Alfabetizacao e Letramento Desenvolvimento e Apropriacao
Alfabetizacao e Letramento Desenvolvimento e Apropriacao
Alfabetizacao e Letramento Desenvolvimento e Apropriacao
Código Logístico
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6583-7
IESDE BRASIL
2020
© 2020 – IESDE BRASIL S/A.
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Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A.
Assim, o que era para ser uma mudança de paradigma benéfica para
o objetivo de suplantar os resultados negativos em avaliações de níveis
de alfabetização da população em processo de escolarização, acabou por
agravar esse quadro.
Alfabetização Letramento
Faceta
Faceta
Faceta interativa:
sociocultural:
linguística: considera a língua
diz respeito aos
diz respeito à escrita como veículo de
usos, funções e valores
aprendizagem do interação entre as pessoas,
atribuídos à escrita
sistema alfabético- de expressão e de
em contextos
-ortográfico. compreensão de
socioculturais.
mensagens.
Assim, para os adeptos dos métodos tradicionais de ensino, uma + Saiba mais
boa cartilha e um plano de ensino bem controlado são a garantia para De acordo com a perspectiva
uma alfabetização satisfatória – e por essa razão são chamados de associacionista/empirista, o mé-
todo é fator determinante para
associacionistas ou empiristas. Porém, isso só funcionaria se a criança
o sucesso da alfabetização, uma
estivesse no estágio de prontidão para, em seguida, receber os ensi- vez que considera que o apren-
namentos que lhe seriam transmitidos em doses homeopáticas. De diz adquire os conhecimentos
por meio de transmissão,
acordo com essa concepção, a escrita alfabética seria reduzida a um repetição e memorização.
código, o qual, para ser aprendido, dependeria de treinos e repetições
das formas gráficas e seus respectivos sons.
4 4
Morais (2012), recorrendo à teoria da psicogênese da língua escrita ,
ressalta que é necessário reconhecer que o aprendiz da escrita alfabéti- Desenvolvida por Emilia
Ferreiro e Ana Teberosky, essa
ca não tem na sua mente as propriedades do sistema de maneira pron-
teoria afirma que as crianças
ta, dada ou disponível. Ele ainda não sabe como as letras funcionam e trazem consigo uma concep-
tem sobre a escrita uma visão diferente da que os adultos têm. É por isso ção sobre a escrita, e que,
portanto, não procede a ideia
que, em uma etapa inicial, não faz sentido ficar pronunciando fonemas de que os aprendizes precisam
isolados e repetindo a leitura de sílabas e palavras que comecem com estar prontos (ter prontidão)
determinado fonema. para se alfabetizar.
Figura 1
Propriedades do sistema de escrita alfabética
As
letras têm
Escreve-se com letras
formatos fixos e
que não podem ser
pequenas variações que
inventadas, que têm um
produzem mudanças em
repertório finito e que são
sua identidade (p, q, b, d),
diferentes de números e
embora uma letra assuma
de outros símbolos.
formatos variados (P,
p, P, p).
Uma letra
pode se repetir no
A ordem das
interior de uma palavra
letras no interior
e em diferentes palavras,
da palavra não pode
ao mesmo tempo em
ser mudada.
que distintas palavras
Casa ≠ Saca.
compartilham as
mesmas letras.
As letras
Nem todas as
notam ou
letras podem ocupar
substituem a pauta
certas posições no interior
sonora das palavras que
das palavras, como a letra n
pronunciamos e nunca levam
antes de p e b, por exemplo,
em conta as características
e nem todas as letras
físicas ou funcionais
podem vir juntas de
dos referentes que
quaisquer outras.
substituem.
Quadro 1
Objetivos de aprendizagem (4 anos a 5 anos e 11 meses).
(Continua)
Por outro lado, essa sistematização fica muito clara em diversas ha-
bilidades apresentadas para o 1º ano do ensino fundamental. É pos-
sível verificar, no Quadro 2 a seguir, as habilidades relacionadas às
convenções da escrita e à correspondência entre fonemas e grafemas.
