Testes de Avaliação

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Nome Ano Turma N.

Teste de avaliação 4

Grupo I

Apresenta as tuas respostas de forma bem estruturada.

Lê o seguinte excerto do conto «Sempre é uma companhia», de Manuel da Fonseca.


Tirando isto, a vida do Batola é uma sonolência pegada. Agora, para ali está, diante do copo,
matando o tempo com longos bocejos. No estio, então, o sol faz os dias do tamanho de meses.
Sequer à noite virá alguém à venda palestrar um bocado. É sempre o mesmo. Os homens chegam
com a noitinha, cansados da faina. Vão direito a casa e daí a pouco toda a aldeia dorme.
5 Está nestes pensamentos o Batola quando, de súbito, lhe vem à ideia o velho Rata. Que belo
companheiro! Pedia de monte a monte, chegava a ir a Ourique, a Castro, à Messejana. Até fora a
Beja. Voltava cheio de novidades. Durante tardes inteiras, só de ouvi-lo parecia ao Batola que
andava a viajar por todo aquele mundo.
Mas o velho Rata matara-se. Na aldeia, ninguém ainda atina ao certo com a razão que levou o
10 mendigo a suicidar-se. Nos últimos tempos, o reumatismo tolhera-lhe as pernas, amarrando-o à
porta do casebre. De quando em quando o Batola matava-lhe a fome; mas nem trocavam uma
palavra. Que sabia agora o Rata? Nada. Encostado à parede de pernas estendidas, errava o olhar
enevoado pelos longes. Veio o Verão com os dias enormes, a miséria cresceu. Uma tarde, lá se
arrastou como pôde e atirou-se para dentro do pego da ribeira da Alcaria.
15 Aos poucos o tempo apagou a lembrança do Rata, o mendigo. Só o Batola o recorda lá de vez
em quando. Mas, agora, abandonou a recordação e o vinho, e vai até ao almoço. Nunca bebe
durante as refeições.
[…]
Um sopro de vida paira agora sobre a aldeia. Todos sabem o que acontece fora dali. E sentem
que não estão já tão distantes as suas pobres casas. Até as mulheres vêm para a venda depois da
20 ceia. Há assuntos de sobra para conversar. E grandes silêncios quando aquela voz poderosa fala de
cidades conquistadas, divisões vencidas, bombardeamentos, ofensivas. Também silêncio para
ouvir as melodias que vêm de longe até à aldeia, e que são tão bonitas!...
Acontece até que, certa noite, se arma uma festa na venda do Batola. Até as velhas dançaram
ao som da telefonia. Nos intervalos, os homens bebiam um copo, junto ao balcão, os pares
25 namoravam-se, pelos cantos. Por fim, mudou-se de posto para ouvir as notícias do mundo. Todos
se quedaram, atentos.
– Ah! – grita de repente o Batola. – Se o Rata ouvisse estas coisas não se matava!
Mas ninguém o compreende, de absorvidos que estão.
Manuel da Fonseca, «Sempre é uma companhia», in O Fogo e as Cinzas, Alfragide, Caminho, 2011.

Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 12.o ano 315


1. Caracteriza o Rata de acordo com a memória de Batola.

2. Justifica a evocação de Rata no contexto anterior à vinda da telefonia para a venda.

3. Explicita o sentido da frase: «– Ah! – grita de repente o Batola. – Se o Rata ouvisse estas coisas
não se matava!» (l. 27).

Lê o seguinte excerto de Os Maias, de Eça de Queirós.


