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Aula 18:

Contratualismo em
Locke
Prof. Guilherme Costa
O Contratualismo
• Pressupõe que os homens são livres.
• Se o Estado tem o poder de reprimir as ações dos indivíduos,
passa a ser necessário explicar qual motivo os homens
abririam mão de sua liberdade para submeter-se à sua
autoridade.
• Tenta resolver a questão da justificação do Estado.
• Tese: “O contrato social legitima o poder do Estado”.
• Hipótese inicial: existência de um estado de natureza.
• A partir de um consentimento voluntário deles que originaria
a sociedade política.
• Modelos contratualistas, podem defender desde o
absolutismo, até o liberalismo e a soberania popular.
John Locke
(1632 – 1704)
• Locke nasceu na Inglaterra.
• Estudou medicina, ciências naturais e filosofia em Oxford.
• Dedicou-se a questões políticas, quando se tornou secretário
do chanceler da Inglaterra.
• Em 1683 foi exilado por conta de seus ideais liberais.
• Retorna à Inglaterra em 1688.
• Publica:
• Carta sobre a tolerância (1689)
• Ensaio acerca do entendimento humano (1690)
• Dois tratados sobre o governo civil (1690)
Contratualismo em Locke
• Semelhantemente à Hobbes, Locke pensa que o contrato social
conduz a passagem do estado de natureza para a sociedade civil.
Mas, ao mesmo tempo, opõe-se à concepção de que o Estado
detém um poder absoluto sobre os indivíduos.

• Essa discordância leva Locke a propor uma nova forma de


contratualismo: o liberalismo.

• Seu liberalismo enfatiza duas ideias. Primeiramente a ideia de que o


Estado deve garantir os direitos naturais dos indivíduos. Por conta
disso o liberalismo de Locke está relacionado ao jusnaturalismo, a
teoria segundo a qual os seres humanos possuem direitos naturais
inalienáveis, tais como o direito à vida, à propriedade e à liberdade.
A segunda ideia é que os cidadãos podem destruir os governantes,
caso estes não cumpram suas funções.
Crítica ao absolutismo
• Teorias diferentes surgiram entre os séculos XVI e XVII, teorias que
procuravam legitimar o absolutismo. Uma delas, a doutrina do
direito divino dos reis, é uma tentativa de defesa da monarquia
absoluta. Ela parte de que a vontade divina é onipotente e infalível
e, depois, acrescenta o pressuposto de que Deus concede aos reis a
autoridade de governar os homens. Os monarcas seriam como
herdeiros de Adão, ao qual Deus outorga o poder real, um poder
igualmente absoluto ao de Deus, e sem erros.

• De acordo com Locke, nenhuma pessoa tem, como direito natural
concedido por Deus, a faculdade de governar os seres humanos. O
erro da teoria do direito divino dos reis consiste exatamente em
submeter os indivíduos aos desejos arbitrários e despóticos do
monarca e negar-lhes o direito à liberdade.
Crítica ao absolutismo
• Essa objeção de Locke, não consegue atingir Hobbes, já que este não
era defensor do direito divino dos reis. O esforço de Hobbes era de
justificar o Estado com bases racionais. Como também, Hobbes, não
considerava a monarquia absolutista como o único tipo de governo
legítimo. Ele pensa em uma autoridade que pode ser exercida por
um só governante ou por uma assembleia.

• A ideia de Locke é que, se a guerra fosse característica do estado de


natureza, não existiria a possibilidade de conflitos surgirem na
sociedade civil. Contudo, não é isso o que realmente acontece. Ao
longo da história, muitas sociedades tratavam lutas intensas entre si,
e mesmo no interior de uma única sociedade, ocorriam disputas
pelo poder. Portanto, contrariamente a Hobbes, não é correto
afirmar que a “guerra de todos contra todos” é um elemento que
distingue o estado de natureza da vida em sociedade.
Estado de natureza
• Locke pensa que, no estado de natureza, os indivíduos tendem
a comportar-se segundo um princípio moral a que ele chama
lei da natureza. Essa lei ordena que não devemos prejudicar os
outros nem violar seus direitos naturais, exceto em situações
de autodefesa. Entre os principais direitos naturais das
pessoas se destacam a liberdade, a igualdade e a propriedade.