Quadro 2
Objetivos de aprendizagem (1º ano do ensino fundamental).
Habilidades
Práticas de linguagem Objetos de conhecimento
1º ano
(EF01LP01) Reconhecer que textos são
Leitura/escuta (compar-
Protocolos de leitura lidos e escritos da esquerda para a direi-
tilhada e autônoma)
ta e de cima para baixo da página.
(EF01LP02) Escrever, espontaneamente
Escrita (compartilhada e Correspondência ou por ditado, palavras e frases de forma
autônoma) fonema-grafema alfabética – usando letras/grafemas que
representem fonemas.
(EF01LP05) Reconhecer o sistema de es-
Análise linguística/semió- Construção do sistema alfa-
crita alfabética como representação dos
tica (Alfabetização) bético
sons da fala.
Desde que feito com método, como observamos no item 1.1, o pro-
fessor pode contribuir para a aprendizagem da língua escrita pela crian-
ça desde a educação infantil. Soares afirma que as crianças chegam às
instituições educativas com diversos conhecimentos e cabe a tais insti-
tuições “dar prosseguimento a esses processos, pois seria prejudicial ao
desenvolvimento e aprendizagem da criança interrompê-los, impedi-los,
correndo o risco de fazê-los retroceder” (SOARES, 2017, p. 343).
REFERÊNCIAS
ALEXANDROFF, M. C. Retomando o fio da meada: a história dos métodos de alfabetização no
Brasil. Plataforma do letramento, 2013. Disponível em: http://www.plataformadoletramento.
org.br/download/c52c5ef42c0ad85ebe21de23d2d8a31f.pdf. Acesso em: 26 out. 2019.
BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Diário Oficial da União, Poder Executivo,
Brasília, DF, 20 dez. 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.
htm. Acesso em: 10 dez. 2019.
BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: Secretaria de
Educação Fundamental, 1997. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/
livro07.pdf. Acesso em: 25 nov. 2019.
BRASIL. Lei n. 11.724, de 06 de fevereiro de 2006. Diário Oficial da União, Poder Executivo,
Brasília, DF, 06 fev. 2006. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2006/lei/l11274.htm. Acesso em: 10 dez. 2019.
BRASIL. Ministério da Educação. Resolução n. 4, de 27 de fevereiro de 2013. Diário Oficial
da União, Brasília, DF. Disponível em: https://www.pnaic.fe.unicamp.br/sites/www.pnaic.
fe.unicamp.br/files/pub/cm-compartilhados/documentos/resolucao-n4.2013.pdf. Acesso
em: 6 jan. 2020.
BRASIL. Lei n. 13.005, de 25 de junho de 2014. Diário Oficial da União, Poder Executivo,
Brasília, DF, 25 jun. 2014. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-
2014/2014/Lei/L13005.htm. Acesso em: 10 dez. 2019.
GABARITO
1. De acordo com Soares, a expressão método de alfabetização se refere a um conjunto
de procedimentos que devem estar fundamentados em teorias e princípios, os quais
devem orientar a aprendizagem inicial da leitura e da escrita pela criança, e não
cartilhas, manuais didáticos, artefatos pedagógicos etc.
https://novaescola.org.br/conteudo/338/emilia-ferreiro-estudiosa-que-revolucionou-alfabetizacao
Soares e Batista (2005, p. 35) fazem uma síntese das principais ideias
que sustentam os estudos sobre a psicogênese da linguagem escrita:
•• A criança não começa a aprender a escrita apenas quando entra
na escola; desde que, em seu meio, ela entra em contato com a
linguagem escrita, começa seu processo de aprendizado.
•• Esse aprendizado não consiste numa simples imitação mecânica
da escrita utilizada por adultos, mas numa busca de compreen-
der o que é a escrita e como funciona; é por essa razão que se diz
tratar-se de um aprendizado de natureza conceitual.
