Aplicação Da Mineração À Céu Aberto

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Universidade Católica de Moçambique Faculdade de Gestão de

Recursos Naturais e Mineralogia

APLICAÇÃO DA MINERAÇÃO A CÉU ABERTO (MINI PROJECTO)


Faculdade de gestão de Recursos Naturais e Mineralogia da universidade
Católica de Moçambique – Tete 2021

De:

Pereira Sábado Pereira e

Ildo Dinis Malface

Trabalho em Grupo da disciplina de Projecto de Mineração a Céu Aberto, no curso de


Engenharia de Minas por orientação da docente da disciplina Engª. Ana Karina
Ribeiro

TETE

MARÇO DE 2021
Índice
APLICAÇÃO DA MINERAÇÃO A CÉU ABERTO (MINI PROJECTO) .................... 1

INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 3

Localização e Situação do Empreendimento .................................................................... 4

Topografia e Modelagem do Terreno Natural .................................................................. 5

Definição dos Parâmetros Geotécnicos da Mina .............................................................. 7

Topografia e Modelagem da Mina ................................................................................. 10

Prévia do Volume de Minério e Estéril Extraído ........................................................... 11

Mineração de Carvão ...................................................................................................... 13

Mineração de Pláceres .................................................................................................... 14

Mineração de Metais Básicos ......................................................................................... 16

Mineração de Cobre........................................................................................................ 16

Mineração de Rochas Ornamentais (granito e mármore ornamental) ............................ 17

CONCLUSÃO ................................................................................................................ 19

REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA ................................................................................ 20


INTRODUÇÃO
Este tópico de investigação tem por objetivo a elaboração de um projeto básico
de um empreendimento mineral.

É importante salientar que os dados aqui apresentados não fazem menção a um


empreendimento mineral que está prestes a ser executado. Todas as informações aqui
contidas são apresentadas com o objetivo exclusivamente didático, ou seja, nenhum
dado aqui presente foi retirado de um estudo específico de uma empresa de mineração,
mas sim, de uma miscelânea de artigos que foram unidos formando o projeto.

Para dar suporte a elaboração do projeto foi utilizado o software Topograph 98 SE.
Este software é utilizado para o processamento de dados topográficos, cálculos de
volumes de terraplenagem, projetos viários e elaboração de notas de serviço. Segundo
a Char Pointer (2010) desenvolvedora do sistema, este programa é destinado às
diversas áreas da engenharia e da construção que se utilizam de uma base topográfica
no desenvolvimento de seus trabalhos, como Edificações, Loteamento, Regularização
Fundiária, Reflorestamento, Irrigação, Mineração, Estradas, Barragens, entre outros.

Para uma melhor compreensão do projeto a ser realizado, o mesmo foi subdivido em
cinco etapas.

i) Localização e Situação do Empreendimento;

ii) Topografia e Modelagem do Terreno Natural;

iii) Definição dos Parâmetros Geotécnicos da Mina;

iv) Topografia e Modelagem da Mina;

v) Prévia do Volume de Minério e Estéril Extraído.


Localização e Situação do Empreendimento
Como já foi destacado anteriormente, o projeto básico em questão não se baseou em um local
pré-determinado por uma empresa de mineração. A escolha do local onde será implantado o
empreendimento foi realizada em função do conhecimento do autor sobre a região que será
exposta.

A escolha de uma região a ser analisada deve ser baseada em fundamentos geológicos
juntamente com um profissional competente capaz de orientar todas as decisões que possam
ser tomadas. Este projeto não possui em seu escopo tais estudos prévios da região, de forma
que, o seu objetivo torna-se exclusivamente didático. Porém é importante destacar que todo e
qualquer projeto básico deve possuir um estudo minucioso da região onde se pretende instalar
um empreendimento mineral.

O local escolhido para implantação do empreendimento está situado na cidade de Caratinga,


Minas Gerais (Figura 1). A cidade de Caratinga está localizada a uma distância de 94 km da
cidade de Ipatinga - Vale do Aço, local onde se encontra a siderúrgica USIMINAS - USINAS
SIDERÚRGICAS DE MINAS GERAIS.

Ilustração 1: Mapa de localização do empreendimento.

O local exato do empreendimento possui as seguintes coordenadas de


amarração: Latitude (19°45'44.26"S) e Longitude (42°08'43.27"O). A figura 2 mostra
com clareza o local onde se pretende instalar a mina.
Ilustração 2: Vista geral do local onde se pretende instalar a mina.

