenos hidrológicos, através de modelagem hidrológica, tornando esta
tecnologia ideal para fins de planejamento, gerenciamento dos recursos hídricos em
bacias hidrográficas.
14

As Vazões em bacias hidrográficas estão relacionadas, de acordo com as


características espaciais: as feições do relevo, associado às taxas de declividade; os
tipos de solo; o clima; a geologia. Esses elementos naturais possuem características
heterogêneas em bacias, estas características são condições diretas para definir,
como também, exercer mudanças no escoamento superficial. As alterações dos
elementos naturais da bacia são causadas pelas ações antrópicas constantes e
impactantes. De acordo com Meller et al. (2005), entre os fatores naturais que
influenciam os vários aspectos das vazões podem ser citadas: a distribuição e as
características de infiltração dos solos da bacia, a extensão e as características
hidráulicas dos aqüíferos, a taxa, quantidade e freqüência de recarga, a
evapotranspiração da bacia, a distribuição dos tipos de vegetação, topografia e,
principalmente, o clima.

O objetivo deste trabalho é avaliar o modelo MGB-IPH - Modelo de Grandes


Bacias, desenvolvido por Collischonn, 2001, na bacia hidrográfica do rio Paraíba do
Meio, no Estado de Alagoas, buscando a melhor representação dos processos
hidrológicos, com ênfase na análise da influência das mudanças no clima previstas
no Painel de Mudanças Climáticas – IPCC.

A modelagem hidrológica aplicada na Bacia do Paraíba do Meio, além de


obter prognósticos das mudanças climáticas e disponibilidade hídrica no tempo e no
espaço, poderá também dar suporte a tomada de decisão em programas de gestão
de recursos hídricos.

O resultado final deste trabalho será de extrema relevância, dado que a bacia
hidrográfica do Paraíba tem problemas de secas e enchentes, e é necessário estudo
modelagem hidrológicos e impactos das mudanças do clima na bacia, e que são
levados em consideração os tipos e cobertura vegetal e de dados hidroclimaticos,
possibilitando assim aprimorar o gerenciamento de recursos hídricos na região.

Os resultados da aplicação do Modelo MGB/IPH serão disponibilizados para a


Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMARH), através do Centro de
Tecnologia da UFAL, que tem uma parceria e desenvolve uma colaboração técnica
e cientifica, garantindo assim a imediata transferência e uso dos resultados obtidos.
Este trabalho faz parte do projeto: ESTUDO DOS IMPACTOS DAS MUDANÇAS
15

CLIMÁTICAS NA REGIÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PARAÍBA,


financiado pela FINEP - Financiadora de Estudos e Projetos.
16

2 OBJETIVOS

2.1 Geral

Aplicação modelo MGB-IPH (Modelo de Grandes Bacias) na bacia


hidrográfica do rio Paraíba do Meio, para estimativa de vazões, com ênfase na
análise da influência das mudanças no clima previstas no Painel de Mudanças
Climáticas – IPCC.

2.2 Específicos

 Calibração do modelo MGB/IPH;


 Identificar os possíveis impactos das mudanças climáticas nas vazões;
 Avaliar o modelo MGB nas diferentes áreas da bacia.
17

3 REVISAO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Mudanças climáticas e alterações hidrológicas em bacias

As possíveis alterações climáticas no globo terrestre têm sido foco de


discussões em diversos setores de todo o mundo, assim como seus efeitos, a nível
global e local nos recursos naturais, têm se tornado fonte de preocupação para a
comunidade científica. IPCC (2008) os ciclos hidrológicos globais e regionais foram
grandemente influenciado pelas alterações climáticas e atividades humanas no
século passado.

As mudanças climáticas podem estar associadas não só aos efeitos


atmosféricos naturais, mas também aos agentes aceleradores provenientes das
alterações antrópicas, principalmente o aumento e lançamento de CO 2 para a
camada baixa da atmosfera. Mudanças na composição atmosférica da quantidade
de gás causador do efeito estufa e de aerossol, mudanças da radiação solar e na
propriedade da superfície da terra alteram o equilíbrio energético do sistema
climático. (IPCC 2004; IPCC 2007)

O dióxido de carbono é o mais importante gás estufa antropogênico. A


concentração global de dióxido de carbono tem crescido desde a época pré-
industrial, cujos valores estavam em torno de 280 ppm e passaram para 379 ppm
em 2005. A concentração de dióxido de carbono na atmosfera excedeu em muito a
faixa natural durante os últimos 650.000 anos (180 à 300ppm) determinado através
de núcleos de gelo. A taxa anual de crescimento da concentração de dióxido de
carbono foi maior nos últimos dez anos (1995-2005 - média: 1,9 ppm por ano) do
que foi desde o começo da medição continua e direta da atmosfera (1960-2005 -
média: 1,4 ppm por ano), apesar de existir variações de crescimento de um ano para
outro (IPCC, 2007). O uso de combustíveis fósseis responde por cerca de 75% de
CO2 adicionado na atmosfera, enquanto as queimadas associadas às práticas
agrícolas e aos desmatamentos causaram a quase totalidade do aumento restante.
(IPCC, 2001a). De 6 a 7GtC (gigatoneladas de carbono) são lançadas por essas
fontes anualmente na atmosfera (IPCC, 1995, 2001a)
18

O aumento da concentração de dióxido de carbono na atmosfera desde o


período pré-industrial é resultado do uso de combustível fóssil. A mudança do uso
do solo é outra razão significativa para o aumento da concentração, porém tem
menor contribuição para este aumento.

Segundo Medeiros et al. (2003), o efeito estufa é um fenômeno representativo


das alterações climáticas, fenômeno físico pelo qual os gases ativos na atmosfera
mantêm a terra mais aquecida do que estaria na ausência destes gases. A terra
absorve radiação solar e, por sua vez, emite radiação térmica para o espaço.

O aumento da temperatura da terra é evidenciado no 4º TAR (2007), quando


foi relatado o aumento de quase duas vezes na temperatura no Ártico em relação à
taxa média global nos últimos 100 anos do globo terrestre e o período mais quente
foi observado de 1925-1945.

Extremos climáticos recentes também foram constatados como as secas na


Amazônia em 2005, no Sul do Brasil em 2004-2006, na Espanha e na Austrália; os
invernos intensos da Ásia e Europa; as ondas de calor da Europa em 2003; o
furacão Catarina no Sul do Brasil, em 2004; e os intensos furacões no Atlântico
Norte, durante 2005, têm sido atribuídos ao aquecimento global. Ainda que as
evidências não permitam estabelecer relações entre eles com grande certeza, o que
se sabe é que estes fenômenos têm afetado populações, com grandes perdas de
vidas humanas, afetando também a economia, agricultura, saúde, com graves
impactos nos ecossistemas. Para a América Latina, as projeções futuras mostram
que até meados do século XXI, os aumentos de temperatura e as reduções de
chuva e de vazões de rios poderão levar a uma substituição gradual da floresta
tropical por savana no leste da Amazônia, e a vegetação semi-árida tenderá a ser
substituída por vegetação de terras áridas (MARENGO, 2007), apud, Salazar et al.,
2007; IPCC, 2007b).

As modificações climáticas podem ser sentidas principalmente com as


alterações dos parâmetros climáticos e hidrológicos. Silva et.al. (2009) afirmam que
as variações climáticas na terra podem inicialmente modificar os recursos hídricos
locais e o albedo da superfície, de forma que o processo pode provocar pequeno ou
19

até grandes modificações na temperatura, precipitação e evaporação, entre outros


parâmetros.

Os impactos nas vazões dos rios provenientes das mudanças climáticas tem
sido objeto de estudo em modelagem hidrológica, quando associados aos cenários
futuros de mudanças do clima (precipitação e temperatura) utilizam-se em modelos
chuva vazão, tendo como dados de entrada os dados climáticos. A temperatura tem
grande potencial de modificar a taxa de evapotranspiração, e conseqüentemente
alterar o ciclo hidrológico. Tavares (2004) o aumento das temperaturas terá, como
resposta, um crescimento da evaporação e fornecimento de energia, contribuindo
para a formação de nebulosidade por movimentos convectivos na atmosfera. A
convecção e evaporação criarão alterações na circulação atmosférica e nas
precipitações, que deverão aumentar em alguns lugares e diminuir em outros.
Também crescerão episódios de secas e enchentes. Silva et al.(2009), aplicaram o
modelo de balanço hídrico mensal, desenvolvido por XIONG e GUO (1999), na bacia
do rio Ipojuca/PE, e pôde observar que o aumento na temperatura de 1Cº alteraram
as vazões. O referido autor destaca que essa anomalia de temperatura pode ser um
indicativo de que os rios possam secar mais cedo do que o normal, com as
mudanças climáticas, previstas pelo Painel Intergovernamental de Mudanças
climáticas – IPCC.. Wang et al., (2009) utilizaram o VIC, modelo hidrológico que
inclui a interação da dinâmica da atmosfera com vegetação subjacentes e solos,
onde a água dinâmica e fluxos de energia são considerados. Esse modelo foi
aplicado na bacia hidrográfica do rio Amarelo, na China, estimaram reduções nas
vazões em 1,88% por ano com as mudanças do clima e impactos humanos, e de
0,86% somente associados as mudanças do clima.

Medeiros et al.(2003) utilizaram resultados de dois modelos de circulação


global (os modelos do serviço meteorológico da Inglaterra UKHI e Centro de clima
Canadense CCCII), para cenários atual (1xCO2 -323ppm) e futuro (2xCO2-646ppm),
na bacia hidrográfica do rio Paraguaçu, no semi-árido brasileiro, e concluíram que o
escoamento superficial decresce substancialmente nos dois casos durante os meses
de inverno e primavera. No cenário CCCII, o decréscimo observado ao longo do ano
é de aproximadamente 25%, no cenário UKHI, por outro lado, o escoamento
aumenta durante o outono e diminui durante o resto do ano. Albuquerque &
20

Galvíncio (2010), na bacia hidrográfica do rio Una (PE), simularam um aumento


médio de temperatura entre 1,03°C a 2,86°C, tendência para 2020 do cenário A2 de
aquecimento global do IPCC. Pode observar que os problemas na bacia durante a
época mais chuvosa podem ser intensificados, e as enchentes se tornaram
constantes, causando prejuízos e mortes nas principais cidades que margeiam o rio
Una. Mello et al.(2008), a partir dos dados simulados pelo modelo de circulação
global HadCM3, para os cenários de alta e de baixa emissão de gases de efeito
estufa, A2 e B2, entre os anos de 2001 – 2099, estimaram vazões mínimas (Q7,10 -
vazão mínima com duração de sete dias e período de retorno de 10 anos) na Sub-
bacia do Rio Paracatu/MG, observaram tendência significativa de aumento da
disponibilidade hídrica em 81% das estações fluviométricas nas diferentes
estações fluviométricas, variou de 31 a 131% até o final deste século. Para o
Cenário B2 (menor emissão de gases de efeito estufa), as tendências de aumento
da disponibilidade hídrica (q7,10) até o final deste século não foram significativas
para nenhuma das estações fluviométricos utilizadas. Graves & Chang (2007),
utilizaram projeção média anual do modelo climático global HadCM2 e GCM1,
aumento de temperatura (1,3% para 2020) e aproximadamente (3,5% para 2080).
Ambos cenários aumentaram a média anual de precipitação aproximadamente 5,4%
para 2020, no entanto, para 2080 HadCM2 (12,4%) e GCM1 (27,1%), na bacia
hidrográfica do rio Clackmas em Oregon (EUA) através do modelo hidrológico
distribuído Struma River Gis, GCMs e HadCM2. Para 2020, HadCM2 e GCM1
tiveram aumento das vazões máximas e diminuição da mínimas mensais. Para
2080, as mudanças das vazões foram ainda maiores para as máximas e mínimas
em relação aos dados observados. Seidel et al., (2000) observaram modificações na
vazão anual real de abril até dezembro de 1995, aumento em cerca de 25% em
ambas bacias hidrgráficas, do rio Ganges e Brahmaputra, ao realizar calculos de
vazões com aumentos de temperatura de 1,5 ºC, preciptação de 10% e humidade
de 5 a 10%., por meio do modelo hidrometeorológico SRM snowmelt runoff model.

Desta forma estudos dos impactos nas vazões em bacias hidrográficas


através de simulações a partir de dados climáticos tem sido um avanço e tem sido
explorado em hidrologia. Pinto et al.(2006), destacam que os modelos de previsão,
tanto de precipitações semestrais quanto de vazões trimestrais, trouxeram ganhos
em relação às previsões realizadas a partir unicamente da climatologia. As previsões
21

de vazão a partir de modelos climáticos se tornam validas à medida que haja


maiores precisões nos modelos climáticos, Collischonn et al. (2005), destacam que
existe um forte potencial de utilização das previsões de modelos de previsão
climática sazonal em recursos hídricos. Este potencial deverá aumentar à medida
que a previsão numérica de tempo e clima se desenvolve.

