Ciro - Alves - Dos - Santos ARTIGO REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
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VOLUME 2, NÚMERO 10 - DEZEMBRO 2019
REVISTA
MAIS
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EDUCAÇÃO
PARCERIA 1
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
EDITORA
CENTRO EDUCACIONAL SEM FRONTEIRAS
R454
Mensal
Modo de acesso: <https://www.revistamaiseducacao.com/sumario-
V2-N10-2019>
ISSN:2595-9611 (on-line)
www.revistamaiseducacao.com
E-mail: artigo@revistamaiseducacao.com
Rua Manoel Coelho, nº 600, 3º andar sala 302 – Centro São Caetano do Sul – SP CEP: 09510-111 Tel.: (11) 95075-4417
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106 A CONTRIBUIÇÃO DE UMA SEGUNDA LÍNGUA DESDE A 261 A IMPORTÂNCIA DO PROFESSOR PROVOCADOR:
EDUCAÇÃO INFANTIL RUBEM ALVES PARA EDUCAÇÃO NOS TEMPOS ATUAIS
Fabiola Adriana Rodrigues de Oliveira Castilho Edinalva Colins Algarvio
Léia Aparecida Vinha Vilhalba
Mônica Cicera Pereira da Paz
114 A DIFERENÇA ENTRE O PROTAGONISMO E A
PARTICIPAÇÃO DA CRIANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Maria do Socorro Evangelista Tavares 272 A IMPORTÂNCIA DOS VÍNCULOS E SENTIMENTO DE
PERTENÇA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Daniela Cristina Aparecida Diniz Rosa
123 A ESCOLA QUE TEMOS – A ESCOLA QUE QUEREMOS: A
ESCOLA PÚBLICA E AS TECNOLOGIAS A SERVIÇO DA
APRENDIZAGEM 285 A INFLUÊNCIA AFRICANA NA LITERATURA INFANTIL
Etelvina Alves Moreira BRASILEIRA
Kelly Ribeiro Reis
130 A ESCRITA NA ESCOLA: NARRATIVA DE UM PROJETO
Maria Helena dos Santos Gonçalves 295 A INFLUÊNCIA DA TECNOLOGIA NOS ANOS INICIAIS
Kelly Naxara
147 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA PÚBLICA
Rose Soraya Duarte Siqueira
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331 A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO POR 483 AS ATIVIDADES MUSICAIS NA PERSPECTIVA DOS
MEIO DA LINGUAGEM ESCRITA NA EDUCAÇÃO PROFESSORES DE EDUCAÇÃO INFANTIL
INFANTIL: ALFABETIZAR OU LETRAR NA EDUCAÇÃO
INFANTIL Maria Izabel Cordeiro
Kátia Maria de Brito Meneses
494 AS DIFERENTES FINALIDADES DO ENSINO MUSICAL NO
DECORRER DA HISTÓRIA
346 A PRÁTICA EDUCACIONAL NA PERSPECTIVA DE
Eliane de Jesus Pereira
GESTÃO ESCOLAR
Eliane Coimbra Aradi
512 AS INSTÂNCIAS DA TRANSFORMAÇÃO PSICOSSOCIAL
E AFETIVA NAS HISTÓRIAS INFANTIS
352 A RELEVÂNCIA DA LUDICIDADE NA PRÁTICA
PEDAGÓGICA Karen Dantas Bonilho Maciel
Déborah Guaraná de Lima Amaral
526 AS INTERFERÊNCIAS CAUSADAS PELO USO DE DROGAS
E ÁLCOOL NA GESTAÇÃO E OS IMPACTOS NA
360 A TECNOLOGIA NA INFÂNCIA APRENDIZAGEM
Inez Gissele Weiller dos Santos Sandra Moreira Coelho
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607 CRIANÇA COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA 752 ENSINO DA HISTÓRIA DA ÁFRICA E CULTURA AFRO-
NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA BRASILEIRA E INDÍGENA: POSSIBILIDADES E DESAFIOS
Layanna Prado de Oliveira Ciro Alves dos Santos
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914 O DESAFIO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL 1037 PRODUÇÃO TEXTUAL E REESCRITA DE CONTOS NOS
Eva Meire de Oliveira ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Amanda Barros de Souza Cioccia
920 O DESENHO INFANTIL E SUAS EXPRESSÕES
Sandra Miranda de Oliveira Silva 1050 PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DE UMA SALA DE
