Pedido de Certidão (Comprovante de Atividade Jurídica)

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA _ª VARA

JUDICIAL DA COMARCA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO/SP

- Endereço: Rua Marechal


Deodoro, n.º 3096, sala 111, CEP
15.010-070, S. J. do Rio Preto/SP.
- Tel.: (17) 3227-4527 / 99601-
5469 (Tim).
- E-mail: adv.torrano@gmail.com

Autos de n.º XXXXXXXXXXXXX

nacionalidade brasileira, solteiro, advogado, OAB/SP de n.º 336.107,


com escritório de advocacia na Rua Marechal Deodoro, n.º 3096 – sala
111, Centro, São José do Rio Preto/SP, CEP: 15.010-070, vem à
presença de Vossa Excelência, requerer o quanto segue.
01. Em breve síntese introdutória, a presente peça
processual requer a expedição (gratuita) de certidão comprobatório de
atividade jurídica, a fim de utilizá-la como meio de comprovação do
exercício de atividade jurídica, referente aos três anos, exigidos com
base na emenda constitucional n.º 80, de 04 de junho de 2014,
podendo-se assim empregá-la em qualquer concurso público a que for
apresentada, especialmente, nos concursos públicos da Defensoria
Pública do Estado de São Paulo (pretensão: cargo de Defensor Público
do Estado Nível I, de acordo com a redação dada pela Lei 1.098/09).

02. Inicialmente, convém salientar que o direito de


certidão está constitucionalmente previsto no art. 5º, XXXIV, b, da
Constituição da República: "XXXIV - são a todos assegurados,
independentemente do pagamento de taxas: (...) b) a obtenção de
certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e
esclarecimento de situações de interesse pessoal".

Sendo que à luz dos precedentes


jurisprudenciais o mesmo direito tem recebido a mesma riqueza de
detalhes: "Pedido de certidão. Direito assegurado constitucionalmente
ao cidadão, vedado à autoridade a quem compete fornecê-la arvorar-
se em juiz e decidir sobre a legitimidade e o interesse do requerente
em obtê-la. (RSTJ 25/222)" ( , Código...,
comentário ao art. 399 do Código de Processo Civil, 2013, p. 1041).

Tal direito fundamental é de tanta importância


na prática que, como salienta (Direito
constitucional, 2014, p. 190), as consequências de sua não
apresentação importam sanções: "O art. 5º, XXXIV, da Constituição
Federal assegura a obtenção de certidões em repartições públicas,
para a defesa de direitos e esclarecimentos e esclarecimento de
situações de interesse pessoal, independentemente do pagamento de
taxas. Em regra, não poderá o Poder Público negar-se a fornecer as
informações solicitadas, sob pena de sua responsabilização civil, bem
como de responsabilização pessoal de seus servidores inertes, pois,
como decidiu o Superior Tribunal de Justiça, 'a garantia constitucional
que assegura a todos a obtenção de certidões em repartições públicas
é de natureza individual, sendo obrigatória a sua expedição quando se
destina à defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse
pessoal do requerente'. (STJ – 6ª T. – RMS n.º 3.735-5-MG – Rel. Min.
Vicente Leal – Ementário STJ, 15/203)".

03. Para entender o sentido proposto pelo


legislador constituinte, levantam-se as palavras do emérito Livre-
docente e Doutor em Direito Internacional pela Faculdade de Direito
da Universidade de São Paulo (USP), ,
de maneira que o direito de certidão consiste: "na faculdade
constitucional de exigir que seja atestada determinada situação
particular ou de interesse coletivo por parte de órgão público
competente".

Já para (Constituição
Federal Anotada e Explicada, 2012, p. 48): "a certidão é um
documento lavrado pela administração a pedido de interessado,
comprovada a existência de um fato e tendo fé pública, até a
apresentação de prova em contrário. Essa certidão passa a ter a
mesma força probante do documento original. Portanto, é essencial no
dia a dia dos cidadãos, que precisam fazer valer seus direitos nas mais
diferentes situações".