•• Ao buscar compreender a escrita, a criança faz perguntas e dá
respostas a essas perguntas por meio de hipóteses baseadas na
análise da linguagem escrita, na experimentação de modos de
ler e de escrever, no contato ou na intervenção direta de adultos.
•• As hipóteses feitas pela criança se manifestam muitas vezes em suas
tentativas de escrita (muitas vezes chamadas de escritas “espontâ-
neas”) e, por isso, não são “erros”, no sentido usual do termo, mas
sim a expressão das respostas ou hipóteses que a criança elabora.
•• O desenvolvimento das hipóteses envolve construções progressi-
vas, por meio das quais a criança amplia seu conhecimento sobre
a escrita com base na reelaboração de hipóteses anteriores.
Figura 2
Exemplo de escrita própria do nível 2
Figura 3
Exemplos de escritas próprias do nível 3
Artigo
http://www.plataformadoletramento.org.br/hotsite/aprendizado-inicial-da-escrita/#
Figura 5
Exemplo de escrita própria do nível 5
Observe o Quadro 1 para exemplificação e melhor visualização das Luciane Rolim de Moura Vilain
Quadro 1
Resumo e exemplos das hipóteses de escrita
(Continua)
Para Morais (2012, p. 114), em uma escola que almeje tais objetivos, Atividade 3
a perspectiva construtivista, na qual a psicogênese da língua escrita se Por que Magda Soares qualifica
enquadra, é absolutamente adequada. A adoção de uma perspectiva como “discutível” o uso do termo
construtivismo para se referir à
(socio)construtivista, portanto, traz consequências tanto para a atuação
área da alfabetização?
docente, que precisa ser readequada e ajustada para respeitar a ma-
neira como o aluno aprende, quanto para a formação de cidadãos crí-
ticos, contribuindo, assim, para uma sociedade mais justa e igualitária.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante de todo o exposto, percebe-se que a teoria da psicogênese da
língua escrita causou uma verdadeira revolução no processo de alfabe-
tização como um todo, trazendo muitos desdobramentos significativos.
Essa teoria alterou drasticamente a questão central vigente até a década
de 1980 no campo da alfabetização no Brasil, cujas discussões giravam
em torno de qual era o melhor método para ensinar a leitura e a escrita.
Houve um deslocamento, portanto, da discussão sobre como se ensina,
que passou a questionar sobre como se aprende.
De acordo com o paradigma trazido por Ferreiro e Teberosky, é pre-
ciso ressignificar a maneira de enxergar o aprendiz, que deixa de ser al-
guém que apenas recebe o conhecimento passivamente e precisa ser
visto como sujeito cognoscente, cujos “erros” são, na verdade, preciosas
demonstrações de como o conhecimento está sendo elaborado.
Nesse sentido, então, as práticas pedagógicas devem ser constante-
mente repensadas e transformadas de acordo com as mudanças sociais
que o mundo contemporâneo exige.
REFERÊNCIAS
COUTINHO, M. L. Psicogênese da língua escrita: O que é? Como intervir em cada uma
das hipóteses? Uma conversa entre professores. In: MORAIS, A. G.; ALBUQUERQUE, E. B.
C.; LEAL, T. F. Alfabetização: apropriação do sistema de escrita alfabética. Belo Horizonte:
Autêntica, 2005.
GABARITO
1. Não se trata de um método de alfabetização, e sim de uma complexa pesquisa que
desencadeou uma revisão sobre como enxergamos a criança, colocando-a no centro
do processo de aprendizagem e investigando como ela se apropria do sistema de
escrita. Essa teoria fez com que as perguntas, que antes estavam concentradas em
como se ensina e qual o melhor método de alfabetização, se transformassem em
como a criança aprende. Além disso, essa teoria também delineou os chamados
níveis estruturais da linguagem escrita, traçando o percurso que a criança trilha para
se alfabetizar.
Nível 3 (hipótese silábica): a criança começa a representar cada emissão sonora com
uma letra (vogal ou consoante).
