Vol 51
Vol 51
Vol 51
VOLUME LI
INSTITUTO HISTbRICO E GEOGRAF'ICXD
DE SAO PAULO
D I R E T O R I A
-- (Triênio de 1951-1953) o
(Triênio de 1951-1953)
Afonso de E . Tazcnay
I1
Voltemos porém aos trabalhos do insigne continuador de Pedro
Taques. Com o mais notável faro estabeleceu os liames entre os diver-
sos títulos em que se subdivide a genealogia paulistana. E sob êste
ponto de vista encontrou ótinm colaborador a latere noutro apaixonado
da pesquisa das antigas linhagens: Augusto de Siqueira Cardoso, a
quem-se deve excelente trabalho de concordância entre a Nobi-
liarquia Paulistana e a ~ ~ o g Paulistanai a e amigo de quem
me fica a mais grata saudade.
Limitou-se Silva Leme a estudar os cartórios do Estado de São
Paulo. Já isto constituiria serviço ingente para um homem que na pri-
meira mocidade encetasse tal emprêsa. E no entanto só na idade ma-
dura pudera dedicar-se ao que constituía a paixão de sua vida.
Dêmos-lhe em largos traços a biografia :
. Nascido a 3 de agosto de 1852, em Bragança, fêz os estudos de
humanidades no Seminário Episcopal de São Paulo, matriculando-se
na Faculdade de Direito paulista, em 1872. Ai se baoharelou em 1876.
Mas pouco pendor sentia pelas letras jurídicas. Assim resolveu estu-
dar engenharia e se foi para os Estados Unidos a cursar as aulas do
Instituto Politécnico de Troy, no Estado de Nova York. Aí, em junho
de 1880, recebeu o grau de engenheiro civil.
Destacando-se, como estudante, tivera a espontânea e honrosa
indicação de seu nome feita por seus mestres para um cargo de enge-
nheiro ajudante da grande Comissão do Govêrno Federal, incumbida
dos melhoramentos do curso do rio Missouri, na Estado de Nebraska.
Incumbiram-no de trabalhos geodésicos e tomou parte ativa, so-
bretudo no levantamento da carta hidrográfica do grande caudal,
afluente do Mississipi.
Ainda era acadêmico, quando serviu na turma encarregada de
triangulação e sondagens. Depois de formado, ocupou o lugar de chefe
de secção na construção de uma estrada de ferro na Flórida. Mas in-
tensa nostalgia o domihava. Assim, voltou à Pátria onde, continuando
a carreira de engenheiro, serviu sob a chefia do dr. Antônio I?. de
Paula Sousa na construção da Estrada de Ferro do Rio Claro a São
Carlos do Pinhal, realizando depois a exploracão do trecho de São
Carlos a Araraquara.
Deixando esta via férrea passou a ser engenheiro-chefe da Es-
trada de Ferro Bragantina. esta via férrea foi, durante quatorze anos,
o Inspetor Geral a6 mesmo tempo que realizava obras importantes em
Pirapora com a reconstrução do Santuário do Senhor Bom Jesus, e
levantamento de importante edifício colegial mais tarde Seminário da
Arquidiocese. Mas a grande paixão de sua vida continuava a ser a
promoção do esclarecimento das velhas linhagens paulistas.
Desde que no Brasil chegara, de volta, dos Estados Unidos, em-
pregara todos os lazeres em acumular material para a sua futura
bealogia Paulistana. De 1891 em diante, pôde, notàvelmente,
aumentar o seu acervo documental. Homem de larga fortuna,
conseguiu afinal, de 1898 em diante, entregar-se de corpo e alma
à confecção de sua obra. Com.eçou a imprimi-la em 1901 termi-
nando-a em 1905.
Constitui nove tomos com perto de cinco mil páginas in 4.0 e
é talvez a mais notável obra genealógica jamais escrita no Brasil
moderno.
Teve Silva Leme alguns colaboradores e informadores dos quais
uns poucos o aukiliaram muito eficientemente. Dentre êles faz especial
menção do dr. José de Almeida Prado ( 1858-1900), outro apaixonado
das pesquisas genealógicas, esclarecido e incansável rebuscador das li-
nhagens paulistas e o nosso saudoso e prestante consócio, dr. José de
C
Paula Leite de Barros.
Tinha Silva Leme belo aspecto, apresentando um todo de in-
confundível respeitabilidade. Costumava Paulo Prado dizer que lhe
causava a impressão de um dêsses juízes de direito, infelizmente nem
sempre comuns, que aos seus comarcões impõe a impressão perfeita
de respeitabilidade da toga e da efetividade das garantias da lei. Grave,
distintissimo de maneiras, comedido de expansões, embora afável e so-
bremodo cortês, era dêstes homens que no rosto trazem estampadas a
honestidade, a limpidez dos sentimentos, a lealdade absoluta e a feli-
cidade decorrente de uma vida preenchida pela prática da dignidade. Ca-
tólico fervoroso, distinguira-o Leão XIII com a comenda de São Gre-
gório Magno e a cruz Pro ecclesia et pontijice.
Com verdadeira saudade dêle me recordo sempre, pois imenso lhe
aprecíava o convívio de homem da maior honorabilidade, critério e
\ cortesia. Numerosas rêzes o visitei em sua casa da rua da Liberdade,
ora só, ora em companhia de Augusto. de Siqueira Cardoso, homem
versadíssimo em matéria das velhas linhaghs paulistas e autor de me-
ritórios trabalhos insertos em nossa Revista, além da concordância da
Nobiliarquk Paulistana com a obra do nosso visitado. Pensáva-
mos em reeditar a de Pedro Taques e Silva Leme nos dava o maior
aplauso ? iniciativa
i prometendo-nos contingente inédito. Fale-
ceram ambos sùbitamente - Cardoso em1 1917, Silva Leme em
1919, e o desaparecimento dêles fez com que só em 1926 pudesse
eu imprimir o primeiro volume da N o b i q u i a sem o auxílio ines-
timàvelmente precioso dêstes ilustres amigos.
Depois de publicada a sua Gendogia Paulistana, prosseguiu
Silva Leme os seus estudos promovendo a extensão de seus capí-
tulos, por meio de suplemientos.
Não se sentisse envelhecido, disse-me várias vêzes, iria encetar o
exame dos arqiiivos de Mato Grosso e Goiás, "seguindo as pègadas
dos bandeirantes". "E bem mais cômodamente agora", comentava a
sorrir.
c<
Era serviço para moços", continuava esta análise dos fatos
do povoamento dos paulistas, pelo Brasil afora.
Nunca o vi gabar-se do que fizera, do trabalho imenso realizado.
E por vêzes a tanto o provoquei fazendo-lhe calorosos elogios à obra.
Calava-se com a maior distinção e discreção.
Solícito e serviçal, pouco antes de falecer, prometia-me procurar
um fio genealógico de uma antepassada minha materna que, segundo
tradição de familia, era dos Furquics. Assim sendo, seremos parentes !
dizia-me cordialmente.
Por sua indicação, meu parente Galeno Martins de Almeida pro-
curoii dcslindar êste caso que também o interessava esbarrando no in-
vencível obstáculo do desaparecimento de um códice de registro de ba-
tizado~de Aiuruoca.
Com o mais sincero pesar vi o ilustre amigo desaparecer, quasi
súbitamente, a 13 de janeiro de 1919, aos 67 anos incompletos, robusto
e bem disposto.
Era verdadeiro ornamento das nossas letras históricas e da socie-
dade brasileira o cavalheiro e o erudito que a morte naquele dia co-
lhera.
Como demonstração do alto critério e probidade de suas investi-
gações, basta lembrar o cuidado com que examinou as origens dos títulos
genealógicos de Pedro Taques.
Apoiado pela autoridade do autor da N o b i q u i a Paulistana,
poderia ter-se contentado em reproduzir "ipsis verbis" as afirma-
ções dos linhagistas do século XVIII e prosseguido no desenvol-
vimento da! sua obra.
Entendeu porém dever fazer-lhes a revisão acurada pelo cotejo das
diversas fontes, aliás bem minguadas, ao seu dispor.
Assim, ao encetar a impressão da Genealogia Paulistana, va-
leu-se do antigo manuscrito descoberto pelo dr. Ricardo Gumble-
ton Daunt, para redigir o seu capítulo básico, Cruzamento da raça
européia com a indígena de São Vicente e São Paulo.
Ao temninar a obra entendeu, com a lealdade visceral que o
caracterizava, expor aos leitores a transformação que se operara em
seu espírito a propósito da descendência do.mais notável dos povoa- ,
dores, João Ramalho. .
Tal reforma de julgamento procedia do exame de documentos
novos que lhe haviam chegado ao conhecimento, provenientes do ar-
quivo do Tenente-general José Arouche de T ~ l e d oRendon.
Esta nova contribuição levava-o a fazer grandes alterações na
progênie do famoso patriarca europeu da gente de São Paulo, assunto
a que Américo de Moura ùltimamente ventilou novamente com notá-
vel argúcia mercê da documentação nova que o autor da Genealo-
gia Paulistana desconheceu.
Estava Silva Leme sempre pronto a fazer correções e aden-
dos ao seu trabalho, como aliás o demonstra o tomo IX e último de sua
obra. Era outrora penoso o manuseio das nossas duas grandes genea-
logias, pela falta de índices adequados. O que Silva Leme organizou é
sobremodo insuficiente, muito sumário mesmo. Para a Nobiliar-
quia Paulistana nenhum existia.
Ora, com a instabilidade dos nossos nomes portuguêses, é difi-
cílimo ao estudioso acompanhar as sequencias genealógicas.
Títulos há em que, de geração em geração, e por varonia, mudam-
se os patronímicos, do modo mais arbitrário e inesperado.
Para o exemplificarmos, sigamos uma destas varonias, a de Antônio
Rodrigues de Alvarenga, colono vicentino do século XVI e dos mais
prestigiosos da era martim-afonsina. Seu filho chamava-se Luís Mon-
teiro e seu neto Antônio Monteiro de Alvarenga. E já o bisneto vinha
a ser Antônio Pinto e o terneto Joaquim Pedroso Pinto.
Casos dêste os há incontáveis. Aparecem e desaparecem os no-
mes, que deviam estar fixos como sucede em França ou em países ger-
mânicos onde sabemos que um Dupont, um Wilson, um Schneider
descenderão por varonia de outros Dupont, Wilson e Schneider, pelos
séculos afora.
Nos países ibéricos, pelo contrário, os nomes paternos não se
mantinham. Só se estabilizaram a partir de um século para cá, se tan-
to. Assim, com êste sistema, vemos os mesmos apelidos de hoje per-
tencerem a pessoas prêsas por longínquo parentesco ou até sem liga-
$50 alguma de família.
É de toda a justiça aqui lembrar o enorme serviço prestado aos
estudiosos de nossos fastos pela iniciativa do Coronel Salvador de
Moya publicando os índices para a Nobiliarquia e a Cenealogia
Paulistanas. Possuo um exemplar da obra de Silva Leme crivado
d e notas marginais, livro que pertenceu a Augusto Cardoso e me
foi oferecido por sua viúva Dona Eudoluia Taques Cardoso, neta
d o grande linhagista, em lembrança da amizade que nos prendia.
e s t e exemplar da Oenedogia Paulistana foi-me de inestimável
valia quando redigi a História Geral das Bandeiras. A concordân-
cia de Augusto Cardoso entre os itens genealógicos poupou-me
extraordinário trabalho.
As homenagens que no dia de hoje pode o Instituto prestar, re-
verenciadora de tão alta memória quanto a de Silva Leme, são as mais
modestas, embora as mais sinceras e saudosa.^.
A circunstância do momento forçara-nos s restringir um progra-
ma cuja execução servirá de preliminar a uma sequencia de atos de
muito maior vulto quando estivermos com a nossa sede social recons-
truída. Assim estou certo se fará, estendendo-se a Silva Lema a reve-i
rência solene hue o Instituto, em 1914 e 1915, soube prestar a Pedro
Taques e Frei Gaspar da Madre de Deu*, à altura dêstes grandes
precursores da nossa História e da nossa Heurística.
Uma lápide nossa certamente lembrará a efeméride jubilar de 3
de agosto de 1852, acompanhando as que o Instituto possui rememoran-
do duas outras não menos notáveis: de 29 de junho de 1714 e 9 de fe-
vereiro de 1715.
E quiçá nos será dado ajuntar 3 êste bronze outro ainda - uma
segunda medalha no gênero da que a iniciativa generosa de Enzo Sil-
veira levou o nosso Instituto Genealógico a mandar cunhar e peça de
elevada etnotividade.
Seja-me aqui permitido acrescentar uma nota de cunho pessoal
inspirada pela saudade de um amigo cuja súbita e recente desapariqão
do número dos vivos sobremaneira me magoou e cuja ausência, neste
dia jubilar, me é a mais sensível. Tanto mais me entristece quanto estou
convicto de que a sua presença, em nosso gremio e neste momento,
lhe seria a mais grata à nobreza e elevação dos sentimentos de filho
exemplar. Refiro-me ao dr. José Hildebrando da Silva Leme, o digno
filho do nosso insigne linhagista tão cedo arrebatado a uma sociedade
da qual era legítimo ornamento. Homem de belos predicados de coração
e de espírito, soube integralmente honrar, como esposo e pai, profissio-
nal e cidadão, os.exemplos e os ensinamentos,paternos. E' com verda-
deiro pesar que não o vejo aqui presente entre os membros da sua ilus-
tre família.
Ao terminar estas desataviadas palavras e conceitos, quero insistir
em lembrar aos meus prezados consócios que elas não passam da mais
singela homenagem prestada a uma qemória merecedora de muito
maior oblação. E preito que o Instituto Histórico e Geográfico de São
Paulo saberá renovar em escala de outra relevância que não a de hoje.
Nada mais fiz do que dar largas às instigações da justiça, da ad-
miração e do respeito nascidos do intimo contacto com uma grande
obra. E da gratidão que daí me proveio pelo que ela me veio a valer '
como fonte de subsídios inestimàvelmente preciosos pela abundância
opulenta e a probidade completa.
E a este conjunto d,e sentimentos ainda se une o da longíngua
saudade, mas sempre viva, de alguém que dos seus contemporâneos e
dos seus pósteros mereceu e merece o mais elevado tributo de aprêço
impòsto pela consideração da nobreza da existência e a elevação da
obra que dela decorreu e a ela inspirou.
Embora sempre aos poucos sè apaguem da memória os pe-
quenosi à s vêzes até os grandes episódios da vida, para afinal se
enterrarem fatalmente na vala do perpétuo esquecimento, estão
vivos n a minha lem'brança os principais de incruenta peleja em
que, degladiando com adversários de prol, disputei minha entrada
n o quadro oficial d o magistério secundário. Aqui os evoco por
indeclinável dever, que é, ao mesmo tempo, varrer minha testada
e outras de infundadas suposições, prestando a dois eminentes aca-
dêmicos falecidos merecida homenagem, com o restabelecimento
da verdade a respeito de um a t o solene, em que êles e eu tivemos
participação.