3.2 Modelagem matemática em hidrologia

Segundo Tucci (2010), os primeiros modelos matemáticos em hidrologia


tratavam de apresentar as etapas do ciclo hidrológico, como o desenvolvido por
Horton, na década de 1930, tratando da infiltração, e o escoamento em rios, o
Modelo Muskingun e o modelo Puls para o escoamento em reservatório,
desenvolvido por MacCarthy.

Modelos matemáticos hidrológicos tentam representar o regime hidrológico


quali-quantitativo de bacias hidrográficas com a finalidade de facilitar o entendimento
que permitir prever e mensurar a resposta do sistema aos condicionantes externos e
de interesse. Estes modelos são baseados em formulações matemáticas, obtidas a
partir de observações e técnicas estatísticas. Um modelo hidrológico pode ser
definido como uma representação matemática do fluxo de água e seus constituintes
sobre alguma parte da superfície e/ou sub-superfície terrestre (RENNÓ et al., 2000).

A análise matemática hidrológica de bacias hidrográfica de maneira simplória


consiste no entendimento da bacia como um sistema hídrico semelhante a um
reservatório, com entradas e saídas cuja representação desse sistema é o ciclo
hidrológico, mas não descarta a complexidade do sistema hidrográfico. A entrada no
sistema corresponde à precipitação, e a saída vazão. Dessa forma a resposta da
bacia à quantidade e saída de água está associada às características físico-naturais
e alterações antrópicas (MENDES et al., 2006). Esta representação sistemática de
bacias hidrográficas são características representativas em modelagem matemática
hidrológica.

Esta representação hidrológica pode ser aplicada por diferentes tipos de


modelos matemáticos hidrológicos e podem ter classificações quanto à utilização
linear e não linear. Os modelos hidrológicos representados por uma relação linear
22

têm como exemplo o hidrograma unitário, que corresponde à função resposta de um


impulso unitário de apenas um sistema hidrológico homogêneo, caracterizando-se
como um linear simples (entrada e saída), onde saída é representada através do
hidrograma unitário no exutório da bacia. Este hidrograma representa os efeitos de
eventos chuvosos, mas evidencia limitações relacionadas ao fato de se tratar de
uma função de resposta concentrada apenas no exutório, não evidencia a influência
da variabilidade heterogenia espacial, das propriedades físicas distribuídas de
bacias hidrográficas. Visto que a bacia é um sistema complexo e heterogêneo, com
diferentes taxas de infiltração, armazenamento e escoamento da água para cada
tipo de solo e cobertura vegetal ao longo da bacia hidrográfica (MENDES, 2006).
Modelos com relação linear estão representados por um único reservatório que
possui uma única saída. Estes sistemas de equações lineares podem representar
modelos restritos à geração de hidrograma de respostas da bacia apenas num único
ponto de saída (exutório).

Os modelos matemáticos hidrológicos concentrados não levam em


consideração a distribuição espacial dos parâmetros físicos da bacia de forma a
considerar a complexidade do sistema hidrológico na bacia hidrográfica.

Os modelos matemáticos precipitação – vazão do tipo concentrado, no


passado, representavam o comportamento de forma simplificada, e que permitiu dar
resposta às questões básicas de engenharia. No entanto, estes modelos não
permitiram avaliar os efeitos de modificações de uso do solo e a variabilidade da
resposta hidrológica em grandes bacias.

Com o desenvolvimento tecnológico e o surgimento dos computadores, e a


possibilidade de processar maiores volumes de dados, surgiram novos modelos
matemáticos em hidrologia, os quais representam processos de transformação de
chuva em vazão, especificamente para simulação e regulação de reservatórios.

Entre os anos 60 e 70 apareceram vários modelos que contribuíram com


características singulares como o Stanford IV, que tinha como principal
desvantagem o grande número de parâmetros de entrada necessários a sua
operacionalização, mas representava a maioria dos processos da transformação
23

chuva-vazão e podia ser utilizado em bacias urbanas e rurais com diferentes


tamanhos e coberturas (Crawford & Linsley, 1966 apud Ferraz et al, 1999).

Na década de 70 o modelo SSARR - Streamflow Syntesis and Reservoir


Regulation que segundo Piccili (2007), foi desenvolvido pela US Corps of Engineers
de PortLand, e foi escolhido e inicialmente aplicado pela entidade que o desenvolveu
(HEC. 1972). Surgiu também o modelo hidrológico Texas Watershed Model, uma
modificação do Stanford IV na parte de depressão do solo, infiltração e variação da
umidade.

Na década de 80 foi desenvolvido o modelo IPH-II do tipo precipitação- vazão


e aplicado às bacias dos rios Capivari, Cauca e Chasqueiro, no Estado do Rio
Grande do Sul (Brasil). O modelo representa os principais fenômenos do processo
chuva-vazão: perdas por interceptação (vegetação e depressões) e evaporação,
infiltração e escoamento superficial e subterrâneo. O modelo IPH II é um modelo
hidrológico do tipo concentrado, possuindo algoritmos de perdas iniciais, de
infiltração (com a equação de Horton) e algoritmos de propagação superficial e
subterrânea por funções de reservatório linear simples (GERMANO; TUCCI;
SILVEIRA, 1998). Ainda na mesma década surgiu o modelo conceitual SMAP
desenvolvido por Lopes et al. (1982) com estrutura simples e utilizando a separação
de escoamento baseada nos parâmetros do U.S.Soil Conservation (Serviço de
Conservação do Solo dos Estados Unidos da América), usados na determinação de
cheia de um projeto.

Na década de 90 surgiram os modelos de bases físicas como o TOPMODEL


(BEVEN, 1997) utilizado por Santos et.al (2004) na Bacia do rio Pequeno, São José
dos Pinhais. O modelo hidrológico TopModel é do tipo determinístico, semi-
distribuído e fisicamente baseado, e pressupõe que a dinâmica da água resulta das
característica do solo e do relevo de toda a bacia contribuinte, fornecendo como
resultado, além da vazão do rio, a distribuição espacial da umidade no sistema (zona
saturada e área secas) ao longo do tempo.

O TopModel permite estimar através de calibragem valores característicos de


algumas propriedades físicas e hídricas do solo, como a transmissividade que foi o
precursor dos modelos baseados em SIG (Sistema de Informação Geográfica) e
24

utiliza para a análise topográfica um Modelo Digital de Elevação (FERRAZ et. al,
2000).

Em outro modelo o SHE (Sistema Hidrológico Europeu) a bacia é dividida em


células na forma de uma grade, as células são definidas com as variáveis e
equações são resolvidas por métodos de diferenças finitas. Grades de menor
resolução na horizontal (2 x 2 km) também já foram utilizadas, porém implicaram na
calibração de valores equivalentes dos parâmetros, diferentes dos valores medidos
em escala local (Bathurst et al., 1995, apud Collischonn, 2001).

Dessa forma, o campo de estudo destinado à criação de modelos


hidrológicos, denominada modelagem hidrológica, é destaque dentre as linhas de
estudo em hidrologia, e pode dar resposta de vazões em grandes escalas, a nível
global, podendo contribuir até mesmo no prognóstico de mudanças climáticas no
globo terrestre, onde a bacia hidrográfica em análise é fundamentada pela
heterogeneidade dos elementos espaciais que representa o sistema ao longo da
bacia.

3.3 Modelo hidrológico distribuído

Os Modelos hidrológicos distribuídos chuva-vazão simulam o escoamento em


bacias hidrográficas. São denominados distribuídos pela possibilidade de simulação
de vazão ao longo da rede hidrográfica, e além disso consideram a heterogeneidade
espacial dos dados hidroclimáticos, dos processos hidrológicos e das características
físicas e antrópicas na bacia.

As aplicações de modelos hidrológicos distribuídos tornam-se importantes


pela capacidade de estimar espacialmente vazões a partir de cálculos matemáticos
em diferentes unidades de paisagem na bacia hidrográfica, e estes dados são
simulados e ajustados a partir de dados observados. Modelos hidrológicos
distribuído são de grande importância na geração de dados de vazão em bacias
hidrográficas e ainda podem obter estimativas de vazões em áreas sem
monitoramento hidrológico, principalmente, carentes de informações relativas aos
escoamentos para previsão de vazões, para períodos secos e eventos de cheias.
25

A grande dificuldade para a modelagem hidrológica tem sido a falta de


monitoramento hidrológico e conseqüentemente a ausência e/ou defasagem dos
dados em bacias hidrográficas brasileiras. Mesmo havendo limitações de dados, os
modelos hidrológicos distribuídos chuva-vazão tornam-se uma alternativa
interessante para fechar as lacunas de carências de dados de vazões, a partir de
séries de precipitação, visto que os modelos distribuídos levam em consideração
variáveis físicas das bacias, o que permite diferenciar as unidades de paisagem e
conseqüentemente a heterogeneidade hidrológica na bacia.

Silans et al. (2000) destacam que os modelos hidrológicos distribuídos


procuram incorporar a variabilidade espacial dos parâmetros descritivos da geologia,
da natureza do solo (pedologia), da ocupação do solo (antrópicas) e do relevo
(geomorfologia), assim como a distribuição espacial da precipitação, e,
eventualmente, da evapotranspiração potencial.

Os modelos distribuídos subdividem a bacia em elementos considerados


homogêneos quanto às propriedades avaliadas, representando, além da variação
temporal, a variabilidade espacial do sistema físico (MENDES, 1996).

O planejamento e o gerenciamento dos recursos hídricos de uma bacia


hidrográfica requerem um conhecimento profundo dos mesmos. Isto implica em
dispor ao longo do tempo, assim como no espaço referente à bacia hidrográfica, de
informações relativas às quantidades de água escoada de acordo com as
peculiaridades físicas da bacia, às vazões na rede de drenagem, aos usos dos
recursos hídricos e também da qualidade da água (SILANS et al. 2000).

Modelos hidrológicos distribuídos ganham cada vez mais êxito e importância


quando dentro de seus métodos estão a obtenção de hidrogramas em diferentes
pontos na rede de drenagem em grandes bacias hidrográficas, não apenas em um
único ponto de saída.

Exemplos são as estimativas de vazões distribuídas na bacia como já citado,


como também previsões de vazões, risco de enchente e ainda pode ter utilização
em estudos de mudanças climáticas. Segundo DOLL et.al (2002) para o
reconhecimento de mudanças climáticas são necessários estudos hidroclimaticos
26

em grandes escalas por meio de modelos hidrológicos, e que torna a simulação de


mudanças climáticas mais confiáveis.

Entretanto, vale destacar os problemas e as desvantagens quanto à aplicação


dos modelos hidrológicos. Braga et al (2002) destacam que a aplicação de modelos
hidrológicos encontra limitações, quando não há disponibilidade suficiente de dados
disponíveis e representativos para o desenvolvimento e calibração dos modelos.
Outras limitações estão relacionadas ao emprego de relações simplificadas entre as
variáveis intervenientes, em função da complexidade dos fenômenos representados,
ou pelo pouco conhecimento destes, ou, ainda por limitações computacionais; difícil
incorporação de fatores, como os sociais, por exemplo.

Além disso, as generalizações de informações espaciais decorrentes dos


mapas em escalas com grandes classes, carecendo de maiores detalhes das
entidades geográficas são desvantagens quanto à representação da modelagem
hidrológica distribuída. Na visão de Le Lay & Galle (2005) apud Meller et .al (2005),
a utilização de modelos hidrológicos traz desvantagens, quando a utilização muitas
vezes é dificultada pela necessidade de informações com alta resolução temporal e
espacial na mesma escala, que muitas vezes não estão disponíveis.

Contudo, os modelos hidrológicos são representações simplificadas dos


processos hidrológicos que ocorrem nas bacias. No desenvolvimento de um modelo
hidrológico sempre existe um conflito entre o grau de detalhe da representação dos
processos e a busca por modelos simples, com poucos parâmetros (COLISHONN et
al, 2007).

Os modelos hidrológicos distribuídos podem ser utilizados para previsão de


vazões em tempo real, previsão de vazão sazonal, estimativa de disponibilidade
hídrica em locais sem dados e análise de impactos da construção e operação de
múltiplas obras hidráulicas sobre regime hidrológico.

Modelos hidrológicos com variáveis distribuídas no espaço permitem estimar


vazões a partir de cenários futuros de acordo com as condições atuais na bacia de
drenagem. Segundo Yu et al. (2000), os modelos chuva-vazão distribuídos são
capazes de realizar simulação a partir da distribuição espacial das chuvas e
27

características da bacia de drenagem, sendo uma alternativa promissora para


simulação de hidrogramas de escoamento em bacias hidrográficas. O Modelo SWAT
utilizado por Baldissera (2005) na bacia hidrográfica de rio Cuiabá em Matogrosso é
um exemplo de modelo hidrológico do tipo distribuído, sendo a bacia discretizada em
sub-bacias tendo por base as formas do relevo distribuídas pelas suas cotas através
dos modelos digitais de elevação.