04. Desse modo, o direito fundamental de certidão


perante os órgãos estatais, resulta, naturalmente, em um consectário
da dignidade da pessoa humana frente ao Estado, não por outro
motivo que a doutrina mais abalizada sobre o assunto anuncia que o
direito de certidão é assegurado pela Constituição de 1988
independentemente do recolhimento de taxa.

O advogado constitucionalista, escritor e


professor, , assim estatui (p. 735):
"Independentemente do pagamento de taxas, a Carta de 1988
assegurou, a qualquer pessoa, o direito líquido e certo de obter
certidões para a defesa de direitos ou esclarecimento de interesse
pessoal (art. 5º, XXXIV, b, CRFB).

E continua o saudoso professor de Direito


constitucional, trazendo a lume um precedente do
(op. cit., p. 736): "Gratuidade
do direito de certidão - "Entrega de certidões de atos e contratos
administrativos condicionada ao recolhimento de taxa.
Inadmissibilidade. Incidência do inciso XXXIV, b, e não do XXXlll do
art. 52 da Constituição da República. Segurança concedida. Recurso
provido" (TJSP, 5ª Câm. Civ., AC 222 .880- 1 /Moji das Cruzes, Rei.
Des. Marcus Andrade, decisão de 1 0-2-1 995, JTJ (SP), Lex, 7
76:93)".

05. Todavia, por não ser um direito absoluto, o


direito de certidão é exercido quando se especifica e apresenta os seus
três requisitos (isto é: assim ensina – op.
cit., p. 736), quais sejam: a) existência de legítimo interesse (digo:
fins e razões do pedido); b) ausência de sigilo; c) existência das
informações solicitadas.

In casu: a) existência de legítimo


interesse: é a intenção de se valer do documento para ingressar no
cargo de Defensor Público do Estado, respeitando os termos da
emenda constitucional de n.º 80/2014 (particularmente: o §4º do art.
134 da Constituição); b) ausência de sigilo: não há que se falar de
sigilo, pois a certidão em nada ofende a segurança da sociedade e do
Estado e nem mesmo o direito de particulares, como, por exemplo,
aqueles previstos no inciso X do art. 5º da Constituição; c) existência
das informações solicitadas: as informações existem, de acordo
com os autos e a Resolução n.º 75/2009 do
, porquanto o ora requerente atuou representando o
autor(a) da presente demanda, dando-se tudo por bom, firme e
valioso, com fulcro em peças processuais e, se ocorreu, presidindo na
audiência de conciliação, instrução e julgamento.

06. Doutro lado, concernente ao conteúdo da


certidão "não pode ser outro senão a indicação da existência ou não
do ato ou fato objetivado e o exato modo como existe, constante dos
registros administrativos" (TRF, 3º Região, 1ª T., REO
94.03.070235/SP, Rel. Juiz Sinval Antunes, decisão de 26-9-1995, DJ,
2, de 31-10-1995, p. 74958, apud - op. cit., p. 737).

Destaca-se, por fim, a norma atinente ao


conteúdo que se deve constar na "certidão circunstanciada" pretendida
pela Resolução nº 75/2009 do
(isto é: a norma revogadora da Resolução n.º 11 de 2006), cuja qual
determina em seu §2º do art. 59: "A comprovação do tempo de
atividade jurídica relativamente a cargos, empregos ou funções não
privativos de bacharel em Direito será realizada mediante certidão
circunstanciada, expedida pelo órgão competente, indicando as
respectivas atribuições e a prática reiterada de atos que exijam a
utilização preponderante de conhecimento jurídico, cabendo à
Comissão de Concurso, em decisão fundamentada, analisar a validade
do documento".
07. Considerando que o Poder Judiciário exerce
função administrativa atípica, isto o deixa sujeito aos princípios
administrativos que regem a doutrina de Direito administrativo, de
modo que "o direito de certidão pode ser exercido para pleitear aos
órgãos executivos, legislativos ou judiciais" ( - op. cit., p. 737).
Precedente: TRF, 1ª Região, 1ª T., Ap. em MS 93.01.35952-9/MG, Rel.
Juiz Catão Alves, decisão de 22-8-1995, DJ, 2, de 4-3-1996, p. 11343.
( - op. cit., p. 737).