Die fato, se não rigorosamente de direito, já eu exercia
aquêle magistério, cromo professor efetivo da Escola Complemen-
t a r de Campinas, depois Escola Normal e hoje Instituto de Edu-
cação, estabelecimento de original estrutura ri má ria . . ., que
desde a sua fundação foi destinado a formar professóres. E já
tinha alcançado, no mesmo ano em que iniciei êsse exercício, em
renhido concurso da Escola Normal de São Paulo, até hoje o que
maior número de opositores a uma cadeira teve em nosso1Estado
e creio que no Brasil, um título d e habilitação para o magistério
secundário. Muito modesto, porém, e r a o meu diploma de nor-
malista, e no concurso do Gtinásio de Campinas, ia enfrentar be-
letristas de maiores título~s,a mim superiores, mais do que n a
idade e na inteligência, na preparação intelectual apurada e na
posição de relêvo que tinham na sociedade, E r a um bisonho mes-
tie-esEola, muito jovem ainda, a lutar contra dois vultos que já
haviam patenteado em píiblico, em outras espécies de certames,
sua alta estatura mental, vultos gigantescos, varões cuja morte a
Academia Paulista de Letras chora, e eu mais que todos os meus
confrades, porque há mais tempo os conheci e admirei.
Agora, quis Deus fosse eu de todos os participantes daquele
concurso, examinadores e opositores, o Único sobrevivente. Devo,
pois. embora já não atribua a essas cousas valor maior do que o
que têm realmente, que é tão pequeno, tornar público o que
acho que é de minha obrigação dizer, com o devido respeito
à memória de todos êles, que, como homens, terão tido seus erros,
mas que, como homens de caráter, nos atos sôbre os quais tenho
de discorrer, sòmente se insjpiraram em nobres ideais.
5.' -I n ~ ~ c i fragmentação,
a , ruídas.
Logo que qualquer corpo meteórico entra na atmosfera d o
planêta, encontra pela frente o a r que lhe oferece séria resistên-
cia. A fricção que resulta dessa compressão do ar, eleva a tempe-
ratura do meteórito a tal ponto que ocasiona, pelo menos, uma
incandescência superficial. Partículas inflamadas se destacam,
constituindo um envoltório e uÍn rasto luminosos. Como o incan-
descimento é de fora para dentro, acontece que quase todos os
astrólitos que penetram na nossa atmosfera ou na de outro pla-
nêta qualquer, não sofrem a inflamação no seu interior.
Quando o meteórito é muito pequeno, do tamanho de uma
laranja, por exemplo, pode dar-se a sua queima total, e, então,
deixa de existir, sobrando apenas cinzas e gases. Mas se não
for muito pequeno, poderá atravessar a atmosfera e sair no
espaço interplanetário, onde recuperará o estado de frieza e
opacidade anteriores. \
"GRATO RECORDO"
Éstes gigantes d e n t e s ,
.4h! se pudessetn cantar
As caçadas perigosas
Do canguçu, do jaguar!. ..
Quando o Puri destemido,
Espreitando a airosa prêsa,
Desenvolvia prodígios
De agilidade e destreza!
É assim que
Sr. Presidente.
Depois de termos citado as diversas opinióes, de historiadores
nacionais e estrangeiros, biógrafos de Cláudio Manoel da Costa,
em várias épocas da nossa evolução histórica, que drama pungente
se teria passado nessa noite sinistra de 3 para 4 de julho de 1789,
na CASA DOS CONTQS, em Vila Rica? Esta pergunta tam-
bém já foi feita pelo nosso saudoso mestre mineiro Professor Lú-
ciÔ dos Santos. Alguns autores acreditam que Cláudio suicidara-se-
na prisão, outros que fora assassinado, como acabamos de ver na
longa citação que fizemos de trinta e dois autores que nos foi
possível consultar.
Acham alguns que a posição do cadáver não era natural, e que
portanto houve enforcamento real, ou simulação "post-mortem",
mas não suicídiio. Que há de verdade naquelas alegaçóes? Respei-
tamos a opinião de todos aqui citados, neste rosário de 32 con-
tas, homenageando-lhes também as memórias, daqueles que já se
foram, e pedimos luzes, mais luzes, aos que convivem conosco,
e m 'condiçóes, ainda, de proporcionar-nos bons e proveitosos en-
sinamentos. i
PARECER
Sr. Presidente.
0 s nossos agradecimentos sinceros pela atenção com a qual
tivemos a honra de ser ouvidos. Julgamos ter-20s esforçado em
busca da verdade histórica, prevalecendo-nos além dò documen-
tário que ilustra o nosso modesto e despretensioso trabalho, do
concurso também das ciências grafológicas, e sobretudo da Me-
dicina Legal, que nos elucidaram pontos cardiais, sempre 2 pro-
cura da verdade. Não alimentamos dúvidas em poder asseverar
que Cláudio foi, realmente, assassinado na prisão em que se
achava.
Outros não têm sido os nossos objetivos, nas conferências
programadas por nós, no "Curso de História do Município de
Ponte Nova", Minas Gerais, que fundamos no dia 10 de dezeni-
hro de 1947. \
A LflWUA W C A E A PRÉ-HIST6RIA
A língua basca, idioma da pré-história, não nos legou apenas
,palavras avulsas, mas o idioma completo. Vieram até o pre-
sente os pronomes, os numerais, os substantivos, os verbos, a
natureza da língua e com o idioma, veio também a alma dos
bascos. Uma das fontes dessa língua preciosa para a glotologia
é o próprio povo basco que não muda de *idioma,porque "mudar
de língua é mudar de alma" (9). Para éle "o idioma basco é
uma pátria", "é quase uma religião" (10). Convém citar o
belo conceito do grande bascólogo Campión: "Cada palabra
euskara que se pierde, se lleva un pedazo de1 alma nacional" (11).
A língua euskera, uma das mais originais do mundo, é da
época neolítica e talvez da paleolítiica. O bascófilo Vinson afir-
mou que ela existia há 20.000 anos mais ou menos.
A área territorial ocupada pela língua basca, na pré-histó-
ria, não era a mesma ocupada nos tempos históricos. É digno
de ser transcrito, a propósito, um longo lance do dr. Isaac Lo-
pez Mendizabal: "Desde luego es casi unánime e1 sentir de 10s
investigadores de que 10 que hoy llamamos País Vasco es tan
só!o una parte de1 espacio que su pueblo ocupó en tierras euro-
peas. Ahora bien jcuál fué Ia extensión que en aquellos remo-
tos tiempos pudo haber tenido? No es fácil precisarlo, pero si
se examina con detalhe la cantidad de nombres t~poním~icos de
ríos, de montes, de lugares, de aspecto vasco, se llega a la con-
clusión de que tal vez grandes terrenos de 1a Europa occidental
eran ocupados por nuestros antepasados. La misma conclusión
se obtiene a1 estudiar algunas viejas raíces que se hallan en 10s
idiomas hablados actualmente en toda esa parte : todo 10 cual .
demuestra fehacientemente que e1 pueblo vasco de hoy es tan
só10 una pequefia parte de1 gran pueblo vasco antiguo, que ocupó
desde 10s tiempos más remotos, desde la época de 10s glaciares,
(12) Isaac L. Mendizabal, Breve Historia de1 País fiasco, Ruenos Aires,
1945, p. 10.
(13) Inchauspe Abbé, Le verbe busque, 1858, Paris, p. VII.
(14) Ribary F., Essai sur la langue basque, tr. par T. Vinson, Paris,
1877, p. 27.
les, y otras tantas participales que tlecesariamente deben resul-
t a r para que sean arregladas dichas conjugaciones" (15).
O grande bascólogo Azkue (16), mais comedido, reportan-
do-se a o verbo, assevera que são mil e oitocentas e setenta as
flexoes verbais. Diante do exposto têm razão de ser a s pala-
vras do Príncipe L. Lucien Bonaparte: "Sòmetlte o vascuense
na Europa pode jactar-se de possuir, êle só, um verbo t ã o rico
em formas lbgicas" (17).
O bascólogo Isaac Lopez Mendizabal (18). analisando
a riqueza do verbo e do léxico basco, Eêz sentir que a área do ter-
ritório basco era muito maior do que a atual. Compreendia os ter-
ritórios atuais da Espanha, Portugal, França. Itália, Alenlanli:~.
Inglaterra e talvez outros pontos. Na sua opinião. L I ~ Ipovo red!t
zido nunca teria produzido um verbo e um léxico como o euskera.
E m favor da sua tese, com vista a o léxico, apresenta dois têr-
mos. O primeiro hacha em espanhol, hache francês, axt e axen
alemão, axe e adze inglês, ascia italiano. O' têrmo acha tem o
mesmo significado e m tôdas essas línguas e não pode ser expli-
cado senão por meio da raiz basca aitz "pedra". 8 seguildo têr-
mo é ezpata, espada em espatlhol, epée francês, spade inglês,
spaten a l e n ~ ã ospá&
, .italiano, com sentido de pa, cuja origem é
basca da raiz aitz, convertida em ez, fenômeno corrente no bas-
co, assim como Aizkibel deu ezkibel. A ezpata basca é um ins-
trumento cortante, utilizado tanto na agricultura como na de-
fesa e daí o fato de se encontrarem em diferentes lugares com
significados diversos. Na Alemanha e na Inglaterra spade e
spaten chamam pa, instrumento empregado para virar a terra.
A explicação de tais palavras sempre será possível lò,'cicamente
por intermédio da língua basca.
Defende ainda a opinião de que os bascos foram da Asia,
não pelo sul, isto é, pelo Mediterrâneo, mas pelo norte, ocupando
grande parte da Europa ocidental e meridional.
O aparecimento do homem basco no país data dos remotos
tempos da era paleolítica e é o portador da chamada cultura
franco-cantábrica. que se desenvolveu no atual país basco e nas
PALEOLINGUfSTICA BASCA
A paleontologia é a ciência dos fósseis. Um osso ou um
dente pode ser elemento para a reconstitui$io do animal, da es-
pécie a que pertenceu e da época da sua existência. O têrmo
paleontologia foi também aplicado A glotologia. Assim o valor
que pode ter um osso ou um dente para a paleontologia é o mes-
mo que pode ter uma palavra fóssil a glotologia, porque
pode servir, às vêzes, para determinar afinidades lingüísticas, ci-
vilizaqáo de um povo e a época em que êle existiu. A paleonto-
logia lingüística é um ramo da glotologia e, projetando luz sô-
bre êste campo de estudos, tem dado bons resultados, quando «ti-
lizada com sabedoria e critério.
A paleontologia lingüística é a ciência dos sêres linguísticos
antigos e a expressão "sêres lingiiísticos" equivale a elementos
gramaticais e lexicais. Ela visa reconstituir as formas arcaicas
da linguagem (21).
Como a denominação das coisas pressupõe o seu conhecimen-
to prévio, a paleontologia lingüística parte do vocabulário para
as idéias e as coisas. O léxico de um povo é o seu inventário.
Bsse inventário entesoura o que o povo sabe, sente, e quer: os
afetos de sua alma, as luzes da sua inteligência, a natureza do
seu "eu". Servindo-nos dos dados lingüísticos, d,iz o filólogo
Ribary, será possível determinar, dentro da época, naturalmente
vaga, por achar-se isenta das comuns averiguações históricas,
o estado de civilização de tal ou tal povo; poderá informar se
o povo era nômade no deserto; se era pastor ou agricultor; se
possuía idéias acêrca do direito e da justiça; se tinha alguns
instrumentos industriais; quais foram suas relações de família
e de sociedade (E!)
(20) De Gandía E. Origenes prearios de1 Pueblo Busco, Buenos Aires, 1943.
(21) Campión A,, Euskariana. Oriyenes de Pueblo Euskaldún. Segunda,
Tercera Parte, Pamplona, 1931, p. 124.
(22) Campión A., Euskariana. Origene de1 Pueblo Ezlskaldún, etc.'p. 109,
109.
O idioma como elemento eficaz de investigação histórica,
na ordem da cultura de um povo, é um fato incontestável. Ja-
mes Crawfurd, em 1820, comparou os idiomas da família poli-
nesiana e deduziu dos seus vocábulos que os polinesianos pri-
mitivos conheciam os elementos da agricultura, trabalhavam o
ferro e o ouro, vestiam-se de casca de árvores e de plantas téx-
teis, tinham domesticado a vaca e o boi, etc. (23).
O método paleontológico deve ser seguido com muita cau-
tela pelo estudioso para evitar erros graves. É: mister que
outras disciplinas venham em a u d i o da lingüística, especial-
mente a arqueologia. As precauções que devem ser tomadas
pelo filólogo, na ordem puramente lingüística, são numerosas;
há de saber demonstrar o parentesco ou afinidade das línguas,
cujas informações aproveita; conhecer a ordem cronológica de
sua morfologia, a evolução histórica da sua fonética e a equi-
valência dos sons de idioma para idioma; ter ciência das trans-
formações semânticas de seu vocabulário, sua sinonímia e afi-
nidades definidas ou supostas, etc.
A. (paleontologia lingüistic~, em resumo, acompanhada da
arqueologia pré-histórica, usada com tino, é inestimável elemen-
t o que ii semelhança do telescópio põe a mira em paragens
onde não chegariam os olhos mais perspicazes (24).
Seguem exemplos de vocábulos que demonstram o valor
da paleolingiiistica referente à língua basca.
(23) Campión A., Eimkarianu. Origene de1 Pueblo Euskaldún, etc. p. 123.
(24) Campión A., Euskariana. Origenes de1 Pueblo Euskaldlin, Segunda,
Tercera Parte, Pamplona, 1931, p. 127.
Oltimamente Leo Coti (25) formulou outra lista de têrmos ,
em que aparece o nome da pedra. Ei-la: arpiko de arri pedra e
piko golpe no trabalho ou de biko de duas (partes) : golpe de pe-
dra ou cinzel; arraska de arri pedra e aska bebedouro : forrada ,
(25) De Gandía E., Orígenes Prearios de1 Pzleblo Vasro, Buenos Aires,
1945, p. 135.
(26) Isaac L. Mendizabal, E1 Idioma Vasco, idioma Principal de la Europu
prehistórica, Annuario Almanaque Vasco, 1942 - 1943, Argentina.
(27) Campión A,, Euskariana. Orígenes de1 Pueblo E~skaldún,Segunda,
Tercera Parte, Pamplona, 1931, p. 162-191.
touro. Astarloa explica a etimologia de idi por idun, pescoço,
idcndi O fiescoçudo.
3. A cabra. E m basco êste animal chama-se ahuntz,
auntz, aunts; o cabrito montês aker, animal cujo conhecimento
e domesticação precedeu a do carneiro; o cabrito antxume, aums,
ahurne, ahuííi, ahuíí, bitika, bitiiia; a cabrita auntztxo, humerri.
Moguel dá a aker=adaroker a etimologia de "chifre torcido".
E m labortano humerri significa "cordeiro" e no baixo navarro
a "cria da vaca". a "ovelha" a "cabra". Talvez a sua primeira
acepcão tivesse sido a genérica de "cria recém-nascida", "cria
nova".
4. O nome do carneiro varia segundo os dialetos, porém a
maior parte dos nomes reduz-se a um mesmo tipo: ari, aari, &ri,
aharzatz, ahatzatz. Nicoleta enriqueceu a série com uma forma
que tem aspecto arcaico arki. Há outros nomes bascos do car-
neiro : marro e nome adverbial marraka '(balido", marruma "ru-
gido", marm "uivos". A ovelha chama-se ard;, ahara. Como
sufixos derivativos ti, di, indicam abundância. Supõe-se também
que di fosse partícula demonstrativa. O nome da ovelha ter-se-ia
derivado daquele que tem o carneiro, porém adicionando-se uma
nota diminutiva, não sòmente em referência a o tamanho, mas
também à força ou vigor.
