Contestação

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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA _ VARA

cível DA COMARCA DE São Paulo


Autos do Processo nº …xxx

Autor: Jaqueline

Réu (s): Editora cruzeiro

Editora cruzeiro, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ XXX, localizada na
rua X, cidade X, Estado X, cep XXX, vem por seu advogado que esta subscreve (Doc. I),
com escritório na Rua ….., n. ….., onde receberá intimação, sendo citado para se
defender na Ação de danos morais cominado com obrigação de fazer movida perante
esse Juízo por nome do autora Jaqueline, profissão x, cpf xxx, Portadora da cédula de
identidade xxx, residente na rua x, cidade x, estado x, cep xxx, vem, no prazo legal, e
com os inclusos documentos, manifestar sua CONTESTAÇÃO, expondo e requerendo a
V. Exa. o que segue:

I –DOS FATOS (ART 1016, II)

A contestante lançou uma biografia da autora sendo a mesma cantora que fez grande
sucesso nas décadas de 1980 e 1990. Por conta do consumo exagerado de drogas e
outros excessos, acabou por se afastar da vida artística há quase vinte anos.

A Editora ré foi citada para responder a uma ação de indenização por danos morais
cumulada com obrigação de fazer ajuizada pela autora. No mesmo mandado a ré foi
intimada para não mais vender exemplares da biografia bem cmo recolher todos aqueles
que já tivessem sido remetidos a pontos de venda e ainda não tivessem sido comprados,
no prazo de 72 horas, sob pena de multa diária de 50 mil reais. A decisão acolheu os
fundamentos da petição inicial, no sentido de que a obra revela fatos da imagem e da
vida privada da autora cantora sem que tenha havido, de sua parte, autorização prévia,
gerando lesão em sua personalidade e dano moral nos termos dos artigos 20 e 21 do
CC/2002, alegando ainda que sem a imediata interrupção da divulgação da biografia
essa lesão se amplificaria e se consumaria, revelando perigo de dano irreparável e o
risco ao resultado útil do processo.
É importante salientar que não foi possível concretização de acordo na audiência de
mediação e conciliação

II. DAS PRELIMINARES


II.1 IMPUGNAÇÃO DA JUSTIÇA GRATUITA

Nos termos do art. 99 e 100 do CPC, a parte contrária pode oferecer impugnação à
justiça gratuita. Nesse sentido, a simples afirmação do alegado estado de pobreza, ou
seja, de que faz jus aos benefícios da justiça gratuita não é suficiente para caracterizar
a exigência da justiça gratuita, sendo indispensável demonstrar nos autos a
insuficiência de recursos, fazendo prova com os três últimos extratos bancários, cópia
dos recibos de pagamento ou prova de desemprego. Considerando que não há nos autos
a documentação cabal que comprova a insuficiência de recursos, requer que seja
negado os benefícios da justiça gratuita pedidos pela contestada, por ser medida de
direito, ademais a requerente foi cantora de grande sucesso, tendo adquirido nesta
época um patrimônio considerável, não podendo ser considerada pobre, na forma da
lei, devendo esta arcar com as despesas processuais e os honorários advocatícios, no
final do processo, se for o caso.

Como dispõe o artigo 337 do código de processo civil:

Art. 337. Incumbe ao réu, antes

de discutir o mérito, alegar:

XIII - indevida concessão do

benefício de gratuidade de

justiça.

III Dos méritos:


III.1 Do direito a liberdade de expressão

O direito à liberdade de expressão está previsto na Constituição Federal de 1988, é


um direito ligado à natureza humana na forma de se relacionar com a sociedade. De
acordo Santos (2012), “a liberdade de expressão é considerada pela literatura jurídica
como um direito humano fundamental e pré-requisito para o usufruto de todos os
direitos humanos. Quando essa liberdade é suprimida seguem-se violações dos outros
direitos humanos”, nesse diapasão, é possível ter o entendimento que relacionar que a
liberdade de expressão proporciona a sociedade uma serie de ideias, conceitos, dados
e opiniões sem censura, que podem ser analisadas e possivelmente defendidas, esse
direito presume que todos os indivíduos tem o direito de se expressar sem serem
criticados por causa das suas opiniões. A liberdade de expressão é a forma de
investigar, obter informações e repassá-las sem limites de fronteiras, e através de
qualquer meio de expressão.
 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação,
independentemente de censura ou licença;
Nesse diapasão, é de suma importância trazer o entendimento do STF que julgou
procedente a ADI nº 4815/15, dando aos artigos 20 e 21 do CC 2002 interpretação
conforme à constituição, privilegiando a liberdade de expressão assegurada pelo
referido ART. 5º, IX da CF/88, especialmente em se tratando de fatos verdadeiros de
pessoa notória e pública, sendo desnecessária a autorização.
Tendo em vista o exposto, salienta se que todo assunto abordado na obra se trata de
fatos de conhecimento público, visto que a requerente era uma cantora famosa, dava
diversas entrevistas, aparecia em capas de revistas, reportagens, não trazendo fatos de
sua vida privada, que se trate de assuntos sigilosos.
Podendo portanto, afirmar, que a autora não tem direito a indenização por danos
morais, visto que o conteúdo da obra não afeta, como já mencionado, fatos de sua vida
privada, visto que a mesma era uma figura pública, não podendo, desta forma, haver
censura em desfavor da Editora Cruzeiro, que está sofrendo turbação em seu direito de
expressão de liberdade, e que não precisava da autorização da requerente para
publicação da biografia, como entendido pelo STF, ao fazer a interpretação dos artigos
20 e 21 do CC. Desta forma fica indubitável a improcedência da ação.
IV – DO PEDIDO

Diante do exposto, requer a Vossa Excelência:

a) Com fundamento no ART. 1019, I, e 995 P. único do CPC, o conhecimento do


presente recurso com EFEITO SUSPENSIVO a fim de impedir o perigo de dano
irreparável caso mantida a eficácia da decisão guerreada.

b) O indeferimento da justiça gratuita, com a determinação de que a autora arque com as


custas processuais e honorários advocatícios;

c) No mérito, a imporcedencia dos pedidos da requerente, visto que há ausência de


direito por parte da mesma, que traz falsas alegações de danos morais, ferindo o direito
do demandado de livre expressão;

V Das provas

Por fim, pugna o demandante pela produção de todas as provas em direito admitidas,


notadamente o depoimento pessoal, inquirição de testemunhas, juntada posterior de
documentos, perícia técnica e tudo mais que se fizer necessário para o deslinde do feito.

Nestes Termos
Pede Deferimento

Local / Data

OAB...
Assinatura.

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