3.3 Território: 3.3.1 Visão Global
3.3 Território: 3.3.1 Visão Global
3.3 Território: 3.3.1 Visão Global
3.3 Território
39
European Comission (2004), “A new partnership for cohesion convergence competitiveness
cooperation - Third report on economic and social cohesion
40
European Comission (1999), ESDP European Spatial Development Perspective. Towards Balanced and
Sustainable Development of the Territory of the European Union
P á g i n a | 70
Orlando Ribeiro olha para Portugal como um espaço moldado por duas influências: o
Mediterrâneo e o Atlântico. Nessa base, identifica 3 regiões em Portugal; duas
marcadamente influenciadas por cada um destes elementos e uma terceira, que
corresponde a uma faixa interior onde as influências mediterrânica e atlântica se
combinam com os efeitos da proximidade ao centro da Península Ibérica. Divide
ainda o país em Norte, terra fria, montanhosa e chuvosa, e sul, terra plana e seca41.
A ocupação humana do território é influenciada pelo espaço físico e, este acaba por
a modelar. O território, se entendido como um macrossistema dinâmico, pode se
interpretado de acordo como um compósito de 4 sistemas: o sistema azul (rede
hidrográfica), o sistema verde (sistema de proteção e valorização ambiental), o
sistema cinzento (infraestruturas e redes de transportes) e o sistema urbano (rede de
aglomerações e suas interdependências)42 (figura 39).
41
Paiva, D. (2013), Ribeiro, O. (2011 [1945]), “Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico. Estudo
Geográfico”. Investigaciones Geográficas, Boletín 80: 129-131
42
Ribeiro, J.M.F e outros (2015), “Uma metrópole para o Atlântico”. Fundação Calouste Gulbenkian
P á g i n a | 71
GRÁFICO 19 Densidade da rede rodoviária nacional por distrito. (Fonte: INE, 2014)
(elaboração UMVI)
44 Baztan, J. e outros (2015), “Coastal zones - Solutions for the 21 st century”. Elsevier
45 Disponível em http://www.eea.europa.eu/data-and-maps/figures/population-density-in-the-
european-coastal-zone-0-10-km-in-2001
P á g i n a | 73
Portugal concentra cerca de 60% da população na faixa costeira (0-25km), com uma
densidade populacional média a rondar os 500 hab./km2. Se considerarmos a faixa 0-
50 Km, o valor aumenta para quase 70% da população residente com uma densidade
populacional média de cerca de 350 hab./Km2. São 85 os concelhos situados a menos
de 25km do litoral, contudo apenas 19 têm população superior a 100 mil habitantes.
Destes, destacam-se Lisboa com mais de 500 mil, Vila Nova de Gaia e Sintra com mais
de 300 mil e Porto, Cascais e Loures com mais de 200 mil. Na faixa 25-50km do litoral
apenas 4 concelhos, num total de 46, têm mais de 100 habitantes: Vila Franca de
Xira, Guimarães, Braga e Coimbra. Os restantes (141), localizam-se a mais de 50 km
da faixa costeira. Neste território, apenas 7 cidades têm entre 50 e 100 mil
habitantes, e com exceção de Amarante, todas capitais de distrito: Santarém, Évora,
Vila Real, Viseu, Covilhã e Castelo Branco (figura 41).
No território nacional, nos anos 90, ocorrem dois processos espaciais opostos e
principalmente decorrentes das migrações internas: concentração urbana
(urbanização e suburbanização) e desconcentração urbana (periurbanização). A
desconcentração urbana tende a prevalecer nas cidades grandes e médias do litoral,
e a concentração urbana caracteriza as cidades médias do interior (Roca e Pimentel,
2007)46. As cidades litorais apresentam duas tendências claras: uma de crescimento
lento e outra de perda de população residente, em alguns casos acentuada. Entre as
últimas destacam-se Lisboa e Porto. As exceções são Sintra e Vila Nova de Gaia,
ambas cidades periféricas das primeiras. No interior, assiste-se a uma estabilização,
com exceção das cidades de Viseu com um crescimento acentuado e Covilhã pela
razão inversa (gráfico 20).