O cordeiro recebeu vários nomes: arkume, atxuri, bildts,
umem. E m arkume figuram O radical e kume "cria", assim
como em atxuri o mesmo ar e provavelmente o adjetivo txuri
"branco". A etimologia mais provável de bildots é bildurtsu
<' medroso, tímido".
5. Muitos são os nomes dados a o porco: urde, txani, texer-
ri, apo, apate, perreta, aketz, herautx, ardots, "varrão". Em
labortano ordots significa "porco castrado" e no baixo navarro
"leitáozinho". Urde é anterior a txerri. Com aquêle nome é
.formado basurde "javali", literalmente "porco do monte".
6. O nome do cavalo é zaldi, zamari. O cavalinho monta-
nhês é mosal, moishal, de época antiga. A égua é chamada bigor,
behor, beor. Uma das significações de zamari é "bêsta de car-
g a " , "bêsta que leva carga a o ombro". Zama significa "carga",
"feixe de trigo, de lenha", etc. Zaanari = zama-ari significa "o
que leva a carga". O leite é designado por esne, ezne, talvez
palavra afim a ezti "mel". O queijÒ denomina-se gaztai, gazta,
gasna. Dêste nome deriva-se o do soro ganiri, gazur, literal-
mente "água do queijo" ; o do requeijão gaztanbera, literalmente
'L
queijo branco, denominado também mami "miolo", "medula",
palavra cujo sentido genérico é de cousa macia, polpa e medula.
A nata denomina-se guena, de goi-na "o de cima", b i k d
<<
C O U S ~excelente",
"cousa escolhida", subentendendo a palavra
esne, como em eznore "natinha", de enelore "flor do leite".
Ordenhar jautzi, jatzi, jetzi, identifica-se com jatsi, jatxi baixar.
Ubre tem o nome estranho de errape, sendo pe "baixo". A aná-
lise da palavra tem o sentido de "debaixo de erra". Não se sabe
porém ao certo o que ~ignificaerra. Talvez seja um sinônimo de
saibel "ventre". H á ertze, erse e erste "intestino".
(31) Isaac L. Mendizabal, Breve Historia de1 País Vasco, Buenos Aires,
1945, p. 123.
(32) Mitxelena E., Viajeros Ertrangeros en Vasconia, Buenos Aires, 1942,
p. 139.
Sòmente depois da invenção da i n ~ p r e n s aé cjue a língua bas-
ca foi realmente fixada por escrito.
O primeiro trabalho impresso foi o breve glossário que Lúcio
Marineo Siculo inseriu na sua obra De las cosas memorables de
Espaíía (Alcalá de Henares, 1530) ; ediyáo latina Opus de r&us
Hispaniae memúrabilibus (Alcalá de Henares, 1533). Êsse breve
glossário, de que já se fêz referência, parece do presente. Nenhum
dos seus têrmos é desconhecido.
E m segundo lugar vem o discurso de Pailtagruel (cap. IX (10
livro 11. edição de F. Justi, Lyon, 1542).
Vinson publicou um belo artigo a respeito de Rabelais y la
lengua bascongada que, além de outros pormenores interessanteç,
contém o texto original do discurso e u m aceitável restituição
do mesmo levada a efeito por Archu (33).
6 E m terceiro lugar surgem as poesias do sacerdote Bernar-
do Echepare, pároco de Eiheralarre na Baixa Navarra, Linguae
Vasconum Primitivae, B,ordéus, 1545. Essas poesias, publicadas
na obra citada, são compree~ldidashoje sem grandes dificuldades
pelos bascos da França, mesmo desprovidos de cultura literá-
ria. Nelas o autor expressa a sua satisfação porque o euskera,
que havia sido menosprezado. fora apresentado em letra de fôr-
ma e subiria acima de todos os idiomas.
E m quarto lugar é publicada a Doctrina Cristiana, em cas-
telhano e vascuense, de Sancho de Elso, I'amplona, 1561.
E m quinto lugar deve ser citada a famosa obra Jesus Chríst
iaunaren testamentu barria, com 568 páginas, traduzida pelo
pastor evangélico João de Lizarraga ou Leizarraga, por ordem
da huguenote rainha de Navarra Joana Albret (impressa em Ro-
chela. 1571). Dêste livro raríssimo sòmente existem treze exern-
plares em todo o mundo (34). É do mesmo autor o Kalendrera
e o A B C edo Christiga (Rochela 1571). Destas obras existe
uma edição de 1900, publicada em Strasburgo pelo pastor evan-
gélico Th. Linschmann e por H. Schuchardt, conteildo uma im-
portante introdução de autoria dêste último bascófilo d e fama.
A preciosidade do Novo Testamento de Lizarraga está n o
fato de ser um documento histórico para o estudo do euskera.
Além dos autores apresentados, muitos concorreram para
o desenvolvimento do estudo da língua, entre os quais são men-
(37) Gandía E., Origenes Prearzõs de1 Pwblo Vasco, Buenos Aires, 19U,
29-31.
O Professor A. Trombetti publicou uma obra de valor apre-
ciável, LR Origine delh Lingua Basa, B o l o p a , 1925. Nesse
trabalho trata, o autor, da fonologia, morfologia e do léxico,
analisando 355 palavras, comparando-as com as de grupos lin-
oüísticos e especialmente com o do Camito-semítico e do Cau-
a,
casico. Daí concluiu que o Basco tem maior afinidade com
êste último grupo (38).
CONCLUSÃO
e
Os bascos não conhecem a sua origem, porque vieram dos
segredos da pré-história, porém sabem que são herdeiros de uma
das línguas mais antigas do mundo, não possuída por outro po-
vo atual e guarda no seu idioma, o euskera, os tesouros próprios
d o seu antigo patrimônio. O basco é um resíduo paleontológi-
co que resiste à ação do tempo com uma firmeza incomparável;
é uma luz que permite ao glotólogo divisar e aprender o sentido
da expressão humana em sua forma muito primitiva.
Assim é que autoridades, percebendo neste idioma sem par
fonte de solução para problemas de etnologia e glotologia, ex-
pressam pensamentos valiosos. Disse Trombetti: "Se in molti
casi questo singolare idioma riceve luce da altri, in moltissimi ser-
ve a chiarire ció che altrove rimane oscuro. L'importanza scien-
tifica de1 Basco appare fin da ora immensa.. . I1 Basco ci dará
Ia chiave per risolvere molti problemi relativi alla storia dei po-
poli mediterranei, alle loro migrazioni e stratificazioni successive".
São também as seguintes as palavras de Menendez Pidal:
"Não há documento histórico mais venerável do que o euskera;
êste documento vivo, esta língua conservada sobre êste territó-
rio, desde época incalculável, quem sabe se anterior ao clima e
a o período geolágico atuais".
E m conclusão, repetimos as palavras do iluminado glotólo-
g o e bascólogo Schuchardt: "Bascos! vós sois antigos, porém
não velhos ! E u vos saúdo, como quem saúda a aurora !"
Almeida, Magalhães
Afonso de Taunay
TRADlUVO
"Aí vão traduzidos literalmente, mais do que literariamente,
êsses versos de Frei Sant'Ana Galvão a pedido do meu prezado
amigo Dr. Afons,o Taunay que mos comunicou. Não são de
grande vôo poético mas revelam inspiração repassada de senti-
mento religioso e patriótico. Bem metrificados, segundo as re-
grds clássicas.
"O hino que celebra Sant'Ana é vasado no dímetro jâmbico
acataléctico, composto provavelmente segundo o de Prudêncio,
p. ex. : no Cat. Hyno. I. A medição é a seguinte :
HINO
Louvemos todos a Mulher Genitora da Virgem Mãe, que
refulge com excelsa glória na ínclita ara do louvor. Ferida d o
celeste amor, exorta todos a desprezarem o nocivo do mundo,
convidando aos bens celestiais. Exalta os suplicantes; colocada
nas culminâncias do altar, alcança a glória da terra, e igualmente
a s alegrias do céu; ó Ana, que clemente favoreces os mortais,
pedimos o prêmio do céu, por tua intercessão.
Do Acadêmico R. P. Frei Antônio de Sant'Anna, Reli,'0.10SO
Franciscano.
* * *
Hino conforme ao metro e A s palavras eclesiásticas
EPIGRAMA
A alm,a Mãe da Virgem é aclamada e amada pelo povo que
procura e visita os sagrados humbrais desta casa. Quero viver
verdadeiramente feliz contido neste lar; nunca o nosso amor
morrerá e desaparecerá em nosso coração. Os aplausos t e che-
g a m a t i da boca do tempo presente, ó Ana. Mãe da Virgeni
o qual t e aclama e ama.
5)
(OUTRO)
Cibele coroada é chamada a Mãe dos Deuses, e desta mentir:!
nasce falsa glória. Glória verdadeira é a Tua, pois a Tôrre ebúr-
nea te cultua, ó Mãe Ana, a tua Filha, excelsa RIãe.
(OUTRO)
As altas estrêlas espiam no céu coruscante, quando brilhante
percorres a tua cidade, 6 Ana. Por isso te admiram os povos e
t e chamam Lua, pois, quando apareces as estrêlas permanecem
n o Céu.
Do mesmo.
* * *
- A beatíssima Ana - Esperança firme.
8)
EPIGRAMA
Os povos louvam com o seu canto e o Céu com os seus astros
a Ana a o entrar a Mansão celeste. A sorte prometida se cum-
pre, com felizes sinais, Ana com bons augúrios ou com boa
estrêla.
* * *
9)
(OUTRO)
As belas estrêlas te contemplam desde as alturas do céu
mirando com faiscante luz as tuas plenas faces. O povo feliz te
oferece as suas aclamações e t e rende os seus amores; e os nos-
. sos prados t e ofertam suas formosas rosas. Tornam-se floridas
com a intercessão de Ana e fugirão as coisas profanas; a. pri-
mavera dura na minha cidade, a deusa nutriz das sementes.
Do mesmo.
* \* *
(OUTRO)
Sem dúvida, ó Príncipe, o hórrido inimigo perverso, moven-
do guerras cruentas, odeia a s tuas virtudes. (2) Salta êle pen-
sando desprezar-te, vencido; mas esta firme salvação t e ajuda
nos combates. E r a o fogo da ambição que planejava os danos.
Tu esplendes com os teus raios; êle queima com o seu fogo.
Ó P r í n c i ~ efeliz, vencido em nenhum momento decisivo auando
quem pede se chama Ana, Mãe da Virgem.
Do mesmo.
* * *
13)
(OUTRO)
Levantem-se em cruéis combates as falanges tartáreas e a
gente inimiga se precipite contra o nosso chefe. - Sempre será
vitorioso, terá sempre e sempre vitória; basta, basta uma só po-
tente salvação.
* * *
- Louvor dedicado a Sant'Ana
14)
EPIGRAMA
Aurora nas trevas, astro no negro pó, sol obscurecido, vive-se
um negro dia: Ó Príncipe, quem a o dizer tais coisas poderá
reter as lágrimas? Quem tais coisas vendo poderá abster-se d e
gemer? Mas para já, peço: por Ti surge a ínclita luz, mais
bela que a Aurora, o astro, o sol, o dia.
* * *
(2) Alusão à s hostilidades entre portuguêses e espanhóis n o Rio
Grande d o Sul e n o sul de M a t o Grosso onde o morgado de Mateus fun-
dara o presídio d o Iguatemi a o mesmo tempo que viria a enviar recursos
de homens e elementos bélicos de sua capitania às forças em campanha.
.(OUTRO)
Américo R. Neto
RODOVIAS -
F E R R O V I AS ma~8s@x..rnsm.
I
cômoda e vultosamente cobrado das estradas de ferro, que o
arrecadavam do grande público, era parcela bem ponderável nos
orçamentos governamentais de mais alto coturno.
-
(5) - Essa Inspetoria foi a origem de todos os departamentos de
estradas de r d a g e m do país, mesmo o federal, evoluindo em S ã o Paulo
primeiro para diretoria e, em 1933, para Departamento, que hoje é.
rede de vias píihlicas a ela especialn~entedestinadas. E projetaii-
do-se, assim, pelo exen~ploe pelo estímulo, na área territorial
inteira de uma grande unidade da Federação Brasileira.
Não esqueçamos, porém, a iniciativa particular, já em tal
tempo reconhecida e animada pelos poderes públicos. ,Desde
1917 existia em São Paulo - única da especialidade em todo o
país - a Associação Permanente de Estradas de Rodagem, mais
tarde intitulada Associaçã~oPaulista de Boas Estradas, sem de-
~ e n d ê n c i ade qualquer entidade governamental, mas formada e
sustida por pessoas e entidades de caráter puramente privado.
Essa Associação iniciara, em hbril de 1921, a publicaqão de um
mensário, primeiro chamado "A Estrada de Rodagem" e, mais
tarde, denominado "Boas Estradas", visando, exclusivamente,
proporcionar a o grande público informações, comentários e opI-
nióes sobre automóveis e rodovias, tanto n,o Estado de São Paulo
como fora dêle.
São Paulo contava, em 1921, o total de 6.583 automóveis de
passageiros e 329 auto-caminhóes. Hoje parece pouco, mas na-
queles tempos era muito, muitíssimo mesmo. Indicava a extra-
vasão do automobilismo da capital para a hinterlândia. As des-
pesas do govêrno estadual com as rodovias "recentes" chegavam,
então, a 1.817 contos de réis. Já no ano seguinte (1922) subiam
a 8.817 contos, para em 1924, têrmo do quatriênio paulista de
Washington Luís, alcançarem o total de 13.938 contos.
Washington Luís deixava em São Paulo mais de 1 . 0 quilô-
metros de rodovias estaduais "novas", tôdas "estudadas" e
construídas segundo plano sistemático. E, muito mais do que
isso, deixava implantada, tailtto n o Estado como no Brasil, a
mentalidade estrada1 da administração e da opinião públ'ica, sem
a qual não poderia evoluir, nem talvez se manter, a "Era Ro-
doviária" DO país.
DO exposto fica evidente que tanto 1908, como 1913 e 1921
podem ser tomados como tendo tido início, em qualquer dêsses
anos, por intermédi'o de São Paulo, o movimento rodoviário bra-
sileiro. É incontestável qhe em qualquer dêsses anos houve
precedência e, mesmo, impressionante continuidade de prop0-
sito e de realizações. Que fale a respeito o próprio Washington
1,uís. dizendo, em sua mensagem de 1924, apresentada ao Con-
qresso de São Paulo:
<,
O R I G E N S
'
(1) E m vista de constituir precioso depoimento da época - já lá se
vão quase trinta e cinco anos - reproduz a nossa revista as impressões
do ilustre iwtelectual Ezequiel Freire em viagem a Sorocaba, cidade sôbre
a qual nos legou êle um valioso repositório de informaçóes, nêle incluindo
dados sôbre as famosas minas e fábrica de ferro do Ipanema e sôbre o
monumento ali erigido a o grande histoiriador Varnhagen. A nossa repro-
dução é feita das reportagens d o inspirado vate resendense publicadas
e m março e abril de 1919, n o jornal "Cruzeiro d o Sul", editado em Sororaba.
Não sei donde razão houveram para tal nome darem à sa-
pela da "Senhora da Ponte" os sucessores de Baltasar Fernandes.