Topografia e Modelagem do Terreno Natural


Os levantamentos topográficos são hoje realizados com o uso de modernos aparelhos
denominada estação total, que conjugam teodolitos ópticos capazes de medir ângulos
com precisão de fração de segundos, distanciômetro a laser visível e infravermelho
capaz de medir distâncias da ordem de 7 km com precisão de poucos milímetros. A
saída destas medidas é transferida, sem a interferência humana, para um computador
pessoal que, dotado de um software pertinente, traça o mapa planialtimétrico do
terreno, com alto grau de precisão e confiabilidade (GIRODO, 2005).

Existem outras várias formas de se desenvolver o mapa planialtimétrico do local


desejado e, no caso do projeto em questão, foram utilizadas imagens de satélite
(Google Earth), que ao serem exportadas para um software conhecido como Civil 3D,
levam consigo as informações de altitude e distância dos pontos levantados
(Damasceno, 2008).

Ao possuir os dados anteriormente mencionados, o programa Topograph 98 SE


tornase capaz de gerar as curvas de nível do local levantado e por consequência
modelar o terreno tridimensionalmente. As figuras 3, 3 e 4 detalham este processo.
Ilustração 3: Pontos levantados do terreno natural.

Ilustração 4: Curvas de nível geradas a partir dos pontos levantados.


Ilustração 5: Modelagem tridimensional do terreno natural.

Definição dos Parâmetros Geotécnicos da Mina


O bom desempenho de qualquer empreendimento mineral a céu aberto está
diretamente ligado a escolha dos parâmetros geotécnicos que o circundam. Vale
ressaltar que tais parâmetros são determinados através de várias análises do local onde
será implantada a mina (Germani, 2002).

• Determinação das características do relevo onde será implantado o


empreendimento;

• Determinação das propriedades do solo e minério que serão explorados;

• Análise da estabilidade de taludes.

Os principais parâmetros geotécnicos que influenciam na caracterização de uma mina


a céu aberto por bancadas são os seguintes: Altura da Bancada; Largura da Bancada;
Ângulo do talude de face; Altura máxima global da cava da mina. De posse de tais
valores é possível determinar qual será a geometria empregada no empreendimento.
O presente projeto não possui tais informações do local onde será implantado o
empreendimento. Portanto, considerando o fato deste projeto básico não possuir a
finalidade executiva, mas sim de proporcionar a informação ao leitor sobre as suas
etapas de elaboração, o mesmo será baseado em um empreendimento mineral a céu
aberto por bancadas, no qual todos os parâmetros geotécnicos foram extraídos de
minas que estão em funcionamento ou já foram fechadas. Para obter os valores que
serão empregados neste projeto, foi feita uma média com os valores de três minas
situadas no quadrilátero ferrífero, Minas Gerais (GIRODO, 2005).

• Mina de Águas Claras (Minério de Ferro)

- Altura da bancada: 15 m
- Largura da bancada: 7m
- Ângulo de face do talude: 60°
- Altura máxima global da cava: 250 m
- Mina do Pico - Complexo do Itabirito (Minério de Ferro)
- Altura da bancada: 10 m
- Largura da bancada: 8 m
- Ângulo de face do talude: 57 °
- Altura máxima global da cava: 300 m
- Mina da Jangada (Minério de Ferro)
- Altura da bancada: 10 m
- Largura da bancada: 7 m
- Ângulo de face do talude: 62°
- Altura máxima global da cava: 180 m

Os parâmetros adotados pela média dos valores mencionados anteriormente


estão expressos a seguir:

• Altura da bancada Equação 1

h 12 m

• Largura da bancada Equação 2


b 7m

• Ângulo da face do talude

Equação 3

• Altura máxima global da cava

Equação 4

h 245 m

A tabela 1 resume todos os valores calculados para os parâmetros geotécnicos


da mina:

Tabela 1 – Parâmetros Geotécnicos da Mina.


Altura da Largura da Ângulo da face do Altura máxima
Bancada Bancada talude global da cava
12 m 7m 60° 245 m

Possuindo as informações reunidas na tabela 4, é possível determinar qual será a seção


transversal utilizada no empreendimento, sendo a mesma mostrada na figura 6.
Ilustração 6: Seção transversal da mina.

Topografia e Modelagem da Mina


Para a execução desta etapa é importante que o local exato da mina e a sua geometria
final já estejam determinados. As figuras 7 e 8 mostram o projeto final do
empreendimento.

Figura 7 : Projeto final da mina.


Ilustração 8: Modelagem tridimensional da mina.