Nível 5 (hipótese alfabética): o aprendiz produz registros que podem ser lidos por
outras pessoas e, muitas vezes, começa a se questionar sobre a forma correta de
grafar as palavras.
3. Porque esse termo diz respeito, mais amplamente, a uma teoria da aprendizagem.
O seu uso para referir-se a uma concepção do processo de alfabetização pode
conduzir a uma suposição equivocada de que o construtivismo é uma teoria da
alfabetização e, mais grave ainda, um método de alfabetização. Ainda assim, no
Brasil, essa denominação ficou consolidada, havendo uma ampla apropriação dela
pela área da alfabetização e, portanto, deve ser usada sob tais advertências.
Figura 1
Gêneros que se situam entre o oral e o escrito, entre o informal e o formal.
Oral Escrito
Informal
Entrevista jornalística
Entrevista médica
Relato de vivências Notícia
Reclamação
Carta de reivindicação
Debate
Editorial, ensaio
Palestra
Carta ao leitor
Conferência
Relatório científico,
artigo científico, tese
Formal
As 10 propriedades do
têm uma dimensão sonora? (MORAIS; LIMA, 1988 apud MORAIS, 2019b).
sistema de escrita podem
Além disso, Morais (2019b, p. 64) deixa claro que é possível articular
ser consultadas na página
51 do livro Sistema de es- a questão da consciência fonológica com a questão do letramento.
crita alfabética.
Se não temos preconceito em trabalhar com todas e quaisquer pa-
MORAIS, A. G. São Paulo: Melhora-
lavras que interessem às crianças, em suas formas orais e escritas,
mentos, 2012.
temos muito claro que nosso propósito é alfabetizar letrando. Sim, os
textos precisam estar nas salas desde o começo da educação infantil.
E quais gêneros textuais? Assim como as palavras, todos os
gêneros textuais que possam interessar às crianças.
Se tratarmos a escrita alfabética como um objeto de conhe-
cimento em si, que exige um ensino sistemático [...], defen-
demos que, atualmente, é obrigatório reconhecermos que os
conceitos de alfabetização e de criança alfabetizada exigem
o domínio das competências de ler/compreender e produzir
textos (MORAIS; LEITE, 2012). Assim, propomos que, de segun-
da a sexta-feira, a escola permita às crianças viver práticas de
leitura e produção de gêneros textuais diversificados (e que
Quadro 1
Exemplos de habilidades relativas à consciência fonológica na BNCC
Habilidades
Práticas de linguagem Objetos de conhecimento
1º ano
Figura 3
Exemplo de confronto entre palavras para a percepção de fonemas
COLA
BOLA
MOLA
Fonte: Elaborada pela autora.
Uma vez que a ortografia é uma norma que foi arbitrada social-
mente como correta, trata-se de um conhecimento estabelecido por
meio de convenções, normativo. Não há como o aprendiz descobrir as
Esse último item leva a uma questão crucial: quando começar o en-
sino da ortografia? Para Morais (2009), o ensino sistemático é cabível
quando as crianças já compreendem o sistema de escrita alfabética.
Entretanto, é importante frisar que esse autor entende que a curiosida-
de sobre questões ortográficas deve ser estimulada e transformada em
objeto de discussão desde a educação infantil, sempre que os aprendi-
zes atentarem para as “complexidades” da escrita alfabética.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
São incontáveis os conhecimentos linguísticos úteis ao professor na
árdua, porém gratificante, tarefa de alfabetizar. Procuramos selecionar
aqueles que julgamos essenciais para uma intervenção consciente, uma
vez que, compreendendo os processos e entendendo a realidade linguís-
tica da criança, o professor tem condições de ajustar o prumo de sua prá-
tica. Ressaltamos que o intuito deste capítulo não foi esgotar o assunto,
mas, quem sabe, instigar o leitor a ampliar seu olhar.