Inquieto, Carlos descintou o jornal. Chamava-se a Corneta do Diabo: e na impressão, no
papel, na abundância dos itálicos, no tipo gasto, todo ele revelava imundície e malandrice. Logo
na primeira página duas cruzes a lápis marcavam um artigo que Carlos, num relance, viu
salpicado com o seu nome. E leu isto: «Ora viva, sô Maia! Então já se não vai ao consultório, nem
5 se veem os doentes do bairro, sô janota? – Esta piada era botada no Chiado, à porta da Havanesa,
ao Maia, ao Maia dos cavalos ingleses, um tal Maia do Ramalhete, que abarrota por aí de catita; e
o pai Paulino que tem olho e que passava nessa ocasião ouviu a seguinte cornetada: – É que o sô
Maia acha que é mais quente viver nas fraldas de uma brasileira casada, que nem é brasileira nem
é casada, e a quem o papalvo pôs casa, aí para o lado dos Olivais, para estar ao fresco! Sempre os
10 há neste mundo!... Pensa o homem que botou conquista; e cá a rapaziada de gosto ri-se, porque o
que a gaja lhe quer não são os lindos olhos, são as lindas louras... O simplório, que bate aí pilecas
bifes, que nem que fosse o marquês, o verdadeiro marquês, imaginava que se estava abiscoitando
com uma senhora do chique, e do boulevard de Paris, e casada, e titular!... E no fim (não, esta é
para a gente deixar estourar o bandulho a rir!) no fim descobre-se que a tipa era uma cocotte
15 safada, que trouxe para aí um brasileiro já farto dela para a passar cá aos belos lusitanos... E caiu a
espiga ao Maia! Pobre palerma! Ainda assim o sô Maia só apanhou os restos de outro, porque a
tipa, já antes de ele se enfeitar, tinha pandegado à larga, aí para a Rua de S. Francisco, com um
rapaz da fina, que safou também, porque cá como nós só aprecia a bela espanhola. Mas não obsta
a que o sô Maia seja traste! – Pois se assim é, dissemos nós, cautelinha, porque o Diabo cá tem a
20 sua Corneta preparada para cornetear por esse mundo as façanhas do Maia das conquistas. Ora
viva, sô Maia!» […]
Mas só Lisboa, só a horrível Lisboa, com o seu apodrecimento moral, o seu rebaixamento
social, a perda inteira de bom senso, o desvio profundo do bom gosto, a sua pulhice e o seu calão,
podia produzir uma Corneta do Diabo.
Eça de Queirós, Os Maias, Porto, Livros do Brasil, 2014, cap. XV.

4. Relaciona o teor da carta com a linguagem e estilo nela empregues.

5. Comenta as reflexões contidas no último parágrafo, tendo em conta a globalidade do texto e a


crítica de costumes implícita.

316 Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 12.o ano


Grupo II
Nas respostas aos itens de escolha múltipla, seleciona a opção correta, indicando o número do item
e a letra que identifica a opção escolhida.

Lê atentamente o seguinte texto.

Pós-Facebook
O Facebook está numa fase menos boa. Por isso, a equipa de Mark Zuckerberg já começou a
arranjar estratégias para voltar a chamar a atenção dos vários seguidores que, se ainda não saíram,
estão para breve. Mas o mundo das aplicações cada vez é mais efémero e a pergunta que se coloca
é fácil: o que vem aí?
5 Qual será o próximo Facebook? Essa é a pergunta de um milhão de dólares em Sillicon
Valley, e uma preocupação da equipa de Mark Zuckerberg quase desde o seu início. Já se sabe
que nada é eterno, muito menos aplicações informáticas e redes sociais. Ao Facebook já aderiram
os pais, os netos e os avós. Chegou agora o tempo de alguns se irem embora, sobretudo os netos,
que se sentem controlados e desconfortáveis: se é para estar com os pais e os avós já bastam as
10 tardes de domingo.
Esta curva descendente coloca uma carga negativa em termos de expectativa em relação ao
Facebook, apesar do lucro manter-se incomensurável: o Facebook está a entrar na fase decrescente.
Perante isto, a empresa optou por duas estratégias distintas, manifestando o desejo de ter um
pé no presente e outro no futuro. Tenta reinventar-se, talvez a um ritmo relativamente lento,
15 atendendo à voracidade do mundo digital. Sem grandes ruturas. Encontra-se num terrível dilema:
por um lado, é necessário mexer qualquer coisa para cativar o público jovem; por outro, mexendo
demasiado, espanta-se o público sénior, que é cada vez mais vasto. Assim, o Facebook fez
pequenas modificações, como a proliferação de gifs animados, pôs vídeos de iniciação
automática, as barras de disposições (para acrescentar ao gosto). Nada será o suficiente,
20 Zuckerberg sabe disso, apesar de sempre valer a pena adiar o inevitável. Foi por isso que
comprou, em 2014, o WhatsApp, e revelou-se uma plataforma de imenso sucesso. Assim como o
Instagram comprado mais recentemente. Da mesma forma a empresa é proprietária de meia dúzia
de companhias (criadas de raiz ou start ups adquiridas), para assegurar que terá uma palavra a
dizer no futuro...
25 Do império Zuckerberg faz parte o Friend Feed, que agrega conteúdos de amigos de diferentes
plataformas. O Next Stop para descobrir locais de interesse em todo o mundo. O Drop.io para
partilha rápida de ficheiros. O Friend.ly, uma rede social de Q & A. Karma, uma rede social
especializada em compras. O Face, software de reconhecimento facial através de uma fotografia.
Jibbigo, um tradutor automático. Por vezes, a empresa de Zuckerberg compra plataformas com o
30 único fim de adquirir os cérebros que as criaram, para que a «inteligência» fique toda do seu lado.
Apesar dos esforços, há sempre aplicações que lhe escapam, e a que certamente gostaria de
deitar mão. Tais como o Snapchat, uma espécie Instagram volátil e quotidiano. Ou o Tinder, a
conhecida rede de encontros. Talvez um dia o Facebook compre também estas aplicações. É que
Mark Zuckerberg quer ser o próximo Mark Zuckerberg, custe o que custar.
Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 12.o ano 317
Manuel Halpern, in «o Homem do Leme», Jornal de Letras, abril 2016 (disponível em http://visao.sapo.pt/jornaldeletras;
consultado em março 2016; texto adaptado).