ESTIMULAÇÃO VISUAL PARA CRIANÇAS DE 0 a 6 ANOS
COM BAIXA VISÃO NO SETOR DE TERAPIA
928 O ENSINO INVESTIGATIVO EM CIÊNCIAS E SUA OCUPACIONAL DO CENTRO DE REABILITAÇÃO FÍSICA
CONTRIBUIÇÃO NO PROCESSO DA APRENDIZAGEM DOM BOSCO DE LINS
Luana Major Floresta Luciene Barbosa Sampaio
935 O ENSINO SUPERIOR E SUAS DIFICULDADES 1061 PSICOPEDAGOGIA: POR QUE AVALIAR?
Mara Rubia Daniela Marques Vichessi
946 O ESTÍMULO PSICOMOTOR POR MEIO DE 1067 REAÇÕES ANATÔMICAS E FISOLÓGICAS DO FRANGO
BRINCADEIRAS PEDAGÓGICAS E OS RESULTADOS NO DE CORTE AOS FATORES INTRÍSECOS:
PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO SÍNROME DA HIPERTENSSÃO PULMONAR-ASCITE
Karine Locateli dos Santos Maria Elizangela Cavalcante Alves
Marcia Cristina Madureira de Andrade
Vanessa Leite da Silva 1075 RELAÇÕES ENTRE ORALIDADE E ESCRITA
Fabíola Kallai Navikas Poças
954 O LÚDICO COMO FERRAMENTA NO PROCESSO DE
ENSINO- APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA
1092 TECNOLOGIA ASSISTIVA: UM OLHAR REFLEXIVO NAS
Daniela Cristiane dos Anjos SALAS DE ATENDIMENTO EDUCACIONAL
ESPECIALIZADO NO MUNICÍPIO DE IGARAPÉ-AÇU – PA
Hildeci de Souza Dantas
967 O LUGAR DO CORPO E DO LÚDICO SEGUNDO A
PSICOPEDAGOGIA Deilane de Souza Ribeiro
Andréia Elvira de Melo Devincola Paula Stefanny da Paixão
999 OS NEGROS E A FORMAÇÃO DO POVO BRASILEIRO 1148 TRANSTORNO DE CONDUTA, PSICOPATIA E VIOLÊNCIA
Creuza Pessoa de Araújo Cruz EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Gisele Saviani
1009 PAPEL DA GESTÃO ESCOLAR FRENTE À INDISCIPLINA
DOS ALUNOS 1162 TRANSTORNOS FUNCIONAIS ESPECÍFICOS:
Mônica Gorete Cardim Almeida DESAFIOS E IMPACTOS NA EDUCAÇÃO
Rozana Gonçalves de Oliveira
1021 PARTICIPAÇÃO E EDUCAÇÃO: UM DESAFIO POSSÍVEL
Mara Regina Alcasas 1173 VIVER OS ESPAÇOS FÍSICOS NA PRÉ-ESCOLA
Gislaine Cristina do Espirito Santo
1029 POLÍTICAS PÚBLICAS DE ACESSO ÀS TECNOLOGIAS
NAS ESCOLAS: DESAFIOS E CONQUISTAS
Talita Alves Silva
Jakeline de Sousa Carvalho
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1186 FORMAÇÃO DOCENTE EM EDUCAÇÃO EM 1263 AFETIVO, SER OU NÃO SER, EIS A QUESTÃO:
SEXUALIDADE E PARA SAÚDE SEXUAL E A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE NO PROCESSO DE
REPRODUTIVA: RELATO DE EXPERIÊNCIAS ADAPTAÇÃO DAS CRIANÇAS
FORMATIVAS NO ÂMBITO DO PIBID-Bio/FACEDI-UECE
Denise Emmett da Silva Leite
Raylson Francisco Nunes de Sousa
Maria Glaucilene Sousa Vasconcelos
1279 A CONSCIÊNCIA CORPORAL, A PSICOMOTRICIDADE E
Jéssyka Melgaço Rodrigues O ENSINO EFICAZ NA ALFABETIZAÇÃO
Ana Paula da Silva Oliveira Susen Covre Franzini
Mário Cézar Amorim de Oliveira
1287 O LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
1200 PSICOMOTROCIDADE E DESENVOLVIMENTO MOTOR Rosana Vieira da Silva
NAS PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Gleice Roberta Brasolin
1296 A DESVALORIZAÇÃO DO PROFESSOR
Ioneide Rodrigues da Silva Cenatti
1208 EDUCAÇÃO EM SAÚDE: CONSCIENTIZAÇÃO DOS
FUNCIONÁRIOS DE UMA ESCOLA DE NÍVEL INFANTIL