GABARITO
1. Segundo Marcuschi e Dionisio (2007), as relações entre fala e escrita se estabelecem
no âmbito da língua, já as relações entre oralidade e letramento dependem de outros
fatores, que estão fora da língua em si e atingem as práticas e os valores sociais. Por-
tanto, a oralidade está presente em todas as atividades orais diárias, e as atividades
de letramento abordam os usos variados da escrita, inclusive por quem é analfabeto.
Além de ser mais do que uma palavra com a qual a criança desde
cedo desenvolve familiaridade e que envolve aspectos socioemo-
cionais, o nome próprio tem função social: identificar as pessoas e
torná-las seres em particular. Por mais que possa haver mais de um
aluno com o mesmo nome na classe, sendo necessário identificá-los
pelo sobrenome, o nome é algo que faz parte da constituição de
cada um como indivíduo. Podemos observar, na Figura 1, como uma
criança de 4 anos e 7 meses identifica todos os seus pertences com a
escrita do próprio nome, mesmo sem saber o traçado convencional
de algumas letras.
Figura 1
Escrita de nome próprio
Figura 2
Exemplo de crachá para chamada na educação infantil
Rawpixel.com/Shutterstock
NICOLE
Com o passar do tempo, nos últimos anos da educação infantil,
a chamada pode ser feita somente com o nome e, com base nele,
o professor pode criar oportunidades para o aprendiz refletir sobre
quais e quantas letras compõem o nome da criança e em que ordem
elas se apresentam.
Assim, o nome Pedro, por exemplo, pode ser fonte de consulta para
escrever as palavras perigo e dromedário. Além disso, ao propor a es-
crita de determinada palavra, observando as dificuldades dos alunos,
o professor pode perguntar: “Alguém aqui na turma tem o nome que
começa com essa parte (esse pedacinho)?” e propor a observação da
lista de chamada.
Assim, podemos observar que optar pelo trabalho com palavras es-
táveis proporciona aos aprendizes:
a reflexão sobre
correspondências grafofônicas
a reflexão e a sistematização
de conhecimentos
a possibilidade de avançar em
suas hipóteses da escrita
Para dar conta dessa difícil tarefa, é necessário que o professor te-
nha domínio das etapas de evolução da escrita previstas pela teoria
da psicogênese da língua escrita, além de conhecer as especificidades
Figura 3
Situações de agrupamento produtivo
Situação 1
Aluna B com
Aluna A com
hipótese silábica
hipótese silábica
com valor sonoro
sem valor sonoro
convencional
convencional (ainda
(escreve utilizando
utiliza qualquer letra
letras que
ao pensar sobre o
correspondem
valor sonoro que é
ao valor sonoro
inato a cada símbolo)
convencional)
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Aluna B com
hipótese silábica
Aluna C com hipótese
com valor sonoro
silábica-alfabética
convencional
(ora representa a
(escreve utilizando
sílaba com o número
letras que
correto de letras, ora
correspondem
não)
ao valor sonoro
convencional)
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Vale ressaltar que não se trata de deixar os alunos livres, para que
aprendam sozinhos, tampouco colocar sob os estudantes de hipótese
mais avançada a responsabilidade de fazer com que o colega, que se
encontra em uma hipótese anterior, avance. Trata-se de otimizar as
situações de sala de aula e promover a troca entre os alunos para que
aprendam de maneira colaborativa.
Brandão et al. (2009) acreditam que os jogos podem promover re- Vídeo
O vídeo Professoras usam
flexão sobre o sistema de escrita. Aprender brincando proporciona às
cantigas para ajudar na
crianças consolidar o que já aprenderam sobre o sistema alfabético, bem alfabetização de alunos,
publicado pelo canal Se-
como a aquisição de novos saberes, principalmente por meio da troca
cretaria da Educação,
entre pares. Entretanto, essas autoras salientam que é importante que apresenta a experiência
de educadoras do mu-
o professor saiba que nem tudo se aprende e consolida no jogo, sendo
nicípio de São Paulo ao
necessárias situações para sistematização da aprendizagem. Vale ressal- trabalharem com cantigas
e envolverem as famílias
tar, portanto, que não basta o professor colocar os alunos para jogar
pedindo que fizessem a
achando que, na interação e na brincadeira, os alunos resolverão todas leitura para as crianças.