Não vi covas, nem buracos de espécie alguma, quer na ci-
dade, que é uma das mais asseadamente mantidas do interior,
quer nas cochilhas circundantes, onde até a s iibossorocas" fal-
t a m , mui frequentes, entretanto, nos campos nativos de solo
areento, como os sorocabanos.
, , S o b outros aspectos :
Três fases podem ser assinaladas na história de Sorocaba:
- a fase "burrífica", a algodoeira e a política, ou politiqueira, à
vontade.
A primeira decorre sob o reinado anônimo dos antigos inula-
deiros, que labutavam no comércio das tropas, concentrando anual-
mente em Sorocaba, por ocasião das feiras, entre sessenta e cem
mil bêstas.
Cabe, pois, à velha cidade de Baltasar Fernandes a glória
indisputada de haver fornecido de burros o resto desta e as pro-
víncias limítrofes.
Dêsses periódicos êxodos de muares sorocabatlos por toda
a parte há vestígios. Nota-se mesmÒ que por demais prolifica-
ram os emigrados já reproduzindo-se em unidades íntegras
("Fulano é um burro", diz-se por aí, nas paiestras, nas polê-
micas jornalisticas, nas discussões parlamentares) ; - já tem-
perando os humanos em quantidades fracionárias; - "forte pe-
daço d'asno" chama-se por todos os cantos, acêrca dos mais
conspícuos sujeitos.
A segunda fase decorre entre os anos de 186 e tantos e
1886, sob o reinado absoluto d o Sr. Mateus Mailaski, prestantz
e prestimoso cidadão polaco, assinalando-se esta época pela pros-
peridade - cultura e manufatura da indústria algodoeira, por
, aquêle cidadão fomentada.
O fato culminante do domínio Mailaski foi a construção d o
Tonel das Danaides, denominado por um pudico eufemismo ad-
ministrativo - "Estrada de Ferro Sorocabana".
Dezoito anos hão sido consumidos numa contínua e tenaz
quão infrutífera tentativa de encher-se o dito tonel; operação
para a qual concorreram os acionistas e concorre ainda a Pro-
víncia, com a contumácia e a improficuidade de um córrego a
engolfar-se em sorvedouro insondável.
O próprio inventor daquele Maelstron de sorver dinheiro,
iim dia, inadvertidamente, foi a sondar-lhe as profundezas; mas
o remoinho colheu-o no seu vórtice, sugou-o, como se se tratasse
de um saco de dinheiro; e cuspiu-o para fora, como a uma bur-
ra vazia, sem prestígio e sem poder. - Ainda desta vez cum-
priu a "Sorocabana" a sua sina originária - de sorvedoiro.
A terceira e últinw fase - "le roi est mort, vive le roi!" -
vem do destronamento d'El-Rei Mailaski; e decorre ainda sob
a realeza política do dr. Ferreira Braga, com sintomas inter-
mitentes de bruxoleamento.
Que El-Rei vigente se aprecate e não cochile à sombra dos
louros colhidos; - há quem aguarde desperto : as ambições
por via de regra não dormem.
I1
Teve Sorocaba uma vida brilhante, enquanto foi empório
comercial de muares.
Nos meses de feira a animação era enorme. - 0 s muladei-
ros traziam tropas do Paraná e Rio Grande, e voltavam, levando
em troca dinheiro amoedado. Durante a permanência dêles, gi-
ravam abundantes, das suas guaiácas de couro para as disper-
soras mãos das hetairas - as onças e os patacóes. - Gente de
costumes livres, entediados pelas abstinências dos prazeres du-
rante a s longjas noites do pouso, agora, aqui chegados, vendida
a mulada, embolsado o dinheiro - toca a folgar!
Daí um grande comércio de amor venal. Bandos de "chi-
nas" forasteiras acudiam a o tinir do oiro, ávidas, sabedoras do
apetite e da generosidade do muladeir'o dinheiroso. Contam ve-
lhos dêsses tempos que "era um Deus nos acuda" aquilo!
Pelas ruas dos subúrbios, em pleno dia, no bairro da Ponte
principalmente, floriam moças alegres, enroupadas de sêdas vis-
tosas, saias de chamalotes furta-cores com grandes ramagens
de tons variegados formando largos e pesados barrados, frente
curta descobrindo os tornozelos nus e os pés de mimosas vadias
metidos em chinelinhas baianas de marroquim vermelho ou de
belbutine bordada a lantejoulas.
Entrecruzavam-se pelas lojas dos ourives A compra das belas
arrecadas de filigrana de prata, e iam alegres, falando alto, com
uma grande flor metida nos cabelos arrepiados ainda pelas ca-
rícias amorosas da véspera; enquanto pelas ruas areentas e
faiscantes, sob o sol esbrazeador, os muladeiros faziam
tinir a ferragem dos seus lagoais de buxo, árdegos e nédios, ajae-
sados de prata em todos os aviamentos dos arreios.
A riqueza do "apero" era o apanágio do rico muladeiro; por
isso um grande garbo para êle era ter o seu pampa de estimação
coberto de prata. De prata eram 10s estribos de alta picaria, fi-
namente trabalhados, bem como os longos passadores tubula-
res dos loros; peitoral, maneador, buçaletes, rédeas e cabeçada,
tudo de trancelim de prata delicadamente entretecido, cintilava
a o sol, ao elegante curvetear dos cavalos de luxo estimulados
pelo tilintar das chilenas do cavaleiro.
E toca a tirar desforra das longas noites solitárias no ran-
cho do pouso, dormidas ao relento às vêzes, durante a longa
travessia da viagem !
No intervalo entre feira e feira, amortecia o mercado, e
debandavam as Lais educadas naquela escola transitória do amor
viajado. Algum,as tornaram-se legendárias noutras partes e man-
tiveram famoso o nome sorocabano.
Além do burro e da hetaira, Sorocaba exportava artefatos
d e metal, arreios, tecidos de couro, lã e linha. Tôdas estas in-
dústrias, fora a última que ainda se mantém próspera pelo fa- .
brico doméstico das rêdes de balanço, definharam, e vão sendo
suplantadas pelas suas congêneres do Rio Grande e Paraná.
DE %O PAULO A IPANFiM-4
A queda no sol
No Araçoiaba
'
O minério do Ipanema é o mais rico do mundo; informam-
me que contém 72% de ferro. Quanto à sua abundância, assim
se exprime o coronel Frederico Guilherme de Varnhagen, que
foi diretor daquele estabelecimento de 1815 a 1821, referindo-se
a o grupo de montanhas de formação metalúrgica que a fábrica
explora, ou melhor, devera explorar :
- de montanhas tem cêrca de 3 léguas de coni-
"Este grupo
primelito e proporcionada largura. O trecho do morro é1 de gra-
nito; e de Morte a Sul, isto é, no sentido longitudinal, é cortado
por três grossos veeiros de ferro, já magnético, já especular
(pròximamente de 7 d e t r o s de pujança). Há porém aos lados e
pelo cimo bancos de chistos de várias grés, de pedra calcárea es-
cura, de miármores, de azul da Prússia, de pederneira, de grus-
tein e até de formações auríferas. O mineral "solto à super-
fície" do morro é t h t o e tão rico, que creio dêle se poderia por
<I
mais de cem anos" alimentar a "maior fábrica do mundo", sem
recorrer a trabalho algum de mineração".
Isto, se é milito como riqueza nacional, ainda inexplorada,
importa, contudo, grande desencanto para o turista que visita
a Fábrica.
Eu, como todos os visitantes, tive curiosidade de ver as mi-
nas; lá fui, e, em vez das grandes escavaqões que pensava en-
contrar, vi apenas o minério acumulado à flor da terra, consis-
tindo todo o trabalho de mineração em carregar com êle as car-
roças de transporte.
Acima disse que a Natureza usou de assombrosa prodiga-
lidade no Ipanema; de fato: não só se acumula aí o minério de
ferro, mas tudo quanto pode facilitar a exploração dessas enor-
mes riquezas: grandes jazidas de calcáreo (do qual possuo um
iragmento, colhido atoa na pedreira: é um mármore lindíssimo,
prêto, listado de veias brancas, e por certo, em scompetência es-
trangeira, mui próprio para quaisquer trabalhos de marmoraria).
Há ainda a grés refratária, para a construção dos fornos altos;
o minério pobre, usado como fundente, etc. Tudo isso está qua-
se à superfície do solo, no recanto da montanha conhecido com
o nome de Capuava. Para carrear esses materiais, fácil tra-
balho: descem êles como que naturalmente pelo morro abaixo
até ás bocas dos fornos-altos, que os absorvem e digerem no
seu ventre de fogo, vomitando-os depois, em ondas de ferro 1í-
quido, sobre as formas modeladas no chão em que assentam
aquêles fornos, no interior da oficina de fundição.
e s t e primeiro trabalho produz a guza, que, ou é vendida
nesse estado, ou passa para o forno de refino, na oficina con-
tígua, sendo depois batida por um grande martelo movido a
água e outro a vapor, transformando-se em barras de ferro
refinado.
Confio da perspicácia do leitor que estará vendo claro na
a r t e metalúrgica, depois dessas explicaçóes tão lúcidas; se as-
sim, porém, não é, passemos adiante, a informações mais com-
preensíveis.
Fora o martelo a vapor para bater o ferro refinado, todos
os demais maquinismos da Fábrica são movidos pelas águas do
rio Ipanema, que, represado à altura conveniente, fornece uma
poderosa força motriz gratuita, força que pode ser utilizada pa-
r a mover outros maquinismos que se estabeleçam além dos já
existentes, prestando-se a isso a declividade do terreno.
Desde já trata-se de dar um maior desenvolvimento à %-
brica, elevando assim a produção atual que é de 3.000 kil. por
4 dia, a 32.000 kil., sendo 12 de ferro batido e aço. Tal é o pro-
grama do govêrno desde o ministério Sinimbu.
O ferro do Ipanema, confrontado com o melhor dos Esta-
dos Unidos, leva vantagem sobre êste. Na Exposição Indus-
trial realizada o ano passado no Rio de Janeiro, estiveram ex-
postas rodas de um e outro ferro, que havia servido nos vagões
da Estrada D. Pedro 11; a experiência provou a superioridade
das rodas de ferro fundido resfriadas na Fábrica do Ipanema.
A companhia Carris Urbanos de S. Paulo já começou também
a adotá-las.
A excelência do ferro do Ipanema resulta não só da quali-
dade do minério, como do emprêgo do carvão vegetal na fun-
dição. O combustível é fornecido pelas matas da Fábrica, cuja
área florestal abrange atualmente duas léguas quadradas. SÔ-
bre esta superfície está espalhada uma população de 500 a 600
almas, compreendendo, a!ém do pessoal das oficinas, os carvoei-
ros, os caieiros, que vivem nas matas, onde se ocupam na fa-
bricação de cal e do carvão.
Grande número de operários é de antigos escravos da na-
ção, libertos pela lei de 28 de Setembro; alguns dêles, nascidos
e educados na Fábrica, hoje diários como mes-
tres de oficina.
A Fábrica de Ferro
Quadros a Lápis
O Monumento de Vamhagen
I
A MEMÓRIA
D E VARMHAGEN, VISCONDE D E
PORTO SEGURO,
NASCIDO NA TERRA FECUNDA DESCOBERTA
POR COLOMBO.
(Cópia)
Têrmo de iilauguração do monumeiito elevado à memória do
Visconde de Pôrto Seguro, por ordem da exma. Sra. Viscondessa
de Pôrto (Seguro, e em conformidade dos desejos do seu falecido6
espôso.
Aos dez dias do mês de novembro de mil oitocentos e oitenta
e dois, achando-se presentes o sr. Comendador Fidelis Nepomu-
ceno Prates, representante da exma. sra. Viscondessa de P ô r t o
Seguro, o Diretor e m.ais empregados desta fábrica e diversos
cidadãos que assinam êste; achando-se concluídas as obras do
dito monumento, cuja pedra fundamental foi colocada no me-
morável dia Sete de Setembro, do corrente ano, foi êste inaugu-
rado pelo mesmo sr. Comendador Fidelis Nepomuceno Prates.
O dito monumento compõe-se de uma grande cruz de ferro
fundido, prêsa a uma pilastra com três degraus, assentando sô-
bre um penedo de grês, que no alto do morro Araçoiaba, fica .
saliente e olha para o oriente. Na frente da pilastra, acha-se um
escudo de ferro fundido com a seguinte inscrição, deixada em
seu testamento pelo mesmo Visconde de Pôrto Seguro: "A
memória de Varnhagen, Visconde de Porto Seguro. Nascido
na terra fecunda descoberta por Colombo. Iniciado por seu
pai, nas coisas grandes e úteis. Estremeceu sua G t r i a e es-
creveu-1he.a história. Sua alma imortal reune aqui todas a s suas
recordaçóes":
Na face oposta da pilastra está gravado o seguinte: "Nas-
ceu nesta fábrica, a 17 de fevereiro de 1816; faleceu a 29 de
junho de 1878 em Viena d'Áustria, onde tepousam seus restos \
mortais".
Na escolha d o lugar e na simplicidade do monl;mento, guar-
daram-se as expressas recomendações do mesmo Visconde, dei-
xadas em seu testamento, e no pedido que verbalmente fez a o
diretor desta fábrica, quando a visitou pela última vez em 28 de
junho de 1877.
Dentro de uma caixa colocada na base do alicerce foi encer-
rado um têrmo, assinado pelos empregados da administração da
fábrica e'mestres das diversas oficinas (cuja cbpia se junta a
êste) bem como os objetos mencionados no mesmo têrmo.
Para constar, lavrou-se o presente têrmo que vai assinado
peIas pessoas presentes.
S. João do Ipanema, 10 de novembro de 1882.
Fidelis Nepomuceno Prates; o diretor, Joaquim de Sousa
Mursa ; ajudante, Leandro Dupré ; Joaquim Aiitônio Pinto Martins ;
Felisberto N. Prates; almoxariíe, M. Francisco da Graça Mar-
tins; escriturário, J. Dias da Costa; Alfredo P r a t e s ; desenhista,'
Alfred Modrach; fiel do almoxarife, Luís Augusto Mascarenhas;
Augusto Luís Pinto Martins; eng. de Minas de Freiberg, Ale-
manha. Ostto Drtide; capelão, Padre Aljberto Francisco Gattone;
médico, dr. Raitnundo J. de Andracle; d. Latira C1emei;tina de
Sousa Mursa.
O Diretor
(a) Joaqu,im de Sousa Mursa.
Bandeira Paulista
senhora.
(1) A margem encontra-se a seguinte nota, que parece ter sido escrita
posteriormente: Znda não erão (onde neiit o forão senão IZZLMZ anno despois).
m.' Irme para a casa de meu pay, E estar lá hum aililo, E que eile
me faria toda a merçe, que Eu quisesse, que a nomeasse, E a dis-
sesse a elles, E elles me aconselhauão q. em toda á maneira o fe-
zesse porq. ganharia nisso muyto (fl. 3).
Neste tempo E r a E u de Idade de dezasete annos, E lhes res-
pondi, que Eu Viuia com o prinçipe, E era seu criado. E reçebia
delle muyta maes honra, E merçe da que Eu nierescia, E que não
Era hü homè para nenhum interesse me dobrar, para deixar de
seruir o snõr, com que Viuia, E tornoume á mandar diser por elles
mesmos, que pois não queria por bem, que elle tinha cousas coii-
tra my por onde me podia mapdar I r por Justiça fora da corte, á
isto lhe respondi muyto contra seu pareçer delles, que muyto me-
nos o deixaria de fazer por medo; alargounie rntão ElRey, E fi-
quei seruindo ate que ElRey dom Manuel falesçeo E a Kaynha
dona leonor se foi para Castella, E fuy com ella E la casei cõ mi-
nha mulher. (fl. 3 v.").