Os dados do local da mina e sua geometria final são inseridos no programa Topograph
98 SE, e o mesmo executa diversos procedimentos para chegar ao resultado final
mostrado nas figuras 6 e 7. Tais procedimentos possuem diversos detalhes que
tornaríamos a sua explicação bastante complexa, desta forma, não serão aqui
pormenorizados.

Prévia do Volume de Minério e Estéril Extraído


O programa Topograph 98 SE gera o cálculo do volume através de seções
transversais, semelhantemente a um projeto rodoviário. Sabendo-se qual será a seção
transversal da mina e, inserindo-a no programa, este cria um alinhamento em torno da
base da mina e calcula o volume entre as seções transversais de cada estaca
pertencente ao alinhamento. A distância entre as estacas é determinada pelo operador
do programa, sabendo-se que, quanto menor a distância entre elas maior será a
precisão do cálculo. Para tanto, neste projeto as estacas foram espaçadas de 1 em 1
metro, gerando assim uma precisão considerável no cálculo do volume(Girodo, 2005).

A figura 8 apresenta o cálculo do volume total de material a ser extraído da mina


(minério e estéril).
Ilustração 7: Volume total de minério e estéril a ser extraído.

Para se possuir o valor exato do volume de minério e estéril a ser extraído é


necessário ter o conhecimento de dois parâmetros fundamentais.

 Relação Estéril / Minério;

 Fator de Empolamento.

Segundo Ricardo e Catalani (2007) quando se escava o terreno natural, o material que
se encontrava em certo estado de compactação, proveniente do seu próprio processo de
formação, experimenta uma expansão volumétrica que chega a ser considerável em
certos casos. Entende-se como o empolamento do solo este ganho de volume ao ser
escavado.

Considerando que o minério a ser extraído neste empreendimento é o ferro, baseado


nas minas tomadas como referência para esta monografia (Mina de Águas Claras,
Mina do Pico e Mina da Jangada), o valor do empolamento a ser considerado para o
ferro será de 18% (RIOCUSTO, 2013).

Por não possuir o valor exato da relação estéril / minério do projeto, foi gerada uma
tabela (Tabela 2) que apresenta várias possibilidades para o volume total de minério a
ser extraído, considerando diferentes valores de relação estéril / minério.

Tabela 2 – Tabela de Volumes de Materiais Extraídos no Empreendimento.


Fonte: (ELABORADO PELO AUTOR)

Mineração de Carvão
Descobertura e extração dos leitos de carvão:

“shovel”

“dragline”

“bucket whell excavator”

Combinação “shovel” + BWE

Profundidade média da cobertura estéril => sincronizada com capacidade das máquinas
de descobertura.

Perfuração tipo “Auger”, normalmente vertical

Coberturas pequenas (< 30 m): perfuração rotativa, furos horizontais

Coberturas altas (>50 m); perfuração vertical e utilização de furos largos (15”)

Detonação de minério:

Melhores resultados com utilização de ANFO.

Utilização de “draglines” requer maior fragmentação => maior custo que “shovel”.

.
Carregamento de minério:

Melhores resultados são obtidos com utilização de “shovels”.

Outros equipamentos utilizados: “draglines”, pás-carregadeiras sobre pneus; BWE,


retroescavadeira e “front-end-loaders”.

Utiliza-se sempre que possível a maior caçamba disponível e compatível com a


produção diária e tipo de transporte utilizado.

Transporte:

Caminhões fora de estrada (até 240 ton)

Outros tipos de transporte convencional: correias transportadoras, trens.

Mineração de Pláceres
Tipos de minerais extraídos em pláceres: ouro, diamante, cassiterita (Sn), rutilo +
ilmenita (Ti), platina, safira, rubi, columbita-tantalita, sheelita, monazita, minerais
radioativos, ferro, cromita.

Principais tipos de depósitos:


Aluviões

Areias de praias e de deposição eólica

saprólitos

Descobertura:

Utilização de dragas de caçamba em linha até profundidade de 125 ft (minério vai para
trommel e estéril é descartado) e de tratores de lâmina frontal em depósitos mais
estáveis e superficiais. Métodos de mineração:

1) Operações em terra seca:

Garimpo manual (depósitos de alto teor)

Open-cut;

Galerias de encosta;

scrapper automovíveis ou rebocados;

Tractores de lâmina frontal (dozers);

Combinação de dragline, shovel ou pá carregadeira + correia transportadora ou


caminhões até a planta de concentração;

Descobertura com BWE.

2) Operações na margem de rios (“ofshore”):

Sistema de calhas com água natural (pequenas minas);

Monitores hidráulicos (água sob pressão para desmonte).