Esse caso mostra como
as suas dúvidas e avançarão no processo de alfabetização. Ao contrário,
o envolvimento das crian-
ainda de acordo com Brandão et al. (2009), mesmo que os aprendizes ças e a participação dos
pais contribuem para as
assumam um papel bastante ativo nesse processo, o professor continua
crianças avançarem em
sendo um mediador das aprendizagens e “precisa, intencionalmente, sele- suas hipóteses.
cionar os recursos didáticos em função dos seus objetivos, avaliar se esses Disponível em: https://youtu.be/
recursos estão sendo suficientes e planejar ações sistemáticas para que os Y7ecomYtHEA. Acesso em: 07
jan. 2020.
alunos possam aprender de fato” (BRANDÃO et al., 2009, p. 14).
Divulgação
pação significativa em grupos, que se inserem em plataformas
adaptativas, que reconhecem cada aluno e ao mesmo tempo
aprendem com a interação, tudo isso utilizando as tecnologias
adequadas. (MORAN, 2015, p. 18)
Importante
REFERÊNCIAS
ARAUJO, L. C. Quem os desmafagafizar bom desmafagafizador será: textos da tradição
oral na alfabetização. Salvador: EDUFBA, 2011.
BACICH, L.; MORAN, J. Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem
teórico-prática. Porto Alegre: Penso, 2018.
BARROS, R. M. A. Trabalho pedagógico com nomes próprios. In: BRASIL. Ministério da
Educação. Programa de formação de professores alfabetizadores. Brasília: MEC, 2001.
Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Profa/col_2.pdf. Acesso em: 3
dez. 2019.
BORBA, A. M. O brincar como um modo de ser e estar no mundo. In: BRASIL. Ministério da
Educação. Ensino fundamental de nove anos: orientações para a inclusão da criança de seis
anos de idade. Brasília: MEC/SEB, 2007.
BRANDÃO, A. C. P. A. et. al. (coord.). Jogos de alfabetização. Recife: CEEL, 2009.
BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Pacto nacional pela alfabetização na idade certa:
formação do professor alfabetizador: caderno de apresentação. Brasília: MEC/SEB, 2012.
COUTINHO, M. L. Psicogênese da língua escrita: O que é? Como intervir em cada uma
das hipóteses?: uma conversa entre professores. In: MORAIS, A. G.; ALBUQUERQUE, E. B.
GABARITO
1. Inicialmente, o nome próprio pode ser utilizado com apoio da fotografia da criança,
para que ela se aproprie da escrita dele amplamente durante atividades cotidianas,
como o momento da chamada. Em seguida, os nomes dos alunos podem ser utiliza-
dos sem as imagens e, aos poucos, podem se tornar objeto de análises e comparações
(por exemplo: contar a quantidade de letras, verificar qual nome tem mais ou menos
letras, comparar as letras que mudam de um nome para outro etc.), além de se tor-
narem palavras estáveis que, expostas em sala de aula, podem auxiliar na escrita de
outras palavras.
Foucambert, citado por Goulart (2007), ressalta que o meio, durante Atividade 1
aprendizagem, “deve proporcionar à criança toda a ajuda para utilizar De acordo com Goulart
textos ‘verdadeiros’ e não simplificar os textos para adaptá-los às pos- (2007), como pode se dar o
contato dos aprendizes com
sibilidades atuais do aprendiz. Não se aprende primeiro a ler palavras, materiais escritos?
depois frases, mais adiante textos, e, finalmente, textos dos quais se
precisa” (FOUCAMBERT, 1994 apud GOULART, 2007, p. 94).
Quadro 1
Exemplos de ações relacionadas a microanálises e macroanálises.