E casado de hù mes fez o Imperador hum exerçito para E,ntrar
por frança elle em pessoa, não me pareçeo razão que ficasse guar-
dando as pousadas dos outros, E me fiz prestes, E fuy com elle, E
quando chegamos a Nauarra entraua jaa o Inuerno. não pareçeo
bem com tam forte tempo ir o Imperador, E mandou por capitão
deste exerçito o Çondestabre, com que entramos em frança E ali- r
damos muyto tempo combatendo muytos lugares, E hauendo .
muytos recontros. E por derradeiro, Viemos a çerquar fonte Ra-
bia, E a tomámos.
Em todas estas cousas dei Eu a conta de my, que deuia de
dar quem se criara com tam exçellente principe; foi isto tanto q.
(fl. 4) quando chegamos da Vinda da guerra pella posta aonde o
Imperador estaua, Este duque de Alua, e o Conde de Alua de listr.
E outras quatro ou çinquo pessoas muy prinçipaes, E Eu que por
me fazerem merçe, me mettiáo E m sua companhia, e assy de ca-
minho nos fomos desçer ao passo, E beijar a mão a o Imperador,
E este me disse pallauras publicas muytas, E de tantos gabos do
'que E u lá fezera diante toda a corte, de que Eu podia ter muyta
Vaidade, E'todo o senhor leuar gosto de se dizerem a hü criado,
que elle creára.
E não contente com isto como chegamos á Burgos me man-
dou diser por Çovos, o qual mo disse perante Pero Correa que (£1.
4 v.") Era embaixador, E dom Manuel de sousa que despois for
Arçebispo de Braga, que para Isso chamou, q. elle lebaria muyto
gosto que E u Viuesse com elle, E me faria muyta merçe E se
seruiria de my em cousas muy honradas, E outras muytas alter-
caçoens que teuerão comigo para que o fezesse eu lhe respondi, que
esta E r a hua honra tamanha, q. E u á não queria senão para á por
na sepultura, mas porem q. E u tinha hum tal Rey por seiior, E
com que me E u creara, que por outro nenhuni o deixaria tudo isto
sabia ElRey, nosso seííor, porque elles mesmos lho disserão.
Isto Era em terra, onde dom João de Almeida medrou hu
conto e meo de Renda E Afonso da sylva hum, E Ruy gomez (fl.
5) da sylva Vinte, E neste tempo se conçertou o Casamento de
Vossa Alteza Com ElRey nosso sefior, E elle me escreueo, que
me agradesçenia Vir com Vossa Alteza A trazer minha mulher
em sua companhiia, o que E u fiz com m y t o gasto de minha fa-
zenda, E da alhea, que me emprestarão, porque E u então tinha
pouca, E chegamos a Euora na Era de Vinte, E cinquo.
e neste mesmo anno me fez ElRey merçe de hiia comenda,
que tenho em Beija, a qual estava arrendada em çento E outenta \
mil rs E me tirou outenta de tença, que me ficara de meu pay, E
fiquei servindo assy na Corte ate a E r a de Vinte E noue, que por
ElKey ter novas q. no Brasyl havia muytos françeses me (fl. 5
V.') mandou laa em hiia armada. onde lhe tomei quatro naos, que
todas se defenderão muy Vallentemente, e me ferirão muyta gen-
te, e assy nisto como no descubrimento de alguns Ryos, que me
elRey mandaua descubrir, tardei perto de tres annos passando
muytos trabalhos, E muytas fomes, e muytas tormentas, ate. por
derradeiro me dar hùa tam grande, que se perdeo a nao, E m que
E u hya, E escapei em hiia taboa, E mandoume ElRey Vir de laa a
cabo de tres annos.
Cheguei aqui nesta cidade Em Agosto *de 533* E logo E m
Março seguinte *de 534* me mandou a India por capitão mor do
mar, E parti daqui com cinquo naos, E todos, chegamos a salua-
mento, aonde açhey em Goa lá hùa (fl. 6) armada prestes par I r
fazer guerra a Cambaya, que estaua então muy trauada, E por lhe
parecer a Nuno da Cunha cl. E u chegaua cansado, e que me não
poderia fazer prestes tam asinha, mandaua nella Garçia de Saa E u
me fiz prestes do dia que cheguei em dez dias, E me parti nella, ,
E fuy á Cliaul tomar outra, E m que Vinha Diogo da sylueira do
Estreito, E Juntamente c6 ellas me iuy direito a hum lugar de
Cambaya que chamáo Damão có escadas E petrechos para o Com-
bater, o qual E r a muy forte, E estaua çheo de muy boa gente E
artelharia E muyto soberba de fazerè Ja de ally retirar outros
capitaens nossos com sua perda.
E chegando começei á combater (fl. 6 v.O) E a por escadas,
por onde a gente começou a sobir, E tinha mandado hum c a p i ~ ã o
a porta com Vaiuens para a quebrarem, E elles, não agiiasdarão
Isso, senão abriraõna E não ousou ninguem de entrar por ella,
porque tinhão artelharia assestada nella, E muyta gente, E muytos
espingardeiros, E Veyome recado, como a porta E r a aberta E
acudi laa, E derãme os. Portugueses lugar de muy boa Vontade,
E fuy o prim.' que por ella entrej, E tomamos a fortaleza E a
mayor parte da gente morre0 pellejando muy Valentemente, E a
outra captiuamos E toinej muyta artilharia. E muytas espingar-
das, E çento E çinyuenta Cauallos.
Atormentou isto tanto Camhaya, E (fl. 7) assy a guerra q.
lhe fuy fazendo pella costa que começarão logo a fallar em pazes,
E em darem Baçaym como derão no Cabo do Verão E porque de
E1Rey de Cambaya s e fiava pouco assy por ser g r a m senhor, como
mudauel muyto, me deixou Nuno da Cunha inuernando em ChauI
na frontaria de Camhaya, onde estive aquelle Inuerno dando ;le
Comer a quitlhentos homens, E no meo delle começarão os mogo-
res a iazer guerra a ElRey de Cambaya, E elle me escreueo que
fosse laa, q. elle me daria fortaleza em Dlyo, cousa que t a m desei-
jada E r a E sobre que se tanto tinha gastado, E u opus E m parecer
desses fidalgos, E capitaens que estauão comigo, os quaes todos
forão Contra isso assy porcl. O tempo (fl. 7 v.') E r a aInda muy
Verde, E muy perigoso para nauegar, como polla pouca conEiança
E segurança, que tinhão de ElRey de Camhaya.
P o r çiina de tudo isto, E u m e determinej a Ir, E lhes disse
que não queria que por iny se perdesse hira occasião tamanha,
como se oifereçia, que E u não hauia de mandar a ninguem que
fosse comigo, que E u Iria cõ os meu.s criados, E que em my se
aueiituraua muy pouco, E em se perder hüa cousa de tanto ser-
viço de Sua Alteza se perdia muyto. cluiserão então I r todos conli-
c o E i130 quis leuar niaes q . cem homens. E deixei os Capitaens,
E a outra gente fazendo prestes a armada para o que fosse ne-
cessario.
e parti com dez Catures q. são navios (fl. 8) miiyto pequenos
por não auenturar a armada grossa, E Chegamos a Dvo qttasi per-
didos de todo, E muyto arreçeosos de 110s não fasere muyto boa
h o s p e d a g è , ' ~que foi o contrario, porque tive gasalhado com todas
as h o i ~ r a sE prazeres, E ahastansas do mundo. E lozo me ElRey
ciltregou o lugar per sua mão aonde hauia de fazer a fortaleza, E
me metteo de posse della, E porem com condição, que E u fosse c6
elle pella terra dentro aIudallo na sua guerra, que E r a mayor pe-
rigo q. todos estoutros, mas Eu por chegar a o Cabo de hü seruiço
tamanho de ElKey nosso senl-ior lho conçedi; E inaildei recado a
Nuno da Cunha, o' qual Veyo cõ a sua arm,ada dahy a hutn mes,
E começamos a fazer logo a fortaleza. que naquelle Verão ficou
para se poder recolher a gente E defender nella (fl. 8 v.').
Neste tempo quis ElRey de Cambaya Ir defender hüas çida-
des suas, que os mogores lhe Vinhão tomar, E disse q. lhe cuni-
prissem hum dos Capitulas do Conçerto, que E r a q. Eu hauia de
I r com elle aIudarlhe a fazer a guerra, E pedia q. fosse mil homens
comigo, não pareçeo bem a Nuno da Cunha n& E r a razão q. se
auenturasse tanta gente porque hya muy auedturada, começousse
ElRey a aggrauar q. lhe quebrarão as capitulaçoens E a querellas
elle tambem quebrar E aleuantarse, E eu o amansej, E applaquei
com dizer que lhe n ã o quebraua nenhüa cousa. E do q. E u ficara
cõ elle, porque E u não ficara senão de I r com elle, E não fallara
- -
Voltaram os Bandeirantes !
Voltou aquêle que arrancou ao flanco
do Jaraguá o ouro primeiro, e foi
bater no Araçoiaba o ferro em brasa. . .
Voltaram os Bandeirantes !
Voltou o que ao mo rer, no Parapuava,
na página-de-rosto ckos "lnisiadas"
lavrou seu testamento de pobreza,
amalgamando duas epopéias. . .
Voltaram os Bandeirantes !
Voltou das cinzas e voltou do pó
de Guaíra e do Tape destrocados
o que expulsou o Hispânico, trazendo
todo o mapa do'Sul em suas solas!
Aquele que, depois, galgando os Andes,
e descendo o Amazonas, quis lavar
no Pacífico as mãos, e os pés no Atlântico..
Voltaram os Bandeirantes!
Voltou o que as caatingas do Nordeste
semeou de cidades e fazendas,
e abateu o quilombo de Palmares.. .
Voltaram os Bandeirantes!
Voltou do enigma do sertão goiano
o "diabo velho" que incendiou as águas
na luta longa do devassamento. . .
Voltaram os Bandeirantes !
Voltou aquêle sonhador do sono
verde das esmreraldas fabulosas
sumidas no sumir do Sumidouro.. .
Voltaram os Bandeirantes !
Aquêle que achou o ouro das Gerais;
e os que o foram buscar, varando rios,
pelos confins sem fim de Mato Grosso;
e o que, confiante, foi com seus canoões,
Tietê abaixo, para a fundação
da trágica traição de Iguatemi.. .
Voltaram os Bandeirantes!
Voltaram os que andaram desfolhando,
. a ferro e fogo e suor e sangue e lágrimas,
toda a rosa-dos-ventos, só guardando
da flor, que orienta o mapa que traçaram,
o caule dos acúleos finos, para
para a coroa-de-espinhos que aingiram . . .
Voltaram os Bandeirantes
num paredão humano de calcário:
.
nossa primeira e última trincheira. . ,
Voltaram os Bandeirantes
talhados na rocha viva
que a Arte. paralizou
num ritmo de Eternidifde! I
Benvindos os Bandeirantes !
Benvindos pela Fé,
benvindos pela Fôrça,
benvindos pelo Amor,
benvindos pelo Ideal :
Fé, Força, Amor, Ideal
que são a nossa herança
inalienável e única !
Afonso de E. Taunay
7)
Carta de Salvador Correia de Sá e Benevides, de 9 de abril
de 1645, à Câmara Municipal de S. Paulo participando-lhe a s u : ~
nomeação para Governador Geral das Minas e as nomeações qvç
iizera para tesoureiro e escrivão da Casa da Moeda de S. Paulo
a o Padre Fernando de Faria e Francisco Barbosa de Aguiar. (Cf.
"Revista do Instituto Histórico de S. Paulo". 8,391).
11)
'Certidão passada em S. Paulo, a 22 de outubro de 1646. por
Francisco Roiz Velho, Bartolomeu Fernandes de Faria e Manuel
Coelho da Gama respectivamente provedor, tesoureiro e escrivão
"da casa da Moeda, 1 V Z ' i e Quintos Reaes de S. Paulo".
Tratava-se do resultado de um ensaio docimásico requerido
pelo sertanista Antônio Nunes Pinto e relativo a um minério su-
posto argentífero". (Arquivo Histórico Colonial, de Lisboa, S.
Paulo, papéis avulsos 1653).
Êste homem, êste digno ciaadão, bem merece que lhe seja
conferido, sem favor algum, o prêmio Nobel da Paz, e para quem
eu peço o valoroso apoio de toda a assistência aqui reunida, pois
foi êle quem abnegadamente cruzou o sertão ignoto para demons-
t r a r à humanidade que o lema de Dlante Alighieri, que era lem-
brado por todos os que se emhrenhavam na selva, deixou de exis-
t i r : LASCIATE OGNI SPERANZA O V011 C H E ENTRATE;
hoje se pode traduzir sem rnêdo: SÊDE BENVINDlOS TODOS
QS QUE QUEIRAM TRABALHAR PELO PROGRESSO! E O
ENGRANDECIMENTO DlO AMAZONAS E DO BRASIL.
E por último, meus Senhores, depois de tanto ter abusado
da bondade de todos os presentes, sòmeilte me resta agradecer
a gentileza que tivestes ao receber o modesto compatriota.
Se algum dos presentes tiver desejo de interrogar-me sôbre
as minhas andanqas por êsse mundo de Deus, eu estaria disposto,
tle inriito bom grado, a contar-lhe todas as atribulaçóes por que
passei e também as recompensas que, como neste caso, tive a
grande felicidade de receber.
Do<umentos sobre as Terias do Jaraguá
4 de Novembro de 1W1.
PWA"-"
. '
i
t
Autto de Posse
CERTIFICA. a
pedido verbal de pessoa interessada, que revendo o Archivo. do
cartorio a seu cargo encontrou no Livro de Notas numero trinta
e sete à folhas quarenta e quatro a escriptura do theor seguinte:
- Escriptura de Venda, que fas Tristão Eclime de M'dval a Dona
Gertrudes Galváo de Oliveira e Lacerda de huma fasenda deno-
minada Jaragua no Termo desta Cidade, pela quantia de quatorse
contos de reis, fiado por hum anno, como abaixo se declara.
Saibão quantos este publico Instrumento de Escriptura de venda
virem, que sendo no Anno do Nascimento de Nosso Senhor Jesus
Christo de mil oitocentos e trinta, aos onse de Dezemllro do dito
anno, nesta Imperial Cidade de São Paulo e Casa de morada de
Dona Gertrudes Gaivão de Oliveira e Lacerda onde fui vindo para
passar a presente Escriptura, e sendo a mesma ahi presente, e
assim mais o Vendedor, Tristão Eclime de Wdval, ambos reconhe-
cidos de mim pelos proprios de que dou fé, ahi pelo Vendedor
dito Tristão Eclime de Wdval foi dito ~ e r a n t eas testemunhas a o
diante nomeadas, e assignadas, que elle era Senhor e possuidor
de huma Fasenda denombd'a Jaragua, no T e r m o desta Cidade,
com Casas de vivenda. terras de Lavouras, C a m ~ o sde Criar.