Dessa maneira, o uso de um modelo hidrológico distribuído implica na


parametrização de cada um dos seus termos. Procedendo desta maneira, estão se
agregando diferentes dados de entrada, parâmetros e fenômenos hidrológicos, cada
um com sua variabilidade espacial inerente e escala dominante (MENDES et. al,
2001).

A evolução dos modelos hidrológicos dos concentrados para os distribuídos


tem sido um desenvolvimento importante para gerar informações hidrológicas
espacializadas em bacias hidrográficas, de forma que este avanço tem ocorrido com
o surgimento de técnicas de geoprocessamento através dos SIG’s.

Com os avanços de modelos distribuídos em diferentes escalas geográficas


da bacia hidrográfica (meso escala) houve avanços importantes principalmente
através: do uso do geoprocessamento, que permitiu a identificação espacial das
variáveis de entrada e de atributos físicos e dados gráficos das bacias hidrográficas
utilizados como bases na modelagem matemática hidrológica distribuída.

3.4 Integrações entre geoprocessamento e modelagem hidrológica

Miller & Guertin (1999) comentam, que a integração do Sistema de


informações geográficas e a hidrologia tem sido objeto de estudo pela comunidade
científica, com crescimento da pesquisa e aplicação, no últimos dez anos.

Um melhor conhecimento do problema e da análise de várias soluções


exigem uma abordagem integrada das informações que possam oferecer uma visão
global dos vários componentes do sistema (MENDAS et.al., 2004).

Os estudos e pesquisas na área de recursos hídricos têm se preocupado em


quantificar a água em bacias hidrográficas a fim de contribuir para o gerenciamento
28

e uso da água no território. Modelagem hidrológica em SIG torna a aplicação de


modelos hidrológicos ao nível das bacias hidrográficas, além de ser um avanço
quantitativo na caracterização dos parâmetros hidrológicos, vem a ser uma
tecnologia de apoio à decisão no contexto da gestão eficiente da ocupação do solo e
dos recursos hídricos (SANTOS et al., 2008).

A integração de informações hidrológicas com o SIG tem preenchido lacunas


na modelagem hidrológica para grandes bacias, gerando informações distribuídas, a
partir de plano de informações que representam as características físicas da bacia:
solos, geologia, uso e cobertura do solo e representação morfológica por meio de
modelos digitais de elevação (MDE).

A integração entre os SIG’s e um modelo de hidrológico para a simulação dos


fenômenos de evaporação, precipitação e escoamento possibilita efetuar a previsão
do escoamento superficial e simultaneamente analisar a sua distribuição numa bacia
hidrográfica (SANTOS et al.,2006).

As integrações entre os modelos hidrológicos e os SIG’s ganham importância


para a gestão territorial, pois possibilitam conhecer espacialmente a magnitude dos
impactos nos recursos hídricos, de forma que os modelos hidrológicos podem
simular vazões de acordo com cenários (uso e cobertura do solo) e relacionar as
causas dos impactos na bacia hidrográfica em estudo. O sistema de informação
geográfica permite melhor reconhecer e descrever detalhadamente as variáveis
territoriais, elementos espaciais e suas relações no espaço geográfico. No entanto,
os sistemas de informação geográfica permitem obter apenas entidades espaciais
estacionárias, enquanto que os modelos hidrológicos tratam de representações das
dinâmicas hidrológicas de bacias hidrográficas, formuladas de forma contínua ao
simular fenômenos hidrológicos dinâmicos no espaço, assim como previsões de
escoamento.

Esta possibilidade de representações dinâmica espacial e heterogenia de


vazões têm sido alcançadas com a integração entre os SIG’s e a modelagem
hidrológica de bacias. O SIG possui categorias de armazenamento de atributos,
relações entre os planos de informações por meio da integração entre banco de
dados geoespaciais.
29

Os SIG’s têm permitido processar informações de características físicas


através de modelos digitais de elevação, como comprimento de trechos de rios,
drenagens, áreas, declividade, fluxo de drenagens, drenagem acumulada, entre
outras informações, que associado aos modelos hidrológicos, tem permitido obter
simulações em macro-escalas.

Todas essas informações são armazenadas num banco de dados geográficos


geocodificados, estrutura de base para os SIG’s. Exemplo é a extensão ArcHydro,
do software ArcGis que permite processar plano de informações espaciais associado
a um banco de dados necessário para os modelos hidrológicos distribuídos de base
física para bacias hidrográficas.

Exemplos de modelos de simulação hidrológica fundamentados nas


características espaciais físicas de bacias hidrográficas associados aos sistemas de
informação geográfica são: SHE (Système Hydrologique Européen – ABBOTT) e
seu sucessor SHETRAN, SWAT (Soil and Water Assessment Tool – US Department
of Agriculture, Agricultural Research Service no Galssland, Soil and Water Research
Laboratory, Texas-EUA), TOPOG (TOPOGraphy model), TOPMODEL (TOPography
MODEL) .

3.5 Modelo de Grandes Bacias – MGB/IPH

O modelo de Grandes Bacias - MGB/IPH Collischonn (2001), utilizado neste


trabalho permite simular o ciclo hidrológico em bacias hidrográficas, onde cada fase
está representada pelos seguintes módulos: balanço de água no solo;
evapotranspiração; escoamentos: superficial, sub-superficial e subterrâneo na célula
e escoamento na rede de drenagem.

O MGB/IPH foi desenvolvido a partir dos modelos VIC-2L e LARSIM que


buscam preencher o espaço intermediário entre os modelos de transformação
chuva-vazão, adaptados para pequenas bacias, e os modelos de circulação global,
de grande escala. O modelo tem sido usado para previsão hidrológica, o qual
possibilita estudo de disponibilidade hídrica, gerenciamento de recursos hídricos e
em menor escala, avaliação de impactos de mudança de uso do solo e mudanças
climáticas (COLLISCHONN, 2006).
30

O MGB/IPH possui subdivisões com características hidrológicas diferenciadas


da bacia em blocos. Para esta versão do modelo MGB/IPH discretizado em mini-
bacias são denominadas Unidades de Resposta Hidrológica – URH e são unidades
representativas do balanço hídrico em diferentes unidades de paisagens da bacia
hidrográfica. As URH’s são áreas com comportamento hidrológico semelhantes,
associados ao tipo e cobertura dos solos similares.

A figura 4 exemplifica os processos hidrológicos verticais simulados em cada


Unidade de Resposta Hidrológica URH.

Figura 1- Balanço hídrico para cada Unidade de Resposta Hidrológica MGB/IPH

Fonte: COLISHONN, 2001.

Na versão do modelo hidrológico MGB-IPH, utilizada neste trabalho a bacia


hidrográfica é discretizada em mini-bacias. Segundo Paiva (2009), o MGB-IPH
simula os processos hidrológicos, o escoamentos gerados e fornece vazões no
exutório em cada mini-bacia e adicionalmente variáveis hidrológicas secundárias
como fluxos de energia e evapotranspiração, escoamentos superficial, sub-
superficial, subterrâneo, e o armazenamento de água no solo são simulados em
cada URH.
31

As etapas de simulação do ciclo hidrológico (interceptação,


evapotranspiração, balanço de água no solo, geração de escoamentos superficial e
sub-superficial e percolação ao aqüífero) no modelo MGB/IPH estão associadas a
cada URH’s.

3.5.1 Comportamentos hidrológicos estabelecidos no Modelo

Os processos hidrológicos verticais e horizontais simulado pelo modelo


MGB/IPH descritos a seguir estão de acordo com Collischonn (2001), Collischonn et
al. (2007) & Paiva (2009)

3.5.1.1 Verticais- Balanço de água no solo

O balanço de água no solo é realizado de acordo com as características de


cada bloco (URH) do modelo. Já o escoamento superficial é calculado considerando
se a água no solo saturado proporcionará escoamento superficial. O escoamento
subterrâneo é calculado por uma equação simples, linear com relação ao
armazenamento no solo. Separadamente, quando o armazenamento de água no
solo é baixo, pode ocorrer a transferência de água subterrânea para a camada do
regolito, por ascensão da água no solo. Sendo assim, o modelo pode simular
situações em que as águas subterrâneas sofram perdas por evapotranspiração

 Evapotranspiração

A evaporação é calculada por meio da equação de PM (Penman – Monteith),


utilizada por Sumne et al. (2004). Esta formulação permite representar as alterações
de evapotranspiração associadas às mudanças de uso do solo, onde são
necessários dados específicos para cada tipo de vegetação que podem ser
adquirido por meio de imagens de satélites.

 Determinação do escoamento superficial

Na rede de drenagem para que aconteça o escoamento superficial, é


necessária a condição de solo saturado, permitindo assim o escoamento superficial.
Isso é representado através do processo Dunniano que são variáveis em função do
32

nível geral de saturação da bacia e é utilizada uma relação probabilística entre


umidade do solo e fração de área saturada

 Geração do escoamento de sub-superfície

O escoamento sub-superficial no modelo é calculado numa relação não-


linear, sendo levados em consideração os parâmetros hidrológicos (equação 1): o
volume gerado de escoamento subsuperficial [mm], Wz [mm] o mínimo volume
armazenado no solo para haver geração de escoamento subsuperficial, Kint [mm.
dia-1] parâmetro de drenagem subsuperficial; λ [adimensional] índice de porosidade
do solo.

Equação 1

 Infiltração para o Aqüífero:

Representa a quantidade de água que chega até o aqüífero em cada intervalo


de tempo, sendo uma função linear do volume armazenado de água no solo
(equação 2).

Equação 2

Onde Wc [mm] é o limite mínimo a partir do qual não ocorre percolação; Kbasj
[mm.dia-1] é o parâmetro que define a percolação máxima, quando o solo está
saturado.
33

 Capilaridade da água no solo (ascensão):

A representação da ascensão da água para a zona não-saturada do solo


(camada superior) pode ser representada no modelo, como também situação de
estresse hídrico. Este comportamento hídrico de ascensão da água pode ser
encontrado em áreas onde nível do lençol é raso e pode ser influenciado pelas
raízes profundas da vegetação no solo, capaz de extrair a água do aqüífero
(equação 3). Onde,Wc [mm] é o limite máximo para haver fluxo ascendente e DMcap
[mm] o máximo fluxo ascendente do solo.

Este fluxo de ascensão da água no modelo MGB é representado por:

Equação 3

3.5.1.2 Horizontais

 Escoamento nas mini-bacias

As mini-bacias são subdivididas em blocos, ou melhor, Unidade de Resposta


Hidrológica (URH), as quais são unidades que possuem características hidrológicas
semelhantes de acordo com uso/cobertura e tipo de solos.

A propagação do escoamento se dá para cada mini-bacia, onde essas mini-bacias


recebem as vazões das mini-bacias situadas a montante. A vazão de saída da mini-
bacia a montante é a informação de entrada para a mini-bacia a jusante. A
propagação da água na rede de drenagem passa antes por três reservatórios
representando o escoamento superficial, o escoamento de base e o subterrâneo,
havendo dessa maneira um tempo de retardo e amortecimento do escoamento de
entrada para cada mini-bacia.

 Escoamento na rede de drenagem:


34

O modelo realiza a propagação nos trechos de rio utilizando o método de


Muskingum-Cunge (TUCCI, 1998).

Os parâmetros do modelo Muskingum-Cunge são calculados com base nos dados


de comprimento, declividade, rugosidade e largura média dos trechos de rio. O
comprimento e a declividade são adquiridos a partir de mapas hidrográficos e
modelo digital de elevação onde essas informações são geradas através do Sistema
de informação Geográfica (SIG).
35

4 METODOLOGIA

4.1 Caracterização da área de estudo

4.1.1 Localização e hidrografia

A caracterização da bacia está de acordo com Alagoas (1997). A bacia


hidrográfica do Rio Paraíba do Meio possui uma área total de aproximadamente
3.117km2, compreendendo parte dos Estados de Alagoas e Pernambuco e possui
perímetro de 478 km.