46 Roca, M. N. e Pimentel, D. (2003), "Causas prováveis das migrações internas em Portugal na década de
noventa", GeoInova
P á g i n a | 74
GRÁFICO 20 Variação da população residente nas cidades com mais de 50 000 habitantes do
litoral (menos de 50 Km da linha de costa) (A) e do interior (B) (elaboração UMVI)
FIGURA 41 Concentração da população no litoral português (Fonte: INE) (elaboração UMVI 49)
49
A criação do mapa de densidade populacional para o país seguiu a metodologia proposta pela ESPON
(2011) constante no relatório técnico “Disaggregation of socioeconomic data into a regular grid and
combination with other types of data”
P á g i n a | 76
GRÁFICO 21 Número de cidades por classes de população residente (Fonte: INE) (elaboração
UMVI)
A Tipologia das Áreas Urbanas (TIPAU 2009) consiste numa classificação tripartida do
território nacional em áreas predominantemente urbanas (APU), áreas mediamente
urbanas (AMU) e áreas predominantemente rurais (APR). Esta classificação resulta do
grau de urbanização do território pelo que permite, simultaneamente, uma definição
da população urbana como da população residente em AMU e APU50. O padrão de
distribuição verificado nas figuras anteriores é confirmado pela distribuição
constante da figura 43. Só nas áreas metropolitanas é que a população residente em
APU ultrapassa os 75%. No interior do país, até 50% da população reside em áreas
predominantemente rurais (baixas densidades populacionais associadas a baixo
número de residentes) (figura 43). É nas áreas rurais, mais distantes dos grandes
centros urbanos, que as cidades de pequena e média dimensão desempenham um
importante papel enquanto prestadoras de serviços e centralizadoras de
infraestruturas, evitando o despovoamento do interior rural.
50
Para mais informação consultar
http://datacentro.ccdrc.pt/Uploads%5CDocs/RC_TIPAU_Censos_2001.pdf e
https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_cont_inst&INST=6251013&xlang=pt
P á g i n a | 77
De 8 a 50
Baixa densidade
De 50 a 150
Áreas Metropolitanas
(Lisboa e Porto)
População residente
(cidades)
Mais de 500 000
Até 500 000
Até 250 000
Até 100 000
Até 10 000
51
Os critérios utilizados na definição das áreas rurais (densidade populacional inferior a 150
hab/km2), das áreas densamente povoadas (densidade populacional superior a 650 hab/km2) e da
dimensão das cidades são os definidos pela OCDE (2013) e constantes no documento “Definition of
Functional Urban Areas (FUA) for the OECD metropolitan database”. Os critérios utilizados para
P á g i n a | 78
De 25 a 50 %
De 50 a 75 %
De 75 a 100 %
FIGURA 43 População residente por Tipologia de Áreas Urbanas por NUT III (TIPAU, 2009) (%)
(Fonte: INE) (elaboração UMVI)
definição das áreas de expansão urbana são os definidos por Brezzi e outros (2012), “Redefining urban
areas in OCDE countries: a new way to measure metropolitan areas”
52
ESPON (2007), Project 1.4.3 – “Study on Urban Functions”. Final Report
P á g i n a | 79
As cidades pequenas e
de média dimensão
70
dominam a estrutura
60
População residente (%)
50 espacial no país
40 (núcleos urbanos com
30
menos de 100 mil
20
habitantes), e na
10
0 Europa. É reconhecido
0-2000 2.000-5000 5.000-10000 Mais de
10.000
que estas são unidades
População dimensão do lugar
territoriais chave para
1960
a competitividade e
GRÁFICO 22 População residente por dimensão dos lugares (%) para a coesão
(Fontes: INE) (elaboração UMVI)
territorial53. Em
Portugal, 57% da população reside em lugares com menos de 10 000 habitantes.
Contudo, nos últimos 50 anos, tem-se assistindo à progressiva concentração da
população em áreas urbanas (gráfico 22).