08. Ultrapassados os fundamentos do pedido de


certidão comprobatório de tempo de atividade jurídica, cabe, ainda,
debruçar-nos a respeito do direito subjetivo público à justiça gratuita.

Para a ordem internacional, representada


pelas três ondas referidas por (um dos
principais expoentes do acesso à justiça no mundo) e
, na emérita tese das ondas renovatórias do acesso à justiça
(oriunda da obra "Acesso à Justiça", tradução de
, Porto Alegre: Fabris, 1988), é notável, mormente no
que toca à primeira onda, pela qual o fomento à garantia de assistência
jurídica para os necessitados é possibilitar o acesso à justiça aqueles
que não podem arcar com as custas do processo.

Com isso, sob à ótica entre os direitos


humanos e o ordenamento jurídico brasileiro, o professor
explica as facetas do direito de acesso à justiça
(no mais: Curso de direitos humanos, item 21.1, 2014, p. 555).

Resumindo as palavras do ínclito professor, o


direito de acesso à justiça possui duas facetas: a primeira é a formal,
e consiste no reconhecimento do direito de acionar o Poder Judiciário.
Doutro lado, a segunda faceta é a material (ou também chamada
de substancial), que consiste na efetivação desse direito: (i) por
meio do reconhecimento da assistência jurídica integral e gratuita aos
que comprovem a insuficiência de recursos (art. 5º, LXXIV, CRFB); (ii)
pela estruturação da Defensoria Pública como instituição essencial à
função jurisdicional do Estado (art. 134); (iii) pela aceitação da tutela
coletiva de direitos e da tutela de direitos coletivos (ver abaixo), que
possibilita o acesso a justiça de várias demandas reprimidas (ver
abaixo); e (iv) pela exigência de um devido processo legal em prazo
razoável, pois não basta possibilitar o acesso à justiça em um
ambiente judicial marcado pela morosidade e delonga.

Nessa linha de pensamento de


jusfundamentalização do professor ,
intenta-se com esta peça processual: o (i) "reconhecimento da
assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovem a
insuficiência de recursos", mormente (ii) desta petição "acionar" o
Poder Judiciário (digo: o juízo, a fim de requerer a certidão
circunstanciada), (iii) por um procedimento pautado com base no
"devido processo legal em prazo razoável" (ou seja: expedindo-se a
certidão dentro de um prazo razoável).

Um parêntese. Pode-se entender, por


razoável, um prazo de 15 dias previsto na Lei 9.051/95 (dispõe: sobre
a expedição de certidões para a defesa de direitos e esclarecimentos
de situações), visto que, considerando a função administrativa atípica
do Poder Judiciário (isto é: emitir certidão circunstanciada), o
entendimento adequado à situação, por similitude, é o de aplicar as
normas administrativas ao órgão jurisdicional expedidor (digo: para
com a vara judicial).

Mais sobre (
, 2014, p. 58): "Predominantemente, a função administrativa
é exercida pelos órgãos do Poder Executivo; mas, como o regime
constitucional não adota o princípio da separação absoluta de
atribuições e sim o da especialização de funções, os demais Poderes
do Estado também exercem, além de suas atribuições predominantes
– legislativa e jurisdicional - algumas funções tipicamente
administrativas. Tais funções são exercidas, em parte, por órgãos
administrativos existentes no âmbito dos dois Poderes (as respectivas
Secretarias) e, em parte, pelos próprios parlamentares e magistrados;
os primeiros, por meio das chamadas leis de efeito concreto, que são
leis apenas, em sentido formal, porque emanam do Legislativo e
obedecem ao processo de elaboração das leis, mas são verdadeiros
atos administrativos, quanto ao seu conteúdo; os segundos, por meio
de atos de natureza disciplinar, atos de provimento de seus cargos,
atos relativos à situação funcional dos integrantes do Poder Judiciário".