Figura 2 - Localização da bacia Hidrográfica do rio Paraíba do Meio e sua hidrografia


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Fonte: Autor, 2011 – Adaptado de Brasil, 2007

A Bacia do Rio Paraíba do Meio situa-se entre os paralelos 08º44 e 09º39’ de


latitude sul e entre os meridianos 35º45’ e 36º45’ de longitude oeste de Greenwich, e

limita-se ao norte com a Bacia do Rio Ipanema no Estado de Pernambuco, ao


sul com as Bacias dos Rios São Miguel e Sumaúma, ao leste com a Bacia do Rio
Mundaú, e ao oeste com as Bacias dos Rios Traipú e Coruripe. A figura 1 mostra
36

esquematicamente a localização geográfica da bacia em estudo, os principais rios


que contribuem para o canal principal são Riacho Bálsamo e o Riacho Seco na
Margem direita, correspondente ao Estado de Pernambuco. Ainda encontram-se o
principal rio no território alagoano, o rio Quebrangulinho, riacho Lunga, riacho do
Canto, riacho Pedra de Fogo, riacho Riachão, riacho Itapicuru, riacho Isabel, riacho
do Carapa e Rio Porongaba. O Rio Paraíba Meio ao longo dos seus 171,98 km
apresenta regime fluvial intermitente e perene. O sistema hidrográfico apresenta
padrão de drenagem do tipo dendrítico. Este tipo de drenagem também é conhecido
como arborescente pela sua semelhança com os galhos de uma árvore (Cunha,
1995).

4.1.2 Clima

A região do Agreste em Alagoas e Pernambuco permanece todo o ano sob o


domínio da massa Equatorial Atlântica (Mea), que tem maior umidade na corrente
inferior dos alísios. No inverno, verifica-se a invasão de massas polares (Mpa)
provenientes do sul do Brasil, que se incorporam aos ventos alísios de sudeste,
trazendo umidade, provocando chuvas mais abundantes sobre a região.

Nas condições do tempo e clima da região destacam-se os sistemas frontais,


vórtices ciclônicos de altos níveis, ondas de leste e linhas de instabilidade tropical e,
em grande escala, o “El Niño”, que é um fenômeno físico decorrente do aquecimento
anormal das águas do oceano Pacífico Equatorial.

A porção da Bacia do Rio Paraíba no Estado de Alagoas está situada numa


região de clima tropical quente e chuvoso com verão seco do tipo As', segundo a
classificação de Köppen. Com estação chuvosa de abril a julho é adiantado para
outono. A pluviosidade média anual na bacia é 1.600 mm, de acordo com os índices
pluviométricos obtidos pelos postos pertencentes à SUDENE e ao DNAEE, nos
municípios de Pilar, Atalaia, Capela, Mar Vermelho, Palmeira dos Índios, Pindoba,
Quebrangulo e Viçosa. As temperaturas são bastante elevadas, com exceção das
regiões serranas, onde, evidentemente, por efeito da altitude, tornam-se mais
amenas. A média anual é em torno de 25 oC, a temperatura média mensal mais
37

Figura 3 - Mapa de precipitação média anual, em milímetro, na bacia hidrográfica do


rio Paraíba do Meio

Fonte: Autor, 2011.

elevada chega a atingir os 30 oC. Os meses mais quentes são dezembro e


fevereiro, enquanto o mais frio é quase sempre julho.

Na porção da bacia pertencente ao território pernambucano, o clima é


classificado como subsumido, com curto período chuvoso (outono - inverno,
correspondendo aos meses de março a setembro), segundo a classificação de
Köppen, BShs’. As temperaturas são elevadas com média anual de 25 oC, e a
pluviosidade média anual e de 750 mm.
38

4.1.3 Formas de Relevo

A Bacia do Rio Paraíba tem sua área definida no alto curso por uma
superfície aplanada, com relevo ondulado com altitude entre 600 e 800 m. O médio
curso caracteriza-se pela presença de formas estruturais e de dissecação
homogênea e o baixo curso por uma superfície sedimentar dissecada em interflúvios
tubuliformes e colinas.

Com vale em “V” em todo alto curso, após confluir com o Riacho Seco e ainda
em pernambucano, alcança o cota de 500 m, no qual, se encrava entre encostas
erodidas que formam colinas, serras e cristas, até a confluência com o Paraibinha, a
montante da cidade de Capela. Nesse trecho, a bacia ocupa uma superfície
dissecada em três níveis distintos 600 – 700m, 450 – 550m, nível dominante, e 230
– 350m, que formam degraus de acesso aos níveis mais elevados do maciço.

Ao deixar o patamar, antes de alcançar os terrenos sedimentares, forma o


cânion da Serra dos Dois Irmãos,quando penetra na “depressão periférica”, área
erodida pela ação de alguns afluentes que cortam o “front” da encosta oriental do
planalto e funcionam como nível de base para os processos morfodinâmicos.

A partir da confluência com o Paraibinha, aparecem platôs cristalinos


capeados por sedimentos do Grupo Barreiras.

No município de Atalaia, o rio Paraíba do meio penetra nos tabuleiros,


dissecando-os em colinas e interflúvios tabulares com encostas convexas e
convexos côncavas, colúvios e leques aluviais até alcançar sua embocadura
próxima à cidade de Pilar, onde, em virtude do fechamento do seu estuário por
depósitos flúvio-marinhos, constitui a planície fluvio- lagunar na laguna Manguaba.

4.1.4 Solos

Predominam variada ocorrência de solos com propriedades bastante distintas,


destacando-se em termos de extensão, Argissolos, Regosolos, Planossolos,
Latossolos Vemelho Amarelo, Solos Aluviais e Gleyssolos (Figura 2).
39

Figura 4 - Solos na bacia hidrográfica do rio Paraíba do Meio

Fonte: Autor, 2011 - Adaptado de SEPLAN, 1997

Solos Hidromórficos (Gleyzados e Orgânicos): Compreende solos


hidromórficos, mal drenados, cujas características morfológicas são resultantes
principalmente da influência do excesso de umidade, permanente ou temporária,
como acumulação de matéria orgânica na parte superficial. O horizonte A
(comumente moderado) apresenta-se com espessura variável (10 e 40cm) mas,
freqüentemente, oscila entre 15 e 25 cm; estrutura comumente moderada, porém
40

ocorre estrutura fraca ou mesmo forte, granular, de consistência dura a muito dura
quando seco, e friável a firme quando úmido

Solos Aluviais: São solos pouco desenvolvidos, proveniente de deposições


fluviais recentes moderadamente profundos a profundos, de textura as mais diversas
e drenagem comumente imperfeita ou moderada. Em geral são solos de grande
potencialidade agrícola. No Estado de Alagoas estes solos podem ser distróficos ou
eutróficos, na seqüência o horizonte A, quando fraco, tem espessura comumente
entre 8 e 15 cm, enquanto o A moderado, mais freqüentemente, tem espessura
compreendida entre 15 e 25 cm. Na Bacia do Rio Paraíba do Meio, encontra-se o
solo Aluvial Distróficos e Eutróficos no Estado de Alagoas, entre os municípios de
Pindoba e Maribondo.

Planossolos Solódicos: Compreende solos com B textural, com argila de


atividade alta. São chamados de solódicos por apresentarem saturação com sódio
entre 6% - 15 % no horizonte Bt. São comumente pouco profundos com
profundidade média em torno de 70 cm. A textura entre média e argilosa, com
ocorrência menor de textura muito argilosa. São diagnosticados por apresentarem o
horizonte B igual ou maior que 50 cm, muito poroso, friável ou muito friável, alta
floculação e pequeno incremento de argila.

Latossolo Vermelho Amarel Cenário A2 : Esta classe compreende solos


com horizonte B textural, não hidromórficos, com argila de atividade baixa. São em
geral fortemente ácidos e de baixa fertilidade natural. São normalmente profundo a
muito profundos com Textura média, argilosa ou arenosa no horizonte A e argilosa
ou média no horizonte Bt. De modo geral o horizonte A destes solos apresenta
espessura que varia de 20 cm até pouco mais de 100 cm. Estrutura mais
desenvolvida no A1. O horizonte Bt é espesso de um modo geral, e a profundidade
varia de 68 cm até cerca de 4 metros.

Argissolos Vermelho Amarelo: compreendem solos com horizonte B


textural, com profundidade variando de raso a profundo, seqüência de horizontes A,
B, C com transições sempre claras e colorações predominantemente variando do
bruno-amarelo a vermelho. Caracterizam-se por apresentar um horizonte
diagnóstico superficial argílico (Bt) onde houve uma acumulação de argila. Os
41

Argissolos possuem condições físicas favoráveis; são porosos e comumente bem


drenados e são os que vêm sendo cultivados há longo tempo com cana-de-açúcar
na zona úmida costeira.

Argissolos Vermelho Amarelo Eutrófico: Compreende solos com


horizontes B textural, não hidromórficos, apresentam perfis bem diferenciados,
comumente profundos. O horizonte A destes solos apresenta-se mais
freqüentemente moderado e proeminente, com espessura entre 30 e 60 cm. O
horizonte Bt constitui a principal característica de identificação destes solos. Nos
solos de textura argilosa, a estrutura varia de fraca a forte em blocos
angulares/subangulares, sendo os argilosos com A proeminente os mais bem
estruturados, aonde a serosidade chega ser até forte e abundante. O relevo varia
desde plano até montanhoso, sendo também freqüentes os relevos ondulados e
suaves ondulado. Clima e vegetação são também bastante diversificados.

Regossolos Eutrófico e Distrófico: Compreendem solos pouco


desenvolvidos, arenosos, por vezes com cascalho ou cascalhentos, muito profundos
a moderadamente profundos, muito porosos, com ou sem fragipan, estando este
comumente situado logo acima da rocha subjacente. A drenagem pode variar de
moderada a excessiva, mas comumente são bem a fortemente drenados. São solos
bastante susceptíveis à erosão, verifica-se comumente uma forte deficiência de
água durante a época seca. Os Regossolos estão presentes na Bacia do rio Paraíba
na área correspondente ao Estado de Pernambuco, onde encontra o solo REe2 nos
municípios Caetés e Paranatama, como também parte entre os municípios de Saloá,
Terezinha e Bom Conselho.

Solos Litólicos: Compreende solos pouco desenvolvidos, rasos a muito


rasos, possuindo apenas um horizonte A assente diretamente sobre a rocha (R) ou
sobre materiais da rocha em grau bastante avançado de intemperização,
constituindo um horizonte C sobre a rocha subjacente pouco intemperizada ou
compacta (R). Os solos desta unidade podem ser eutróficos ou distróficos.
Apresenta textura arenosa ou média, por vezes com cascalho ou cascalhenta.
Comumente são solos bastante susceptíveis à erosão em decorrência de sua pouca
espessura. O material originário refere-se em grande parte ao saprolito de gnaisse e
granitos, podendo ser ainda desenvolvidos de quartzitos, micaxistos e arenitos.
42

4.1.5 Cobertura Vegetal

A cobertura vegetal apresenta características fitogeográficas da zona da


caatinga representadas pelo Agreste, Mata e Litoral no Estado de Alagoas e, no
Estado de Pernambuco, pela Zona do Agreste, a tabela 1 mostra a distribuição em
porcentagem em classes de uso na bacia hidrográfica do rio Paraíba do Meio.

Tabela 1 - Distribuição das classes predominantes em área e porcentagem de uso e


cobertura do solo na bacia do rio Paraíba do meio
2
Classes de uso e cobertura do solo Área (km ) Área (%)
Rochas e solos nu ou com vegetação dispersa 249,98 7, 980
Mosaicos de vegetação não arbórea pastejada e pequena agricultura 22,42 0, 716
Mosaicos de agricultura, pastagens e vegetação arbórea alterada 2.723,62 86, 940
Florestas ombrófilas densa 7,04 0, 225
Floresta estacionais semi-deciduais densa 105,59 3, 371
Agriculturas e pastagens permanentes dominantes 24,07 0, 768
Agriculturas e pastagens permanentes dominantes 0,05 0, 001
Fonte: Autor, 2011.

Na bacia, encontra-se a Mata Tropical de encosta do tipo subperenifólio e


subcaducifólio, nos alto e médio vale, no baixo a mata de tabuleiro, com algumas
manchas de cerrado, e na Baixada Litorânea vegetação de restinga (Francês -
Taperaguá - Massagueira) um pouco conservada. Na planície lagunar aparecem os
mangues dos solos salobros, e nos mais arenosos, o mangue de porte lenhoso,
chamado Seriba. Por sua vez, as áreas menos úmidas dos municípios de Bom
Conselho, Terezinha, Saloá e Garanhuns apresentam o predomínio da vegetação de
caatinga hipo e hiperxerófila de espécie decíduas, que variam de arbórea a
arbustiva, dotadas de espinhos e com abundância de cactáceas e bromeliáceas,
correspondentes às subzonas do agreste e sertão central. As condições climáticas
condicionam o aparecimento de uma cobertura vegetal dispersa (Caatinga) com
variações para arbórea densa e arbórea aberta, e trechos de vegetação Florestal
Secundária devido à intervenção antrópica.