Terrenos Ouriferos, bemfeitorias. Lavouras existentes, e todos
os utensilios, que alli se acharem; e assim mais trinta e dous
Escravos, entre Velhos, e Crianqas, Mobilia, Gado vacum, Moar
e Cavalar, cuja 'Fazenda, e seus pertences possue elle vendedor
livre e desembargada, pela haver comprado de Fernando Jo-
sé da Rocha, e sua Mulher dona Maria Joaquina da Conceição,
como fasia certo pela Escriptura que a o favor desta appresen-
tou, d e que dou fé: e que assim, e da mesma forma que possuia
vendia, como com effeito vendido tem a Dona Gertrudes Ga1-
vão de Olliveira e Lacerda pela quantia de quatorse contos de
reis, fiado por hum anno, pagando ella Compradora as respec-
tivãs Sizas, a saber: as Terras, e Casas. por hum conto e du-
sentos mil reis, trinta e dous Escravos entre velhos e crianças
por oito contos e oitocentos mil reis. Mobilia, gado Vacum,
Moar, e Cavalar, por quatro cont,os de reis, que tudo ?'a2 a ref-
ferida quantia de quatorse co~ltosde reis; o que tudo ella Com-
pradora havia mandado examinar pelo Tenente C,aetano José
Gomes Carneiro ; Cuja Escriptura, e mais Titulos antigos da mes-
ma Fasenda, elle Vendedor ao faser desta entregou a ella Com-
pradora, bem como huma Relação dos nomes dos ditos Escravos ;
e na pessoa da mesma cede, e traspassa toda a posse, jus, domi-
nio e util Senhorio, que na Refferida Fasenda tinha, para que a
possa lograr por si, e seus herdeiros, vender, e doar como cousa
sua que fica sendo de h'oje para todo o sempre, pois que elle
Vendedor fasia esta venda de sua livre vontade, e se obrigava a
responder por qualquer duvida que sobre a mesma se haja de
suscitar para o fucturo. E pela Compradora dita Dona Gcrtrudes
Galvão de Oliveira e Lacerda, foi dito que acceitava a presente
na forma nella declarada. E de como assim o disserão e outor-
garão me pedirão lhes lavrasse a presente nesta ru'ota; ao que
eu Tabelião como pessoa publica, estipulante, e aceitante, lhes
acceitei suas outorgas em nome de quem mais tocar possa ausen-
te, e passei a presente' por me ser destribuida e appresentado o
conhecimento do debito das Sizas, que tudo hé do theor seguinte
= A Baylão. Escriptura de Veitdia que fas Tristãa E & de
Wdval a Dona Giertmdes CYalvão de Oliveira e Lacerda de huma
Fasenda denominada Jaragua do Termo desta Cidade pela quan-
tia de quatorze Contos de reis fiado por hum anno, a saber: ,As
terras e 'Casas Dor um conto e dusentos mil reis = trinta e dous
Escravos entre Velhos e Crianças por oitp contos e oitocentos
mil reis. Mobiliia, gado vacum, moar e Cavalar, por quatro
contos de reis pagando a Compradora as Respectivas Sizas. São
Paulo des de Desembro de mil oitocentos e trinta = Almeida
= No competente Livro fica lançada a Verba por lembrança do
pagamento que tem de faser a Illustrissima Senhora Dona Ger-
trudes Galvão de Moura e Lacerda da ~ r e s e n t edata a hum anno
da quantia de quinhentos e secenta mil reis, de que passou Le-
tra, a saber: cento e vinte mil reis, siza de um conto e dusentos
mil reis, preço do Sitio e Terras chamadas do Jaragua, e quatrg-
centos e ãuarenta mil reis, meia sisa de oito contos e oitocentos
mil reis preço de Reis trinta e dois Escravos ladinos pertenceii-
tes ao mesmo sitio, tudo comprado pela dita Senhora Dona Ger-
trudes Galvão, a Tristão Eclime Wdval, fiado por hum anno,
conforme a o Bilhete da Destribuição com data de hoje. São
3 Paulo, des de Desembro de mil oitocentos e trinta = 0 1 Escri-
I
v ã o das Sisas Francisco de Assis e Crus = E sendo-lhes a pre-
sente por mim lida acceitarão e assignarão com as testemunhas i
presentes o Tenente Caetano José Gomes Carneiro e Bernardo Jo-
sé da Annunciação, reconhecidos de mim José Marianno da As-
sumpção Baylão Tabelião que o escrevy. - Tristão Eclime
de Wdval. - D. Gertrudes Galvão de Olliveira e Lacerda. - Cae-
tano José Gomes Carneiro. - Bernardo José da S.a Anunciação.
- Nada mais se continha em a escriptura aqui transcripta bem
e fielmente, do que dou fé. São Paulo, aos cinco dias do mies de
Janeiro de mil novecentos e quatorse. Eu Antenor Liberato de
Macedo, Tabelhão interino, a conferi, subscrevi e assigno
Antenor Liberato de Macedo
Desentranhado dbs autos de Demarcação da fasenda Jaragua, re-
querido por Theophilo Prado de Azambuja, ficando o translado.
E dou fé
S. Paulo 8 de Novembro de 1919
o Escrivão . . . . . . .
Levantamento Cronológico
Outorgada :
FAZENDA DO ESTADO D E S 9 0 PAULO, nos termos clc Dec.
10.877, de 30- 12-39.
E1 Rey noso senhor tendo respeito aos serviços que Diogo gonçal-
ves Laço natural da cidade do salvador e filho de Pedro Aires de
Aguirre fes de 25 annos a esta parte no Brasil e neste Reino em praça
de soldado e de Alferes desde o anno de 629 ate o de 643 achando-se na
recuperação da Cidade do Salvador os annos de 624 e 25 na resistencia
que nos de 627 e 38 se fizerão do general Pedro peres acometendo
aquella praça com alguas naos olandezas e ao Conde de Nazao hindo
com poder superior sitialla e na obra das fortificasóes della proce-
dendo em tudo com particular zello e ultimamente despois de deixar
a fazenda que pesuhia no distrito de Pernambuco por seguir o serviço
desta coroa vindo o anno pasado de 643 daquellas partes pasar o Alem-
tejo aonde servio todo o verão de soldado na companhia dos aventurei-
ros a sua custa e lhe pertençera aução ( ? ) dos serviços que seu avô
Diogo Gonçalves Laço fes em praça de capitão por dicurso de 6 annos
nas minas de S. Viçente até morrer no descubrimento dellas H a por bem
de lhe fazer merce em satisfação de tudo na sucessão da capitania do
forte de S. felipe de tapagipe na Bahia de todos os santos de que seu
pay he proprietario para lhe suceder nelle por morte visto não poder
ter efeito a merce que por Alvara particullar se tinha comsedido ao
mesmo seu pay para nomear a dita capitania em outro filho por estar
de prezente em castella com declaração que nos Registos do Alvara
referido se porão as verbas neceçanas em Alcantra a 3 de Junho de 644.
Torre do Tombo - Livro das Portarias
Liv. 1 - Fls. 177v.
E1 Rey noso senhor tendo respeito aos serviços que Duarte Cor-
. rea Vasqueanes filho de gonçalo Correa fes a esta Coroa desde o ano
-de 616 até o de 642 jmterpoladamente nas Capitanias do Rio de Janeiro
e S. Vicente os primeiros 2 annos de procurador das minas do ouro do
distrito de Villa de S. Paul10 e de capitão mor e ouvidor da Capitania
de S. Vicente na auzeiiçia do proprietario descubrindo por meio de sua
diligençia e despeza de fazenda propria mais minas das que de antes se
tinha notiçia no mesmo destrito de que resultou mayor utilidade no ren-
dimento dos quintos que tocão a fazenda real e sendo despois provida
de capitão de cavallos na cidade de S. Sebastião do Rio de Janeiro e
emcaregado da çapitapia de hü dos fortes da barra della procedendo
em hú e outro posto como devia fazendo alguas sahidas ao mar com
en~barcasõis,e criados a sua custa em ocazião de inimigos na costa
nos quais ajudou a fazer algiias prezas e servindo ese de Capitão mor
da mesnia Cidade em lugar do proprietario todo o tempo que lhe subes-
tetuio proçeder como delle se esperava e da mesma maneira se haver no
comprimento de suas obrigaçois em quanto serviu de Alcaide mor da-
*
quella praça e de Capitão do forte que tinha a cargo com grande clispen-
dio seu e por falecimento do Capitão mor do Rio de Janeiro Martini
de saa ficar servindo muito tempo o mesmo cargo com tanta conserva-
ção e zello do Povo daquella Praça que noutra auzençia que o Capitão
mor salvador Correa de Saa e Benavides fes lhe deichou tambem en-
carregado por çer a pesoa que nelle se achava de pauor comfiança
e partes que o podia ocupar e finalmente sempre, que se oferece0 ocazião
do serviço desta Coroa daquella banda asistir com sua fazenda e
escravos na ddenção da mesma praça H a por bem de lhe fazer mei-ce
em satisfação de tudo de promeça de vinte mil reis, de penção em
húa Comenda das que se ouverem de pensionar da ordeni de christo
para os ter com o habito della que lhe tem mandado lançar em Lixboa
a 7 de Abril de 644.
Martim Correa de Sa
E1 Rey noso senhor ha por bem de mandar lançar o habito de
christo a martim Correa de saa fidalgo de sua caza filho do gene-
ral salvador Correa de Saa e Benavides para o ter a titullo da
Comenda de S. Salvador da mesma ordem e manda que para haver
d e receber o habito se lhe fação as provanças e habilitaçois de sua
peçoa na forma dos estatutos e definiçois da ordem em Lixboa
a 9 de Abril de 644.
Torre do T o m b ~- Portarias do Reino
Liv. I - Fls. 161) v.
Dom João por graça de Deos Rey de Portugal e dos Algarves da-
quem e dalem Mar em Africa senhor de guine e da comquista Navega-
qçáo Comercio da Ethiopia Arabia Perçia e da India etc. como gover-
nador e perpetuo administrador que sou do Mestrado caballaria e or-
dem de Nosso senhor Jezus Christo ; Faço saber a vos Reverendo Bispo ,
da Capitania do Rio de Janeiro do meu Conçelho que por hora estar
vaga a vigairaria da Igreja Matris da Villa de Otu da Serra asima
da Cidade de São Paulo dese Bispado por faleçimento do Padre Philipe
de Campos vltimo possuidor que delle foi e pella boa informação que
me destes do Padre Felix Nabor de sua sufiçiençia vida e custuines,
e nomeação que nelle fizestes na forma da faculdade que pera semelhan-
tes nomeações vos tenho concedido; Hey por bem e me pras de o
aprezentar na dita vigairaria como com efeito aprezento e hey por apre-
zentado que a servira como convem ao serviço de Deos e bem da mesma
Igreja e das Almas de seos freguezes; e vos emcomendo e -rido que
nella o confirmeis e lhe passeis vossas Letras de confirmação della na
forma costumada em que se fará expressa menção de como o con-
firmaste~por minha aprezentação para guarda e conservação do direito
da dita ordem e com a dita vigairaria havera o mantimento seilario
proes e precalcos que lhe pertençerem de que tirara Alvara de manti-
mento pello meu Conçelho Ultramarino; e esta se cumprira sendo pas-
sada pella chancelaria da ordem e se passou por duas vias huma so ha-
vera effeito; Luis da Silva Ribeiro a fes em Lixboa aos 30 de Abril de
1714. Luis dé Sousa de Carvalho a fes escrever. E1 Rey.
Torre do Tombo - Chancelaria da Ordem de Cristo
Liv. 90 - fls. 148 v.
Dom phelipe etc. como governador etc. faso saber a vos Reveren-
do Dom miguel pereira bispo do brasil do meu Comcelho que por ora
estar vaga a igreja da villa de sam paul10 do destricto da administra-
ção do Rio de Janeiro que he da dita ordem e pella boa imformação
que me destes de manuel nunes Clerigo do habito de sam pedro de sua
suficiencia vida e costumes e ter as partes neceçarias para a bem servir
hei por bem e me pras de nella o apresentar como com efeito apresento
E hey por apresentado que a servira como cumpre ao serviso de deus e
bem das almas dos freigueses della. E vos emcomendo e mando que
nella o confirmeis e lhe passeis vossas letras de Comfirmação della na
forma costumada nas quais se fará expressa E declarada menção de
como o comfirmastes a minha apresentação para guarda e conservação
dg, direito da dita ordem e com a dita igreja haverá o mantimento a ella
ordenado E os prois e precalcos que lhe direitamente pertencerem e
ella se cumprira sendo passada pella Chancelaria da dita ordem dada
em lixboa aos 23 de agosto de 629 Manuel pereira de Castro a fes.
Torre do Tombo - Chancelaria da Ordem de Cristo
L. 26 - fls. 205.
Dom phellippe per graça de deos Rey de portugal e dos algarves
daquem e dalem mar em africa senhor de guine e da conquista nave-
guação comercio, de ethiopia arabia perçia e da India, etc como guover-
nador e perpetuo administrador que sou do mestrado Cavalaria g ordem
dgpnosso senhor Jesus christo faço saber a vos Lourenço de men-
donça administrador de Jurisdição eclesiastica do Rio de Janeiro
que tendo consideração a o impidimento que manuel soares lagarto
vigario da igreja da viilla de santos das Capitanias do sul dessa
administração tem pera não poder servir a dita igreja como cum-
pre ao serviço de deos e meu e bem das almas dos freguezes
della e vista a nomeação e boa jnformação que me destes de
fernão Roiz de Cordova clerigo do abito de sam pedro de
sua sufiçiençia vida e custums ; E y por . m e me praz de o aprezentar
por coadjutor e futuro susseçor da dita jgreja que a servirá como cum-
pre Ao serviçp de deos e bem das almas dos freigiiezes della e vos en-
comendo e mando que nella o Confirmeis e lhe faseis vossas Letras de
confirmação, della na forma custumada nas quais se fará expreça e
declarada menção de como confirmastes a minha aprezentação pera
guarda e conservação do dereito da mesma ordem e cõ a dita jgreja
averá o mantimento a ella ordenado e os proes e percalsos que direita-
mente lhe pertencerem e esta se cumprira sendo pasada pella chance-
laria da ordem Balthezar gomes a fes em Lixboa aos vinte e quatro
de abril de mil e seiscentos e trinta e seis annos: manoel pereira de
Çastro a fis escrever.
e1 Rey
Torre do Tombo - Portarias do Reino.
Liv. 28 - fls. 300
Dom Pedro etc. como governador etc. Faço saber a vós João Pi-
menta de Carvalho Deão da Sé do Rio de Janeiro e Governador do
Bispado delle, com vossa auzencia ao Cabbido sé vacante que por hora
estar vaga a igreja de S. Paulo, sita na vila de S. Paulo que he desse
Bispado por falecimento do padre Pedro Gomes Albernás ultimo, e
imediato possqidor que dela foi; e pella boa informacão que tenho do
padre Bento Corvello Maciel clerigo do habito de S. Pedro de sua su-
ficiencia, vida, e custumes. Hey por bem, e me praz de nella o aprezen-
tar como com efeito aprezento, e hei por aprezentado que o servirá-
como conve ao serviço de Deos e bem da mesmo igreja, e das almas de
seus freguezes, e vos encomendo e mando que nella o confirmeis, e lhe
passeis vossas letras de confirmação della na forma custumada em
que se fará expressa menção de como o confirmastes por minha apre-
zentação para goarda, e conservação do direito da dita ordem, e com a
dita igreja haverá o mantimento, salario, proes e precalços que lhe
pertencerem e esta se cumprirá sendo passada pella chancelaria d a
ordem.