318 Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 12.o ano


1. O futuro do Facebook depende
(A) da destruição das outras redes socias concorrentes.
(B) da sua adaptação à nova realidade concorrencial.
(C) exclusivamente da compra de novas companhias.
(D) exclusivamente da evolução das companhias concorrentes.

2. O Facebook está em declínio


(A) embora apresente lucros bastante interessantes.
(B) por isso, as receitas têm vindo a decrescer.
(C) daí estar em risco de falência.
(D) apesar de ter lucros satisfatórios.

3. A afirmação «Mark Zuckerberg quer ser o próximo Mark Zuckerberg» (l. 34) permite-nos inferir
que o próprio quer
(A) abandonar o Facebook e dedicar-se a outras redes sociais.
(B) recuperar os tempos áureos da sua rede social.
(C) continuar a revolucionar o mundo das redes sociais.
(D) demarcar-se das redes sociais e concentrar-se nas aplicações mais modernas.

4. O penúltimo parágrafo tem um cariz predominantemente


(A) descritivo.
(B) expositivo.
(C) argumentativo.
(D) narrativo.

5. O aspeto gramatical em «Foi por isso que comprou, em 2014, o WhatsApp» (ll. 20-21) expressa
(A) uma situação iterativa.
(B) uma situação genérica.
(C) um valor imperfetivo.
(D) um valor perfetivo.

6. No contexto em que ocorrem as expressões «por um lado» (l. 16) e «por outro» (l. 16)
contribuem para a coesão
(A) lexical.
(B) referencial.
(C) frásica.
(D) interfrásica.

Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 12.o ano 319


7. Relativamente a «rede social» (l. 27), «Friend.ly» (l. 27) e «Karma» (l. 27) mantêm uma relação de
(A) sinonímia.
(B) meronímia.
(C) hiponímia.
(D) reiteração.

8. Identifica a função sintática do constituinte sublinhado em «uma rede social especializada em


compras» (ll. 27-28).

9. Indica o antecedente do pronome pessoal em «Apesar dos esforços, há sempre aplicações que
lhe escapam» (l. 31).

10. Indica a relação de ordem cronológica entre o tempo do enunciado e o respetivo ponto de
referência em «É que Mark Zuckerberg quer ser o próximo Mark Zuckerberg, custe o que
custar» (ll. 33-34).

Grupo III
Redige uma exposição bem estruturada, de cento e trinta a cento e setenta palavras, sobre a
temática As três idades da vida em diálogo no conto «George», de Maria Judite de Carvalho, que
estudaste nas aulas.

Deves ser elucidativo quanto ao tema que estás a tratar e fundamentar as tuas ideias através de
exemplos do conto em questão.

320 Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 12.o ano

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