Com o crescimento da pecuária extensiva e a expansão da monocultura da


cana-de-açúcar, após a implantação do PROÁLCOOL na década de 1980, o
desmatamento atingiu altos índices, substituindo quase que totalmente a vegetação
43

Figura 5 - Mapa de predomínio do uso e cobertura vegetal

na bacia hidrográfica do rio Paraíba do Meio

Fonte: Autor, 2011 – Adaptado de EMBRAPA, 2000.

original pela cana-de-açúcar, restando apenas manchas de mata nos vales com
altas declividades.
As informações relativas ao uso do solo definem as ações antrópicas em
termos de áreas cultivadas, destacando-se a cana de açúcar nos municípios de
Atalaia, Cajueiro, Capela, Chã Preta, Pilar e Pindoba, apresentando uma cultura
mais diversificada os municípios de Mar Vermelho, Paulo Jacinto e Quebrangulo
com cultivo de feijão, milho, batata doce, fava, mandioca, entre outros.
44

Logo se percebe na bacia do rio Paraíba do meio processo antrópico intenso,


com maior predomínio de áreas agrícolas, pasto e vegetação alterada e apenas
fragmentos de florestas.

4.2 Aplicação do modelo de grandes bacias – MGB/IPH

4.2.1 Preparação dos dados de entrada fase Prepo-MGB

Neste trabalho foi utilizada a versão MGB/IPH mini-bacias que permite


discretizar à bacia hidrográfica em mini-bacias com tamanhos a critério do usuário.
Diferente da versão anterior do MGB, onde a discretização era elaborada por células
da ordem de quilômetros (10 x 10 Km, 5 x 5 Km). Onde a propagação do
escoamento se dava para cada célula. Nesta versão, a propagação do escoamento
é realizada de uma mini-bacia para outra.

O MGB Mini-bacias tem com etapa inicial o processamento dos dados,


denominado MGB-GIS, elaborado em ambiente SIG (Sistema de Informação
Geográfica). Onde os planos de informação posteriormente são inseridos na rotina
pelo programa Prepro_MGB, desenvolvido em linguagem Fortran, com interface
VBA elaborado e desenvolvido como extensão no ArcGis 9.2.

A execução é realizada pelo template Prepro_MGB.mxd (FAN et al., 2010). A


discretização da bacia foi realizada por meio da extensão ArcHydro 9.2 desenvolvido
no Centro de Pesquisas em Recursos Hídricos (Center for Research in Water
Resources - CRWR) na The University of Texas at Austin (EUA) e gratuitamente
distribuído pela ESRI, para ser utilizado no Software ArcGis. O dado de entrada é o
Modelo Digital de Elevação (MDE), disponível por Embrapa no formato RASTER
(Figura 5).

Nessa etapa inicial de preparação dos dados, foram executadas técnicas de


geoprocessamento para geração de planos de informação necessários para modelo.
Para tanto, inicialmente foram utilizados recorte espacial do MDE, posteriormente, a
utilização da extensão ArcHydro no Software ArcGis 9.2, onde foram feitas
correções e gerados os planos de informações (Raster) para a fase Prepo_MGB
45

1) Preenchimentos das depressões espúrias (Fill Sinks);


2) Arquivo direções de fluxo (Flow Direction);
3) Fluxo de drenagem acumulado (Flow Acu);
4) Rede de Drenagem Raster (Stream definition).

Figura 6 - Modelo Digital de Elevação – MDE, da bacia hidrográfica

do rio Paraíba do Meio

Fonte: Autor, 2011

Diante da geração desses novos planos foi possível realizar a delimitação


automática da bacia hidrográfica do rio Paraíba do Meio, a ser utilizada na
46

modelagem. Após este procedimento foi feita a extração da área da bacia para os
planos citados, tendo como referência geográfica para todos os recortes o Datum
WGS_1984 e a mesma resolução espacial do MDE de 90 metros (figura 5) para
todos os mapas.

Após os recortes dos limites da área geográfica e ajustes de Datum e


resoluções para todos os planos de informações, foram geradas uma segmentação
de drenagem pela Terrain Preprocessing / Stream Segmentation, que a partir
desse plano (figura 7) foi determinado o arquivo de mini-bacias no formato Raster
pela função Terrain Preprocessing / Catchment Grid Delineation, todos pelo
menu da extensão ArcHydro. A partir destes arquivos gerados, mais os planos de
informação de tipo de solos e uso e cobertura vegetal foi possível realizar a fase
Prepo_MGB.

O PrePro-MGB é uma fase de processamento de dados espaciais que


analisa os planos de informação de relevo da bacia fornecidos pelo MDE e resume
as informações das características morfometrica para cada mini-bacia gerada.

Os dados necessários de entrada para a rotina Prepo_MGB estão listados na


tabela a seguir.

Tabela 2 - Dados de entrada necessários para o programa PrePro_MGB.

Planos de Caráter Tipo Possível


informação fonte
Modelo Digital de Obrigatório Raster SRTM
Elevação (MDE)
Rede de drenagem Obrigatório Raster Operação
ArcHydro
Mini-bacias Obrigatório Raster Operação
ArcHydro
Direções de fluxo Obrigatório Raster Operação
ArcHydro
Unidades de Obrigatório Raster Definição de
resposta hidrológica unidades de
(URH) ou Bloco paisagem
Fonte: Autor, 2011.
47

Figura 7 - mapa de direção de fluxo da bacia hidrográfica do rio Paraíba


do Meio

Fonte: Autor, 2011


48

Figura 8 - Mapa de discretização em Mini-Bacias da bacia hidrográfica do rio


Paraíba do Meio

Fonte: Autor, 2011


49

4.2.2 Formação do Bloco/URH - Unidade de Resposta Hidrológica

Nesta versão do modelo MGB-IPH dsicretizado em mini-bacias, considera-se,


que o comportamento hidrológico das unidades de resposta hidrológica - URH possa
ser explicado por características físicas relacionadas aos solos (e.x. capacidade de
armazenamento d’água, profundidade, porosidade, condutividade hidráulica) e
cobertura vegetal (e.x. índice de área foliar, interceptação, profundidade das raízes,
albedo).

Na definição do bloco (URH), foram utilizado os planos de informação


pedologia e uso e cobertura do solo, formando as 6 Unidades de Resposta
Hidrológica (URH) ou agrupada (URA). Os planos de informação são
obrigatoriamente estruturados numa matriz no formato RASTER (GRID), requerido
pelo modelo MGB/IPH:

Neste estudo a unidade de resposta hidrológica foi definida a partir da


reclassificação dos mapas de solo e uso e cobertura do solo na Bacia do rio Paraíba
do Meio. A reclassificação do mapa de solos (Figura 9) esta de acordo com Sartori
(2004) a partir dos grupos hidrológicos do Serviço de Conservação dos Solos (SCS)
dos Estados Unidos, e para este trabalho tiveram a seguinte classificação dos solos
quanto ao grupo hidrológico:

 Solos agrupados para o grupo hidrológico C: Argissolos vermelho,


argissolos vermelho amarelo e argissolos amarelo, latossolos e neossolos
flúvico. Correspondem aos solos profundos ou pouco profundos, com baixa
taxa de infiltração e baixa resistência e tolerância à erosão.
 Solos agrupados para os grupos hidrológicos D: Solos com taxa de
infiltração muito baixa oferecendo pouquíssima resistência e tolerância a
erosão, rasos, pouco profundos associados à mudança textural abrupta ou
solos profundos.
50

Figura 9 - Mapa de solos reclassificado

Fonte: Autor, adaptado de SEPLAN,1997

No mapa de uso e cobertura do solo (Figura 10) foram agrupadas as classes


com as mesmas características hidrológicas: coberturas vegetais (tipos de florestas)
e uso (pasto e cultura agrícola).
51

Figura 10 - Mapa de uso e cobertura vegetal reclassificado

Fonte: Autor, 2011 – Adaptado de EMBRAPA, 2000

Este agrupamento de classes foi utilizado para simplificar o mapa de


formação das URH’s no modelo MGB/IPH, assim como a calibração (Figura 11). O
cruzamento das classes dos planos de informação (solos e uso cobertura vegetal)
estão ilustrado na tabela 3, com a distribuição das URH’s em área e percentuais.
52

Figura 11 - Mapa com as Unidades de Resposta Hidrológica (URH)

Fonte: Autor, 2011 – Adaptado de EMBRAPA, 2000, SEMPLAN, 1997


53

Tabela 3 – URH’s em área e porcentagem na bacia hidrográfica do rio Paraíba do meio


2
URH CLASSES Área (km ) Área (%)
1 SOLO RASO + VEGETAÇÃO RALA 216,2 6,9
2 SOLO RASO + PASTO 770,1 24,7
3 SOLO PROFUNDO + VEGETAÇÃO RALA 35,4 1,1
4 SOLO PROFUNDO + PASTO 1.983,5 63,7
5 SOLO PROFUNDO + FLORESTA 87,6 2,8
6 SOLO RASO + FRAGMENTO DE FLORESTA 18,9 0,6
Fonte: Autor, 2011

Diante dos dados de entrada gerados: MDE; Direções de escoamento; Mini-


bacias; Rede de drenagem; Blocos ou unidades de Resposta Hidrológica. Foi
gerado através da rotina PrePro_MGB no ArcGis 9.2, o arquivo MINI.MGB, em
formato ASCII (TXT), sendo este o principal arquivo de entrada para a aplicação do
modelo MGB/IPH, o qual contém as informações de discretização, topologia e de
características físicas da bacia hidrográfica a ser simulada:

Tabela 4 – Estrutura do arquivo MINI.MGB com as informações das características


físicas das mini-bacias

CatID código da mini-bacia original (fornecido pelo ArcGIS)


MINI número da mini-bacia em ordem topológica (iniciando pelas mini-bacias de
cabeceira até a minibacia exutório)
Xcen e Ycen coordenadas do centróide;
Sub sub-bacia a qual pertence a mini-bacia;
2
Area área de drenagem da mini-bacia em km ;
AreaM área de drenagem total a montante de cada mini-bacia em km2
Lrl e Srl comprimento e declividade, respectivamente, do afluente mais longo dentro de uma
mini-bacia;
MiniJus número da mini-bacia localizada imediatamente a jusante;
Ordem ordem do curso d’água da mini-bacia;
Hdr campo para posterior indicação do tipo de propagação da vazão no trecho de rio da
mini-bacia (0 = propagação simplificada e 1 = propagação com hidrodinâmico);
BLC_X e porcentagem da área da mini-bacia em que existe cada uma das unidades de
resposta hidrológica, onde X varia de 1 até o número de URH. O campo Hdr é
sempre nulo e a distinção entre as opções de propagação (0 ou 1) é feita em outra
etapa..

Fonte: Autor, 2011


54

4.2.3 Utilização de dados climáticos

Foram utilizados os dados climáticos das Plataformas de Coleta de Dados


(PCD’s) provenientes da estação do INMET em Garanhuns, disponíveis no Sistema
de informação da Agência Nacional de Águas (ANA) (Figura 14).

Tabela 5 - Médias climáticas do posto INMET no município de Garanhuns (PE)


utilizado na modelagem
Mês Temperatura Umidade relativa do ar Insolação Vento Pressão
(ºC) (%) (horas/dia) (m/s) atmosférica
(atm)
Janeiro 33 21 11 0 34
fevereiro 33 21 12 0 34
março 31 19 10 0 32
abril 32 19 11 0 34
maio 30 19 11 0 33
junho 34 21 13 0 36
julho 32 19 11 0 34
agosto 31 20 13 0 36
setembro 32 20 13 0 36
outubro 32 21 13 0 37
novembro 33 20 13 0 36
dezembro 35 21 12 0 35
Fonte: Autor, 2011.

Destaca-se que a estação do INMET localizada no município de Garanhuns,


mesmo estando fora do perímetro da bacia, está próxima do limite da bacia do rio
Paraíba do meio e foi utilizada na modelagem, em decorrente da carência de
registros de séries climatológicas na porção da bacia.

Os parâmetros climáticos monitorados na bacia, e são dados de entrada para


o modelo MGB/IPH são:

 Temperatura;

 Umidade relativa do ar;

 Radiação solar;

 Velocidade do vento;

 Pressão atmosférica.
55

4.2.4 Utilização dos dados de chuva

A espacialização dos postos pluviométricos evidencia carência na distribuição


espacial dos postos na bacia, (Figura 14) dados utilizados foram apenas de 4 postos
com anos hidrológicos semelhantes, entre 1997 a 2006, na bacia do rio Paraíba do
Meio, das estações hidrológicas operadas pela CPRM - Companhia de pesquisa de
Recursos minerais/Serviço Geológico do Brasil e da ANA- Agência Nacional de
Águas.