Continuando. No Brasil, é imperioso salientar


que: "Durante a década de 1980, o governo federal iniciou um
arrojado programa nacional destinado à desburocratização dos
serviços públicos, objetivando simplificar os procedimentos
administrativos e dispensar a prática de formalidades desnecessárias
ou não justificáveis. Nesse contexto, foi editada a Lei nº 7.510/1986,
que alterou a redação do art. 4º da Lei nº 1.060/1950 e instituiu o
sistema de presunção de pobreza para fins de concessão da gratuidade
de justiça e da assistência jurídica gratuita. Com isso, passou a ser
dispensada a apresentação de qualquer prova relativa à condição
econômica do requerente, bastando a simples afirmação de que não
seria capaz de prover as despesas processuais e os honorários
advocatícios sem o sacrifício de seu sustento próprio ou de sua família"
( ; , Princípios
institucionais da Defensoria Pública: de acordo com a EC 74/2013,
2014, p. 144).
Dissertando sobre o tema, leciona o professor
(Instituições de Processo Civil, 2011, pág.
381/382 – apud , op. cit., 145): "Desde o advento da Lei
nº 1.060/1950, o legislador utilizou vários critérios para comprovação
da necessidade, desde a atestação da pobreza pelo delegado de Polícia
ou pelo prefeito, até a exibição de carteira de trabalho com salário não
inferior a um determinado valor. Desde 1986, por força da Lei 7.510,
o artigo 4º da Lei 1.060/1950 dispensou o requerente de apresentar
qualquer prova a respeito da sua situação econômica, bastando a sua
simples afirmação de que não dispõe de meios para prover às
despesas do processo sem sacrifício para o seu sustento ou o de sua
família. A lei cria, portanto, uma presunção de pobreza em favor
daquele que a afirma. Essa presunção é relativa, podendo ser ilidida
por prova em contrário apresentada pelo adversário, bem como exigir
a apresentação de provas concretas pelo requerente, se as
circunstâncias da causa tornarem inverossímel a sua simples
afirmação de pobreza".

Contudo, a Constituição da República de 1988


instaurou uma profunda controvérsia doutrinária acerca da forma
como se deve demonstrar a hipossuficiência econômica. O ponto
nevrálgico da discussão derrete-se nas seguintes palavras: "aos que
comprovarem insuficiência de recursos" (art. 5º, LXXIV, CRFB).

Diante da norma constitucional, três foram as


teorias que surgiram: a) corrente comprovacionista; b) corrente
moderada; c) corrente presumicionista.

Conclusão da problemática das três correntes


sob à ótica da corrente presumicionista: "Desse modo, a previsão
constante do art. 5º, LXXIV, da CRFB não pode ser interpretada de
maneira estritamente literal, ignorando a vontade do constituinte
originário e restringindo direito já consolidado na Lei nº 1.060/1950
(com as modificações trazidas pela Lei nº 7.510/1986). Diante da
gradativa evolução dos mecanismos legais de demonstração da
hipossuficiência econômica, não se mostra plausível supor que regra
constitucional, claramente mais ampla e moderna, tivesse a intenção
de promover um retrocesso normativo no sistema brasileiro de acesso
à justiça" ( Op. cit., pág. 35
e 99. Apud , op. cit., p. 290).

Conseguintemente a jurisprudência do
, consagrou-se pela "subsistência
do sistema de presunção relativa de hipossuficiência, entendendo ter
sido a norma do art. 4º da Lei nº 1.060/1950 recepcionada pela
Constituição Federal de 1988" ( , op. cit., 152). Precedentes: STJ
– Sexta Turma – AgRg no Ag nº 1009703/RS – Relatora Min. Maria
Thereza de Assis Moura, decisão: 27-05-2008; STJ – Primeira Turma
– AgRg no Ag 1289175/MA – Relator Min. Benedito Gonçalves,
decisão: 17/05/2011.

Mais sobre, dispõe a obra de


(Código de processo civil e legislação processual em vigor,
2013, p. 2339/2340): "Esta disposição não colide com o art. 5º, LXXIV,
da CF (RTJ 165/367, STF-RT 740/233; RSTJ 57/412; STJ-Bol. AASP
1.847/153j; STJ-Ajuris 61/353, em.; RT 708/88, JTJ 200/214,
201/236)".