SOBRE DIABETES EM VITÓRIA DE SANTO ANTÃO - PE 1303 MULTILINGUAGUEM E INTERDISCIPLINARIEDADE:
Dayvson Henrique da Silva COMPONENTES DA EXPRESSÃO
Jailton Silvino de Lima Luiza de Caires Atallah
Meydson Gutemberg de Souza
Loiva Liana Santos Borba 1310 VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A CRIANÇA E SUAS
CONSEQUÊNCIAS NAS PRIMEIRAS FASES DA
ALFABETIZAÇÃO
1218 RELATO DE EXPERIÊNCIA: CONHECENDO A REALIDADE Simone Coelho dos Santos
E CONSTRUINDO NOVOS SIGNIFICADOS DE
APRENDIZAGENS E DE PRÁXIS PSICOPEDAGÓGICAS
POSSÍVEIS NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS 1317 A INTERDISCIPLINARIDADE E A INTERTEXTUALIDADE
José Marciel Araújo Porcino NA ARTE
João Erikes Almeida Marques Elaine Regina Braga Brun
Valmir Diolino de Sousa Filho
Micheli Alexandre de Lima 1325 A MÚSICA E A CONTRIBUIÇÃO NA ARTE
Mileny Alexandre de Lima Jacqueline Capel
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RESUMO: O artigo de caráter teórico, apresenta reflexões sobre a Lei que obriga o ensino de
História e Cultura Afro-brasileira e Indígena - Lei no. 11.645/08 nas escolas públicas e privadas.
Enfatizamos também a possibilidade do trabalho interdisciplinar com a temática, pois a
dialogicidade entre áreas pode contribuir com a real implementação de projetos que relacionados
ao tema. Como fundamentação teórica utilizamos, entre outros: Cavalleiro (2001); Jesus (2011);
Xavier (2008).
1Graduação: Licenciatura Plena em Pedagogia pelo Centro Universitário de Barra Mansa – RJ; Licenciatura em
História; Especialização em Docência do Ensino Superior; Especialização Docência do Ensino Religioso;
Especialização Letramento; Especialização em Gestão Escolar Integradora.
E-mail: ciropedagogo@gmail.com
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educacional, que caracteriza a população no Ser negro passa a ser razão para o fracasso
seu conjunto, atingem com especial gravidade escolar. Logo, o autoconceito e a autoestima do
aquela que se auto classifica como preta ou aluno podem vir a reproduzir o que lhe é
parda, a qual é particularmente desfavorecida. imposto por vias externas, pois o que somos é
Enquanto os brancos possuem, em média, 6 determinado também pela realidade exterior,
anos de escolaridade, os pretos e pardos pouco por aquilo ou aqueles que nos cercam. Quando
ultrapassam 4(p.32). adultos sabemos dimensionar nossos valores e
Assim, em um processo histórico passado e patrimônios tendo ideia de nossa contribuição.
presente, se vê que a violência e a exclusão que Quando crianças, a realidade exterior nos é
o negro passa, vem de sua definição de raça, muito importante. É de fora que transportamos
definida e qualificada como inferior, tendo essa realidade para dentro de nós. A
consequentemente a suspensão de seus “autenticidade” de nossa personalidade é
direitos, colocando-o numa situação de controlada pelo externo (CAVALLEIRO, 2001,
segunda classe. p.174).