Tabela 6 - Postos de precipitação utilizado neste estudo

Responsável Operadora Código Município


*ANA **CPRM 00936115 Quebrangulo
ANA CPRM 00936111 Viçosa
ANA CPRM 00936110 Atalaia
ANA CPRM 00935057 Marechal Deodoro
*ANA- Agência Nacional de águas
**CPRM – Companhia de pesquisa de Recursos minerais/Serviço Geológico do Brasil
Fonte: Autor, 2011
56

Figura 12 - Localização dos postos pluviométricos na bacia

Fonte: Autor, 2011

4.2.5 Utilização dos dados de vazão

As séries históricas de vazão estão representadas por três postos


fluviométricos: Atalaia, com área de drenagem na bacia de 1.342,26 km 2, Viçosa
com 634,95 km2 e Quebrangulo com 630,92 km2.
57

Figura 13 - Localização dos postos fluviométricos utilizados na modelagem

Fonte: Autor, 2011

O posto de Atalaia apresenta maior série histórica em relação aos demais


postos, contemplando uma série de 31 anos (Tabela 6). Os postos Viçosa e
Quebrangulo apresentaram séries menores que 20 anos. Na modelagem foram
utilizados os dados entre 1997 a 2006.

Como se pode notar na figura 15, os postos com informações de vazão estão
situados apenas na porção da bacia referente ao território Alagoano. Estes postos
58

são representativos de distintas regiões climáticas, como o posto de Viçosa e Atalaia


na zona que representa a zona da mata alagoana, onde prevalece o clima do tipo
As’ Quente úmido da classificação de Köppen, enquanto que o posto em
Quebrangulo representa outro regime climático do tipo Bshs’ Tropical Quente e Seco
(período de outono inverno) da mesma classificação climática.

A série de vazões (1997 a 2006) foi escolhida por serem os anos com menos
falhas e por estarem compatíveis com a série de precipitação.

Tabela 7 – Séries dos postos fluviométricos

Ano
POSTOS 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08
ATALAIA X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X
VIÇOSA X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X
QUEBRANGULO x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x
Fonte: Autor, 2011.

4.3 Aplicação do Modelo MGB-IPH

Após a elaboração do arquivo MINI.MGB, segue a etapa de do modelo


MGB/IPH discretizado em nini-bacias, através da interface no SIG MapWindowns do
MGB/IPH com a instalação do plugin MGB. Foram processados os seguintes dados
por meio do modulo PreparaDados:

 Centróides das mini-bacias no formato Shapefile, a partir do


arquivo MINI. MGB, através da função gerar ShapeFile do
PrepaDados.

 Blocos: através desta ferramenta é criado o arquivo com as


Unidades de Resposta Hidrológica, contendo as informações de
cada URH

 Vazão: dados diários de vazão observados


59

 Precipitação: realizou-se a regionalização da chuva, através de


polígonos de Thiessen;

 Clima: foram realizados os cálculos das médias diárias e mensais


para o posto Garanhuns (INMET);

 Parâmetros fixos: criados o arquivo de parâmetros fixos;

 Parâmetros calibráveis: criação do arquivo de parâmetros


calibráveis.

Finalizado esta etapa foi realizada aplicação do modelo e visualização dos


dados simulados, através do hidrogramas, curvas de permanências geradas nos
centróides das mini-bacias, todas sob área de influência direta dos postos de vazões
observadas.

4.3.1 Calibração do Modelo

Para a simulação hidrológica foi utilizada uma série de 10 anos de vazão,


período este entre os anos de 1997 a 2006. Esta série foi escolhida de acordo com a
disponibilidade da serie histórica dos dados hidroclimaticos no HIDROWEB
(http://hidroweb.ana.gov.br/).

O modelo foi calibrado manualmente procurando um melhor ajuste entre as


vazões observadas e calculadas nos três postos fluviométricos (Quebrangulo,
Viçosa e Atalaia) da bacia do rio Paraíba no período de 1997 a 2001, este período
foi escolhido por serem os anos compatíveis entre os postos de vazão e de
precipitação e por estarem sem falhas. Os parâmetros calibráveis foram: Wm, b,
Kbas, Kint, XL, CAP e Wc. Os valores dos parâmetros calibráveis foram alterados
de acordo com as características físicas da bacia, tipo de solos (raso ou profundo) e
uso ou cobertura vegetal, visando um bom ajuste dos dados observados e
calculados

Os ajustes das vazões calculadas de pelo o modelo, com os dados de vazões


observados, foram realizados considerando a análise visual dos hidrogramas, curvas
de permanência e verificando os valores do coeficiente de Pearson (R). Esta
calibração foi feita para toda a bacia hidrográfica.
60

Nesta fase, a calibração é realizada para cada URH (Unidade de Resposta


Hidrológica) a fim de fornecer informações para que o modelo represente a realidade
do comportamento hídrico de acordo com as características físicas da bacia
(Geologia, solos, vegetação) e antrópicas (tipos de ocupação).

Para tanto os parâmetros calibráveis utilizados, de acordo com Collischonn


(2001) foram:

Capacidade de armazenamento do solo (Wm) representa o armazenamento


máximo no solo. O Wm é diferenciado para cada bloco/URH, de acordo com as
características de armazenamento do solo e uso para cada bloco/URH. A estimativa
preliminar de Wm pode ser feita considerando variáveis como a porosidade do solo,
a profundidade do solo, a profundidade das raízes e a textura do solo.

Forma da relação entre armazenamento e saturação (b), este Parâmetro b serve


para ajustar os picos de vazão observados e calculados principalmente durante as
pequenas cheias e seu aumento faz com que um maior volume de água escoe
superficialmente, e menos água infiltre no solo.

 Drenagem sub-superficial (KINT) controla a quantidade de água da camada


de solo que é escoada sub-superficialmente (condutividade hidráulica)
 Índice de distribuição do tamanho dos poros (λ) Este parâmetro depende
da textura do solo, e pode variar entre 0,694 para areias a 0,165 para argila,
segundo Rawls et al. (1982) apud (COLLISCHONN, 2001).
 Parâmetro do fluxo ascendente não existe dado que permitam estimar o
valor deste parâmetro, pois a possibilidade de retorno da água subterrânea
para a camada de solo é desprezada, isto é, DMcap j é igual a zero. Exceto
em áreas de vázeas. Valor recomendado do parâmetro DMcapj em blocos de
uso do solo e cobertura vegetal que são característicos de regiões de
descarga do aqüífero deve ser, no máximo, igual à evapotranspiração
potencial.
 Lâmina de interceptação (α) Este parâmetro relaciona a capacidade máxima
do reservatório de interceptação ao índice de área foliar (IAFj).
 Tempo de retardo dos reservatórios da célula em cada bloco do modelo é
calculado um tempo de retardo característico, que é corrigido durante a
61

calibração por um coeficiente de ajuste adimensional e as variáveis são:


retardo do reservatório subterrâneo (TKB), TKSi [s] tempo de retardo do
reservatório superficial; TKIi [s] tempo de retardo do reservatório sub-
superficial; Tindi [s] tempo de concentração característico da célula; CS [-]
parâmetro para calibração da propagação superficial nas células; C I [-]
parâmetro para calibração da propagação sub-superficial nas células.

Também foram utilizados os parâmetros fixos listados a seguir, de


acordo com Collischonn (2001):

 Índice de área foliar (IAF) é obtido pela bibliografia, e não e calibrado


embora representem variação ao longo do tempo.
 Armazenamento Residual (Wzj E Wcj), em geral, os valores de Wzj e Wcj
são fixados em 10% de Wmj e não podem ser calibrados. Eventualmente o
valor de Wcj é alterado para considerar a possibilidade de um retorno de água
subterrânea à camada superficial de solo por fluxo ascendente.
 Albedo a variabilidade do albedo é considerada no modelo pelo uso de
valores médios mensais, entre os valores máximos e mínimos tabelados de
acordo com a cobertura do solo.
 Armazenamento do solo no ponto de murcha permanente No modelo, o
valor do parâmetro que define o ponto de murcha permanente (WPM)
corresponde a 10% do armazenamento máximo e é considerado fixo, o que é
uma simplificação.
 Resistência superficial a resistência superficial representa a resistência ao
fluxo de umidade do solo, através das plantas, até a atmosfera. A resistência
superficial é considerada um parâmetro fixo e não é considerada na
calibração. Quando existem dados disponíveis, é possível utilizar valores
médios mensais para representar a variabilidade sazonal da resistência
superficial.
 Altura da cobertura vegetal Os valores adotados para a altura média da
cobertura vegetal, que servem para calcular a resistência aerodinâmica à
evapotranspiração.
 Armazenamento do solo limite para a mudança da resistência superficial
Neste modelo, o valor do armazenamento do solo limite para a mudança da
62

resistência superficial (WL) está fixado em 50% do armazenamento máximo e


não é feita a calibração.
 Coeficiente de rugosidade de Manning exige a determinação do valor do
coeficiente de rugosidade de Manning (n), O valor deste parâmetro pode ser
determinado com base nas características do leito e das margens dos rios,
individualmente para cada célula ele pode ter um valor fixo para toda a bacia.

4.3.2 Validação da Modelagem

A validação da modelagem foi realizada para o período de 2002 a 2006, que


corresponde aos cinco últimos anos da série. Para tanto foi observado os
coeficientes de correlação Pearson, para os três postos de vazão (Quebrangulo,
Viçosa e Atalaia)

4.4 Modelagem dos cenários A1B e A2 de mudanças do clima

Foram realizadas três simulações a partir dos cenários do Painel de


Mudanças Climáticas (IPCC), simulados para Brasil e América latina pelo
CPTEC/INPE. Na modelagem, foram utilizados dados de temperatura (Tabela 4) e
precipitação (Tabela 5) com anomalias a partir das previsões feitas para período
entre os anos de 2071 a 2100 considerando os cenários A1B e A2, estes cenários
foram escolhidos por serem cenários de mudanças do clima considerados
pessimista e otimista, respectivamente. E estão descritos a seguir:

 Cenário A1B: o argumento da família do cenário A1 descreve um mundo


futuro onde a globalização é dominante. Neste cenário o crescimento
econômico é rápido e o crescimento populacional é pequeno com um
desenvolvimento rápido de tecnologias mais eficientes. Os temas subjacentes
principais são: a convergência econômica e cultural, com uma redução
significativa em diferenças regionais e renda per capita. Neste mundo, os
indivíduos procuram riqueza pessoal em lugar de qualidade ambiental. Para
este trabalho foram utilizados os dados do cenário A1B, caracterizado como
cenário de estabilização (IPCC, 2007);
63

 Cenário A2: o argumento para a família do cenário A2 descreve um mundo


muito heterogêneo. O fundamento é a autoconfiança e a manutenção de
identidades locais. Padrões de fertilidade através das regiões convergem
muito lentamente, o que resulta em crescimento contínuo da população. O
desenvolvimento econômico é essencialmente orientado para a região e o
crescimento econômico per capita e desenvolvimento tecnológicos mais
fragmentados e lentos do que em outros enredos (IPCC, 2007).

Tabela 8 - Anomalias de temperatura CPTEC/INPE cenário A1B e A2 (2071- 2100)

ANOMALIAS (%)
Mês
Temperatura (A1B) Temperatura (A2)
Janeiro 2.9 2.5
Fevereiro 3 2.5
Março 2 2
Abril 3 2
Maio 3 2.5
Junho 3 2.5
Julho 3 2.5
Agosto 2 2.5
Setembro 2 2.5
Outubro 3 2.5
Novembro 3 2.5
Dezembro 3 2.6

Fonte: Autor, 2011


64

Tabela 9- Anomalias de Precipitação CPTEC/INPE cenário A1B e A2 (2071- 2100)

ANOMALIAS (%)
MÊS
Precipitação A1B Precipitação A2
Janeiro 1 1
Fevereiro 1 1
Março -2 1
Abril -2 1
Maio -1 1
Junho -1 1
Julho 1 1
Agosto 1 1
Setembro 1 1
Outubro 1 1
Novembro 1 1
Dezembro 1 1

Fonte: Autor, 2011

Com a obtenção dos dados interpolados com anomalias de precipitação e


temperatura mensais (Tabela 4 e 5), próximo da estação Garanhuns, por meio dos
Simuladores HadCM Cntrl para A1B e Echam Cntrl para o A2, foi feito os cálculos
das anomalias nas precipitações nos 4 postos de chuvas, assim com a alteração
nas temperaturas nos dados climáticos referente a esta estação climática do INMET
no Município de Garanhuns (PE).

Os valores das anomalias dos cenários A1B e A2 foram adquiridos a partir


dos mapas de temperatura e precipitação, entre os Estados de Alagoas e
Pernambuco, área referente à bacia hidrográfica do rio Paraíba do meio com maior
proximidade da estação climática INMET Garanhuns. Esses valores foram
interpolados e representados por isolinhas (anexos A, B, C e D), calculados pelo
CPTEC/INPE para a América latina.