Mas como deve ser a prática do professor que deseja atuar sob a
perspectiva de alfabetizar letrando? Albuquerque (2012, p. 20) afirma
que “algumas pesquisas têm sido desenvolvidas com o objetivo de in-
vestigar como os professores estão construindo práticas de alfabetiza-
ção na perspectiva do alfabetizar letrando e investigar a relação dessas
práticas com a aprendizagem dos alunos”. Uma dessas pesquisas cita-
das foi feita por um grupo de educadores e consistiu na observação do
trabalho de professoras do 1º ano na educação municipal do Recife.
Segundo Albuquerque,
como procedimentos metodológicos, além de observações se-
manais das aulas das professoras, uma vez por mês eram re-
alizados encontros com as docentes que tinham o objetivo de
discutir as práticas observadas, e refletir sobre alguns aspectos
constitutivos do processo de alfabetização. A análise dos resulta-
dos revelou que um grupo de professoras desenvolvia uma prá-
tica sistemática de alfabetização que contemplava, diariamente,
atividades de reflexão sobre o Sistema de Escrita Alfabética, en-
quanto outras professoras priorizavam o trabalho de leitura e
produção coletiva de textos. A realização de um ditado com os
alunos das professoras mostrou que a maioria das crianças que
Dessa forma, a avaliação deve ser vista como uma aliada no proces-
so de alfabetização e letramento, permitindo ao professor fazer ajustes
necessários em sua rota e tornar a aprendizagem inicial da leitura e da
escrita cada vez mais significativa.
REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE, E. B. C. Concepções de alfabetização: o que ensinar no ciclo de
alfabetização. In: BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão
Educacional. Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa: currículo na alfabetização:
concepções e princípios. Brasília: MEC/SEB, 2012. Disponível em: https://wp.ufpel.edu.br/
obeducpacto/files/2019/08/Unidade-1.pdf. Acesso em: 20 dez. 2019.
BRASIL. Constituição Federal (1988). Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 5
out. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.
htm. Acesso em: 20 dez. 2019.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: Ministério da
Educação, 2017. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_
EF_110518_versaofinal_site.pdf. Acesso em: 20 dez. 2019.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Alfabetização. PNA: Política Nacional de
Alfabetização/Secretaria de Alfabetização. Brasília: MEC/SEALF, 2019. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/images/banners/caderno_pna.pdf. Acesso em: 16 dez. 2019.
CARVALHO, M. Alfabetizar e letrar: um diálogo entre a teoria e a prática. 5. ed. Petrópolis:
Vozes, 2008.
GABARITO
1. Goulart (2007) afirma que as crianças conseguem compreender o sentido do que está
escrito por meio do contato recorrente com materiais escritos e do auxílio de leitores
mais experientes, como pais e professores. Para essa autora, isso ocorre quando os
aprendizes “exploram as possibilidades de significação; relacionam características dos
textos; familiarizam-se com as letras, as palavras, as frases e as outras marcas que
compõem os textos escritos; elaboram hipóteses sobre o que está escrito a partir do
que já conhecem; e refletem sobre as questões que o professor destaca como signifi-
cativas” (GOULART, 2007, p. 94) .
2. Alguns exemplos de atividades de escrita que podem ser propostas desde os anos
iniciais da educação infantil são: o professor atuar como escriba, registrando (na lou-
sa ou em um cartaz, por exemplo) o texto que vai sendo construído oralmente pe-
las crianças; o professor escrever textos reais, sempre que possível, na presença das
crianças, a fim de lhes fornecer um modelo de escrita convencional; as crianças terem
a oportunidade de realizar escritas espontâneas, de acordo com suas hipóteses.
3. A avaliação permite ao aluno ver com clareza os seus avanços e perceber as suas difi-
culdades, o que faz com que ele se torne ativo em sua avaliação, e não passivo, como
ocorria nas antigas avaliações meramente classificatórias.
Código Logístico
Fundação Biblioteca Nacional
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