Ver uma criança negra perdendo sua Nesse sentido, analisa Cavalleiro (2001, p.
identidade diante de afirmações das aulas de 174) que:
história em relação ao seu povo e sua história Deixa-se de contemplar a criança negra com
não é nada fácil. A forma como é colocada sua aquilo que lhe é de direito, afinal uma criança
história denota a ideia de que o negro não negra faz parte da cultura negra. Às vezes o
passou por todo o terror da escravidão. pertencer de uns é menos envolvente que o de
Dá-se a impressão que o africano nunca outros, mas todos fazem parte dessa cultura.
lutou pela própria liberdade, e frequentemente No Brasil, a democracia racial não permite
reforça-se esse estereótipo com a alegação de inferências quanto aos impedimentos étnicos
que o negro veio aqui para suprir a necessidade no direito de se manifestar; de modo que
de mão de obra provocada pelo amor à qualquer dificuldade em um negro se
liberdade e consequente inadaptabilidade do desenvolver ou conquistar seus objetivos passa
índio ao regime escravista (NASCIMENTO, a ser atribuída como culpa do próprio indivíduo.
2001, p.119). O que faz necessário alterar a ordem dos
Porém, houve a resistência. A luta do povo currículos escolares que insiste em apresentar
negro sempre existiu e ainda existe. As histórias a história de um único grupo como único
de negros de suas lutas sempre foram conhecimento científico válido.
ignoradas pelos textos didáticos. Sendo, por Santos coloca uma questão importante
exemplo, a existência do Zumbi dos Palmares, (2001, p. 106):
uma figura do ícone da resistência dos negros O restante vem dos diferentes grupos que
no Brasil sempre recusada por muitos constituíram esse país: os brancos, negros e
estabelecimentos de ensino. A falta de índios. Quais culturas, quais saberes e fazeres
referência se tornou então, um processo de se produziram das relações entre as diferentes
exclusão que reflete ainda hoje em vários culturas elaboradas por índios, negros e
segmentos sociais. brancos?
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O que fez com que o fracasso escolar fosse narrativas da história do negro em sala de aula
algo que atingisse a população mais pobre e, e nos livros didáticos.
assim, como os negros estão pesadamente Reafirmando-se assim a necessidade de
concentrados na população mais pobre, incluir o ensino da história da África nos
entende-se que o déficit educacional está currículos escolas por meio de lei.
concentrado nessa população.
Nas ações pedagógicas, o currículo, muitas A LEI Nº 10.639/2003:
vezes não contempla a demanda escolar e sua
heterogeneidade, na diversidade cultural, O ENSINO DA HISTÓRIA DA
social, étnica, religiosa etc. Ainda é possível se ÁFRICA
deparar a supervalorização de um currículo A educação no Brasil, de forma geral,
eurocêntrico, ou seja, “um currículo que necessita de mudanças no que tange a
privilegia a cultura branca, masculina e cristã, qualidade do ensino e ao direito a igualdade
que menosprezou as demais culturas dentro de para todos àqueles inseridos tanto na escola
sua composição do currículo e das atividades do pública, como na privada.