Para a aplicação das anomalias para os cenários de mudanças climáticas,


no modelo MGB, foi realizado cálculos das diferenças de anomalias em
porcentagens na série de precipitação e de temperatura, e posteriormente
transformadas para o formato ASCII.txt, formato requerido pelo modelo MGB, e
65

posteriormente realizado simulações das vazões com as anomalias dos cenários


A1B e A2 CPTEC/INPE.

As fases para a aplicação do MGB na bacia do rio Paraíba do meio estão


demonstradas na Figura 16, representando as etapas elaboradas para a execução
da modelagem hidrológica, assim como das mudanças climáticas.

Figura 14 - Fluxograma representando aplicação dos dados de entrada para o modelo


MGB/IPH e simulação

Fonte: Autor, 2011


66

5 RESULTADOS

5.1 Calibração e validação do modelo hidrológico – MGB/IPH.

Os parâmetros utilizados para a calibração do modelo foram Wm, b, Kint, XL,


KINT, chamados parâmetros calibráveis. Após o processo de calibração os
valores dos parâmetros calibráveis podem ser observados na Tabela 6 e 7.
Observa-se que os valores dos parâmetros foram diferenciados nos blocos
hidrológicos. Outros parâmetros, como os que controlam a evapotranspiração
(Albedo, índice de área foliar, altura média das arvores e resistência superficial),
denominados parâmetros fixos, foram valores sugeridos pelo próprio modelo
MGB/IPH, variando de acordo com o tipo de solos e cobertura vegetal. Os
parâmetros fixos foram considerados diferentemente para cada bloco.

Tabela 10 - Valores calibrados dos parâmetros nos blocos/URH

BLOCOS Wm B Kbas Kint XL CAP Wc

SOLO RASO +
1 600 0,10 0,1 10 0,08 0 1,70
VEGETAÇÃO DISPERSA

SOLO RASO + PASTO 2 550 0,20 0,1 10 0,16 0 0,60

SOLO PROFUNDO +
3 590 0,10 0,1 10 0,10 0 0,62
VEGETAÇÃO DISPERSA

SOLO PROFUNDO +
4 2000 0,12 0,1 40 0,70 0 0,80
PASTO

SOLO PROFUNDO +
5 2000 0,12 0,1 50 0,10 0 2,0
FLORESTA

SOLORASO + FLORESTA 6 200 0,12 0,1 12 0,18 0 0,5


Fonte: Autor, 2011

O parâmetro Wm, que representa o armazenamento máximo no solo,


recebeu maior valor de 2000 mm nos blocos 4 e 5 (solo profundo c/ pasto e solo
profundo c/ floresta), e de 600 mm no bloco 1 (Raso/vegetação rala). Os parâmetros
CS, Cl e Cb foram estabelecidos na fase final no final da calibração, quando foi
necessário um ajuste mais refinado para que os valores, colocados na tabela 7,
fossem obtidos.
67

Tabela 11 - Valores calibrados dos parâmetros de propagação

Blocos CS CI CB QB_M3/SKM2

Todos 12,5 50 3200 0

Fonte: Autor, 2011

A modelagem teve sua calibração diferenciada para cada bloco/URH em


função das características físicas da bacia, comportamento hidrológico vertical para
cada bloco/URH. A partir das informações de solos, geologia e usos e cobertura
vegetal, foi possível generalizar em duas grandes áreas distintas hidrologicamente,
em relação aos valores obtidos para a calibração. Uma correspondeu à porção da
bacia referente à cabeceira, com predomínios dos solos rasos, área com maior
contribuição para o escoamento superficial, e a outra correspondeu às áreas com
solos profundos com maiores taxas de absorção de água no solo.

Esta diferença teve como base os valores sugeridos pelo modelo e não está
baseada , em medição in loco, mas foi definida na tentativa de fazer com que o
modelo conceba as diferenças entre os usos e cobertura do solo na taxa de
evapotranspiração e na propagação do escoamento nas URH’s.

Para tanto foi considerada a porção superior da bacia, a montante do posto


Quebrangulo, como área que gerava mais escoamento superficial, constituídas por
superfícies com predominância de afloramento de rochas, relevo mais acidentado,
predomínio dos solos rasos e cobertura vegetal predominantemente espaçada (rala)
herbácea. A segunda área da bacia com maiores valores de absorção de solos e
escoamento de base corresponde à porção da bacia a jusante do posto
Quebrangulo, com predomínios dos solos profundos, predominando os sedimentos
argilosos e cobertura vegetal com fragmentos de florestas e o predomínio do pasto.

O valor do parâmetro Wm, que representa a taxa de absorção de água no


solo, foi o parâmetro que mais diferenciou os blocos e foi inserido de acordo com as
características do uso e cobertura para cada bloco\UHR. O bloco com solos rasos
(1,2, 6) representa a unidade de resposta hidrológica (URH) nas bacias com maior
contribuição para o escoamento superficial, não só pelo tipo de solo raso, mais
também pela altitude e declividade do terreno, recebendo valores entre 200 e 600
68

mm. Diferentemente para os blocos com solos profundos (4 e 5) receberam maiores


valores de Wm: (2000 mm) em função das características da URH. O parâmetro b,
que representa a taxa de escoamento superficial após a saturação do solo não
variou muito, permanecendo em torno de 1,2. Apenas o bloco 2 apresentou um valor
de b igual a 0,2, o que pode ser explicado com a representatividade do hidrograma
afim de deixar mais suave a curva e ajustar melhor as vazões mínimas.

A porosidade dos solos representada por XL teve maior coeficiente para os


solos argilosos, os mais profundos, no bloco 4, enquanto os menores foram para os
solos rasos no bloco 1.

O parâmetro CAP, que representa o fluxo de água para superfície do solo, foi
adotado como zero para todos os blocos, pois a contribuição da água subterrânea
para a o solo é desprezada no modelo.

Os valores adotados para Kint, que representa o escoamento da camada do


solo que escoa sub-superficialmente, foram maiores para as URH’s com solos mais
porosos, como os profundos 4 e 5. Enquanto que para a demais foram adotados
valores menores, pois correspondem a URH’s com solo raso.

Para os valores de Kbas, que representa o escoamento de base, foram


finalizados com valores iguais para todos os blocos, pois, nas etapas finais de
calibração não estavam aumentando mais as correlações de ajuste para o modelo.

A fase final de calibração foi obtida com os ajuste do parâmetro Wc, o qual
possuem relação com Wm, que representa a taxa de absorção do solo.

Os blocos que influenciaram mais na calibração foram: 2 e 4, pois, nestas


duas URH’s estavam localizados os três postos de vazões com dados observados,
onde o 2 representou os solos rasos e pasto, e o 4 representou os solos profundos e
pasto. Esta calibração foi adotada devido ao melhor ajuste na comparação dos
valores de vazão calculada com as observadas, assim como a análise visual dos
hidrogramas e curvas de permanências.

As correlações com as vazões observadas para calibração e validação do


modelo estão apresentadas na tabela 8. Estas correlações foram melhores no
69

período de calibração do modelo do que na fase de validação. As correlações para


os postos Quebrângulo, Viçosa e Atalaia no período de calibração foram de 0,89,
0,84 e 0,85, respectivamente. De acordo com a tabela 8 pode-se observar queda
nas correlações para os coeficientes de Pearson no período de validação em
relação ao período de calibração, onde o maior valor alcançado foi para o posto
Viçosa (0,78), e os demais diminuíram a correlação para 0,73 e 0,76 no postos de
Quebrangulo e Atalaia, respectivamente.

Tabela 12 - Correlações entre a vazão observada e calculada no período de


calibração e validação do modelo.
Coeficiente de Pearson (R)
Postos de Calibração Validação
Local
Vazão
(1997-2001) (2002-2006)

0.89 0,73
39850000 Quebrângulo
0.84 0,78
39870000 Viçosa
0.85 0,76
39890000 Atalaia
Fonte: Autor, 2011

A comparação das séries temporais de vazões no posto fluviométrico


Quebrângulo, nos períodos de calibração e validação do modelo, podem ser
observados na Figura 17. De maneira geral o modelo representou adequadamente a
variabilidade das vazões (ascensões e recessões do hidrograma) nos períodos de
calibração e validação para o posto Quebrangulo (Figura 17a). As vazões máximas
calculadas (com permanência no tempo entre 0% e 35%) no período de calibração e
validação foram superestimadas. Esta diferença pode ser vista nos picos de vazões
calculados e observados para os anos de 2001 e 2002, por exemplo, ou na curva de
permanência do posto (Figura 17b).

As mínimas estimadas pelo modelo também foram menores do que as


vazões mínimas observadas (Figura 17b). O modelo representou razoavelmente o
período seco de vazões entre os anos de 1997 e 1998, no período de calibração. As
mínimas também foram representadas significativamente entre final de 2004 e 2005,
período de validação. Os valores da Q50 que representa a mediana das vazões
calculada pelo modelo foram de 0,61m3/s e a observada 0,9 m3/s.
70

Figura 15 - (a) Hidrograma calculado e observado 39850000 Quebrangulo-AL

400

350 Validação
Calibração

300

250
Vazão (m³/s)

200

150

100

50

simulado observado

Fonte: Autor, 2011.

Figura 16 - (b) Curva de Permanência calculada e observada no posto 39850000


Quebrangulo-AL

Fonte: Autor, 2011.


71

Quanto ao posto Viçosa, de maneira geral o modelo mostra tendências em


superestimar as vazões máximas para os dois períodos e representar bem as
vazões extremas, principalmente no ano 2000 (Figura 18a). No período de
calibração e validação as vazões mínimas ajustam-se adequadamente as
observadas praticamente em todo o período modelado

Figura 17 - (a) Hidrograma calculado e observado 39890000 Viçosa-AL


500
Calibração Validação
450

400

350
Vazão (m³/s)

300

250

200

150

100

50

simulado observado

Fonte: Autor, 2011.

Figura 18 - (b) Curva de Permanência calculada e observada no posto 39890000


Viçosa-AL

Fonte: Autor, 2011.


72

As medianas das vazões calculadas e observadas também foram próximas. A


Q50 calculada foi de 3,21m3/s enquanto que a observada foi de 2,95m 3/s. A Q90
obtida foi de 0,25 m3/s para a calculada e a observada foi de 0,11m 3/s. Essa
diferença mostra que na maioria do tempo o modelo superestimou as vazões
mínimas. Também foram superestimadas as vazões máximas calculadas pelo
modelo com permanência inferior a 60% no tempo. Há uma significativa
representatividade do modelo quanto à variabilidade (recessão e ascensão) entre os
hidrogramas calculados e observados para este posto fluviométrico.

No posto Atalaia percebe-se no hidrograma (Figura 19a) que a modelagem


subestimou as vazões com permanência entre 9 a 86% do tempo (Figura 19b). As
vazões mínimas calculadas no período de calibração foram muito bem ajustadas
com as observadas, exceção no final do ano 2000 e início de 2001 períodos em que
as mínimas foram superestimadas.

Figura 19 - (a) Hidrograma calculado e observado 39870000 Atalaia-AL

800
Calibração Validação
700

600

500
Vazão (m³/s)

400

300

200

100

simulado observado

Fonte: Autor, 2011


73

Figura 20 - (b) Curva de Permanência calculada e observada no posto 39870000


Atalaia-AL

(b) Fonte: Autor, 2011

Entre 50 a 87% de permanência no tempo, as vazões mínimas foram


superestimadas pelo modelo, e entre 88 a 100% do tempo subestimadas. A Q 50
calculada foi superestimada obtendo o valor de 10,59 m 3/s, enquanto que a
observada foi de 8,44m3/s e a Q90 comportamento inverso, a calculada foi
subestimada, com valor de 0,97m3/s, e a observada com valor de 1,44m3/s (Figura
19b). O modelo na fase de calibração representou bem as ascensões e recessões
do hidrograma e de forma geral as vazões máximas (Figura19a). No período de
validação ele superestimou as vazões mínimas dificultando a representatividade da
recessão do hidrograma, isto é evidente no final do ano 2002, 2004 e 2006 (Figura
19a).

5.2 Simulação dos cenários de mudanças climáticas

Após a simulação dos cenários de mudanças climáticas A1B e A2, algumas


estatísticas referentes à série de vazões estimadas pelo modelo foram comparadas
com a série de vazões da simulação do cenário atual nos postos fluviométricos.

A Tabela 12 mostra a comparação das estatísticas no posto de Quebrângulo.


Pode-se observar que os cenários de mudança climática tiveram leves mudanças de
suas estatísticas em relação ao cenário atual, com exceção da média anual e média
74

das vazões máximas para o cenário A1B. No cenário A1B, nos valores máximos das
máximas houve acréscimo de 1,2% nas vazões calculadas, subindo de 333,2 m 3/s
para 337,2m3/s, mostrando um ganho de 4m3/s, o desvio padrão foi de 13,7 e
diminui em 1,5% em relação ao cenário atual. Ainda no mesmo cenário, a vazão
média anual foi impactada em -7,7%, assim como a média das máximas em -4,2%
em relação ao cenário atual.