3) Operações com planta de concentração flutuante:

Draglines e planta de lavagem flutuante;

Dragas de caçamba em linha;

Dragas hidráulicas de sucção.


Mineração de Metais Básicos
Tipos de minerais básicos: Níquel, cobre, cobalto.

Mineração de Cobre
A mineração à céu aberto de cobre normalmente é realizada sobre corpos de minério
maciço e disseminado com teores limite em torno de 0,2% de cobre utilizando muitas
vezes a tecnologia de lixiviação em pilha (cerca de 12% da produção total de cobre nos
EUA).

Perfuração:

Perfuratrizes rotativas  entre 6 e 12” (média: 9”).

Velocidade de penetração entre 35 e 60 ft/h.

Detonação:

Utilização intensiva de ANFO e lamas (em alguns casos lamas metalizadas).

Bancadas em geral com altura média entre 40 e 50 ft (30 e 79 ft) com sobrefuração.

Carregamento e transporte:

O menor custo é encontrado com a utilização do sistema “truck-shovel”.

Na mineração seletiva normalmente utiliza-se pás carregadeiras e caminhões.

Algumas minas utilizam transporte ferroviário e combinação com caminhões.

Tendência atual é de utilização de grandes caminhões fora de estrada (> 100 ton) e
realização da descobertura através de “scrappers”.
Mineração de Rochas Ornamentais (granito e mármore ornamental)
Métodos de lavra:

Bancadas altas;

Bancadas baixas;

Desmonte em massa.

Tecnologias de lavra:

Cíclicas:

Perfuração e desmonte (explosivos e agentes expansivos)

Corte contínuo (“slot drill”)

Contínuas:

Cortadeira de braço (corrente e diamantado)

Fio diamantado e fio helicoidal (obsoleto)

“jet flame”

“water jet”

Tipo de lavra:

Matacões superficiais

Maciços (céu aberto e subterrânea (mármore)

Descobertura:

Retirada da terra vegetal com retroescavadeira, pá carregadeira ou trator de lâmina.

Perfuração:

Martele-te manual; -

“quarry bar”;

“slot drill” (perfuração contínua) extrator de blocos ( rapizomba).


Corte contínuo:

“slot drill”;

Extractor de blocos;

Fio diamantado;

Fio helicoidal (mármore);

Cortadeira de braço (corrente de metal duro, cinta diamantada);

Flame Jet;

water Jet.

Explosivos:

Pólvora negra ou caseira (execução de furos raiados);

Dinamite (cordel detonante NP 5 E NP 10, petecas (pré “splitting”).

Carregamento:

Pau de carga (guincho);

Guincho horizontal;

trator de lâmina frontal;

pá carregadeira com uso de correntes;

guindaste Derrick.

Transporte:

Interno: frentes => pátio de emparelhamento: trator de lâmina, pá carregadeira,


caminhão fora de estrada.

Externo: pedreira => consumidor : carretas (blocos até 25 ton) ou carretas trucadas
(blocos acima de 25 ton).

Exportação: intercontinental => navios: carga geral ou “container”


CONCLUSÃO
Por fim, o projeto básico realizado teve por finalidade apresentar as fases que devem
conter o estudo de um empreendimento sem, contudo, utilizar dados específicos de
uma empresa de mineração. Este estudo reuniu diversos artigos, com diferentes dados,
formando assim o corpo do projeto. E de seguida segue a aplicação da mineração a céu
aberto, que especifica quais operações, tipo de equipamento a serem utilizados,
visando parâmetros estabelecidos para a sua extracção, com diversas proposta.

Dizer que o presente trabalho foi de grande satisfação, pós ter noção em que é
elaborado um projecto de mineração e quais são suas principais fases foi muito
importante para a nossa carreira estudantil.
REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA
GIRODO, A. C. (2005). Mineração: Projeto Apa Sul RMBH – Estudos do Meio
Físico. (2 ed.). Belo Horizonte,

GERMANI, D. J. (2002). Relatório Final: A Mineração no Brasil. (2 ed.). Rio de


Janeiro,

DAMASCENO, C. S. R. (2008). Modelagem Geológica e Geomecânica 3D e


Análises de Estabilidade 2D dos Taludes da Mina de Morro da Mina, Conselheiro
Lafaiete, MG, Brasil. Rio de Janeiro,

RICARDO, H. S; CATALANI, G. (2007). Manual Prático de Escavação:


Terraplenagem e Escavação de Rocha. (3 ed.). São Paulo: PINI,

RIOCUSTO - Empolamentos, disponível em Riocusto: http://riocusto.com.br/. Acesso


em 14 de Agosto de 2013.

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