Av1 Direito Penal 1

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TEORIA DO CRIME – DIREITO PENAL 1

– CAMPUS TERESÓPOLIS –

AV1 – 09/10/2020

Teoria do Crime - Direito Penal I


AV1
 
1ª Questão:
Segundo os princípios vigentes na Constituição da República Federativa do Brasil, é
possível afirmar que o Direito Penal possui caráter fragmentário e residual. Diante de tal
afirmativa, assinale as alternativas em que está presente a necessidade de intervenção do
Direito Penal, focando no bem juridicamente tutelado em cada hipótese.
Parte superior do formulário

 a) João e Maria, casados pelo regime da separação de bem, sem filhos menores, se
separam de fato, consensualmente. João, passados dois meses, deixa de pagar a
pensão acordada com Maria.
 b) Paulo, embriagado, conduz veículo automotor, vindo a atropelar Julio, pedestre,
que caminhava na calçada, causando-lhes lesões de natureza leve.
 c) Jorge, médico, aluga um imóvel de Silvia, deixando, logo após o vencimento da
primeira cota, de pagar os aluguéis devidos.
 d) Flávio, usuário de drogas, é encontrado pela Polícia Militar dormindo na rua,
tendo em seu poder, no bolso da bermuda que trajava, um cigarro de maconha.

e) Rita estaciona seu veículo automotor em local proibido, vindo o mesmo a ser
rebocado pela autoridade pública competente.

2ª Questão:

Disserte, em até trinta linhas, acerca do Direito Penal e do Princípio Constitucional


da Presunção de Inocência.

O princípio da presunção de inocência é um instituto previsto no artigo 5º,


inciso LVII da Constituição Federal de 1988. Refere-se a uma garantia
processual atribuída ao acusado pela prática de uma infração penal,
oferecendo-lhe a prerrogativa de não ser considerado culpado por um ato
delituoso até que a sentença penal condenatória transite em julgado. Esta
situação, em tese, evita a aplicação errônea das sanções punitivas previstas
no ordenamento jurídico. Ainda garante ao acusado um julgamento de
forma justa em respeito à dignidade da pessoa humana.
Em conjunto com as demais garantias constitucionais, o princípio da
inocência presumida garante ao acusado pela prática de uma infração penal
um julgamento justo, conforme o espírito de um Estado Democrático de
Direito.
A Constituição Federal apresenta o princípio da presunção de inocência em
seu rol de direitos e garantias constitucionais de forma positivada como
pode-se observar:

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“Art. 5.  Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes.(EC nº 45/2004)
LVII- ninguém será culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória”;
Trata-se de um princípio manifestado de forma implícita em nosso
ordenamento jurídico. O texto constitucional não declara a inocência do
acusado. Contudo, demonstra o fato de ele não ser necessariamente o
possuidor da culpa pela prática do fato que lhe é imputado.
Conforme se pode perceber, o princípio constitucional da presunção de
inocência torna-se um dos mais importantes e intrigantes institutos do
nosso ordenamento jurídico.
Sob a égide dessa norma, o acusado de cometer uma infração penal pode
ser protegido contra uma provável sanção penal de forma antecipada. Isto é,
ser apenado pela prática de um delito sem aos menos um julgamento justo,
conforme o devido processo legal e fundamentado no contraditório e na
ampla defesa.

3ª Questão:

Escale, na ordem de maio0r relevância para a de menor importância, os três


principais direitos tutelados pelo sistema jurídico constitucional/penal brasileiro,
fundamentando, brevemente, a importância de cada um.

 Vida - Ela garante proteção à vida e trata-se de um direito inviolável, como o


Direito a "permanecer vivo", quanto a ter uma existência digna.

Saúde - Em meio a tantas notícias de descasos e desumanidades no


amontoamento de pessoas em unidades prisionais com surto de sarna,
morte decorrente de sífilis, tuberculose, hepatite, alta incidência de
dermatoses e HIV, foi publicada a Portaria 1.741, de 12 de julho de 2017, do
Ministério da Saúde, que habilita alguns municípios e estados do a
receberem os incentivos de custeio referentes às equipes de saúde no
sistema prisional (ESP).
Em 2014, foi criada a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das
Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (Pnaisp), por meio da
Portaria Interministerial 1, de 2 de Janeiro de 2014, com o objetivo de
ampliar as ações de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS) para a
população privada de liberdade. Cada unidade básica de saúde prisional
passa a ser visualizada como ponto de atenção da Rede de Atenção à Saúde
(RAS).
Antes da Pnaisp, a saúde prisional era tratada de forma não integrada e sem
comunicação com a rede de saúde pública.

Liberdade - Como observado, o Habeas Corpus não é uma atividade de


Natureza Penal, mas é uma Ação Constitucional, que protege

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o direito de liberdade de qualquer indivíduo. Desta forma, não deve ser
limitado ao Direito Penal/Criminal, já que está acessível a qualquer ser
humano, acompanhado ou não de um advogado.

4ª Questão:

 Qual a finalidade do Direito Penal na estrutura jurídica brasileira? Responda,


fundamentadamente, em até 20 linhas.

O estudo das funções desse importante ramo do Direito gira em torno,

basicamente, de duas vertentes do funcionalismo: o teleológico e o sistêmico.


Encabeçado pelo jurista alemão Claus Roxin[1], o funcionalismo teleológico afirma

que a principal função do Direito Penal seria proteger bens jurídicos de elevada
importância para o regular convívio social, sendo que a seleção de tais bens

mudaria com a natural evolução dos interesses sociais. Bens outrora importantes
passaram, com o decurso do tempo, a ser irrelevantes sob os olhos do Direito

Penal, guiado pelo princípio da intervenção mínima ou ultima ratio, assim como
valores antes desprezados, receberam, posteriormente, a guarida deste ramo da

ciência jurídica.
Assim, “o pensamento jurídico moderno reconhece que o escopo imediato e

primordial do Direito Penal radica na proteção de bens jurídicos – essenciais ao


indivíduo e à comunidade.” (PRADO, 1999, p. 47). A escolha de tais bens compete,

precipuamente, à Constituição Federal, que elenca os principais valores que


merecem a proteção do Direito Penal, entre os quais se incluem a vida, a liberdade

e a propriedade.
Noutro giro, o funcionalismo radical ou sistêmico, criado por Günther Jakobs,

considera que resta ao Direito Penal, tão somente, servir de guardião do sistema
normativo posto. Deste modo, Jakobs considera que a atuação do Direito Penal é

pautada em uma anterior violação do bem jurídico-penal, não servindo aquele para
a tutela de bens valiosos, e sim para buscar a reafirmação da autoridade da lei

penal, violada com a prática do delito. Dito de outra forma:


“Para Jakobs, o que está em jogo não é a proteção de bens jurídicos, mas, sim, a

garantia de vigência da norma, ou seja, o agente que praticou uma infração penal
deverá ser punido para que se afirme que a norma penal por ele infringida está em

vigor”. (GRECO, 2010, v. 1, p. 3)

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 Não obstante a autoridade doutrinária do idealizador do funcionalismo sistêmico,
predomina na doutrina nacional a finalidade protetiva do Direito Penal, sendo certo

que cabe a este usar dos meios concebíveis perante o Direito para exercer seu
papel de garantidor dos bens jurídicos indispensáveis à vida em sociedade.

Quando ocorre uma lesão efetiva e contundente ao bem jurídico-penal tutelado,


nasce o que se convencionou chamar por Direito Penal subjetivo, é dizer, o direito

de o Estado punir o infrator do tipo penal, na tentativa de restabelecer a


normalidade social.

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