cotidiano escolar” (GONÇAVES; SILVA, 2017). O De acordo com a legislação vigente, ficam as
que fez com que as culturas não brancas fossem escolas obrigadas a trabalharem o Ensino de
colocadas em um patamar de inferioridade História e Cultura afro-brasileira e História da
imposta no interior da escola; determinando África, assim, para que a lei funcione e se
esse povo às classes sociais inferiores da efetiva da forma como deve ser é preciso que
sociedade. docentes e demais profissionais tenham
Os princípios constitucionais são baseados consciência da importância de ensino uma
na prevalência dos Direitos Humanos, no cultura que de certa forma está enraizada no
respeito ás diferenças e ao repúdio de qualquer Brasil.
forma de discriminação. No campo da educação De outro lado, tem o poder público seu papel
transposição da Lei maior foi para a LDB Lei nº em, além de elaborar a lei, a fazer valer,
9.394/96, que aponta: capacitando seus profissionais e cobrando que
A especificidade de articular com a o ensino dessa cultura não ocorra somente no
diversidade, por meio do respeito às dia de sua comemoração (dia da consciência
manifestações culturais, bem como um negra), mas, em todos os dias em sala de aula.
currículo que atenda às necessidades de todas É preciso que entendam que não há
as partes envolvidas na relação ensino – diferença, que a resistência não pode fazer
aprendizagem (BRASIL, 1996). parte de o ensino de uma disciplina, que saibam
Em estudos realizados no Brasil, percebe-se que as culturas são diferentes, mas, as pessoas
a dificuldade vivida por alunos negros em são e tem direitos iguais.
afirmar sua origem étnica, sendo que um dos “Do ponto de vista legal, fica estabelecido
motivos que levam a essa dificuldade é a que as instituições de ensino do país “tornam-
ausência de referências de sua origem em se obrigadas” a trabalharem o ensino sobre
história e cultura afro-brasileira” (JESUS, 2011,
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p.11). Com a ação legal, tem-se que a temática incluir no contexto dos estudos e atividades,
relativa ao Ensino proposto e se está sendo que proporciona diariamente, também as
aplicado, desenvolvido e ensino da forma como contribuições histórico-culturais dos povos
deveria, pois, de forma geral é aplicada nas indígenas e dos descendentes de asiáticos, de
escolas em meio de projetos como um dia raiz africana e europeia. É preciso ter clareza
especial, um dia para trabalhar uma temática que o Art. 26A acrescido à Lei 9.394/1996
tão ampla que possui tamanha expectativa de provoca bem mais do que inclusão de novos
transformação social, sem falar da sua conteúdos, exige que se repensem relações
complexidade; que carrega a responsabilidade étnico-
de ensinar e mostrar ao brasileiro sua raciais, sociais, pedagógicas, procedimentos
pluralidade cultural e, assim, por meio das de ensino, condições oferecidas para
novas gerações levar o Brasil à uma sociedade aprendizagem, objetivos tácitos e explícitos da
democrática e igual, em suas relações raciais e educação oferecida pelas escolas.
educacionais, promovendo o respeito à A autonomia dos estabelecimentos de
diferença. ensino para compor os projetos pedagógicos,
A obrigatoriedade de inclusão de História e no cumprimento do exigido pelo Art. 26A da lei
Cultura Afro-Brasileira e Africana nos currículos no. 9.394/1996, permite que se valham da
da Educação Básica trata-se de decisão política, colaboração das comunidades a que a escola
com fortes repercussões pedagógicas, inclusive serve, do apoio direto ou indireto de estudiosos
na formação de professores. Com esta medida, e do Movimento Negro, com os quais
reconhece-se que, além de garantir vagas para estabelecerão canais de comunicação,
negros nos bancos escolares, é preciso valorizar encontrarão formas próprias de incluir nas
devidamente a história e cultura de seu povo, vivências promovidas pela escola, inclusive em
buscando reparar danos, que se repetem há conteúdos de disciplinas, as temáticas em
cinco séculos, à sua identidade e a seus direitos. questão.