No mesmo sentido ( , op. cit. 2340):


"Para a concessão do benefício da justiça gratuita à pessoa física, basta
a simples afirmação da parte de sua pobreza, até prova em contrário
(STJ-1ª T., REsp 386.684, Min. José Delgado, j. 26.2.02, DJU
25.3.02). Nesse sentido: RTJ 158/963, STF-RT 755/182, 878/137 (1ª
T., AI 649.283-AgRg), STF-Bol. AASP 2.071/697j, RSTJ 7/414, STJ-RF
329/236, 344/322, RT 789/280, 808/311, 828/388, 834/296,
849/265, JTJ 260/379, Lex-JTA 169/15, RJTJERGS 186/186, JTAERGS
91/194, Bol. AASP 1.622/19, RSDA 60/24 (TJSP, AP 990.10.368454-
0). Isso dispensa a parte de efetuar, desde logo, o preparo da inicial
(TFR-1ª T., AC 123.196, Min. Dias Trindade, j. 25.8.87, DJU 17.9.87).
Em ação de alimentos, v., no mesmo sentido, LA 1º § 2º".

A posição do
é similar: basta a mera declaração. Vide (apud
, Código de processo civil anotado, 2014, p.
3108): “A garantia do art. 5º, LXXIV, assistência jurídica integral e
gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos, não revogou
a de assistência judiciária gratuita da Lei nº 1.060, de 1950, aos
necessitados, certo que, para obtenção desta, basta a declaração, feita
pelo próprio interessado, de que a sua situação econômica não permite
vir a Juízo sem prejuízo da sua manutenção ou de sua família. Essa
norma infraconstitucional põe-se, ademais, dentro no espírito da
Constituição, que deseja que seja facilitado o acesso de todos à
Justiça” (STF, RE 205.746, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 28.02.1997).

Com relação ao
, este advogado, Marco Antonio Valencio
Torrano, OAB/SP n.º 336.107, teve a chance de defender um
necessitado perante o Egrégio Tribunal, tutelando o direito subjetivo à
justiça gratuita, sendo o supramencionado direito decretado no
recurso de agravo de instrumento n.º 2032871-64.2014.8.26.0000,
de modo que, ao que tudo indica, o referido tribunal também segue
igual corrente, isto é, aquela preconizada pelo Superior Tribunal de
Justiça. Vide (trecho do acórdão): "Assim, por estar a decisão recorrida
em confronto manifesto com jurisprudência dominante do Supremo
Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça, dou provimento ao
recurso".
Nesse mesmo tribunal, basta a simples
declaração: (i) Agrv. n°: 778.214-1 - de Ribeirão Preto; Agrv. Inst. n°
809.520-9, de Campinas; Agrv. Inst. n° 1.124.401-2, de São Paulo,
todos por este relator, 12a Câmara do 1TACSP; (ii) TACSP, agravo de
instrumento N° 1.152.185-4, da Comarca de Araraquara - 1 VC, sendo
agravante Marcos Augusto Faglioni e agravado Banco do Brasil S/A. -
DJe 26/11/2002.

No entanto, em que pese o avanço da matéria


nos tribunais superiores, os saudosos doutrinadores esclarecem a
praxe forense sobre a matéria ( ;
, op. cit., p. 153): "Lamentavelmente, entretanto, o
cenário cotidiano revela o aumento gradativo das exigências judiciais
de comprovação da insuficiência de recursos para fins de concessão
da gratuidade de justiça. Na grande maioria dos casos, embora
reconheçam formalmente a presunção juris tantum de veracidade da
hipossuficiência afirmada pelo interessado, os magistrados acabam
afastando-a de maneira indiscriminada e determinando a
apresentação de provas documentais, notadamente de declaração de
imposto de renda ou de certidão demonstrando a isenção desse
tributo, sob o argumento de que, diante das circunstâncias do caso
concreto, é admissível a exigência de comprovação da insuficiência de
recursos (art. 5º da Lei nº 1.060/1950)78. Em virtude dessa infeliz
postura comprovacionista camuflada, muitas vezes gastam-se meses
com intimações, juntada de declarações, documentos e
esclarecimentos, até que, finalmente, possa ser reconhecido o direito
à gratuidade de justiça e, consequentemente, deferida liminar urgente
requerida pelo deserdado de fortuna".