Manoel Guedes da Costa a fes em Lixboa a 5 de Abril de 1696.
Antonio de Souza de Carvalho a fes escrever. E1 Rey. Apostilla - Ha-
vendo respeito ao que se me reprezentou por parte do Padre Bento
Corvello Maciel existir no governo do Bispado do Rio de Janeird o
Deão João Pimenta de Carvalho para o collar na Igreja de S. Paul@
sita na Vila de S. Paulo em que o tenho aprezentado pela carta atras
escrita. Hey por bem, e mando ao Padre Thome de Freitas Vigario
da jgreja da Candelaria que esta servindo de Governador do Bispado
ou a quem o mesmo cargo servir colle na dita jgreja ao dito Padre
Bento Corvello Maciel contheudo na carta atras na conformidade della ;
e esta apostilla se cumpra e goarde como nella se conthem sendo passada
pela chancelaria da ordem. Manoel Gúedes da Costa a fes eni
lixboa aos 12 de janeiro de 697. Antonio de Sousa de Carvalho a
fes escrever. E1 Rey.
Torre do Tombo - Chancelaria da Ordeni de Cristo
Liv. 60 - Fls. 150 v.
Dom João etc. como governador etc. Faço saber a vos Reverencio
Bispo do Bispado de São Paullo do meu conselho, que por alvara de
seis de Mayo de mil setecentos e quarenta e seis Fui servido Erigir
de novo Cathedral nesse bispado e criar nella dec Conezias e vos con-
cedi tambem faculdade para que nesta primeira Erecção as pudesse
nomiar e instituhir logo canonicamente aos que por nós forem nomea- .
+
dos sem embargo de não estarem comfirmadar por mim as nomia-
çóes, e por me reprezentar o Padre Lourenço Leite Penteado Presbi-
ter0 do habito de São Pedro estar por vos nomeado instituido e colla-
do em huma conezia dessa nova Sé na forma da faculdade que para
o dito efeito vos concedi: Hey por bem e me praz de o aprezentar
na dita conezia como com efeito o aprezento e l-iey por aprezentado
que o servirá como cumpre ao serviço de Deus e heili da mesma Sé,
e vos encomendo que nella o comfirmeis e lhe passeis vos-
sas letras de comfirmação na forma custumada em que se fará
expreça menção de como nella o comfirmardes por esta minha apre- .
zentagão para guarda e conservagão do direito da mesma ordem, e com a
dita conezia havera o mantimento, salario, proes e precalssos que lhe
pertencerem de que tirará alvará de mantimento pello meu Conselho
Ultramarino, e esta se cumprira sendo passada pella chancelaria da c,r-
dem e se passou por duas vias que so huma havera efeito. Lixboa 9 cle
Julho de 1798.
A Raynha
Torre do Tombo - Chanc. Antigas da Ordem de Cristo
Liv. 265 - Fls. 164
Documentos sôbre São Paulo, copiados em Por-
tugal pelo Sr. Allredo Mendes de Gouveia, por
solicita(ão do Sr. José Pedro Leite Cordeiro
Senhor
E u E1 Rey faço saber aos que esta minha Provizáo virem que
por t e r rezoluto que na villa de santos, haja hum Cirurgião de boa
capacidade que assista a cura dos soldados daquelle prezidio,
dando-se-lhe da minha fazenda o mesmo que se dá a o da Nova
Colonia; e na pessoa de Manoel Paez Cordeiro concorrerem os
requezitos de ser cirurgião aprovado e ter exercitado a sua
a r t e nesta Corte c~omboa acceytação; Hey por bem fazer-lhe
merce do ditto cargo de cirurgião mor da villa de Santos por
tempo de seis annos, para assistir à cura dos soldados daquelle
P'rezidio; com o qual cargo haverá de soldo quinze mil rs. cada
mes; Pello que mando ao meu governador da Capitania do Rio
de Janeiro, e ao Provedor de minha. fazenda della fassão assentar
ao ditto Manoel Paez Cordeiro o ditto soldo para se lhe pagar de
minha fazenda na formia que he pago o Cirurgião mor da Nova
Colonia. E o ditto meu governador lhe fará dar a posse do ditto
cargo e lho deixe servir pello ditto tempo de seis annos; E elle
jurará em minha Cancellaria na forma costumada de que se fará
assento nas costas desta Provizão, a qual se cumprirá inteira-
mente, como nella se conthem sem duvida algua e valerá como
carta sem embargo dai ordenação do 1.O 2.0 t t . ~4."; em contrário;
E por hua certidão dos officiaes dos novos direitos consta não
dever novos direitos por assim o determinar a Junta dos Tres
Estados; Manoel Pinheyro da Fonseca a fez em Lisboa a trinta
de Janeiro de mil settecentos, e dous S e ~ r e . ~ *Andre
~o Lopes de
Laure a fes escrever.
Rey '
Conde de Alvor
Provizão porq. V. Mg.e faz m.ce a M.e' Paes Cordeiro do Cargo
de Cirurgião Mor da villa de Santos por tempo de seis annos,
para assistir à cura dos soldados daquelle prezidio; com o soldo
de quinze mil rs. cada mes, como nella se declara.
E m test.O de verd.e
D.OS Nunes da Costa tabalião publico do Judicial e notas nesta
vila de são Paulo e seu termo reconheso e faço fé ser a letra e
sinal asim publico como razo asima do tabelião da villa de san-
tos João da veiga e a reconheso pello t e r visto escrever em a dita
villa e ter visto muitas vezes sinais seus publicos e razos e per
verdade pasei o prezente reconhesemento em que, me asinei de
8
Em t.O de
João B ~ P . .da
~ " S."
O D.Or Ant.0.de Basto Pr." do
Nada do ~ u p . ~em
" meu cartorio segundo folha São Paulo e fr.O,
de 1712.
D.OS Nunes da Costa
Nada do S ~ p p . ~athe
' oje 20 de fvr.O de 1712.
Vargas.
E por não haverem mais Escrivaens que fallem a esta folha nesta
cid.' de Sam Paulo, eu escrivam a fiz ~ o n c lao
. ~ Dez." Sindicante
e ouvidor G."' o D.Or Ant.0 da Cunha Sottomayor de que fis este
termo eu Joseph de Vargas Pisarro que o Escaevy
. C1.a
Julgo a folha por legitimam.te !Corrida. S. P. e Fev.'O 21 de 712.
Ant.0 da Cunha Sottomaior
(Seguem os reconhecimentos: Do tabelão João Baptista da Silva,
de Lxa. 26 de Junho de 1721, e do D.Or Ant.0 de ait to Pereira, de
L x . ~3 de Julho de 1721).
* * *
Diz M." Paes Cordeyro Cyrurgião Mor desta prassa de Santos
por provizão de Srnag.de G Ds. G.de 5 pea bem-de seus requerim.foS
lhe he neçessa a elle ~ u p hüa
? ~ Certidão do escrivão da faz.da Real,
en ij conste q desd,e o ultimo de Outubro de mil setecentos e sinco,
the o prez?" tempo, se não remete0 p.a esta prassa, de medicam.fos
mais ij hüa Botica pequena, a q.al veyo logo, comesou a governar
o Mestre de Campo Jozeph Montr.0 de Mattos e sem embargo da
dita falta de medicam.W ij p.a os soldados desta prassa se devi20
remeter, asistio elle Supp.fe com elles a custa de sua fazenda, a
todos os 6 adoeçerão, como he notório o fes, e o está ainda d e
prez.fe fazendo ; pelo ri.
P. a Vm. seja serv.O ordenar se lhe passe d.a Certidão do
constar na verdade e em modo fasa fé
Passe do constar
Correa
* * *
Luiz Monteyro da Rocha Escrivão da Fazenda Real Almoxarifa-
do Contos, e Matricula da Infantaria paga desta / Diesta praça d e
Sanctos. Certefico em como neste Almoxarifado não tem entrado
Botica algua mais que duas hua que já h á m.tos tempos que n ã o
tem medicamentos que prestem por se haver: conrompido, e ou-
t r a que por limitada vinha em tempo que Governou o Mestre de
Campo Joseph Montr.0 de Mattos que pouco tempo durou, e me
consta que o (Cirurgião moir desta praça assiste aos .soldados, e
suas curas com os seus medicamentos sem pella fazenda real lhe
serem pagos, porq depois que ha ~nfantapianão consta mete-
remsse mais medicamentos que os sobreditos, havendo nove para
des annos que o dito sirurgião mor assiste neste prezidio d e
que passey a prezente por mlim feita, e asinada em Sanctos aos
vinte de outubro de mil e setecentos, e des Em vertude do des-
pacho atras do Provedor da Fazenda Real Timotheo Correa de
Goes.
Luiz M ~ n t da
. ~Rocha
~
Senhores Consócios :
Completa o nosso sodalício mais um ano de vida e mais d e
meio século de fecunda existência, devotada a o trabalho perseve-
rante em prol do engrandecimento e prestígio cultural e cientí-
fico da nossa terra, através das pesquisas históricas e estudos
afins, colhidos e trazidos a plenário pelos nossos consócios.
A messe de trabalhos, que empolgou as atividades do Insti-
tuto, foi grande e heterogênea, porém graildemente proveitosa.
Dentre os vários problemas focalizados, com particular ca-
rinho e interêsse, merecem destaque os que abaixo enumeramos
e que já poderemos, alviçareiramente, considerar resolvidos.
NOVA SEDE
Grande aspiração do sodalício consiste na realização da cons-
trução do novo edifício da sua sede social. Não desejamos enu-
merar os primórdios dos planos preparatórios da sua construção
e as inúmeras dificuldades que tivemos de transpor, pois tais fa-
tos já foram minuciosamente expostos em nosso Relatório an-
terior.
Hoje diremos que o plano se está concretizando. Nó terreno
onde existia o velho prédio já se erguem as fundações de concPeto
armado Tais serviços são acompanhados com interêsse e per-
sistência, pessoalmente, pela Presidência que, a miúde, vem veri-
ficando o desenvolvimento da obra, confiada à firma Construtora
Celbe Ltda., cujo diretor é o nosso consócio Eng. Pérsio Pereira
Mendes, nome que dispensa melhores apresentações. Há; porém,
a considerar a exigüidade da área e sua localização no coração
do centro urbano, circunstâncias que não permitem plena Ivolu-
ção dos trabalhbs.
É nosso ardente desejo, entretanto, que possamos inaugurá-
10 por ocasião do Congresso Comen~orativodo I V Centenário da
fundação de São Paulo, em 1954.
MEDALHA
Depois de sucessivas reuniões em que se discutiu a oportu-
nidade do Instituto apresentar, por ocasião dos festejos do IV
Centenário, a sua medalha comemorativa, tornou~se,enfim, uma
realidade essa aspiração. O sodalício já possui a sua singela,
porém sugestiva medalha que, heraldicamente, recorda a terra de
Piratininga nas suas diversas épocas : - colonial, imperial e. re-
publicana.
LIVRO COMENIO~RATIVO
A publicação de um livro comemorativo, promovido e editado
pelo Instituto, completa a série dos anseios que todos nós nu-
trimos.
A matéria apresentada e que se enfeixa em dois alentados
volumes, já está no prelo, é variada e atraente. Impõe-se pela
responsabilidade dos seus autores. Tais iniciativas valem por
um programa. Encontra-se à frente da sua organização e im-
pressão o operoso 1." orador oficial Dr. José Pedro Leite Cordeiro.
S6CIOS ELEITOS
Por já se terem inscrito na vigência das disposições estatutá-
rias ora revogadas, ioram eleitos, durante o ano, os seguintes se-
nhores : Oscar Muller Caravellas ; Eldino da Fonseca Brancante ;
Roland 'Cavalcanti de Albuquerque Corbisier ; José Gomes de MO-
rais Filho; Vera de Ataíde Pereira; Geraldo Magela C3rdoso de
Me10 ; Raul Votta; Vinício Stein de Campos ; Emanuel Soares Vei-
ga Garcia; José Benedito Martins Ramos e Flamínio Fávero, todos
na categoria de sócios efetivos; na categoria de sócios corres-
pondentes figuram : José Pompeu de Carnargo ; Afonso Costa ;
D. Edith Mendes da Gama e Abreu; D. Anfrísia Santiago ; Fran-
cisco Conceição Meneses; Padre Manuel Aquino Barbosa; Her-
mano Neesser ; Antônio Loureiro de Sousa ; João da Costa Pinto
Dantas Júnior; Francisco Peixoto Magalhães Neto; Afonso Rui
de Sousa; Alfredo Vieira Pimentel; Orlando Marques Albuquer-
que Cavalcanti e Jarbas Sertório de Carvalho.
Para a categoria de sócio honorário foi eleita a. sra. D. Adel-
fa Rodrigues de Figueiredo, pela sua eficaz atqação na insta-
lação da nossa sede provisónia, e, finalmente, o dr. Nelson Mar-
condes do Amara], no quadro dos sócios beneméritos, devotado
amigo do Instituto e que, na sua gestão na pasta de Educação e
Cultura da Prefeitura, solicitado pelo Sr. José Pedro Leite Cor-
deiro, cedeu, sem ônus para o sodalício. a nossa sede provisória,
conseguindo meios ainda de comissionar uma funcionária da Pre-
feitura para classificar e catalogar os livros da nossa biblioteca
social.
TRABALHOS APRESbENTADO.S
Grande número de trabalhos foram apresentados e discutidos
em plenário dos quais, resumidamente, passamos a analisá-los :
Dante Ahighieri Vita - "Alguns aspectos históricos e cul-
turais de Mogi Mirim'" - O autor explanou o assunto desde tem-
pos remotos, evocando a passagem bandeirante por aqueles rin-
cões. Citou f a t o s - e vultos que muito cooperaram para o pro-
gresso e engrandecimento de Mogi Mirim, focalizando o tema
sob variados aspectos : histórico, cultural, artístico, estatístico da
localidade.
D. Lígia Lemos Torres - Submete à apreciação do plenário
um dos capítulos escritos, de sua contribuição ao livro comemo-
rativo do I V centenário. Leu o primeiro, intitulado "Damas Pau-
listas", analisando a personalidade da poetisa paulista D. Fran-
cisca Júlia da Silva, descrevendo com minúcias, várias fases da
sua vida intelectual.
Fausto Ribeiro de Barros - Ocupou-se em palestra, sobre o
tema "Um Esbôço da Marcha de Povoamento do Estado de São
Paulo", apresentando um mapa do povoamento de São Paulo em
quatro séculos.
E.rnesto de SOU^^ Campos - "Torres das Universidades".
- O orador em sua palestrafalou acêrca das Universidades euro-
peias e outras.
Dácio Pires Correia - apresentou um interessante trabalho
ressaltando vários fastos do Instituto e que sòmente figuram nas
atas e que ficariam no olvido se não fossem pacientemente pes-
quisados e seriados, como teve oportunidade de fazer.
Fausto Ribeiro de Barros - Apresentou um documentado
trabalho sobre "O Salto de Itapura", tendo assinalado que
aquêle lugar foi sempre procurado como estação fluvial, desde o
século XVIII.