Para o cenário A2, as vazões máximas das máximas tiveram aumento, como
também as médias das vazões máximas. O desvio padrão em relação à média foi de
14,10 m3/s e a média anual foram impactadas em 3,2%, as médias das máximas
aumentaram de 119 para 121,3 m 3/s, enquanto que na máxima das máximas houve
aumento de 1,23%, A média das mínimas praticamente não sofreu impacto em
relação ao cenário atual.

Tabela 13- Resumo das estatísticas de vazões para o posto (Quebrangulo-AL).


Posto Cenários s/ Diferença do Cenário
Cenários com anomalias
39890000 anomalias Atual
MEDIDAS Cenário Atual Cenário Cenário *(%) A1B *(%) A2
A1B A2
Máxima
das
máximas 333,2 337,2 337,3 1,2 1,2

Q90 0 0 0 0 0
Desvio
Padrão 13,9 13,7 14,1 - 1,5 1,4
Média
anual 19,2 17,8 19,9 - 7,7 3,2
Média
das
Máximas 119,0 114,0 121,3 - 4,2 1,9
Médias
das
Mínimas 0,02 0,03 0,02 0,03 0,0
* (%) Diferença em porcentagem

Fonte: Autor, 2011.

Quanto ao posto Viçosa (39890000), a máxima das máximas teve um ganho


de 1%, atingindo 452,6 m3/s, enquanto que Q90 obteve valor de 0,21 m3/s e no
cenário atual 0,25 m3/s, com um desvio padrão de 22,2 m3/s. A média anual que
apresentou inicialmente valor de 27,8 m3/s decai para 25,8 m3/s, com um impacto de
75

- 7,1%. Na média das máximas, assim com nas demais médias para A1B, houve
diminuição, decaindo de 169,2 para 162,7m 3/s e para a média das mínimas não
houve mudanças significativas, permanecendo em 0,2m3/s.

No cenário A2, em relação ao cenário atual, a máxima das máximas


aumentou de 0,8 %, o desvio padrão foi maior em aproximadamente 2,2% e a Q90
teve impacto de -16%, diminuindo as vazões mínimas para 0,21m3/s em 90% das
vazões mínimas. Em termos de volume, o acréscimo na vazão máxima foi de 4,7
m3/s. Para as médias das máximas, houve acréscimo de 11,4%, no entanto, na
média das mínimas não houve diferença significativa, permanecendo em 0,2m3/s.

Tabela 14 - Resumo das estatísticas para o posto 39890000 (Viçosa-AL)


Posto Cenários s/ Cenários com Diferença do Cenário
39890000 anomalias anomalias Atual
MEDIDAS Cenário Cenário
Cenário Atual * (%) A1B * (%) A2
A1B A2
Máxima
das 447,9 452,6 451,7 1,0 0,8
máximas
0,25 0,21 0,21 -16 -16
Q90
Desvio
22,61 22,2 22,9 -1,8 1,3
Padrão
Média
27,8 25,8 28,4 -7,1 2,2
anual
Média
das 169,2 162,7 171,7 -3,8 11,4
Máximas
Médias
das
Mínimas 0,22 0,20 0,20 -9,0 -9,0
* (%) Diferença em porcentagem

Fonte: Autor, 2011.

No posto Atalaia (39870000) e considerando a simulação de A1B, a máxima


das máximas aumentou de 0,8%, enquanto que a Q90 diminuiu aproximadamente
6%, ao passar de 0,97 para 0,91 m3/s; o desvio padrão decaiu de 29,5 para 28,9
m3/s. A média anual diminuiu de 40,8 para 38,6 m 3/s, a média das máximas de 214,6
para 206,7m3/s (-3,7%) e a média das mínimas de aproximadamente -1%.

Em A2, a máxima das máximas aumentou em 0.4%, enquanto a Q90 teve


diminuição de aproximadamente 10%, ao decair de 0,97 para 0,93m 3/s. A média das
76

máximas aumentou em 1,2%, de 214,6 para 206,7m3/s e a média das mínimas teve
uma pequena redução, de aproximadamente -6%.

Tabela 15 - Resumo das estatísticas para o posto 39870000 (Atalaia-AL)

Posto Cenários s/ Cenários com Diferença do Cenário


39890000 anomalias anomalias Atual
MEDIDAS Cenário Cenário
Cenário Atual * (%) A1B * (%) A2
A1B A2
Máxima
das 560,0 566,0 562,5 0,8 0,4
máximas
0,97 0,91 0,93 -6,1 -10,0
Q90
Desvio
29,5 28,9 29,7 2,2 0,4
Padrão
Média
40,8 38,6 41,2 5,4 0,9
anual
Média
das 21,6 206,7 215,8 -3,7 1,2
Máximas
Médias
1,6 1,50 1,51
das -6,25 -6,25
Mínimas
* (%) Diferença em porcentagem

Fonte: Autor, 2011.


77

6 DISCUSSÕES DOS RESULTADOS

Quanto à calibração e validação, a carência dos dados distribuídos


espacialmente e séries temporais dos dados hidrológicos e climáticos na bacia do rio
Paraíba do Meio, dificultou e limitou a calibração manual do modelo MGB/IPH. Dos
quatros postos de precipitação utilizados na modelagem, três estavam localizados
da porção média e baixa da bacia. Um dos postos estava localizado fora da bacia,
no município de Marechal Deodoro. Também Collischonn (2001) destacou em seus
trabalhos que a qualidade dos resultados obtidos da modelagem mostrou-se
dependente da quantidade de informações pluviométricas disponíveis, e a qualidade
do ajuste dos hidrogramas calculados e observados é muito melhor em locais com
alta densidade de postos pluviométricos. Os postos de vazões observadas também
estão situados na porção média e baixa da bacia, o que limitou a calibração das
vazões na parte alta da bacia. A bacia não possui estação meteorológica. Existe
apenas uma estação situada fora dos limites da bacia, próxima à cabeceira
(Garanhuns, INMET), cujos dados não possuíam valores de medições de ventos.
Além do mais, esta série climatológica não estava compatível com as séries
hidrológicas (chuva e vazão). Os dados de clima são importantes para o cálculo de
evapotranspiração para toda bacia, lembrando que esta bacia está entre dois
regimes climáticos (zona da mata e semi-árido nordestino). Para tanto seria
conveniente dados de pelo menos dois postos climáticos que representassem os
dois tipos de clima na bacia. Outro fator que pode ter limitado a calibração foi o curto
período das séries temporais disponíveis para os postos existentes. O período
comum disponível dos dados hidrológicos (i.e. precipitação e vazão) utilizado na
calibração foi apenas de cinco anos e outros cinco para a validação.

Contudo, as correlações obtidas na fase de calibração e validação foram


razoáveis, entre os dados de vazões calculados pelo modelo e os observados.
Apenas o posto Quebrangulo, teve menores correlações entre os três postos
simulados. Collischonn (2005), em postos inseridos na bacia do rio Uruguai, obteve
coeficientes de correlação na fase de calibração do modelo MGB/IPH, próximos dos
alcançados neste estudo, onde houve semelhança quanto à irregularidade da malha
de dos postos de chuva, distribuído espacialmente na bacia. Os valores foram 0,78,
0,87 e 0,87 de correlação entre os dados calculados e observados,
78

Contudo, na bacia do rio São Francisco, Collischonn (2006) obteve os


seguintes valores de correlação, na fase de calibração: Andorinha (0,97), Velho da
Taipa (0,92) e ponte da Taquara (0,92). Vale destacar que foram utilizados sete
postos pluviométricos distribuídos para toda a bacia. Quanto aos resultados da
modelagem para os cenários de mudanças climáticas do IPCC (A1B e A2), aplicado
no Brasil pelo CPTEC/INPE, pode-se observar que as simulações realizadas na
bacia do rio Paraíba do Meio a partir dos dados com anomalias de temperatura e
precipitação causaram impactos no regime hídrico em relação ao cenário atual. Na
simulação para o cenário A2, as estatísticas das vazões tenderam a aumentar,
enquanto que no cenário A1B ocorreu diminuição das vazões do cenário atual. Estes
impactos do A2 nas vazões podem ser explicadas pelas diferenças das anomalias
de temperatura e precipitação. Em A2 (cenário otimista), as anomalias preveem
aumento na precipitação de 1% e da temperatura em média de 2,5% em todos os
meses do ano. Diferentemente em A1B, os valores das anomalias de precipitação
para os meses de Março, Abril, Maio e Junho possuem valores negativos, e as
anomalias de temperatura são maiores, em média de 3%.

As repercussões das simulações dos cenários (período 2071 – 2100) do clima


em A1B cenário mais pessimista, com altas emissões de gases de efeito estufa,
mostraram que as vazões mínimas na bacia tendem a ser reduzidas e as vazões
máximas tendem a ser mais extremas. Essas alterações hidrológicas podem
intensificar a redução da disponibilidade hídrica para as populações locais que
convivem com a escassez da água, a geração de conflitos pela água na região do
agreste alagoano, problemas de desertificação e erosão dos solos e, além disso, os
aumentos das vazões máximas podem proporcionar enchentes na bacia. Na porção
da bacia que está localizada da zona da mata as vazões máximas também
aumentaram, contribuindo para a intensificação de cheias na bacia, visto que o
histórico da bacia apresenta esse problema. As vazões para outorga (Q90), de uso
da água, tenderam a reduzir, diminuindo a disponibilidade hídrica e comprometendo
as atividades econômicas e de abastecimento de água para as populações. Essas
alterações hidrológicas, estão associadas a intensificação dos processos de
mudanças de uso e ocupação do solo (desflorestamento, crescimento urbano,
substituição de áreas florestadas por pasto) influenciado pelo o crescimento
econômico rápido previsto neste cenário (A1B). As simulações das mudanças
79

climáticas em A2, cenário de crescimento econômico mais lento para 2071 a 2100,
não apresentaram impactos significativos nas mudanças das vazões. As vazões não
aumentaram consideravelmente, mas houve pequena redução das vazões mínimas
na bacia.
80

7 CONCLUSÃO

O modelo mostrou desempenho adequado para a bacia do rio Paraíba do


Meio, visto que a versão anterior do MGB era indicada para bacias maiores que
10.000 km2, permitindo a representação do regime hidrológico atual mesmo com a
carência de postos de chuvas na bacia. A modelagem desenvolvida pode auxiliar
nas previsões de vazões na bacia associados a modelos meteorológicos, sendo
uma tecnologia promissora para contribuir no sistema de alerta de enchentes para
defesa civil dos Estados de Alagoas e de Pernambuco. Ainda, o estudo permitiu a
realização de prognósticos dos impactos das mudanças climáticas nas vazões da
bacia da bacia hidrográfica do rio Paraíba do Meio.
81

8 RECOMENDAÇÕES

Diante das dificuldades encontradas na modelagem, verifica-se a importância


de um maior monitoramento dos dados climáticos e hidrológicos na bacia com a
finalidade de representar o comportamento espacial dos parâmetros para toda a
bacia hidrográfica visando à melhoria da calibração e validação dos modelos
hidrológicos aplicados no rio Paraíba do Meio.

Em trabalhos futuros, a aquisição de mapa de solos da bacia com mais


detalhes e a elaboração do mapa de uso e cobertura vegetal a partir de
classificações de imagens orbitais com melhor resolução espacial e escala, poderá
contribuir com maior representatividade das dimensões espaciais nas URH’s\Blocos
da Bacia do rio Paraíba do Meio (AL/PE) e validação dos mapas através do
reconhecimento da área de estudo.

Outra recomendação para melhorar o ajuste do modelo seria realizar


medições de campos através de experimentos para estimativa in loco de alguns
parâmetros do modelo, tais como, absorção do solo, porosidade e saturação. Vale
ressaltar que as definições iniciais dos parâmetros utilizadas na modelagem foi
baseado em Collischonn (2001).

Podem ser desenvolvidos novos estudos de impactos no regime hidrológico


da bacia do rio Paraíba do Meio decorrente das mudanças climáticas, a partir de
dados primários das planilhas das simulações realizadas pelo CPTEC/INPE, ou a
partir de simulações de previsões de anomalias climáticas dos dados do IPCC
aplicada especificamente para a região nordeste do Brasil, ou em especial para os
Estados de Alagoas e Pernambuco.
82

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88

ANEXOS
89

ANEXO A - Dados interpolados de anomalias de preciptação cenário: A2


90
91
92
93
94
95

ANEXO B - Dados interpolados de anomalias de temperatura do cenário: A2


96
97
98
99
100
101

ANEXO C - Dados interpolados de anomalias de temperatura do cenário: A1B


102
103
104
105
106
107

ANEXO D - Dados interpolados de anomalias de temperatura do cenário: A1B


108
109
110
111
112

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