• O estado de natureza é um estado de igualdade porque, além


de os indivíduos pertencerem à mesma espécie e possuírem
semelhantes capacidades, têm os mesmos direitos e nenhum
deles tem o direito de subordinar outra pessoa. É como um
estado de liberdade, pois podem dispor de si mesmos e de
seus bens como quiserem, sob a condição de não se
autodestruírem e nem destruírem outra pessoa, exceto em
circunstâncias bem excepcionais.
Estado de natureza
• A prosperidade é outro direito natural dos seres humanos. A
partir dele, Locke indica tudo aquilo que pertence aos
indivíduos. A propriedade é, então:
• A vida e a liberdade como direitos naturais dos seres
humanos
• A posse de bens móveis e imóveis, obtidos com o trabalho

• Aquilo que fornece o direito à propriedade é o trabalho com


que produzimos os bens. Se um indivíduo trabalha para
produzir algo, e ao fazê-lo, não prejudica nenhum indivíduo,
então tem o direito de usufruir dos frutos de seu trabalho e
dispor de seus bens da maneira que o for conveniente e que
quiser.
Contrato social
• O principal deles é que o respeito aos direitos naturais não está
completamente assegurado. Apesar do estado de natureza não ser
um estado de guerra, a ausência de um poder capaz de resolver
eventuais conflitos facilita a ocorrência de lutas.

• Ele diz que no estado de natureza, os conflitos não são contínuos


nem generalizados, pois os seres humanos tendem evitar a violência
a fim de não recebê-la em troca. O estado de natureza é uma
situação de paz e harmonia relativas.

• O grande problema é que, sem uma autoridade capaz de impedir a


violação dos direitos naturais, está sempre aberta a possibilidade de
alguém ameaçar a vida de outras pessoas e se apoderar de suas
posses.
Contrato social
• O estado de natureza possui algumas desvantagens que
tornam recomendável o estabelecimento da sociedade e a
introdução do poder político:

• Falta uma lei capaz de resolver as controvérsias entre os homens;


os seres humanos costumam ser tendenciosos e, sem uma lei,
podem não conseguir aplicar a lei natural a casos particulares.
• Falta um juiz imparcial capaz de aplicar a justiça com base na lei
estabelecida; sem isso, os homens tendem a praticar injustiças na
medida em que julgam em causa própria.
• Falta um poder capaz de garantir a execução da lei natural e das
sentenças estipuladas pelo juiz: as vítimas da injustiça, se não
forem protegidas, tendem a defenderem-se com a força bruta.
Contrato social

• O contrato não elimina os direitos naturais dos seres


humanos, muito pelo contrário, ao legitimar e fundamentar a
autoridade do Estado, assegura-se a proteção desses direitos
naturais.

• A partir dessa perspectiva sobre o estado de natureza, Locke


se inspira a propor uma posição política chamada de
liberalismo.
Sociedade política e
liberalismo
• Com a fundação do Estado, é necessário que a comunidade
escolha determinada forma de governo. Porém, enquanto o
contrato depende do consentimento unânime, o governo é
escolhido por decisão da maioria, embora sejam respeitados
os direitos da minoria.

• Com a fundação do Estado, é necessário que a comunidade


escolha determinada forma de governo. Porém, enquanto o
contrato depende do consentimento unânime, o governo é
escolhido por decisão da maioria, embora sejam respeitados
os direitos da minoria.
Sociedade política e
liberalismo

• O contrato social não significa uma ruptura completa com o


estado de natureza, pois os indivíduos transferem ao Estado o
direito de punição aos infratores e de defesa.

• Por conta disso, o exercício do poder não é ilimitado. Caso


prejudique os interesses e direitos dos indivíduos, o Estado
perde sua legitimidade.
Separação de poderes

• Segundo Locke, devem existir três poderes característicos da


sociedade civil:

• Legislativo: encarregado de elaborar leis que preservem a


comunidade, garantindo aos indivíduos os direitos naturais.
• Executivo: responsável por executar as leis criadas pelos
legisladores.
• Federativo: lida com relações internacionais dos Estados entre si,
cabendo-lhe declarar a guerra e a paz, fazer alianças e regular as
relações com todas as pessoas e todas as comunidades que estão
fora da sociedade civil.
Direito de resistência
• Locke acreditava que a insurreição popular está justificada em duas
circunstâncias:
• Quando o poder legislativo é alterado ou rompido, sem autorização
do povo, por um indivíduo ou um grupo de pessoas.
• Quando o poder legislativo age em desacordo com a confiança nele
depositada e se apossa da propriedade dos cidadãos.

• Nos dois casos, há um mau uso da autoridade que o povo conferiu


aos governantes. Podendo ocasionar em um governo tirânico, ao
começar a abusar dos direitos dos indivíduos, ou pode torna-lo ser
ineficiente, se deixa de defendê-los.

• O poder confiado aos governantes perde legitimidade e os cidadãos


podem destruir os governantes do poder e substituí-los por outros.
Bons estudos!

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