José da Costa e Silva Sobrinho - Sob o título "Varnhagen
e as suas viagens" proferiu uma conferência, tendo empolgado
o auditório com a sua bem documentada explanação sobre Var-
nhagen, enumerando qs fases de sua vida, toda dedicada a o amgr
e ao estudo da nossa Histónia.
Afonso de Escragnolle Taunay - Falou acêrca da persona-
lidade do saudoso consócio Luís Gonzaga da Silva Leme.
Fausto Ribeiro de Barros - "Impressões de Viagem ao Nor-
deste Brasileiro" - indicou, através do mapa do Brasil, o itine-
. rário da viagem que empreendeu, ilustrando a palestra com a
projeção de várias cópias de " s 1 i d e s ' ~ a s regiões percorridas.
Ernesto de Sousa Campos - Discorreu acêrca do tema "His-
tórico da Cidade Universitária", focalizando o assunto desde o
Crovêrno Armando de Sales Oliveira até a atual administraçiío.
Tito Lívio Ferreira - Referindo-se aos artigos da sua auto-
ria sobre "História de São Paulo", estampados em "A Gazeta",
discorreu sobre o assunto, oferecendo notável contribuição histcí-
rica, esclarecedora da atuação de Manuel da Nóbrega na funda-
ção de São Paulo.
Jarbas Sertório de Carvalho - "O homicídio do Desembar-
gador Cláudio Manuel da Costa". O autor em interessante pales-
tra trouxe abundante argumentação não só de natureza dedutiva
quanto de ordem científica, ilustrando o trabalho com a exposi-
ção de fotografias e pareceres de especialistas, para o fim de elu-
cidação dêsse trecho da nossa História.
João Benedito Martins Ramos - "Paul le Cointe - um Sá;
bio Vivo na Amazônia". Em duas palestras realizadas abordou
a personalidade e a vida de Paul le CoJnte, destacando o fato de
aquela personalidade, acatada em toda a Amazônia, pela sua cul-
tura, probidade científica e pelos trabalhos realizados, permane-
cer no Brasil há já 60 anos. Enumerou os seus trabalhos e dis-
tinções recebidas.
SóCIOS FALECIDOS
O quadro social do Instituto foi, êste ano, rudemente desfal-
cado, pelo desaparecimento de ilustres consócios, tendo sido pres-
tadas a todos, nas devidas ocasiões. sentidas homenagens e lavra-
dos em ata votos de pesar.
Na sessão magna de 31 de outubro, o 2." orador oficial, dr.
Aureliano Leite, fez o elogio fúnebre dos saudosos extintos, e que
são os seguintes : Antônio Mendonça; Alberto Lamego ; Alcipdo
de Azevedo Sodré ; Nelson Coelho de Sena ; Tobias Monteiro ;
Afonso José de Carvalho; Dom Mauro Wirth; Samuel Ribeiro;
D. Maria Pais de Barros; Antônio G r l o s de Assunção; Joaquim
de Abreu Sampaio Vidal; Urbano Marcondes de Moura e Pelágio
Gbo.
BIBLIOTECA
A reorganização da Biblioteca do Instituto foi iniciada em 2
de janeiro do ano passado, em virtu.de de acordo entre a Prefei-
tura e êste sodalício.
A chefe da secção de Classificação e Catalogação da Biblio-
teca Municipal, D. Adelfa Rodrigues de Figueiredo, designou a
bibliotecária d. Abigail de Barros Me10 para dar desempenho ao
trabalho, que se acha bastante adiantado, tendo sido empregados
os modernos ensinamentos da biblioteconomia para a sua catalo-
gação.
Até 31 de dezembro de 1952 foram feitos os seguintes tra-
balhos :
a) - Distribuição de livros, periódicos e folhetos nas estan-
tes, por assuntos;
b) - Desinfeção e reparo dos livros, folhetos e periódicos;
c) - Tombamento de 1.600 livros que tratam de História
do Brasil;
d) - fndice de assuntos.
Em novembro e dezembro iniciou-se o trabalho de cataloga-
ção pròpriamente dita. Um trabalho consciencioso de organiza-
ção de Biblioteca feito por uma só bibliotecária, sem auxiliar, não
poderá ser feito com rapidez, não indo assim, a média de produ-
.ção mensal, além de 40 livros, pesquisados, classificados e cata-
logados.
Na reorganização dos serviços da biblioteca tem, igualmente,
p r e s t a d ~serviços técnicos o cel. Lúcio Rosales, bibliotecário do
Instituto.
SESSÓES DO INSTITUTO :
Magna .......................... 1
Solene .......................... 1
Estatutárias ..................... 12
Extraordinárias .................. 12
Assembléia ....................... 1
REUNIÕEIS :
Da Diretoria do Instituto ....... 1 1
Em nome da Diretoria
a) Ernesto de Sousa C a m p
ATA DA SESSAO ORDINARIA D E 10 D E JANEIRO DE 1952
Aos dez dias do mês de janeiro de mil novecentos e cinqüenta e dois, em sua
sede social provisória, à rua Florêncio de Abreu, 157 - 99 andar, nesta capital, o
Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, nos têrmos dos estatutos sociais,
realizou a sua primeira sessão inaugural dos trabalhos anuais, sob a presidência
do prof. dr. Emesto de Sousa Campos, secretariado pelos conskios Almeida
Magalh& e Tomaz Oscar Marcondes de Sousa, a ela comparecendo, ainda, os
consócios: ~ m ~ r i cdeo Moura; Afonso Taunay; Dácio Pires Correia; Carlos
da Silveira; José Pedro Leite Cordeiro e J. Alberto Robbe. Abertos os tra-
balhos, o presidente justificou a ausência do primeiro secretário cel. Luís Tenório
de Brito e dos consócios Tito Lívio Ferreira e Fausto Ribeiro de Barros, por
motivo de viagem ao norte do país. O presidente falou acêrca da mudança e
instalação da nova sede social provisória, enquanto se processa a construção do
novo prédio, cujo início se verificará logo que a Prefeitura aprove as plantas
e a Caixa Econômica providencie a quota contratual. Ressaltou os serviços pres-
tados pelo chefe da Secretaria do Instituto. Sr. Antônio Gonçalves de Campos
Filho, ppdindo se consignasse em ata um voto de louvor. A proposta foi apro-
vada. A seguir, referiu-se ao Livro Comemorativo da Fundação de São Paulo,
lembrando a oportunidade de remessa já, para o prelo, da matéria existente,
tendo-se em vista o acúmulo de preocupações que, provàvelmente, se verificará
lias vésperas dos festejos da nossa data magna, em 1954. Focalizou a idéia do
Instituto cunhar u'a medalha comemorativa da efeméride, assim também apre-
sentou o ante-projeto de reforma dos Estatutos Sociais, à consideração da casa,
assunto êsse que foi discutido. Deliberou-se a realização de uma sessão especial .
a fim de debater o assunto, para o que foram distribuídas cópias mimeografadas
do ante-projeto para receber as sugestões. Relativamente aos deveres e direitos
dos sócios, nos têrmos dos Estatutos deliberou-se a expedição de cartas convi-
dando-os ao cumprimento dos dispositivos legais. A seguir, foi submetida à
li votação a proposta para sócio benemérito do dr. Nelson Marcondes do Amara],
sendo por unanimidade aprovada. Antes do encerramento da sessão, deliberou-se
a realização de uma Assembléia Geral Extraordinária, para o dia 2 de fevereiro
próximo, às 14 horas, para tratar de assuntos relacionados com os ~Statutos.
Caso não haja número legal. para que possa efetuar-se a assembléia, a mesma
se realizará às 15 horas do dia 6 do mesmo mês. Nada mais havendo a tratar,
foi encerrada a sessão, tendo sido lavrada a presente ata que, depois de lida,
discutida e aprovada é assinada.
A
de sócios, em conformidade com o que havia sido res lvido na Assembléia
anterior. Pôsto em debates, o assunto foi a seguir sub etido a votos. Foi
o projeto de limitação de sócios unanimemente aprovado. O Sr. Presidente
congratula-se com o Instituto por ter tomado tão sábia deliberação, visto ser
a limitação do número de sócios uma antiga aspiração do sodalício. A prova
mais evidente ressaltava do fato de não ter havido um só voto contrário em
duas Assemblkias consecutivas. Em seguida foi encerrada a sessão, tendo sido
lavrada a presente ata que, depois de lida, discutida e aprovada, será devida-
mente assinada.
Aos vinte e três dias do mês de agosto de mil novecentos e cinqüenta e dois,
em sua sede social provisória, à rua Florêncio de Abreu, 157, 9v andar, o Insti-
tuto Histórico e Geográfico de São Paulo realizou uma sessáo extraordinária
sob a presidência do Prof. Ernesto de Sousa Campos e secretariada pelos
profs. Almeida Magalhães e AIfredo Gomes, a ela comparecendo além dos
acima citados mais os seguintes consócios: Afonso Taunay, Tito Lívio Ferreira,
Eduardo Fernandez Y Gonzalez, Frederico de Barros Brotero, Alvaro da Veiga
Coimbra, Arnérico de Moura, J. Morais Filho, Fausto Ribeiro de Barros e
Carlos da Silveira. Ao iniciar os trabalhos, o presidente justifica a ausência
, do lV secretário cel. Luís Tenório de Brito por motivo de viagem; ainda com
.
ATA DA SESSAO ORDINARIA D E 4 DE OUTUBRO D E 1952
Presidente Honorário
Adriano Campanhole
Afonso José de Carvalho
Afonso Schmidt
Alcindo Muniz de Sfousa
Alexandre dJAlessandro
Alfredo Ellis Júnior
Alfredo Gomes \
Alice Pif íer Canabrava
Alípio Leme de Oliveira
Alvaro Soares Brandão
Alvaro da Veiga Coimbra
Amadeu de Queiroz
Amador Bueqo Machado Florence
Amando Franco Soares (Caiubi
Américo Maciel de {Castro Júnior
Américo Neto do Rêgo Cavalcanti
Antenor Pinto da Silveira
Antônio Augusto de Meneses Drummond
A\ntônio Barreto do Amara1
Antôiiio Carlos Assunção
Antônio Ferreira Cesarino Júnior-
-4ntôilio de Mendonça
-4ntónio Paulino de Almeida
Antônio Rocha Penteado
Antônio Sílvio da Cunha Bueno
Ari França *
Aristides Greve (Padre)
Armando de Arruda Pereira
Arnaldo Arantes
Aroldo Edgard de Azevedo
.Arrisson de Sousa Ferraz
Astor França Azevedo
Astrogildo Rodrigues de Me10
Augusto Gonzaga
Aureliano Leite
Bento Bueno
Cândido de Sousa Campos
Cantídio de Moura Campos
Carlos Alberto Nunes
Carlos Borges Schmidt
Carlos de Morais Andrade
Carlos Penteado de Resende
Celestino Euzébio Fazzió
Cincinato Braga ,
Coriolano Roberto Alves
Djalma Forjaz
Domingos Laurito
Edmundo Zenha
Edmur de Aguiar íIThitacker
Eduardo Alcântara de Oliveira
Eduardo de Oliveira França
Eduardo Fernandez y Goiizalez
Egoil Schadeil
Eldino da Fonseca Brancarite
Emanuel Soares Veiga Garcia
Enzo Silveira
Ernesto de Morais Leme
Eurico Branco Ribeiro
Eurípides Siimões de Paula
Fausto de Almeida Prado Penteado
Fausto Ribeiro de Barros
Flamínio Fávero
Francisca Neves Lôbo
Francisco Cirnino
Francisco de Assis Carvalho Franco
Francisco Isoldi
Francisco Pires Martins
Francisco Pettinati
Francisco Teive de Altneida Magalhães
Gastão Ferreira de Almeida
Geraldo Magela Cardoso de Me10
Gofredo Teixeira da Silva Teles
Gumercindo de Pádua Fleury
Hélio Abranches Viotti (Padre)
Henrique Oscar Wiederspahn
Herbert Baldus
Hilário Freire
Honório de Silos
Igor Ihlgorukij
Inácio da Costa Ferreira
João Alberto José Robbe
João Batista de Campos Aguirra
João Benedito Martins Ramos
João Cruz Costa
João Dias da Silveira
João Kery Guimarães
João Pedro Cardoso
Joacluim de Abreu Sampaio Vida1
Joaquim Alfreclo da Fonseca
Joacluim Silva
Jorge Bertolaso Stella
José Antero Pereira Júnior
José Aires Neto
José Augusto Çésar Salgado
José Benedito Martins Ramos
José Benedito Silveira Peixoto
José Bueno de Oliveira Azevedo Filho
José Carlos de Ataliba Nogueira
José Cássio de Macedo Soares
José Eduardo de Macedo Soares Sobrinho
José Eugênio de Paula Assis
José Ferreira Carrato
José F ~ i r t a d oCavalcanti
José Gomes de Morais Filho
José Higino de Campos (Monsenhor)
José Hipólito Trigueirinho
José Ináaio Benevides de Resende
José Moria Whitaker
José Nogueira Sampaiio
José de Olliveira Oirlandi
José Quirino Ribeiro
José Ribeiro de Araújo Filho
José Ribeiro de Sá Carvalho
Lélio Piza
Lígia Lemes Tòrres
Lúcio Rosales
Luís Amara1
Luís da Câmara Lopes dos Anjos
Luís Correia de Me10
Luís Ribeiro do Vale
Luís sérgio Tomás
Luís Tenório de Brito
Manuel Carlos de Figueiredo Ferraz
Mantiel Gândara Mendes
Manuel Rodrigues Ferreira
Maria da Conceiqão Martins Ribeiro
Maria de Lourdes de Paula Martins
Mário Botelho de Miranda
Mário de Sampaio Ferraz
Martinho da Silva Prado Júnior
Maurício Benedito Ottoni
Mauro Wirth
Miguel Franchini Neto
Míriam Ellis
Nice Lecoq Muller
Nícia Viilela Luz
Nicolau Duarte Silva
Odécio Bueno de Camargo
Odilon Nogueira de Matos
Olga Pantaleão
Oscar Reinaldo Muller Caravelas
Paulo Aurisol Cavalheiro Freire (Monsenhor)
Paulo Barbosa de Campos Filho
Paulo Florêncio da Silveira Camargo (Monsenhor)
Paulo Ribeiro de Magalhães
Paulo Verguedro Lopes de Leão
Pedro Moacir Campos
Pelágio Alvares Lhbo
Percival de Oliveira
Pérsio Pereira Mendes
Plínio de Barros Monteiro
Plínio Marques da Silva Ayrosa
Rafaél Rocha Campos
Raul de Frias S á Pinto
Raul Romano
Raul Votta
Renato Silveira Mendes
René de Olliveira Barbosa
René Thiollier
Ricardo Giimbleton Daiint
Rivadávia Dias de Barros
Roberto Carrega1 Pompílio Tayler
Roberto dos Santos Moreira
Rnland Cavalcanti de Albuquerque Corbisier
Rozendo Sampaio Garcia
Rui Bloem
Rui Calasans de Araújo
Sebastião Pagano
Sérgio Buarque de Holanda
Sílvio Correia de Andrade
Sinésio Range1 Pestana
Sólon Borges dos Reis
Spencer Vampré
Teodomiro Dias
Teodoro Braga
Tito Lívio Ferreira
Ulisses Coutinho ,
Ulisses Gwimarães
Urbano Marcondes de Moura
Valdemar Baroni Santos
Valdemar Panadés
Valdemar Pio dos Santos
Vera Ataíde Pereira '