53
ESPON (2006), Project 1.4.1“The Role of Small and Medium-Sized Towns (SMESTO)”.Final Report
P á g i n a | 80
O acesso à saúde e ao ensino são pilares de uma sociedade desenvolvida e com níveis
elevados de qualidade de vida. Nos últimos anos assistiu-se a uma perda considerável
de equipamentos dedicados a estes dois serviços fundamentais (gráfico 23). Nos
últimos 5 anos, o país perdeu 1808 estabelecimentos de ensino, dos quais 1027 foram
no território do interior. As maiores perdas verificaram-se nos níveis de ensino pré-
escolar e básico. O ensino secundário registou um aumento de 30 estabelecimentos
no país, todavia o território do interior perdeu 3. Relativamente às unidades de
saúde de proximidade
(extensões de saúde), o
país perdeu cerca 117
unidades, 50 das quais
nos territórios do
interior. No interior,
destacam-se os
concelhos de Abrantes,
Carregal do Sal, Chaves,
Lamego, Resende, Santa
Comba Dão, Tarouca,
GRÁFICO 23 Variação do número efetivo de estabelecimentos de
Valpaços, Vila Real e Vila
ensino do pré-escolar e do ensino obrigatório e das extensões
de saúde entre 2009 e 2011 (Fontes: INE) (elaboração UMVI)
P á g i n a | 81
54 A definição das áreas funcionais adotou a metodologia proposta pelo Federal Institute for Research on Building,
Urban Affairs and Spatial Development (2011), “Metropolitan areas in Europe”
P á g i n a | 82
População residente
Alta densidade
Baixa densidade
Fluxos
De 1 a 3
De 3 a 7
De 7 a 14
FIGURA 46 Sistema urbano nacional e áreas de influência dos centros urbanos para funções
muito especializadas (in INE, 2004)
55
INE (2004), “Sistema urbano: áreas de influência e marginalidade funcional: Complexidade dos
sistemas urbanos opõe-se ao resto do país com lógicas de organização territorial mais simples,
estruturadas em torno das capitais de distrito”. Destaque de 14 de abril
56
Comissão Europeia (2014), Decisão da Comissão de 28.8.2014 que altera a Decisão C(2007) 5110 que
adopta o programa operacional "Programa Operacional Temático Valorização do Território 2007-2013"
de intervenções comunitárias do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional e do Fundo de Coesão a
título do objectivo de Convergência em Portugal. C(2014) 6165 final
P á g i n a | 84
57
Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território, Direção Geral do Território, 2007
P á g i n a | 85
58
Observatório Transfronteiriço Espanha/Portugal (OTEP) (2010). 6º Relatório. Disponível em
http://www.imtt.pt/sites/IMTT/Portugues/Observatorio/Relatorios/ObservatorioTransfronteiricoEspa
nhaPortugal/Documents/6_Relatorio_OTEP.pdf
P á g i n a | 86
fronteira, segundo o INE (2004), mais de metade desta população residia nos
concelhos da região Norte. O Centro e o Alentejo partilham cerca de 40% em partes
iguais, e o Algarve apenas 5%. Conquanto, estes são territórios de muito baixa
densidade populacional, não atingindo os 50 habitantes por km2, em 55 dos 74
concelhos. Em 2001, residiam no território fronteiriço cerca de 390 mil ativos
empregados. Destes, 92% residia naquele território, predominando os movimentos no
interior daquele espaço. No entanto, em 4 concelhos (Torre de Moncorvo,
Mogadouro, Miranda do Douro e Valpaços), é expressiva a percentagem de população
ativa que trabalha em Espanha (entre 20 e 30 %). Em grande parte dos territórios
transfronteiriços a percentagem de população que trabalha não excede os 10%, com
exceção dos primeiros 4 e de outros 9, cujo peso da população ativa empregada em
Espanha oscilava entre os 10 e os 20% (Monção, Melgaço, Chaves, Vila Pouca de
Aguiar, Mirandela, Macedo de Cavaleiros, Oleiros, Campo Maior e Serpa).
Valença do Minho
! Vila Verde
! !
Quintanilha
NORTE
Vilar Formoso
!
CENTRO
Caia
!
LISBOA
ALENTEJO
Andorra
Santiago de Compostela !
!
Burgos
Ourense !
Vigo !
!
Bragança Barcelona
#! Valladolid !
# !
#
# Vila real
# ###
Porto !
#
########
! Salamanca
#
# !
#
#Aveiro# Viseu
!###### # # # #! # # # # # Guarda
# # Madrid
# !# !
##
Covilhã
Figueira da FozCoimbra !#
! !
####
# # Toledo
# #Castelo Branco
## #
!
# # ##! Valência
### #
#
#
# !
#
## #
### # # #
Portalegre
!
Badajoz Mérida
Lisboa ! !
! Évora
## #
!
Beja
! Córdoba
!
Sevilha
!
# # # # # # # Faro#
##
!
! Cidades
# Pórticos
Importa ainda referir que, duas das ligações fundamentais entre o litoral, Figueira da
Foz e Torres Novas, e o interior, Vilar Formoso via Guarda e via Castelo Branco e
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GRÁFICO 24 Custo das viagens das cidades do interior (Guarda, Bragança e Beja) a algumas
cidades principais de Portugal e de Espanha (Fonte: Via Michelin) (elaboração UMVI).
O acesso à internet de banda larga por 100 habitantes (NUT III) (gráfico 25) revela
que são as regiões interiores, e sobretudo o interior norte (Alto Tâmega, Tâmega e
Sousa, Douro e Terras de Trás-os-Montes), que menos utilizam este serviço. A
utilização não residencial ainda fica muito aquém da utilização residencial nunca
ultrapassando os 5% em todas as regiões, com exceção do Algarve que atinge os 6,4%.
GRÁFICO 25 Acessos à Internet, em 2015, em banda larga por 100 habitantes (%) por
Localização geográfica (NUT III) e Segmento de acesso. (Fonte: INE) (elaboração UMVI)