Vale acrescentar ainda a opinião dos mais


críticos: “Ademais, vivemos uma crise no sistema de Justiça, ainda
excludente, elitista, burocratizado e obsoleto. Os processos, de modo
geral, não cumprem seu papel mas servem para a legitimação de um
sistema ineficiente, mas fundado em legalismos e formalismos
arcaicos que sustentam o status a quo, marcado pelo ‘patrimonialismo’
nas relações obrigacionais e pelo ‘patriarcalismo’ nas relações
pessoais, tudo dentro de uma estrutura rígida e imóvel de poder”
( A dimensão quântica do
acesso à justiça - in
, Salvador: Jus Podivm, 2014, vol. 1, p. 89).

Naturalmente, é preciso intentar uma política


judicial no sentido de franquear o amplo acesso dos necessitados à
justiça e extrapolar o formalismo judicial exagerado, de modo a buscar
políticas públicas que tenham por finalidade diminuir a desigualdade
(e não acentuá-las), corroborando tudo por um padrão de vida
minimamente satisfatório (ou seja: que impulsione a possibilidade de
acesso a direitos), até mesmo porque foi-se o tempo da "síndrome da
ineficácia das normas constitucionais".

09. Em que pese toda essa problemática


doutrinária, no presente caso, é indubitável que o pedido de
decretação do direito à justiça gratuita se faz necessário, pois, o
declarante, ora requerente, possui parcas condições financeiras.

Com base nos documentos apresentados, a


falta de bens é notória, ou seja, sem possibilidade qualquer de arcar o
mesmo com taxas cartorárias, sob pena de afetar a sua própria
subsistência (consequentemente: a impossibilidade de prestar
concursos públicos, doravante o concurso da Defensoria Pública
ocorrer na capital do respectivo Estado-membro).
O requerente insiste atentar-se mais aos
estudos, com o fim de conseguir o tão sonhado e nobre exercício da
profissão de Defensor Público e finalmente ser membro da Defensoria
Pública, até mesmo porque outro caminho não há senão os livros e as
aulas de cursos preparatórios.

E, por mais que atue na advocacia particular


(digo: atualmente), ser advogado não é um sinônimo estanque de
presunção absoluta de alta condição financeira – bem longe disto.

Neste precedente jurisprudencial, trabalhou-se


justamente com essa dicotomia entre a justiça gratuita e a profissão
de advogado ( , Código de
processo civil anotado, 2014, p. 3119): “Constituição Federal não faz
ressalva para o deferimento de Assistência Judiciária a parte que
também é advogado ou militar. A lei assegura Assistência Judiciária a
todas as pessoas que comprovarem insuficiência de recursos, pena de
ofensa ao Princípio da Igualdade" (TJMG, proc. 1.0024.05.755946-
0/001, Rel. Des. Mota e Silva, jul. 22.09.2005, DJ 09.11.2005).

Por fim, com o intento de lograr êxito com a


decretação da justiça gratuita, alguns documentos pessoais estão
anexos, retirando eventual dúvida em sentido contrário à pretensão
desta peça processual. São eles: a) declaração de imposto de renda
(isento); b) extrato da conta corrente; c) o número de processos
cadastrados no portal ESAJ do Tribunal de Justiça do Estado de São
Paulo.

10. Ante o exposto, requer-se a expedição


(gratuita) de certidão circunstanciada, no prazo de 15 dias (conforme
fundamentado no item 8 desta petição), indicando nesta: (i) as
respectivas atribuições exercidas e (ii) a prática reiterada de atos que
exigiram a utilização preponderante conhecimentos jurídicos, nos
moldes do art. 59, §2º, da Resolução de n.º 75, de 12 de maio de
2009, do .

No mais, requer seja decretado o direito à


justiça gratuita (declaração anexa), como bem delineado nos itens 8 e
9 desta peça processual.

São José do Rio Preto/SP, XX de XXXXX de 2014.

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