A relevância do estudo de temas decorrentes Caberá, aos sistemas de ensino, às
da história e cultura afro-brasileira mantenedoras, à coordenação pedagógica dos
e africana não se restringe à população estabelecimentos de ensino e aos professores,
negra, ao contrário, dizem respeito a todos os com base neste parecer, estabelecer conteúdos
brasileiros, uma vez que devem educar-se de ensino, unidades de estudos, projetos e
enquanto cidadãos atuantes no seio de uma programas, abrangendo os diferentes
sociedade multicultural e pluriétnica, capazes componentes curriculares.
de construir uma nação democrática. Caberá, aos administradores dos sistemas de
É importante destacar que não se trata de ensino e das mantenedoras prover as escolas,
mudar um foco etnocêntrico marcadamente de seus professores e alunos de material
raiz europeia por um africano, mas de ampliar bibliográfico e de outros materiais didáticos,
o foco dos currículos escolares para a além de acompanhar os trabalhos
diversidade cultural, racial, social e econômica desenvolvidos, afim de evitar que questões tão
brasileira. Nesta perspectiva, cabe às escolas complexas, muito pouco tratadas, tanto na
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a criança, por isso, deve-se nesse espaço, negro se posicionem contra a desigualdade
conceber a cultura como manifestação plural. racial (p.43).
Conforme Jesus (2011): Assim, com a lei busca-se superar o
além do ensino da História, esse novo ensino preconceito racial levando a história do negro
deve ter um conteúdo antirracista que deverá para as salas de aula, mostrando o tamanho da
atravessar as disciplinas, em especial nas áreas importância desse povo para a construção do
de História, Geografia, Arte e Literatura, Brasil, falando em passado, e, para a
conforme propõe o parecer 03/2004 e as manutenção do país, falando em presente e
“Diretrizes para a educação das elações Étnico- futuro. Sim o negro faz parte da história do
Racial e do ensino de História e cultura Afro- Brasil, bem como o indígena, portanto, é
Brasileira”. Sendo papel de o professor orientar preciso descontruir uma base formada por uma
a construções de novos olhares sobre a cultura história eurocêntrica e transformando-a em um
africana e a história do negro no Brasil, meio de integração social.
contribuição, sobretudo, para que branco e
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo nos aponta que a escola precisa caminhar no sentido de mudança de sua
concepção e se transformar em um espaço de encontro de culturas, multicultural. Para isso, é
preciso que haja uma educação para as relações étnico-raciais que efetive o respeito à
diversidade. Ou seja, a escola deve ser um espaço de aproximação, de ensinar a conviver na
diversidade, uma vez que fazemos parte de uma sociedade plural, no qual o negro e o indígena
fazem parte e contribuíram para o desenvolvimento do país desde os tempos mais remotos.
O ideal da educação inclusiva é perfeitamente percebido nas ações e projetos do
município, o fato é que é necessário aprofundar e ampliar as ações e os projetos para a efetivação
das leis nº 10.639/03 e nº 11.645/08. É claro que já é um começo, as ideias apresentadas e a
propostas para o ano que se iniciará poderá viabilizar a concretização dos sonhos dos profissionais
participantes do estudo.
Tendo em vista que o negro é o principal constituinte da sociedade brasileira, juntamente
com o indígena, o que se espera tendo como ideal uma sociedade humanizada e civilizada é a
erradicação do racismo por meio de um trabalho de base na escola.
É preciso que as crianças ao saírem da educação básica passem a olhar a sociedade na qual
estão inseridas com as lentes do multiculturalismo banindo a prática do etnocentrismo, se
reconhecendo como participante ativo de uma sociedade plural, e isso, só se consegue com ações
efetivas do poder público.
Por fim, as leis que tratam da temática estão aí para serem cumpridas, mas não
acontecerão se não houver consciência, interesse e capacidade para lutar e ensinar uma causa
que é justa e importante. É para ontem, o respeito ao outro tem pressa! Só se conseguirá dar ao
negro e, também aos indígenas e demais diferentes, aquilo que por tantos séculos a eles foram
negados, se tivermos mudança de postura e de comportamento junto às crianças na escola.
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